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Virtudes Teologais

Devemos cultivar as virtudes teologais no nosso relacionamento com Deus.


A língua portuguesa tem origem no latim, que era a língua falada na região do Lácio que
hoje é a Itália. Os romanos levaram sua língua para a região de Portugal, nascendo ali o português,
que foi trazido para o Brasil pelos nossos colonizadores. Assim, a palavra latina “virtus” originou em
português a palavra “virtude”, que significa um conjunto de qualidades próprias do homem. O
homem nasceu para fazer o bem. Do Gênesis, primeiro livro da Bíblia, e que fala do começo do
mundo, extraímos a fala de Deus: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. Somos
imagem e semelhança do Todo-poderoso, portanto, nascemos para cuidar bem das coisas que Ele
criou para nós e também para viver bem uns com os outros. Nascemos para cultivar e praticar a
virtude, que é a boa vontade de sempre fazer o bem.
As virtudes podem ser HUMANAS e TEOLOGAIS. Nós cultivamos e usamos as virtudes
humanas para conviver bem com as outras pessoas, no meio da nossa família, na nossa
comunidade e no mundo, enfim. Também devemos cultivar as virtudes teologais no nosso
relacionamento com Deus.
Quando recebemos o Sacramento do Batismo é infundida em nós a graça santificante,
que nos torna capazes de nos relacionar com a Santíssima Trindade e nos orienta na maneira
cristã de agir. O Espírito Santo se torna presente em nós, fundamentando as virtudes
teologais, que são três: FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE.

PRIMEIRA VIRTUDE: A FÉ
Cultivando a fé, acreditamos no Deus Criador, que é o Pai, no Deus Salvador, que é Jesus
Cristo e no Deus Santificador, que é o Espírito Santo. Cultivando a fé, compreendemos que o
Altíssimo é uno e trino e que tudo isso nos foi revelado nas Sagradas Escrituras. Cremos, então,
que Deus é a verdade.
No dia a dia, nós usamos muito a fé. Temos fé nas pessoas, às vezes até em pessoas em
quem não sabemos se podemos confiar. Por exemplo: ninguém pode ser testemunha do seu
próprio nascimento, mas a fé que nós cremos nos pais ou no cartório que fez o registro nos faz
acreditar na data e no local do nosso nascimento. Do mesmo modo, quando entramos em um
ônibus ou em um avião, acreditamos que o motorista ou o piloto são habilitados para nos transportar
e nós nem os conhecemos, mas acreditamos neles.
E Deus, que criou todas as coisas e nos deu a faculdade de pensar, de raciocinar, de
acreditar? Temos muito mais motivos para acreditar n’Ele, para confiar n’Ele, para nos abandonar
livremente em Suas mãos.
A fé que devemos cultivar em relação a Deus é muito mais segura do que a fé que
naturalmente temos nas pessoas. Assim, pela fé, cremos no Todo-poderoso e em tudo o que Ele
nos revelou. Ele se revela sempre a nós. Primeiro pelos Profetas, depois, através de seu Filho, que
é a Sua Palavra. Ele se revela também através do testemunho dos Apóstolos. E, constantemente,
através dos acontecimentos da história da humanidade e da história de cada um de nós.
A criança tem uma fé sem limites na mãe, desde muito pequena, porque foi ela quem a
gerou, a amamentou, ensinou-lhe a andar e a falar.
E Deus, que preparou um mundo maravilhoso para nós e nos colocou como centro desse
mundo?… É forçoso que confiemos n’Ele, com total confiança. Precisamos procurar conhecer a
vontade do Pai e realizá-la em nós, porque, como diz São Paulo, em sua Carta aos Gálatas (cf. Gl
5,6), a fé age por amor.
Mas não basta que nós cultivemos a fé. Esta, quando verdadeira, exige ação. Quando temos
um amigo, não basta que gostemos dele. Devemos dar-lhe atenção, ajudá-lo quando necessário e
possível, e ajudar também as pessoas que ele ama. Se não for assim, a amizade e a confiança não
são verdadeiras.
Com Deus, é do mesmo modo. De que adianta a pessoa acreditar n’Ele e não fazer nada
para melhorar o mundo que Ele criou com tanto amor? Santa Teresa de Calcutá dizia: “Eu sei que
o meu trabalho é como uma gota no oceano, mas, sem ele, o oceano seria menor”. E São Tiago,
em uma carta, nos diz que “a fé sem obras é morta “(cf. Tg 2,26).
A fé nos leva, portanto, a praticar a justiça em tudo que fazemos.
SEGUNDA VIRTUDE: A ESPERANÇA
A Esperança é a virtude que nos ajuda a desejar e a esperar tempos melhores em nossa
vida aqui na terra e a ter a certeza de que conquistaremos a vida eterna, que será a nossa
felicidade.
Muitas vezes, passamos por momentos difíceis e achamos que nossa vida não tem solução.
O mundo hoje está muito violento e cheio de catástrofes. A cada dia, assistimos na televisão e até
bem perto de nós, cenas de maldade, agressões, violência. E assistimos também a tragédias
provocadas por desastres da natureza.
Precisamos refletir sobre tudo o que está acontecendo, encontrar onde está a falha e buscar
uma solução. Sozinhos, não somos nada, mas, com Deus, tudo podemos. A esperança nos leva a
tentar vencer os obstáculos.
Tempos atrás, um fato nos chamou a atenção. Houve um tremor de terra no Haiti e 70% dos
prédios da capital se desmoronaram. Um repórter conseguiu mostrar que, em meio à quase
completa ruína de uma igreja católica, restou intacta, a imagem do Cristo Crucificado. Tudo
quebrado no chão e ela lá, em pé, fulgurante, como a mostrar que Ele está presente junto ao
povo sofrido. Esta cena é muito significativa. Pode-se compreender muita mensagem de Deus para
nós. Precisamos aprender a escutar a voz do Pai. Cada um, no seu coração, vai interpretar, a seu
modo, fatos como este, tão significativos.
No Antigo Testamento, a esposa de Abraão era estéril, mas o Senhor lhe prometeu uma
descendência mais numerosa do que as estrelas do céu e todo o povo de Deus constitui a sua
descendência, porque Sara, sua esposa, concebeu na velhice e gerou seu filho, Isaac.
No Novo Testamento, o anjo do Senhor anunciou a Virgem Maria que ela seria Mãe de um
rei. E ela, de início sem compreender o que anjo falara, se prontificou a cumprir a vontade do Pai.
Sofreu muito, meditando tudo no silêncio do seu coração. Esperou, esperou contra toda esperança
e foi elevada aos céus e coroada Rainha dos anjos e dos santos, Mãe de Deus e Mãe da
humanidade.
Seu Filho não foi aquele rei rico em coisas materiais, como nós imaginamos, no nosso mundo
serem os reis. Mas Ele mesmo disse: “O meu reino não é deste mundo”. E Ele é o Rei dos Reis e
ao som do Seu nome se dobram todos os seres do céu, da terra e sob a terra. Somos, por meio de
Cristo, herdeiros da esperança de vida eterna.

TERCEIRA VIRTUDE: A CARIDADE


A Caridade é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual
amamos a Deus por Si mesmo sobre todas as coisas, e amamos o próximo como a nós mesmos,
por amor de Deus. Amar a Deus sobre todas as coisas quer dizer: preferi-Lo a todas as criaturas
mais caras e mais perfeitas, e estar disposto a perder tudo antes que ofendê-Lo ou deixar de amá-
Lo. Amar o próximo como a nós mesmos quer dizer: desejar--lhe e fazer-lhe, tanto quanto
pudermos, todo o bem que desejamos para nós mesmos, e não lhe desejar nem fazer mal algum.
A Caridade é amor. São palavras sinônimas. A Caridade não é somente procurar uma
moedinha no fundo da bolsa e jogá-la na latinha de quem pede. A Caridade não é somente ofertar
um prato de comida a quem tem fome. A Caridade não é somente tirar do nosso guarda-roupa um
vestido, uma blusa, um sapato ou qualquer objeto que não usamos mais e dar a quem nada tem.
A Caridade é amor. É conhecer a dor da pessoa que vive perto de nós, quer seja na nossa família,
na comunidade ou mais distante. Conhecer a sua dor e procurar com ela resolver o seu problema.
A caridade, o amor é a virtude perfeita. Neste mundo, precisamos ter fé, esperança e amor.
Precisamos ter fé e esperança porque aqui estamos caminhando nas trevas, isto é, acreditamos
em algo que não vemos com os nossos olhos humanos e limitados. Mas cremos na aurora que
dissipará essas trevas e, quando alcançarmos a vida eterna, a fé e a esperança já não serão
necessárias, porque já estaremos diante do Pai.
Entretanto, o amor permanece, porque Deus é amor e, se estamos diante d’Ele, também
somos amor.
Por isso é que São Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios, termina o capítulo 13
dizendo: “Agora, portanto, permanecem três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas é o
amor”.
As Virtudes Cardeais

Virtudes cardeais quer dizer virtudes centrais, fundamentais, orientadoras. É o mesmo que
virtudes morais. Eis as virtudes:

PRUDÊNCIA
É o reto agir, o bom senso, o equilíbrio. Cuida do lado prático da vida, da ação correta e
busca os meios para agir bem. Prudência é o mesmo que sabedoria, previdência, precaução. O
prudente é previdente e providente. É pessoa que abandona as preocupações e abraça as
soluções. Deixa as ilusões e opta pelas decisões. Rejeita as omissões e se empenha nas
ocupações. O lema dos prudentes é: Ocupação sim, preocupação não. A prudência coloca sua
atenção na preparação dos fatos e eventos e nunca na precipitação nem no amadorismo ou
improvisação. Ciência sem prudência é um perigo.

TEMPERANÇA
É o auto-controle, auto-domínio, renúncia, moderação. A temperança ordena afetos,
domestica os instintos, sublima as paixões, organiza a sexualidade, modera os impulsos e apetites.
Abre o caminho para a continência, a castidade, a sobriedade, o desapego. É próprio da
temperança o cuidado conosco mesmo, com os outros e com a natureza. A temperança não permite
que sejamos escravos, mas livres e libertadores e nos encaminha para o cumprimento dos deveres
e para a maturidade humana. Sem renúncia não há maturidade. Grande fruto da renúncia é a
alegria e a paz.

FORTALEZA
Faz-nos fortes no bem, na fé, no amor. Leva-nos a perseverar nas coisas difíceis e árduas,
a resistir à mediocridade, a evitar rotina e omissões. Pela fortaleza vencemos a apatia, a
acomodação e abraçamos os desafios e a profecia. É virtude dos profetas, dos heróis, dos mártires
e dos pobres. A fortaleza dos mártires e a ousadia dos apóstolos, como também a força dos
pequenos e dos fracos é um sinal do dom da fortaleza na vida humana e na história da Igreja. Hoje
a fortaleza nos leva a enfrentar a depressão, o stress, o câncer, a AIDS, os golpes da vida. Grandes
são os conflitos humanos, porém maior é a força para superá-los. A vida é luta renhida, dizia nosso
poeta e a fé é um combate espiritual. “Coragem, Eu venci o mundo!” (Jo 16,33).

JUSTIÇA
Regula nossa convivência, possibilita o bem comum, defende a dignidade humana, respeita
os direitos humanos. É da justiça que brota a paz. Sem a justiça nem o amor é possível. É a virtude
da vida comunitária e social que se rege pelo respeito à igualdade da dignidade das pessoas. Da
justiça vem a gratidão, a religião, a veracidade. Não se pode construir o castelo da caridade sobre
as ruínas da justiça. Pelo contrário, o primeiro passo do amor é a justiça, porque amar é querer o
bem do outro. A justiça é imortal (Sab 1,15). Esta virtude trata de nossos direitos e nossos deveres
e diz respeito ao outro, à comunidade e à sociedade.

As Virtudes Teologais são três, na simbólica o número 3 representa a completude/perfeição


espiritual, por exemplo a Trindade. As Virtudes Cardeais são quatro como 4 são os pontos
cardeais, as estações do ano, os lados da cruz, os alicerces da casa e representa a
completude/perfeição material. Na soma das virtudes temos o número 7 que representa a
completude espiritual e material, símbolo de totalidade e perfeição, exemplos criação em sete dias,
sete petições do Pai Nosso.

Fontes: formacao.cancaonova e Catecismo da Igreja católica

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