Você está na página 1de 173

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ESTABILIDADE DE TALUDES DE MACIÇOS


DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

DAVID AMÉRICO FORTUNA OLIVEIRA

ORIENTADOR: PROF. PEDRO MURRIETA SANTOS NETO, DSc.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA


PUBLICAÇÃO: G.DM- 095A/02

BRASÍLIA: JULHO DE 2002


UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ESTABILIDADE DE TALUDES DE MACIÇOS


DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

DAVID AMÉRICO FORTUNA OLIVEIRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE


ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO
PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE.

APROVADA POR:

------------------------------------------------------------
PEDRO MURRIETA SANTOS NETO, DSc. (UnB)
(ORIENTADOR)

----------------------------------------------------------
NEWTON MOREIRA DE SOUZA, DSc. (UnB)
(EXAMINADOR INTERNO)

----------------------------------------------------------
MÍRIAM DE FÁTIMA CARVALHO, DSc. (UCSAL/GEOAMB-UFBA)
(EXAMINADOR EXTERNO)

BRASÍLIA/DF, 25 DE JULHO DE 2002

ii
FICHA CATALOGRÁFICA

OLIVEIRA, DAVID AMÉRICO FORTUNA

Estabilidade de taludes de maciços de resíduos sólidos urbanos [Distrito Federal] 2002

xix, 154p., 210 mm x 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Geotecnia, 2002).

Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília.


Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil.

1. Aterros Sanitários 2. Resíduos Sólidos Urbanos


3. Estabilidade de taludes 4. Resistência ao Cisalhamento
I. ENC/FT/UnB II. Título (Série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

OLIVEIRA, D. A. F. (2002). Estabilidade de taludes de maciços de resíduos sólidos urbanos .


Dissertação de Mestrado, G.DM-095A/02, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 155p.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: David Américo Fortuna Oliveira

TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Estabilidade de taludes de maciços de


resíduos sólidos urbanos.

GRAU/ANO: Mestre/2002

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de


mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação
pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.

-------------------------------------------------
David Américo Fortuna Oliveira
R. Clemente Ferreira nº 105, aptº 022, Canela
CEP: 40110-200 Salvador /BA – Brasil

iii
DEDICATÓRIA

A DEUS

A minha mãe Sônia Fortuna,


As Avós, Waldenice Fortuna e Maria de Lourdes
A minha madrinha, Cristina Maria Fortuna
A meu pai, João Américo Oliveira Neto
E Irmãos, Paulo Américo, Juliana e Joana Hirata.

iv
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Pedro Murrieta dos Santos Neto pelos ensinamentos ministrados durante todo o
período do mestrado mas principalmente pe la confiança, incentivo e estí mulo.

A LIMPURB – Empresa de Limpeza Urbana de Salvador pela viabilização dos trabalhos


realizados no Aterro Metropolitano Centro. Ao presidente Dr. Jalon, Dr. Ramalho, Dra. Rilda,
Dra. Ana Vieira, Normando, Roberto e demais funcionários

A VEGA Tratamento de Resíduos S.A. pelo apoio imprescindível na execução dos trabalhos
no Aterro Metropolitano Centro e pelo interesse em entender o comportamento dos resíduos
domiciliares para melhor operar o aterro sanitário. Ao Dr. Tanuri, Dr. Florent Mailly, Dr.
Joselito, Engº João Fortuna, Engº Fábio, Ordélio, Pierre, Orlando (da OVS) e demais
funcionários.

A LCL Consultoria e Engenharia LTDA. pelo constante apoio nas pesquisas realizadas em
conjunto com o Laboratório de Geotecnia da Universidade Federal da Bahia , buscando
sempre o aprimoramento dos seus trabalhos. Sem o apoio desta empresa, nos ensaios de
campos, este estudo não teria se concretizado. Ao Dr. Luís Carlos Lacrose, Engº Marcos,
Sales e em especialao amigo e Engº Marcelo Avena .

A JSE Fundações LTDA. que me apoiou em um dos momentos críticos do trabalho. A amiga
e colega de pós-graduação Silvana Foá e a minha querida amiga e comadre Eliana Foá.

Ao Laboratório de Geotecnia Ambiental da Universidade Federal da Bahia pelo apoio no


desenvolvimento da pesquisa. Ao professor Sandro Lemos Machado pelo constante interesse,
incentivo e apoio à pesquisa e a Geotecnia. Aos estagiários , em especial a Deilton, pela
grande ajuda na execução das difíceis provas de carga no aterro.

Ao Laboratório de Geotecnia da Universidade Federal da Bahia pelo apoio e incentivo às


pesquisas geotécnicas realizadas no estado da Bahia. Ao professor Luís Edmundo, exemplo
de dedicação à Universidade e à pesquisa. Ao professor Luís Aníbal pelo fornecimento do
material referente ao Aterro de Canabrava. Ao professor e colega de pós-graduação
Evangelista. Ao técnico do laboratório Armando pelo apoio na realização das provas de carga
e ensaios CPTU sempre com boa vontade.

Ao CNPQ pelo apoio financeiro na forma da bolsa de estudos concedida.

v
A todos os professores da pós-graduação em Geotecnia da Universidade de Brasília pelos
ensinamentos ministrados no curso.

A querida amiga Clarice Romariz pela presença e apoio em momentos difíceis. De igual
forma os grandes amigos Adolfo Duarte e Rodrigo Tejo.

Aos amigos Dorival Pedroso, John Eloi, Márcia Mascarenha, Maruska Tatiana, José Allan,
Jairo Furtado, Carlos Caldas Adriano Frutuoso, Luciana Medeiros, Anna Karina e Renato
Apolinário por todos os momentos de convivência em Brasília. A minha namorada Paula pelo
apoio, preocupação e carinho principalmente no final desta fase da minha vida.

vi
ESTABILIDADE DE TALUDES DE MACIÇOS
DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

RESUMO

No atual estágio da “mecânica dos resíduos” ainda não existem teorias e modelos que
representem de forma realista o comportamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Desta
forma, têm sido comum a adoção das teorias clássicas de solos para representá -los. Isso pode
conduzir a situações conservadoras ou de instabilidade dos taludes dos aterros sanitários.
Assim esta pesquisa tem como objetivo principal avaliar a estabilidade de taludes de maciços
de resíduos sólidos urbanos.

Devido a grande heterogeneidade e complexidade das estruturas estudou-se o


comportamento mecânico por meio de ensaios de campo. Os dados são analisados e
comparados a comportamento relatados na literatura.

Resultados de sondagens de simples reconhecimento (SPT), ensaios penetrométricos


(CPTU), provas de carga sobre placa (PLT) e ensaios de caracterização são utilizados para
avaliar o comportamento de maciços de RSU e obtenção de parâmetros. Retro-análises de
escorregamento ocorrido em um aterro controlado em Salvador (BA) e de uma seção
experimental executada no aterro sanitário do Município de Salvador foram executadas para
avaliar os parâmetros de resistência ao cisalhamento mobilizados dos resíduos e comparar
com os parâmetros sugeridos na literatura internacional.

A variação da resistência ao cisalhamento com o tempo foi avaliada por meio de ensaios
SPT realizados no decorrer de 1 ano e meio, realizados em células experimentais com
sistemas de aceleração da degradação.

Após a análise de todos os resultados obtidos são sugeridas geometrias para taludes de
aterros sanitários, tipo células escavadas / trincheira, de até 30 m de altura.

Palavras Chaves : Resíduos Sólidos Urbanos, estabilidade de taludes, resistência ao


cisalhamento, ensaios de campo.

vii
SLOPE STABILITY OF MUNICIPAL SOLID WASTE LANDFILLS

ABSTRACT

In the actual stage of “waste mechanics” it is common the use of classics principles of soil
mechanics to simulate the comportment of municipal solid waste. This can conduct to
conservative or critical situations of slope stability in sanitary landfills. This research
discusses lessons learned in evaluation of slope stability of municipal solid waste landfills.

The heterogeneity and complexity structure of MSW lead the study of the mechanical
comportment using field tests. The results are analyzed and compared to existing documents
on properties of refuse.

Results of standard penetration tests, cone penetration test, plate load tests and
characterizations were used to evaluate the comportment and parameters of the MSW. Back-
analyses of a slope failure, occurred in a sanitary landfill in Salvador (BA), and a
experimental section were carried out in order to obtain the mobilized shear strength and
parameters of the local refuse comparing to suggested parameters in international literature.

Standards penetrations tests were done along one year and a half, in experimental cells
with accelerated degradation systems, trying to evaluate changes in the shear strength with
time.

After all analyses suggestions of slope and geometry of municipal solid waste landfill,
with maximum height of 30 m, are given.

Keywords : Municipal Solid Waste, slope stability, shear strength, field tests.

viii
SUMÁRIO
CAPÍTULO PÁGINA

1- INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 4

2.1 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................4


2.2 - CONCEITUAÇÃO GERAL....................................................................................................6
2.2.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS .............................................................................................6
2.2.2 - MÉTODOS DE TRATAMENTO ..................................................................................................7
2.2.3 - CARACTERIZAÇÃO DA DISPOSIÇÃO........................................................................................7
2.3 - SELEÇÃO DE ÁREAS...........................................................................................................9
2.4 - ELEMENTOS BÁSICOS DE UM ATERRO SANITÁRIO .....................................................13
2.4.1 - T RATAMENTO DA FUNDAÇÃO .............................................................................................13
2.4.2 - DRENAGEM LÍQUIDOS PERCOLADOS E GASES .......................................................................17

2.4.3 - DRENAGEM DE ÁGUAS PLU VIAIS E PROTEÇÃO SUP ERFICIAL ..................................................20


2.4.4 - VIAS INTERNAS DE ACESSO ÀS CÉLULAS..............................................................................21
2.4.5 - COBERTURA DOS RESÍDUOS ................................................................................................ 22
2.4.6 - INSTRUMENTAÇÃO.............................................................................................................23
2.5 - TÉCNICAS OPERACIONAIS DE ATERROS .......................................................................26
2.6 - PROPRIEDADES BIOLÓGICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ............................ 28
2.6.1 - BIODEGRADAÇÃO E GERAÇÃO DE GASES .............................................................................28
2.7 - PROPRIEDADES FÍSICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS .....................................31
2.7.1 - COMPOSIÇÃO.....................................................................................................................31
2.7.2 - CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................................32
2.7.3 - DISTRIBUIÇÃO DOS TAMANHOS DAS PARTÍCULAS................................................................. 35
2.7.4 - T EOR DE UMIDADE ............................................................................................................ 36
2.7.5 - PESO ESPECÍFICO IN SIT U .................................................................................................... 37
2.7.6 - PERMEABILIDADE ..............................................................................................................38
2.7.7 - COMPACTAÇÃO .................................................................................................................39
2.8 - PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS RSU..........................................................................40
2.8.1 - COMPRESSIBILIDADE ..........................................................................................................40
2.8.2 - RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO .......................................................................................46
2.8.3 - CAPACIDADE DE CARGA DO MACIÇO ...................................................................................56

ix
3- METODOLOGIA............................................................................................................. 61

3.1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................61


3.2 - INVESTIGAÇÕES DOS MACIÇOS .....................................................................................63
3.2.1 - SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO A PERCUSSÃO (SPT) ..........................................63
3.2.2 - E NSAIO DE PENETRAÇÃO CONTÍNUA – CPTU.......................................................................65

3.2.3 - POÇO PARA COLETA DE AMOSTRAS E DETERMINAÇÃO DE PESO ESPECÍFICO IN SITU ................ 65
3.3 - ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS COLETADOS .......................68
3.3.1 - T EOR DE UMIDADE ............................................................................................................ 69
3.3.2 - COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRI CA .............................................................................................69
3.3.3 - E STIMATIVA DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS E DI STRIBUIÇÃO DOS COMPONENTES.................70
3.4 - ENSAIOS DE CARREGAMENTO DE PLACA – PLT ...........................................................70
3.5 - ANÁLISES DE ESTABILIDADE DE MACIÇOS DE RSU .................................................... 73
3.5.1 - ANÁLISES DE ESTABILIDADE DO ATERRO METROPOLITANO CENTRO .................................... 73
3.5.2 - ANÁLISE DA RUPTURA DO TALUDE DE RSU DO ATERRO DE CANABRAVA .............................76

4- APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS................................................... 79

4.1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................................................79


4.2 - INVESTIGAÇÕES DOS MACIÇOS .....................................................................................79
4.2.1 - SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO A PERCUSSÃO (SPT) ..........................................79
4.2.2 - E NSAIO DE PENETRAÇÃO CONTÍNUA – CPTU.......................................................................83

4.2.3 - DETERMINAÇÃO DO PESO ESPECÍFICO IN SITU ......................................................................90

4.3 - ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS COLETADOS .......................91


4.3.1 - T EOR DE UMIDADE ............................................................................................................ 91
4.3.2 - COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRI CA .............................................................................................92
4.3.3 - E STIMATIVA DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS .......................................................................94
4.4 - ENSAIOS DE CARREGAMENTO DE PLACA – PLT ...........................................................95
4.5 - ANÁLISES DE ESTABILIDADE DE MACIÇOS DE RSU ..................................................102
4.5.1 - ANÁLISES DE ESTABILIDADE DO ATERRO METROPOLITANO CENTRO .................................. 102
4.5.2 - ANÁLI SE DA RUPTURA DO TALUDE DE RSU DO ATERRO DE CANABRAVA ...........................107
4.5.3 - PROPOSTA DE GEOMETRIA E INCLINAÇÃO DE TAL UDES PARA MACIÇOS DE RSU...................109

5- CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS...................................113

5.1 - CONCLUSÕES..................................................................................................................113
5.2 - SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .................................................................... 115

x
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 117

APÊNDICES

A – CURVAS DE ESTABILIZAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS DAS PROVAS DE


CARGA SOBRE PLACA ......................................................................................................121

B – ANÁLISES PARAMÉTRICAS DA SEÇÃO EXPERIMENTAL .................................138

C – ANÁLISES PARAMÉTRICAS DAS GEOMETRIAS PROPOSTAS ..........................143

xi
LISTA DE FIGURAS

FIGURA PÁGINA
Figura 2.1 - Métodos de aterros sanitários. (TCHOBANOGLOUS et al. 1993) ........................9
Figura 2.2 – Considerações para aterros de RSU em condições hidrológicas favoráveis.
Critérios para a não impermeabilização do terreno de fundação, (CETESB, 1993).........14
Figura 2.3 – Cons iderações para aterros de RSU em condições hidrológicas desfavoráveis.
Critérios para a impermeabilização do terreno de fundação ( CETESB, 1993). ...............15
Figura 2.4 - Critério de aceitação de compactação de liners argilosos. (USEPA, 1994) ..........16
Figura 2.5 – Sistemas de impermeabilização requeridas para aterros sanitários em diversos
países.( KNOCHENMUS et al, 1998) ..............................................................................16
Figura 2.6 –Detalhes típicos de drenagem de nascentes utilizados no aterro sanitário
Bandeirantes. (ENGECORPS, 1996)................................................................................17
Figura 2.7 - Sistema de drenagem de fundação. (TCHOBANOUGLOS et al., 1993) .............18
Figura 2.8 - Drenos de fundação e drenos horizontais (modificado ENGECORPS, 1996). .....18
Figura 2.9 - Sobreposição das zonas de influência dos drenos de gás......................................19
Figura 2.10 - Drenos Verticais de concreto (ENGECORPS, 1996) ..........................................20
Figura 2.11 - Elementos de drenagem superficial (apud CARVALHO, 1999). .......................21
Figura 2.12 - Camadas do recobrimento final de um aterro sanitário (apud CARVALHO,
1999)..................................................................................................................................23
Figura 2.13 - Instrumentação (ENGECORPS, 1996). ..............................................................25
Figura 2.14 - Influência do teor de umidade no peso específico seco do RSU. (MARQUES,
2001)..................................................................................................................................27
Figura 2.15 - Influência da espessura da camada no peso específico em profundidade
(MARQUES, 2001)...........................................................................................................27
Figura 2.16 - Influência do número de passadas do equipamento no peso específico em
profundida de (MARQUES, 2001). ...................................................................................27
Figura 2.17 - Relação entre o peso específico dos resíduos e o número de passadas do
equipamento e espessura das camadas (Schomaker, 1972 citado por MARQUES, 2001).
...........................................................................................................................................28
Figura 2.18 - Fases de estabilização de um aterro (ENGECORPS, 1996). ...............................31
Figura 2.19 - Composição Gravimétrica do RSU de Brasília (JUNQUEIRA, 2000). ..............32
Figura 2.20 – Classificação do RSU pela carta de Schmertman (PALMA, 1995). ..................34
Figura 2.21 – Classificação do RSU através do CPT segundo MANASSERO et al (1996). ...34

xii
Figura 2.22 - Classificação pelo Diagrama Triangular. (GRISOLIA et al, 1995) ....................35
Figura 2.23 - Distribuição granulométrica do RSU. (JEEBERGER, 1994 apud
KNOCHENMUS et al, 1998)............................................................................................35
Figura 2.24 – Variação do Teor de Umidade do RSU com a profundidade (apud
CARVALHO, 1999). ........................................................................................................36
Figura 2.25 – Variaçã o do Teor de Umidade dos RSU com a matéria orgânica. (LANDVA &
CLARK, 1990) ..................................................................................................................37
Figura 2.26 - Peso específico para o RSU. (apud CARVALHO, 1999)...................................38
Figura 2.27 - Coeficientes de Permeabilidade medidos em poços de reconhecimento por
ensaio de infiltração (LANDVA & CLARK, 1990) .........................................................39
Figura 2.28 - Curvas de compactação para diferentes tipos de resíduos (modificado de
MARQUES, 2001). ...........................................................................................................40
Figura 2.29 - Parâmetros de resistência obtidos por retro-análises (SINGH&MUPHY, 1990).
...........................................................................................................................................47
Figura 2.30 - Ensaios de SPT realizado por diversos autores. (apud CARVALHO, 1999) .....48
Figura 2.31 - Ensaios de CPT por diversos autores. (apud CARVALHO, 1999) ....................49
Figura 2.32 - Curvas tensão x deformação típicas dos RSU. (apud CARVALHO, 1999) .......50
Figura 2.33 - Modelo do RSU. (KOCKEL, 1995 apud KÖNIG & JESSEBERGER, 1997) ...50
Figura 2.34 - Mobilização do angulo de atrito e do intercepto de coesão com a deformação.
(KOCKEL & JESSEBERGER, 1995, apud KÖNIG & JESSEBERGER, 1997) ............51
Figura 2.35 - Modelo de interação das forças de atrito e de tração dos RSU. (KÖLSCH, 1993)
...........................................................................................................................................51
Figura 2.36 - Envoltórias de cisalhamento direto de RSU. (apud KÖLSCH, 1993) ................52
Figura 2.37 - (a) Variação da resistência com o tempo (KÖNIG & JESSEBERGER, 1997).
(b) Proposta de WALTER (1992) apud PALMA (1995) .................................................53
Figura 2.38 - Envoltória de parametros proposta por SINGH & MURPHY (1990). ...............53
Figura 2.39 - Apresentação dos parametros de resistência e área recomendada. (CARVALHO,
1999, modificado de SINGH & MURPHY, 1990) ...........................................................54
Figura 2.40 - Área recomendada para projetos. (PALMA, 1995) .............................................54
Figura 2.41 - Superposição das faixas de parâmetros propostas...............................................55
Figura 2.42 - Envoltórias de ruptura. (apud CARVALHO, 1999) ............................................55
Figura 2.43 - Mecanismos de ruptura em aterros sanitários (SOWERS, 1968). .......................57
Figura 3.1 - Lavage m por circulação de água no ensaio SPT. ..................................................64
Figura 3.2 – Amostra recuperada pelo ensaio SPT. ..................................................................64

xiii
Figura 3.3 - Equipamento de cravação do piezocone................................................................66
Figura 3.4 - Retirada da camada de cobertura antes da execução do poço de inspeção. ..........66
Figura 3.5 - Coleta de amostra do RSU. ...................................................................................67
Figura 3.6 - Quarteamento da amostra coletada........................................................................67
Figura 3.7 - Determinação do peso específico in situ. ..............................................................68
Figura 3.8 - Armazenamento dos diversos componentes da amostra de RSU..........................69
Figura 3.9 - Sistema de reação do ensaio de carregamento de placa. .......................................71
Figura 3.10 - Sistema de aquisição de dados do ensaio de carregamento de placa. .................72
Figura 3.11 - Modelado do terreno do antes da terraplenagem.................................................73
Figura 3.12 - Modelado do terreno após a terraplenagem e esquema dos marcos e aplicação da
sobrecarga..........................................................................................................................74
Figura 3.13 - Vista geral do corte subvertical realizado no talude do aterro. ...........................74
Figura 3.14 - Marco superficial instalado na crista do corte realizado no aterro. .....................75
Figura 3.15 - Seção central do corte realizado no AMC e configuração das superfícies de
rupturas analisadas (centros e raios) no programa SLOPE/W. .........................................76
Figura 3.16 - Vista aérea do escorregamento da massa de lixo no Aterro de Canabrava.........77
Figura 3.17 - Seção anterior a ruptura no Aterro de Canabrava utilizada nas análises de
estabilidade. .......................................................................................................................78
Figura 3.18 - Seção utilizada nas análises da ruptura do Aterro de Canabrava e configuração
das superfícies de rupturas no programa SLOPE/W.........................................................78
Figura 4.1 - Perfil de sondagem SPT do AMC. ........................................................................80
Figura 4.2 - Número de golpes das sondagens nas Células experimentais do Aterro do Jóquei
Clube de Brasília. ..............................................................................................................81
Figura 4.3 - Resultado do ensaio de penetração contínua CPTU-01 (topo da célula 01/02, ao
lado dos ensaios PLT-01 e PLT-02)..................................................................................84
Figura 4.4 - Resultado do ensaio de penetração contínua CPTU-02 (topo da célula 01/02, ao
lado da sobrecarga da seção experimental).......................................................................85
Figura 4.5 - Resultado do ensaio de penetração contínua CPTU-03 (berma da célula 01/02, ao
lado do SPT)......................................................................................................................86
Figura 4.6 - Histograma de resistência de ponta obtido nos três ensaios CPTU.......................88
Figura 4.7 - Histograma de razão de atrito obtido nos três ensaios CPTU ...............................88
Figura 4.8 - Dados dos ensaios CPTU plotados na carta de Schmertmann ..............................89
Figura 4.9 - Correlação entre qc x N obtida por CARVALHO (1999).....................................89

xiv
Figura 4.10 - Valores de resistência a penetração N obtidos no ensaio SPT versus os valores
da tendência de crescimento da resistência de ponta do ensaios CPTU-03. .....................90
Figura 4.11 - Composição do RSU coletado.............................................................................92
Figura 4.12 - Composição gravimétrica média dos municípios de Salvador, Lauro de Freitas e
Simões Filhos (modificado de SANTOS & PRESA, 1995). ............................................93
Figura 4.13 - Descarga de caminhão contendo somente material plástico. ..............................93
Figura 4.14 - Curva granulométrica de cada componente da amostra de RSU coletada ..........94
Figura 4.15 - Curva granulométrica total da amostra de RSU coletada, com e sem plásticos..95
Figura 4.16 - Curva carga x recalque do ensaio PLT-01 ..........................................................96
Figura 4.17 - Curva carga x recalque do ensaio PLT -02 ..........................................................96
Figura 4.18 - Curva carga x recalque do ensaio PLT -03 ..........................................................97
Figura 4.19 - Curvas carga x recalque dos três ensaios PLT. ...................................................99
Figura 4.20 - Provas de carga sobre placa realizados no Aterro da Muribeca (SANTOS et al,
1998)................................................................................................................................101
Figura 4.21 - Desenvolvimento dos recalques da seção experimental. ...................................103
Figura 4.22 - Resultado da análise de estabilidade da seção experimental utilizando para o
RSU a envoltória de resistência bi-linear proposta por KAVAZANJIAN et al (1995). .105
Figura 4.23 – Avaliação das faixas de parâmetros de resistência propostas para RSU. .........106
Figura 4.24 - Parâmetros de resistência dos diversos ensaios e análises e área sugerida de
parâmetros. ......................................................................................................................107
Figura 4.25 - Fator de segurança obtido (FS = 1,067) para rupturas internas no maciço RSU
com angulo de atrito de 15º e coesão de 1,5 kPa. ...........................................................108
Figura 4.26 - Resultado da retro-análise da ruptura do Aterro de Canabrava. FS=0,996 C=0
kPa e φ = 20 º...................................................................................................................109
Figura 4.27 - Parâmetros de resistência obtidos por análise paramétrica para as geometrias
propostas. .........................................................................................................................112

xv
LISTA DE TABELAS

TABELA PÁGINA
Tabela 2.1 - Restrições para locação de aterros sanitários (EPA apud ENGECORPS, 1996)..11
Tabela 2.2 - Critérios para avaliação das áreas para instalação de aterro sanitário, (IPT, 1995).
...........................................................................................................................................11
Tabela 2.3 - Constituição típica de Biogás formado em aterros sanitários...............................30
Tabela 2.4 - Composição (em volume) do resíduo sólido urbano para diferentes cidades
(modificado CARVALHO, 1999).....................................................................................33
Tabela 2.5 - Peso específico do RSU segundo diversos autores (ENGECORPS, 1996)..........38
Tabela 4.1 - Umidade dos componentes do RSU coletado .......................................................91
Tabela 4.2 - Valores de coesão obtidos nas retro-aná lises paramétricas das provas de carga.
.........................................................................................................................................100
Tabela 4.3 -Recalques dos marcos da seção experimental pelo levantamento topográfico....103
Tabela 4.4 - Resultados das análises paramétricas da seção experimental desconsiderando a
sobrecarga (Q = 0 kPa)....................................................................................................104
Tabela 4.5 -Resultados das análises paramétricas da seção experimental considerando a
sobrecarga (Q = 20 kPa). .................................................................................................104
Tabela 4.6 - Fatores de Segurança e Coesões obtidos nas análises paramétricas para geometria
01 (1V:1H e H=20m). .....................................................................................................110
Tabela 4.7 - Fatores de Segurança e Coesões obtidos nas análises paramétricas para geometria
02 (1V:1H e H=30m). .....................................................................................................111
Tabela 4.8 - Fatores de Segurança e Coesões obtidos nas análises paramétricas para geometria
03 (1V:1,5H e H=30m). ..................................................................................................111

xvi
LISTA DE SIMBOLOS

α = coeficiente de perda de massa


ε = deformação específica %
γ = peso específico em kN/m3
σ = tensão vertical efetiva
∆σ = acréscimo de tensão vertical atuante no meio da camada em consideração
λ/b = taxa de compressão secundária
σ0 = tensão vertical efetiva inicial atuante no meio da camada
γd = peso específico seco
∆H = recalques medidos
∆H1 = recalque primário
∆H2 = recalque secundário
∆t = intervalo de tempo entre as medidas
σv = tensão vertical efetiva atuante
θw = umidade volumétrica %
φ = ângulo de atrito
υ = coeficiente de Poisson
γ = peso específico
a = parâmetro de compressibilidade que varia com a espessura do aterro e com o
tempo de construção
AMC = Aterro Metropolitano Centro
b = parâmetro de compressibilidade que varia com a espe ssura do aterro e com o
tempo de construção
c = coesão
Cα = índice de compressão secundária
c* = coesão considerada para ruptura localizada
C’ α = coeficiente de compressão secundária
C’ α1 = coeficiente de compressão secundária do 1º trecho
C’ α2 = coeficiente de compressão secundária do 2º trecho
Cc = índice de compressão primária
Cc = índice de compressão primária

xvii
COD =quantidade de matéria orgânica biodegradável presente nos resíduos por ano
CPTU = piezocone penetration test (ensaio penetrométrico com medida de
poropressão)
D = profundidade da fundação
DQO = demanda química de oxigênio
e = índice de vazios
E = módulo de Young
e0 = índice de vazios inicial
e100 = índice de vazios final dos recalques primários
EV = evapotranspiração
fs = atrito lateral
H = altura inicial do aterro
H0 = espessura da camada inicial dos recalques primários
H100 = espessura da camada final dos recalques primários
k = coeficiente de condutividade hidráulica
Kh = coeficiente de hidrolisação (dia -1 )
kv = módulo de reação vertical
m = compressibilidade de referência
m = taxa de recalque
N = número de golpes para penetrar os 30 últimos cm no ensaio SPT
n = taxa de compressão
Nc = coeficiente de capacidade de carga
Nq = coeficiente de capacidade de carga
Nγ = coeficiente de capacidade de carga
P = precipitação
PLT = plate load test – prova de carga sobre placa
q = pressão aplicada
qc = resistência de ponta

Qrup = carga de ruptura em kN (admitida como 98,1 kN)


R = raio da fundação
Rf = razão de atrito lateral %

RSU = resíduos sólidos urbanos


ru = coeficiente de poropressão

xviii
SPT = Standard penetration test
t = tempo
t = tempo de ínicio da construção à leitura
t1 = tempo inicial do período para obtenção do recalque secundário
t2 = tempo final do período para obtenção do recalque secundário
tc = tempo de construção do aterro
u = poropressão
w = recalque
w = umidade gravimétrica %
φ* = ângulo de atrito considerado para ruptura localizada

xix
1 - INTRODUÇÃO

Têm chamado a atenção de todos o aumento da necessidade de novas áreas para a


deposição dos resíduos sólidos urbanos (RSU). A cidade de Nova York, por exemplo,
transporta seus resí duos a quilômetros de distância, através de barcas, para depositá-los em
locais adequados na Flórida. Como exemplo brasileiro têm-se a região metropolitana de São
Paulo que produz mais de 8.000 toneladas de resíduos urbanos por dia e tem seu principal
aterro, o Aterro Sanitário do Bandeirantes, com esgotamento de capacidade de disposição
previsto para 2003 .

Aliado a este quadro, fica cada vez mais difícil encontrar novas áreas adequadas, próximas
aos centros geradores, devido às regulamentações ambientais restritivas para este tipo de
obras. Além disso há grande resistência por parte da população na aceitação de depósitos de
resíduos próximos às residências, existindo nos Estados Unidos uma expressão bastante
interessante que representa esta recusa: “NIMBY – Not in My Back Yard” que significa “não
no meu quintal”.

Desta forma têm sido comum a tentativa de solucionar esse problema aumentando-se a
capacidade de deposição dos locais já em operação ou reutilizando-se locais antigos
encerrados. Os novos projetos e os projetos de alteamento de aterros sanitários existentes têm
sido desenvolvidos com alturas sem precedentes.

Essa situação tem conduzido diversos geotécnicos a avaliar a estabilidade de taludes dos
maciços dos aterros sanitários e a resistência do RSU. Como resultado têm-se publicações
diversas que apresentam dados muitas vezes contraditórios. Isto acontece devido a
complexidade e heterogeneidade da estrutura do RSU e a dificuldade de se adaptar métodos
convencionais de ensaios, tanto de laboratório como de campo. Assim questões básicas sobre
o valor da resistência, dos parâmetros dos resíduos e sobre a aplicabilidade de certas técnicas
de análises de estabilidade, comuns na geotecnia clássica, ainda permanecem.

É importante frisar que os projetos e cons truções de aterros sanitários no Brasil têm sido
caracterizados pela adoção de critérios e parâmetros internacionais. Isto pode conduzir a
problemas de estabilidade e operação, visto que a composição dos resíduos é diferente em

1
Capítulo 01 - Introdução

cada país. Desta forma, torna-se necessário também a validação destes parâmetros para as
condições locais.

Neste contexto, este trabalho tem como objetivo geral o estudo da resistência dos resíduos
sólidos urbanos, com foco principal nas análises de estabilidades de taludes dos aterros
sanitários. Constituem objetivos específicos desta pesquisa: a) determinação do perfil de
resistência à penetração in situ, com uso de ensaios SPT e CPTU; b) determinação de
poropressões no interior dos maciços de lixo, com uso dos ensaios CPTU; c) determinação da
variação de resistência à penetração in situ ao longo do tempo, com uso de ensaios SPT; d)
caracterização física dos resíduos domiciliares aterrados; e) determinação de parâmetros de
resistência ao cisalhamento, por retro-análises; f) determinação do comportamento tensão
deformação in situ, através de ensaios de prova de carga sobre placa; g) verificação da
aplicação das faixas de parâmetros recomendadas na literatura para os resíduos brasileiros,
por análise dos dados obtidos; h) recomendação de configurações geométricas seguras para
aterros sanitários, principalmente do tipo trincheira / células escavadas.

Buscando atender estes objetivos e obter o conhecimento necessário para o


desenvolvimento das respectivas análises foi realizada uma revisão bibliográfica, sobre os
temas envolvidos, que é apresentada no Capítulo 02. No item 2.2 é apresentada uma
conceituação geral. Os pontos importantes a serem avaliados na seleção de áreas para
implantação de aterros sanitários, são apresentados no item 2.3. No item 2.4 são apresentados
os elementos necessários a um aterro sanitário para um confinamento seguro dos resíduos
domiciliares. As técnicas operacionais de aterros sanitários são apresentadas no item 2.5. No
item 2.6 são discutidas as propriedades biológicas dos RSU. Nos itens 2.7 e 2.8 são
apresentadas as propriedades de maior interesse do ponto de vista geotécnico que são as
propriedades físicas e mecânicas.

No Capítulo 03 apresentam-se os locais de estudo e os métodos e equipamentos utilizados


na realização do trabalho. São discutidos os motivos que levaram a seleção de diferentes áreas
para o desenvolvimento da pesquisa.

No Capítulo 04 são apresentados os diversos resultados e análises a partir da realização


dos ensaios de campo. Apresenta-se os perfis de resistência à penetração obtidos nos
diferentes ensaios e diferentes locais de estudo, bem como a variação dessa resistência ao
longo do tempo. É apresentada também a caracterização física do resíduo aterrado em um dos
aterros estudados. Parâmetros de resistência ao cisalhamento são estimados e as faixas de

2
Capítulo 01 - Introdução

parâmetros propostas na literatura são avaliadas. É proposta também uma geometria, para
aterros de até 30 m de altura, de forma a otimizar a capacidade de deposição.

Finamente no Capítulo 05, as pr incipais conclusões a cerca do trabalho desenvolvido são


apresentadas, bem como algumas sugestões para futuras pesquisas.

3
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 - INTRODUÇÃO

O constante crescimento econômico e demográfico dos grandes centros urbanos tem como
uma de suas conseqüências maior produção de resíduos sólidos. Paralelo a esse crescimento
aumenta também a preocupação da disposição adequada dos mesmos em condições que
minimizem os impactos ao meio ambiente

Os dados de 1990 da situação brasileira de saneamento básico (IPT, 1995) mostram que
76% do lixo urbano gerado são dispostos a céu aberto e apenas 24% recebe disposição com
algum controle. Destes, 13% vão para aterros controlados, 10% para aterros sanitários, 0,9%
para usinas de compostagem e 0,1% para usinas de incineração. Segundo BOSCOV &
ABREU (2001), o estado de São Paulo apresenta melhores estatísticas. São gerados 18.223
ton/dia de resíduos domiciliares em 643 municípios, onde 59,3% do total dos resíduos do
estado são dispostos em condições adequadas, 17,9% em condições controladas e 22,7% em
condições inadequadas. Porém os autores alertam que em relação ao percentual de municípios
apenas 28,4% desses dispõem seus resíduos em condições adequadas, 21,2% em condições
controladas e 50,4% em condições inadequadas.

Como uma das formas adequadas de disposição dos resíduos, o aterro sanitário se
apresenta como solução necessária, mesmos nos países de mais alto nível de gerenciamento
de resíduos. Todo processo tecnológico, quer sejam processos que visam a recuperação da
matéria, como por exemplo, os sistemas de triagem, reciclagem e compostagem, como
aqueles que visam a eliminação da mesma através de processos térmicos (incineração), geram
resíduos. Tal constatação faz com que os aterros sanitários se apresentem como a forma
principal, mais usual e econômica para disposição final dos resíduos no Brasil e em grande
parte do mundo.

Porém, aliado ao aumento da produção de resíduos sólidos urbanos (RSU), ficam cada vez
mais escassos locais adequados próximos aos centros geradores, devido às regulamentações
ambientais restritivas para este tipo de obras. Desta forma, este quadro induz a necessidade da
otimização da capacidade dos locais já em operação.

4
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

A demanda de maiores capacidades tem sido resolvida, na maioria das vezes, com a
construção de aterros mais altos, o que tem levado a projetos com alturas sem precedentes e
ampliações dos aterros existentes. Como exemplo temos o aterro sanitário dos Bandeirantes
(SP) que já supera os 100 metros de altura.

A operação e funcionamento dos aterros sanitários envolvem diversos problemas


geotécnicos que, para serem solucionados, torna-se necessário um melhor entendimento do
comportamento a médio e longo prazo destes maciços, assim como, o desempenho dos
mesmos a distintas técnicas construtivas e operacionais. Atenta-se ainda , a importância nos
dias atuais para a recuperação e reaproveitamento de antigas áreas de disposição, as quais
demandam igualmente o conhecimento das condições geomecânicas do maciço, bem como a
previsão do seu comportamento futuro (MARQUES 2001) .

Desta forma, com o objetivo de se obter conhecimento mínimo para o entendimento das
propriedades mecânicas dos maciços de RSU, diferentes técnicas de disposição e elementos
estruturais, será apresentada a seguir uma revisão de trabalhos anteriores.

Problemas envolvendo operação, funcionamento, estabilidade e deformabilidade dos


aterros sanitários são comuns e podem ser encontradas na literatura.

Esta situação tem levado o engenheiro geotécnico a analisar as condições de operação dos
aterros de RSU se deparando com dois problemas principais: o primeiro, de trabalhar com um
“solo” incomum (altamente heterogêneo e de comportamento mecânico complexo), sem
equipamentos adequados, e o segundo, que o material é degradável, tópico incomum na
geotecnia clássica. A obtenção de parâmetros e leis de comportamento para os resíduos
sólidos urbanos em laboratório, ou mesmo em células experimentais de maior porte, podem
conduzir a resultados insatisfatórios, quer pelas características do material quer pela
impossibilidade da simulação das mesmas condições presentes nos locais de disposição
(fatores ambientais, histórico de carregamento, drenagem de gases e líquidos, etc). A
realização de ensaios in situ e a monitoração de aterros sanitários apresentam-se como formas
para contornar as limitações mencionadas, podendo ser utilizadas para o estudo de certas
características e mecanismos dos resíduos sólidos urbanos.

Como resultado existe uma vasta determinação de parâmetros e comportamentos dos


RSU. O entendimento destes dados é muito complexo devido a heterogeneidade da estrutura e
dificuldade de se adaptar ensaios convencionais. Algumas vezes os dados são contraditórios.

5
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Desta forma algumas dúvidas ainda devem ser respondidas para o desenvolvimento das
análises, projetos e construção de aterros sanitários seguros e de grande capacidade de
disposição, tais como:
§ Parâmetros confiáveis para o RSU.
§ Método de análise de estabilidade adequado para taludes de RSU.
§ Consideração do comportamento do RSU semelhante ao de solos (critérios de
ruptura, modelos de recalque, etc.).

Vale ainda ressaltar que os projetos de construção de aterros sanitários no Brasil têm sido
caracterizados pela adoção de critérios e parâmetros de projetos “importados”, ou seja,
baseados na literatura internacional. Assim torna-se necessário validar estes parâmetros para o
tipo de resíduo local, pois as propriedades mecânicas do mesmo variam com sua composição,
teor de umidade, etc..

2.2 - CONCEITUAÇÃO GERAL

2.2.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

A ABNT (87), na norma NBR - 10.004, define resíduos sólidos como: “resíduos no estado
sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade, de origem: industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviço de varrição, etc. Ficam incluídos os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades
tornam inviáveis o seu lançamento na rede de esgoto ou em corpos d’água, ou exijam para
isso soluções técnicas economicamente inviáveis, face a melhor tecnologia disponível”.

A NBR – 10.004 classifica os tipos de resíduos em:

§ classe I: abrange os resíduos perigosos, ou seja, aqueles que apresentam


periculosidade por inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou
patogenicidade;

§ classe II: abrange os resíduos não inertes, ou seja, todos aqueles não incluídos nas
classes I e III, podendo apresentar propriedades como combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade em água;

§ classe III: abrange os resíduos inertes e não perigosos (rochas, tijolos, vidros, etc).

6
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

BOSCOV & ABREU (2001) definem resíduos sólidos urbanos como os resíduos gerados
por um aglomerado urbano, exceto os resíduos industriais perigosos, hospitalares sépticos e
de aeroportos e portos, ou ainda, como os resíduos gerados nas residências, no comércio ou
em outras atividades desenvolvidas nas cidades, excetuado os de indústria e de serviços de
saúde.

2.2.2 - MÉTODOS DE TRATAMENTO

Os métodos mais comumente adotados no presente são : aterros sanitários, compostagem -


reciclagem e incineração (LIMA, 1988).

a) Aterros Sanitários

Os aterros sanitários podem ser definidos como estruturas de engenharia de disposição de


resíduos, fundamentada em critérios e normas operacionais específicas, que permite o
confinamento seguro em termos de controle de poluição ambiental e proteção à saúde
pública.

b) Compostagem – reciclagem

A reciclagem é definida como ato ou ação de recuperar os resíduos e transformá -los por
meio de processos físicos como peneiramento, lavagem, prensagem, enfardamento, etc.,
em produtos capazes de serem reutilizados. Têm como objetivo, além da recuperação, o
preparo da fração orgânica, favorecendo a ação biológica.

A compostagem é definida como o ato ou ação de transformar os resíduos orgânicos,


através de processos físicos, químicos e biológicos, em uma matéria biogênica mais
estável e resistente à ação das espécies consumidoras. O tratamento biológico consiste na
fermentação ou digestão dos resíduos pela ação de microorganismos presentes ou
inoculados por uma adição, resultando num produto denominado composto.

c) Incineração

A incine ração é definida como um processo de redução de peso e volume do lixo através
de combustão controlada.

2.2.3 - CARACTERIZAÇÃO DA DISPOSIÇÃO

A disposição dos RSU sobre o terreno é o destino mais usual em todo o mundo e algumas
características dos locais de deposição podem ser classificadas:

7
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

a) Lixões ou Vazadouros

Os lixões ou vazadouros são caracterizados pela ausência de controle sobre tipo, volume e
periculosidade dos resíduos depositados. O resíduo permanece a céu aberto sem nenhum
tipo de proteção. Não é realizado nenhum tipo de compactação com o objetivo de
minimizar o volume, sendo os resíduos despejados sobre o solo natural. Não há também
nenhum controle de entrada de pessoas ou animais.

b) Aterros Controlados

A diferença deste tipo de aterramento para o anterior consiste basicamente na existência


de um controle mínimo como: o da entrada dos resíduos, de pessoas e animais, na
compactação dos resíduos e existência de uma cobertura de solo para o controle e
minimização da proliferação de vetores. Não estão presentes todos os elementos de
engenharia que permitam o confinamento seguro dos resíduos, especialmente os
relacionados com sistemas de impermeabilização e destinação do chorume.

c) Aterros Sanitários

Compreende todo um conjunto de componentes e técnicas operacionais tais como: divisão


em células, compactação dos resíduos, cobertura, sistema de impermeabilização, sistemas
de drenagem de líquidos e gases, tratamento do chorume, monitoramento geotécnico e
ambiental, etc..

Pode-se diferenciar os aterros sanitários quanto ao tipo e quanto ao método executivo


(ENGECORPS, 1996; TCHOBANOGLOUS, 1993).
I. Quanto ao tipo de aterro
Aterros de Resíduos Sólidos Urbanos, Aterros de Resíduos Triturados e Aterros Sanitários
de Resíduos Especiais.
II. Quanto ao método de aterramento
§ Aterros em Trincheiras ou Células Escavadas
Pode-se optar por escavações de trincheiras ou células para a disposição dos resíduos. Este
método é utilizado quando não se deseja alterar a topografia original do terreno. Tem
como fator limitante a posição do lençol fr eático e locais de terreno rochosos.
§ Aterros de Superfície
São usados em regiões de topografia plana, impróprios para a execução de células. Os
desníveis para implantação dos resíduos são criados a partir de diques de terra.
§ Aterros em Depressão

8
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

São implantados em “canyons”, ravinas, áreas de empréstimos e pedreiras, principalmente


quando esses locais tem baixo valor comercial. Tem como uma de suas vantagens a
recuperação das áreas, pós fechamento do aterro, em áreas de bosques, parques, etc..

Figura 2.1 - Métodos de aterros sanitários. (TCHOBANOGLOUS et al. 1993)

2.3 - SELEÇÃO DE ÁREAS

Antigamente, por facilidade de deposição, era comum a escolha de talvegues naturais,


onde o lixo era lançado do topo sem nenhum critério técnico ou ambiental. Como os terrenos

9
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

brejosos não são propícios a áreas residenciais, eram utilizados também como área de
deposição de resíduos. Por estes motivos a maioria dos antigos lixões encontra-se em uma das
duas situações.

A escolha de novas áreas não envolve apenas condicionantes ambientais, mas também
aspectos legais, econômicos, técnicos e sociais. Conforme a NBR 13896, os aspectos a serem
verificados são a minimização do impacto ambiental, maximização da aceitação da
população, estar de acordo com o zoneamento da região e a utilização por longo período com
necessidade mínima de obras para início de operação.

Os principais condicionantes intervenientes na seleção da área para a disposição a longo


prazo de resíduos são :

§ Distância de tra nsporte dos pontos geradores do resíduo ao aterro;


§ Restrições locais;
§ Capacidade da área;
§ Condições de acesso e trafegabilidade;
§ Condições topográficas;
§ Disponibilidade de solos de recobrimento e proteção;
§ Condições climatológicas
§ Condições geológicas-geotécnicas e hidrogeológicas;
§ Dados de infra-estrutura;
§ Aproveitamento final da área;

Com relação às interferências locais, algumas considerações são apresentadas. As tabelas


2.1 e 2.2 apresentam as restrições e considerações segundo o IPT e a EPA-USA (United
States Environmental Protection Agency).

São informações relevantes do meio físico : a geologia, geomorfologia, geotecnia,


hidrogeologia e condições climáticas como tipo de solos e rochas, estruturas geológicas,
posição do lençol freático, precipitação pluviométrica, evaporação, direção predominante dos
ventos dentre outros.

A norma NBR 13896/97, Aterros de Resíduos Não Perigosos – Critérios para Projeto,
Implantação e Operação, recomenda locais com declividade superior a 1% e inferior a 30%. e
considera desejável a existência de um depósito extenso e homogêneo de materiais com
coeficiente de condutividade hidráulica inferior a 10-6cm/s e uma zona não saturada com
espessura superior a 3m, sendo recomendado coeficiente de condutividade hidráulica menor

10
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

que 5x10-5cm/s e espessura maior do que 1,5m de solo . Valores de coeficiente de


condutividade hidráulica maiores podem ser admitidos a critério do órgão de controle
ambiental mas não excedendo 10-4cm/s.

Tabela 2.1 - Restrições para locação de aterros sanitários (EPA apud ENGECORPS,
1996).
I NTERFERÊNCIA RESTRIÇÃO
3km de aeroportos com pouso e decolagem de
Aeroportos aeronaves de grande porte
1,5km de aeroportos com pouso e decolagens de
aeronaves de médio porte
Planícies Inundáveis Período de retorno superior a 100 anos
Evitado. Poderá ser utilizado em casos
Terrenos Brejosos particulares que estudo s de impacto ambiental
demonstrem a viabilidade
Os aterros e sistemas de infra-estrutura deverão
Áreas Sísmicas ser dimensionados para resistir a acelerações
horizontais máximas
Os aterros e sistemas de infra-estrutura deverão
ser projetados de maneira a assegurar a
Áreas de risco, em termos de estabilidade
estabilidade e integridade geral dos seus
componentes
Tabela 2.2 - Critérios para avaliação das áreas para instalação de aterro sanitário, (IPT,
1995).
Classificação das Áreas
Itens Analisados Recomendada com
Recomendada Não Recomendado
Restrições
Vida Útil > 10 anos 10 anos, a critério do órgão ambiental
Distância do centro
< 10km entre 10 e 20km > 20km
gerador
Densidade Populacional baixa média alta
unidades de conservação
Zoneamento Ambiental áreas sem restrição de zoneamento ambiental ambiental e correlatas
vetor de crescimento vetor de crescimento vetor de crescimento
Zoneamento Urbano
mínimo intermediário máximo
Uso e ocupação das
áreas devolutas ou pouco utilizadas ocupação intensa
terras
Valor da terra baixo médio alto
Aceitação popular e de
boa razoável inaceitável
suas entidades
Distância aos cursos < 200 m com aprovação do órgão de controle
> 200m
d’água ambiental responsável
Declividade de 1 a 20% menor que 1 e maior que 20%
Profundidade do nível
3m 1,5 a 3m < 1,5m
d’água
10-7cm/s (classe I) 5x10-5cm/s (classe I)
Condutividade hidráulica >5x10 -5cm/s
10-6cm/s (classe II) 5x10-5cm/s (classe II)
do subsolo (medidas de contenção)
(desejável) (mínimo)

11
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Segundo TRESSOLDI & CONSONI (1998), quanto menor a condutividade hidráulica e


maior a espessura da zona não saturada (menor a flutuação do nível d’água) maiores serão a
distância percorrida, o tempo transcorrido e a sorção obtida até o contaminante atingir as
águas subterrâneas, o que possibilita a retenção dos contaminantes próximo às fontes. Esses
autores apresentam como os principais condicionantes para seleção de áreas os relacionados a
seguir.

Condicionantes Geológicos:
§ Zonas de alto risco sísmico;
§ Zonas de falhamento regionais;
§ Zonas cársticas e de subsidência;
§ Estratigrafia, tipos litológicos, heterogeneidades e anisotropias dos maciços rochosos;
§ Estruturas geológicas, como planos de acamamento, fraturas, dobras e falhas;
§ Características do manto de alteração e dos solos superficiais, como capacidade de
troca catiônica, conteúdo de matéria orgânica, composição geoquímica,
(principalmente a presença de óxidos-hidróxidos, fosfatos e carbonatos), espessura,
granulometria e estrutura.

Condicionantes Hidrogeológicos:
§ Presença de aqüíferos regionais;
§ Zonas de recarga de aqüíferos regionais;
§ Cargas e gradientes hidráulicos, condutividade hidráulicas e transmissividades,
porosidades totais e efetivas, armazenamentos específicos e coeficientes de
armazenamento, velocidades e direções de fluxo regional e local da águas
subterrâneas, coeficientes de dispersão e retardamento;
§ A posição do nível d’água e suas variações em relação à base de disposição;
§ Qualidade e utilização das águas subterrâneas;
§ Proximidade, qualidade e utilização das águas superficiais

Condicionantes Geotécnicos:
§ Características granulométricas, porosidade, densidade e umidade;
§ Características de resistência, colapsibilidade e deformabilidade;
§ Localização e características de áreas de empréstimo.

Condicionantes Geomorfológicos:
§ Áreas sujeitas à inundação;
§ Áreas com declividades elevadas;

12
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

§ Áreas suscetíveis a escorregamentos, erosões e subsidências.

2.4 - ELEMENTOS BÁSICOS DE UM ATERRO SANITÁRIO

2.4.1 - TRATAMENTO DA FUNDAÇÃO

Quando a água contida nos resíduos proveniente da decomposição ou procedente de


precipitações percola através da massa de lixo produz um efluente denominado chorume que
constitui- se de um contaminante potencial para os solos e as águas subterrâneas e superficiais.

Desta forma o tratamento de fundação de um aterro sanitário deve assegurar um controle


mínimo, envolvendo a impermeabilização do terreno de fundação, conformação da superfície
em plataformas inclinadas para drenagem do chorume, captação e drenagem de nascentes e
cursos d’água.

Este tratamento depende das condições geológicas - geotécnicas e hidrogeológicas da área


de implantação do aterro e suas adjacências.

A CETESB (1993) (apud CARVALHO, 1999), levando em consideração as


particularidades do local previsto para implantação de aterro sanitário, apresenta algumas
recomendações do tipo de tratamento da fundação. As condições hidroló gicas são
determinadas pela diferença entre a evaporação e a precipitação (Figs.2.2 e 2.3).

Para solos do terreno de fundação que apresentem coeficientes de condutividade


hidráulica inferiores a 10-6cm/s e profundidade do lençol freático maiores que 3,0m, não há
necessidade de impermeabilização do terreno natural de fundação. Por outro lado, para
subsolos mais permeáveis, com coeficientes menores que 10-4cm/s, e profundidades do lençol
freático menores ou igual a 1,5m, há necessidade de impermeabilização.

Basicamente existem dois tipos de impermeabilização. O primeiro se constitui de solos


compactados de baixa permeabilidade (k ≈ 10 -7cm/s) também conhecidos como barreiras
minerais ou liners argilosos. O outro se baseia na utilização de geossintéticos (geomembranas,
GCL, etc.). Alguns autores e projetistas consideram os dois materiais como complementares,
existindo desta forma um grande número de combinações de impermeabilizações.

13
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

(a) Condições climáticas favoráveis

(b) Condições climáticas desfavoráveis – impermeabilização da cobertura final


Figura 2.2 – Considerações para aterros de RSU em condições hidrológicas favoráveis .
Critérios para a não impermeabilização do terreno de fundação, (CETESB, 1993).

Nos liners argilosos, além da dificuldade de se obter condições semelhantes em campo das
estudadas em laboratório, verifica-se como ponto desfavorável a possibilidade do
aparecimento de trincas, devido a contrações, que diminuem sua eficiência. Esse problema é
agravado ainda mais quando existe uma quebra da capilaridade por uma camada drenante
natural abaixo do liner ou por uma camada drenante de detecção de chorume. Essa quebra de
capilaridade impede que o liner argiloso reponha por capilaridade as perdas por evaporação.
Como ponto favorável desse sistema a argila pode atenuar alguns contaminantes por
processos de sorção e precipitação.

Já os liners sintéticos tem como ponto desfavorável a possibilidade de furos e rasgos


durante a instalação que da mesma forma diminuem sua eficiência, além de estarem sujeitos a
ataques químicos. Daí a idéia de combinar os revestimentos.

14
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

(a) Condições climáticas favoráveis

(b) Condições climáticas desfavoráveis.


Figura 2.3 – Cons iderações para aterros de RSU em condições hidrológicas
desfavoráveis. Critérios para a impermeabilização do terreno de fundação (CETESB,
1993).

Como o critério de compactação dos liners argilosos é a obtenção de baixas


permeabilidades, diferente das demais obras nas quais o critério normalmente é a resistência,
devem ser executados dentro do ramo úmido da curva de compactação. O EPA (1994)
recomenda um teor de umidade de compactação de 2 a 6% acima da umidade ótima conforme
apresentado na Figura 2.4. Umidades acima da ótima também contribuem para a quebra de
torrões de argila que tendem a aumentar a permeabilidade.

Os tipos e combinações do sistema de impermeabilização e drenagem dos percolados


variam também em função da regulamentação existente nos diversos países conforme
apresentado na Figura 2.5 .( KNOCHENMUS et al, 1998).

15
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.4 - Critério de aceitação de compactação de liners argilosos. (USEPA, 1994)

Figura 2.5 – Sistemas de impermeabilização requeridas para aterros sanitários em


diversos países.( KNOCHENMUS et al, 1998)

16
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

A drenagem de nascentes é realizada através da instalação de drenos, como apresentado


na Figura 2.6, conduzindo as águas para fora da região do aterro.

Figura 2.6 –Detalhes típicos de drenagem de nascentes utilizados no aterro sanitário


Bandeirantes. (ENGECORPS, 1996)

2.4.2 - DRENAGEM LÍQUIDOS PERCOLADOS E GASES

Um sistema de drenagem deve ser projetado e executado para a coleta e remoção do


chorume gerado no interior do maciço, conduzindo-o para fora das células para os devidos
tratamentos. Este sistema deve assegurar que no máximo uma lâmina de 30 cm de chorume
permaneça sobre o sistema de impermeabilização, minimizando desta forma as possibilidades
de contaminação das águas subterrâneas (EPA, 1994).

O sistema de drenagem de percolados deve ser constituído de:

§ Coletor de área – Dreno que cobre totalmente a área do liner (camada drenante).

17
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

§ Coletores laterais – Rede de drenos que captam o percolado da camada drenante e


o conduzem para fora do aterro. Pode ser dividido em drenos secundários e
principais.

Os coletores laterais (drenos de fundação) devem ser executados nas bases de diversos
planos inclinados de modo a formar divisores de água conforme apresentado a Figura 2.7.

Figura 2.7 - Sistema de drenagem de fundação. (TCHOBANOUGLOS et al., 1993)

Camada drenante
Tubo de concreto perfurado
(CA-3) Ø 200 a 600mm Rachão

0.60

0.60

Solo argiloso compactado


Brita Geomembrana
HDPE e=2mm
Recobrimento de proteção

Figura 2.8 - Drenos de fundação e drenos horizontais (modificado ENGECORPS, 1996).

A biodegradação dos resíduos nos aterros sanitários resulta na geração de gases que são
constituídos principalmente pelo metano (CH4) e gás carbônico (CO 2). Esses gases são
gerados em grandes volumes, podendo concentrar-se em bolsões e sair de forma
descontrolada do aterro.

18
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Dessa forma deve existir no aterro dispositivos apropriados para conduzir os gases,
principalmente o metano pois este pode provocar explosões.

O método mais comum de controle de movimentação dos gases é pelo alívio da pressão
interna do aterro com a instalação de drenos verticais que vão desde o fundo do aterro até a
camada de cobertura superficial. Esses drenos são executados concomitantemente com o
aterro ou são instalados após a conclusão de algumas células. Auxiliam também na drenagem
vertical do chorume sendo muitas vezes interligados a drenos horizontais implantados junto
ao topo da camada de solo da célula subjacente.

Os drenos deverão ser espaçados de forma que suas zonas de influência se sobreponham
como demonstra a Figura 2.9. Em geral os drenos de gases são instalados com espaçamentos
horizontais entre 30 e 50m.

Figura 2.9 - Sobreposição das zonas de influência dos drenos de gás

Devido a alta compressibilidade dos aterros sanitários algumas soluções são adotadas
buscando garantir a integridade e continuidade destes elementos. No estado de São Paulo é
consagrada a adoção dos drenos verticais em concreto conforme as duas soluções
apresentadas na Figura 2.10. Também são utilizados tubos de PVC e/ou polietileno de alta
densidade (PEAD).

Em muitos locais, na extremidade superior dos drenos, são instalados queimadores


metálicos, denominados flares.

Um aspecto importante que vem sendo discutido é a possibilidade de obstrução parcial ou


total dos drenos pela formação de um filme biológico que pode aderir à superfície, obstruindo
os poros.

19
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

A maior preocupação com os elementos de drenagem é que estes devem manter sua
funcionalidade ao longo da vida do aterro.

Figura 2.10 - Drenos Verticais de concreto (ENGECORPS, 1996)

2.4.3 - DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS E PROTEÇÃO SUPERFICIAL

Durante todas as fases do aterro é necessária a instalação de um sistema de drenagem


superficial para captação das águas pluviais, de modo a evitar ao máximo que atinjam os
resíduos, aumentando assim o volume de líquidos percolados e evitando também erosões e
carreamento de poluentes.

Estes sistemas devem ser constituídos por canaletas de berma, descidas d’águas nos
taludes, caixas de passagem, bacias de dissipação, escadas hidráulicas, etc.

Atenção especial deve ser dada aos elementos que estarão instalados no corpo do aterro,
pois estarão sujeitos a recalques significativos. Assim as canaletas de berma devem ser
implantadas com declividades adequadas e as descidas d’água nos taludes devem ser
instaladas nas linhas de maior recalque (ENGECORPS, 1996).

Independente dos tipos empregados, constantemente, há a necessidade de manutenção


nesses elementos, quer seja para limpeza de materiais carreados quer seja para corrigir
declividades e danos.

20
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

A proteção final dos taludes é em geral feita com grama. O método mais efic iente de
plantio é com gramas em placa, porém é um dos mais dispendiosos. Alternativamente, têm
sido empregadas a semeadura direta ou hidrosemeadura.

Figura 2.11 - Elementos de drenagem superficial (apud CARVALHO, 1999).

2.4.4 - VIAS INTERNAS DE ACESSO ÀS CÉLULAS

Durante a fase de operação do aterro sanitário, as vias internas de acesso às células se


constituem em um grande problema operacional, principalmente durante períodos chuvosos.

Durante a operação, as cama das de solos de cobertura são pouco espessas o que, aliado às
grandes deformações devido a alta compressibilidade do RSU, ao tráfego de máquinas
pesadas e às chuvas intensas, resulta em constantes atolamentos. Esse problema é agravado
ainda mais na frente de serviço onde há a necessidade de manobra das carretas e caminhões
compactadores para a descarga do resíduo.

Uma das formas de melhoria destes acessos é a inclusão de reforços geossintéticos e/ou o
aumento da espessura do solo de cobertura.

21
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

2.4.5 - COBERTURA DOS RESÍDUOS

Durante a operação do aterro os resíduos recebem, em princípio, dois tipos de


recobrimento.

O primeiro, denominado recobrimento diário tem como objetivo evitar o arraste de


detritos pelo vento e o aparecimento de vetores.

A questão da necessidade de implantação dos recobrimentos diários é freqüentemente


debatida. É muito questionado o volume perdido do aterro por ocupação das camadas de solo
argiloso (cobertura diária), representando cerca de 10 a 20% do volume total e constituindo-se
em um custo significativo para sua implantação, chegando a 30% do custo global do aterro
(ENGECORPS, 1996).

Outro ponto importante é que estas camadas podem diminuir substancialmente a


permeabilidade vertical do aterro, resultando em lençóis suspensos de chorume e bolhas de
gás.

Diversos materiais podem ser empregados para a cobertura diária como solos, materiais
inertes, geossintéticos, etc. A escolha da melhor solução deve ser baseada em estudos técnicos
e econômicos. De forma geral a solução mais adotada é a de solo.

O segundo tipo de recobrimento é o final podendo-se destacar como funções, além das
citadas para o recobrimento diário, a minimização da infiltração de águas, provenientes de
precipitações, impedir o escape de gases, propiciar a plantação de vegetação.

Para atender estes objetivos a camada de recobrimento deve apresentar características


como: resistir às condições climáticas, ser resistente a erosões, aceitar recalques acentuados,
suportar sobrecargas e ser resistente a ataques químicos (ENGECORPS, 1996).

Nos aterros modernos a cobertura final é constituída por diversas camadas (Figura 2.12).
A camada superficial é tipicamente composta por solo vegetal, não compactado com
espessura variando de 15 a 60 cm. Em seguida, uma camada de solo compactado para
proteção, uma camada para drenagem de águas pluviais, podendo ser de material granular ou
geossintéicos, uma camada impermeabilizante (barreira hidráulica), podendo ser um liner
argiloso e/ou geossintético, uma camada para a coleta de gás semelhante a camada drenante e
uma camada de regularização.

22
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

CAMADASUPERFICIAL Solo de
cobertura
CAMADA DE PROTEÇÃO

CAMADADRENANTE

BARREIRA HIDRÁULICA

CAMADA DE COLETA DE GÁS

SOLO DE REGULARIZAÇÃO

Figura 2.12 - Camadas do recobrimento final de um aterro sanitário (apud


CARVALHO, 1999).

2.4.6 - INSTRUMENTAÇÃO

O monitoramento geotécnico tem como objetivo o acompanhamento da evolução dos


aterros, visando a obtenção de subsídios para a realização de alterações de projeto ou da
seqüência executiva de forma a garantir sua estabilidade e eficiência.

No caso dos aterros sanitários a instrumentação se apresenta como uma das melhores
formas de se conhecer o comportamento e funcionamento de maciços de resíduos sólidos
urbanos, frente a grande heterogeneidade, tamanho das partículas e condições específicas de
campo.

De forma geral, o monitoramento dos aterros sanitários se restringe a observações


topográficas dos recalques e a monitoramentos ambientais. Porém, frente as grandes
dimensões dos atuais aterros, tornou-se necessário o conhecimento de outros valores tais
como medidas das pressões internas do aterro, deslocamentos horizontais e verticais, nível
d’água, pressões de gás, movimento do solo de fundação, temperatura, etc.

De forma geral os instrumentos utilizados são:


§ Marcos superficiais – medição de deslocamentos verticais e horizontais por
controle topográfico.
§ Medidores de recalque por placa – permitem avaliar os recalque a diversas
profundidades.
§ Piezômetros – permitem avaliar as pressões internas do maciço devido a presença
de gases e chorume.
§ Termopares – permitem medir a temperatura a diversas profundidades.

23
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Equipamentos como inclinômetros também tem sido utilizados para monitorar


movimentos laterais dos aterros sanitários.

Os piezômetros do tipo Casagrande, em geral, apresentam problemas de operação, devido


à presença de gás, que gera borbulhamento e/ou elevação do volume de líquidos percolados,
falseando as medidas de pressão líquida (CARVALHO, 1999). Diante disso, os piezômetros
são substituídos por piezômetros do tipo Vector, os quais permitem medir separadamente as
pressões de gás e líquido devido a um processo de sifão.

Outro ponto importante na instrumentação diz respeito a periodicidade das leituras e sua
correlação com a estabilidade e segurança do aterro.

As leituras devem ser feitas, em situações normais de operação, em períodos de 15 a 30


dias.

A Figura 2.13 apresenta um esquema das instrumentações usuais em aterro sanitários.

24
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.13 - Instrumentação (ENGECORPS, 1996).

25
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

2.5 - TÉCNICAS OPERACIONAIS DE ATERROS

A operação de um aterro sanitário consiste, basicamente, na compactação dos resíduos em


células com altura variando de 2 a 4m e inclinação do talude máxima de 1V:2H. Após a
compactação destas células deverá ser feita a cobertura diária dos resíduos. Conforme exposto
anteriormente, esta cobertura é bastante discutida.

A compactação dinâmica do RSU, além de reduzir volume, melhora as características


mecânicas dessas estruturas, principalmente na redução dos recalques.

Para aumentar ainda mais a vida útil dos aterros alguns processos são utilizados, tais
como, a trituração e o enfardamento. A trituração, como o próprio nome diz, consiste na
redução das dimensões dos resíduos, sendo necessária sua compactação posterior no aterro
sanitário. O enfardamento caracteriza-se pela compactação prévia, gerando fardos auto-
sustentáveis e amarrados, os quais são transportados e dispostos também no aterro sanitário.

Em técnicas operacionais comumente utilizadas, os resíduos são espalhados e


compactados pelo talude de baixo para cima, com 3 a 5 passadas do trator de esteira, de modo
a se obter um peso específico, quando bem compactado, próximo de 10kN/m3.

MARQUES (2001) avaliando diversas variáveis (teor de umidade, tipo de equipamento de


compactação, número de passadas, espessura das camadas e inclinação do plano de
compactação) concluiu que a variável que tem maior efeito sobre o peso específico seco do
RSU é o teor de umidade conforme apresentado na Figura 2.14. Como pode notar -se, ao
contrário de solos, os valores obtidos para a relação entre o peso específico seco e o teor de
umidade dos resíduos sólidos submetidos à compactação, não se ajustam segundo curvas
convexas com um peso específico seco máximo e correspondente teor de umidade ótimo.
Segundo o autor isso pode estar associado, em uma primeira avaliação, ao não
desenvolvimento do efeito de capilaridade e de pressões neutras negativas, assim como a
inexistência do efeito de lubrificação das partículas sólidas.

Em se tratando do efeito da compactação no peso específico em profundidade, analisando


as mesmas variáveis, o autor che gou as seguintes conclusões:
§ Com menores espessuras de camadas de compactação observa-se um aumento do
peso específico em profundidade, principalmente para o equipamento tipo
compactador 816F, provavelmente pela existência das patas no rolo as quais
auxiliam na trituração e compactação.

26
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

§ Com maiores números de passadas verificou-se o mesmo comportamento descrito


anteriormente.

Figura 2.14 - Influência do teor de umidade no peso específico seco do RSU.


(MARQUES, 2001)

Figura 2.15 - Influência da espessura da camada no peso específico em profundidade


(MARQUES, 2001).

Figura 2.16 - Influência do número de passadas do equipamento no peso específico em


profundidade (MARQUES, 2001).

27
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Outro trabalho onde foi apresentado a influência do número de passadas e espessura das
camadas foi o trabalho de Schomaker (1972) (citado por MARQUES, 2001). O trabalho
entretanto não menciona maiores detalhes relacionados à obtenção das curvas, dificultando
sua utilização prática.

Peso Específico (kN/m³)


10 10
Peso Específico (kN/m³)

8 8

6 6

4 4

2 2

0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Número de Passadas Espessura de camadas (m)

Figura 2.17 - Relação entre o peso específico dos resíd uos e o número de passadas do
equipamento e espessura das camadas (Schomaker, 1972 citado por MARQUES, 2001).

No estudo realizado por MARQUES (2001) a avaliação da inclinação do plano de


compactação só pode ser feita utilizando-se o trator de esteira. Como resultado, maiores pesos
específicos foram obtidos para planos inclinados, principalmente para espessuras de camadas
de 70cm. Isto pode ser justificado pelas menores áreas de contato e pela translação do centro
de massa do equipamento nesta situação, resultando na transferência de maiores tensões aos
resíduos. Tal procedimento construtivo, no entanto, apresentou praticamente o mesmo efeito
na densificação dos resíduos quando comparado com o advindo da alteração da espessura das
camadas e/ou do número de passadas do equipamento.

2.6 - PROPRIEDADES BIOLÓGICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Do ponto de vista geotécnico a importância da biodegradação está principalmente na


alteração do comportamento dos maciços de resíduos. Como exemplo temos a diminuição da
compressibilidade e da permeabilidade do RSU ao longo do tempo como resultado da
contínua perda de massa e aumento da densidade.

2.6.1 - BIODEGRADAÇÃO E GERAÇÃO DE GASES

Os principais fatores que influenciam nos processos de biodegradação são: granulometria,


composição e idade do resíduo; umidade do resíduo; temperatura no aterro; aspectos

28
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

quantitativos e qualitativos de nutrientes; pH dos líquidos presentes no aterro e densidade e


grau de compactação dos resíduos.

Os aterros sanitários podem ser entendidos como verdadeir os e heterogêneos reatores


biológicos, tendo como principais componentes de entrada e alimentação, os resíduos sólidos
e a água, e como principais elementos de saída, os líquidos percolados e o biogás. A
decomposição dos resíduos sólidos urbanos em um ater ro sanitário dá-se tanto por processos
aeróbios quanto por processos anaeróbios de digestão da matéria orgânica, sendo a diferença
básica entre os processos, a presença ou ausência de oxigênio (MARQUES, 2001).

Geralmente os estudos de biodegradabilidade dos RSU, até hoje, tiveram como enfoque
principal a geração de gases pela possibilidade do seu aproveitamento como fonte de energia.
Assim, algumas formulações matemáticas para a representação da geração dos gases em
aterros sanitários foram desenvolvidas.

Segundo Bidone & Povinelli (1999) (citado por CARVALHO, 1999) o processo de
biodegradação e geração dos gases é assumida hoje como um processo de cinco fases. São
elas:

Fase I – Ajuste Inicial ou Fase Aeróbia: Nesta fase, ocorre a decomposição aeróbia da
matéria orgânica, devido a existência do oxigênio no resíduo recém depositado. Pode -se
verificar a produção de CO2 e o consumo de N2 e O2 , sem nenhuma geração de gás metano.
Ocorre cerca de 5 a 10% de degradação da matéria sólida passível de transformação em gases.

Fase II – Fase de Transição: Com a extinção do oxigênio passa-se para a decomposição


anaeróbia. O material orgânico complexo é decomposto e transformado em ácidos orgânicos,
dando-se início a próxima fase. Nota-se aumento na produção de CO2. As condições
anaeróbias podem ser monitoradas pelo potencial redox.

Fase III – Fase Ácida ou Anaeróbia Ácida: Nota-se a continuidade da formação de


ácidos orgânicos iniciada na fase anterior. Verifica-se a formação de ácidos como o acético,
fúlvico, etc. Os microorganismos envolvidos são tipicamente não-metanogênicos e são
chamados de acidogênicos. Nesta fase, cerca de 15 a 20% da matéria sólida com potencial de
conversão em gás está decomposta. Os líquidos percolados nesta fase apresentam pH não
superior a 5 e são característicos elevados valores de DBO e DQO. Nota-se aumento
considerável na produção de CO2 e pequena quantidade de H2.

Fase IV – Fase Metanogênica (Acelerada): A produção de ácidos e metano ocorre


simultaneamente sendo a taxa de produção de ácidos reduzida. A conversão dos ácidos e do

29
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

H2 em CH4 e CO2 irá aumentar o pH atingindo uma faixa entre 6.8 e 8, enquanto que as
concentrações de DBO e DQO sofrerão reduções significativas. Nestas condições (valores
neutros de pH) observar-se-á, ainda, a redução da solubilidade de compostos inorgânicos,
implicando uma menor quantidade de metais pesados contidos nos líquidos percolados. Uma
parcela adicional da matéria sólida é degradada e convertida nesta fase.

Fase V – Fase de Maturação Final ou Metanogênica Desacelerada: Esta fase ocorrerá


depois que toda a matéria orgânica disponível for convertida em CH4 e CO2. A taxa de
produção de gases diminui substancialmente, visto que a maioria dos nutrientes já foi
removida pelos líquidos percolados nas fases anteriores e os remanescentes apresentam lento
processo de biodegradação. Os principais gases formados são o CH4 e o CO2 , sendo que
pequenas quantidades de N2 e O2 também são formadas. A decomposição da matéria sólida
atinge valores entre 50 e 70%, dependendo da produção de metano e das práticas operacionais
empregadas.

A duração de cada fase depende de características como: distribuição dos compostos


orgânicos, disponibilidade de nutrientes, umidade do RSU, grau de compactação, etc . Por
exemplo maiores densidades e/ou menores umidades implicam em menores produções de
gases.

O biogás tem como características a temperatura entre 38 e 49ºC, umidade saturada


(100%) e poder calorífico superior de 3500 a 4900 Kcal/m3. Sua composição pode ser dada
como apresenta a tabela 2.3.

Tabela 2.3 - Constituição típica de Biogás formado em aterros sanitários.


COMPOSIÇÃO % (B ASE SECA – VOLUME)
Metano (CH4) 45 - 60
Gás Carbônico (CO2) 40 – 60
Nitrogênio (N2) 2- 5
Oxigênio (O2) 0,1 – 1
Sulfatos dissulfetos, mercaptanas, etc. 0 – 1,0
Amônia (NH3 ) 0,1 – 1,0
Hidrogênio (H2) 0 – 0,2
Monóxido de Carbono (CO) 0 – 0,2
Gases Secundários 0,01 – 0,6

30
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.18 - Fases de estabilização de um aterro (ENGECORPS, 1996).

2.7 - PROPRIEDADES FÍSICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Serão abordados, neste item, o teor de umidade, peso específico, composição e conteúdo
orgânico, tamanho de partícula e classificação.

2.7.1 - COMPOSIÇÃO

O conhecimento da composição física dos resíduos é particularmente importante visto que


condiciona o comportamento global do aterro.

Os resíduos sólidos urbanos são admitidos como multifásicos constituído pelas fases
sólida, líquida e gasosa assim como os solos. Existe uma variação do percentual das fases
com o tempo, como dito anteriormente, devido a processos de biodegradação que estão
relacionados com teor de umidade, conteúdo orgânico do RSU e condições climáticas. A fase
sólida é composta de diversos materiais, os quais formam um arranjo poroso, com vazios
interpartículas e intrapartículas, que pode ou não estar preenchido por líquido percolado e/ou
biogás e ainda pode estar em processo de decomposição. Dessa forma, verifica-se que o ponto
básico para a compreensão do comportamento dos maciços de RSU é o conhecimento das
interações existentes entre as três fases e as alterações destas com o tempo (CARVALHO,
1999).

31
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Segundo GRISOLIA & NAPOLEONI (1996) existem algumas diferenças entre solos e
RSU como por exemplo, a fase sólida dos RSU, que pode ser dividida em três categorias:
materiais inertes estáveis, materiais altamente deformáveis e materiais orgânicos
biodegradáveis. A primeira categoria (vidros, cerâmicas, solos, entulhos, etc.) apresenta
comportamento semelhante a solos granulares muito heterogêneos, desenvolvendo forças de
atrito entre as partículas. A segunda categoria, englobando materiais como plásticos, papéis,
têxteis e borracha, possuem, além da deformabilidade, comportamento anisotrópico e a
possibilidade de absorver ou incorporar fluidos no interior de sua estrutura. Quando
submetidos a carregamentos, esses materiais sofrem deformações iniciais com mudança de
sua forma original, além da possibilidade de deformações de natureza viscosa. A terceira
categoria passa por transformações físico-químicas a curto prazo que geram líquidos e gases.

A composição física varia de uma região para a outra, estando relacionada com os níveis
de desenvolvimento econômico, tecnológico, sanitário e cultural. Na Figura 2.19 e tabela 2.4
são apresentadas composições de diferentes regiões.

Plásticos Metais Outros


15% 3%
7%

Papel / Matéria
Papelão Orgânica
26% 49%

Figura 2.19 - Composição Gravimétrica do RSU de Brasília (JUNQUEIRA, 2000).

2.7.2 - CLASSIFICAÇÃO

De acordo com KÖNIG & JESSBERGER (1997), citando o GLR – Geotechnics of landfill
Recommendations, os resíduos podem ser classificados como: semelhantes a solos, nos quais
os princípios da mecânica dos solos podem ser aplicados e os não semelhantes, nos quais os
princípios da mecânica dos solos tem aplicação limitada ou nenhuma. Os resíduos sólidos
urbanos se enquadram nesta última categoria.

Os resíduos não semelhantes a solos podem ser descritos pelo teor de umidade, teor de
matéria orgânica, distribuição granulométrica das partículas e identificação das diferentes

32
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

categorias de materiais contidos em uma amostra representativa (KNOCHENMUS et al,


1998).

Tabela 2.4 - Composição (em volume) do resíduo sólido urbano para diferentes cidades
(modificado CARVALHO, 1999).
CIDADE / P AÍS
SÃO
C OMPONENTE BANGKOK PEKIN NEW Y ORK ISTAMBUL ATENAS COCHABAMBA R ECIFE
P AULO /
T AILÂNDIA CHINA USA T URQUIA GRÉCIA BOLÍVIA BRASIL
BRASIL
Metal 1 1 5 2 4 1 2 5
Papel 25 5 22 10 19 2 15 14
Plástico - 1 - 3 7 3 8 14
Borracha, couro e
madeira
7 1 3 6 4 1 - 7
Têxteis 3 - - 3 - - - 3
Mat. org. 44 45 20 61 59 71 60 51
Vidro 1 1 6 1 2 1 2 1
Outros 19 46 46 14 5 21 13 5

Segundo LANDVA & CLARK (1990) análises de diversos resíduos e uma ampla revisão
da literatura conduziram o Bur eau of Solid Waste Management a selecionar as seguintes
categorias como proposta de classificação: (i) resíduos de alimentos, (ii) de poda, (iii)
produtos de papel, (iv) plásticos, borracha e couro, (v) têxteis, (vi) madeira, (vii) produtos
metálicos, (viii) vidros e cerâmicas e (ix) cinzas e pedras. E para ser usada em engenharia,
algumas classes foram propostas: (O) orgânico, (OP) putrescível, (ON) não putrescível, (I)
inorgânicos, (ID) degradáveis e (IN) não degradáveis.

Um procedimento para análises de RSU é proposto por KOCKEL et al (1996) apud


KÖNIG & JESSBERGER (1997). Deve ser realizada uma descrição visual do estado da
aparência da amostra, determinação dos teores de água e de matéria orgânica, determinação
da distribuição granulométrica das partículas menores que 120 mm, identificação e descrição
de cada classe desta fração.

Outra abordagem é a utilização de ensaios CPT para a caracterização do RSU. Os


resultados são plotados na carta de Schmertman, excluindo-se os picos de resistência.
Permitem classificar o RSU dentro de uma variação de areia fofa a argila siltosa e arenosa
como apresentado nas Figura 2.20 e 2.21 (PALMA, 1995; MANASSERO et al, 1996, apud
KNOCHENMUS et al, 1998). A razão de atrito apresentada na carta é definida como a razão
entre o valor do atrito lateral medido no cone e o valor da resistência de ponta.

33
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

GRISOLIA et al (1995) propuseram um sistema de classificação baseado nas classes dos


materiais usando um diagrama triangular.

Figura 2.20 – Classificação do RSU pela carta de Schmertman (PALMA, 1995).

Figura 2.21 – Classificação do RSU através do CPT segundo MANASSERO et al (1996).

34
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.22 - Classificação pelo Diagrama Triangular. (GRISOLIA et al, 1995)

2.7.3 - DISTRIBUIÇÃO DOS TAMANHOS DAS PARTÍCULAS

A sistemática da determinação da dimensão e distribuição das partículas do resíduo sólido


urbano é limitada, face a grande heterogeneidade e variedade dos resíduos. Não existe um
método padronizado para análise (SANTOS & PRESA, 1995).

A análise da distribuição do tamanho das partículas é comumente realizada utilizando-se a


análise granulométrica clássica da mecânica dos solos. Análises granulométricas realizadas
por GABR & VALERO (1995) apud KNOCHENMUS et al (1998) indicaram que a análise
via úmida apresentou melhores resultados que a via seca devido a natureza coesiva do RSU.
Como resultado da grande heterogeneidade, os tamanhos das partículas geralmente
apresentam uma grande faixa. A faixa típica dos resíduos sólidos urbanos engloba partículas
de tamanho similar a pedregulhos a partículas menores que 0,075 mm, sendo esta fração
menor que 20%. Na Figura 2.23 pode-se observar algumas curvas granulométricas e a faixa
típica.

Figura 2.23 - Distribuição granulométrica do RSU. (JEEBERGER, 1994 apud


KNOCHENMUS et al, 1998)

35
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

2.7.4 - TEOR DE UMIDADE

O teor de umidade do RSU depende da sua composição inicial, condições climáticas,


procedimentos operacionais, a taxa de decomposição biológica e a capacidade e performance
do sistema de coleta de gás e chorume. Devido a grande heterogeneidade o teor de umidade
em um aterro pode variar significativamente de uma zona para outra.

A determinação da umidade é realizada pelos métodos usuais da geotecnia com base no


peso seco da amostra. A temperatura da estufa deve ser no máximo 70ºC para evitar a queima
de matéria orgânica.

Outra umidade bastante utilizada na área ambiental é a umidade volumétrica (θw ) que é
determinada em função dos volumes de água e sólidos em vez dos pesos.

No entanto alguns autores propõem a determinação da umidade dos resíduos sólidos


urbanos com base no peso úmido da amostra, obtendo-se a relação com a umidade com base
seca apresentada na equação (2.1).
w
wbumida = .100 (2.1)
.
(1 − w)
JUCÁ et al (1997), através de ensaios SPT no aterro da Muribeca (PE), obteve teores de
umidades em profundidade variando entre 20 e 50%. Diversos valores são apresentados na
literatura, variando principalmente com a profundidade. Segundo LANDVA & CLARK
(1990) o teor de umidade tende, em geral, aumentar com o aumento do teor de matéria
orgânica (Figura 2.24).

Figura 2.24 – Variação do Teor de Umidade do RSU com a profundidade (apud


CARVALHO, 1999).

36
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.25 – Variação do Teor de Umidade dos RSU com a matéria orgânica.
(LANDVA & CLARK, 1990)

2.7.5 - PESO ESPECÍFICO IN SITU

O peso específico dos RSU é geralmente difícil de se obter devido a sua natureza granular
e errática. A sua determinação é ainda mais complicada devido a presença de camadas de
“sujeira”, como por exemplo solos de cobertura. Os fatores principais que influenciam o peso
específico são: composição do resíduo, volume da cobertura diária e grau de compactação
durante a deposição.

Diversos autores propõem pes os específicos variando de 3kN/m3 , para resíduos pouco ou
nada compactados, a 14kN/m3, para resíduos com alto grau de compactação
(KNOCHENMUS et al, 1998). O peso específico médio dos diversos constituintes dos RSU
depende do peso específico da porção sólida de cada um, de sua porosidade e grau de
saturação (LANDVA & CLARK, 1990). Os autores consideram valores acima de 16kN/m3
impossíveis.

Várias técnicas podem ser usadas para a determinação do peso específico in situ, dentre
elas, poços (2 a 4m de profundidade) ou trincheira e radiação gama. Os ensaios em poços
consistem na pesagem do material e determinação do volume a partir do preenchimento da
cava (em geral com água) devidamente impermeabilizada com manta sintética. Não existem
métodos precisos.

Alguns valores de peso específico são apresentados na tabela 2.5 de acordo com o grau de
compactação.

37
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Tabela 2.5 - Peso específico do RSU segundo diversos autores (ENGECORPS, 1996).
DESCRIÇÃO PESO ESPECÍFICO ( K N/M3) AUTOR
RSU não compactado 2,4 a 2,7 Merz, R.C. (1962)
RSU medianamente compactado 4,7 a 6,3 Owers (1993)
RSU bem compactado 8,6 a 9,4 Owers (1993)
RSU bem compactado 7,0 a 14,0 Landva, A.O. (1990)
RSU bem compactado 8,0 a 12,0 Sowers (1968)
RSU enfardado 8,6 a 14,1 Owers (1993)

KAVAZANJIAN et al (1995) apud CARVALHO (1999) elaboraram um perfil de


variação do peso específico com a profundidade desenvolvido a partir de dados publicados
pelo Earth Technolgy e FASSET et al. Segundo o mesmo autor o peso específico in situ
médio varia tipicamente entre 8,6 a 10,2kN/m3 e, geralmente aumenta com a profundidade
devido à bioconsolidação do RSU com o tempo e à compressão devido a sobrecarga. A partir
de 40 – 45 metros o aumento é insignificante.

Figura 2.26 - Peso específico para o RSU. (apud CARVALHO, 1999)

2.7.6 - PERMEABILIDADE

O coeficiente de permeabilidade do resíduo é um importante parâmetro de projeto e


operação de aterros sanitários, particularmente nos casos de problemas de estabilidade e
migração não controlada de líquido percolado.

LANDVA & CLARK (1990) apresentam resultados de ensaios de campos onde os


coeficientes de condutividade hidráulica para o RSU se situam entre 10-1 e 10-3cm/s (ver
Figura 2.27). KNOCHENMUS et al (1998) apresentam resultados de ensaios de campo e
laboratório de diversos autores com os coeficientes variando em uma faixa de 10-2 a 10-5cm/s.
OLIVEIRA (1995) também apresenta uma faixa de resultados de FUNGAROLI (1979) entre
10-2 a 10-4cm/s.

38
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Para SANTOS & PRESA (1995) isto configura que os RSU são “livres drenantes”
propensos a se comportarem de modo drenado, ou seja, a não desenvolverem excessos de
poropressão. Porém BOSCOV & ABREU (2001) questionam esta teoria visto que pressões de
gás de até 170kPa foram medidas em aterros sanitários brasileiros. Análises da ruptura do
sub-aterro AS-1 do aterro de Bandeirantes (SP) demonstraram que o fator deflagrador do
fenômeno foi a elevação das pressões neutras devido o acúmulo de chorume. Fatores ru de até
0,6 foram admitidos nas retro-análises para a obtenção de fatores de segurança de 1,0
(BENVENUTO & CUNHA, 1991).

Figura 2.27 - Coeficientes de Permeabilidade medidos em poços de reconhecimento por


ensaio de infiltração (LANDVA & CLARK, 1990)

2.7.7 - COMPACTAÇÃO

KÖNIG & JESSBERGER (1997), baseados em análises de um conjunto de curvas de


compactação apresentadas na literatura, afirmaram que a variação do peso específico seco dos
resíduos sólidos urbanos obedece a um comportamento semelhante ao de solos.

Poucos são os relatos de ensaios de compactação em laboratório. Deve ser destacado o


trabalho de GABR & VALERO (1995). Os autores ensaiaram resíduos domiciliares com
idade entre 15 e 30 anos, utilizando energia normal. Obtiveram peso específico seco máximo
de 9,3kN/m3 associado a um teor de umidade ótimo de 31%. A saturação completa foi
atingida com um teor de umidade cerca de 70%, correspondendo a um peso específico seco de
aproximadamente de 8,0kN/m3. A curva de índice de vazios de ar nula (saturação 100%) foi
obtida utilizando um peso específico dos grãos igual a 20kN/m3.

39
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

14

Peso Específico Seco


12

(kN/m³)
10

6
10 20 30 40 50 60 70 80
Umidade (%)

Lodos RSU
Papel Curva de índice de vazios zero

Figura 2.28 - Curvas de compactação para diferentes tipos de resíduos (modificado de


MARQUES, 2001).

As diferenças entre as curvas de compactação observadas por GABR & VALERO (1995)
e as apresentadas por MARQUES (2001) podem ser explicadas pela utilização de resíduos
antigos, com alta percentagem de materiais particulados em sua composição e também as
limitações de representatividade de ensaios laboratoriais para o RSU.

2.8 - PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS RSU

As principais propriedades mecânicas dos resíduos sólidos urbanos (resistência ao


cisalhamento e compressibilidade) são influenciadas pela composição e estado de alteração do
resíduo e pelo comportamento individual de cada componente.

2.8.1 - COMPRESSIBILIDADE

Os aterros sanitários sofrem reduções significativas durante sua vida útil devido à alta
compressibilidade dos resíduos sólidos urbanos. Os principais mecanismos que condicionam
os recalques observados podem ser resumidos como:
§ Ações mecânicas (peso próprio, sobrecargas, etc.);
§ Reorientação de partículas menores, devido à percolação de líquidos;
§ Transformações dos resíduos, por reações físico-químicas (colapsos tais como
corrosão, oxidação, etc.) e
§ Decomposição bioquímica, com conseqüente perda de massa através do escape de
gases, percolados, etc.

A magnitude e velocidade dos recalques, por sua vez está associada aos seguintes fatores:

40
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

§ Densidade ou índice de vazios inicial;


§ Porcentagem de materiais degradáveis;
§ Altura do aterro;
§ Trajetória de tensões;
§ Nível e flutuação de chorume;
§ Parâmetros físicos (umidade, temperatura, presença de gases, etc.)
Os parâmetros de compressibilidade dos resíduos sólidos urbanos podem ser determinados
em ensaios laboratoriais, ensaios in situ ou retro-análises, a partir de praças ou aterros
experimentais.
A deformação dos aterros sanitários ao longo do tempo é normalmente estimada
utilizando-se a teoria de consolidação unidimensional, com o recalque total sendo composto
por uma parcela primária e outra secundária. Desta forma torna-se necessário à determinação
do índice de compressão primária (Cc ), do índice de compressão secundária (Cα ), o qual, ao
contrário dos solos, inclui reduções volumétricas devido a fluência e à decomposição química
e biológica dos resíduos. SOWERS (1973) sugere valores para Cc em função do índice de
vazios, variando de 0,15e0 (pouca matéria orgânica) e 0,55e0 (elevada matéria orgânica). Para
o índice Cα o mesmo autor propõe valores entre 0,03e 0 (condições não favoráveis a
degradação) e 0,09e 0 (condições favoráveis a degradação). Face a dificuldade de
determinação do índice de vazios para o RSU, recorre-se, com freqüência, aos coeficientes
Cc ’ e Cα’ definidos respectivamente como os gradientes das curvas log tensões efetivas (σ’)
vs. deformação específica (ε) e log (tempo) vs. deformação específica (ε), ou seja:

Cc C
Cc ' = e Cα ' = α (2.2)
1 + e0 1 + e0

Diversos estudos, baseados ou não nas premissas de consolidação unidimensional, têm


sido realizadas no sentido de determinar pa râmetros de compressibilidade para o RSU.

2.8.1.1 Previsão de recalques

O recalque final dos aterros sanitários apresenta-se como um valor de difícil avaliação. A
taxa de recalques diminui com o tempo e com o aumento da profundidade do resíduo em
relação a superfície. Sob o peso próprio, os aterros podem apresentar recalque que atingem de
5 a 40% de sua espessura original, sendo que a maior parte deste ocorre nos primeiros dois
anos.

41
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Os recalques, como dito anteriormente são estimados considerando um mecanismo de


consolidação unidimensional (aproximações elásticas ou relações do tipo e vs. log σ).
Segundo MARQUES (2001) a aplicação deste modelo, no entanto, é complexa devido:
§ os índices de compressão primária e secundária são função do índice de vazios
inicial, cujo valor é variável e de difícil obtenção;
§ As relações e vs. log σ ’ e e vs. log t são freqüentemente não lineares, implicando
variação significativa dos índices de compressão Cc e Cα em função das tensões
geradas nos aterros;
§ Os recalques primários são função das tensões efetivas, as quais dependem do peso
específico dos resíduos e dos níveis de líquidos percolados, parâmetros estes,
igualmente, de difícil avaliação.

A definição de um modelo adequado para previsão de recalques, assim como de seus


parâmetros de cálculo, apresenta-se como principal fator limitante nas análises de
deformabilidade de aterros sanitários.

A seguir são apresentados alguns modelos encontrados na literatura.

Modelo de Sowers (1973)

Trata-se da primeira proposta para avaliação dos recalques de aterros sanitários baseando-
se na teoria de adensamento da mecânica dos solos. Os recalque primários são relacionados
aos incrementos de carga e ocorrem de forma rápida (menos de 1 mês), sem acréscimo de
poropressão. Os recalques secundários, incluindo os fenômenos de fluência e biodegradação,
são admitidos com relação linear com o logaritmo do tempo.

Cc σ + ∆σ
∆H1 = H 0 log 0
1 + e0 σ0
(2.3)
Cα t
∆H 2 = H100 log 2
1 + e100 t1

onde:
∆H1 e ∆H2 = respectivamente os recalques primários e secundários
H0 e H100 = respectivamente a espessura da camada inicial e final dos recalques primários
e0 = índice de vazios inicial
e100 = índice de vazios final dos recalques primários
Cc = índice de compressão primária

42
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Cα = índice de compressão secundária


σ0 = tensão vertical efetiva inicial atuante no meio da camada
∆σ = acréscimo de tensão vertical atuante no meio da camada em consideração
t1 = tempo inicial do período para obtenção do recalque secundário
t2 = tempo final do período para obtenção do recalque secundário

Modelo de Yen & Scanlon (1975)

Somente abrange recalques a longo prazo (secundários) com taxa de recalques


decrescentes linearmente com o logaritmo do tempo. É representado pelas equações:

∆H
m= ou m = a − b log t1
∆t (2.4)
t
t1 = t − c
2

onde:
m = taxa de recalque
∆H = recalques medidos
∆t = intervalo de tempo entre as medidas
t = tempo de ínicio da construção à leitura
tc = tempo de construção do aterro
a = parâmetro que varia com a espessura do aterro e com o tempo de construção,
podendo ser adotado como 0,00095Hf + 0,0985, com Hf (espessura final) em metros
b = parâmetro que varia com a espessura do aterro e com o tempo de construção,
podendo ser adotado como 0,00035Hf + 0,0509, com Hf em metros

Estudo de Edil et al. (1989, 1990) baseado no Modelo de Gibson & Lo (1961)

Os autores, baseados no modelo reológico de Gibson & Lo (1961), propões um modelo


visco – elástico. O recalque é avaliado por:

  −  t  
λ 

∆H = H σ v  a + b 1 − e  b   (2.5)
  

onde:
∆H = recalque
σv = tensão vertical efetiva atuante
t = tempo a partir da aplicação da carga

43
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

H = altura inicial do aterro


a = parâmetro de compressibilidade primária variando de 5,11 x 10-7 a 3,80 x 10-4 kPa-1
b = parâmetro de compressibilidade secundária variando de 1,0 x 10 -4 a 5,87 x 10-3 kPa-1
λ/b = taxa de compressão secundária variando de 9,2 x 10-5 a 4,3 x 10-3 dia-1

Modelo de Edil et al. (1989, 1990) baseado em função de potência (1990)

Os autores propuseram a utilização de uma função de potência, reproduzindo os


fenômenos de compressão secundária do RSU segundo a equação:

n
t 
∆H = H σv m   (2.6)
 tr 

onde:
m = compressibilidade de referência com valor médio proposto de 2,5 x 10-5 kPa-1
n = taxa de compressão com valor médio proposto de 0,65

Os demais parâmetros têm o mesmo significado do modelo anterior.

Modelo de Bjarngard & Edgers (1990)

Os autores, baseados em obse rvações e monitoramento de aterros, propuseram um


procedimento empírico cuja formulação é:

∆H σ + ∆σ t t
= Cc log 0 + Cα1 log 2 + Cα 2 log 3 (2.7)
H σ0 t1 t2

onde:
∆H = recalque
H = altura inicial da camada sob análise
Cc = índice de compressão primária
Cα1 = índice de compressão secundária intermediária variando entre 0,003 e 0,038
com valor médio de 0,019
Cα2 = índice de compressão secundária a longo prazo variando entre 0,017 e 0,51
com valor médio 0,125
σ0 = tensão vertical efetiva inicial atuante no meio da camada
∆σ = acréscimo de tensão vertical atuante no meio da camada em consideração
t1 = tempo em dias para a conclusão da compressão inicial

t2 = tempo em dias para a conclusão da compressão secundária intermediária

44
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

t3 = tempo em dias para a previsão da compressão secundária a longo prazo

Os autores observaram que a evolução dos recalques ocorre em três fases. A fase inicial é
dada por compressão mecânica e redução dos vazios existentes. A segunda fase (compressão
secundária intermediária) os recalques são dominados por interações mecânicas e na última
fase (compressão secundária a longo prazo) os efeitos da biodegradação são acrescidos aos
efeitos anteriores.

Estudo de Ling et al. Baseado em função logarítmica e hiperbólica (1998)

Os autores propuseram para a reprodução dos recalques observados, a utilização de


equações hiperbólicas e logarítmicas. No caso das funções logarítmicas os autores verificaram
a utilização de uma equação simples para a previsão de recalques futuros conforme
apresentado a seguir.

∆ H = a '− b 'log t (2.8)

onde:
a’ e b’ = parâmetros do modelo
t = tempo decorrido dos recalques

À semelhanç a das funções logarítmicas os modelos baseados em função hiperbólica


incorporam em uma única equação os recalques primários e secundários. Os autores
propuseram a seguinte equação.

t
∆H = (2.9)
1 t 
 ρ + ∆H 
 0 ult 

onde:
ρ 0 = taxa de recalque inicial (∆H/∆t)
∆Hult = recalque final esperado (tempo infinito)

Modelo de Meruelo (1999)

Este modelo é embasado no processo de perda de massa dos materiais degradáveis que
ocorre durante a fase anaeróbia, a qual é condicionada, por sua vez, pela taxa de hidrolisação
da matéria orgânica presente nos resíduos. A equação proposta então só é válida para previsão
de recalques em longo prazo sob ação dos processos de decomposição.

45
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

  1  − K .( t −t ) −K 
∆H = α .H .COD 1 −  . e
  K htc 
( h
−e c h .t
) (2.10)

onde:
α = coeficiente de perda de massa
H = altura do aterro
COD =quantidade de matéria orgânica biodegradável presente nos resíduos por ano
tc = tempo de de construção em dias
Kh = coeficiente de hidrolisação (dia -1 )
t = tempo para o qual é realizada a previsão

2.8.2 - RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

Diversos documentos são encontrados estimando a resistência dos RSU, estabelecendo-se


três abordagens: ensaios de laboratório, retro-análises de ensaios de campo e registros
operacionais e ensaios in situ. Entretanto em cada caso, por causa da dificuldade e
complexidade em estimar as propriedades do resíduo, somente dados limitados podem ser
encontrados e muitas vezes contraditórios.

2.8.2.1 Parâmetros de resistência estimados por retro-análises

A abordagem por retro-análises é principalmente baseada em ensaios de carregamento de


placa e registros operacionais.

A principal justificativa de usar os parâmetros destas análises é que, segundo alguns


autores, representam o contorno inferior da resistência de campo disponível, sendo portanto
conservativo. Uma das desvantagens, é a dificuldade de estabelecer parâmetros corretos pois a
resistência é determinada por um par de parâmetros resultando em uma infinidade de
combinações (duas incógnitas e uma equação).

Diversos autores apresentam parâmetros de resistência ao cisalhamento (SINGH &


MURPHY, 1990; BENVENUTO & CUNHA, 1991; OLIVEIRA, 1991). Os valores mais
usuais do ângulo de atrito se situam entre 20º e 40º e para a coesão entre 0 e 40 kPa
(Fig.2.29).

46
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

80.00

Aterro Monterrey Park Oll Aterro Kirby Canyon


Converse et. al. (1975) & Volpe (1985)

Aterro Corinda Los Trancos


PRA (1987)
60.00

Aterro Newby Island Retro Análise do Terremoto de 1971


PRA (1987)

Coesão em kN/m²
PRA (1987)

40.00 Aterro Sunnyvale


Cooper & Clark (1982) Aterro Acme
Aterro Zanker Road HLA (1987)
Cooper (1987)
Aterro Sunnyvale
Dames & Moore (1988)
ENCOM (1986,1986 e 1989)
20.00

0.00
0.00 4.00 8.00 12.00 16.00 20.00 24.00 28.00 32.00
Angulo de Atrito em Graus

Figura 2.29 - Parâmetros de resistência obtidos por retro-análises (SINGH&MUPHY,


1990).

2.8.2.2 Parâmetros de resistência estimados por ensaios in situ

Tentativas de se avaliar a resistência dos RSU através de ensaios de campo, como SPT,
CPT (Fig. 2.30 e 2.31)e vane test, vem sendo realizadas por diversos autores (JUCÁ et al,
1997; PALMA, 1995; CARVALHO, 1999).

Para SINGH & MURPHY (1990) os resultados do ensaio de vane não são representativos
do RSU, pois as paletas são pequenas comparadas as dimensões das partículas dos RSU.

Para JUCÁ et al (1997) os valores de penetração, NSPT , raramente ultrapassam 10 golpes


para o RSU. Tanto nos ensaios de SPT como nos ensaios de CPT a presença de picos de
resistência indicam a existência de objetos rígidos. Nos dois ensaios observa-se uma tendência
de aumento da resistência com a profundidade.

A estimativa de parâmetros através destes ensaios é feita utilizando-se correlações para


solos arenosos, encontrando-se normalmente valores de φ’ entre 25 a 40º.

Ensaios de cisalhamento direto in situ, em blocos indeformados, foram executados por


WITHIAM et al (1995) apud CARVALHO (1999). Os ensaios foram executados utilizando-
se a técnica de múltiplos estágios com tensões normais de 0 a 21 kPa. Foram encontrados
valores de intercepto de coesão de 10 kPa e de ângulo de atrito de 30º.

47
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.30 - Ensaios de SPT realizado por diversos autores. (apud CARVALHO, 1999)

2.8.2.3 Parâmetros de resistência estimados por ensaios de laboratório

Os ensaios de laboratórios são geralmente ensaios de cisalhamento direto e triaxial.


Alguns ensaios são realizados em amostras reconstruídas. Ensaios em grandes dimensões são
utilizados (LANDVA & CLARK, 1990; CARVALHO, 1999).

A limitação destes ensaios consiste: na composição altamente heterogênea do RSU, do


método de obtenção das amostras, representatividade das amostras em termos de tamanho.
Isso tem resultado em uma grande dispersão de valores.

48
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.31 - Ensaios de CPT por diversos autores. (apud CARVALHO, 1999)

Segundo SINGH & MURPHY (1990) o critério de Morh-Coulomb é provavelmente


inadequado por causa das grandes deformações no estado de ruptura (quando verificado).
Porém no atual estágio da “mecânica dos resíduos” a utilização dos conceitos teóricos de
solos ainda é aceitável. Desta forma os conceitos de intercepto de coesão e ângulo de atrito

49
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

são bastante úteis. Deve-se atentar a diferença das deformações que provocam a ruptura nos
solos e nos RSU.

Curvas tensão x deformação típicas são apresentadas por CARVALHO (1999). As curvas
exibem ganho contínuo de resistência (Figura 2.32) sem apresentar a ruptura. Nestes casos
tem sido comum a obtenção dos parâmetros para uma dada deformação (15 a 20%).

Figura 2.32 - Curvas tensão x deformação típicas dos RSU. (apud CARVALHO, 1999)

Observações da mobilização de maiores resistências com grandes deformações tem levado


a consideração do comportamento dos RSU semelhante a de solos reforçados. Pode ser
considerado como formado por dois componentes: uma matriz básica, composta de material
fino e médio granular, tendo um comportamento friccional semelhante a solos, e uma matriz
de reforço (Figura 2.33).

Figura 2.33 - Modelo do RSU. (KOCKEL, 1995 apud KÖNIG & JESSEBERGER, 1997)

KOCKEL & JESSEBERGER (1995) apud KÖNIG & JESSEBERGER (1997)


demonstrarm que a resistência da matriz básica é principalmente fricional e segundo os
autores atinge um valor máximo de ângulo de atrito 42º a grande deformações (Fig. 2.34).

50
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Segundo GRISOLIA & NAPOLEONI (1996), o fato da resistência friccional ao cisalhamento


aumentar com as deformações e estabilizar quase em um valor constante, confirma a hipotese
de que a grandes deformações o comportamento é semelhante ao de solos e controlado pelos
componentes inertes. O intercepto de coesão é dependente da matriz de reforço que é ativada
a deformações maiores que 20%, quando φ já está quase totalmente mobilizado. O modelo
proposto por KÖLSCH (1993) corresponde a esse comportamento e é apresentado dividido
em quatro fases (Figura 2.35).

Figura 2.34 - Mobilização do angulo de atrito e do intercepto de coesão com a


deformação. (KOCKEL & JESSEBERGER, 1995, apud KÖNIG &
JESSEBERGER, 1997)

LANDVA & CLARK (1990) verificaram que as partículas alongadas tenderam a se


alinhar na direção do cisalhamento em seus ensaios de cisalhamento direto de grande escala.

Figura 2.35 - Modelo de interação das forças de atrito e de tração dos RSU. (KÖLSCH,
1993)

51
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

KÖNIG & JESSEBERGER (1997) notaram que as envoltórias de ruptura dos RSU não
apresentavam uma envoltória bilinear como os solos reforçados, sendo explicado talvez pelos
diferentes comprimentos e propriedades de tensão deformação das fibras. Porém KÖLSCH
(1993) apresenta envoltórias com descontinuidades nas tensões normais onde foram
verificadas as rupturas das fibras (200 kPa).

Figura 2.36 - Envoltórias de cisalhamento direto de RSU. (apud KÖLSCH, 1993)

Admitindo que o comportamento mecânico do RSU é comandado pelos efeitos da matriz


básica (atrito) e matriz de reforço (intercepto de coesão) MACHADO et al (2000) apresentam
uma tentativa de modelo constitutivo para o RSU. O modelo é dividido em dois critérios. O
primeiro se baseia no critério de Von Mises (modelo perfeitamente elasto-plástico)
modelando o efeito das fibras. A pasta ou matriz básica é admitida se comportar segundo
modelo de Estados Críticos sem uma lei de fluxo associada. Neste modelo ainda há uma
necessidade de um grande número de parâmetros.

Segundo KÖNIG & JESSEBERGER (1997) a redução da resistência ao longo do tempo


ainda não foi provada (Figura 2.37a). Porém WALTER (1992) apud PALMA (1995) propõe a
variação de resistência e densidade apresentada na Figura 2.37b. CARVALHO (1999),
citando MASSACCI et al (1993), relata que a redução da resistênc ia ao cisalhamento,
principalmente da coesão, é resultado de degradação físico-química e biológica que ocorrem
no RSU, resultando no enfraquecimento do efeito reforço.

52
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

(b)
(a)
Figura 2.37 - (a) Variação da resistência com o tempo (KÖNIG & JESSEBERGER,
1997). (b) Proposta de WALTER (1992) apud PALMA (1995)

2.8.2.4 Parâmetros recomendados

SINGH & MURPHY (1990) apresentaram uma série de resultados encontrados, sugerindo
uma área de parâmetros para serem utilizados em projetos (ver Figura 2.38). Esta área tem
como enfoque principal os resultados de retro-análises, face a performance satisfatória de
taludes altos e íngrimes, mesmo após terremotos. A estes resultados CARVALHO (1999)
acrescentou os resultados obtidos nos ensaios do resíduo coletado no aterro Bandeirantes e
alguns outros encontrados na literatura (Figura 2.39).
120.00

Retro-análises

Ensaios de Laboratório

Ensaios de Campo Faixa sugerida


Coesão (kPa)

80.00 por Singh &


Murphy (1990)

40.00

0.00
0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00
Ângulo de atrito (graus)

Figura 2.38 - Envoltória de parametros proposta por SINGH & MURPHY (1990).

53
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

120.00

Retro-análise (1)
Intercepto de Coesão (kPa)

Ensaios de lab. (1)


Faixa sugerida
80.00 por Singh & Grisoli et al, 1995 (2)
Murphy (1990)
Köing&Jessberger, 1997 (2)

Aterro Bandeirantes Carvalho (1999) (2)

40.00 Ensaios de campo Carvalho (1999) (3)

Retro-Análises Singh&Murphy (1990)

Ensaios de Laboratório Singh&Muphy (1990)

0.00 Ensaios de Campo Singh&Muphy (1990)


0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00
Ângulo de atrito (graus)

(1) Dados compilados Gabr&Valero (1995) e Köing&Jesseberger (1997)


(2) Ensaios triaxiais, deformação axial 20%
(3) Ensaios de Campo (SPT e CPT) obtidos no Aterro Sanitário Bandeirantes

Figura 2.39 - Apresentação dos parametros de resistência e área recomendada.


(CARVALHO, 1999, modificado de SINGH & MURPHY, 1990)

Verifica -se que os valores dos parâmetros obtidos por ensaios de laboratório para os
resíduos do aterro sanitário Bandeirantes situaram-se fora da faixa recomendada. Observa-se
também uma grande dispersão dos resultados.

Sanchez – Alciturri et al. (1993) (citados por PALMA, 1995) analisando as tendências de
ensaios de laboratório e de retro-análises apresentam uma área recomendada para projetos
como a interseção de todas as tendências (Figura 2.40).
80

70

60

Área recomendada para projetos


50
Coesão (kPa)

Sanchez - Aciturri et al (1993)

40
Análises de ensaios de
campo e retro-análises
30

20 Análise de resultados de
ensaios de laboratório
10

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Angulo de Atrito em Graus

Figura 2.40 - Área recomendada para projetos. (PALMA, 1995)

De acordo com SANCHEZ – ALCITURRI et al (1993), as duas áreas coincidem de modo


grosseiro. Porém ao plotar-se as duas faixas (SANCHEZ ALCITURRI,1993 e SINGH &

54
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

MURPHY, 1990) verifica-se uma superposição pequena das áreas, sendo a faixa proposta por
Sanchez-Alciturri mais conservadora.
80

70
Área sugerida para projetos
Singh & Murphy (1990)
60

50
Coesão (kPa) Área recomendada para projetos
Sanchez - Aciturri et al (1993)
40

30 Superposição das áreas

20

10

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Angulo de Atrito em Graus

Figura 2.41 - Superposição das faixas de parâmetros propostas.

CARVALHO (1999), citando KAVAZANJIAN et al (1995) e VAN IMPE (1998),


apresenta envoltória de resistência baseadas em ensaios de cisalhamento direto in situ e em
laboratório, ensaios de carregamento de placa e dados de retro-análises (Figura 2.42).

Figura 2.42 - Envoltórias de ruptura. (apud CARVALHO, 1999)

2.8.2.5 Análises de estabilidade

SINGH & MURPHY (1990) rec omendam, como uma aproximação para análises de
maciços de RSU, que para aterros com alturas medianas em torno de 61 m e taludes 3H:1V,

55
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

assentes em fundações relativamente resistentes, análises clássicas de estabilidade de taludes


podem ser realizadas admit indo-se parâmetros dentro das faixas recomendadas anteriormente.
Os resultados devem ser interpretados a favor da condição menos conservadora, pois taludes
com inclinações superiores encontram-se estáveis. Para aterros com alturas elevadas e taludes
moderadamente íngremes (1,5 a 2H:1V) e assentes em fundações pouco resistentes,
apresentam potencial de ruptura pela fundação do aterro.

Para a última situação duas abordagens podem ser utilizadas: análises de estabilidade de
taludes convencionais e de capacidade de carga das fundações. Os autores consideram que a
resistência do aterro deve ser desconsiderada para se ter uma abordagem conservadora. Isto
significa que a ruptura pela fundação ocorre antes que pelo aterro.

Tal aproximação e relatos de ruptura de ate rros em condições específicas, como a


apresentada por MITCHELL et al, (1990) que relataram a ruptura pelo contato com o sistema
de impermeabilização, conduzem a métodos de abordagem semelhantes a sugerida por
DEERE & PATTON (1971) como método de precedentes modificado. O método se baseia
em projetos estáveis precedentes que podem ser aplicados sobre as mesmas condições
climatológicas e geológicas. No caso de resíduos sólidos urbanos a composição é um aspecto
bastante importante. Devem ser analisados os principais fatores que podem causar
instabilidades do maciço (descontinuidades, água, dados estruturais e dados de resistência ao
cisalhamento).

Deve-se atentar para as características do maciço de RSU, como por exemplo a


incompatibilidade das deformações entre o solo de cobertura e os resíduos. Uma situação de
trincas no solo não necessariamente indica uma provável ruptura devido as altas deformações
do resíduo.

Outra característica interessante nos taludes dos aterros sanitário é a suavização da


inclinação de vido à compressibilidade, possibilitando a adoção de taludes mais íngremes.

2.8.3 - CAPACIDADE DE CARGA DO MACIÇO

O interesse do reaproveitamento das áreas de aterros sanitários pós fechamento induz a


necessidade de maior conhecimento da capacidade de carga dos maciços de RSU.

Normalmente a utilização tem se limitado a áreas verdes, parques e construções capazes


de tolerar recalques.

56
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

Igualmente aos tópicos anteriores, a aplicação de métodos clássicos de solos deve ser feita
com precaução, tendo-se em mente as características específicas dos resíduos domiciliares.

A capacidade de carga dos aterros sanitários é geralmente reduzida e depende de fatores


como espessura de solo de cobertura, métodos construtivos, composição e densidade dos
resíduos.

Segundo SOWERS (1968) o fator mais significativo na capacidade de carga é a espessura


relativa do solo de cobertura sobre o resíduo. Na Figura 2.43 são apresentados os mecanismos
clássicos apresentados por SOWERS. O autor admite que em resíduos muito compressíveis,
carregament os pequenos e camadas de solo de cobertura relativamente espessas a distribuição
de tensões ocorre de forma que os acréscimos de tensões que atingem os resíduos são
mínimos e só quando a camada de cobertura não for espessa o suficiente ocorrerão
movimentos diferenciais no solo, que não suporta a sobrecarga, puncionando parte da
cobertura. Já para resíduos com resistência e compressibilidade semelhantes a de solos e para
carregamentos maiores, a ruptura pode ocorrer mediante esquemas clássicos de capacidade de
carga como o segundo mecanismo apresentado na Figura 2.43.

Figura 2.43 - Mecanismos de ruptura em aterros sanitários (SOWERS, 1968).

Segundo SOWERS (1968) a capacidade de carga para aterros sanitários está entre 25 e 40
kPa.

57
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

As características tensão x deformação dos resíduos e dos solos de cobertura são tão
diferentes que, considerando-se uma parcela de contribuição dos resíduos, é difícil esperar
que a capacidade de carga seja obtida com deformações admissíveis para uma fundação.

PALMA (1995) apresenta resultados de uma campanha de ensaios de carregamento de


placa, com diversos diâmetros e espessuras de solo de cobertura, realizadas no aterro
controlado de Meruelo, Espanha . O autor admitiu como a capacidade de carga a menor tensão
obtida entre a deformação correspondente a 10% do diâmetro da placa ou 5 cm. As curvas de
carga x recalque obtidas foram crescentes, quase lineares, alcançando valores elevados de
deformações. Só foi verificado o mecanismo de ruptura por puncionamento.

As cargas de ruptura, estimadas pelo autor, são de : 360 kPa para uma cobertura de solo de
30 cm, 250 kPa para uma espessura de 20 cm e 180 kPa diretamente sobre os resíduos. Vale
ressaltar que o perfil típico do aterro de Meruelo segue um sistema multicamada com
espessuras médias de resíduos de 1,7 m intercaladas por solos de cobertura com espessuras
médias de 20 cm.

O mesmo autor relata que devido à característica multicamada dos resíduos, tratando-se de
fundações reais, não se deve empregar diretamente os valores obtidos por ensaios in situ e
portanto são necessárias formulações teóricas para determinar cargas admissíveis, propondo
os modelos apresentados a seguir.

Hipótese de resistência nula dos resíduos

Uma primeira aproximação é desconsiderar a resistência dos resíduos, admitindo a


cobertura como material rígido. Desta forma a ruptura ocorrerá por puncionamento e a carga
será totalmente suportada pela resistência ao cisalhamento vertical (não drenada) do solo na
superfície perimetral formada ao redor da fundação. Em caso de placa circular tem-se a
seguinte expressão:

D
ph = 4 c1 (2.11)
B

onde:
ph = tensão de ruptura da placa
D = espessura do solo de cobertura
B = diâmetro da placa
c1 = resistência ao cisalhamento não drenada do solo

58
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

A aplicação deste modelo é adequada para relações de D/B da ordem de 0,5. Para valores
maiores ou menores, o modelo não se adequa ao fenômeno físico que realmente ocorre. Para
relações de D/B maiores que 1,5 o mecanismo de ruptura afeta unicamente o solo de
cobertura, apresentando mecanismo de ruptura generalizada.

Hipótese considerando resistência total dos resíduos

Esta hipótese considera a resistência dos resíduos e também considera um mecanismo de


ruptura por puncionamento.

 D
p h = p rs +  4c1  (2.12)
 B

onde:
p rs = tensão atuante sobre os resíduos

Considera-se a tensão atuante nos resíduos como a tensão de ruptura correspondente a


ruptura ge neralizada clássica de solos que pode ser expressa por:

p hrs = (1 + s ')(π + 2)c2 + q (2.13)

onde:
q = sobrecarga
s’ = fator de forma (placa circular = 0,2)
c2 = resistência não drenada dos resíduos sólidos

Hipótese de comportamento elástico

Para alcançar a carga de ruptura segundo o modelo anterior, são requeridas grandes
deformações devido ao comportamento tensão x deformação observados nos resíduos.
Normalmente considerando-se uma limitação dos recalques esta condição de ruptura nunca é
alcançada (ruptura generalizada dos resíduos).

Desta forma, a tensão de puncionamento é simplesmente regida pela resistência não


drenada do solo de cobertura e por uma parcela de resistência dos resíduos. Para uma placa
circular pode ser expressada pela equação:

D
p punc = prs + 4c1 (2.14)
B

onde:

59
Capítulo 02 – Revisão Bibliográfica

ppunc = tensão de puncionamento


p rs = tensão transmitida aos resíduos

A tensão transmitida aos resíduos depende do comportamento tensão x deformação do


solo de cobertura e dos resíduos, sendo sua obtenção complicada. Uma primeira aproximação
pode ser suposta admitindo-se um espraiamento da carga em um ângulo com a vertical (α),
obtendo-se a seguinte expressão:

pB 2
p rs = (2.15)
( B + 2tan α ) 2
onde:
p = tensão atuante na placa

Hipótese baseada na teoria de Brown e Meyehorf (1969)

Devido ao comportamento completamente distinto entre o solo de cobertura e os resíduos


é difícil esperar que a carga de ruptura, expressada anteriormente, seja atingida sem chegar a
grandes deformações. Brown e Meyehorf analisaram a carga de ruptura de um sistema com
duas camadas de solo, sendo o estrato inferior com resistência menor que o superior e a
espessura da camada superior, menor que a inferior. Partem da hipótese que estas condições
conduzem a um fenômeno de ruptura progressiva que conduz ao puncionamento da camada
superior. Para relações D/B < 1,5 carga de ruptura é expressa por:

p h = 0,75 p punc + c2 N c + q (2.16)

onde:
Nc = coeficiente da carga de ruptura (≈6,05 para fundações circulares)
Comparações realizadas por PALMA (1995) entre análises por elementos finitos e os
resultados analíticos desta última equação demonstraram boa adequação deste modelo.

Comparações realizadas por PALMA (1995) entre análises por elementos finitos e os
resultados analíticos desta última equação demonstraram uma boa adequação deste modelo.

60
3 - METODOLOGIA

3.1 - INTRODUÇÃO

A grande heterogeneidade dos maciços de resíduos sólidos urbanos e os constantes


questionamentos sobre a representatividade das amostras nos ensaios de laboratório, motivou
a pesquisa a basear-se essencialmente em ensaios de campo.

Buscou-se então locais que fornecessem infra-estrutura e dados de interesse para a


realização do estudo dentro do prazo permitido. Desta forma três áreas foram selecionadas:

§ Área I – Aterro Metropolitano Centro (Salvador)

§ Área II – Aterro Controlado de Canabrava (Salvador)

§ Área III – Células Experimentais no Aterro do Jóquei Clube (Brasília)

O Aterro Metropolitano Centro (AMC) está localizado na Região Metropolitana de


Salvador, à margem direita da BR-526, km-05, sentido CIA – Aeroporto. Com uma área de
210 hectares, o depósito recebe atualmente cerca de 2.500 toneladas de lixo por dia,
excetuados os de entulho, provenientes dos municípios de Salvador, Simões Filhos e Lauro de
Freitas. Esta área foi selecionada por constituir-se de um aterro sanitário em operação
oferecendo boa infra-estrutura para a realização dos trabalhos, tais como: equipamentos, mão
de obra, etc.

O AMC apresenta todos os sistemas e dispositivos descritos no capítulo anterior para


minimizar os impactos ao meio ambiente. Os resíduos são dispostos atualmente em quatro
células com aproximadamente 25m de altura cada. As quatro células encontram-se hoje em
processo de junção (transformação em uma única célula maior), sendo as vias existentes entre
as mesmas retiradas e instalados os devidos sistemas de impermeabilização e drenagem. Este
processo visa o máximo aproveitamento da área.

Foram executados ensaios de investigação do maciço, caracterização dos resíduos, ensaios


de carregamento de placa e análises de estabilidade de taludes de RSU na célula 01/02 (já
unidas). Para a realização dos trabalhos contou-se com o apoio da Empresa de Limpeza
Urbana de Salvador – LIMPURB, da empresa responsável pela operação VEGA Tratamento

61
Capítulo 03 - Metodologia

de Resíduos S.A., da LCL Engenharia e Consultoria, dos Laboratórios de Geotecnia e


Geotecnia Ambiental da Universidade Federal da Bahia.

O Aterro Controlado de Canabrava, resultado de processo de remediação de um antigo


lixão, está inserido no município de Salvador e antes de seu fechamento recebia diariamente,
também, cerca de 2.500 toneladas de resíduos. Hoje recebe apenas entulhos e material
proveniente de poda. Esta área foi selecionada por ter apresentado em 1997 uma ruptura de
um talude de RSU, tendo sido registrada por fotos aéreas e levantamento topográfico
fornecidos pela CONDER – Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de
Salvador. Com relação a este aterro o estudo limitou-se apenas, por questões de ordem
financeira e de tempo, à retro-análises da ruptura ocorrida.

As células experimentais foram construídas dentro da área cedida pelo SLU – Serviço de
Limpeza Urbana de Brasília para pesquisas da Universidade de Brasília (UnB) dentro do
Aterro do Jóquei Clube. Foram executadas cinco células com dimensões de 12m x 12m para o
nível do terreno e 4m x 4m para um nível 2m abaixo da cota do terreno, obtendo-se uma
geometria trapezoidal. Além da deposição dos resíduos na região de escavação das células
com a espessura de 2m atingiu-se uma cota 2m acima da cota do terreno, totalizando um
volume depositado de 160m3 por célula.

Todas as células são dotadas de sistema de impermeabilização por liner argiloso, camada
drenante de areia e um dreno coletor central que conduz o chorume até um poço de coleta e
remoção. A diferença das células consiste no sistema de tratamento adotado para acelerar o
processo de biodegradação dos resíduos sendo:

§ Célula I (CI) - sem nenhum tipo de tratamento, servindo de referência às demais.

§ Célula II (CII) – sistema de recirculação do chorume bruto.

§ Célula III (CIII) – sistema de injeção de água proveniente do subsolo.

§ Célula IV (CIV) – sistema de cobertura granular.

§ Célula V (CV) – sistema de injeção forçada de ar

Estas células experimentais são objetos de estudos de outros trabalhos desenvolvidos pelo
grupo de resíduos sólidos do Programa de Pós Graduação em Geotecnia da UnB. Nesta
pesquisa apenas deu-se continuidade à execução de ensaios de sondagem a percussão,
iniciadas anteriormente, buscando avaliar, de maneira simples, variações na resistência dos
resíduos ao longo do tempo.

62
Capítulo 03 - Metodologia

A escolha da s diferentes áreas teve como objetivo avaliar de forma qualitativa todos os
dados disponíveis, mesmo que de diferentes regiões, para um melhor entendimento do
comportamento global de maciços de RSU.

3.2 - INVESTIGAÇÕES DOS MACIÇOS

Com o objetivo de caracterizar as áreas estudadas foram realizados os seguintes ensaios:

§ onze sondagens de simples reconhecimento a percussão (SPT) nas células


experimentais sendo: 04 na CI, 02 na CII, 02 na CIII, 02 na CIV e 01 na CV.

§ uma sondagem de simples reconhecimento a percussã o (SPT) na célula 01/02 do


AMC.

§ três ensaios penetrométricos tipo CPTU na célula 01/02 do AMC

§ execução de poço para coleta de amostras e determinação de peso específico do


RSU na célula 01/02 do AMC

3.2.1 - SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO A PERCUSSÃO (SPT)

A sondagem a percussão executada no Aterro Metropolitano Centro atingiu uma


profundidade de 15 m e foi executada pela empresa LCL Engenharia e Consultoria LTDA.
Teve como finalidade a verificação das características mecânicas do maciço de RSU, bem
como a identificação de possíveis camadas de solo em seu interior.

A sondagem teve o furo revestido até uma profundidade de 2m e o avanço foi feito com
lavagem por circulação de água devido a dificuldade do avanço a trado (os plásticos
enroscavam no trado). Mesmo com a circulação de água, o tempo de avanço de um metro
variava de 1 a 2 horas. As dificuldades encontradas neste ensaio são devidas a presença de
materiais como madeiras e borracha que dificultam a penetração do amostrador. Caso fossem
encontrados materiais como chapas de aço ou ferro ou até mesmo enrocamento (rachão),
normalmente utilizado como material de drenos, seria necessário a relocação do furo.

Somente até aproximadamente 1m abaixo do trecho revestido houve retorno da água de


lavagem, porém em pequena quantidade. Verificou-se na água que retornava a existência de
diversos pedaços de plásticos. Após 1 metro a água era totalmente perdida no furo, não
retornando nada.

63
Capítulo 03 - Metodologia

As medidas de SPT eram realizadas a cada metro segundo a norma NBR 6484, utilizando
amostrador tipo Terzaghi de diâmetros nominais interno e externo de 34,9mm e 50,8mm
respectivamente.

Figura 3.1 - Lavagem por circulação de água no ensaio SPT.

Em todo o furo foi recuperada, pelo amostrador, apenas uma amostra porém de quantidade
inferior à capacidade do mesmo.

Figura 3.2 – Amostra recuperada pelo ensaio SPT.

64
Capítulo 03 - Metodologia

O ensaio foi encerado a uma profundidade de 15m, pois o furo começou a fechar
impossibilitando a manobra das hastes.

Por causa da dificuldade do avanço a trado e também pelas pequenas profundidades das
células, os furos de sondagem realizados nas células experimentais do Aterro do Jóquei Clube
de Brasília tiveram as medidas de SPT contínuas em toda sua profundidade, não havendo
avanço.

Os ensaios eram finalizados a uma profundidade pré definida de modo que não se
atingisse o sistema de drenagem nem de impermeabilização. Como as células foram
construídas em épocas diferentes, apresentando recalques também diferenciados, as
profundidades de ensaio variaram de 2,00 a 3,50m.

De forma semelhante ao ensaio realizado no Aterro Metropolitano Centro, o amostrador


não recuperou amostras de RSU.

3.2.2 - ENSAIO DE PENETRAÇÃO CONTÍNUA – CPTU

Os ensaios de penetraç ão do piezocone foram executados de acordo com a norma NBR


3406, pelo Laboratório de Geotecnia da Universidade Federal da Bahia. Consiste na
determinação da resistência de ponta oferecida pelo resíduo à cravação de um cone de 10cm2
de área, com arestas formando com a horizontal um ângulo de 60º, na determinação do atrito
lateral na luva e na medida de poropressão.

Os ensaios foram executados no Aterro Metropolitano Centro com sistema de cravação


apresentado na figura 3.3, atingindo as profundidades de 8m, 10m e 15m. Este trator além do
peso próprio (1,3 toneladas) tem como reação um sistema de estacas helicoidais que foram
cravadas à uma profundidades de 3 m.

As dificuldades encontradas neste ensaio dizem respeito a presença de materiais de


elevada resistênc ia em profundidade. Tais materiais implicaram na deflexão das hastes
necessitando a parada dos ensaios para que não houvesse a quebra das mesmas.

3.2.3 - POÇO PARA COLETA DE AMOSTRAS E DETERMINAÇÃO DE PESO


ESPECÍFICO IN SITU

Foi executado no topo da célula 01/02 do Aterro metropolitano Centro um poço de


inspeção com dimensões aproximadas de 1m x1 m x 1m. O objetivo deste poço era a coleta
de amostras para caracterização do resíduo e a determinação do peso especifico in situ.

65
Capítulo 03 - Metodologia

Para não contaminar a amostra de RSU com solo a camada de cobertura foi retirada
manualmente. O resíduo foi escavado mecanicamente devido a grande dificuldade que os
materiais plásticos e têxteis impunham à escavação manual.

Figura 3.3 - Equipamento de cravação do piezocone.

Figura 3.4 - Retirada da camada de cobertura antes da execução do poço de inspeção.

66
Capítulo 03 - Metodologia

A amostra coletada era colocada sobre uma manta plástica também com o intuito de evitar
a contaminação por solo e para a realização de homegeneização e quarteamento da amostra.

Figura 3.5 - Coleta de amostra do RSU.

O procedimento de quarteamento consistiu na separação do total em quatro partes de


aproximadamente mesmo peso. Em seguida, desprezando-se duas partes diametralmente
opostas, as outras duas partes restantes eram novamente homogeneizadas para novo
quarteamento. O processo foi repetido até se obter uma amostra para caracterização de
aproximadamente 20kg.

Figura 3.6 - Quarteamento da amostra coletada.

67
Capítulo 03 - Metodologia

Separada a amostra para caracterização, todo o restante foi acondicionado em tambores


metálicos devidamente lacrados e conduzido para a pesagem.

Para a determinação do peso específico in situ foi adotado um procedimento simplificado.


O poço foi forrado com uma manta de pvc e adicionada água até a altura da camada de solo
de cobertura. A partir do volume de água adicionado ao poço e do peso de todo o material
retirado foi calculado o peso específico in situ.

Figura 3.7 - Determinação do peso específico in situ.

3.3 - ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS COLETADOS

Para caracterizar os resíduos depositados na célula 01/02 do Aterro Metropolitano Centro,


foram realizados os seguintes ensaios:

§ teor de umidade natural

§ composição gravimétrica

§ estimativa do tamanho das partículas

Os ensaios foram realizados em laboratório montado no próprio AMC.

68
Capítulo 03 - Metodologia

3.3.1 - TEOR DE UMIDADE

O resíduo sólido urbano é composto por diversos materiais que apresentam diferentes
capacidades de retenção de fluidos.

Neste contexto, determinou-se dois tipos de umidade. A primeira definida como umidade
global, foi determinada por amostr as constituídas de todas as frações do resíduo com porções
de aproximadamente 1000g, descartando-se materiais com dimensões avantajadas. Foi
calculada a umidade tanto para base seca como para base úmida conforme apresentado no
capítulo 02. O segundo tipo de umidade foi determinado para cada componente do resíduo
resultante da segregação manual para determinação da composição gravimétrica.

As amostras eram mantidas em estufa a 70ºC, até que se observasse constância de peso
das mesmas. Esta temperatura foi adotada com o objetivo de evitar a queima da matéria
orgânica. Em média o tempo para determinação das umidades variava de 48 a 72 horas.

3.3.2 - COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA

A determinação da composição gravimétrica para amostra coletada consistiu na separação


manual de cada componente do resíduo e sua quantificação podendo-se destacar : papéis,
têxteis, madeiras, plásticos, metais, vidros, pedras, borrachas e uma fração pastosa que é
constituída por matéria orgânica, solos e outros materiais que não puderam ser separados.

Após separados, os componentes estes eram armazenados em recipientes de alumínio e


sacos plásticos para aqueles em maiores quantidades. Eram pesados e determinados os teores
de umidade de cada um.

Figura 3.8 - Armazenamento dos diversos componentes da amostra de RSU.

69
Capítulo 03 - Metodologia

3.3.3 - ESTIMATIVA DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS E DISTRIBUIÇÃO DOS


COMPONENTES

A distribuição granulométrica das partículas foi realizada apenas para componentes


menores que 120mm segundo recomendações de KÖNIG & JESSBERGER (1997). Desta
forma procedeu-se a passagem de cada componente da amostra, secos a 70ºC em estufa,
através de uma série de peneiras (3”, 2”, 11/2”, 1”, 3/4”, 1/2”, 3/8”, 4,76mm, 2,0mm, 1,2mm e
0,6mm) e os componentes entre 3” e 120mm foram medidos diretamente com paquímetro,
adotando-se a maior dimensão. Os plásticos também foram medidos por meio de paquímetro.

Foram obtidas então as curvas granulométricas para cada componente, assim como do
resíduo global .

3.4 - ENSAIOS DE CARREGAMENTO DE PLACA – PLT

Três ensaios de carregamento de placa foram executados no topo da célula 01/02 do


Aterro Metropolitano Centro sendo todos diretamente sobre o resíduo.

Como as células ainda estão em operação, as camadas de cobertura são executadas apenas
para o controle da proliferação de vetores e do odor de forma que o material terroso é
simplesmente lançado e espalhado com trator de esteira, não recebendo qualquer controle de
compactação. Por este motivo não foram executados ensaios sobre a camada de cobertura.
Para o final de operação das células está previsto a execução de camada de cobertura formada
por diversas camadas conforme apresentado no item 2.4.5 do capítulo anterior.

Dos três ensaios executados, dois foram sobre resíduos com aproximadamente 2 anos e
meio de idade (PLT-01 e PLT-02) e um sobre resíduo com menos de 3 meses de deposição
(PLT-03).

O sistema de reação para aplicação das cargas, foi cedido pela LCL Engenharia e
Consultoria e era formado por um “skid” metálico, composto por duas vigas de aço com 7 m
de comprimento cada e dispostas paralelamente; quatro vigas de 80cm dispostas
transversalmente as duas anteriores, servindo de travamento para as mesmas; um perfil de aço
retangular vazado colocado no centro e abaixo das duas vigas maiores, onde o macaco
hidráulico era apoiado; dois blocos de concreto com quatro tirantes em cada um para o

70
Capítulo 03 - Metodologia

travamento das vigas. Além deste sistema foram adicionados mais quatro blocos de concreto
totalizando um sistema de reação capaz de suportar 20 toneladas.

A camada de solo de cobertura era escavada de forma semelhante à descrita na execução


do poço de inspeção descrita no item 3.2.3. Somente para o ensaio PLT01 houve necessidade
de escavação mecânica com uso de retroescavadeira.

Figura 3.9 - Sistema de reação do ensaio de carregamento de placa.

O sistema de referência para a leitura dos deslocamentos da placa era formado por um
tripé metálico (alumínio) com as sapatas apoiadas a uma distância mínima de 1,20m (1,5 φ da
placa) do centro da placa. A leitura era realizada por três sensores eletrônicos, conectados a
um receptor remoto para aquisição e transformação dos sinais em deslocamentos,
posteriormente enviados a um computador. O sistema de aquisição de dados foi cedido pelo
Laboratório de Geotecnia da UFBA, sendo o receptor de fabricação própria.

Após a retirada da camada de solo de cobertura a superfície do resíduo apresentava-se


sempre bastante irregular. Para garantir o contato completo da placa com os resíduos e
também, para que a mesma não ficasse desnivelada, era colocada uma camada de areia fina
entre a placa e a superfície do resíduo.

A placa tinha diâmetro de 79,9cm com área de 5.014cm2. A capacidade do macaco


hidráulico era de 24 toneladas e a leitura era feita por manômetro que já convertia a pressão
de óleo em carga.

71
Capítulo 03 - Metodologia

Figura 3.10 - Sistema de aquisição de dados do ensaio de carregamento de placa.

Inicialmente, procurou-se seguir os procedimentos descrit os na norma NBR 6489 – Prova


de Carga Direta sobre Terreno de Fundação, com leituras efetuadas logo após a aplicação de
carga em tempos sucessivamente dobrados (1min, 2min, 4min, 8min, 15min,30 min, 1h, 2h,
4h, etc.), só aplicando nova carga após a verificação da estabilização dos recalques, com
tolerância máxima de 5% do recalque total no respectivo estágio, entre leituras sucessivas.
Porém, verificou-se que a estabilização normalmente não era atingida com 4 horas de leitura o
que conduziria a ensaios com durações maiores que 48 horas.

Assim foi definido que o critério de estabilização dos recalques seria semelhante ao
prescrito na norma ASTM D1196, onde a aplicação de novas cargas é realizada após a
verificação da constância da diferença entre leituras suc essivas (a cada minuto) de 0,01mm
durante 3 minutos consecutivos. Em cada estágio era aplicado um incremento de carga de 2
toneladas.

Como o pistão do macaco hidráulico tinha um curso de somente 12 cm e os recalques


obtidos eram maiores que 20 cm, o ensaio era conduzido até próximo a abertura total do
pistão, realizando-se um descarregamento total com o fechamento do pistão através de um
sistema de rosca existente no próprio macaco permitindo o recarregamento até uma nova
abertura total do pistão. Com isso conseguiu-se atingir cargas máximas de 10 toneladas.

72
Capítulo 03 - Metodologia

3.5 - ANÁLISES DE ESTABILIDADE DE MACIÇOS DE RSU

3.5.1 - ANÁLISES DE ESTABILIDADE DO ATERRO METROPOLITANO CENTRO

Para a verificação da estabilidade dos maciços de RSU do AMC foi executada uma seção
experimental em um talude do aterro, realizando-se corte subvertical (aproximadamente 90º)
com altura média de 4,50m e extensão de 10m.

Foram instalados três marcos superficiais na crista do corte: dois distanciados 2 m de cada
borda e um na seção central. As medidas de recalques foram realizadas por topografia, assim
como as medidas de deslocamentos horizontais. O monitoramento dos recalques teve duração
de 37 dias, sendo 19 dias antes da aplicação da sobrecarga e 18 dias após a aplicação da
mesma. A seção teve que ser reaterrada por causa da elevação do nível de chorume na célula.

61.50

61.00

60.50

60.00

59.50

59.00
Escala de Cotas

58.50

58.00

57.50

57.00

56.50

56.00

55.50

55.00

54.50

54.00

53.50

53.00

Figura 3.11 - Modelado do terreno do antes da terraplenagem.

73
Capítulo 03 - Metodologia

Blocos de Concreto (sobrecarga)


61.50

Marcos Superficiais 61.00


60.50
60.00
59.50
59.00

Escala de Cotas
58.50
58.00
57.50
57.00
56.50
56.00
55.50
55.00
54.50
54.00
53.50
53.00

Figura 3.12 - Modelado do terreno após a terraplenagem e esquema dos marcos e


aplicação da sobrecarga.

A sobrecarga foi aplicada por blocos de concreto sobre uma extensão de 6 m ao longo da
crista, sendo o centro da aplicação coincidente com a seção central do corte. Com esta
configuração atingiu-se uma sobrecarga de 20kPa sobre a crista do talude.

Figura 3.13 - Vista geral do corte subvertical realizado no talude do aterro.

74
Capítulo 03 - Metodologia

Marco

Figura 3.14 - Marco superficial instalado na crista do corte realizado no aterro.

Por não existir ainda métodos adequados para análises de estabilidade de maciços de
RSU, optou-se pela utilização do método, já consagrado, de equilíbrio limite Bishop
Simplificado. As análises foram realizadas no programa computacional SLOPE/W. Admitiu-
se, também, que o RSU obedece ao modelo de Mohr -Coulomb.

Como não foi verificada a ruptura do talude experimental, foram feitas retro-análises na
seção central do corte, com uma sobrecarga de 0 e de 20kPa, admitindo-se, de modo
conservador, valores de segurança FS = 1,0. Nas análises foram usados valores de ângulo de
atrito para o RSU entre 15º e 35º com variação de 5º e calculados os valores de coesão
necessários para se obter o fator de segurança desejado (FS = 1,0).

De forma também conservadora, não foi considerado nenhum tipo de linha piezométrica
ou poropressão para a obtenção dos parâmetros de resistência.

75
Capítulo 03 - Metodologia

Foi analisado também o fator de segurança obtido para mesma seção e configuração
considerando que o RSU segue a função de resistência bilinear, proposta por
KAVAZANJIAN et al (1995), apresentada no capítulo 02.

Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira


Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Configuração das análises.slp
Última revisão: 6/7/2002
Método de Análise: Bishop (with Ordinary & Janbu)
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0
64

Sobrecarga (20 kPa)


62

60
1
58
Cota (m)

56

54

52 2

50

48
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura 3.15 - Seção central do corte realizado no AMC e configuração das superfícies de
rupturas analisadas (centros e raios) no programa SLOPE/W.

3.5.2 - ANÁLISE DA RUPTURA DO TALUDE DE RSU DO ATERRO DE


CANABRAVA

Durante o processo de investigação do projeto de remediação do antigo lixão pôde-se


observar uma ruptura localizada em um talvegue natural. A ruptura aconteceu em um período
chuvoso (em 1997) e um volume de aproximadamente 1.200m3, pesando 8.400kN, deslizou
sobre um talude de 16m de altura.

A ruptura ocorreu no contato entre a massa de lixo e solo que após a ruptura apresentava-
se bastante úmido (ver figura 3.16).

Com o objetivo de identificar as resistências mobilizadas no processo de escorregamento


procederam-se análises de estabilidade do maciço.

76
Capítulo 03 - Metodologia

Como não existiam registros topográficos da região antes do escorregamento algumas


considerações foram feitas para a determinação da geometria dos taludes. O terreno natural
foi levantado por topografia após a ruptura e foi admitido que os taludes dos maciços de RSU
tinham inclinações de 1V:2H, usuais em aterros sanitários. Foi considerado também que
existiam bermas a cada 5m de altura. A geometria final dos taludes, antes do escorregamento,
foi definida de forma que toda a região identificada no levantamento topográfico gerasse um
volume de resíduos de 1.200m3 (ver figura 3.17).

Figura 3.16 - Vista aérea do escorregamento da massa de lixo no Aterro de Canabrava.

Para as análises também foi utilizado o programa SOLPE/W e o método de Bishop


Simplificado. Foi considerado que o resíduo compactado tinha um peso específico de 7kN/m3.

Desta forma foram verificados os parâmetros de resistência necessários para se obter um


fator de segurança FS = 1,0 para as superfícies de ruptura definidas na seção da figura 3.18.

Na seção de análise foram considerados três materiais distintos: o resíduo em amarelo, um


material representando o contato resíduo-solo em verde claro e o solo natural em verde.

Verificados os parâmetros para a interface solo -resíduo, foram testadas diferentes


superfícies de ruptura e diferentes parâmetros de resistência do RSU de modo que, variando-
se o ângulo de atrito dentro da faixa de 15º e 35º, fossem obtidos valores de coesão mínimos

77
Capítulo 03 - Metodologia

para círculos de ruptura com fator de segurança menores ou iguais a 1 dentro da massa de
lixo.

66
Terreno Natural
64
62
60
RSU
58
56
C

54
52
50
48

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
DISTANCIA (m)

Figura 3.17 - Seção anterior a ruptura no Aterro de Canabrava utilizada nas análises de
estabilidade.
O

66

64 RSU
62 Interface
60
Solo Natural
58
Cota (m)

56

54

52

50

48

46
T

44

42
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47

Distancia (m)

Figura 3.18 - Seção utilizada nas análises da ruptura do Aterro de Canabrava e


configuração das superfícies de rupturas no programa SLOPE/W.

78
A
4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS

4.1 - INTRODUÇÃO

Neste capitulo serão apresentados os resultados dos ensaios realizados nas áreas
estudadas, bem como as análises de estabilidade dos maciços de RSU. Serão apresentadas,
também, as interpretações referentes aos resultados obtidos.

Vale ressaltar que no atual estágio das pesquisas realizadas com resíduos sólidos urbanos,
ainda não existem teorias e modelos capazes de representar de forma realista o complexo
comportamento dos mesmos. Desta forma, ainda é usual a utilização de conceitos da
Engenharia Geotécnica utilizados para solos.

Assim a adoção destes modelos teóricos e das técnicas operacionais de ensaios de campo
para solos, aliado à heterogeneidade e materiais de grandes dimensões, podem dar resultados
não confiáveis quando aplicados a resíduos sólidos urbanos. Isso impõe grande dificuldade na
interpretação dos resultados.

4.2 - INVESTIGAÇÕES DOS MACIÇOS

4.2.1 - SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO A PERCUSSÃO (SPT)

São apresentados nas figuras 4.1 e 4.2 os números de golpes obtidos nos ensaios
realizados no Aterro Metropolitano Centro e nas células experimentais do Aterro do Jóquei
Clube de Brasília.

Como explicado no capítulo anterior, nas sondagens realizadas nas células experimentais
foram medidos somente os números de golpes para a camada de RSU, tendo sido retirada a
camada de cobertura que variou de 40 a 60 cm. Os números de golpes do SPT foram medidos
de forma contínua, ou seja a cada 15 cm, tendo sido plotados os valores para os últimos 30 cm
(Nf) de cada 45cm. São apresentados os ensaios realizados a diferentes datas. Não foi
encontrado nível de percolado nas células.

79
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Para o ensaio realizado no Aterro Metropolitano Centro a camada de cobertura foi retirada
(50cm) e somente a uma profundidade de 15m foi encontrada outra camada de cobertura.
Também não foi encontrado nível de líquido percolado devido ao processo de avanço por
lavagem com circulação de água.

PENETRAÇÃO (GOLPES/30cm) PERFIL GRÁFICO NÍVEL PROF. DA

Nº GOLPES GRÁFICO E DE CAMADA Legenda:


1º e 2º 2º e 3º 10 20 30 40 Nº DE AMOSTRAS ÁGUA (M)

1 RSU
0,50
0 0
1
2

5 / 43 6 / 39 Silte Argiloso
2
3 com areia e
17 14 com pedregulho
3
4
8 6
4
5
6 / 32 6 / 32
5
6

Não encontrado
4 / 34 5 / 34
6
7
10 20
7
8
6 6
8
9
9 12
9
10
9 11
10
11
8 9
11
12
77 / 28 39
12
13
15 16
13
14
27 18
14
15
12 15
15,00 15
16
15,45
14 16
16

Figura 4.1 - Perfil de sondagem SPT do AMC.

80
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

SPT - Célula I SPT - Célula II SPT - Célula III

Número de Golpes Número de Golpes Número de Golpes


0 5 10 15 0 5 10 15 0 5 10 15 20
0,00 0,00 0,00

0,50 0,50
0,50
Profundidade (m)

1,00 1,00

Profundidade (m)

Profundidade (m)
1,00
1,50 1,50
1,50
2,00 2,00
2,00
2,50 2,50

3,00 2,50 3,00

3,50 3,00 3,50

Nf (06/02/01)
Nf (26/04/00) Nf (06/02/01) Nf (07/02/01)
Nf (19/09/01) Nf (19/09/01) Nf (19/09/01)

SPT - Célula IV SPT - Célula V

Número de Golpes Número de Golpes


0 5 10 15 0 5 10 15
0,00 0,00

0,50 0,50

1,00 1,00
Profundidade (m)

Profundidade (m)

1,50 1,50

2,00 2,00

2,50 2,50

3,00 3,00

3,50 3,50

Nf (07/02/01)
Nf (19/09/01) Nf (20/09/01)

Figura 4.2 - Número de golpes das sondagens nas Células experimentais do Aterro do
Jóquei Clube de Brasília.

De forma geral, observa-se uma tendência do aumento de resistência a penetração com a


profundidade tanto para o ensaio no AMC como nas células experimentais.

81
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Para o ensaio realizado no AMC o valor médio de SPT, utiliza ndo os valores de
penetração para os últimos 30 cm (Nf) e excluindo valores maiores que 20 golpes, foi de 11
golpes. Para as camadas superiores (profundidades menores que 8 m) o valor médio de SPT
foi de 9 golpes e para as camadas inferiores foi de 14 golpes.

Considerando todos os ensaios realizados nas células experimentais o valor médio


encontrado foi de 6 golpes. O valor médio para cada célula variou de 3 a 8 golpes,
considerando os ensaios realizados ao longo do tempo. Esses valores estão de acordo com os
valores encontrados na literatura.

Os valores de SPT menores encontrados para as células experimentais podem estar


associados a compactação dos resíduos, que por sua vez pode ter sido influenciada pelas
dimensões das células. No Aterro Metropolitano Centro é realizada uma boa compactação dos
resíduos obtendo-se valores de peso específico em torno de 10kN/m3. Não foram realizadas
determinações de peso específico do RSU para as células experimentais.

Considerando os valores médios da resistência à penetração (Nf) obtidos para os resíduos


sólidos e empregando as correlações existentes para solos arenosos entre N e φ, obteve -se
uma faixa de variação de 31º a 36º para o ângulo de atrito. Considerando o material
puramente coesivo (φ = 0), obteve -se valores de resistência não drenada variando de 30kPa a
140 kPa.

Com relação à variação da resistência à penetração ao longo do tempo a análise torna-se


difícil devido a heterogeneidade do material, não conduzindo a resultados completamente
confiáveis. Com relação às células experimentais as seguintes observações podem ser feitas
para cada célula:
§ Célula I (CI) – Os valores médios de SPT variaram de 8 golpes, em abril de 2000,
para 6 golpes, em setembro de 2001.
§ Célula II (CII) – Houve um crescimento no valor médio de SPT de 6 golpes, em
fevereiro de 2001, para 8 golpes em setembro de 2001.
§ Célula III (CIII) –O valor médio de SPT se manteve constante (7 golpes) no
período de monitoramento.
§ Célula IV (CIV) – Houve crescimento no valor médio de SPT de 3 para 5 golpes
no mesmo período da CII.

De forma intuitiva, por causa dos recalques e conseqüente aumento do peso específico dos
resíduos, é esperado que a resistência aumente com o tempo. Nas células CII e CIV, de forma

82
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

muito discreta, verificou-se este aumento pelo SPT. Verifica-se também que na célula CIV o
ganho de resistência foi maior, em torno de 70%, contra 45% da CII. Isto possivelmente
ocorreu por se tratar da única célula na qual o sistema de tratamento (cobertura granular) já
estava implantado no período de monitoramento, acelerando o processo de degradação e
recalques. Essa aceleração também foi confirmada por DELLABIANCA (2001) que
apresentou recalque em torno de 4% maior que as demais células para um período de 180
dias.

Porém o comportamento das células CI e CII I, aliado a grande heterogeneidade do


maciço, impedem a confirmação do ganho de resistência. Na célula CI verifica-se exatamente
o contrário, a resistência média à penetração diminuindo aproximadamente, 20% em cerca de
um ano e meio. Alguns autores propõem que essa perda de resistência ao longo do tempo é
resultado de degradação físico-química e biológica que ocorrem no RSU, enfraquecendo o
efeito reforço.

4.2.2 - ENSAIO DE PENETRAÇÃO CONTÍNUA – CPTU

Os resultados dos ensaios de penetração contínua com medida de poropressão (CPTU) são
apresentados nas figuras 4.4 a 4.5.

O ensaio CPTU-01 foi executado próximo ao local dos ensaios de carregamento de placa
PLT-01 e PLT-02, no topo da célula 01/02. O ensaio CPTU-02 foi executado ao lado da
sobrecarga da seção experimental (corte de 4,5m) no topo da célula 01/02. A localização do
ensaio CPTU-03 é próximo ao ensaio SPT realizado no AMC na berma superior da célula
01/02. Todos os ensaios foram realizados em resíduos de aproximadamente 2 anos e meio.

As leituras de poropressão iniciam sempre do valor de 100kPa, devido a possíveis leituras


negativas. As leituras para os primeiros 50cm são referentes a camada de solo de cobertura
em todos os ensaios.

De forma geral, foi possível executar os ensaios de sondagem, tanto a percussã o como de
penetração contínua, utilizando as técnicas consagradas pela mecânica dos solos, apesar das
dificuldades relacionadas à ultrapassagem de materiais de elevada resistência, deflexão das
hastes e baixo rendimento das perfurações.

As análises foram realizadas somente para a camada de RSU desprezando-se sempre a


camada de solo de cobertura (esp = 50cm).

83
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Resistência de Ponta Atrito Lateral

qc (MPa) fs (kPa)
0 2,5 5 7,5 10 12,5 0 50 100 150 200 250
0 0

1 1

2 2
Profundidade (m)

Profundidade (m)
3 3

4 4 fs=6,6p+22,0

5 5
qc=0,06+2,7
6 6

7 7

8 8

9 9

Razão de atrito Poro Pressão

f.ratio(%) u (kPa)
0% 5% 10% 15% 0 50 100 150 200 250
0 0

1 1

2 2
Profundidade (m)

3
Profundidade (m)

4 4

5 5

6 6
u = 11,3p+79
7 7

8 8

9 9

Figura 4.3 - Resultado do ensaio de penetração contínua CPTU-01 (topo da célula 01/02,
ao lado dos ensaios PLT-01 e PLT-02).

84
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Resistência de Ponta Atrito Lateral

qc (MPa) fs (kPa)
-2 2 6 10 14 18 22 0 50 100 150 200 250
0,000 0,000

2,000 2,000

4,000 qc=0,58p+0,94 4,000


Profundidade (m)

Profundidade (m)
6,000 6,000

8,000 8,000

10,000 10,000

12,000 12,000

14,000 14,000

16,000 16,000

18,000 18,000

Razão de Atrito Poro Pressão

F. Ratio (%) u (kPa)


0% 10% 20% 30% 40% 0 50 100 150 200 250
0,000 0,000

2,000 2,000

4,000 4,000
Profundidade (m)

6,000
Profundidade (m)

6,000

8,000 8,000

10,000 10,000

12,000 12,000

14,000 14,000

16,000 16,000
u = 7,15p+69,3
18,000 18,000

Figura 4.4 - Resultado do ensaio de penetração contínua CPTU-02 (topo da célula 01/02,
ao lado da sobrecarga da seção experimental).

85
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Resistência de Ponta Atrito Lateral

qc (MPa) fs (kPa)
0 4 8 12 16 20 0 50 100 150 200 250
0,000 0,000

2,000 2,000

qc=0,06p+2,88
Profundidade (m)

Profundidade (m)
4,000 4,000
fs = 3,31p+49,82

6,000 6,000

8,000 8,000

10,000 10,000

12,000 12,000

Razão de Atrito PORO PRESSÃO

F. Ratio (%) u (kPa)


0% 10% 20% 30% 40% 0 50 100 150 200 250
0,000 0,000

2,000 u=5,4p+90,1
2,000
Profundidade (m)

4,000
Profundidade (m)

4,000

6,000 6,000

8,000 8,000

10,000 10,000

12,000 12,000

Figura 4.5 - Resultado do ensaio de penetração contínua CPTU-03 (berma da célula


01/02, ao lado do SPT).

Observa -se que o cone freqüentemente encontra objetos rígidos, os quais produzem picos
na resistência de ponta medida. Os resultados obtidos são altamente variáveis com resistências

86
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

de ponta variando de 43MPa a 100kPa e uma faixa de valores de 462kPa a 0kPa para o atrito
lateral. Valores negativos foram encontrados para a resistência de ponta, porém foram
desprezados. Notou-se que estes valores apareciam depois que o cone atravessava objetos
mais rígidos, o que possivelmente causava descompressão do equipamento levando o
transdutor de pressão a efetuar leituras negativas.

Verifica -se uma leve tendência do aumento da resistência de ponta com a profundidade
(linhas de tendência em preto nas figuras 4.3 a 4.5). Há também um aumento do atrito lateral
com a profundidade. Para o ensaio CPTU-02 essa tendência só se verificou até a profundidade
de 10,25m, pois a esta profundidade o cone atravessou um objeto de grande resistência (43
MPa), quase o limite de leitura do transdutor que era de 50MPa. Pelo motivo explicado no
parágrafo anterior as leituras posteriores foram afetadas. Com relação ao atrito lateral neste
mesmo ensaio, até a profundidade citada houve decréscimo das tensões medidas, aumentando
após a mesma.

Os valores médios de resistência de ponta para os ensaio CPTU-01, CPTU-02 e CPTU-03


foram 2920kPa, 3560kPa e 3200kPa, respectivamente. A razão de atrito (atrito
lateral/resistência de ponta) média foi de 2,40%, 2,10% e 2,63%. A faixa de valores típica
para a resistência de ponta foi de 1000kPa a 5000kPa e da razão de atrito foi de 1,0% a 4%,
conforme pode-se verificar nos histrogramas apresentados nas figuras 4.6 e 4.7. Para estas
análises valores superiores a 12.000kPa para resistência de ponta e 21% para a razão de atrito
foram desprezados por situar em uma faixa três desvios padrões maiores que a média, além
dos valores negativos.

Plotando-se tanto a faixa típica como os valores médios na carta de Schmertmann (figura
4.8) observa-se a maior concentração na região equivalente a areias, areias argilosas e siltes.
Verifica-se pela própria carta que os valores obtidos estão de acordo com os valores
encontrados na literatura porém com maior variação.

De forma semelhante a realizada para o ensaio SPT os valores de ângulo de atrito obtidos
por correlações (solos arenosos) variam de 27º a 38º e os valores de resistência não drenada
(φ=0) de 80 a 400kPa.

Os valores de ângulo de atrito estimados por correlações, para solos arenosos estão bem
próximos aos apresentados por CARVALHO (1999) em ensaios realizados no aterro sanitário
do Bandeirantes (SP). Porém o autor ressalta que os mesmos apresentaram-se maiores que os

87
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

obtidos por meio de ensaios triaxiais consolidados drenados para uma deformação axial dos
resíduos de 20%.

300 25%

250 20%

Freqüência
200
15%
150
10%
100

50 5%

0 0%
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Limite Superior das Classes - qc (MPa)

Freqüência %

Figura 4.6 - Histograma de resistência de ponta obtido nos três ensaios CPTU.

400 35%
350 30%
300 25%
Freqüência

250
20%
200
15%
150
100 10%
50 5%
0 0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
10%
11%
12%

Limite Superior das Classes - Rf

Freqüência %

Figura 4.7 - Histograma de razão de atrito obtido nos três ensaios CPTU

CARVALHO (1999) apresenta uma correlação entre a resistência de ponta (qc) e a


resistência a penetração (N), demonstrada na figura 4.9. Além da correlação (qc = 0,53N) o
autor apresenta também a faixa correspondente a 90% de confiança dos valores médios
obtidos.

A figura 4.10 apresenta os valores de resistênc ia a penetração N obtidos no ensaio SPT


versus os valores da tendência de crescimento da resistência de ponta, na respectiva

88
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

profundidade do SPT, do ensaio CPTU-03, ambos realizados no AMC. Optou-se pela


utilização da tendência devido a grande variação pontual do valor de resistência de ponta.
Verifica-se que não foi possível estabelecer nenhuma correlação, obtendo-se uma reta de
inclinação praticamente nula.

Figura 4.8 - Dados dos ensaios CPTU plotados na carta de Schmertmann

Figura 4.9 - Correlação entre qc x N obtida por CARVALHO (1999).

89
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

4,0
3,5

qc (MPa)
3,0
y = 0,008x + 3,1416
2,5 2
R = 0,0565
2,0
0 5 10 15 20 25
N (SPT)

Intervalo de Confiança 90% Regressão

Figura 4.10 - Valores de resistência a penetração N obtidos no ensaio SPT versus os


valores da tendência de crescimento da resistência de ponta do ensaios CPTU-03.

Com relação aos valores de poropressão medidos verifica-se que, em média a uma
profundidade aproximada de 3,5m, há um crescimento linear dos valores. Esse aumento pode
ser ocasionado por um nível de chorume ou por pressão do biogás. Não é possível afirmar,
com certeza, que esse aumento corresponde somente a uma pressão do nível de chorume na
célula pois na realização do SPT não havia retorno da água de lavagem, indicando alta
permeabilidade do RSU na célula e também devido a possibilidade de influência de pressões
de gás. Porém vale ressaltar que o SPT foi realizado em um período seco, no qual
possivelmente o nível de chorume estava baixo e não sendo possível identificar também se na
profundidade existia algum dreno. Um indicativo da possibilidade desse crescimento
corresponder a presença de um elevado nível de chorume na célula é que a uma profundidade
de 4,5m em relação ao topo do ensaio CPTU-03 estava a cota inferior da seção experimental,
executada nas proximidades, e a mesma teve que ser reaterrada devido ao afloramento do
chorume na base do talude.

4.2.3 - DETERMINAÇÃO DO PESO ESPECÍFICO IN SITU

Como apresentado no item 3.2.3 foi executado um poço de inspeção para coleta de
amostras e determinação do peso específico in situ do resíduo.

O peso específico obtido foi 11,60kN/m3 e peso específico seco de 7,60kN/m3 (utilizando
a umidade global com base seca apresentada do item 4.3.1). Os valores obtidos por
acompanhamento topográfico, realizados após o encerramento da deposição de resíduos (2
anos e meio antes da realização dos ensaios) na célula 01/02, situavam-se entre os valores de

90
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

9 a 10kN/m3. Devido a processos de recalque e biodegradação o valor esperado para o peso


específico era maior, sendo confirmado pelo ensaio.

Valores de até 17kN/m3 são apresentados para resíduos com alto grau de compactação e
após adensamento dos resíduos (KÖNIG & JESSBERGER, 1997). CARAVALHO (1999)
apresenta, para resíduos com cerca de 15 anos de idade obtidos no aterro do Bandeirantes
(SP), valores entre 8 e 15kN/m3. SANTOS et al (1998) obtiveram, para o resíduo do aterro de
Muribeca (PE), uma faixa de peso específico entre 14 e 19kN/m3 , porém os autores alertam
que os valores foram maiores que o esperado devido a mistura com solo de cobertura.

Dentre os valores apresentados na literatura (ver tabela 2.5) verifica-se que o resíduo
apresenta-se com valor razoável por ser relativamente novo e com bom grau de compactação.

4.3 - ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS COLETADOS

4.3.1 - TEOR DE UMIDADE

O teor de umidade global para a amostra coletada foi determinado tanto em base seca
como em base úmida e os valores obtidos são 52,5% e 34,4%, respectivamente. Na tabela 4.1
é apresentado o teor de umidade de cada componente resultante da segregação manual
(composição gravimétrica). Pode -se observar a grande diferença dos valores de cada
constituinte, variando de 5% a 133% para o teor em base seca e de 5% a 57% para o teor em
base úmida.

Tabela 4.1 - Umidade dos componentes do RSU coletado


Umidade (%)
Componentes
Base Seca Base Úmida
Vidros 5,67% 5,37%
Texteis 51,13% 33,83%
Borrachas 133,33% 57,14%
Ossos 10,43% 9,44%
Metais 36,89% 26,95%
Pedras e Solo 13,03% 11,53%
Madeiras 60,45% 37,67%
Papeis 133,99% 57,26%
Fração Pastosa 37,99% 27,53%
Plásticos 30,32% 23,27%

91
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Vale frisar que o poço foi executado em um período seco, o que possibilita se encontrar
umidades mais elevadas em outras épocas.

Os valores apresentados na literatura são bastante variados. Como apresentado no item


2.7.4, o teor de umidade em um aterro depende da composição inicial do RSU, condições
climáticas, procedimentos operacionais, taxa de decomposição biológica e a capacidade e
performance do sistema de coleta de gás e chorume.

CARVALHO (1999) também observou diferenças marcantes na umidade obtida entre os


diversos constituintes, como por exemplo papel, madeira, têxteis e a pasta orgânica
apresentaram valores de umidade geralmente acima de 50% e componentes como vidro e
pedra abaixo de 15%.

4.3.2 - COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA

A figura 4.11 apresenta o resultado da composição gravimétrica para a amostra coletada


no poço de inspeção. A composição é calc ulada em termos do peso seco em estufa de cada
constituinte.

Nesta figura pode -se observar a existência de grande quantidade de madeira e plásticos. A
fração pastosa, que representa a matéria orgânica e outros materiais inertes como solo, teve
um percentual de 30,7% que apesar de ser a maior fração, não caracteriza bem a quantidade
de matéria orgânica esperada para os resíduos sólidos da região. Isso pode ser um indicativo
de degradação acelerada. Pode se comparar com a composição apresentada na figura 4.12, por
SANTOS & PRESA (1995) para os três municípios que depositam seus resíduos no Aterro
Metropolitano Centro.

Ossos
Texteis Borrachas
Vidros 1,3% 1,0%
0,0% Metais
2,9%
3,8%
Plásticos
Pedras e Solo
27,3% 9,3%

Madeiras
19,7%
Fração Pastosa Papeis
30,7% 4,0%

Figura 4.11 - Composição do RSU coletado

92
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Vidro 1,9% Metais 1,9% Texteis /


Plásticos Couro 1,9%
10,6% Inertes 0,4%

Papel /
Papelão 10,5%

Matéria
Orgânica
72,8%

Figura 4.12 - Composição gravimétrica média dos municípios de Salvador, Lauro de


Freitas e Simões Filhos (modificado de SANTOS & PRESA, 1995).

Verifica -se também a grande fração de plásticos e madeira (somadas resultam em 47% do
peso), confirmando a não representatividade da composição obtida. Este fato motivou a não
realização de demais determinações da composição média do resíduo do aterro, pois
demandaria um número grande de coleta de amostras, inviabilizada pelo tempo disponível
para estudo. A composição gravimétrica do resíduo já aterrado é bastante pontual, ou seja, é
influenciada pelo tipo de resíduo depositado em uma determinada região. Isso pôde ser
verificado através do acompanhamento da operação da frente de deposição de resíduos (frente
de serviço), onde se verificou a deposição localizada de materiais como o apresentado na
figura 4.13.

Figura 4.13 - Descarga de caminhão contendo somente material plástico.

93
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

4.3.3 - ESTIMATIVA DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS

A distribuição do tamanho das partículas de cada componente é apresentada na figura


4.14. A distribuição global do tamanho das partículas para todos os componentes é
apresentada na figura 4.15. Foram plotadas duas curvas de distribuição: uma incluindo o
percentual de plásticos e outra não. Os plásticos apresentaram sua totalidade com dimensões
acima de 120 mm por isso sua distribuição não é apresentada na figura 4.14.
Porcentagem que Passa Acumulada (%)

Porcentagem Retida Acumulada (%)


100 0
Fração Pastosa
90 10 Vidros
80 20 Plásticos

70 30 Madeiras

60 40 Papéis

50 50 Têxteis

40 60 Borrachas

Metais
30 70
Ossos
20 80
Pedras e Solo
10 90
0 100

0.10 1.00 10.00 100.00 1000.00


Diametros (mm)

Figura 4.14 - Curva granulométrica de cada componente da amostra de RSU coletada

Pelas curvas de cada constituinte pode-se verificar que a fração pastosa é a que contém
maior quantidade de finos, vindo em seguida os vidros. Isso pode ser explicado pela presença
de solos em sua composição. Com relação à curva de distribuição global apresentada na figura
4.15, pode -se verificar a influência da quantidade da fração plástica, aumentando a quantidade
de material grosseiro.

Desconsiderando a fração plástica, cerca de 60% dos grãos são maiores que 20mm e cerca
de 30% estão compreendidos entre 20 mm e 2mm. Observa-se na figura 4.15 que o resíduo
estudado está dentro da faixa de variação típica proposta por JESSBERGER (1994).

94
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Porcentagem que Passa Acumulada (%)


100 0

Porcentagem Retida Acumulada (%)


90 10

80 20

70 30

60 40

50 50

40 60

30 70

20 80

10 90

0 100

0.01 0.10 1.00 10.00 100.00 1000.00


Diametros (mm)

Global

Global s/ plásticos

Faixa sugerida por JESSEBERGER

Figura 4.15 - Curva granulométrica total da amostra de RSU coletada, com e sem
plásticos.

4.4 - ENSAIOS DE CARREGAMENTO DE PLACA – PLT

As figuras 4.16 a 4.18 apresentam os resultados obtidos a partir dos ensaios de


carregamento de placa realizados no AMC.

O ensaio PLT-01 foi realizado diretamente sobre o resíduo, com idade aproximada 2 anos
e meio, tendo sido retirada a camada de solo de cobertura de aproximadamente 30 cm de
espessura. A escavação da camada de cobertura foi realizada por retro-escavadeira, uma vez
que não se tinha noção da profundidade do resíduo.

Durante a realização do ensaio (PLT-01) o macaco hidráulico apresentou problemas ao


atingir a carga de 4 toneladas (tensão de 79kPa) necessitando o descarregamento neste estágio
para sua correção. O recarregamento foi realizado até a carga de 8 toneladas (tensão de
156kPa) quando o pistão do macaco atingiu sua abertura total, realizando-se, então, novo
descarregamento. A recuperação dos recalques após o descarregamento foi de
aproximadamente 6 cm. O segundo recarregamento foi realizado até a carga de 10 toneladas,
pois os recalques atingiram aproximadamente 12cm (abertura do pistão). O total dos recalques
foi de 23,9cm.

95
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Tensão (kPa)
0 40 80 120 160 200 240
0 0.00

20 1.25

40 2.50

60 3.75

80 5.00

Deformação (%)
Recalque (mm)
100 6.25

120 7.50

140 8.75

160 10.00

180 11.25

200 12.50

220 13.75

240 15.00

Figura 4.16 - Curva carga x recalque do ensaio PLT-01

Tensão (kPa)
0 40 80 120 160 200 240
0 0.00

20 1.25

40 2.50

60 3.75

80 5.00
Defomação (%)
Recalque (mm)

100 6.25

120 7.50

140 8.75

160 10.00

180 11.25

200 12.50

220 13.75

240 15.00

Figura 4.17 - Curva carga x recalque do ensaio PLT-02

96
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Tensão (kPa)
0 40 80 120 160 200 240
0 0.00

20 1.25

40 2.50

60 3.75

80 5.00

Defomação (%)
Recalque (mm)
100 6.25

120 7.50

140 8.75

160 10.00

180 11.25

200 12.50

220 13.75

240 15.00

Figura 4.18 - Curva carga x recalque do ensaio PLT-03

Os ensaios PLT-02 e PLT-03 também foram realizados diretamente sobre o resíduo, com
idades de 2,5 anos e 3 meses, respectivamente. O ensaio PLT-02 foi realizado próximo ao
PLT-01, como contra prova, devido os problemas ocorridoss durante a realização do primeiro
ensaio e, também, para verificar se houve influência do processo de escavação da camada de
cobertura.

Nos dois ensaios (PLT -02 e PLT-03) o carregamento foi realizado até uma carga de 6
toneladas (tensão de 118kPa) quando os recalques atingiam aproximadamente 10cm
necessitando o descarregamento devido a abertura do pistão. A recuperação das deformações
foi de 3 e 4cm respectivamente e o recarregamento atingiu cargas de 10 toneladas. Os
recalques totais foram aproximadamente 20cm nos dois ensaios.

A curvas de estabilização dos recalques para cada estágio dos ensaios são apresentadas no
apêndice A.

As deformações percentuais foram calculadas admitindo-se somente deformações


verticais com bulbo de tensões atingindo duas vezes o diâmetro da placa, ou seja as
deformações foram calculadas em relação a uma altura inicial de 1600mm. Na realidade,
existem também deformações laterais, porém com o objetivo de utilizar as teorias de solo de
maneira mais simples possível, a hipótese de condições oedométricas e bulbo de tensões
iguais a duas vezes o diâmetro da placa foram admitidos.

97
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Analisando-se as curvas pressão x recalque pode-se observar que a obtida no ensaio PLT-
01 demonstrou-se com comportamento bastante irregular (ver figura 4.16). Provavelmente
isto aconteceu devido aos problemas ocorridos na execução do ensaio, o que como dito
anteriormente motivou a execução do ensaio PLT-02, verificando-se, na Figura 4.17, que o
comportamento foi bem mais regular.

Como era de se esperar não foi possível verificar nenhuma evidência de ruptura para o
RSU nos três ensaios executados. Observa-se também que o comportamento pressão x
recalque é praticamente linear. Como a faixa de carregamento também foi pequena (até 10
toneladas ≈ 196kPa) não foi observada nenhuma tendência de ganho de resistência como
verificado em alguns ensaios triaxiais.

Plotando-se os resultados juntos, com a curva de PLT-01 apresentando apenas os


carregamentos, (ver figura 4.19) verifica -se que os recalques obtidos para PLT-01 foram
superiores tanto ao do ensaio PLT-02, que foi realizado sobre o mesmo tipo de resíduo (idade
de 2,5 anos), como do ensaio PLT-03, realizado sobre resíduo mais novo. Durante a retirada
do solo de cobertura no ensaio PLT-01, utilizando a retro-escavadeira, verificou-se que ao
atingir a camada de resíduos, estes (principalmente os plásticos) prendiam-se aos dentes do
equipamento, ocasionando um possível “afofamento” da camada de RSU.

Era esperado que os recalques do ensaio PLT-03 fossem maiores que os demais por este
ter sido executado em um resíduo de menor idade , passível de maiores recalques. Porém isso
não foi verificado, possivelmente pelo fato dos ensaios terem sido realizados em camadas
superficiais. Como os resíduos dos ensaios PLT-01 e PLT-02 são mais antigos, parte da
biodegradação já ocorreu, reduzindo matéria sólida (transformada em líquido e gás) e como
não existe nenhuma sobrecarga que provoque adensamento, os vazios inter-partículas podem
ter aumentado.

As pressões máximas (≈ 196kPa) foram alcançadas, com as hipóteses admitidas, a


deformações de 12,5% a 14,5%. Como geralmente não tem se verificado a ruptura através de
ensaios, tanto de laboratório como de campo, tem-se adotado deformações de 15% a 20%
para a determinação da resistência e de parâmetros do RSU. Desta forma, foi utilizado o valor
máximo obtido de 196 kPa para a determinação de parâmetros nas provas de carga realizadas.

Para determinação de parâmetros do RSU através de retro-análises, duas hipóteses foram


admitidas. A primeira foi a de resistência total dos resíduos apresentada no item 2.8.3 e a
segunda foi a teoria clássica de capacidade de carga de Terzaghi.

98
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Utilizando a equação 2.13 o valor de resistência não drenada (c 2) obtido é de 32kPa.

Tensão (kPa)
0 40 80 120 160 200 240
0 0.00

20 1.25
PLT 01
40 2.50
PLT 02

60 PLT 03 3.75

80 5.00

Deformação (%)
Recalque (mm)

100 6.25

120 7.50

140 8.75

160 10.00

180 11.25

200 12.50

220 13.75

240 15.00

Figura 4.19 - Curvas carga x recalque dos três ensaios PLT.

Para a teoria de Terzaghi foram feitas análises paramétricas, variando-se o ângulo de atrito
de 15º a 35º e calculando-se o valor de coesão necessária para uma carga de ruptura de 10
toneladas (98,1kN). Foram realizadas análises tanto considerando ruptura localizada como
generalizada. A ruptura generalizada é expressa pela equação:

Qrup = π .R 2 .(1,3.c.N c + γ .D.Nq + 0.6.γ .R.N γ ) (4.1)

onde:

Qrup = carga de ruptura em kN (admitida como 98,1 kN)


R = raio da fundação (R=0,4 m)
c = coesão em kPa
D = profundidade da fundação (admitida zero, desconsiderando a camada de cobertura)
γ = peso específico em kN/m3 (admitido como 11 kN/m3)
Nc , Nq e Nγ = coeficientes que dependem somente do ângulo de atrito (φ)

Os valores dos coeficientes Nc , Nq e Nγ , considerando uma fundação com base lisa (sem
aderência), podem ser calculados pelas equações:

99
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Nγ = 2.( N q − 1) tg φ (4.2)

  φ 
N c = cotg (φ ) . aθ 2tg 2  45º +  − 1 (4.3)
  2 

  φ 
N q = cotg (φ ).  aθ 2tg 2  45º +   (4.4)
  2 

π
.tg ( φ )
aθ = e 2 (4.5)

Para a ruptura localizada, Terzaghi sugere utilizar a mesma formulação porém adotar os
parâmetros do solo iguais a:

2 
φ * = atg  tg (φ ) 
 3  (4.6)
2
c* = c
3

Os valores de coesão obtidos para a faixa de variação admitida são apresentados na tabela
4.2.

Tabela 4.2 - Valores de coesão obtidos nas retro -análises paramétricas das provas de
carga.
Ângulo de Valores de Coesão (kPa)
atrito Ruptura Localizada Ruptura Generalizada
15º 27 13
20º 22 10
25º 17 6
30º 14 4
35º 10 1

O módulo de reação vertical (kv) bastante utilizado em métodos de análises de fundações


que utilizam a hipótese de Winkler, também pode ser determinado. Este módulo é utilizado
para solos supondo-se linear a relação pressão – recalque. No caso do RSU esta relação é
verificada e pode ser determinado por:

q
kv = (4.7)
w

Onde:

q = pressão aplicada

100
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

w = recalque obtido para q

Para as três provas de carga realizadas , utilizando a carga de 156 kPa e seu respectivo
recalque após 2 a 5 minutos de aplicação, obtém-se valores de kv 0,89 MPa/m, 1,08 MPa/m e
1,21 MPa/m, respectivamente.

Segundo LANDVA & CLARK (1990), para ensaios realizados sobre a camada de solo de
cobertura, valores de kv < 2 MPa/m estão associados a casos de baixa compactação da mesma
e valores de kv > 5 MPa/m estão associados a melhores compactações ou maiores espessuras.
SANTOS et al (1998) apresentaram resultados de provas de carga sobre placa realizadas (ver
figura 4.20) no Aterro da Muribeca (PE) sobre diferentes espessuras de solo de cobertura e
uma diretamente sobre o resíduo (PLT-N.1 = 0,82 m, PLT-N.2 = 0,60 m, PLT-N.3 = 0,80 m e
PLT-N.4 = 0 m). Os valores obtidos de kv foram respectivamente 9,09 MPa/m, 3,70 MPa/m,
7,93 MPa/m e 1,72 MPa/m. Os autores não apresentaram maiores informações sobre diâmetro
da placa utilizada nem sobre a idade do resíduo. Verifica-se que o módulo de reação obtido,
por estes autores, diretamente sobre o resíduo foi maior que os encontrados nas provas de
carga realizadas. Isto pode indicar uma maior compactação ou mesmo um maior adensamento
já ocorrido devido ao tempo e a degradação.

Figura 4.20 - Provas de carga sobre placa realizados no Aterro da Muribeca (SANTOS
et al, 1998).

Utilizando a teoria de solos para um meio elástico, homogêneo e semi-infinito pode-se


determinar o módulo de Young a partir da equação:

101
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

E = kv .(1 − υ 2 ).D (4.8)

Onde
υ = coeficiente de poisson
D = diâmetro da placa

CARVALHO (1999) através de ensaios cross-hole apresentou valores de coeficiente de


poisson para o Aterro do Bandeirantes variando de 0,15 a 0,4 com a profundidade. O valor
médio para os resíduos mais superficiais foi aproximadamente 0,32.

Adotando-se o valor do coeficiente de Poisson de 0,32 e utilizando os módulos de reação


calculados anteriormente obtêm-se para os ensaios PLT-01, PLT -02, PLT-03 valores de E
iguais a 0,64MPa, 0,78MPa e 0,87MPa, respectivamente. Adotando-se coeficiente de poisson
com valor nulo os módulos obtidos são 0,71MPa, 0,86MPa e 0,97MPa, respectivamente. O
valor do coeficiente de poisson zero foi admitido baseado nas deformações horizontais
medidas serem, em geral, praticamente nulas. Os valores obtidos foram inferiores ao
apresentado por SANTOS et al (1998) para a prova de carga realizada diretamente sobre o
resíduo que foi aproximadamente 2 MPa. Porém comparando-se os módulos de reação
obtidos com os apresentados pelos mesmos autores estes valores inferiores de Módulo de
Young são justificados.

4.5 - ANÁLISES DE ESTABILIDADE DE MACIÇOS DE RSU

4.5.1 - ANÁLISES DE ESTABILIDADE DO ATERRO METROPOLITANO CENTRO

Como explicado no item 3.5.1 para a análise de estabilidade de taludes do AMC foi
executada uma seção experimental com altura média de 4,5 m e ângulo de 90º.

Foi realizado o acompanhamento topográfico dos deslocamentos verticais e horizontais


dos marcos superficiais instalados na crista do talude, conforme apresentado na figura 3.12.

A tabela 4.3 apresenta os deslocamentos verticais dos marcos antes e depois da


implantação da sobrecarga. Não foi verificado nenhum deslocamento horizontal para o
período de monitoramento.

102
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Tabela 4.3 -Recalques dos marcos da seção experimental pelo levantamento topográfico.
DIAS CORRIDOS APÓS MARCO 01 MARCO 02 MARCO 03 MÉDIA MÉDIA ABSOLUTA
TERRAPLENAGEM (cm) (cm) (cm) (cm) (cm)
3 (referência) - - - - -
11 2,4 3,2 3,4 3,00 3,00
22 (sobrecarga c/ 19 dias) 3,4 5,2 5,3 4,63 7,63
28 2,6 1,8 2,0 2,13 9,86
37 2,0 1,0 2,5 1,83 11,69

Recalque Absoluto (cm)


12
9
6
3 Aplicação da sobrecarga

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (dias)

Figura 4.21 - Desenvolvimento dos recalques da seção experimental.

Pode-se verificar que não houve aumento dos recalques após a instalação da sobrecarga
(Figura 4.21). É importante frisar que estes recalques não foram separados dos recalques
normais da célula, ou seja, os recalques medidos englobam também os recalques devido ao
adensamento normal dos resíduos na célula, independentes do corte realizado. Pela grandeza
dos recalques verifica-se que não houve indicativos de ruptura no talude experimental
confirmados pelo não aparecimento de trincas na camada de solo de cobertura, que tinha
espessura aproximada de 50 cm. Isso confirma que as rupturas de maciços de RSU, caso
aconteçam, ocorrem a grande deformações.

Como a ruptura do talude não ocorreu, realizou-se análises paramétricas utilizando a


configuração apresentada na figura 3.15. Os ângulos de atrito admitidos variaram de 15º a 35º
e considerando fatores de segurança próximos a unidade (FS=1,0), foram calculadas as
coesões necessárias para a mobilização total da resistência.

As tabelas 4.4 e 4.5 apresentam os resulta dos das análises paramétricas considerando
sobrecarga nula e de 20 kPa. Verifica-se pelos resultados pouca influência da sobrecarga
utilizada. Porém, como toda a análise foi realizada de forma conservadora os valores
apresentados na tabela 4.5 são mais coerentes.

103
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Tabela 4.4 - Resultados das análises paramétricas da seção experimental


desconsiderando a sobrecarga (Q = 0 kPa).
ÂNGULO DE ATRITO - φ COESÃO FATOR DE SEGURANÇA
(graus) (KPa) FS
15 7,9 0,998
20 6,8 1,011
25 5,9 1,025
30 5,1 1,021
35 4,2 1,006

Tabela 4.5 -Resultados das análises paramétricas da seção experimental considerando a


sobrecarga (Q = 20 kPa).
ÂNGULO DE ATRITO - φ COESÃO FATOR DE SEGURANÇA
(graus) (KPa) FS
15 9,7 1,000
20 8,5 0,999
25 7,3 1,003
30 5,9 1,002
35 4,3 0,997

No apêndice B são apresentadas as superfícies de ruptura bem como as curvas de iso-fator


de segurança.

Foi realizada também uma análise de estabilidade da seção experimental considerando que
o RSU segue a envoltória de resistência proposta por KAVAZANJIAN et al (1995). A
envoltória proposta é bi-linear, tendo o RSU comportamento puramente coesivo (c=24kPa)
para tensões verticais menores que 30 kPa e para tensões maiores comportamento apenas
friccional com ângulo de atrito de 33º.

O fator de segurança obtido para esta análise foi FS=1,725. Este valor serve como um
indicativo a mais de que o talude experimental não estava próximo a ruptura. A superfície de
ruptura e as curvas de iso-fator de segurança obtidas são apresentadas na figura 4.22.

104
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira


Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) Função Kavazanjian.slp
Última revisão: 5/14/2002
Método de Análise: Bishop
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
1.725
Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Bilinear
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Cohesion: 24
Phi (graus): 28 Phi 1: 0
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
64 Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0

62

60
1
58
Cota (m)

56

54

52 2

50

48
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura 4.22 - Resultado da análise de estabilidade da seção experimental utilizando para


o RSU a envoltória de resistência bi-linear proposta por KAVAZANJIAN et al (1995).

Os valores de coesão obtidos nas análises paramétricas apresentam-se conservadores visto


que a ruptura não aconteceu e um fator FS = 1,0 foi admitido. Porém esses valores servem
como indicativo de que os valores recomendados na literatura muitas vezes são mais
conservadores ainda. Plotando-se os valores encontrados junto as faixas propostas (SINGH &
MURPHY, 1990 e PALMA, 1995) verifica-se a redução das faixas possibilitando a adoção de
valores de coesão mais altos nas análises de estabilidade. Na figura 4.23 verifica-se que a
faixa proposta por SANCHEZ-ALCITURRI (1993) foi reduzida a menos da metade, estando
os valores, abaixo da reta dos parâmetros encontrados nas análises paramétricas, muito
conservadores (área hachurada). A área sugerida por SINGH & MURPHY (1990) também
teve uma redução a partir de ângulos de atrito superiores a 23º. Foram calculados também os
fatores de segurança obtidos utilizando os valores de coesão máximos e mínimos da faixa
sugerida por estes autores que se apresentaram acima da reta das análises paramétricas. Os
fatores de segurança encontrados foram superiores a 1,4, indicando mais uma vez a
estabilidade do maciço.

105
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

80
Envoltórias propostas por Sanchez-Alciturri

70 Envóltória proposta por Singh&Murphy

Fatores de Segurança Máx. e Mín. da faixa de Singh&Murphy

Análises Paramétricas com FS=1,0 e q=20kPa


60
Área de parâmetros conservadores para RSU estudado
Coesão (kPa)

50
FS = 3.248

40
FS = 2.395 FS = 2.542
30

20 FS = 1.787
FS = 1.437

10

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Angulo de Atrito em Graus

Figura 4.23 – Avaliação das faixas de parâmetros de resistência propostas para RSU.

A Figura 4.24 apresenta os diversos valores de parâmetros encontrados nos ensaios e


análises realizadas. Observa-se que os parâmetros obtidos para o ensaio PLT considerando
que houve uma ruptura gene ralizada também se apresentaram conservativos, estando seus
pontos praticamente sobre ou abaixo da linha das análises paramétricas de estabilidade. Isto
era esperado visto que, as curvas de pressão x recalque não apresentaram nenhuma tendência
de ruptura e os valores máximos de pressão foram utilizados. Os resultados dos ensaios SPT e
CPT serviram como indicativo que o RSU possui comportamento granular, apresentando
ângulos de atrito superiores a 25º.

Analisando os valores de parâmetros para o resíduo de Sã o Paulo, apresentados por


CARVALHO (1999) na figura 2.39, verifica-se que há uma maior concentração de valores de
ângulo de atrito entre 20º e 30º e coesões superiores a 40 kPa. A partir da análise destas
informações, na Figura 4.24, é apresentada uma suge stão de área de parâmetros de resistência
para o RSU. Os valores de coesão foram limitados, de forma conservativa, aos valores
encontrados para a análise paramétrica das provas de carga sobre placa, considerando a
hipótese de ruptura localizada.

106
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

80
Envoltórias propostas por Sanchez-Alciturri

70 Envóltória proposta por Singh&Murphy

Análises Paramétricas com FS=1,0 e q=20kPa

Ensaios SPT e CPT


60
PLT Ruptura Localizada
Coesão (kPa)

PLT Ruptura Generalizada


50 Área Sugerida

40

30

20

10

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Angulo de Atrito em Graus
Figura 4.24 - Parâmetros de resistência dos diversos ensaios e análises e área sugerida de
parâmetros.

4.5.2 - ANÁLISE DA RUPTURA DO TALUDE DE RSU DO ATERRO DE


CANABRAVA

Poucos são os casos de ruptura de taludes de aterros sanitários relatados na literatura. A


maioria dos casos apresentados não indica superfícies de ruptura passando pelo interior do
maciço de RSU.

Como exemplo tem-se a ruptura apresentada por MITCHELL et al (1990) que


identificaram uma ruptura no aterro de Kettleman Hills, na Califórnia, ao longo das interfaces
do sistema de impermeabilização (liner com múltiplas camadas). A ruptura apresentou
movimentos horizontais da ordem de 11 m e verticais de 4,3 m. Trincas no solo de cobertura
eram claramente visíveis.

BENVENUTO & CUNHA (1991) para justificar a ruptura, durante um período chuvoso,
acontecida no sub-aterro AS-1 do aterro do Bandeirantes (SP), com superfície de ruptura
passando pelo maciço de resíduos, admitiu coeficientes de poropressão ru da ordem de 0,6, o
que indica ineficiência ou inexistência do sistema de drenagem e/ou coleta de gás.

107
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Desta forma é bastante improvável que as rupturas aconteçam com superfícies passando
exclusivamente por maciços de RSU.

A ruptura ocorrida em 1997 em um talude do aterro controlado de Canabrava indica mais


uma vez que as rupturas de maciços de RSU ocorrem em zonas de contato de materiais e
principalmente pela inexistência ou ineficiência de sistemas de drenagem.

Através de retro-análises verifica-se que para que uma ruptura ocorra no interior da massa
de lixo (Figura 4.25) parâmetros de coesão menores que 2 kPa são necessários para uma faixa
de ângulo de atrito de 15º a 35º. Esses valores são muito inferiores aos apresentados
anteriormente.

A ruptura ocorreu em um talvegue natural, com 16 m de altura, durante um período


chuvoso. A inclinação média do talude crítico, apresentado na figura 3.17, é de 27º. Através
de visita de campo e fotos aéreas, verificou-se que a ruptura ocorreu no contato solo-resíduo.
O solo apresentava-se saturado e através de retro-análises por equilíbrio limite, determinou-se,
admitindo-se coesão nula no material de interface, que o ângulo de atrito mobilizado foi de
20º. A superfície de ruptura de menor fator de segurança ocorreu ao longo de todo o contato e
a análise procedeu-se de forma semelhante a análises de talude infinito onde o centro da
superfície situa -se muito distante do talude e por este motivo não é apresentado na figura 4.26.

66

64 1.067

62

60

58

56
Cota (m)

54

52

50

48

46

44

42
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47

Distancia (m)

Figura 4.25 - Fator de segurança obtido (FS = 1,067) para rupturas internas no maciço
RSU com angulo de atrito de 15º e coesão de 1,5 kPa.

108
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

66

64

62

60

58

56
Cota (m)

54

52

50

48

46

44

42
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47

Distancia (m)

Figura 4.26 - Resultado da retro-análise da ruptura do Aterro de Canabrava. FS=0,996


C=0 kPa e φ = 20 º.

A ruptura ocorrida no aterro controlado de Canabrava (Salvador) serve como mais um


indicativo de que as análises de estabilidade de RSU devem ser realizadas de forma cautelosa,
sendo importante a utilização de critérios qualitativos, dando ênfase ao método de deposição e
a eficiência dos sistemas de drenagem.

4.5.3 - PROPOSTA DE GEOMETRI A E INCLINAÇÃO DE TALUDES PARA


MACIÇOS DE RSU

Foram realizadas análises paramétricas de diferentes conformações geométricas com o


objetivo de estabele cer inclinações de taludes de RSU estáveis e que otimizem a capacidade
de deposição de aterros sanitários do tipo trincheira / célula escavada e de superfície. Para
aterros do tipo depressão a topografia específica deve ser analisada, considerando-se
superfícies de ruptura preferenciais.

Foram estabelecidas três conformações geométricas para estudo. A primeira possui altura
do maciço de RSU acima da superfície do terreno de 20 m, com inclinações de taludes 1V:1H
e bermas de 6 m de comprimento a cada 10 m de altura. A segunda possui 30 m de altura
acima da superfície, talude também 1V:1H e bermas com 6 m de comprimento também a cada
10 m. A terceira possui altura de 30 m acima da superfície, talude com inclinação 1V:1.5H e
bermas com configuração semelhante as anteriores.

109
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Para alturas superiores a 30 m novas análises devem ser realizadas. A inclinação máxima
operacional para taludes de RSU, simplesmente com o uso de tratores de esteira, é de 1V:1H.
Taludes mais íngremes necessitam de escavações durante a execução. Por isso essa inclinação
foi utilizada. As bermas de equilíbrio foram colocadas a cada 10 m de altura com o objetivo
de minimizar a sua utilização. Em cada berma é necessário implementar drenagem superficial
e, devido aos grandes recalques existentes principalmente diferenciais, necessitam
constantemente de reparos em suas declividades, além de limpeza devido a carreamento dos
materiais dos taludes.

Para o solo natural foi adotado um ângulo de atrito de 25º e coesão de 10 kPa, porém
como nenhum dos círculos de ruptura atingem essa camada, nada influenciou nas análises.

As análises procederam de forma semelhante a todas as análises paramétricas realizadas


anteriormente. Variou-se o ângulo de atrito dentro da faixa sugerida na figura 4.24, de 20º a
35º, e calculou-se a coesão necessária para se obter um fator de segurança mínimo de FS =1,3.
Este fator foi admitido por não haver riscos maiores em aterros sanitários, como a existência
de residências, bem como a adoção conservadora das faixas sugeridas. Para as três geometrias
estudadas foram realizadas também, análises considerando um coeficiente ru = 0,2 com o
objetivo de simular efeitos de possíveis poropressões, tendo como resultado os valores de
coesão necessários para obter o fator de segurança desejado. O coeficiente ru funciona, nas
análises de equilíbrio limite, aplicando um valor de poropressão, na base de cada fatia,
 u 
corresponde ru vezes a tensão vertical  ru =  .
 σ1 

Os valores dos fatores de segurança e as coesões obtidos nas análises são apresentados nas
tabelas 4.6 a 4.8. Um valor mínimo de coesão de 5 kPa foi admitido.

Tabela 4.6 - Fatores de Segurança e Coesões obtidos nas análises paramétricas para
geometria 01 (1V:1H e H=20m).
Ângulo de ru = 0,0 ru = 0,2
atrito Coesão (kPa) F.S. Coesão (kPa) F.S.
20º 18 1,317 24 1,302
25º 12 1,299 19 1,314
30º 7 1,300 14 1,301
35º 5 1,352 10 1,318

110
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

Tabela 4.7 - Fatores de Segurança e Coesões obtidos nas análises paramétricas para
geometria 02 (1V:1H e H=30m).
Ângulo de ru = 0,0 ru = 0,2
atrito Coesão (kPa) F.S. Coesão (kPa) F.S.
20º 24 1,300 33 1,300
25º 16 1,310 27 1,330
30º 9 1,306 19 1,316
35º 5 1,389 13 1,329

Tabela 4.8 - Fatores de Segurança e Coesões obtidos nas análises paramétricas para
geometria 03 (1V:1,5H e H=30m).
Ângulo de ru = 0,0 ru = 0,2
atrito Coesão (kPa) F.S. Coesão (kPa) F.S.
20º 16 1,334 23 1,299
25º 7 1,307 16 1,311
30º 5 1,489 9 1,300
35º 5 1,764 5 1,381

As superfícies de ruptura obtidas e bem como as curvas de isso-fator de segurança são


apresentadas no apêndice C.

Plotando-se os valores obtidos no mesmo gráfico da figura 4.23 pode-se verificar se as


coesões obtidas estão dentro das faixas sugeridas, exceto H=30m 1V:1e ru= 0,2 (ver figura
4.26). Nota-se que para aterros com até 20 m de altura, inclinações de taludes de 1V:1H, são
aplicáveis,com bermas a cada 10m. Já para aterros com 30 m de altura torna-se necessário um
sistema de drenagem eficiente para que não ocorram poropressões elevadas. Com inclinações
de 1V:1,5H os valores de coesão obtidos estão no limite inferior da faixa sugerida, permitindo
seu alteamento.

Para estas inclinações uma atenção especial deve ser dada a problemas de erosão e
carreamento de finos, necessitando sistemas de proteção superficiais eficientes.

É importante frisar que as declividades dos taludes tendem a diminuir com o tempo
devido aos grandes recalques, o que possivelmente aumentem o fator de segurança.

111
Capítulo 04 – Apresentação e Análises dos Resultados

80
Envoltórias propostas por Sanchez-Alciturri

70 Envóltória proposta por Singh&Murphy

Análise Paramétrica Geometria 1H:1V e H=20m Ru=0

Análise Paramétrica Geometria 1H:1V e H=20m Ru=0.2


60
Análise Paramétrica Geometria 1H:1V e H=30m Ru=0
Coesão (kPa)

Análise Paramétrica Geometria 1H:1V e H=30m Ru=0.2


50
Análise Paramétrica Geometria 1.5H:1V e H=30m Ru=0

Análise Paramétrica Geometria 1.5H:1V e H=30m Ru=0.2


40 Área Sugerida

30

20

10

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Angulo de Atrito em Graus
Figura 4.27 - Parâmetros de resistência obtidos por análise paramétrica para as
geometrias propostas.

112
5 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

5.1 - CONCLUSÕES

Como resultado do trabalho apresentado, as seguintes conclusões foram estabelecidas:

§ Apesar das dificuldades relacionadas à presença de materiais mais resistentes,


deflexão das hastes e baixo rendimento das perfurações, é aceitável executar
investigações em maciços de resíduos sólidos urbanos utilizando técnicas
consagradas pela mecânica dos solos, tais como SPT e CPT.

§ Verificou-se a tendência do aumento da resistência à penetração nos ensaios SPT,


tanto no ensaio realizado no Aterro Metropolitano Centro (AMC) como nas
Células Experimentais no Aterro do Jóquei Clube. A mesma tendência foi
verificada nos ensaios CPTU, com relação à resistência de ponta, realizados no
AMC. Isto pode indicar uma maior densificação do material com a profundidade
devido a recalques e ao processo de degradação, conferindo maiores resistências
aos resíduos.

§ Com relação à variação da resistência à penetração ao longo do tempo os


resultados obtidos não possibilitaram análises completamente confiáveis. Duas das
células apresentaram crescimento no valor médio da resistência à penetração N,
com o tempo, o que pode indicar aumento na resistência. Porém uma das células
manteve o valor médio constante e a outra apresentou valor médio inferior ao
último ensaio realizado, não confirmando o comportamento das células anteriores.
Esta análise torna -se ainda mais complexa devido à heterogeneidade dos resíduos
domiciliares e pelos furos não serem realizados no mesmo ponto, e nem poderiam
ser.

§ Os valores de resistência a penetração N do SPT possibilitaram estimar, por


correlações usuais para solos arenosos, ângulos de atrito variando de 31º a 36º e
considerando o material puramente coesivo (correlações para solos argilosos)
obteve-se valores de resistência não drenada dentro de uma faixa de 30 kPa a 140
kPa. A utilização de resistências não drenadas em RSU ainda são questionáveis
devido às duvidas existentes quanto à permeabilidade dos resíduos.

113
Capítulo 05 – Conclusões e Sugestões para Pesquisas Futuras

§ Os valores de resistência de ponta do cone nos ensaios CPTU realizados no AMC,


possibilitaram estimar, com uso das mesmas correlações citadas no tópico anterior,
ângulos de atrito variando de 27º a 38º e valores de resistência não drenada (φ=0)
de 80 a 400 kPa.

§ Os valores de resistência de ponta e de razão de atrito (razão entre a resistência de


ponta e o atrito lateral) indicam que o resíduo estudado tem comportamento
semelhante ao de solos arenosos. Este comportamento pode ser identificado pela
carta de Schmertmann (figura 4.8).

§ As medidas de poropressão obtidas nos ensaios CPTU sugerem a existência de


nível hidrostático de chorume a uma profundidade de 4 m, possibilidade reforçada
pelo afloramento do mesmo na base da seção experimental. Isto é um indicativo da
possibilidade de aparecimento de poropressões no interior do aterro e de baixas
permeabilidades dos resíduos domiciliares.

§ A determinação da composição gravimétrica de resíduos aterrados tende a ser


pontual, devido à deposição localizada de resíduos contendo materiais específicos,
como por exemplo somente plásticos. Para uma determinação mais consistente, é
necessário um número grande de determinações e análises estatísticas.

§ As curvas pressão x recalque obtidas pelas provas de carga sobre placa,


confirmaram o comportamento obtido em laboratório para ensaios triaxiais, não
apresentando sinais de ruptura do resíduo. Devido às baixas cargas alcançadas, não
foi possível evidenciar ganho de resistência com as deformações.

§ Admitindo-se a carga última alcançada como a capacidade de carga do maciço de


RSU e utilizando a teoria clássica de Terzaghi, para ângulos de atrito de 15º, 20º,
25º, 30º, 35º obteve -se valores de coesão, para ruptura localizada, de 27 kPa, 22
kPa, 17 kPa, 14 kPa e 10 kPa respectivamente. Para ruptura generalizada os
valores de coesão foram 13 kPa, 10 kPa, 6 kPa, 4 kPa e 1 kPa.

§ As retro-análises realizadas na seção experimental possibilitaram a redução das


faixas de parâmetros propostas por SINGH & MURPHY (1990) e SANCHEZ-
ALCITURRI (1993), eliminando valores muito conservadores. A proposta de
SANCHEZ-ALCITURRI (1993) apresentou metade dos seus valores
conservadores para o resíduo estudado.

114
Capítulo 05 – Conclusões e Sugestões para Pesquisas Futuras

§ Com os valores obtidos pelas retro-análises e os valores obtidos pelas provas de


carga sobre placa foi possível sugerir nova faixa de parâmetros. Em todas as
análises foram admitidas situações ainda conservadoras. Nas retro-análises da
seção experimental foram admitidos fatores de segurança iguais a unidade, mesmo
não ocorrendo a ruptura. O mesmo aconteceu nas provas de carga, sugerindo que a
faixa proposta ainda é conservadora.

§ O escorregamento ocorrido no Aterro de Canabrava indica que os principais


mecanismos de ruptura de maciços de resíduos ocorrem por zonas de contato e
planos de fraqueza. Dificilmente rupturas ocorrem exclusivamente pelo maciço de
resíduos.

§ Após as análises dos dados obtidos, verificou-se a possibilidade de adoção de


inclinações 1V:1H (45º) para aterros de até 20 m de altura. Há a necessidade de
bermas de equilíbrio a cada 10 m de altura com extensão de 6 m. Para se obter um
fator de segurança FS = 1,3, as coesões necessárias, com coeficientes de
poropressão ru = 0 e ru = 0,2, situam-se dentro da faixa de parâmetros sugerida.
Para aterros com 30 m de altura e mesma inclinação dos taludes, verifica-se que
para ru = 0,2 os valores de coesão necessários situam-se fora da faixa sugerida.
Isto implica em uma necessidade de sistema de drenagem eficiente. Para esta
altura é sugerida então a adoção de inclinações 1V:1,5H, onde os valores de
coesão obtidos situam-se dentro da faixa sugerida.

5.2 - SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

§ Realização de novas provas de carga com equipamento de aplicação de carga que


suporte deslocamentos superiores a 30 cm buscando a ruptura do resíduo ou o
ganho de resistência com as deformações.

§ Provocar em campo a ruptura de taludes de aterros sanitários, de forma que


ocorram exclusivamente pelo maciço de RSU, para a verificação das deformações
que ocorrem e da real resistência mobilizada.

§ Realizar ensaios de cisalhamento direto, em campo, com amostras de grandes


dimensõ es.

115
Capítulo 05 – Conclusões e Sugestões para Pesquisas Futuras

§ Estudar a permeabilidade do resíduo à água como também a líquidos percolados,


executando ensaios in situ, verificando a possibilidade do aparecimento de
poropressões.

§ Verificar a influência da compactação na permeabilidade dos resíduos bem como


no processo de biodegradação.

§ Verificar a influência da poropressão gerada pelo biogás do aterro no


comportamento mecânico dos resíduos sólidos urbanos.

116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - 1980. Execução de Sondagens de Simples Reconhecimento dos solos. NBR 6484/80

ABNT - 1984. Prova de Carga Direta sobre Terreno de Fundação. NBR 6489/84

ABNT - 1987. Resíduos Sólidos: Classificação - NBR 10004/87.

ABNT - 1991. Ensaio de Penetração do Cone "in situ" (CPT). NBR 3406/91.

ABNT - 1997. Aterros de Resíduos Não Perigosos - Critérios para Projeto, Implantação e
Operação. NBR 13896/97.

ASTM - 1964. Standart Method for Non Repetitive Static Plate Load Test of Soil in Flexible
Pavements Components for Use in Evaluation and Design of Airport and Highway
Pavements. D1196-64.

BENVENUTO, C. & CUNHA, M.A. (1991). Escorregamento em Massa de Lixo no Aterro


Sanitário Bandeirantes em São Paulo. II Simpósio sobre Barragens de Rejeito e Disposição de
Resíduos - REGEO’91 - v.2, Rio de Janeiro / RJ, novembro, p.55-66.

BENVENUTO, C. (1995). A Concepção e Construção de Aterros Sanitários. III Simpósio


sobre Barragens de Rejeito e Disposição de Resíduos - REGEO’95, v.II, Ouro Preto/ MG,
p.551 - 561.

BIDONE, F.R.A. & POVINELLI, J. (1999). Conceitos Básicos de Resíduos Sólidos Urbanos.
São Carlos: EESC/USP, 120p.

BOSCOV, M. E. & ABREU, R. C. (2001). Aterros Sanitários. Previsão X Desempenho.


ABMS.

CARVALHO, M. F. (1999). Comportamento Mecânico de Resíduos Sólidos Urbanos. São


Paulo, 1999. 300p. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de
São Paulo.

CETESB (1993). Resíduos Sólidos Industriais. Trabalho elaborado pelo corpo técnico da
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. 2ª edição, São Paulo - 1993.

DELLABIANCA, S. M. (2001). Projeto, Execução e Monitoramento de Células


Experimentais com Aceleração da Degradação no Aterro do Jóquei Clube - DF. Dissertação
de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, DF,
150p.

DERRE, D. U. & PATTON, F. D. (1971). Slope Stability in Residual Soils. Fourth


Panamerican Conference, Porto Rico, p.87 - 170.

ENGECORPS - Corpo de Engenheiros Consultores (1996). Rel: 064-SSO-NOD-B173.


Estado da Arte dos Aterros Sanitários - Parte II, abril, 233p.

117
Referências Bibliográficas

GABR, M. A. & VALERO, S. N. (1995). Geotechnical Properties of Municipal Solid Waste.


Geotechnical Testing Journal, GTJODJ, v.18, nº18, June 1995, p.241-251.

GRISOLIA, M. & NAPOLEONI, Q. (1996). Geote chnical Characterization of Municipal


Solid Waste: Choice of Design Parameters. Proc of the Second International Congress on
Enviromental Geotechnics, Osaka, Japan, A.A.Balkema, 5-8 novembro 1996, v.2, p.642-646.

GRISOLIA, M.; NAPOLEONI, Q. & TANCREDI, G. (1995). Contribution to a Technical


Classification of MSW. Proceedings Sardinia 95, Fifth International Landfill Symposium,
S.Margherita di Pula, Cagliari, Italy, October 1995, p.761-768.

IPT (1995). Manual de Gerenciamento Integrado do Lixo Municipal. 1a Edição, São Paulo,
CEMPRE, 1995, 278p.

JESSBERGER, H. L. (1994). Geotechnical Aspects of Landfill Design and Construction.


Proc. Instn Civ. Engrs. Geotechnical. Engineering, v.107, April, pp. 99-113.

JUCÁ, J.F.; CABRAL, J. J. P. S; MONTEIRO, V. E. D; SANTOS, S. M. & PERRIER Jr., G.


S. (1997). Geotechnics of a Municipal Solid Waste Landfill in Recife, Brazil. Recent
Developments in Soil and Pavement Mechanics, Almeida (ed), Balkema, Rotterdam,
ISBN9054108851, p.429-436.

JUNQUEIRA, F.F. (2000). Análise do comportamento de resíduos sólidos urbanos e sistemas


dreno-filtrantes em diferentes escalas, com referência ao aterro do Jóquei Clube - DF. Tese de
Doutorado, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 289p.

KAVAZANJIAN, E.; MATASOVIC, N; BONAPARTE, R. & SCHMERTMAM, G.R.


(1995). Evaluation of MSW Properties for Seismic Analysis. Geoenviromental 2000.
Geotechnical Special Publication nº 46, ASCE, vol.2, pp1126-1142. Yalcin B. Acar and
David E. Daniel (eds), New Orleans.

KNOCHENMUS, G.; WOJNAROWICZ, M. & VAN IMPE (1998). Stability of Municipal


Solid Wastes. In: Proc. Of the Third International Congress on Enviromental Geotechnics,
Lisboa, Portugal, Sêco e Pinto (ed), Balkema, Rotterdam, ISBN 90 5809 006x, p.977-1000

KÖLSCH, F. (1993). The bearing Behaviour of Domestic Waste and Related Consequences
for Stability. Proceedings Sardinia 93, Fourth International Landfill Symposium, S.
Margherita di Pula, Cagliari, Italy, 11-15 october 1993, p.1393 - 1410.

KÖNIG, D. & JESSEBERGER, H. L. (1997). Waste Mechanics. In: ISSMFE Technical


Committee TC5 on Enviromental Geotechnics, p.35-76.

LANDVA, A. O. & CLARK, J. I. (1990). Geotechnics of Waste Fills. Geotechnics of Waste


Fills - Theory and Practice, ASTM STP 1070, Arvid Landva, G. David Knowle s, (ed),
American Society for Testing and Materials, Philadelphia, 1990, p.86 - 103.

LIMA, L. M. Q. (1988). Estudo da Influência da Reciclagem do Chorume na Aceleração da


Metanogênese em Aterro Sanitário. São Paulo, 1988. 230p. Tese (Doutorado) - Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

MACHADO, S. L.; CARVALHO, M. F. & VILAR, O. M. (2000). Towards Modelling the


Municipal Solid Waste Mechanical Behaviour .

118
Referências Bibliográficas

MARQUES, A. C. M. (2001). Compactação e Compressibilidade de Resíduos Sólidos


Urbanos. São Paulo, 2001. 408p. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo.

MITCHELL, J. K.; SEED, R. B. & SEED, H. B. (1990). Stability Considerations in the


design and Construction of Lined Waste Repositories. Geotechnics of Waste Fills - Theory
and Practice, ASTM STP 1070, Arvid Landva, G. David Knowles, (ed), American Society for
Testing and Materials, Philadelphia, 1990, p.209 - 224.

OLIVEIRA, F. J. P. (1991). Aterro Sanitário de Santo Amaro - Estudo de Estabilidade


Visando o Aumento da Capacidade de Deposição. II Simpósio sobre Barragens de Rejeito e
Disposição de Resíduos - REGEO’91 - v.2, Rio de Janeiro / RJ, novembro, p.351-366.

OLIVEIRA, F. J. P. (1995). Características Geotécnicas de Aterro Sanitário de Resíduos


Sólidos Urbanos. III Simpósio sobre Barragens de Rejeito e Disposição de Resíduos -
REGEO’95, v.II, Ouro Preto/ MG, p.563 - 576.

PALMA, J. H. (1995). Comportamiento Geotecnico de Vertederos Controlados de Residuos


Solidos Urbanos. Tesis Doctoral, tomo II, Escuela Tecnica Superior de Ingenieros de
Caminos, Canales Y Puertos, Universidad de Cantabria, 300p.

SANCHEZ - ALCITURRI, J. M.; PALMA, J. H.; CAÑIZAL, J. & SAGASETA, C. (1994).


Capacidad Portante de un Vertedero Controlado. Residuos Urbano e Industrial, nº 1, janeiro -
fevereiro 1994, Bilbao - Espanha, p.44-48.

SANCHEZ - ALCITURRI, J. M.; PALMA, J. H.; CAÑIZAL, J. & SAGASETA, C. (1993).


Mechanical Properties of Wastes in a Sanitary Landfill. Inc: Proc. International Conference
Green'93, Waste Disposal by Landfill - GREEN'93, Sarsby (ed) Balkema, Rotterdam, ISBN
90 5410 356 6, p. 357 - 363.

SANTOS, L. A. O. & PRESA, E. P. (1995). Compressibilidade de Aterros Sanitários


Controlados. III Simpósio sobre Barragens de Rejeito e Disposição de Resíduos - REGEO’95,
v.II, Ouro Preto/ MG, p.577 - 591.

SANTOS, S.M.; JUCÁ, J.F.T. & ARAGÃO, J.M.S. (1998). Geotechnical Properties of a
Solid Waste Landfill: Muribeca's Case. In:Proc. of the Third International Congress on
Environmental Geotechnics, v.1, Lisboa, Portugal, Sêco e Pinto (eds), Balkema, Rotterdam,
ISBN 90 5809 006x, pp. 181-184

SCHOMAKER, N. B. (1972).Construction techniques for sanitary landfills. Waste Age


Magazine, March/April, p.24-25; 42-44.

SINGH, S. & MURPHY, B. J. (1990). Evaluation of Slope Stability of Sanitary Landfills.


Geotechnics of Waste Fills - Theory and Practice, ASTM STP 1070, Arvid Landva, G. David
Knowles, (ed), American Society for Testing and Materials, Philadelphia, 1990, p.240 - 258.

SOWERS, G.F. (1968). Foundation Problems in Sanitary Landfills. Journal of the Sanitary
Engineering Division, ASCE, v.4, pp. 103-116.

TCHOBANOGLOUS, G.; THEISEN, H.; VIGIL, S. (1993). Integrated Solid Waste


Management Engineering Principles and Management Issues. McGraw-Hill, Inc., 1993, 978p.

119
Referências Bibliográficas

TRESSOLDI & CONSONI (1998). Disposição de Resíduos. Geologia de Engenharia, Dos


Santos Oliveira, A.M. & Alves De Brito, S.N. (eds), ABGE, São Paulo, Brasil, pp. 343-360.

WALTER, T. (1992). Problemas geotécnicos en la construccion de vertederos de residuos


solidos urbanos en Alemania. Com. III Simposio Nacional sobre Taludes y Laderas
Inestables, vol II, La Corunã, 20 al 23 deOctubre, pp 771-780.

120
APÊNDICE A

A-
CURVAS DE ESTABILIZAÇÃO DOS ESTÁGIOS
DAS PROVAS DE CARGA SOBRE PLACA

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

25
20
15
10
5
0
0 500 1000 1500 2000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média

Figura A.1 – Estabilização dos deslocamentos do estágio de carregamento com carga de


1 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

25
20
15
10
5
0
0 2000 4000 6000 8000 10000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.2 - Estabilização dos deslocamentos do estágio de carregamento com carga de


2 ton do ensaio PLT-01.

121
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
60

40

20

0
0 2000 4000 6000 8000 10000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.3 - Estabilização dos deslocamentos do estágio de carregamento com carga de


4 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

50
48
46
44
42
40
0 200 400 600 800 1000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.4 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de descarregamento com


carga de 2 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

50
40
30
20
10
0
0 1000 2000 3000 4000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.5 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de descarregamento com


carga de 0 ton do ensaio PLT-01.

122
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
40
30
20
10
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.6 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com carga


de 2 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

40
30
20
10
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.7 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com carga


de 4 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

50
40
30
20
10
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.8 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com carga


de 6 ton do ensaio PLT-01.

123
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
25
20
15
10
5
0
0 500 1000 1500 2000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.9 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com carga


de 8 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

50
49,5
49
48,5
48
47,5
0 100 200 300 400 500 600 700
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.10 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 6 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

50
49
48
47
46
0 100 200 300 400 500 600 700
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.11 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 4 ton do ensaio PLT-01.

124
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
60

40

20

0
0 100 200 300 400 500 600 700
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.12 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 2 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

100
80
60
40
20
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.13 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 0 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

25
20
15
10
5
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.14 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de recarregamento com


carga de 2 ton do ensaio PLT-01.

125
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
30

20

10

0
0 500 1000 1500 2000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.15 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de recarregamento com


carga de 4 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

20
15
10
5
0
0 500 1000 1500 2000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.16 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de recarregamento com


carga de 6 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

30

20

10

0
0 500 1000 1500 2000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.17 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de recarregamento com


carga de 8 ton do ensaio PLT-01.

126
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
60

40

20

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.18 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de recarregamento com


carga de 10 ton do ensaio PLT-01.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

30

20

10

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.19 - Estabilização dos deslocamentos do estágio de carregamento com carga de


2 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

40
30
20
10
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.20 - Estabilização dos deslocamentos do estágio de carregamento com carga de


4 ton do ensaio PLT-02.

127
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
50
40
30
20
10
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.21 - Estabilização dos deslocamentos do estágio de carregamento com carga de


6 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

46
44
42
40
38
36
0 200 400 600 800 1000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.22 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de descarregamento com


carga de 4 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

40
30
20
10
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.23 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de descarregamento com


carga de 2 ton do ensaio PLT-02.

128
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
25
20
15
10
5
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.24 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de descarregamento com


carga de 0 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

20
15
10
5
0
0 200 400 600 800 1000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.25 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com


carga de 2 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

20
15
10
5
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.26 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com


carga de 4 ton do ensaio PLT-02.

129
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
25
20
15
10
5
0
0 500 1000 1500 2000 2500
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.27 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com


carga de 6 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

50
40
30
20
10
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.28 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com


carga de 8 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

50
40
30
20
10
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.29 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com


carga de 10 ton do ensaio PLT-02.

130
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
50
40
30
20
10
0
0 200 400 600 800 1000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.30 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 8 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

50
40
30
20
10
0
0 200 400 600 800 1000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.31 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 6 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

40
30
20
10
0
0 200 400 600 800 1000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.32 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 4 ton do ensaio PLT-02.

131
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
30

20

10

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.33 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 2 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos

Tempo (seg)
0 200 400 600 800 1000
Deslocamento (mm)

0
-10
-20
-30
-40

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.34 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 0 ton do ensaio PLT-02.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

30

20

10

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.35 - Estabilização dos deslocamentos do estágio de carregamento com carga de


2 ton do ensaio PLT-03.

132
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
50
40
30
20
10
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.36 - Estabilização dos deslocamentos do estágio de carregamento com carga de


4 ton do ensaio PLT-03.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

60

40

20

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.37 - Estabilização dos deslocamentos do estágio de carregamento com carga de


6 ton do ensaio PLT-03.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

50
40
30
20
10
0
0 200 400 600 800 1000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.38 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de descarregamento com


carga de 4 ton do ensaio PLT-03.

133
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
50
40
30
20
10
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.39 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de descarregamento com


carga de 2 ton do ensaio PLT-03.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

30

20

10

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.40 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de descarregamento com


carga de 0 ton do ensaio PLT-03.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

20
15
10
5
0
0 200 400 600 800 1000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.41 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com


carga de 2 ton do ensaio PLT-03.

134
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
20
15
10
5
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.42 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com


carga de 4 ton do ensaio PLT-03.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

25
20
15
10
5
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.43 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com


carga de 6 ton do ensaio PLT-03.

Estabilização dos Deslocamentos


Deslocamento (mm)

80
60
40
20
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.44 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com


carga de 8 ton do ensaio PLT-03.

135
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

Deslocamento (mm)
80
60
40
20
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.45 - Estabilização dos deslocamentos do 1º estágio de recarregamento com


carga de 10 ton do ensaio PLT-03.

Estabilização dos Deslocamentos

0 200 400 600 800 1000


Deslocamento (mm)

0
-0,5
-1
-1,5
-2
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.46 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 8 ton do ensaio PLT-03.

Estabilização dos Deslocamentos

0 200 400 600 800 1000


Deslocamento (mm)

0
-2
-4
-6
-8
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.47 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 6 ton do ensaio PLT-03.

136
Apêndice A

Estabilização dos Deslocamentos

0 200 400 600 800 1000

Deslocamento (mm)
0

-5

-10

-15
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.48 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 4 ton do ensaio PLT-03.

Estabilização dos Deslocamentos

0 200 400 600 800 1000 1200


Deslocamento (mm)

-10

-20

-30
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.49 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 2 ton do ensaio PLT-03.

Estabilização dos Deslocamentos

0 200 400 600 800 1000


Deslocamento (mm)

0
-10
-20
-30
-40
Tempo (seg)

Sensor 01 Sensor 03 Média Sensor 02

Figura A.50 - Estabilização dos deslocamentos do 2º estágio de descarregamento com


carga de 0 ton do ensaio PLT-03.

137
APÊNDICE B

B - ANÁLISES PARAMÉTRICAS - SEÇÃO EXPERIMENTAL


Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira
Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) PHI = 15 FS = 1,0 Q = 0.slp
Última revisão: 3/26/2002
Método de Análise: Bishop
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Coesão (kPa): 7.9
Phi (graus): 28 Phi (graus): 15
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
64 Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0
0.998
62

60 1
58
Cota (m)

56

54

52
2
50

48
-11 -9 -7 -5 -3 -1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura B.1 - Superfície de ruptura da retro-análise para φ = 15º e q = 0 kPa. Obtidos


c=7,9 kPa e FS = 0,998.
Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira
Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) PHI = 20 FS = 1,0 Q = 0.slp
Última revisão: 3/26/2002
Método de Análise: Morgenstern-Price
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Coesão (kPa): 6.8
Phi (graus): 28 Phi (graus): 20
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
64 Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0
1.011
62

60 1
Cota (m)

58

56

54

52 2

50

48
-11 -9 -7 -5 -3 -1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura B.2 - Superfície de ruptura da retro-análise para φ = 20º e q = 0 kPa. Obtidos


c=6,8 kPa e FS = 1,011.

138
Apêndice B

Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira


Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) PHI = 25 FS = 1,0 Q = 0.slp
Última revisão: 3/26/2002
Método de Análise: Morgenstern-Price
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Coesão (kPa): 5.9
Phi (graus): 28 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
1.025
64 Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0

62

60 1
58
Cota (m)

56

54

52
2
50

48
-11 -9 -7 -5 -3 -1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura B.3 - Superfície de ruptura da retro-análise para φ = 25º e q = 0 kPa. Obtidos


c=5,9 kPa e FS = 1,025.

Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira


Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) PHI = 30 FS = 1,0 Q = 0.slp
Última revisão: 3/26/2002
Método de Análise: Morgenstern-Price
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Coesão (kPa): 5.1
Phi (graus): 28 Phi (graus): 30
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
64 1.021 Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0

62

60 1
Cota (m)

58

56

54

52 2
50

48
-11 -9 -7 -5 -3 -1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura B.4 - Superfície de ruptura da retro-análise para φ = 30º e q = 0 kPa. Obtidos


c=5,1 kPa e FS = 1,021.

139
Apêndice B

Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira


Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) PHI = 35 FS = 1,0 Q = 0.slp
Última revisão: 3/26/2002
Método de Análise: Morgenstern-Price
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Coesão (kPa): 4.2
Phi (graus): 28 Phi (graus): 35
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
64 1.006 Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0

62

60 1
58
Cota (m)

56

54

52 2
50

48
-11 -9 -7 -5 -3 -1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura B.5 - Superfície de ruptura da retro-análise para φ = 35º e q = 0 kPa. Obtidos


c=4,2 kPa e FS = 1,006.

Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira


Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) PHI = 15 FS = 1,0 Q=20.slp
Última revisão: 4/30/2002
Método de Análise: Bishop
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
1.000 Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Coesão (kPa): 9.7
Phi (graus): 28 Phi (graus): 15
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
64
Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0

62

60
1
58
Cota (m)

56

54

52 2

50

48
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura B.6 - Superfície de ruptura da retro-análise para φ = 15º e q = 20 kPa. Obtidos


c=9,7 kPa e FS = 1,000.

140
Apêndice B

Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira


Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) PHI = 20 FS = 1,0 Q=20.slp
Última revisão: 4/30/2002
Método de Análise: Bishop
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
0.999 Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Coesão (kPa): 8.5
Phi (graus): 28 Phi (graus): 20
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
64 Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0

62

60
1
58
Cota (m)

56

54

52 2

50

48
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura B.7 - Superfície de ruptura da retro-análise para φ = 20º e q = 20 kPa. Obtidos


c=8,5 kPa e FS = 0,999.

Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira


Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) PHI = 25 FS = 1,0 Q=20.slp
Última revisão: 4/30/2002
Método de Análise: Bishop
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
1.003 Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Coesão (kPa): 7.3
Phi (graus): 28 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
64 Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0

62

60
1
58
Cota (m)

56

54

52 2

50

48
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura B.8 - Superfície de ruptura da retro-análise para φ = 25º e q = 20 kPa. Obtidos


c=7,3 kPa e FS = 1,003.

141
Apêndice B

Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira


Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) PHI = 30 FS = 1,0 Q=20.slp
Última revisão: 4/30/2002
Método de Análise: Bishop
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
1.002 Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Coesão (kPa): 5.9
Phi (graus): 28 Phi (graus): 30
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
64 Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0

62

60
1
58
Cota (m)

56

54

52 2

50

48
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura B.9 - Superfície de ruptura da retro-análise para φ = 30º e q = 20 kPa. Obtidos


c=5,9 kPa e FS = 1,002.

Descrição: Análise do Carregamento da Trincheira


Comentários: Trincheira escavada na junção das células1/2 e 3/4
Arquivo: Seção Central da Trincheira (M2) PHI = 35 FS = 1,0 Q=20.slp
Última revisão: 4/30/2002
Método de Análise: Bishop
Trincas de Tração: (none)

Material: 1 Material: 2
Descrição: Solo de Cobertura Descrição: Resíduos Sólidos Urbanos
0.997 Modelo: Mohr-Coulomb Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16 Peso Específico (kN/m³): 11
Coesão (kPa): 5 Coesão (kPa): 4.3
Phi (graus): 28 Phi (graus): 35
Linha Piezométrica#: 0 Linha Piezométrica#: 0
64 Poro Pressão de Ar: 0 Poro Pressão de Ar: 0

62

60
1
58
Cota (m)

56

54

52 2

50

48
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Distancia (m)

Figura B.10 - Superfície de ruptura da retro-análise para φ = 35º e q = 20 kPa. Obtidos


c=4,3 kPa e FS = 0,997.

142
APÊNDICE C
C-
ANÁLISES PARAMÉTRICAS
PROPOSTA DE GEOMETRIA PARA TALUDES DE RSU
1.317

24

20

16

12

8
Elevação (m)

Material: 1
Descrição: RSU
4
Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 12
0
Coesão (kPa): 18
Material: 2 Phi (graus): 20
-4 Descrição: Solo Linha Piezométrica #: 0
Modelo: Mohr-Coulomb
-8 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-12 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica #: 0
-16

-20

-24
-18 -14 -10 -6 -2 2 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42 46 50 54

Distancia Horizontal (m)


Figura C.1 – Superfície de ruptura para talude s com inclinações 1V:1H, altura de aterro
de 20 m, φ = 20º e ru = 0. Obtidos c = 18 kPa e FS = 1,317.
1.299

22

18

14

10

6 Solo: 1
Descrição: RSU
Elevação (m)

Modelo: Mohr-Coulomb
2
Peso Específico (kN/m³): 12
Coesão (kPa): 12
-2 Phi (graus): 25
Solo: 2 Linha Peizométrica #: 0
-6 Descrição: Solo
Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16
-10 Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 25
-14 Linha Peizométrica #: 0

-18

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52

Distancia Horizontal (m)

Figura C.2 - Superfície de ruptura para talude s com inclinações 1V:1H, altura de aterro
de 20 m, φ = 25º e ru = 0. Obtidos c = 12 kPa e FS = 1,299.

143
Apêndice C

1.300

22

18

14

10

Material: 1
6 Descrição: RSU
Elevação (m)

Modelo: Mohr-Coulomb
2 Peso Específico (kNm³): 12
Coesão (kPa): 7
-2 Phi (graus): 30
Material: 2
Linha Piezométrica #: 0
-6 Descrição: Solo
Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kNm³): 16
-10
Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 25
-14 Linha Piezométrica #: 0

-18

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52

Distancia Horizontal (m)

Figura C.3 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de aterro
de 20 m, φ = 30º e ru = 0. Obtidos c = 7 kPa e FS = 1,300.

1.352

22

18

14

10

Material: 1
6
Descrição: RSU
Elevação (m)

Modelo: Mohr-Coulomb
2 Peso Específico (kN/m³): 12
Coesão (kPa): 5
-2 Phi (graus): 35
Material: 2 Linha Piezométrica #: 0
-6 Descrição: Solo
Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica #: 0
-18

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52

Distancia Horizontal (m)

Figura C.4 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de aterro
de 20 m, φ = 35º e ru = 0. Obtidos c = 5 kPa e FS = 1,352.

144
Apêndice C

1.302

22

18

14

10
Material: 1
Descrição: RSU
6
Modelo: Mohr-Coulomb
Elevação (m)

Peso Específico (kN/m³): 12


2
Coesão (kPa): 24
Phi (graus): 20
-2
Material: 2 Linha Piezométrica #: 0
Descrição: Solo Ru: 0.2
-6
Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16
-10
Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 25
-14
Linha Piezométrica #: 0
Pore-Air Pressure: 0
-18

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52

Distancia Horizontal (m)

Figura C.5 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de aterro
de 20 m, φ = 20º e ru = 0,2. Obtidos c = 24 kPa e FS = 1,302.

1.314

22

18

14

10
Material: 1
Descrição: RSU
6
Modelo: Mohr-Coulomb
Elevação (m)

Peso Específico (kN/m³): 12


2
Coesão (kPa): 19
Phi (graus): 25
-2 Material: 2 Linha Piezométrica #: 0
Descrição: Solo Ru: 0.2
-6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16
-10
Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 25
-14
Linha Piezométrica #: 0
Pore-Air Pressure: 0
-18

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52

Distancia Horizontal (m)

Figura C.6 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de aterro
de 20 m, φ = 25º e ru = 0,2. Obtidos c = 19 kPa e FS = 1,314.

145
Apêndice C

1.301

22

18

14

10
Material: 1
Descrição: RSU
6
Modelo: Mohr-Coulomb
Elevação (m)

Peso Específico (kN/m³): 12


2
Coesão (kPa): 14
Phi (graus): 30
-2 Material: 2 Linha Piezométrica #: 0
Descrição: Solo Ru: 0.2
-6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16
-10 Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 25
-14
Linha Piezométrica #: 0
Pore-Air Pressure: 0
-18

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52

Distancia Horizontal (m)

Figura C.7 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de aterro
de 20 m, φ = 30º e ru = 0,2. Obtidos c = 14 kPa e FS = 1,301.
1.318

22

18

14

10 Material: 1
Descrição: RSU
6 Modelo: Mohr-Coulomb
Elevação (m)

Peso Específico (kN/m³): 12


2
Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 35
-2 Material: 2 Linha Piezométrica #: 0
Descrição: Solo Ru: 0.2
-6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16
-10
Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 25
-14
Linha Piezométrica #: 0
Pore-Air Pressure: 0
-18

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52

Distancia Horizontal (m)

Figura C.8 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de aterro
de 20 m, φ = 35º e ru = 0,2. Obtidos c = 10 kPa e FS = 1,318.

146
Apêndice C

1.300

26

22

18

14

10
Material: 1
Elevação (m)

6 Descrição: RSU
Modelo: Mohr-Coulomb
2 Peso Específico (kN/m³): 12
Coesão (kPa): 24
-2 Phi (graus): 20
Material: 2 Linha Piezométrica #: 0
-6 Descrição: Solo
Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica #: 0
-18

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.9 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de aterro
de 30 m, φ = 20º e ru = 0. Obtidos c = 24 kPa e FS = 1,300.

1.310

30

26

22

18

14

10
Elevação (m)

Material: 1
6 Descrição: RSU
Modelo: Mohr-Coulomb
2 Peso Específico (kN/m³): 12
Coesão (kPa): 16
-2 Phi (graus): 25
Material: 2
Linha Piezométrica #: 0
-6 Descrição: Solo
Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica #: 0
-18

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.10 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de
aterro de 30 m, φ = 25º e ru = 0. Obtidos c = 16 kPa e FS = 1,310.

147
Apêndice C

1.306

30

26

22

18

14
Material: 1
Elevação (m)

10
Descrição: RSU
6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 12
2 Coesão (kPa): 9
Material: 2 Phi (graus): 30
-2
Descrição: Solo Linha Piezométrica #: 0
-6 Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica #: 0
-18

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.11 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de
aterro de 30 m, φ = 30º e ru = 0. Obtidos c = 16 kPa e FS = 1,306.

1.389

30

26

22

18

14
Elevação (m)

10 Material: 1
Descrição: RSU
6 Modelo: Mohr-Coulomb
2 Peso Específico (kN/m³): 12
Coesão (kPa): 5
-2 Material: 2 Phi (graus): 35
Descrição: Solo Linha Piezométrica #: 0
-6
Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-14
Phi (graus): 25
-18 Linha Piezométrica #: 0

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.12 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de
aterro de 30 m, φ = 35º e ru = 0. Obtidos c = 5 kPa e FS = 1,389.

148
Apêndice C

1.300

30

26

22

18

14
Elevação (m)

10 Material: 1
Descrição: RSU
6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 12
2 Coesão (kPa): 33
Phi (graus): 20
-2 Linha Piezométrica #: 0
Material: 2 Ru: 0.2
-6 Descrição: Solo
Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica #: 0
-18 Pore-Air Pressure: 0

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.13 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de
aterro de 30 m, φ = 20º e ru = 0,2. Obtidos c = 33 kPa e FS = 1,300.

1.330

30

26

22

18

14
Elevação (m)

10
Material: 1
Descrição: RSU
6
Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 12
2
Coesão (kPa): 27
Phi (graus): 25
-2
Material: 2 Linha Piezométrica #: 0
Descrição: Solo Ru: 0.2
-6
Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica #: 0
-18 Pore-Air Pressure: 0

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.14 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de
aterro de 30 m, φ = 25º e ru = 0,2. Obtidos c = 27 kPa e FS = 1,330.

149
Apêndice C

1.316

30

26

22

18

14

Material: 1
Elevação (m)

10
Descrição: RSU
6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 12
2 Coesão (kPa): 19
Phi (graus): 30
-2 Linha Piezométrico #: 0
Material: 2 Ru: 0.2
-6 Descrição: Solo
Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
Linha Piezométrico #: 0
-18 Pore-Air Pressure: 0

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.15 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de
aterro de 30 m, φ = 30º e ru = 0,2. Obtidos c = 19 kPa e FS = 1,316.
1.329

30

26

22

18

14

10 Material: 1
Elevação (m)

Descrição: RSU
6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 12
2 Coesão (kPa): 13
Phi (graus): 35
-2 Material: 2
Linha Piezométrica #: 0
Descrição: Solo
Ru: 0.2
-6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16
-10 Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 25
-14
Linha Piezométrica #: 0
-18 Pore-Air Pressure: 0

-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.16 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1H, altura de
aterro de 30 m, φ = 35º e ru = 0,2. Obtidos c = 13 kPa e FS = 1,321.

150
Apêndice C

1.334

30
26
22
18
14
Material: 1
Elevação (m)

10 Descrição: RSU
6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 12
2
Coesão (kPa): 16
-2 Material: 2 Phi (graus): 20
Descrição: Solo Linha Piezométrica #: 0
-6
Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
-14 Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 25
-18
Linha Piezométrica #: 0
-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.17 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1,5H, altura de
aterro de 30 m, φ = 20º e ru = 0. Obtidos c = 16 kPa e FS = 1,334.

1.307

30
26
22
18
14
Material: 1
Elevação (m)

10 Descrição: RSU
6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 12
2 Coesão (kPa): 7
-2 Material: 2 Phi (graus): 25
Descrição: Solo Linha Piezométrica #: 0
-6 Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-14
Phi (graus): 25
-18 Linha Piezométrica #: 0
-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.18 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1,5H, altura de
aterro de 30 m, φ = 25º e ru = 0. Obtidos c = 7 kPa e FS = 1,307.

151
Apêndice C

1.489

30
26
22
18
14 Material: 1
Elevação (m)

10 Descrição: RSU
Modelo: Mohr-Coulomb
6
Peso Específico (kN/m³): 12
2 Coesão (kPa): 5
Material: 2
-2 Descrição: Solo Phi (graus): 30
Modelo: Mohr-Coulomb Linha Piezométrica #: 0
-6
Peso Específico (kN/m³): 16
-10
Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
-18 Linha Piezométrica #: 0
-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.19 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1,5H, altura de
aterro de 30 m, φ = 30º e ru = 0. Obtidos c = 5 kPa e FS = 1,489.
1.764

30
26
22
18
14 Material: 1
Elevação (m)

10 Descrição: RSU
Modelo: Mohr-Coulomb
6 Peso Específico (kN/m³): 12
2 Coesão (kPa): 5
Material: 2
-2 Phi (graus): 35
Descrição: Solo
Linha Piezométrica #: 0
-6 Modelo: Mohr-Coulomb
-10 Peso Específico (kN/m³): 16
Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
-18 Linha Piezométrica #: 0
-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.20 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1,5H, altura de
aterro de 30 m, φ = 35º e ru = 0. Obtidos c = 5 kPa e FS = 1,764.

152
Apêndice C

1.299

30

26

22

18

14
Material: 1
Elevação (m)

10 Descrição: RSU
Modelo: Mohr-Coulomb
6
Peso Específico (kN/m³): 12
2 Coesão (kPa): 23
Phi (graus): 20
-2 Material: 2 Linha Piezométrica #: 0
Descrição: Solo Ru: 0.2
-6 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 16
-10 Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica #: 0
-18 Pore-Air Pressure: 0
-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.21 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1,5H, altura de
aterro de 30 m, φ = 20º e ru = 0,2. Obtidos c = 23 kPa e FS = 1,299.

1.311

30

26

22

18

14 Material: 1
Elevação (m)

10 Descrição: RSU
Modelo: Mohr-Coulomb
6 Peso Específico: 12
2 Coesão (kPa): 16
Material: 2 Phi (graus): 25
-2 Descrição: Solo Linha Piezométrica #: 0
Modelo: Mohr-Coulomb Ru: 0.2
-6
Peso Específico: 16
-10 Coesão (kPa): 10
-14 Phi (graus): 25
Linha Piezométrica #: 0
-18 Pore-Air Pressure: 0
-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.22 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1,5H, altura de
aterro de 30 m, φ = 25º e ru = 0,2. Obtidos c = 16 kPa e FS = 1,311.

153
Apêndice C

1.309

30
26
22
18
Material: 1
14
Descrição: RSU
Elevação (m)

10 Modelo: Mohr-Coulomb
Peso Específico (kN/m³): 12
6
Coesão (kPa): 9
2 Material: 2 Phi (graus): 30
Descrição: Solo Linha Piezométrica #: 0
-2
Modelo: Mohr-Coulomb Ru: 0.2
-6 Peso Específico (kN/m³): 16
-10 Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 25
-14 Linha Piezométrica #: 0
-18 Pore-Air Pressure: 0
-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.23 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1,5H, altura de
aterro de 30 m, φ = 30º e ru = 0,2. Obtidos c = 9 kPa e FS = 1,309.
1.381

30
26
22
18
Material: 1
14
Descrição: RSU
Elevação (m)

10 Modelo: Mohr-Coulomb
6 Peso Específico (kN/m³): 12
Coesão (kPa): 5
2 Material: 2 Phi (graus): 35
-2 Descrição: Solo Linha Piezométrica #: 0
Modelo: Mohr-Coulomb Ru: 0.2
-6 Peso Específico (kN/m³): 16
-10 Coesão (kPa): 10
Phi (graus): 25
-14
Linha Piezométrica #: 0
-18 Pore-Air Pressure: 0
-22
-16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60

Distancia Horizontal (m)

Figura C.24 - Superfície de ruptura para taludes com inclinações 1V:1,5H, altura de
aterro de 30 m, φ = 35º e ru = 0,2. Obtidos c = 5 kPa e FS = 1,381.

154

Você também pode gostar