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Técnica e Equipamento

Fotográfico
Objetivas, Sistemas de Foco e Outras Funções das Câmeras

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Mário Gustavo Coelho

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Objetivas, Sistemas de Foco
e Outras Funções das Câmeras

• Objetivas;
• Sistema de Foco;
• Outras Funções das Câmeras Fotográficas.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Aprender os modos de focagem automáticos e manuais, bem como as diferentes objetivas
existentes e as suas características para a exploração de composições criativas e intencionais
com base em cada lente;
• Explorar as funções extras disponíveis em muitos equipamentos fotográficos.
UNIDADE Objetivas, Sistemas de Foco e Outras Funções das Câmeras

Objetivas
As objetivas são, sem dúvidas, um dos fatores mais importantes para uma fotografia
de qualidade. São responsáveis por dois fatores: provocar a focalização do assunto dese-
jado e definir o ângulo de visão da cena que será registrada.

Figura 1 – Diversas objetivas para câmeras DSLR


Fonte: Getty Images

Objetiva é um dispositivo óptico composto de um conjunto de lentes que se movi-


mentam a fim de provocar a focalização, sendo a interface entre a cena e o registro
final, pois por ela passará determinada quantidade de luz (de acordo com a abertura do
diafragma) desviada pelas lentes que a compõem.

Para uma boa fotografia é indispensável uma boa objetiva. Além disso, na Era Digital,
enquanto as câmeras têm vida útil de acordo com o número de ciclos (cliques) que realizar,
as objetivas, se bem conservadas e cuidadas, tendem a ter vida útil tecnicamente infinita.

As características das objetivas podem variar em diversos aspectos. Todas as obje-


tivas têm em seu corpo as informações técnicas específicas. Tais informações podem
estar no corpo superior da objetiva (Figura 2), ou até mesmo na frente dela (Figura 3).

Figura 2 – Detalhes sobre a objetiva no corpo


Fonte: Reprodução

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Figura 3 – Detalhes na frente da objetiva
Fonte: Wikimedia Commons

Já os detalhes descritos nas objetivas são os seguintes:

Figura 4 – Descrição das características de uma objetiva


Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons

Analisaremos cada um:


• Fabricante: é de suma importância saber quais objetivas funcionam em sua câmera.
Objetivas da Canon são feitas para Canon e Nikon para Nikon, e seus encaixes im-
possibilitam a utilização entre as marcas. Existem algumas empresas como a Sigma e
a Tamron que desenvolvem objetivas para todas as marcas, porém possuem versões
para cada encaixe (chamado em inglês de mount) de cada fabricante. Assim é impor-
tante que, ao adquirir uma objetiva, verificar qual se existe a compatibilidade exata
com a câmera que possui, a fim de evitar investimentos equivocados;
• Diâmetro do filtro: em uma objetiva é possível rosquear diversos tipos de filtros
específicos para a correção ou os efeitos, sendo os mais conhecidos:
» Filtro UV: previne a passagem de raio Ultravioleta (UV), que pode ser prejudi-
cial à vista humana e serve como uma proteção para a lente externa da objetiva.
Normalmente, todos os fotógrafos profissionais utilizam um filtro o UV principal-
mente pelo motivo de proteção da objetiva;

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» Filtro polarizador circular: a polarização de luz é um sistema que evita reflexos


em superfícies reflexivas, seja de plástico, vidro ou qualquer reflexo que possa ser
indesejado para a imagem. Por polarizar a luz, o contraste da imagem é relativa-
mente aumentado;
» Filtros criativos: existem diversos filtros de criatividade, tais como o star (que gera,
nas fontes de luz, uma estrela de acordo com o número de pontas escolhidas no
modelo do filtro), degradê (utilizado para a fotografia de paisagens), entre outros;
» Densidade neutra: é um filtro de cor acinzentada de várias graduações (2, 3, 5
10 stop) e que tem por objetivo escurecer a imagem, promovendo a possibilidade
de realizar longas exposições de dia;
» Filtros de correção e cor: permitem realizar a correção da cor luz, assim como
o equilíbrio de branco; ou filtros coloridos para a criação de imagens singulares
e criativas.

A marca Hoya é uma das maiores fabricantes de filtros fotográficos de qualidade do mundo.
Assim, acesse o site e veja os diversos efeitos das centenas de filtros existentes.
Disponível em: https://bit.ly/3nlJ47x

• Características da objetiva: cada fabricante possui diversas siglas para denominar as


diferentes qualidades existentes na objetiva. Muitas das siglas são fundamentais para um
bom desempenho de acordo com a função que se deseja na fotografia. É importante
que você analise cada sigla na objetiva que queira investir, consultando o site de seu
fabricante para ter a certeza de que estará de acordo com as suas necessidades;
• Abertura máxima: cada objetiva possui variações de abertura e normalmente esta
é uma característica extremamente verificada no momento da aquisição. Objetivas
que não possuem zoom (variação da distância focal) têm, em média, mais possibi-
lidade de possuírem aberturas maiores que as que possuem zoom. Logo, possuir
grande abertura significa fotografar em condições precárias de luz sem ter que usar
ISO elevada (provando alto ruído) ou velocidades muito lentas e que impediriam o
ato fotográfico com a câmera em mãos.
Normalmente são apresentadas com a função “1:abertura máxima”. No exemplo
da Figura 3, vemos a seguinte informação 1:3.5-6.3. Significa que a objetiva tem
variação da abertura máxima de acordo com o zoom aplicado. Ou seja, sem zoom
nenhum, a abertura máxima será de f/3.5, mas quando aplicado o zoom máximo a
abertura máxima passará a ser f/6.3, significando perda de luz devido à redução da
abertura. Muitas objetivas podem possuir zoom, mas também e apenas uma abertura
como 1:2.8. Significa que esta objetiva garantirá a abertura de f/2.8, independen-
temente do zoom (distância focal) utilizado. Cabe lembrar que estas, normalmente,
possuem excelente qualidade óptica e de estrutura e com certeza terão custo elevado;
• Distância focal: comumente chamada de zoom, é o que define o ângulo de visão
de uma objetiva. É um fator muito importante na tomada de decisão de qual lente
se deseja investir, de acordo com as necessidades de cada área. As objetivas podem
ser fixas, ou seja, possuir apenas uma distância focal, ou zoom, o que significa que
variará o ângulo de visão. A distância focal é a distância dada em milímetros entre
o plano onde a imagem (plano focal) se forma e o ponto nodal (ponto de conversão
da luz dentro da objetiva), conforme o diagrama da Figura 4.

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Figura 5 – Diagrama sobre a distância focal
Fonte: Acervo do conteudista

A distância focal também se relaciona diretamente com o tamanho do sensor. Devido


ao mercado de DSLR ser o mais popular, as análises de cada objetiva a seguir se baseiam
nas distâncias focais para câmeras de pequeno formato sem fator de corte.

Fator de corte é o nome dado aos sensores que são menores que o formato de 24 × 36 mm,
dimensão da altura e largura dos filmes analógicos. No início da tecnologia digital da fotogra-
fia, os primeiros sensores foram feitos menores que esse tamanho e somente após a evolução
tecnológica chegou-se ao mesmo tamanho nas câmeras digitais, sendo denominadas câmeras
full frame. Dessa forma, se há um plano de sensor menor que 24 × 36 mm, pode-se dizer que a
ampliação da imagem é maior se utilizada uma objetiva que tem por especificidade criar uma
imagem para uma câmera full frame. Na Nikon, o tamanho desse sensor, chamado de APS-C,
é de 23,60 × 15,60 mm, enquanto na Canon é 22,20 × 14,80 mm. Dessa forma são obtidos os
valores de fator de corte de 1,5× para Nikon e 1,6× para Canon. Aplicado na prática, significa
que utilizando uma objetiva de 100 mm seria visto um ângulo proporcional a 150 mm na Nikon
e 160 mm na Canon, em comparação com a mesma objetiva em uma câmera full frame. Em
resumo, uma objetiva montada em uma câmera full frame promove um ângulo de visão maior
que se montada em uma câmera com sensor APS-C.

Figura 6 – Diferenças de ângulos de visão devido ao fator de corte


Fonte: Acervo do conteudista

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As objetivas de hoje são fabricadas com especificidade e ligadas ao fator de corte.


Dessa forma, é importante que, antes de comprar, você confira todos os detalhes téc-
nicos, pois algumas objetivas são fabricadas com exclusividade para sensores APS-C e
outras para full frames. Ocorre que uma objetiva feita para full frame poderá segura-
mente ser utilizada em qualquer um dos sensores (full frame ou APS-C), mas o contrário
nem sempre é certeza que ocorra.

Comprimento
SUPERTELEOBJETIVAS
Focal Assuntos de longa
distância, pássaros

TELEOBJETIVAS
Vida Selvagem de perto,
Esportes

MEIAS TELEOBJETIVAS
Retratos, crianças

NORMAIS
Situações comuns,
Snapshots

GRANDES ANGULARES
Paisagens, retratos
de grandes grupos

SUPERGRANDES ANGULARES
Arquitetura, interiores

Figura 7 – Relação dos ângulos de visão com a


distância focal para câmeras de pequeno formato
Fonte: Adaptada de Getty Images

Você Sabia?
As objetivas para Canon APS-C possuem um quadrado branco para indicar o alinhamen-
to de encaixe na baioneta da câmera. Significa que só encaixa em câmeras que tenham
o quadrado branco – as câmeras APS-C. Estas possuem os dois símbolos para encaixe
– quadrado branco e esfera vermelha, indicando que aceitam os dois tipos de objetivas,
enquanto as câmeras full frame da marca possuem apenas o círculo vermelho, impossi-
bilitando sequer o encaixe das objetivas específicas de APS-C com o quadrado branco. Já
na Nikon é possível encaixar as objetivas de tipo DX – específicas para APS-C – em uma
câmera full frame, mas um retângulo menor que o visível se desenhará dentro do ocular,
indicando ao fotógrafo que somente o que está dentro dele será registrado.

Vejamos os exemplos das categorias de objetivas:

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Objetiva supergrande Angular “Olho
de Peixe” (Fish-eye) – Abaixo de 16 mm
As objetivas fish-eye apresentam o maior ângulo de visão de todas as objetivas, che-
gando a 180 graus de cobertura. Ao mesmo tempo, apresentam extremas distorções
geométricas, fazendo com que seja uma objetiva criativa.

A distância entre os planos, devido ao seu ângulo de visão, parece imensa, ainda que
os assuntos em diferentes planos estejam próximos.

Figura 8 – Exemplo de objetiva fish-eye, 8-15 mm f/4 Canon Fish-Eye


Fonte: Reprodução

Figuras 9 – Imagens realizadas com objetivas “olho de peixe” Figuras 10 – Imagens realizadas
Fontes: Acervo do conteudista com objetivas “olho de peixe”
Fonte: Getty Images

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A grande maioria das actioncameras, como a GoPro, utilizam objetiva “olho de peixe”
para enquadrar um grande ângulo de visão, já que em sua maioria não apresenta display
para visualizar a imagem ou é utilizada em situações extremas e de forma remota (paraque-
dismo, surf etc.), impedindo que o fotógrafo possa acompanhar o que está enquadrado.

Objetiva Grande Angular – Entre 18 e 40 mm


A objetiva grande angular é uma necessidade dentro do acervo de qualquer fotógrafo,
isto porque é excelente para fotografar grupos de pessoas, arquiteturas e tudo aquilo que
necessite de grande ângulo de visão.

Figura 11 – A objetiva de 35 mm é uma das grandes angulares,


sendo bastante utilizada por fotógrafos profissionais
Fontes: Getty Images

Figura 12 – Exemplo de foto com objetiva grande angular


Fontes: Getty Images

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Figura 13 – Exemplo de foto com objetiva grande angular
Fontes: Acervo do conteudista

Alguns modelos não apresentam distorções geométricas (objetiva grande angular li-
near), mas a grande maioria apresenta – não tão acentuado como a “olho de peixe” – o
chamado efeito de distorção de barril, de modo que quanto maior a distância focal,
menor será esse efeito.

Distorção de barril é um efeito que ocorre devido à construção das lentes e ao alinhamento
de seus elementos internos. É geralmente associada às lentes grandes angulares e identifi-
cada pelo centro da fotografia estar mais magnificado do que as suas bordas.

Figura 14 – À direita o objeto real, à esquerda o “efeito barril”


Fonte: Acervo do conteudista

Objetiva Normal – Entre 45 e 55 mm


As objetivas normais são assim chamadas porque a proporção do assunto não tem alte-
ração em relação à visão do olho humano. Assim, a diferença entre os planos, bem como
a proporção dos assuntos se assemelham a como os enxergamos, realizando apenas um
recorte espacial do assunto, já que a visão humana tem ângulo maior que ela. É uma objetiva
presente no acervo de quase todos os fotógrafos.

Devido à sua construção óptica, as 50 mm fixas têm a possibilidade de grandes abertu-


ras de diafragma, possibilitando fotografar em condições precárias de luz. A 50 mm f/1.8
é uma objetiva de custo relativamente baixo pela qualidade óptica que possui.

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Figura 15 – A objetiva 50 mm f/1.8 tem ótimo custo-benefício e


faz parte do acervo de muitos fotógrafos, profissionais e amadores
Fonte: Getty Images

Figura 16 – Exemplo de imagem com objetiva 50 mm


Fonte: Acervo do conteudista

Figura 17 – Exemplo de imagem com objetiva 50 mm


Fonte: Acervo do conteudista

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Grandes fotógrafos da história, como Henri Cartier-Bresson, optaram por utilizar
somente a 50 mm no intuito de não distorcer aquilo que enxergavam, mas somente
recortar o quadro da cena.

Meias Teleobjetivas – Entre 60 e 100 mm


A meia teleobjetiva tem a característica de evitar o efeito barril e não achatar os
planos, obtendo uma imagem esteticamente agradável, com leve ampliação, principal-
mente quando lida com retratos – por isto é uma objetiva muito utilizada por retratistas
e, principalmente, no mundo da moda.

Figura 18 – A objetiva de 85 mm é muito utilizada para retratos e moda


Fonte: Getty Images

Figura 19
Fontes: Getty Images

Exemplos de retratos feitos com 85 mm. É possível ver que o fotógrafo se coloca a meia
distância e ainda assim obtém um retrato fechado da modelo de vermelho.

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Você Sabia?
A 24-70 mm f/2.8 é a objetiva mais procurada pelos profissionais devido à sua versa-
tilidade e boa passagem de luz. Começa em 24 mm, ou seja, em uma grande angular,
de modo que o seu zoom percorre 50 mm (objetiva normal), atingindo 70 mm (meia
teleobjetiva) – e tudo isto mantendo a abertura garantida de f/2.8, o que possibilita
fotografar em condições de baixa luz com ISO menor e velocidades mais rápidas; porém,
todos esses fatores a tornam uma objetiva custosa.

Figura 20 – Objetiva 24-70 mm f/2.8 Canon


Fonte: Reprodução

Teleobjetivas – Entre 100 e 300 mm


As teleobjetivas têm como principal característica a ampliação do assunto. Significa apro-
ximar mesmo distante o assunto devido à sua longa distância focal, ou seja, muito zoom.

Figura 21 – Câmera com objetiva 300 mm


Fonte: Getty Images

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Figura 22
Fontes: Getty Images

Observadores de pássaros costumam fotografar com teleobjetivas para se manterem


distantes do assunto, evitando assustá-los. E vemos uma atleta fotografada de fora do
campo por teleobjetiva.
Algumas das características das teleobjetivas é provocar pouca profundidade de cam-
po, dar a sensação de achatamento dos planos (tudo parecer estar mais próximo mesmo
que haja grande distância entre o primeiro e segundo plano) e provocar o efeito “almofa-
da” – que é o contrário do “barril”. Para tanto, são necessárias velocidades mais rápidas a
fim de se evitar tremer quando o zoom é maior.

Uma regra muito utilizada na fotografia é usar uma fração de velocidade maior ou igual
à distância focal para evitar tremores indesejados – por exemplo, uma objetiva 200 mm
usar, ao menos, 1/200s ou mais rápido; para uma objetiva 300 mm, usar 1/320s ou mais
rápido e assim por diante.

Superteleobjetivas – Acima de 300 mm


As superteleobjetivas são muito específicas e de alto custo. É raro ver em circulação
pessoas utilizando tais equipamentos devido a ambos os fatores. Fotógrafos de natureza,
Astronomia e esportivos são os que mais necessitam desses tipos de equipamentos.

São grandes, pesados e necessitam de tripé ou monopé para o ato fotográfico, a fim
de se evitar tremores e suportar tal peso por muito tempo.

Figura 23 – Super teleobjetiva 800 mm Nikon


Fonte: Getty Images

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Objetivas Macro – Diversas Distâncias Focais


As objetivas macro têm como maior característica a possibilidade de realizar o foco a
uma pequeniníssima distância do assunto, devido ao seu conjunto de ópticos promover
tais condições. Desse modo, o fator de ampliação do assunto atinge a proporção de 2:1,
ou seja, o assunto passa a ter o dobro do seu tamanho real na imagem; focando a uma
distância pequena, a objetiva é denominada macro.

As mais utilizadas são 60 a 100/105 mm e 200 mm.

Figura 24 – Objetiva 105 mm macro Nikon


Fonte: Getty Images

Figura 25 – Foto de uma mosca com objetiva macro


Fonte: Getty Images

Considerando que a marca Laowa oferece uma série completamente diferenciada de objeti-
vas macro, acesse o seu site, disponível em: https://bit.ly/3vf7cLE

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Objetivas Tilt-shift – Diversas Distâncias Focais
A objetiva tilt-shift tem como principal característica a possibilidade de correções
de perspectivas pelo deslocamento do plano nodal (efeito shift), ou efeitos na orien-
tação do plano do foco (efeito tilt), possibilitando um foco seletivo específico em uma
área. Para tanto, a objetiva é articulável próximo à baioneta para o efeito shift e
angulável em seu centro óptico para o efeito tilt. Por tais atributos, possuem apenas
versões de distância focal fixa, podendo variar entre 17 e 85 mm, de acordo com a
necessidade do fotógrafo.

São objetivas de alto valor devido à sua complexidade óptica e especificidade técnica.

Figura 26 – Objetiva TS-E Canon 24 mm f/3.5


Fonte: Wikimedia Commons

Figura 27 – Efeito tilt aplicado a uma imagem de horizonte. Percebe-se a formação


de um foco em áreas específicas e aumento de desfoque no resto
Fonte: Wikimedia Commons

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Figura 28 – Esquema de uma câmera apontada e alinhada ao horizonte, de frente a uma


arquitetura. Observa-se que a imagem capturada é somente a base dela e parte do piso
Fonte: Wikimedia Commons

Figura 29 – Se apontamos a câmera para cima a fim de termos a arquitetura inteira,


obtemos, inevitavelmente, o efeito de perspectiva sobre ela
Fonte: Wikimedia Commons

Figura 30 – Ao deslocarmos o ponto nodal para cima, deslizando a base da objetiva no


efeito shift, a correção da perspectiva é realizada e a arquitetura é captada sem distorção
Fonte: Wikimedia Commons

No vídeo a seguir é possível observar a correção descrita pela imagem da câmera ajustando
a perspectiva. Disponível em: https://bit.ly/3tWmW5V

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Em Síntese
Existe uma variedade imensa de opções de objetivas. Normalmente, câmeras de entrada já
são vendidas com uma objetiva e é o suficiente para começar na fotografia. Mas com o tem-
po, cada fotógrafo acaba optando por se dedicar em uma área de interesse. Assim, invista
com inteligência em objetivas de qualidade, pois cada área tem algumas especificidades que
demandam certo tipo de objetiva; por exemplo, um fotógrafo de eventos sociais ou jorna-
lismo acaba optando por objetivas zoom, porque são mais versáteis por possuírem diversas
distâncias focais em uma só, além de rápido foco; já fotógrafos retratistas, publicitários e de
produtos, por trabalharem em ambiente mais controlado, optam por objetivas fixas que, em
média, acabam entregando um pouco mais de qualidade óptica por possuírem menos lentes
no conjunto. Faça testes, leia análises e lembre-se de que a objetiva é a interface entre a cena e
o registro final e a qualidade de uma imagem tem, em grande parte, influência dela.

Sistema de Foco
Antes de qualquer informação sobre o foco, um fato é muito importante e deve ser
claro: foco errado é uma foto perdida.
Esta afirmação pode ser contestada se dissermos que o fotógrafo está em busca de
uma estética diferenciada, com o assunto desfocado, mas ainda assim, errar o foco requer
total conhecimento sobre o sistema de funcionamento para provocá-lo intencionalmente.
Os sistemas de foco foram muito aprimorados durante a história da fotografia, inicialmente
sendo exclusivamente fixo ou manual, aprimorado para sistemas automáticos com boa velo-
cidade de focagem e chegando, atualmente, a sistemas ultrassônicos de focagem que possi-
bilitam, em milésimos de segundo, ajustar o conjunto de lentes para obtê-lo com perfeição.
Tecnicamente, o foco é uma distância, ou seja, o computador da câmera, posicionando as
lentes para que o foco esteja com exatidão a uma distância X. Nas câmeras digitais é possível,
por programas específicos (como o Lightroom ou Photoshop) ver, nos meta-dados, informa-
ções sobre, por exemplo, a distância do assunto focado (Figura 30); já em alguns modelos de
objetiva é possível ver, no display, a distância para a qual o foco é feito (Figura 31).

Figura 31 – Display de distância de foco em objetiva. Em amarelo


consta a distância em pés; em branco, a distância em metros
Fonte: Acervo do conteudista

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Nas câmeras antigas o foco manual é bastante eficiente, apesar de lento, principal-
mente devido ao sistema de microprismas e/ou elementos bipartidos de contraste dióp-
trico. Tecnicamente, o centro da imagem possui um elemento que fatia o que estiver em
seu meio, caso esteja desfocado, indicando que está focado quando as fatias se alinham
ao girar o anel de foco (figura 33).

Figura 32 – Exemplo de elemento bipartido no vidro despolido da câmera analógica


Fonte: Wikimedia Commons

Figura 33 – À esquerda, o elemento da foto se encontra desfocado, sendo fatiado pela retícula bipartida; à direita,
alinhado, indica estar focado
Fonte: Acervo do conteudista

Na tecnologia digital, os sistemas automáticos de foco dispensaram esse padrão, sen-


do substituído por um processo de formação de imagem em um segundo sensor – o de
autofoco –, o qual consegue analisar a formação da imagem e garantir a sua construção
visual ao se pressionar o primeiro estágio do botão de disparo da câmera, e efetivar o
disparo ao pressioná-lo até o fim.

Com esses aprimoramentos, o autofoco passou a ser bastante inteligente e rápido,


principalmente personalizável com funções como foco:
• Contínuo: enquanto pressionado o primeiro estágio, o foco fica se ajustando con-
tinuamente;
• Único: o sistema realiza o foco ao se pressionar o primeiro estágio e se mantém na-
quela distância, sendo ajustado somente se o botão for solto e pressionado novamente;

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• Automático: o sistema realiza o foco ao se pressionar o primeiro estágio e, caso o
assunto mude de posição, depois de um certo tempo (ajustável em muitos modelos
de câmeras), de modo que se autoajustará novamente;
• Manual: o antigo sistema ainda é presente em todos os equipamentos, mas o seu ajus-
te manual pode não ser tão preciso como o era no sistema de retícula bipartida, pois
dependerá de a aptidão visual do fotógrafo perceber se o assunto está em foco ou não.

Você Sabia?
Que o motor que controla o foco pode estar presente na câmera e objetiva? Quando uma
objetiva não possui o motor-servo (nome dado ao motor de foco), dependerá que a câmera
tenha este motor para funcionar em sistema de autofoco. Muitas câmeras de entrada não
possuem motor de foco, daí que no momento de investir em uma objetiva, tenha a certeza
de que há sincronismo com o seu equipamento sobre sistemas de autofoco.

Nas marcas mais utilizadas no mercado fotográfico – Nikon e Canon –, os sistemas


são representados pelas seguintes siglas:

Tabela 1
Foco automático Foco único Foco contínuo
Canon Al Focos One Shot Al Servo
Nikon AF-A AF-S AF_C

Outra variação é relacionada à quantidade de pontos de focagem: câmeras de entra-


da têm, em média, 11 pontos de foco; já câmeras intermediárias ou avançadas podem
ter de 18 a 101 pontos de foco. Esta diferença é algo que, na prática, não é tão signifi-
cativa, pois a maioria dos fotógrafos utiliza a técnica do transporte do foco, empregando
apenas um único ponto de foco – o ponto central.

Figura 34 – Sistema com 19 pontos de foco ativos


Fonte: Getty Images

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Figura 35 – Sistema com 19 pontos de foco, sendo apenas um ativo (o central)


Fonte: Getty Images

Figura 36 – Sistema com 9 pontos de foco ativos


Fonte: Getty Images

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Em Síntese
O transporte de foco é algo praticado desde o sistema de foco manual, com o uso da
retícula bipartida. Consiste em utilizar o sistema de foco único e apenas o ponto central
de foco, de modo que ao decidir a composição final que registrará, o fotógrafo bascula a
câmera para colocar o ponto central sobre o ponto que deseja focar, pressionando o pri-
meiro estágio e o mantendo segurado, garantindo que aquele ponto permanecerá em
foco. Mantendo esse estágio pressionado sem alterar o zoom e a distância entre este e o
assunto, recomporá a imagem basculando novamente a câmera para o enquadramento
final desejado e efetuando o disparo pressionando o botão até o segundo estágio –
durante este processo é importante que esteja atento em não soltar o primeiro estágio,
evitando, assim, realizar o foco equivocadamente. Caso perceba que o dedo “escapou”,
precisará reiniciar o processo. Pode parecer um tanto lento, mas com a prática o ato de
focar bascular e disparar acontecerá em menos de um segundo.

Figura 37
Fonte: Acervo do conteudista

Da esquerda para a direita: o fotógrafo define o enquadramento que deseja e, então,


leva o assunto até a retícula central de foco para pressionar o primeiro estágio e, sem
soltar o botão, bascular a câmera até a composição desejada para efetuar o clique final.

Outras Funções das Câmeras Fotográficas


Vídeo
Na revolução tecnológica da fotografia digital, as primeiras câmeras DSLR cumpriam
exclusivamente o dever de fotografar. Mas com o avanço contínuo do desenvolvimento
dessas, um fator importante surgiu, a captação de vídeos.

Atualmente, todas as câmeras DSLR têm suporte para a gravação de vídeos e, in-
clusive, tornou-se um dos equipamentos mais utilizados para produções audiovisuais
de pequeno e médio porte. A tecnologia óptica de uma câmera fotográfica permitiu a
criação de linguagem cinematográfica de bastante qualidade, uma vez que os efeitos de
foco e desfoco são simplificados para a obtenção com as objetivas de fotografia.

As fabricantes não perderam tempo, de modo que aprimoram a cada lançamento


as qualidades e funcionalidades diretamente ligadas à produção de vídeo. Além disso,
múltiplos fabricantes exploram acessórios integrados a tais tecnologias, proporcionando

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a transformação da câmera DSLR e mirrorless em câmeras de alto desempenho para


produções cinematográficas.

Figura 38 – Diversos acessórios foram criados para filmagens


de alto desempenho com câmeras DSLR e mirrorless
Fonte: Getty Images

Outros avanços nos quesitos de filmagem nas câmeras foram os seguintes:


• Sistemas avançados de follow focus, onde o cinegrafista pode marcar um assunto
para o foco se autorregular, mantendo-o nessa condição mesmo que o assunto se
mova, aproximando-se ou se distanciando da câmera;
• A qualidade de vídeo já atinge até 8 k, de modo que somente equipamentos mais
antigos ainda oferecem, no máximo, full High-Definition (HD), em 1.080 p, pois
todos os lançamentos atuais entregam, no mínimo, 4 k.

Entenda as qualidades de vídeo e as diferenças entre os formatos 480 p, 720 p, 1.080 p e 4 k.


Disponível em: https://youtu.be/WDlhn-eJbds

HDR/Breaketing
HDR é uma técnica que significa High Dynamic Range, com alto alcance dinâmico.
Muitos aparelhos apresentam opções prontas para registrar uma imagem em HDR, tais
como os telefones celulares.

A técnica consiste em realizar uma série de imagens simultâneas com valores dife-
rentes de exposição e aplicar uma fusão entre elas, aproveitando a melhor exposição
de cada uma, gerando, assim, uma imagem com alcance dinâmico – nome dado a uma
exposição mais equilibrada –, evitando áreas sub ou superexpostas.

A maioria das câmeras DSLR possui a sigla BKT – Breaketing –, que traduzida sig-
nifica agrupamento. Essa função permite que o fotógrafo determine uma quantidade de
fotos e um valor de intervalo de exposição registrado entre elas. Dessa forma, poderá
fazer as fotos sequenciadas, de modo que a câmera automaticamente mudará a exposi-
ção entre as quais.

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Trata-se de técnica muito utilizada em situações com alto contraste, ou seja, em áreas
muito claras e em áreas muito escuras. Em uma única foto, na condição como a descrita
seria impossível captar e ter os detalhes das áreas claras e escuras simultaneamente,
tornando-se necessária a fusão entre elas, constituindo-se, assim, em um HDR.

Figura 39
Fonte: Acervo do conteudista

Nesta sequência foram captadas 5 imagens com intervalos de exposição de 1 EV entre


elas. Da fusão gerada obtém-se a imagem final, em HDR, onde foram aproveitadas as
melhores exposições das 5 primeiras.

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UNIDADE Objetivas, Sistemas de Foco e Outras Funções das Câmeras

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Esse tal de full frame vale a pena? Fotografia e Video
https://youtu.be/7O2gMoCvQV0

Leitura
Entenda o significado das siglas de lentes fotográficas
https://glo.bo/3dUqd0k
Como funciona o autofoco da câmera
https://bit.ly/32Ntc48
Distância focal e zoom
https://bit.ly/3nml3gF

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Referências
HEDGECOE, J. O novo manual de fotografia. 4. ed. São Paulo: Senac, 2005.

KELBY, S. Fotografia digital na prática. v. 1. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.

LANGFORD, M. Fotografia avançada de Langford – guia completo para fotógrafos.


8. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2013.

PALACIN, V. Fotografia: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 2012.

TRIGO, T. Equipamento fotográfico – teoria e prática. São Paulo: Senac, 2015.

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