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• Copyright © 1987, 1998 João Sedycias. All rights reserved.

• This paper was presented by the author at the Annual Convention of the American
Association of Teachers of Spanish and Portuguese [AATSP]. Los Angeles,
California, August 1987.

• The Portuguese version below was translated from the English original by the
author and has been published as “Como implementar um programa de português
numa faculdade de estudos liberais: Problemas e estratégias” [Establishing a
Portuguese Language Program at a Liberal-Arts College: Problems and
Strategies]. In Tópicos em português língua estrangeira. Volume edited by Maria
Jandyra Cunha and Percília Santos. Brasilia: Editora da Universidade de Brasília,
2002.

Click here to see the English version of this article: ptguese.htm

Como implementar um programa de português numa


faculdade de estudos liberais: Problemas e estratégias

1. Introdução –

A tendência no campo das línguas estrangeiras nos Estados Unidos está finalmente
tomando um rumo diferente, depois de quase duas décadas de baixa procura por parte dos
estudantes de nível superior. Como resultado desta mudança, muitas faculdades e
universidades norte-americanas estão se deparando com uma situação que é problemática mas
ao mesmo tempo gratificante e muito bem-vinda: a de ter que acomodar um número crescente
de alunos que estão procurando cursos em línguas estrangeiras. Muitas destas escolas acham
prudente do ponto de vista pedagógico e administrativo aumentar as suas ofertas em línguas
estrangeiras e têm buscado maneiras de expandir os seus programas. A expansão de um
programa de línguas estrangeiras que já esteja funcionando pode tomar várias formas, tal
como o acréscimo de um componente de auto-ensino ou a inclusão de uma língua de uma
família lingüística que já se ensine no programa. Como o acréscimo de um componente de
auto-ensino requer, além do compromisso firme por parte de uma administração que esteja
disposta a dar o devido apoio financeiro, a participação de professores especializados nesta
forma de ensino/aprendizagem e um fluxo constante de falantes nativos que serviriam como
tutores, a segunda alternativa, i.e., a inclusão de uma língua da mesma família que já se ensine
no programa é mais realista e viável. Pelo fato de não envolver o uso de tantos recursos como
outras formas de expansão, essa foi a opção que escolhemos na faculdade em questão e é o
tópico que examinarei neste artigo.

O objetivo do meu estudo é relatar a minha experiência em projetar e implementar um


programa de língua portuguesa numa pequena faculdade de estudos liberais nos Estados
Unidos. Pretendo compartilhar com professores e administradores do campo informações
relevantes ao tema que, espero, possam lhes vir a ser úteis caso algum dia tenham que montar
e implementar um programa como este.

2. Onde tudo começou: uma faculdade de estudos liberais como muitas outras –

A escola onde eu ensinava é uma pequena faculdade de estudos liberais de


aproximadamente mil alunos localizada na cidade de Spartanburg, no estado da Carolina do
Sul, Estados Unidos. Embora a Faculdade de Wofford tenha certas características únicas, a
grosso modo é uma escola como muitas outras do mesmo tipo.

A faculdade tem um corpo discente pequeno, mantém uma afiliação visível mas não muito
rigorosa com uma instituição religiosa (a Igreja Metodista), e tem como objetivo dar aos seus
alunos uma educação liberal compreensiva, colocando ênfase especial nas humanidades.
Embora tenha bons programas em biologia e negócios, a faculdade não tem como prioridade
fornecer treinamento técnico. Como a administração durante a minha gestão costumava dizer:
“o nosso objetivo é fornecer uma excelente educação para um número seleto de alunos, ao
contrário de tentar ser tudo para todos.”

Esta escola, portanto, representa em muitos aspectos a maioria das pequenas faculdades de
estudos liberais nos Estados Unidos e espero que as presentes reflexões sobre a minha
experiência lá possam ser úteis para professores de português em outras instituições onde se
planeje ensinar o português como língua estrangeira, tanto nos Estados Unidos como em
outros países.

3. No começo: Por que o português? –

O projeto de implementação de um programa de língua portuguesa apresentado por mim à


administração da Faculdade de Wofford consistia de várias partes:

3.1. Fatos relevantes sobre a língua portuguesa, onde a mesma é falada e informação sobre
o papel desempenhado por países luso-falantes no âmbito geopolítico e econômico
internacional no presente;

3.2.Por que seria vantajoso para o departamento de línguas estrangeiras incluir o


português e não outra língua que não fosse relacionada a nenhuma das línguas já oferecidas
no programa; e

3.3. Como essas considerações se aplicariam às prioridades, necessidades e recursos


disponíveis da Faculdade de Wofford. Tentamos especificamente demonstrar a relevância que
o português teria na vida individual e profissional dos nossos alunos e como o ensino desta
língua se encaixaria de forma proveitosa para ambas as partes com outros programas da
faculdade tais como negócios, ciência política, geografia, estudos internacionais, história, etc.

A última coisa que desejo fazer aqui é tentar convencer quem já está convencido da
utilidade e necessidade de se expandir o ensino do português como língua estrangeira no
sistema universitário norte-americano. Porém, poderá nos ser útil rever os detalhes do
argumento usado perante a administração da minha antiga faculdade, para que futuros
professores e administradores possam ter uma idéia do que pode ser usado numa situação
similar subseqüentemente em outra instituição.

4. O argumento –

Como uma das línguas neo-latinas menos conhecidas nos Estados Unidos, o português
ocupa por um lado uma posição muito difícil no que diz respeito a qualquer esforço por parte
do corpo docente em convencer alunos e administradores em apoiar a idéia de implementar
um programa de língua portuguesa. Entretanto, por outro lado, devido à proximidade
lingüística e histórica que sempre teve com o espanhol – que é sem dúvida nenhuma a língua
estrangeira mais comumente ensinada nas escolas secundárias e universidades norte-
americanas – o português ocupa a posição invejável de ser um, ou mesmo o, candidato ideal
quando se contempla a expansão de um programa de línguas estrangeiras. Isso é verdade
principalmente se a administração estiver planejando acrescentar a um programa já em
funcionamento uma língua de uma família lingüística que já se ensine na instituição. Esta
forma de expansão será de muito interesse para pequenas faculdades de estudos liberais com
menos recursos à disposição do que grandes universidades de pesquisa.1 Para aquelas escolas
que já oferecem cursos de espanhol e estão considerando uma expansão em seu programa, o
português é um candidato ideal devido aos seguintes fatores:

4.1. Devido ao fato de muitos dos professores universitários de espanhol nos Estados
Unidos terem a devida proficiência e capacitação em português como língua estrangeira, o
ensino deste idioma requer, a grosso modo, um investimento humano e financeiro muito
menor que outra língua que não seja relacionada ao espanhol tal como o japonês, chinês ou
árabe; e

4.2. Já existe uma massa crítica de alunos que podem ser recrutados, i.e., alunos que já
estudaram ou possuem um conhecimento básico de espanhol, francês ou italiano. Esses alunos
já demonstraram interesse em estudar uma língua neo-latina e podemos supor que os mesmos
teriam uma alta predisposição para estudar outra língua da mesma família lingüística. Devido
à familiaridade com o processo de aprendizagem de uma língua neo-latina, o ensino de
português para esses alunos poderia ser intensificado ou modificado em maneiras diferentes e
criativas para incrementar e acelerar o desenvolvimento de fluência dos mesmos.

Além disso, o estudo do português deve ser corretamente visto como sendo de grande
importância em termos políticos, econômicos e culturais para os Estados Unidos devido à
posição que a língua portuguesa ocupa no mundo hoje:

• Com quase duzentos milhões de falantes nativos, o português é a segunda língua neo-
latina mais falada no mundo – mais do que o francês, o italiano ou o rumeno – e é a
sexta língua mundial com o maior número de falantes.
• O português é a língua mãe de mais da metade da população da América do Sul e é a
língua oficial do Brasil, Portugal, Angola, Moçambique e várias outras nações na
África e Ásia.
• No caso do Brasil, esse país representa mais da metade do continente sul-americano,
tanto em território como em população e é um importente mercado para Estados
Unidos.
• O português atualmente está presente como língua nativa em cinco continentes
(Europa, América do Norte, América do Sul, África e Ásia) e é falado por mais de um
milhão e meio de pessoas nos Estados Unidos e Canadá.

5. A gênese do programa –

A semente do programa de português na Faculdade de Wofford teve origem na minha


experiência pessoal em ensinar informalmente português para alunos de espanhol nesta
escola. Com base na minha experiência com esses estudantes, eu estava convecido da
viabilidade de usar alunos de espanhol e de outras línguas neo-latinas como promissor grupo
inicial para o programa de português.

Depois de ter dialogado com os colegas do departamento e ter obtido informação, material
e assessoramento de colegas em outras universidades, achei que tínhamos a massa crítica
necessária em termos de instrutores qualificados (i.e, dois professores de espanhol com a
devida capacitação em português como língua estrangeira), número de alunos e formação
desses para expandir as minhas aulas informais para uma base mais ampla, disponibilizando-
as assim para mais alunos.

6. Os primeiros passos –

Uma vez tomada essa decisão, o primeiro passo foi identificar e entrar em contato com os
alunos que formariam a base do programa. Todos os alunos da Faculdade de Wofford que
haviam feito cursos de terceiro e quarto ano de espanhol ou francês foram contactados através
do correio universitário.

Decidimos nos concentrar nesses alunos porque achávamos que o fato de eles possuirem o
conhecimento de uma língua neo-latina facilitaria bastante a aprendizagem e o domínio de
português dos mesmos. O desempenho desses alunos na nossa primeira classe de português
foi bem melhor do que a média, o que corroborou essa conjetura.

Com o objetivo de alcançar o maior número de alunos possível e deixar esses alunos a par
das vantagens de estudar português, colocamos anúncios e posters por todo o campus da
faculdade. Queríamos ter certeza de que havíamos feito tudo ao nosso alcance para contactar
os candidatos que tivessem passado despercebidos na campanha feita através do correio
universitário.

O retorno foi muito encorajador. Onze alunos que haviam feito cursos de espanhol e um
que havia estudado francês mostraram interesse em aprender português e expressaram a
intenção de se matricular numa classe para principiantes, caso a língua fosse oferececida no
semestre seguinte.

O próximo passo consistiu em entrar em contato com a administração com os dados que
nós havíamos obtido. Levamos a nossa proposta para a implementação de um programa de
português para o comitê apropriado e apresentamos a informação relativa a:

6.1. Quantos alunos haviam demonstrado interesse em estudar português;


6.2. A formação desses alunos;

6.3. Informação sobre os professores;

6.4. A formação acadêmica e capacitação dos professores;

6.5. Que impacto a criação de um programa de português teria no departamento em geral e


como isso afetaria em particular as outras línguas (espanhol e francês); e finalmente

6.6. Como nós planejávamos implementar e manter o programa de português.

Seguindo o conselho do comitê de currículos, que havia tido uma reação favorável em
relação à nossa proposta, a administração nos deu permissão para seguir adiante, e nós
começamos a estruturar o programa.

7. Nasce um programa –

Como base para o nosso programa, os seguintes objetivos foram estabelecidos:

7.1. Desenvolver a proficiência em português dos alunos através do uso predominante da


língua alvo na sala de aula;

7.2. Desenvolver a apreciação e uma atitude positiva pela língua e cultura do mundo
lusofônico; e

7.3. Fornecer a aqueles alunos com uma formação em espanhol ou francês um ambiente
acadêmico que pudesse facilitar a trasição intensiva e acelerada de uma dessas línguas para o
português.

Já que a maioria dos alunos na primeira classe de português tinha uma boa formação em
espanhol, o nosso modus operandi consistiu basicamente em instrução intensiva e acelerada,
fazendo uso, sempre que fosse possível, do conhecimento de espanhol desses. Conseguimos
fazer isso com freqüência, especialmente quando estávamos ensinando estruturas que são
iguais ou similares em ambas línguas. Por exemplo, gastamos pouco tempo estudando
estruturas tais como ser e estar, o subjuntivo (com a exceção do futuro, que ainda é usado em
português mas praticamente já não se usa em espanhol), o pretérito e o imperfeito, ou por e
para porque essas estruturas têm muito em comum em ambas as línguas.

Como o tempo das aulas não foi desperdiçado com explicações gramaticais prolongadas,
pudemos nos concentrar no que eu creio ser o verdadeiro objetivo de qualquer classe de
língua estrangeira: o desenvolvimento da proficiência por parte dos alunos.

É pouco provável que no futuro as outras classes de português para principiantes tenham a
mesma composição discente desta primeira. Por isso, o professor terá que adaptar a
abordagem e o ritmo a serem usados em cada classe de acordo com a formação dos alunos.
No futuro o professor pode, por exemplo, ter uma classe composta principalmente de alunos
de francês. Neste caso, o professor se beneficiaria não com a familiaridade dos seus alunos
com a sintaxe de outra língua neo-latina, o que seria o caso com o espanhol, mas, pelo
contrário, pelo conhecimento destes de uma língua estrangeira cuja fonologia tem muito em
comum com o português, que é o caso do francês.
O método de ensino que usamos foi uma combinação das abordagens áudio-lingual e
comunicativa. Enfatizamos o uso ativo e predominante da língua alvo na sala de aula para
incrementar ao máximo o desenvolvimento da proficiência dos alunos. Na nossa primeira
turma, tivemos um grupo de indivíduos tanto animados como trabalhadores que sempre
estavam dispostos a por em prática o português que estavam aprendendo.

Para dar aos meus alunos a oportunidade de praticar a língua alvo com alguém além do
professor, eu levava regularmente visitantes e falantes nativos para a classe. A maioria desses
visitantes expressaram surpresa e alegria ao ver o quanto os nossos alunos haviam progredido
em tão pouco tempo, principalmente porque a Faculdade de Wofford está localizada numa
parte remota da Carolina do Sul, aos pés das montanhas Piedmont, uma região conhecida
historicamente pela sua homogeneidade étnica e lingüística e pela distância que sempre
manteve de línguas e culturas estrangeiras.2

8. Considerações finais –

Concluindo, gostaria de dizer que a implementação do programa de língua portuguesa na


Faculdade de Wofford foi uma experiência tanto laboriosa como gratificante para mim, uma
experiência que eu estaria disposto a levar a cabo novamente, se a oportunidade e os devidos
recursos estiverem à minha disposição.

Existem certas considerações básicas que devemos ter em mente antes de tentar por em
prática um plano de implementação de um programa de português numa faculdade de estudos
liberais. Abaixo forneço uma lista de passos a serem tomados e a ordem em que devem ser
executados:

8.1. Estabeleça uma filosofia para o programa, esclareça os objetivos, política acadêmica,
método e currículo.

8.2. Os professores constituem uma parte muito importante de qualquer programa de


línguas. É imprescindível que o programa tenha professores que sejam dedicados, dinâmicos e
entusiasmados e que estejam dispostos a dedicar o devido tempo e esforço para atingir os
objetivos do programa.

8.3. Depois da contratação de bons professores, a segunda tarefa mais importante é atrair
alunos dedicados e trabalhadores. Para atrair indivíduos deste calibre e subsequentemente
convencê-los a estudar português, será preciso elaborar uma cuidadosa campanha de
recrutamento. É relativamente fácil recrutar alunos cuja área principal de estudos é a
Península Ibérica ou a América Latina, já que o conhecimento de português é um requisito
essencial de qualquer pessoa que trabalhe com ou naquela parte do mundo. Entre em contato
principalmente com alunos que tenham feito cursos de terceiro e quarto ano de espanhol,
francês, italiano ou outra língua neo-latina.

8.4. Uma forma de realizar o terceiro objetivo mencionado acima é fazer propaganda
direta do programa – isto é, ir pessoalmente de classe em classe e conversar com alunos de
terceiro e quarto ano de espanhol, francês, italiano ou outra língua neo-latina. Nestas visitas
seria bom levar folhetos e anúncios, que poderiam ser distribuidos tanto dentro da faculdade
como em outros pontos da cidade. Na Faculdade de Wofford, eu organizei vários encontros
com temas relacionado à língua portuguesa: sessões de slides, mesas redondas, apresentações
musicais, visitantes que deram palestras informais no nosso departamento e almoços e
jantares seguidos de uma apresentação sobre algum aspecto do mundo lusôfono. É importante
que os alunos tenham uma percepção real do português – ou de qualquer outra língua
estrangeira – como sendo uma parte viva de uma cultura real, e não como alguma abstração
lingüística que os professores talvez tenham criado apenas para tornar a vida dos seus alunos
mais difíceis.

8.5. Tente conseguir o apoio de outros grupos tanto dentro como fora da comunidade
acadêmica. Na escola propriamente dita, tente conseguir o apoio de outros programas de
línguas estrangeiras, principalmente da família neo-latina, de departamentos na área de
humanidades e ciências sociais, estudos internacionais e programas no exterior. Fora da
comunidade acadêmica, é recomendável entrar em contato com grupos cívicos, centros e
associações bi-nacionais e qualquer sociedade de cunho cultural ou acadêmico que existir na
sua cidade ou região que possa ter interesse no ensino da língua portuguesa.

8.6. Uma vez que todos os passos acima tenham sido completados, a documentação para a
implementação do programa de português está pronta para ser levada perante a administração
da sua instituição.

O programa de língua portuguesa na Faculdade de Wofford estava no seu terceiro ano


quando a primeira versão deste artigo foi escrita (1987) e, embora não seja tão grande como o
programa de espanhol ou francês, de qualquer forma está com ótima saúde e continua
crescendo.

Eu deixei a Faculdade de Wofford em 1987, mas devido ao retorno muito positivo por
parte dos alunos e professores que haviam participado do programa de português, a
administração da faculdade muito sabiamente decidiu não permitir que o programa se
extinguisse. A mesma ação há alguns anos poderia parecer extravagante ou até mesmo
impensada, mas naquele momento (i.e., 1987) não resta dúvida que foi uma manobra
administrativa prudente e vantajosa. A frase "o mundo está se tornando uma vila global" que,
de tão repetida, quase já se tornou cliché, soa mais verdadeira agora do que nunca e os
Estados Unidos corretamente reconhecem que o país não pode permanecer ignorante de
outras línguas e culturas sem pôr em risco a posição de liderança mundial que disfruta há mais
de cinqüenta anos.

Devido às posições geopolíticas e econômicas que países de língua portuguesa tais como o
Brasil ocupam hoje no mercado mundial (o Brasil possui a quinto maior PIB do mundo), a
necessidade de colocar a língua portuguesa à disposição de mais pessoas nos Estados Unidos
adquire uma nova dimensão, cuja importância será expressada devidamente apenas na medida
em que esse idioma for acrescentado aos currículos de línguas estrangeiras em mais escolas
naquele país.

Notas
1
No sistema universitário dos Estados Unidos, as faculdades de estudos liberais e as
universidades de pesquisa são instituições de natureza e com funções bastante diferenciadas.
As faculdades de estudos liberais se concentram quase exclusivamente no ensino, dedicando
pouco tempo ou recursos à pesquisa científica e geralmente dando ênfase no seus currículos
às humanidades e ciências sociais. Por outro lado, as grandes universidades de pesquisa nos
Estados Unidos se encarregam da produção de novo conhecimento nos mais diversos campos
(ciências exatas, humanidades, ciências sociais, artes, etc.) e principalmente do
desenvolvimento tecnológico do país, tanto em termos de investigação científica como na
formação de futuros pesquisadores. Porém, essas instituições também têm que manter altos
níveis de qualidade no ensino. Essas universidades geralmente são as beneficiárias de um
extenso e bem financiado sistema de bolsas e estímulos à pesquisa oriundos do governo, de
fundações filantrópicas e do setor privado.
2
A região do Piedmont na Carolina do Sul e Carolina do Norte é uma área bastante
isolada geografica e culturalmente do resto dos Estados Unidos. Está situada no sopé das
Montanhas Apalaches e muitas de suas cidades são de difícil acesso. Essa região da parte sul
dos Estados Unidos foi colonizada por imigrantes ingleses, irlandeses e escoceses nos séculos
17-19. Sempre manteve uma certa distância da cultura predominante nas áreas mais
cosmopolitas da América do Norte, e mais ainda de qualquer influência ou tendência
estrangeira, ao ponto de ser vista pelo resto dos norte-americanos como uma das regiões mais
isoladas e atrasadas do país. Do ponto de vista lingüístico a região do Piedmont e das
Montanhas Apalaches é muito importante porque é aí – provavelmente devido à
homogeneidade étnica e lingüística que sempre reinou na região – onde se encontram hoje os
últimos vestígios vivos do inglês elisabetano.

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