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Com esta pequena porção da maravilhosa obra Confissões de Santo Agostinho começo esta
pequena reflexão acerca da Parábola de Jesus de Lucas 15. 11-32 intitulada pela tradição
como Parábola do Filho Pródigo (Esbanjador), que eu singelamente junto com outros mestres
da Teologia Bíblica a intitularei como a Parábola do Deus pródigo.
Esta parábola nos convida a refletir na vida e em suas relações com o existir: existir ético,
estético e religioso. É uma parábola pródiga de: intensidade, gastos, investimentos... Suor e
vivacidade permeiam todo o texto: Um pai apaixonado, dois filhos radicalmente diferentes,
metáforas absurdas e um final inesperado, improvável, surpreendente e extraordinário: UMA
FESTA.
Não é à toa que este conto é considerado o mais conhecido e amplamente divulgado em toda
a história em todos os lugares do mundo. É uma fantástica obra de literatura e vida!
Minha proposta hoje é passear pelo texto em dois movimentos: O PROBLEMA E A SOLUÇÃO:
ALIENAÇÃO E GRAÇA.
Há claramente no capítulo de Lucas um conflito entre publicanos e religiosos ( 15. 1-3) que
aqui estão ilustrados como os dois filhos: o mais novo ( Publicanos) e o mais velho
( Religiosos).
VEJAMOS O PROBLEMA:
Os filhos do Pai vivem como se Ele estivesse morto ( v. 12-15, 29)
Isso fica claro pelo teor do pedido do filho mais novo pela herança de um pai vivo. É
inconcebível para a época pedir herança para um pai ainda vivo. Em outras palavras, ele disse:
“Pai, para mim o senhor está morto; para mim o senhor já morreu, me dê logo a herança que
me cabe”.
Podemos aqui pensar em algo para além do texto: Aqui configuramos uma nova definição de
pecado. Pecar é muito mais do que quebrar regras ou desobedece-las, é viver como se Deus
estivesse de fato morto. Alienado e alienando Deus de sua vida.
A primeira delas parece óbvia. Está ligado ao ser pródigo ( esbanjador), quebrando todas as
regras, saindo de casa, indo para uma terra distante, consumindo toda vida e toda uma vida
pelo prazer descartável, superficial e momentâneo. Chegando a humilhação de não poder
comer restos, tornar-se pior que os mais podres animais...
Viver alienado de Deus o ser humano perde sua humanidade e se torna um humano/bicho
Sendo um filho obediente, que trabalha e vive para o Pai, vive em sua casa, mas não o ama
intensamente... Amor mecânico, frio e condicional.
Para Cristos ambos estão perdidos... Ambos estão alienados, ambos são assassinos de si.
O filho pródigo das prostitutas está cantando, dançando, festejando e saboreando o churrasco
do Pai;
O filho da religiosidade fria e forçada está irado, rangendo os dentes do lado de fora da festa...
Aos olhos de Cristo o desregrado, podre, sujo se arrepende sinceramente dos seus pecados...
O religioso, não. O religioso não sente mais prazer no Pai... Ele fica como aquela esposa que
nunca traia o mau marido, mas nunca consegue lhe dizer olhos nos olhos; Eu te amo!.
APLICAÇÃO:
Muitos de nós também vivemos como se Deus estivesse morto. Eu pergunto a todos: em qual
personagem você se encaixa nessa estória?
A segunda atitude é
Seja um religioso intenso, não suporte as falhas dos outros, sirva ao Senhor esperando sua
recompensa final ( afinal... qual é a sua motivação em servir a Deus? AS DUAS MOTIVAÇÕES)
Adore a Deus de forma robótica, gabando-se por sua moralidade intocável, sua família e vida
acima da média, seja um crente ostentação; Que ostenta suas vitórias, que vive de
comparação e que ame a meritocracia... Viva uma religião falsa e idolátrica ( DEUSES
FALSOS)... Fique triste internamente pelo fato de Deus aceitar pecadores em seus braços de
amor...
APLICAÇÃO 2
Nós muitas vezes vivemos como se Deus estivesse morto. O que estamos fazendo com a nossa
vida? Jogando-a na lata do lixo dos prazeres imundos ou servindo restos sem alegria a um
Deus santo? Você é um irmão mais novo ou um irmão mais velho? Mas embora o texto realce
de maneira forte quais são as duas maneiras de viver alienado de Deus, Lucas é mais
dramático ao pintar o quadro de um Pai apaixonado. Tudo nesta parábola é pródigo, o filho
mais novo é pródigo, o mais velho é pródigo e, extraordinariamente, o próprio Deus é pródigo.
A SOLUÇÃO
A GRAÇA: O que Deus faz para resolver o problema dos seus filhos?
Conquanto para os filhos o Pai esteja morto, para o Pai eles estão vivos.
O verso 20 dramatiza a cena mais improvável para aquela época: um fazendeiro do Oriente já
velho correndo atrás de um filho que desejou a sua própria morte. Naquela época eles não se
levantavam para nada, seus escravos faziam todo o trabalho. Era humilhante um homem de
idade correr.
Mas Deus é um Pai apaixonado que se humilha para correr até o seu filho perdido. O filho não
faz nada, o Pai é que toma a iniciativa quando vê o seu filho de longe. ( Filipenses 2)
“Deus corre atrás de um miserável, Deus corre atrás de um ignorante e tolo, Deus corre atrás
de um rebelde”.
Graça significa favor imerecido para o recebedor, mas para Deus é amor incontido, é paixão
que precisa jorrar sobre a vida de um rebelde, mas que é loucamente amado por Deus.
O amor de Deus não cabe em si, por isso precisa pôr-se de pé e ir ao nosso encontro. Deus é
movido por compaixão. O termo grego para compaixão significa literalmente que as entranhas
de Deus se remexeram. Deus não fica parado, Ele corre, encontra, aceita, abraça-o, beija o
pecador, antes se quer dele ter a chance de se confessar. O homem precisa da ajuda de Deus
até mesmo para alcançar o verdadeiro arrependimento.
APLICAÇÃO:
Mas não foi uma lasca que se perdeu, um olho que perdeu o seu brilho ou um dedo que está
faltando. Toda a nossa configuração foi arruinada, todas as juntas e articulações do nosso
corpo foram destruídas.
a primeira – ele seria totalmente justo fazendo isso – seria nos jogar fora. Não dá mais, vai
para o lixo. Mas Deus escolheu a segunda opção: Ele quis nos consertar. E na cruz Jesus Cristo
se fez maravilhoso por nós. As suas juntas foram milimetricamente esmagadas para que eu e
você fossemos integralmente regenerados!
Deus em sua graça decidiu nos dar a vida, sem explicação, motivo, de um jeito incontido,
indizível, incomensurável, louco, apaixonado.
Nós deveríamos beijar os seus pés, mas ele nos beija primeiro – “está perdoado!” Nós
deveríamos oferecer ouro e anéis, mas ele nos presenteou primeiro–“você é meu filho!” Nós
deveríamos beijar e calçar os seus pés, mas ele é que nos devolveu as sandálias – “você é livre
e não escravo!” A cruz de Cristo é o símbolo da nossa perfeita aceitação. Deus nos aceita.
Jesus é a encarnação das entranhas de afeto de Deus por nós pecadores, pois “O Deus
pródigo” corre até hoje atrás de seus filhos. Nós somos pecadores salvos pela graça de Deus.