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Elisa Freitas
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
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All content following this page was uploaded by Elisa Freitas on 31 July 2020.
Assistente de Coordenação
Raquel de Souza
Projeto Gráfico
Life Editora
Imagens da Capa
Cléber Ribeiro Dias
Revisão
Os próprios autores
Impressão e Acabamento
Life Digital
Life Editora
Rua Américo Vespúcio, 255 - Santo Antonio
CEP: 79.100-470 - Campo Grande - MS
Fones: (11) 3508 1941 - Cel.: (67) 99297-4890
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Nelson Urt*
(*) Jornalista, graduado em História pelo Campus Pantanal/UFMS, mestrando de Estudos Fronteriços com
pesquisa na linha de Identidade e Fronteira.
Sumário
16 - Capítulo 1
Higiene Pública e salubridade urbana na Corumbá Imperial
Divino Marcos de Sena, Fabiano Quadros Rückert
37 - Capítulo 2
A presença belga nas minas do Urucum: uma análise da intentona co-
lonialista belga no antigo Mato Grosso (Corumbá, 1907-1918)
Nathalia Claro Moreira, Fabrício Santiago Almeida
57 - Capítulo 3
Uma cidade na fronteira: crises, paradigmas e perspectivas
Marco Aurélio Machado de Oliveira
76 - Capítulo 4
A fundação da instituição escolar confessional Imaculada Conceição
em Corumbá - Elaine Cancian
98 - Capítulo 5
Escola Jatobazinho: “Meu quintal é maior do que o mundo”
Dilson Vilalva Esquer, Nicole Claro Moreira de Morais
117 - Capítulo 6
Brincando com Agripino: experiências estéticas e arte em uma creche
de Corumbá/MS
Erika Natacha Fernandes de Andrade, Aline Cristine Androlage Mercado,
Karen Carolynne de Oliveira Ferreira
140 - Capítulo 7
Cultura de Paz e Direitos Humanos na Educação: um estudo teórico
sobre a necessidade dessa relação
Lielza Victório Carrapateira Molina, Cláudia Araújo de Lima
160 - Capítulo 8
Personagens e Cenários de Corumbá na Poesia de Manoel de Barros
Luciene Lemos de Campos
183 - Capítulo 9
Entre Governança e consagração cultural: o papel da LIESCO no car-
naval de Corumbá
Fernando Thiago, Caroline Gonçalves , Denilson Almeida dos Santos
201 - Capítulo 10
Do global ao local: a questão dos resíduos sólidos em Corumbá (MS)
Elisa Pinheiro de Freitas
Introdução
Os organizadores,
9. CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. Trad. Diogo Mainardi. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 14.
Introdução10
Considerações Finais
Referências
REIS, João José. A Morte é uma Festa: ritos fúnebres e revolta popular no
Brasil do século XIX. 4. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Introdução14
Dorr (1947) elucida que o interesse pelas lavras protelou até o ano
1894, quando uma concessão de 20 anos foi expedida pelo Governo de
Mato Grosso à Francisco Couto da Silva, que induziu uma empresa no
Rio de Janeiro a tentar o desenvolvimento da deposição de manganês e
enviar o engenheiro Publio Ribeiro para investigar a área (DORR, 1947,
p. 34). Todavia, o trabalho de desenvolvimento real começaria, de fato,
somente em 1906, quando a concessão foi vendida por Ribeiro à uma
empresa formada por interesses siderúrgicos belgas.
Conforme Stols (1975), a concessão foi vendida para Compagnie
de l’Urucum Société Anonyme, tendo como dirigente o cônsul belga em
Corumbá, o engenheiro Pierre de Thier-David. A escolha do cônsul
era estratégica uma vez que o mesmo mantinha suas funções diplomá-
ticas, atuando na órbita dos interesses privados dos seus compatriotas,
de modo político e comercial. As relações do cônsul prosseguiram as
amizades estratégicas do cônsul anterior, sobretudo com o comerciante
Francisco Mariani Wanderley, quem, em sua ausência, defendia os inte-
resses da Companhia através da firma Wanderley, Baís e Cia. Tal firma
tinha sede em um enorme casario do Porto Geral de Corumbá, que
abriga hoje o Museu de História do Pantanal (MUHPAN).
Considerações Finais
Referências
Introdução23
Repensando metodologias
Os anos 1930
A história de Corumbá, nos anos 1930, não era mais radical. Ou seja,
os parâmetros de crescimento e/ou desenvolvimento não eram mais esta-
belecidos a partir das conectividades com os centros dinâmicos mundiais.
Sua inserção ao centro dinâmico nacional, todavia, não seria, exatamente,
pelas mesmas vias a que Campo Grande fora inserida. De certa forma, foi
ao contrário, pois a partir da construção da ferrovia para Santa Cruz de la
Sierra as dinâmicas estabelecidas foram, não apenas por sua posição central
na América do Sul, mas, sim, sobretudo, por sua condição fronteiriça. Isso
Rubim percebeu ao colocar a fronteira com a Bolívia como ponto a ser ob-
servado para a retomada de um crescimento econômico (RUBIM, 1939).
Traços de sua formação pós-guerra com o Paraguai permaneceram
intocados na cultura local, especialmente, aqueles cujas origens estão nas
camadas mais pobres da sociedade. Exemplo disso está na parte da obra
de Rubim em que ele trata da festa de São João em Corumbá. Segundo o
autor, o cortejo, que mantém diversos de seus traços até a atualidade, des-
ce pela ladeira até o rio onde o Santo é banhado nas águas do rio Paraguai.
Este rio, aliás, merece uma observação muito relevante, pois as identifica-
ções que diversos segmentos da sociedade têm com ele permaneceram in-
dependentes em relação às crises econômicas que a cidade experimentou.
Exemplo disso são os hábitos de lazer à sua margem, incluindo banhos,
cujas existências são do final do século XIX (SOUZA, 2008).
Outra informação, que considero bastante relevante, foi a insta-
lação da primeira estação emissora de rádio no antigo estado de Mato
Grosso. Tratava-se da Rádio Voz de Corumbá, de propriedade do enge-
nheiro Carlos Miguel Mônaco, em 1935 (BAEZ, 1974).
A fronteira como horizonte para Corumbá superar aquela crise
não pode ser marcada de maneira imediata nos anos 1930. Não tenho
dúvidas que os grupos dirigentes locais, desde os anos 1920, estavam di-
vididos entre as forças inerciais advindas dos tempos “áureos” e as novas
relações, incluindo as novas designações econômicas, políticas e, tam-
bém demográficas, com Campo Grande. Isso atrasou algumas medidas
que viriam a ser tomadas muito tempo depois, embora Rubim (1939)
e alguns vereadores da cidade assinalassem a dinâmica com a nação
vizinha como possibilidade de ampliação das atividades comerciais de
Considerações finais
Referências
SAID, E. Orientalismo. Trad. de Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Cia das
Letras, 1998.
A FUNDAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
ESCOLAR CONFESSIONAL
IMACULADA CONCEIÇÃO EM
CORUMBÁ
Elaine Cancian
Introdução24
28. A salesiana Daria Uboldi penetrou em terras mato-grossenses em janeiro de 1899, quando chegou a
Cuiabá. Exerceu o papel de diretora do Asilo Santa Rita e de Visitadora de Mato Grosso. Em 1905, fundou
o colégio Santa Catarina, onde desempenhou a função de diretora. Cumpriu com a missão de ser diretora
da Casa Maria Auxiliadora, no Coxipó. Foi a responsável, em 1904, por retirar as irmãs salesianas fundadoras
da instituição escolar Imaculada Conceição, em Corumbá, da situação precária em que viviam, em quartos
cedidos para moradia e ensino das meninas, para então residirem e desenvolverem as atividades escolares
em um imóvel alugado. Atuou em Mato Grosso durante 11 anos. (LOPES, 2010)
Para nos acolher, uma benfeitora dos salesianos oferecia uma casa
na qual os móveis da proprietária ocupavam três quartos; ficáva-
mos assim, com a sala de visitas, um quarto que era refeitório
e dormitório (dormíamos em macas) um quarto muito pequeno
que reservamos para a capela, um corredor. Todo esse conjunto
era ligado à cozinha por uma varanda. Ao lado da cozinha, dois
cubículos, um para despensa e outro para banheiro. Fora disso,
nenhum palmo de terra, e não havia água. Assim sendo, para cada
serviço tínhamos que compra-la. A água usada era guardada em
um recipiente, e levada ao rio à noite por uma irmã, e pelas jovens
auxiliares, acompanhadas por um coadjutor salesiano. (AZZI,
1999, p. 304-305).
Considerações Finais
Referências
[...] uma das escolas mais antigas da região é a extensão Sebastião Ro-
lon, que iniciou suas atividades em 1948, às margens do rio Taquari.
Neste período, os produtores rurais tomaram a iniciativa de criar a escola
para atender aos filhos de seus funcionários. Somente em 1975, a gestão
da escola passou a ser de responsabilidade da prefeitura de Corumbá.
(ECOA, 2017, p. 8)
Considerações Finais
Referências
Introdução*37
Considerações finais
Referências
Introdução43
43. O presente trabalho foi realizado com apoio da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul – UFMS/MEC – Brasil.
44. Disponível em http://www.infopedia.pt/$conferencia-de-ialta. Acessado em 02/03/2016.
Os Direitos Humanos
Para Milani & Jesus (2003) a espécie humana, a mesma que in-
ventou a violência, é a única que pode estabelecer a paz sobre a Terra.
Somos capazes de realizar tanto os atos mais elevados, nobres e altruís-
tas quanto os de maior baixeza, destrutividade e egoísmo. Paz e violên-
cia são fenômenos exclusivamente humanos.
A partir destes princípios começa-se a construção da paz a partir
de uma atitude pessoal de não–violência que reflita positivamente no
individual e no coletivo. Busca-se uma responsabilidade universal pela
construção de um novo mundo e coloca este tema como uma das prin-
cipais ações educativas, que promovem fontes efetivas de paz no mundo.
Para Dupret (2002, p. 91):
Educar para a paz é uma aventura que vai além da simples trans-
ferência de conhecimentos. Significa empreender uma linda
jornada pelo mundo exterior e interior. Uma viagem repleta de
desafios e muitas belas paisagens.
A Educação
Considerações Finais
Referências
PERSONAGENS E CENÁRIOS DE
CORUMBÁ NA POESIA DE MANOEL
DE BARROS
Luciene Lemos de Campos
Um filósofo de beco
[...] Ele era o ‘Bola Sete’, cujo verdadeiro nome, creio, ninguém
jamais soube. E foi justamente naquela esquina onde viveu gran-
de parte da sua curta vida maltrapilha, que conheci o ‘Bola’, cer-
cado por alguns conhecidos e por algumas crianças que gostavam
das suas brincadeiras e das suas piadinhas. (SILVA NETO, 1995,
p. 69).
54. Em Ensaios fotográficos, encontramos o verso: Pra compensar tinha laia de poeta. (BARROS, 2007, p. 33).
BOLA SETE
Bola Sete não botava movimento.
Era incansável em não sair do lugar.
Igual o caranguejo de Buson que foi encontrado
de manhã debaixo do mesmo céu de ontem.
Pra compensar tinha laia de poeta.
A BORRA
OS DOIS
FONTES
[...]
Dos viventes da draga era um o meu amigo Mário-pega-
Sapo.
Ele de noite se arrastava pela beira das casas como um
caranguejo trôpego
À procura de velórios.
Gostava de velórios.
Os bolsos de seu casaco andavam estufados de jias.
Ele esfregava no rosto as barriguinhas frias.
Geléia de sapos!
Só as crianças e as putas do jardim entendiam a sua fala
de furnas brenhentas.
Quando Mário morreu, um literato oficial, em
necrológio caprichado, chamou-o de Mário-Captura-Sapo!
Ai que dor!
(BARROS, 2005, p.43).
Mário revisitado
Mário-pega-sapo, de noite, abria em casa todos os
sapos que pegava durante o dia em banhados, nos
barrancos, nos monturos, nos porões, nos terrenos
baldios, debaixo de caixas dágua.
Abria um por um de canivete os sapos para ler nas
entranhas deles o seu futuro (do Mário).
Eu pensava que aquele Mário-pega-sapo fosse um
descendente dos arúspices (sacerdotes romanos que
adivinhavam o futuro remexendo no altar as entranhas
de seus inimigos ).
Em todos os velórios da cidade Mário se compungia
- Por favor, moço, mande esses meninos embora pra casa deles.
(BARROS, 2005, p. 54).
PARREDE!
Quando eu estudava no colégio, interno,
Eu fazia pecado solitário.
Um padre me pegou fazendo.
− Corrumbá, no parrede!
[...]
− Corumbá, no parrede!
Era a glória.
Eu ia fascinado pra parede.
[...]
(BARROS, 2003, IV)
[...]
Se diz ainda que este recanto teria sido um pedaço do
Mar de Xaraiés.
Na beira da noite a gente estava sem rumo.
(BARROS, 2015, p. 22)
EXPLICAÇÃO DESNECESSÁRIA
Na enchente de 22, a maior de todas as enchentes
do Pantanal, canoeiro Apuleio vagou três dias e três noites
por cima das águas, sem comer sem dormir – ele teve
um delírio frásico. A estórea aconteceu que um dia,
remexendo papéis na Biblioteca do Centro de Criadores
da Nhecolândia, em Corumbá, dei com um pequeno
Caderno de Armazém, onde se anotavam compras fiadas
de arroz, feijão, fumo etc. [...]
(BARROS, 2001, p. 31).
À guisa de Conclusão
Referências
BAEZ, Renato. Corumbá: Figuras & Fatos. São Paulo: Brasil, 1964. 166
p. 149
BARROS, Manoel de. Livro sobre nada. 8. ed. Rio de Janeiro: Record,
2000. 85 p.
SILVA NETO, Francisco Ignácio. Era uma vez. Campo Grande: ANE.
Curió, 1995, 98 p.
Introdução63
Pedimos licença aos leitores para abrir alas deste capítulo apresen-
tando nossas melhores preces de uma excelente “boa tarde, boa tarde”!
Damos início à nossa apresentação com esta interjeição recorrente que
ressoa nas vozes dos participantes do Carnaval Pantaneiro de Corumbá.
Trata-se de um hino de alegria do carnaval, composta para representar
um dos blocos mais tradicionais da cidade, o Bloco Flor de Abacate, que
existe a mais de 40 anos.
Assim, “boa tarde, boa tarde, nós de novo aqui, com o Flor de
Abacate, pra sambar até cair”! É num tom de serenidade e alegria que
se dá a abertura deste magnífico evento popular, refletido nos versos de
José Eloy de Magalhães e João Batista Carretoni, quando escreveram a
música do bloco Flor de Abacate.
Bastante tempo antes disto, num retrato do que era a popularmen-
te divulgada por seus habitantes como “Capital do Pantanal Sul-Ma-
togrossense”, Souza (2004, p. 332) relata que Corumbá, fundada em
1778, se tornou principal centro comercial do estado de Mato Grosso
após a guerra do Paraguai (1865-1870), e recebeu diversos imigrantes
no final do século XIX: “paraguaios, bolivianos, italianos, portugueses e,
posteriormente, sírio-libaneses”, mostrando que sua miscigenação não
é recente. A cidade veio a tornar-se sul-matogrossense no ano de 1977
quando da divisão dos estados, tornando-se a terceira cidade do Mato
63.O presente trabalho foi realizado com apoio da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
– UFMS/MEC – Brasil.
Fonte: Elaborado pelos autores baseado em Ronbbins e Decenzo (2004), Brandão, Perazzo e
Raso (2017), Siqueira (2018) e Waack (2018).
Conclusões
Referências
Introdução65
Elaboração: Autora
Elaboração: Autora
Referências
SOARES, Luiz Felipe de Macedo. Estocolmo + 40, Rio +20: Guia Básico.
Carta maior, São Paulo, 30 jul. 2012. Meio Ambiente. Disponível em: <
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_
id=20635>. Acesso em: 25 nov. 2012.