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EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO E DESASTRES NO BRASIL:

Uma Revisão de Literatura

EXTREMES RAINFALL AND DISASTERS IN BRAZIL: A


Literature Review

EXTREMOS DE LLUVIA EN BRASIL: Una Revisión de la


Literatura

RESUMO
O aumento da emissão dos gases estufa, causado sobretudo pelo desenvolvimento da atividade industrial,
acarreta diversos problemas no âmbito global, como a intensificação das mudanças climáticas. Estudos
visam analisar como as mudanças climáticas se relacionam com a intensificação dos eventos climáticos
extremos (ECE). No Brasil, os ECE mais recorrentes são as secas e chuvas intensas que são deflagradoras
de desastres relacionados com inundações, enxurradas e deslizamentos de terra. Tais eventos geram
grandes impactos socioambientais principalmente em populações vulneráveis. O presente estudo teve
como objetivo avaliar o avanço científico no tema desastres naturais e sua relação com as mudanças
climáticas com foco no Brasil. Assim, foram pesquisados estudos recentes que abordassem os extremos
de precipitação e secas e possíveis interfaces com as mudanças climáticas. A pesquisa avaliou artigos
publicados entre 2016 e 2022, a fim de considerar discussões recentes sobre o tema. A metodologia
baseou-se na realização de pesquisas qualitativas sobre o tema, a fim de sistematizar e apresentar as
informações produzidas nesses estudos. Por meio da investigação de literatura, foi observado que os
estudos concluem que as interações antrópicas colocam em risco o equilíbrio do planeta de forma
significativa. Diversos estudos apontam que as mudanças climáticas são intensificadas pela ação humana,
causando aumento na frequência e intensidade de ECE. Tais estudos buscam avaliar qualitativamente e
quantitativamente a influência das mudanças climáticas na ocorrência de ECE. Estes estudos possibilitam
previsões mais acuradas sobre as possíveis consequências destes eventos no Brasil, contudo, observou-se
que muitas vezes os estudos não conseguem de fato quantificar pela falta de séries históricas de dados em
diferentes resoluções espaciais, trazendo assim incerteza nos resultados quantitativos obtidos.

Palavras-chave: Mudanças climáticas. Eventos climáticos extremos. Desastres naturais.


ABSTRACT
The increase in the emission of greenhouse gases, mainly caused by the development of industrial
activity, causes several problems at the global level, such as the intensification of climate change. Studies
aim to analyze how climate change is related to the intensification of extreme weather events (EWE). In
Brazil, the most recurrent EWE are droughts and intense rains that trigger disasters related to floods, flash
floods and landslides. Such events generate major socio-environmental impacts mainly on vulnerable
populations. The present study aimed to evaluate the scientific advances in the theme of natural disasters
and their relationship with climate change, focusing on Brazil. Thus, recent studies were researched that
addressed the extremes of precipitation and droughts and possible interfaces with climate change. The
research evaluated articles published between 2010 and 2022, in order to consider recent discussions on
the topic. The methodology was based on carrying out qualitative research on the subject, in order to
systematize and present the information produced in these studies. Through the investigation of the
literature, it was observed that the studies conclude that anthropic interactions jeopardize the balance of
the planet in a significant way. Several studies indicate that climate change is intensified by human
action, causing an increase in the frequency and intensity of EWE. Such studies seek to qualitatively and
quantitatively assess the influence of climate change on the occurrence of EWE. These studies allow
more accurate predictions about the possible consequences of these events in Brazil, however, it was
observed that many times the studies cannot actually quantify due to the lack of historical series of data in
different spatial resolutions, thus bringing uncertainty in the quantitative results obtained.
Keywords: Climate change. Extreme weather events. Natural disasters.
RESUMEN
El aumento de la emisión de gases de efecto invernadero, provocado principalmente por el desarrollo de
la actividad industrial, provoca varios problemas a nivel global, como la intensificación del cambio
climático. Los estudios tienen como objetivo analizar si los impactos del cambio climático pueden o no
estar relacionados con el empeoramiento de los eventos climáticos extremos (ECE). Los ECE más
comunes en Brasil son sequías, inundaciones, inundaciones y deslizamientos de tierra. Este tipo de
eventos generan importantes impactos socioambientales principalmente en poblaciones vulnerables. El
presente estudio tuvo como objetivo evaluar los avances científicos en el tema de los desastres naturales y
su relación con el cambio climático, con foco en Brasil. Se investigaron estudios que abordaron los
extremos de precipitación y sequía intensa en el Nordeste brasileño y la relación con el cambio climático
en los últimos años. La investigación evaluó artículos publicados entre 2016 y 2022, con el fin de
considerar discusiones recientes sobre el tema. La metodología se basó en realizar una investigación
cualitativa sobre el tema, con el fin de sistematizar y presentar la información producida en estos estudios.
A través de la investigación de la literatura se observó que los estudios concluyen que las interacciones
antrópicas comprometen el equilibrio del planeta de manera significativa. Varios estudios indican que el
cambio climático se intensifica por la acción humana, provocando un aumento en la frecuencia e
intensidad de la ECE. Dichos estudios buscan evaluar cualitativa y cuantitativamente la influencia del
cambio climático en la ocurrencia de ECE. Estos estudios permiten predicciones más precisas sobre las
posibles consecuencias de estos eventos, sin embargo, se observó que muchas veces los estudios no
pueden realmente cuantificar esta influencia debido a la falta de series de datos históricas y diferentes
resoluciones espaciales, por ejemplo, trayendo incertidumbre en el resultados cuantitativos obtenidos.
Palavras-chave: Cambios climáticos. Eventos climáticos extremos. Desastres naturales.

1 INTRODUÇÃO

Conforme Mousavi et al. (2022); Graziani et al. (2022) e Cai et al. (2022), no
ano de 2021, a concentração de CO2 (gás estufa mais abundante) na atmosfera era de
cerca de 417 partes por milhão (p.p.m), com estimativas de aumento de 2,5 p.p.m./ano.
Segundo relatório do IPCC (2018), devido ao aumento da produção de gases estufa,
causado, sobretudo pelo desenvolvimento da atividade industrial e pela queima de
cobertura vegetal, a temperatura global nos continentes aumentou 1,5 º C no período de
1850 a 2018, com média global de aumento de 1,1º C. Pelo mesmo relatório, estima-se
que a média da temperatura tenha tido um acréscimo médio de 1,52º C no Brasil,, com
destaque dado aos estados do Piauí (2,27ºC), Maranhão (2,22ºC), Bahia (2,14ºC) e
Ceará (2,09ºC).
Segundo Richter et al., (2021) e Tsai e Lin (2021) aumentos na concentração dos
gases estufa (CO2, N2O, CH4 e O3) na atmosfera causam diversos problemas em âmbito
global, afetando o regime de precipitação, elevação do nível do mar, diminuição da
disponibilidade de recursos hídricos, comprometimento da produção agrícola, redução
da qualidade ambiental e a perda da eficiência dos serviços ambientais. Retel et al.
(2019); Schmeller et al. (2020) e Bayer, Manica e Mora (2021) pontuam que o
surgimento do vírus Sars-CoV-2, responsável pela recente pandemia global, pode estar
ligado ao desiquilíbrio ambiental causado pelas mudanças climáticas. Ainda, Garcia et
al. (2018) e Penn e Deustch (2022) apontam que a extinção massiva da biodiversidade
pela qual o planeta passa, também esteja relacionada ao anormal aumento da
concentração desses gases na atmosfera.
De acordo com Nielson et al. (2020), dentre os principais aspectos relacionados
ao aumento da temperatura global, destaque especial deve ser dado a ocorrência, cada
vez mais frequente, de eventos climáticos extremos (ECE). Bailey e Van de Pol (2016)
definem tais eventos como ocorrências de valores raros ou fora dos limites estatísticos
normais, ocorrendo tais eventos em uma região ou época do ano específica. O IPCC
(2018) destaca que os eventos climáticos extremos, apesar das variações quanto às
definições, são tão ou mais raros que o 10º ou 90º percentil da densidade da função da
densidade de probabilidade estimada a partir de observações.
As mudanças climáticas têm afetado a intensidade, frequência e extensão
espaço-temporal dos ECE (COGATO et al., 2019), havendo projeções que indicam,
conforme Chriest e Niles (2018), que todas as regiões do globo serão afetadas. No
Brasil, de acordo com Silva et al. (2018) e Costa et al. (2020), as projeções futuras do
IPCC apontam para elevação da temperatura e maior incidência de temperaturas
extremas (máximas e mínimas) em todo o território, ocasionando desastres associados a
prevalência de chuvas extremas na região Sul e Sudeste e de secas na região Nordeste e
na Amazônia.
No contexto do risco de desastres em relação a conjuntura brasileira, são
verificados problemas estruturais, como o crescimento desordenado de regiões urbanas,
histórico de persistente degradação ambiental, ausência de políticas públicas para
atendimento de grupos sociais mais vulneráveis e ausência de políticas de preparação
para o risco (LONDE et al., 2018; RODRIGUES et al., 2021). A combinação desses
fatores gera um cenário de grande vulnerabilidade, verificada pela crescente ocorrência
de desastres associados a eventos climáticos extremos (DIAS et al., 2020; VOMMARO;
MENEZES; BARATA, 2020).
Tendo em vista o quadro atual das previsões que indicam aumentos sucessivos
de temperatura e a relação destes com os ECE, é de suma importância debater e se
construir reflexões a respeito do tema. A importância de tais discussões é ainda maior,
tendo em vista que se verificam lacunas na produção científica nacional sobre estudos
de atribuição da recorrência dos eventos extremos climáticos às mudanças climáticas.
Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi avaliar o desenvolvimento científico no tópico
de desastres naturais e mudanças climáticas, com o foco em estudos sobre extremos de
precipitação deflagradores de desastres no Brasil, sejam estes extremos positivos ou
negativos. Para o extremo relacionado ao déficit de precipitação que causa desastres
relacionados às secas, as análises se concentraram em estudos realizados para a região
Nordeste. Já para o extremo positivo (chuvas intensas) a abordagem foi nacional.
Assim, apresentamos o estado atual do desenvolvimento científico no tema, bem como
os principais apontamentos dos estudos mais recentes.

2 METODOLOGIA

Haja vista que o presente estudo trata de uma investigação temática de literatura,
adotou-se a premissa de que a pesquisa qualitativa, ao buscar causas e implicações do
fenômeno, era capaz de atender ao objetivo proposto (GALVÃO; RICARTE, 2019). O
procedimento procurou, conforme Siddaway, Hedges e Wood (2019), buscar e recolher
informações sobre o tema pesquisado a fim de se sistematizar e apresentar informações
produzidas sobre o tema da pesquisa.
A natureza qualitativa justifica-se porque, segundo Gil (2021), tal enfoque
metodológico é capaz atingir de maneira eficiente o objetivo proposto, ou seja, fazer um
levantamento e análise dos estudos que avaliaram os eventos extremos
hidrometerológicos (excesso e falta de precipitação) ocorridos no Brasil nos últimos
anos e a sinergia com as mudanças climáticas observadas no globo. A pesquisa assumiu
viés interpretativista, tendo por objetivo compreender, reunir e sistematizar informações
sobre o fenômeno abordado (GIL, 2021).
Para a operacionalização da pesquisa buscaram-se artigos nas plataformas
Scopus, Web of Science, SciELO, Periódicos da CAPES e Google Scholar, através dos
termos de busca: “eventos extremos”, “extremos de seca”; “secas no Brasil”; “extremos
de precipitação”, “extremos de precipitação no Brasil”; “mudanças climáticas” e as
respectivas traduções dos termos para o Inglês.
O recorte temporal viabilizou a pesquisa de artigos científicos publicados entre
os anos de 2010 até 2022. Tal procedimento justifica-se para que fossem empreendidas
discussões recentes sobre a temática em tela. Buscaram-se por artigos científicos
publicados em revistas indexadas, aliadas a informações divulgadas por órgãos
governamentais e agências de pesquisa atuantes em pesquisas sobre o tema. Em relação
ao idioma escolhido para as buscas foram consultados artigos em Português e Inglês.
Foram excluídos os artigos da literatura cinza (artigos publicados em anais de
conferências, sites de organizações relevantes e opiniões de especialistas). A literatura
cinza é definida como o campo da ciência da informação que trabalha com produção,
distribuição e acesso à vários tipos de documentos produzidos em todos os níveis, por
governos, acadêmicos, empresas e organizações, em formatos eletrônicos e impressos,
não controlados pela publicação comercial, ou seja, onde a publicação não é a atividade
principal do organismo produtor. No presente estudo, optou-se pela exclusão dessa
fonte visto que, conforme Piggott-McKellar et al. (2019) o campo temático das
mudanças climáticas e temas correlatos apresenta diversas controvérsias, até mesmo de
entre os estudiosos, sendo que o problema é agravado ao ser considerado o público
geral, em que a mídia, governos e a desinformação podem tornar as fontes de
informação não confiáveis.
Além das bases de dados descritas, organizações e institutos geográficos,
meteorológicos e de monitoramento de clima e desastres nacionais e internacionais
relevantes para a área de pesquisa foram considerados como fontes de informações, o
que foi realizado buscando-se minimizar a probabilidade de exclusão de dados
relevantes sobre a temática (ECKHARDT; LEIRAS; THOMÉ, 2019). Eles foram o
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN),
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Agência Nacional de Águas
(ANA).
Para a escolha dos trabalhos que compuseram a base de informações (corpus)
desta pesquisa foi feita uma adaptação da técnica de leitura flutuante para a escolha de
documentos (MENDES; MISKULIN, 2017). Essa primeira leitura tinha o intuito de
avaliar quais fontes de informação seriam capazes de contribuir para a consecução dos
objetivos desta pesquisa. Nesse sentido, realizou-se a leitura dos títulos dos trabalhos e
seus resumos (em caso de artigos científicos) e dos títulos das seções (no caso dos sites
das instituições) a fim de avaliar se estas seções indicariam a pertinência dos
documentos para esta pesquisa.
Para a elaboração desta pesquisa, foi realizada a Revisão Sistemática de
Literatura, sendo realizada uma adaptação das etapas sugeridas por Galvão e Ricarte
(2019) na condução da busca de artigos científicos que abordavam o tema (Tabela 1).

Tabela 1. Etapas para a realização da Revisão Sistemática de Literatura.


Etapas Aplicação neste estudo
Avaliar o progresso científico no tópico de desastres naturais e sua
relação com as mudanças climáticas com o foco no Brasil. Assim,
Delimitação da
buscou-se apresentar o estado atual do desenvolvimento científico
Questão
no tema, bem como os principais resultados dos estudos mais
recentes
Seleção das Scopus, Web of Science, SciELO, Periódicos da CAPES ou,
Bases de Dados subsidiariamente, Google Scholar.
1. Recorte temporal: foram buscados artigos publicados nos últimos
5 anos, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2021;
2. Língua em que artigos foram escritos: Português e Inglês;
Estratégia de 3. Termos de busca utilizados: “mudanças climáticas”, “eventos
Busca climáticos extremos”; “secas”; “extremos de precipitação” e
correlatos;
4. Trabalhos publicados sobre a forma de artigos científicos;
5. Método de análise preliminar: leitura flutuante das sessões título
e resumo.
Leitura aprofundada e marcação das informações mais relevantes
Seleção e
dispostas nas seções: Metodologia, Resultados/Discussão e
Sistematização
Conclusão/Considerações Finais.

Posteriormente à leitura preliminar, foram selecionados os documentos que


comporiam a base descritivo-discursiva, corpus da pesquisa, o que resultou em 84
documentos. Após esse procedimento, foi realizado o fichamento e interpretação das
informações mais relevantes encontradas e correlacionadas como o tema pesquisado
(SOUSA; OLIVEIRA; ALVES, 2021). Tomando-se por base as informações da
literatura a respeito do tema, foram selecionadas informações e elaborados argumentos
que, descritiva e discursivamente, compuseram os resultados e as discussões da
pesquisa. A fim de mostrar a forma sistemática como as pesquisas foram realizadas, foi
construído um fluxograma (Figura 1), contendo as etapas seguidas neste trabalho.

Figura 1. Fluxograma com as etapas realizadas para a composição do corpus.


Fonte: Autores (2022).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 EVENTOS EXTREMOS E DESASTRES NO BRASIL

No Brasil, os eventos extremos, que são ocorrências de valores incomuns ou fora


da normalidade estatística, acarretam usualmente secas e chuvas intensas, deflagradoras
de desastres relacionados a inundações, enxurradas e deslizamentos de terra. Em relação
aos desastres hidrometeorologicos, estes causam impactos socioambientais,
principalmente em grandes áreas urbanas. Esses efeitos comumente estão relacionados
às populações vivendo em áreas de risco, associado com a alta vulnerabilidade e baixa
capacidade de resposta. Além disso, a urbanização descontrolada nas grandes cidades
impulsiona ainda mais o crescimento desses efeitos (IPCC, 2002).
Os dados confirmam o frequente discurso sobre o aumento dos episódios de
desastres onde, do total de 38.996 registros, 8.515 (22%) aconteceram na década de
1990; 21.741 (56%) ocorreram na década de 2000; e só em 2010, 2011 e 2012 esse
número já chega a 8.740 (22%). No entanto, não é possível afirmar que os desastres
aumentaram 78% nos últimos 13 anos, pois sabe-se a histórica precariedade do sistema
de defesa civil em manter os registros atualizados (CEPED, 2013).
Sendo assim, só é possível dizer que os desastres têm potencial de crescimento, e
que com o fortalecimento do sistema, fidelidade aos números e compromisso com o
cadastro também cresce com o passar dos anos. Contudo, para fins de comparação, a
diferença de registros entre cada ano é exposta por tipo de desastre, entre as décadas de
1990 e 2000, determinando uma ligação entre o aumento das ocorrências e aumento nos
registros de uma média (CEPED, 2013).
As enxurradas são o tipo de desastre que causa o maior número de fatalidades no
País. Os óbitos relacionados a enxurradas correspondem a 58,15% do total, seguidos por
movimentos de massa que representam 15,60%, confrontando a quantidade de mortos e
a população de cada região (IBGE, 2010). A região Sudeste é a única que supera a
média brasileira de 18 mortos por milhão de habitantes. No momento em que
comparadas as regiões Norte e Nordeste, ainda sim, percebe-se que, embora exista uma
grande diferença de ocorrência de desastres, as duas possuem praticamente o mesmo
índice de mortos por milhão de habitantes (8 e 10, respectivamente) (CEPED, 2013).
As diferentes regiões do Brasil têm percentuais distintos para as tipologias de
desastres mais comuns, por exemplo, a Região Norte possui maior reincidência de
desastres associados às chuvas intensas, indicando os maiores percentuais relativos a
inundações e enxurradas, com 66,4%. As estiagens e secas enquadram-se como terceira
tipologia mais recorrente na região, com 15,8% dos registros. Além destes, foram
registrados também eventos de incêndios florestais (5,6%), de erosão (8%), de
vendavais (2,6%), no entanto, em menores proporções (CEPED, 2013).
No Nordeste, a grande maioria dos registros está relacionada à estiagem,
representando 78,4% do total. As porcentagens restantes correspondem a cheias e danos
causados por cheias 11,6% e 7,9%, respectivamente. No geral, há variações sazonais e
interanuais significativas na distribuição das chuvas, que causam diferentes impactos na
região (CEPED, 2013).
Já no Centro-Oeste o maior número de registros de desastres está associado aos
eventos de chuvas intensas, com percentuais variados, destacando-se os alagamentos e
os perigos causados por enchentes, 38% e 30%, respectivamente. A seca representa
18% da ocorrência dos desastres na região
De acordo com os dados da CEPED, na região Sudeste do Brasil, o número de
ocorrências relacionadas às secas corresponde a 31% dos registros, já as inundações
chegam a 30% e, aquelas relacionadas ao movimento de massa, 20% do total.
Desastres relacionados a chuvas intensas também são mais comuns do que
outros tipos de desastres na região sul. A seca, por exemplo, representou 38,7% do total
de registros, seguida pelas enchentes, que corresponderam a 23,7%. As tempestades
representam um terceiro tipo de desastre mais frequente na região, representando 16,1%
do total. Ao analisar diferentes tipos de desastres naturais ao longo de um período de 30
anos no estado de Santa Catarina (1980-2010) observou-se que inundação é o tipo mais
comum (DOS SANTOS, 2016).
A Região Sul também possui grande ocorrência de chuvas com granizo e
frequentes eventos de cheias, representando 10,9% e 7,7% do total registrado. Este
fenômeno é relacionado com a presença de sistemas meteorológicos com características
estacionárias, resultando em vários dias de chuva contínuas que muitas vezes
desencadeiam outros tipos de desastres como deslizamentos de terra, uma vez que o
excesso de precipitação durante um determinado período de tempo satura o solo,
criando as condições necessárias para desencadear desastres. Historicamente, o Sul tem
sido marcado não apenas pela ocorrência de grandes desastres, mas também pela
frequência e tipo de eventos adversos, incluindo a ocorrência de fenômenos atípicos
como o furacão Catarina (CEPED, 2013).
No contexto de desastres no Brasil, as diferentes regiões, microrregiões ou
municípios sofrem danos distintos dependendo da ameaça, das vulnerabilidades e das
estruturas locais de enfrentamento aos desastres (FREITAS, 2014).
No Amazonas o padrão sazonal dos rios vem sendo alterado sobretudo pelas
atividades antrópicas ,gerando continuamente a ocorrência de eventos extremos fluviais
atingindo sucessivamente a vida das populações que ali residem. A Amazônia vem
sendo exposta a ameaças ambientais de fontes humanas continuamente nos últimos
anos, essas ameaças são diretamente decorrentes dos incêndios florestais, dos
desmatamentos, como também da influência do aquecimento global. Cientistas até então
não podem quantificar os quanto próximos estamos de um talvez ponto de ruptura da
estabilidade dos ecossistemas e mesmo de extensa parte do bioma Amazônico, mas
regulamentos existentes nos sugerem considerar que esta ruptura não estará tão longe no
futuro (NOBRE, 2007).
Os eventos extremos fluviais representam alterações no padrão de normalidade,
tanto para cotas mínimas como para os máximos da sazonalidade dos rios. No período
de 2005 a 2017 a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil e o subcomando de
Ações de Defesa Civil do Amazonas identificaram 427 desastres ambientais ocorridos
no Amazonas dos 358 sucedidos são de Situação de Emergência e 69 de Estado de
Calamidade Pública (DA SILVA, 2021).
Acontecimentos entre 11 e 12 de janeiro de 2011, no município de Nova
Friburgo e mais quatro cidades do estado do Rio de Janeiro sofreram o que se menciona,
até o momento, como o mais rigoroso, desastre natural datado no País, em termos de
vítimas afetadas direta ou indiretamente, soma-se o número de 615.830 habitantes em
2017. Nesses dois dias, choveu 166 mm — mais de 70% da média mensal (CENADE,
2014). Os deslizamentos de terra obstruíram quase todas as vias de acesso, destruindo
inúmeras moradias que eram construídas em encostas habitadas de forma
desequilibrada, sem controle e com pouca infraestrutura quanto a distribuição de
serviços básicos como energia e água potável. (BANDEIRA; CAMPOS, 2017).
Outro estado que aponta episódios relacionados com os eventos
meteorológicos/climáticos extremos é São Paulo. O uso indevido do solo na região
metropolitana indicou uma perda média do mesmo de 13,5 m ³ por erosão durante um
ano. Devido a esse acontecimento, unindo-se à alta frequência de eventos de chuvas
intensas faz com que esta água pluvial infiltre o solo de maneira exorbitante. Tal
condição acarreta uma grande quantidade de sedimentos que vão diretamente para os
sistemas de drenagem, gerando graves danos, intensificando os eventos de enxurradas.
Tais eventos fazem parte de uma série de eventos climáticos e meteorológicos
extremos que vêm ocorrendo com certa frequência no Brasil e ao redor do mundo.
Alguns estudos apontam que estes eventos podem ser intensificados pela influência das
mudanças climáticas (IPCC, 2012, 2021; AVILA-DIAZ et al., 2020; COSTA et al.,
2022). A seguir apresentamos os principais estudos desenvolvidos no contexto dos
extremos climáticos/meteorológicos que deflagram desastres de secas na região do
nordeste brasileiro e de extremos de chuvas (positivo) em diferentes regiões do Brasil e
possíveis conexões com as mudanças climáticas.

3.2 SECAS NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL

Em termos de classificação, as secas podem se dividir em meteorológicas,


hidrológicas, agrícolas e socioeconômicas (GUO et al. 2017, BALTI et al. 2020 e
Cuartas et al. 2022). A seca meteorológica está relacionada aos déficits de precipitação
em uma determinada área ao longo de um período. A seca hidrológica ocorre quando o
fluxo dos rios e água estocada em aquíferos, lagos e reservatórios diminui abaixo dos
níveis normais. A seca agrícola está relacionada à queda da umidade do solo por longo
termo, ocasionando prejuízos à produção agrícola. Por fim, a seca socioeconômica
relaciona-se à queda no suprimento de água, resultando em dificuldade na oferta de bens
necessários para a população. Outros autores têm identificado as secas que impactam
reservatórios subterrâneos, as quais alteram os fluxos de recarga e disponibilidade de
água dos aquíferos (BLOOMFIELD; MARCHANT; MCKENZIE, 2019; HAN et al.,
2020). Crausbay et al. (2017) e Yilmaz (2018) ainda classificam a seca em ecológica,
caracterizada por déficit hídrico episódico que coloca os ecossistemas em risco de
vulnerabilidade, prejudica os serviços ecossistêmicos e gera estresses aos sistemas
humanos e naturais.
Dentre as variáveis utilizadas para a definição e classificação das secas,
destacam-se a intensidade, definida como o nível de déficit da precipitação, da umidade
do solo e do estoque de água, podendo incluir a severidade dos eventos relacionados. A
duração se refere ao período pelo qual a seca se estende, podendo variar de meses a
anos, a depender da severidade do evento. Quanto à área de cobertura, as secas leves
podem se estender por uma área relativamente pequena, como a região específica de um
país (Ex. Nordeste do Brasil), sendo que as mais severas podem atingir escalas
continentais, como a seca causada por nuvens de poeira na América do Norte (HE et al.,
2018; ADEDE et al., 2019).
Estudos evidenciam a tendência no aumento da severidade das secas, tendo
como causa o aumento da evapotranspiração e redução dos níveis de precipitação
(CUNHA et al. 2019; SUGG et al., 2020; IGLESIAS; TRAVIS; BALCH, 2022). Como
consequências esperadas do fenômeno, podem ser citados insegurança e crises na
produção de energia elétrica (HAYAT et al., 2018; SANTOS; LIMA; SPYRIDES,
2022); dificuldades na produção de alimentos (COTTREL et al., 2019); aumento no
número de incêndios florestais (WHEILNHAMMER et al. 2021); agravamento das
condições de saúde física e psicológica humana (HAILE et al., 2020); diminuição e
restrição de áreas disponíveis para a agricultura (KUWAYAMA et al., 2019), impactos
negativos na biodiversidade e serviços ecossistêmicos (ROUSTA et al., 2020;
CARDOSO et al., 2022), dentre outros.
A frequência das secas tem aumentado nos últimos anos, com eventos
apresentando duração e intensidade crescentes (ALVAVÁ et al, 2019; SUGG et al.,
2020; MARENGO et al., 2022). Estudo realizado pelo Centro de Pesquisas em
Epidemiologia de Desastres demonstrou que 40% dos 2481 eventos de seca que
ocorreram entre os anos de 1998 e 2017 causaram prejuízos equivalentes a 0,5% do
Produto Interno Bruto (PIB) na economia dos países em que os eventos foram
verificados (CRED, 2018; CUNHA et al., 2019).
A identificação e mensuração dos eventos de seca envolvem diversas incertezas.
Os eventos de seca, muitas vezes só são identificados quando a falta de água no solo
começa a trazer prejuízos para agricultura (ZHANG; CHEN; ZHOU, 2021), ponto em
que as atividades de planejamento, monitoramento e assistência às áreas atingidas já se
encontram amplamente comprometidas (ROUSTA et al., 2020).
No Brasil o fenômeno das secas é caracterizado por abranger uma larga
cobertura espacial, sendo mais recorrente na região do Semiárido Nordestino, sobretudo
devido à vulnerabilidade hídrica e os baixos índices socioeconômicos verificados na
região (MARENGO et al., 2017; MARTINS et al., 2018; ALVAVÁ et al., 2019;
CUNHA et al., 2019).

Alguns estudos mostram que as mudanças nos padrões de chuva observadas nas
últimas décadas no NEB possam estar relacionadas com o aumento de temperatura
causado pela crescente concentração de gases de efeito estufa (MARENGO; TORRES;
ALVES, 2017).
A variabilidade climática causada por sistemas atmosféricos em diferentes
escalas de tempo e espaço são naturalmente responsáveis por grandes instabilidades na
região NEB (SANTOS; CUNHA; RIBEIRO-NETO, 2019; OLIVEIRA-JÚNIOR et al.,
2021). A região sofre influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), situada
no ramo ascendente da Célula Hadley, o que exerce influência sobre o regime de chuvas
regionais (BYRNE et al., 2018; SILVA et al., 2021). A influência da ZCIT sobre o
semiárido nordestino está relacionada a variação do Dipolo do Atlântico Tropical
(DAT), que se refere a uma mudança anormal na Temperatura da Superfície do Mar
(TSM) no Oceano Atlântico Tropical, que pode diminuir (em caso do Dipolo Positivo) a
formação de nuvens, influenciando os índices pluviométricos em estados do litoral
Nordestino (Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e
Pernambuco).
Na formação da DAT, as águas do Atlântico Tropical Norte se tornam mais
quentes que as do Atlântico Tropical Sul, ocasião em que ocorrem movimentos
descendentes que transportam ar frio e seco dos níveis mais da atmosfera sobre a região
leste da Amazônia e litoral norte brasileiro, inibindo a formação de nuvens e diminuindo
a precipitação, caracterizando o chamado Dipolo Positivo (JIMENEZ et al., 2019;
BRITO et al., 2021) informam que o período de seca evidenciado no Região NEB no
período de 2012-2016 está associado ao enfraquecimento do fluxo descendente dos
ventos alísios da Célula de Walker. O aquecimento das águas do Atlântico Norte e
eventual impacto na formação da DAT pode estar relacionado ao fenômeno do
aquecimento global conforme indicam os estudos de Shimizu, Anochi e Kayano (2022).
Outro fenômeno climático que ajuda a explicar a severidade e frequência das
secas no Nordeste é o El Niño (LI et al., 2019; CORREIA FILHO et al., 2022). O
evento é descrito como um fenômeno de grande escala que, ao enfraquecer os ventos
alísios, impede que ocorra a ressurgência das águas do Pacífico Sul (ascensão das águas
frias do oceano quando a água mais quente é soprada pelos ventos alísios). O
enfraquecimento dos ventos alísios muda a dinâmica do evento, o que desencadeia um
sistema de baixa pressão no setor leste do Pacífico (Costa do Peru). Em consequência
desse fenômeno, um sistema de alta pressão se forma sobre a Região do NEB, inibindo
a ocorrência de chuvas e gerando secas mais severas e prolongadas (TIMMERMANN
et al., 2018; HU, 2021; SÂO JOSÉ., 2022).
Embora autores como Santos, Cunha e Ribeiro-Neto (2019) e Pontes et al.
(2022) informem que o somente o El Niño não seja suficiente para explicar os eventos
de seca no NEB; estudos indicam um provável estreitamento e enfraquecimento ZCIT
nas próximas décadas, (BYRNE et al., 2018; LI et al., 2019; CORREIA-FILHO et al.
2022). MARENGO et al. (2018) elencaram 49 episódios de seca ocorridas no NEB
entre 1583 e 2016, sendo que foram registradas alterações relacionadas ao El Niño nos
anos 1877-79, 1897, 1899, 1902-03, 1919, 1951, 1958, 1966, 1982-83, 1986-87, 1997-
98, 2005, 2010 e 2015. Dessa forma, os autores argumentam que, embora nem todos os
eventos de seca na região NEB tenham como causas as perturbações do El Niño, uma
parcela dos eventos pode ser explicada pelo fenômeno.
Outros autores como Lyra e Arraut (2020) e Braga e Ambrizzi (2022) salientam
que o El Niño pode causar a inibição da formação de Vórtice Ciclônico de Altos Níveis
(VCAN). O VCAN é um sistema de baixa pressão da atmosfera que atua na Região
NEB e faz com que os ventos secos de níveis mais altos da atmosfera desçam para a
superfície, ocasionando chuvas (MARENGO; TORRES; ALVES, 2016; REBOITA et
al., 2017). Nesse sentido, em que pesem as divergências e incertezas sobre o tema,
prevê-se que o El Niño ocasionará diminuição da frequência e quantidade de chuvas na
região ao agir negativamente sobre outros fenômenos climáticos que atuam na área
(CAPOZZOLI; CARDOSO; FERRAZ, 2017; SOUZA et al., 2018; OLIVEIRA-
JÚNIOR et al., 2021).
Nos últimos seis anos (2012-2017), a região foi fortemente impactada por um
processo prolongado de seca, definido como o “evento” mais intenso dos últimos 30
anos (BRITO et al., 2018; SANTOS; CUNHA; RIBEIRO-NETO, 2019). Brito et al.
(2022) informam que as secas são a principal ameaça à qualidade de vida da população
e à economia do NEB. Cunha et al. (2019) avaliaram que a maior seca ocorrida no NEB
(2011-2019) decorreu da associação de diversos fatores, sendo que nos anos de 2011-
2012 a seca foi classificada como “extrema”, sendo que em algumas regiões do
semiárido foi avaliada como “excepcional”.
Alvavá et al. (2019) e Cunha et al. (2018) avaliaram em seus estudos que o
período de secas anormais estava relacionado a uma combinação incomum de fatores.
Primeiramente, houve um movimento ascendente anormal, aparentemente induzido pela
La Niña ocorrida no fim de 2011, que contra induziu uma grave subsidência sobre NEB.
Associado a esse evento, em 2012, ocorreu esfriamento das águas do Atlântico Sul
devido ao DAT, evento já associado a condições de seca no NEB (BRITO et al., 2021).
Em 2015/2016, um dos maiores El Niño já registrado prolongou o efeito da seca na
região (MARENGO et al., 2016; MARENGO et al.; 2022)
Em termos de anomalias, durante os anos de 2011 a 2013, aproximadamente
85% do semiárido nordestino foi afetado pela seca, em especial as regiões nordeste e
central. Estima-se também que 40% da região NEB foi afetada pela seca durante o
período de 2011-2016 (MARENGO et al., 2018). Segundo BRASIL (2007) a seca
histórica entre os anos de 2012-216 afetou 33,4 milhões de pessoas, sendo estimados
prejuízos em cerca de 30 bilhões de dólares. Ainda que o governo federal tenha agido
para minimizar os efeitos da seca, a crise energética e de água ocorrida em 2015/2016 se
intensificou em 2017.
Em 2012, 1717 municípios do NEB (96% do total) decretaram estado de
emergência (MARENGO et al., 2020; MARENGO et al. 2022). A insegurança hídrica e
alimentar foi averiguada particularmente entre os anos de 2011 a 2013, explicitando que
a região é muito sensível à seca, com potencialidade de aridificação e desertificação de
grandes áreas nordestinas nas próximas décadas (BRITO et al., 2018; CUNHA et al.,
2019; DANTAS et al., 2020). A queda das chuvas também reduziu o volume de águas
da bacia do rio São Francisco, colocando em risco as atividades de irrigação e geração
de energia elétrica na região (BORSATO et al., 2020; CUARTAS et al., 2022;
MARENGO et al., 2022).
As projeções climáticas indicam riscos de seca intensa no semiárido, reduções
de chuva em até 40% e aumento de dias secos consecutivos (AVILA-DIAZ et al.,
2020). O aumento na frequência e intensidade da fase positiva do El Niño nas próximas
décadas pode também agravar a escassez hídrica e o risco de secas. Além disso, ECE
associados à degradação do solo poderiam levar à aceleração do processo de
desertificação no semiárido, assim, a possibilidade de secas mais intensas e prolongadas
poderia elevar ainda mais o grau de exposição e vulnerabilidade das populações que o
habitam, especialmente daqueles mais pobres (MARENGO et al., 2011). Os impactos
das alterações climáticas poderão afetar cerca de 7 milhões da região que depende da
agricultura familiar para sobreviver (MARENGO et al., 2018; DELEZERI; CUNHA;
OLIVEIRA, 2022).
O NEB apresenta os piores indicadores socioeconômicos do país, com altos
índices de analfabetismo 13,9%), baixos índices de renda (R$ 843/ per capita) e altos
indicadores de exclusão social (IBGE, 2022). Suas atividades econômicas ainda são
fortemente influenciadas pela herança arcaica da estrutura agrária regional, levando a
graves problemas de concentração de terras. Decorrente desse contexto, predominam
sistemas agrícolas de base familiar, com baixa eficiência de produção. A
indisponibilidade de terras para a agricultura é outro fator responsável pelos baixos
índices de pobreza na região, o que agrava os níveis socioeconômicos regiões,
sobretudo devido ao aumento no fluxo do êxodo rural (VIEIRA et al., 2015; IBGE,
2019; DELEZERI; CUNHA; OLIVEIRA, 2022).
Embora considerada fenômeno natural, a combinação entre a intensidade (índice
que avalia a severidade da seca) a frequência (número de eventos que ocorrem em dado
período) associadas às vulnerabilidades sociais implicam em um aumento dos riscos de
desastres associados à seca no Nordeste (BRITO et al., 2018; ALVAVÁ et al., 2019;
BRAVO et al., 2021). Neste sentido, espera-se que as mudanças climáticas afetem
sensivelmente o NEB, aumentando a ocorrência de secas na região (MARENGO et al.,
2020). Os fatores climáticos e atmosféricos associados a vulnerabilidade social e a
dependência da agricultura familiar e pecuária extensiva tornam o NEB umas das
regiões que corre mais riscos de desastres em caso de ocorrências de secas, em todo
mundo (MARENGO et al., 2018; CUNHA et al., 2019).

3.2.1 ESTUDOS SOBRE SECAS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS COM FOCO NA


REGIÃO NORDESTE DO BRASIL

Neste trabalho, foram selecionados 52 artigos científicos cuja temática versou


sobre as secas no Nordeste. A maioria dos estudos (n= 41) focou as análises na região
do Semiárido nordestino (BRITO et al., 2018; ALVAVÁ et al., 2019; Brito et al., 2022)
e o restante (n=11) elaborou um panorama de toda a região (CUNHA et al., 2019 a.;
MARENGO et al., 2020; CUARTAS et al., 2022)
N= 46 estudos selecionados atribuíram causas às secas. Parte dos autores (n=42)
liga indiretamente o aumento da frequência e intensidade das secas às mudanças
climáticas (BRITO et al., 2018; ALVAVÁ et al., 2019), enquanto uma parte (n=4)
averiguou que as secas estão mais relacionadas às condições socioeconômicas e
fitogeográficas da região (OLIVEIRA-JÚNIOR, 2021; DELEZENI; CUNHA;
OLIVEIRA, 2022).
Na maioria dos estudos (n=29) que relacionam o aumento da frequência e
intensidade das secas às mudanças climáticas há apenas considerações qualitativas
(BLOOMFIELD; MARCHANT; MACKENZIE, 2019; BALTI et al., 2020;
BORGATO et al.; 2020; BAYER; MANICA; MORA, 2021). N=14 realizaram análises
quantitativas de atribuição (BRITO et al., 2018; ALVAVÁ et al., 2019). Consideraram-
se análises qualitativas os estudos de revisão de literatura que atribuíram que o aumento
de frequência e intensidade das secas era causado pela intensificação do aquecimento
global. Consideraram-se estudos de análise quantitativa aqueles em que os autores
chegaram aos resultados através de medições diretas de parâmetros climáticos ou pela
utilização de dados e índices constantes de banco de dados de entidades que realizavam
monitoramento climático.
Verifica-se que os estudos internacionais (n=44), em todos os casos, atribuíram
causas às secas, não havendo nenhum deles cujo foco tenha sido a análise geográfica,
política, econômica e social da região e seu relacionamento com as secas. Nos estudos
nacionais, n= 04 focaram suas análises no fato de que o agravamento das consequências
das secas no NEB estava relacionado aos indicadores socioeconômicos e fitogeográficos
da região e n= 04 associavam o aumento da incidência e intensidade das secas às
mudanças climáticas, sendo que n= 02 desses estudos realizaram análise de dados
quantitativamente e n=02 se basearam em considerações empíricas.
A fim de elucidar o quadro sobre os estudos realizados sobre o tema, foi
construída a Figura 02 a seguir que relaciona os estudos realizados (considerando a
amostra selecionada), divididos entre aqueles que atribuíram causas à seca e os que não
atribuíram. Entre os estudos que atribuíram causas, essas foram divididas em: fatores
socioeconômicos e fitogeográficos; mudanças climáticas: estudos quantitativos e
mudanças climáticas: estudos qualitativos.
Figura 2. Estatística da revisão de literatura- secas no Nordeste

Fonte: Autores (2022).

3.3 EXTREMOS DE CHUVAS E INUNDAÇÕES NO BRASIL


Cardoso et al. (2022) destacam que não existe uma definição formal para
caracterizar episódios de extremos de chuva, sendo desenvolvidos critérios baseados em
diferentes escalas temporais e espaciais, além de serem utilizadas diferentes fontes de
dados. Nesse sentido, os eventos extremos de precipitação costumam variar de região
para região, considera fatores como relevo, clima, regime normal de precipitação,
vulnerabilidade social e resiliência dos sistemas de monitoramento de desastres (SILVA
et al., 2018).
O Brasil por ser um país de imensa dimensão territorial, tem vários regimes de
precipitação, assim sendo, caracteriza-se por grande diferença e instabilidade climática,
seguindo diferentes propriedades regionais (tipos de solo, topografia, vegetação,
hidrografia), das mudanças frequentes ou modificações cíclicas nos integrantes
meteorológicos (radiação solar, ventos, temperatura, pressão atmosférica e umidade
relativa) e da atuação de sistemas atmosféricos globais (CARVALHO, 2018).
Por exemplo, no NEB a variação da precipitação está relacionada com os tipos e
frequência dos dos sistemas atmosféricos que afetam a região principalmente durante a
estação chuvosa (BANDEIRA. et al., 2000). A variabilidade espacial e temporal das
chuvas, são reguladas por fenômenos não apenas em escala de tempo, mas também em
escalas espaciais, tais como as alterações na temperatura da superfície do mar (SST)
sobre o oceano tropical (ENOS – Oscilação Sulno Pacífico e dipolo do Atlântico) e
gradientes inter-hemisférico- GRADM (no Atlântico) (SOARES e BRITO, 2006).
Estudos recentes evidenciam aumento na frequência e intensidade na ocorrência
de extremos de precipitação, tanto em escala global quanto regional, o que tende a
aumentar a probabilidade de ameaça, sobretudo em regiões menos desenvolvidas e com
um grande número de pessoas expostas. Assim como outros eventos climáticos
extremos, evidências indicam que os padrões de precipitação estão associados às
mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global (XAVIER et al., 2020).
Chuvas constantes acima da média no decorrer da primeira metade do ano em
algumas localidades no norte da América do Sul, principalmente no norte da bacia
amazônica, provocaram inundações rigorosas e de longa duração na região. Em
Manaus, o rio Negro atingiu o nível mais alto já registrado (ECODEBATE, 2021)
Analisando a divisão espacial das chuvas no País, evidencia-se duas grandes
diferenças pluviométricas: a região Norte, com as mais altas médias (superiores a 2.800
mm), centradas na Amazônia Ocidental e em parte da planície da foz do rio Amazonas
(atuação das ZCIT, mEc e mEan associadas), e o semiárido nordestino, com valores
médios anuais entre 400 e 800 mm, onde as massas de ar mEc (massa equatorial
continental), mEa (massa equatorial atlântica), mTa (massa tropical atlântica) e mPa
(massa polar atlântica) chegam com umidade escassa para render chuvas volumosas,
dentre outros fatores. Para além da área amazônica, toda a região centro-sul do Brasil
apresentatotais anuais médios entre 1.500 a 2.000 mm (MENDONÇA; DANNI-
OLIVEIRA, 2007, p.146). Deste modo, a distribuição espacial das chuvas é
caracterizada pela sazonalidade e por regimes pluviométricos variados.
Quando as chuvas são muito intensas, em termos de acumulados significativos,
estas podem deflagrar desastres tais como enxurradas, inundações e deslizamentos de
terra. A Figura 3 ilustra o número de afetados por extremos de chuvas entre 2017 e 2019
na Região Nordeste. De acordo com os dados, apenas no ano de 2019, foram mais de 2
milhões de pessoas afetadas, com prejuízos acima de 1 bilhão de reais. Salienta-se que
inundações e deslizamentos estão ligados com chuvas extremas que acontecem em
curtos períodos, ao contrário das secas e estiagem relativos com meses de ausência de
chuva. De acordo com Marengo et al. (2011), o acréscimo da temperatura está
relacionado às mudanças climáticas, o que causa maior evaporação de reservatórios, e
outros resultados, causando alterações na distribuição e intensidades das chuvas,
podendo as chuvas intensas impactar cidades inteiras, mesmo que não ocorram com
regularidade.
O elevado volume de chuvas em períodos curtos de tempo ou mesmo a chuva
contínua por dias consecutivos tem causado desastres associados à enxurradas e
movimento deslizamentos de terra em diferentes regiões do Brasil, mas sobretudo no
Sudeste. Diferentes ações têm sido realizadas pelo Governo Federal nos últimos anos na
tentativa de reduzir os impactos decorrentes dos desastres naturais, tais como a
institucionalização e a formalização do Grupo de Apoio a Desastres (GADE) em 2021.
Coordenado e operacionalizado pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e
Desastres (CENAD), o Gade aproximou a Defesa Civil Nacional das comunidades
afetadas. Outra medida foi a parceria mantida entre a Defesa Civil Nacional que produz
e encaminha alertas e boletins meteorológicos, geológicos e hidrológicos ao Sistema
Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) (BRASIL, 2022). De posse dessas
informações, os registros de ocorrência de desastres são enviados pelos estados e
municípios por meio da plataforma S2iD. Os dados também ficam disponíveis na
ferramenta Interface de Divulgação de Alertas Públicos (IDAP). A partir dos alertas
enviados, estados e municípios podem sinalizar a população por meio de mensagens de
texto e também em canais de televisão por assinatura (BRASIL, 2022). As medidas são
essenciais para reconhecer as regiões mais susceptíveis aos impactos e, quando
necessário, remover moradores das áreas de risco (ALVES, 2019). A Figura 04 mostra
que o número de pessoas afetadas por desastres associados à chuva passou de 1.8
bilhões em 2018.
Figura 3. Dados de Afetados por chuvas intensas no Nordeste entre 2013 a 2019.

Fonte: Adaptado de Calado (2020).

Figura 4. Dados de Afetados por chuvas intensas no Sudeste entre 2013 a 2019.

Fonte: Adaptado de Calado (2020).

Já é possível encontrar projeções que indicam aumento da temperatura e de


extremos de calor especialmente nos estados do Sudeste, Sul e Centro-oeste (Vogel et
al., 2020). Outro fator preocupante é o aumento dos extremos de chuvas. Projeções
climáticas futuras de extremos apontam um crescimento na magnitude de precipitação
extrema em relação às calculadas para o período histórico em pelo menos 90% do
território nacional. Tais estudos salientam possibilidades climáticas prováveis com
eventos de precipitação extrema mais intensos e regulares o que poderá levar, entre
outros impactos, a inundações urbanas mais acentuadas e mais sucessivas, com o
aumento dos riscos ambientais, e socioeconômicos (CORTEZ, 2020).
O entendimento a respeito do comportamento da chuva por meio de extremos
climáticos, em especial ao pressupor cenários futuros, possibilita a identificação de
tendências de diminuição ou aumento da precipitação que é primordial para que o
Governo Federal e os órgãos responsáveis possam administrar com ações preventivas à
desastres, tais como as inundações e a falta de água. Independentemente das incertezas
inerentes às projeções obtidas através de modelos climáticos, que a cada atualização
apresentam melhorias, é de suma importância que as projeções sirvam de apoio aos
tomadores de decisões que visam mitigar calamidades que prejudicam a população
(FERREIRA, 2022).

3.3.1 ESTUDOS SOBRE EXTREMOS DE CHUVAS E INUNDAÇÕES NO


BRASIL NO CONTEXTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Neste trabalho, foram selecionados 32 artigos científicos cuja temática versou


sobre extremos de chuvas e inundações no Brasil. A região nordeste foi a que mais teve
estudos analisados (n= 10) (LIMA et al., 2021; NÓBREGA et al. 2015; SILVA et al.,
2018), seguido pelo Sudeste (n=6) (VALLEJOS et al., 2022; DALAGNOL et al., 2022;
MARENGO et al., 2020) e pelo Sul (n=5) (SILVA et al., 2022; FERREIRA, 2022). Os
demais estudos analisados (n=12) se subdividiram entre o Brasil com um todo e as
demais regiões.
Parte dos autores (n=16) liga diretamente o aumento da frequência e intensidade
dos extremos de chuvas e inundações às mudanças climáticas (CARVALHO, 2018;
DALAGNOL et al.; 2022; SILVA et al., 2022) avaliando através de análises de séries
temporais e modelagem climáticas utilizando cenários. Outra parte (n=4) averiguou de
forma indireta, ou seja, qualitativamente, que os extremos de chuvas estão mais
relacionados às condições fitogeográficas da região (MOURA et al., 2015; ÁVILA et
al., 2016). N=12 estudos avaliados não atribuem às mudanças climáticas o aumento da
frequência e intensidade dos extremos de chuvas e inundações.
Verifica-se que os estudos em sua maioria são de autores nacionais, em todos os
casos, grande parte destes atribuíram causas às inundações, estas estão ligadas
efetivamente aos ECE e às mudanças climáticas. Alguns trabalhos também apontam
outros acontecimentos que podem contribuir com a ocorrência destes eventos, como por
exemplo: as características socioambientais da região de estudo. A Figura 5 apresenta
um resumo dos estudos realizados sobre o tema considerando a amostra selecionada.
Figura 5. Estatística dos estudos sobre extremos de chuvas e inundações no Brasil.

Fonte: Autores (2022).


3.4 DISCUSSÕES FINAIS

O Brasil, por sua dimensão territorial, é influenciado por diferentes fenômenos


atmosféricos, que dependendo do seu tipo, sazonalidade e magnitude, podem causar
extremos de chuvas que podem deflagrar desastres, tais como secas e inundações. É
importante destacar que os estudos sobre os eventos extremos e desastres precisam
também incluir a temática das mudanças climáticas, pois ainda é necessária uma melhor
compreensão de como a frequência e a intensidade dos eventos extremos podem mudar
nas próximas décadas em razão do aquecimento global.
Embora não haja um consenso entre os especialistas, as secas são entendidas
como eventos extremos climáticos que, por períodos variáveis de tempo, são verificadas
condições de déficit de precipitação que podem comprometer as seguranças hídrica,
alimentar e energética. No Brasil, uma das regiões mais afetadas é o NEB, onde a
deficiência das precipitações associada às condições socioeconômicas e fitogeográficas
tende a causar grandes desastres. Diversos estudos têm sido empreendidos para analisar
as causas das frequentes secas no NEB, sendo que a maioria deles tem evidenciado, ao
menos teoricamente, que os ECE de seca podem estar relacionados com as mudanças
climáticas ocasionadas pela ação antrópica. Verifica-se que grande parte dos estudos
associa empiricamente os ECE de seca com as mudanças climáticas, sendo constatado
também que uma parte dos estudos que averiguam tal associação é realizada em bases
quantitativas. Há ainda estudos que focam em entender como a variabilidade das
condições morfoclimáticas e fitogeográficas da região está associada ao agravamento
das consequências das secas.
Estudos apontam que o Brasil se distingue por possuir vários regimes de
precipitação que variam de acordo com sua geografia e componentes meteorológicos.
No entanto, apesar dessa variabilidade natural da distribuição das chuvas, estudos tem
mostrado que a ocorrência de extremos de precipitação tem sido mais frequentes no
Brasil. Sejam estes, caracterizados por elevados volumes de chuva em pouco tempo ou
mesmo, por anos seguidos com déficit de precipitação. Estudos recentes têm apontado
que a crescente ocorrência de extremos de chuvas pode estar relacionada com o
aumento da evaporação causado pelo aumento de temperatura na superfície da terra,
resultado das mudanças climáticas. Tais eventos, que ocorrem em um curto período de
tempo, causam desastres naturais como inundações, enxurradas e deslizamentos de
terra, acarretando vastos prejuízos físicos e financeiros para a população e para o país.
Os estudos que focam nas projeções futuras dos eventos extremos climáticos são
necessários e podem guiar ações preventivas buscando a mitigação de danos.
No decorrer dos anos, principalmente nas três últimas décadas, é notável que as
interações antrópicas ameaçam, de forma relevante, o equilíbrio do nosso planeta.
Dentre as principais mudanças causadas pela atuação humana, destacam-se as mudanças
climáticas, causadoras de alterações em todo o globo. Embora não seja um fenômeno
totalmente esclarecido, diversos estudos apontam que as mudanças climáticas são
responsáveis pelo aumento na frequência e intensidade de Eventos Climáticos Extremos
(ECE), como as secas e as chuvas intensas. Nesse contexto, diversos estudos têm sido
realizados a fim de averiguar as relações entre as mudanças climáticas e a ocorrência de
ECE. Tais estudos possibilitam a realização de previsões mais acuradas sobre as
possíveis consequências destes eventos, capazes de auxiliar na elaboração de políticas
públicas e ações privadas para minimizar ou lidar com consequências.
A criação do painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), em
1988, facilitou a comprovação da hipótese de que as mudanças climáticas estão de fato
acontecendo com forte influência de ações antrópicas. Para chegar a tal conclusão, os
relatórios do IPCC são gerados através de revisões das publicações mais recentes na
área científica, técnica e socioeconômica sobre as mudanças climáticas. Ou seja, os
relatórios do IPCC são gerados através de pesquisas já realizadas e não diretamente do
monitoramento de dados climáticos.
Muitos estudos na área de desastres naturais e mudanças climáticas apontam que
a alteração dos padrões de frequência e intensidade de ECE estão associados às
mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global, tomando como base a hipótese
comprovada pelo IPCC. Geralmente não há uma quantificação das mudanças climáticas
que ocorreram e como isso afetou os ECE, apenas estudam-se as tendências encontradas
nos dados, associando estas com a mudança climática.
A quantificação de quanto as mudanças climáticas aumentam a probabilidade de
ocorrência de um dado evento não é possível através da observação de registros. Os
estudos realizados no Brasil usualmente apoiam-se na combinação de observações e
conhecimento científico sobre a temática, concluindo assim que a mudança climática
causada pelo homem é, em parte, responsável pelo aumento na probabilidade e
intensidade de ECE. Tais conclusões podem ser corroboradas através de modelagem e
análises de projeções futuras, avaliando se dado evento seria menos ou mais intenso em
um clima que não houvesse sido aquecido por atividades antrópicas, por exemplo,
considerando a continuidade do aumento dos GEE.
Através de análises multimodelo, alguns estudos buscam verificar
quantitativamente a relação entre mudança climática e ECE, contudo, existe alta
incerteza sobre a magnitude dessa influência devido à ausência de séries completas de
dados climáticos. Estudos para uma mesma região usualmente utilizam diferentes bases
de dados e períodos, o que impossibilita assim a comparação entre eles, de forma que
não é possível realizar afirmações concretas sobre as tendências encontradas nos
estudos. Uma alternativa já vista para contornar essa situação, é a utilização de um
mesmo cenário de emissão como base, de forma a auxiliar a verificação da consistência
dos resultados quando estes estudos são realizados através de diferentes tipos de
modelos.
Sendo um dos maiores problemas a falta de dados para análises qualitativas de
alta confiabilidade, estudos realizados utilizam do sensoriamento remoto como uma
nova oportunidade para preencher as lacunas presentes nas bases de dados existentes.
Contudo, devido a diferentes escalas espaciais abrangidas pelo sensoriamento remoto,
ainda é difícil afirmar que a integração de diferentes bases de dados (sensoriamento
remoto e dados de estações pluviométricas, por exemplo) consegue abranger de forma
uniforme a escala de uma dada região de estudo. Outra questão a ser levada em
consideração quanto ao uso de dados de sensoriamento remoto, é a baixa resolução
espacial. Mesmo que modelos climáticos sejam capazes de simular as características
climáticas sobre uma região, devido à baixa resolução espacial, os modelos podem
apresentar erros sistemáticos que impedem quantificar o papel das mudanças climáticas
em um dado evento.
Existe um consenso entre os estudos da temática: a ideia de clima estacionário já
não satisfaz algumas séries de dados atuais e, potencialmente, dados futuros. Portanto, a
busca por soluções utilizando a ideia de clima estacionário não atende a complexidade
da modelagem climática, que utiliza banco de dados para períodos históricos e também
dados projetados.
Dentre as principais questões visualizadas nos estudos que já foram realizados
no Brasil sobre a correlação entre às mudanças climáticas e ECE, percebeu-se, como já
discorrido, que muito é deduzido a partir das conclusões do IPCC sem de fato
quantificar através de dados e modelagem o quanto a mudança climática está
influenciando a frequência e intensidade de ECE. Nas tentativas de quantificar,
encontram-se muitas barreiras na execução, como a falta de séries históricas de dados,
diferentes bases de dados, diferentes resoluções espaciais e diferentes períodos de
análises, que causam incerteza sobre os resultados quantitativos modelados obtidos.
Destaca-se a necessidade de desenvolver mais trabalhos considerando a utilização de
um mesmo cenário para avaliar os resultados obtidos através de diferentes tipos de
dados e diferentes modelos climáticos. Pois, se estudos que utilizam de diferentes bases
de dados estão convergindo para um mesmo resultado a partir de características
similares de modelagem, de certa forma pode ocorrer a validação de tais metodologias
que adaptam a nossa realidade de disponibilidade de dados.

REFERÊNCIAS
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condition prediction using Artificial Neural Networks (ANN): case of Kenya’s operational drought
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MORAES, O., L. L.; CARVALHO, M. A. Drought monitoring in the Brazilian Semiarid region. Anais
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ALVES, R. Monitor de Secas aponta aumento das áreas com seca em seis estados do Nordeste e
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