Você está na página 1de 10

Análise Crítica

Os dados levantados neste trabalho não têm a finalidade de explicar os desastres


envolvendo deslizamentos de massa, mas realizar uma comparação de dados para
possivelmente relacionar fatores humanos e naturais que agravam e desencadeiam os
desastres, com o objetivo da prevenção e resiliência da sociedade atingida.

O registro de ocorrência de desastres permite acompanhar a evolução de pequenos


eventos que poderão se tornar um problema no futuro, gestores públicos terão
ferramentas para melhorar as ações de prevenção e mitigação com o intuito de reduzir
as vulnerabilidades, facilita a orientação das comunidades na conscientização e
municia pesquisadores em estudos de mapeamento de áreas de risco (Centro
Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres, 2012).

Segundo Carmo e Anazawa (2014) o registro e a análise das consequências dos


desastres, é de fundamental importância, de modo a contribuir com políticas públicas
eficientes, capazes de reduzir as perdas e o número de mortes. Os autores ainda
apontam a dificuldade de determinar se o número de desastres e as mortes por
desastres estão aumentando no Brasil, muito devido às variações dos eventos que
ocorrem a cada ano. Mostrando a dificuldade de trabalhar com bases de dados com
variáveis como mortalidade e migração e o escasso registro histórico, oficial, de
desastres passados.

Todo o ano milhares de pessoas são afetadas diretamente em decorrência de


desastres e dezenas de pessoas morrem no estado do Rio de Janeiro. Os eventos
hidrológicos são os mais recorrentes, em especial as inundações, enxurradas e
movimentos de massa. O enfoque deste trabalho é nos eventos de movimentos de
massa, no município de Petrópolis, no período de 1988 a 2022.

Segundo pesquisa realizada pelo IPT (Macedo e Sandre, XXXX) o total de vítimas
envolvendo movimentos de massa é de 4126 pessoas em todo o Brasil, com média
anual de 118 vítimas.
De acordo com o gráfico (XX) permitem concluir é que não existe uma tendência clara de
aumento do número de óbitos associados às causas de morte relacionadas a desastres ao
longo do período considerado. Existem flutuações que são significativas a cada ano, que
poderiam ser ainda maiores se fossem considerados os episódios de desastres ocorridos em
décadas anteriores (Carmo e Anazawa, 2014).

De acordo com o gráfico (XX) em apenas 7 anos o número de mortes ultrapassou a média
anual de mortos, o equivalente a 20% do total do período. Os três desastres com maior
número de mortes são os anos de 1988 (295), 2011 (969) e 2022 (443), onde os três estão
relacionados com os desastres no município de Petrópolis.

O número de acidentes registrados no Rio de Janeiro é de 226 enquanto em São Paulo é de


234 em comparação ao número de mortes ambos apresentam 2143 e 567, respectivamente. O
número de mortes por desastre no estado carioca apresenta alta significância em relação aos
demais estados, com média de 9,5 mortes por acidente. (FIGURA XX)
Os municípios de Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis são os que possuem maior número
de mortes no estado, o número de mortes nestas três cidades representa 70,3% do total de
mortes no estado e 36,3% do total de mortes do país. Ainda com o número de acidentes
relativamente baixos em comparação com os demais municípios do estado, representando
9.7, 63 e 35,4 mortes por acidentes, respectivamente. Esta discrepância de dados se explica
devido a ocorrência de eventos climáticos extremos na região Serrana, onde se localizam os
três municípios, em especial ao desastre de 2011, onde os três foram acometidos por eventos
extremos de fortes chuvas. E ainda a alta vulnerabilidade da região para desastres de eventos
climáticos (FIGURA XX).
Os registros históricos demonstram que a cidade de Petrópolis sempre foi afetada por
processos associados a episódios pluviométricos intensos, onde os desasastes envolvendo
deslizamentos de massa são eventos cíclicos e recorrentes, e há muito tempo conhecidos pela
população e pelos governos e historicamente causadores de desastres e fatalidades.

Desde a sua fundação, no período imperial, a cidade de Petrópolis passa por inúmeros relatos
de deslizamentos, inundações, chuvas fortes e outros eventos. Porém é observado o aumento
dos danos e o agravo dos desastres. No ano de 1988 ocorreu no município fortes chuvas
deixando mais de 200 vítimas, sendo considerada o maior desastre do município. No ano de
2011, novamente, fortes chuvas assolaram a região Serrana do estado do Rio de Janeiro que
deixaram 74 mortes apenas no município de Petrópolis, ficando conhecida como o pior
desastre da história brasileira, segundo Wernke (2021). No ano de 2022, fortes chuvas,
atingiram o todo o município e acometeram 241 mortes. No período analisado esses eventos
ficaram conhecidos como “Megadesastres”, onde grandes e intensas precipitações de chuvas
culminaram em desastres, com elevado número de vítimas e afetado, estas precipitações
fogem dos parâmetros conhecidos para a região.

Os desastres de grande magnitude que atingem o município podem ser relacionados


diretamente a topografia acidentada, com elevada altitude e cercada por montanhas, os
elevados índices pluviométricos comuns na região e a ocupação urbana irregular. Petrópolis
está localizada na Serra do Mar, feição geomorfológica presente em toda a região sudeste do
Brasil; são comuns encostas íngremes, vales encaixados e rasas camadas de solo. A serra
também é uma barreira física para os ventos úmidos do Oceano Atlântico, levando a formação
de chuvas orográficas, muitas vezes agravadas pela Zona de Convergência do Atlântico Sul.
Esses dois fatores acarretam a ocorrência de chuvas muito intensas em um terreno instável.
(Blaudt, Alvarenga e Garin, 2022).

Por fim, sabemos que para evitar a repetição de um desastre nestas proporções as
intervenções de obras civis não bastam. A chave para a diminuição de fatalidades está em
ações de prevenção como o mapeamento de áreas de risco e a conscientização da população
dos riscos aos quais ela está submetida. Essa conscientização certamente irá evitar ou pelo
menos minimizar a ocupação de áreas de risco, assim como trazer confiança à população nos
sistemas de alerta.

O Megadesastre da Região Serrana do Rio de Janeiro – as Causas do Evento, os Mecanismos


dos Movimentos de Massa e a Distribuição Espacial dos Investimentos de Reconstrução no
Pós-Desastre

Gráfico do autor Mortes x Ano


Número de Vítimas x Ano
350

300

250

200

150

100

50

0
1988 2001 2003 2007 2008 2009 2011 2013 2016 2018 2022

(acrescentar total de afetados e os meses dos desastres)

O gráfico acima foi elaborado a partir de dados obtidos pelo banco de dados do IPT em
conjunto com o banco de dados EM-DAT. É possível analisar que os desastres com maior
número de vítimas foram os anos de 1988, 2011 e 2022. Vale ressaltar que no ano de 2013 o
evento climático não resultou em um maior número de vítimas, pois a região atingida foi em
área rural, com baixa taxa demográfica. Ottero (2018) considera os eventos dos anos de 2011 e
2013 como eventos acentuados. Onde o evento ocorrido em Petrópolis em 2013 superou a
intensidade das chuvas ocorridas em Nova Friburgo em 2011, porém o número de mortes foi
menor.

Com os desastres citados não é possível afirma que os eventos danosos no município estão
com aumento gradual, mas é possível observar a condicionante de eventos extremos na
região, provocando grandes estragos e contribuindo para o aumento da média geral dos
dados.

Entretanto é perceptível o aumento do número de eventos climáticos extremos na região,


onde no período de 1988 até 2010, foi registrado um evento extremo, enquanto do ano de
2010 até 2022 foram identificados três eventos extremos no município. E ainda, mesmo com
os eventos extremos registrados na região Serrana, é possível que muitos outros eventos com
a mesma ou maior magnitude já tenham ocorrido, de forma muito localizada, onde não havia
sistema de monitoramento. (Araújo, 2013).

O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, os relatórios do CEMADEN e DRM, e as informações


da ANA são cruciais para uma melhor compreensão dos desastres na região Serrana. A coleta
dos dados serve de bases para futuros trabalhos para a redução dos danos provocas por
desastres e para a comprovação e identificação dos aumentos dos eventos extremos. As
limitações dos dados, aqui apresentadas, podem ser resolvidas sistematizando e aprimorando
a coleta dos dados sendo criado base de dados oficiais pelo governo Federal, onde as
instituições municipais, regionais, estaduais e federais devam comunicar diretamente para a
instituição do governo, responsável pelo banco de dados. Para os pós desastre para a
compreensão de forma sociológica, do impacto de um desastre em uma comunidade, é
necessário um estudo aprofundado e detalhado nos bancos de dados.
Segundo Castilho (2012), os eventos da Região Serrana evidenciaram a dimensão dos riscos
ambientais, considerando os desastres como o reflexo de uma gestão ambiental,
principalmente dos riscos, dissociada do planejamento urbano como um todo. Desse modo,
tanto a quantidade de chuvas como a dinâmica local, com construções inadequadas, áreas de
proteção ambiental ocupadas, falta de estrutura de drenagem e desmatamento generalizado
convergiram para a ocorrência do que foi conhecido como um desastre.

Comparativo de prejuízos com valores de medidas de melhorias

O modelo de Gestão de Risco, através do empreendimento de ações estruturais,


exclusivamente, através de obras de remediação realizadas após acidentes ou eventos
catastróficos como os ocorridos em 1988 e 2011, como forma concreta de resposta à
sociedade, por si só não é suficiente para a efetiva redução de risco. Além disso, as ações
estruturais, mesmo as de cunho preventivo demandam elevado montante de recursos e,
sendo assim, carecem da elaboração de projetos, captação de recurso e execução, portanto,
constituem ações cuja intervenção na redução de risco se dá a médio e longo prazo.

Por outro lado, as ações não estruturais são essencialmente de previsão, proteção e prevenção
e devem ser de caráter permanente. Além disso, possuem cunho multidisciplinar dada a
diversidade de abordagens. O montante de recursos é relativamente pequeno quando
comparado às ações estruturais e são ações desenvolvidas de modo contínuo. Entretanto,
estas ações demandam, antes de mais nada várias regulamentações, através de leis e
decretos, que garantam a sua perenização na Administração Pública. Estas leis estabelecem
competências e definem a sustentabilidade orçamentária dos programas, sem a qual as ações
ficam sujeitas as descontinuidades e, por fim, acabam substituídas por políticas menores de
cunho assistencialista e clientelista.

Devido à complexidade de problemas de urbanização e infraestrutura nos assentamentos


precários optou-se por uma setorização em categorias de intervenções de acordo com a
tipologia proposta para as ações– estruturais, para posterior detalhamento durante a
elaboração do Projeto Básico. A partir da delimitação dos 14 setores e atribuição para cada
setor de uma categoria de intervenção foi possível quantificar o número de moradias e área
em hectare de cada setor de intervenção.

O cálculo dos valores das intervenções foi baseado nas áreas de cada categoria (ha) e no
número de moradias. A partir deste critério, foram montadas planilhas (ANEXO III) com a
estimativa de custos calculada a partir de valores definidos por tipo de serviço ou obras
indicadas por hectare, ou seja, foram considerados os custos de obras e serviços para uma
área equivalente a 1ha (um hectare). Este valor foi atribuído proporcionalmente a cada área
de intervenção conforme mostrado nas tabelas do ANEXO IV. A Tabela 4.1 relaciona as obras e
os serviços previstos nas para cada ação estrutural proposta.
Segundo uma análise geral do evento na Região Serrana, os custos totais de R$ 4.78 bilhões
são representativos frente a economia dos municípios afetados. Dados do IBGE para o PIB total
dos sete municípios foram da ordem de R$ 11.8 bilhões para o ano de 2009. Logo, os desastres
incorreram em danos e perdas de aproximadamente 40% do total do PIB do ano de 2009. Note
que estes foram os custos estimados, mas que por razões de complexidade de análise e falta
de dados, os efeitos pós-desastres não foram contabilizados o que pode indicar ainda maiores
impactos em decorrência dos eventos de 2011. Assim, conclui-se que os valores são
representativos nas atividades econômicas da Região Serrana, que ainda enfrenta desafios
para se recuperar de forma integral para sua situação pré-desastres. Além da necessidade de
recuperação e reconstrução dos sistemas afetados, existe a necessidade de redução de riscos e
vulnerabilidades e que, somente no caso específico dos sete municípios afetados, foram
estimados em R$ 1 bilhão para obras de contenção de encostas sem se considerar os custos de
reassentamento de população em áreas de risco, por exemplo.

Em específico, o padrão de impactos dos desastres de 2011 remete a grande vulnerabilidade


do setor habitacional que, de forma individual, responde por quase a metade das perdas e
danos totais estimados (R$ 2.6 bilhões). Quando segmentado nos 7 municípios afetados pelo
evento, pode-se concluir que os impactos são extremamente representativos para as
economias de cada cidade. Além disso, parte relevante dos custos é proveniente de destruição
e danificação de habitações populares que, de forma indireta, são arcados pelo poder público.

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Pesquisa e Estudos sobre


Desastres. Capacitação dos gestores de Defesa Civil para uso do Sistema Integrado de
Informações sobre Desastres – S2ID / [Texto: Jairo Ernesto Bastos Krüger]. - Florianópolis: CAD
UFSC, 2012. 112 p. : 30 cm.
Conclusão

Esta compreensão deve nortear de forma urgente e necessária um redesenho organizacional


do modo como o estado brasileiro enfrenta o tema dos desastres, de forma a buscar uma
interoperabilidade de sua estrutura visando um incremento da resiliência e gerando políticas
integradas4,29. Desde políticas de prevenção da situação existente envolvendo políticas e
planejamento da ocupação e uso do solo, incluindo as habitações e a exploração agrícola, até
as de reconstrução de estradas, pontes, escolas e estabelecimentos de saúde, assim como as
ações de preparação e respostas para desastres, devem ser integradas às políticas de
desenvolvimento locais e regionais, atuando com transparência e participação da sociedade
nos determinantes sociais e ambientais da saúde e na redução da vulnerabilidade
socioambiental.

Vulnerabilidade socioambiental, redução de riscos de desastres e construção da resiliência –


lições do terremoto no Haiti e das chuvas fortes na Região Serrana, Brasil

A redução de riscos de desastres deve combinar um conjunto de políticas que previnam a


ocorrência e limitem (mitigação e preparação) as consequências (perdas e danos) oriundas dos
desastres. Isto envolve um conjunto de estratégias para a construção da resiliência que tornem
as sociedades e as comunidades aptas a desenvolverem as habilidades de responder
adequadamente aos eventos, monitora-los, antecipa-los e aprender com os mesmos,
fortalecendo sua capacidade de adaptação após os desastres, mantendo um nível aceitável de
funcionamento e estrutura para restabelecer-se, recuperar-se e reconstituir-se, não só
retornando a normalidade de sua vida “cotidiana”, como também em condições ainda mais
sustentáveis e seguras do que as anteriormente existentes.

Para a região Serrana no Rio de Janeiro, em primeiro lugar é necessária a compreensão, por
parte dos gestores (do nível federal ao local) e da população, de que existe uma
vulnerabilidade climática e geofísica aos deslizamentos de terra e formação de enchentes. Em
outras palavras, é necessário o reconhecimento que ameaças naturais e potenciais de
desastres na região não são eventos inesperados.

Vulnerabilidade socioambiental, redução de riscos de desastres e construção da resiliência –


lições do terremoto no Haiti e das chuvas fortes na Região Serrana, Brasil

A coleta e organização de dados são uma etapa importante para a análise, avaliação e
proposta de soluções para qualquer problema que se apresente, principalmente no setor
público. Quando se trata da gestão de riscos geológicos, o que se exige é a construção de uma
base de dados atualizada sobre os eventos que já ocorreram, conhecendo a localização
geográfica, época/período em que ocorreram, número de fatalidades, dentre outros dados.

Outro ponto importante são as divergências dos dados, onde apresentam variações, mesmo
que mínimas no número de vítimas, feridos e pessoas afetadas. Com isso é importante atentar
no futuro para uma sistematização na publicação dos dados de desastres, onde os órgãos
envolvidos possam se comunicar para melhorar as informações divulgadas.

MORTES POR DESLIZAMENTOS NO BRASIL: 1988 A 2022


Considerações Finais

O município de Petrópolis foi uma das poucas cidades brasileiras a serem planejadas antes
mesmo de sua construção, através do plano Koeler, entretanto, mesmo com o planejamento,
o município sofreu, como a maioria das cidades brasileiras, o processo de espraiamento
urbano. Durante a década de 50, cerca de 36% da população brasileira era rural, no ano de
2010 esse número passou para 14%, segundo o IBGE. (CONFERIR FONTE).

Segundo Wernke (2021), o município de Petrópolis passou por três ondas migratórias em toda
sua história, desde o tempo da corte portuguesa, que contribuíram para o processo de
espraiamento urbano do município. “O movimento migratório impele necessidades estruturais
e a primeira é a moradia. A saída: os terrenos “desocupados” em áreas de preservação
permanente, já que a área central, dotada de infraestrutura adequada, serviços de transporte
público, água, luz, esgoto e calçamento já está ocupada por alguém “. A ocupação de áreas
irregulares, não é exclusividade da classe mais pobre, como aponta a autora, casas de alto
padrão ocupam encostas, topos de morros e áreas de preservação.

Petrópolis localiza-se na região da Serra do Mar, com 845 metros de altitude, possui
compartimentos montanhosos e alinhamentos serranos, tornando-se vulnerável à entrada de
massas de ar, gerando tempestades e grandes variações pluviométricas ao longo do ano.
Consequentemente, eventos extremos de chuvas intensas seguidas de movimentos de massa
e inundações são recorrentes (Waldherr e Tupinambá, 2014).

As mudanças climáticas é um outro fator que potencializam a ocorrências de eventos extremos


no município. Segundo o IPCC, 2021, já é possível observar o aumento dos índices
pluviométricos desde a década de 50, com isso o aumento de tempestades em todo o mundo.

A conjuntura dos fatores de adensamento demográfico, espraiamento urbano, falta de


infraestrutura pública, as condições meteorológicas (altos índices pluviométricos), formação
geológica (rasa camada de solo), aliado com as constantes mudanças climáticas, torna o
município de Petrópolis vulnerável a desastres. Que deixam as pessoas mais expostas ao
perigo. Em outras palavras, ser vulnerável é estar fisicamente exposta a uma ameaça, desastre,
iminente e apresentar dificuldades de recuperação após o dano sofrido.

No desastre que atingiu a região Serrana, no ano de 2011, Carvalho (2019) conclui em estudo
das condições geomorfológicas da região, “Por fim, entende-se que o volume de água que
atingiu a região serrana do estado do Rio de Janeiro associado às condições fisiográficas da
região e à expansão das atividades antrópicas para áreas vulneráveis ocasionaram enormes
prejuízos econômicos e numerosas perdas de vidas, o que poderia ser minimizado caso a
ocupação de áreas susceptíveis fosse restringida “.

Segundo a ONU as cidades resilientes são aquelas capazes de resistir, absorver, adaptar-se e
recuperar-se dos efeitos de um perigo de maneira tempestiva e eficiente, através, por
exemplo, da preservação e restauração de suas estruturas básicas e funções essenciais.
Para diminuir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência da população são necessários realizar
os gerenciamentos de riscos. Para realizar um eficiente gerenciamento de risco de desastres é
necessário, como primeiros passos, identificar perigos, delimitar as áreas de origem e as que
possam ser afetadas, entender as fragilidades do meio físico e social da região e da
comunidade, e antecipação aos eventos danosos, criação de sistemas de monitoramento e
alerta de desastres. O Caderno Técnico de Gestão Integrada de Risco e Desastres – GIRD+10
apontam ações essenciais para o correto gerenciamento de risco, são eles:
 A formulação de políticas públicas e instrumentos legais;
 Intervenções estruturais (obras e serviços, da engenharia tradicional e/ou de medidas
não convencionais);
 Intervenções não estruturais (ações contingenciais, educação para prevenção e
resiliência, comunicação de risco, medidas de redução das vulnerabilidades);
 Planejamento e preparação para o manejo dos desastres e para a reconstrução após
os desastres.

Diante deste contexto, é fundamental o registro dos dados dos desastres, para que se torne
viável uma análise, específica, das consequências dos desastres, da recorrência, dos aspectos
sociais, ambientais e físicos. De maneira que possa subsidiar políticas públicas, intervenções
estruturais e não estruturais, a preparação e planejamento, capazes de minimizar, ou eliminar
as perdas materiais e especialmente de vidas humanas.

Considerando estes aspectos, o presente trabalho apresentou dificuldades no alinhamento dos


dados dos desastres no município de Petrópolis, no período de 1988 a 2022. Onde os dados do
período, cedidas pelo IPT, obtiveram as fontes exclusivamente de matérias jornalísticas, que
em muitas, ou na maioria das vezes divergem entre os canais jornalísticos. Somente em maio
de 2022 o banco de dados de Mortes por Deslizamentos de Terras no Brasil (IPT) apresentou a
Defesa Civil Federal, como fonte dos dados.

_______________________________

Em relação ao registro dos desastres no Brasil, o Anuário de Desastres Naturais9 destaca três
iniciativas da Secretaria Nacional de Defesa Civil, em 2012, que auxiliaram o conhecimento do
histórico e perfil dos desastres no Brasil: (1) Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2010,
organizado pelo Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED), da
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; (2) Diagnóstico do Plano Nacional de Gestão
de Riscos e Resposta a Desastres (PNGRD), organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e;
(3) Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID). Neste trabalho destaca-se o
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais.

Mortalidade por desastres no Brasil: o que mostram os dados

_______________________________

Você também pode gostar