Você está na página 1de 151

Moisés Nogueira de Faria

Dedico esse livro para Magna, minha adorável mãe, Humberto, meu pai, Eduardo e
Patrícia, meus irmãos. Ninguém se cria sozinho, assim é em nosso lar, assim é no
Reino de Deus. Se temos uma família nos céus, temos uma aqui na terra também,
ambas são importantes para o nosso desenvolvimento. Grato sou por cada um deles.
"Acima de tudo, uma sensação da presença e santidade de Deus impregnava cada área da experiência
humana, em casa, no trabalho, nas lojas e nas tavernas. A eternidade parecia inevitavelmente próxima e
real."
Efion Evans
Sumário
Dedicatória
Prefácio
Sumário
Introdução
Como recém-nascidos
O Espírito Santo
A Presença
Unção
Rendição
O poder do reino
A experiência
O conselheiro
Frutos do Espírito Santo
Os testemunhos são eternos
Obediência
A Glória é de Deus
Em qualquer lugar
Introdução

Todos já conhecem as religiões e sua capacidade de nos ligar à


espiritualidade e à compaixão. Conseguimos notar alguns pontos em
comum entre elas. Mas o cristianismo vai além, pois não somente
defende a capacidade de o ser humano se aperfeiçoar, mas também
testemunha que o divino veio ao encontro do homem na Encarnação
do filho de Deus, Jesus. Deus veio ao encontro do homem para
reabilitá-lo, pois, pelo pecado, ele não podia se aproximar de Deus.
Religião é a tentativa do homem de se achegar a Deus, Cristo é a
tentativa de Deus de se achegar ao homem.
O salmista afirma que “o Senhor está perto de todos os que o
invocam, de todos os que o invocam com sinceridade”. (Salmo
145:18).
Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os
que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos,
como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas
vocês não quiseram. (Mateus 23:37).
Cristo é uma tentativa diferente de promover a salvação. Deus
agora abre para o homem a possibilidade da salvação pela Graça.
Jesus se sacrificou criando um caminho de salvação, e o Espírito
Santo age nas pessoas aperfeiçoando-as para chegar ao ponto de um
ser completo. As pessoas da Trindade é que possibilitam a salvação
da humanidade.
Não existe cristianismo ou igreja sem as três pessoas da
Trindade. É necessário Deus Pai para ser glorificado, o reinado de
Jesus Cristo e as intervenções e inspirações do Espírito Santo.
A Igreja não é baseada somente no passado, mas também no
presente e no futuro. O cristianismo confessa que seu Deus está vivo
entre nós. Igreja é muito mais que fé e ritos religiosos. É
relacionamento e amor com Deus. Nela não deveriam existir divisões.
Porque é o lugar em que Deus e o homem estão unidos, espaço em
que todos têm livre acesso a ele, assim como ele tem livre acesso a
nós no mistério da comunhão. A reunião do domingo à noite é
símbolo do que deveria ser a convivência dos cristãos para a vida
inteira. A igreja não é teoria, é prática. Ela não é só memória de um
passado de grandes histórias ocorridas, mas acontecimento e
comunhão no aqui e agora do presente. A Igreja é mais que histórias.
Deveria ser testemunho vivo do Deus misericordioso. Cristo está
vivo, a igreja está viva, a esperança e o amor também. O Espírito
Santo é a possibilidade de vivenciar tudo que Deus planejou. É ele
que tornará as pessoas melhores e aperfeiçoará a humanidade.
Somente ele gera condições para que o homem cumpra sua missão.
Ele é Deus em nós, sobre nós, ao nosso redor, por todos os lados.
Este livro não propõe apenas uma releitura do passado, mas
tenta apontar como viver biblicamente o agora, através de
experiências e alargando a fé em novas possibilidades que o Santo
Espírito pode trazer. Nele se fala mais da prática do que da teoria.
Não tem a pretensão de explicar o que Deus é, pois esse amigo a
gente não tenta defini-lo, sendo melhor andar com ele e ouvi-lo.
Nós o convidamos a abrir o coração e a mente para aquele que
foi escolhido para nos moldar por dentro e nos regenerar. Mas que um
fantasma, o Espírito Santo tem sentimentos e pensamentos. É um
amigo e está mais presente do que se possa imaginar.
Assim como no livro “Um Relacionamento mais consistente
com Deus”, o foco deste nosso livro é relacionamento, valorização da
relação e da comunicação, procurando tirar os entraves que existem e
abrindo caminho para uma comunhão mais profunda.
Propomos para reflexão o exemplo de Davi, que se entregou à
Presença e viveu um amor profundo por tudo que tinha a ver com
Deus. Seu coração era livre para amar com toda a intensidade o Deus
vivo que a ele se revelou. O Espírito Santo achou lugar para ter total
domínio sobre a sua vida e torna-lo o exemplo do rei planejado por
Deus.
Que sejamos como Davi, cheios do Espírito Santo e
apaixonados pelo Altíssimo. Mais que uma boa leitura, este livro quer
proporcionar ao leitor um entendimento maior e uma vontade de se
aproximar do Senhor e viver novas experiências.
Profetizo que, com a leitura deste livro, o Espírito Santo achará
lugar em sua vida, mente e coração para agir e gerar novas
experiências e vivências. Que a graça abundante de Jesus permita a
você ir ao encontro de Deus, pois ele o espera de braços abertos. O
seu dia é hoje.
Como recém-nascidos

Estou agora no quarto do hospital. Meu segundo filho acabou


de nascer: uma criança sadia e cheia de vida. Por mais que não tenha
nenhuma deficiência, ela necessita de pessoas para auxiliá-la a
sobreviver, de alguém que lhe dê banho, que a limpe, que a ajude a se
alimentar.
Ela precisa da mãe que a amamente, que a envolva em panos e
lhe dispense outros cuidados para que possa continuar a se
desenvolver. Enquanto não chegar o momento que possa fazê-lo
sozinha, necessita de alguém para ajudá-la.
Como é informado no hospital: as responsabilidades são dos
pais! Os enfermeiros e médicos estão para garantir o sucesso dos
primeiros dias, mas quem deve do recém-nascido são seus geradores.
Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o leite
espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação. (1
Pedro 2:2).
O bebê não tem capacidade de se comunicar e seus movimentos
são limitados. Sua visão é embaçada, e não compreende a linguagem
dos pais. O recém-nascido se comunica com eles pela linguagem do
choro, que é perfeitamente compreensível. Todas as vezes que chora
os seus pais compreendem que ele está chamando. Nos primeiros
dias após o batismo, somos nada mais que recém-nascidos em Cristo
e necessitamos do leite espiritual.
Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a
porta lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca,
encontra; e àquele que bate, a porta será aberta. Qual de vocês, se
seu filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir peixe, lhe dará
uma cobra? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas
aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará
coisas boas aos que lhe pedirem! (Mateus 7:7-11).
O choro do recém-nascido revela sua capacidade de pedir.
Apesar de sua comunicação ser limitada, tudo se torna mais fácil a
partir do momento em que ele chora. Assim, abre-se um canal
comunicação com os pais.
O Espírito Santo é nosso provedor espiritual. Não é possível ao
cristão se tornar um ser espiritual sem a ação direta dessa pessoa
divina. É ele que torna possível o crescer e o desenvolver de todo
homem. Por isso, o segredo é pedir, clamar, chamar a atenção.
Ninguém verá um recém-nascido de nossa espécie querer sair
andando sozinho. O máximo que ele conseguirá é cair da cama.
Assim são todos os nascidos pelo Espírito Santo. Nenhum deles é
autossuficiente.
A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor
Jesus Cristo. (1 Coríntios 1:3).
É maravilhoso esse entendimento de que Deus é Pai e trará o
suprimento e cuidado da vida do novo cristão. Ele assume esse papel
bravamente e cuida dos novos filhos espirituais. Por isso, o segredo é
desapegar-se do domínio, pois não tem nenhum; desapegar-se do
conhecimento, pois, receberá um novo; desapega-se dos caminhos,
pois terá uma renovação de mente. A proposta de Deus é uma nova
vida. O pensamento correto é tornar-se criança em suas mãos,
desejando somente ser conduzido e cuidado pelo Altíssimo. Se o
desejo de Deus é ser pai, que nosso desejo seja apenas ser filho.
Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos
por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade,
para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no
Amado. (Efésios 1:5-6)
até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do
Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da
plenitude de Cristo. (Efésios 4:13).
A maturidade é opcional, tem que desejar crescer e ser
aperfeiçoado, se entregar nas mãos de Deus e passar pelo seu
processo de crescimento. Muitos tentam ser legalistas, ou seja, se
veem capazes e autossuficientes. Outros preferem se entregar à
trajetória gerada por Deus para alcançar a maturidade dando liberdade
ao Senhor para terminar a boa obra iniciada por ele mesmo. No
próximo capitulo, será apresentada a história do rei Davi, que viveu o
plano de Deus e se entregou as suas habilidosas mãos.
O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de
um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por
todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que
induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em
tudo naquele que é a cabeça, Cristo. (Efésios 4:14-15).
Como uma criança sempre faz, quando se atira para o pai,
desejo tanto assim ser eu, com meu Deus.
Não permanece triste, é feliz só porque existe
Glória, glória, glória, glória a Deus, feliz só porque existe, desejo
tanto assim ser eu, com meu Deus
Eu quero viver para sempre nos braços de Deus, eu quero. –
Como uma Criança – Irmão Lázaro
O Espírito Santo
O novo rei

Certo dia, Samuel, o profeta, estava triste, e em seu semblante


era nítido o seu descontentamento. O motivo era o rei Saul, homem
de boa aparência e com porte de guerreiro. Aquele que foi aclamado
pelo povo e escolhido por Deus, outrora humilde e responsável, agora
tem atitudes de desobediência ao Senhor. Era necessário que o rei
seguisse corretamente as orientações de Deus, não se desviando das
ordens do Senhor. Mas o rei não agia assim.
O rei recebia ordens diretas de Deus comunicadas pelo profeta
Samuel. As ordens eram claras, mas o rei não as seguia como deveria.
Em certa batalha, foi-lhe ordenado para invadir uma cidade e matar a
todos que estavam lá, inclusive os animais. Mas o rei decidiu que
levaria esses para fazer um sacrifício a Deus. Achou que isso
agradaria ao Senhor.
Muito surpreso ficou o profeta, ao ver o retorno de Saul com os
animais, o que fez Samuel exclamar: “É melhor obedecer do que
sacrificar!”. O que Deus procurava em um rei era alguém que
estivesse disposto a obedece-lhe e ser fiel, uma pessoa que o tratasse
com honra e respeitasse os seus preceitos e mandamentos. Deus não
se alimenta de sacrifícios, esses servem para os homens. O Senhor
ama os obedientes e considera em alto estima os que têm o coração
em suas leis.
Samuel, porém, respondeu: "Acaso tem o Senhor tanto prazer
em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua
palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é
melhor do que a gordura de carneiros. (1 Samuel 15:22).
O novo rei não era o que se esperava e a cada dia que passava
mais autoritário ficava. O profeta Samuel tinha medo com relação ao
futuro de Israel. A situação ficou sem controle e Samuel nada pode
fazer para mudá-la. Antes o profeta era o juiz e poderia decidir o que
fazer. Mas essa autoridade lhe foi tirada e transferida para Saul a
pedido da população que exigia ter um rei. Por isso, o profeta estava
triste.
Deus fala com Samuel e diz: “Até quando você irá se entristecer
por causa de Saul? Eu o rejeitei como rei de Israel. Encha um chifre
com óleo e vá a Belém; eu o enviarei a Jessé. Escolhi um de seus
filhos para ser rei”. Samuel se alegrou, pois Deus abriu-lhe uma
possibilidade de mudança. Existia agora outra opção. O Senhor
mostraria um novo rei, alguém diferente do atual. Mas a missão era
difícil. Saul não poderia saber que seria ungido um novo rei. Samuel
deveria dizer que somente iria oferecer sacrifício em Belém e nada
mais que isso. Ninguém poderia ter conhecimento do que iria
acontecer, nem o novo candidato ao cargo de rei saberia o que estava
ocorrendo.
Samuel vai à cidade e isso gera um grande alvoroço entre os
líderes de lá. Ele comunica que somente veio para oferecer sacrifícios
a Deus naquele lugar. Convida Jessé, um habitante idoso e de grande
consideração naquela região, e aos seus filhos para participar dessa
cerimonia. Ao se reunirem, algo chamava a atenção do profeta, os
filhos de Jessé tinham uma boa aparência e porte de guerreiros, isso
logo o alegrou, pois podia ver alguém digno ao trono, alguém que
combinava com a realeza de Israel.
A boa aparência dos filhos de Jessé impressionava a todos,
menos a Deus. Saul era alto, bonito e tinha todos os atributos externos
para ter um alto cargo. Mas o seu interior não refletia o seu exterior.
Não era tão bonito por dentro. Por fora parecia um rei, mas por dentro
não passava de um escravo aprisionado em sua ambição.
Ao ver o filho mais velho de Jessé, o profeta logo pensou: “É
esse!”, mas Deus lhe fala ao coração que não era. Samuel vê o
segundo, e também não era. Um a um os filhos do homem de Belém
são apresentados, mas a todos o Senhor rejeita.
O profeta estava confuso, pois todos os filhos de Jessé lhe
tinham sido apresentados e nenhum deles foi aprovado por Deus.
Então ele fica sabendo que existe mais um, que está no campo
cuidando das ovelhas. Ele não foi chamado para a festa, tendo sido
ignorado pelos irmãos. A grande honra de participar de uma
cerimônia com o principal profeta de Israel não lhe foi dada. Ele era o
filho mais novo de Jessé e ficará trabalhando no campo durante a
consagração.
Samuel manda chamar o moço, que se chamava Davi. Ele tinha
boa aparência, cabelos ruivos, porém, em nada parecia com um
guerreiro ou o novo rei. Samuel apanha o chifre com óleo e vira sobre
a cabeça do pequeno o Davi. O profeta não dá nenhuma explicação
porque fez isso. Simplesmente derrama o óleo precioso na cabeça do
jovem belemita e vai embora. Davi não sabia o motivo de ser ungido.
Também ninguém compreendia. Somente Samuel e Deus sabiam que
naquele momento um novo rei havia sido consagrado.
A honra a Davi

Davi estava no campo, trabalhando como pastor, cuidando


diligentemente do rebanho que lhe foi confiado. Tinha fé em Deus e o
amava. Por fora não tinha aparência de um rei, mas o seu coração
tinha. No seu interior, havia os atributos que Deus aprovava e
gostava: um coração segundo a sua vontade, alguém disposto a
obedecer e seguir o Senhor. Era esse rei que o profeta e Deus
sonhavam em ter. O primeiro, Saul, tinha a aparência que o povo
desejava para um rei, mas Davi tinha o coração que Deus desejava de
alguém que sentaria no trono de Israel.
Foi o dia de honra registrado no Salmo 23:
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus
inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
(Salmos 23:5).
Samuel estava reunido com Jessé e todos os irmãos de Davi.
Mas quando o profeta sabe da existência do irmão mais novo, ordena
buscá-lo e diz: “ninguém vai sentar-se à mesa enquanto ele não
chegar”. Era o dia de honra de Davi. Ele chega e tem uma mesa posta,
sua família está reunida. Naquele dia, ele era o mais importante. Na
presença de todos, o grande profeta de Israel vira o chifre de óleo
sobre a cabeça de Davi objeto da maior honra que poderia acontecer.
Naquela noite o jovem Davi sentou-se à mesa com os irmãos e foi
honrado por todos. O seu coração transbordou de alegria.
Não existia nenhuma possibilidade daquele jovem se destacar
entre os irmãos. A Bíblia não retrata o seu relacionamento com os
seus irmãos antes daquele momento. Mas pela passagem do salmo 23
é indicado que aconteceu algo fora do comum: ele foi honrado diante
da família e dos seus irmãos. As atribuições da prole de Jessé de
alguma forma ofuscavam as virtudes do irmão mais novo. Mas a
honra que este não recebeu pelos homens, a recebeu de Deus. Ele foi
tirado do meio das ovelhas para sentar em uma mesa diante de todos e
receber o mais alto grau de honra para um israelita. E isso foi obra do
Senhor.
Mas a maior honra não seria aquela cerimônia. A maior
transformação não estava ocorrendo por fora, mas sim por dentro.
Naquele dia, a unção entraria na vida de Davi, e o Espírito Santo se
apoderaria dele mudando para sempre sua história.
e a partir daquele dia o Espírito do Senhor apoderou-se de
Davi. (1 Samuel 16:13).
O Espírito Santo achou espaço no coração de Davi ao ponto de
se apoderar dele e ter total domínio sobre a vida do novo eleito ao
trono. O cálice transbordou, foi além da conta. Aquele coração
sincero e puro que de nenhuma maneira esperava chegar ao reinado,
estava limpo ao ponto de receber a unção de rei.
O Espírito Santo em Davi

O Espírito Santo sai de Saul e vai para Davi, e nisso dá espaço


para um espírito maligno entrar e atormentar Saul que estava
assentado no trono de Israel. O rei fica atribulado e precisa de ajuda.
Os seus súditos decidem procurar um músico, alguém que possa tocar
uma música para tranquilizá-lo. Essa ideia agrada ao rei e por ele é
aprovado.
Um dos oficiais diz ao rei que conhece um rapaz de boa
aparência, que fala bem e é um bom tocador de arpa. O rei manda
uma carta a Jessé solicitando a presença de seu filho para servi-lo.
Assim, Davi é escolhido como o tangedor de arpa do rei: aquele que
iria ministrar acordes diante do trono de Israel. Todas as vezes que
Saul estava atormentado pelo espírito maligno, Davi tocava canções
com sua arpa. E o rei sentia-se aliviado e menos depressivo.
Certo dia os filisteus, população inimiga do reino de Israel, se
organizaram para entrar em batalha contra o povo de Deus.
Acamparam em território israelita e se prepararam para a batalha.
Saul, como rei, movimentou suas tropas e se preparou para a guerra.
Os filisteus eram conhecidos por sua grande estatura e por serem
acostumados às guerras. Era um grande desafio que se apresentava.
Os filisteus ocuparam uma colina, e os israelitas outra, ficando frente
a frente, sendo separados somente por um vale.
Dentre todos os filisteus, existia um que se destacava pela sua
força e capacidade. Era o gigante Golias, com quase três metros de
altura, guerreiro desde a adolescência. Ele usava armadura de bronze
e tinha uma lança gigante, que só a ponta pesava mais de sete quilos.
Era uma visão assustadora: um grande inimigo, o maior guerreiro
entre os filisteus se levanta e vai rumo ao acampamento israelita,
acompanhado de seus escudeiros, para fazer uma proposta ao exército
adversário.
O gigante propõe um duelo entre o melhor guerreiro de Israel e
ele. Quem vencesse a luta escravizaria o outro povo e reinaria naquela
região. A proposta era absurda, pois, quem enfrentaria uma pessoa
assim? Sua aparência trazia temor. Seria impossível vencê-lo.
Ninguém sobreviveria a uma luta com alguém tão poderoso quanto
Golias, não existia ninguém capaz de vencê-lo. O medo tomou conta
do exército de Israel. Dia após dia, o gigante aparecia em frente ao
acampamento e zombava daquele povo. Repetia sua proposta e
admirava o medo daqueles que estavam lá.
Em um desses dias de afronta ao exército israelita, Davi vai
visitar o acampamento para levar alimentos aos seus irmãos que estão
na frente de batalha, lá, ele escuta o gigante filisteu gritar e afrontar o
exército. Toma, assim, ciência do que está acontecendo e algo
acontece em seu interior. O Espírito Santo começa a se manifestar, e
uma coragem toma conta do seu coração. Gritos e aparência de Golias
não impõem medo no jovem belemita, que está cheio do Espírito
Santo. Enfim, o gigante encontrou um adversário à altura. Em um
mover de Deus, o jovem Davi decide enfrentar o maior guerreiro
daquele tempo, um gigante assustador. Todos que estavam no
acampamento, são tocados pelo poder do Santo Espírito e concordam
que ele é a pessoa certa para vencer o grande desafio. Levam-no à
presença do rei Saul, a quem Davi narra que matou um urso e um leão
com um punhal e que também iria fazer a mesma coisa com o
incircunciso filisteu.
Desde que recebeu o Espírito Santo, Davi se transformou,
tornou-se guerreiro poderoso e vencedor de batalhas em favor do seu
povo. Isto ficou demonstrado no estraçalhamento do urso e do leão, o
que só foi possível pelo poder do Espírito que agiu nele.
Saul se convenceu que realmente só Davi seria a pessoa certa
para enfrentar o mostro inimigo. Mas o enfrentamento entre ele e
Golias seria diferente. O poderoso guerreiro se apresentava com sua
armadura e armas de guerra. Mas Davi foi guerrear com a sua
vestimenta comum e portando somente uma funda, arma de criança, e
cinco pedrinhas. A diferença era desproporcional: um gigante
enfrentando um jovem, um poderoso guerreiro enfrentando alguém
que nunca participara de uma batalha.
Os dois se posicionam frente a frente. Golias, ao ver o seu
adversário, o amaldiçoou e começou a invocar seus deuses. Logo
depois disse: “Venha aqui e darei a sua carne para as aves do céu e as
aves do campo”. Mas Davi respondeu: "Você vem contra mim com
espada, com lança e com dardo, mas eu vou contra você em nome do
Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você
desafiou. Hoje mesmo o Senhor o entregará nas minhas mãos, e eu o
matarei e cortarei a sua cabeça. Hoje mesmo darei os cadáveres do
exército filisteu às aves do céu e aos animais selvagens, e toda a terra
saberá que há Deus em Israel. Todos que estão aqui saberão que não é
por espada ou por lança que o Senhor concede vitória; pois a batalha é
do Senhor, e ele entregará todos vocês em nossas mãos". Naquele
momento a luta não seria mais de Davi, mas contra um jovem cheio
do poder do Espírito Santo, que se apresentava em nome do Senhor
dos Exércitos. Davi pega sua funda, coloca uma pedra e roda em
tamanha velocidade que, ao ser lançada em direção da cabeça do
gigante, a pedra é enfincada na testa e esse cai morto na frente de
todos. Golias foi derrotado com uma pedrada na testa! Incrível!
O Espírito Santo derrama sobre os israelitas uma nova coragem.
Eles avançam em rumo ao exército filisteu, pondo todos em fuga e,
no final do dia, jazem corpos espalhados por todo o caminho. Foi um
massacre. Israel derrotou seu adversário em um dia histórico, e Davi
corta a cabeça daquele que outrora amedrontava todo o exército e a
exibe como um troféu.
A capacidade do Espírito Santo

Nada disso seria possível se não fosse a intervenção Espírito


Santo. Depois que Davi o recebeu, sua vida transformou-se. Foi-lhe
dado poder e capacidade de vencer os seus desafios e adversários. O
jovem era inexperiente e com pouco conhecimento, mas tudo que ele
precisava estava no Espírito de Deus que habitava nele. Tudo que lhe
faltava era suprido. O profeta ungiu Davi com poderosa unção para
ser rei. Ele não recebeu o cargo de majestade, mas recebeu os
recursos necessários que o capacitariam a ser um grande rei.
Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de
amor e de equilíbrio. (2 Timóteo 1:7).
O ser humano é limitado, por maior que seja a sua inteligência,
conhecimento e habilidades. Algumas dessas limitações serão
vencidas pela perseverança e força, outras não, principalmente,
quando elas provêm da alma.
Um jogador de futebol se aperfeiçoa por seus treinos e
preparação, começando a carreira bem cedo e se preparando para que
no futuro enfrente adversário de alto nível, em grande quantidade de
casos a dedicação o leva ao sucesso. Mas existem questões da alma
que são mais profundas e inquietantes, que vão além da dedicação e
capacidade para vencer. Trata-se de forças imateriais que não são
facilmente derrotadas.
Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não
quero fazer, esse eu continuo fazendo. (Romanos 7:19).
Existe uma natureza má no ser humano que deseja fazer o mal.
Ela luta para levar a pessoa ao pecado. É natureza, é a carne, é um
instinto natural que busca as coisas erradas.
Assim, encontro esta lei que atua em mim: Quando quero fazer
o bem, o mal está junto a mim. (Romanos 7:21).
Todos têm um desejo de fazer o bem, de caminhar certo, de
evitar o mal e seguir a vida ajudando os outros e sendo correto em
tudo que faz. Mas também há uma força negativa, que gera
exatamente o contrário, o conduzindo o homem aos caminhos errados
da vida. Todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus.
Ninguém conseguiu cumprir os requisitos mínimos da lei e por isso a
humanidade virou inimiga dos céus. A lei do pecado atuou no ser e
aprisionou a todos Ninguém conseguia se livrar desse mal.
Após o sacrifício de Cristo, o Espírito Santo foi liberado para
todos aqueles que o desejarem em seu corpo. Antes de Jesus,
somente uma pessoa recebia o Santo Espírito, mas, após, Ele é
derramado em todos os corações. Deus sabia que não teríamos a
capacidade necessária para vencer. Por isso o pôs a nossa disposição e
com Ele somos capazes de vencer o pecado, vencer a vida e sermos
aperfeiçoados, assumindo o sonho de Deus para cada um.
Miserável homem eu que sou! Quem me libertará do corpo
sujeito a esta morte? (Romanos 7:24).
Tudo começa quando se reconhece que não dá conta, quando se
consegue entender a realidade e ter consciência dos seus limites e
incapacidades. Não é fraqueza admitir suas limitações, reconhecer
não ter logrado êxito apesar de ter tentando muitas vezes se superar e
sempre voltar ao estágio inicial, saindo frustrado em suas tentativas.
A verdadeira humildade é reconhecer nossas capacidades e
incapacidades, forças e fraquezas. Deus sabe o que alguém é, Quando
esse alguém reconhece a sua natureza falha e decide buscar em Deus
a transformação, é nesse momento que se abre espaço para a atuação
do Espírito Santo.
Porque, aquilo que a lei fora incapaz de fazer por estar
enfraquecida pela carne, Deus o fez, enviando seu próprio Filho, à
semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado. E assim
condenou o pecado na carne, a fim de que as justas exigências da lei
fossem plenamente satisfeitas em nós, que não vivemos segundo a
carne, mas segundo o Espírito. (Romanos 8:3-4).
Quem vive segundo a carne, sofre com a lei e com o pecado.
Não consegue cumprir a lei e tão pouco se livrar do pecado. Os seus
limites são dificilmente transpostos e vive debaixo de uma
condenação. Mas aquele que vive segundo o Espírito tem um amigo
que o aperfeiçoa a cada dia, pois o poder do Espírito pode vencer as
exigências da carne e o levar a um estágio superior a cada dia, naquilo
que faltava para evoluir, o Espírito de Deus atua fortalecendo,
guiando, motivando, aconselhando, ultrapassando as barreiras e
tornando o homem vencedor. O Santo Espírito não tem limites, é
capaz de atuar das mais variadas maneiras e nas mais variadas
circunstâncias. Ele capacita cada um a cumprir a vontade de Deus. Se
o sonho de Deus é que alguém se torne rei, o Espírito o aperfeiçoará
ao ponto de assumir essa função. Se o sonho de Deus é que alguém
seja pastor, o Espírito dará os recursos para isso; se é para ministrar,
ele gerará a palavra. O Espírito o levará a alcançar a vontade de Deus,
sendo aperfeiçoado a cada dia.
Até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento
do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da
plenitude de Cristo (Efésios 4:13).
Ninguém é capaz de chegar à plenitude se não tiver uma
intervenção do Espírito de Deus. Sem ele não somos reconhecidos
como filhos de Deus. Mas quando ele habita em nós, carregamos
Deus em nossas vidas e a sua natureza perfeita é capaz de diminuir a
natureza imperfeita do ser humano. O Espírito Santo é poder
transformador e libertador.
Davi era um jovem com o coração aberto para receber, por
meio do óleo que provinha do céu, o Santo Espírito. Esse foi aplicado
em sua natureza e comportamento gerando uma transformação e
capacitando para vivenciar a sua promessa: o reinado de Israel.
O coração entregue do jovem Davi foi o recurso necessário para
que o poder de Deus nele entrasse e transformasse de jovem
inexpressivo em um grande guerreiro digno de comandar os exércitos
israelitas. A garantia de sucesso seria o Espírito Santo. Somente ele
criaria as condições necessárias para alcançar o chamado. Em Saul o
Espírito de Deus não teve espaço para agir. Porém, em Davi teve o
total controle, ao ponto de se apoderar dele e torná-lo capaz de
realizar os sonhos de Deus na sua vida.
O sonho de Deus

A mensagem principal de Jesus é: “O reino de Deus está


próximo!” Cristo chamava as pessoas para serem súditos do Reino de
Deus. Em uma democracia, todas as vontades são respeitadas ou se
tenta agir assim. Mas em uma monarquia absoluta, o rei é que tem
total autoridade de decisão sobre tudo e todos.
A proposta do Reino de Deus era procurar pessoas que
decidissem por livre e espontânea vontade fazer parte de uma
sociedade que acredita na boa, perfeita e agradável vontade de Deus
ao ponto de se submeter e reconhecendo a soberania e perfeição do
Senhor. Deus é perfeito e devemos pô-lo em seu lugar de direito,
como senhor e soberano em nossas vidas. Quando fazemos isso,
somos justos com ele, pois, o Senhor é digno de toda honra e louvor.
Ele está assentado na posição mais alta de todas e ninguém é como
Ele.
Saul não conseguiu ser submisso a Deus. Ele criava a sua
própria justiça e tentava justificá-la a sua própria maneira.
Pois posso testemunhar que eles têm zelo por Deus, mas o seu
zelo não se baseia no conhecimento. Porquanto, ignorando a justiça
que vem de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se
submeteram à justiça de Deus. (Romanos 10:2-3).
Muitos reconhecem o amor de Deus e as suas boas obras, diante
disso procuram se achegar a sua própria maneira e praticar as suas
obras mostrando zelo para com Deus. Muitos ajudam as outras
pessoas, querendo demonstrar que está do lado certo, ou seja, o de
Deus. Muitos, no entanto, querem definir a sua própria justiça e não
se submetem à justiça de Deus. “Acham” que é certo somente o que
eles próprios pensam.
Será que um ladrão após ser pego em flagrante delito, ao
chegar diante do juiz, alegará que entregou cestas de alimentos aos
pobres, tentando com isso livrar-se da condenação? E que o juiz não o
condenará por tem feito uma boa obra? Veja bem, se existe uma lei
que condena o ladrão, ele não é juiz de si mesmo para escusar-se
simplesmente de pagar a sua própria maneira o seu erro. O erro deve
ser pago como está descrito na lei. E quem aplicará a lei, no caso, é o
juiz e não aquele que cometeu o erro. Assim somos nós, devemos
pagar segundo a vontade de Deus. Não vale a própria justiça. Penso:
fiz algo de errado, vou ajudar essa pessoa e assim já pago pelo meu
erro! Tal propósito não vale. O mal tem que ser reparado segundo a
própria justiça de Deus. Meu zelo por Deus tem que me levar a fazer
o que ele quer, e não o que eu quero!
A verdadeira justiça é a submissão a Deus. É necessário que as
pessoas reconheçam isto, pois, sendo submissas a ele, alcançaram o
ponto de santidade sob a ação do Espírito Santo. Assim, Deus acha
espaço para derramar do óleo e promover mudanças. Todos são aptos
a receber a promessa da salvação. Basta abrir o coração, lançar foras
as suas crenças e conceitos, desapegar-se dos seus pecados e ser uma
taça para receber de Deus o que ele está pronto para derramar.
Diga a Deus: Eu nunca vou conseguir ser uma pessoa boa e
correta se não for através da intervenção do Espírito Santo. Eu já
tentei ser melhor e não consegui. Derrame, ó Deus, seu Espírito
em minha vida e me transforme segundo o seu amor. Eu quero
viver a sua vontade. Abro mão dos meus sonhos e reconheço que
serei mais feliz seguindo o seu caminho. Transforme-me e me use
segundo a sua vontade.
Acredite algo vai acontecer sobre a sua vida!
A Presença

Davi assume o trono de Israel depois de quatorze anos da visita


do profeta Samuel a sua casa em Belém. Uma das suas primeiras
atitudes foi recuperar a Arca da Aliança, que estava em domínio, fazia
muito tempo, dos filisteus. Davi amava a Deus e desde sua
adolescência mantinha grande relacionamento com ele. Em razão
disso, era mais do que necessário recuperar o símbolo máximo da
presença de Deus na terra. Ele reúne trinta mil homens de guerra e
comanda uma invasão à cidade onde estava guardada a relíquia santa,
essa foi tomada facilmente.
Após ter em mãos a Arca, era necessário levá-la de volta ao seu
povo. Sem saber como transportar, a colocaram sobre um carro de boi
e conduziram de volta para Israel. Foi uma viagem longa em uma
estrada de chão batido.
Em certo momento da viagem, os bois tropeçaram e um homem
quis evitar a queda da Arca colocando a mão para segurá-la. No
mesmo instante, a ira de Deus se acendeu contra essa pessoa pela
irreverência e ela teve uma morte fulminante. O rei Davi teve medo
de continuar transportando a Arca depois do ocorrido e decidiu não
levá-la por enquanto para a sua cidade. Perto daquele local, junto à
estrada, estava a casa de Obede-Edom. Foi decidido levar a relíquia
para a sua moradia até se decidir o que fazer com ela.
A Arca de Deus portava a Presença de Deus. Não era um
simples objeto, mas, sim, o símbolo da presença divina na terra.
Naquele tempo o único lugar em que ela habitava era a Arca, ou seja,
quem desejasse estar na Presença do Senhor teria que estar perto dela.
No período que objeto sagrado ficou na casa de Obede-Edom,
ele o fez prosperar, o abençoando e a sua família também. Essa
notícia chegou aos ouvidos de Davi, que ficou sabendo das
transformações positivas que estavam ocorrendo na casa que
hospedou a Arca da Aliança. O rei se alegrou e logo decidiu trazê-la
para a cidade, pois sabia que onde a presença divina estivesse o lugar
seria abençoado e prosperaria.
Para realizar o transporte, o rei decidiu fazer uma grande festa
desde a casa de Obede-Edom até a cidade de Davi, Belém. A cada
seis passos, ele sacrificava um animal em honra a Deus. Vestiu um
manto sacerdotal e foi dançando na frente da comitiva, demonstrando
alegria. Ele não conseguia se conter, pois sabia o valor que tinha a
Arca, Era uma grande honra recuperar o símbolo da aliança entre
Deus e o povo hebreu.
Ela fora construída por Moisés e o povo no tempo de sua
peregrinação através do deserto. Ela tinha muito valor histórico, mas
o seu valor maior era de trazer Deus para dentro da capital de Israel.
Ninguém dava mais importância para aquilo do que o rei, pois,
somente ele sabia o real valor de ter a Presença do Senhor em sua
cidade. Davi acreditava que poderia viver um tempo de prosperidade
e vitória na nação.
Quando os hebreus chegaram àquela terra, a Arca foi colocada
na frente do exército sendo carregada pelos sacerdotes. Foi com ela
nas mãos que o rio Jordão se abriu e eles passaram. A Arca sempre
acompanhou o povo hebreu em seus desafios e agora tê-la novamente
traria um tempo de vitória para Israel.
Davi decidiu construir uma tenda para guardar a Arca. Ele fez
um manto sacerdotal para si próprio. Escolheu músicos para
dedicarem louvores diante da Arca e organizou adorações a Deus com
pessoas que escreveriam salmos ao Senhor naquele lugar. Pela
primeira vez era erguido um centro de adoração onde o foco era a
arca e a Presença que ela portava. Davi já tinha em si o Espírito Santo
e agora tinha a Presença de Deus junto a si. Ele expressou o máximo
da sua honra por ter esse privilégio em sua vida.
Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu
Espírito Santo. (Salmos 51:11).
Mas tinha algo que ainda o incomodava, o rei morava em um
palácio, mas a arca estava em uma tenda montada. Então, em seu
coração desejou construir um palácio para hospedar a Arca de Deus.
O desejo era de honrar o Senhor. Ele demonstrava amor pela arca,
pela presença divina contida nela. Era um sentimento verdadeiro de
adoração do Senhor e isso chamou a atenção do Altíssimo.
E Deus pela boca de um profeta responde a Davi, que todo o
tempo, desde a saída do povo do Egito, tem habitado de tenda em
tenda na Arca e lhe agradava que a ideia de alguém desejar
construísse um palácio para ela. Essa tarefa, porém, não seria
realizada por ele, Davi, mas, sim, pelo seu sucessor. Deus abençoou
Davi, prometendo que sempre um herdeiro dele estaria no trono
daquele reino. Com seria estabelecia uma dinastia do rei, para sempre.
Davi ficou surpreso com a honra recebida, mas pediu ainda:
“Abençoa a família do teu servo, para que ela continue sempre na Tua
Presença!”. O mais importante era estar na Presença de Deus, e tê-la
em sua família seria a grande promessa para ele.
O que é a Presença

É quase inexplicável a presença. Cada pessoa vai dizer algo


diferente sobre o que é, mas quando a sentimos temos o entendimento
que é Deus. O Pastor Bill Johnson tem uma boa explicação para isso:
Na aeronáutica americana, existem os melhores aviões de guerra, com
os mais variados equipamentos de medição e controle. São máquinas
muito avançadas. Mesmo assim um piloto tem que ser treinado para
quando um desses equipamentos falharem ele saber operar e
continuar. Um dos treinos é referente à diminuição de oxigênio na
cabine. Em tal situação, tira-se gradativamente o ar e nesse tempo o
comandante vai identificar os sintomas em seu corpo do que é uma
ausência de oxigênio. Por que isso? Para cada passageiro, os sintomas
serão diferentes. Uma pessoa pode sentir tontura, outra vai sentir
enjoo, alguém pode sentir dor de cabeça. Cada um vai ter uma reação
diferente por causa da ausência de ar. Similarmente ao que ocorre
com a fome: cada organismo vai dar sinais diferentes, ora tendo dores
estomacais, ora dor de cabeça, ora tremedeiras. Cada um terá uma
reação. Assim também somos nós diante da presença de Deus. Cada
um vai reagir de maneira diferente: uns sentem paz, outros uma
alegria incontrolável, outros, ainda, choram. Em cada um, o efeito é
diferente, e a cada encontro diferente tem a sua ação, mas em todos os
casos sabemos que é Deus que está ali, pela sensação agradável e
pacífica em que Ele se revela em nós.
Muitos são os benefícios dessa Santa Presença em nossa vida,
onde a presença é estabelecida, lá existe benção.
Assim ficou a arca de Deus com a família de Obede-Edom, três
meses em sua casa; e o Senhor abençoou a casa de Obede-Edom, e
tudo quanto tinha. (1 Crônicas 13:14).
A presença é alegria e paz.
Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua
presença, eterno prazer à tua direita. (Salmos 16:11).
A Presença de Deus é proteção.
No abrigo da tua presença os escondes das intrigas dos
homens; na tua habitação os proteges das línguas acusadoras.
(Salmos 31:20).
A Presença de Deus é poder.
Estremeça na presença do Soberano, ó terra, na presença do
Deus de Jacó! (Salmos 114:7).
A Presença de Deus é atmosfera de milagres e feitos incríveis.
O povo de Israel colocou a Arca da Aliança afrente do exército é
marchou rumo à terra prometida, e as águas do Rio Jordão se abriram
para eles passarem.
Quando, pois, o povo desmontou o acampamento para
atravessar o Jordão, os sacerdotes que carregavam a arca da aliança
foram adiante. (Josué 3:14).
Mas a Presença é isso? Não. É muito mais que isso. São
indescritíveis as vantagens, sensações, poderes e influências da
Presença em nossa vida, em nossa família, em nossa comunidade e
em nossa realidade. Eis breves conceitos descritos na Bíblia sobre ela:
é boa, pacifica, bem-estar e é desejável estar nela.
Davi tinha pouca informação sobre o que era a Presença de
Deus, mas a amava e sabia dos seus benefícios, mostrava afeto por
ela, pois Ela era o próprio Deus. E ele a todo tempo queria adorá-la e
honrá-la. Por isso, ergueu uma tenda para guardar a Arca da Aliança.
Estabeleceu uma adoração constante, designou ministros para
escreverem salmos de adoração e fez para si próprio um manto
sacerdotal para que ele mesmo fosse um sacerdote diante de Deus.
Honra e a desonra à presença

Davi sabia que não poderia dar nada de valor nessa terra ao
Senhor, pois tudo que tinha vinha da mão Dele. Sabia que nem todos
os recursos que possuía seriam capazes de criar algo à altura de Deus.
Mas sabia que poderia agradar ao Senhor, caso o honrasse.
O rei Davi, porém, respondeu a Araúna: "Não! Faço questão
de pagar o preço justo. Não darei ao Senhor aquilo que pertence a
você, nem oferecerei um holocausto que não me custe nada". (1
Crônicas 21:24).
Um altar de pedras não é nada pra Deus, mas se esse for
construído com as próprias mãos, demonstra honra, e isso agrada ao
Senhor e lá é estabelecida a sua Presença. Se um grupo de pessoas
decide usar o máximo dos seus recursos para construir um altar em
honra ao Senhor em ouro, isso agrada a Deus, não pelo ouro, mas
pelo sentimento verdadeiro de querer agradar-lhe. A ele é dada toda
honra. Mas igualmente Deus aceitará um altar de chão batido, se isso
for o máximo que alguém pode dar. Não é o material que é contado,
não são os excessos de recursos que são considerados, mas, sim, a
vontade de honrar a Presença de Deus, de honrar ao Senhor e ao
Espírito Santo.
“O filho honra seu pai, e o servo o seu senhor. Se eu sou pai,
onde está a honra que me é devida? Se eu sou senhor, onde está o
temor que me devem?”, pergunta o Senhor dos Exércitos a vocês,
sacerdotes. "São vocês que desprezam o meu nome!". Mas vocês
perguntam: “De que maneira temos desprezado o teu nome?”
(Malaquias 1:6).
A Presença tem que ser honrada e respeitada, pois ela é Deus.
Davi a amava e desejava, pois sabia que nela encontrava todos os
recursos para vencer na vida. O seu futuro está ligado a ela. Estar nela
era ter a paz e a bondade de Deus o acompanhando. Na Presença, ele
tinha a orientação para as suas questões pessoais e questões do reino.
Era necessário segui-la para continuar vencendo.
Uma coisa pedi ao Senhor, é o que procuro: que eu possa viver
na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a
bondade do Senhor e buscar sua orientação no seu templo. (Salmos
27:4).
Como diz o Pastor Bill Johnson todas as vezes que você
demonstrar afeto pela Presença, Ela virá. Salomão, após a construção
do templo, em seu grande dia de inauguração, junto ao povo de Israel
fez uma grande oração pedindo a Deus a sua Presença naquele
santuário, era lá que ficaria a arca da aliança e as relíquias sagradas
dos hebreus. Lá seria a casa de oração, lugar para honrar a Deus. Lá
se fez a maior oferta já realizada: vinte e dois mil bois e cento e vinte
mil ovelhas para serem sacrificadas. O rei queria honrar ao Senhor
oferecendo um grande holocausto, o templo foi construído com
materiais nobre e procedimentos especiais, tudo era único. A intensão
era oferecer o melhor a Deus. Nesse templo, se estabeleceu a
Presença e se tornou por centenas de anos a sua casa. Entendemos que
não eram os materiais, ouro e animais sacrificados que atraíram a
atenção do Senhor, mas, sim, a vontade de oferecer algo que custasse,
pagar um preço alto em demonstração de honra àquele que se
hospedaria lá. Deus se estabelece em lugares bem mais humildes,
desde que se demonstre honra e respeito a ele de acordo com os
recursos, procedimentos e pessoas que estão em cada lugar.
Ainda assim, atende à oração do teu servo e ao seu pedido de
misericórdia, ó Senhor, meu Deus. Ouve o clamor e a oração que o
teu servo faz hoje na tua presença. (1 Reis 8:28).
E Deus honrou tudo que recebeu, e estabeleceu a sua Presença.
Mas com o passar dos anos e depois de vários reis assumirem o trono,
a honra foi diminuindo e o respeito ao que eles tinham de algo de tão
precioso foi minguando também. Com o passar dos anos, a
obediência aos decretos de Deus diminuiu e as pessoas agiam
segundo a sua própria vontade, não respeitando o que foi um dia
acordado. Era obrigatório trazer animais sem defeito para sacrificar,
mas já eram trazidos animais doentes, aleijados e roubados e não se
via mal algum nisso. O sacrifício consistia em uma perda pessoal,
algo de valor em troca do perdão de Deus. O Senhor não se alimenta
de animais mortos. O sacrifício consistia em honrar o relacionamento
com ele perdendo algo, mas o povo começou a trazer ofertas sem
valor. Eles faziam o procedimento, mas não mantiveram o sentido
verdadeiro do que era feito. A oferta se realizava, mas não tinha valor
algum o que eles faziam.
“Ah, se um de vocês fechasse as portas do templo. Assim ao
menos não acenderiam o fogo do meu altar inutilmente. Não tenho
prazer em vocês", diz o Senhor dos Exércitos, “e não aceitarei as
suas ofertas”. (Malaquias 1:10).
Após o livro de Malaquias, foram 400 anos de silêncio, até a
vinda de João Batista e depois Jesus. Quando ele entrou naquele, se
enfureceu com o comércio que existia lá. A casa do Senhor havia se
tornado lar de saqueadores, de ladrões que roubavam no deserto e os
vendiam os produtos no templo para quem quisesse sacrificar. Era um
desrespeito a Deus. Jesus expulsou aqueles mercadores de lá e disse
que aquele templo era casa de oração e não de comércio.
Seus discípulos lembraram-se que está escrito: "O zelo pela tua
casa me consumirá". (João 2:17).
O zelo é o ciúme daquilo pelo que temos afeto. Cuidamos e
demonstramos zelo do que amamos. Valorizamos quem amamos ao
ponto de desejar estar perto e proteger, pois queremos manter o
relacionamento o quanto necessário. Se temos uma companheira ou
companheiro pelo qual temos afeto, qualquer um que se aproximar
dele e que possa representar uma diminuição do meu contato com
essa pessoa, me causará ciúmes. Não é um sentimento de posse, não é
um sentimento negativo, é um sinal de amor, pois valorizamos aquele
que amamos.
A Bíblia diz que Deus é zeloso, ou seja, que ele tem ciúme
pelos relacionamentos que mantém e faz o possível para perpetuá-los.
Jesus amava a presença divina acima do edifício do templo, amava a
Presença de Deus estabelecida lá, Ela foi esquecida e desonrada, Ele
era descendente de Davi, o qual pediu a Deus que todos os seus
vivessem na sua Presença, que deveria ser honrada e respeitada, e não
tratada daquela maneira.
Concordam com isso as palavras dos profetas, conforme está
escrito: “Depois disso voltarei e reconstruirei a tenda caída de Davi.
Reedificarei as suas ruínas, e a restaurarei, para que o restante dos
homens busque o Senhor, e todos os gentios sobre os quais tem sido
invocado o meu nome, diz o Senhor, que faz estas coisas” (Atos
15:15-17).
A igreja é a reconstrução da tenda de Davi, realização do sonho
de erguer um lugar de adoração e louvores a Deus, honrando a sua
Presença e amando estar perto do Pai. Davi ergueu a tenda, colocou a
arca da aliança dentro, vestiu um manto sacerdotal e se rendia a Deus
naquele lugar. Ele estabeleceu louvores vinte e quatro horas, destinou
pessoas a escrever salmos de adoração e desejou ao máximo honrar e
manter aquela presença naquele lugar. Davi tinha ciúmes de Deus e
desejava tê-lo bem perto da sua vida e do seu coração. Aquela
Presença que cuidou dele o tempo todo, agora deveria ser cuidada e
amada para todo o sempre.
Quando reunimos em nossa igreja local, o foco deve ser a
Presença de Deus. Reunimo-nos em volta do que representa Deus na
terra e A adoramos. Deixamos o Espírito Santo agir em nossa vida e
conduzir a reunião; se a Presença e o Santo Espírito se sentirem bem-
vindos, honrados e obedecidos a reunião flui para um momento
maravilhoso. Se a presença é benquista em nosso lar e é erguido um
altar não necessariamente físico, mas espiritual, baseado em rendição
e orações, a Presença ficará lá. E assim como foi na casa de Obede-
Edom, que recebeu a arca e prosperou em todos os sentidos, aquele
que hospeda a maravilhosa Presença de Deus prosperará e viverá a
glória de Deus em seu lar. A doce Presença promove ricas mudanças
no ambiente onde é estabelecida.
Adoração acima de tudo

Davi adorava a Deus, o que não lhe era uma obrigação. Seu
coração se dobrava diante do Senhor para adorar. Era uma atitude
genuína e isso tornava aquele lugar especial. O diabo sabe do poder
da adoração e, por isso, tenta impedir que esse momento aconteça na
vida de uma pessoa. Vai fazer de tudo para que as pessoas não se
acheguem a Presença de Deus e vivam essa comunhão maravilhosa.
Moisés um dia chegou diante de Faraó e disse que queria levar
o povo para adorar no deserto, fazer uma festa a Deus e necessitaria
que fosse fora da cidade. A proposta de Moisés não era levar o povo
embora, mas simplesmente prestar culto ao Senhor no deserto, adorar
e louvar. Mas a resposta de Faraó, não foi favorável, e reuniu os seus
capatazes e mandou aumentar o seu trabalho.
No mesmo dia o faraó deu a seguinte ordem aos feitores e
capatazes responsáveis pelo povo: "Não forneçam mais palha ao
povo para fazer tijolos, como faziam antes. Eles que tratem de
ajuntar palha! Mas exijam que continuem a fazer a mesma
quantidade de tijolos; não reduzam a cota. São preguiçosos, e por
isso estão clamando: ‘Iremos oferecer sacrifícios ao nosso Deus’.
Aumentem a carga de trabalho dessa gente para que cumpram suas
tarefas e não dêem atenção a mentiras". (Êxodo 5:6-9).
A proposta de Moisés era levar o povo para adorar, mas o Faraó
mandou aumentar os trabalhos dos hebreus para que com isso eles se
esquecessem dessa ideia. Uma forma fácil de limitar uma pessoa em
sua devoção a Deus são os entretenimentos e trabalhos. Vivemos hoje
na era da informação, onde temos acesso a muitos meios de
comunicação e com um valor acessível. Todos possuem televisão em
casa, e, em muitos casos, mais de uma. Grande parcela da população
possui telefones inteligentes com acesso à internet, dispõem de
sistemas de comunicação em redes sociais que se prendem em
comunicações intermináveis, consumindo horas do dia.
A maioria assume compromissos em demasia: trabalhos,
estudos, cursos e entretenimentos. O longo tempo gasto em tudo isso
e em conversas em redes sociais e telefones esmagando o seu tempo
com Deus. O tempo livre escorre, pois os programas favoritos,
novelas intermináveis, filmes interessantes e programas sociais
consomem muito tempo. Os usuários não se apercebem que tudo isso
é descartável, julgando essas atividades diárias como indispensáveis.
Todo o excesso de informação e atividades gerará cansaço
físico e mental. As atividades da Igreja são as primeiras a serem
cortadas, logo elas que ajudam a melhorar a nossa saúde. O diabo
sabe que a falta de tempo fará as pessoas se distanciarem da igreja e
de seu chamado ministerial.
Podemos fazer uma conta simples: se uma pessoa dorme oito
horas por dia, quer dizer que ela tem dezesseis horas ativas,
multiplicando pelos dias da semana, chegamos a um total de 112
horas acordados semanalmente. Muitos gastam geralmente quatro
horas da semana indo a dois cultos, duas horas no meio da semana e
outras na reunião dominical. Não é de estranhar que esse pequeno
período receba a culpa pelo cansaço da vida dela? Não seria por causa
das outras 108 horas mal gastas? A verdade é que o tempo de
adoração a Deus recebe a culpa pelo excesso de trabalho
desenvolvido pela pessoa. É a palavra de Faraó: é só aumentar o
trabalho e eles vão esquecer essas coisas!
Se a pessoa estiver muito atarefada, vai deixar de orar, deixar de
jejuar, não vai frequentar as reuniões, abandonar atividades
ministeriais. Quanto menor o tempo, maior é o corte na vida cristã.
Essa é uma maneira de oprimir pessoas sem confrontá-las, pois, a
culpa foi dada a Moisés que queria libertar o povo. Eles concluíram
que era melhor viver sendo oprimido a ter uma revolução na vida que
lhe custasse algo.
Render-se a Deus custa esforço e trabalho. Exige perseverança
diante dos empecilhos que se formarão para evitar a sua devoção e
comunhão com o Senhor. Deste modo, todas as coisas vão cooperar
para evitar uma vida espiritual saudável. Alegações de doenças,
problemas de toda ordem, necessidade de ir às compras, de fazer
visitas inevitáveis surgem na hora de ir ao culto. Não se julgará tudo
isso como opressão, mas como problemas do dia a dia. Um coração
rendido tem que transpor essas barreiras e se dispor a Deus, vencendo
as demandas do cotidiano e se entregando ao Santo Espírito de Deus.
Unção

É muito complicado dar explicações sobre a unção. E entender


que tudo é a mesma coisa, é mais difícil ainda. Depois de algum
tempo e das primeiras experiências, entende-se que a unção tem uma
finalidade, que é o serviço aos outros, e não proveito de si próprio.
Ela vai muito além de sensações, lágrimas ou de ficar tremendo. É
muito mais que dançar ou perder o controle do corpo.
A unção poderia ser metaforicamente associada ao fogo, à
chama elétrica, à energia, a algo físico. Apesar de ser sobrenatural, é
sensível e perceptível. Parece às vezes possível de ser tocada. Cada
pessoa vai senti-la de maneira diferente. Por isso, não dá para
descrever o que exatamente ela é. Somente quando a sentimos
podemos expressar algo a seu respeito.
Sua ação em cada um é diferente. Acredito que ela age de
acordo com a necessidade e oração da pessoa, a qual concentra suas
súplicas em determinado ponto. Vi pessoas serem curadas das mais
variadas maneiras após um toque somente. Constatei que pessoas
largaram vícios depois de uma tremedeira, que o rumo de suas vidas
foi alterado após um toque somente, que famílias se restauraram,
casais se uniram, e todas as formas de coisas boas aconteceram de
uma forma miraculosa e sem pré-requisitos para ocorrer.
[...] porque pensava: "Se eu tão-somente tocar em seu manto,
ficarei curada". (Marcos 5:28).
Jesus foi abordado certa vez por uma mulher que tinha a fé
baseada em simplesmente tocar nele. Pensava ela: se pegar na orla da
sua roupa serei curada. E assim aconteceu. Uma virtude sai de Jesus e
resulta em uma cura de uma enfermidade de muitos anos. Era a
doutrina do toque, o poder do Espírito Santo que estava em Jesus
operando milagres com um simples toque. Se esse fosse realizado
com fé, o milagre acontecia. Nesse mesmo capítulo, Jesus expulsou
demônios, curou paralíticos e ressuscitou pessoas com um simples
impor de suas mãos.
Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua roupa,
ficarei sã. (Mateus 9:21).
O milagre acontece no encontro da fé genuína de uma pessoa
com o poder do Espírito Santo manifestado em um homem de Deus,
este é apenas o portador do poder, o seu carteiro, mas é o Espírito que
opera a cura.
Deus falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence
a Deus. (Salmos 62:11).
Rendição

O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de
onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos
do Espírito. (João 3:8)
No Antigo Testamento, o conhecimento sobre o Espírito Santo
era muito restrito. Sabia-se de sua existência, mas pouco se dizia
sobre quem era. Um dos que mais falou e escreveu sobre a terceira
pessoa da trindade foi o rei Davi. Mesmo sem ter referências sobre
essa pessoa maravilhosa, o rei de Israel vivenciou e registrou do que
aprendeu em seu dia a dia.
O Santo Espírito não é um objeto de estudo, mas uma pessoa e
deve ser tratado como tal. Não se aprende sobre o Espírito Santo,
deve-se andar com Ele. Sendo Deus, é tão indecifrável como o Deus
Pai e Jesus. Ele é majestoso, perfeito e amoroso. Devemos aprender
como andar, escutar, vivenciar, honrá-lo e respeitá-lo como ser divino
que é.
Nosso primeiro entendimento sobre ele deve ser: O Espírito
Santo é uma pessoa, ou seja, um ser dotado de “sentimentos”,
inteligência e tem personalidade própria. É Deus onisciente,
onipresente, onipotente, como parte integrante da trindade. Os
participantes da trindade sempre concordam entre si. Não existe
divisão ou desentendimento entre eles. O vento sopra onde quer, ou
seja, ninguém pode mandar ou acreditar que pode controlar o Santo
Espírito. Ele é soberano e incontrolável, mas ao mesmo concordante
com os planos de Deus Pai.
Quando entramos em uma igreja evangélica de tradição
pentecostal, um dos conceitos mais arraigados que se tem é: ser
batizado pelo Espírito Santo. Todo novo convertido é ensinado sobre
a importância do batismo nas águas e o batismo do Espírito. É meta
para todos que seguem a igreja receber esses batismos.
E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a
Cristo. (Romanos 8:9B).
Com o intuito de alcançar o batismo, dediquei-me ao jejum e à
oração, frequentava todas as reuniões de orações coletivas e
fervorosamente seguia a todas as orientações que eram passadas;
prestava atenção a todas as ministrações, pois acreditava que em
algum momento poderia acontecer. Quando se aproximava o final da
reunião, preparava-me para ir à frente, perto do altar, para receber a
oração, inúmeras vezes o ministro da noite falou que Deus iria batizar
pessoas com o Espírito Santo, mas nada ocorria comigo.
Certo dia, decidi fazer melhor. Por ocasião de uma viagem de
uma semana em outra cidade, decidi que todas as noites iria me
dedicar à oração e à leitura da palavra para alcançar o tão sonhado
batismo. E então, ao final de cada tarde, após o trabalho que
realizaria na cidade, me trancaria no quarto de hotel e me dedicaria a
buscar a Deus.
Foi uma semana tão intensa, e vivida com tanta fé que esperava
fechá-la com chave de ouro: ser finalmente batizado. Dia após dia,
fazia o possível para alcançar a minha meta, que era extremamente
difícil, pois orar uma hora somente já era uma eternidade e ainda mais
passar a semana toda me dedicando a algo que não fazia o tempo
passar, era dispendioso. Mas acreditava que era capaz de realizar esse
feito.
Ao chegar o fim de semana, já estava preparado para ter um
grande final de semana, mas, para a minha tristeza, o que eu tanto
sonhava não aconteceu. Inúmeras vezes tentei fazer algo diferente do
comum, mas o resultado era sempre o mesmo, e as minhas opções
foram diminuindo, pois, parecia difícil demais.
Já estava acostumado a perseverar no que eu buscava, estava
decidido a alcançar. Mas, após bom tempo de tentativas, e não
obtendo a resposta que desejava, o ânimo foi sendo substituído por
dúvida, questionamentos como “Será que Deus quer me batizar?”, ou
“Eu nasci pra isso?”. Essas questões foram tomando o meu coração.
Comecei a duvidar que aquilo realmente fosse pra mim. Às vezes,
nem todos seriam batizados, e eu poderia ser uma dessas pessoas e
então, a empolgação foi paralisada pela sensação de que Deus não
queria aquilo pra mim. Eu não seria um dos escolhidos.
Certo dia, ouvi o conteúdo do livro de ensino da igreja que
frequentava, nele constava que para alguém trabalhar na obra deveria
ser batizado com o Espírito Santo. Nesse tempo, eu já realizava
alguns trabalhos naquela comunidade e fui surpreendido por essa
informação. Cheguei então ao meu pastor e disse que entregaria o
cargo, pois não serviria para essa função devido a não ter recebido o
Espírito Santo.
Ele sabiamente me explicou que aquela regra não deveria ser
entendida assim, pois existiam pessoas que exerciam as funções na
igreja sem ter recebido tal batismo. Mas aquela história já me
consumia. Via-me impotente diante de tal situação e perguntava:
Como eles conseguiram? O que eles fizeram para alcançar? Qual foi o
jeito? Era um questionamento que me seguia, mas ao mesmo tempo
deixei de tentar ser o que eu não era. Cheguei à conclusão que não
conseguiria.
Naquela mesma semana ocorreria um congresso de homens, e
uma turma da igreja iria a esse evento. Decidi ir também, certo de que
seria muito legal. Nunca tinha participado de nenhum encontro desse
tipo. Combinamos que o grupo da igreja sairia junto, em um comboio
de carros até o local do evento. Mas devido o atraso de alguns, saímos
muito depois do horário combinado e acabamos chegando ao
finalzinho da primeira e única ministração daquela noite. Chegamos
com fome pra falar a verdade, porém a reunião já estava acabando.
Sentamos nas últimas cadeiras do auditório e ficamos esperando o
término do culto. Antes do final, o pastor ministrante daquela noite
convidou a todos para a frente, pois naquela noite Deus iria batizar
com o Espírito Santo. Pensei comigo: não orei nada essa semana.
Como se não bastasse ainda havia chegado ao final da reunião,
perdendo o que foi dito naquela pregação. Não achei que poderia
acontecer nada pelo meu estado de espírito. Mas como notei que
todos estavam indo à frente, acompanhei. Ao chegar comecei a notar
que as pessoas já estavam falando em línguas e já se movimentavam
dando sinal que o Espírito Santo estava lá. Eu me concentrei para orar
e me preparei para me esforçar como era de costume. De repente, o
ministrante da noite se aproximou de mim e disse: “Relaxa, não pensa
em nada, fique somente falando glória”. Decidi acreditar nele, fechei
os olhos, fiquei somente dizendo: glória! glória! glória! Fique
marcando passo com a palavra dita, mantendo um ritmo tranquilo.
Não fiquei nervoso e ansioso como das outras vezes. Passaram-se
alguns minutos assim. Mantive a tranquilidade e o ritmo das palavras
e me desapeguei de tudo. Em certo momento, o pastor volta a falar
comigo: “Você não notou, mas já foi batizado!” Abri rapidamente os
olhos e quando abri a boca, ela estava mexendo sozinha e dizia coisas
inexplicáveis. Era uma sensação incrível. Comecei a pular de alegria e
desejar que aquele momento não acabasse nunca. Depois disso,
entendi que não era eu que geraria o batismo, mas o Espírito Santo,
que batiza quando e como quer.
Era necessário que eu compreendesse que não geraria essa etapa
em minha vida e que de nenhuma maneira iria ocorrer como eu havia
planejado ou pensado. De mil maneiras pensei como seria, mesmo
assim Deus escolheu de uma forma diferente. Assim como você pode
estar imaginando que lhe poderá acontecer dessa forma é fato preciso
dizer-lhe que será de uma maneira totalmente nova e inimaginável.
Nós não geramos isso. Nós vivemos o batismo. É ele, o Espírito
Santo, que desce sobre nós, e não somos nós que pegamos o cálice e
fazemos por nós mesmos.
Não são suas orações, não é a sua capacidade, é a sua
rendição (Kathryn Kuhlman).
Benny Hinn retrata situação semelhante em seu livro: Kathryn
Kuhlman. Após a morte da nobre senhora de Deus, ele é convidado
para ministrar um culto especial em memoria dela. Ele olhou para o
tamanho do auditório e ficou amedrontado diante do possível público
que estaria lá. Nunca foi apresentado à pastora, só a conhecendo de
púlpito. Sabia que era respeitada em todos os Estados Unidos e que
viriam pessoas de longe para prestigiar aquela noite.
Esse reverendo nunca tinha ministrado com tanta gente, e
substituir a senhora Kuhlman não era tarefa fácil. Encontrou com
alguém da equipe dela que o orientou a não ficar orando. Deveria
dormir e descansar para a noite. Ele ficou assustado e não obedeceu.
Sua tarefa seria árdua. Então se dedicou à oração durante as cinco
horas que antecederia a reunião para se preparar. No inicio do culto, o
auditório estava lotado. Ele não sabia como fazer. Esperou o louvor
tocar e ficou angustiado pensando como ministrar. Ao entrar, estava
nervoso e não conseguia falar corretamente. Após trinta longos
minutos e nada acontecer, se rendeu e disse: “Eu não consigo mais”.
Nessa hora, ouviu a voz de Deus dizendo-lhe que era isso que
esperava, uma rendição, e que naquela hora Deus assumiria.
Depois de cerca de trinta minutos que pareceram uma
eternidade, finalmente levantei meus braços e clamei: "Não
consigo! Senhor, não consigo fazer isso!".
Neste exato momento, escutei uma voz que dizia: "Fico feliz
porque você não consegue. Agora, eu farei".
Naquele mesmo instante, a apreensão e o medo
desaparecerem. Meu corpo físico relaxou. Comecei a falar
palavras que não havia preparado e o poder de Deus começou a
tocar as pessoas por todo o auditório. Benny Hinn (Livro: Kathryn
Kuhlman).
Não são pelas orações, apesar de elas serem importantes. Não é
pela capacidade, mas pela rendição. A oração e o jejum sendo usado
como forma de fortalecimento não têm valor. Mas, quando seu
objetivo é dependência de Deus, o poder é liberado.
Ela citou Isaías 52, onde Deus disse: "Desperta, desperta,
veste-te da tua fortaleza, ó Sião". Ela explicou que as palavras
"Desperta, desperta" significavam "Ore, ore", assim como o
Senhor nos disse para "vigiar e orar". Ao longo dos anos, esta
mensagem adquiriu um grande significado para mim. O custo
pessoal mencionado pela senhorita Kuhlman era a oração - e
naquela reunião tomei a decisão de que pagaria o preço. Aquela
era a chave para a liberação do poder de Deus (Benny Hinn, no
livro Kathryn Kuhlman).
Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois
não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós
com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece
a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de
acordo com a vontade de Deus. Sabemos que Deus age em todas as
coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de
acordo com o seu propósito. (Romanos 8:26-28)
Compreender a rendição é algo extremamente difícil. Como
entender a necessidade de dar o melhor e ao mesmo tempo entender
que não gerará resultado com isso? É quando compreendemos que o
Espírito de Deus não é um robô que funciona em resposta as nossas
ações, mas que ele existe e tem inteligência. Ele recebe o nosso
esforço e devoção, mas à sua maneira dará a resposta.
A Bíblia diz que ele faz como quer, ou seja, não podemos
controlar, programar ou combinar o resultado esperado. O que nos
cabe é pedir ou tocar seu coração com nossa fé e perseverança. Tudo
começa quando demonstramos um interesse real por Ele e
começamos a nos entregar seriamente a esse relacionamento. Mas em
certo ponto notamos que não conseguimos realizar tal feito, pois
depende do outro lado aceitar o convite. Então muitas vezes ficamos
frustrados com o silêncio ou a ausência da pronta resposta. Ficamos
surpreendidos que após o tentar e não conseguir, de uma maneira
inusitada e não programada por nós, Deus responde ao nosso apelo e
dá um sinal que lhe interessa esse relacionamento.
Como o amor é gerado de uma forma não programada, também
o é nosso relacionamento com Deus. Não podemos planejar ou
acertar. Devemos nos entregar e render, e ele virá, pois sempre vem.
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e
conhece as minhas inquietações. (Salmos 139:23).
Davi se rendeu, quando cuidava de ovelhas em um pasto, e
encontrou o Senhor. Foi chamado pelo profeta e ungido para receber
o Espírito Santo. Onde você está, se o seu coração desejar
ardentemente se dobrar diante de Deus para recebê-lo, assim
acontecerá na sua vida.
Não tente controlar o Senhor, não tente programar o seu
encontro, deseje mais do que nunca estar perto dele e peça. O Espírito
Santo está a escuta e satisfará o desejo do seu coração.

...
As armas com as quais lutamos não são humanas; pelo
contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas.
Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o
conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para
torná-lo obediente a Cristo. (2 Coríntios 10:4-5).
Um dos significados que eu obtive em um dicionário sobre a
palavra rendição foi: Ceder. E o exemplo era: Quando vencido, a
fortaleza se rendia. As portas da fortaleza eram abertas, e o vencedor
entrava e tomava o domínio dela. Entende-se que cada um tem uma
fortaleza em si: a sua vontade! Cada um é senhor de si, com o pleno
direito de comandar a sua vida. A rendição é a permissão de entrada
de Deus dentro da fortaleza, sem brigas e sem ser tomada à força. É
ceder à vontade, abaixando as armas e permitindo que o outro lado
vença. Para que a rendição aconteça, três coisas devem ser destruídas
no ser humano: a fortaleza, os argumentos e a pretensão humana.
A fortaleza é essa proteção que cada um faz de si, impedindo o
domínio de Deus. Ela não faz parte do reino de Deus. As leis não têm
valor no seu interior da fortaleza, que toma suas próprias decisões.
Assim, a vontade de Deus não é soberana dentro dela.
O argumentar pode ser infinito, ou seja, não ter fim, pois
muitos não argumentam segundo a realidade, mas de acordo com
linhas de entendimentos, que podem ser verdadeiros ou falsos. São os
sofismas, capacidade de deturpar ou adulterar a sua informação para
usar em prol de sua defesa! Quantos não usam a Bíblia adulterando o
seu conteúdo para respaldar as suas atitudes erradas? O pior é que,
além de adulterar, eles se arvoram em donos da verdade. Sofismas são
acumulativos e cercam aqueles que rejeitam conscientemente ou
inconscientemente a verdade. A rendição acontece quando decidimos
não mais argumentar, mas nos entregar ao conhecimento de Deus.
Jesus é a verdade, por maior que seja o nosso conhecimento, ele
sempre estará certo e o seu conhecimento sempre será a verdade, a
verdade que liberta.
Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com
a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor,
por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco
para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha
própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em
Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé. (Filipenses
3:8-9).
A pretensão, que vem do latim L. PRAETENDERE, que teria
um significado de “estender à frente, alegar, colocar adiante”, seria
algo como “vontade de” ou “irá fazer”. Temos pretensões de muitas
coisas, de fazê-las a nossa maneira. Planejamos e executamos
segundo a nossa vontade humana. A rendição destrói não somente o
sofisma, mas também as suas pretensões. É semelhante a destruir as
suas raízes e tudo que foi gerado com ela. É uma árvore que dará
frutos ruins e tudo deve ser destruído.
Na Bíblia, temos muitos exemplos de pessoas rendidas, como
Moisés, Abraão, Jonas e muitos outros. Quem de nós tomaria uma
decisão extremamente importante de largar a sua mulher e filhos e
voltar para um lugar em que outrora foi um assassino e fugitivo
porque ouviu uma voz que saia de um arbusto? Quem de nós decidiria
apresentar o seu filho em sacrifício porque Deus mandou? Quem de
nós decidiria morrer para salvar vidas somente pela vontade de Deus?
Quem de nós iria a uma cidade cheia de pessoas cruéis e sanguinárias
para pregar o amor de Deus e a retidão? Em todos esses casos existe a
ação conjunta do Espírito Santo juntamente com um homem com o
coração rendido.
Em uma das minhas férias, decidi passar uma semana
descansando em uma cidade chamada Caldas Novas, conhecida por
suas águas aquecidas e por seu ambiente praiano, apesar de estar
localizada no meio do país, a quilômetros do mar, bem no meio do
cerrado. Como sou acostumado a viajar, lembrei que os preços
executados em tais locais são exorbitantes. Então decidi me precaver:
comprei antecipadamente o que eu iria consumir de bebidas em uma
loja local de baixo preço em minha cidade; comprei um engradado de
refrigerante, duas garrafas grandes de água mineral e achocolatado
em caixinhas para o meu filho.
Ao chegar ao hotel, coloquei tudo em minha bolsa e entrei. E já
no quarto, exatamente no momento que eu estava descarregando as
bebidas e depositando no frigobar, minha esposa pegou o manual do
quarto e disse: “Aqui está dizendo que é proibido trazer alimentos de
fora!”. Parei, pensei e disse comigo mesmo: “Já comprei tudo, não dá
para voltar atrás, vou consumir assim mesmo!”. Estava decidido a
utilizar o que eu tinha trazido, não via nenhum problema nisso. Mas
Deus me falou ao coração que eu estava errado e que era necessário
obedecer às regras do local. Não importava se eram por mim vistas
como justas ou injustas. Aquele hotel tinha regras e deveriam ser
obedecidas. Relutei por algumas horas, mas, no final da noite,
coloquei na bolsa tudo que havia comprado e guardei no carro. É
melhor obedecer! Não é mais fácil, mas é melhor! Honrei o meu
compromisso com o hotel, obedecendo às regras impostas, e honrei a
Deus, ouvindo a sua voz, mesmo quando ela ia contra a minha
vontade. Se somos capazes de ceder nas pequenas coisas, logo
cedemos também nas grandes. Mas aquele que não cede nem em
pequenas circunstâncias nunca se renderá a Deus, e a sua vida será
sempre uma fortaleza a ser vencida.
No teu Espírito em tua presença

Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu Santo


Espírito. (Salmos 51:11).
Todos estão sujeitos ao erro, à falha humana, todos pecaram,
muitos estão pecando, e existe uma grande probabilidade de continuar
a pecar e cometer erros. Davi no Salmo 51 mostra um desespero
recorrente a um pecado cometido. Nele está um sentimento de culpa
devido a sua transgressão. Ele era um homem com o coração em
Deus, focado em agradá-lo, mas cometeu algo errado e tinha
consciência da falha, e o desespero tomou seu coração. No meio da
crise, ele teve medo de ser expulso da Presença de Deus e de ver
retirar-se o Santo Espírito. Ele, que vivia em plena comunhão com
Deus, sabia o valor desse relacionamento: estar na Presença e ter o
Espírito Santo. Ele foi tomado pelo medo de perder o que estava
vivendo: a amizade de Deus. Rapidamente reconheceu o seu erro e
viu que tinha transgredido conscientemente a lei de Deus. Agora nada
importava mais do que se reconciliar com o Senhor. Para Davi, era
muito mais que um ritual realizado uma vez na semana, era muito
mais que uma religião, mais que um reinado ou títulos, era tudo que
ele tinha.
Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim
um espírito estável. (Salmos 51:10).
Para Davi, o interior tinha mais importância que o exterior, pois
o seu interior influenciou o exterior. O seu coração e Espírito o
fizeram chegar onde chegou. Esse homem tão virtuoso sabia que sem
o Senhor ele não seria ninguém. O que importava ter riquezas, fama e
poder, se o mais importante que ele tinha, o seu relacionamento com
Deus, poderia estar-se perdendo. A comunhão, a presença, o Espirito
Santo eram o seu maior patrimônio.
Davi conhecia o coração de Deus. Sabia que ele é
misericordioso e compassivo, que se agrada de um homem com o
espírito quebrantado, ou seja, que reconhecesse os seus erros e se
rebaixasse, o Senhor voltaria. O rei conhecia o seu Senhor e sabia o
que deveria fazer naquele momento, e isso foi feito: Reconhecer o seu
estado de pecador e procurar a bondade e perfeição de Deus para
perdoar.
A presença de Deus não é lugar para pessoas altivas e
arrogantes, nem para pessoas carregadas de dúvidas e descrenças, que
duvidam do caráter de Deus e da sua soberania para perdoar. O lugar
da presença divina não serve para pessoas com deficiências em
reconhecer os seus erros e falhas, se achando santas e perfeitas. A
Presença é lar dos quebrantados e de espírito humilde. O Espírito
Santo trabalha em quem permite ser modelado, em quem está
disposto a se rebaixar. Mesmo sendo rei, Davi admitiu: eu estou
errado!
Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os
que praticam o mal. (Salmos 5:5).
Reconhecer a necessidade de estar na Presença de Deus e andar
segundo o Espírito Santo é sinônimo de devoção ao Senhor: quem
ama a Deus busca a sua Presença e o seu Espírito. Vale mais que
títulos e honras. Melhor é estar na Presença de Deus do que em
qualquer outro lugar. Ele está acessível em todo lugar para aqueles
corações que se dobram para o adorar.
Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde
poderia fugir da tua presença? (Salmos 139:7),
Todos estão sujeitos a cair e errar, mas aqueles que não são
capazes de reconhecer o que fizeram de errado não têm lugar na
presença de Deus. A misericórdia se achega daqueles que desejam
recebê-la, se rebaixando para passar debaixo da sua orla, não se
importando de estar ajoelhado diante de Deus e reconhecendo as suas
fraquezas, defeitos e a necessidade de ser aperfeiçoado. O Espírito
Santo faz isso em nós, a capacidade de reconhecer falhas e buscar
humildemente o seu perdão.
Entretanto, vocês não estão sob o domínio da carne, mas do
Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém
não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. Mas se Cristo
está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o
espírito está vivo por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que
ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que
ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus
corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês.
(Romanos 8:9-11).
O poder do Reino

Quando um homem forte, bem armado, guarda sua casa, seus


bens estão seguros. Mas quando alguém mais forte o ataca e vence,
tira-lhe a armadura em que confiava e divide os despojos. (Lucas
11:21-22).
No reino animal, existe a lei do mais forte, ou seja, o animal
dotado de maior força vence o mais fraco. Mas não é somente lá que
existe essa lei. Ela é universal e se aplica em outros contextos.
Antigamente, quando reinos se enfrentavam em disputas territoriais e
de poder, a nação vencedora tornava a vencida uma colônia,
escravizando-a e tomando os seus recursos, cobrando-lhe impostos e
obediência. As leis e decretos do reino colonizador eram transferidos
para a colônia e todos deveriam honrar e respeitar o novo rei. O mais
forte domina.
Jesus ensina sobre isso, quando afirma que o homem forte e
bem armado guarda a sua casa e os seus bens, ou seja, sobre suas
propriedades, ele tem toda autoridade. Mas quando alguém mais forte
o ataca e vence, o vencedor tira a armadura do vencido e divide os
seus bens. Cristo falava da vinda de um Reino mais poderoso que o
reino atual. Esse é forte e bem armado, vence as batalhas e toma o
que existe lá. Agora o que vale são as suas leis e a autoridade do novo
Rei.
No livro de Jonas, retrata-se o povo de Nínive, uma nação cruel
e sanguinária, que praticava maldades contra os outros povos. Os
historiadores relatam que eles faziam paredes com peles humanas e
costuravam animais vivos em ventres de mulheres grávidas. Nesse
livro é descrito que a maldade desse povo chegou ao céu. Deus então
enviou o profeta Jonas com a missão de avisar que essa cidade iria ser
destruída em quarenta dias se não se arrependesse.
A nação de Nínive tinha a sua própria legislação, que
concordava com as barbáries cometidas. Mas os seus decretos e leis
foram revogados diante da chegada do Reino de Deus. O Senhor
concluiu que as práticas daquele povo eram erradas. E por ser
soberano de um reino superior, não importava a legislação local, pois
suas leis divinas eram superiores e o que valia era o que o Senhor
dizia. Por isso tinha autoridade de dizer que a cidade seria destruída
em alguns dias. O Reino de Deus é superior a todos os reinos, e onde
é estabelecido como vencedor suas leis são transferidas, independente
do que é praticado lá. O novo Rei é quem determina os decretos e
mandamentos.
No confronto entre israelitas e filisteus, a nação comandada
pelo rei Saul era inferior aos seus desafiantes, pois o povo filisteu era
composto de grandes guerreiros de alta estatura. Suas vantagens os
faziam zombar dos israelitas, e esses se amedrontaram diante do
inimigo. Porém, quando Davi chega e juntamente o Espírito Santo, a
balança tomba para o outro lado, pois veio carregando o Reino de
Deus, que é muito superior ao reino dos filisteus. O poder que existia
sobre o jovem era capaz de destruir o seu inimigo e amedrontar todo o
exército e seus deuses. Uma simples pessoa cheia do Espírito Santo é
mais poderosa que todo o inferno reunido. A autoridade que existe
sobre um cristão cheio de Deus amedronta o mais poderoso demônio
na terra, ninguém é capaz de vencer alguém que é invencível.
...
Certo dia, Jesus estava caminhando com os seus discípulos
através de plantações. Era um sábado e eles estavam com fome. Então
eles adentraram o campo do milharal e colheram espigas que estavam
caídas e comeram. Os fariseus, grupo politico-religioso daquele
tempo, os criticaram por isso. Eles criticaram não por terem entrada
no milharal e colhido espigas, por que isso era lícito fazer Entre as
leis de Deus havia uma que eu dizia ser permitido colher as espigas
que caíssem no chão. Dizia também que o ceifeiro da plantação
deixasse essas espigas para os necessitados comerem, e que ele,
cefeiro, somente levasse as que estavam no pé. A crítica feita a Jesus
e seus discípulos não era por causa da atitude deles, mas por estarem
realizando isso em um sábado, dia sagrado para descanso e culto a
Deus.
A visão do sábado para os fariseus era algo distorcido e
exagerado. O que eles estavam dizendo não tinha lógica. Jesus rebate,
lembrando do episódio de Davi quando estava com fome e pediu no
templo algo para comer. Não tinha nada além do Pão da Presença
(doze pães apresentados na mesa que ficavam na presença de Deus).
Ele e seus soldados comeram desse pão. Mas eles não comeram o que
estava em consagração, e sim os que haviam sido retirados da mesa e
substituídos por novos. Só aos sacerdotes era permitido consumir
desses pães. No entanto, tais pães foram dados aos soldados famintos.
As pessoas com fome, que mal seria dar os pães endurecidos aos que
estavam com fome? Não teriam mais nenhuma serventia! Assim
como os discípulos estavam com fome e comeram milho, qual o
problema de comer os milhos no sábado? A religião era mais
importante do que alimentar o faminto?
O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça,
desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper
todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o
pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar
ajuda ao próximo? (Isaías 58:6-7).
Para Deus não há nada mais importantes do que as pessoas. A
religião é para o homem, e não o contrário. A vontade de Deus é que
o bem seja feito acima das outras coisas. Guardar o sábado é
importante, mas pôr a lei sabática, de modo absoluto, acima das
outras leis de Deus era errado. O Senhor sempre foi a favor da
misericórdia, e entre essa e sacrifícios, melhor é ser misericordioso.
Os sacrifícios sempre foram atitudes de honra a Deus, uma maneira
de respeitar Senhor. Mas eles não eram superiores à obediência e à
misericórdia, ou seja, usar os sacrifícios para evitar ser obediente ou
ter compaixão de outros era errado. Uma coisa não tampa a outra.
Evitar a obediência se esconder por detrás de rituais não era certo.
Não ajudar, alegando que estava sacrificando ao Senhor não se
justificava. Essas atitudes eram vistas como pecado, pois tentavam
burlar a lei visando ao seu bem próprio. Os fariseus seguiam a sua
própria lei e interpretaram como queriam as escrituras. Mas essa sua
versão não teria valor para Jesus, que vinha com a autoridade do
Reino de Deus e suas leis e decretos. As interpretações equivocadas
dos sacerdotes daquele tempo não teriam valor algum diante do Rei
que estava presente naquele lugar.
Naquele momento chega um homem com um problema na mão.
Os fariseus provocam Jesus, perguntando se é certo curar no sábado.
E Cristo responde que qualquer um que tivesse um animal de sua
propriedade preso nesse dia, iria libertá-lo, ainda mais ele, Jesus,
jamais deixaria um aprisionado de Satanás continuar enfermo nesse
dia. No mesmo instante, ele cura a mão do doente, que volta ao
normal.
Jesus como rei e representante do Reino de Deus, reino superior
e que tem autoridade sobre outros reinos independente de onde está,
diz: “É permitido fazer o bem no sábado!” Jesus lançava um decreto
novo sobre aquele povo, se afirmava que não podia, o rei aprovava
essa conduta e decretava a sua lei. Existia sobre Jesus essa autoridade
de definir as leis e dizer o que era certo ou não, Jesus representava o
reino de Deus e sobre a vida dele existia algo que garantia essa
confiança.
Ao verem o ocorrido, os fariseus o difamaram e davam o
crédito a Satanás pela cura. Eles acreditavam que somente o príncipe
dos demônios poderia operar tal milagre. De fato, o reino de Satanás
tinha poder, era superior ao reino dos homens, mas o que ocorreu era
para glorificar um reino ainda mais superior. Satanás é o homem forte
e bem armado, mas Deus é o mais forte, ele o vence e distribui os
seus bens.
Quando um homem forte, bem armado, guarda sua casa, seus
bens estão seguros. Mas quando alguém mais forte o ataca e vence,
tira-lhe a armadura em que confiava e divide os despojos. (Lucas
11:21-22)
Jesus explica que se estivesse operando milagres pelo poder de
Satanás, o reino do inimigo de Deus estaria dividido, ou seja, o diabo
oprimiria e depois ele mesmo retiraria a opressão, faria adoecer e
depois curaria. Sendo assim, tal reino não subsistiria e logo cairia.
Tudo aquilo era passível de acontecer por causa do Reino de Deus,
que é superior ao reino do mal. Só ele é capaz de retirar a opressão,
curar as enfermidades, libertar pessoas quebrando cadeias e prisões.
Tudo que o diabo fazia poderia ser desfeito e anulado, pois o novo
Rei agora domina esse mundo.
Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então
chegou a vocês o Reino de Deus. (Mateus 12:28).
A marca que temos desse reino é o Espírito de Deus. É por Ele
que as pessoas têm contato com esse novo reino. Ele carrega em si a
autoridade de expulsar demônios e trazer todos os benefícios dos céus
para a terra. Todos têm essa autoridade pelo Espírito Santo, o mesmo
que habitou em Cristo e que faz morada em pessoas hoje. Ele que
proporciona o acesso aos céus e aos seus poderes.
E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a
Cristo. (Romanos 8:9b).
O Espírito de Cristo habita em nós e nos dá o conhecimento de
quem somos e de onde viemos, nos conduzindo a viver a adoção
daquele que é “o mais forte” e tem autoridade sobre toda a terra.
Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para
novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como
filhos, por meio do qual clamamos: "Aba, Pai". (Romanos 8:15).
O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos
filhos de Deus. (Romanos 8:16).
O poder, a autoridade, a fé, a coragem, o amor provém do
Espírito Santo. É ele que leva a intrepidez e a força para avançar
diante do inimigo, declarando que as leis de Deus são justas
exigências e possíveis de serem cumpridas, pois agora o corpo que
era morto no pecado ganhou vida através do Espírito. As leis do
pecado e da morte foram anuladas e a lei do Espírito de vida liberta e
declara um novo tempo... O tempo de agradar a Deus.
Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus.
(Romanos 8:8).
A carne perde a sua força diante de uma autoridade superior,
pois o domínio do reino de Deus revoga a lei do pecado e é capaz de
vencer a carne. O corpo físico, porém, pode vencer o espírito
enfraquecido. Mas, quando estamos unidos a “alguém mais forte”, a
batalha ganha um reforço e o espírito, que outrora era prisioneiro,
agora é forte para lutar, pois saímos do domínio da carne e entramos
no domínio do Espírito. Assim, por causa da justiça, o homem ganha
vida e é declarado Filho de Deus.
A experiência

Não levem bolsa nem saco de viagem nem sandálias; e não


saúdem ninguém pelo caminho. Quando entrarem numa casa, digam
primeiro: “Paz a esta casa”. Se houver ali um homem de paz, a paz
de vocês repousará sobre ele; se não, ela voltará para vocês. Fiquem
naquela casa, e comam e bebam o que lhes derem, pois o trabalhador
merece o seu salário. Não fiquem mudando de casa em casa. Quando
entrarem numa cidade e forem bem recebidos, comam o que for posto
diante de vocês. Curem os doentes que ali houver e digam-lhes: ‘O
Reino de Deus está próximo de vocês’. (Lucas 10:4-9).
Muito se escuta falar sobre o Espírito Santo. Apresentam-se
estudos e conceitos, mas o maior entendimento que se poderá ter
sobre ele se adquire mediante o conhecimento pessoal. É uma aula
que não pode ser dada na teoria, somente na prática.
Jesus já tinha instruído os discípulos sobre muitas verdades do
Reino de Deus, mas não poderia simplesmente falar em depender do
Espírito Santo. Os discípulos deveriam vivenciar essa verdade. Por
isso, era necessário que eles saíssem sem a companhia de Jesus.
Sairiam somente eles e o Espírito Santo, sem poder levar nada. Ele
proveria a roupa, alimentos e onde se hospedar. Seriam totalmente
dirigidos e aconselhados pelo Espírito de Deus. Seriam embaixadores
do Reino e portadores do poder e autoridade que viria dele.
Os discípulos teriam a sua mais importante aula: depender
totalmente de Deus e andar com Ele, aprendendo a se relacionar com
alguém que não se via, mas se sentia e entendia que estava lá.
o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque
não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com
vocês e estará em vocês. (João 14:17).
Há alguns anos, após ser batizado com o Espirito Santo e já
falar em línguas estranhas, decidi aproximar-me mais de Deus. Queria
realmente tentar algo diferente, tentar me destacar e chamar de
alguma maneira a sua atenção. Uma certeza que sempre me
acompanhou é que eu não deveria passar a minha vida com dúvidas,
que eu deveria tentar ao máximo ir ao encontro de Deus. Se nada
daquilo fosse verdade, pelo menos viveria com a certeza que eu tinha
tentado ir ao encontro de Deus. Nada é tão frustrante quanto não ter
tentado ao máximo e viver com a dúvida que poderia ter ido além,
que poderia ter galgado degraus mais elevados e ter vivido algo
superior. Tentar e se frustrar com o resultado final é melhor do que
viver sem resultados melhores e sem frustações. Só vence muito,
quem tenta muito e erra muito. Se for fazer algo, faça mesmo, pelo
menos terá a certeza que fez o seu máximo para que fosse realidade,
que a culpa não foi por sua por ausência de fé e perseverança.
Um dia decidi que poderia tentar algo maior, fazer um propósito
diferenciado, sozinho, somente eu e Deus: quarenta dias de jejum
com orações diárias e, no final desse período, uma oferta financeira
generosa. Para mim, era um grande esforço, muito além do que já
tinha feito na minha vida toda. Tentei cumprir a risca o meu
propósito. À minha meta não era bens e nem resolução de problemas.
Era agradar a Deus e me aproximar mais ainda dele.
Salomão, quando novo, teve um grande desafio, em contexto
extremamente difícil: assumir e comandar o reino de Israel. Diante da
sua inexperiência, ele procurou em Deus uma resposta. Decidiu fazer
um grande holocausto (sacrifício de animais a Deus), o maior já
realizado até aquele tempo: mil bois seriam sacrificados no antigo
tabernáculo edificado por Moisés. Salomão diante dos olhares
incrédulos de um povo inteiro levou a sua oferta e realizou o maior
sacrifício até aquele tempo. Nenhum de seus antecessores imaginou
tal atitude. E para uma atitude única... também uma resposta única.
Deus apareceu a Salomão em seu sonho e propôs a ele pedir o que
quiser. Sacrifícios são menores que a obediência e a misericórdia,
mas quando esses estão no coração e o empenho de agradar a Deus
não visa à desobediência e arrogância, isso agrada a Deus. Pagar um
preço em sacrifício é valorizar Deus ao ponto de perder o seu tempo,
recurso e força em prol de alcançar o seu coração, é zelar pelo seu
relacionamento com o Altíssimo. Isso terá resposta. Ser original em
sua proposta tem muito valor. É a expressão sincera de um coração do
qual brotou a fé e deseja se render a Deus.
Depois dos meus quarenta dias de propósito, sem sentir nada ou
ver nada de sobrenatural nesse período, a única palavra que eu tive
como resposta foi: “Ele se agradou do que você fez”. De alguma
maneira, em meu pequeno sacrifício tinha agradado a Deus. Em meio
as minhas limitações me empenhei para oferecer algo a mais. Foi
original, houve devoção e rendição, foi apresentado algo de valor,
assim, que tinha tentado algo e isso chamou a sua atenção.
No final daquele ano, perguntei a Deus o que eu realmente
poderia apresentar-lhe, e no meu coração foi proposto algo maior, um
novo jejum. Agora seria um propósito anual, em que retiraria algumas
coisas da minha alimentação que realmente faria falta, e teria que
apresentar mais de uma hora de oração diária. Esse novo propósito
exigiria disciplina e perseverança para não errar, pois eu aceitaria o
compromisso por livre vontade. Uma vez iniciado não poderia voltar
atrás, pois é melhor não prometer do que não cumprir. Mal imaginava
o que me esperava nesse novo ano.
Manter a disciplina em orações diárias realmente é muito
difícil, ainda mais se é um período de uma hora, pra quem nunca tinha
conseguido ficar dez minutos falando com Deus. Mas por um ano
todo à frente, pareceria uma eternidade, e aja assunto para conversar.
Notei que iniciar, ouvindo um louvor, facilitaria o momento.
Ter uma música tema para essas reuniões com Deus alicerçaria mais
fácil em meu coração esse tempo incomum e a necessidade de estar lá
naquele momento, A música “Há um lugar” da ministra de louvores
Heloisa Rosa foi a minha grande companheira de noites de oração. A
cada noite que passava aparentava ter maior intimidade. O que era um
procedimento nos primeiros dias, tornou-se uma conversa amistosa,
prazerosa, a cada dia mais confortável e natural. O que no começo
parecia peso excessivo, tornava-se leve, agradável e simples de
realizar.
Com a passagem dos meses, comecei a gostar daquele
momento. Contava as horas para chegar a noite e ter mais um
momento de intimidade com ele. Os assuntos eram intermináveis,
parecia que todos os dias se tinha assunto novo, algo novo a se tratar,
novo ensinamento, entendimento sobre algo.
O dia a dia começou a trazer novidades que deveriam ser
discutidas na oração. O que começou como um protocolo religioso: se
fechar no quarto escuro e passar uma hora orando, estabelecendo
tempo limite, se transformou na melhor hora do dia, o momento
esperado. Ninguém seria tão importante ao ponto de substituir aquele
momento.
Os assuntos referentes a Deus se tornaram prioridade, e falar
sobre ele era o mais interessante de tudo. De repente a melhor
programação da TV eram pregações, e as músicas favoritas eram
aquelas que falavam sobre estar na presença de Deus.
Por fora, pouca coisa mudou, mas por dentro uma fé se
estabeleceu de tal forma que os meus pensamentos se tornaram
diferentes dos outros e algo dentro de mim fervilhava. Eu não tinha a
necessidade de impressionar a ninguém, acredito que ninguém
esperava algo novo de mim. Então tinha a liberdade de viver aquele
momento sem pressões externas ou cobranças, sem necessidade de
chamar a atenção ou mostrar como estava diferente. A alegria de
Deus tomou o coração.
Eu já era pastor e batizado pelo Espírito Santo, mas de uma
maneira muito especial tudo se tornou novo. Era difícil acreditar que
depois de ser batizado e falar em línguas estranhas se teria uma nova
experiência assim. Mas, certo dia, como era de costume orar pelas
pessoas no final do culto, ao impor as mãos sobre alguém, ao abrir a
boca, a minha oração foi diferente. Falava coisas incompreensíveis
para mim. Não entendia por que estava falando aquelas coisas tão
diferentes e sem lógica alguma para mim. De repente, aquela pessoa
dispara a chorar e se ajoelha. Algo novo acontecia na minha vida. É
como se tivesse revelado a vida dela. Eu não tinha a menor noção de
onde vinha aquelas palavras, mas surgiram e eram compatíveis com a
sua vida ao ponto de arrancar lágrimas.
Fui orar por outra pessoa e o mesmo aconteceu, e com outra
também. Era difícil entender naquele momento. Deixei-me levar pelo
que estava acontecendo, sem ressalvas, aproveitando esse momento.
No meu coração não tinha uma explicação lógica para aquilo e no
meu entendimento não saberia dizer o que eu fiz de diferente para que
aquilo ocorresse em minha vida. Eu estava em um propósito, mas
conscientemente sabia que o meu sacrifício não geraria tanta honra
sobre mim. Aquilo que estava acontecendo não foi causado por mim,
pois eu não teria condições de gerar isso. Mas Deus me agraciava
com um novo dom, a revelação. Após aquele dia, passaram-se meses
até voltar a acontecer novamente. Mas sabia que uma vez ungido é
irrevogável.
Quando preparava as mensagens, os textos bíblicos começaram
a se tornar mais lógicos e me mostravam coisas novas. É como se eles
se encaixassem e revelassem mensagens novas nunca ouvidas por
mim, pelo menos. Era um conhecimento novo, que me deixava
empolgado ao redigir as pregações e tinha resultado maravilhoso ao
ministrá-las. A presença de Deus adentra a reunião e torna o momento
maravilhoso. Os olhares das pessoas ficavam vidrados na mensagem,
como se as palavras entrassem diretamente no coração e alcançassem
a alma de uma maneira que uma palestra natural não conseguiria. As
pessoas começavam a chorar, a acenar com a cabeça, concordando
com o que era dito e batiam palmas de alegria. Era maravilhoso esse
momento. Mal podia esperar chegar a casa e me fechar no quarto para
compartilhar o que havia acontecido à noite na reunião.
A cada pregação algo totalmente novo ocorria. Então era
empolgante a cada vez que era convidado para ministrar ficar ansioso
em saber o que seria revelado, qual seria o novo ensinamento, o que
aconteceria de novo, qual seria a nova experiência. Sabia que não
estava gerando aquilo, mas, sim, que era um personagem naquela
história e tinha que aguardar a novidade que surgiria. Novas
experiências surgiam todos os dias, de sentir a presença de Deus
initerruptamente, até ter o entendimento sobre questões espirituais.
Tudo era motivo de alegria, como tivesse sido presenteado com algo
que não esperava. Então gerava ânimo e fé para continuar e
prosseguir firme no propósito e crente no que viria a seguir.
Em Brasília, iria proferir uma conferência com ministros
internacionais, a Conferência Nova Geração, a convite de uma amiga
pertencente à igreja organizadora, decidi participar do evento. Lá teria
um dia de pré-evento disponível somente para pastores e líderes com
a participação de grande ministro. Então eu e minha esposa fomos lá,
era uma noite muito agradável, pois o evento seria realizado em um
salão de um hotel. Pensei em participarmos e depois sair para jantar e
aproveitar a noite, mal sabendo eu o que me esperava naquela
reunião.
Era um ambiente espiritual, com muitas pessoas lá reunidas.
Uma pastora abriu a reunião fazendo uma oração forte e consistente.
O ministério de louvor tocou logo em seguida. Sentia-se uma doce
presença de Deus naquele lugar, todos eram tocados pelo que estava
acontecendo naquele ambiente.
Em seguida, o ministro da noite, o Pr. Kirk Bennett, procedente
dos Estados Unidos se levantou para pregar. Aparentava ter mais de
cinquenta anos e usava roupas simples, diferente do terno imponente
que se esperava de um pastor. Ele falava com paciência e ternura e
sua voz transmitia a experiência e conhecimento que tinha. Ao pegar
o microfone, pediu que todos fechassem os olhos e orassem por um
tempo. Começou a contar sobre uma experiência que teve com Jesus
que se apresentava como um homem com olhos de fogo.
Mantínhamos os olhos fechados e orávamos em voz baixa, e uma paz
verdadeira tomava aquele lugar. Era muito prazeroso e tranquilo o
ambiente. De repente, comecei a ver um rosto que eu identificaria
como Jesus e os seus olhos eram de fogo. Parecia coisa da minha
imaginação. Acreditei que estava idealizando o que o ministro falava
e mantive a oração tranquila. Comecei a ouvir pessoas orando mais
alto e barulhos naquele lugar, imaginei que alguns estavam mais
exaltados e se manifestavam com gritos, pulos e palmas. Mantive-me
com os olhos fechados e vivi aquele momento maravilhoso. De
repente alguém se aproxima de mim, era o pastor auxiliar do Pr. Kirk
Bennett. Abri levemente os olhos e notei que era ele que estava
provocando aquelas manifestações. Fechei novamente os olhos e me
concentrei. Ele mirou os dois dedos da sua mão em meu coração,
aproximou a sua mão e disse: “Fire” e logo saiu. Mantive-me como
estava, mas logo algo muito estranho começou a acontecer em mim.
As minhas pernas começaram a se jogar para um lado e para outro,
incontrolavelmente. Fui lançado ao chão e minhas mãos começaram a
tremer compulsivamente, não dando para controlar o que acontecia. O
meu corpo começou a retorcer-se. Não conseguia enxergar direito.
Tentava me levantar, mas não conseguia. Não era uma sensação ruim,
e sim muito boa. Mas a situação de estar caído no chão era estranha.
O que as pessoas estariam pensando de mim? Aquilo me dominava, e
não me deixava levantar. Não sei ao certo quanto tempo fiquei
naquele estado, sei, porém, que foi um bom tempo. Demorei até
conseguir ficar de pé e olhar direito ao que tinha acontecido. Quando
olhei para trás, vi um rastro de pessoas caídas no chão tremendo e
gemendo. Aquele pastor fez algo que eu nunca tinha presenciado. Era
incrível o que tinha acontecido naquela noite. E não terminou ai. O
Pr. Kirk pregou maravilhosamente uma mensagem tão simples.
Fiquei impressionado como ele tinha intimidade. Era constrangedor
como ele falava, parecendo ser um grande amigo. Estava
extremamente confortável falar de Deus e comentar coisas tão
profundas de uma maneira simples e comum. Sai daquela noite
impactado por tudo que tinha vivido.
Dias anteriores a esse evento, tinha ouvido o testemunho do Pr.
Randy Clark, comentando que em sua primeira experiência as suas
mãos tremiam compulsivamente. Muitos que vivenciaram algo
especial no Espírito Santo contaram histórias parecidas, de algo
semelhante a uma corrente elétrica. Bill Johnson sentiu por várias
noites essa energia passar quando deitava. Com Randy Clark ocorreu
após um culto, e com Sergio Escataglinni em um estacionamento,
com muitos outros também aconteceu. Após o evento, sai com uma
certeza, que aquilo que tinha acontecido naquele lugar, estava em
mim. Deveria acreditar em tudo e pela fé, independente do que viria,
acreditar que aquele poder estava agora na minha vida.
No primeiro dia após o evento, disse a mim mesmo: “Está em
mim”. Não via nada, não sentia nada, mas acreditava que estava em
mim. Passaram-se vários dias e eu mantinha viva a crença de que
estava mim. Passaram semanas e nada acontecia. Por fim, desanimei e
disse: “Não está em mim”. Entristeci-me porque acreditava que
aquele poder tinha ficado em mim e desejava novamente viver tudo
aquilo.
Certo dia, fui levar a minha esposa e meu filho, ainda bebê, na
casa da minha cunhada. Era um dia normal, não havia nada em
especial em meu coração. Deixei-os e fui em rumo ao meu serviço.
Fui conversando com Deus e dirigindo o carro. Conversava com ele
sobre tudo que tinha ocorrido e falava da minha frustação de não ter
ficado com aquilo que passou. Conversava agradavelmente com o
Senhor quando de repente a fé começou a ser gerada em meu coração.
Algo me dizia que não tinha acabado, e eu acreditei que estava em
mim e naquele momento eu disse: “Não acabou, está em mim”. No
mesmo momento, a presença de Deus entrou naquele carro e o encheu
de maneira tal que era impossível negá-lo. Incrivelmente, fiquei cheio
da sua presença. Estava certo de que aquilo não era coisa da minha
cabeça, aquele profundo sentimento de sua Presença não foi embora.
Persistiu. Ao chegar ao trabalho, ele se mantinha em mim e me atrevi
a perguntar a uma pessoa se ela sabia o que era a Presença de Deus.
Ela acenou com a cabeça confirmando. Peguei em sua mão e logo ela
sentiu também. Olhou assustada pra mim. Era tão incompreensível
para ela quanto para mim. As pessoas ao meu redor sentiam o que
estava acontecendo. Toquei em cada uma e cada uma sentia. Não
precisava falar nada, pois era algo transbordante. E certezas vinham
em minha mente. Senti que poderia jogar com a mão essa unção. E
assim fiz sobre uma pessoa e a metros de distância ela sentiu também.
Era incrível! Não sabia o por que de não acabar. Somente entendi que
estava acontecendo em mim e queria que todos sentissem também.
Sabia que era muito mais que uma sensação, era o poder de Deus,
capaz de curar, transformar, abençoar e trazer muitíssimos outros
benefícios.
Não conseguia ficar quieto com tudo aquilo que estava o
correndo. Era a coisa mais incrível do mundo o que estava
acontecendo comigo. Como trabalhar ou pensar em algo estando
nessa situação? O meu pensamento estava fixo em Deus, e sua
presença tão poderosa não me deixava pensar em outra coisa. De
repente, senti que tinha que orar por uma pessoa. Com a convicção
que era isso que deveria fazer, chamei-a para um lugar reservado.
Impus minha mão sobre sua cabeça e comecei a falar. Era uma oração
poderosa. Falava coisas espirituais, com os olhos fechados, porém,
vendo coisas incríveis. Falei que Jesus estava lá e que ela era capaz de
vê-lo. Vi a silhueta de um homem próximo a mim. Sentia como se
aquele poder estivesse indo para aquela pessoa e ela estivesse a cair.
No final daquele momento, seus olhos estavam carregados de
lágrimas e acreditava que tinha vivido uma experiência única naquele
dia. Fiquei maravilhado com tudo que ocorrera. Mal podia esperar o
fim do dia para contar a minha esposa o que tinha ocorrido. Busquei-a
após o expediente e conversei alegremente sobre o dia. De repente,
voltou a unção, e dentro do carro segurei em sua mão e ela sentiu.
Toquei em meu filho, que tinha em torno de um ano, e ele tremeu
todo e ria sem parar. Era uma cena maravilhosa. Ele sentia também e
ria. A unção transmitia essa alegria.
Fomos para casa, pois eu tinha à noite uma reunião para tratar
assuntos do projeto de ação social e minha esposa iria para uma
reunião de amigos da igreja. Peguei o meu carro e a levei para o local,
decidindo entrar um pouco para abraçar os amigos, de repente, a
unção volta e, ao tocar nas pessoas, elas começam a sentir. Umas
começam a falar em línguas e eu começo a profetizar. Não era nada
de a incontrolável, mas eu não fazia questão de controlá-la. Era
incrível tudo aquilo e realmente eu deseja viver isso o mais que fosse
possível.
Já estava atrasado para a minha reunião quando peguei o meu
carro e corri. Dirigia-me para outra cidade satélite de Brasília, o que
demandaria um tempinho pra chegar. Ao chegar, abracei meus
amigos e comecei a conversar quando veio a sensação de que
deveríamos orar. Ao impor as mãos sobre eles, tudo começou
novamente, agora em proporção ainda maior. Fiquei tomado por
completo e capaz de ver coisas que não eram naturais. Era como se eu
estivesse no mundo espiritual entendendo tudo que estava
acontecendo lá. À medida que eu via, eu falava o que enxergava e
descrevia tudo com uma convicção enorme. Estava sentindo tudo e
poderia detalhar o que acontecia naquele lugar. Minhas mãos tocaram
aquelas pessoas que estavam lá e eu vi roupas vermelhas adornadas
com detalhes dourados, e vi essas roupas cobrindo-os e então eu
disse: “Deus está lhe dando roupas de honra”. Naquele momento, a
Presença já tinha tomado uma proporção gigantesca, e somente eu
conseguia ficar de pé naquele lugar. Olhei para a escada que levava
ao quarto do casal. Vi algo como uma porteira escura, que não existia
na realidade. Mas eu podia vê-la como se fosse real e tocá-la. Entendi
que tinha algo no quarto dele, Subi a escada e senti que tinha uma
presença maligna. Não uma, mas várias. Quando entrei, senti a unção
crescendo ao ponto de tomar o quarto todo e queimar o que tinha lá.
As trevas não aguentariam a Presença de Deus. Voltei para onde
estava, e entendi que havia mais demônios naquela casa. Com a boca,
dei um comando, e apareceu um anjo com correntes nas mãos e que
saiu aprisionando algo que eu não conseguia identificar o que era,
mas era maligno. Olhei para o alto, e não via o teto da casa, mas o céu
e nele tinha uma bola de fogo que estava chegando semelhantemente
a um meteoro que iria colidir naquele lugar. Não tive medo, pois, na
verdade, entendi que era algo de bom que vinha naquele momento.
Um casal de pastores chegou para participar da reunião e nem
imaginava o que os esperava. Ao entrar, senti a opressão que o
acompanhava. Entendi que os dois estavam em meio a lutas
espirituais e vivendo uma situação muito difícil. Acredito que o real
motivo de estar acontecendo tudo naquele dia era eles. A unção não
vem para nos divertir. O poder de Deus tem propósito. E aquela
unção tinha o propósito específico de auxiliar aqueles pastores a
manter a sua obra. Eles chegaram e logo sentiram que tinha algo
diferenciado naquele ambiente, se ajoelharam e se renderam à
Presença. Da minha boca saiam profecias e conhecimentos sobre eles,
coisas que eu não conseguiria imaginar. Quando olhei no meio da
sala, vi um leão (na Bíblia é uma simbologia de Cristo, o leão da
Tribo de Judá, entendi que era o próprio Jesus que estava lá usando
uma das suas aparências). Ele estava lá a favor daqueles pastores. O
leão batia a pata no chão e isso era um indicativo que obras e
trabalhos feitos contra eles estavam sendo destruídos. O Rei veio
ajudar o seu exército. Passou-se um tempo até as coisas voltarem ao
normal. Até todos conseguirem levantar e poderem sentar para
conversar. Não dava mais para nos reunir naquela noite, pois
estávamos sem palavras para descrever tamanha experiência.
Passei dias lembrando tudo que ocorreu, pois foram
experiências marcantes. Queria reviver tudo aquilo o quanto antes.
Foi muito emocionante, levando-me a entender que eu tinha recebido
de Deus algo realmente único, um talento, um dom do Espírito Santo.
Lembrei-me da parábola dos talentos e entendi o que deveria fazer.
Jesus explicou que recebemos talentos especiais, que não são nossos,
mas de Deus e confiados a nós. Serão nossos se os fizermos
multiplicar. Então quando os recebemos, temos que investi-los para
multiplicarem, a fim de que quando o rei voltar veja que o usamos
bem e nos dê mais ainda. Caso contrário, serão tomados.
Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade.
Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. (Mateus 25:29).
Entendi então que a missão era multiplicar, senão acabaria.
Como multiplicar algo assim? Dando aos outros o que recebemos!
Tinha que ministrar ao máximo de pessoas possível o que eu recebi.
Não usar seria semelhante a enterrar, como foi dito na parábola, e
assim perderia. Não deveria sentir vergonha, pois tinha uma grande
missão a frente: passar para o número de pessoas possíveis o que eu
tinha recebido.
O senhor respondeu: “Muito bem, servo bom e fiel! Você foi
fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria
do seu senhor!” (Mateus 25:23).
Não perdia oportunidade de impor as mãos sobre as pessoas e
ministrar, sempre acreditando que as pessoas iriam sentir a unção.
Porém, nem todas as vezes acontecia como eu tinha pensado. Não
fiquei prisioneiro de possíveis resultados. E nem queira entender se
eles estavam sentindo. Ministrava e falava o que me era inspirado
dizer. Muitas pessoas não demostravam externamente o que estavam
sentindo, ficando quietas. Assim, não daria para julgar o que ocorria
no seu interior. No entanto, eu fazia o que tinha de fazer. Acredito
fielmente que o real motivo de recebermos um dom é usá-lo em favor
do próximo. Não importa que o resultado seja até contrário ao que
esperamos. A unção é de Deus e ele a dá a quem você quer. Somente
tais pessoas vão sentir e receber o milagre. Cada uma sentirá efeito
diferente. Somos somente o carteiro que leva o presente de Deus para
aqueles remetentes.
Com o tempo, comecei a notar, que, muitos a quem eu
ministrava e sentiam algo, tinham feito orações especiais antes
daquele momento. Sempre que eu voltava às pessoas após o ocorrido,
vinha uma história de oração pedindo algo diferenciado. Sempre tinha
um destinatário daquela unção. E em cada um o resultado era
diferente: para um foi a cura na coluna; para outro, paz na família;
outro ainda foi uma opressão que desapareceu; e sempre havia
alguém a afirmar que a alegria tinha entrado em sua vida. A presença
de Deus leva às mais variadas ações e produz diferentes efeitos. Em
cada um, ela opera o seu milagre de acordo com a sua necessidade
das pessoas. A cada toque segue um milagre, a certeza de que Deus
estava ali e trazia resposta às orações de cada um. Eu não podia dizer
quando e como aconteceria, contudo, sabia que em qualquer horário
do dia ela se apresentava e eu tinha que entender em quem seria.
Certo dia, estava orando e por mim passou um amigo. Ele já
estava se distanciando quando senti que deveria chamá-lo. Nunca
tinha falado com ele sobre questões espirituais e sabia que não tinha
nenhum envolvimento com a igreja. Era um católico não praticante
que adorava sair nos finais de semana para tomar sua cerveja e se
divertir. Chamei e disse: “Pegue em minha mão”. Ele segurou firme...
abriu um sorriso... colocou a mão em seu peito e olhou pra mim...
Disse que estava sentindo algo em seu coração, uma sensação boa.
Expliquei que era a unção. Ele riu, agradeceu e saiu. Notei que ele era
o remetente daquele dia, e fui atrás e perguntei se ele queria mais, e
logo acenou confirmando. Fomos para um lugar mais reservado e
impus as mãos sobre ele, que começou a tremer e de repente caiu no
chão. Ele gemia, tentava ficar de pé e, em certo momento, conseguiu.
Suas pernas estavam bambas e ele dizia que sentia uma grande dor no
peito. Com respiração forte, tentava se estabilizar e dizia que a
sensação era boa. Realmente foi algo assustador o que a unção fez
nele. Passaram alguns dias e logo se via a mudança. Ele parou de sair,
voltou a frequentar a igreja, arranjou uma namorada e até a sua
aparência mudou. Não saberia dizer o que realmente aconteceu com
ele, mas sabia que aquele dia registraria uma mudança de vida
extrema. Ele nunca mais foi a mesma pessoa. Tornou-se
irreconhecível pelos seus amigos de farra do passado.
A cura divina

Houve um tempo da minha vida em que comecei a acreditar


muito em curas milagrosas. Na verdade, nunca tinha presenciado uma
de verdade; Mas, no fundo do coração, acreditava que elas existiam,
pois sempre via na televisão testemunhos de curas das mais diversas,
sem, contudo, ter visto uma acontecer perto de mim.
Em minha pequena igreja, comecei a ministrar cura. Entendi
que se eu quisesse ver algo assim acontecendo deveria começar a
falar dela. Muitas vezes, orava por cura e nada acontecia. Sempre era
frustrante, e nem ousava perguntar se alguém tinha sido curado, pois
estava certo que não.
Um dia, meu pastor ministrou uma palavra sobre cura. Ele sabia
que eu estava em busca disso. Na oração final, ele passou o microfone
para mim e deixou que eu fizesse a oração. Ordenei que as
enfermidades saíssem daquele lugar, falando com toda a fé que eu
tinha. Novamente acreditava que poderia ter uma resposta diferente.
No final do culto, uma pessoa se levanta e diz que foi curada. Todos
se alegraram. Perguntei do que ela tinha sido curada e ela respondeu:
“Estava com uma dor na garganta e agora não estou mais”. Para a
maioria das pessoas que estavam lá, foi frustrante ouvir tal
testemunho. Ora, uma garganta inflamada! Às vezes, nem estava
assim tão inflamada. Era impressão dela. Só tinha parado de doer um
pouco. O que ficou no ar, no final, é que tinha sido um engano
daquela pessoa. Não poderia ter ocorrido uma cura milagrosa? Não
me deixei abalar. Fui acreditando que realmente aquela pessoa tinha
sido curada. Acreditei fielmente que Jesus tinha passado naquele
lugar e ministrado a cura. Não importava o tamanho do milagre, e sim
o ocorrido. E eu acreditava que foi o Senhor quem realizou.
A fé nasce em contextos de descrença, quando a situação não
está a favor e não existem fatos para facilitar a crença. É uma decisão
de fé querer acreditar e parecer louco. Mas, acreditando nos
pequeninos sinais, tem-se a convicção de que algo aconteceu fora do
comum. E decide-se perseverar mesmo tudo dizendo não.
Todo milagre é questionável, e tem que ser, pois se não tiver
espaço para a dúvida, não terá espaço para a esperança. A fé é gerada
em meio às dúvidas e questionamentos. Ela é alicerçada no coração,
tendo fundamentos racionais no poder do Deus e na sua autoridade.
Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos. (2 Coríntios 5:7).
Meu coração se encheu de fé ante aquele sinal de Deus. O que
para muitos era questionável, para mim era um sinal de que Deus
agira. Uma pequena semente foi lançada, e eu poderia regá-la e
acreditar que era o Senhor agindo em nosso meio.
Fui convidado para pregar em outra igreja. Decidi me entregar e
passar um longo período em oração no dia que antecedesse a
ministração. Orei até as três horas da manhã. Nunca tinha ficado tanto
tempo em oração. Lembrei-me de uma mensagem de Pr. Benny Him
que dizia ter uma vez ficado em silêncio por 40 minutos durante uma
ministração. Ele e toda a igreja ficaram em silêncio, e somente depois
desse longo período Deus passou promovendo milagres. Decidi fazer
a mesma coisa, ajoelhando-me na sala da minha casa nesse período de
oração, sem música e sem palavras, permaneci durante quarenta
longos minutos paralisado. Era estranho, porque orando e falando já
demora muito, permanecer tanto tempo de joelhos em pleno silêncio
em uma atitude de espera de Deus, era algo totalmente novo para
mim. Mantive-me naquele estado, em minha mente algo me dizia
para levantar e deixar aquilo, mas meu coração me dizia que se eu
tinha começado deveria ir até o fim. Coloquei o meu relógio de pulso
no chão em um lugar que eu conseguisse ver ao virar o olho para o
lado. Estava decidido que não esperaria nem um minuto a mais do
que aquele tempo. Ao término do período, me levantei e senti como
se uma brisa passasse por mim, era a presença de Deus. Foi
semelhante a um sopro, demorando segundos apenas. Mas tive a
certeza que era Ele. Levantei-me e fui dormir.
Ao acordar, decidi fazer um jejum completo até o momento da
pregação. Só comeria após o término da reunião. Ministrei com fé
naquela noite, parecia uma noite como as outras, mas a Presença de
Deus era sentida, e as pessoas ouviam atentamente a mensagem.
Chegando ao final, a fé tomou conta de meu coração, com a certeza
de que iria ministrar cura. Sentia algo saindo de mim, o que me fez
lembrar de Jesus quando disse que uma virtude saiu Dele. Eu lançava
as palavras de cura e sentia que pessoas estavam sendo curadas
naquele lugar. Era inexplicável a certeza de que ocorriam milagres,
mesmo que as pessoas não se manifestassem. A Presença de Deus
tomou conta daquele lugar. Era notório, perceptível o que estava
ocorrendo naquela noite. Quase terminando, uma nova certeza veio
em meu coração. Nunca tinha vivido isso. Eu abri a boca e disse:
“Pensem em algum parente agora, pois Deus vai visitá-lo e curar”.
Falei segundo a orientação do Espírito Santo. Lancei essa palavra,
levando certo tempo até a presença diminuir e a reunião voltar ao
normal. Sentia que algo realmente importante tinha acontecido
naquele lugar. Não poderia provar, mas em meu coração tinha a
convicção de que Deus realmente tinha agido.
Acabando a reunião, as pessoas vieram conversar comigo e
dizer como a reunião tinha sido boa, que tinham sentido a presença de
Deus. Uma pessoa veio falar comigo e perguntou: “Você viu o que
aconteceu?”. Disse-lhe que eu não sabia, e ela continuou: “Um
menino do louvor saiu correndo e foi para o banheiro, ele expeliu um
caroço que estava na garganta!” Fiquei impressionado, pois não se
tratava de garganta inflamada, mas de um caroço que ele tinha a um
bom tempo. Agora, pelo poder de Deus estava expelindo pela boca.
Sai feliz sabendo que Deus tinha agido naquela noite.
Estava com mais fé, pois ocorrera um milagre maior. Na outra
semana, voltaria a ministrar em minha igreja, e novamente ministraria
cura. Meu tema novamente foi o mesmo e com toda fé falei sobre as
curas de Jesus e, no final, voltei a lançar a palavra com o foco nos
parentes: “Se concentrem em algum parente, pois Deus vai passar lá
nele curando nesse momento!” nenhum sinal ocorreu naquela noite,
mas sai com a convicção de que Deus estava operando os seus
milagres.
Naquela mesma semana, uma amiga da minha igreja veio falar
comigo. Disse que estava presente naquela última noite e acreditou
que aquela palavra lançada de cura atingiu uma sua parente. Sua
sogra tinha descoberto que estava com enfisema pulmonar, e a família
estava chocada com a enfermidade. Ela acreditou tanto naquela noite
que, ao final da reunião, ligou para a sogra e disse que ela tinha sido
curada e deveria procurar o médico no outro dia. Assim ela fez, e,
para a surpresa da família, seu pulmão estava completamente limpo,
sem nenhum vestígio daquela doença. Como aquilo me deixou com
fé! O que começou com uma pequena cura terminou com um grande.
Meses depois, em um retiro, uma mulher me procura e veio me
agradecer. Não a reconhecia. Ela disse que tinha participado da
reunião daquela noite em que o rapaz expelira um caroço. Ela estava
lá. Ela foi à frente, atendendo a meu pedido, quando a chamei para
orar. Proclamei, então, que Deus iria curar uma pessoa, e ela falou:
“Essa palavra é para o meu irmão!”. Ela acreditou que Deus iria curá-
lo naquela noite. Ela saiu apressada da reunião, confiante no milagre
de Deus. Quando chegou em casa, recebeu uma ligação comunicando
que o seu irmão tinha fugido da casa de tratamento para viciados
químicos. Ele era dependente químico fazia muito tempo e estava
internado para se tratar. Naquela noite, ele tinha acabado de fugir de
lá.
Ela se desesperou, pois tinha saído de uma reunião com a
convicção deque Deus o curaria e agora ele estava desaparecido.
Pensou em ligar pra mim, mas decidiu confiar em Deus e aguardar.
Seu irmão passou três dias desaparecido. Depois voltou para a casa.
Estava diferente. Já não usava mais nenhum tipo de droga. Libertara-
se! Quando a encontrei novamente, fazia mais de seis meses do
ocorrido. O rapaz já estava trabalhando e tinha voltado para a sua
família. Parecia que nunca tinha usado drogas na vida. Para Deus, não
existem coisas impossíveis. Até um vício pode ser curado.

...
Certa noite, após a reunião da minha comunidade, uma obreira
veio me procurar, pois uma parente sua estava com câncer e queria
fazer uma campanha de oração em sua casa. Prontamente aceitei a
proposta. O combinado seria sete dias de visitas realizadas nas tardes
de sábado consecutivamente. Nós daríamos uma palavra e oraríamos
pela sua cura.
No primeiro dia, preparei-me e junto com um pequeno número
de irmãos fomos à casa da pessoa enferma. Mas nos assustamos ao
ver a aparência da moça. Ainda jovem, não aparentava doença. No
entanto, fomos informados do que estava acontecendo. Era portadora
de leucemia, câncer na tireoide e também em certa parte da região
abdominal. Nunca descobri ao certo. Era uma situação difícil e evitei
ficar perguntando sobre o assunto.
Fiz uma ministração simples e oramos. Ela ofereceu um lanche.
Conversamos um pouco e logo saímos. Assim repetimos na segunda
reunião, fazendo o que tínhamos combinado. Era o possível a ser
feito. Naquela mesma noite, ao orar, Deus me questionou: “Você
realmente acredita que aquela pessoa vai ser curada assim?”, “Não!”
respondi em minha mente, “Você é capaz de compreender que ela
pode realmente morrer?”, entendi que eu não estava levando a sério
como deveria. Agia como em um procedimento cotidiano, tanto faria
pra mim que ela fosse curada ou não. Deus me chamava a atenção ao
que estava acontecendo. Eu deveria mudar a maneira de agir.
Liguei para algumas pessoas que estavam participando dessa
campanha e compartilhei o que Deus tinha falado. Convoquei para
um jejum e oração pela causa daquela moça, que tinha uma real
chance de morte. Passei a semana a orar e jejuar em prol dela, e para a
terceira reunião consegui um ministro de louvor para tocar e dessa
vez a palavra seria mais profunda. No final, oraríamos com toda fé
para ver o milagre de Deus naquela casa. Agiríamos como
verdadeiros ministros de Deus levando a fé e a possibilidade de um
milagre naquela situação.
Após essa última reunião, fiquei muito feliz pela nossa conduta
e mantive o propósito de oração e jejum. No sábado seguinte, me
preparei para ministrar e fui à casa dos amigos que estavam
participando da campanha para nos levarem ao nosso destino. Seria
um dia totalmente diferente dos outros.
Ao chegar à casa da paciente, notei que havia muito mais
pessoas. Ela convidara seus melhores amigos. Havia um ar de alegria
no ambiente. No início da reunião, pedi para contar a novidade, e
assim ela falou: Nesta semana fui realizar os exames de tireoide como
rotineiramente fazia. Mas algo aconteceu diferente. Após realizar o
ultrassom do órgão, levei o resultado ao médico, que olhou pasmo
para exame. Ele pediu para refazer o exame, e assim ela o fez. Ele
ficou olhando os exames e não conseguia acreditar. Pediu outro
exame de sangue e, novamente, ao receber o resultado, ficou sem
palavras. Ele disse que não sabia o que estava acontecendo, mas todos
os nódulos haviam desaparecido. Ela pegou o exame anterior e o
exame atual e diante de todos nós mostrou os resultados diferentes.
No anterior, o ultrassom mostrava 12 marcas coloridas representando
os nódulos de câncer; no atual, não nenhum. De forma milagrosa,
todos desapareceram. Comemoramos naquela tarde como nunca.
Cantamos louvores a Deus e nos alegramos com aquela notícia. O
Senhor tinha curado o câncer de tireoide daquela moça. Presenciamos
um autêntico milagre de Deus.
Ela continuou o testemunho dizendo que o médico constatou
que o sangue dela estava completamente limpo, e que ela poderia
fazer o transplante de medula para resolver o seu caso de leucemia.
Ficamos sabendo naquele dia que a sua melhor amiga era doadora
compatível com ela. Deus resolvia dois problemas com um só
milagre.
Viagem a Argentina

Sempre tive muita vontade de ir a um grande avivamento de


Deus, a um lugar em que existisse manifestações do Senhor. Desejava
frequentar a igreja de Benny Him, ir a Bethel do Pr. Bill Johnson e a
tantas outras comunidades que existem pelo mundo.
Em um final de semana, ouvi alguém dizer que estava querendo
voltar a Argentina, para ir novamente à igreja do Dr. Claudio
Freidzon, a igreja Rey de Reys. Eu nunca tinha viajado para fora do
Brasil. Achei fantástico, mas ao mesmo tempo muito distante pra
mim.
Dias depois, ao lembrar da conversa, entrei na internet e fui
pesquisar. E descobri que iria acontecer um evento daqui a alguns
meses. Despertou o interesse de estar lá. Sabia que tinha de ir, mas
não era viável. Mas quando o Espírito Santo nos convoca, como dizer
não a essa voz? Ele me instruiu de como fazer e com quem deveria ir.
Convidei outros pastores da nossa comunidade que de pronto
aceitaram. Pesquisei tudo que era necessário: hotel, passagens, como
chegar ao local e planejei nos mínimos detalhes.
Sou acostumado a viajar. Então deveria pensar em tudo para
aproveitar ao máximo a estadia naquele lugar. Meu pensamento
estava fixo no que iria acontecer naquela igreja. Não se tratava de
uma viagem turística. Estava indo somente para viver aquele
momento tão especial de experiência com Deus, meu único alvo.
Conhecer Buenos Aires, apesar de ser uma cidade encantadora, não
seria o mais importante. Iria aproveitar ao máximo aquele momento.
O evento duraria quatro dias, sendo o último em um estádio de
futebol na região. Sabia que tinha que chegar cedo, pois eram grandes
as filas para entrar e era muito difícil de encontrar lugares. Chegamos
um dia antes, e logo cedo nos arrumamos para ir. Caminhamos para a
igreja, à distância de algumas quadras do hotel. Ao chegar, podemos
ver a movimentação e nos identificamos. Sentamos em um bom lugar
e aguardamos a primeira ministração do dia. Eu estava cheio de
expectativas, não sabia muito bem o que me aguardava. Mas as
notícias do que Deus fazia naquele lugar me enchiam de ansiedade e
curiosidade para saber o que ele estava preparando para aqueles dias.
Era incrível. Um dia estava cogitando ir conhecer, quando
menos se espera estava lá sentado em meio a um foco de avivamento
na terra. Como não ficar entusiasmado com esse momento! Notei que
não era somente eu, mas todos que foram tinham grandes
expectativas. As pessoas traziam as bandeiras de seus países e
aproveitavam para tirar fotos: havia representantes da Inglaterra, Peru,
Colômbia, Argentina e muitos brasileiros. Era muito especial, todos
estavam carregados de alegria e desejavam ser tocados por Deus.
A primeira reunião do dia deu início. Fomos saudados com
muita alegria e todos gritavam e batiam palmas. Era muito animador a
sensação de estar lá. Foi iniciada a primeira ministração do louvor.
Quando dei por mim estava chorando, não sabendo por que estava
assim, o ministro só estava na introdução da música. Mas,
incontrolável, eu não conseguia parar de lacrimejar. Dava pra ficar até
desconcertado por estar assim tão cedo. Achei que poderia ser a
emoção do momento. No entanto, quando olhei para o lado e vi todos
chorando, entendi que era uma unção especial que tomou o ambiente.
Não era tristeza, nem dor, e sim um alivio que sentíamos de estarmos
tão conectados pela presença de Deus.
O ministério de louvor continuou, e as músicas começaram a
ser mais agitadas, e, para minha surpresa, muitas pessoas foram para a
frente dançar. Havia uma leveza no ambiente, uma alegria que não se
poderia explicar. As pessoas pulavam e festejavam. Nunca tinha
presenciado algo assim. O dia passou voando. Mal tinha tempo para
sair. Apenas o necessário para almoçar e voltar rapidamente. Quatro
reuniões consumiam todo o dia. Foram muito extensas, embora
parecessem muito rápidas. Ninguém ficava cansado ou exausto. Dava
vontade de ficar o dia todo. Saímos depois da meia noite e não
conseguíamos entender como tinha passado tão rapidamente. Não
sentíamos vontade de comer e, se dependesse de nós, poderíamos
entrar noite a fora naquela igreja.
Todos que subiram ao altar fizeram ministrações maravilhosas.
Cada palavra mais profunda que a outra, e no final do dia o Dr.
Claudio Freidzon fechou com chave de ouro. Quando entrou, o
ambiente foi tomado por uma presença de Deus. Era perceptível o que
havia na vida dele. Era gigantesca a unção que carregava. Ele
ministrou magnificamente, transmitiu vida e alegria, foram
inspiradoras as suas palavras, impossível não ser tocado por algo
assim.
No final, ele convidou para orar e, para a minha surpresa, as
pessoas saíram em disparada em rumo ao altar. Os diáconos da igreja
passaram à frente e fizeram um cinturão com as mãos dadas para
evitar que as pessoas subissem no altar. Nunca tinha presenciado isso.
As pessoas disputavam espaço e se apertavam uma contra as outras e
estendiam suas mãos para tocar o pastor. Eu não estava preparado
para aquilo e então, quando cheguei já estava muito atrás. Acredito
que é o sonho de todo pastor é ter pessoas brigando para receberem
uma oração dele. Nesse primeiro dia, nem cheguei perto e sai feliz
por estar lá, mas triste por não ter recebido a oração do Dr. Claudio.
Não fiquei decepcionado, pois sabia que ainda tinha três dias para
receber um toque especial de Deus.
No segundo dia, me apressei a levantar, tomei o meu banho,
vesti a melhor roupa que eu tinha levado. Quando os outros pastores
olharam pra mim, avisei: “Hoje eu vou subir lá encima e vou receber
a oração do Dr. Claudio”. Acho que ninguém botou muita fé em mim.
Tomei o meu café da manhã antes de todos e sai apressado. Sabia que
eu precisaria tomar um bom lugar, uma posição estratégica. Se eu
quisesse realmente receber a oração dele, deveria estar em um lugar
que facilitasse a corrida e chegasse rapidamente no altar. Fiquei um
pouco frustrado ao chegar e notar que muitos tinham madrugado lá e
pego as melhores cadeiras, as mais próximas. Mas não tinha
problema, eu estava determinado a ser abençoado e assim seria.
Passei o dia orando e me preparando para viver esse momento
tão especial. Deus sabia que eu estava com uma grande expectativa, e
ele iria preparar para que tudo valesse a pena. Então chegou o grande
momento, a última ministração da noite. Dr. Claudio chegou
carregado de poder. Era muito forte, estava vibrante, de repente corre
para um canto da igreja, sobe num banco e pede para as pessoas
levantarem as mãos. Todos obedecem e com um movimento de suas
mãos, um terço da igreja cai. Era como se uma onda tivesse passado.
Não sabia se gravava com o celular ou se mantinha as mãos erguidas
para vivenciar aquele mover de Deus. Foi tudo muito rápido, sem dar
tempo para pensar. Era muito forte a unção que havia naquele lugar e
em tudo que estava acontecendo ali.
Todos ficaram encantados pelo que tinha ocorrido e sabíamos
que era somente o começo da noite. Ele terminou o momento inicial e
começou a pregar uma mensagem baseada na Bíblia. Todos ficavam
atentos, nem piscavam os olhos. Eram penetrantes as suas palavras.
Quando a mensagem caminhava para o fim, comecei a me posicionar
e me preparar para correr. A qualquer momento ele indicaria o
término da palavra. Então sabia que era o meu momento. Como um
atleta na marca de largada, os meus pés se flexionaram. Parecia que
eu iria correr os cem metros rasos. Estava somente esperando o sinal e
esse não demorou. A minha disputa começou quando ele disse:
“Vamos orar”. Sai correndo em meio da multidão.
Cena inusitada: todos correndo em direção ao altar. Só parei
quando estava na frente da escada que levava ao púlpito. Por mais
incrível que parecesse, fui muito bem na disputa e agora estava entre
os primeiros na escadaria principal. Sabia que estava muito bem
posicionado e quando ele liberasse seria um dos primeiros a subir.
Nada poderia dar errado naquela noite. O pastor começou a orar, e a
presença de Deus estava muito forte. Embaixo algumas pessoas
começam a cair, e a atmosfera de Deus começou a crescer a cada
minuto.
Todos nós começamos a orar, e me entreguei naquele momento.
Era muito agradável. Após certo tempo, ele fez um sinal aos diáconos
para liberar as pessoas. Aos poucos, elas começaram a subir até o
altar. Não havia sido explicado que não era para subir pela escadaria
principal onde eu estava, e sim pela escadinha que tinha na lateral por
onde ele mesmo subia. Só poderia subir por lá. Coincidentemente era
o lado que eu estava na noite passada e onde estavam os meus amigos
pastores. Vi um a um subindo naquele altar e eu preso no meio
daquela multidão bem no centro da nave da igreja. Era desconfortante
vê-los subir e receber a oração, caírem e chorarem, e terem os mais
diversos tipos de sensações. Fiquei aprisionado, sem conseguir ir nem
para frente e nem para trás. As pessoas que subiam até o altar desciam
quase na minha frente. Eu não tinha condição de sair e ir para o lado
onde poderia subia. Estava desconfortável, e dava vontade de sair.
Sabia, no entanto, que tinha que perseverar, as pessoas se espremiam
e eu estava lá no meio sem saber o que fazer.
Decidi orar: “Jesus eu sei que sabes que eu estou aqui, sei que
está me vendo e está me testando, não vou sair daqui, sei que a minha
vez vai chegar!” Aguentei firme, pois não me custava esperar até o
fim. Decidi não me estressar e aproveitar, alegrando-me com tudo que
estava acontecendo naquele lugar. Depois de um tempo, vi o Dr.
Claudio chamando um diácono. Ele ordenava para subir no altar os
pastores que estavam lá no meio de onde eu estava. Alegrei-me, fiz
um sinal com as mãos e gritei que era pastor. Eles seguraram em
minhas mãos e me puxaram. Senti-me como um campeão. Sabia que
Jesus estava por trás de tudo aquilo.
Posicionaram-me na frente do Dr. Claudio e somente me
lembro dele vindo em minha direção, com seus olhos brilhantes e um
sorriso estampado no rosto. Ele olhou em meus olhos e disse: “É
muito poder!”. Bateu com as mãos em meu peito e saiu logo em
seguida para ir a outra pessoa orar. Foi tudo muito rápido.
Senti o meu corpo se enfraquecendo, mas firmei meus pés para
não cair. Queria que ele voltasse e tocasse novamente. Foi muito
rápido. Não sabia que somente aquele toque já era o suficiente.
Rapidamente os diáconos me pegaram pelos braços e me levaram
com muito cuidado para baixo na nave da igreja. Parecia que tudo
tinha ficado em câmera lenta. Era uma sensação incrível, indescritível
o que vivia ali.
Quando cheguei em baixo, estava um dos meus amigos pastores
que me esperava. Quando eu o abracei, ele caiu, e eu me
desequilibrei. Tentei me apoiar em outras pessoas, mas elas iam
caindo ao tocá-las. Foi incrível aquilo, estava em mim! Olhei de longe
e vi o cunhado do Dr. Claudio orando na frente do altar, corri para
perto dele, que nem chegou a pegar em mim, com a aproximação de
suas mãos sobre o meu corpo, fui arremessado longe e comecei a
tremer totalmente. Cai no chão e meu corpo não parava de tremer,
parecendo estar eletrocutado. O fogo de Deus estava em mim,
semelhantemente a minha primeira experiência junto ao pastor
auxiliar do Pr. Kirk Bennett. Agora ocorria em maior proporção. Eu
tremia incontrolavelmente. Por mais estranho que parecesse, era uma
sensação maravilhosa. Que noite maravilhosa! A noite continuava e
nós fomos um pouco para trás e ficamos observando o que estava
acontecendo. Nunca tinha visto algo assim, começamos a ver pessoas
saindo carregadas pelos braços, e o poder continuava naquele lugar.
De repente, eu sinto novamente aquilo crescendo dentro de mim.
Toco nos pastores que estão junto a mim e tudo começa novamente.
Parecíamos estar tendo um ataque. Era incontrolável. Aguardamos até
o final da reunião. Vimos o pastor descer por uma porta lateral e sair
do recinto. Decidimos, então, ir embora. Aquele dia já tinha dado
muito.
Ao sair da igreja, notamos que já era pra lá de meia noite e não
tínhamos comido nada. Do lado de fora, parecia uma cena de filme.
Víamos pessoas caídas para todo lado, e caminhávamos com
dificuldade. O fogo ainda estava em nós. Tínhamos que parar e nos
escorar nas paredes, senão poderíamos cair no chão. Torcemos para
nenhum policial passar, porque parecia uma cena de bêbados
atravessando a rua. Por mais constrangedor que parecesse, era incrível
estar sentindo aquilo. Queria que nunca acabasse!
Foram dias incríveis, com muita unção e poder. Cada dia mais
especial do que o outro. O último dia seria realizado em um estádio
de futebol daquela parte da cidade. Ao chegarmos à igreja, havia
vários ônibus esperando para nos levar até o local do evento.
Estávamos no meio da tarde. Achei que chegaríamos muito cedo. Mas
se havia transporte para lá, deveríamos aproveitar. Partimos sem
problemas, tomando a condução.
Ao chegar perto do local do evento, começamos a ver a
movimentação. Já havia muita gente esperando. O ônibus nos levou
para bem perto do local e fomos conduzidos para dentro do estádio.
Havia uma seção com cadeiras separadas para aqueles que estavam
participando do evento na igreja Rey de Reyes. Assistimos aos
últimos preparativos para a grande noite.
No palco, as equipes de técnicos faziam os acertos finais. Tudo
era grandioso: um palco enorme, digno de grandes eventos e um
estádio cheio de cadeiras à espera de um grande público. A noite veio
chegando com a multidão que ia tomando todos os lugares. Achei um
grande ato de ousadia promover um evento assim. Mas, para a nossa
surpresa, o estádio encheu rapidamente e logo não se via espaço vazio
nem nas cadeiras que estavam no gramado e nem na arquibancada.
Havia uma multidão que estava à espera de um mover de Deus
naquela bela noite em Buenos Aires.
Assim foi aquele dia, com muito louvor e uma palavra preciosa
ministrada pelo Dr. Claudio. A presença de Deus adentrou o estádio e
era fácil de entender naquele momento porque tantas pessoas estavam
lá. Todos queriam sentir Deus naquela noite e ele veio. Era uma
sensação incrível, surpreendente o que estava acontecendo. Em certo
momento da reunião, ela foi interrompida pela esposa do pastor, a
pastora Betty Freidzon que, com toda a simpatia e amor, pegou o
microfone e disse que Deus estava curando uma pessoa em estado
vegetativo naquela noite. A reunião continuou. Perto do final, vimos
uma pessoa saindo das arquibancadas ao fundo e atravessar todo o
campo e ir em direção ao palco montado. Ela conversou com as
pessoas da produção. Acompanhamos tudo que estava acontecendo.
Essa senhora subiu no palco e conversou com o casal de pastores
Freidzon. Logo se via um sorriso na feição deles. A senhora dizia que
tinha tido uma criança que nasceu com morte cerebral. Ela estava no
hospital e a mãe decidiu ir àquela reunião à noite no estádio. Após a
palavra de cura da esposa do pastor, ela recebeu uma ligação do
hospital. Sua filha estava se movimentando. Era um grande milagre.
Todos festejaram… Não deu pra ouvir toda a história. Só sabíamos
que a criança estava bem. Nada como fechar essas noites com um
milagre desses. Então voltamos para o Brasil, com muitas histórias
para contar e carregados de uma unção tremendamente maravilhosa.
Deus tinha nos abençoado e mal poderíamos esperar para dar aos
outros o que tínhamos recebido.
O resultado de tudo que tinha acontecido naqueles dias seria
notado semanas depois. Pessoas de vários locais do mundo reunidas
em um foco de avivamento permitiu uma derrama de unção
proporcional à necessidade de cada um. Voltamos para os nossos
países, carregando esse óleo de poder que recebemos lá. A unção
recebida geraria milagres, curas, transformações, libertações e todo
tipo de ação do Espírito Santo. Acredito que o Dr. Claudio Freidzon
sabe dessa lógica. A unção é derramada de acordo com a necessidade.
Se ele não promovesse esses encontros e se resguardasse a fazer
eventos somente para que Deus o usasse, nunca teria ocorrido algo
assim. Mas já que ele decidiu multiplicar e dar de graça o que recebeu
pela graça, então, Deus dá muito mais pra ele.
A quem tem será dado, e este terá em grande quantidade. De
quem não tem, até o que tem lhe será tirado. (Mateus 13:12).
O que vivemos lá não foram somente sensações e alegrias. Não
foram momentos de loucura coletiva que terminariam ali. O que
estava acontecendo era o poder de Deus dando capacidade e força aos
homens e mulheres para levarem ás suas regiões. A finalidade não era
nós mesmos, mas nossas comunidades. Se tudo o que aconteceu não
gerasse fruto para elas, então seria inútil. Era de responsabilidade de
cada um fazer gerar frutos dignos da unção derramada para suas
comunidades. Não fosse assim, tudo não passaria de folia.
O movimento pentecostal em muitos casos foi criticado, pois
esses momentos de manifestação do Espírito se restringiram somente
a reuniões animadas. Ninguém ousava usar os dons em prol dos que
realmente necessitam receber algo. A unção derramada tem finalidade
e deve ser usada para isso. Guardar para si é um erro básico, pois,
aquele que faz isso perderá e será punido.
Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez. Pois a
quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem
não tem, até o que tem lhe será tirado. E lancem fora o servo inútil,
nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes. (Mateus 25:28-30).
O poder exige responsabilidade e sabedoria, pois sem isso vira
vaidade e é inutilmente usado. Tudo que nos for dado deverá ser
revertido em favor da comunidade, pois não é propriedade daquele
que recebeu. E o dono dos recursos nos pedirá contas do que nos foi
confiado.
E também será como um homem que, ao sair de viagem,
chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens. (Mateus 25:14).
O conselheiro

Quando não há conselhos, os planos se dispersam, mas


havendo muitos conselheiros eles se firmam. (Provérbios 15:22).
Com conselhos prudentes tu farás a guerra; e há vitória na
multidão dos conselheiros. (Provérbios 24:6).
Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de
conselhos há segurança. (Provérbios 11:14).
É como um amigo meu dizia: “Até Salomão tinha
conselheiros!” Se abrirmos o jornal de hoje, veremos esse
personagem, que é sempre um coadjuvante, nunca aparecendo em
primeiro plano. Mas, nas entrelinhas, está presente. Nossa presidenta
tem conselheiros; o presidente dos Estados Unidos também, e muitos.
Empresas multinacionais têm conselhos e todo mundo que é
experiente não nega a necessidade de ter uma segunda opinião. Diz-se
que nós vemos as árvores, mas uma pessoa em outro ângulo de visão
pode ver a floresta. Uma segunda opinião pode apresentar melhor
visão de tudo. Então é sempre bom ter mais de uma opinião. Dizem
que se conselho fosse bom se vendia, realmente existem conselhos
que não deveriam ser atendidos, mas o problema está em quem deve
ser escutado. Existem bons e maus conselheiros. Deve-se identificar
quem não serve para essa função. Mas convém lembrar que tomar
decisões apressadamente é errado. É sempre bom ouvir conselhos e
pensamentos para obter a melhor solução para o problema. Há
segurança na multidão de conselhos.
Salomão, apesar de ser um homem com uma inteligência e
conhecimento acima do normal, tinha conselheiros para auxiliá-lo em
suas decisões, por sinal, bons conselheiros, pois seu governo durou
por toda a sua vida. O mesmo não fez o seu filho Roboão. Após a
morte do rei, seu pai, o povo reivindicou melhores condições de
trabalho, pois o julgo muito pesado. O novo rei pediu três dias para
pensar.
Teu pai colocou sobre nós um jugo pesado, mas agora diminui
o trabalho árduo e este jugo pesado, e nós te serviremos. (2 Crônicas
10:4).
Roboão se reuniu com as autoridades que haviam servido ao
seu pai e perguntou o que fazer. Eles responderam que se deveria ser
favorável ao povo e dar uma resposta agradável a eles. Assim o
serviriam como serviram o seu pai. Mas o novo rei ignorou o
conselho das autoridades e foi se encontrar com os seus amigos de
infância e perguntou o que deveria fazer. Esses já aconselharam fazer
totalmente o contrário, ou seja, que o rei deveria aumentar o trabalho
e aumentar os castigos. Ele não soube ouvir quem era digno de
confiança.
Mas o rei lhes respondeu asperamente. Rejeitando o conselho
das autoridades de Israel, seguiu o conselho dos jovens e disse: "Meu
pai lhes tornou pesado o jugo; eu o tornarei ainda mais pesado. Meu
pai os castigou com simples chicotes; eu os castigarei com chicotes
pontiagudos." (2 Crônicas 10:13-14).
Estavam à disposição do rei vários conselheiros experientes,
mas ele ignorou e preferiu seguir pessoas sem nenhum conhecimento.
Tais pessoas poderiam ser bons amigos, mas não eram bons
conselheiros. Ante a radicalização do novo rei, iniciou-se uma revolta
popular e uma divisão sem precedentes na nação. O reino de Israel se
dividiu em dois, e uma nova nação surgiu sob o comando de
Jeroboão, o samaritano. Roboão teve a opção de seguir os bons
conselhos, mas evitou e seguiu a quem não deveria.
...
O rei Nabucodonosor montou um grande conselho com
representantes de vários lugares do mundo Ele separou jovens de
várias nações, sem defeito físico, de boa aparência, cultos,
inteligentes, que dominassem os vários campos do conhecimento e
fossem capacitados para servir no palácio do rei. Da nação de Israel,
após a sua conquista, separou Daniel, Hananias, Misael e Azarias. O
rei convocou os magos, os encantadores, os feiticeiros e os astrólogos
e todo tipo de sábio.
Certo dia o rei teve um sonho que o perturbou. Chamou, então,
os seus conselheiros e pediu uma interpretação para o que tinha visto.
Mas, para saber da competência dos conselheiros, eles, primeiro,
deveriam adivinhar o sonho e depois apresentar sua interpretação. Os
conselheiros não tinham a resposta e começaram a tentar ganhar
tempo. Ninguém sabia dizer qual era o sonho. O rei, ao entender que
estava sendo enganado, ficou furioso e exigiu a resposta. Diante da
negativa dos magos, ele ordenou a execução de todos eles. Os
encarregados foram à procura de Daniel, que não estava participando
da reunião, e o deixaram informado de tudo. O profeta foi à procura
do comandante da guarda do rei e com muita sabedoria e bom senso
conversou com ele. Daniel pediu para informar ao rei que no dia
seguinte ele chegaria com a resposta desejada.
Daniel se juntou com os seus amigos Ananias, Misael e
Azarias. Entraram em sua casa e passaram a noite em oração.
Rogaram pela misericórdia de Deus acerca desse mistério. E naquela
mesma noite teve a sua interpretação. Daniel encontrou-se no outro
dia com o rei e lhe relatou o sonho, dando sua interpretação. O rei se
alegrou e lhe deu um cargo importante, pois sua resposta era a
verdade. Daniel era um conselheiro confiável e leal.
O rei disse a Daniel: "Não há dúvida de que o seu Deus é o
Deus dos deuses, o Senhor dos reis e aquele que revela os mistérios,
pois você conseguiu revelar esse mistério." (Daniel 2:47).
...
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o
governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso
Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. (Isaías
9:6).
Uma das expressões aplicadas a Jesus é “Maravilhoso
Conselheiro”, pois seus conselhos seriam realmente bons e
necessários para os discípulos e para nós também. Ele não ensinou em
uma sala de aula e não os educou com disciplinas e matérias. Ele o
fez na vida real, caminhando junto com eles, mostrando como realizar
milagres e ensinando a verdadeira doutrina. Ele é o alicerce do
evangelho e a verdade do cristianismo. Estar perto dele era um
discipulado, uma transferência de conhecimento do mestre aos seus
seguidores.
E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para
estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não
pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o
conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. (João 14:16-
17).
Jesus tinha que ir ao sacrifício para redemir a humanidade. Iria
partir deste mundo, mas deixaria outro Conselheiro, o Espírito da
verdade. Os discípulos não o conheciam, mas o Santo Espírito já
andava com eles, pois a expulsão de demônios e os milagres eram
realizados pelo seu poder. Apesar de não terem recebido o Espírito, e
de não terem sido batizados, ele já andava com eles e já manifestava
os seus sinais. Jesus sairia de cena, mas o Espírito Santo, que estava
em Jesus, iria para os seus discípulos e continuaria os conselhos e a
guia-los em toda a verdade.
Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a
verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes
anunciará o que está por vir. (João 16:13).
A caminhada cristã é muito longa e desafiadora, com muitos
mandamentos e conceitos a aprender. Muito disso será acrescentado e
testado na prática. Dificilmente alguém irá acertar o tempo todo e
lembrar-se de todos os conceitos. O ideal é que se tenha um excelente
conselheiro, e ter os ouvidos e coração atentos ao que ele falar.
Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o
Senhor. Porei as minhas leis em seus corações e as escreverei em
suas mentes; (Hebreus 10:16).
Sem as orientações do Espírito Santo dificilmente chegaríamos
a algum lugar. É ele o guia que ensinará a verdade, que está próximo.
Foi o eleito da trindade para estar perto e ser o professor pessoal de
cada um. Ele é o selo que identifica quem somos e de quem somos.
Ele é a verdadeira marca da promessa.
[...] porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus. (Romanos 8:14).
Frutos do Espírito Santo

O Espírito Santo produz alterações por dentro e por fora. É ele


que nos leva a amar a Deus e ao próximo. Ele provoca profundas
modificações no interior do ser humano. Quando o exterior não
reflete o interior nasce hipocrisia. O hipócrita apresenta uma imagem
falsa. A mudança de comportamento real não é possível de ocorrer
somente pela força de vontade e palavras de afirmação. É preciso o
auxílio do Espírito Santo.
Não é porque uma pessoa é repreendida que ela deixa de fazer
algo. Não é somente por força de vontade que um hábito pode ser
abandonado. Em alguns casos, isso pode ocorrer. Mas na grande
maioria das vezes não é essa a verdade. Ainda mais se for algo
relacionado ao pecado, que é espiritual. A carne não conseguiria
vencer um mal que não é físico.
Francisco de Assis disse: “Pregai em todo tempo e se for
necessário usai as palavras”. A mudança de atitude e comportamento
é a primeira pregação, e o testemunho é a melhor ministração, o
primeiro que será notado. O discurso tem que condizer com a prática.
A mensagem do evangelho não é um discurso somente. É um estilo
de vida que deve ser vivido para ser comunicado.
O corpo precisa ser em todo tempo aperfeiçoado, pois aquele
que começa a boa obra é fiel e justo. Compreende-se, então, que é
uma obra de longo prazo, com grande demanda de tempo, não viável
em dias ou meses, mas num processo para toda a vida. Esse processo
gerará bons frutos, que deverão ser aproveitados pelas pessoas
próximas e por Deus. É uma árvore frutífera que está surgindo na vida
de alguém.
Deve-se entender essa ação do Espírito Santo como um
investimento de Jesus, como graça de Deus, como favor imerecido.
Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Foi
procurar fruto nela, e não achou nenhum. Por isso disse ao que
cuidava da vinha: “Já faz três anos que venho procurar fruto nesta
figueira e não acho. Corte-a! Por que deixá-la inutilizar a terra?”
Respondeu o homem: ‘Senhor, deixe-a por mais um ano, e eu
cavarei ao redor dela e a adubarei. Se der fruto no ano que vem,
muito bem! Se não, corte-a”. (Lucas 13:6-9).
A parábola contada por Jesus nos dá o tamanho da acreditação
realizada por ele. A figueira brava representa eu e você. Não dávamos
frutos, a entender com isso que era esperado muito mais do que
achamos que é certo ou errado. Se eu fosse exemplificar, seria assim:
Numa grande reunião nos céus, todos concordaram que não havia
mais chance nenhuma de a humanidade dar certo. Já tinham sido
feitos todos os esforços para que fosse diferente a colheita, mas não
havia fruto. Então se concluiu que melhor seria arrancá-la e deixar
morrer. O homem que cuida da plantação impede e aceita o
compromisso de cuidar, adubar e fazer o possível para dar os frutos
que eram possíveis. Esse homem é Jesus. Somente ele aceitou pegar o
projeto da humanidade, que estava falido, e acreditar, investindo a sua
própria vida para dar certo. Ele colocou o seu nome em jogo para
investir em pessoas em quem ninguém mais investiria. A humanidade
era inviável. Era um mal negócio. Mas o Cristo assume a
responsabilidade de que vai dar certo. Por isso, recebemos dons para
dar frutos. Cada vida tem que dar resultados visíveis para que se
possam alcançar os céus. A situação não é que cada um é bom e pode
melhorar, e sim que não havia resultado o suficiente para ser
considerado bom. Somente com a ajuda Espírito Santo somos capazes
de produzir frutos dignos de uma boa colheita. A mudança é
necessária, pois não se espera que uma árvore boa dê frutos ruins e
nem que uma árvore ruim dê frutos bons. Pelos frutos se julga a
qualidade de quem a gerou. Para que a árvore seja reconhecida pela
qualidade tem que dar bom resultado.
Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore
ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a
árvore ruim pode dar frutos bons. Toda árvore que não produz bons
frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutos vocês os
reconhecerão! (Mateus 7:17-20).
Não basta dizer que alguém é bom e que tem o coração em
Cristo. Pelos frutos é que somos julgados. Se o cristianismo não gerar
uma transformação comportamental e mental, então não ocorreu uma
conversão genuína. O caminho não levou à santidade, e a pessoa
continua indo na direção da morte.
O Espírito Santo tem esse papel de gerar a transformação por
dentro. Deve-se deixar o caminho livre para a sua ação, não entrando
em contenda com Ele, pois em muitos momentos seus conceitos serão
divergentes daqueles do seu hospedeiro. São bifurcações na
caminhada: de um lado o desejo da pessoa e, do outro, o desejo do
Santo Espírito. O desejo deste deve prevalecer, pois é a opção certa.
Devemos abandonar a nossa própria vontade e seguir o seu sábio
conselho.
Então disse o Senhor: "Por causa da perversidade do homem,
meu Espírito não contenderá com ele para sempre; e ele só viverá
cento e vinte anos." (Gênesis 6:3).
O desejo de receber o Espírito de Deus é a sabedoria de se
dobrar internamente para ele e a sua vontade, é desejar mudar interna
e completamente, pois se antes não existia a possibilidade de guerrear
contra o pecado em seu íntimo, agora é possível, pois tem-se um
amigo dentro de si capaz de expulsar o mal e estabelecer o Reino de
Deus em seu corpo, um altar de adoração em seu coração. Esse novo
ser gerará os frutos do Espírito.
Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência,
amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.
Contra essas coisas não há lei. (Gálatas 5:22-23).
Para produzir fruto é necessário primeiro receber a semente,
pois o fruto não é gerado sozinho. Mas é o resultado final de um
processo que se inicia com ela. A semente é lançada e se deve regá-la.
Se bem nutrida, ela se romperá e de dentro surge uma planta que se
desenvolverá. Se for bem cuidada aparecerão as folhas, os galhos, e
por fim, os frutos. No caso do Espírito Santo, serão maravilhosos os
frutos gerados. É um processo longo, mas que vale a pena esperar.
Segundo a carta aos Gálatas, os frutos são: amor, alegria, paz,
paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio
próprio.
Amor

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não


tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e
todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas
não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que
possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver
amor, nada disso me valerá. O amor é paciente, o amor é bondoso.
Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não
procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O
amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (1 Coríntios 13:1-7).
Uma maneira de chamar a atenção das pessoas para si é: ajudar
pessoas necessitadas. Gastar tempo e recursos pelos menos
favorecidos e divulgar esse trabalho sempre trouxe crédito a quem os
desenvolve. Instituições religiosas, empresas, políticos e muitos
outros desenvolvem o seu marketing social visando ao
reconhecimento pela sua bondade e generosidade. Hoje, até
movimentos satanistas desenvolvem trabalhos sociais visando serem
mais bem aceitos pela sociedade.
Regra comum a muitos que trabalham nas ações sociais é não se
envolver com os que estão sendo assistidos. Afirma-se que se deve
evitar desenvolver um relacionamento emocional, pois isso traria o
problema deles para a sua vida pessoal. A ideia é ajudar sem criar
vínculos. Muitos evitam abraçar ou ter um contato maior com as
pessoas assistidas. A ideia é levar o alimento, o recurso, o apoio e ao
mesmo tempo manter a distância necessária para que não se
ultrapassem os limites de modo a alcançar a sua vida privada dos
assistidos. O amar ao próximo tem interações de olhares, sorrisos e
abraços, sentando com eles para conversar e sentindo as suas
emoções. Para amar é necessário ter contato mas que visual com o
próximo, se deve interagir e sofrer com ele.
Para o apóstolo Paulo, tudo que fazemos só tem valor se for
realizado com amor. Você pode doar todo o seu dinheiro aos pobres;
pode se entregar para ser queimado; pode tentar resolver todos os
problemas dos outros, mas se essas atitudes não forem geradas a
partir de um amor sincero, não tem valor nos céus. Isto porque o
motivo que nos leva a agir pode não ser o verdadeiro amor, mas nosso
interesse pessoal, a força da ideologia e o interesse político.
Mas do Espírito Santo vem dom perfeito do amor, que não visa
se vangloriar, se enaltecer. Ele nos dá a capacidade de amar e servir o
próximo ao ponto de nos doarmos, não visando a recompensas e
retornos. É uma entrega completa.
Jesus se entregou por nós, sem pretender receber nada em troca.
Ele entregou sua vida para unir o Pai aos seus filhos, com um ato de
redenção que abriria as portas para um tempo sem divisão. Jesus não
visou a si próprio, mas a humanidade. Se hoje estamos livres,
devemos a ele e ao seu imenso amor.
E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu
amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos
concedeu. (Romanos 5:5).
As tribulações geram perseverança. Alicerçados no amor,
suportamos as tribulações e somos aperfeiçoados em meio às
provações, gerando um caráter aprovado e digno dos céus.
Alegria

O Espírito Santo é capaz de gerar a verdadeira alegria, não


fingida, pois existe aquela que é expressa no exterior e não vem do
interior. Muitas pessoas se esforçam para se mostrar alegres, e acham
que o importante é que os outros vejam que estão bem. Para muitos a
solução é entorpecer a mente para se sentir felizes, é ter a necessidade
de sair da realidade e ir para um mundo criado segundo as suas
próprias defesas para tentar se sentir seguros e alegres. É como se a
alegria estivesse condicionada a uma vida sem dificuldades e
problemas. Não se pode ser feliz no meio de adversidades.
Os discípulos continuavam cheios de alegria e do Espírito
Santo. (Atos 13:52).
Em meio às dificuldades e problemas, é possível viver uma
alegria que é independente do ambiente externo, que não é
condicionada pelos fatos positivos que ocorrem, que não necessita ser
nutrida de festas e álcool. A verdadeira alegria é natural e brota de
uma fonte da qual emanam águas de felicidade. Então se entende que
a alegria está dentro da pessoa, e é independente do contexto.
Estava acompanhando o caso de uma criança que nasceu com
uma enfermidade grave, era algo que tocava o coração, um verdadeiro
drama familiar. Porém, mesmo nessa situação tão difícil, era possível
ver momentos de alegria e risos. Não que a situação não desse medo e
receio. Mesmo que alguém seja acomentido de enfermidade grave,
precisa ser nutrir de alegria e esperança, necessita respirar a paz. O
problema não vai embora por isso, mas, com certeza, o fardo se torna
mais leve. Todos, sadios e enfermos, precisam da alegria.
O cansaço, os problemas, as dificuldades dão a muitas pessoas
uma aparência ranzinza. Elas se tornam incapazes de esboçar um
sorriso, pois só conseguem ver o lado negativo das coisas e só tecem
comentários destrutivos sobre tudo e sobre todos. Para todos os casos,
o Espírito Santo derrama alegria no interior, dissipando essa nuvem
negra que há sobre a pessoa e raiando o Senhor.
Paz

Em breve o Deus da paz esmagará Satanás debaixo dos pés de vocês.


A graça de nosso Senhor Jesus seja com vocês. (Romanos 16:20).
Se pudéssemos fazer uma votação sobre o que mais gostaríamos
de ter em nossa casa, em nossa família, em nossa vida e trabalho, a
resposta seria: Paz! Podemos conviver com muitas coisas, porquanto
somos seres com grande capacidade de adaptação. Assim, podemos
viver em vários contextos e situações. Mas nos sentimos
incomodados quando se rouba a nossa paz. Quantas casas são
atormentadas pela falta de paz? Quantos casais estão à beira da
separação pela ausência da paz? Muitas famílias vivem em pé de
guerra, ainda que externamente pareçam estar bem. Quando cruzam a
porta de entrada de suas casas, a guerra é anunciada.
Gozar da paz é uma necessidade. Como é bom chegar a nosso
lar e ter paz. Não é questão de a casa estar organizada, de as contas
pagas estarem pagas e do alimento estar na mesa. Mas é
extremamente agradável chegar em casa e encontrar descanso e
repouso em seu lar, ir ao trabalho e poder exercer o seu oficio da
melhor forma possível, finalizando o seu expediente e saindo
tranquilamente para uma bela noite em família. Esse é o sonho de
todo homem. Quantos lares são atormentados pela ação maligna que
coloca pessoa contra pessoa e estabelece conflitos e ataques que
nunca têm fim. O diabo é especialista em dividir famílias, casais e
colegas, jogando um contra o outro, roubando a paz de todos.
Deus de paz, o Santo Espírito é capaz de esmagar o mal que
existe em ambientes relacionais e estabelecer a paz. Jesus é o príncipe
da paz. Onde ele entra a paz reina. Jesus, ao enviar os discípulos,
ensinou que ao entrar em uma casa dissessem: “A Paz seja nessa
casa!”. Junto com os apóstolos ia o Espírito Santo, que estabelecia a
paz onde eles chegavam. Ao entrarem em uma casa, toda a tormenta e
agonia tinha que ir embora. Toda divisão e ódio davam lugar a uma
atmosfera espiritual que aliviava o ambiente e amenizava os conflitos.
Paciência

A palavra “paciência” vem do L. PATI, “aguentar, sofrer”; do


Grego PATHE, “sentimento”. Parte importante do fruto gerado pelo
Espírito Santo é a capacidade de suportar as dores e perseverar em
meio a elas. Isso independe da situação, do nível social, econômico
ou espiritual. Todos passam por contextos contrários a sua vontade e
que causam temores. Se se pudesse escolher, ninguém escolheria o
caminho do sofrimento. Somos lançados lá a contragosto e se devem
suportar os acontecimentos.
Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não
temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado
me protegem. (Salmos 23:4).
Davi nesse seu mais conhecido salmo retrata o vale de trevas
através do qual devemos passar com a permissão divina. Mas ele está
conosco nos protegendo em meio das dificuldades. A verdadeira
dependência de Deus se alcança em meio a situações desconfortáveis.
É quando agarramos na mão de Deus e prosseguimos. Recuar é
duvidar, continuar é ter fé. Um vale é uma situação em que perdemos
totalmente o controle e somente Deus pode nos fazer prosseguir. Nele
aprendemos a confiar e a esperar com toda paciência, acreditando que
tudo vai passar.
Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações,
porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a
perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado,
esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus
derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo
que ele nos concedeu. (Romanos 5:3-5).
A palavra “tribulação” teve origem em Roma. Dava-se o nome
de tribulum ao instrumento apropriado para esmagar os grãos para
fazer farinha de trigo. Essa palavra vinha de tritere, “esfregar, atritar”,
que, no grego, tribein, tem o mesmo significado. Tribulação é uma
situação em que somos esmagados e triturados. Não é um contexto
controlável ou fácil, mas algo que leve ao sentimento de estar sendo
destruído. Ao suportar esse peso através da paciência, se aprende a ser
perseverante. Só assim será aquele que passa pelo atrito e suporta,
tornando-se alguém com caráter, que tem esperança e a transmite. E
essa esperança não vai decepcionar, pois é baseada em alguém
superior. Não está alicerçada no homem, mas no poder de Jesus que
venceu o mundo e tornou possível que todos aqueles creem nele
possam vencer.
Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz.
Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci
o mundo. (João 16:33).
Amabilidade

Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o


Senhor. (Filipenses 4:5).
Pessoa amável é aquela capaz de receber e dar amor, alguém
onde o amor de Deus pode chegar e entrar, correr dentro e prosseguir
se achegando em outras vidas, como um rio. Ninguém é o ponto final.
Somos como um rio por onde todos podem passar para banhar-se se
refrescar.
Façam tudo com amor. (1 Coríntios 16:14).
O caminho é o amor. As atitudes não devem ser baseadas em
regras e protocolos, mas na amabilidade, atenção, gentileza,
cordialidade, educação e amor. Não basta desejar cuidar das pessoas,
é necessário cuidar delas concretamente. Nossa comunhão com elas
não é baseada somente no dar. Delas também recebemos. O poder do
Espírito Santo limpa os canais de recebimento e doação do amor,
permitindo que a pessoa se sinta amada e que transmita o amor de
Deus a outras pessoas. Todas as atitudes são baseadas em sentimento
verdadeiro e em uma conduta espiritual, não baseado em orgulho ou
altivez, mas em olhar para o lado e desejar viver a amizade e
comunhão com o próximo e com Deus.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a
verdade. (1 Coríntios 13:6).
Bondade

A palavra “bom” vem do latim bonus, ou seja, alguém bom é


aquele que trás benefícios. Acredito que seja por isso que Jesus falou
que somente Deus é bom. Ele exaltava a capacidade de Deus trazer
benefícios na vida de todos.
Respondeu-lhe Jesus: "Por que você me chama bom? Ninguém
é bom, a não ser um, que é Deus. (Marcos 10:18).
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de
nenhum de seus benefícios. (Salmos 103:2) – Almeida Corrigida e
Revisada Fiel.
O fruto do Espírito Santo tem a capacidade de gerar benefícios
aos outros. Ninguém come o seu próprio fruto, mas antes gera para
que os outros tenham acesso e sejam beneficiados com ele. A benção
é dada ao próximo e como foi dito a Abraão: “Se tu uma bênção!”.
Deus queria abençoar as nações e seria através do Pai da Fé. Então
todos seriam beneficiados pela vida de Abraão. A benção não tinha o
objetivo final nele. Não era para ele, mas por ele.
Fidelidade

Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos,


também ele nos negará; Se formos infiéis, ele permanece fiel; não
pode negar-se a si mesmo. (2 Timóteo 2:12-13).
Fidelidade vem do latim fidelitas, que tem significado ligado à
fé e à adesão. Fidel é uma pessoa comprometida com algo ou alguém,
alguém que aderiu a aliança, que não vai desistir, virar as costas ou
abandonar. Fidelidade é característica de Deus.
Os valores transmitidos pelos conceitos se perderam com o
tempo. Assim foi com a palavra aliança, que significa algo
duradouro, forte e inquebrável, mas seu valor se perdeu e se tornou
apenas um símbolo de um casamento que pode findar quando se
quiser. O casamento deveria ter o significado de algo inquebrável,
porém, muitos que se casam não conhecem e nem respeitam tal
conceito. Muitos querem casamento sem compromisso, ou seja, não
tendo obrigações do seu lado para com o outro. E relacionamento sem
compromisso é ambiente de infidelidade, e onde é assim, não existe
amor. O amor e amabilidade, a fé, a bondade e a fidelidade andam
juntas, onde uma está a outra se apresenta também. No amor existe a
fidelidade que é o compromisso, gerando benefícios pela bondade,
sendo atributo da amabilidade.
Mansidão

A palavra mansidão tem sua origem na palavra latina


mansuetudo, que significa “acostumado à mão”, de manus, “mão”.
Poderia ser usado em referência aos animais domesticados, porque
eles são dóceis e capazes de viver junto com o dono.
Certo dia, Jesus é abordado por uma mulher cananeia, de
origem sírio-fenícia. Ela tem uma filha endemoniada e procura ajuda
para resolver o seu problema. Jesus está com seus discípulos e
responde que ele veio somente para casa de Israel. Disse a verdade,
pois sua mensagem era somente para os israelitas, e não poderia fazer
nada a favor daquela mulher. A Bíblia relata que ele não foi nada
simpático com ela, ao ponto de não lhe “dar palavra”, ou seja, ignorou
aquela mulher e o seu problema. O que chama a atenção nela é que,
mesmo diante de uma negativa e desconsideração, ela não se importa
e continua a segui-lo e pedir ajuda. Por mais de uma vez, Jesus deixa
claro que não iria ajudá-la. Os discípulos impedem que ela se
aproxime dele. Mas chega um momento em que ela se prostra diante
dele em sinal de adoração.
Ele lhe disse: "Deixe que primeiro os filhos comam até se
fartar; pois não é correto tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos
cachorrinhos." (Marcos 7:27).
Diante de uma atitude de adoração, Jesus muda as suas palavras
e a compara a um cachorrinho. Existe dois tipos de palavras usadas na
Bíblia para cachorros, um é Kúon, para um tipo de animal selvagem,
visto como impuro, e existe também a palavra Kunárion para aquele
domesticado. Jesus não a chama de Kúon, mas de Kunárion, ou seja,
um animal domesticado, capaz de viver junto a ele, alguém manso,
aquele em que é possível pôr a mão.
Ela respondeu: "Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos, debaixo
da mesa, comem das migalhas das crianças". Então ele lhe disse:
"Por causa desta resposta, você pode ir; o demônio já saiu da sua
filha". Ela foi para casa e encontrou sua filha deitada na cama, e o
demônio já a tinha deixado. (Marcos 7:28-30).
Essa mulher teve uma capacidade de se rebaixar diante de Deus
e aceitar ser afrontada por Ele. Deus é o soberano e tem toda a
autoridade. Ela aceitou a condição de ser inferior a Ele e se rebaixar
diante de uma necessidade que Ele poderia resolver. Sua atitude
demonstrava o reconhecimento do poder e autoridade de Deus. Ela o
colocou em seu devido lugar, o lugar de um Deus. Se apresentou
como alguém domesticada e capaz de conviver com o Senhor. O povo
hebreu no tempo de Moisés foi chamado de povo de dura servis. A
cerviz é a parte da coluna na área do pescoço. A comparação aponta
para um povo com dificuldade de se rebaixar, de se dobrar que não
queria e não aguentava ser provado. Logo se desviando em muitos
momentos, eles viram muitos milagres e sinais, mas diante de um
contexto gerado para provação, eles se desesperavam e não buscavam
a Deus. Preferiam questionar e desejar voltar atrás. A fé pode se
apresentar como uma mansidão diante do dono do universo, que é
capaz de resolver qualquer problema. Deve-se entregar o domínio da
própria vida a ele e confiar.
Domínio próprio

Domínio próprio é a capacidade de controlar o próprio corpo,


vencendo a própria vontade e vícios.
Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que
odeio. E, se faço o que não desejo, admito que a lei é boa. Neste caso,
não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Sei
que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque
tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois
o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer,
esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu
quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Assim, encontro esta
lei que atua em mim: Quando quero fazer o bem, o mal está junto a
mim. (Romanos 7:15-21).
Todos têm a falsa compreensão que é capaz de se controlar, que
o seu corpo está sob o seu domínio e que tudo que acontece nele é
passível de comando. Quando estamos gripados, o corpo perde a sua
força, os músculos ficam doloridos e cansados. Por mais que se tente
reagir, muitos acabam sendo arrastados para a cama. O corpo é dele, e
um mero vírus está causando isso. Mas vencer, em muitos casos,
somente com a ajudinha de um remédio, de um médico que tem de
olhar e indicar o que realmente terá efeito sobre a enfermidade. O
corpo humano é extremamente frágil e pode ser parado por coisas
pequenas demais, como uma unha encravada, que pode estragar o seu
dia, uma dor de cabeça, que pode impedir de fazer muitas coisas, uma
garganta inflamada que acaba com o apetite.
Paulo explica que o pecado é similar a uma doença que entra
em nosso corpo e nos leva a fazer o que não queremos. Qualquer um
sabe o que é correto e deseja fazê-lo. Quem não pensa em ter uma
vida reta e cumprir os mandamentos de Deus? Mas a realidade é bem
diferente. Muitos querem, mas não o conseguem naturalmente. O
pecado pega o domínio do corpo e leva a carne a fazer a sua própria
vontade e não o da pessoa. Existe uma divisão entre a vontade da
carne e a vontade do espírito, e geralmente a carne vence e faz o que
quer. Todos têm uma área de fraqueza. Obviamente se eu perguntar
quem tem problemas em matar pessoas, noventa e nove por cento vai
dizer que nunca fez e nunca vai fazer. Mas ainda assim haverá um por
cento que tem algo com isso. Se o problema for sexual, a grande
maioria diria que não, mas tem uma porcentagem que tem
dificuldades com isso. Se o problema for a mentira, o roubo, muitos
são tentados por isso. E assim cada um é assolado por um ou mais
pecados de estimação, e com muita dificuldade de se livrar deles.
Paulo explica que se ele quer fazer algo de bom e não consegue,
fazendo o contrário. Afirma então que existem duas vontades: a sua e
a da sua carne. Quem domina o corpo é a carne, no seu caso. E isso o
leva a pecar, mesmo quando os seus sentimentos estão voltados para
Deus. Ele não consegue se livrar do pecado. É a concupiscência
(desejo incontrolável) que se apresenta indomável e quando acionada
vai tentar se satisfazer.
Era uma briga injusta, pois o pecado é espiritual e a carne não.
E então, como vencer algo que se aloja em seu corpo e não tem
origem física? Ou seja, não se cansa, não diminui e não envelhece.
Para uma enfermidade espiritual é necessária uma solução espiritual,
alguém forte o bastante para derrotá-lo e estabelecer um novo corpo,
sarado e livre desse mal. O pecado é forte, mas o Espírito Santo é
mais forte ainda e ele consegue domar esse mal e entregar o domínio
para a pessoa em forma de parceria. Agora quem controla o corpo é a
pessoa juntamente com o Espírito de Deus.
Portanto, agora já não há condenação para os que estão em
Cristo Jesus, porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de
vida me libertou da lei do pecado e da morte. (Romanos 8:1-2).
O Espírito da vida nos liberta da lei do pecado e da morte e
estabelece um novo corpo sem condenação.
Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a
carne deseja; mas quem, de acordo com o Espírito, tem a mente
voltada para o que o Espírito deseja. (Romanos 8:5).
Agora, sob a influência do Espírito Santo, a mente é voltada
para o que ele deseja se livrando a pessoa da vontade da carne. O
Santo Espírito não cria uma nova escravidão, mas trás liberdade, pois
agora o maligno não comanda mais, e a pessoa pode fazer a vontade
de Deus que é o que ela deseja.
[...] a fim de que as justas exigências da lei fossem plenamente
satisfeitas em nós, que não vivemos segundo a carne, mas segundo o
Espírito. (Romanos 8:4).
Com o poder do Espírito, as leis de Deus não são difíceis, e sim
justas exigências. E na liberdade do Senhor se está livre para cumpri-
las. Somente o Espírito Santo pode realizar essa transformação em
uma vida. Sem ele é escravidão e religiosidade, mas com ele, é vida e
liberdade.
Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas,
se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque
todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
(Romanos 8:13-14).
Como gomos de uma laranja

Como uma vez foi dito pelo Pr. Marcio Valadão, as virtudes
provenientes do fruto do Espírito Santo são semelhantes a gomos de
uma mesma laranja. O fruto é um só, mas seus atributos são muitos.
São virtudes interligadas, ou seja, um influencia o outro, gerando e
sendo gerado, onde um está é bem certo que o outro esteja também.
Amor, amabilidade, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio próprio andam juntos e são características dos
súditos do Reino de Deus.
E do seu interior fluirão rios de água viva. O gerado vai ser
dado como um rio de água doce, que vai desembocar da sua vida e
passar para outras pessoas. Porque esse fruto é para ser saboreado
pelo próximo e não por si só. Convidamos os outros para degustar
esse doce fruto, que é o Espírito Santo. E aquele que gostar poderá
pegar a semente e semear em si próprio para ser assim também e
gerar tão maravilhoso fruto. É tempo de boa colheita. Nada de frutos
amargos, mas somente frutos capazes de melhorar o relacionamento
na família, no casal, entre os filhos, entre os amigos, entre você e
Deus.
Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem
a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário,
sirvam uns aos outros mediante o amor. Toda a lei se resume num só
mandamento: "Ame o seu próximo como a si mesmo". (Gálatas 5:13-
14).
Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito.
(Gálatas 5:25).
A ação direta do Espírito Santo no corpo e mente gerará um
novo ser com uma nova mentalidade e atitude. A convivência com o
Altíssimo transforma o ser, dando-lhe um caráter e personalidade
aprovável, pois agora é amorosa e sabe viver o amor; gera benefícios;
sabe viver na alegria independente do contexto; transmite paz, sendo
capaz de suportar tribulações, sendo comprometido, manso e tendo o
seu domínio próprio.
Os testemunhos são eternos

Há muito aprendi dos teus testemunhos que os estabeleceste


para sempre. (Salmos 119:152).
Também os teus testemunhos são o meu prazer e os meus
conselheiros. (Salmos 119:24).
Maravilhosos são os teus testemunhos; portanto, a minha alma
os guarda. (Salmos 119:129).
As pessoas são temporais, ou seja, nascem, crescem e morrem;
têm um período de existência definida. Independente de morrerem
cedo ou com idade avançada, todos sabem que o seu destino final é a
morte. A alma é eterna, mas o corpo não. Ainda existem outras coisas
que são eternas, como o amor que nunca acaba. Então entendemos
que existem coisas temporais e eternas. Algo que é do Reino de Deus
e faz parte do eterno é o Testemunho. A Bíblia afirma que ele está
estabelecido para sempre, que sempre existirá. É como se ele sempre
existisse, e nós não. Nós passamos e o testemunho continua de
geração em geração. Mas o testemunho não anda sozinho, sempre
anda em conjunto com outro atributo eterno.
Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de
Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que é visível.
Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim. Pela
fé ele foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas
ofertas. Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala.

Pela fé Enoque foi arrebatado, de modo que não experimentou a


morte; "ele já não foi encontrado porque Deus o havia arrebatado",
pois antes de ser arrebatado recebeu testemunho de que tinha
agradado a Deus. Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem
dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa
aqueles que o buscam.
Pela fé Noé, quando avisado a respeito de coisas que ainda não
se viam, movido por santo temor, construiu uma arca para salvar sua
família. Por meio da fé ele condenou o mundo e tornou-se herdeiro
da justiça que é segundo a fé. Pela fé Abraão, quando chamado,
obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como
herança, embora não soubesse para onde estava indo.
Pela fé peregrinou na terra prometida como se estivesse em terra
estranha; viveu em tendas, bem como Isaque e Jacó, co-herdeiros da
mesma promessa. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo
arquiteto e edificador é Deus.
Pela fé, Abraão — e também a própria Sara, apesar de estéril e
avançada em idade — recebeu poder para gerar um filho, porque
considerou fiel aquele que lhe havia feito a promessa.
Assim, daquele homem já sem vitalidade originaram-se descendentes
tão numerosos como as estrelas do céu e tão incontáveis como a
areia da praia do mar. Todos estes ainda viveram pela fé, e
morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-nas de
longe e de longe as saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e
peregrinos na terra.
Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria.
Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade
de voltar. Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a
pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser
chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade.
Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu Isaque como
sacrifício. Aquele que havia recebido as promessas estava a ponto de
sacrificar o seu único filho, embora Deus lhe tivesse dito: "Por meio
de Isaque a sua descendência será considerada".
Abraão levou em conta que Deus pode ressuscitar os mortos; e,
figuradamente, recebeu Isaque de volta dentre os mortos.
Pela fé Isaque abençoou Jacó e Esaú com respeito ao futuro deles.
Pela fé Jacó, à beira da morte, abençoou cada um dos filhos de José
e adorou a Deus, apoiado na extremidade do seu bordão.
Pela fé José, no fim da vida, fez menção do êxodo dos israelitas do
Egito e deu instruções acerca dos seus próprios ossos.
Pela fé Moisés, recém-nascido, foi escondido durante três meses por
seus pais, pois estes viram que ele não era uma criança comum, e não
temeram o decreto do rei.
Pela fé Moisés, já adulto, recusou ser chamado filho da filha do
faraó, preferindo ser maltratado com o povo de Deus a desfrutar os
prazeres do pecado durante algum tempo. Por amor de Cristo,
considerou a desonra riqueza maior do que os tesouros do Egito,
porque contemplava a sua recompensa. Pela fé saiu do Egito, não
temendo a ira do rei, e perseverou, porque via aquele que é invisível.
Pela fé celebrou a Páscoa e fez a aspersão do sangue, para que o
destruidor não tocasse nos filhos mais velhos dos israelitas.
Pela fé o povo atravessou o mar Vermelho como em terra seca; mas,
quando os egípcios tentaram fazê-lo, morreram afogados.
Pela fé caíram os muros de Jericó, depois de serem rodeados durante
sete dias. Pela fé a prostituta Raabe, por ter acolhido os espiões, não
foi morta com os que haviam sido desobedientes. Que mais direi?
Não tenho tempo para falar de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi,
Samuel e os profetas, os quais pela fé conquistaram reinos,
praticaram a justiça, alcançaram o cumprimento de promessas,
fecharam a boca de leões, apagaram o poder do fogo e escaparam do
fio da espada; da fraqueza tiraram força, tornaram-se poderosos na
batalha e puseram em fuga exércitos estrangeiros. Houve mulheres
que, pela ressurreição, tiveram de volta os seus mortos. Alguns foram
torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar uma
ressurreição superior. Outros enfrentaram zombaria e açoites, outros
ainda foram acorrentados e colocados na prisão,
apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da
espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras,
necessitados, afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles.
Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas.
Todos estes receberam bom testemunho por meio da fé; no entanto,
nenhum deles recebeu o que havia sido prometido. (Hebreus 11:3-
39).
Na galeria da fé, registrada na carta aos hebreus, tem-se uma
releitura da história de personagens bíblicos e seus testemunhos. Mas
o que chama a atenção nesse texto não são as pessoas. Essas são
coadjuvantes nessa passagem. O personagem principal é a fé. Ela é
retratada nesse texto como uma preciosidade, uma relíquia valiosa,
que é passada de herói para herói. Quem a possuía viveria grandes
feitos. Ela foi guardada por pessoas únicas, que tinha a capacidade de
recebê-la. Quando usada no tempo certo trazia grandes benefícios. A
fé é eterna, e as pessoas são temporais. Os heróis bíblicos foram
ficando para a trás, mas a fé não. Ela continuou existindo e sendo
repassada de coração a coração.
A fé seria a representação da chave que abriria esse mundo
novo, uma certeza de algo que não se via, mas sabia que estava lá. E a
fé quando utilizada gera o testemunho, ou seja, a fé que é eterna, e,
posta em ação, gera o testemunho que também é eterno. O que seria
isso? Jesus curou um cego, na verdade curou a vários, mas vamos
nos prender em um exemplo único. Alguém, ao ouvir aquele
testemunho, acreditou e isso gerou fé no seu coração. Alguém, ao ver
uma pessoa cega curada, logo dirá com toda convicção que Jesus cura
pessoas cegas. Quem acreditar no testemunho de Cristo poderá ser
curado também. Sendo positivo, a fé foi transmitida a ela assim como
o testemunho no final. Agora ela vive a fé e o testemunho, que são
capazes de gerar novos milagres, testemunhos e atos de fé.
A fé é transmissível, recebível ao ouvir, ou seja, na entrada. Ela
pode se alojar no coração e gerar testemunhos na vida de uma pessoa.
Algumas pessoas conseguem gerar fé em situações totalmente
novas, pois em seu coração existe uma fé não alicerçada no contexto,
mas no poder de Deus. Outros se limitam a crer naquilo que já foi
realizado ou visto. Muitos não acreditam que Deus pode interferir na
vida financeira de uma pessoa. Outros já acreditam e vivenciam isso.
A fé pode ser embarreirada por convicções já bem instaladas no
coração, levando as pessoas a acreditarem somente naquilo que se
possa provar ou tenha visto anteriormente.
Mas o poder criativo de Deus pode agir em todas as situações,
inclusive naquelas não vividas ou enfrentadas. Os heróis da fé
enfrentaram situações novas e contextos não vividos. Mesmo assim,
pela fé, conseguiram romper. Claro que para alcançar isso todos
tiveram uma ajudinha do Espírito Santo, que possibilitou que eles
alcançassem tamanho sucesso junto a Deus. O Santo Espírito
subsidiou a todos, criando condições de avançarem e prosseguirem,
vencendo na vida e no ministério que lhe foi dado.
O Espírito Santo é eterno, o amor é eterno e os testemunhos são
eternos, ou seja, nós somos temporais, mas eles não. Não morrem e
nem deixam de existir, alguns acreditam que os milagres só
ocorreram no tempo de Jesus e depois cessaram. Quem pensa assim
nunca viverá tal graça, pois eles mesmos condenam e impedem a
manifestação de Deus naquele lugar. Eles fecham a porta que
permitiria o novo naquele lugar. O primeiro fator para existir um
milagre é acreditar que Jesus está vivo e é capaz de fazer novamente
tudo aquilo que foi feito um dia, pela fé. A crença abre espaço para
que o testemunho surja novamente e seja trazido para o “agora”.
Há alguns meses, ministrei em uma pequena igreja tradicional.
No final da reunião ministrei a cura e, por fim, fui ao meio da nave da
igreja para orar pelas pessoas. Uma senhorinha aos prantos me
abraçou e agradecia muito por estar ali. Ela dizia que tinha sido
curada de uma enfermidade na perna. Pedi a ela para ir à frente para
testemunhar. Ela foi ao altar e contou o seu milagre. Somente naquela
hora descobri o tamanho do milagre, pois a enfermidade era grande e
atingia a parte arterial das pernas. Mas o frustrante foi ver o
desinteresse das pessoas com relação à sua cura. Ela estava irradiante
pelo que ocorreu, mas os líderes de lá não responderam tão
positivamente a isso, colocando a ação do Espírito Santo como
coadjuvante ao culto e suas programações.
A Bíblia narra a história de uma mulher com fluxo de sangue
que acreditou que se somente tocasse nas vestes de Jesus seria curada.
Ela viu pessoas sendo curadas pelo toque de Cristo e assim acreditou
que era possível reviver tudo aquilo novamente. Muitos reis na Bíblia
oraram relembrando os feitos de Deus e suas promessas, assim,
trouxeram a existência algo que tinha ocorrido há muito tempo.
Os milagres narrados na Bíblia são muito mais que histórias que
glorificam a Deus. Quem acredita que tudo aquilo aconteceu e pode
voltar a acontecer traz à existência o poder do testemunho, que é
eterno e opera em nossos dias. Não basta crer que Jesus é um profeta.
Há de se entender o seu poder como Deus que é, muito superior a
qualquer outro personagem na Bíblia. Quando acreditamos nele e o
glorificamos pelo seu poder, tudo vem à existência novamente.
Muitas igrejas costumam relatar os testemunhos no altar no
meio da reunião, o que é muito saudável, pois assim mais pessoas
passam a acreditar nos milagres. Ouvindo os testemunhos do que
ocorreu no passado, vão desejar vivenciá-los no presente. Ouvir
testemunhos é sempre muito edificante. No entanto, melhor ainda é
ter a sua própria história de interferência de Deus, como ele interveio
e tornou possível acontecer isso. Conte o seu testemunho quantas
vezes for necessário. Não tenha medo de repetições. Pessoas precisam
ouvir a sua história e, através de você, mais e mais pessoas poderão
viver esse momento maravilhoso.
Obediência

Então disse o Senhor: "Por causa da perversidade do homem,


meu Espírito não contenderá com ele para sempre; e ele só viverá
cento e vinte anos." (Gênesis 6:3),
O Espírito Santo trabalha em duas frentes de batalha: a vida
pessoal e o reino de Deus. A vida pessoal deve ser entregue a Deus e
devemos estar atentos a seus conselhos, pois lhe apresentamos a nossa
vida e esperamos as soluções para as nossas demandas. Dele
recebemos inspiração para melhor administrar, conduzir e prosseguir
no cumprimento de sua vontade. O Espírito Santo age nesse momento
como um conselheiro, um ajudador que traz as orientações
necessárias para que a vida pessoal dê certo. Ele é um sábio
conselheiro para assuntos familiares, financeiros, relacionais, e todos
que puderem ser entregues. Deus mais que ninguém deseja que a
nossa vida de certo e prossiga para o alvo, fazendo-nos prosperar em
todos os sentidos. Ele se apresenta como o sábio conselheiro digno de
confiança.
Na nossa vida pessoal, o Espírito Santo entra como o apoiador.
Mas existe outra ação dele sobre nós que ocorre quando somos parte
do exército de Deus e ele é o nosso guia. A sua ação não é somente
para que sejamos bem-sucedidos em nossa vida pessoal, mas também
para que o seu Reino se realize aqui e agora. No primeiro caso, se
ouvirmos os seus ensinamentos e obedecermos, seremos bem-
sucedidos; no segundo a obediência é requisito para prosseguir, pois
nos apresentamos como soldados dispostos para servi-lo da maneira
como ele bem entender.
Quando nos posicionamos como Reino de Deus, somos servos a
serviço de um rei, e necessitamos obedecer e segui-lo, ou seja, ele
ordena e nós obedecemos. O que a maioria das pessoas fazem é tentar
as suas próprias soluções, mas se encontram um empecilho procuram
o favor de Deus para resolvê-lo. Todos gostam de tomar decisões e de
chamar Deus na execução, mas o certo seria chamá-lo no
planejamento e ouvir o seu direcionamento não só lembrando-se Dele
quando a bomba estoura. No Reino de Deus, o que valem são as
decisões do Senhor e não as nossas. Somos instrumentos em suas
mãos para que tudo corra bem. Não sabemos os processos por
completo, mas nos colocamos debaixo da sua orientação e seguimos
passo a passo seus pensamentos e entendimentos.
É muito comum a aquele que serve a Deus procurar resolver os
problemas de sua igreja através de ideias rápidas e ocasionais: Se
tentarmos isso vai dar certo! Muitos passam anos tentando as suas
ideias, que sempre resultam em pequenos ou nenhum resultado. A
verdade é a necessidade de consultar a Deus e seguir a sua linha de
raciocínio não devendo atribuir a nossa morosidade e ineficiência à
falta de comandos de Deus. A cada um cabe buscar a vontade de
Deus, si colocando como um servo incapaz de ter uma ideia melhor
do que a dele. Muito do que o Senhor vai fazer será apresentado
durante a execução do projeto. Ora, ele é o criador do plano e nós
somos os executores. Não nos cabe saber os seus planos, devemos
saber simplesmente o que devemos fazer e nos dedicar para que o
plano seja bem-sucedido.
Problema corriqueiro é entrarmos em contenda com o Santo
Espírito, pois nossa vontade em alguns casos especiais se distancia da
vontade dele. Então não se aceita a sua repreensão e se busca
falsamente uma nova resposta, ou seja, finge-se que Deus não
respondeu ou ignora o seu conhecimento, bloqueando a possível
solução e ficando à espera que uma nova possibilidade mais adequada
ao seu pensamento seja apresentada. Fazer campanhas de oração e
jejuns são muito eficientes desde que não sejam usados com o fim de
evitar um ato de obediência.
Exemplificando com um caso real. Um amigo meu é muito
dedicado à obra do Senhor. Decidiu então subir várias vezes ao monte
durante a semana e fazer campanhas de oração e jejum. Ele faz isso
com o coração em Deus, com sentimento de devoção e vontade de
“pagar um preço” para que sejam atendidas as orações e que esteja
sempre na Santa Presença. Em certo tempo da sua vida, seu
casamento começou a ser questionado e ele foi tomado por uma
vontade de se divorciar, pois, o amor esfriou. Ele orava a Deus,
pedindo a solução do seu problema. Desejava uma intervenção de
Deus diretamente em seu relacionamento conjugal. Logicamente
orava para que a resposta fosse um divórcio. Dedicou-se à oração
para que viesse a resposta de acordo com o seu desejo, mas a Bíblia
ensina que a Deus não agrada o divórcio e nem concorda com a sua
prática. Ele pode até ceder, mas não quer dizer que está de acordo
com essa decisão. Então a vontade de Deus se torna contrária à
vontade da pessoa, que deseja que isso aconteça. Por isso se dedica a
orar para que venha a resposta concordante com a sua vontade. Deus
é claro quando diz: é melhor obedecer do que sacrificar. Melhor que
subir mil vezes ao monte, orar e jejuar por um ano é obedecer. Ceder
à vontade de Deus é reconhecer que o Senhor sabe reinar melhor do
que nós, que amamos suas leis, pois são preciosas para nós.
Queremos que Deus concorde conosco, mas a melhor decisão é
que nós concordemos com ele. Em seu Reino a sua vontade é
absoluta, e assim deve ser na terra. Obedecer vem primeiro que
sacrificar.
Em um planejamento para o Reino não se deve desconsiderar os
entendimentos de Deus sobre a obra e nem os toques que ele dá. O rei
governa e os súditos e trabalhadores executam. Nós nos colocamos a
sua disposição para realizar os mais diversos trabalhos. Ele guiará o
seu povo e, se formos fiéis, o plano será bem-sucedido.
Mas ele respondeu ao seu pai: ‘Olha! todos esses anos tenho
trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às
tuas ordens. (Lucas 15:29A).
As palavras do irmão do filho pródigo foram: Tenho trabalhado
como um escravo! Ele era filho e ao mesmo tempo trabalhador.
Quando estava na casa do seu pai agia e era tratado como filho. Mas
quando cruzava a porta, ele era um servo que se dedicava
inteiramente ao trabalho. Na fazenda, o seu pai era o seu senhor, e
tudo que lhe ordenava fazia, chegando a ser comparado a um escravo
e por isso recebeu a maior promessa bíblica: Tudo o que é meu é seu!
Disse o pai: “Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que
tenho é seu”. (Lucas 15:31).
Obedecer ao seu pai/senhor resultou na maior promessa bíblica,
a de compartilhar o recurso dos céus, tudo que é de Deus seria
compartilhado com os seus filhos. Essa promessa só é vivida por
aqueles que agem como escravos do reino.
O reino é a obediência às leis do Senhor, obediência a Deus Pai,
obediência a Jesus e a obediência direta ao Espírito Santo.
Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado
pelo Espírito ao deserto (Lucas 4:1).
Jesus foi obediente até a morte, seguindo as orientações do
Santo Espírito com relação ao ministério que lhe foi concedido. Tudo
o que ele fazia era um direcionamento do Espírito Santo. Jesus não
veio a terra como uma divindade, mas como um simples homem que
seria usado por Deus em seus planos; sem poder e sem glória; tudo
que tinha que fazer era ser guiado pelo Senhor. Jesus realizou muitos
milagres e curas, falou sabiamente sobre muitas coisas e trouxe um
novo entendimento na terra e tudo isso foi realizado por intermédio
do Santo Espírito. Ele foi fiel, ou seja, comprometido com a
obediência e ensinamentos. Sua marca foi servir.
As três vontades

O Reino dos céus é semelhante a um rei que preparou um


banquete de casamento para seu filho. Enviou seus servos aos que
tinham sido convidados para o banquete, dizendo-lhes que viessem;
mas eles não quiseram vir. De novo enviou outros servos e disse:
‘Digam aos que foram convidados que preparei meu banquete: meus
bois e meus novilhos gordos foram abatidos, e tudo está preparado.
Venham para o banquete de casamento!’
Mas eles não lhes deram atenção e saíram, um para o seu
campo, outro para os seus negócios. Os restantes, agarrando os
servos, maltrataram-nos e os mataram. O rei ficou irado e, enviando
o seu exército, destruiu aqueles assassinos e queimou a cidade deles.
Então disse a seus servos: ‘O banquete de casamento está
pronto, mas os meus convidados não eram dignos. Vão às esquinas e
convidem para o banquete todos os que vocês encontrarem’. Então os
servos saíram para as ruas e reuniram todas as pessoas que puderam
encontrar, gente boa e gente má, e a sala do banquete de casamento
ficou cheia de convidados. Mas quando o rei entrou para ver os
convidados, notou ali um homem que não estava usando veste
nupcial. E lhe perguntou: ‘Amigo, como você entrou aqui sem veste
nupcial? ’. O homem emudeceu. Então o rei disse aos que serviam:
‘Amarrem-lhe as mãos e os pés, e lancem-no para fora, nas trevas;
ali haverá choro e ranger de dentes’. Pois muitos são chamados, mas
poucos são escolhidos". (Mateus 22:2-14).
A parábola citada acima é a história de um rei (Deus) que
decidiu fazer uma grande festa. Preparou tudo e chamou os
convidados, mas esses tinham compromissos e decidiram não ir. A
vontade do homem é soberana sobre si, ou seja, mesmo Deus sendo o
Todo Poderoso e soberano sobre o universo, ele não pode mudar a
vontade de uma pessoa. Cada pessoa decide por si próprio. Alguns
dos convidados decidiram não ir festa, e isso enfureceu ao rei, que
chamou outras pessoas.
Ao chamar outras pessoas para a festa, foram encontrados
alguns malvestidos, sem estarem adequados para aquele ambiente.
Por não estarem vestidos segundo a vontade do rei, aquelas pessoas
foram afastadas da festa. Para participar da festa é necessário cumprir
a vontade do rei. O convidado tem que desejar participar, bem como
concordar com a vontade dele.
Mas ainda existe uma terceira vontade. Adão e Eva viviam no
Paraiso, e Deus deu uma ordem: Não comam do fruto proibido! Mas a
serpente (diabo) disse a ela para comer.
Disse a serpente à mulher: "Certamente não morrerão! Deus
sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês
serão como Deus, conhecedores do bem e do mal". (Genesis 3:4-5).
Essa terceira vontade atuante na pessoa é a vontade do diabo,
que induz as pessoas para fazer a sua vontade, levando-as ao pecado.
A vontade do diabo é que todos pequem e se distanciem de Deus. Ele
influencia e induz ao erro, mas a culpa final do ato é da pessoa, pois
deixou-se ser influenciar pelo mal, cedendo à vontade do diabo.
Nem tudo que acontece é vontade de Deus, nem tudo que
acontece é vontade do mal, e nem tudo é vontade da pessoa. Deus tem
uma eterna boa vontade de fazer o bem, em contrapartida o diabo tem
a vontade de matar, roubar e destruir. Cabe ao ser humano decidir a
quem escutará e por quem se deixará influenciar. Um bom conselho
é: decida por Deus!
Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha
reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, MAS VOCÊS NÃO
QUISERAM. (Mateus 23:37).
Deus respeita a nossa individualidade e por isso não toma a
decisão sem esperar uma concordância nossa, ou seja, a nossa
vontade tem que ir ao encontro da sua. O diabo tenta a todo tempo
nos roubar de nós mesmos, ignorando a nossa vontade. Ele usa de
métodos desonestos para nos conduzir ao mal. Jesus nos ama e nos
cerca de entendimento para não sermos mais enganados. Ele nos
conduz ao pleno conhecimento da verdade para não sermos mais
ludibriados por mentiras e armadilhas.
Meu povo foi destruído por falta de conhecimento. (Oséias 4:6)
Toda ignorância será punida, pois, não entendendo as verdades
de Deus, uns acreditam que os males da vida são todos vontade dele e
de maneira alguma poderão ser mudados; que a sua situação atual
depende exclusivamente de uma mudança de opinião do Senhor e não
fazem nada para que essa trajetória mude.
A Glória é de Deus

Deus falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence
a Deus. (Salmos 62:11).
Deus escolheu fazer uma parceria com o homem. A obra
redentora tem a coparticipação do ser humano como ferramenta de se
achegar aos outros e levar a sua redenção. Ele poderia fazer tudo
sozinho, mas antes decidiu confiar nas pessoas e entregar dons e
capacidades para cumprir a sua missão. Sabia que ninguém estaria
habilitado para realizar tão maravilhoso feito. Mas através do
sacrifício de Jesus e do direcionamento e poder do Espírito Santo se
tornariam capazes de serem aperfeiçoados ao ponto de alcançar a
salvação e entrar no Reino de Deus.
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem
de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.
(Efésios 2:8-9).
Nós recebemos todos os recursos para, mediante a graça de
Deus, ser conduzidos à salvação. Até a fé provém de Deus. Ninguém
pode dizer que alcançou a salvação ou se salvou, mas antes devemos
render a glória do ato somente a Deus. Ele criou os recursos para
irmos aos céus. É Ele que desenhou um plano que pudesse
aperfeiçoar pessoas ao ponto de serem consideradas dignas da
salvação. Se alguém deve ser engrandecido por isso é Deus. Se não
fosse o amor de Deus, o sacrifício de Jesus e a ação direta do Espírito
Santo ninguém por mais capaz que seja não chegaria nem perto das
portas do Reino.
Como está escrito: "Não há nenhum justo, nem um sequer;
(Romanos 3:10).
Somos considerados justos por causa da justificativa de Cristo
que levou consigo os nossos pecados. Jesus reconciliou a humanidade
com Deus, removendo a inimizade e unindo o Pai aos seus filhos.
Recebemos isso pela graça, ou seja, um favor imerecido.
Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em
nosso favor quando ainda éramos pecadores. (Romanos 5:8).
Semelhantemente recebemos os dons de Deus pela graça. Ele
gera esses recursos sobre pessoas que deseja usar para ministrar sobre
outros. Os dons são dados para serem usados em favor da obra
salvadora, são derramados para serem usados em prol das
necessidades que Deus identifica. Quando uma pessoa traz uma
revelação para alguém, aquilo não foi planejado por essa. De repente,
as palavras surgem e vão de encontro a necessidade. Uma cura nunca
é programada, ou seja, o profeta não chega e decide curar alguém.
Antes ele ora pelos enfermos e alguns são curados e outros não.
Quem decide o que vai acontecer é somente Deus e não o ministro.
Este tem a missão de ministrar e orar, mas quem receberá o toque é
Deus que indica. O poder pertence a Deus e não ao homem.
Ao ministro é necessário ter a consciência de que o que está
acontecendo não provém dele, mas de Deus. Esse conhecimento não
vem naturalmente, mas diante da necessidade de se glorificar a Deus
pelos sinais e milagres. O ministro tem que saber que a glória do feito
pertence somente a Deus. Não se deve roubá-la, dizendo que aquilo
aconteceu por ser um homem de oração, por ser ele especial ou por
ter virtudes que ninguém tem. A verdade é que Deus derrama sua
graça sobre as pessoas e delas se serve para abençoar a outros. O Pr.
Bill Johnson diz que devemos entender que não é pra você, é por
você. Devemos compreender que coisas estão acontecendo não por
causa da importância do ministro, mas, sim, pela vontade de Deus de
abençoar vidas. A bênção não tem como finalidade o homem de
Deus. O Senhor se serve do ministro como canal para chegar a outros.
"Eu sou o Senhor; esse é o meu nome! Não darei a outro a
minha glória nem a imagens o meu louvor. (Isaías 42:8).
O poder não está no homem. Ele não é a fonte da ação e do
milagre. O poder pertence a Deus. Os créditos do que acontece são
somente para Deus. Se uma revelação sobre a vida de alguém
ocorreu, o mérito é de Deus. Se alguém é curado, o mérito é de Deus;
se um milagre aconteceu, o mérito é de Deus; se a reunião foi
maravilhosa, o mérito é de Deus; se em algum lugar está-se tendo um
avivamento o crédito é do Senhor. Devemos glorificar a Deus, mesmo
que tudo isso esteja passando por um somente homem. O Senhor o
está usando para abençoar. Glória a Deus por isso, pois ele teve
misericórdia de muitas vidas.
O homem foi feito para glorificar a Deus e o colocar em um
lugar de honra. Sendo assim, somos justos, pois é ele que realiza o
feito e faz chegar a sua misericórdia ao povo. Deus levanta alguém na
humanidade para transmitir as suas bênçãos e graça. O Espírito usa
pessoas que, através de seus dons e palavras, levam milagres e curas
aos outros.
Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer
em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não
podem fazer coisa alguma. (João 15:5).
Somente quando se está ligado a Deus é que a unção é
derramada. Sem esse contato, o óleo deixa de ser canalizado para o
homem. São necessárias a rendição do ministro diante de Deus e a sua
busca de humildade para que o dom continue a passar por ele para
tocar outras vidas. Quem controla o fluxo é o Senhor. Quem não está
em comunhão com ele, não recebe o que é necessário para dar frutos.
Que sejamos como vasos destampados, prontos para receber o
óleo fresco do dom de Deus que será derramado em prol dos seus
projetos.

...
Grande ferramenta de ajuda ao próximo é a intercessão, ou seja,
a oração feita em prol das necessidades do outro. Uma das formas
mais poderosas de amar ao próximo é orar por ele, suplicar ao Senhor
para que possa estender a sua mão direita poderosa para ajudá-lo em
suas necessidades. Quando o resultado da oração se manifesta, quem
merece o crédito, aquele que orou ou quem realizou o milagre?
Ambas as partes são importantes, mas o crédito é de quem realizou,
ou seja, Deus. O resultado não aconteceu pelo poder da oração, ou
seja, não emanou daquele que estava a suplicar, mas veio do
Altíssimo, que, com o seu coração cheio de graça, realizou o feito. O
intercessor é aquele que coloca a sua confiança em Deus e se humilha
diante dele esperando a sua benevolência. A oração é uma atitude de
confiança no Senhor, de crer que as suas mãos podem alcançar o
próximo e realizar o que ninguém poderia realizar. Glória do feito é
dada a Deus, somente a ele.
Jesus certa vez narrou uma história de dois homens que subiram
ao templo para orar, o primeiro era fariseu e orava ressaltando a sua
atitude de oração e jejum, de como era fiel em seu dízimo e como
cumpria os requisitos da lei, se dizia superior ao que estava ao lado,
um publicano. Este orava com a cabeça baixa por ter vergonha de si e
suplicava pela misericórdia do Senhor. O Mestre ensinou que o
fariseu não saiu justificado, mas o publicano sim. A oração não é
lugar de soberbos, mas de humildes que estão dispostos a se rebaixar
diante de Deus e reconhecer a sua soberania, que reconhecem a sua
dependência de Deus e a necessidade do seu socorro. Quem se achega
a Deus para se exaltar será humilhado, mas aquele que se rebaixa
diante do Senhor, esse sim será justificado.
A oração não é uma ordem aos poderes celestiais, mas uma
súplica àquele que tem todo o poder sobre os céus e a terra.

...
Acredito que tudo isso pode ser entendido como a promessa
retratada na parábola do filho pródigo. Após a sua volta, arrependido
e disposto a obedecer, foi realizada uma grande festa pelo seu retorno.
Mas isso não foi bem visto pelo outro filho, pois esse permanecia
trabalhando e servindo, não desperdiçando o patrimônio do seu pai. A
sua reclamação é que nunca se achou no direito de pegar um animal
para festejar com os seus amigos. O pai nesse momento revelou uma
das maiores promessas da Bíblia: Tudo que é meu é seu!
Disse o pai: “Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que
tenho é seu”. (Lucas 15:31).
O texto não está dizendo que tudo foi dado ao filho, mas que
tudo era compartilhado com ele, ou seja, não é do filho, mas está a
sua disposição, embora continue na posse do Pai. Deus dá o direito de
uso ao filho, mas este se deve lembrar que tudo é propriedade do Pai.
E que se deve usar sabiamente, pois ele confia que é possível dar aos
filhos e serem bem usados. O filho pródigo recebeu tudo e fez mal
uso. Mas aquele que ficou, compartilhava tudo com o Pai e por isso
não desperdiçou os recursos.
Deus compartilha os seus recursos, seus dons, virtudes e
riquezas do Reino com os seus filhos. Quem é filho e servo receberá
dos recursos dos céus para agir em favor dos propósitos de Deus.
Devemos ter a compressão de que os bens estão a nossa disposição
para quando necessitarmos. É vontade de Deus que sejam usados,
desde que se saiba quem é o dono de tudo isso.
Em qualquer lugar

A vida do apóstolo Paulo divide-se em duas partes: suas


viagens missionárias e a prisão. Quando livre, Paulo foi um fundador
de igrejas, missionário que viajou por muitos locais pregando o
evangelho e angariando discípulos para o reino. Dotado de grande
conhecimento, fé e perseverança percorreu imensos territórios
instituindo igrejas. Fez o possível para ensinar e amadurecer cada
comunidade criada.
Líder indicado por Deus, Paulo não conheceu Jesus em seu
tempo na terra. Não foi escolhido como os outros apóstolos para
pregar o Evangelho. Seu ingresso no grupo dos apóstolos de Jesus se
deu após uma visão acompanhada de uma voz que o chamava para
fazer parte da igreja. Apesar de não ter uma aparência de alguém forte
e audaz, ele o era por dentro. Foi destemido e avançou com o
conhecimento de Deus e a fé, tomando a frente da expansão do
evangelho e indo onde nenhum apóstolo tinha chegado.
Muitos viam a Paulo como o grande nome da igreja. Ele era o
apóstolo dos gentios, ou seja, dos não judeus e por isso esse
compromisso na expansão do evangelho fora de Israel. Seu
compromisso era com os outros povos e fez o possível para que eles
conhecessem a salvação. Muitos foram os empecilhos que impediram
a evolução da causa, e muito foi o sofrimento de Paulo para levar o
escândalo da cruz para quem necessitava. Através da vida de Paulo o
evangelho se estendeu para fora das fronteiras de Israel e chegou a
outras nações. Em cada lugar por onde passava, convertia pessoas,
dando início a comunidades cristãs, que foram se expandindo e
crescendo com os anos. Paulo viveu para o evangelho. Não teve
esposa e nem filhos, agindo exclusivamente pela causa de Cristo.
Visto como um dos maiores nomes do cristianismo de todos os
tempos, deixou um legado para as novas gerações através do seu
conhecimento e fé. Usado amplamente pelo Espírito Santo, viveu e
relatou suas experiências em suas cartas registradas na Bíblia.
A partir do livro de Efésios indo até a Filemon, são as Epístolas
da Prisão, ou seja, cartas escritas no período que o apóstolo estava
preso. Ele foi preso com base em acusações falsas. Esperou
julgamento em Roma, ficando impossibilitado de levar pessoalmente
o evangelho às comunidades. Encarcerado iniciou uma fase diferente
de sua vida. O exercício de seu ministério mudaria dramaticamente.
Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações
por vós, que são a vossa glória. (Efésios 3:13).
Muitos confiavam em Paulo. Para os povos evangelizados, ele
era o líder que estava comandando o exército cristão. Sua fé, unção,
intimidade com Deus, conhecimento e perseverança o tornaram
modelo a ser seguido. Ele era admirado até pelos outros apóstolos e
ainda hoje persevera o seu testemunho de fé como o mais ativo dos
cristãos de todos os tempos. Vê-lo preso foi motivo de desespero para
muitas pessoas. A igreja de Éfeso sofreu profundamente a prisão do
seu amado mestre. Na visão daquelas pessoas, o cristianismo tinha
sofrido uma grande derrota com a prisão de Paulo e era motivo de
desespero, pois agora sem o seu líder a causa pereceria. O sofrimento
do apóstolo na prisão era motivo de tristeza e preocupação para todos,
ele estava longe do corpo da igreja e da comunhão.
Aparentemente a igreja de Éfeso entrou em crise por causa do
sofrimento de Paulo e por isso ele escreve uma carta de resposta. Em
sua carta, deixa claro que está preso pela causa de Cristo e a favor do
povo, que foi imposta uma responsabilidade pela graça de Deus de
tornar conhecida a sua revelação. Mas ele deixa claro que o povo de
Éfeso estava errado com relação a sua concepção de Deus, pois a
prisão só limitava o seu corpo e não a sua alma. Naquele lugar fétido
e desesperançoso em que ele foi encarcerado injustamente, ele
ajoelhava e orava, não a seu favor, mas em favor dos outros, pois a
graça de Deus o alcançava lá mesmo na prisão, o Espírito Santo se
fazia presente naquele lugar. Aquilo não representava o final do seu
ministério, mas apenas uma nova fase, pois naquele lugar o amor de
Deus o alcançava. Nada tinha acabado, bastava se ajoelhar e orar e a
conexão com Deus era reestabelecida. Todos achavam que o apóstolo
tinha acabado, mas mesmo em uma condição tão degradante e diante
de um contexto desfavorável, a graça o alcançou novamente. De
dentro da prisão, Paulo orava em favor dos outros para que eles
pudessem compreender a largura, altura e comprimento do amor de
Deus, e que esse não estava limitado às dimensões do templo, mas era
tão extensivo que era capaz de alcançá-lo na prisão. O amor de Deus
pode se estender a ponto de alcançar prisioneiros em presídios,
alcançar viciados em bocas de fumo, doentes em hospitais. Ele pode
ir a qualquer lugar. Bastava se ajoelhar e orar e onde estiver ele
alcança. Jonas no interior de um peixe grande no fundo do mar
lembrou-se de Deus e rogou por sua ajuda e então nas profundezas
chegou o socorro ao profeta.
Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde
poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu
fizer a minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as
asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua
mão direita me guiará e me susterá. (Salmos 139:7-10).
E disse: Na minha angústia clamei ao Senhor, e ele me
respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz.
(Jonas 2:2).
Não existe lugar e que Deus não possa entrar. Ninguém pode
escapar do Espírito e fugir da sua Presença. Se for ao mais alto monte,
lá ele está e se for à profundeza do mar também está. Não existe lugar
para se esconder, e Paulo agora acessava de dentro da prisão. Não é
somente em uma reunião que a presença e o Espírito Santo são
acessíveis, Eles estão em todo o lugar: na casa, no trabalho, no carro,
nas ruas. Não existe limite para a sua ação. A limitação do cristão está
mais em sua mente, pois o mal pode prender o corpo, mas não pode
prender a alma e o espírito de alguém. Paulo estava preso, mas seu
ministério não. Ele persevera na oração pelos santos e de lá escrevia
cartas contendo desde repreensões até revelações. Ninguém está
totalmente preso. O evangelho encontra asas naqueles que buscam
perseverar em sua liberdade. Uma pessoa que trabalha o dia todo
ainda sim pode evangelizar. Ele pode escrever mensagens e distribuir
em redes sociais, pode orar, enviar mensagens no celular, conversar
com os seus colegas de trabalho. A sua profissão não é uma prisão. Lá
o evangelho pode alcançar outras pessoas de outras formas, pois o
Espírito é livre e é capaz de agir fora dos limites da religião. Ele é o
convencimento do pecado, do juízo e da lei. Basta transmiti-lo e ele
tocará vidas. A maior prisão é a mente fechada e limitada. Tudo pode
ser usado como degrau para o evangelho. Basta entender que ele está
vivo em nós.
O Apóstolo João foi um problema para o império romano, se o
prendia, ele evangelizava os soldados e os outros prisioneiros; se o
matassem, se tornaria um martim e muitos se converteriam; se o
deixassem solto, mais ainda; uma vez o colocaram preso na praça
para mais tarde ser enforcado publicamente, mesmo assim ele falava
do evangelho para quem passasse pelo local e pessoas paravam para o
escutar e se convertiam. Resolveram mandar para a ilha de Patmos, lá
sim acreditavam que não teria como reagir, mas lá foi a sua grande
obra: o livro do Apocalipse.
Por essa razão, ajoelho-me diante do Pai, do qual recebe o
nome toda a família nos céus e na terra. Oro para que, com as suas
gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo do seu ser com poder,
por meio do seu Espírito, para que Cristo habite em seus corações
mediante a fé; e oro para que vocês, arraigados e alicerçados em
amor, possam, juntamente com todos os santos, compreender a
largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o
amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam
cheios de toda a plenitude de Deus. (Efésios 3:14-19).
O corpo pode ir para a prisão física, mas a alma permanece em
liberdade, porque o Espírito Santo lhe dá condições de estar livre
onde quiser e quando quiser. Temos acesso livre ao pai e somos um
problema para o reino das trevas quando compreendemos que onde
estamos, independente dos problemas que enfrentamos, podemos
ajoelhar e nos conectar ao Altíssimo. E todas as portas se abrirão e
surgirão milhares de possibilidade para vencer. Uma mente fechada é
a pior das prisões.

...
Realizo um trabalho social com um grupo de pessoas cristãs.
Uma vez por mês separamos cestas básicas doadas por nós mesmos e
conhecidos, e levamos em uma região de desfavorecimento social
onde muitas famílias passam por dificuldades financeiras. Vamos de
casa em casa, tendo um tempo de comunhão com as pessoas e
momentos de edificação. O pastor que iniciou o trabalho tem a sua
igreja localizada lá. Então conhece as famílias que têm real
necessidade de uma visita. É sempre uma alegria quando na manhã de
sábado nos reunimos para levar os alimentos e adentrar as casas,
podendo conversar diretamente com os necessitados e compartilhar
de suas dificuldades. Oramos e profetizamos a transformação do
Senhor naquela casa. Mês após mês podemos ver a graça de Deus
vindo sobre famílias e lares.
Certo dia, íamos para a casa de um assistido, o Betão, pedreiro
por profissão, que há muito tempo tinha virado alcoólatra e andava
como mal podendo se sustentar em pé. Ele tinha um cinturão
composto de várias garrafinhas de cachaça, sem contar as que
estavam escondidas pela casa. Todas as vezes que íamos a sua casa
ele mal conseguia falar devido ao seu alto grau de embriaguez.
Mensalmente íamos lá e orávamos ministrando a transformação de
Deus naquela casa e abençoando a família. Certo dia, ao chegar lá, o
vimos sóbrio e assustamos com aquilo. No outro mês, ao visitar
novamente, estava sóbrio, já não andava com as garrafinhas. No outro
mês o vimos trabalhando e construindo a sua casa. Milagrosamente
testemunhamos aquele homem largando o vício e retornando ao seu
trabalho. A família se alegrou ao ver a mudança de vida, de um
bêbado em um pai de família trabalhador. Membros da nossa equipe
choraram ao ver o resultado, pois tinham duvidado que um dia viriam
ele assim tão bem. Então íamos fazer a visita em sua casa mais uma
vez levando novamente o suprimento para ajudar, quando cruzamos,
um homem de aparência nordestina que estava parado em frente à rua
que levava à casa do Betão, nos viu carregando uma cesta básica de
alimentos e estendeu a mão e disse: “Vocês fazem...”, ele não sabia
exatamente o que dizer, por isso completei: “ajuda social?”, ele
acenou com a cabeça indicando que era isso que queria dizer.
Aproximamos dele, que contou a sua história: veio do Piauí
juntamente com a sua mulher e filhas, pois lá estava em grande
dificuldade financeira. Juntou o pouco dinheiro que tinha e veio tentar
a sorte na cidade. Ao chegar alugou uma pequena casa e foi tentar
encontrar trabalho. Sem sucesso, em suas andanças pelas ruas à
procura de emprego, um ladrão roubou o pouco dinheiro que tinha e
seus documentos. Ele agora estava com o aluguel atrasado e não tinha
o que comer. Nós estávamos habituados a ouvir histórias falsas para
conseguir ajuda então decidimos constatar a veracidade dos fatos,
falamos para ele esperar que nós iriamos fazer a visita programada e
depois iriamos falar com ele. Ele ficou esperando no mesmo lugar a
nossa volta.
Ao voltar, o colocamos em nosso carro e falamos que iriamos
em sua casa para comprovar se essa história era verdadeira mesmo.
Fomos por aquelas ruas de chão batido descendo para a região mais
pobre daquele lugar. Paramos em frente a uma casa onde a sua esposa
esperava à porta, assustada, pois tinha acabado de ocorrer um
homicídio naquela rua. Entramos rapidamente na casa e conhecemos
a sua família. Ele tinha uma esposa e três lindas filhas e moravam em
uma pequena casa alugada juntamente com os seus móveis. Ele abriu
a geladeira e tinha somente um saco de ossos que tinha conseguindo
em um açougue local. Nós perguntamos o que ele tinha comido.
Respondeu dizendo que tinha conseguido um punhado de arroz e fubá
com o Betão ofertado para a sua família se alimentar. Perguntamos o
que ele tinha comido, ele disse: “Tomei um suco de abacate ontem”.
O mais interessante dessa história foi que ele tinha nos abordado
procurando emprego, apesar de estar com muita fome, a sua vontade
era encontrar um emprego para resolver o seu problema. Ele estava
com o aluguel atrasado ao ponto de ser despejado, a família passando
fome e ele desempregado, uma situação realmente difícil. Concluímos
que realmente ele precisava de uma ajuda. Pegamos uma grande cesta
de alimentos e deixamos naquela casa, mas uma pergunta me veio à
mente naquele momento e assim eu disse: “Vemos que realmente
precisa receber a ajuda, assim o faremos, mas queria te perguntar se
você acredita em Deus? Pois veja bem, cruzamos na sua frente
carregando alimentos, e agora estamos aqui entregamos algo e
acredito que podemos encontrar emprego para você, isso é muita
coincidência, você acredita que foi Deus que fez isso?”. Ele disse que
todas as noites juntamente com a sua esposa escutavam um CD de
louvores que conseguiu e choravam, disse que acredita em Deus e
chorava ao ouvir músicas que falavam de alguém que se importa com
as pessoas. Pedi então para colocar essa música, pois naquele dia
queria chorar um pouco também. Eu e o Pr. Clésio nos acomodamos
nas cadeiras e ficamos prontos para escutar. A esposa dele foi ao
quarto e colocou a música que eles ouviam, de repente a presença de
Deus tomou aquele lugar. Chorávamos compulsivamente, pessoas se
ajoelhavam e era incontrolável segurar as lágrimas. Sabíamos que
naquele momento Jesus estava lá. Ao sair, peguei o dinheiro que
estava em minha carteira dei na mão daquele senhor e disse para
comprar uma boa carne e fazer uma boa refeição. O que tínhamos
vivido naquele momento era impossível não compreender a intenção
de Deus para aquela família. Naquela mesma semana um membro do
nosso grupo conseguiu um emprego em uma construção para ele e
outro conseguiu uma nova moradia para eles viverem. O que eu
entendi desse dia é que tínhamos vivido um autêntico milagre de
Deus e que nunca teríamos presenciado isso se tivéssemos
negligenciado esse trabalho, pois em qualquer lugar o Espírito se
manifestaria e que a graça de Jesus usaria a nossa vida para abençoar
aquela família.
Sensível ao Espírito Santo

A fé é um romper de mentalidade onde a certeza funciona


semelhantemente à imaginação e começa a concretizar situações e
contextos que não são logicamente existentes. Vivemos em meio a
paradigmas, conceitos pré-estabelecidos, muito deles baseados em
experiências nossas e de outros sobre certas circunstâncias. É como a
história de um grupo de macacos que foram colocados em estudo
dentro de uma jaula. No topo da cela, foi posto um cacho de bananas,
mas todas as vezes que algum deles tentava pegar as frutas todos
tomavam o choque. Chegou um momento em que nenhum tentava
mais pegar as bananas. Um novato foi introduzido no grupo. Ele não
tinha presenciado a experiência do choque. Logo que viu as bananas
tentou pegar, mas apanhou dos outros, pois esses sabiam que iriam
levar choque. Depois um a um foi sendo tirado. Assim, os antigos
foram substituídos por novos. E o mesmo o comportamento se
repetia. Os que entravam não sabiam do choque, mas ao verem
alguém tentando pegar as bananas repetiam a atitude dos antigos e o
repreendiam. São regras e conceitos criados e aprendidos com o
tempo. Quando entramos e fazemos parte de um grupo, com o tempo
as atitudes e hábitos daquelas pessoas passam a influenciar os novos
integrantes. É um padrão que se repete: se quer fazer parte de uma
comunidade, haja como ela.
Sempre entendi que algumas coisas só aconteciam dentro de
locais específicos, que a presença de Deus só seria sentida em
reuniões na igreja, que ações do Espírito Santo só seriam realizadas
no meio de pessoas cristãs daquele grupo.
O hábito de orar e jejuar constantemente nos deixa mais
sensíveis espiritualmente, mais perceptíveis às ações e chamado do
Espírito Santo. No livro “Um relacionamento mais Consistente com
Deus”, retrato as cinco atitudes que ajudaram a se relacionar mais
com o Senhor, e com isso sentir com maior facilidade a ação do
Espírito Santo, porque não é ele que se afasta, às vezes se torna
menos perceptível por causa da pessoa que está mais carnal. Ter o
hábito de orar e jejuar diariamente enfraquece a carne e fortalece o
Espírito.
Notei que a oração diária tinha esse poder de me tornar mais
sensível para as coisas espirituais e as manifestações do Espírito
Santo, tornando mais fácil até acreditar, pois muitas vezes orar sem
sentir nada rouba um pouco da fé. Mas quando nos dobramos e logo
sentimos a Presença sabemos que ele está lá.
Muitos sãos os dons do Espírito Santo, mas a grande maioria
tem a finalidade no próximo e não em si mesmo.
Arrependimento é mudar a maneira que você pensa e uma
mente renovada é um arrependimento sustentável. Mente
renovada é estar ancorado em uma realidade superior. A mente
renovada tem a consciência que Deus quer fazer algo por você e
não para você. Bill Johnson
Deus concedeu dons e capacidades não para serem usados para
si próprio, mas para ser postos à disposição dos que estão próximos.
Quando o Espírito Santo está em uma pessoa Ele se move em prol de
ajudar aos outros. Ele conhece a real necessidade de cada um e como
pode ajudar, e cabe a aquele que o tem entender essa necessidade e
ser uma ferramenta em suas mãos. Então o que cada um deve fazer?
Preparar-se para ser instrumento do Espírito.
Um dia estava no trabalho, concentrado em meus afazeres e de
repente comecei a sentir uma dor no peito muito forte. Era uma
angustia que não conseguia compreender. Logo parei tudo que estava
fazendo e não conseguia entender porque aquela dor estava tão latente
em mim. Achei que fosse algum tipo de opressão. Orei repreendendo
mais não sumia. Aquela dor me acompanhou o dia todo. Outro dia, ao
conversar com uma pessoa através de uma rede social, senti
novamente aquele sentimento ruim. Achava que tinha algo de errado
comigo. Não podia compreender de onde vinha tal angústia e dor.
Então minha esposa me liga avisando que um casal que estava prestes
a se separar iria lá em casa e seria uma ótima oportunidade para orar
por eles. Alegrei-me e apressei a volta para casa. Ao chegar lá
estavam, os dois. O silêncio pairava naquele lugar. Orei um pouco e a
presença de Deus se encheu em mim. Olhei para a minha esposa
confirmando que estava pronto para orar por eles. Mas ao chegar
perto, logo veio aquele sentimento ruim. Pensei que estava ansioso ou
nervoso para que acontecesse algo. Aproximei-me, mas o sentimento
perseverou. O que estava acontecendo? De onde vinha aquele
sentimento? Demorei em entender que o que estava sentindo era o
que o outro estava sentindo. Por uma ação do Espírito Santo podia
sentir a agonia e a dor de alguém. Não sei como, mas algumas
pessoas só de passar perto ou ter um contato por telefone ou redes
sociais me fazia sentir o problema dela. Deus queria que eu fizesse
algo, aquilo não estava simplesmente acontecendo para eu saber o que
estava acontecendo na vida do outro, mas tinha um verdadeiro
propósito: alguém precisava de ajuda. O Espírito Santo iria conduzir
como fazer, mas eu deveria me dispor a ajudar no trabalho, em casa,
na rua ou onde estivesse. Se ele estava sinalizando, era que tinha
alguém precisando de ajuda. A sensibilidade espiritual leva a se
importar com as necessidades dos outros, sentindo o que está se
passando em seus corações. O Pr. Randy Clark chama essas
sensações e pensamentos que surgem na mente de Palavras de
Conhecimento, ou seja, Deus estava dando o conhecimento sobre algo
que Ele quer ajudar.
Uma prisão espiritual é algo similar à física. Quem está detido,
não consegue se libertar sozinho. Precisa de uma ajuda externa, de
alguém que entenda a necessidade de se importar com as dificuldades
dos outros. Julgar e acusar não irão trazer liberdade para ela, mas,
estender a mão, sim. Deus coloca a chave em nossas mãos e diz para
se importar com o outro. Ele sofre em conjunto com ela e nos faz
coparticipantes desse sofrimento. Os dons do Espírito Santo serão
manifestados na percepção da necessidade do outro e durante a sua
pronta ação.
pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e
autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as
forças espirituais do mal nas regiões celestiais. (Efésios 6:12).
Usa-me

A Bíblia apresenta nossa vida como um grande espetáculo. Nós


somos o show, e ao nosso redor existe uma grande arquibancada onde
seres celestiais assistem a tudo. O Espírito Santo é o nosso treinador.
É ele que nos capacita para a grande partida: a vida cristã!
Nossa vida é um grande jogo e não temos tempo para ser
espectadores e nem temos poder para ser árbitros. Vivemos
intensamente a cada momento dessa história fascinante que é a vida.
Não temos controle da partida, e a qualquer momento podemos tomar
um gol, sofrer uma falta, ser colocado em outra posição. Podemos
estar ganhando, depois podemos estar perdendo, pode ter uma virada
de jogo. Não ficamos na arquibancada. Entramos em campo e
lutamos para vencer a grande partida.
Muitos acham que o profeta é alguém que sabe de todas as
coisas, que sabe da vida dos outros, que tem uma visão elevada e que
está além dos outros. O homem movido pelo Espírito Santo não é um
espectador da vida. Ele vive como todos, não tem controle dos fatores
da sua própria vida e nem tão pouco sobre a vida dos outros. Deus o
usa para abençoar e levar os seus recados e dons. Mas esse homem
não sabe realmente o que está acontecendo. Quem sabe é o Espírito
Santo, pois ele tem o controle da vida, e o homem não, é o jogador da
partida. O controle de tudo está nas mãos de Deus. Quem anda com o
Espírito Santo deposita a confiança nele, pois é nosso conselheiro
(técnico) que nos guiará em toda a nossa vida (partida).
Os que receberam o Santo Espírito não estão nas arquibancadas
acompanhando o jogo e tão pouco foram elevados ao estado de
técnicos. Continuam na partida e sofrem da subjetividade dos
acontecimentos. Podem ficar doentes, ter perdas, sofrer problemas, e
nem terá o controle, pois dependerá de Deus para que a sua vida de
certo. Nosso técnico é conhecido como “Maravilhoso Conselheiro”.
Então sabe o que fazer. Devemos confiar em suas escolhas e
trajetórias de sucesso para que tudo fique bem. Não devemos andar
com o nariz empinado, achando que somos possuidores do poder
sobre tudo o que vai acontecer. O poder pertence a Deus. Somos
servos trabalhando com os recursos do Senhor e devemos utilizar da
melhor maneira possível tudo que recebemos. Se agirmos segundo a
sua vontade, tudo correrá bem. Se não seguirmos suas orientações e
vontades, os problemas serão cíclicos, sempre voltando de tempos e
tempos.
Por não sermos os técnicos, mas, sim, os jogadores, devemos
nos dispor ao nosso líder e pedir para ser usado, para entrar em
posições importantes e poder mostrar as nossas virtudes e garra.
Devemos sempre orar, pedindo para ser usado por ele, dispondo-nos a
fazer sua vontade em todo o tempo. Você pode ser cheio do Espírito
Santo, mas se nunca está disponível para ser usado como seu
instrumento, que valor tem esse dom sobre você?
Conheci pessoas que achavam que o dom era somente para
subir em um altar e pregar em púlpitos, ou seja, só poderia ser usado
na data e hora disponível pela pessoa, como se dissesse a Deus: Eu o
amo e me entrego a ser usado por você quando quiser, desde que seja
no domingo a noite das oito às nove, fora desse horário estou
ocupado. É hilário se apresentar a Deus e não desejar ser incomodado
por ele durante o dia, alegando ter seu oficio, família e estudo e tudo
que programou para encher o dia de afazeres que sufocam o seu
ministério a Deus.
Não se pode resumir a ação do Espírito Santo aos dias de
reuniões da igreja. Se ele quiser ajudar alguém no meio do
expediente, o que se deve fazer? Devemos esquecer protocolos e
regras da sociedade para viver o que Deus quer fazer nesse mundo. Se
alguém estiver passando por dificuldades ou problemas em sua vida,
cabe a nós entregar-nos naquele momento, esquecendo um pouco de
nossas atribuições (de que estão cheios os dias da semana não dando
espaço para ajudar os outros) e estender a mão a quem ajuda.
Em resposta, disse Jesus: "Um homem descia de Jerusalém
para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram
as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.
Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando
viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita;
quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado.
Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o
homem e, quando o viu, teve piedade dele. (Lucas 10:30-33).
Na parábola do bom samaritano, Jesus conta a história de três
homens que passam junto a alguém que foi assaltado. Na história é
apresentado um sacerdote (ministro do evangelho), um levita (poderia
ser entendido como um ministro de louvor) e um samaritano (pecador
na visão dos judeus). Na história não é dito que alguém era bom ou
ruim. O texto não se prende às características deles ou a seu caráter.
Mas se nota que os dois primeiros pareciam apressados ou
indiferentes ao que estava ocorrendo a seu redor. Poderia ser falta de
tempo ou indiferença aos acontecimentos, pois havia atividades e
questões a serem resolvidas. O texto diz que eles estavam a caminho
do templo, provavelmente poderiam estar indo à reunião para
ministrar sobre Deus. O segundo, o levita, poderia estar na mesma
situação. Ambos são indiferentes à situação daquele homem que foi
assaltado. Uma das regras em ambientes corporativos é não adentrar a
vida do outro, ou seja, respeitar os seus limites e não importunar os
colegas com suas opiniões e conceitos. Devem-se respeitar as crenças,
individualidades e opiniões de cada um. Isso não é mal. O respeito
deve ser um dos alicerces nos relacionamentos. O problema surge
quando isso é levado à risca, a ponto de virar uma cadeia em que um
não pode ajudar ao próximo. A mesma grade que protege pode
aprisionar, impedindo que a ajuda chegue a quem precise. É como se
na necessidade quiséssemos ajuda, mas foram colocadas cercas para
nos proteger de intrusos e ao mesmo tempo impediu que pessoas bem
intencionadas pudessem estender a mão e trazer o socorro. Jesus tem
o poder de quebrar cadeias. O homem cheio do Espírito não deve
deixar que os conceitos criados por homens impeçam o agir de Deus,
que sabe a necessidade latente do que está ao lado. O coração deve
estar aberto a ajudar quando o Espírito chamar, independente do
local, horário, contexto e regras. Deve-se ter a coragem de se expor,
não se apegando ao que os outros vão achar, mas deixar Deus fazer o
que deseja fazer. Se Deus quer ajudar, não sejamos os que o impedem
de fazer. Pode ser no horário do expediente, na hora do almoço, no
trânsito do ônibus, em meio a uma reunião, com colegas de trabalho,
com a família. Em qualquer momento se pode sentir o impulso do
Espírito Santo conduzindo a fazer ou dizer alguma coisa. Escolha o
melhor momento para entregar o recado de Deus. Por isso, aproveite
o dia, pois, em qualquer momento ele o vai convocar a agir e algo
importante vai acontecer. O controle está na mão de Deus. Ele sabe
muito bem o que deve ser feito. Viva o dia apropriadamente com o
anseio no coração de que Deus lhe vai mostrar a pessoa certa a ajudar.
Quando servimos a Deus, não saberemos o que deve ser feito e
quando deve ser feito. O melhor é orar todos os dias e pedir: “Deus
sei que tem milhões de pessoas ao seu serviço, mas queria prioridade,
sei que pode usar qualquer um, mas eu gostaria que fosse eu, quero
prioridade em servi-lo, estou a sua disposição”. Depois, relaxe e faça
o que tem que fazer no dia, estando disposto a mudar a rota quando
notar que algo o chama a atenção; tem que estar disposto a mudar o
seu dia. Um dia fiz essa oração e tive que ceder recursos financeiros a
quatro pessoas no mesmo dia. Não era muito bem a minha vontade,
mas quando eu defini que queria ajudar então fiquei disponível a
Deus direcionar as pessoas que desejam ser ajudadas. É como se Ele
lá no céu dissesse: “Procura ele ali, pois é meu servo, esse não falha,
ele ajuda!”. É uma confiança que o Senhor deposita em alguém cuja
vida está disponível para as mãos habilidosas do Senhor.
E também será como um homem que, ao sair de viagem,
chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens. (Mateus 25:14).
Os dons foram confiados aos servos, acreditando que seriam
bem usados. Eram talentos disponibilizados aos servos para
cumprirem as suas tarefas e multiplicarem as posses do rei.
Por isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no chão. Veja,
aqui está o que lhe pertence. (Mateus 25:25).
Dos três que receberam talentos, somente o que não obteve
sucesso foi aquele que não tentou. Os outros se esforçaram e
multiplicaram, mas esse nem tentar usar não quis. Escondeu os
escondeu em lugar que ninguém pudesse ver e queria devolver ao
dono. Tudo que Deus não quer é receber o que lhe foi entregue sem
nenhuma marca de uso. É melhor errar por excesso de uso do que por
entregar intacto o dom que recebeu.
Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os
anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações
serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o
pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua
direita e os bodes à sua esquerda.

Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Venham, benditos
de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado
desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de
comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês
me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive
enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me
visitaram”.

Então os justos lhe responderão: “Senhor, quando te vimos com fome


e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te
vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te
vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?”

O Rei responderá: “Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a


algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mateus 25:31-
40).
Multiplicando

No tempo em que eu fiz faculdade de informática, estudei por


conta própria sobre a criação de vírus de computador, o tão temível
mal. Existiam muitos programas de como criar um vírus executável e
realizar estragos. Li em manuais sobre as características de um
programa desse tipo e eles informavam que uma ameaça viral se
configura em dois casos: quando há possibilidade de causar algum
tipo de dano e quando tem a capacidade de se multiplicar. Um vírus
para ser considerado como tal deve causar algum problema. E para se
espalhar facilmente é necessário programar uma forma de reprodução.
Uma característica de algo vivo é ter a capacidade de manter a espécie
se reproduzindo, senão rapidamente morrerá. Toda vida é assim. Se
hoje vemos algum ser vivo, desde uma planta ou uma árvore ou um
cachorro ou um inseto, cada um se reproduziu durante os anos e
manteve viva a espécie. A vida é perpetuada pela sua renovação em
um novo ser vivo.
O movimento cristão começou há mais de dois mil anos pela
vida de Jesus cheio do Espírito Santo. Ele foi a primeira semente
lançada na terra, e a partir dele veio a tradição dos Apóstolos e foi
passado de vida após vida até chegar aos tempos atuais.
Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na
terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito
fruto. (João 12:24).
Jesus sabia da sua missão e sabia que não conseguiria cumpri-la
sozinho. Ele tinha ciência de que necessitaria multiplicar a mensagem
e os portadores do Espírito Santo, para assim alcançar muito mais
almas. Jesus informa aos seus discípulos que ele partiria, mas deixaria
outro consolador que caminharia com todos eles e os ajudaria em todo
o caminho.
Após a morte e ressureição de Cristo, ele foi para o céu e a
partir daquele momento o Espírito Santo guiaria diretamente os
discípulos que fariam as obras semelhantemente ou ainda maiores do
que aquelas operadas de Jesus. Os discípulos sabiam que ainda eram
poucos para o tamanho da missão. A mensagem deveria ser
repassada, lançada a outros para que alcançasse mais vidas e pudesse
ser distribuída. O Espírito Santo passaria de vida em vida, transmitido
a semente a ser lançada por um semeador. Cada um deve ter o
entendimento de que não somos capazes de cumprir a missão, que a
ceara é muito grande e os trabalhadores são poucos. Não é tarefa para
um só realizar, mas para uma grande multidão através do poder de um
só Espírito, que tem a capacidade de gerar essa grande colheita e
trazer os resultados que Cristo deseja.
O Reino de Deus é semelhante a um homem que lança a
semente sobre a terra. (Marcos 4:26B).
Nós fomos chamados para lançar a semente. A passagem de
Marcos diz que somos homens que lançam sementes. O texto não diz
que nós plantamos, mas simplesmente a lançamos na terra a preciosa
semente. Ela por si só se planta e é capaz de crescer e criar vida!
Gloria a Deus! A semente é poderosa, é maior que o semeador, e onde
for lançada é capaz de se reproduzir, pois o bom fruto gera semente
para que caiam na terra e gerem plantas com novos frutos. É
necessário que a semente seja lançada para que caia em outras vidas,
e se essa semente frutificar, o poder do Espírito Santo será
multiplicado naquela vida.
Quem convence é o Espírito Santo; quem transforma é Ele. O
resultado final é para a glória de Deus. O lançar pertence ao cristão,
se ele não tentar jogar essa semente em outras vidas nada acontecerá,
será semelhante a um saco de sementes que vai apodrecer e perder o
seu valor, pois o valor da semente é dada pela sua capacidade de
gerar. Se ela não é plantada, nenhum valor terá, mas quando é
cultivada, cresce e dá frutos a cem por um.
A ação do Espírito Santo gerará recursos na hora que o coração
se dispuser a levar a palavra e o poder a quem necessita dela. A unção
é dada para cumprir a missão. Quem a aceita também recebe poder
para cumpri-la. É no momento que se decide levar o evangelho, ou
ajudar pessoas, ministrar ou orar e cuidar de vidas que os recursos
virão. Eles já estão prontos, mas é diante de uma necessidade real que
vão ser distribuído, no momento da ida. Esse poder vai entrar na vida
da outra pessoa com a finalidade de prepará-la para vivenciar de
acordo com os propósitos de Deus e o poder do Espírito Santo.
Se, ao lançar a semente pelo poder do Espírito Santo, ela
encontra uma terra boa, ela frutificará e dará espaço para nascer um
novo semeador da palavra de Deus. A seara é grande e existe uma
necessidade de um maior número de ceifeiros para essa grande
colheita. Para que o corpo de Cristo seja vivo é necessário ser
reproduzido. Cada célula deve ser multiplicada, ou seja, cada cristão
tem que se importar em lançar a semente do poder do Espírito,
decidindo levar palavras cheias de poder, orações e intercessões por
vidas, ensinando a guardar tudo, orientando e amando vidas, tudo a
serviço da casa de Deus.
Ninguém é a ponta da pirâmide e nem a última fileira de base.
Todos somos partes dessa grande construção de Deus, e cada um de
nós se esforça para encontrar novas pedras para melhor fundamentar
essa construção.
Onde deve ser lançada a semente

Muitos acham que a semente deve ser lançada somente em sua


própria igreja ou congregação. Agindo assim, dependendo da
semente, é chover no molhado, pois as sementes cairão em um lugar
de plantação já semeado. Devem-se lançar sementes nesse lugar, mas
também se deve lançar sementes em outros lugares: no trabalho, na
escola, no lar, aonde estiver.
Todos terão uma maior probabilidade de colheita se a semente
for lançada em todos os lugares. Um bom semeador gosta de jogar as
sementes. Assim deve ser o cristão que busca fazer a vontade de Deus
e multiplicá-la a todo custo. Em seu trabalho, ele vive a semear; em
sua escola leva a palavra de Deus e lá o Espírito Santo acha lugar para
ministrar; em casa, o Espírito fala; a pessoa é uma porta aberta para
que o Espírito Santo alcance outras vidas. Lembre sempre que o
resultado é gerado por ele, cabendo a nós ser o instrumento em sua
mão, ou seja, um semeador disposto a lançar as sementes onde estiver
para que ela se multiplique e gere outras pessoas cheias do Espírito
Santo.
Seja um bom semeador, se encha do Espírito Santo e sua
maravilhosa palavra e se disponha a ser usado por Deus para que o
evangelho seja multiplicado por onde passar. A possibilidade está na
vida que se rende e se torna disponível para o poder de Deus agir na
terra.
Contato com o Autor: moises@maisconsistente.com.br
Site: www.maisconsistente.com.br

Você também pode gostar