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Nº 8, 22 de Junho de 2021

Documento Científico
Departamentos Científicos de Suporte
Nutricional e Pneumologia (2019-2021)

Terapia Nutricional da
Criança com Fibrose Cística

Departamento Científico de Suporte Nutricional


Presidente: Rubens Feferbaum
Secretária: Izaura Merola Faria
Conselho Científico: Ary Lopes Cardoso, Christiane Araújo Chaves Leite,
Jocemara Gurmini (Relatora), José Vicente Noronha Spolidoro,
Tania Mara Perini Dilem, Vanessa Y. Salomão W. Liberalesso

Departamento Científico de Pneumologia


Presidente: Maria de Fátima Bazhuni Pombo Santanna
Secretária: Regina Terse Trindade Ramos
Conselho Científico: Carlos Antonio Riedi (Relator), Cassio da Cunha Ibiapina,
Débora Carla Chong e Silva, Gilvan da Cruz Barbosa Araújo,
Patrícia Gomes de Matos Bezerra

regulator), o que tem determinado maior sobre-


Introdução
vida dos pacientes.2 A média de expectativa de
vida passou de poucos anos, quando a doença foi
A fibrose cística (FC) é uma doença genética inicialmente descrita em 1938, a mais de 45 anos
autossômica recessiva com apresentação multis- recentemente.1,2 Muitos são os fatores que contri-
sistêmica, podendo afetar os pulmões, pâncreas, buíram para melhores resultados, incluindo ino-
fígado, intestinos, glândulas sudoríparas e apa- vações terapêuticas, identificação e tratamento
relho reprodutor, sendo a doença pulmonar a das infecções de forma precoce, tratamento mul-
maior causa de morbidade e mortalidade.1 tidisciplinar em centros especializados e a insti-
tuição da triagem neonatal para esta condição.3
Nas últimas décadas ocorreram avanços para
o entendimento da doença, com importantes des- Entre os anos 60 e 80, para controlar os sinto-
cobertas a respeito das variantes no gene regu- mas gastrointestinais secundários à insuficiência
lador (Cystic fibrosis transmembrane conductance pancreática, muitos centros de atendimento a FC

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Terapia Nutricional da Criança com Fibrose Cística

orientavam o uso de uma dieta pobre em lipí- Alguns desafios referentes à nutrição, diges-
dios, resultando em pacientes desnutridos e com tão e absorção na fibrose cística ainda precisam
atraso no crescimento por baixa ingestão ener- ser entendidos e superados e vão além de uma
gética. Com uma orientação divergente, o centro dieta qualitativa e quantitativamente adequadas.
de Toronto orientava uma dieta rica em gorduras Como trata-se de uma doença multissistêmica,
e com maior densidade calórica, promovendo novidades no tratamento dos quadros pulmona-
um melhor estado nutricional e com resultados res, uma terapia de reposição da enzima pancre-
superiores que aqueles dos centros americanos, ática mais eficiente e, mais recentemente, aos
impactando na sobrevida dos pacientes.4 tratamentos farmacológicos inovadores na corre-
ção/modulação da CFTR podem contribuir, direta
Desde então, estudos têm confirmado a impor-
ou indiretamente com o estado nutricional.6
tância do estado nutricional na fibrose cística e o
impacto sobre a função pulmonar e a sobrevida.
É sabido que pacientes com fibrose cística, desnu-
trição crônica e falência no crescimento apresen- Desequilíbrio Energético
tam uma maior morbidade e mortalidade.1-3 na Fibrose Cística
A identificação de portadores da doença com
a triagem neonatal permite um cuidado nutricio- A desnutrição na fibrose cística é resultado
nal desde as fases precoces da vida, visando a do desequilíbrio entre o gasto energético, menor
adequação do estado nutricional, do crescimen- ingestão e aumento das perdas. A figura 1 mos-
to e redução das exacerbações pulmonares e tra os efeitos do desequilíbrio energético que
internações.5 se não compensado leva a piora cada vez maior
da condição nutricional e, consequentemente, a
Com a orientação de uma dieta hipercalórica
deterioração da função pulmonar.6,7
e hiperproteica sem a restrição de lipídios e ade-
quação das enzimas pancreáticas nos pacientes Como consequências da desnutrição ocor-
insuficientes, uma melhora do estado nutricio- re prejuízo na imunidade, piora do estado nu-
nal pode ser observada, principalmente entre tricional e qualidade de vida, influência sobre
crianças e adultos jovens com fibrose cística. En- a musculatura que atua na respiração, falência
tretanto, a desnutrição ainda afeta uma parcela no crescimento, alteração no desenvolvimento
significativa desta população.1-4 cognitivo e menor expectativa de vida.6

Figura 1. Desequilíbrio energético na fibrose cística.8

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Parece existir aumento no gasto energético presente em 2% das crianças, 19% dos adoles-
de repouso na FC e alguns estudos sugerem que centes e 50% dos adultos contribui para a perda
o aumento é maior no sexo feminino. A doença energética pela glicosúria.6
pulmonar na FC pode explicar parcialmente o
aumento do gasto energético, mas outros me-
canismos incluindo a insuficiência pancreática
e alterações na CFTR devem ser considerados.7 Nutrição e Função Pulmonar
A doença pulmonar determina aumento da de-
manda energética por vários mecanismos: ciclo
contínuo de inflamação crônica, colonização Alguns estudos têm comparado parâmetros
bacteriana, infecção recorrente, hipermetabo- nutricionais com a função pulmonar mostrando
lismo com a liberação de citocinas pró-inflama- a importância do cuidado nutricional desde os
tórias (fator de necrose tumoral, interleucinas primeiros anos de vida.12
1 e 6 (IL-1 e IL-6), aumento da obstrução brôn-
Konstan et al avaliaram 931 crianças, entre
quica, hiperinsulflação pulmonar e aumento do
3 - 6 anos e verificaram que os pacientes com
gasto de oxigênio para ventilação.7,9
menores índices nutricionais, principalmente
peso para idade (P/I) e estatura para idade (E/I)
O apetite é mediado por hormônios que
aos 3 anos tinham função pulmonar inferior aos 6
agem no hipotálamo. A leptina, a grelina e a insu-
anos.13 No mesmo ano, Peterson et al examinaram
lina são os principais hormônios envolvidos na
dados de crianças de 6 a 8 anos para avaliar como
regulação do apetite e estudos nos níveis séricos
o padrão de ganho de peso influenciou a função
na FC são poucos e inconsistentes e ainda não
pulmonar.14 As crianças com ganho de peso cons-
está claro se uma alteração na secreção pode
tante tiveram os melhores resultados no volume
contribuir para a perda do apetite e do peso.7
expiratório forçado de 1 segundo (VEF1). Yen
A etiologia da redução da ingestão é multifato-
et al, em um estudo prospectivo multicêntrico
rial e envolve fatores como anorexia geralmen-
concluíram que os melhores resultados de P/I
te associada ao uso de antibióticos e a infecção,
aos 4 anos estavam associados a maior estatura,
dificuldade na limpeza das vias aéreas levando
melhor função pulmonar, menos complicações
o muco a ser deglutido, doença do refluxo gas-
e maior sobrevida aos 18 anos.15 Mais recente-
troesofágico e esofagite, supercrescimento bac-
mente um estudo prospectivo envolvendo 6805
teriano intestinal que interfere na absorção e
pacientes do registro de pacientes do CFF teve
indiretamente causa anorexia e dor abdominal
como objetivo verificar as trajetórias de cresci-
e as alterações na motilidade intestinal e cons-
mento e associá-las ao VEF1. O peso para esta-
tipação. Somando-se a estes fatores estão ques-
tura (P/E) e índice de massa corporal para a idade
tões psiquiátricas como a depressão, ansiedade,
(IMC/I) que sempre foram acima do percentil 50
estresse e distúrbios do apetite.7,9,10
foram associados a maior VEF1 aos 6-7 anos.16
Cerca de 85% dos pacientes com FC apre-
As diretrizes da European Society for Clinical
sentam insuficiência pancreática que determi-
Nutrition and Metabolism (ESPEN) discutiram as
na dificuldade na absorção de macronutrientes,
limitações do uso dos índices antropométricos
principalmente lipídios. Apesar do uso da su-
como única avaliação nutricional, sugerindo mé-
plementação de enzimas pancreáticas, as difi-
todos para a análise da composição corporal com
culdades na digestão e absorção não ficam com-
a bioimpedância elétrica (BIA) e a densitometria
pletamente corrigidas. Também contribui para a
por dupla emissão de raio X (DEXA), essa desti-
má absorção de gorduras, a precipitação de sais
nada a pacientes maiores de 8 anos.6
biliares em um intestino delgado proximal ácido
pela falta do bicarbonato secretado pelo pân- Uma revisão sistemática de 2018 sobre com-
creas.9,10 A diabete relacionada à fibrose cística posição corporal e desfechos de saúde na FC

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Terapia Nutricional da Criança com Fibrose Cística

selecionou 39 artigos para análise e observou do estado nutricional, a avaliação da função pul-
que pacientes com FC têm menos massa magra e monar e a elastase fecal em pacientes com sufici-
menor densidade mineral óssea em relação aos ência pancreática podem auxiliar na identificação
controles e apesar da falta de uniformidade nos de possíveis causas.19-21 É recomendado o teste de
métodos para a avaliação da composição corpo- sobrecarga de glicose anualmente nos maiores de
ral, houve uma forte correlação entre baixa mas- 10 anos com o objetivo de afastar a diabetes re-
sa magra e pior função pulmonar.17 lacionada a fibrose cística, complicação de cará-
ter insidioso e que também pode comprometer a
Gomes et al analisaram trabalhos que tratavam
condição nutricional.19,21 Quanto a utilização das
da associação entre massa magra e função pulmo-
enzimas pancreáticas, no paciente com aumento
nar e verificaram que a massa magra se encontrava
das perdas fecais verificar a adesão ao tratamen-
reduzida em crianças e adultos com FC, mesmo na-
to, forma de uso e dose. Uma revisão qualitativa
queles com IMC considerado adequado.18
e quantitativa da ingestão alimentar e adesão
às orientações deve ser feita a cada 3 meses em
crianças e 6 meses em adultos.19-21
Avaliação Nutricional A avaliação dos índices antropométricos
(peso e comprimento/estatura para a idade,
Em todas as idades pode haver risco nutricio- peso para a estatura, índice de massa corporal
nal para pacientes com FC. A avaliação nutricional para a idade) são importantes parâmetros na
completa e periódica é essencial para identificar avaliação do estado nutricional de lactentes,
de forma precoce e tratar as questões deficitá- crianças e adolescentes. No Brasil o referen-
rias. Nos lactentes provenientes da triagem neo- cial adotado para seguimento do crescimento
natal a atenção nutricional e a promoção do cres- são as curvas da Organização Mundial da Saúde
cimento devem receber especial atenção mesmo (OMS 2006/2007).22 Na tabela 2 alguns critérios
antes dos sintomas da doença se manifestarem.5 importantes a serem considerados na avaliação
A Cystic Fibrosis Foundation (CFF) recomenda que da condição nutricional.
as medidas antropométricas sejam feitas men-
salmente no primeiro ano de vida e após, a cada Tabela 1. Frequência das medidas antropométricas
3 meses (tabela 1).19 A frequência das avaliações e informações adicionais para a avaliação e
pode aumentar dependendo do cenário nutricio- seguimento nutricional.19
nal, passando para cada 2 semanas nos lactentes
e a cada 6-8 semanas nos maiores de 2 anos e Diagnós- Cada Anual-
adulto. Atenção especial deve ser dada a pacien- tico 3 meses mente
tes nos primeiros 12 meses após o diagnóstico;
Perímetro cefálico x x
nos primeiros 12 meses de vida até o crescimen-
to adequado e no período peri-puberdade (femi- Peso x x
nino: 9-16a; masculino: 12-18a).19,20 Comprimento/estatura x x

Para os pacientes acima de 8-10 anos está Circunferência braço x x


recomendada a avaliação da massa óssea por Prega cutânea triciptal x x
absorciometria de raios-x de dupla energia
Estadiamento puberdade x x
(DEXA) a cada 1-5 anos dependendo da idade,
resultado de exame anterior e presença de fato- Estatura pais para
x
estatura alvo
res de risco para baixa massa óssea. Considerar
a avaliação da composição corporal através das x
pregas e circunferências, DEXA e bioimpedância. Registro alimentar x (adultos x
6 meses)
Sugere-se exames séricos anuais (hemograma,
Observação: No primeiro ano de vida as visitas devem ser a cada
ferro, vitaminas lipossolúveis, função hepática, 1 a 2 semanas até que a avaliação nutricional esteja adequada e
perfil lipídico e eletrólitos) e, diante da falência depois mensalmente até completar 1 ano.

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Tabela 2. Critérios que indicam estado nutricional pancreática grave e entre 100-200 µg/g insufu-
adequado23 ciência moderada. Lactentes com elastase fecal
<200 µg/g de fezes devem receber enzimas pan-
Lactentes e crianças menores de 2 anos:
creáticas e fazer reavaliação dentro do primeiro
Percentil 50 de peso e comprimento para a idade
(Z escore 0) ano de vida.11 Alguns pacientes, principalmente
lactentes e pré-escolares que inicialmente são
Crianças entre 2-18 anos: suficientes podem se tornar insuficientes com a
Percentil 50 IMC/I (escore Z 0).
progressão da lesão no órgão. Nestas condições é
Considerar E/I e estatura alvo a partir da estatura
recomendado a avaliação anual do pâncreas exó-
dos pais.
crino pela determinação da elastase fecal.6
Adultos >18 anos:
O íleo meconial está associado à insuficiên-
IMC ≥ 22kg/m (M) e IMC ≥ 23kg/m (M)
cia pancreática e o exame pode ser realizado
Avaliação da composição corporal para a confirmação posterior, mas as enzimas
(massa magra) e conteúdo mineral ósseo: orais devem ser iniciadas assim que instituída
Indicadores mais sensíveis de déficit nutricional se alimentação oral ou enteral5. Na tabela 3 as re-
comparado ao IMC.
comendações para a terapia de reposição das
Valores baixos estão relacionados a falência pulmonar
enzimas pancreática.6,24
IMC=índice de massa corporal;
IMC/I= índice de massa corporal para a idade;
E/I=estatura para a idade; M – masculino; F = feminino.
Tabela 3. Recomendações para a terapia de
reposição das enzimas pancreática.6,24

Idade Suplementação sugerida

Distúrbio de Absorção Lactentes até 12 meses


na Fibrose Cística 2000-4000 UI de lipase/120 mL de fórmula ou
leite materno ou 2000 UI de lipase/grama de
gordura ingerida
A insuficiência pancreática ocorre em • Abrir a cápsula e misturar as esferas em pequena
porção de leite ou papa ácida (maçã) para servir
85-90% dos pacientes com fibrose cística e é
de veículo. Certificar-se de que a enzima foi toda
um fator de risco para a desnutrição.1 Ela ocorre deglutida antes de ir ao seio materno, pelo risco
quando a quantidade de enzima para a digestão de lesão na boca da criança ou seio materno.
principalmente das gorduras provenientes da
Crianças 1-4 anos*
dieta for menor que 10% do normal. Na sufici-
1000 UI lipase/kg/refeição ou
ência pancreática o funcionamento do pâncreas
2000-4000 UI de lipase/grama de gordura ingerida
exócrino fornece enzimas suficientes sem que
haja a necessidade da terapia medicamentosa.23 Crianças > 4 anos e adultos*
As enzimas pancreáticas são oferecidas na forma 500 UI/kg/refeição ou
de microesferas recobertas por uma resina ácido 2000 - 4.000 UI de lipase/g de gordura/refeição
resistente e agrupadas em cápsulas gelatinosas. • Oferecer as cápsulas inteiras sem mastigação
antes de cada refeição e lanche, caso refeições
Quando expostas ao conteúdo duodenal com pH
prolongadas (festas) distribuir ao longo da
de 5,5-6,0 as enzimas são liberadas.11 alimentação.

Entre os métodos indiretos para o diagnóstico *Dose máxima 10.000UI/kg/dia ou 2.500Ulipase/kg/dia


da insuficiência pancreática, a elastase fecal tem
alta sensibilidade e especificidade, teste relativa-
mente fácil de ser executado e os resultados não Doses de enzima pancreática acima de
são afetados pelo uso da enzima pancreática.6,11 10.000UI/kg/dia estão associadas a uma compli-
Valores < 100 µg/g de fezes indicam insuficiência cação conhecida como colonopatia fibrosante.24

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Terapia Nutricional da Criança com Fibrose Cística

Diante de altas doses, deve-se considerar se há os lipídios, existe uma dificuldade na digestão e
adesão ao tratamento, reavaliar dose da enzima, absorção de proteínas com perda de nitrogênio
método e hora da ingestão, confirmar se as per- nas fezes e o uso medicamentoso das enzimas
das fecais são esteatorreicas, reavaliar a dose de pancreáticas melhoram a sua absorção.2,6
enzima utilizando a quantidade de gordura inge-
Apesar dos triglicerídios de cadeia média
rida, verificar data de validade do medicamento,
(TCM) serem de mais fácil digestão por não neces-
utilizar medicamentos para reduzir o ácido gástri-
sitarem de sais biliares e enzimas pancreáticas
co (p.ex.: bloqueador H2 e inibidor de bomba de
para absorção, uma dieta formada apenas de TCM
próton), utilizar a taurina para tentar aumentar a
na composição de gorduras não fornece ácidos
conjugação de sais biliares com este aminoácido
graxos essenciais (AGE). A carência de AGE pode
e assim melhorar a solubilização dos lipídios.6,19
levar ao aumento da susceptibilidade a infecções
e atraso no crescimento. O uso do TCM fica des-
tinado a condições especiais como ressecções
de grandes extensões de intestino delgado ou
Nutrição e Fibrose Cística
doença hepática cursando com colestase.1,3

O cuidado nutricional é de extrema impor-


tância no paciente com fibrose cística e uma
abordagem dietética é importante desde o diag-
Eletrólitos e Minerais
nóstico. Os pré-escolares podem apresentar
certo grau de seletividade e neofobia, gerando
Sódio
interações familiares negativas e situações de
estresse. Questões comportamentais relaciona- A perda excessiva de sal no suor resulta em
das a alimentação podem surgir interferindo no níveis séricos inadequados que pode se inten-
ganho de peso em todas as idades e desde cedo sificar em condições ambientais quentes, ati-
precisam ser identificados, acompanhados e os vidade física, febre, diarréia, vômito e perdas
pais orientados.10 por estomias.19 Os lactentes são o grupo mais
acometido e a depleção crônica pode levar a al-
Os pacientes com fibrose cística necessitam
teração no crescimento. O sódio presente no lei-
de uma taxa calórica maior em relação a indiví-
te materno é relativamente baixo (< 7 mmol/L)
duos sem a enfermidade. Os protocolos interna-
e < 15 mmol/L (fórmula infantil), bem como da
cionais recomendam uma ingestão energética de
alimentação complementar.2
110 a 200% das necessidades para a idade para
o ganho de peso.25 As necessidades aumentam O lactente pode desenvolver alcalose meta-
dependendo do grau de má absorção, função bólica hipoclorêmica com baixos níveis séricos
pulmonar, inflamação crônica e exacerbações de sódio, cloro e as vezes potássio. Clinicamen-
pulmonares agudas.6 Recomenda-se que a crian- te a criança apresenta letargia, recusa alimentar,
ça com FC consuma cerca de 35-40% da energia vômitos, perda de peso e desidratação.5
na forma de lipídios, 20% da proteína e 40-45%
Orientações nutricionais europeias recomen-
dos carboidratos.6,19,21
dam que a suplementação de sódio no lactente
A necessidade proteica também é maior no leve em consideração questões individuais como
paciente com fibrose cística. A doença e o estado clima e perdas. A necessidade de suplementação
inflamatório estão associados a quebra da mus- pode ser avaliada pela fração de excreção de só-
culatura esquelética e aumento na síntese de dio que deve ficar entre 0,5 a 1,5%. Na prática
proteínas de fase rápida. Um aumento de 1,5 a clínica, a razão entre o sódio urinário: creatinina
2 vezes a recomendação diária de proteína para é um método simples e não invasivo de monito-
a idade é sugerido nestes pacientes. Assim como rar a suplementação de sódio (tabela 4).26,27

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Tabela 4. Métodos para detectar deficiência de Na maioria dos casos a suplementação de


sódio no paciente com FC.27 1-2 mmol/kg/dia de sódio corrige deficiências,
podendo a dose ser maior dependendo da si-
Métodos para detectar deficiência de sódio:
tuação. A suplementação pode ser feita com
1. Fração de excreção de sódio - FENa (normal pequenas porções de sal adicionado a líquidos
0,5 a 1,5 %)
ou na forma de ampolas de cloreto de sódio via
FENa (%) =100 x NaU x CrS NaS x CrU oral.6,26 (tabela 5)
NaU = sódio urinário; CrS Creatinina sérica
Nas crianças maiores e adultos as dietas com
2. Prática diária: sódio urinário comida processada fornecem o sódio necessário
(depleção Na < 10mmol/L) para evitar os distúrbios metabólicos.6
3. Razão UNa:Cr (relação com a fração de
excreção) 17 a 52 mmol/mmol

Tabela 5. Suplementação de sódio (como cloreto de sódio) na FC.6

Lactente em 1 - 2 mmol/kg/dia Para lactentes em risco de deficiência de sódio dividir o


LM 0-6 meses sal em iguais proporções durante o dia, diluído em água
ou suco de frutas.

Lactentes com > 4mmol/kg/dia Aumento em lactentes em ambiente com temperatura


considerações elevada, ou para pacientes com aumento de perda
especiais de líquidos por vômito, febre, diarreia, taquipnéia ou
ostomias.

Crianças mais Comida salgada Situações de estresse e sudorese aumentada


velhas, adultos ou cápsulas de (p.ex.: febre, exercícios, esportes, altas temperaturas)
cloreto de sódio

Para converter mmol para mg de sódio, cloro ou cloreto de sódio, multiplicar mmol por 23, 35 ou 58 (peso molecular do sódio, cloro e
cloreto de sódio respectivamente) 1/4 colher de chá de sal = 25 mmol ou 575 mg de sódio

Cálcio Ferro

Importante mineral para a formação da mas- A deficiência de ferro na FC ocorre em cerca


sa óssea. Na fibrose cística pode sofrer influên- de 11% nas crianças, sendo maior nos adultos
cia pela deficiência de vitamina D, a baixa in- estáveis.19 São muitos os fatores que contribuem
gestão ou alteração na absorção uma vez que a para níveis baixos de ferro como a má absorção,
esteatorreia causa aumento das perdas fecais.28 infecções de repetição, inflamação, ingestão ina-
A avaliação da ingestão deve ser ao menos dequada.21 Caso o ferro esteja baixo, outro parâ-
anual, principalmente nos casos de perda de metro deve ser utilizado para diferenciar entre
peso, falência no crescimento, baixa ingestão e anemia por deficiência do mineral ou inflamação
a dosagem sérica pode auxiliar na avaliação. As crônica.6 Os níveis de ferritina, capacidade de li-
necessidades diárias na FC são iguais a da popu- gação ao ferro ou saturação de transferrina auxi-
lação em geral e nos indivíduos com baixa inges- liam na diferenciação. Na anemia por deficiência
tão, orientar alimentos ricos em cálcio, produtos de ferro além do ferro diminuído, a ferritina tam-
lácteos e suplementação medicamentosa quan- bém está baixa, enquanto a capacidade de liga-
do a taxa diária não for alcançada.29 ção do ferro está aumentada (tabela 6).6

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Terapia Nutricional da Criança com Fibrose Cística

Tabela 6. Avaliações sugeridas na deficiência de ferro para diferenciar entre as formas de anemia.6

Anemia por Anemia na Ambas as formas


deficiência de ferro inflamação crônica de anemia

Ferro sérico Diminuído Diminuído Diminuído

Ferritina sérica Diminuído Aumentado Variável

Capacidade de ligação do ferro Aumentado Diminuído ou normal Variável

% saturação da transferrina Diminuído Diminuído Diminuído

Zinco que não reflete a condição real do mineral no


corpo.
Na FC a deficiência de zinco pode causar
atraso no crescimento, aumento da susceptibi- A deficiência de zinco deve ser cogitada diante
lidade a infecções, atraso na maturação sexual do crescimento insuficiente em lactentes e crian-
e anorexia associada a perda no paladar (hi- ças, deficiência de vitamina A e esteatorréia em
pogeusia).19,21 O zinco plasmático não é o mar- qualquer idade.10 Em tais circunstâncias orienta-
cador mais seguro para a avaliação, uma vez -se a suplementação por 6 meses (tabela 7).

Tabela 7. Suplementação de zinco na FC

Faixa etária Dose Tempo

Lactente e crianças < 2 anos e em risco de deficiência 1mg/Kg/dia (máx. 15mg/dia) 6 meses

Crianças 2-18 anos e em risco de deficiência 15mg/dia 6 meses

Adultos > 18 anos e em risco de deficiência 25mg/dia 6 meses

possolúveis para os pacientes identificados na


Vitaminas triagem neonatal, alterações bioquímicas podem
ser encontradas aos dois meses de vida, antes de
ser iniciada a suplementação oral.11
As alterações na absorção de lipídios podem
determinar perda de vitaminas agregadas a gor- De acordo com a recomendação nutricional
dura. Pacientes com fibrose cística mesmo em na fibrose cística publicada pelo Cystic Fibrosis
uso de enzimas pancreáticas continuam a apre- Trust (2002) a suplementação vitamínica deve
sentar alterações relacionadas às vitaminas li- ser iniciada no diagnóstico da insuficiência pan-
possolúveis.2 O risco de deficiência de vitaminas creática.21 Por outro lado, os pacientes com sufi-
A, D, E e K aumenta na presença de doença he- ciência pancreática devem ter seus níveis séricos
pática, diagnóstico tardio, interrupção da circu- dosados anualmente e a suplementação deve ser
lação enterohepática, secundária à ressecção do iniciada quando os resultados estiverem altera-
íleo terminal e baixa adesão ao tratamento.19,21 dos.19,21 A vitamina K deve ser suplementada em
Apesar do consenso americano de nutrição do pacientes com doença hepática ou com o tempo
paciente pediátrico com fibrose cística não co- de protrombina aumentado. Nos pacientes com
locar como obrigatória a coleta de vitaminas li- insuficiência pancreática as vitaminas devem ser

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ingeridas no horário de refeição e com enzimas O estudo retrospectivo examinando níveis de


pancreáticas.19,21,6 retinol e α-tocoferol nas infecções pulmonares
de 102 pacientes com FC já comentado ante-
riormente verificou que os níveis de α-tocoferol
Vitamina A
foram menores na piora da infecção pulmonar,
Tem sido relatada deficiência de vitamina A mas que, ao contrário do retinol, não houve
em 10-40% da população com FC e o seu baixo correlação entre a redução do α-tocoferol sérico
nível está associado à piora da função pulmonar e e o VEF1.30
aumento das exacerbações pulmonares, já os sin-
Avaliações séricas são sugeridas anualmente
tomas clássicos da deficiência como xeroftalmia
ou a cada 3-6 meses no caso de deficiência. Tradi-
e cegueira noturna são extremamente raros.11
cionalmente, níveis séricos abaixo de 300 µg/dL
Nem sempre os níveis séricos de vitamina A indicam deficiência, porém, como a vitamina E
estão relacionados à concentração da vitamina acompanha os lipídios séricos, a razão de alfa
nos tecidos. As alterações no retinol sérico du- tocoferol: lipídios totais parece traduzir melhor
rante a piora pulmonar, com posterior normali- os níveis corporais.6,19,21
zação, poderiam estar associadas ao consumo
e/ou a produção de proteína de fase rápida em
Vitamina K
resposta a infecção 30 Na doença hepática avan-
çada, desnutrição ou deficiência de zinco, os ní- Os pacientes com FC estão sujeitos a altera-
veis séricos de vitamina A podem estar baixos ções relacionadas à coagulação sanguínea secun-
devido dificuldade na mobilização dos estoques dária a deficiência de vitamina K. Níveis séricos
hepáticos pela falta de proteína transportadora inadequados desta vitamina também têm sido
do retinol (retinol binding protein RBP). associados à redução da massa óssea e a altera-
ções em marcadores ósseos e o uso frequente de
Algumas pesquisas mostram que a maioria
antibióticos como parte do tratamento contribui
dos pacientes com FC e quadros estáveis exce-
para a redução da flora bacteriana produtora de
dem a dose de vitamina A diária somando suple-
vitamina K. Atenção especial deve ser dada a pa-
mentos e dieta.31,32
cientes com insuficiência pancreática, doença
O fornecimento adequado de vitamina A é hepática e desnutrição.33 A monitorização dos
importante sobretudo na gestação, uma vez que níveis da vitamina pode ser feito com o tempo
o excesso pode causar problemas à mãe e ao de protrombina e, mais recentemente, com o
feto. É sugerido ingestão abaixo de 10.000UI/dia PIVKA II (protein induced by vitamin K absence)
somando dieta e medicação logo antes e início e marcadores ósseos.34
da gestação.6

Recomenda-se a dosagem anual de vitami- Vitamina D


na A ou a cada 3-6 meses no caso de deficiência
Estudos comparando a concentração sérica
com suplementação.6
de 25-hidroxivitamina D [25(OH)D], considerado
o melhor indicador dos níveis de vitamina D, têm
Vitamina E demonstrado valores abaixo do esperado tan-
to em pacientes com FC quanto em indivíduos
A deficiência clínica de vitamina E pode cau-
saudáveis.35
sar consequências como anemia hemolítica,
degeneração muscular e déficit cognitivo, sen- Vários estudos tentam correlacionar os acha-
do encontrado em cerca de 23% dos lactentes dos na densitometria óssea com os valores séri-
recém diagnosticados e 14% em crianças mais cos de 25(OH)D, porém esta associação é difícil
velhas.6 de ser encontrada em avaliações transversais

9
Terapia Nutricional da Criança com Fibrose Cística

ou de seguimento breve.36,37 Os níveis séricos Sugere-se uma suplementação extra de vita-


baixos de vitamina D referem-se a alterações mina D para manter os níveis séricos acima de
de curto prazo, já a redução da massa óssea na 20 ng/mL com dosagens séricas anuais e a cada
densitometria é o reflexo acumulativo de vários 3-6 meses no caso de mudanças. Na tabela 5 as
fatores sobre a mineralização óssea durante um recomendações de vitamina D em pacientes com
período de tempo.37 FC (tabela 8).38

Tabela 8. Recomendações de vitamina D na fibrose cística.38

Lactentes 12 meses Maiores 10 anos


(0-12 meses) a 10 anos e adultos

400-500UI 800-1.000UI 800-2.000UI


Dose inicial
vitamina D3/dia vitamina D3/dia vitamina D3/dia

25(OH)D ≥ 20ng/ml e 800-1.000UI/dia 1.600-3.000UI/dia 1.600-6.000UI/dia


<30ng/ml de vitamina D3 de vitamina D3 de vitamina D3

25(OH)D < 20ng/ml Dose máxima


Dose máxima Dose máxima
ou níveis persistentes 10.000UI/dia
2.000UI/dia vitamina D3 4.000UI/dia vitamina D3
entre 20 e 30 ng/ml vitamina D3

Encaminhar ao 2.000UI/dia e sem níveis 4.000UI/dia e sem níveis 10.000 UI/dia e sem
especialista séricos ≥ 30ng/ml séricos ≥ 30ng/ml níveis séricos ≥ 30ng/ml
** Lactentes (0-12 meses) com 25 (OH)D < 10ng/mL necessidade de investigação raquitismo com manejo por especialista

Vitaminas Hidrossolúveis cio da gestação pelos riscos de defeito na for-


mação do tubo neural e vitamina B12 em pa-
A deficiência das vitaminas hidrossolúveis cientes que tiveram ressecções intestinais com
é rara em pacientes estáveis. Uma atenção ao perda do íleo terminal como complicação do
ácido fólico no caso de pré-concepção e iní- íleo meconial.3,11

Tabela 9. Suplementação das vitaminas na insuficiência pancreática.6

Vitaminas na insuficiência pancreática

Valores de referência
Vitaminas Suplementação
e monitorização

Vitamina lipossolúveis

Retinol
Iniciar com dose baixa com progressão até chegar • Avaliação anual, dosagem a
níveis desejados cada 3-6 meses se alterado
Vitamina A
Beta caroteno (provitamina A) • Avaliar quando gravidez
• 1mg/Kg/dia (máx 50mg/dia) por 12meses considerada
• Seguido dose de manutenção (máx 10mg/dia)

Calecalciferol (D3)
• 25 OHD mínimo 20ng/ml
• Lactente 400UI/dia (máx 1.000UI/dia)
Vitamina D • Avaliação anual, dosagem a
• Outros 800UI (máx 2000UI/dia crianças 1-10 anos
cada 3-6 meses se alterado
e 4.000UI/dia para maiores)
continua...

10
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... continuação

Vitaminas na insuficiência pancreática

Valores de referência
Vitaminas Suplementação
e monitorização

Dosagem de alfa tocoferol • 25 OHD mínimo 20ng/ml


Vitamina E • 100-400UI/dia • Avaliação anual, dosagem a
• 50UI/dia para <12 meses (1mg=1,49UI) cada 3-6 meses se alterado

Vitamina K1
• Avaliações bioquímicas de
Vitamina K • Lactentes 0,3-1mg/dia
rotina nem sempre disponíveis
• Crianças mais velhas e adultos: 1-10mg/dia

Vitaminas hidrossolúveis

Quando a mulher estiver programando gestação e no primeiro trimestre:


Ácido fólico
400 microgramas/dia

Vitamina B12 Após ressecção ileal - 100microgramas/mês IM

Vitamina C Quando ingestão oral insuficiente

deficiências. Na tentativa de orientar as condu-


Terapia Nutricional
tas nutricionais do paciente com FC, as princi-
pais associações criaram algumas estratégias
Pacientes com FC precisam de acompanha- de prevenção e tratamento da desnutrição.19,21
mento nutricional frequente, com monitoramen- Na tabela 10 as recomendações do consenso
to do crescimento e identificação precoce das americano.19

Tabela 10. Cuidado nutricional do paciente com fibrose cística e desnutrição.19

Situação Nutricional
< 2 anos 2-18 anos > 18 anos
e intervenção

Estado nutricional P e E ≥ p50 • IMC/I³ p50 • IMC F 18,5 a 22


adequado: M 18,5 a 23
Cuidados de Sem perda de peso
Prevenção

Cuidados nutricionais Failure to • IMC p10 – p50 • IMC < 18,5 ou


para melhorar thrive: peso e Perda de peso nos Perda de 5% de peso
estado nutricional: comprimento 2-4 meses anteriores nos 2 meses anteriores
Modificação dietética p10 a p50  em ganho de peso
S
e/ou suplementação 2 meses anteriores

Desnutrição Failure to thrive • IIMC < p10 ou • Peso persistentemente


persistente: persistente: peso Perda de peso de baixo (IMC < 18,5) ou
Terapia nutricional e comprimento 2 percentis desde a • Mantém perda de peso
enteral < p10 última avaliação > 5%
IMC = índice de massa corporal; F = feminino; M = masculino

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Terapia Nutricional da Criança com Fibrose Cística

Diante da identificação de risco nutricional e dades como doença do refluxo gastroesofágico,


falha de crescimento é importante uma avalia- diabetes relacionada a fibrose cística, causas não
ção dos principais fatores de risco para a falta de pancreáticas de má absorção, erros alimentares
ganho de peso como a aderência ao tratamento e distúrbio de comportamento nas refeições
incluindo as enzimas pancreáticas e comorbi- (Figura 2).21

Figura 2. Algoritmo de ações diante de um paciente com fibrose cística e dificuldade em ganhar peso.21

DRFC= Diabetes relacionada a fibrose cística; TNE= terapia nutricional enteral; BBP bloqueador de bomba de prótons

Os pré-escolares e escolares podem apre- Quando a alimentação oral e o uso de suple-


sentar recusa e outros problemas relacionados mentos falham, a terapia nutricional enteral é a
a alimentação, prejudicando o ganho de peso modalidade de tratamento a sugerida. Ela permi-
e gerando situações de estresse para os pais, te maior consumo de calorias e proteínas e au-
principalmente porque a condição nutricional xilia na melhora dos índices antropométricos.39
caminha junto com a saúde pulmonar. O acon-
Em 2016 uma revisão foi publicada com re-
selhamento nutricional associado a abordagem
comendações sobre terapia nutricional enteral
comportamental têm se mostrado mais efetivas
na fibrose cística.39 Para pacientes com expecta-
que a educação nutricional isolada na melhora
tiva de uso da via alternativa de alimentação por
da adesão às recomendações nutricionais, ganho
menos de 6 meses, a sugestão é de uma sonda
de peso e de estatura.10,25
nasoenteral, ficando a gastrostomia para os que
O uso de suplementos orais no intervalo de necessitarem da terapia por mais tempo. Antes
refeições, nunca em substituição às mesmas, do procedimento sugere-se afastar doença do
atua como coadjuvante no fornecimento de ca- refluxo, otimizar o quadro pulmonar para o pro-
lorias e proteínas e auxiliam no ganho de peso cedimento e preferir a gastrostomia endoscópi-
de crianças e adultos.2,10 ca ou por laparoscopia ao procedimento cirúrgi-

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co.39 A dieta pode ser infundida continuamente


Considerações Finais
a noite, em bolo durante o dia ou ambos. Com
a dieta noturna o paciente pode ser encoraja-
do a se alimentar durante o dia. Uma fórmula O tratamento da fibrose cística deve ser
polimérica hipercalórica (1,52 kcal/mL) é bem iniciado o mais precoce possível e a triagem ne-
tolerada na maior parte dos pacientes, e, caso onatal veio colaborar com a prevenção e iden-
necessário, pode ser trocada por uma fórmula tificação precoce das deficiências nutricionais.
semi-elementar.6 O objetivo é a infusão de 30- É sabido que a desnutrição piora a doença, po-
65% das calorias diárias na forma de nutrição dendo contribuir para a falência do quadro
enteral.39 A enzima pancreática na dieta noturna pulmonar, aumento da susceptibilidade a in-
contínua geralmente é oferecida no início e final fecções, internações prolongadas, aumento da
da alimentação e eventualmente doses no meio morbidade e mortalidade. Assim, são necessá-
da infusão. A dieta em bolo pode necessitar de rias avaliações periódicas feita por uma equipe
uma dose maior devido a infusão maior de gor- multidisciplinar para identificar as situações de
dura.24 A dose da enzima é de 1000 a 4000 UI risco e tratar as complicações e, diante da falta
lipase/g de gordura (média de 1800 UI lipase/g de ganho de peso com suplementação oral, a
de gordura) e 500-2500 UI lipase/kg/refeição). terapia nutricional enteral deve ser instituída.
Os pacientes devem ser monitorados quanto a
intolerância a glicose e as vezes o uso de insuli-
na pode ser necessário.19,21

A terapia nutricional parenteral está reser-


vada para casos especiais. Onde o uso do tubo
digestivo não é possível.

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Terapia Nutricional da Criança com Fibrose Cística

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Diretoria
Triênio 2019/2021

PRESIDENTE: Grant Wall Barbosa de Carvalho Filho (RJ) Magda Lahorgue Nunes (RS) DF - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO DISTRITO FEDERAL:
Luciana Rodrigues Silva (BA) Sidnei Ferreira (RJ) Gisélia Alves Pontes da Silva (PE) Dennis Alexander Rabelo Burns
1º VICE-PRESIDENTE: Silvio Rocha Carvalho (RJ) Dirceu Solé (SP) ES - SOCIEDADE ESPIRITOSSANTENSE DE PEDIATRIA:
Clóvis Francisco Constantino (SP) Antônio Jose Ledo Alves da Cunha (RJ) Roberta Paranhos Fragoso
COMISSÃO EXECUTIVA DO EXAME PARA GO - SOCIEDADE GOIANA DE PEDIATRIA:
2º VICE-PRESIDENTE: OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA EDITORES REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA
Edson Ferreira Liberal (RJ) EM PEDIATRIA AVALIAÇÃO SERIADA Clemax Couto Sant’Anna (RJ) Marise Helena Cardoso Tófoli
COORDENAÇÃO: Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ) MA - SOCIEDADE DE PUERICULTURA E PEDIATRIA
SECRETÁRIO GERAL: Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) DO MARANHÃO:
Sidnei Ferreira (RJ) EDITORA ADJUNTA:
Victor Horácio de Souza Costa Junior (PR) Márcia Garcia Alves Galvão (RJ) Marynea Silva do Vale
1º SECRETÁRIO: MEMBROS: MG - SOCIEDADE MINEIRA DE PEDIATRIA:
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Henrique Mochida Takase (SP) CONSELHO EDITORIAL EXECUTIVO: Cássio da Cunha Ibiapina
2º SECRETÁRIO: João Carlos Batista Santana (RS) Sidnei Ferreira (RJ) MS - SOCIEDADE DE PED. DO MATO GROSSO DO SUL:
Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) Luciana Cordeiro Souza (PE) Isabel Rey Madeira (RJ) Carmen Lucia de Almeida Santos
Luciano Amedée Péret Filho (MG) Mariana Tschoepke Aires (RJ) MT - SOCIEDADE MATOGROSSENSE DE PEDIATRIA:
3º SECRETÁRIO: Mara Morelo Rocha Felix (RJ) Maria de Fatima Bazhuni Pombo Sant’Anna (RJ)
Virgínia Resende Silva Weffort (MG) Paula Helena de Almeida Gatass Bumlai
Marilucia Rocha de Almeida Picanço (DF) Silvio da Rocha Carvalho (RJ)
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DIRETORIA FINANCEIRA: Vilma Francisca Hutim Gondim de Souza
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) Leonardo Rodrigues Campos (RJ)
DIRETORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE) PB - SOCIEDADE PARAIBANA DE PEDIATRIA:
2ª DIRETORIA FINANCEIRA: Nelson Augusto Rosário Filho (PR) Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) Leonardo Cabral Cavalcante
Cláudio Hoineff (RJ) Sergio Augusto Cabral (RJ) Marcia C. Bellotti de Oliveira (RJ) PE - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE PERNAMBUCO:
3ª DIRETORIA FINANCEIRA: Katia Galeão Brandt
Hans Walter Ferreira Greve (BA) REPRESENTANTE NA AMÉRICA LATINA CONSULTORIA EDITORIAL: PI - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO PIAUÍ:
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Edson Ferreira Liberal (RJ) Luciana Rodrigues Silva (BA) • Otorrinolaringologia
Edson Ferreira Liberal (RJ) MEMBROS: • Pediatria Ambulatorial
COORDENAÇÃO DE CERTIFICAÇÃO PROFISSONAL Natasha Slhessarenko Fraife Barreto (MT) Mario Santoro Junior (SP) • Ped. Desenvolvimento e Comportamento
José Hugo de Lins Pessoa (SP) Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (RJ) José Hugo de Lins Pessoa (SP) • Pneumologia
• Reumatologia
COORDENAÇÃO DE ÁREA DE ATUAÇÃO DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES REDE DA PEDIATRIA • Saúde Escolar
Mauro Batista de Morais (SP) Fábio Ancona Lopez (SP) COORDENAÇÃO: • Segurança
Kerstin Tanigushi Abagge (PR) Luciana Rodrigues Silva (BA) • Sono
Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (RJ) EDITORES DA REVISTA SBP CIÊNCIA Rubem Couto (MT) • Suporte Nutricional
Joel Alves Lamounier (MG) AC - SOCIEDADE ACREANA DE PEDIATRA: • Terapia Intensiva
COORDENAÇÃO DO CEXTEP Altacílio Aparecido Nunes (SP) Ana Isabel Coelho Montero • Toxicologia e Saúde Ambiental
(COMISSÃO EXECUTIVA DO TÍTULO Paulo Cesar Pinho Ribeiro (MG) AL - SOCIEDADE ALAGOANA DE PEDIATRIA:
DE ESPECIALISTA EM PEDIATRIA) Flávio Diniz Capanema (MG) Ana Carolina de Carvalho Ruela Pires GRUPOS DE TRABALHO
COORDENAÇÃO: AM - SOCIEDADE AMAZONENSE DE PEDIATRIA: • Atividade física
Hélcio Villaça Simões (RJ) EDITORES DO JORNAL DE PEDIATRIA (JPED) • Cirurgia pediátrica
COORDENAÇÃO: Elena Marta Amaral dos Santos
MEMBROS: • Criança, adolescente e natureza
Ricardo do Rego Barros (RJ) Renato Procianoy (RS) AP - SOCIEDADE AMAPAENSE DE PEDIATRIA: • Doenças raras
Clovis Francisco Constantino (SP) MEMBROS: Rosenilda Rosete de Barros • Drogas e violência na adolescência
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Crésio de Aragão Dantas Alves (BA) BA - SOCIEDADE BAIANA DE PEDIATRIA: • Metodologia científica
Carla Príncipe Pires C. Vianna Braga (RJ) Paulo Augusto Moreira Camargos (MG) Dolores Fernandez Fernandez • Oftalmologia pediátrica
Flavia Nardes dos Santos (RJ) João Guilherme Bezerra Alves (PE) CE - SOCIEDADE CEARENSE DE PEDIATRIA: • Pediatria e humanidade
Cristina Ortiz Sobrinho Valete (RJ) Marco Aurélio Palazzi Sáfadi (SP) Anamaria Cavalcante e Silva • Saúde mental

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