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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
MESTRADO EM RADIOLOGIA BUCOMAXILOFACIAL

ESTUDO RADIOGRÁFICO E HISTOPATOLÓGICO DOS


TECIDOS PERICORONÁRIOS DE TERCEIROS MOLARES
NÃO IRROMPIDOS E PARCIALMENTE IRROMPIDOS

Carla Girardi

Florianópolis
2003
Carla Girardi

ESTUDO RADIOGRÁFICO E HISTOPATOLÓGICO DOS


TECIDOS PERICORONÁRIOS DE TERCEIROS MOLARES
NÃO IRROMPIDOS E PARCIALMENTE IRROMPIDOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Odontologia da Universidade
Federal de Santa Catarina como requisito para
obtenção do título de Mestre em Odontologia,
área de concentração Radiologia
Bucomaxilofacial.
Orientador: Profª. Dra. Liliane J. Grando.
Co-orientadora: Profª. M.Sc. Christine K. Philippi.

Florianópolis
2003
CARLA GIRARDI

ESTUDO RADIOGRÁFICO E HISTOPATOLÓGICO DOS


TECIDOS PERICORONÁRIOS DE TERCEIROS MOLARES
NÃO IRROMPIDOS E PARCIALMENTE IRROMPIDOS

Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de


Mestre em Odontologia, opção Radiologia Bucomaxilofacial e aprovada
em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia.

Florianópolis, de Dezembro de 2003.

Prof. Dr. Mauro Caldeira de Andrada


Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia

Banca Examinadora

Profª. Dra. Liliane Janete Grando,


Presidente

Profª. Dra. Ângela Fernandes


Membro

Prof. Dr. David Rivero Tames


Membro
A meu esposo, Fabrízio: por dedicar parte de sua
vida, por compartilhar as alegrias nos momentos de
glória, as tristezas nos momentos difíceis, as dúvidas
nos momentos decisivos e por valorizar o meu
caminho.

A meus pais, Antônio e Nelci, pelo amor, sabedoria,


firmeza dos gestos e exemplo de vida.

À minha irmã, Patrícia, pelo espírito de luta e por


permitir a realização de um sonho.

Às professoras Liliane e Sônia: “eu tinha um barco,


um leme, dois rumos, um sol, um céu, um mar. Um
horizonte no qual precisava encontrar sonhos e
esperanças, mas eu não sabia remar. Vocês vieram,
mostraram a força que eu tinha nos braços, e como
era fácil navegar”.

A todos vocês, dedico este trabalho.


AGRADECIMENTOS

A Deus, pela sua onipresença em todos os meus passos.

À Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Vale do


Itajaí, por permitirem a realização deste trabalho.

A minha orientadora, Professora Liliane Janete Grando, pelo interesse,


incentivo, amizade e brilhante orientação.

A minha co-orientadora, Professora Christine Kalvelag Philippi, pela


amizade e co-orientação.

Ao Professor Murillo José Nunes de Abreu Júnior e à Professora Naira


Maria Mascarenhas Baratieri pela oportunidade concedida e pela confiança
demonstrada, minha eterna gratidão.

À Maria Inês Meurer e Michela Dinah Zastrow Costa pela análise


radiográfica.

À Christine Kalvelag Philippi e Paula Bohrer pela análise


histopatológica.

À Professora Maria Cristina Calvo pela análise estatística.

À Professora Liene Campos pela cuidadosa revisão bibliográfica.

Aos funcionários do Serviço de Radiologia do Curso de Odontologia da


Universidade Federal de Santa Catarina e do Laboratório de Histologia e Patologia
Bucal do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, pelo apoio e
amizade conferidos durante todo o período de vínculo a esta instituição.

Aos colegas de curso, César e Fernanda pela amizade.

Ao meu amigo Cristiano, por sua grandeza de espírito.

Enfim, a todos aqueles que de alguma forma, contribuíram para a


realização deste trabalho.
GIRARDI, Carla. Estudo radiográfico e histopatológico dos tecidos
pericoronários de terceiros molares não irrompidos e parcialmente irrompidos.
2003. 217p. Dissertação (Mestrado em Odontologia – opção Radiologia
Bucomaxilofacial) – Programa de Pós-graduação em Odontologia, Universidade
Federal de Santa Catarina.

RESUMO

Uma amostra aleatória de 48 pacientes, atendidos no Núcleo de Cirurgia e


Traumatologia Bucomaxilofacial e Patologia Bucal do Hospital Universitário e na
Disciplina de Cirurgia III do Curso de Graduação em Odontologia da Universidade
Federal de Santa Catarina, sendo 32 do gênero feminino e 16 do gênero masculino,
na faixa etária de 15 a 26 anos, foi estudada. A partir desta amostra, 33 radiografias
panorâmicas e 72 tecidos pericoronários de terceiros molares não irrompidos e
parcialmente irrompidos foram obtidos. O estudo radiográfico foi dividido em 2
partes: mensuração do espaço pericoronário pelo pesquisador e análise das
imagens radiográficas por 2 radiologistas bucomaxilofaciais. Os tecidos
pericoronários removidos cirurgicamente foram preparados e corados pelas técnicas
de hematoxilina-eosina e tricrômico de Mallory e, as lâminas analisadas por 2
patologistas bucais. Os resultados obtidos apontaram que a largura dos espaços
pericoronários variou de 0,8 a 5,3 mm, sendo que 76% dos dentes da amostra foram
considerados folículos pericoronários e 24% cistos dentígeros, segundo este critério.
O teste de Kappa evidenciou uma concordância moderada entre os diagnósticos
obtidos a partir da largura do espaço pericoronário e dos observadores radiográficos
1 e 2 e, um fraco nível de concordância entre os diagnósticos dos observadores
radiográficos 1 e 2. Na análise histopatológica houve um predomínio de folículos
pericoronários e uma concordância moderada entre os diagnósticos dos
observadores histopatológicos 1 e 2, mas foram muito baixos os níveis de
concordância entre a largura dos espaços pericoronários, os observadores
radiográficos e os observadores histopatológicos. Não foram encontrados
parâmetros radiográficos e histopatológicos que isoladamente permitiram diferenciar
folículos pericoronários de cistos dentígeros. Desta forma, foi considerada
indispensável a soma das características clínicas, radiográficas e histopatológicas
dos tecidos pericoronários no estabelecimento do correto diagnóstico diferencial
entre Folículo Pericoronário e Cisto Dentígero.

Palavras-chave: Cisto dentígero. Folículo pericoronário. Terceiro molar.


GIRARDI, Carla. Estudo radiográfico e histopatológico dos tecidos
pericoronários de terceiros molares não irrompidos e parcialmente irrompidos.
2003. 217p. Dissertação (Mestrado em Odontologia – opção Radiologia
Bucomaxilofacial) – Programa de Pós-graduação em Odontologia, Universidade
Federal de Santa Catarina.

ABSTRACT

A random sample composed of 48 patients seen at the Nucleus of Oral and

Maxillofacial Surgery and Traumatology and Oral Pathology of University Hospital

and at the Discipline of Surgery III of Dentistry Graduation Course of Federal

University of Santa Catarina was studied. The sample consisted of 32 female and 16

male individuals, with an age range of 15 to 26 years. From this sample 33

panoramic radiographs and 72 pericoronal tissues of unerupted and partially erupted

third molar teeth were obtained. The radiographic study was divided into two parts:

measuring of pericoronal space by the author and analysis of radiographic images

by two oral and maxillofacial radiologists. The pericoronal tissues surgically removed

were prepared and stained with hematoxylin-eosin and Mallory trichrome techniques,

and the sections were analyzed by two oral pathologists. The results pointed out that

the pericoronal space varied from 0.8 to 5.3 mm, 76% of the teeth from the sample

being considered pericoronal follicles and 24% dentigerous cysts, according this

criterion. The test of Kappa eviced a moderate agreement between the diagnoses

obtained from width of the pericoronal space and radiographic examiners 1 and 2,

and there was a weak level of agreement between the diagnoses of radiographic

examiners 1 and 2. In histopathological analysis there was a prevalence of


pericoronal follicles and a moderate agreement between the diagnoses of

histopathological examiners 1 and 2, but the levels of agreement between width of

pericoronal spaces, radiographic examiners and histopathological examiners were

very low. It was found no radiographic or histopathological parameter that, by itself,

could allow to distinguish between pericoronal follicles and dentigerous cysts. Thus,

the sum of clinical, radiographic, and histopathological features of pericoronal tissues

was considered essential in order to establish a correct differential diagnosis

between pericoronal follicle and dentigerous cyst.

Key-words: Dentigerous cyst. Pericoronal follicle. Third molar.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Fase de campânula. Germe dentário com todos os seus


constituintes; a) esquema representativo; b) odontogênese em fase de
campânula............................................................................................................. 24
FIGURA 2: Mensuração da ampliação na radiografia panorâmica através de
esferas metálicas................................................................................................... 132
FIGURA 3: Traçado do contorno do dente e da cortical radiopaca da cripta
óssea..................................................................................................................... 133
FIGURA 4: Subdivisão do contorno da coroa e do espaço pericoronário do
dente e união das subdivisões............................................................................... 134
FIGURA 5: Paquímetro eletrônico digital e demais materiais utilizados na
mensuração da largura dos espaços pericoronários............................................. 134
FIGURA 6: Mensuração do espaço pericoronário, quando a maior largura
correspondeu à distância da cripta óssea à porção mais profunda da face
oclusal da coroa do dente...................................................................................... 135
FIGURA 7: Aspecto macroscópico de um terceiro molar e de seu tecido
pericoronário.......................................................................................................... 138
FIGURA 8: Espaço pericoronário considerado normal no elemento 38,
compatível com o diagnóstico radiográfico de folículo pericoronário.................... 148
FIGURA 9: Espaço pericoronário considerado aumentado no elemento 38,
compatível com o diagnóstico radiográfico de cisto dentígero.............................. 148
FIGURA 10: Espaço pericoronário considerado alterado no elemento 38,
compatível com o diagnóstico radiográfico de cisto paradental............................ 149
FIGURA 11: Fotomicrografia de folículo pericoronário mostrando epitélio
reduzido do órgão do esmalte (a); tecido conjuntivo fibroso (b) e área
hemorrágica (c); coloração HE. Aumento no original de 66X................................ 152
FIGURA 12: Fotomicrografia de folículo pericoronário mostrando epitélio de
mucosa bucal (a); tecido conjuntivo fibroso (b) e epitélio reduzido do órgão do
esmalte (c); coloração Tricrômico de Mallory. Aumento no original de 33X.......... 153
FIGURA 13: Fotomicrografia de folículo pericoronário mostrando epitélio
reduzido do órgão do esmalte (a) e tecido conjuntivo fibroso (b); coloração
Tricrômico de Mallory. Aumento no original de 66X.............................................. 154
FIGURA 14: Fotomicrografia de cisto dentígero mostrando epitélio pavimentoso
estratificado (a) e tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório crônico (b);
coloração HE. Aumento no original de 66X........................................................... 155
FIGURA 15: Fotomicrografia de cisto dentígero mostrando epitélio pavimentoso
estratificado (a) e tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório crônico (b);
coloração Tricrômico de Mallory. Aumento no original de 66X.............................. 156
FIGURA 16: Fotomicrografia de fragmento de mucosa bucal mostrando epitélio
pavimentoso estratificado (a) e tecido conjuntivo fibroso (b); coloração HE.
Aumento no original de 33X................................................................................... 157
FIGURA 17: Fotomicrografia de fragmento de mucosa bucal mostrando epitélio
pavimentoso estratificado (a) e tecido conjuntivo fibroso (b); coloração
Tricrômico de Mallory. Aumento no original de 33X.............................................. 158
FIGURA 18: Fotomicrografia de folículo pericoronário mostrando ilhas de
epitélio odontogênico (a) inseridas no tecido conjuntivo fibroso (b); coloração
HE. Aumento no original de 66X............................................................................ 160
FIGURA 19: Fotomicrografia de folículo pericoronário mostrando ilhas de
epitélio odontogênico (a) inseridas no tecido conjuntivo fibroso (b); coloração
HE. Aumento no original de 132X............................................................... 161
LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Número de casos e distribuição percentual da amostra segundo a


faixa etária............................................................................................................. 143
TABELA 2: Número de casos e distribuição percentual de 33 dentes da
amostra radiográfica segundo as larguras dos espaços pericoronários
mensurados a partir de radiografias panorâmicas.......................................................... 145
TABELA 3: Associação entre o diagnóstico radiográfico obtido através da
largura dos espaços pericoronários, com o gênero, a faixa etária e a arcada
envolvida................................................................................................................ 146
TABELA 4: Resultados da concordância entre os diagnósticos radiográficos
através do teste de Kappa..................................................................................... 150
TABELA 5: Resultados da concordância entre os diagnósticos histopatológicos
e radiográficos através do teste de Kappa............................................................ 165
TABELA 6: Associação entre os diagnósticos histopatológicos 1 e 2, com o
gênero, a faixa etária e a arcada envolvida........................................................... 166
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: Distribuição percentual da amostra segundo os gêneros feminino


e masculino........................................................................................................... 142
GRÁFICO 2: Distribuição percentual dos dentes da amostra segundo a sua
localização............................................................................................................. 144
GRÁFICO 3: Distribuição percentual dos diagnósticos radiográficos de 33
dentes da amostra segundo a largura dos espaços pericoronários...................... 146
GRÁFICO 4: Distribuição dos diagnósticos dos observadores radiográficos 1 e
2............................................................................................................................. 147
GRÁFICO 5: Distribuição das larguras dos espaços pericoronários e dos
diagnósticos dos observadores radiográficos 1 e 2 de 33 dentes da
amostra.................................................................................................................. 149
GRÁFICO 6: Distribuição dos tecidos pericoronários da amostra considerando
os tipos de epitélio de revestimento segundo os observadores histopatológicos
1 e 2....................................................................................................................... 151
GRÁFICO 7: Distribuição dos tecidos pericoronários da amostra considerando
a presença de infiltrado inflamatório no epitélio de revestimento, segundo os
observadores histopatológicos 1 e 2..................................................................... 159
GRÁFICO 8: Distribuição dos tecidos pericoronários da amostra considerando
a presença de ilhas de epitélio odontogênico, segundo os observadores
histopatológicos 1 e 2............................................................................................ 160
GRÁFICO 9: Distribuição dos tecidos pericoronários da amostra considerando
o tipo de processo inflamatório presente, ou ausência do mesmo no tecido
conjuntivo, segundo os observadores histopatológicos 1 e 2...................................... 162
GRÁFICO 10: Distribuição dos diagnósticos histopatológicos considerando o
tipo de epitélio de revestimento dos tecidos pericoronários dos dentes da
amostra segundo os observadores histopatológicos 1 e 2.................................... 163
GRÁFICO 11: Distribuição dos diagnósticos das larguras dos espaços
pericoronários, dos diagnósticos dos observadores radiográficos 1 e 2 e dos
diagnósticos dos observadores histopatológicos 1 e
2............................................................................................................................. 164
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 16
2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................ 20
2.1 Odontogênese....................................................................................................... 20
2.1.1 Banda epitelial primária................................................................................. 20
2.1.2 Lâmina vestibular e lâmina dentária.............................................................. 21
2.1.3 Fase de botão......................................................................................................... 21
2.1.4 Fase de capuz......................................................................................................... 22
2.1.5 Fase de campânula................................................................................................ 23
2.1.6 Fase de coroa......................................................................................................... 27
2.1.7 Fase de raiz................................................................................................... 27
2.2 Amelogênese......................................................................................................... 29
2.2.1 Fase morfogenética e de histodiferenciação................................................. 30
2.2.2 Fase secretora......................................................................................................... 30
2.2.3 Fase de maturação................................................................................................. 31
2.2.4 Fase de proteção................................................................................................... 32
2.3 Dentes não irrompidos e parcialmente irrompidos................................. 34
2.3.1 Terminologia e conceituação........................................................................ 34
2.3.1.1 Dentes retidos......................................................................................................... 34
2.3.1.2 Dentes impactados........................................................................................ 34
2.3.2 Etiologia das impacções dentais................................................................ 35
2.3.3 Freqüência de dentes não irrompidos e parcialmente irrompidos.................. 37
2.3.4 Possíveis alterações associadas a dentes não irrompidos e parcialmente
irrompidos................................................................................................................ 39
2.3.4.1 Folículo pericoronário.................................................................................... 43
2.3.4.2 Cisto dentígero....................................................................................................... 45
2.3.4.3 Tumor odontogênico adenomatóide (TOA)................................................... 53
2.3.4.4 Fibroma ameloblástico.................................................................................. 56
2.3.4.5 Ceratocisto odontogênico.............................................................................. 58
2.3.4.6 Cisto paradental............................................................................................ 60
2.3.4.7 Ameloblastoma.............................................................................................. 65
2.3.5 Intervenção cirúrgica..................................................................................... 67
2.3.6 Características radiográficas dos tecidos pericoronários.............................. 85
2.3.7 Características histopatológicas dos tecidos pericoronários......................... 95
2.3.8 Características macroscópicas dos tecidos pericoronários.......................... 125
3 PROPOSIÇÃO.............................................................................................. 127
4 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................. 128
4.1 Material......................................................................................................... 128
4.1.1 População..................................................................................................... 128
4.1.2 Amostra......................................................................................................... 129
4.2 Método.......................................................................................................... 130
4.2.1 Delineamento............................................................................................... 130
4.2.2 Etapas........................................................................................................... 130
4.2.2.1 Cadastro do paciente.................................................................................... 130
4.2.2.2 Estudo radiográfico....................................................................................... 131
4.2.2.3 Análise histopatológica dos tecidos pericoronários....................................... 137
4.2.2.4 Análise e interpretação dos resultados/análise estatística............................ 141
5 RESULTADOS.............................................................................................. 142
5.1 Distribuição da amostra segundo os gêneros feminino e
masculino..................................................................................................... 142
5.2 Distribuição da amostra segundo a faixa etária....................................... 143
5.3 Distribuição dos dentes da amostra segundo a sua localização........... 143
5.4 Distribuição da amostra radiográfica segundo a largura dos espaços
pericoronários............................................................................................. 144
5.5 Resultados dos diagnósticos dos observadores radiográficos e
relação dos mesmos, com a largura dos espaços pericoronários de
33 dentes da amostra.................................................................................. 147
5.6 Distribuição dos dentes da amostra segundo os parâmetros
histopatológicos dos tecidos pericoronários........................................... 150
6 DISCUSSÃO................................................................................................. 167
6.1 Distribuição da amostra segundo os gêneros feminino e
masculino..................................................................................................... 167
6.2 Distribuição da amostra segundo a faixa etária....................................... 168
6.3 Distribuição dos dentes da amostra segundo a sua localização........... 168
6.4 Intervenção cirúrgica de terceiros molares não irrompidos ou
parcialmente irrompidos............................................................................. 169
6.5 Distribuição de 33 dentes da amostra segundo a largura dos espaços
pericoronários............................................................................................. 171
6.6 Relação entre os diagnósticos dos observadores radiográficos e dos
mesmos, com a largura dos espaços pericoronários de 33 dentes da
amostra......................................................................................................... 175
6.7 Distribuição da amostra segundo os parâmetros histopatológicos
dos tecidos pericoronários dos dentes da amostra................................ 178
6.7.1 Associação entre os diagnósticos dos observadores histopatológicos 1 e 2
com o gênero, a faixa etária e a arcada envolvida........................................ 179
6.7.2 Concordância entre os diagnósticos dos observadores histopatológicos 1
e 2.................................................................................................................. 181
6.7.3 Concordância entre os diagnósticos dos observadores histopatológicos 1
e 2 com a largura dos espaços pericoronários e com os diagnósticos dos
observadores radiográficos 1 e 2.................................................................. 183
7 CONCLUSÕES............................................................................................. 186
REFERÊNCIAS............................................................................................. 188
APÊNDICES................................................................................................. 198
ANEXOS................................................................................................................... 214
16

1 INTRODUÇÃO

O grande número, mas acima de tudo, a grande variedade de doenças bucais é

um desafio para que todo cirurgião-dentista seja capaz de reconhecer e diagnosticar

anomalias e lesões da cavidade bucal.

A esfera de trabalho dos profissionais da Odontologia foi ampliada

significativamente no século passado, passando de uma profissão preocupada com

a técnica, reparando e reconstruindo dentes, para uma profissão mais orientada

para a biologia, que se preocupa com o diagnóstico e o tratamento de numerosas

anomalias e doenças que podem afetar a cavidade bucal.

Dentre as várias anomalias que podem afetar a boca, observa-se a grande

freqüência de dentes não irrompidos, principalmente dos terceiros molares.

Segundo Barroso et al. (1985) os dentes que, esgotada a época normal para a

sua erupção não a fazem, são chamados de dentes inclusos, impactados, retidos

ou, mais propriamente, de dentes não irrompidos.

Razões de ordem periodontal segundo Ash Júnior (1964); Fielding; Douglass;

Whitley (1981); Bishara e Andreasen (1983) e ortodôntica, segundo Richardson

(1977); Carvalho, São José (1985) constituem algumas das indicações cirúrgicas

para tratamento dos dentes não irrompidos. Enquanto que o ortodontista se

preocupa com a falta de espaço, apinhamentos e interferências na movimentação

dos dentes, o periodontista leva em consideração as pericoronarites e os danos que

as impacções dentárias causam ao periodonto de sustentação dos dentes

adjacentes.
17

Stanley e Diehl (1965); Laskin (1971); Lavalle et al. (1974); Bishara e Andreasen

(1983); Shafer; Hine; Levy (1987) relataram que além das razões de ordem

ortodôntica e periodontal já citadas, os semiologistas, radiologistas, cirurgiões e

patologistas, apresentam como justificativa para a extração de dentes não

irrompidos, o potencial que os mesmos possuem de desenvolver cistos,

principalmente os cistos dentígeros assim como, o potencial de desenvolver

neoplasias.

O cisto dentígero é um tipo de cisto odontogênico que se desenvolve após a

formação completa da coroa de um dente não irrompido. Há acúmulo de líquido

entre a coroa dental e o epitélio reduzido do órgão do esmalte ou ainda, entre o

epitélio interno e externo do órgão do esmalte (MOURSHED, 1964b; CALLAGHAN,

1973; SHERIDAN, 1983; CRAIG; WESCOTT; CORRELL, 1984; THORNTON;

STANLEY; BALLARD, 1985; MAROO, 1991; DALEY; WYSOCKI, 1997;

MANGANARO, 1998; SHEAR, 1999).

Este tipo de cisto afeta mais os terceiros molares inferiores de adolescentes e

adultos jovens, mas também pode estar associado a qualquer idade, incluindo

crianças e idosos. Menos freqüentemente, o cisto dentígero afeta os caninos e

terceiros molares superiores.

Segundo Damante (1987) a intervenção cirúrgica em dentes não irrompidos e

parcialmente irrompidos possui objetivos profiláticos, na maioria dos casos. Por sua

vez, Mercier e Precious (1992) defendem que nem todos os dentes não irrompidos

devem ser extraídos profilaticamente.

No que diz respeito à extração ou à manutenção dos dentes não irrompidos e

parcialmente irrompidos a observação se faz necessária, devido à possibilidade dos

tecidos pericoronários destes dentes, sofrerem alterações patológicas, como, por


18

exemplo, processos inflamatórios, císticos ou neoplásicos. A possibilidade do

desenvolvimento destas alterações justificaria a extração dos dentes afetados já que

podem provocar assimetria facial, deslocamento e reabsorção dental, assim como,

fratura patológica dos maxilares devido à destruição óssea, colocando em risco a

saúde dos pacientes.

Na hora de decidir pela extração ou não do dente não irrompido, o profissional

deve basear-se em subsídios clínicos e radiográficos. A presença ou ausência de

sinais clínicos de inflamação na área afetada e a mensuração radiográfica da

largura da radiolucidez pericoronal permitem estimar a normalidade ou não do

folículo pericoronário. Assim, o diagnóstico presuntivo é obtido.

Radiograficamente, não há parâmetros definidos para determinar até quando se

deve considerar folículo pericoronário e a partir de quando se deve pensar em cisto

dentígero (AMÊNDOLA, 1983).

Para a realização do diagnóstico definitivo quando do aumento da radiolucidez

pericoronária, outras características devem ser levadas em consideração, como, por

exemplo, a presença de cavitação e fluido, observados durante a intervenção

cirúrgica.

Contudo, o diagnóstico final, somente poderá ser realizado após a intervenção

cirúrgica e a realização do exame histopatológico.

A partir do momento que o dente não irrompido ou parcialmente irrompido é

extraído, o tecido pericoronário que o envolve deve ser examinado

microscopicamente. Segundo Consolaro (1987) as características morfológicas

presentes, quando do exame histopatológico, de um folículo pericoronário não

permitem um diagnóstico diferencial seguro com as possíveis patologias associadas

à coroa de um dente não irrompido, especialmente as incipientes.


19

Apesar deste tema já ter sido abordado em outros trabalhos, mais estudos são

necessários para esclarecer os parâmetros a serem utilizados para indicação clínica

de manutenção ou remoção dos terceiros molares não irrompidos ou parcialmente

irrompidos.
20

2 REVISÃO DA LITERATURA1

O folículo pericoronário é constituído por remanescentes dos tecidos que

participaram da odontogênese e que permaneceram circunjacentes à coroa de um

dente não irrompido ou parcialmente irrompido (CONSOLARO, 1987; DAMANTE,

1987).

A seguir serão revisadas as etapas envolvidas na odontogênese e amelogênese

dental humana.

2.1 Odontogênese

A cavidade oral primitiva ou estomódeo, no embrião humano, é revestida por um

epitélio de 2 ou 3 camadas de células, o ectoderma, que recobre um tecido

conjuntivo primitivo, denominado ectomesênquima, devido à sua origem a partir de

células da crista neural (SHARAWY; BHUSSRY, 1989; ARANA-CHAVEZ, 1997;

KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999a; TEN CATE, 2001).

2.1.1 Banda epitelial primária

Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e Arana-Chavez

(1999a); Ten Cate (2001) afirmaram que o epitélio oral primitivo em proliferação, por

1
Baseada na NBR 10520:2002 da ABNT.
21

volta da 5ª semana de vida intra-uterina, invade o ectomesênquima subjacente

formando uma banda epitelial. Esta é denominada banda epitelial primária,

apresenta a forma de uma ferradura e está posicionada no local dos futuros arcos

dentários.

2.1.2 Lâmina vestibular e lâmina dentária

Segundo Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e

Arana-Chavez (1999a); Ten Cate (2001) a banda epitelial situada do lado externo,

denominada de lâmina vestibular, continua sua proliferação. As células centrais se

degeneram dando origem a uma fenda que corresponderá ao futuro vestíbulo, entre

a mucosa jugal e os dentes. Por sua vez, a proliferação situada medialmente é

responsável pela formação dos dentes e por isto é chamada de lâmina dentária.

Katchburian e Arana-Chavez (1999a) afirmaram que entre 6ª e 7ª semanas do

desenvolvimento embrionário, logo após a divisão da banda epitelial primária,

somente a lâmina dentária é visualizada, devido à rápida formação do vestíbulo.

2.1.3 Fase de botão

Segundo Katchburian e Arana-Chavez (1999a), após sua proliferação inicial, a

lâmina dentária apresenta atividades mitóticas diferenciais em alguns locais.

Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e Arana-Chavez

(1999a) afirmaram que nesta fase formam-se 10 pequenos brotos, em cada arco,

que invadem o ectomesênquima nesta fase denominada botão. Desta forma, inicia-

se a formação dos germes dos dentes decíduos.


22

Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e Arana-Chavez

(1999a); Ten Cate (2001) afirmaram que as células do ectomesênquima são

condensadas abaixo e ao redor do broto epitelial.

2.1.4 Fase de capuz

Segundo Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e

Arana-Chavez (1999a); Ten Cate (2001) com a continuação da proliferação do

epitélio, o botão cresce desigualmente se sobrepondo às células do

ectomesênquima, por isso, esta fase é chamada de capuz. O ectomesênquima

aumenta ainda mais sua densidade celular na concavidade do capuz. Afirmaram,

ainda, que nesta fase, os elementos formadores do dente e seus tecidos de suporte

já podem ser observados.

A porção epitelial, composta por várias partes é denominada órgão do esmalte e

é responsável por formar o esmalte da coroa dental (SHARAWY; BHUSSRY, 1989;

ARANA-CHAVEZ, 1997; KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999a).

Segundo Ten Cate (2001) o termo mais apropriado para órgão do esmalte é

órgão dentário, por retratar, exatamente todas as suas funções, tais como

determinar a forma da coroa, iniciar a formação da dentina, estabelecer a junção

dentogengival e formar o esmalte do dente.

De acordo com Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e

Arana-Chavez (1999a); Ten Cate (2001) as células localizadas na concavidade

adjacente à condensação do ectomesênquima constituem o epitélio interno do

órgão do esmalte e as células localizadas na convexidade externa do capuz

constituem o epitélio externo do órgão do esmalte. Entre as células mais centrais do


23

órgão do esmalte observa-se uma maior quantidade de substância fundamental, rica

em proteoglicanas, que atraem líquido para dentro do órgão do esmalte forçando a

separação das células. Estas por sua vez, mantêm pontos de ligações entre si,

adquirindo uma forma estrelada. Desta forma, esta porção central é chamada de

retículo estrelado do órgão do esmalte.

Concomitantemente, segundo Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997);

Katchburian e Arana-Chavez (1999a); Ten Cate (2001), o ectomesênquima aumenta

o seu grau de condensação, sendo denominado de papila dentária, responsável

pela futura formação de dentina e polpa.

Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e Arana-Chavez

(1999a); Ten Cate (2001) ressaltaram que o ectomesênquima ao redor do órgão do

esmalte e da papila dentária, sofre uma condensação e forma uma cápsula. Esta

condensação é denominada de folículo dentário que é responsável pela futura

formação do periodonto de inserção do dente.

O órgão do esmalte, a papila dentária e o folículo dentário constituem o germe

dentário (SHARAWY; BHUSSRY, 1989; KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999a;

TEN CATE, 2001).

2.1.5 Fase de campânula

Segundo Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e

Arana-Chavez (1999a); Ten Cate (2001) o crescimento do germe dentário leva ao

próximo estágio de desenvolvimento do dente, onde, o órgão do esmalte passa a

apresentar uma forma de sino, denominando esta fase de campânula (FIG. 1).
24

Figura 1 - Fase de campânula. Germe dentário com todos os seus constituintes; a) esquema
representativo; b) odontogênese em fase de campânula.

Fonte: Katchburian e Arana-Chavez, 1999a.


25

Nesta fase, mudanças importantes ocorrem com as células do germe dentário,

caracterizando esta fase pela ocorrência de morfo e histodiferenciação. Entre o

epitélio interno e o retículo estrelado do órgão do esmalte, aparecem 2 ou 3

camadas de células pavimentosas que constituem o estrato intermediário que

participa na formação do esmalte (SHARAWY; BHUSSRY, 1989; ARANA-CHAVEZ,

1997; KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999a; TEN CATE, 2001).

Arana-Chavez (1997); Katchburian e Arana-Chavez (1999a); Ten Cate (2001)

afirmaram que, no encontro do epitélio externo e interno do órgão do esmalte, um

ângulo agudo é formado, sendo esta região chamada de alça cervical.

Outro evento importante ocorre nesta fase. A lâmina dentária que une o germe

dentário ao epitélio bucal se desintegra, formando ilhas de células epiteliais,

separando o dente em desenvolvimento do epitélio bucal. A desintegração da

lâmina dentária resulta na formação de pequenas ilhas epiteliais no interior dos

maxilares e na mucosa bucal que normalmente são reabsorvidas (SHARAWY;

BHUSSRY, 1989; KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999a; TEN CATE, 2001).

Segundo Ten Cate (2001) a persistência destas ilhas, podem originar cistos que

dificultam, impedem, ou ambos, a erupção do dente. Uma importante conseqüência

da desintegração da lâmina dentária é o dente continuar o seu desenvolvimento

dentro dos maxilares separado do epitélio bucal. Para que o dente possa executar

suas funções, a união com o epitélio bucal deve ser restabelecida para alcançar o

plano oclusal.

Um outro evento importante que acontece nesta fase é o dobramento do epitélio

interno do órgão do esmalte, tornando possível reconhecer a forma da futura coroa

do dente (ARANA-CHAVEZ, 1997; KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999a; TEN

CATE, 2001).
26

Até completar a fase de campânula, todas as células do epitélio interno do

órgão do esmalte se dividem permitindo o crescimento total do germe dentário. No

local do vértice da futura cúspide, onde a primeira dentina é formada, cessam as

mitoses e as células cilíndricas baixas com núcleo próximo à lâmina basal do

epitélio interno se tornam cilíndricas altas. Por sua vez, o núcleo passa a se localizar

do lado oposto à papila dentária. Este fenômeno é chamado de inversão de

polaridade e estas células se transformam em pré-ameloblastos (ARANA-CHAVEZ,

1997; KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999a; TEN CATE, 2001).

Segundo Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e

Arana-Chavez (1999a); Ten Cate (2001) mudanças também são observadas na

papila dentária adjacente onde as células ectomesenquimais da região periférica

sob influência dos pré-ameloblastos, param de se dividir, aumentam de tamanho e

se diferenciam em odontoblastos que passam a secretar a primeira camada de

matriz de dentina.

Arana-Chavez (1997); Katchburian e Arana-Chavez (1999a); Ten Cate (2001)

afirmaram que a presença da matriz dentinária e os contatos entre os odontoblastos

e os pré-ameloblastos estimulam a diferenciação final destes em ameloblastos que

sintetizam e secretam a matriz orgânica do esmalte do dente.

As células do epitélio interno do órgão do esmalte estimulam a diferenciação

dos odontoblastos, assim como, a formação do esmalte não começa antes da

formação de dentina. Esta dependência é chamada de indução recíproca (ARANA-

CHAVEZ, 1997; KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999a; TEN CATE, 2001).


27

2.1.6 Fase de coroa

A fase de coroa equivale à fase final da campânula e é onde ocorre a formação

da dentina e do esmalte do dente em desenvolvimento. A formação dos principais

tecidos mineralizados do dente acontece dos locais correspondentes às cúspides

para a região cervical (ARANA-CHAVEZ, 1997; KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ,

1999a; TEN CATE, 2001).

2.1.7 Fase de raiz

Segundo Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e

Arana-Chavez (1999a); Ten Cate (2001) no final da fase de coroa, quando os

eventos de diferenciação atingem a alça cervical, os epitélios externo e interno do

órgão do esmalte proliferam para formar a bainha epitelial de Hertwig. Essa bainha

cresce ao redor da papila dentária, exceto na sua porção basal. A borda livre da

bainha, o diafragma epitelial, circunda o forame apical primário. Conforme as células

epiteliais internas da bainha se expandem envolvem mais ainda a papila dentária.

As células periféricas da papila dentária diferenciam-se em odontoblastos que

formam a dentina e a raiz do dente. Paralelamente a bainha epitelial de Hertwig se

fragmenta e grupos isolados de células permanecem, sendo denominadas de restos

epiteliais de Malassez.

Nos adultos estes restos epiteliais persistem próximos à superfície radicular, no

ligamento periodontal, podendo se proliferar e originar cistos periodontais, laterais

ou apicais (ARANA-CHAVEZ, 1997; KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999a;

TEN CATE, 2001).


28

Sharawy e Bhussry (1989); Arana-Chavez (1997); Katchburian e Arana-Chavez

(1999a); Ten Cate (2001) afirmaram que a fragmentação da bainha epitelial de

Hertwig permite o contato da dentina radicular com as células ectomesenquimais do

folículo dentário e disto resulta, a diferenciação em cementoblastos que secretam a

matriz orgânica do cemento.

Concomitantemente, segundo Arana-Chavez (1997); Katchburian e Arana-

Chavez (1999a); Ten Cate (2001) as células do lado externo do folículo dentário

diferenciam-se em osteoblastos e formam o osso alveolar, enquanto as células

centrais diferenciam-se em fibroblastos e formam o ligamento periodontal.

Segundo Arana-Chavez (1997) durante a erupção do dente, o órgão do esmalte

sofre colapso e passa a ser chamado de epitélio reduzido do órgão do esmalte.

Katchburian e Arana-Chavez (1999a); Ten Cate (2001) salientaram que durante

a formação da raiz, o dente inicia seu processo de erupção. A coroa ainda está

coberta por uma camada de ameloblastos e remanescentes do órgão do esmalte

que juntos formam o epitélio reduzido do órgão do esmalte. O osso suprajacente ao

dente em erupção é reabsorvido e a coroa atravessa o tecido conjuntivo da mucosa.

O epitélio reduzido do órgão do esmalte se fusiona com o epitélio bucal, as células

centrais formam um canal para a erupção do dente, sem exposição do tecido

conjuntivo e sem hemorragia. Posteriormente, as células do epitélio reduzido do

órgão do esmalte perdem o suprimento nutritivo e se degeneram, expondo o

esmalte. À medida que o dente perfura o epitélio bucal, a junção dentogengival se

forma, a qual é constituída pelas células do epitélio bucal e do epitélio reduzido do

órgão do esmalte.

Os dentes permanentes que apresentam predecessores decíduos se

desenvolvem a partir de uma extensão palatal ou lingual do bordo livre da lâmina


29

dentária do germe do decíduo (SHARAWY; BHUSSRY, 1989; KATCHBURIAN;

ARANA-CHAVEZ, 1999a; TEN CATE, 2001). Esta proliferação, segundo

Katchburian e Arana (1999) é chamada de broto do permanente e ocorre na fase de

campânula do dente decíduo.

Por sua vez, os molares permanentes, que não apresentam predecessor

decíduo, se formam diretamente da lâmina dentária original que se estende

posteriormente (SHARAWY; BHUSSRY, 1989; GALASSI et al., 1997;

KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999a; TEN CATE, 2001).

2.2 Amelogênese

Durante a amelogênese, os ameloblastos passam por diversas fases de

desenvolvimento (SHARAWY; YAEGER, 1989; KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ,

1999b; EISENMANN, 2001).

Sharawy e Yaeger (1989); Katchburian e Arana-Chavez (1999b) afirmaram que

a diferenciação dos ameloblastos acontece primeiramente na região mais profunda

do órgão do esmalte e mais tarde na região da alça cervical. Portanto, todas as

fases da amelogênese podem ser observadas ao mesmo tempo em um germe

dentário.

A formação do esmalte começa na fase de coroa da odontogênese e envolve a

diferenciação das células do epitélio interno do órgão do esmalte em ameloblastos

(KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999b; EISENMANN, 2001).


30

2.2.1 Fase morfogenética e de histodiferenciação

Segundo Katchburian e Arana-Chavez (1999b) esta fase corresponde ao início

do estágio de campânula da odontogênese. Na região das futuras cúspides e

bordas incisais, as células do epitélio interno do órgão do esmalte param de se

dividir e determinam a forma da coroa do dente.

Quando da diferenciação do epitélio interno do órgão do esmalte em

ameloblastos, as células se alongam e os núcleos se deslocam na direção do

estrato intermediário. Este deslocamento é denominado de inversão de polaridade.

Por sua vez, as organelas destas células ocupam uma posição distal em relação ao

núcleo (KATCHBURIAN; ARANA-CHAVEZ, 1999b; EISENMANN, 2001).

Nesta fase do desenvolvimento, as células são chamadas de pré-ameloblastos

e o processo de diferenciação continua, completando-se somente após a deposição

da primeira camada de matriz orgânica de dentina (KATCHBURIAN; ARANA-

CHAVEZ, 1999b).

2.2.2 Fase secretora

No início desta fase, segundo Sharawy e Yaeger (1989); Katchburian e Arana-

Chavez (1999b), o órgão do esmalte é formado pelo epitélio externo, retículo

estrelado, estrato intermediário e ameloblastos recém-diferenciados nas regiões das

futuras cúspides e bordas incisais. Katchburian e Arana-Chavez (1999b);

Eisenmann (2001) afirmaram que a fase secretora marca o início da formação do

esmalte propriamente dito, onde os ameloblastos possuem todas as características

das células sintetizadoras e secretoras de proteínas. Como conseqüência da


31

deposição da primeira camada de esmalte, os ameloblastos se afastam em direção

ao estrato intermediário formando uma saliência, denominada processo de Tomes

que passa a comandar o esmalte em formação.

Segundo Sharawy e Yaeger (1989); Katchburian e Arana-Chavez (1999b) o

retículo estrelado do órgão do esmalte começa a se retrair por perda de substância

intercelular, diminuindo a distância entre os ameloblastos e o epitélio externo do

órgão do esmalte, assim como, entre os ameloblastos e o folículo dentário. Desta

forma, o folículo dentário passa a ser a única fonte de nutrição, pois a primeira

camada de dentina calcificada impede a passagem de nutrientes provenientes da

papila dentária.

Segundo Sharawy e Yaeger (1989) a inversão da fonte de nutrição parece ser a

responsável pela redução do retículo estrelado do órgão do esmalte.

2.2.3 Fase de maturação

Conforme Sharawy e Yaeger (1989); Katchburian e Arana-Chavez (1999b);

Eisenmann (2001) nesta fase, os ameloblastos diminuem de tamanho. Segundo

Katchburian e Arana (1999b); Eisenmann (2001) ocorre também a diminuição das

organelas relacionadas com a síntese e secreção do esmalte através do mecanismo

de autofagia.

Katchburian e Arana-Chavez (1999b) afirmaram que esta fase corresponde à

maturação pré-eruptiva, pois já na cavidade bucal ocorre a maturação pós-eruptiva.


32

2.2.4 Fase de proteção

Segundo Katchburian e Arana-Chavez (1999b); Eisenmann (2001) os

ameloblastos continuam diminuindo em tamanho e a coroa é recoberta por uma

dupla camada de células epiteliais. As células em contato com o esmalte são os

ameloblastos que secretam uma fina membrana; hemidesmossomos são formados

ao longo desta membrana proporcionando uma firme adesão dos ameloblastos à

superfície do esmalte. Por sua vez, a camada externa é formada por células

pavimentosas remanescentes do epitélio externo, retículo estrelado e estrato

intermediário do órgão do esmalte. Juntas essas duas camadas de células são

chamadas de epitélio reduzido do órgão do esmalte que reveste a coroa do dente

até sua erupção na cavidade bucal, separando-a do tecido conjuntivo adjacente.

Segundo Sharawy e Yaeger (1989) a função do epitélio reduzido do órgão do

esmalte é impedir o contato entre o esmalte maduro e o tecido conjuntivo até que o

dente erupcione.

Sharawy e Yaeger (1989); Eisenmann (2001) afirmaram que no início da

erupção do dente, o tecido conjuntivo entra em decomposição.

Sharawy e Yaeger (1989); Katchburian e Arana-Chavez (1999b); Eisenmann

(2001) afirmaram que durante o processo de erupção, o dente se aproxima do

epitélio bucal. As células do epitélio reduzido do órgão do esmalte que recobrem a

borda incisal ou os vértices das cúspides se fundem com as células da mucosa

bucal formando uma massa epitelial sobre o dente em erupção. Segundo

Eisenmann (2001) a morte das células mais centrais forma um canal forrado por

epitélio por onde o dente erupciona sem que ocorra hemorragia. Essa massa

epitelial juntamente com o epitélio reduzido do órgão do esmalte remanescente que


33

agora recobre somente o esmalte não irrompido formam o componente epitelial da

junção dentogengival.

Segundo Sharawy e Yaeger (1989); Eisenmann (2001) à medida que o dente

entra em erupção, o epitélio reduzido do órgão do esmalte diminui gradualmente.

Quando a ponta da cúspide do dente aparece na cavidade bucal, o epitélio reduzido

do órgão do esmalte é denominado de epitélio juncional primário.

Katchburian e Arana-Chavez (1999b); Eisenmann (2001) afirmaram que os

ameloblastos perdem a capacidade de se dividir sofrendo modificações

morfológicas. A transformação final do epitélio reduzido do órgão do esmalte em

epitélio juncional pode ocorrer até 1 ano após o dente ter alcançado sua posição

funcional na cavidade bucal.

Quando da presença de um dente não irrompido ou parcialmente não irrompido,

o epitélio reduzido do órgão do esmalte permanece ao redor da coroa, podendo

originar diversas patologias, dentre elas o cisto dentígero (MOURSHED, 1964b;

STANBACK, 1970; CALLAGHAN, 1973; SHERIDAN, 1983; CRAIG; WESCOTT;

CORRELL, 1984; THORNTON; STANLEY; BALLARD, 1985; MAROO, 1991;

SCIUBBA, 1991; EISENBERG, 1993; KIM; ELLIS, 1993; LANGLAIS; LANGLAND;

NORTJÉ, 1995; DALEY; WYSOCKI, 1997; MANGANARO, 1998; SHEAR, 1999b).


34

2.3 Dentes não irrompidos e parcialmente irrompidos

2.3.1 Terminologia e conceituação

Barroso et al. (1985) afirmaram que, os dentes que esgotada a época normal

para sua erupção não a fazem são chamados de inclusos, impactados, retidos ou

mais corretamente de não irrompidos.

A erupção dental é o processo contínuo de movimento de um dente do seu local

de desenvolvimento para a sua localização funcional (WALDRON, 1998).

Os dentes não irrompidos podem estar parcialmente irrompidos ou

completamente encaixados dentro do tecido ósseo (dentes não irrompidos). Estes

dentes segundo Mourshed (1964a); Shafer; Hine; Levy (1987); Freitas e Freitas

(1998) podem ser chamados de retidos ou impactados.

2.3.1.1 Dentes retidos

São considerados retidos, os dentes que não irromperam por falta de força

eruptiva.

2.3.1.2 Dentes impactados

Os dentes impactados são aqueles que não irromperam devido à existência de

uma barreira física em sua via de erupção.


35

Peterson (2000) afirmou que um dente impactado é aquele que não consegue

irromper dentro do tempo esperado até a sua posição normal na arcada. O termo

dente incluso abrange tanto os dentes impactados quanto os dentes em processo

de erupção. Segundo estes autores existem 3 tipos de impacção, sendo elas:

a) impacção em tecido mole: ocorre quando a área de maior diâmetro da coroa

do dente está acima do nível do osso alveolar. Este tipo de impacção é o de

mais fácil resolução;

b) impacção óssea parcial: ocorre quando uma porção superficial do dente está

coberta por mucosa, mas a área de maior diâmetro do dente está abaixo do

nível do osso alveolar;

c) impacção óssea completa: ocorre quando o dente está completamente

envolvido por tecido ósseo. É a impacção mais difícil de ser solucionada.

2.3.2 Etiologia das impacções dentais

Fonseca (1956); Carvalho et al. (1978) afirmaram que, com a evolução da

espécie humana uma redução gradual no tamanho dos maxilares está ocorrendo.

Esta redução representa um dos fatores etiológicos responsáveis pelas impacções

dentais, já que alguns povos da antiguidade, não apresentavam dentes com

problemas de erupção. Assim como, a modernização da alimentação levou à

diminuição dos estímulos mastigatórios. Fonseca (1956) ainda citou como fatores

gerais das impacções dentais, os metabólicos, endócrinos, nutricionais e

hereditários; e como fatores locais, a presença de cistos ou tumores. Fukuta et al.

(1991) ainda acrescentou como fatores locais, a anquilose e a presença de dentes

supranumerários.
36

Para Dachi e Howell (1961); Mourshed (1964b); Catanzaro (1982); Maroo

(1991) um dente não irrompido é aquele que é impedido de erupcionar até sua

posição por causa da malposição, falta de espaço ou outros impedimentos.

Mourshed (1964b) ainda afirmou, que o insucesso na erupção dos terceiros

molares, quando a causa é a falta de espaço se deve ao crescimento e expansão

insuficientes da arcada dental. Peterson (2000) afirmou que a falta de espaço é o

principal fator etiológico das impacções dentais.

Para Alonso Verri et al. (1973) a falta de espaço é o fator determinante das

impacções dentais, caracterizada no caso dos terceiros molares inferiores pela

própria anatomia mandibular. Com os terceiros molares superiores, isto ocorreria

em porcentagens menores, pois a estrutura óssea da mandíbula é mais compacta e

o ramo atuaria como barreira mecânica à erupção normal.

Bishara e Andreasen (1983) citaram o estudo de Björk et al. em que foram

examinados 243 casos para estimar a relação entre o espaço disponível para os

terceiros molares inferiores e sua impacção. Os autores afirmaram que, em casos

de impacção, o espaço por distal ao segundo molar estava consideravelmente

reduzido em 90% dos casos.

Araújo e Araújo (1984) citaram, ainda, como fatores etiológicos das impacções

dentais doenças como a fibromatose gengival hereditária, a disostose

cleidocraniana, o hipopituitarismo, o hipotireoidismo, a síndrome de Down e a

osteopetrose. Por sua vez, Consolaro (1987) acrescentou o raquitismo.

Waldron (1998) acrescentou como fatores etiológicos das impacções dentais o

trauma, a cirurgia reconstrutiva, a presença de osso suprajacente, ou tecido mole

espessados, ou ambos.
37

Segundo Hattab e Abu Alhaija (1999) o tempo de erupção dos terceiros molares

varia consideravelmente entre as populações, de 14 anos em nigerianos há 24 anos

em gregos, sendo que os homens de 3 a 6 meses à frente das mulheres. A idade

média para a erupção dos terceiros molares é de 20 anos, embora a erupção possa

continuar em alguns pacientes até a idade de 25 anos.

2.3.3 Freqüência de dentes não irrompidos e parcialmente irrompidos

Fonseca (1956); Mourshed (1964b); Alonso Verri et al. (1973); Eliasson;

Heimdahl; Nordenram (1989) afirmaram que os terceiros molares inferiores são

mais afetados com problemas de erupção que os superiores.

Dos 1000 pacientes estudados por Fonseca (1956), 174 (17,4%) apresentaram

dentes não irrompidos, 93 eram homens. O terceiro molar inferior foi encontrado em

116 pacientes (66,6%), o terceiro molar superior em 59 (33,3%), o canino superior

em 25 (14,3%), o pré-molar inferior em 5 (2,8%), o canino inferior em 3 (1,7%) e os

supranumerários em 14 pacientes. A bilateralidade ocorreu em 64,4% dos terceiros

molares inferiores. Neste estudo não houve predominância de um lado sobre o

outro. Com relação à posição dos dentes não irrompidos em relação aos maxilares

a mésio-angular foi a mais freqüente nos terceiros molares inferiores (58%), a disto-

angular nos terceiros molares superiores (47,5%) e a posição palatina nos caninos

(96,5%).

Mead (apud DACHI; HOWELL, 1961) estudou 1462 levantamentos radiográficos

de pacientes particulares. Destes, 276 (18,8%) tinham pelo menos um dente não

irrompido. Por sua vez, 461 dos 581 dentes não irrompidos (+/- 80%) eram terceiros

molares, 248 na mandíbula e 213 na maxila. O segundo dente mais freqüentemente


38

não irrompido foi o canino superior, sendo que as impacções restantes estavam

distribuídas pelos maxilares. Por sua vez, Dachi e Howell (1961) estudaram 1685

levantamentos radiográficos de pacientes, sendo que 281 (16,7%) apresentavam

pelo menos um dente não irrompido. Pode-se notar que 213 (21,9%) dos terceiros

molares superiores e 209 (17,5%) dos terceiros molares inferiores não irromperam.

As impacções dos terceiros molares ocorreram com uma freqüência levemente

maior na maxila do que na mandíbula. Não houve diferença entre os sexos na

incidência de terceiros molares não irrompidos neste estudo.

Alonso Verri et al. (1973) examinaram 3000 pacientes. Destes, 245 (8,16%)

apresentaram 360 dentes não irrompidos: terceiros molares inferiores 37,78%,

terceiros molares superiores 20,28%, caninos superiores 16,94%, supranumerários

11,39% e outros dentes em porcentagens menores. Os dentes estavam totalmente

intra-ósseos em 59,72% dos casos. Em 30,61%, as impacções eram bilaterais,

principalmente entre os terceiros molares inferiores (46,75%), superiores (28,57%)

e caninos superiores (14,28%). Os casos de impacção fisiológica não foram

incluídos. Somente participaram da amostra os dentes que estavam completamente

formados na data do exame e que por impedimentos diversos não fizeram sua

erupção. Não houve predileção por sexo, mas em relação à raça, os leucodermas

mostraram uma incidência maior.

Segundo Carvalho et al. (1978) os dentes mais comumente afetados com

problemas de erupção são, em ordem decrescente: terceiros molares inferiores,

terceiros molares superiores e caninos superiores.

Barroso et al. (1985) afirmaram que os terceiros molares inferiores são os

dentes mais freqüentemente encontrados não irrompidos.


39

Mercier e Precious (1992) afirmaram que os terceiros molares apresentam a

maior incidência de impacção quando comparados com os outros dentes da arcada

e que a freqüência de impacção dos terceiros molares depende da maneira pela

qual as impacções são definidas e também da idade e da saúde bucal dos

pacientes.

Hattab e Abu Alhaija (1999) afirmaram que a impacção de um terceiro molar é

um grande dilema que a Odontologia enfrenta. Os terceiros molares respondem por

98% de todos os dentes não irrompidos. O número de pessoas que atingem a idade

adulta com terceiros molares não irrompidos parece estar aumentando em uma

extensão epidêmica.

Peterson (2000) afirmou que os terceiros molares são os dentes mais

freqüentemente encontrados não irrompidos, pois são os últimos dentes a irromper

e por isso, os que apresentam a maior possibilidade de não encontrarem espaço

para a correta erupção.

2.3.4 Possíveis alterações associadas a dentes não irrompidos e

parcialmente irrompidos

Fonseca (1956) afirmou que os dentes não irrompidos são considerados uma

condição patológica, pois podem desencadear uma série de transtornos locais,

gerais, ou ambos, como, por exemplo: neuralgia, cefaléia, febre e degenerações

císticas no folículo pericoronário.

Laskin (1971); Eliasson; Heimdahl; Nordenram (1989); Manganaro (1998)

afirmaram que entre as complicações que surgem a partir de terceiros molares não

irrompidos estão a pericoronarite, cáries, reabsorção patológica dos dentes


40

adjacentes, dor idiopática, problemas relacionados com a manutenção destes

dentes em um rebordo edêntulo, envolvimento em uma fratura e apinhamento

dental.

Segundo Laskin (1971) as complicações que surgem de terceiros molares

superiores não irrompidos são bastante semelhantes às dos dentes inferiores. No

entanto, a incidência destas seqüelas é menor. Benn e Altini (1996) afirmaram que o

risco relativo de dentes individuais desenvolverem cistos dentígeros varia

consideravelmente. No caso dos terceiros molares inferiores a freqüência da

impacção é aproximadamente a mesma da formação de cistos dentígeros. Por sua

vez, os terceiros molares superiores apresentam uma freqüência muito mais alta de

impacção do que de envolvimento cístico. Shear (1999), de 1958 a 1978, registrou

1345 casos de cistos dos maxilares. Destes, 233 (17,3%) foram diagnosticados

como cistos dentígeros. Em 1981 o autor estudou 1259 dentes não irrompidos

através de radiografias. Nos terceiros molares inferiores, a freqüência de impacção

(48,1%) foi quase igual à de cistos dentígeros (45,7%). Por sua vez, os terceiros

molares superiores tiveram uma freqüência mais alta de impacção (29,6%) do que

de cistos dentígeros (5,4%). Estes resultados sugerem, que o terceiro molar

superior apresenta um risco menor de desenvolvimento de cisto dentígero do que

seu antagonista.

Carvalho et al. (1978) citaram alguns problemas relacionados com dentes não

irrompidos, como, por exemplo, alinhamento dental, maloclusão, pericoronarite (os

terceiros molares inferiores são os mais afetados), fratura óssea, sinusite, infecção

crônica com fístula (infecção crônica na região dos terceiros molares inferiores

tende a ser mais severa), dor reumática, neuralgia, paralisia facial, oftalmopatia. A

compressão do nervo alveolar inferior pela presença de um terceiro molar não


41

irrompido, pode provocar dor na área de distribuição do nervo, assim como, dor

referida no ouvido e região pós-auricular. Os autores também citaram, a possível

formação de cistos dentígeros a partir de dentes não irrompidos. Eles consideram o

dente incluso, um cisto dentígero em potencial. Por sua vez, ameloblastomas e

carcinomas podem se originar de cistos dentígeros.

Das alterações agudas que afetam os terceiros molares, segundo Fielding;

Douglass; Whitley (1981); Venta et al. (1993); Manganaro (1998), a pericoronarite é

a mais prevalente.

Bishara e Andreasen (1983); Pearson e Williams (1990) citaram a

pericoronarite, cáries, cisto dentígero, infecção profunda e fratura patológica entre

os problemas que podem surgir a partir de terceiros molares não irrompidos.

Bishara e Andreasen (1983) ainda afirmaram que a influência dos terceiros

molares sobre o alinhamento da dentição anterior é controversa. Não há evidências

conclusivas para estabelecer os terceiros molares como o principal fator etiológico

nas alterações pós-tratamento quanto ao desalinhamento ou apinhamento de

incisivos.

Carvalho e São José (1985) afirmaram que existem 3 correntes de pensamento

bem distintas a respeito da influência dos terceiros molares no apinhamento dos

dentes ântero-inferiores. O primeiro grupo de autores atribui o apinhamento dentário

à ação dos terceiros molares; o segundo acredita que os terceiros molares têm sua

influência, mas esta ação geralmente está associada a outros fatores e o terceiro

grupo descarta totalmente este relacionamento. Com base na revisão da literatura

realizada pelos autores, os mesmos sugeriram que a opinião mais consistente e que

oferece maior respaldo científico é a de que os terceiros molares não devem ser

responsabilizados pelo apinhamento dos incisivos inferiores.


42

Segundo Price (1989) a pericoronarite tem uma ocorrência menos freqüente nos

dias atuais porque um número maior de terceiros molares são removidos em uma

idade ideal antes de tornarem-se infectados.

Segundo Mercier e Precious (1992) a alveolite é uma das mais comuns e piores

seqüelas da remoção de terceiros molares não irrompidos.

Venta et al. (1993) estudaram 100 terceiros molares de estudantes

universitários. O risco de um problema agudo aumentou quando o dente

apresentava um folículo pericoronário alargado, estava em posição disto-angular e

parcialmente irrompido. É improvável que os terceiros molares inferiores disto-

angulares irrompam. Desta forma, estes dentes poderiam ser removidos em uma

idade precoce reduzindo o risco de problemas agudos. Isto pode ser explicado pelo

acúmulo de alimento. A superfície oclusal de um terceiro molar disto-angular inclina-

se distalmente para baixo favorecendo a pressão de alimentos por meio dos

movimentos oclusais. A quantidade de tecido mole que circunda um terceiro molar

disto-angular pode ser maior do que a que circunda dentes verticais ou mésio-

angulados. Quanto mais espesso o tecido, maior o risco e o desconforto.

Miller e Bean (1994) afirmaram que as áreas radiolúcidas pericoronárias são

entidades comuns dos maxilares que respondem por cerca de 15% a 20% de todos

os espécimes de biópsia. Geralmente são entidades benignas, de crescimento

lento, que envolvem o epitélio odontogênico e a coroa de um dente não irrompido.

Muitas dessas lesões são detectadas durante um exame radiográfico de rotina.

Outras, por sua vez, são observadas quando o paciente já apresenta aumento de

volume. Estes autores relacionaram algumas áreas radiolúcidas pericoronárias que

envolvem dentes não irrompidos. Sendo elas: folículo pericoronário, cisto dentígero,
43

tumor odontogênico adenomatóide, fibroma ameloblástico, ceratocisto

odontogênico, cisto paradental e ameloblastoma.

2.3.4.1 Folículo pericoronário

2.3.4.1.1 Características clínicas

A formação do dente ocorre dentro de um saco de desenvolvimento chamado

de folículo pericoronário. O folículo contribui com os elementos necessários para o

desenvolvimento do dente. Durante a maturação do dente, o revestimento do

folículo é composto de um epitélio reduzido do esmalte ou um epitélio de células

pavimentosas fino. O folículo normalmente degenera-se à medida que o dente

irrompe (MILLER; BEAN, 1994).

2.3.4.1.2 Características radiográficas

Radiograficamente, a largura do folículo pericoronário varia de 1 a 2 mm

(MAROO, 1991).

Kim e Ellis (1993) afirmaram que radiograficamente, os folículos pericoronários

aparecem como áreas radiolúcidas semicirculares, finas ao redor de dentes não

irrompidos e geralmente medem até 2,5 mm em radiografias intra-orais e 3 mm em

radiografias panorâmicas. Contudo, estes autores relataram que os terceiros

molares eventualmente podem apresentar espaços foliculares maiores.

Segundo Miller e Bean (1994) a osteogênese reacional, que circunda a área

radiolúcida é arredondada, persiste em torno da coroa do dente em


44

desenvolvimento e estende-se logo abaixo da junção amelocementária. Os caninos

permanentes tendem a ter espaços foliculares levemente maiores do que dos outros

dentes.

2.3.4.1.3 Características histopatológicas

Peterson (2000) afirmou que tumores odontogênicos podem surgir do epitélio

presente no folículo pericoronário, sendo que o tumor odontogênico de maior

prevalência é o ameloblastoma.

Segundo Damante e Fleury (2001) após a formação do esmalte, a coroa do

dente é circundada pelo epitélio reduzido do órgão do esmalte e por

ectomesênquima. Estas duas estruturas formam o folículo pericoronário. Este por

sua vez, pode ser a origem de vários tipos de alterações patológicas durante ou

após a odontogênese. Hamartomas, cistos ou neoplasias odontogênicas têm sido

relatados.

2.3.4.1.4 Tratamento

O folículo pericoronário degenera-se durante a erupção dental. Deste modo,

quando o desenvolvimento é normal, nenhum tratamento é necessário (MILLER;

BEAN, 1994).
45

2.3.4.2 Cisto dentígero

2.3.4.2.1 Patogênese

Bozzo e Walder Júnior (1970) afirmaram que sobre a etiopatogenia dos cistos

dentígeros existem teorias diversas. Uma delas diz que, os cistos dentígeros

resultam do estímulo sofrido no germe de um dente permanente a partir de um

dente decíduo infectado, com consequente proliferação dos restos epiteliais de

Malassez do dente decíduo, formação de uma cavidade cística que acaba

envolvendo o germe do dente permanente. A outra teoria existente, relata que os

cistos dentígeros são formados devido a dificuldades mecânicas durante a erupção

que atuam sobre o folículo pericoronário, resultando em alterações degenerativas

nos restos do epitélio do órgão do esmalte com consequente formação do cisto.

Shear e Altini (1983) afirmaram que na patogênese do cisto dentígero deve

haver um ou mais fatores ainda não identificados, além do insucesso na erupção de

um dente, que são responsáveis pela formação do cisto.

2.3.4.2.2 Características clínicas

Stanback (1970); Miller e Bean (1994); Silva et al. (2002) afirmaram que o cisto

dentígero geralmente acomete pacientes na 2ª e 3ª décadas de vida.

Stanback (1970); Fleury et al. (1994); Benn e Altini (1996); Bey et al. (1997)

acrescentaram a preferência dos cistos dentígeros pelo sexo masculino. Benn e

Altini (1996) relataram a preferência do cisto dentígero, pela raça branca. Segundo

Shear (1999) a menor freqüência nas mulheres e em negros pode ser explicada
46

pela menor incidência de dentes não irrompidos nestes indivíduos. No entanto, o

autor também afirmou que as diferenças existentes entre o sexo e a raça sugerem a

presença de um outro fator, ainda não identificado e que exerça alguma função

importante no desenvolvimento do cisto dentígero.

Stanback (1970); Nortjé (1974); Fielding; Douglass; Whitley (1981); Sheridan

(1983); Craig; Wescott; Correll (1984); Thornton; Stanley; Ballard (1985); Maroo

(1991); Fleury et al. (1994); Miller e Bean (1994); Daley e Wysocki (1995); Banderas

et al. (1996); Benn e Altini (1996); Daley e Wysocki (1997); Waldron (1998); Ko;

Dover; Jordan (1999); Shear (1999), Saraiva et al. (2002); Silva et al. (2002)

afirmaram que o cisto dentígero apresenta como localização preferencial a região

dos terceiros molares inferiores.

Segundo Stanback (1970) o cisto dentígero se desenvolve na presença de um

dente permanente não irrompido. A ocorrência do cisto dentígero como resultado de

dentes decíduos não irrompidos é extremamente rara. Langlais; Langland; Nortjé

(1995) afirmaram que um cisto dentígero pode se desenvolver a partir de um dente

decíduo infectado. Boyczuk e Berger (1995) acrescentaram que a inflamação no

antecessor decíduo progride para os tecidos foliculares do germe dental

permanente, iniciando o processo cístico. Isto explicaria por que os cistos

dentígeros estão mais comumente associados a dentes permanentes.

Callaghan (1973) afirmou que os cistos dentígeros bilaterais são raros na

ausência de uma síndrome ou doença sistêmica associada. Geralmente estão

associados à displasia cleidocraniana. Langlais; Langland; Nortjé (1995); Ko; Dover;

Jordan (1999) ainda acrescentaram a síndrome de Maroteaux-Lamy.


47

Os cistos dentígeros representam 17% de todos os cistos dos maxilares.

Ocorrem em uma ampla faixa etária com predileção para homens da raça branca. A

maioria envolve o terceiro molar inferior (SHEAR; ALTINI, 1983).

Segundo Craig; Wescott; Correll (1984); Shafer; Hine; Levy (1987); Main (1989);

Regezi e Sciubba (1991); Daley e Wysocki (1995); Banderas et al. (1996); Bey et al.

(1997); Waldron (1998); ko; Dover; Jordan (1999); Tsukamoto et al. (2001) o cisto

dentígero é reconhecido como uma das lesões mais comuns dos maxilares. Saraiva

et al. (2002) afirmaram que o cisto dentígero compreende 20% de todos os cistos

dos maxilares.

Shafer; Hine; Levy (1987); Waldron (1998) afirmaram que ocasionalmente, os

cistos dentígeros, também podem estar associados com dentes supranumerários ou

odontomas.

Miller e Bean (1994); Boyczuk e Berger (1995); Manganaro (1998) depois do

cisto radicular, o cisto dentígero é o segundo cisto odontogênico mais comum.

Segundo Miller e Bean (1994) o cisto dentígero é formado por uma cavidade

revestida por epitélio que se forma no espaço folicular de um dente não irrompido

após a completa formação da coroa. Comumente não provocam dor e podem

tornar-se evidentes quando a erupção de um dente está retardada.

Para Boyczuk e Berger (1995); Manganaro (1998) o cisto dentígero sempre está

associado a um dente não irrompido ou em desenvolvimento.

Langlais; Langland; Nortjé (1995) afirmaram que o cisto dentígero é mais

freqüente em pacientes com menos de 20 anos de idade.

Segundo Waldron (1998); Shear (1999); Reichart e Philipsen (2000a) o cisto

dentígero envolve a coroa de um dente não irrompido e está preso em seu colo. Sua

freqüência é mais alta na 2ª, 3ª e 4ª décadas de vida.


48

Segundo Sassi et al. (2002) o cisto dentígero geralmente se apresenta como

uma lesão indolor, de crescimento constante, sendo diagnosticado em radiografias

de rotina.

Silva et al. (2002) afirmaram que o cisto dentígero é um cisto de odontogênico

de desenvolvimento, descrito inicialmente por Paget em 1863.

2.3.4.2.3 Características radiográficas

Radiograficamente, o cisto dentígero aparece como uma imagem radiolúcida,

redonda ou ovalada, bem circunscrita, unilocular e envolvendo a coroa de um dente

não irrompido (MOURSHED, 1964a; CRAIG; WESCOTT; CORRELL, 1984;

THORNTON; STANLEY; BALLARD, 1985; MAROO, 1991; DALEY; WYSOCKI,

1995; WALDRON, 1998; KO; DOVER; JORDAN, 1999). Shear e Altini (1983);

Langlais; Langland; Nortjé (1995); Freitas e Freitas (1998) acrescentaram que o

cisto dentígero se insere no colo do elemento dental afetado. Para Shear (1999);

Tsukamoto et al. (2001) o cisto dentígero apresenta uma borda bem corticalizada.

Mourshed (1964b); Stafne e Gibilisco (1982); Amêndola (1983); Maroo (1991);

Langlais; Langland; Nortjé (1995); Glosser e Campbell (1999) afirmaram que

quando a largura do espaço pericoronário for superior a 2,5 mm, o diagnóstico de

cisto dentígero deve ser considerado.

Segundo Thoma (1964); Shear e Altini (1983); Langlais; Langland; Nortjé

(1995); Waldron (1998) a relação cisto dentígero/coroa do dente afetado mostra

variações radiográficas que classificam os cistos dentígeros em central, lateral e

circunferencial.
49

Mader e Wendelburg (1979) afirmaram que os cistos dentígeros centrais e

laterais são vistos comumente, mas o tipo circunferencial, raramente é visto ou

relatado na literatura. Shear (1999) afirmou que o cisto dentígero central envolve

simetricamente a coroa do dente afetado. Nesta situação, uma pressão é aplicada à

coroa podendo empurrá-lo na direção oposta à da erupção. Por isto que os terceiros

molares inferiores podem ser encontrados na borda inferior ou no ramo ascendente

da mandíbula. Na variante lateral, a aparência radiográfica é resultante da dilatação

do folículo pericoronário em uma das faces da coroa. Este tipo é comum quando um

terceiro molar inferior está parcialmente irrompido. O tipo circunferencial, o cisto

parece envolver o dente em sua totalidade. Surge devido à expansão do cisto

dentígero em direção às raízes do dente envolvido.

Shear e Altini (1983); Sheridan (1983); Craig; Wescott; Correll (1984); Maroo

(1991); Fleury et al. (1994); Miller e Bean (1994); Bey et al. (1997); Ko; Dover;

Jordan (1999); Silva et al. (2002) relataram que o cisto dentígero pode ser

descoberto através de radiografias de rotina, pois geralmente não provoca dor e

raramente provoca reabsorção das tábuas ósseas. Waldron (1998) afirmou que

cistos dentígeros grandes são raros. Muitas destas lesões consideradas

radiograficamente como cistos dentígeros grandes são na realidade ceratocistos

odontogênicos ou ameloblastomas.

Shear e Altini (1983); Waldron (1998); Shear (1999) afirmaram que os cistos

dentígeros parecem ter uma tendência maior do que outros cistos dos maxilares de

reabsorver as raízes dos dentes adjacentes. Este potencial de reabsorção pode

estar relacionado com sua origem a partir do folículo pericoronário, que apresenta a

capacidade de reabsorver as raízes dos dentes decíduos antecessores.


50

Segundo Langlais; Langland; Nortjé (1995) radiograficamente, o cisto dentígero

é a radiolucidez pericoronária patológica dos maxilares mais freqüente, e pode

provocar expansão das corticais ósseas, deslocamento dental, reabsorção radicular,

maloclusão e assimetria facial. No entanto, uma radiopacidade pode ser vista dentro

da radiolucidez, que pode ser um odontoma ou um dente supranumerário, devido ao

fato destas entidades poderem originar cistos dentígeros. Segundo os autores,

radiograficamente, o cisto dentígero que se desenvolve a partir de um antecessor

decíduo infectado, é semelhante à outra forma de cisto dentígero, exceto que sua

cortical é mais fina, pode estar descontínua, assim como, osso esclerótico reacional

pode estar presente.

2.3.4.2.4 Características histopatológicas

Miller e Bean (1994) afirmaram que o cisto dentígero aparece

microscopicamente como uma cavidade cística de tamanho variável revestida por

uma ou várias camadas de epitélio pavimentoso estratificado, colunar ou

queratinizado. Um tecido conjuntivo fibroso circunda o epitélio. Segundo Tsukamoto

et al. (2001) o cisto dentígero é revestido internamente por um epitélio pavimentoso

estratificado não-queratinizado.

Segundo Bey et al. (1997) o cisto dentígero envolve a coroa de um dente não

irrompido e se insere no colo dental. Waldron (1998) afirmou que o aspecto

histopatológico do cisto dentígero varia, estando na dependência de o cisto estar

inflamado ou não. Quando não inflamado, o cisto apresenta uma cápsula de tecido

conjuntivo frouxo. Pequenas ilhas ou cordões de restos de epitélio odontogênico

podem estar presentes na cápsula e o limitante epitelial é formado por células


51

cúbicas. Por sua vez, no cisto dentígero inflamado, na cápsula fibrosa, observa-se

infiltrado inflamatório crônico. O epitélio pode estar hiperplasiado e uma superfície

queratinizada pode ser observada. Células mucosas podem ser encontradas no

limitante epitelial e raramente células ciliadas e sebáceas.

Daley e Wysocki (1997) afirmaram que os cistos dentígeros não apresentam

citoqueratinas de alto peso molecular, presentes nos ceratocistos odontogênicos,

mas contêm outras citoqueratinas, especialmente a K19, marcada através de

imunohistoquímica. De forma interessante, a K16 e a K18 também foram

observadas, uma característica em comum com os ameloblastomas.

2.3.4.2.5 Risco de transformação neoplásica

Dachi e Howell (1961); Stanback (1970); Nortjé (1974); Craig; Wescott; Correll

(1984); Thornton; Stanley; Ballard (1985); Maroo (1991); Daley e Wysocki (1995);

Manganaro (1998) afirmaram que a manutenção de um cisto dentígero é um motivo

de preocupação devido à capacidade multipotencial do epitélio de revestimento.

Não somente ele pode tornar-se excessivamente grande, causando uma

considerável destruição óssea e deslocamento dental, como também, o epitélio de

revestimento pode sofrer uma transformação neoplásica ameloblástica.

Segundo Stanley; Krogh; Pannkuk (1965) de 88 casos de ameloblastoma, 33%

surgiram de cistos dentígeros, alguns destes, envolvendo a área do terceiro molar,

sendo que o início dos sintomas ocorreu antes dos 29 anos de idade em 70% dos

casos. A maior incidência de ameloblastoma ocorreu entre 20 e 29 anos, com um

valor de 44%. É possível que a incidência dos ameloblastomas diminua

drasticamente depois dos 29 anos de idade, já que o epitélio de revestimento do


52

órgão do esmalte e os restos epiteliais de Malassez geralmente já sofreram

metaplasia em epitélio pavimentoso estratificado nos folículos retidos. Embora

qualquer célula possa sofrer alteração neoplásica, parece razoável afirmar que se

os ameloblastomas se desenvolverem a partir dos componentes epiteliais dos

folículos pericoronários, especialmente naqueles associados a terceiros molares,

eles provavelmente o farão antes da conclusão desta metaplasia epitelial.

Gardner (1975) afirmou que, uma inflamação crônica de longa duração em um

cisto dentígero não tratado é o estímulo para uma eventual transformação maligna.

Miller e Bean (1994) afirmaram que a persistência de um cisto dentígero pode

resultar em uma transformação metaplásica ou displásica. Alguns investigadores,

segundo Stanback (1970); Craig; Wescott; Correll (1984); Thornton; Stanley; Ballard

(1985); Maroo (1991); Daley e Wysocki (1995); Manganaro (1998) relataram casos

de carcinoma espinocelular formando-se a partir da parede de cistos dentígeros.

Segundo Langlais; Langland; Nortjé (1995) um cisto dentígero pode dar origem

a ameloblastomas, carcinomas epidermóides ou carcinomas mucoepidermóides.

Segundo Shear (1999) vários pesquisadores afirmaram que os cistos dentígeros

podem originar ameloblastomas. Pelo fato dos cistos dentígeros serem mais raros

em negros e os ameloblastomas mais freqüentes nesta raça, aquela evidência é

contrária a esta afirmação. O autor ainda afirmou que a confusão existente com

relação a esta possível origem do ameloblastoma tem ocorrido por 3 razões:

a) nos casos em que um ameloblastoma envolve um dente não irrompido,

radiograficamente ele pode ser diagnosticado como um cisto dentígero;

b) nos casos em que a biópsia é realizada somente em uma das lojas do

ameloblastoma e uma fina camada de epitélio de revestimento é encontrada,

o diagnóstico histopatológico pode ser de cisto dentígero. Entretanto, se a


53

lesão for removida completamente e o diagnóstico de ameloblastoma for

estabelecido, uma interpretação incorreta de que ele se desenvolveu a partir

do cisto dentígero pode ser feita;

c) nos casos em que há a presença de ilhotas de epitélio na parede cística,

distantes do revestimento epitelial.

2.3.4.2.6 Tratamento

Langlais; Langland; Nortjé (1995); Sassi et al. (2002) afirmaram que o

tratamento do cisto dentígero consiste na sua enucleação e na exodontia ou

tracionamento ortodôntico do dente envolvido.

Nas lesões grandes, Langlais; Langland; Nortjé (1995) afirmaram que é

preferível a realização de uma marsupialização, em seguida a enucleação e

exodontia do dente afetado.

Shear (1999) preconiza a enucleação do cisto dentígero e a exodontia do dente

envolvido ou quando o dente puder ser tracionado ortodonticamente a

marsupialização do cisto deve ser preterida. Em crianças a marsupialização é o

tratamento de eleição.

2.3.4.3 Tumor odontogênico adenomatóide (TOA)

2.3.4.3.1 Características clínicas

Segundo Stafne e Gibilisco (1982) freqüentemente, o TOA está associado com

dentes não irrompidos. A maioria surge durante a 2ª década de vida do paciente.


54

Miller e Bean (1994) afirmaram que o TOA é uma neoplasia odontogênica

benigna dos maxilares responsável de 3% a 4% de todos os tumores

odontogênicos. A maioria (97%) ocorre em associação a dentes não irrompidos,

sendo que 67% afetam a maxila. Freqüentemente são assintomáticos refletindo a

natureza benigna da lesão. Os sinais clínicos incluem um aumento de volume de

crescimento lento, indolor, deslocamento dental e a retenção prolongada de um

dente permanente, geralmente o canino superior. Estes autores juntamente com

Reichart e Philipsen (2000b) afirmaram que as mulheres são afetadas 2,1 vezes a

mais que os homens, geralmente entre as idades de 11 e 20 anos.

2.3.4.3.2 Características radiográficas

Stafne e Gibilisco (1982) afirmaram que o TOA pode ser descoberto através de

um exame radiográfico de rotina ou em exames realizados para determinar a causa

da presença de um dente que não irrompeu ou ainda, para determinar a origem do

aumento de volume dos maxilares que eles podem produzir. Estes autores

juntamente com Shafer; Hine; Levy (1987); Castellon; Valenzuela; Lira (1998);

Waldron (1998); Reichart e Philipsen (2000b) afirmaram que inúmeros focos de

calcificação podem estar presentes no interior da massa tumoral, produzindo uma

imagem radiopaca característica nos exames radiográficos.

Segundo Miller e Bean (1994) o TOA se apresenta como uma área radiolúcida

unilocular, bem corticalizada com ou sem radiopacidade no interior da lesão. Na

ausência de focos radiopacos, esta lesão pode assemelhar-se ao cisto dentígero e

ao fibroma ameloblástico. Um dente permanente que não irrompeu está associado

ao tumor em dois terços dos casos. Raramente dentes decíduos são envolvidos. À
55

medida que a lesão cresce, a expansão das corticais ósseas e o deslocamento

dental podem ser observados.

Castellon; Valenzuela; Lira (1998); Reichart e Philipsen (2000b) afirmaram que o

TOA se assemelha ao cisto dentígero e, radiograficamente a distinção pode ser uma

tarefa difícil.

Shafer; Hine; Levy (1987); Waldron (1998) afirmaram que radiograficamente, o

TOA, apresenta uma imagem radiolúcida, circunscrita, que envolve a coroa de um

dente não irrompido. Estes autores ainda afirmaram que a imagem estende-se para

o ápice radicular ultrapassando o limite do colo do dente.

2.3.4.3.3 Características macroscópicas

Reichart e Philipsen (2000b) afirmaram que ao contrário do cisto dentígero a

cápsula do TOA não está unida no colo do dente afetado.

2.3.4.3.4 Características histopatológicas

Segundo Stafne e Gibilisco (1982) existe uma variável quantidade de

calcificação espalhada por toda a lesão. Estas calcificações aparecem comumente

como estruturas arredondadas, glóbulos semelhantes a cementículos e que estão

associados com restos epiteliais da bainha de Hertwig.

Microscopicamente este tumor apresenta uma cápsula de tecido conjuntivo

espessa e tecido cístico revestido por células colunares ou cuboidais. Presença de

células tumorais espirais e focos de calcificação (MILLER; BEAN, 1994). Waldron

(1998) acrescentou que estruturas semelhantes a ductos de glândulas, aspecto


56

característico deste tumor, podem estar presentes de forma predominante,

escassamente ou podem estar ausentes.

2.3.4.3.5 Tratamento

Pelo fato desta lesão ser bem encapsulada, o tratamento consiste na

enucleação conservadora e na curetagem. A recidiva é rara (MILLER; BEAN, 1994).

2.3.4.4 Fibroma ameloblástico

2.3.4.4.1 Características clínicas

É uma lesão incomum que responde por menos de 1% dos tumores

odontogênicos. Ocorre mais freqüentemente (75%) na região posterior da

mandíbula em pacientes com idade entre 5 e 20 anos. A proporção entre o sexo

feminino e o masculino é de 1,6:1 (MILLER; BEAN, 1994). Segundo Reichart e

Philipsen (2000b) os homens são mais afetados que as mulheres (1,4:1).

2.3.4.4.2 Características radiográficas

Geralmente é uma lesão assintomática, de crescimento lento, descoberta em

um exame radiográfico de rotina. Começa como uma área radiolúcida unilocular

com uma borda lisa corticalizada. Freqüentemente estão associados a um molar

não irrompido. Quando deixados sem tratamento, podem progredir lentamente em


57

tamanho, provocando expansão das corticais ósseas e deslocamento dental

(MILLER; BEAN, 1994).

Radiograficamente aparece como uma área radiolúcida, uni ou multilocular e

bem delimitada (WALDRON, 1998; REICHART; PHILIPSEN, 2000b).

2.3.4.4.3 Características histopatológicas

É um tumor odontogênico misto, constituído por tecido mesenquimal rico em

células e semelhante à papila dental, assim como, ninhos de epitélio odontogênico.

São constituídos principalmente por 2 tipos de células: as epiteliais e as

mesenquimais. As células epiteliais são do tipo cuboidal ou colunar, semelhante ao

epitélio odontogênico primitivo. Estas células estão espalhadas sob a forma de

cordões estreitos e longos ou também sob a forma de ilhas. O componente

mesenquimal contém grandes células conjuntivas, semelhante ao retículo estrelado

primitivo (MILLER; BEAN, 1994; WALDRON, 1998; REICHART; PHILIPSEN,

2000b).

Segundo Miller e Bean (1994) não há evidência de tecido calcificado.

2.3.4.4.4 Tratamento

Não são agressivos e raramente recidivam quando tratados de forma apropriada

(MILLER; BEAN, 1994).

Para Reichart e Philipsen (2000b) o tratamento do fibroma ameloblástico

consiste na enucleação da lesão com acompanhamento clínico e radiográfico do

paciente.
58

2.3.4.5 Ceratocisto odontogênico

2.3.4.5.1 Patogênese

Este tipo de cisto origina-se a partir da lâmina dental e de células basais da

mucosa bucal (SHEAR; ALTINI, 1883).

2.3.4.5.2 Características clínicas

O ceratocisto odontogênico representa 11% de todos os cistos dos maxilares.

Ocorre em uma ampla faixa etária, cerca de 80% envolve a mandíbula, sendo mais

freqüente em homens. Pode provocar dor e aumento de volume, mas muitos são

descobertos através de radiografias de rotina (SHEAR; ALTINI, 1883).

Ocorre em uma grande variedade de idades, com um amplo pico que vai da

adolescência até a quarta década de vida. Os homens são afetados mais

freqüentemente que as mulheres, e há uma predileção pela região posterior da

mandíbula (DALEY; WYSOCKI, 1997; REICHART; PHILIPSEN, 2000a).

2.3.4.5.3 Características radiográficas

Radiograficamente apresenta uma imagem radiolúcida, unilocular, com margens

lobuladas, podendo envolver dentes que não irromperam (SHEAR; ALTINI, 1883).

Os ceratocistos odontogênicos podem apresentar variadas imagens

radiográficas, dentre elas o aspecto festonado (FREITAS; FREITAS, 1998). Podem


59

simular o cisto dentígero quando apresentam imagem radiolúcida, unilocular,

arredondada ou ovalada (REICHART; PHILIPSEN, 2000a). Radiograficamente

aparecem como lesões radiolúcidas uni ou multiloculares, bem delimitadas,

circundadas por uma fina borda radiopaca. A periferia pode ser lisa ou lobulada

(TSUKAMOTO et al., 2001).

Segundo Waldron (1998) o diagnóstico de ceratocisto odontogênico é baseado

nas características histopatológicas, pois as radiográficas não são suficientes.

2.3.4.5.4 Características histopatológicas

Segundo Shear e Altini (1983); Waldron (1998); Reichart e Philipsen (2000a) as

características histopatológicas do ceratocisto odontogênico são:

a) ausência de projeções epiteliais;

b) epitélio pavimentoso estratificado de 6 a 8 camadas de células;

c) células basais em paliçada;

d) achatamento das células epiteliais em direção ao lúmen;

e) superfície epitelial corrugada;

f) presença de paraceratina ou eventualmente ortoceratina no epitélio;

g) lúmen do cisto preenchido irregularmente com ceratina.

Daley e Wysocki (1997) afirmaram que, quando o epitélio de revestimento do

ceratocisto odontogênico for do tipo paraqueratinizado o potencial de recidiva é

maior quando comparado com o ortoqueratinizado. Uma taxa de recidiva de 25% é

característica desta lesão.


60

Segundo Tsukamoto et al. (2001), microscopicamente o revestimento do

ceratocisto odontogênico tem uma espessura de 5 a 10 células, constituído por um

epitélio pavimentoso estratificado paraqueratinizado ou ortoqueratinizado com uma

camada basal em paliçada e uma fraca aderência ao tecido conjuntivo subjacente.

A taxa de recorrência do ceratocisto odontogênico é mais alta que dos outros cistos.

São encontradas citoqueratinas de alto peso molecular como a K10 e K11, bem

como a K19 (DALEY; WYSOCKI, 1997).

2.3.4.5.5 Tratamento

Enucleação com acompanhamento clínico e radiográfico do paciente por longo

período, devido à possibilidade de recidiva da lesão (SHEAR; ALTINI, 1883;

REICHART; PHILIPSEN, 2000a).

2.3.4.6 Cisto paradental

2.3.4.6.1 Patogênese

Craig (1976) afirmou que o cisto paradental tem uma origem inflamatória a partir

dos restos epiteliais de Malassez ou do epitélio reduzido do órgão do esmalte. Ainda

afirmou que o interesse nas projeções de esmalte que se estendem da junção

amelocementária para a bifurcação radicular tem sido centrado em seu possível

papel no desenvolvimento de bolsas periodontais e na patogênese dos cistos

paradentais localizados por vestibular.


61

Segundo Shear e Altini (1983); Langlais; Langland; Nortjé (1995) o cisto

paradental é de origem inflamatória e se origina dos restos epiteliais de Malassez ou

do epitélio reduzido do órgão do esmalte. Esta última origem é preferida uma vez

que os restos epiteliais de Malassez aparecem inativos nestas lesões.

Segundo Ackermann; Cohen; Altini (1987) parece existir 3 possíveis explicações

para a formação desta lesão. A primeira diz que uma destruição no periodonto com

consequente formação de uma bolsa profunda serve de estímulo para a proliferação

do epitélio sulcular e desenvolvimento do cisto paradental. Uma segunda

possibilidade é a proliferação dos restos epiteliais de Malassez como resultado de

uma pericoronarite. A terceira e preferida por estes autores é a partir do epitélio

reduzido do órgão do esmalte onde a formação do cisto ocorre como resultado de

uma expansão unilateral do folículo pericoronário, secundária a uma destruição

inflamatória do periodonto e do osso alveolar. Esta sugestão é apoiada pela

observação radiográfica de um espaço folicular alargado distalmente às coroas de

terceiros molares inferiores parcialmente não irrompidos, localização dos cistos,

inserção dos cistos na junção cemento-esmalte e a continuidade entre o

revestimento cístico e o epitélio reduzido do órgão do esmalte.

2.3.4.6.2 Características clínicas

Shear e Altini (1983) afirmaram que o cisto paradental representa 5% de todos

os cistos odontogênicos. Ocorrem preferencialmente na 3ª década de vida, sendo

que os homens são mais afetados. Os dentes envolvidos estão associados a um

histórico de pericoronarite.
62

Shafer; Hine; Levy (1987) afirmaram que o cisto paradental geralmente se

desenvolve lateralmente a um terceiro molar inferior e se estende da junção

cemento-esmalte até a parte vestibular da bifurcação. O dente apresenta uma

projeção de esmalte e pericoronarite.

O cisto paradental é um cisto odontogênico de origem inflamatória, que ocorre

na vestibular, distal ou raramente na mesial de terceiros molares inferiores

parcialmente irrompidos. Na maioria dos casos há um histórico associado de

pericoronarite recorrente e ausência de doença periodontal generalizada

(ACKERMANN; COHEN; ALTINI, 1987; REICHART; PHILIPSEN, 2000a).

Geralmente nos cistos paradentais envolvendo terceiros molares inferiores não

irrompidos ou parcialmente irrompidos, há um ou mais episódios de pericoronarite.

Halitose, dor, edema e trismo comumente ocorrem nestes casos. Quando envolve

os terceiros molares, este tipo de cisto freqüentemente está localizado na porção

distal ou distovestibular O terceiro molar geralmente está parcialmente irrompido e

com as raízes completamente formadas (LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995).

2.3.4.6.3 Características radiográficas

Craig (1976) encontrou de 1954 a 1974, 49 cistos paradentais associados a

terceiros molares inferiores parcialmente irrompidos. Não houve predileção pelo

lado direito ou esquerdo, mas 40 ocorreram em homens e 67% na terceira década

de vida. Em todos os casos havia um histórico de pericoronarite. Em alguns casos,

uma radiolucidez bem definida ocupava uma posição periapical, contudo, um exame

mais criterioso revelou que o espaço do ligamento periodontal apical estava normal

e que a lesão estava superposta à face radicular vestibular. Em outros, uma


63

radiolucidez bem definida foi observada distalmente a um terceiro molar inferior não

irrompido, entretanto, algumas vezes, visualizou-se também uma superposição

vestibular separada da imagem distal. Desta forma, ficou evidente que a partir do

exame radiográfico, algumas das lesões clinicamente localizadas por mesial ou

distal na verdade também possuem um componente vestibular. O autor ainda

afirmou que radiograficamente o cisto paradental foi, no passado, incluído no

diagnóstico diferencial de folículo pericoronário hiperplásico. Contudo, a

identificação de áreas separadas do espaço folicular e a presença de um

componente vestibular permitem o diagnóstico de cisto paradental através das

radiografias.

O cisto paradental apresenta uma imagem radiolúcida, bem delimitada,

localizada distalmente ao dente parcialmente irrompido e freqüentemente observa-

se uma superposição por vestibular. A radiolucidez pode estender-se apicalmente,

mas um espaço periodontal intacto fornece a evidência de que a lesão não se

origina no ápice radicular (SHEAR; ALTINI, 1983).

Ackermann; Cohen; Altini (1987) afirmaram que a maioria destes cistos é

descoberta após uma pericoronarite, quando radiografias de rotina são feitas antes

da remoção cirúrgica dos terceiros molares. Radiograficamente, um espaço folicular

normal pode ser observado distalmente às coroas dos terceiros molares inferiores

não irrompidos ou parcialmente irrompidos. Não existe método de distinguir através

das radiografias os espaços foliculares aumentados dos cistos paradentários. Os

autores sugerem, que sejam aplicados os mesmos critérios para o cisto dentígero,

ou seja, uma radiolucidez com mais de 4 mm.

O cisto paradental geralmente apresenta 1 ou 2 cm de diâmetro e

radiograficamente aparece como uma radiolucidez bem definida, com uma borda
64

esclerótica fina que pode estar descontínua ou fracamente visível, localizada por

vestibular ou distal do dente afetado. Esta variação ocorre devido à presença de

intenso infiltrado inflamatório na parede do tecido conjuntivo do cisto junto à margem

óssea (LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995).

2.3.4.6.4 Características histopatológicas

Microscopicamente, o cisto paradental é revestido por epitélio pavimentoso

estratificado hiperplásico não-queratinizado. Presença de infiltrado inflamatório no

epitélio de revestimento e no tecido conjuntivo subjacente (CRAIG, 1976; SHEAR;

ALTINI, 1983).

Histologicamente, o cisto paradental é indistinguível do cisto radicular. Sua

origem ocorre a partir do epitélio reduzido do órgão do esmalte e a formação cística

ocorre como resultado de uma expansão unilateral do folículo dental secundária à

destruição inflamatória do osso e periodonto (ACKERMANN; COHEN; ALTINI,

1987).

2.3.4.6.5 Tratamento

Quando o terceiro molar for o dente em questão, o tratamento preconizado é a

remoção do cisto juntamente com o dente (LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ,

1995; ACKERMANN; COHEN; ALTINI, 1987).


65

2.3.4.7 Ameloblastoma

2.3.4.7.1 Patogenia

O ameloblastoma pode se desenvolver a partir de células epiteliais presentes no

órgão do esmalte, no folículo pericoronário, na membrana periodontal, no epitélio

que reveste os cistos dentígeros e nos espaços medulares dos maxilares. O

ameloblastoma pode se desenvolver a partir de um folículo pericoronário não

removido completamente durante a extração de um dente não irrompido (STAFNE;

GIBILISCO, 1982).

2.3.4.7.2 Características clínicas

Stafne e Gibilisco (1982) afirmaram que o ameloblastoma reabsorve mais

severamente as raízes dos dentes que outras lesões dos maxilares.

2.3.4.7.3 Características radiográficas

Stafne e Gibilisco (1982); Castellon; Valenzuela; Lira (1998) afirmaram que

quando o ameloblastoma é unilocular, o diagnóstico radiográfico se torna

extremamente dificultado pela semelhança com o cisto dentígero.

Segundo Stafne e Gibilisco (1982) a maioria dos ameloblastomas apresenta

uma aparência multilocular, facilitando o diagnóstico diferencial. Apesar do tecido do

tumor aparecer mais radiopaco na radiografia que o fluido do cisto, a diferença é tão

pequena, que não apresenta valor diagnóstico. Com a evolução, o ameloblastoma,


66

provoca expansão e destruição das corticais ósseas, seguida de invasão do tecido

mole.

Segundo Reichart e Philipsen (2000b) 50% dos ameloblastomas são

multiloculares.

2.3.4.7.4 Características histopatológicas

Waldron (1998); Reichart e Philipsen (2000b) afirmaram que

histopatologicamente os ameloblastomas multiloculares podem se apresentar de

formas variadas. O tipo folicular se caracteriza por apresentar muitas ilhotas

tumorais em um estroma de tecido conjuntivo, o plexiforme apresenta células

tumorais dispostas em massas ou cordões e o estroma tende a estar arranjado

frouxamente, o tipo acantomatoso se caracteriza por apresentar metaplasia

escamosa no interior das ilhotas e dos cordões e o tipo granular por apresentar

células com grânulos eosinofílicos no citoplasma. Por sua vez, o ameloblastoma

unilocular pode ser do tipo intraluminal com nódulos de ameloblastoma que se

projetam da parede e alcançam a luz do cisto ou do tipo mural com a parede do

cisto infiltrada por ameloblastoma. O critério mínimo para o diagnóstico

histopatológico de ameloblastoma unilocular é a presença de uma cavidade cística,

revestida por epitélio odontogênico apresentando características de ameloblastoma.

Waldron (1998) ainda acrescentou o tipo luminal de ameloblastoma unilocular onde

o tumor está confinado à superfície luminal do cisto.


67

2.3.5 Intervenção cirúrgica

No que tange à intervenção cirúrgica profilática dos terceiros molares inferiores

não irrompidos, observa-se ampla discussão entre os autores.

Segundo Dachi e Howell (1961) a maioria dos dentistas recomendou a remoção

de dentes não irrompidos nos casos de infecção ou dor presentes, reabsorção de

dentes adjacentes ou na presença de imagem radiográfica compatível com cisto.

Bishara e Andreasen (1983); Mercier e Precious (1992); Girod; Gerlach; Krueger

(1993) acrescentaram ainda as lesões cariosas não-restauráveis e os tumores.

Dachi e Howell (1961); Laskin (1971) afirmaram que, com poucas exceções,

parece lógico recomendar a remoção profilática de todos os terceiros molares, tão

logo fique evidente que os mesmos não estão em uma posição favorável. Isto pode

geralmente ser determinado radiograficamente, quando os pacientes têm entre 16 e

17 anos de idade, época na qual o principal crescimento dos maxilares está

concluído. A remoção dos dentes nesta idade, quando geralmente não há

envolvimento patológico, é um procedimento muito menos complicado do que uma

cirurgia semelhante em uma pessoa mais idosa.

Segundo Ash Júnior (1964), freqüentemente, os terceiros molares não

irrompidos ou parcialmente irrompidos são assintomáticos. Contudo, é comum que o

sulco gengival na distal do segundo molar esteja patologicamente aprofundado e

que o osso de suporte na distal do segundo molar esteja incompletamente

desenvolvido ou tenha sido perdido após o desenvolvimento. Deste modo, terceiros

molares assintomáticos raramente não possuem alterações patológicas de um

ponto de vista radiográfico. As conseqüências da permanência do terceiro molar não

irrompido ou parcialmente irrompido dificilmente podem ser consideradas como


68

livres de patologias. De um ponto de vista periodontal, provavelmente o único molar

assintomático é aquele que fica completamente coberto e não tem potencial para

exposição ou erupção, e se encontra posicionado apicalmente em relação às raízes

do segundo molar.

Segundo Laskin (1971) tanto o ortodontista quanto o cirurgião bucomaxilofacial

preocupam-se com os terceiros molares não irrompidos. Os ortodontistas tratam

principalmente pacientes jovens, vendo estes dentes principalmente durante a fase

eruptiva, tendem a pensar em como eles poderiam afetar os resultados de sua

terapia. O cirurgião bucomaxilofacial, por outro lado, vê principalmente as

complicações criadas por estes dentes. Acrescentou que, a manutenção dos

terceiros molares não irrompidos é indicada nos casos de pacientes ortodônticos

nos quais os 4 pré-molares foram extraídos ou quando há razões médicas para

evitar a cirurgia. Um terceiro molar não irrompido pode ocasionalmente permanecer

assintomático durante toda a vida de uma pessoa, no entanto, a experiência clínica

tem mostrado que a maioria deles dá origem a alguma dificuldade. Os danos

produzidos freqüentemente não são reversíveis mesmo após a extração do dente.

Segundo Kiley (1972); Girod; Gerlach; Krueger (1993) os dentes não irrompidos

podem tornar-se sintomáticos, mesmo sendo rara a incidência de conversão

patológica. Se os pacientes não forem examinados clínica e radiograficamente para

detectar alterações patológicas precoces, a destruição do tecido ósseo, bem como,

o deslocamento dos dentes adjacentes pode requerer um tratamento mais

complexo.

Carvalho et al. (1978) afirmaram que a extração de dentes não irrompidos

estaria reservada para os casos de indicação ortodôntica, da presença de infecção,

dor, formação de cistos ou tumores ou quando o dente estiver em malposição ou


69

sem função. Segundo os autores, é preferível a extração dentro da faixa etária de

18 a 25 anos de idade, porque o tecido ósseo é menos esclerótico e cicatriza

melhor. Os jovens toleram a cirurgia e o pós-operatório tem evolução mais rápida. O

tempo ideal para intervenção cirúrgica é quando dois terços do terceiro molar está

formado, evitando-se futuros problemas causados por dilacerações radiculares. Em

pacientes idosos há uma maior possibilidade de ocorrer anquilose alvéolo-dental,

alveolite e fratura óssea dificultando o ato cirúrgico.

Hinds e Frey (1980) exemplificaram problemas comumente encontrados com

terceiros molares não irrompidos em idosos. No estudo de 15 casos, todos

envolvendo pacientes com mais de 40 anos, 23 terceiros molares não irrompidos

foram extraídos. As alterações patológicas encontradas foram as seguintes: 9 cistos

dentígeros, 1 ceratocisto odontogênico, 1 cisto não especificado, 1 processo

inflamatório não específico, 2 osteomielites. Foi diagnosticada reabsorção das

raízes em 3 dentes adjacentes, infecção em 3 dentes adjacentes ao terceiro molar

não irrompido envolvido por cisto e exodontia de 3 dentes adjacentes também ao

terceiro molar não irrompido envolvido por cisto.

Hinds e Frey (1980); Fielding; Douglass; Whitley (1981) afirmaram que a

extração de terceiros molares não irrompidos está claramente indicada nas

seguintes situações: aumento da idade do paciente, ausência de função,

pericoronarite, infecção recorrente, periodontite, cárie, reabsorção interna ou

externa, consideração ortodôntica, dentes não irrompidos que precedem uma

prótese, alterações patológicas (cisto dentígero), associação com neoplasias,

envolvimento em uma fratura, tratamento radioterápico nos maxilares. No que diz

respeito ao aumento da idade do paciente, esses autores relataram:


70

a) aumento da idade do paciente: quando fica determinado que um dente não

irrompido não executará uma função útil na cavidade bucal, o mesmo deve

ser removido caso não existam contra-indicações para a cirurgia. A

dificuldade e as complicações da cirurgia, e os perigos inerentes à

manutenção de terceiros molares não irrompidos em pessoas mais idosas,

indicam que a remoção deve ser realizada precocemente, mesmo quando

problemas maiores ainda não ocorreram. A idade crescente complica todos

os aspectos da cirurgia e da recuperação. A cirurgia é freqüentemente mais

difícil. Com a idade, o osso torna-se mais denso, altamente mineralizado,

mais frágil e osteoporótico, dificultando sua remoção. Freqüentemente, uma

quantidade maior de osso tem que ser removida para permitir a passagem

de um terceiro molar do que seria necessária em uma pessoa mais jovem

cujo osso é mais elástico. Uma cirurgia mais difícil requer um tempo

operatório maior podendo aumentar as complicações. Uma cirurgia

complicada aumenta o risco de danos aos nervos, e em pessoas com mais

idade, há uma menor recuperação. Também parece haver uma maior

incidência de alveolite após uma cirurgia de terceiro molar nestas pessoas.

Nos idosos, a cicatrização freqüentemente é retardada, observa-se um

maior desconforto pós-operatório e um maior número de consultas pós-

operatórias são necessárias. A neoformação óssea ocorre de forma mais

lenta. A hospitalização é freqüentemente necessária para o que pode ser

um procedimento rotineiro de consultório em uma pessoa mais jovem

(HINDS; FREY, 1980; FIELDING; DOUGLASS; WHITLEY, 1981);

b) na ausência de função: a falta de espaço no maxilar é provavelmente a

indicação mais comum para a remoção de dentes não irrompidos. Menos de


71

5% dos adultos jovens com desenvolvimento completo dos dentes têm

espaço adequado para a erupção total dos terceiros molares (FIELDING;

DOUGLASS; WHITLEY, 1981);

c) na pericoronarite: depois que esta alteração se desenvolve, há uma

tendência dela recorrer intermitentemente e freqüentemente. Além do

extremo desconforto, pode haver uma destruição óssea suficiente em torno

do segundo e do terceiro molar para produzir uma bolsa periodontal

profunda. A menos que haja alguma dúvida sobre o futuro do segundo molar

e sobre a execução de uma função útil por parte do terceiro molar, o dente

não irrompido deve ser removido antes que essas situações se

desenvolvam (FIELDING; DOUGLASS; WHITLEY, 1981).

Peterson (2000) afirmou que a pericoronarite é uma infecção dos tecidos

moles à volta da coroa de um dente parcialmente irrompido, causado pela

microbiota normal, quando as defesas do organismo estão comprometidas.

A pericoronarite pode também surgir secundariamente, a partir de pequenos

traumas ocasionados pelo terceiro molar superior. O tecido mole que

recobre a superfície oclusal de um terceiro molar parcialmente irrompido

(opérculo) pode ser traumatizado e tornar-se edemaciado. Outra causa

comum de pericoronarite, segundo os autores, é o aprisionamento de

alimentos abaixo do opérculo, pois a dificuldade de higienização permite a

invasão de bactérias, dando início à pericoronarite;

d) na periodontite: a constante impacção de alimentos entre um terceiro molar

não irrompido e o segundo molar adjacente pode resultar em inflamação e

uma considerável perda óssea. A formação de bolsa periodontal enfraquece

os tecidos de suporte do segundo molar. Portanto, a extração de dentes não


72

irrompidos é indicada antes dos sinais de doença periodontal. A prevenção

desses problemas deve ser considerada e a indicação para a remoção

profilática de terceiros molares não irrompidos precocemente, como objetivo

de permitir um melhor prognóstico periodontal para o segundo molar com o

preenchimento ósseo na área previamente ocupada pela coroa do terceiro

molar (FIELDING; DOUGLASS; WHITLEY, 1981; PETERSON, 2000).

Segundo Peterson (2000) a rápida disseminação de um problema

periodontal resultante de terceiros molares não irrompidos é especialmente

crítica na maxila. Com a extensão apical da bolsa periodontal há o rápido

envolvimento da região de furca do segundo molar superior tornando o

tratamento da doença periodontal mais difícil;

e) na cárie: a suscetibilidade a cáries aumenta quando um terceiro molar não

irrompido torna-se exposto ao ambiente bucal. O acúmulo de alimentos

dificulta a higienização da área. A restauração das lesões cariosas nesses

dentes parcialmente irrompido se torna muito difícil. A remoção do dente

cariado é indicada, mesmo nos casos em que a lesão ainda não atingiu a

polpa. Um dente que não irrompeu pode ainda causar a retenção de

alimentos e o desenvolvimento de cáries no dente adjacente (FIELDING;

DOUGLASS; WHITLEY, 1981).

Segundo Peterson (2000) mesmo nas situações em que não há

comunicação aparente entre o meio bucal e o terceiro molar não irrompido,

pode haver comunicação suficiente para permitir o desenvolvimento de

cáries;

f) na reabsorção radicular: a pressão da coroa de um terceiro molar não

irrompido contra a superfície radicular do segundo molar pode resultar em


73

uma reabsorção patológica (FIELDING; DOUGLASS; WHITLEY, 1981;

PETERSON, 2000).

Mercier e Precious (1992) acrescentaram que o terceiro molar com

impacção horizontal ou mésio-angular pode causar danos às raízes dos

dentes adjacentes. Eles ainda afirmaram que é difícil diferenciar artefatos

radiográficos de reabsorções radiculares verdadeiras exceto, em casos

extremos;

g) na consideração ortodôntica: os ortodontistas dividem-se em suas opiniões

com relação à extração precoce dos terceiros molares. Os ortodontistas que

não dão preferência à extração dos pré-molares freqüentemente dão

preferência à remoção de terceiros molares quando há uma disparidade no

tamanho ou no número de dentes em relação aos maxilares. No entanto, há

uma concordância de que há pouca razão, com base nas evidências

disponíveis, para a extração de terceiros molares somente para minimizar

um presente ou futuro apinhamento nos dentes anteriores inferiores, em

pacientes ortodônticos ou não-ortodônticos (FIELDING; DOUGLASS;

WHITLEY, 1981);

h) nos dentes não irrompidos sob próteses dentárias: ocasionalmente um

terceiro molar não irrompido é observado durante um exame radiográfico de

rotina de um rebordo clinicamente edêntulo. A não ser que eles estejam

localizados profundamente e completamente cobertos por tecido ósseo,

eles devem ser removidos e não deixados na área de suporte da prótese

(FIELDING; DOUGLASS; WHITLEY, 1981). Estes autores juntamente com

Peterson (2000) afirmaram que se estes dentes forem mantidos, a

compressão da mucosa entre a coroa do dente e a prótese pode causar


74

dor. Uma necrose por pressão na gengiva pode fornecer uma via para o

desenvolvimento de uma infecção.

Segundo Peterson (2000) os dentes não irrompidos devem ser removidos

previamente à confecção de uma prótese, pois se o dente tiver de ser

removido depois, a crista alveolar pode ser de tal forma alterada pela

extração que tornará a prótese mal adaptada e menos funcional;

i) nas alterações patológicas (cisto dentígero): os cistos dentígeros podem

permanecer assintomáticos por um longo período, ou podem provocar um

significante aumento de volume. Dentes não irrompidos associados a cistos

geralmente precisam ser removidos. Ocasionalmente, em uma pessoa

jovem, um dente deslocado por um cisto pode irromper após a remoção do

cisto, permitindo que o dente não irrompido permaneça (FIELDING;

DOUGLASS; WHITLEY, 1981; PETERSON, 2000).

Segundo Adelsperger et al. (2000) a presença de uma patologia

pericoronária é uma razão geralmente aceita para a extração de terceiros

molares;

j) na associação com neoplasias: essas alterações (benignas ou malignas)

podem se desenvolver na região dos terceiros molares. Esses dentes nunca

devem ser mantidos se isso colocar em risco a remoção completa de uma

neoplasia (FIELDING; DOUGLASS; WHITLEY, 1981).

Peterson (2000) afirmou que embora a incidência de cistos e tumores

odontogênicos envolvendo dentes não irrompidos é baixa, a maioria das

alterações patológicas que envolvem terceiros molares está associada a

dentes não irrompidos. Desta forma, é recomendável que se removam os

dentes não irrompidos para prevenção da ocorrência de cistos e tumores;


75

l) no envolvimento em uma fratura: segundo Mercier e Precious (1992) a

fratura mandibular é uma complicação extremamente rara quando da

presença de terceiros molares não irrompidos.

Um terceiro molar inferior não irrompido ocupa o espaço do tecido ósseo.

Isto enfraquece a mandíbula e a torna mais suscetível a fraturas

(PETERSON, 2000);

m) no tratamento radioterápico nos maxilares: os dentes não irrompidos devem

ser removidos antes do início da radioterapia. O desenvolvimento de uma

pericoronarite pode levar a uma osteorradionecrose (FIELDING;

DOUGLASS; WHITLEY, 1981);

n) na dor idiopática: dor na articulação têmporo-mandibular, ouvido, pescoço,

ou dor de cabeça podem ser eliminadas pela remoção de um dente não

irrompido quando este for o fator responsável (FIELDING; DOUGLASS;

WHITLEY, 1981).

Peterson (2000) afirmou que alguns pacientes procuram o dentista

queixando-se de dor na região retromolar da mandíbula, sem causa

aparente. Caso o diagnóstico da síndrome da dor e disfunção miofacial e os

distúrbios da articulação têmporo-mandibular sejam excluídos, e o paciente

tiver um dente não irrompido, a extração do dente algumas vezes resolve a

dor.
76

Fielding; Douglass; Whitley (1981) relacionaram algumas situações em que a

extração de terceiros molares não irrompidos está claramente contra-indicada. São

elas:

a) danos às estruturas adjacentes: é difícil ou impossível prever o efeito da

remoção de um dente não irrompido sobre as estruturas adjacentes.

Aproximadamente de 1% a 4% dos pacientes experimentam alterações

sensoriais transitórias por períodos variáveis de tempo após a remoção de

terceiros molares inferiores não irrompidos. Poucos desses pacientes têm

sintomas que persistem por mais do que algumas poucas semanas ou

meses (FIELDING; DOUGLASS; WHITLEY, 1981). Estes autores em

conjunto com Peterson (2000) afirmaram que, se a remoção de uma

impacção assintomática tiver probabilidade de resultar na perda de dentes e

também em danos aos nervos adjacentes, o dente terá de ser avaliado

sobre se deve ser mantido em posição;

b) estado físico comprometido: um dos fatores mais significativos a ser

considerado ao contemplar a remoção de um dente não irrompido é a

condição física do paciente e sua expectativa de vida (FIELDING;

DOUGLASS; WHITLEY, 1981).

Segundo Peterson (2000) um estado médico comprometido contra-indica a

exodontia de um dente não irrompido;

c) dentes completamente assintomáticos: quando um dente não irrompido

assintomático está completamente fusionado ao osso em um indivíduo

idoso e não há risco aparente do desenvolvimento de uma alteração e

nenhuma prótese está sendo planejada, o dente não irrompido pode ser

deixado no maxilar. O acompanhamento radiográfico desses dentes deve


77

ser realizado periodicamente. Não se deve sacrificar o tecido ósseo, tecido

mole ou submeter o paciente aos riscos da anestesia, cirurgia e

complicações pós-operatórias para remover um dente completamente

assintomático em um indivíduo idoso com uma dentição razoavelmente

normal (FIELDING; DOUGLASS; WHITLEY, 1981).

Peterson (2000) afirmou que em pacientes com mais de 30 anos de idade,

os terceiros molares totalmente intra-ósseos devem ser mantidos, exceto na

presença de alguma alteração patológica. Provavelmente, a remoção destes

terceiros molares assintomáticos em pacientes mais velhos irá resultar em

bolsas profundas e perda de osso alveolar maiores do que se o dente for

deixado no lugar.

Os fatos mostram que os terceiros molares dificilmente assumem uma posição

funcional e saudável na arcada dental. O crescimento da mandíbula com a

reabsorção simultânea da borda anterior do ramo, e o concomitante crescimento da

maxila estão essencialmente concluídos aos 17 anos de idade. Neste momento

geralmente pode ser feita uma determinação de espaço insuficiente ou posição

inadequada para a erupção normal. Este é o momento de decidir a disposição dos

terceiros molares e sua necessidade de extração. Não é recomendável aguardar até

que um dente não irrompido torne-se sintomático. Freqüentemente, quando os

sintomas aparecem, a maior parte dos danos já ocorreu (FIELDING; DOUGLASS;

WHITLEY, 1981).

Segundo Bishara e Andreasen (1983) não houve consenso sobre a remoção de

dentes não irrompidos assintomáticos sem evidência de patologia, mas a impacção

ou a malposição de um terceiro molar é um estado anormal e pode justificar sua


78

remoção. A manutenção de terceiros molares não irrompidos está indicada nas

seguintes situações:

a) quando pré-molares inferiores são extraídos ou estão congenitamente

ausentes;

b) quando o plano de tratamento ortodôntico pede a extração dos primeiros ou

segundos molares permanentes;

c) quando os primeiros ou segundos molares permanentes foram extraídos por

causa de cáries extensas e envolvimento periapical.

Bishara e Andreasen (1983) afirmaram que a enucleação do terceiro molar na

idade de 8 anos tem sido praticada desde 1936. Aqueles que se opõem ao

procedimento explicam que por volta dos 35 anos de idade, 1 em cada 5 norte-

americanos está usando uma prótese total superior e perdeu muitos dentes

inferiores. Um outro motivo, diz respeito aos riscos de complicações durante a

cirurgia. Por outro lado, os defensores da remoção profilática acreditam que muitos

adultos jovens entre 18 e 22 anos experimentam problemas com seus terceiros

molares e, com o aumento da idade as alterações patológicas ocorrem mais

freqüentemente. A remoção do germe do terceiro molar na idade de 7 a 10 anos é

surpreendentemente simples e relativamente atraumática. Isto contrasta com a

dificuldade de extração de dentes não irrompidos em adultos. Para estimar a

probabilidade de impacção, estes autores usaram as curvas desenvolvidas por

Turley. De acordo com estas curvas, a probabilidade de impacção ou de erupção

poderia ser diagnosticada com 8 ou 9 anos com 90% de precisão.

Barroso et al. (1985) afirmaram que a manutenção de dentes não irrompidos

deve ser inicialmente defendida, porque nenhuma estrutura anatômica deve ser
79

retirada, a não ser que haja uma evidência patológica. Segundo os autores, a

extração do dente não irrompido deve estar alicerçada com o interesse ortodôntico

ou protético.

Consolaro (1987) afirmou que os folículos pericoronários sofrem alterações com

a idade. No entanto, a exodontia de urgência de dentes não irrompidos e

parcialmente irrompidos não se faz necessária desde que, o exame clínico e

radiográfico coloque em dúvida a normalidade dos tecidos pericoronários.

Consolaro (1987); Knights (1991) afirmaram que nos casos da remoção

cirúrgica estar contra-indicada, o acompanhamento radiográfico se faz necessário.

Em um estudo de Stanley et al. (1988) com 3702 terceiros molares não

irrompidos em pacientes com mais de 20 anos de idade, foram observadas

alterações patológicas em 10% dos casos.

No estudo de Eliasson; Heimdahl; Nordenram (1989) as alterações patológicas

relacionadas à manutenção dos terceiros molares não irrompidos não foram

freqüentes. O número total de observações patológicas (espaço pericoronário

alargado, reabsorção do segundo molar e perda severa de osso marginal) foi de 25

(5,2%) em 477 pacientes com terceiros molares superiores não irrompidos e 59

(8%) em 734 pacientes com terceiros molares inferiores não irrompidos. A remoção

cirúrgica dos terceiros molares não irrompidos não deve ser recomendada na

ausência de indicações clínicas, radiográficas, ou ambas. O risco de seqüelas

patológicas é aparentemente baixo, particularmente se nenhum sintoma for notado

na região do terceiro molar não irrompido e, se houver espaço suficiente entre este

dente e o segundo molar. Contudo, é importante lembrar que se o terceiro molar

não irrompido tiver que ser mantido em um paciente jovem na ausência de sinais,

sintomas, ou ambos, a cirurgia pode ser mais difícil e estar associada a problemas
80

em uma idade mais avançada. Infelizmente, não há uma forma confiável de prever

quais pacientes desenvolverão sintomas subseqüentes. Os benefícios da remoção

dos terceiros molares não irrompidos devem, portanto, ser ponderados em relação

aos riscos cirúrgicos. Quando um terceiro molar não irrompido é mantido, o paciente

deve ser sempre informado e a condição deve ser controlada em intervalos

regulares.

Lazare (1989); Carl; Goldfarb; Finley (1995) afirmaram que o desenvolvimento

de alterações patológicas principalmente cistos dentígeros é pouco freqüente e,

portanto a remoção profilática dos terceiros molares não é justificada.

A extração dos terceiros molares inferiores não irrompidos é um procedimento

cirúrgico comum e cada vez mais realizado (ELIASSON; HEIMDAHL;

NORDENRAM, 1989; MERCIER; PRECIOUS, 1992; GIROD; GERLACH;

KRUEGER, 1993; SANTAMARIA; ARTEAGOITIA, 1997; ADELSPERGER et al.,

2000; RAKPRASITKUL, 2001).

Segundo Price (1989) se o tratamento conservador para os terceiros molares for

preterido em relação à extração, haverá um aumento na incidência de

pericoronarite. Este autor, juntamente com Mercier e Precious (1992) afirmou que o

aumento na idade em que os terceiros molares serão removidos, resultará em uma

maior morbidade pós-operatória.

No estudo de Nordenram et al. (1987) foi observado, que a maioria das

remoções de terceiros molares inferiores foi realizada em pacientes na faixa etária

de 20 a 29 anos. Cerca de 20% foram removidos sem indicações profiláticas, ou

seja, com riscos futuros estimados de desenvolvimento de condições patológicas.

A remoção de dentes não irrompidos traz algum risco de complicações

cirúrgicas e pós-operatórias, riscos que devem ser levados em conta e ponderados


81

em relação aos riscos associados à manutenção destes dentes. Um aumento das

complicações pós-operatórias com o aumento da idade do paciente não pode por si

só levar à conclusão de que a cirurgia deve ser realizada mais cedo (AHLQWIST;

GRONDAHL, 1991).

Se a remoção dos terceiros molares não irrompidos for postergada, os riscos

cirúrgicos e a morbidade do paciente aumentam com a idade. A remoção

postergada expõe os pacientes a problemas agudos associados à erupção

(AHLQWIST; GRONDAHL, 1991; GIROD; GERLACH; KRUEGER, 1993; VENTA et

al., 1993).

Embora haja uma concordância geral pelos dentistas de que a presença de uma

patologia associada a terceiros molares é uma indicação para a sua remoção, a

remoção profilática permanece controversa. Há atualmente pouca evidência

científica para dar suporte à remoção rotineira de terceiros molares não irrompidos

para a prevenção de patologias. Por outro lado, há muitos relatos empíricos de

complicações associadas a estes dentes. Até mesmo cirurgiões algumas vezes

ficam perplexos com a falta de dados para dar suporte ao que se tornou, para

muitos, um dos procedimentos mais comuns na cirurgia bucomaxilofacial

(AHLQWIST; GRONDAHL, 1991; GLOSSER; CAMPBELL, 1999).

Segundo Mercier e Precious (1992) a não ser que o benefício da intervenção

supere os riscos associados, o benefício da não-intervenção é auto-evidente. Os

fatores de risco/benefício falam a favor de uma remoção precoce de impacções

ectópicas e contra uma remoção de rotina, quando o risco de complicações pós-

operatórias graves excede o risco do desenvolvimento de patologias em torno dos

terceiros molares. O clínico deve ser capaz de orientar o paciente em relação à

intervenção ou não nos terceiros molares assintomáticos. A vantagem da


82

manutenção dos terceiros molares, ou para erupção futura ou transplante no caso

de perda dental prematura em outro lugar da arcada, não pode ser ignorada. Ainda

afirmaram que, estudos em que a idade da amostra foi menor, complicações pós-

operatórias como parestesia, foi menos observada. Nos pacientes jovens os fatores

de risco são reduzidos, como, por exemplo, impacção profunda, proximidade entre

as raízes e o nervo e danos ao nervo. A decisão da manutenção ou extração dos

terceiros molares depende também da higiene bucal do paciente e do estado geral

da dentição.

Três casos foram descritos por Girod; Gerlach; Krueger (1993) nos quais,

terceiros molares não irrompidos assintomáticos foram deixados em posição dentro

de um período de 2 a 13 anos. Grandes cistos se desenvolveram. O tratamento

cirúrgico para cistos grandes freqüentemente está associado com uma morbidade

considerável, o risco de danos permanentes ao nervo mandibular é maior e algumas

vezes enxertos ósseos ou imobilização da mandíbula são necessários. Os autores

concluíram que os pacientes precisam ser informados sobre as vantagens e

desvantagens da remoção de terceiros molares, pois o desenvolvimento de

alterações pericoronárias nos terceiros molares parece ser imprevisível e as

diretrizes não podem ser facilmente estabelecidas.

Não podem ser estabelecidas diretrizes claras para a remoção de todos os

dentes não irrompidos. Contudo, se houver dentes não irrompidos presentes, o

paciente deve ser informado e radiografias periódicas estão indicadas. Se houver o

desenvolvimento de áreas radiolúcidas pericoronárias ou perirradiculares, deve-se

concluir que alterações patológicas estão ocorrendo. O paciente deve ser informado

das vantagens e desvantagens da remoção. Na decisão pela remoção de dentes


83

não irrompidos em idosos, devem ser consideradas as condições locais e

sistêmicas (CARL; GOLDFARB; FINLEY, 1995).

Devido à controvérsia em torno da remoção profilática de dentes não

irrompidos, um estudo completo do complexo bucomaxilofacial deve ser realizado

rotineiramente em todos os pacientes (BANDERAS et al., 1996).

Carvalho; Kumagai; Cacavalle (1997) afirmaram que entre os cirurgiões

bucomaxilofaciais há um consenso em não intervir cirurgicamente nos terceiros

molares assintomáticos que estejam completamente recobertos por mucosa,

estando indicado o acompanhamento radiográfico dos mesmos.

Manganaro (1998) afirmou que as alterações histopatológicas do epitélio

odontogênico são raras e, esta é a consideração menos importante para a extração

de terceiros molares. Segundo o autor, há a necessidade de extrair os terceiros

molares parcialmente irrompidos com históricos de crises repetidas de

pericoronarite, uma vez que existe a possibilidade de transformação maligna neste

tipo de dente não irrompido.

Segundo Hattab e Abu Alhaija (1999) a manutenção dos terceiros molares

assintomáticos pode ser benéfica para ancoragem ortodôntica, pilares protéticos ou

transplante.

Peterson (2000) afirmou que todos os dentes não irrompidos devem ser

removidos, exceto quando a remoção está contra-indicada. A exodontia deve ser

feita tão logo o dentista tenha determinado que o dente não irrompeu evitando o

aparecimento de problemas, tais como: morbidade tecidual focal, perda de dentes e

osso adjacentes e danos às estruturas anatômicas. Um outro motivo para a

remoção precoce de dentes não irrompidos é que com o aumento da idade os

pacientes podem apresentar patologias sistêmicas debilitantes tornando a cirurgia


84

mais difícil. O período ideal, para a remoção dos terceiros molares não irrompidos é

após a formação do primeiro terço radicular e antes da formação do segundo terço,

normalmente no final da adolescência, entre 16 e 18 anos. Ainda afirmou, que o

germe dentário do terceiro molar pode ser visualizado radiograficamente a partir dos

6 anos e alguns cirurgiões preconizam a sua retirada entre 7 e 9 anos. A maioria

dos cirurgiões concorda, que não há como prever se o dente em formação irá

irromper. O consenso é de que a remoção muito precoce de terceiros molares deve

ser postergada até que o diagnóstico de impacção do dente possa ser feito. Para

este autor, os pacientes que têm seus terceiros molares removidos antes dos 25

anos de idade apresentam maiores chances de cicatrização óssea.

Segundo Rakprasitkul (2001) o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos

relatou estudos clínicos que indicaram que a porcentagem de terceiros molares

removidos principalmente por causa da formação de cistos varia de 1,5% a 13,3%.

A maioria dos cirurgiões-dentistas faz julgamentos clínicos sem a internação do

paciente e não submetem o tecido pericoronário a um diagnóstico histopatológico.

Clinicamente pode não haver sinais ou sintomas de formação cística, por isso que

as incidências relatadas do desenvolvimento de cistos associados a terceiros

molares não irrompidos são extremamente baixas. Desta forma, alguns profissionais

defendem a observação e o acompanhamento periódico, em vez da remoção

imediata, se não houver nenhum sinal ou sintoma patológico associado a um

terceiro molar não irrompido.


85

2.3.6 Características radiográficas dos tecidos pericoronários

Dachi e Howell (1961) estudaram dentes não irrompidos. Um número

marcantemente mais alto de áreas radiolúcidas ocorreu em torno das coroas de

terceiros molares não irrompidos na mandíbula do que na maxila (37% e 15%,

respectivamente). Destes, a maioria (89%) provavelmente representavam folículos

pericoronários alargados, enquanto 11% foram suficientemente grandes para serem

considerados cistos dentígeros. As áreas radiolúcidas foram classificadas em duas

categorias: espaço folicular alargado e cisto dentígero. Quando a largura de alguma

parte da radiolucidez ultrapassou 2 mm, o diagnóstico de cisto dentígero foi

considerado.

Segundo Mourshed (1964a); Maroo (1991) as radiografias desempenham um

papel importante no estabelecimento do diagnóstico. Elas revelam o tamanho, a

extensão do cisto e sua relação com as estruturas adjacentes.

Para Mourshed (1964b); Campos e Durr (1980); Lara (1982); Shafer; Hine; Levy

(1987); Stanley et al. (1988); Kim e Ellis (1993); Daley e Wysocki (1995); Waldron

(1998), a diferença radiográfica entre um cisto dentígero pequeno e um folículo

pericoronário aumentado, associado à coroa de um dente não irrompido, é difícil e

pode constituir um exercício acadêmico. Esta dificuldade não é observada quando

se trata de um cisto dentígero grande que já tenha provocado expansão das

corticais ósseas e deslocamento de dentes adjacentes.

Mourshed (1964a) estudou levantamentos periapicais de 1315 pacientes

buscando determinar a existência de cistos dentígeros. Para o autor, a largura do

espaço pericoronário é o fator mais confiável na determinação da existência de um

cisto dentígero. Embora o contorno da parede de um cisto dentígero seja


86

geralmente mais fino e nítido do que a parede de um folículo, este critério é relativo

e não é tão confiável quanto o tamanho do espaço pericoronário. O folículo

pericoronário apresenta na radiografia um tamanho que varia de 1 a 2 mm. Acima

de 1 mm de largura, o diagnóstico é sugestivo de cisto dentígero. Quando maior que

2 mm de largura, o diagnóstico é de cisto dentígero. Quando a medida for igual ou

superior a 2,5 mm, a probabilidade de ser um cisto dentígero aumenta

consideravelmente. Contudo, estas interpretações radiográficas devem ser

confirmadas microscopicamente antes que um diagnóstico final possa ser feito. Dos

1315 pacientes, 304 (23,1%) apresentavam dentes que não irromperam. Destes,

87,81% tinham de 11 a 30 anos e somente 12,19% tinham até 80 anos de idade.

Não houve diferença entre os sexos. Os 304 pacientes tinham um total de 761

dentes não irrompidos. A mandíbula foi afetada em 53,1% dos casos e não houve

diferença importante entre os lados direito e esquerdo. O terceiro molar inferior foi o

dente mais encontrado. Entre os 1315 pacientes com levantamentos radiográficos,

11 cistos dentígeros foram observados em 8 pacientes. A idade destes 8 pacientes

variou de 13 a 15 anos, com exceção de 1 paciente que tinha 43 anos. A maioria

era do sexo feminino. Sete dos cistos dentígeros ocorreram na mandíbula e 6

estavam relacionados com terceiros molares inferiores.

Mourshed (1964b); Amêndola (1983), Maroo (1991) relataram, que a largura de

até 2,5 mm do espaço pericoronário observado radiograficamente é compatível com

a normalidade dos tecidos pericoronários observada histologicamente. Por sua vez,

o espaço pericoronário que apresenta uma largura igual ou maior que 2,5 mm pode

mostrar alterações patológicas nos tecidos pericoronários quando observados

microscopicamente.
87

Para Stafne e Gibilisco (1982) quando o espaço pericoronário atinge a

espessura de 2,5 mm, ele é sugestivo de cisto dentígero, em 80% dos casos.

Lara (1982) mediu o espaço pericoronário de 372 dentes não irrompidos

utilizando radiografias periapicais e panorâmicas. O ponto escolhido para fazer a

medição foi o de maior largura. Somente foram incluídos, os casos que mediram

entre 0,0 e 4,9 mm, pois constituem problemas para o diagnóstico diferencial. A

maioria dos casos concentrou-se entre os intervalos de 1,0 a 2,4 mm para os dois

tipos radiografias. O autor ao fazer uma comparação entre os dados obtidos com

radiografia periapical e com panorâmica, observou que, a média da largura do

espaço pericoronário dos casos de folículo pericoronário obtidos através de

radiografias panorâmicas foi 0,5 mm maior do que nos casos de folículo

pericoronário analisados com radiografias periapicais. Comparou, a média da

largura do espaço pericoronário dos casos de cisto dentígero, radiografados com

radiografia periapical com a média dos casos de folículo pericoronário radiografados

com panorâmica. As duas médias foram praticamente iguais, não havendo diferença

significativa. Portanto, é necessário levar em consideração a distorção quando da

utilização de radiografias panorâmicas a fim de não confundir a imagem distorcida

de um folículo pericoronário com um cisto dentígero. A diferença entre folículos

pericoronários e cistos dentígeros a partir de radiografias só pode ser feito em

termos de probabilidade, não com exatidão. O exame radiográfico permite um

diagnóstico presuntivo entre folículo pericoronário e cisto dentígero, mas o

diagnóstico definitivo só é conseguido mediante exame histopatológico. Chomenko

(1985) primeiramente mensurou objetos de diferentes tamanhos, formas,

densidades e espessuras. Em seguida, mensurou as imagens destes objetos nas

radiografias panorâmicas com o objetivo de analisar, o grau de distorção desta


88

técnica radiográfica. No estudo de Ahlqwist e Grondahl (1991) o aumento das

imagens obtidas através de radiografias panorâmicas foi corrigido usando uma

redução de 1,3 mm.

Amêndola (1983) mediu a largura do espaço pericoronário de 150 terceiros

molares inferiores não irrompidos através de radiografias panorâmicas. Os espaços

pericoronários, cujas maiores larguras atingiram até 2,5 mm foram considerados

normais. A partir desse valor, os espaços pericoronários foram considerados

alterados e o diagnóstico compatível com cisto dentígero. Neste estudo, a maioria

dos casos (111) apresentou espaços pericoronários que mediram até 2,5 mm. Dos

150 pacientes, 77,3 % eram do sexo feminino, 39,3% estavam na 2ª década de vida

e 54,6% na 3ª década de vida.

A dificuldade na interpretação radiográfica é saber quando o espaço folicular

está alargado e representa um cisto ou outra lesão (CRAIG; WESCOTT; CORRELL,

1984). Cistos dentígeros têm sido observados em espaços foliculares mínimos, e

grandes áreas radiolúcidas têm sido observadas como folículos normais (MILLER;

BEAN, 1994; CURRAN; DAMM; DRUMMOND, 2002).

Barroso et al. (1985) afirmaram que a decisão quanto à exodontia dos dentes

não irrompidos tem sido baseada na mensuração da largura do espaço

pericoronário através das radiografias. É muito importante uma semiologia precisa

para detectar a tendência à transformação cística dos folículos pericoronários dos

dentes não irrompidos. Segundo os autores, esta semiologia é basicamente

radiográfica, e a precisão diagnóstica necessita da correlação entre a radiologia e a

histopatologia.

Damante (1987) analisou 165 folículos pericoronários de dentes não irrompidos

e parcialmente irrompidos. Com relação à faixa etária, 51,5% dos pacientes


89

estavam na 2ª década de vida e 41,2% na 3ª década. Com relação ao sexo, 62,4%

eram mulheres. O terceiro molar inferior foi o dente mais afetado, seguido pelo

terceiro molar superior e canino superior. Para a mensuração do espaço

pericoronário foram utilizadas radiografias periapicais e panorâmicas. Nestas

últimas, devido à ampliação da imagem causada pela técnica radiográfica, foi

diminuído 0,5 mm na largura de todos os espaços pericoronários. O maior número

de casos concentrou-se nas faixas de 1 a 3 mm, sendo que não houve diferença

significativa entre a largura dos espaços pericoronários dos dentes não irrompidos e

parcialmente irrompidos.

Mopsik (1989) afirmou que nem sempre os levantamentos periapicais

representam adequadamente as regiões de terceiros molares. Portanto, uma

radiografia adicional se faz necessária para a visualização de alterações. O autor

recomendou radiografias panorâmicas. Segundo Bey et al. (1997) a radiografia

panorâmica é tida como o exame de escolha, necessário e suficiente para o

diagnóstico de cisto dentígero.

Segundo Maroo (1991); Daley e Wysocki (1995) o exame radiográfico é

importante na identificação de um espaço pericoronário alargado sugestivo de um

processo patológico.

Foram descritas as características clínico-radiográficas de 10 cistos dentígeros

em 6 pacientes. Os casos incluíram 4 homens e 2 mulheres, a faixa etária variou de

9 a 36 anos (média de 17 anos). A mandíbula estava envolvida em 5 casos. Todos

os pacientes apresentavam aumento de volume indolor e dentes ausentes

associados ao local da lesão. Em 4 casos os dentes adjacentes à lesão estavam

deslocados. A análise radiográfica foi feita através de radiografias panorâmicas

onde 10 cistos foram vistos nos 6 casos (2 múltiplos). Destes 10 cistos, 8 eram
90

mandibulares (5 envolveram os terceiros molares, 1 o segundo molar, 1 o primeiro

molar e 1 o primeiro pré-molar). Nove dos 10 cistos, apresentavam uma imagem

radiolúcida, unilocular, pericoronária, bem delimitada cuja largura excedia 2,5 mm.

Reabsorção radicular dos dentes adjacentes foi vista em 3 casos (MAROO, 1991).

Em um estudo de Ahlqwist e Grondahl (1991), 73% de 1418 mulheres entre 38

e 60 anos de idade que fizeram parte da amostra de 1968 a 1969 foram reavaliadas

12 anos depois. A espessura dos folículos foi medida e arredondada para o mm

mais próximo por meio de uma régua. Os folículos com menos de 3 mm foram

considerados normais. Entre as 1418 mulheres, havia 117 (8%) com 166 dentes não

irrompidos, sendo eles: terceiros molares (85%), caninos (10%), pré-molares (3%) e

segundos molares (2%). Condições patológicas foram observadas

radiograficamente em 27 dentes (16%). Um total de 114 dentes não irrompidos foi

reexaminado de 1980 a 1981, com os seguintes resultados: 93 (85%) mantiveram a

aparência radiográfica inalterada, dos 21 dentes reexaminados que tinham

observações patológicas no estudo inicial, 17 (81%) estavam inalterados onde 9

apresentaram a mesma a largura folicular. Entre os 10 dentes não irrompidos que

mostraram reabsorção da coroa no primeiro estudo, 8 mantiveram-se inalterados.

Apenas 17 (15%) alteraram-se durante o período de acompanhamento onde 4

(24%) desenvolveram alterações patológicas. Em 2 destes casos ocorreu aumento

na largura folicular de 10 mm para 20 mm, e os outros 2 mostraram reabsorção

aumentada da coroa. Ao todo, 8, dos 17 dentes (47%) que tinham alterado sua

aparência radiográfica, não tinham alterações patológicas de 1968 a 1969.

Observou-se que 6 dentes desenvolveram reabsorções coronárias durante o

período de 12 anos. Segundo os autores, o resultado deste estudo sugere um

pequeno risco de um dente não irrompido em indivíduos de meia-idade e mais


91

idosos, se associar a condições patológicas sérias durante um período

relativamente longo de tempo.

Mercier e Precious (1992) salientaram que um espaço folicular alargado não

deve ser confundido com um cisto dentígero em desenvolvimento, especialmente

em indivíduos em crescimento. Os autores atribuíram os erros na avaliação da

verdadeira prevalência dos cistos a afirmações prévias em artigos de que um

espaço maior que 2,5 mm representa, com toda probabilidade, um cisto com um

revestimento epitelial. Questionaram o valor das análises de radiografias

panorâmicas que mostram uma grande distorção linear, especialmente no plano

horizontal. Estas observações podem explicar a discordância dos resultados

baseados em diferentes definições radiográficas para um espaço folicular alargado

e um cisto. Segundo Langlais; Langland; Nortjé (1995) grandes magnificações estão

associadas com as radiografias panorâmicas, sendo que, a quantidade varia

conforme o tipo de equipamento. Afirmaram que, se um espaço folicular normal for

observado radiograficamente e se o diagnóstico histopatológico for de cisto

dentígero ou folicular, o diagnóstico definitivo é de folículo pericoronário. Entretanto,

se o diagnóstico histopatológico for de ceratocisto odontogênico, cisto paradental ou

odontogênico calcificante, o diagnóstico histopatológico deve ser considerado o

definitivo.

Radiograficamente, os cistos dentígeros são maiores que os folículos

pericoronários, geralmente com mais de 4 mm de espessura e são assimétricos. Por

sua vez, radiograficamente os pericoronários são menores, mais simétricos e menos

destrutivos do que os fibromas odontogênicos (KIM; ELLIS, 1993). O cisto dentígero

é difícil de distinguir do folículo pericoronário. A maioria dos radiologistas usa 2,5 a

3,0 mm como diretriz para um espaço normal entre a coroa dental e a parede
92

folicular. Deste modo, as áreas radiolúcidas pericoronárias que excedem essa

medida devem ser consideradas cistos dentígeros até prova em contrário. Uma

complexidade adicional é o fato de que as radiografias panorâmicas tendem a

aumentar as estruturas, especialmente na dimensão horizontal; deste modo,

folículos pericoronários e cistos dentígeros parecem maiores do que realmente são

(MILLER; BEAN, 1994).

Exame clínico, radiográfico e histopatológico são essenciais para o diagnóstico

preciso de uma patologia óssea (EISENBERG, 1993). O diagnóstico de cisto

dentígero não deve ser feito somente em evidências radiográficas, mas também

deve basear-se no exame macroscópico e microscópico do tecido pericoronário e

do dente afetado porque outras lesões, tais como: ameloblastoma unicístico e

ceratocisto odontogênico também podem apresentar as mesmas características

radiográficas (BENN; ALTINI, 1996; MANGANARO, 1998).

Fleury et al. (1994) estudaram 40 cistos dentígeros, 37,5% envolveram terceiros

molares inferiores, a maioria dos pacientes apresentava entre 40 e 50 anos de idade

eram homens. Em 25% dos casos, os pré-molares foram envolvidos, a idade média

dos pacientes foi de 12 anos e os meninos foram mais afetados. Segundo os

autores, nesta localização, foi comum a presença de um molar decíduo infectado. O

canino superior foi envolvido em 15% dos casos, houve predominância pelos

homens entre 7 e 51 anos. Os demais casos de cistos dentígeros envolveram o

primeiro molar inferior (1 caso), canino inferior (2 casos) e mésio-dente (1 caso).

Langlais; Langland; Nortjé (1995) afirmaram que, muitas vezes o folículo

pericoronário e o cisto dentígero são semelhantes histopatologicamente e que por

isso as radiografias são consideradas valiosas na diferenciação destas entidades.

Segundo os autores, em sua maior dimensão, um folículo pericoronário mede 2,5


93

mm nas radiografias intrabucais e 3,0 mm nas radiografias panorâmicas. Acima

disto o diagnóstico é de cisto dentígero.

Uma patologia radiográfica foi definida como uma radiolucidez pericoronária

com 2,5 mm ou mais em qualquer dimensão, uma vez que outros investigadores

associaram lesões deste tamanho a uma alta incidência de cistos dentígeros. Para

satisfazer os critérios do estudo, os pacientes que tinham espaços foliculares com

mais de 2,4 mm foram excluídos. As medidas radiográficas foram tomadas sem

considerar o fator de ampliação de 19% relatado pelo fabricante do equipamento

radiográfico (GLOSSER; CAMPBELL, 1999).

A medida do espaço folicular normal varia de 3 a 4 mm, desta forma pode-se

suspeitar de um cisto dentígero quando o espaço medir mais de 5 mm (KO;

DOVER; JORDAN, 1999).

Shear (1999) afirmou que alguns dentes não irrompidos apresentam um folículo

ligeiramente dilatado na fase pré-eruptiva. Isto não significa um cisto, nem um

potencial para o desenvolvimento de cisto, exceto nos casos em que o espaço

pericoronário tenha 3 mm ou mais.

Segundo Peterson (2000) se o espaço pericoronário do dente medir mais que 3

mm, o diagnóstico de cisto dentígero deve ser considerado.

Damante e Fleury (2001) estudaram 130 dentes não irrompidos e 35

parcialmente irrompidos. A maioria dos pacientes estava na 2ª (51,5%) e 3ª (41,2%)

décadas de vida. Os dentes mais afetados foram os terceiros molares inferiores. A

região mais larga do espaço pericoronário foi medida em radiografias periapicais ou

em panorâmicas. O aumento da imagem nas radiografias panorâmicas foi corrigido

usando uma redução de 0,5 mm. A largura do espaço pericoronário foi dividida em

normal e alargada. O alargamento foi considerado, quando a largura foi maior do


94

que 3 mm. A largura do espaço pericoronário variou de 0,1 a 5,6 mm, sendo que

86,6% apresentaram uma medida que variou de 1,0 a 3,0 mm. A inflamação estava

presente em 34% dos dentes não irrompidos com espaço pericoronário normal e em

50% com espaço alargado. Para os dentes parcialmente irrompidos, a inflamação

estava presente em 79% dos espaços normais e em 100% dos alargados. Estes

dados sugerem que quanto mais largo o espaço pericoronário, maior a

probabilidade de existir uma inflamação, ou seja, a inflamação é um determinante

do alargamento do espaço pericoronário embora os dados deste estudo não apoiam

estatisticamente esta associação. Os autores não acreditam que a transformação do

epitélio reduzido do órgão do esmalte em epitélio pavimentoso estratificado causa o

alargamento do espaço pericoronário. A relação entre a inflamação, o epitélio

pavimentoso estratificado hiperplásico e o alargamento do espaço pericoronário

representam um processo que termina com a transformação cística do folículo. Este

estudo mostrou que os espaços pericoronários de até 5,6 mm de largura não

apresentaram cavitação óssea e conteúdo cístico e, portanto, não eram cistos. Eram

alargamentos causados por uma somatória de fatores tais como: inflamação e

transformação epitelial. Segundo os autores, o primeiro diagnóstico radiográfico

para um alargamento do espaço pericoronário, na maioria dos casos, deve ser de

inflamação do folículo. A hipótese de cisto dentígero ou paradentário é sugerida

como um segundo diagnóstico. Os processos patológicos associados ao folículo

pericoronário podem ser identificados precocemente por meio de radiografias que

mostram um alargamento do espaço pericoronário. Medidas exatas tais como 2,0

mm, 2,5 mm e 5,0 mm de largura têm sido usadas como parâmetros radiográficos

para o diagnóstico dos cistos dentígeros desde 1961.


95

Venta; Turtola; Ylipaavalniemi (2001) estudaram 19 pacientes, 13 homens e 6

mulheres, com 34 terceiros molares não irrompidos. Destes 21 eram inferiores. Os

pacientes foram acompanhados radiograficamente de 20 a 32 anos. Sinais de

patologia, tais como, reabsorção dental e alargamento do espaço folicular, foram

observados em 3% dos dentes. Os autores ainda afirmaram que, exames

radiográficos regulares são recomendados para observar e controlar o possível

desenvolvimento de alterações nos tecidos de terceiros molares não irrompidos.

2.3.7 Características histopatológicas dos tecidos pericoronários

Gardner (1975) revisou a microscopia de 200 cistos dentígeros mandibulares,

onde a inflamação esteve presente em 60% dos casos, a queratinização foi mais

comum nos casos em que a inflamação estava ausente ou era mínima, o epitélio

odontogênico foi observado em 3% dos cistos, células semelhante a sebáceas sem

ligação com o epitélio estavam localizadas profundamente na parede cística em 2

casos, 5,5% dos casos apresentaram células mucosas no epitélio da parede cística,

1 caso estava revestido com epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado e 2 casos

apresentaram folículos linfóides com centros de germinação abaixo do epitélio

semelhantes aos cistos de origem em fendas branquiais. Estas observações

salientam as muitas potencialidades do epitélio bucal. O autor afirmou que o cisto

dentígero normalmente é revestido por um epitélio pavimentoso estratificado não-

queratinizado e preenchido por um líquido claro, de cor âmbar, podendo ser rico em

colesterol. Sob o epitélio há uma camada de tecido conjuntivo que pode ser frouxo

ou escassamente colagenoso. A presença de inflamação é bastante variável.


96

O cisto dentígero tem sido classificado como um cisto odontogênico cuja origem

ocorre por meio das alterações do epitélio reduzido do órgão do esmalte após a

coroa de um dente não irrompido ou parcialmente irrompido ter sido completamente

formada. Um fluido acumula-se entre as camadas do epitélio do órgão do esmalte

ou entre ele e a coroa do dente (MOURSHED, 1964b; CALLAGHAN, 1973;

SHERIDAN, 1983; CRAIG; WESCOTT; CORRELL, 1984; THORNTON; STANLEY;

BALLARD, 1985; MAROO, 1991; DALEY; WYSOCKI, 1997; MANGANARO, 1998;

SHEAR, 1999). Benn e Altini (1996) acrescentaram ainda, que o cisto dentígero se

insere no colo do dente afetado. Langlais; Langland; Nortjé (1995) afirmaram que o

cisto dentígero surge do epitélio reduzido do órgão do esmalte de um dente que não

irrompeu, mas também pode se desenvolver em associação a um odontoma.

Segundo Stanley; Krogh; Pannkuk (1965) o revestimento do folículo

pericoronário pode ser composto de um epitélio do órgão do esmalte, de um epitélio

pavimentoso ou de uma combinação de ambos. Ocasionalmente não observaram

revestimento epitelial e os restos epiteliais subjacentes algumas vezes

encontravam-se circundados por um tecido conjuntivo mixomatoso. Os autores

examinaram 70 folículos pericoronários associados a terceiros molares não

irrompidos em 67 pacientes. Todos os espécimes foram considerados folículos

pericoronários em vez de cistos dentígeros porque o exame radiográfico ou

macroscópico não revelou cavidade excessivamente alargada em torno dos dentes

envolvidos. Neste estudo 22 pacientes eram homens, 45 eram mulheres e o sexo de

1 paciente não foi especificado. A idade dos pacientes variou de 13 a 69 anos, com

uma média de 26,5 anos. Os espécimes foram divididos de acordo com as idades

dos pacientes: aqueles associados a dentes de pacientes com menos de 22 anos

foram classificados como não irrompidos (grupo 1) e aqueles de pacientes com 22


97

anos ou mais foram classificados como inclusos (grupo 2). Este último grupo incluía

também aqueles associados a dentes impactados. Com base ou em radiografias ou

no histórico clínico, determinaram que outros 11 espécimes estavam associados a

terceiros molares parcialmente irrompidos. Quatro destes ocorreram antes dos 22

anos, 7 depois desta idade, que foram então relatados separadamente. Os

espécimes foram submetidos à análise histopatológica e os autores encontraram 3

tipos de epitélio revestindo os folículos pericoronários: epitélio do órgão do esmalte,

epitélio pavimentoso e 1 caso de epitélio respiratório. Nenhum lúmen estava

completamente revestido por epitélio, mas este quando presente, recobria de 5% a

90% do lúmen. Três folículos não apresentaram nenhum epitélio de revestimento. O

epitélio do órgão do esmalte revestiu folículos de forma predominante (47,2%) no

grupo 1, com 30,6% mostrando uma mistura de epitélio do órgão do esmalte e

epitélio pavimentoso e em somente 16,7% mostrou um revestimento pavimentoso

puro. Por sua vez, no grupo 2, o inverso foi verdadeiro, um epitélio pavimentoso

puro predominou (73,9%) com 17,4% mostrando uma mistura de epitélio do órgão

do esmalte e epitélio pavimentoso e somente 8,7% mostrando um epitélio puro do

órgão do esmalte. No grupo 1 somente 14% dos folículos revestidos com epitélio do

órgão do esmalte estavam revestidos em pelo menos 50%, enquanto 60,9 dos

folículos revestidos com epitélio pavimentoso no grupo 2 estavam revestidos em

pelo menos 50%. Os folículos pericoronários nos quais 50% ou mais do

revestimento apresentavam epitélio do órgão do esmalte vieram de pacientes com

uma idade média de 15,8 anos. Não foi observado nenhum epitélio do órgão do

esmalte após 26 anos de idade. Os folículos pericoronários em que 50% ou mais do

revestimento apresentavam epitélio pavimentoso vieram de pacientes com uma

média de idade de 45,2 anos. Em todos os casos em que somente epitélio do órgão
98

do esmalte revestia o lúmen, não foi observada nenhuma inflamação. Nenhuma

hiperplasia epitelial foi vista sem inflamação. Os autores analisaram separadamente

os folículos associados a dentes parcialmente irrompidos e chegaram aos seguintes

resultados: 4 folículos ocorreram dentro da faixa etária do grupo 1. Os revestimentos

de todos estes espécimes mostraram epitélio pavimentoso e 2 mostraram algum

epitélio do órgão do esmalte. Quando o epitélio pavimentoso predominava, uma

hiperplasia epitelial tinha ocorrido. Sete folículos ocorreram dentro da faixa etária do

grupo 2. Todos tinham revestimento de epitélio pavimentoso, mas 6 dos 7

apresentavam hiperplasia epitelial e inflamação. Com isto os autores afirmaram que

o estado de erupção parcial não acelerou a transição do epitélio de revestimento,

mas induziu uma hiperplasia do epitélio pavimentoso. O epitélio pavimentoso de

revestimento permaneceu relativamente livre de interdigitações, até mesmo nos

espécimes mais velhos, exceto quando a inflamação e as alterações hiperplásicas

estavam presentes. Em 4 pacientes com 34, 43, 49 e 55 anos, os folículos

pericoronários desenvolveram características de cistos radiculares, sendo que 2

estavam associados a dentes parcialmente irrompidos e 2 a dentes completamente

inclusos. Nos 2 últimos espécimes, existiam focos de colesterol, macrófagos e

células gigantes de corpos estranhos adjacentes ao epitélio de revestimento sem

induzir alterações hiperplásicas. Em nenhum folículo pericoronário foi observado

epitélio queratinizado. Embora a inflamação estivesse presente em 9 dos espécimes

acima, somente pequenas porções de qualquer um dos revestimentos revelaram

atividade de queratinização e elas certamente não manifestavam nenhuma relação

distinta com uma resposta inflamatória subjacente. Os restos epiteliais foram mais

numerosos nas pessoas mais jovens. Em vários espécimes, remanescentes da

lâmina dental foram observados. Este componente não foi visto após a idade de 26
99

anos. Por sua vez, a calcificação no interior do revestimento epitelial e dos restos foi

notada em aproximadamente um terço dos espécimes, independentemente da

idade. Os autores relataram que em um dente com erupção normal, após a

conclusão da formação do esmalte, os elementos remanescentes do órgão do

esmalte se fundem e se tornam cada vez mais pavimentosos. Quando a erupção é

impedida fica aparente que certas alterações degenerativas ocorrem nos folículos

pericoronários destes dentes.

Os cistos dentígeros surgem a partir do órgão do esmalte, como resultado de

uma alteração no seu epitélio reduzido (STANBACK, 1970).

Segundo Callaghan (1973) a formação e o desenvolvimento do cisto dentígero

ocorre devido à pressão exercida pelo fluido que surge a partir de uma das

seguintes situações:

a) dentro das camadas celulares do epitélio reduzido do órgão do esmalte;

b) entre a coroa e o epitélio reduzido do órgão do esmalte;

c) em um cisto periapical ou residual de um molar permanente que envolve a

coroa do molar que está mais para distal;

d) alteração cística nos restos epiteliais que recobrem a coroa de um dente;

e) infecção periapical de baixa virulência em um dente decíduo que se estende

para o folículo pericoronário de um dente permanente subjacente.

No estudo de Craig (1976) somente 28 dos 49 casos de cistos paradentais, os

dentes estavam disponíveis para exame. A maioria das lesões (26) estava

localizada por vestibular, recobriam a região de furca estendendo-se até a junção

amelocementária. Um exame mais aproximado revelou uma pequena abertura,

ligada ao cisto, situada em sua extremidade coronária em nível da junção

amelocementária. Em 20 casos, a remoção do cisto da superfície radicular


100

vestibular evidenciou uma projeção de esmalte que se estendia da junção

amelocementária em direção à furca. Quatro lesões estavam localizadas por mesial

e 19 por distal. Microscopicamente observou-se lesões com tecido de granulação,

inflamação crônica, fendas de colesterol, células gigantes multinucleadas e ilhas de

epitélio odontogênico hiperplásico adjacentes ao epitélio reduzido do órgão do

esmalte. Outras lesões apresentavam uma cavidade central revestida por epitélio

pavimentoso estratificado não-queratinizado. O tecido conjuntivo apresentava

grande quantidade de células inflamatórias crônicas. Geralmente o epitélio de

revestimento estava hiperplásico, edematoso, repleto de células inflamatórias,

corpúsculos de hialina e calcificação intra-epitelial. A única solução de continuidade

estava situada na extremidade coronária do cisto. Esta região também evidenciou

uma alteração de epitélio pavimentoso estratificado hiperplásico para um epitélio

semelhante ao reduzido do órgão do esmalte.

Lara (1982) estudou 372 dentes não irrompidos e considerou os seguintes

diagnósticos histopatológicos:

a) saco pericoronário normal: presença de uma camada de tecido conjuntivo

fibroso, restos de epitélio odontogênico inativo e às vezes restos de epitélio

reduzido do órgão do esmalte;

b) pericoronarite crônica: características de saco pericoronário normal com

intenso infiltrado inflamatório crônico no tecido conjuntivo. Presença ou não

de hiperplasia epitelial;

c) cisto dentígero: presença de cápsula de tecido conjuntivo, revestida

internamente por epitélio pavimentoso estratificado. Presença ou não de

discreto infiltrado inflamatório, bem como, pequenas ilhas ou cordões de

epitélio odontogênico inativo;


101

d) cisto dentígero abcedado: características de cisto dentígero com intenso

infiltrado inflamatório no tecido conjuntivo da cápsula.

O autor encontrou os seguintes resultados: 220 casos de saco pericoronário

normal, 68 de pericoronarite crônica, 68 de cisto dentígero e 16 de cisto dentígero

abcedado. O autor comparou os diagnósticos histopatológicos com as larguras dos

espaços pericoronários e observou que a maioria dos casos concentrou-se nos

intervalos de 1,0 a 2,4 mm. Entre os intervalos de 2,5 a 4,9 mm houve uma

diminuição do número de casos para todos os diagnósticos histopatológicos

considerados neste estudo. Para comparação dos 4 diagnósticos histopatológicos, a

média das larguras dos espaços pericoronários foi calculada. Não houve diferença

significativa entre a largura do espaço pericoronário dos casos de saco

pericoronário normal e pericoronarite crônica, assim como, entre os casos de cisto

dentígero e cisto dentígero abcedado. O autor então somou o número de casos de

saco pericoronário normal com o de pericoronarite crônica, assim como, o número

de casos de cisto dentígero com o de cisto dentígero abcedado e calculou a média

da largura dos espaços pericoronários. Então foi feita, a comparação entre a média

dos casos de saco pericoronário normal com a média dos casos de cisto dentígero,

onde não houve diferença significativa.

No estudo de Amêndola (1983), os espécimes, histopatologicamente foram

classificados da seguinte maneira:

a) membrana pericoronária normal: presença de epitélio correspondente ao

epitélio reduzido do órgão do esmalte, descontínuo, com poucas camadas

celulares sobre um tecido conjuntivo;

b) membrana pericoronária com alterações histopatológicas de grau discreto:

presença de epitélio malpighiano mais espesso, que foge às características


102

do epitélio reduzido do órgão do esmalte. Presença ou não, de infiltrado

inflamatório focal, discreto no tecido conjuntivo;

c) membrana pericoronária com alterações histopatológicas de grau moderado:

presença de epitélio malpighiano, não queratinizado, com graus variados de

hiperplasia. Presença ou não, de infiltrado inflamatório de grau moderado a

intenso no tecido conjuntivo;

d) membrana pericoronária com alterações histopatológicas de grau intenso:

presença de hiperplasia epitelial intensa, reação inflamatória envolvendo

toda a parede cística.

Dos 150 espécimes, 76 foram diagnosticadas como membrana pericoronária

normal, 44 apresentaram alterações de grau discreto, 28 alterações de grau

moderado e 2 com alterações intensas. Dos 111 casos, cujo espaço pericoronário

mediu até 2,5 mm; 63 espécimes foram diagnosticadas como membrana

pericoronária normal, 33 apresentaram alterações discretas, 13 moderadas e 2

intensas. Por sua vez, os 39 casos, cujo espaço pericoronário mediu acima de 2,5

mm; 13 espécimes foram consideradas membrana pericoronária normal, 11

apresentaram alterações discretas, 15 moderadas e nenhum caso com alteração

intensa foi relatado. Correlacionando o diagnóstico radiográfico e o histopatológico,

onde não houve diferença significativa, dos 150 casos, 76 foram considerados

normais e 74 alterados. Entre os 150 casos foram encontrados apenas 2 espécimes

com alterações intensas (cistos dentígeros) e radiograficamente mediram 1,5 e 2,0

mm. Para analisar o papel da radiografia no diagnóstico presuntivo das alterações

incipientes, o autor, somou os casos de membrana pericoronária normal com os

casos que apresentaram alterações discretas quando o espaço pericoronário mediu

até 2,5 mm. Em 111 casos, 96 (86,4%) foram considerados normais. Desta forma, a
103

radiografia tem o poder de descartar o diagnóstico de cistos e tumores incipientes

em 86,4% dos casos. Foi feita também a comparação entre o número de alterações

moderadas com a largura do espaço pericoronário. Quando o espaço mediu até 2,5

mm, houve 13 casos com alterações moderadas em 111 espécimes. Por sua vez,

quando o espaço mediu mais que 2,5 mm houve 15 casos em 39 espécimes. Desta

forma, observou-se um aumento significativo do número de alterações moderadas

quando os espaços pericoronários aumentaram em largura. O autor ainda comparou

as médias para as seguintes situações: gradação da imagem radiográfica X

histologia normal, gradação da imagem radiográfica X alterações discretas e

gradação da imagem radiográfica X alterações moderadas. Os 2 casos de

alterações intensas foram somados aos moderados. O aumento da largura do

espaço pericoronário refletiu o aumento das alterações histopatológicas.

Em um estudo retrospectivo, Câmara; Souza; Pinto (1983) analisaram os

resultados histopatológicos de cisto emitidos durante os anos de 1967 a 1980 de

pacientes entre 0 e 12 anos de idade. Foram encontrados 24 cistos, 16 dentígeros,

6 radiculares, 1 globulomaxilar e 1 cisto odontogênico calcificante. Dos 16 casos de

cisto dentígero, 9 ocorreram na 1ª década e 7 na 2ª década. Neste estudo, ao

contrário de outros, os cistos dentígeros ocorreram mais na 1ª década devido ao

tipo da amostra, onde somente crianças de até 12 anos de idade foram incluídas.

Com relação ao sexo, a diferença foi mais significante, com predominância do sexo

masculino (12) sobre o feminino (4).

Sheridan (1983) afirmou que, histopatologicamente, o revestimento cístico

apresenta uma fina parede fibrosa e um epitélio de revestimento com 2 a 3 camadas

de células achatadas ou cuboidais derivadas do epitélio reduzido do órgão do

esmalte. Se o cisto for de longa duração, o revestimento epitelial prolifera e mostra


104

interdigitações que se estendem para dentro do tecido conjuntivo. Células

inflamatórias no tecido conjuntivo subepitelial também podem estar presentes

Segundo Craig; Wescott; Correll (1984) quando um cisto dentígero é

diagnosticado radiograficamente, ele deve ser removido e analisado

histologicamente, com o objetivo de estabelecer o diagnóstico definitivo. Os autores

ainda afirmaram que o epitélio de revestimento de um cisto dentígero é do tipo

pavimentoso estratificado podendo ser queratinizado, mas a formação de

interdigitações geralmente está ausente.

Barroso et al. (1985) mediram os espaços pericoronários de terceiros molares

inferiores não irrompidos de 150 pacientes com idades que variaram de 14 a 47

anos. Até 2,5 mm foram considerados normais. Os achados histopatológicos foram

classificados em: tecido pericoronário sem alterações (revestido por epitélio

reduzido do órgão do esmalte), tecido pericoronário com alterações discretas

(revestido por epitélio pavimentoso estratificado mais espesso, e presença de

discreto infiltrado inflamatório), tecido pericoronário com alterações moderadas

(revestido por epitélio pavimentoso estratificado com graus variados de hiperplasia e

infiltrado inflamatório moderado ou intenso), tecido pericoronário com alterações

intensas (revestido por epitélio pavimentoso estratificado com intensa hiperplasia e

infiltrado inflamatório intenso). Dos 150 pacientes, 77,3% eram do sexo feminino,

39,3% encontravam-se na 2ª década de vida e 54,6% na 3ª década. Na 2ª década

os valores histológicos normais foram de 67,8% e de 39% na 3ª década. Com isto,

observou-se uma diminuição dos tecidos pericoronários normais à medida que a

idade aumentou. Dos 150 pacientes, 111 apresentaram espaços pericoronários de

até 2,5 mm de largura. Nestes, encontraram-se 63 tecidos normais, 33 com

alterações discretas, 13 com alterações moderadas e 2 com alterações intensas.


105

Dos 39 pacientes com espaços pericoronários maiores que 2,5 mm, 13 eram

normais, 11 com alterações discretas e 15 com alterações moderadas. Analisando o

número de alterações moderadas (15) cuja medida do espaço pericoronário é maior

que 3,0 mm em relação ao número total de casos (39) em comparação com 13

casos de um total de 111 com espaço pericoronário medindo até 2,5 mm, houve um

aumento significativo quando os espaços pericoronários também aumentaram. Para

alguns patologistas, estes casos, já seriam diagnosticados como cistos ou que na

continuidade da ação dos irritantes poderiam se degenerar em cistos. Desta forma,

o aumento da imagem do espaço pericoronário mantém estreita relação com a

histopatologia. Estes autores afirmaram que o diagnóstico dos tecidos

pericoronários não pode se basear somente na medida do espaço pericoronário nas

radiografias, pois grandes dimensões podem não mostrar nenhuma alteração

histopatologicamente, assim como, pequenas dimensões podem evidenciar

patologias. Na verdade, existe dúvida entre o diagnóstico radiográfico sugestivo de

cisto dentígero e o resultado histopatológico. A questão fica bastante controvertida,

pois não existem parâmetros definidos para determinar até quando se considera

folículo pericoronário e a partir de que ponto considera-se cisto dentígero.

Segundo Shafer; Hine; Levy (1987); Regezi e Sciubba (1991)

histopatologicamente o cisto dentígero consiste em uma parede fibrosa que pode

conter quantidades variáveis de tecido mixóide e de restos odontogênicos. O cisto

dentígero é revestido por um epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado,

que pode exibir ocasionalmente células mucosas, ciliadas e, raramente, células

sebáceas na parede do tecido conjuntivo. Daley e Wysocki (1995) acrescentaram

que as características clínicas, radiográficas, histológicas e de prognóstico, estão

bem estabelecidas para os cistos dentígeros de tamanho médio a grande revestidos


106

por um epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. Contudo, pode ser

difícil, se não impossível, distinguir entre um cisto dentígero pequeno e um folículo

pericoronário grande apesar da disponibilidade das informações radiográficas e

histológicas.

O quadro microscópico de um cisto dentígero pequeno, não permite um

diagnóstico diferencial seguro com o folículo pericoronário de um dente não

irrompido (CONSOLARO, 1987).

Damante (1987) utilizou os seguintes critérios para avaliação microscópica:

a) epitélio reduzido do órgão do esmalte: foi considerado epitélio reduzido do

órgão do esmalte quando as células superficiais eram cilíndricas ou cúbicas;

b) epitélio pavimentoso estratificado: foi considerado epitélio pavimentoso

estratificado quando da presença de células achatadas na camada mais

superficial do revestimento epitelial;

c) epitélio pavimentoso estratificado hiperplásico: foi considerado epitélio

hiperplásico quando mais de 20 fileiras de células estavam presentes, havia

formações de pregas epiteliais, ou ambos.

No tecido conjuntivo foi observado a presença de alterações inflamatórias e

ilhas epiteliais. Dos 130 dentes não irrompidos, o epitélio reduzido do órgão do

esmalte foi encontrado em 68,4% dos casos, o epitélio estava ausente em 13 %, o

epitélio pavimentoso estratificado em 20% e em 12,3% houve hiperplasia epitelial.

Comparando o tipo de epitélio com o espaço pericoronário, o epitélio reduzido do

órgão do esmalte esteve presente em todas as mensurações. Nos dentes

parcialmente irrompidos, houve predominância do epitélio pavimentoso estratificado

hiperplásico (68,5%). Quando houve aumento no número de casos com este tipo de

epitélio nestes dentes, aumentou também a largura do espaço pericoronário. A


107

inflamação esteve ausente na maioria dos casos de dentes não irrompidos e o

inverso ocorreu com os dentes parcialmente irrompidos. O autor correlacionou a

largura do espaço pericoronário com a inflamação. Nos dentes não irrompidos, ela

se distribuiu por todas as mensurações, mas se destacou nos casos em que a

largura foi superior a 4 mm. Nos dentes parcialmente irrompidos observou-se que a

inflamação determinou o aumento da largura do espaço pericoronário. Comparou o

número de ilhas epiteliais com a largura do espaço pericoronário e observou que

para os dentes não irrompidos, o número de ilhas aumentou paralelamente ao

aumento do espaço pericoronário até 4 mm, caindo para larguras superiores. Para

os dentes parcialmente irrompidos, houve um predomínio de ilhas na faixa de 1 a 2

mm. As alterações no tecido conjuntivo foram comparadas com a largura do espaço

pericoronário, onde nenhuma correlação foi encontrada.

Segundo Consolaro (1987) o epitélio reduzido do órgão do esmalte é o

revestimento epitelial mais comumente encontrado nos folículos pericoronários de

dentes não irrompidos. Embora, a medida que o paciente aumenta a idade este

epitélio tende a sofrer metaplasia, transformando-se em epitélio pavimentoso

estratificado. Ainda segundo este autor, a parede conjuntiva, pode apresentar

infiltrado inflamatório crônico sem que o folículo perca suas características de

normalidade.

Ackermann; Cohen; Altini (1987) estudaram 50 cistos paradentais no período de

1966 a 1985. Setenta por cento ocorreram em homens, 60% em brancos e 85% dos

pacientes tinha menos de 30 anos. Todos os cistos estavam localizados na

mandíbula. A localização mais comum do cisto foi por distal ou distovestibular do

dente. O terceiro molar associado estava parcialmente irrompido e com

pericoronarite em todos os casos. A maioria das lesões mediu de 1 a 2 cm. A


108

maioria estava revestida por epitélio pavimentoso estratificado não-queratinizado em

proliferação, esponjoso, de espessura variável. Em poucos casos o epitélio foi mais

fino e sem proliferação. O tecido conjuntivo denso apresentou um intenso infiltrado

inflamatório crônico ou misto. A continuidade do revestimento cístico com o epitélio

gengival estava evidente em 2 casos onde o lúmen se comunicava com a cavidade

bucal. Nos 8 casos em que os cortes do cisto e do dente associado estavam

disponíveis, o revestimento cístico foi contínuo com o epitélio reduzido do órgão do

esmalte no colo do dente em 2 casos, enquanto que nos casos restantes, não havia

epitélio reduzido do órgão do esmalte evidente, com o revestimento cístico

estendendo-se até a junção cemento-esmalte. Em todos os casos a parede fibrosa

dos cistos foi contínua com o folículo do dente firmemente inserido no colo e na

superfície corono-radicular. Os autores concluíram que nenhuma explicação

satisfatória pode ser oferecida para a distribuição incomum pelo sexo, já que não há

diferença entre homens e mulheres quanto à incidência de impacção ou

pericoronarite.

Segundo Ackermann; Cohen; Altini (1987) em muitos casos os cistos

paradentais são considerados cistos dentígeros. Para estes autores, tanto o cisto

dentígero quanto o paradental surgem da dilatação do folículo pericoronário, mas no

cisto dentígero primeiramente ocorre a expansão do folículo e em seguida

destruição óssea. Por sua vez, no cisto paradental primeiramente há inflamação no

tecido ósseo e subseqüente expansão do folículo. Os cistos dentígeros raramente

são revestidos com epitélio odontogênico espesso em proliferação e podem ocorrer

em muitos locais e o cisto paradental está restrito à região dos terceiros molares

inferiores. Os autores defenderam que o termo cisto dentígero deveria ser


109

restringido para os cistos que envolvem a coroa e estão inseridos no colo dos

dentes completamente não irrompidos.

Stanley et al. (1988); Kim e Ellis (1993) afirmaram que o exame microscópico é

insuficiente para um diagnóstico definitivo entre cistos dentígeros e folículos

pericoronários, porque um revestimento de epitélio pavimentoso estratificado não

queratinizado também ocorre em alguns folículos pericoronários.

Fukuta et al. (1991) estudaram 11 espécimes de folículos pericoronários

hiperplásicos Os pacientes tinham uma média de idade de 15,7 anos com uma

variação de 10 a 23 anos. Entre os participantes não houve predileção por sexo, 6

eram homens e 5 eram mulheres. Das 15 lesões em 11 casos, 8 ocorreram na

maxila e 7 na mandíbula. Os locais das lesões foram os seguintes: 4 no canino, 2 no

segundo pré-molar, 5 no segundo molar e 4 no terceiro molar. Dois casos envolviam

lesões múltiplas. Em somente um caso, havia dor espontânea devido à infecção.

Radiograficamente a coroa do dente não irrompido estava circundada por uma

imagem radiolúcida bem delimitada por uma fina camada de radiopacidade

periférica. Algumas pequenas radiopacidades em forma de dentes foram vistas em

torno das lesões em dois casos. Os diagnósticos foram os seguintes: cisto dentígero

em 9 lesões de 6 casos, odontoma em 3 lesões de 2 casos, ameloblastoma em 1

caso, osteíte alveolar em 1 caso e dente incluso em 1 caso. Histopatologicamente

os autores observaram que os folículos pericoronários hiperplásicos eram

compostos de fibras colágenas relativamente delicadas e maduras associadas a

uma alteração mixomatosa parcial, que mostrava quantidades variadas de

substância intersticial. Os componentes epiteliais dos folículos pericoronários

hiperplásicos foram classificados nos 3 tipos seguintes: epitélio reduzido do órgão

do esmalte, disposição em faixa do remanescente da lâmina dental e restos


110

epiteliais odontogênicos dispersos no tecido conjuntivo fibroso. O epitélio reduzido

do órgão do esmalte foi observado em 8 lesões. Ocasionalmente, estes epitélios

tinham sofrido uma metaplasia celular escamosa ou uma proliferação em botão. Por

sua vez, a disposição em faixa do remanescente da lâmina dental foi vista em 3

lesões. Os restos epiteliais odontogênicos dispersos no tecido conjuntivo fibroso

foram vistos em 10 lesões. Segundo os autores, não é incomum que aglomerados

de epitélio odontogênico e calcificações estejam presentes no tecido pericoronário

de dentes não irrompidos. A maior parte dos restos epiteliais odontogênicos

dispersos eram provavelmente parte dos remanescentes da lâmina dental.

Microscopicamente, os folículos pericoronários hiperplásicos são bem delimitados e

têm de poucos a numerosos epitélios odontogênicos no tecido conjuntivo fibroso. O

folículo pericoronário hiperplásico aparece como um pequeno cisto na radiografia. A

causa da hiperplasia de um folículo pericoronário é obscura, embora haja várias

hipóteses com relação a sua histogênese: impacção dental, dentes

supranumerários, inflamação crônica e fatores gerais em casos de lesões múltiplas.

Os resultados do presente estudo sugerem que existe uma inter-relação entre a

impacção de um dente por um longo período e a hiperplasia do folículo

pericoronário.

No estudo de Maroo (1991) o exame histopatológico de 10 cistos dentígeros

revelou uma cavidade revestida por epitélio pavimentoso estratificado não

queratinizado. Um dos cistos também evidenciou uma displasia epitelial focal.

Segundo Sciubba (1991) o revestimento epitelial composto por uma única

camada de células não é um critério adequado de diagnóstico diferencial entre um

cisto dentígero e um folículo pericoronário hiperplásico ou em relação a um epitélio


111

reduzido simples do órgão do esmalte. Isto não impede o epitélio reduzido do órgão

do esmalte de manter um potencial cístico.

Knights (1991) afirmou que as observações histopatológicas parecem ser o

único meio confiável para separar o cisto dentígero do folículo pericoronário

hiperplásico na ausência de alterações radiográficas. A ausência de um aumento

radiográfico do espaço folicular não deve negar as observações histopatológicas. A

presença de um epitélio pavimentoso estratificado envolvendo a coroa de um dente

que não irrompeu não é considerada uma observação histológica normal, e na

presença de um espaço folicular significativamente aumentado na radiografia, não

haveria controvérsia com um diagnóstico de cisto dentígero. Para alguns

patologistas, a presença de qualquer epitélio em torno da coroa de um dente não

irrompido é critério suficiente para um diagnóstico de cisto dentígero. O epitélio

reduzido do órgão do esmalte em associação com um dente não irrompido, algumas

vezes é incluído com o tecido folicular quando da separação do dente, em vez de

ficarem unidos à superfície da coroa como uma cutícula secundária. Isto

isoladamente não o torna um cisto dentígero, somente quando há a transformação

para epitélio pavimentoso estratificado ele se torna patológico. Para que o

diagnóstico de folículo pericoronário hiperplásico possa ser feito, o revestimento

epitelial precisa ter de 2 a 3 camadas celulares e as células devem ser cuboidais ou

cilíndricas baixas.

Segundo Sciubba (1991) os livros-texto de patologia, que continuam a ser

padrões para o estabelecimento de critérios, salientam a importância da correlação

radiográfica, bem como, da correlação histopatológica na avaliação de patologias

dos terceiros molares. Fleury et al. (1994) afirmaram que o diagnóstico de cisto
112

dentígero não é difícil. É o resultado de um raciocínio clínico, associando

características clínicas, radiográficas e histopatológicas.

Kim e Ellis (1993) recuperaram 847 lesões de 663 pacientes. Vinte e seis casos

apresentavam radiografias panorâmicas. Destes, 15 tinham áreas radiolúcidas

pericoronárias com menos de 2 mm de largura e 3 tinham entre 4,0 e 5,9 mm. Entre

os 663 pacientes, 84% estavam na 2ª e 3ª década de vida. A proporção entre

homens e mulheres foi de 1,4:1,0. Dos 847 espécimes, 71% estavam associados a

terceiros molares não irrompidos e um número 2x maior envolveu os inferiores. Dos

847 espécimes, 697 eram folículos pericoronários, 63 papilas dentais e 87 folículos

com papilas dentais. Somente 53,4% foram diagnosticados corretamente pelos

patologistas médicos. Em 16,9% somente a descrição histopatológica ou o

diagnóstico diferencial foi realizado e em 9,8% nada foi dito. Vinte por cento

receberam diagnósticos incorretos: cistos odontogênicos (8,6%), mixoma

odontogênico (5,8%), fibroma odontogênico (1,7%), fibroma ameloblástico (1,5%),

odontoma (1,1%) e ameloblastoma (0,8%), tumor odontogênico epitelial calcificante

(0,2%), odontoma ameloblástico (0,1%) e hemangioma (0,1%). Dos espécimes de

papila sem folículo pericoronário, 41% foram diagnosticados incorretamente e em

28,7% dos casos de folículo com papila dental. O cisto dentígero foi o erro de

diagnóstico mais freqüente nos folículos pericoronários e ocorreu naqueles folículos

com epitélio de revestimento. A ausência de diferenciação ameloblástica tais como:

células colunares altas com polarização nuclear, tecido do tipo retículo estrelado,

pleomorfismo nuclear e citoplasmático ou atividade mitótica; ajudam a distinção

entre folículos pericoronários e ameloblastomas, fibromas ameloblásticos e

odontoameloblastomas. A ausência de pleomorfismo nuclear e citoplasmático,

figuras mitóticas e calcificações do tipo anel de Liesegang ajudam a diferenciar os


113

folículos pericoronários de tumores odontogênicos epiteliais calcificantes. Como um

ponto diferencial histológico, os mixomas não possuem o revestimento epitelial, são

lesões radiolúcidas maiores, com limites mal definidos, provocam expansão e

destruição das corticais ósseas. A taxa mais alta de diagnóstico errôneo foi da

papila dental interpretada como mixoma odontogênico. A deposição de dentina na

periferia é um diferencial a favor da papila dental. Uma diferença em alguns

fibromas odontogênicos é um maior número de pequenas ilhas de epitélio

odontogênico, que são esparsas nos folículos pericoronários. Um fino revestimento

epitelial não é uma característica do fibroma odontogênico.

Segundo Kim e Ellis (1993) os folículos pericoronários são revestidos por

epitélio reduzido do órgão do esmalte em pacientes jovens e epitélio pavimentoso

fino em pacientes mais idosos. Este revestimento é parcial e freqüentemente é

fragmentado ou separado do tecido conjuntivo. Por sua vez, os cistos dentígeros

são revestidos por epitélio pavimentoso estratificado mais espesso e raramente

apresentam células colunares ciliadas, mucosas, ou ambas. Os autores afirmaram

que, o epitélio reduzido do órgão do esmalte é o principal tipo de epitélio de

revestimento folicular em pacientes com menos de 26 anos e a metaplasia

escamosa deste epitélio pode resultar de uma inflamação crônica, mudança na

idade ou formação de cisto dentígero.

Eisenberg (1993) afirmou que os cistos dentígeros se originam dentro do epitélio

de revestimento dos folículos pericoronários e é a alteração metaplásica do epitélio

reduzido do órgão do esmalte para um epitélio pavimentoso fino o início da evolução

cística.

No estudo de Kim e Ellis (1993) o folículo pericoronário era composto por tecido

conjuntivo fibroso colagenoso, um padrão mixóide estava presente em 73% dos


114

espécimes, um epitélio reduzido do órgão do esmalte ou um epitélio pavimentoso

estava presente em 54% dos espécimes, presença de restos epiteliais

odontogênicos em 79%, metaplasia pavimentosa em 4 % e focos de calcificação em

37% dos espécimes. Por sua vez, a papila dental era formada por tecido

mesenquimal imaturo com odontoblastos dispostos em paliçada na periferia. Os

folículos pericoronários e as papilas dentais são as entidades mais incorretamente

diagnosticadas. Damante e Fleury (2001) afirmaram que muitos cistos paradentais

ou variações foliculares normais foram erroneamente diagnosticadas como cistos

dentígeros.

Diagnósticos baseados apenas na aparência microscópica podem ser

inconclusivos (EISENBERG, 1993).

Fleury et al. (1994) afirmaram que o aspecto histopatológico do cisto dentígero

não é patognomônico. Sua estrutura é idêntica a de outros cistos odontogênicos.

Nos casos típicos, o cisto dentígero apresenta um revestimento epitelial fino,

podendo ter células mucosas ou ciliadas e queratinização na superfície. A parede

cística é constituída por uma fina camada de tecido conjuntivo, na qual ilhas de

epitélio odontogênico podem estar presentes. A cavidade é preenchida por líquido

seroso ou soro-hemático e segundo o autor a presença de células mucosas em um

epitélio fino inclina o diagnóstico para cisto dentígero. Afirmaram que a patogenia do

cisto dentígero não está totalmente esclarecida. Para alguns estudiosos parece

lógico pensar na origem inflamatória a partir de um molar decíduo desvitalizado que

em poucos meses forma um cisto dentígero nos pré-molares subjacentes. Para

outros pesquisadores, ele teria sua origem a partir da degeneração tardia do

folículo, após a formação da coroa e durante a evolução do dente. Segundo Benn e

Altini (1996) dois tipos de cistos dentígeros ocorrem: um é de desenvolvimento,


115

envolve terceiros molares com rizogênese completa e geralmente é causado pela

impacção. O outro tipo é inflamatório, envolve pré-molares inferiores com

rizogênese incompleta e se forma devido à inflamação em um dente decíduo não-

vital. A origem inflamatória dos cistos dentígeros pode ser explicada da seguinte

forma: a inflamação periapical proveniente de um dente decíduo não-vital difunde

para envolver os folículos pericoronários dos sucessores permanentes. O exsudato

inflamatório causa a separação entre o epitélio reduzido do esmalte e o esmalte

com a consequente formação do cisto.

No estudo de Daley e Wysocki (1995), os folículos pericoronários foram

diagnosticados quando um epitélio reduzido do órgão do esmalte pericoronário foi

observado em faixas de tecido conjuntivo removido da coroa de um dente não

irrompido. Assim como, quando um epitélio pavimentoso estratificado não

queratinizado era observado em tecidos semelhantes diagnosticados clínica ou

radiograficamente como folículos pericoronários. Estes autores revisaram 40000

espécimes de biópsias arquivadas e diagnosticaram 1662 cistos dentígeros e 824

folículos pericoronários. Os dados com relação à idade dos pacientes foram

avaliados para 1545 dos 1662 cistos dentígeros e para 731 dos 824 folículos

pericoronários. Os folículos pericoronários tiveram maior incidência na 2ª década de

vida, enquanto a incidência de cistos dentígeros foi maior na 3ª década de vida.

Ambas as entidades exibiram uma redução progressiva na sua incidência com o

aumento da idade; 90,6% dos folículos pericoronários e 50,8% dos cistos dentígeros

foram removidos de pacientes com menos de 30 anos. Dos folículos pericoronários,

46,4% ocorreram em homens e 49,3% envolveram terceiros molares inferiores. Dos

cistos dentígeros, 59,9% ocorreram em homens e 77,0% estavam associados a

terceiros molares inferiores. A razão para esta diferença entre os sexos é


116

desconhecida, mas ela pode estar relacionada, em parte, à observação deste

estudo de que as mulheres apresentam mais folículos pericoronários removidos do

que os homens.

Segundo Langlais; Langland; Nortjé (1995) muitos pacientes apresentam dentes

com espaço folicular alargado. Portanto, é importante avaliar o estágio de formação

radicular, pois um dente com espaço folicular alargado e raiz completa tem seu

potencial eruptivo grandemente diminuído favorecendo desta forma, a

transformação cística do folículo.

Segundo Benn e Altini (1996) a histogênese exata dos cistos dentígeros

permanece desconhecida, mas a maioria dos autores prefere uma origem de

desenvolvimento a partir do folículo pericoronário. Estes autores estudaram 15

cistos dentígeros onde a idade dos pacientes variou de 5 a 12 anos, 4 eram

mulheres e 6 eram brancos. A mandíbula estava envolvida em 10 casos. Todos os

cistos envolveram o colo de dentes permanentes, pré-molares em 9 casos, caninos

em 4 e segundos molares em 2. Em 13 casos, havia dentes decíduos não-vitais

associados aos cistos. Nos dois casos remanescentes os pacientes apresentavam

uma periosteíte proliferativa e os cistos dentígeros circundavam as coroas dos

segundos molares permanentes parcialmente desenvolvidos. Radiograficamente, os

cistos circundavam as coroas dos dentes não irrompidos e apareciam como áreas

radiolúcidas uniloculares bem definidas variando em tamanho de 1 a 5 cm de

diâmetro. Macroscopicamente, fragmentos de raízes de dentes decíduos foram

observados inseridos nas superfícies externas das paredes císticas em dois casos.

Histopatologicamente, o epitélio reduzido do órgão do esmalte composto por 2 a 3

camadas de células cuboidais revestiu os cistos na maioria dos casos. Este epitélio

fundiu-se com o epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado hiperplásico,


117

mas alguns casos estavam inteiramente revestidos por este epitélio hiperplásico e

não podiam ser distinguidos de cistos odontogênicos inflamatórios. Restos de

epitélio odontogênico estavam evidentes na parede de alguns casos. Em todos os

casos, as paredes fibrosas estavam inflamadas variando de focal e moderada a

generalizada e intensa.

Segundo Daley e Wysocki (1997) acreditava-se classicamente, que o cisto

dentígero resultava da adesão reduzida de um epitélio pavimentoso estratificado

metaplásico à coroa dental, que está associado ao avanço da idade. Contudo,

evidências recentes baseadas em dados demográficos, indicam que estes cistos

apresentam uma maior probabilidade de se desenvolverem quando o epitélio

reduzido do órgão do esmalte ainda está presente e que a metaplasia escamosa

está associada a um risco reduzido.

Segundo Bey et al. (1997) o diagnóstico de cisto dentígero deve basear-se no

somatório dos argumentos clínicos, radiográficos e histológicos. É através dos

dados clínicos e radiográficos que o diagnóstico de cisto dentígero é possível

quando da presença de processo inflamatório, já que microscopicamente é

impossível diferenciá-lo do cisto radicular.

Manganaro (1998) estudou 42 pacientes com 101 terceiros molares não

irrompidos. Destes, 46 (45,5%) apresentavam cistos dentígeros associados. Não

houve diferença entre os sexos e a idade média foi de 23,3 anos. A largura da

radiolucidez associada aos cistos dentígeros, medida através de radiografias

panorâmicas, variou entre 0,1 e 3,0 mm com 33 (72%) apresentando larguras

menores ou iguais a 1,0 mm. Neste estudo um cisto dentígero foi definido como

uma lesão pericoronária revestida por um epitélio pavimentoso estratificado com 3

ou mais camadas celulares. Se o revestimento epitelial tivesse 2 camadas de


118

células ou menos, o tecido foi diagnosticado como um folículo pericoronário ou um

folículo pericoronário hiperplásico.

Noventa e seis pacientes tiveram pelo menos um terceiro molar não irrompido

sem evidência radiográfica de anormalidade. Os resultados encontrados foram os

seguintes: 26 pacientes do sexo masculino (44 espécimes) e 36 do sexo feminino

(52 espécimes) com idades que variaram de 14 a 40 anos (média 22 anos). O cisto

dentígero foi a única alteração patológica observada, sendo encontrado em 31 dos

96 espécimes, a maioria ocorreu na faixa etária de 20 a 25 anos, em um quarto dos

espécimes da maxila e 37% dos espécimes da mandíbula. Esta pesquisa mostrou

uma incidência surpreendentemente alta de alteração cística associada a terceiros

molares que não tinham evidência radiográfica de patologia e de forma interessante,

os cistos estiveram distribuídos de uma maneira quase uniforme entre os sexos,

mas um número significativamente maior de cistos ocorreu na mandíbula

(GLOSSER; CAMPBELL, 1999).

Segundo Shear (1999) o exame histopatológico de cisto dentígero revela uma

fina parede fibrosa cística derivada do folículo pericoronário e constituída por

fibroblastos jovens distribuídos pelo estroma em conjunto com uma substância rica

em ácido mucopolissacarídeo. O revestimento epitelial tem origem no epitélio

reduzido do órgão do esmalte e é formado por 2 ou 3 camadas de células

achatadas e planas ou cuboidais não queratinizado. Queratina, células produtoras

de muco e ciliadas podem ser encontradas no revestimento epitelial como resultado

de uma metaplasia. Um espessamento em forma de botão pode ser observado no

epitélio de revestimento quando da presença de inflamação. Redes, ilhotas e

cordões de epitélio odontogênico são observadas freqüentemente na cápsula.


119

No estudo de Glosser e Campbell (1999), o mesmo corte microscópico foi visto

independentemente por 3 patologistas após padronização dos critérios de

diagnóstico. Os patologistas, para padronizar a análise histopatológica dos

espécimes de tecido mole consideraram cisto dentígero, quando da presença de

epitélio pavimentoso estratificado ao longo da superfície do folículo. A presença de

epitélio pavimentoso estratificado no folículo associado a um terceiro molar não

irrompido foi suficiente para estabelecer um diagnóstico de cisto dentígero nos

casos que mostraram um espaço folicular pericoronário radiolúcido com 2,4 mm.

Com relação ao sexo dos pacientes, 26 eram homens e 36 eram mulheres. As

idades variaram entre 14 e 40 anos. Dos 96 espécimes, 31 foram diagnosticadas

como cistos dentígeros. Desta forma, tanto a definição quanto a importância

diagnóstica dos cistos dentígeros devem talvez ser reconsideradas. Métodos

histopatológicos especiais, como, por exemplo, imunohistoquímicos ou

histomorfométricos poderiam auxiliar na confirmação do diagnóstico.

Arquivos de 1986 a 1996 foram revisados por Ledesma-Montes; Hernández-

Guerrero; Garcés-Ortíz (2000) e foram diagnosticados de acordo com a

classificação atual de cistos odontogênicos da Organização Mundial de Saúde

(OMS). Dos 3865 casos diagnosticados, 304 (7,8%) foram classificados como cistos

odontogênicos, sendo que, 169 do sexo masculino (55,6%), 129 do sexo feminino

(42,4%), e em 6 casos nenhum sexo foi especificado. A população mais

freqüentemente afetada pelos cistos odontogênicos tinha entre 10 e 39 anos de

idade (67,8%) com um pico de incidência na 2ª década de vida. Os cistos mais

freqüentes foram: cisto periapical 38,8%, cisto dentígero 35,5%, ceratocisto

odontogênico 18,7%, cisto residual 4,9%. O cisto de erupção e o cisto periodontal

lateral foram representados por 3 casos cada um (1%).


120

Adelsperger et al. (2000) avaliaram 100 terceiros molares de um consultório

particular com um espaço folicular menor que 2 mm medido a partir de radiografias

panorâmicas. Os tecidos pericoronários foram enviados para exame histopatológico

de rotina. A idade dos pacientes variou de 15 a 34 anos, 29 amostras eram de

homens e 70 de mulheres. Trinta e quatro por cento das amostras apresentaram

metaplasia escamosa, sugestiva de cisto dentígero. Dez casos diagnosticados como

folículos pericoronários e 8 com metaplasia escamosa foram então, corados com

antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA) para analisar a atividade

proliferativa celular. Cinco dos 8 espécimes doentes mostraram absorção de PCNA,

enquanto nenhum dos 10 espécimes saudáveis foi positivo para o PCNA. Isto

sugere que a maioria dos espécimes císticos mostrou atividade proliferativa. Com

relação à imunohistoquímica, os resultados indicam, que pelo menos alguns

espécimes com metaplasia escamosa podem representar lesões em proliferação

ativa, em vez de lesões latentes. As observações deste estudo sugerem que a

ausência de sinais radiográficos não reflete necessariamente a ausência de doença.

Os autores ainda afirmaram que as definições atualmente aceitas de cisto dentígero

não determinam necessariamente uma correlação radiográfica ou histopatológica. O

diagnóstico de cisto dentígero não pode ser feito na ausência de alteração epitelial,

esta alteração microscópica precederá as alterações ósseas características de um

cisto dentígero verdadeiro.

Segundo Slater (2000) um cisto verdadeiro apresenta várias características,

dentre elas: uma cavidade patológica, material líquido ou semi-sólido no lúmem e

um revestimento epitelial. Nos casos em que o epitélio pavimentoso estratificado

está presente, mas não é um cisto, o diagnóstico histopatológico mais apropriado é


121

de folículo pericoronário com diferenciação pavimentosa para metaplasia escamosa

do epitélio reduzido do órgão do esmalte.

Damante e Fleury (2001) afirmaram que dos 130 dentes não irrompidos que

foram extraídos o epitélio reduzido do órgão do esmalte foi encontrado em 68,4%,

uma inflamação estava presente em 36,1% dos casos, epitélio pavimentoso

estratificado em 20%, epitélio pavimentoso estratificado hiperplásico em 12,3% e

ausência de epitélio em 13%. Nos dentes parcialmente irrompidos, o epitélio

pavimentoso estratificado hiperplásico foi observado em 68,5%, uma inflamação em

82,8% dos casos, epitélio pavimentoso estratificado em 17,1%, epitélio reduzido do

órgão do esmalte em 5,7% e ausência de epitélio em 11,4%.

Para Rakprasitkul (2001) quando um dente não irrompido e seu tecido

pericoronário são removidos cirurgicamente, o exame histopatológico deve revelar

um tecido conjuntivo fibroso com remanescentes do epitélio reduzido do órgão do

esmalte e a ausência de um revestimento epitelial completo. Por sua vez, o exame

histopatológico de cisto dentígero, mostra a presença de epitélio pavimentoso

estratificado. O autor estudou 92 pacientes, 37 homens e 55 mulheres com idades

entre 13 e 63 anos (média de 26 anos). Pacientes com sinais de infecção na região

dos terceiros molares não irrompidos foram excluídos. O espaço pericoronário não

podia ter mais que 1,0 mm de largura. A mandíbula foi afetada em 65,38% dos

casos. Dos 104 espécimes submetidos à biópsia, 43 (41,35%) foram diagnosticados

como folículos pericoronários e o restante 61 (58,65%) foram diagnosticados como

alterações patológicas. O cisto dentígero foi encontrado em 53 espécimes (50,96%),

tecido inflamatório crônico não específico em 5 (4,81%), ceratocisto odontogênico

em 2 (1,92%) e ameloblastoma em 1 (0,96%). A idade dos pacientes foi

correlacionada com os resultados histopatológicos. Sendo assim, nos pacientes na


122

segunda década, foram encontrados: 26 folículos pericoronários (25%), 22 cistos

dentígeros (21,15%) e 1 tecido inflamatório crônico não específico (0,96%). Na

terceira década: 14 folículos pericoronários (13,46%), 12 cistos dentígeros (11,54%),

2 tecidos inflamatórios crônicos não específicos (1,92%), 1 ceratocisto odontogênico

(0,96%) e 1 ameloblastoma (0,96%). Nos pacientes na quarta década, 3 folículos

pericoronários (2,88%), 10 cistos dentígeros (98,62%), 1 tecido inflamatório crônico

não específico (0,96%) e 1 ceratocisto odontogênico (0,96%). Na quinta década, 4

cistos dentígeros (3,85%) e 1 tecido inflamatório crônico não específico (0,96%). Na

sexta década, houve apenas 3 espécimes (2,88%), todas com cistos dentígeros.

Além da sexta década foram encontrados somente 2 espécimes (1,92%) de cistos

dentígeros. O autor encontrou uma incidência maior de alterações patológicas do

que de condições normais. Nos pacientes mais jovens, o tecido normal foi mais

observado, mas nos pacientes com mais de 20 anos, a incidência de tecido

patológico foi mais alta.

Segundo Saraiva et al. (2002) o cisto dentígero é definido como um cisto que se

origina pela separação do folículo da coroa de um dente não irrompido por acúmulo

de líquido.

Silva et al. (2002) afirmaram que o cisto dentígero está associado à coroa de um

dente não irrompido e resulta do acúmulo de líquido entre a coroa do dente e o

epitélio reduzido do órgão do esmalte.

Miguel et al. (2002) reavaliaram microscopicamente 113 casos diagnosticados

como cistos dentígeros. Para a confirmação do diagnóstico de cisto dentígero,

utilizaram como critérios histomorfológicos a presença de um limitante epitelial

delgado e contínuo por todo o espécime, apresentando, em alguns casos, áreas de

espessamento. A cápsula cística era composta por tecido conjuntivo fibroso


123

exibindo colagenização e vascularização intensa, além de significativa presença de

células inflamatórias do tipo mononucleadas. O diagnóstico de folículo pericoronário

foi sugerido nos espécimes que apresentaram um limitante epitelial delgado e

descontínuo, do tipo reduzido do órgão do esmalte, com um tecido conjuntivo frouxo

exibindo discreta colagenização e vascularização e escassa presença de células

inflamatórias mononucleadas. Com este estudo, o exame histopatológico pode

sugerir a distinção entre um folículo pericoronário espessado e um cisto dentígero

incipiente, mas ressaltaram a indiscutível importância das informações clínicas e

cirúrgicas que nortearão a emissão de um diagnóstico definitivo.

Curran; Damm; Drummond (2002) revisaram 2646 lesões pericoronárias.

Destas, 91% estavam associadas a terceiros molares não irrompidos e a maioria

ocorreu entre a 2ª e 3ª décadas de vida. Todos os espécimes foram examinados por

microscopia óptica. Os espécimes sem revestimento epitelial ou aqueles revestidos

por epitélio reduzido do órgão do esmalte foram diagnosticados como folículos

pericoronários. Foi considerado cisto dentígero quando da presença de epitélio

pavimentoso estratificado envolvendo a coroa de um dente que não irrompeu. De

todos os espécimes revisados, 67,1% representaram folículos pericoronários e

32,9% representaram alterações patológicas, cujos diagnósticos foram os seguintes:

cisto dentígero 86,6%, ceratocisto odontogênico 8,2%, odontoma 2,2%,

ameloblastoma 1,5%, cisto odontogênico calcificante 0,7%, carcinoma 0,7% e

mixoma 0,1%. Os autores correlacionaram os diagnósticos histopatológicos com a

idade e concluíram que a proporção de alterações patológicas aumentou com a

idade.

Segundo Bordner (2002) a maioria dos cistos dos maxilares é de origem

odontogênica. Durante 10 anos, 69 pacientes (35 meninos e 34 meninas), com


124

idades entre 1 mês e 16 anos, com lesões císticas foram examinados. Dos 69 cistos

encontrados, 31 (45%) eram cistos dentígeros, 15 (22%) cistos de erupção, 12

(17,4%) cistos ósseos traumáticos, 9 (13%) cistos radiculares, 1 (1,5%) cisto

primordial e 1 (1,5%) cisto globulomaxilar. Com relação à idade média dos pacientes

e o tipo de cisto, os resultados encontrados foram os seguintes: 4,7 para o cisto de

erupção, 9,2 para o cisto radicular, 11,5 para o cisto dentígero e 13,3 para o cisto

ósseo traumático. Por sua vez, o diâmetro médio (cm) do cisto dentígero foi de 2,17;

para o cisto ósseo traumático 1,86 e para o cisto radicular 1,33. Neste estudo, 70%

dos cistos foram de desenvolvimento. A diferença na distribuição dos cistos de

desenvolvimento está relacionada ao fato de que durante o período da idade

pediátrica, os maxilares estão envolvidos em processos de desenvolvimento. Para a

maioria dos cistos, a radiografia convencional (RC) foi uma modalidade de produção

de imagem adequada. Entretanto, em alguns casos, a tomografia computadorizada

(TC) com um programa de reconstrução em 3 dimensões (3D) também foi realizada.

Raimundo et al. (2003) analisaram 82 folículos pericoronários de terceiros

molares inferiores parcialmente irrompidos de pacientes sintomáticos, na faixa etária

de 18 a 26 anos. Houve predominância do gênero feminino (80,5%) e do lado

esquerdo (58,5%). Histopatologicamente, o epitélio odontogênico de revestimento

foi observado em 75,6% dos casos, dos quais, 51,6% eram do tipo inativo e 48,4%

do tipo hiperplásico. O infiltrado inflamatório foi observado em 79,3% dos casos,

dentre eles, 98,5% eram crônicos e 1,5% agudo, houve predomínio de inflamação

intensa. O resultado estatístico mostrou associação significante entre o revestimento

epitelial e o infiltrado inflamatório.


125

2.3.8 Características macroscópicas dos tecidos pericoronários

Não existem parâmetros radiográficos e microscópicos que permitam diferenciar

folículos pericoronários de cistos dentígeros pequenos. O diagnóstico diferencial

somente será possível quando for detectada cavitação e fluído durante a

intervenção cirúrgica (DAMANTE, 1987).

Segundo Kim e Ellis (1993) durante o procedimento cirúrgico, os folículos

pericoronários poderão ser visualizados intimamente justapostos ao dente não

irrompido, enquanto no cisto dentígero, observa-se um espaço entre ele e a coroa

do dente envolvido.

O diagnóstico final entre folículo pericoronário e cisto dentígero sempre deve ser

feito através da excisão cirúrgica e exame histopatológico do tecido pericoronário

(MILLER; BEAN, 1994).

Segundo Daley e Wysocki (1995) identificar uma cavidade cística no momento

da cirurgia pode ser a única forma confiável de chegar a um diagnóstico definitivo

quando as características radiográficas e histopatológicas são insuficientes para

distinguir um cisto dentígero pequeno de um folículo pericoronário grande. Um cisto

verdadeiro exibirá uma cavidade preenchida com fluido que permite que o cirurgião

separe facilmente o cisto dentígero de pelo menos uma parte da superfície de

esmalte do dente não irrompido. Afirmaram, que um folículo revestido por epitélio

reduzido do órgão do esmalte ou por epitélio pavimentoso está inserido ao esmalte

do dente por uma membrana basal e hemidesmossomos, ele necessitará, portanto,

ser dissecado da coroa dental. No entanto, esta diferença cirúrgica pode não ser útil

em alguns casos, especialmente naqueles que envolvem impacções ósseas totais

ou horizontais, nas quais o procedimento cirúrgico pode não permitir a dissecação.


126

Damante e Fleury (2001) sugerem o seguinte protocolo para o diagnóstico final

de alargamentos do espaço pericoronário: na maioria dos casos de dentes não

irrompidos ou parcialmente irrompidos, o radiologista deve preferir a inflamação

como diagnóstico principal e cisto dentígero ou paradental como segunda hipótese

de diagnóstico. O clínico ou o cirurgião devem observar a presença ou ausência de

cavitação óssea e seu conteúdo cístico que diferenciarão o folículo pericoronário do

cisto dentígero ou paradental. O material deve ser examinado microscopicamente e

o patologista ao interpretar dados clínicos, cirúrgicos e radiográficos confirmará ou

não o diagnóstico. Segundo os autores, somente o patologista é capaz de descartar

a existência de ceratocistos odontogênicos, ameloblastomas incipientes ou outras

lesões associadas a folículos pericoronários.

Segundo Miguel et al. (2002) a distinção clinicopatológica entre um cisto

dentígero incipiente e um folículo pericoronário espessado representa, usualmente,

uma tarefa bastante difícil. Os autores divergem quanto à possibilidade do

diagnóstico definitivo. Para alguns, as informações radiográficas e microscópicas

não são conclusivas o suficiente para fechar o diagnóstico definitivo. Desta forma, o

critério principal para emissão do diagnóstico é a presença de uma cavitação

patológica observada no trans-operatório. Entretanto, estudos mais recentes,

enfatizam que a alteração metaplásica de um epitélio reduzido do órgão do esmalte

para um epitélio pavimentoso estratificado seria a marca inicial da degeneração de

um folículo pericoronário para um cisto dentígero.


127

3 PROPOSIÇÃO

Contribuir na discussão sobre o tema através da realização de um trabalho

experimental envolvendo os parâmetros radiográficos e histopatológicos, a serem

observados nos tecidos pericoronários de terceiros molares não irrompidos e

parcialmente irrompidos. São proposições deste estudo:

a) analisar a largura da imagem radiográfica dos espaços ocupados pelos

tecidos pericoronários de terceiros molares não irrompidos e parcialmente

irrompidos, utilizando para este fim, radiografias panorâmicas;

b) auxiliar no diagnóstico diferencial entre folículo pericoronário e cisto

dentígero através da utilização de radiografias panorâmicas;

c) auxiliar no diagnóstico histopatológico dos tecidos pericoronários de

terceiros molares não irrompidos e parcialmente irrompidos removidos

cirurgicamente;

d) correlacionar os achados radiográficos e histopatológicos dos tecidos

pericoronários de terceiros molares não irrompidos e parcialmente

irrompidos;

e) estabelecer parâmetros necessários para a realização do diagnóstico

diferencial entre folículo pericoronário e cisto dentígero.


128

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material

O projeto de pesquisa que originou este trabalho foi submetido à apreciação da

Coordenação de Pesquisa do Departamento de Patologia da Universidade Federal

de Santa Catarina onde a Professora orientadora está lotada, tendo sido aprovado.

A seguir, o referido projeto contou, com a concordância do Curso de

Odontologia e foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal de Santa Catarina, sob o registro n° 149/02, tendo sido aprovado no dia

30/09/2002 (ANEXO A).

4.1.1 População

A população foi composta por pacientes portadores de terceiros molares não

irrompidos ou parcialmente irrompidos atendidos no Núcleo de Cirurgia e

Traumatologia Bucomaxilofacial e Patologia Bucal do Hospital Universitário da

Universidade Federal de Santa Catarina, e na Disciplina de Cirurgia III do Curso de

Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina no período

de outubro de 2002 a julho de 2003.


129

Os pacientes foram cadastrados de acordo com a necessidade de tratamento e

ordem de cadastramento no Serviço de Triagem do Curso de Odontologia da

Universidade Federal de Santa Catarina.

4.1.2 Amostra

A amostra foi constituída por 48 pacientes submetidos a tratamento para

remoção cirúrgica de terceiros molares não irrompidos e parcialmente irrompidos no

Núcleo de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e Patologia Bucal do Hospital

Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina e na Disciplina de Cirurgia

III do Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Santa

Catarina.

Dos 48 pacientes, foram removidos 72 terceiros molares não irrompidos ou

parcialmente irrompidos com seus respectivos tecidos pericoronários, os quais

foram posteriormente encaminhados para exame anátomo-patológico no Serviço de

Diagnóstico Histopatológico de Lesões Bucais do Curso de Odontologia da

Universidade do Vale do Itajaí.

Dos 72 dentes que participaram da amostra, 33 apresentaram radiografias

panorâmicas, realizadas no Serviço de Radiologia do Curso de Odontologia da

Universidade Federal de Santa Catarina.


130

4.2 Método

4.2.1 Delineamento

Estudo clínico transversal dos casos, de terceiros molares não irrompidos ou

parcialmente irrompidos removidos no Núcleo de Cirurgia e Traumatologia

Bucomaxilofacial e Patologia Bucal do Hospital Universitário da Universidade

Federal de Santa Catarina e na Disciplina de Cirurgia III do Curso de Graduação em

Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

4.2.2 Etapas

O estudo foi composto por 4 etapas, a saber:

4.2.2.1 Cadastro do paciente

Em uma ficha individual, especialmente desenvolvida para tal fim, foram

anotados os dados pessoais e o endereço residencial dos pacientes, participantes

da amostra, conforme informações presentes nos prontuários (APÊNDICE A).

Todos os pacientes haviam sido informados quanto à realização deste estudo,

assim como, haviam lido e assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

a eles apresentado pela equipe responsável pela cirurgia (APÊNDICE B).


131

4.2.2.2 Estudo radiográfico

O estudo radiográfico foi dividido em 2 partes distintas: mensuração do espaço

pericoronário e análise das imagens radiográficas.

As radiografias panorâmicas foram feitas no Serviço de Radiologia do Curso de

Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina, no aparelho Super

Veraview X500CP®. Este aparelho permitiu a variação dos fatores de exposição

(quilovoltagem e miliamperagem), os quais estiveram na dependência da idade,

estrutura óssea e peso dos pacientes. O chassi utilizado foi o Kyokko, Pack Screen,

PX-III, da Kasei Optonix Ltda com filmes Kodak, TMG/RA-1, tamanho: 15 X 30 cm.

A técnica radiográfica foi executada manualmente, conforme rotina do Serviço

de Radiologia do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

A distorção da imagem causada pela execução das radiografias panorâmicas foi

mensurada através da colocação de uma esfera metálica no alvéolo do terceiro

molar inferior e outra por vestibular e distal do terceiro molar superior, em um crânio

seco, pertencente ao Serviço de Radiologia do Curso de Odontologia da

Universidade Federal de Santa Catarina. Com o auxílio de um paquímetro eletrônico

digital®, foi realizada a mensuração do diâmetro das esferas metálicas e de suas

imagens na radiografia panorâmica. A comparação entre as 2 mensurações permitiu

o estabelecimento do grau de distorção da imagem, o qual variou de 9% no sentido

horizontal a 23% no sentido vertical (FIG. 2).


132

Figura 2 - Mensuração da ampliação na radiografia panorâmica através de esferas metálicas.

Para o processamento radiográfico dos filmes utilizou-se o método manual. Para

a revelação dos filmes o método escolhido foi o tempo/temperatura realizado

conforme as normas estabelecidas pelo Serviço de Radiologia do Curso de

Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

4.2.2.2.1 Mensuração do espaço pericoronário

Para avaliação radiográfica, foram efetuados traçados com lapiseira 0,5 mm em

papel ultraphan fixado à radiografia panorâmica sobre um negatoscópio, do

contorno da coroa do dente envolvido e da cortical radiopaca da cripta óssea. Desta

forma, obteve-se o contorno do espaço pericoronário do dente. Foram utilizados

negatoscópios convencionais do Serviço de Radiologia do Curso de Odontologia da

Universidade Federal de Santa Catarina (FIG. 3).

Em um compasso escolar fixou-se uma abertura de 2 mm subdividindo os

contornos da coroa e do espaço pericoronário em pontos aproximadamente


133

eqüidistantes a partir do limite amelo-cementário. Em seguida, os pontos foram

unidos entre si por linhas retas, traçadas perpendicularmente à coroa do dente (FIG.

4).

Um paquímetro eletrônico digital® foi o instrumento de medida, de acordo com o

método utilizado por Amêndola (1983); Barroso et al. (1985). A unidade de medida

foi milímetros (FIG. 5).

Figura 3 - Traçado do contorno do dente e da cortical radiopaca da cripta óssea.


134

Figura 4 - Subdivisão do contorno da coroa e do espaço pericoronário do dente e união das


subdivisões.

Figura 5 - Paquímetro eletrônico digital e demais materiais utilizados na mensuração da largura dos
espaços pericoronários.
135

Nos casos em que a maior largura correspondeu à distância da cripta óssea à

porção mais profunda da face oclusal da coroa do dente, a medida foi

desconsiderada com o objetivo de evitar o diagnóstico radiográfico falso-positivo de

cisto dentígero. Nestes casos, traçou-se uma reta ligando as cúspides e, a partir

desta reta, traçou-se outra perpendicular à cripta óssea (FIG. 6).

Figura 6 - Mensuração do espaço pericoronário, quando a maior largura correspondeu à distância da


cripta óssea à porção mais profunda da face oclusal da coroa do dente.

O critério empregado para estimar, radiograficamente, a normalidade ou não do

espaço pericoronário, para posterior comparação com o diagnóstico histopatológico,

baseou-se nos trabalhos de Mourshed (1964a); Stafne e Gibilisco (1982), Amêndola

(1983); Maroo (1991); Langlais; Langland; Nortjé (1995). Desta forma, foram

considerados normais, os espaços pericoronários cujas maiores larguras mediram

até 2,5 mm. O diagnóstico de cisto dentígero foi considerado para medidas acima

de 2,6 mm.
136

A mensuração do espaço pericoronário e o diagnóstico radiográfico foram

anotados em uma tabela especialmente construída para este fim (APÊNDICE C).

Esta etapa da análise radiográfica foi realizada pelo pesquisador deste estudo.

4.2.2.2.2 Análise das imagens radiográficas

As radiografias panorâmicas utilizadas nesta pesquisa foram escaneadas e os

respectivos prontuários dos pacientes devolvidos para o Serviço de Triagem do

Curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

Foi utilizado um scanner Astra 1220S®, com adaptador de transparência. As

radiografias foram escaneadas com 150 dpi e salvas como arquivo JPG. As

imagens foram gravadas em um CD-R® utilizando-se um gravador de CD

16X10X40X®.

As imagens radiográficas foram armazenadas em arquivo digitalizado e

enviadas para análise, a 2 radiologistas bucomaxilofaciais independentes, com

formação e tempo de experiência profissional semelhantes, previamente calibrados

de acordo com os parâmetros radiográficos utilizados.

Os diagnósticos foram obtidos a partir do preenchimento de uma ficha

radiográfica especialmente elaborada para este fim com o auxílio dos radiologistas

(APÊNDICE D).

A análise das radiografias foi realizada individualmente, sendo que um

observador não teve conhecimento dos diagnósticos do outro e nem dos

diagnósticos histopatológicos. As medidas obtidas pelo pesquisador na seção

4.2.2.2.1 foram enviadas juntamente com as imagens em arquivo digitalizado.


137

Além das medidas dos espaços pericoronários, os observadores radiográficos

tiveram liberdade para utilizar critérios subjetivos, baseados nas suas experiências

profissionais.

Os critérios utilizados para análise das radiografias permitiram principalmente, o

diagnóstico diferencial entre folículo pericoronário, cisto dentígero e cisto paradental.

A escolha destes critérios foi baseada nas afirmações de Langlais; Langland; Nortjé

(1995) (APÊNDICE D).

As imagens radiolúcidas pericoronárias foram agrupadas nas seguintes

categorias:

a) folículo pericoronário;

b) cisto dentígero;

c) tumor odontogênico adenomatóide;

d) fibroma ameloblástico;

e) ceratocisto odontogênico;

f) cisto paradental;

g) ameloblastoma;

h) outros.

4.2.2.3 Análise histopatológica dos tecidos pericoronários

4.2.2.3.1 Estudo macroscópico

Após a remoção cirúrgica, os tecidos pericoronários isolados ou ligados ao

dente foram fixados em formol a 10% e enviados para exame histopatológico no


138

Serviço de Diagnóstico Histopatológico de Lesões Bucais do Curso de Odontologia

da Universidade do Vale do Itajaí.

Quando da presença do dente, os tecidos pericoronários foram cuidadosamente

separados e analisados macroscopicamente a olho nu (FIG. 7).

Figura 7 - Aspecto macroscópico de um terceiro molar e de seu tecido pericoronário.

As peças inteiras foram cortadas em secções para facilitar a inclusão em

parafina, sendo que os fragmentos foram distribuídos aleatoriamente na parafina.

Durante esta análise, alguns aspectos foram abordados, tais como: número de

fragmentos, consistência à palpação, formato, cor e o tamanho em conjunto das

peças (APÊNDICE A).


139

4.2.2.3.2 Estudo microscópico

O processamento das peças seguiu os métodos laboratoriais de rotina. Cortes

semi-seriados de 5 µm (micrômetros) de espessura foram feitos e montados em

lâminas de vidro para microscopia. As técnicas de coloração utilizadas foram:

hematoxilina-eosina e tricrômico de Mallory. A coloração dupla pela hematoxilina-

eosina é uma técnica rotineiramente utilizada para o diagnóstico histopatológico

(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1995; PHILLIPI, 1999). O tricrômico de Mallory foi

utilizado para evidenciação da fibrose e da proliferação epitelial das lesões

facilitando o diagnóstico histopatológico (PHILIPPI, 1999). Para coloração das

lâminas, seguiu-se o protocolo utilizado no Serviço de Diagnóstico Histopatológico

de Lesões Bucais do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí

(ANEXOS B e C). Para análise das lâminas, utilizou-se um microscópio óptico®

(Leica DME), binocular, com aumentos de 40, 100 e 400 x. As lâminas foram

fotografadas fazendo uso de uma máquina fotográfica analógica® (Olympus BX50 e

Olympus PM20) e filme fotográfico®, colorido, asa 400. As fotos das lâminas foram

escaneadas com 150 dpi, e salvas como arquivo JPG.

4.2.2.3.3 Critérios de análise microscópica

As lâminas foram examinadas e revisadas com o objetivo de detectar as

características microscópicas dos tecidos pericoronários removidos.

Na análise microscópica dos tecidos pericoronários, os achados foram divididos

e registrados de acordo com o componente tecidual. Para isto, utilizou-se uma ficha
140

própria para avaliação do revestimento epitelial e da parede conjuntiva (APÊNDICE

E).

As lâminas foram enviadas para análise a 2 patologistas bucais, independentes,

com formação e tempo de experiência profissional semelhantes, previamente

calibrados de acordo com os parâmetros histopatológicos utilizados.

Os diagnósticos foram obtidos a partir do preenchimento de uma ficha

histopatológica especialmente elaborada para este fim com o auxílio dos

patologistas.

A análise das lâminas foi realizada individualmente, sendo que um observador

não teve conhecimento dos diagnósticos do outro e nem dos diagnósticos

radiográficos.

No revestimento epitelial, foi observado o tipo de epitélio presente e o número

de camadas celulares (DAMANTE, 1987; CONSOLARO, 1987; DAMANTE;

FLEURY, 2001):

a) epitélio reduzido do órgão do esmalte;

b) epitélio pavimentoso estratificado;

c) epitélio pavimentoso estratificado hiperplásico.

A ausência de revestimento epitelial (STANLEY; KROGH; PANNKUK, 1965;

AMÊNDOLA, 1983; DAMANTE; FLEURY, 2001) e a presença de infiltrado

inflamatório (DAMANTE, 1987; CONSOLARO, 1987) também foram critérios

abordados na análise microscópica do revestimento epitelial.

Na parede conjuntiva, observou-se a natureza frouxa ou fibrosa do tecido, assim

como, a presença de ilhas de epitélio odontogênico e de infiltrado inflamatório mono

ou polimorfonuclear (DAMANTE, 1987; CONSOLARO, 1987).


141

Os critérios histopatológicos abordados nesta pesquisa foram agrupados nas

seguintes categorias:

a) folículo pericoronário;

b) cisto dentígero;

c) tumor odontogênico adenomatóide;

d) fibroma ameloblástico;

e) ceratocisto odontogênico;

f) cisto paradental;

g) ameloblastoma;

h) outros.

4.2.2.4 Análise e interpretação dos resultados/análise estatística

Os dados obtidos foram agrupados em tabelas e analisados estatisticamente

através do teste de concordância de Kappa com o objetivo de avaliar a

concordância entre os observadores. O teste Qui-quadrado foi utilizado para

analisar a associação entre o diagnóstico radiográfico, obtido através da

mensuração da largura dos espaços pericoronários, com o gênero, a faixa etária e a

arcada envolvida, assim como, entre os diagnósticos histopatológicos com o gênero,

a faixa etária e a arcada envolvida.


142

5 RESULTADOS

Os dados obtidos e a análise estatística dos mesmos encontram-se nos

APÊNDICES F e G.

5.1 Distribuição da amostra segundo os gêneros feminino e

masculino

A distribuição da amostra segundo o gênero encontra-se no GRÁF. 1. Dos 48

pacientes, 32 (67%) eram do gênero feminino e 16 (33%) do gênero masculino.

33%

Feminino
Masculino
67%

Gráfico 1 - Distribuição percentual da amostra segundo os gêneros feminino e masculino.


143

5.2 Distribuição da amostra segundo a faixa etária

Os valores pertinentes estão dispostos na TAB. 1. Dos 48 pacientes, 26 (54%)

estavam na 2ª década de vida, 19 (40%) na 3ª década e em 3 pacientes (6%), a

idade não foi relatada.

Tabela 1 - Número de casos e distribuição percentual da amostra segundo a faixa etária

FAIXA ETÁRIA Número de casos %

15 a 20 26 54

21 a 26 19 40

A idade não foi relatada 3 6

TOTAL 48 100

5.3 Distribuição dos dentes da amostra segundo a sua localização

A distribuição dos dentes da amostra segundo a sua localização encontra-se no

GRÁF. 2. Dos 72 dentes, o dente 18 foi extraído em 14 (20%) casos, o 28 em 7

(10%), o 38 em 19 (26%), o 48 em 19 (26%) e em 13 (18%) casos, não foi relatado

qual terceiro molar não irrompido ou parcialmente irrompido havia sido extraído.
144

18% 20%
Dente 18
10% Dente 28
Dente 38
Dente 48
26% Dente Não Relatado
26%

Gráfico 2 - Distribuição percentual dos dentes da amostra segundo a sua localização

5.4 Distribuição da amostra radiográfica segundo a largura dos

espaços pericoronários

A distribuição numérica e percentual dos tecidos pericoronários, segundo a

largura dos espaços pericoronários encontra-se na TAB. 2. As mensurações

variaram entre 0,8 e 5,3 mm. Dos 72 casos, 39 (54%) não apresentavam

radiografias panorâmicas.
145

Tabela 2 - Número de casos e distribuição percentual de 33 dentes da amostra radiográfica segundo


as larguras dos espaços pericoronários mensurados a partir de radiografias panorâmicas

ESPAÇO NÚMERO DE CASOS %


PERICORONÁRIO (mm)

0,1 a 1,0 2 6

1,1 a 1,5 11 34

1,6 a 2,0 7 21

2,1 a 2,5 5 15

2,6 a 3,5 2 6

3,6 a 4,0 2 6

4,1 a 4,5 3 9

+ 4,6 1 3

TOTAL 33 100

Levando em consideração somente a largura do espaço pericoronário, dos 33

dentes da amostra que apresentaram radiografias panorâmicas, 25 (76%) foram

diagnosticados, pelo pesquisador, como folículos pericoronários e 8 (24%) como

cistos dentígeros (GRÁF. 3).


146

24%

76%

Folículo pericoronário Cisto dentígero

Gráfico 3 - Distribuição percentual dos diagnósticos radiográficos de 33 dentes da amostra segundo


a largura dos espaços pericoronários

O teste Qui-quadrado foi realizado para verificar a associação entre o

diagnóstico radiográfico realizado pelo pesquisador deste estudo, obtido através da

mensuração da largura dos espaços pericoronários, com o gênero, a faixa etária

dos pacientes e a arcada envolvida (TAB. 3) (APÊNDICE G).

Tabela 3 – Associação entre o diagnóstico radiográfico obtido através da largura dos espaços
pericoronários, com o gênero, a faixa etária e a arcada envolvida

TESTE ÷² gl* p ASSOCIAÇÃO

LARGURA X GÊNERO
1,162 1 0,281 não**

LARGURA X FAIXA ETÁRIA


3,166 2 0,205 não**

LARGURA X ARCADA
0,19 1 0,663 não**

* grau de liberdade
** não houve associação
147

5.5 Resultados dos diagnósticos dos observadores radiográficos e

relação dos mesmos, com a largura dos espaços pericoronários de

33 dentes da amostra

Os observadores radiográficos 1 e 2 basearam-se nos parâmetros radiográficos

utilizados neste estudo, para diagnóstico dos 33 casos que apresentaram

radiografias panorâmicas (APÊNDICE D). O observador radiográfico 1, diagnosticou

22 (67%) folículos pericoronários, 7 (21%) cistos dentígeros e 4 (12%) cistos

paradentais. Por sua vez, o observador radiográfico 2 encontrou 27 (82%) folículos

pericoronários, 5 (15%) cistos dentígeros e 1 (3%) cisto paradental (GRÁF. 4).

30

25

20

15

10

0
Folículo Cisto Cisto
pericoronário dentígero paradental

Observ. 1 Observ. 2

Gráfico 4 - Distribuição dos diagnósticos dos observadores radiográficos 1 e 2.

As FIG. 8 a 10 representam, respectivamente, os diagnósticos radiográficos de

folículo pericoronário, cisto dentígero e cisto paradental.


148

Figura 8 - Espaço pericoronário considerado normal no elemento 38, compatível com o diagnóstico
radiográfico de folículo pericoronário.

Figura 9 - Espaço pericoronário considerado aumentado no elemento 38, compatível com o


diagnóstico radiográfico de cisto dentígero.
149

Figura 10 - Espaço pericoronário considerado alterado no elemento 38, compatível com o diagnóstico
radiográfico de cisto paradental.

A relação entre os diagnósticos dos observadores radiográficos 1 e 2 com a

largura dos espaços pericoronários realizada pelo pesquisador encontram-se no

GRÁF.5.

30
25
20
15
10
5
0
Largura Observ. 1 Observ. 2
espaço
pericoronário

Folículo pericoronário Cisto dentígero


Cisto paradental

Gráfico 5 - Distribuição das larguras dos espaços pericoronários e dos diagnósticos dos
observadores radiográficos 1 e 2 de 33 dentes da amostra.
150

Para análise estatística, o teste de Kappa foi realizado para avaliar a

concordância entre os observadores radiográficos, onde foram considerados os

diagnósticos de folículo pericoronário e de cisto. O cisto dentígero e o paradental

foram classificados na categoria cisto (APÊNDICE G).

Tabela 4 – Resultados da concordância entre os diagnósticos radiográficos através do teste de


Kappa

TESTE DE KAPPA CONCORDÂNCIA

LARGURA X OR 1 0,429 moderada

LARGURA X OR 2 0,574 moderada

OR 1 X OR 2 0,308 fraca

Legenda: OR 1 = observador radiográfico 1; OR 2 = observador radiográfico 2.

5.6 Distribuição dos dentes da amostra segundo os parâmetros

histopatológicos dos tecidos pericoronários

No GRÁF. 6 observa-se a distribuição dos 72 espécimes examinados, o epitélio

reduzido do órgão do esmalte (FIG. 11 a 13) foi encontrado em 32 (44%) casos pelo

observador histopatológico 1, e em 22 (31%) pelo observador histopatológico 2; o

epitélio reduzido do órgão do esmalte hiperplásico foi encontrado em 10 (14%)

casos pelo observador 1, não sendo encontrado pelo observador 2; o epitélio

pavimentoso estratificado (FIG. 14 e 15) foi encontrado em 7 (10%), pelo

observador 1, e em 5 (7%) casos pelo observador 2; o epitélio pavimentoso

estratificado hiperplásico em 6 (8%), pelo observador 1, e em 5 (7%) pelo

observador 2; o epitélio de mucosa bucal (FIG. 16 e 17) em 8 (11%), pelo


151

observador 1, e em 16 (22%) pelo observador 2. Em 20 (28%) casos o epitélio

estava ausente para o observador 1, e em 31 (43%) casos para o observador 2.

Houve duplicidade de epitélio em alguns casos.

35

30

25

20

15

10

0
EROE EROEH EPE EPEH EMB EA

Observ. 1 Observ. 2

Legenda: EROE = epitélio reduzido do órgão do esmalte; EROEH = epitélio reduzido do


órgão do esmalte hiperplásico; EPE = epitélio pavimentoso estratificado; EPEH = epitélio
pavimentoso estratificado hiperplásico; EMB = epitélio de mucosa bucal; EA = epitélio ausente.

Gráfico 6 - Distribuição dos tecidos pericoronários da amostra considerando os tipos de epitélio de


revestimento segundo os observadores histopatológicos 1 e 2.
152

Figura 11 - Fotomicrografia de folículo pericoronário mostrando epitélio reduzido do órgão do esmalte


(a); tecido conjuntivo fibroso (b) e área hemorrágica (c); coloração HE. Aumento no original de 66X.
153

Figura 12 - Fotomicrografia de folículo pericoronário mostrando epitélio de mucosa bucal (a); tecido
conjuntivo fibroso (b) e epitélio reduzido do órgão do esmalte (c); coloração Tricrômico de Mallory.
Aumento no original de 33X.
154

Figura 13 - Fotomicrografia de folículo pericoronário mostrando epitélio reduzido do órgão do esmalte


(a) e tecido conjuntivo fibroso (b); coloração Tricrômico de Mallory. Aumento no original de 66X.
155

Figura 14 - Fotomicrografia de cisto dentígero mostrando epitélio pavimentoso estratificado (a) e


tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório crônico (b); coloração HE. Aumento no original de 66X.
156

Figura 15 - Fotomicrografia de cisto dentígero mostrando epitélio pavimentoso estratificado (a) e


tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório crônico (b); coloração Tricrômico de Mallory. Aumento no
original de 66X.
157

Figura 16 - Fotomicrografia de fragmento de mucosa bucal mostrando epitélio pavimentoso


estratificado (a) e tecido conjuntivo fibroso (b); coloração HE. Aumento no original de 33X.
158

Figura 17 - Fotomicrografia de fragmento de mucosa bucal mostrando epitélio pavimentoso


estratificado (a) e tecido conjuntivo fibroso (b); coloração Tricrômico de Mallory. Aumento no original
de 33X.
159

No epitélio, para o observador histopatológico 1, o infiltrado inflamatório esteve

presente em 5 casos (7%) e para o observador histopatológico 2 em 4 casos (5%)

(GRÁF. 7).

3
Observ. 1
2 Observ. 2

0
Processo inflamatório
presente

Gráfico 7 - Distribuição dos tecidos pericoronários da amostra considerando a presença de infiltrado


inflamatório no epitélio de revestimento, segundo os observadores histopatológicos 1 e 2.

Dos 72 casos estudados, 27 (38%) apresentaram ilhas de epitélio odontogênico

no tecido conjuntivo (FIG. 18 e 19) segundo o observador histopatológico 1 e 52

(72%) segundo o observador histopatológico 2 (GRÁF. 8).


160

60

50

40

30 Observ. 1
Observ. 2
20

10

0
Ilhas de epitélio
odontogênico presente

Gráfico 8 - Distribuição dos tecidos pericoronários da amostra considerando a presença de ilhas de


epitélio odontogênico, segundo os observadores histopatológicos 1 e 2.

Figura 18 - Fotomicrografia de folículo pericoronário mostrando ilhas de epitélio odontogênico (a)


inseridas no tecido conjuntivo fibroso (b); coloração HE. Aumento no original de 66X.
161

Figura 19 - Fotomicrografia de folículo pericoronário mostrando ilhas de epitélio odontogênico (a)


inseridas no tecido conjuntivo fibroso (b); coloração HE. Aumento no original de 132X.

O infiltrado inflamatório mononuclear, constituído por linfócitos, plasmócitos e

macrófagos (FIG. 14 e 15) esteve presente em 29 casos (40%) e o

polimorfonuclear, constituído por neutrófilos, em 2 casos (3%) para o observador

histopatológico 1. O observador histopatológico 2 encontrou 38 casos (54%) com

infiltrado inflamatório mononuclear e 1 caso (1,5%) com polimorfonuclear. Pelo

observador histopatológico 1 a inflamação não foi observada em 42 casos (57%) e

em 32 (44,5%) pelo observador histopatológico 2 (GRÁF. 9). Em alguns casos,

foram observadas inflamação mononuclear e polimorfonuclear. O tecido conjuntivo

fibroso (FIG. 12, 13, 18) foi observado em todos os casos (100%) e o tecido

conjuntivo frouxo em 39 casos (54%) pelo observador histopatológico 1. O

observador histopatológico 2 encontrou tecido conjuntivo fibroso em 70 casos (97%)

e tecido conjuntivo frouxo em 20 casos (28%). Em alguns casos, foram observados

tecido conjuntivo frouxo e fibroso.


162

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Mononuclear Polimorfonuclear Ausente

Observ. 1 Observ. 2

Gráfico 9 - Distribuição dos tecidos pericoronários da amostra considerando o tipo de processo


inflamatório presente, ou ausência do mesmo no tecido conjuntivo, segundo os observadores
histopatológicos 1 e 2.

Levando em consideração o tipo de epitélio de revestimento, dos 72 casos, o

diagnóstico de folículo pericoronário (FIG. 11 a 13) foi feito em 58 casos (80,5%)

pelo observador histopatológico 1, e em 51 (71%) casos pelo observador

histopatológico 2. O diagnóstico de cisto dentígero (FIG. 14 e 15) foi feito em 13

casos (18%) pelo observador histopatológico 1, e em 9 casos (12,5%) pelo

observador histopatológico 2. O diagnóstico de fragmento de mucosa bucal (FIG. 16

e 17) foi feito em 1 caso (1,5%) pelo observador histopatológico 1, e em 3 casos

(4%) pelo observador histopatológico 2. O observador histopatológico 2,

diagnosticou 8 casos (11%) de tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório crônico e

1 caso (1,5%) inapropriado para análise histopatológica (GRÁF. 10).


163

60

50

40

30

20

10

0
F CD FMB CIC I

Observ. 1 Observ. 2

Legenda: F = folículo pericoronário; CD = cisto dentígero; FMB = fragmento de mucosa bucal; CIC =
tecido conjuntivo com inflamação crônica; I = material inapropriado para análise.

Gráfico 10 - Distribuição dos diagnósticos histopatológicos considerando o tipo de epitélio de


revestimento dos tecidos pericoronários dos dentes da amostra, segundo os observadores
histopatológicos 1 e 2.

A relação entre os diagnósticos dos observadores histopatológicos 1 e 2 com os

diagnósticos dos observadores radiográficos 1 e 2, assim como, com a largura dos

espaços pericoronários realizada pelo pesquisador encontram-se no GRÁF.11.

Foram considerados para efeito de comparação, os diagnósticos de folículo

pericoronário e cisto dentígero. Os diagnósticos de cisto paradental, fragmento de

mucosa bucal, tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório crônico e o espécime

considerado inapropriado foram enquadrados na categoria “outros”.


164

30

25

20

15

10

0
Largura Observ. Observ. Observ. Observ.
Radiog. 1 Radiog. 2 Histop. 1 Histop. 2

Folículo pericoronário Cisto dentígero Outros

Gráfico 11 - Distribuição dos diagnósticos das larguras dos espaços pericoronários, dos diagnósticos
dos observadores radiográficos 1 e 2 e dos diagnósticos dos observadores histopatológicos 1 e 2.

Para análise estatística, o teste de Kappa foi realizado para avaliar a

concordância entre os observadores histopatológicos 1 e 2. Foram considerados os

diagnósticos de folículo pericoronário e cisto dentígero. Os diagnósticos de cisto

paradental, fragmento de mucosa bucal, tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório

crônico e o espécime considerado inapropriado foram enquadrados na categoria

“outros”. O teste de Kappa também foi realizado para avaliar a concordância entre

os observadores histopatológicos e os observadores radiográficos, assim como

entre os observadores histopatológicos e os diagnósticos a partir da largura dos

espaços pericoronários, onde foram considerados somente os diagnósticos de

folículo pericoronário e de cisto dentígero por serem os mais freqüentes (TAB. 5)

(APÊNDICE G).
165

Tabela 5 – Resultados da concordância entre os diagnósticos histopatológicos e radiográficos


através do teste de Kappa

TESTE DE KAPPA CONCORDÂNCIA

OHP 1 X OHP 2 0,404 moderado

OHP 1 X LARGURA 0,151 muito baixo

OHP 1 X OR 1 0,193 muito baixo

OHP 1 X OR 2 0,181 muito baixo

OHP 2 X LARGURA 0,02 muito baixo

OHP 2 X OR 1 0,046 muito baixo

OHP 2 X OR 2 0,139 muito baixo

Legenda: OHP 1 = observador histopatológico 1; OHP 2 = observador histopatológico 2; LARGURA


= largura do espaço pericoronário; OR 1 = observador radiográfico 1; OR 2 = observador radiográfico
2.

Todos os testes de Kappa, entre os diagnósticos histopatológicos e os

radiográficos indicaram nível de concordância muito baixo, sem significância, e de

valores pobres.

O teste Qui-quadrado foi realizado para verificar a associação entre o

diagnóstico histopatológico realizado pelos observadores 1 e 2 com o gênero, a faixa

etária dos pacientes e a arcada envolvida (TAB. 6) (APÊNDICE G).


166

Tabela 6 – Associação entre os diagnósticos histopatológicos 1 e 2, com o gênero, a faixa etária e a


arcada envolvida

TESTE ÷² gl* p ASSOCIAÇÃO

OHP 1 X GÊNERO
0,02235 1 0,8812 não**

OHP 1 X FAIXA ETÁRIA


10,7657 2 0,0046 sim***

OHP 1 X ARCADA
2,843 1 0,0917 não**

OHP 2 X GÊNERO
0,354 2 0,838 não**

OHP 2 X FAIXA ETÁRIA


11,91245 4 0,018 sim***

OHP 2 X ARCADA
2,02 2 0,3642 não**

* grau de liberdade
** não houve associação
*** houve associação

Legenda: OHP 1 = observador histopatológico 1; OHP 2 = observador histopatológico 2.

O teste Qui-quadrado indicou que na faixa etária de 23 a 26 anos foram

encontrados mais diagnósticos de cistos dentígeros quando da associação com o

observador histopatológico 1 e mais diagnósticos de cistos dentígeros, tecido

conjuntivo com infiltrado inflamatório e inapropriado quando da associação com o

observador histopatológico 2.
167

6 DISCUSSÃO

6.1 Distribuição da amostra segundo os gêneros feminino e

masculino

A amostra desta pesquisa foi aleatoriamente escolhida, ou seja, participaram os

indivíduos que procuraram atendimento para remoção cirúrgica de terceiros molares

não irrompidos e parcialmente irrompidos no Núcleo de Cirurgia e Traumatologia

Bucomaxilofacial e Patologia Bucal do Hospital Universitário da Universidade

Federal de Santa Catarina e na Disciplina de Cirurgia III do Curso de Graduação em

Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina, no período de outubro de

2002 a julho de 2003.

Desta forma, analisando os resultados do GRÁF. 1 observou-se que a

porcentagem de casos que envolveram o gênero feminino foi o dobro (67%) que a

do gênero masculino (33%). O número total corresponde ao número de pacientes e

não o número de dentes extraídos, pois alguns pacientes removeram até 3 dentes.

Em concordância com estes resultados, estão os trabalhos de Stanley; Krogh;

Pannkuk (1965); Amêndola (1983); Barroso et al. (1985); Damante (1987);

Adelsperger et al. (2000); Venta; Turtola; Ylipaavalniemi (2001); Raimundo et al.

(2003) que também encontraram um maior número de pacientes do gênero feminino

apresentando terceiros molares não irrompidos.

O resultado encontrado nesta pesquisa pode ter explicação na maior

preocupação das mulheres com a saúde, não tendo relação com a incidência de
168

terceiros molares não irrompidos ou parcialmente irrompidos na população, pois nos

trabalhos de Fonseca (1956); Dachi e Howell (1961); Mourshed (1964a); Alonso

Verri et al. (1973); Kim e Ellis (1993); Manganaro (1998); Glosser e Campbell

(1999); Rakprasitkul (2001), não houve diferença significativa entre os gêneros.

6.2 Distribuição da amostra segundo a faixa etária

Na TAB. 1 destaca-se a concentração de pacientes na 2ª e 3ª décadas de vida.

Pacientes com idade inferior a 15 anos e superior a 26 anos não foram encontrados

neste estudo.

Este resultado concorda com os estudos de Mourshed (1964a); Amêndola

(1983); Barroso et al. (1985); Damante (1987); Ahlqwist e Grondahl (1991); Kim e

Ellis (1993); Damante e Fleury (2001).

6.3 Distribuição dos dentes da amostra segundo a sua localização

No GRÁF. 2 ficou demonstrada a maior freqüência de terceiros molares

inferiores do que de terceiros molares superiores não irrompidos ou parcialmente

irrompidos. Com relação ao lado afetado, não houve diferença entre os lados direito

e esquerdo da mandíbula, no entanto, na maxila, o número de casos envolvendo o

lado direito foi o dobro em relação ao lado esquerdo.

Levando em consideração, as diferenças entre os objetivos desta pesquisa com

outras que se destinaram a verificar a incidência de dentes não irrompidos ou

parcialmente irrompidos, observou-se uma concordância com os trabalhos de

Fonseca (1956); Mourshed (1964b); Alonso Verri et al. (1973); Carvalho et al.
169

(1978); Barroso et al. (1985); Eliasson; Heimdahl; Nordenram (1989); Kim e Ellis

(1993); Rakprasitkul (2000); Damante e Fleury (2001); Venta; Turtola;

Ylipaavalniemi (2001) que salientaram que os terceiros molares inferiores são os

dentes mais afetados com problemas de erupção.

Contrariando os autores citados, Dachi e Howell (1961) em seu estudo,

encontraram uma freqüência levemente maior de terceiros molares superiores não

irrompidos ou parcialmente irrompidos.

Com relação ao lado mais afetado, não houve diferença no estudo de Mourshed

(1964a), mas no estudo de Raimundo et al. (2003) houve preferência pelo lado

esquerdo.

6.4 Intervenção cirúrgica de terceiros molares não irrompidos ou

parcialmente irrompidos

Em Odontologia, a intervenção cirúrgica dos terceiros molares não irrompidos

ou parcialmente irrompidos constitui ainda um assunto muito polêmico.

Alguns autores são mais radicais recomendando a remoção profilática dos

terceiros molares, tão logo fique evidenciada a posição desfavorável para erupção

destes dentes, pois dificilmente assumem uma posição funcional e saudável na

arcada dental (DACHI; HOWELL, 1961; LASKIN, 1971; CARVALHO et al., 1978;

HINDS; FREY, 1980; FIELDING; DOUGLASS; WHITLEY, 1981; BISHARA;

ANDREASEN, 1983; PRICE, 1989; AHLQWIST; GRONDHL, 1991; GIROD;

GERLACH; KRUEGER, 1993; VENTA et al., 1993; PETERSON, 2000). Estes

autores alegam que o aumento da idade dos pacientes complica os aspectos da

cirurgia e do pós-operatório.
170

Por sua vez, autores mais conservadores, não aceitam esta conduta de

imediato, defendendo a manutenção dos terceiros molares não irrompidos, a não

ser que haja alguma evidência patológica (BARROSO et al., 1985; CONSOLARO,

1987; CARVALHO; KUMAGAI; CACAVALLE, 1997).

Outros autores também conservadores quanto à extração de terceiros molares

não irrompidos, alegam que o desenvolvimento de alterações patológicas, nestes

dentes, é pouco freqüente (STANLEY et al., 1988; ELIASSON; HEIMDAHL;

NORDENRAM, 1989; LAZARE, 1989; CARL; GOLDFARB; FINLEY, 1995).

Quando um terceiro molar não irrompido é mantido, o paciente deve ser

informado e submetido ao acompanhamento radiográfico (CONSOLARO, 1987;

ELIASSON; HEIMDAHL; NORDENRAM, 1989; MERCIER; PRECIOUS, 1992;

CARL; GOLDFARB; FINLEY, 1995; CARVALHO; KUMAGAI; CACAVALLE, 1997;

RAKPRASITKUL, 2000).

A maioria dos cirurgiões-dentistas remove os tecidos pericoronários e não os

submete ao diagnóstico histopatológico. Por isso, que as incidências de patologias

associadas a terceiros molares não irrompidos ou parcialmente irrompidos são

extremamente baixas (RAKPRASITKUL, 2000).

Ainda não está claro o que deve ser feito com os dentes não irrompidos antes

de causarem problemas ou provocarem alguma sintomatologia. Quando uma

decisão for tomada quanto à remoção ou não de um terceiro molar não irrompido,

diversos fatores devem ser considerados. Primeiramente, deve-se levar em conta a

existência de espaço disponível na arcada para a sua erupção. Uma segunda

consideração é sobre a situação do dente e a idade do paciente. É importante

lembrar que a média de idade para a erupção completa do terceiro molar é de 20

anos, mas essa erupção pode continuar até os 25 anos (PETERSON, 2000).
171

A decisão de remover um dente não irrompido é menos desafiadora quando da

presença de alterações patológicas, mas se torna muito difícil quando o paciente

está assintomático (CURRAN; DAMM; DRUMMOND, 2002).

6.5 Distribuição de 33 dentes da amostra segundo a largura dos

espaços pericoronários

A compatibilidade da existência de radiografias panorâmicas e dos exames

histopatológicos, no mesmo caso, ocorreu em 33 terceiros molares não irrompidos e

parcialmente irrompidos. Alguns fatores contribuíram para o número de dentes da

amostra radiográfica, como, por exemplo, dados incompletos nos prontuários dos

pacientes, frascos contendo tecido pericoronário não identificado, defeitos no

aparelho panorâmico e a greve dos professores e funcionários da Universidade

Federal de Santa Catarina.

Dentre as várias radiografias existentes, a panorâmica foi utilizada nesta

pesquisa pelos seguintes motivos: facilidade na execução da mesma pelo operador

de raios X, comodidade para o paciente, visualização de todos os terceiros molares

na mesma radiografia e principalmente, por permitir a padronização das

radiografias. No entanto, a distorção linear é a grande desvantagem da radiografia

panorâmica, variando conforme o tipo de equipamento utilizado.

A largura do espaço pericoronário de dentes não irrompidos ou parcialmente

irrompidos visualizados na radiografia panorâmica é 0,5 mm maior do que os casos

visualizados com radiografias periapicais (LARA, 1982; DAMANTE, 1987;

LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995; DAMANTE; FLEURY, 2001). Para

Amêndola (1983), as radiografias panorâmicas ampliam a imagem em 30%.


172

Lara (1982) concluiu em seu estudo, que se faz necessário levar em

consideração a distorção, quando da utilização de radiografias panorâmicas a fim de

não confundir a imagem distorcida de um folículo pericoronário com um cisto

dentígero. Relatou ainda que, a diferença entre folículos pericoronários e cistos

dentígeros, a partir de radiografias só pode ser feito em termos de probabilidade,

não com exatidão.

Vários fatores contribuem para a distorção das imagens obtidas em radiografias

panorâmicas. São eles: movimento do filme, relação espacial entre o filme e o plano

de corte, direção do feixe de raios X e o ecran intensificador. A densidade e o

tamanho do objeto a ser radiografado, assim como, sua posição em relação ao

plano de corte e ao feixe de raios X também são responsáveis pela distorção

observada nas panorâmicas (CHOMENKO, 1985). As radiografias panorâmicas

tendem a aumentar as estruturas, especialmente na dimensão horizontal; deste

modo, folículos pericoronários e cistos dentígeros parecem maiores do que

realmente são (MILLER; BEAN, 1994). Grandes magnificações estão associadas

com as radiografias panorâmicas, que varia conforme o tipo de equipamento

(LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995).

Mopsik (1989) afirmou que nem sempre os levantamentos periapicais

representam adequadamente as regiões de terceiros molares. Portanto, uma

radiografia adicional se faz necessária para a visualização de alterações. O autor

recomendou o uso de radiografias panorâmicas. Segundo Bey et al. (1997) a

radiografia panorâmica é tida como o exame de escolha, necessário e suficiente

para o diagnóstico de cisto dentígero.

Neste estudo, as mensurações radiográficas dos espaços pericoronários foram

feitas sem considerar o fator de ampliação provocada pelo aparelho que variou de
173

9% a 23% (ver seção 4.2.2.2), a qual foi considerada como existente em todas as

radiografias obtidas. Glosser e Campbell (1999) também não consideraram o fator

de ampliação de 19% relatado pelo fabricante do equipamento radiográfico para a

mensuração dos espaços pericoronários.

Neste estudo, apenas a maior largura do espaço pericoronário foi considerada

(THOMA, 1964; LARA, 1982; BARROSO et al., 1985; DAMANTE, 1987). Amêndola

(1983) considerou somente a maior largura, devido à forma elipsóide dos espaços

pericoronários.

Pelo fato da largura do espaço pericoronário ser uma das principais variáveis

deste estudo, a TAB. 2 foi elaborada para mostrar a distribuição dos dentes da

amostra segundo esta variável. Pelos resultados observou-se que houve uma maior

concentração dos casos na faixa, cujas medidas variaram entre 1,1 e 2,5 mm.

Pode-se afirmar com estes resultados, que são as mensurações dos espaços

pericoronários dos terceiros molares não irrompidos ou parcialmente irrompidos

mais comumente encontradas (LARA, 1982; AMÊNDOLA, 1983; BARROSO et al.,

1985; DAMANTE, 1987; DAMANTE; FLEURY, 2001).

Se somente a largura do espaço pericoronário fosse considerada como

parâmetro para o diagnóstico radiográfico, dos 33 casos desta pesquisa, 25 (76%)

apresentaram uma medida de até 2,5 mm, representando, desta forma, folículos

pericoronários (MOURSHED, 1964b; STAFNE; GIBILISCO, 1982; AMÊNDOLA,

1983; MAROO, 1991; LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995; GLOSSER;

CAMPBELL, 1999) (GRÁF. 3).

A largura do espaço pericoronário é o fator mais confiável na determinação da

existência de um cisto dentígero (MOURSHED, 1964a). As condições associadas

ao desenvolvimento do cisto dentígero podem ser classificadas com base nas


174

observações radiográficas, quando a radiolucidez pericoronária apresentar 2,5 mm

ou mais de largura (MOURSHED, 1964b). O exame radiográfico tem poder de

descartar o diagnóstico de cistos e tumores incipientes quando o espaço

pericoronário tiver até 2,5 mm de largura (STANLEY et al., 1965).

Quando o espaço pericoronário atinge a espessura de 2,5 mm, ele é sugestivo

de cisto dentígero, em 80% dos casos (STAFNE; GIBILISCO, 1982). O resultado de

Lara (1982) não coincidiu com o acima exposto. Este autor encontrou cisto

dentígero em 43,7% dos casos cujos espaços pericoronários mediram de 2,5 a 2,9

mm. As diferenças encontradas fazem pensar que nos casos em que a imagem

radiográfica sugere a presença de um folículo pericoronário, o cisto dentígero é mais

freqüente. Segundo Adelsperger et al. (2000), a literatura sugere que a radiolucidez

pericoronária medindo até 2,5 mm de largura não é considerada patológica, mas a

validade desta afirmação é limitada.

Barroso et al. (1985) afirmaram que até 2,5 mm de largura, o espaço

pericoronário reflete, radiograficamente, com razoável precisão, a normalidade

histológica dos tecidos pericoronários. À medida que ultrapassa 2,5 mm de largura,

radiograficamente, o espaço pericoronário pode sugerir a existência de alterações

histopatológicas dos tecidos pericoronários de dentes não irrompidos. O diagnóstico

dos tecidos pericoronários não pode se basear somente na medida do espaço

pericoronário nas radiografias, pois grandes dimensões podem não mostrar

nenhuma alteração histopatológica, assim como, pequenas dimensões podem

evidenciar patologias. Sob o ponto de vista clínico, o cirurgião-dentista não dispõe

de maiores recursos para suspeitar das patologias incipientes e, a radiografia pode

continuar a ser utilizada como um indicador de diagnóstico.


175

Não existe nenhum método para distinguir, por meio das radiografias, os

espaços foliculares aumentados dos cistos paradentais. Devem ser aplicados os

mesmos critérios do cisto dentígero para o cisto paradental (ACKERMANN;

COHEN; ALTINI, 1987).

Os processos patológicos associados ao folículo pericoronário podem ser

identificados precocemente, por meio de radiografias que mostram um alargamento

do espaço pericoronário (MAROO, 1991; DALEY; WYSOCKI, 1995; DAMANTE;

FLEURY, 2001).

O teste Qui-quadrado demonstrou que não houve associação entre os

diagnósticos radiográficos baseados somente na largura dos espaços pericoronários

com o gênero, a faixa etária dos pacientes e a arcada envolvida. Estes resultados

podem ser explicados pela quantidade reduzida de radiografias panorâmicas

disponíveis para análise.

6.6 Relação entre os diagnósticos dos observadores radiográficos

e dos mesmos, com a largura dos espaços pericoronários de 33

dentes da amostra

A radiografia desempenha um papel importante no estabelecimento do

diagnóstico, revelando o tamanho, a extensão do cisto e sua relação com as

estruturas adjacentes (MOURSHED, 1964a; MAROO, 1991).

Mourshed (1964b) afirmou que a única maneira de diagnosticar o cisto

dentígero é através da radiografia, já que é uma condição assintomática em seus

estágios iniciais. Nos estágios avançados de desenvolvimento, o cisto dentígero

pode ser diagnosticado através da sintomatologia clínica.


176

A radiografia é válida na detecção de alterações patológicas precoces. Se a

radiografia não for utilizada com este propósito, a destruição do tecido ósseo, bem

como, o deslocamento dos dentes adjacentes pode requerer um tratamento mais

complexo quando da presença de alguma patologia (KILEY, 1972; GIROD;

GERLACH; KRUEGER, 1993). Os cistos dentígeros geralmente são assintomáticos,

descobertos em radiografias de rotina ou em radiografias feitas para diagnosticar a

ausência de dentes permanentes (SHEAR; ALTINI, 1983; SHERIDAN, 1983;

CRAIG; WESCOTT; CORRELL, 1984; MAROO, 1991; FLEURY et al., 1994;

MILLER; BEAN, 1994; BEY et al., 1997; KO; DOVER; JORDAN, 1999; SILVA et al.,

2002). As áreas radiolúcidas pericoronárias são entidades comuns dos maxilares e

respondem por cerca de 15% a 20% de todos os espécimes de biópsia. Muitas

dessas lesões são detectadas durante um exame radiográfico de rotina (MILLER;

BEAN, 1994). Exames radiográficos regulares são recomendados para observar e

controlar o possível desenvolvimento de alterações nos tecidos pericoronários de

terceiros molares não irrompidos (VENTA; TURTOLA; YLIPAAVALNIEMI, 2001).

Cistos dentígeros pequenos se caracterizam por produzirem alterações mínimas

no tecido ósseo circunjacente formando uma imagem radiográfica radiolúcida pouco

expressiva, impossibilitando a diferenciação com o folículo pericoronário (CAMPOS;

DURR, 1980; LARA, 1982). Lara (1982) ainda acrescentou, que não é possível

diferenciar pelo exame radiográfico, os casos de folículo pericoronário dos casos de

cisto dentígero, quando os mesmos apresentam espaços pericoronários entre 0,0 e

4,9 mm. Somente é possível estabelecer tal diferença através do exame

histopatológico.

A radiografia deve ser utilizada como recurso para a realização do diagnóstico

presuntivo, pois não oferece parâmetros seguros para o diagnóstico diferencial entre
177

o que é normal e o que é patológico, ou entre lesões com imagens radiográficas

semelhantes (LARA, 1982; AMÊNDOLA, 1983; DAMANTE, 1987; WALDRON,

1998).

O diagnóstico de cisto dentígero não deve ser feito somente a partir de

radiografias (SHEAR; ALTINI, 1983). A dificuldade na interpretação radiográfica é

saber quando o espaço folicular está alargado e representa um cisto ou outra lesão

(CRAIG; WESCOTT; CORRELL, 1984).

A diferença radiográfica entre um cisto dentígero pequeno e um folículo

pericoronário aumentado, associado à coroa de um dente não irrompido, é difícil e

pode constituir um exercício acadêmico. Esta dificuldade não é observada quando

se trata de um cisto dentígero grande que já tenha provocado expansão das

corticais ósseas e deslocamento de dentes adjacentes (SHAFER; HINE; LEVY,

1987; STANLEY et al., 1988; KIM; ELLIS, 1993; DALEY; WYSOCKI, 1995;

WALDRON, 1998). Cistos dentígeros têm sido observados em espaços foliculares

mínimos, e grandes áreas radiolúcidas têm sido observadas como folículos normais

(MILLER; BEAN, 1994; CURRAN; DAMM; DRUMMOND, 2002).

Com a realização do teste de concordância de Kappa entre os observadores

radiográficos 1 e 2, assim como, entre os mesmos e a largura dos espaços

pericoronários, observou-se a dificuldade do diagnóstico radiográfico dos tecidos

pericoronários de 33 dentes da amostra, quando da ausência da correlação com os

diagnósticos histopatológicos (GRÁF. 4) (APÊNDICE G).

Um espaço folicular alargado não deve ser confundido com um cisto dentígero

em desenvolvimento, especialmente em indivíduos em crescimento. Os erros na

avaliação da verdadeira prevalência dos cistos foram atribuídos a afirmações

prévias em artigos de que um espaço maior que 2,5 mm representa, com toda
178

probabilidade, um cisto com um revestimento epitelial. O valor das radiografias

panorâmicas devem ser questionadas quando mostram uma grande distorção

linear, especialmente no plano horizontal (MERCIER; PRECIOUS, 1992). Estas

observações podem explicar a discordância dos resultados deste estudo quando o

diagnóstico foi feito apenas analisando as radiografias.

A ausência de sinais radiográficos não reflete necessariamente a ausência de

doença. A prevalência de alterações patológicas é maior do que geralmente se

presume, quando o diagnóstico é feito somente a partir de radiografias

(ADELSPERGER et al., 2000).

No estudo de Damante e Fleury (2001) a radiografia sozinha foi insuficiente para

diagnosticar corretamente os cistos dentígeros pequenos.

6.7 Distribuição da amostra segundo os parâmetros

histopatológicos dos tecidos pericoronários dos dentes da

amostra

Neste estudo, foi utilizado como parâmetro histopatológico, o tipo de epitélio de

revestimento para o diagnóstico diferencial entre as diversas lesões pericoronárias

que podem envolver terceiros molares não irrompidos ou parcialmente irrompidos

(GRÁF. 6). Isto está em concordância com os estudos de Miller e Bean (1994);

Rakprasitkul (2001); Miguel et al. (2002) que afirmaram que o folículo pericoronário

é revestido internamente pelo epitélio reduzido do órgão do esmalte. Quando da

ausência de epitélio, os espécimes foram diagnosticados como folículos

pericoronários (STANLEY; KROGH; PANNKUK, 1965; RAKPRASITKUL, 2001).

Shear (1999) afirmou que algumas vezes o cisto dentígero é removido intacto, mas
179

freqüentemente a fina parede cística é rompida durante os procedimentos

cirúrgicos.

Por sua vez, o cisto dentígero é revestido por epitélio pavimentoso estratificado

(GARDNER, 1957; CRAIG; WESCOTT; CORRELL, 1984; SHAFER; HINE; LEVY,

1987; KNIGHTS, 1991; MAROO, 1991; REGEZI; SCIUBBA, 1991; MILLER; BEAN,

1994; GLOSSER; CAMPBELL, 1999; RAKPRASITKUL, 2001; TSUKAMOTO, 2001).

Discordando do acima citado, alguns autores descrevem o epitélio pavimentoso

estratificado como tecido normal do folículo pericoronário (STANLEY; KROGH;

PANNKUK, 1965; CONSOLARO, 1987; DAMANTE, 1987; STANLEY et al., 1988;

KIM; ELLIS, 1993; FUKUTA et al., 1991; DALEY; WYSOCKI, 1995; MANGANARO,

1998; SLATER, 2000; DAMANTE; FLEURY, 2001).

6.7.1 Associação entre os diagnósticos dos observadores

histopatológicos 1 e 2 com o gênero, a faixa etária e a arcada envolvida

O teste Qui-quadrado mostrou que não houve associação entre os diagnósticos

dos observadores histopatológicos 1 e 2 com o gênero e a arcada envolvida. Por

sua vez, o teste Qui-quadrado realizado para avaliar a associação entre os

diagnósticos dos observadores histopatológicos 1 e 2 com a faixa etária dos

pacientes evidenciou que, na faixa de 23 a 26 anos foram encontrados mais

diagnósticos de cisto dentígero quando da associação com o observador 1 e

diagnósticos de cisto dentígero, tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório crônico

e inapropriado quando da associação com o observador 2.

No estudo de Câmara; Souza; Pinto (1983); Fleury et al. (1994); Tsukamoto et

al. (2001) houve associação entre os diagnósticos de cisto dentígero e o gênero


180

masculino. A maioria dos pacientes no estudo de Fleury et al. (1994) estavam na 5ª

década de vida.

Em concordância com os resultados deste estudo, Barroso et al. (1985)

observaram uma diminuição dos folículos pericoronários à medida que a idade dos

pacientes aumentou. Os autores encontraram 67,8% folículos pericoronários na 2ª

década de vida e 39% na 3ª década de vida.

Fukuta et al. (1991) estudaram 11 espécimes de folículos pericoronários

hiperplásicos. Os pacientes tinham uma média de idade de 15,7 anos, com uma

variação de 10 a 23 anos. Entre os participantes não houve predileção por gênero e

nem por arcada.

No estudo de Maroo (1991) com cistos dentígeros, os homens foram mais

afetados, a média de idade dos pacientes foi de 17 anos e os terceiros molares

inferiores foram os dentes mais afetados.

Segundo Daley e Wysocki (1995) os folículos pericoronários tiveram maior

incidência na 2ª década e os cistos dentígeros na 3ª década de vida. Ambas as

entidades exibiram uma redução progressiva na sua incidência com o aumento da

idade; 90,6% dos folículos pericoronários e 50,8% dos cistos dentígeros foram

removidos de pacientes com menos de 30 anos. Dos cistos dentígeros, 59,9%

ocorreram em homens e 77,0% estavam associados a terceiros molares inferiores.

A razão para esta diferença entre os gêneros é desconhecida, mas ela pode estar

relacionada, em parte, à observação deste estudo de que as mulheres apresentam

mais folículos pericoronários removidos do que os homens.

Benn e Altini (1996) estudaram 15 cistos dentígeros onde a idade dos pacientes

variou de 5 a 12 anos. O gênero masculino e a localização na mandíbula foram mais

encontrados.
181

Em um estudo com 42 pacientes com 101 terceiros molares não irrompidos, o

cisto dentígero foi diagnosticado em 46 (45,5%). A idade média dos pacientes foi de

23,3 anos e não houve diferença entre os gêneros (MANGANARO, 1998).

Glosser e Campbell (1999) analisaram 96 espécimes e o cisto dentígero foi

encontrado em 31casos. A maioria ocorreu na faixa etária de 20 a 25 anos. Esta

pesquisa mostrou uma incidência surpreendentemente alta de alteração cística

associada a terceiros molares que não tinham evidência radiográfica de patologia.

Os cistos estiveram distribuídos de uma maneira quase uniforme entre os sexos,

mas um número significativamente maior de cistos ocorreu na mandíbula.

Shear (1999) estudou 1259 dentes não irrompidos através de radiografias. Nos

terceiros molares inferiores, a freqüência de impacção (48,1%) foi quase igual à de

cistos dentígeros (45,7%). Por sua vez, os terceiros molares superiores tiveram uma

freqüência mais alta de impacção (29,6%) do que de cistos dentígeros (5,4%). Estes

resultados sugerem, que o terceiro molar superior apresenta um risco menor de

desenvolvimento de cisto dentígero do que seu antagonista.

Nos pacientes mais jovens, o tecido normal foi observado mais comumente e,

nos pacientes com mais de 20 anos, a freqüência de tecido patológico foi mais alta

(RAKPRASITKUL, 2001).

6.7.2 Concordância entre os diagnósticos dos observadores

histopatológicos 1 e 2

Com o teste de Kappa utilizado para avaliar a concordância entre os

observadores histopatológicos 1 e 2, observou-se a dificuldade do estabelecimento


182

do diagnóstico histopatológico dos tecidos pericoronários dos dentes da amostra

quando da ausência da correlação com as radiografias (GRÁF. 10) (APÊNDICE G).

O exame histopatológico é insuficiente para um diagnóstico definitivo entre cisto

dentígero e folículo pericoronário, mesmo baseando-se no tipo de epitélio de

revestimento, pois o epitélio pavimentoso estratificado também pode ser encontrado

em alguns folículos normais. A presença deste tipo de epitélio, por si só, não é

diagnóstico de cisto dentígero, uma vez que uma metaplasia escamosa do epitélio

reduzido do órgão do esmalte em torno de um dente não irrompido é normal com o

aumento da idade do paciente (CONSOLARO, 1987; STANLEY et al., 1988; KIM;

ELLIS, 1993; DALEY; WYSOCKI, 1995; DAMANTE; FLEURY, 2001).

O quadro histopatológico de um cisto dentígero pequeno, não permite um

diagnóstico diferencial seguro com o folículo pericoronário de um dente não

irrompido (CONSOLARO, 1987). Diagnósticos baseados apenas na aparência

histopatológica podem ser inconclusivos (EISENBERG, 1993).

A presença de um epitélio pavimentoso estratificado envolvendo a coroa de um

dente que não irrompeu não é considerado uma observação histopatológica normal

(KNIGHTS, 1991).

As observações histopatológicas parecem ser o único meio confiável para

separar o cisto dentígero do folículo pericoronário hiperplásico na ausência de

alterações radiográficas. A ausência de um aumento radiográfico do espaço folicular

não deve negar as observações histopatológicas (KNIGHTS, 1991).

O diagnóstico final entre folículo pericoronário e cisto dentígero sempre deve ser

feito através do exame histopatológico do tecido pericoronário (MILLER; BEAN,

1994).
183

6.7.3 Concordância entre os diagnósticos dos observadores

histopatológicos 1 e 2 com a largura dos espaços pericoronários e com

os diagnósticos dos observadores radiográficos 1 e 2

Com o teste de Kappa utilizado para avaliar a concordância entre os

observadores histopatológicos 1 e 2 com os observadores radiográficos 1 e 2 e com

a largura dos espaços pericoronários, observou-se a dificuldade do estabelecimento

do diagnóstico dos tecidos pericoronários de 33 dentes da amostra, quando da

utilização de somente um tipo de exame. É indispensável a soma das

características radiográficas com as características histopatológicas dos tecidos

pericoronários para o estabelecimento do diagnóstico (GRÁF. 11).

Uma semiologia precisa é muito importante para detectar a tendência à

transformação cística dos folículos pericoronários dos dentes não irrompidos. Esta

semiologia é basicamente radiográfica, e a precisão diagnóstica necessita da

correlação entre a radiologia e a histopatologia (BARROSO et al., 1985).

Sciubba (1991) afirmou que os livros texto de patologia continuam a ser padrões

para o estabelecimento de critérios, salientam a importância da correlação

radiográfica, bem como, da correlação histopatológica na avaliação de patologias

dos terceiros molares.

Exame clínico, radiográfico e histopatológico são essenciais para o diagnóstico

preciso de uma patologia óssea (EISENBERG, 1993).

Fleury et al. (1994); Bey et al. (1997) afirmaram que o diagnóstico de cisto

dentígero não é difícil. É o resultado de um raciocínio clínico, associando

características clínicas, radiográficas e histopatológicas.


184

O diagnóstico de cisto dentígero não deve ser feito somente em evidências

radiográficas, mas também deve basear-se no exame macroscópico e

histopatológico do tecido pericoronário e do dente afetado porque outras lesões, tais

como: ameloblastoma unicístico e ceratocisto odontogênico também podem

apresentar as mesmas características radiográficas (BENN; ALTINI, 1996;

MANGANARO, 1998).

Neste estudo foram utilizadas as colorações de hematoxilina-eosina e tricrômico

de Mallory. As duas técnicas de coloração foram utilizadas para facilitar o

diagnóstico histopatológico, uma vez que, o tricrômico de Mallory evidencia o tecido

conjuntivo fibroso e a proliferação epitelial, complementando os achados na

coloração HE. Neste estudo, a associação das duas técnicas de coloração auxiliou

no estabelecimento do diagnóstico histopatológico.

Métodos histopatológicos especiais, como, por exemplo, imunohistoquímicos ou

histomorfométricos também poderiam auxiliar na confirmação do diagnóstico

(GLOSSER; CAMPBELL, 1999). Adelsperger et al. (2000) apoiados nas

observações de uma maior atividade celular, evidenciada pela presença de um

marcador de antígeno nuclear de células em proliferação (PCNA), na maioria dos

tecidos foliculares saudáveis, defendem que a metaplasia representa uma patologia

precoce.

Não existem parâmetros radiográficos e histopatológicos que permitam

diferenciar folículos pericoronários de cistos dentígeros pequenos. O diagnóstico

diferencial somente será possível quando for detectada cavitação e fluído durante a

intervenção cirúrgica (DAMANTE, 1987).

Identificar uma cavidade cística no momento da cirurgia pode ser a única forma

confiável de chegar a um diagnóstico definitivo quando as características


185

radiográficas e histopatológicas são insuficientes para distinguir um cisto dentígero

pequeno de um folículo pericoronário grande (DALEY; WYSOCKI, 1995).

O clínico, o cirurgião, ou ambos, devem observar a presença ou ausência de

cavitação óssea e o conteúdo cístico, no trans-operatório, para diferenciar o folículo

pericoronário do cisto dentígero ou paradental. O material deve ser examinado

histopatologicamente e o patologista ao interpretar dados clínicos, cirúrgicos e

radiográficos confirmará ou não o diagnóstico. Somente o patologista é capaz de

descartar a existência de ceratocistos odontogênicos, ameloblastomas incipientes

ou outras lesões associadas a folículos pericoronários (DAMANTE; FLEURY, 2001).

A distinção clinicopatológica entre um cisto dentígero incipiente e um folículo

pericoronário espessado representa, usualmente, uma tarefa bastante difícil. Os

autores divergem quanto à possibilidade do diagnóstico definitivo. Para alguns, as

informações radiográficas e histopatológicas não são conclusivas o suficiente para

fechar o diagnóstico definitivo. Desta forma, o critério principal para emissão do

diagnóstico é a presença de uma cavitação patológica observada no trans-

operatório. Entretanto, estudos mais recentes, enfatizam que a alteração

metaplásica de um epitélio reduzido do órgão do esmalte para um epitélio

pavimentoso estratificado seria a marca inicial da degeneração de um folículo

pericoronário para um cisto dentígero. O exame histopatológico pode sugerir a

distinção entre um folículo pericoronário espessado e um cisto dentígero incipiente,

mas é a soma das informações clínicas e cirúrgicas que nortearão a emissão do

diagnóstico definitivo (MIGUEL et al., 2002).


186

7 CONCLUSÕES

A análise dos resultados permite concluir que:

a) a largura do espaço pericoronário na radiografia panorâmica não pode ser

considerada um parâmetro isolado no diagnóstico diferencial entre folículo

pericoronário e cisto dentígero, pois houve uma concordância moderada

entre os diagnósticos obtidos a partir da largura dos espaços pericoronários

e dos observadores radiográficos 1 e 2. Houve uma concordância muito

baixa entre os diagnósticos obtidos a partir da largura dos espaços

pericoronários e dos observadores histopatológicos 1 e 2;

b) a radiografia panorâmica não pode ser utilizada como único método no

estabelecimento do diagnóstico diferencial entre folículo pericoronário e

cisto dentígero, pois o nível de concordância foi fraco entre os observadores

radiográficos 1 e 2;

c) a análise histopatológica dos tecidos pericoronários apontou um predomínio

do diagnóstico de folículo pericoronário, onde houve uma concordância

moderada entre os diagnósticos dos observadores histopatológicos 1 e 2;

d) foi muito baixo o nível de concordância entre os diagnósticos dos

observadores radiográficos e histopatológicos, bem como entre estes e a

largura dos espaços pericoronários;


187

e) não foram encontrados parâmetros radiográficos e histopatológicos que,

isoladamente, permitiram diferenciar folículos pericoronários de cistos

dentígeros. É indispensável a soma de informações clínicas, radiográficas e

histopatológicas para o estabelecimento do correto diagnóstico.


188

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198

APÊNDICES
199

APÊNDICE A - Cadastro do paciente e exame macroscópico dos tecidos


pericoronários removidos.

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CADASTRO DO PACIENTE

DADOS PESSOAIS

Nome:

Código nesta pesquisa:

N° do Prontuário: Sexo: Idade: Cor:

Data de Nascimento: Local de Nascimento: UF:

Nacionalidade: Estado Civil:

Grau de Instrução:

Nome do Responsável:

ENDEREÇO RESIDENCIAL

Endereço Residencial (rua):

N°: Complemento: Bairro:

Município: UF: CEP: Telefone:

EXAME MACROSCÓPICO DOS TECIDOS PERICORONÁRIOS REMOVIDOS

Número de fragmentos
Consistência
Formato
Cor
Tamanho (cm)
200

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Este documento tem como objetivo, firmar acordo por escrito, para que você
possa participar desta pesquisa. O texto que segue, contêm algumas explicações
sobre como será sua participação neste trabalho e, para que o acordo seja válido,
preciso de sua assinatura concordando com sua participação. Sua desistência será
aceita a qualquer momento e não acarretará em nenhum prejuízo ou represália a
sua pessoa.

Esta pesquisa apresenta o seguinte título: “Estudo radiográfico e histopatológico


dos tecidos pericoronários de terceiros molares não irrompidos e parcialmente
irrompidos”.
Este estudo é necessário porque os tecidos que envolvem a coroa dos dentes do
siso que não nasceram podem sofrer alterações patológicas, como por exemplo,
processos inflamatórios, císticos ou neoplásicos. Estas alterações quando
presentes, podem provocar aumento de volume, deslocamento e reabsorção dental,
destruição óssea, fratura patológica da maxila e/ou da mandíbula, colocando em
risco, a saúde dos pacientes.
Para a execução desta pesquisa, serão realizados os seguintes procedimentos:
após a assinatura do termo de Consentimento Livre e Esclarecido, da anamnese e
do exame clínico, o paciente será encaminhado para o Serviço de Radiologia do
Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina
para a realização da radiografia panorâmica (filme fora da boca). Com as
radiografias em mãos e, constatada a necessidade de extrair o dente do siso, o
paciente será orientado sobre o procedimento cirúrgico. Este será realizado no
Núcleo de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e Patologia Bucal do Hospital
Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina ou na Disciplina de Cirurgia
III do Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Santa
Catarina. O dente do siso removido e os tecidos que estão grudados na coroa dele
serão colocados em formol a 10% e serão encaminhados para o Serviço de
Diagnóstico Histopatológico de Lesões Bucais do Curso de Odontologia da
Universidade do Vale do Itajaí para exame. Qualquer problema observado nos
tecidos removidos, o paciente será contactado e receberá as devidas orientações.
Para a realização das radiografias serão tomadas todas as medidas protetoras.
São elas: uso de avental de chumbo e protetor de tireóide pelo paciente; uso de
201

filmes de emulsão dupla e ultra-rápidos que diminuem o tempo de exposição para o


paciente. Serão seguidas todas as recomendações para a execução das técnicas
radiográficas e para o processamento dos filmes para evitar repetições
desnecessárias. Independentemente da realização desta pesquisa, os pacientes
farão as radiografias panorâmicas, com o objetivo de auxiliar na cirurgia. Além
disso, a extração de um dente que não nasceu, pode ser considerada uma cirurgia
relativamente simples. O paciente responderá a perguntas sobre seu estado de
saúde previamente ao ato cirúrgico, será medicado no pré e pós-operatório e
receberá recomendações pós-cirurgia.
Esta pesquisa traz como benefício, a oportunidade que o paciente tem de
realizar o tratamento do dente do siso, assim como de fazer uma radiografia onde
outros problemas podem ser visualizados.
Qualquer dúvida em relação ao estudo ou se o paciente não quiser mais fazer
parte do trabalho, pode entrar em contato com Carla pelos telefones (48) 334-1456
ou (48) 99832921. Há garantia que todo material coletado e as informações
fornecidas serão confidenciais e, somente serão utilizados neste trabalho, em aulas
expositivas, na apresentação de trabalhos em eventos científicos e na publicação de
artigos em revistas odontológicas, sendo que nome do participante, nunca
aparecerá.

1) Data:

Profª. Dra. Liliane Janete Grando


Pesquisadora Responsável

2) Data:

Carla Girardi
Pesquisadora Principal

Consentimento Pós-Informação

Eu fui esclarecido sobre


a pesquisa: “Estudo radiográfico e histopatológico dos tecidos pericoronários de
terceiros molares não irrompidos e parcialmente irrompidos” e concordo que meus
dados sejam utilizados na realização da mesma.

Florianópolis, de de 2002.
Assinatura:
R.G.:
202

APÊNDICE C – Análise radiográfica 1.

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ANÁLISE RADIOGRÁFICA 1

M
IDENTIFICAÇÃO

DENTE

MAIOR LARGURA DO ESPAÇO


PERICORONÁRIO (mm)

FOLÍCULO
PERICORONÁRIO CISTO DENTÍGERO OUTROS (QUAL?)

DIAGNÓSTICO (assinale o
diagnóstico radiográfico com
um X)

M
IDENTIFICAÇÃO

DENTE

MAIOR LARGURA DO ESPAÇO


PERICORONÁRIO (mm)

FOLÍCULO
PERICORONÁRIO CISTO DENTÍGERO OUTROS (QUAL?)

DIAGNÓSTICO (assinale o
diagnóstico radiográfico com
um X)
203

APÊNDICE D – Análise radiográfica 2.

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ANÁLISE RADIOGRÁFICA 2 (assinalar as opções corretas com um X)

Observador: ( ) Observador 1 ( ) Observador 2

Identificação da radiografia na pesquisa M


Dente
Situação do elemento dental ( ) Não-irrompido ( ) Parcialmente irrompido
Localização da imagem Mesial Distal Vestibular/palatal/lingual
( ) ( ) ( )

Tamanho da imagem ( ) Menor ou = 2,5 mm ( ) Maior ou = 2,6 mm

( ) Fina ( ) Espessa

Margem esclerótica da imagem ( ) Contínua e/ou nítida ( ) Descontínua e/ou


pouco nítida

Margem esclerótica inferior


( ) Presente ( ) Ausente
(sobre o dente)
Inserção da osteogênese reacional ( ) Colo do dente ( ) Fora do colo do dente
Rarefação óssea na furca do dente ( ) Presente ( ) Ausente
envolvido
Reabsorção de dentes adjacentes ( ) Presente ( ) Ausente
DIAGNÓSTICO RADIOGRÁFICO ( ) Folículo pericoronário
( ) Cisto dentígero
( ) Cisto paradental
( ) Outros, especificar:
204

APÊNDICE E – Análise microscópica dos tecidos pericoronários removidos.

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EXAME HISTOPATOLÓGICO DOS TECIDOS PERICORONÁRIOS REMOVIDOS

OBSERVADOR:

LÂMINAS M1 M2 M3 M4 M5
Epitélio ausente
Epitélio presente
Epitélio reduzido do
órgão do esmalte
Epitélio reduzido do
órgão do esmalte
hiperplásico
Epitélio
pavimentoso
estratificado
Epitélio
pavimentoso
estratificado
hiperplásico
Epitélio de mucosa
bucal
Ilhas de epitélio
odontogênico
Infiltrado
inflamatório no
epitélio (exocitose)
Outros:

Tecido conjuntivo
frouxo
Tecido conjuntivo
fibroso
Infiltrado
inflamatório
mononuclear
Infiltrado
inflamatório
polimorfonuclear
Infiltrado
inflamatório
ausente
Outros:

Folículo
pericoronário
Cisto dentígero
Outros:
205

APÊNDICE F – Lista dos dados obtidos a partir da amostra (idade, gênero, dente e
resultados das análises radiográficas e histopatológicas).

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RADIOGRÁFICOS HISTOPATOLÓGICOS
OBSERV OBSERV
IDENTIFICAÇÃO IDADE GÊNERO DENTE LARGURA OBSERV1 OBSERV2 1 2
M1 16 M 48 2 1
M2 16 F 48 1 1
M3 16 F 38 1 1
M4 24 F 38 1 1 1 2 6
M6 20 F 28 2 1 2 1 1
M7 22 F 28 1 6
M8 20 F 38 1 1
M9 19 F 18 1 1 1 1 1
M10 20 F 38 2 2 2 1 1
M11 25 F 1 1
M12 22 F 1 1
M13 20 M 1 1
M14 20 F 1 1
M15 22 F 1 1
M16 19 F 48 1 1
M17 22 F 38 2 2
M18 19 M 18 1 1 2 1 1
M19 20 F 48 2 2 1 1 1
M20 18 F 38 1 1
M21 19 F 38 1 1
M22 25 M 38 1 6
M23 20 F 28 1 2 1 1 1
M24 15 M 48 2 3 1 2 1
M25 20 F 1 6
M26 20 F 18 2 2 2 1 2
M27 19 M 38 1 3 1 1 1
M28 25 F 38 2 2
M29 25 F 48 2 2
M30 20 M 18 1 2 1 1 1
M31 M 1 1
M32 M 1 1
M33 M 1 1
M34 21 M 48 1 2
M35 17 M 18 1 1 1 1 1
M36 19 M 38 1 1
M37 20 F 4 1
206

RADIOGRÁFICOS HISTOPATOLÓGICOS
OBSERV OBSERV
IDENTIFICAÇÃO IDADE GÊNERO DENTE LARGURA OBSERV1 OBSERV2 1 2
M38 20 F 1 4
M39 20 M 2 1
M40 23 F 38 2 4
M41 23 M 48 1 4
M42 17 M 38 1 1 1 1 2
M43 24 F 38 1 1 1 1 1
M44 24 F 48 1 3 1 1 1
M45 26 F 48 1 1 1 1 1
M46 20 F 48 1 1
M47 M 48 1 1
M48 18 F 48 1 1 1 1 5
M49 21 F 38 1 6
M50 16 F 1 6
M51 26 F 48 1 1 1 1 1
M52 23 F 38 1 1 1 2 6
M53 23 F 48 2 1 1 2 2
M54 20 F 38 2 3 3 1 1
M55 21 F 48 2 1 1 1 1
M56 26 F 38 1 1 1 2 1
M57 26 F 48 1 1 1 1 2
M58 17 F 38 1 1 1 1 1
M59 15 F 48 1 1 1 1 1
M60 18 M 48 1 1 1 1 1
M61 M 18 1 1
M62 18 F 18 1 1 1 1 6
M63 20 F 18 1 2 1 1 1
M64 15 F 18 2 2 2 1 1
M65 22 M 18 1 1 1 1 1
M66 21 F 28 2 1
M67 19 M 28 1 2
M68 21 F 18 1 1
M69 19 M 18 1 1
M70 21 F 18 1 1
M71 21 F 28 1 1
M72 17 F 28 1 1 1 1 1
M73 22 F 18 1 1 1 1 1

LEGENDA 1 FOLÍCULO PERICORONÁRIO


2 CISTO DENTÍGERO
3 CISTO PARADENTAL
4 MUCOSA BUCAL
5 INAPROPRIADO
6 CONJUNTIVO COM INFLAMAÇÃO
207

APÊNDICE G – Análise estatística

Tabela 1 - Freqüências dos diagnósticos radiográficos realizados pelos


observadores 1 e 2

OBSERV 2 Total
1 2
OBSERV 1 1 20 2 22
2 7 4 11
Total 27 6 33

O teste de kappa resultou valor 0,308, com valor de concordância considerado fraco
entre os dois observadores.

Tabela 2 - Freqüências dos diagnósticos radiográficos realizados pela largura do


espaço pericoronário e pelo observador 1

OBSERV 1 Total
1 2
LARGURA 1 19 5 24
2 3 6 9
Total 22 11 33

O teste de kappa resultou valor 0,429, com valor de concordância considerado


moderado entre os dois observadores.

Tabela 3 - Freqüências dos diagnósticos radiográficos realizados pela largura do


espaço pericoronário e pelo observador 2

OBSERV 2 Total
1 2
LARGURA 1 23 1 24
2 4 5 9
Total 27 6 33

O teste de kappa resultou valor 0,574, com valor de concordância considerado


moderado entre os dois observadores.
208

Tabela 4 - Distribuição segundo o gênero dos pacientes e o diagnóstico da largura


dos espaços pericoronários

LARGURA Total
1 2
GÊNERO F 17 8 25
M 7 1 8
Total 24 9 33

O teste de qui-quadrado para verificar associação entre gênero e diagnósticos


resultou: qui-quadrado 1,162, com 1 grau de liberdade, p=0,281.
O teste indicou não haver associação entre o gênero e os diagnósticos realizados.

Tabela 5 - Distribuição segundo a faixa etária dos pacientes e o diagnóstico da


largura dos espaços pericoronários

LARGURA Total
1 2
FAIXA 15 A 18 8 2 10
19 A 22 8 6 14
23 A 26 8 1 9
Total 24 9 33

O teste de qui-quadrado para verificar associação entre faixa etária e diagnósticos


resultou: qui-quadrado 3,166, com 2 graus de liberdade, p=0,205.
O teste indicou não haver associação entre a faixa etária e os diagnósticos
realizados.

Tabela 6 - Distribuição segundo a arcada dentária envolvida e o diagnóstico da


largura dos espaços pericoronários

LARGURA Total
1 2
ARCADA INF 14 6 20
SUP 10 3 13
Total 24 9 33

O teste de qui-quadrado para verificar associação entre arcada e diagnósticos


resultou: qui-quadrado 0,19, com 1 grau de liberdade, p=0,663.
O teste indicou não haver associação entre arcada e os diagnósticos realizados.
209

Tabela 7 - Freqüências dos diagnósticos histopatológicos realizados pelos


observadores 1 e 2

HIST2 Total
1 2 3
HIST1 1 48 3 8 59
2 3 6 3 12
3 1 1
Total 51 9 12 72

O teste de kappa resultou valor 0,404, com valor de concordância considerado


moderado entre os dois observadores.

Tabela 8 - Distribuição segundo o gênero dos pacientes e os diagnósticos


histopatológicos do observador 1

GÊNERO Total
F M
HIST1 1 40 19 59
2 9 3 12
Total 49 22 71

O teste de qui-quadrado para verificar associação entre gênero e diagnósticos


resultou: qui-quadrado 0,02235, com 1 grau de liberdade, p=0,8812.
O teste indicou não haver associação entre o gênero e os diagnósticos realizados.

Tabela 9 - Distribuição segundo a faixa etária dos pacientes e os diagnósticos


histopatológicos do observador 1

FAIXA Total
15 a 18 19 a 22 23 a 26
HIST1 1 13 33 8 59
2 2 3 7 12
Total 15 36 15 71

O teste de qui-quadrado para verificar associação entre faixa etária e diagnósticos


resultou: qui-quadrado 10,7657, com 2 graus de liberdade, p=0,0046.
O teste indicou que na faixa etária de 23 a 26 anos foram encontrados mais
diagnósticos de cistos dentígeros.
210

Tabela 10 - Distribuição segundo a arcada dentária envolvida e os diagnósticos


histopatológicos do observador 1

ARCADA Total
INF SUP
HIST1 1 28 20 48
2 10 1 11
Total 38 21 59

O teste de qui-quadrado para verificar associação entre arcada e diagnósticos


resultou: qui-quadrado 2,843, com 1 grau de liberdade, p=0,0917.
O teste indicou não haver associação entre arcada e os diagnósticos realizados.

Tabela 11 - Distribuição segundo o gênero dos pacientes e os diagnósticos


histopatológicos do observador 2

GÊNERO Total
F M
HIST2 1 35 16 51
2 7 2 9
3 8 4 12
Total 50 22 72

O teste de qui-quadrado para verificar associação entre gênero e diagnósticos


resultou: qui-quadrado 0,354, com 2 graus de liberdade, p=0,838.
O teste indicou não haver associação entre o gênero e os diagnósticos realizados.

Tabela 12 - Distribuição segundo a faixa etária dos pacientes e os diagnósticos


histopatológicos do observador 2

FAIXA Total
15 a 18 19 a 22 23 a 26
HIST2 1 14 28 6 48
2 4 5 9
3 1 5 4 10
Total 15 37 15 67

O teste de qui-quadrado para verificar associação entre faixa etária e diagnósticos


resultou: qui-quadrado 11,91245, com 4 graus de liberdade, p=0,018.
O teste indicou que na faixa etária de 23 a 26 anos foram encontrados mais
diagnósticos de cistos dentígeros, tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório e
inapropriado.
211

Tabela 13 - Distribuição segundo a arcada dentária envolvida e os diagnósticos


histopatológicos do observador 2

ARCADA Total
INF SUP
HIST2 1 24 17 41
2 7 2 9
3 7 2 9
Total 38 21 59

O teste de qui-quadrado para verificar associação entre arcada e diagnósticos


resultou: qui-quadrado 2,02, com 2 graus de liberdade, p=0,3642.
O teste indicou não haver associação entre arcada e os diagnósticos realizados.

Tabela 14 - Freqüência dos diagnósticos realizados pelo observador histopatológico


1 e pela largura do espaço pericoronário

LARGURA Total
1 2
HIST1 1 19 7 26
2 2 2 4
Total 21 9 30

O teste de kappa resultou valor 0,151, com valor de concordância muito baixo, sem
significância, e de valores pobres entre os dois observadores.

Tabela 15 - Freqüência dos diagnósticos realizados pelo observador histopatológico


1 e pelo observador radiográfico 1

RADIOG 1 Total
1 2
HIST1 1 16 7 23
2 3 3
Total 19 7 26

O teste de kappa resultou valor 0,193, com valor de concordância muito baixo, sem
significância, e de valores pobres entre os dois observadores.
212

Tabela 16 - Freqüência dos diagnósticos realizados pelo observador histopatológico


1 e pelo observador radiográfico 2

RADIOG 2 Total
1 2
HIST1 1 20 5 25
2 4 4
Total 24 5 29

O teste de kappa resultou valor 0,181, com valor de concordância muito baixo, sem
significância, e de valores pobres entre os dois observadores.

Tabela 17 - Freqüência dos diagnósticos realizados pelo observador histopatológico


2 e pela largura do espaço pericoronário

LARGURA Total
1 2
HIST2 1 19 8 27
2 2 1 3
Total 21 9 30

O teste de kappa resultou valor 0,02, com valor de concordância muito baixo, sem
significância, e de valores pobres entre os dois observadores.

Tabela 18 - Freqüência dos diagnósticos realizados pelo observador histopatológico


2 e pelo observador radiográfico 1

RADIOG 1 Total
1 2
HIST2 1 17 6 23
2 2 1 3
Total 19 7 26

O teste de kappa resultou valor 0,046, com valor de concordância muito baixo, sem
significância, e de valores pobres entre os dois observadores.
213

Tabela 19 - Freqüência dos diagnósticos realizados pelo observador histopatológico


2 e pelo observador radiográfico 2

RADIOG 2 Total
1 2
HIST2 1 22 4 26
2 2 1 3
Total 24 5 29

O teste de kappa resultou valor 0,139, com valor de concordância muito baixo, sem
significância, e de valores pobres entre os dois observadores.
214

ANEXOS
215

ANEXO A – Parecer consubstanciado.


216

ANEXO B – Técnica de coloração com hematoxilina-eosina, baseada em Philippi


(1999).

• Xylol 1 – 3 minutos

• Xylol 2 – 3 minutos

• Álcool 100% 1 – 3 minutos

• Álcool 100% 2 – 3 minutos

• Álcool 90% 1 – 3 minutos

• Álcool 70% 1 – 3 minutos

• Lavar em água destilada – 1 vez

• Hematoxilina – 3 minutos

• Lavar em água corrente – 10 minutos

• Eosina – 4 minutos

• Lavar em água destilada – 2 vezes

• Álcool 95% – colocar e tirar

• Álcool 100% 1 – 3 minutos

• Álcool 100% 2 – 3 minutos

• Álcool + xylol – 3 minutos

• Xylol diafanizador – 3 minutos

• Xylol montagem – 3 minutos


217

ANEXO C – Técnica de coloração com tricrômico de Mallory, baseada em Philippi


(1999).

• Xylol 1 – 3 minutos

• Xylol 2 – 3 minutos

• Álcool 100% 1 – 3 minutos

• Álcool 100% 2 – 3 minutos

• Álcool 90% 1 – 3 minutos

• Álcool 70% 1 – 3 minutos

• Lavar em água destilada – 1 vez

• Hematoxilina – 3 minutos

• Lavar em água corrente – 10 minutos

• Mallory A – 5 minutos

• Mallory B – 10 minutos

• Lavar em água destilada – 2 vezes

• Álcool 95% – colocar e tirar

• Álcool 100% 1 – 3 minutos

• Álcool 100% 2 – 3 minutos

• Álcool + xylol – 3 minutos

• Xylol diafanizador – 3 minutos

• Xylol montagem – 3 minutos

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