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Segundo pesquisa realizada pelo IPT (Macedo e Sandre, XXXX) o total de vítimas
envolvendo movimentos de massa é de 4126 pessoas em todo o Brasil, com média
anual de 118 vítimas.
De acordo com o gráfico (XX) permitem concluir é que não existe uma tendência clara de
aumento do número de óbitos associados às causas de morte relacionadas a desastres ao
longo do período considerado. Existem flutuações que são significativas a cada ano, que
poderiam ser ainda maiores se fossem considerados os episódios de desastres ocorridos em
décadas anteriores (Carmo e Anazawa, 2014).
De acordo com o gráfico (XX) em apenas 7 anos o número de mortes ultrapassou a média
anual de mortos, o equivalente a 20% do total do período. Os três desastres com maior
número de mortes são os anos de 1988 (295), 2011 (969) e 2022 (443), onde os três estão
relacionados com os desastres no município de Petrópolis.
Desde a sua fundação, no período imperial, a cidade de Petrópolis passa por inúmeros relatos
de deslizamentos, inundações, chuvas fortes e outros eventos. Porém é observado o aumento
dos danos e o agravo dos desastres. No ano de 1988 ocorreu no município fortes chuvas
deixando mais de 200 vítimas, sendo considerada o maior desastre do município. No ano de
2011, novamente, fortes chuvas assolaram a região Serrana do estado do Rio de Janeiro que
deixaram 74 mortes apenas no município de Petrópolis, ficando conhecida como o pior
desastre da história brasileira, segundo Wernke (2021). No ano de 2022, fortes chuvas,
atingiram o todo o município e acometeram 241 mortes. No período analisado esses eventos
ficaram conhecidos como “Megadesastres”, onde grandes e intensas precipitações de chuvas
culminaram em desastres, com elevado número de vítimas e afetado, estas precipitações
fogem dos parâmetros conhecidos para a região.
Por fim, sabemos que para evitar a repetição de um desastre nestas proporções as
intervenções de obras civis não bastam. A chave para a diminuição de fatalidades está em
ações de prevenção como o mapeamento de áreas de risco e a conscientização da população
dos riscos aos quais ela está submetida. Essa conscientização certamente irá evitar ou pelo
menos minimizar a ocupação de áreas de risco, assim como trazer confiança à população nos
sistemas de alerta.
300
250
200
150
100
50
0
1988 2001 2003 2007 2008 2009 2011 2013 2016 2018 2022
O gráfico acima foi elaborado a partir de dados obtidos pelo banco de dados do IPT em
conjunto com o banco de dados EM-DAT. É possível analisar que os desastres com maior
número de vítimas foram os anos de 1988, 2011 e 2022. Vale ressaltar que no ano de 2013 o
evento climático não resultou em um maior número de vítimas, pois a região atingida foi em
área rural, com baixa taxa demográfica. Ottero (2018) considera os eventos dos anos de 2011 e
2013 como eventos acentuados. Onde o evento ocorrido em Petrópolis em 2013 superou a
intensidade das chuvas ocorridas em Nova Friburgo em 2011, porém o número de mortes foi
menor.
Com os desastres citados não é possível afirma que os eventos danosos no município estão
com aumento gradual, mas é possível observar a condicionante de eventos extremos na
região, provocando grandes estragos e contribuindo para o aumento da média geral dos
dados.
Por outro lado, as ações não estruturais são essencialmente de previsão, proteção e prevenção
e devem ser de caráter permanente. Além disso, possuem cunho multidisciplinar dada a
diversidade de abordagens. O montante de recursos é relativamente pequeno quando
comparado às ações estruturais e são ações desenvolvidas de modo contínuo. Entretanto,
estas ações demandam, antes de mais nada várias regulamentações, através de leis e
decretos, que garantam a sua perenização na Administração Pública. Estas leis estabelecem
competências e definem a sustentabilidade orçamentária dos programas, sem a qual as ações
ficam sujeitas as descontinuidades e, por fim, acabam substituídas por políticas menores de
cunho assistencialista e clientelista.
O cálculo dos valores das intervenções foi baseado nas áreas de cada categoria (ha) e no
número de moradias. A partir deste critério, foram montadas planilhas (ANEXO III) com a
estimativa de custos calculada a partir de valores definidos por tipo de serviço ou obras
indicadas por hectare, ou seja, foram considerados os custos de obras e serviços para uma
área equivalente a 1ha (um hectare). Este valor foi atribuído proporcionalmente a cada área
de intervenção conforme mostrado nas tabelas do ANEXO IV. A Tabela 4.1 relaciona as obras e
os serviços previstos nas para cada ação estrutural proposta.
Segundo uma análise geral do evento na Região Serrana, os custos totais de R$ 4.78 bilhões
são representativos frente a economia dos municípios afetados. Dados do IBGE para o PIB total
dos sete municípios foram da ordem de R$ 11.8 bilhões para o ano de 2009. Logo, os desastres
incorreram em danos e perdas de aproximadamente 40% do total do PIB do ano de 2009. Note
que estes foram os custos estimados, mas que por razões de complexidade de análise e falta
de dados, os efeitos pós-desastres não foram contabilizados o que pode indicar ainda maiores
impactos em decorrência dos eventos de 2011. Assim, conclui-se que os valores são
representativos nas atividades econômicas da Região Serrana, que ainda enfrenta desafios
para se recuperar de forma integral para sua situação pré-desastres. Além da necessidade de
recuperação e reconstrução dos sistemas afetados, existe a necessidade de redução de riscos e
vulnerabilidades e que, somente no caso específico dos sete municípios afetados, foram
estimados em R$ 1 bilhão para obras de contenção de encostas sem se considerar os custos de
reassentamento de população em áreas de risco, por exemplo.
Para a região Serrana no Rio de Janeiro, em primeiro lugar é necessária a compreensão, por
parte dos gestores (do nível federal ao local) e da população, de que existe uma
vulnerabilidade climática e geofísica aos deslizamentos de terra e formação de enchentes. Em
outras palavras, é necessário o reconhecimento que ameaças naturais e potenciais de
desastres na região não são eventos inesperados.
A coleta e organização de dados são uma etapa importante para a análise, avaliação e
proposta de soluções para qualquer problema que se apresente, principalmente no setor
público. Quando se trata da gestão de riscos geológicos, o que se exige é a construção de uma
base de dados atualizada sobre os eventos que já ocorreram, conhecendo a localização
geográfica, época/período em que ocorreram, número de fatalidades, dentre outros dados.
Outro ponto importante são as divergências dos dados, onde apresentam variações, mesmo
que mínimas no número de vítimas, feridos e pessoas afetadas. Com isso é importante atentar
no futuro para uma sistematização na publicação dos dados de desastres, onde os órgãos
envolvidos possam se comunicar para melhorar as informações divulgadas.
O município de Petrópolis foi uma das poucas cidades brasileiras a serem planejadas antes
mesmo de sua construção, através do plano Koeler, entretanto, mesmo com o planejamento,
o município sofreu, como a maioria das cidades brasileiras, o processo de espraiamento
urbano. Durante a década de 50, cerca de 36% da população brasileira era rural, no ano de
2010 esse número passou para 14%, segundo o IBGE. (CONFERIR FONTE).
Segundo Wernke (2021), o município de Petrópolis passou por três ondas migratórias em toda
sua história, desde o tempo da corte portuguesa, que contribuíram para o processo de
espraiamento urbano do município. “O movimento migratório impele necessidades estruturais
e a primeira é a moradia. A saída: os terrenos “desocupados” em áreas de preservação
permanente, já que a área central, dotada de infraestrutura adequada, serviços de transporte
público, água, luz, esgoto e calçamento já está ocupada por alguém “. A ocupação de áreas
irregulares, não é exclusividade da classe mais pobre, como aponta a autora, casas de alto
padrão ocupam encostas, topos de morros e áreas de preservação.
Petrópolis localiza-se na região da Serra do Mar, com 845 metros de altitude, possui
compartimentos montanhosos e alinhamentos serranos, tornando-se vulnerável à entrada de
massas de ar, gerando tempestades e grandes variações pluviométricas ao longo do ano.
Consequentemente, eventos extremos de chuvas intensas seguidas de movimentos de massa
e inundações são recorrentes (Waldherr e Tupinambá, 2014).
No desastre que atingiu a região Serrana, no ano de 2011, Carvalho (2019) conclui em estudo
das condições geomorfológicas da região, “Por fim, entende-se que o volume de água que
atingiu a região serrana do estado do Rio de Janeiro associado às condições fisiográficas da
região e à expansão das atividades antrópicas para áreas vulneráveis ocasionaram enormes
prejuízos econômicos e numerosas perdas de vidas, o que poderia ser minimizado caso a
ocupação de áreas susceptíveis fosse restringida “.
Segundo a ONU as cidades resilientes são aquelas capazes de resistir, absorver, adaptar-se e
recuperar-se dos efeitos de um perigo de maneira tempestiva e eficiente, através, por
exemplo, da preservação e restauração de suas estruturas básicas e funções essenciais.
Para diminuir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência da população são necessários realizar
os gerenciamentos de riscos. Para realizar um eficiente gerenciamento de risco de desastres é
necessário, como primeiros passos, identificar perigos, delimitar as áreas de origem e as que
possam ser afetadas, entender as fragilidades do meio físico e social da região e da
comunidade, e antecipação aos eventos danosos, criação de sistemas de monitoramento e
alerta de desastres. O Caderno Técnico de Gestão Integrada de Risco e Desastres – GIRD+10
apontam ações essenciais para o correto gerenciamento de risco, são eles:
A formulação de políticas públicas e instrumentos legais;
Intervenções estruturais (obras e serviços, da engenharia tradicional e/ou de medidas
não convencionais);
Intervenções não estruturais (ações contingenciais, educação para prevenção e
resiliência, comunicação de risco, medidas de redução das vulnerabilidades);
Planejamento e preparação para o manejo dos desastres e para a reconstrução após
os desastres.
Diante deste contexto, é fundamental o registro dos dados dos desastres, para que se torne
viável uma análise, específica, das consequências dos desastres, da recorrência, dos aspectos
sociais, ambientais e físicos. De maneira que possa subsidiar políticas públicas, intervenções
estruturais e não estruturais, a preparação e planejamento, capazes de minimizar, ou eliminar
as perdas materiais e especialmente de vidas humanas.
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Em relação ao registro dos desastres no Brasil, o Anuário de Desastres Naturais9 destaca três
iniciativas da Secretaria Nacional de Defesa Civil, em 2012, que auxiliaram o conhecimento do
histórico e perfil dos desastres no Brasil: (1) Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2010,
organizado pelo Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED), da
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; (2) Diagnóstico do Plano Nacional de Gestão
de Riscos e Resposta a Desastres (PNGRD), organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e;
(3) Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID). Neste trabalho destaca-se o
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais.
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