Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FRANCA
2006
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
SANDRA APARECIDA LUIZ VIEIRA
Presidente: __________________________________________
Nome: Prof. Dr. Márcio Botelho de Castro
Instituição: Universidade de Brasília – UnB
Titular 1: ____________________________________________
Nome: Profa. Dra. Aline Adriana Bolzan
Instituição: Universidade de Franca
Titular 2: ____________________________________________
Nome: Prof. Dr. Iucif Abrão Nascif Júnior
Instituição: Universidade de Franca
Franca, 24/06/2006.
DEDICO à minha família pelo incentivo e pelo apoio incondicional,
ao meu marido pela participação ativa durante todo o processo de
desenvolvimento deste trabalho, ao meu orientador por ter me
conduzido com tanta sabedoria e dedicação, ao coordenador por ter
tido a humildade de aceitar minhas limitações com tamanha honradez
e ao coordenador do curso pelo inestimável apoio.
AGRADECIMENTOS
aos que já partiram para o Oriente Eterno pelo exemplo que deixaram;
ao Prof. Dr. Márcio Botelho de Castro que não desistiu da sua missão de me
apoiar;
ao Prof. Dr. Iucif Abrão Nascif Júnior que adotou-me e transformou esse sonho
em realidade, o meu mais profundo e eterno reconhecimento;
VIEIRA, Sandra Aparecida Luiz. Efeito do laser de baixa potência na cicatrização de feridas
cutâneas experimentais. 2006. 49 f. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) –
Universidade de Franca, Franca-SP.
Este trabalho teve como objetivo comparar os resultados obtidos na pesquisa experimental com
laser de baixa potência, diodo AlGa, comprimento de onda de 660nm, com diferentes doses.
Utilizaram-se 54 ratos Wistar, divididos em grupos controle, grupos submetidos a laserterapia na
dose de 4J/cm² e grupos submetidos a laserterapia na dose de 8J/cm². Realizou-se avaliação
macroscópica diária, de todos os animais, pela paquimetria das feridas cutâneas. Para isso, os
animais foram anestesiados via inalatória com halotano. Os dados obtidos foram analisados pelo
teste T de Student com 95% de significância (p<0,05). Todas as análises foram realizadas com
programa GraphPad Prism 4.0. Para o exame histopatológico, nos períodos de 3, 7 e 14 dias, os
animais foram eutanasiados nos dias 4, 8 e 15 após a cirurgia experimental. Retirou-se
cirurgicamente as áreas da lesão e circunjacente, que foram colocadas em formalina tamponada a
10% e identificadas. O material retirado foi processado, incluído em parafina, realizado cortes de
4µm de espessura e corado com hematoxilina-eosina (HE). As amostras foram analisadas à
microscopia óptica de luz, observadas e avaliadas semi-quantitativamente, os processos
inflamatórios, grau de epitelização, fibras de colágeno e edema. O número de neovasos foi
contado em gratícula para microscópio em área padronizada de 0,25 mm2. Os resultados, da
avaliação macroscópica mostraram que, 50% dos animais tratados com laserterapia na dose de
4J/cm² tiveram cicatrização total no 12o dia de tratamento, e 83,3% dos animais apresentaram a
mesma resposta no 14ºdia. No grupo de animais submetidos a laserterapia na dose de 8J/cm²,
apenas 16,6% dos animais apresentaram cicatrização total no 12º dia de tratamento, e 66,6% dos
animais no 14° dia de tratamento. Portanto, a menor dose teve maior capacidade de acelerar o
processo de cicatrização. A análise morfométria da ferida cutânea demonstrou que, no 7ºdia após
início do tratamento, havia número médio estatisticamente maior de neovasos (p<0,05) nos
animais tratados com laserterapia na dose de 4J/cm2, quando comparado ao grupo controle. Não
foram observadas diferenças significativas entre os grupos, controle e 8J/cm2 neste mesmo
período. No 14o dia não foram observadas diferenças significativas entre todos os grupos
avaliados. Todos os animais, independente do grupo pertencente, apresentaram 100% de
reepitelização das feridas cutâneas ao 14o dia. Esse fato se deu, provavelmente, em razão do
modelo animal utilizado nessa pesquisa ter cicatrização espontânea em um período de tempo
relativamente curto. A metodologia empregada para avaliação do edema, formação de fibras
colágenas e infiltrado inflamatório, não foi capaz de detectar diferenças significativas entre os
grupos nos períodos analisados (3, 7 e 14 dias). Conclui-se que a radiação com laserterapia de
baixa potência, com comprimento de onda de 660nm, nas doses de 4J/cm² e 8J/cm² não
apresentaram diferenças estatísticas entre si. Porém, macroscopicamente houve diferença, em
relação à cicatrização total, entre os animais tratados e os não tratados com radiação laser. Esse
trabalho veio demonstrar a importância do uso da laserterapia de baixa potência em afecções que
comprometem as integridades, física, psíquica, social e econômica de grande número de seres
humanos.
VIEIRA, Sandra Aparecida Luiz. Effects of the low level laser in raw wounds cicatrization in
lab. 2006. 49 f. Dissertation (Master’s Degree in Health Promotion) – University of Franca,
Franca-SP-Brazil.
The main objective of this research was to compare the results obtained in the experimental
research using low-level laser diode AlGalnP, wavelength of 660nm, with different doses. In
the experiment we analyzed data from 54 Wistar rats, divided in control groups, groups that
were submitted into laser therapy with dose of 4j/cm², and groups submitted with dose 8j/cm².
Daily macroscopic evaluation of the animals was made, by the paquimetry of the flesh
wounds. Being so, the animals were sedated with halothane. The resulted data was analyzed
by the method of T-Student with a degree of 95% significance (p<0,05). All the analysis were
made using the GraphPad Prism 4.0 program. To realize the histopathologic exam, in the
periods of 3rd, 7th, and 14th day, the animals were submitted to euthanasia after the
experimental surgery in the following days: 4th, 8th, and 15th. The scar and the wound area
were surgically removed, which were identified put into tamponated formalin 10% solution.
The removed material was examined, included in wax, suffered cuts of 4µm thickness and
was colored with hematoxilina-eosina (HE). The samples were analyzed by light optic
microscopy, observed and semi-quantitative evaluated, the inflammatory process,
epithelialization degree, collagen fibers, and edema. The number of neovascularization was
counted in graticule for microscopy in an area standardized of 0,25mm2. The microscopy
evaluation results shows that 50% of the group submitted to lasertherapy in the dose of 4j/cm²
presented complete cicatrization on the 12th day of treatment while 83,3% presented complete
cicatrization on the 14th day. In the group of animals submitted to lasertherapy in the dose of
8j/cm², only 16,6% of the animals presented completed cicatrization on the 12th day of
treatment, and 66,6% of the animals on the 14th day of treatment. So, the low potency had
better capacity to increase the cicatrization process. The morphometry analysis of the flesh
wound showed that, on the 7th day after the beginning of the treatment, had a medium
number statistically of neovessels (p<0,05) in the animals treated with lasertherapy of 4j/cm2,
when compared to the control group. There was no significant difference between control
group and 8j/cm2 in the same period. On the 14th day no significant changes were observed
between all the evaluated groups. All the groups showed 100% of reepithelialization on the
surface of the wounds on the 14th day, probably, it happened in reason of the animal mode
used in this research that has spontaneous cicatrisation in a relatively short period of time. The
used method for the edema evaluation, formation of collagen fibers, and inflammatory
infiltrated, wasn’t able to identify significant differences between the groups on the analyzed
periods (3th, 7th and 14th days). The conclusion was that low level lasertherapy with wave of
660nm, on the doses of 4/jcm² and 8j/cm² didn’t show statistical difference. However,
macroscopically there was difference, in relation to complete cicatrisation, between animals
treated and not treated with lasertherapy. This study shows the importance of low-level
lasertherapy in a pathologic that compromises physical, psychic, social and economical
integrity of large number of human beings.
Nm – nanômetros
GC – Grupo Controle
HE – hematoxilina-eosina
cm – centímetro
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12
1 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 13
1.1 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E FUNCIONAL DA PELE ................... 13
1.2 CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS....................................................... 15
1.3 LASER TERAPÊUTICO .......................................................................................... 18
2 OBJETIVO .............................................................................................................. 22
3 MATERIAL E MÉTODO ...................................................................................... 23
3.1 ANIMAIS.................................................................................................................. 23
3.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL.................................................................... 23
3.2.1 Procedimento cirúrgico ............................................................................................. 23
3.2.2 Grupos experimentais................................................................................................ 25
3.2.3 Avaliação macroscópica das feridas.......................................................................... 25
3.2.4 Tratamento das feridas com laser.............................................................................. 26
3.2.5 Avaliação microscópica das amostras....................................................................... 28
3.2.6 Análise estatística ...................................................................................................... 28
4 RESULTADOS........................................................................................................ 29
4.1 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA DAS FERIDAS CUTÂNEAS.......................... 29
4.2 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DAS FERIDAS CUTÂNEAS.................... 31
5 DISCUSSÃO ............................................................................................................ 35
CONCLUSÃO........................................................................................................................ 41
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 42
ANEXOS ................................................................................................................................ 47
12
INTRODUÇÃO
1 REVISÃO DE LITERATURA
corpos cilíndricos ou ovais, que consistem de uma cápsula formada pela expansão da bainha
de tecido conjuntivo de uma fibra mielínica. São encontrados na conjuntiva do olho, na
membrana mucosa dos lábios e da língua e no epneuro dos troncos nervosos. Também são
encontrados nas genitais, possuindo aspecto de amora, e em membranas sinoviais de
determinadas articulações (VILELA, 2006).
passagem de elementos sangüíneos para a ferida como plasma, eritrócitos e leucócitos, através
do fenômeno de diapedese. A vasodilatação com extravasamento de elementos para o exterior
dos vasos forma um exsudato causando calor, rubor e dor. Sua intensidade correlaciona-se
com o tipo e grau de agressão. Juntamente com todas estas alterações, que correspondem à
resposta vascular, existe uma resposta celular. São importantes nesta fase os neutrófilos,
responsáveis pela digestão de bactérias e tecidos desvitalizados e os monócitos que se
transformam em macrófagos e auxiliam na fagocitose. Após o trauma, são liberados
mediadores celulares que estimulam a elaboração de substâncias, promovendo o processo
inflamatório (histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandinas, tromboxanos, linfocinas e
interleucina) (GUYTON, 1989; VILELA, 2006).
Na fase proliferativa ou fibroplástica ocorre a reparação do tecido conjuntivo e
do epitélio, formando o tecido de granulação, que é composto por fibroblastos e vasos
sangüíneos neoformados. O fibroblasto surge por volta do segundo e terceiro dias após o
trauma. O fibrinogênio do exsudato inflamatório transforma-se em fibrina, formando uma
rede, onde os fibroblastos depositam-se e passam a multiplicar-se e a secretar os componentes
proteicos do tecido cicatricial. Concomitante a esta fibroplasia ocorre intensa proliferação
vascular. O tecido formado por fibroblastos, substâncias e vasos sangüíneos denomina-se,
tecido de granulação, tem aspecto granuloso e avermelhado. O miofibroblasto é uma célula
que está presente no tecido de granulação e confere capacidade contrátil facilitando a
epitelização (RESENDE; PEREIRA; CASTRO, 2005). A atividade mitótica do fibroblasto
praticamente desaparece em torno do 15º dia, passando a secretar as proteínas presentes no
tecido de granulação, produzindo componentes da substância fundamental e colágeno. A
substância fundamental é formada por água, eletrólitos e glicosaminoglicanos têm aspecto
semelhante a um gel e está distribuído entre as fibras do tecido conjuntivo. A formação do
epitélio é outro fenômeno que ocorre na fase de fibroplasia. A epitelização faz-se, pelo
aumento de tamanho, da divisão e da migração das células da camada basal da epiderme por
sobre a área de reparação do tecido conjuntivo subjacente (CARVALHO et al., 2003).
A fase de maturação é caracterizada por dois eventos importantes: deposição,
agrupamento e remodelação do colágeno e regressão endotelial, (CARVALHO et al., 2003).
A remodelação do colágeno inicia-se na formação do tecido de granulação e
mantém-se por meses após a reepitelização. As colagenases e outras proteases produzidas por
macrófagos e células epidérmicas dão direção correta às fibras colágenas difusas. Há
diminuição de todos os elementos celulares, inclusive fibroblastos. A regressão endotelial
ocorre através da diminuição progressiva de vasos neoformados. A cicatriz torna-se menos
17
(HOPKINS et al., 2004; PUGLIESE et al., 2005). Encontram-se relatos de seu uso em
cicatrização de feridas há mais de 30 anos, embora muitos dos resultados descritos
apresentem inconsistência, devido falhas na descrição da metodologia empregada e ausência
de embasamento científico (NASCIMENTO, 2001).
Atualmente muitos estudos com laser de baixa potência, com comprimento de
onda situada entre 635 nm e 690 nm demonstraram eficiência em cicatrização de feridas
cutâneas e queimaduras (NASCIMENTO, 2001). Webb et al. (1998 apud ORTIZ, 2001b),
analisaram o efeito do laser com comprimento de onda de 660nm, nas doses de 2 Joules por
centímetro quadrado (J/cm²) e 4J/cm², nas culturas de tecido de cicatrizes hipertróficas e
cicatrizes normais de mulheres e constataram que em ambos os grupos houve aumento do
número de células em relação ao grupo controle.
De acordo com Haczeki (1989 apud ALBERTINI et al., 2002), as
características que identificam e diferem a luz laser de outras ondas luminosas são a
monocromaticidade, a colimação, a coerência e a polarização.
A monocromaticidade indica que cada meio que gera laser corresponde a um
único comprimento de onda. Esta característica é considerada o atributo mais importante da
luz laser, porque determina quais biomoléculas absorverão a radiação incidente e, portanto, a
interação fotobiológica e os efeitos terapêuticos específicos (ORTIZ et al., 2001a). A
colimação refere-se ao grau de paralelismo do feixe laser, mantendo um pequeno tamanho da
saída do feixe numa distância relativamente grande; esta característica é responsável pelos
perigos oculares gerados pelo laser. A coerência é a sincronicidade das ondas de luz, pode ser
temporal ou espacial, quando os fótons estão ajustados em plano espacial, paralelo entre si. A
polaridade ocorre quando as ondas de luz estão todas orientadas em um só plano, assim
vibrando em seus campos elétricos numa só direção, podendo ser linear ou circular (ORTIZ et
al., 2001a). A densidade de potência ou irradiância é a potência da saída da luz, medida em
watts por centímetro quadrado (W/cm²), por área irradiada. Segundo Karu (1998 apud ORTIZ
et al., 2001a), esses parâmetros são considerados mais importantes quando testados em
culturas celulares. A fluência ou densidade de energia ou dose é a energia total transmitida
por um feixe de laser, por unidade de área e é medida em Joule por metro quadrado (Sistema
MKS) ou Joule por centímetro quadrado (J/cm²) (KITCHEN; FISCHER, 1991; TURNER,
1999 apud ORTIZ et al., 2001a).
Ainda há na laserterapia, controvérsia quanto à dose correta para aplicação em
cada afecção específica. Encontram-se muitos parâmetros em fase de análise experimental,
tais como: dose a ser utilizada, tempo de aplicação do laser, o tempo de tratamento, a
21
2 OBJETIVO
3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 ANIMAIS
1
Conselho Federal de Medicina Veterinária
24
anestésico, os animais foram posicionados em decúbito ventral para que fosse feitas a
tricotomia e anti-sepsia do campo operatório; para a anti-sepsia utilizaram-se álcool iodado e
gazes estéreis.
Concebeu-se a confecção das feridas cirúrgicas na região cérvico dorsal por ser
considerada uma área de difícil acesso ao animal, minimizando ou evitando o autoferimento.
As lesões cirúrgicas foram obtidas com o auxílio de um saca-bocado com diâmetro de 10 mm,
baseando-se em protocolo proposto por Ribeiro et al. (2003). O saca-bocado foi posicionado
perpendicularmente na região pré-estabelecida e a solução de continuidade cutânea obtida
com a execução de movimento giratório, com leve pressão (Figura 1).
Optou-se pela região cérvico dorsal para a confecção das feridas por ser uma
área de difícil acesso ao animal, dificultando o autoferimento.
O saca-bocado foi posicionado perpendicularmente sobre o dorso do animal e
com uma leve pressão realizou-se um movimento giratório para que o tecido cutâneo se
desprendesse, com a finalidade de produzir a ferida padronizada em 10 mm de diâmetro.
Utilizou-se tesoura de ponta fina para finalizar a retirada do tecido que formava o tampão e
25
4 RESULTADOS
a b b
Figura 6 – Médias e desvios dos diâmetros (cm) das feridas cutâneas, nos grupos
controles, laserterapia com dose de 4Joules (4J) e com dose de 8Joules (8J).
Médias com letras diferentes diferem entre si (p<0,05).
feridas cutâneas precocemente e de forma acelerada já no 10º dia. Nos outros grupos 8J/cm²,
obteve-se o mesmo resultado no 11° dia, e no grupo controle somente no 14° dia. Esses dados
foram obtidos através de análise macroscópica, pelo método da observação diária.
GC 0 33,3%
G4J 50,0% 83,3%
G8J 16,6% 66,6%
5 DISCUSSÃO
controle sugerindo não ter havido interferência do laser no período pesquisado para roedores.
Contudo, esse achado pode ter ocorrido pelo fato dos roedores possuírem cicatrização
conhecidamente mais rápida em relação aos humanos, em virtude do menor ciclo de vida.
Baxter (1994) e Gogia (1995) citados por Ortiz et al. (2001b) e Gasetta et al. (2005), também
observaram que o laser de baixa potência foi eficiente na diminuição da resposta inflamatória
dos tecidos. Da mesma forma Ozawa et al. (1998) e Stainki et al. (1998), pesquisando os
benefícios do laser na regeneração do nervo radial em cães, observaram a diminuição da
inflamação durante a cicatrização da pele. Albertini et al. (2002), estudando o efeito da
radiação laser de baixa potência, em edema em pata de rato, demonstraram que o efeito
antiinflamatório se inicia após a primeira aplicação. Vincensi e Carvalho (2002), trabalhando
com inflamação aguda induzida em ratos, também encontraram resultados satisfatórios
utilizando o laser de baixa potência.
Na presente pesquisa, também foi avaliado o efeito terapêutico do laser de
baixa potência na neovascularização das feridas cutâneas experimentais, através da análise
morfométrica. Os resultados demonstram que estatisticamente (p<0,05) a média de neovasos
nos animais submetidos a laserterapia na dose de 4J/cm² no 7º dia após o início do tratamento,
foi maior quando comparado ao grupo controle (Figuras 7 e 8). Entretanto, no mesmo
período, não foram observadas diferenças estatísticas entre os animais do grupo tratado com
dosimetria de 8J/cm² quando comparados aos do grupo controle (Tabela 2, Figuras 9 e 10).
Analisando os animais tratados até o 14º dia após o início do tratamento, não foram
observadas diferenças significativas entre todos os grupos (Figura 7). Carvalho et al. (2001),
em seus estudos utilizaram o laser de baixa potência, com a dose de 4J/cm², para tratar as
feridas cutâneas induzidas em roedores diabéticos e não diabéticos. Compararam os três
grupos pesquisados, e também encontraram, nos animais tratados com laserterapia, aumento
do número de neovasos no 7° dia de tratamento, comparados aos animais que não receberam
tratamento com laserterapia. Classificaram esse achado como sendo de moderado para
intenso, os laseres utilizados entre o referido autor e o presente estudo apresentaram
dosimetria semelhante, porém com comprimento de onda diferente. Em outro trabalho,
Carvalho et al. (2003) analisaram feridas cutâneas submetidas à radiação laser e verificaram
também, aumento da neovascularização após 14 dias de laserterapia nos animais tratados em
relação aos animais que não receberam tratamento. Nascimento (2001) estudando os efeitos
teciduais de feridas cutâneas submetidas a diferentes intensidades de uma mesma dose de
radiação, porém com laseres diferentes, observou uma neovascularização mais intensa do que
nas feridas não irradiadas. Segundo o autor, esse aspecto pode representar um efeito da
38
manifestação do laser sobre o tecido endotelial, o qual poderia ser resultante de uma maior
liberação dos mediadores químicos da proliferação celular. Fato já relatado por outros autores
(ABERGEL et al., 1984; HALLMAN et al., 1988; KARU et al., 1995; KARU 1998 e KARU
2000) de acordo com Nascimento (2001).
Quando avaliado o índice de cicatrização, da superfície das feridas cutâneas
experimentais, observou-se no presente estudo que a mesma ocorreu de forma precoce. Pois,
aos 7 dias de tratamento com laserterapia, já se percebia reepitelização nos animais tratados
com as duas doses pesquisadas (4J/cm² e 8J/cm²) em relação aos animais não tratados (Figura
5). Da mesma forma Webb et al. (1998 apud ORTIZ et al., 2001b) descreveram o efeito do
laser de baixa potência 660nm, em culturas de tecido de cicatrizes hipertróficas e normais de
humanos do sexo feminino. Eles também utilizaram duas doses distintas, sendo 2J/cm² e
4J/cm², e atestaram que houve aumento no número de células nas duas doses testadas em
relação ao grupo controle. Os mesmos parâmetros avaliados no 14o dia de tratamento
mostram que todos os grupos apresentaram 100% de cicatrização total da ferida cutânea
experimental (Figuras 9 e 11). Esse fato pode ter ocorrido em virtude da pesquisa ter sido
realizado com roedores que têm o metabolismo acelerado e ciclo de vida curto.
Na presente pesquisa, a metodologia empregada para avaliar formação de
fibras colágenas, não foi capaz de detectar diferenças significativas entre os grupos estudados
nos períodos analisados de tratamento com laserterapia (Tabela 2). Contudo, Schmitt et al.
(1993) pesquisando sobre a regeneração do tendão em cães, demonstraram que o tratamento
com laserterapia também não interferiu no resultado final, particularmente na produção de
fibroblastos e na síntese de fibras colágenas, com o comprimento de onda e na dose utilizada
(904nm e 4J/cm²). Porém, Carvalho et al. (2003), pesquisando o efeito do laser de baixa
potência (HeNe) em feridas cutâneas de ratos, relataram que houve um incremento do
processo cicatricial com uma rede de fibras colágenas melhor elaborada nos animais tratados
com laserterapia do que em animais não submetidos ao mesmo tratamento. Os laseres
utilizados nos trabalhos citados apresentaram características distintas quanto ao comprimento
de onda e o tecido pesquisado, sendo apenas a dosimetria a mesma. A presente pesquisa,
também só apresentou como semelhança com os demais relatos anteriores, a dosimetria
utilizada (4J/cm²). Sendo os tecidos pesquisados, o comprimento de onda laser e o método de
aplicação diferente.
Say et al. (2003) estudaram 4 pacientes portadores de úlceras cutâneas e
portadores de úlceras venosas de diversas etiologias, realizando análise comparativa por
registros fotográficos e gráficos para comprovar a eficácia e atuação do laser de baixa
39
potência (HeNe e AsGa). A dose aplicada foi de 4J/cm² em todos os casos descritos
independente do comprimento de onda do laser. Em um dos casos, ocorreu cicatrização total
após 26 sessões de laserterapia no período de 14 semanas.
Embora os trabalhos pesquisados na literatura apontem para a melhoria da
cicatrização de feridas cutâneas com o laser de baixa potência, autores como Rocha (2003)
acreditam que dependendo do nível e da profundidade da lesão, pode ser perfeitamente viável
a utilização do laser com comprimento de onda acima do visível, pois muitos parâmetros que
ainda estão em estudo precisam de melhor esclarecimento através de pesquisas cientificas.
Essa declaração vem de encontro aos achados na atual pesquisa, pois vários fatores podem
interferir na aplicação da laserterapia. Desde o manuseio da ferida, limpeza, debridamento,
assepsia, metodologia de aplicação, esses fatores vão além da escolha do comprimento da
onda e da dose a ser aplicada.
Também foi possível avaliar o fator analgesia, através de acompanhamento e
observação diária dos animais submetidos à cirurgia para obtenção da ferida cutânea
experimental. Os dados foram obtidos com base no comportamento dos animais tratados pela
laserterapia em relação ao grupo controle. Esse é um parâmetro de importância fundamental
para a utilização desse recurso terapêutico nos consultórios de fisioterapia. Embora não tenha
sido objetivo dessa pesquisa mensurar a dor, outros trabalhos envolvendo a laserterapia de
baixa potência vêem buscando produzir maior conhecimento a esse respeito. Serafim e
Teodoroski (2003) concluíram que a terapia com laser AsGa mostrou-se eficiente no controle
da dor nas articulações temporomandibulares, além de melhorar a amplitude de movimentos
comprometida pela disfunção.
Procurou-se demonstrar esse efeito por meio da análise de alguns parâmetros, uma vez que os
trabalhos levantados trazem informações que não propiciam uma avaliação fidedigna. Há
muita diversidade de parâmetros encontrados na literatura, como o tipo de radiação laser, a
dosimetria, o comprimento de onda, o protocolo terapêutico, a espécie animal utilizada e o
tipo de tecido tratado, não permitindo, por vezes, comparações que levem a uma conclusão
definitiva. Portanto, buscou-se uma contribuição com mais informações aos profissionais
envolvidos nesse tipo de tratamento.
Embora muitos trabalhos tenham abordado de maneira extensiva à atuação da
radiação com laser de baixa potência nos diferentes tecidos, ainda existem vários
questionamentos sem respostas, como a dose ótima e a conduta terapêutica. Com o
esclarecimento desses parâmetros, será possível estabelecer critérios que promovam
benefícios reais dessa terapia em patologias que necessitem de intervenção precoce, com a
finalidade de estimular o processo de cicatrização cicatricial, em feridas abertas, úlceras de
decúbitos, feridas em portadores de diabetes entre outras importantes lesões cutâneas de
difícil manejo. Contudo, a laserterapia ainda é uma realidade pouco conhecida pelos
profissionais para esse tipo de tratamento, embora seja um campo de pesquisa em evidência
há mais de dez anos e represente uma nova e promissora ferramenta de trabalho. Por tudo
isso, ela pode contribuir na otimização das terapias existentes a fim de minimizar os efeitos
psíquicos, sociais e econômicos que acometem os portadores dessas patologias.
Proporcionando, portanto, um retorno precoce ao trabalho, a reintegração ao convívio social e
a melhoria na qualidade de vida.
41
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALBERTINI, R.; CORREA, F. I.; RIBEIRO, W.; COGO, J. C.; ANTUNES, E.; TEIXEIRA,
S.; NUCCI, G.; FARIA NETO, H. C. C.; AIMBIRE F, S. C.; ZANGARO, R. A.; MARTINS
R. A B. L. Análise do efeito do laser de baixa potência (As-Ga-Al) no modelo de inflamação
de edema de pata em ratos. Fisioterapia Brasil, v. 3, n. 1, p. 5-15, jan./fev. 2002.
ANNEROTH G.; HALL G.; RYDEN H.; ZETTERQVISIT, L. The effect of low-energy
infra-red laser radiation on wound healing in rats. The Bristish Journal of Oral & Maxillo
Facial Surgery, v. 26, p. 12-17, 1988.
ASSUNÇÃO, D.; STALL, K. R.; CASTILHO, L. V.; AMORIM, M. H. P. B.; PALMA, M.;
FONSECA, P. B.; MENON, V. B. Tratamento fisioterapêutico da acne por meio do laser.
Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 16, n. 4, p. 11-16, out./dez. 2003.
AZEVEDO, A.; KANSAON, M..; MATOS, M.; CUNHA, P.; VALADARES, P.; MAIA, P.;
VILELA, R. AVILA, R.; GONÇALVES, R.; SANTOS, R. Normas para realização de
curativos. Disponível em: <http://www.angelfire.com/ma/pliniomaia/curativos.html>. Acesso
em: 31 maio 2004.
COTTA, M. A. Estudo de efeitos não térmicos da radiação laser em tecidos vivos. 1987.
Dissertação (Mestrado em Ciências) – Unicamp, Campinas. Disponível em:
<http://www.ifi.unicamp.br/ccjdr/teses>. Acesso em: 30 jan. 2005.
ENDO, C. Estudo dos efeitos do tratamento com laser num modelo experimental de lesão por
esmagamento do nervo ciático de ratos. 2002. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia)
Universidade São Paulo, Ribeirão Preto. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses>.
Acesso em: 15 maio 2005.
GRAY, F. R. H. O tegumento. In: ______. Anatomia. 29. ed. Rio de Janeiro: Guanabara,
1988. cap. 14, p. 891-907.
______. Anatomia: terminação periférica de nervos. 29. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.
p. 730-733.
______. Tratado de fisiologia médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989. p. 275-277.
KOLARI, P. J. Penetration of unifocused laser light into the skin. Arch Dermatol Res., v. 277,
n. 4, p. 342-344, 1985.
44
LILGE, L.; TIERNEY, K.; NUSSBAUM, E. Low-level laser therapy for wound healing:
feasibility of wound dressing transilumination. J. Clin laser Med Surg., v. 18, n. 5, p. 235-
240, Oct. 2000.
MARIA, R.; AUN, R. A importância de uma cobertura adequada na cicatrização das lesões
cutâneas. 2004. Disponível em: <http://rrferidas.com/materia.asp?IdMateria=7>. Acesso em:
2 jan. 2006.
MARINO, J. A. M.; TACIRO, C.; ZUANON, J. A. S.; BENATTI NETO, C.; PARIZOTTO,
N. A. Efeito do laser terapêutico de baixa potência sobre o processo de reparação óssea em
tíbia de rato. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 7, n. 2, p. 167-173, 2003.
______. Laser de baixa intensidade: efeito sobre os tecidos biológicos – Parte 2. Fisioterapia
Brasil, v. 2, n. 6, p. 337-352, nov./dez. 2001b.
OZAWA, Y.; SHIMIZU N.; KARIYA, G.; ABIKO, Y. Low-energy irradiation stimulates
boné nodule formation at early stages of cell culture in rat calvarial cells. Bone, v. 22, n. 5, p.
347-354, Abr. 1998.
PAIM, C. B. V.; RAISER, A. G.; CARDOSO, E.; BECK, C. Enxerto autólogo de pele, em
malha, com espessura completa, na reparação de feridas carpometacarpianas de cães.
Resposta à irradiação laser AsGa. Ciência Rural, Santa Maria, v. 32, n. 3, p. 451-457, 2002.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php>. Acesso em: 10 jun. 2005.
SCHIMITT, L.; RAISER, A G.; GRAÇA, D. L.; CASTAGNA, C. D.; GEHVER, C.;
MAIORKA, P. Os efeitos da radiação laser arseneto de gálio (AsGa) sobre a regeneração de
tendão em cães. Braz. J. Vet. Res. Anim Sci. São Paulo. v. 30, n. 2, p. 145-149, 1993.
46
ANEXOS
48