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Edição revisada
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
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M341g
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3176-4
Conceitos fundamentais | 15
Níveis de análise em Geografia | 15
Região | 16
Lugar | 18
Território | 20
Geografia Cultural | 25
Introdução à Geografia Cultural | 25
Temas da Geografia Cultural | 26
A noção de gênero de vida | 28
Geografia Cultural: reflexos da globalização | 28
Geografia Política | 33
Introdução à Geografia Política | 33
Geopolítica | 35
Geopolítica e nova ordem mundial | 37
Globalização | 41
Processo de globalização | 41
Blocos econômicos: o caso do Mercosul | 42
Economias mundiais | 44
Implicações espaciais das atividades econômicas sob a visão do capitalismo | 45
Abordagens do espaço agrário | 49
Organização do espaço agrário | 49
Caracterização geográfica como propósito de indicações de procedência | 50
Geografia Agrícola: o caso da produção do arroz | 52
O espaço regional | 67
Dinâmica regional brasileira | 67
Organização econômica: o espaço regional em transformação | 69
Urbanização brasileira | 71
Referências | 115
Apresentação
Prezados alunos,
Este livro está estruturando em 12 aulas, no qual irei abordar uma breve
introdução da Geografia como ciência e seus conceitos fundamentais na análise
das relações entre a sociedade e natureza. Apresento a Geografia Cultural,
procurando enfocar os estudos das relações humanas. Abordo a Geografia
Política, como um conhecimento importante para interdisciplinaridades das
ciências humanas. Apresento considerações sobre o processo de globalização
e suas implicações culturais e geoeconômicas no mundo e no Brasil. Trato
também da organização do espaço agrário, como o espaço de interesse nas
relações do território e nas funções de integração territorial. Por fim, relaciono
um quadro-síntese e o objetivo dos estudos populacionais, concentrado na
geografia da população, identificando os conceitos e as definições importantes para
os cientistas sociais, numa análise e uma interpretação nas diferentes abordagens
de estudo. O conteúdo do livro busca acrescentar uma leitura informativa, crítica e
interpretativa sobre os diferentes estudos nas distintas áreas da Geografia Humana
e Econômica. Apresenta uma abordagem socioambiental capaz de produzir uma
visão critica e fundamental nos dias de hoje.
Bem, convido a todos para a leitura deste livro e que ele auxilie na construção
do conhecimento. Boa leitura!
Introdução à Geografia
Rafael Lacerda Martins*
Geografia
O termo Geografia vem do grego e significa, simplesmente, grafia da Terra. Num primeiro
momento, o termo completa uma simples e mera explicação da superfície terrestre, mas imaginem o
trabalho exaustivo que representa “grafar” todo nosso mundo conhecido hoje.
Essa primeira análise remete a algumas questões e reflexões: Onde seria o início dessa grafia no
mundo? O que deveríamos grafar? Muito bem! Digamos que deveríamos grafar a cidade de Curitiba.
Imaginem agora a complexidade que qualquer cidade apresenta em função de inúmeras variáveis, ou
seja, grafar necessariamente implica em analisar, entender, descrever, representar e explicar a cidade
nesse caso. Essas questões iniciais remetem que a atividade de grafar e por sua vez explicar o mundo
por meio da Geografia não é tão simples, mas nada impossível para um mundo representado por trocas
de informações e conhecimentos.
Para grafar um lugar (uma rua, uma cidade, um estado, um país) devemos transitar por diversas
áreas do conhecimento e das ciências. Isso, em primeira análise, permitirá entender a cidade de Curitiba.
Podemos analisar a população, a economia relacionada à cidade, a política atual e seu modelo de gestão,
a história do território enquanto formação e sua povoação, o relevo presente no espaço da cidade, o
clima e suas relações com as pessoas e os modos de produção, entre outras inúmeras condições de
ordem física, social e cultural. Somente assim entenderíamos completamente a cidade de Curitiba.
Talvez, após essa primeira etapa de conhecimento exaustivo, mas importante, poderíamos ligar todas
essas variáveis e estabelecer uma Geografia capaz de identificar as relações e marcar as interpretações
sobre os temas reconhecidos e estudados da cidade.
A Geografia organiza esse reconhecimento e a identificação dos diferentes lugares a partir da
representação cartográfica, ou seja, o uso da Cartografia. Em muitos momentos buscamos entender a
Geografia na representação cartográfica de um mapa, e nem percebemos a complexidade das variáveis
* Doutorando em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Geografia pela UFRGS. Bacharel em Geografia
pela UFRGS.
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que estão inseridas e contidas no mapa. Poderíamos imaginar, usando o exemplo anterior, um mapa da
cidade de Curitiba. O que seria um mapa de Curitiba? Poderíamos ter uma representação em forma de
mapa para cada fenômeno e tema referido anteriormente, por exemplo, um mapa de relevo da região e
da cidade, um da organização dos bairros, um das principais ruas, um das atividades econômicas e suas
relações na produção. Por outro lado, a Geografia procura não somente cartografar, mas sim, entender
as relações entre todos os elementos constituintes do espaço geográfico, contidos ou não, em repre-
sentações cartográficas.
Com esse objetivo, como seria um mapa de Curitiba que buscasse essa integração e interação dos
elementos e temas? Podemos analisar em partes os elementos da cidade, e também os elementos que
se integram e se diferenciam no espaço, por exemplo, a economia, as áreas naturais, a população, ou
variáveis que se destacam sobre as outras.
Essa é uma atividade dos gestores e administradores da cidade, ou seja, das instâncias de planeja-
mento e de governo que devem compreender e identificar as divisões e fragmentações de uma cidade.
Esses órgãos municipais se utilizam da Geografia, para estabelecer “os estudos das divisões e fragmen-
tações”, ou seja, as divisões do “espaço geográfico de Curitiba”, de acordo com o exemplo apresentado.
A Geografia, então, analisará e buscará integrar elementos humanos, naturais, econômicos e
políticos, cujas diferenças espaciais (divisões e fragmentos), dentro do espaço geográfico de Curitiba
poderão ser representadas, planejadas e administradas.
Podemos associar, então, que a Geografia se preocupa com as divisões, buscando espaços
específicos dentro de outros espaços (os países do mundo, os estados dos países, os municípios dos
estados, os “setores” ou bairros ou regiões dentro de um município, entre outras divisões possíveis). A
Geografia preocupa-se também com a identificação dos lugares, suas diferenças, suas áreas e tamanhos,
suas características presentes e relacionáveis. Para isso encontramos lugares de diferentes tamanhos e
podemos trabalhar e analisar esse critério com o auxílio da noção de escala.
Por outro lado, a Geografia não só divide e fragmenta o espaço geográfico como também analisa
suas dinâmicas dentro desse espaço, ou seja, como essas divisões, regiões ou lugares se relacionam
entre si. Uma dimensão real e contemporânea é que o espaço está cada vez mais “fluído” (conectado por
vias de transporte e comunicações). Nesse sentido, os espaços urbanos influenciam a produção e a vida
dos espaços rurais, assim como países do mundo influenciam outros países, por exemplo: como o Brasil
influencia os países da América Latina? Como algumas cidades influenciam outras cidades (Curitiba
influenciando as cidades vizinhas) e os bairros influenciam outros bairros? (O centro das cidades
determinando a organização de bairros distantes, pela presença dos órgãos públicos municipais no
centro, determinando a organização das ruas, dos transportes, de bairros de periferia). Esses exemplos,
na verdade, mostram que independente da escala global, regional e local os lugares não estão mais
separados, eles influenciam uns aos outros, porque todos estão conectados pelos transportes, seja
por estradas, ferrovias, portos, aeroportos ou pelas comunicações, como o telefone, jornais, televisão,
internet e fax. As tecnologias da comunicação e dos transportes produzem espaços fluídos, conectados
e interligados, atrelados a diferentes lugares e produzindo “canais” de comunicação como as estradas e
os cabos de energia, que cruzam diferentes territórios.
Introdução à Geografia | 9
no leito dos rios. Esse acúmulo faz com que os rios transbordem facilmente, ocasionando, assim, as
enchentes que danificam as habitações na cidade e a agricultura no campo. Isso mostra que está tudo
interligado e que as ações humanas descontrolam e promovem um ciclo com muitos problemas.
Nesse sentido, cada vez mais se procura, na Geografia, o estudo da complexa conexão entre
elementos físicos e humanos do espaço, dando qualidade ao que seria o “espaço geográfico”, não
somente ao espaço natural ou espaço humano, qualificado como social, mas “espaço geográfico”, no
qual a ciência Geografia é a qualidade dessa integração e interação.
O geógrafo Manuel Correa de Andrade esclarece que os estudos geográficos, marcados pela Geografia
Econômica, podem ser entendidos como o estudo da localização, manifestação, distribuição e organi-
zação espacial das atividades econômicas por todo o planeta. Também é possível identificar na obra tópicos
acerca dos estudos da Geografia Econômica, os quais apresentam relações com a localização das indústrias e
serviços no território, dos padrões das indústrias e das suas representações no espaço geográfico e também
da Geografia dos fluxos de transporte. A área de estudo nomeada Geografia Econômica contempla temas
amplos e interliga os objetos natureza e sociedade. Para exemplificar as temáticas centrais, podemos citar os
estudos sobre o transporte urbano e inter-regional: análises da distância da produção agrícola às cidades, da
localização industrial diante das necessidades energéticas e da força de trabalho para a indústria, do comércio
internacional e suas especialidades, bem como a organização espacial em função das atividades de negócios
e serviços de um determinado espaço geográfico.
A economia de uma área geográfica pode ser influenciada pelo clima, pelo relevo e pelos aspectos
político-sociais. O relevo pode afetar a disponibilidade dos recursos, o custo de transporte e as decisões
sobre o uso e ocupação do solo. O clima pode influenciar a disponibilidade dos recursos naturais,
particularmente os produtos agrícolas e florestais, e as condições de trabalho e produtividade numa
determinada área agrícola.
A literatura especializada na Geografia Econômica foca a análise geográfica nos aspectos e
características espaciais das atividades e funções econômicas. A análise espacial apresenta relacionamentos
e interpretações em diferentes escalas, como a escala global ou a escala regional. A escala do local
também fornece subsídios espaciais importantes no que consiste a análise das relações econômicas e o
desenvolvimento local. Para marcar essa possibilidade de interpretação entre diferentes escalas, podemos
desenvolver o pensamento em torno da localização e do distanciamento entre as cidades do interior e os
grandes centros de negócios e serviços. Nesse caso, são determinadas demandas e funções de cidades
maiores e centrais, que condicionam de forma de dependência e de ligação numa escala regional-local.
Tal dependência é visível e tem um papel significativo nas decisões econômicas das cidades do interior.
Ao mesmo tempo que os condicionantes do local não expressam nenhuma relação exterior aos limites
da cidade, sendo relacionados particularmente ao cotidiano da própria cidade, apresentando aspectos do
modo e condições de vida da população e suas funções com o meio. Para uma escala global, alguns fatores
devem ser considerados, no que diz respeito à possibilidade de leitura do espaço geográfico. Citamos a
viabilidade logística de transporte entre diferentes espaços produtivos e de consumo, localização dos
pontos de exportação e importação (portos marítimos e aeroportos) e presença de matéria-prima e
recursos naturais. Os elementos citados afetam as condições econômicas de determinados países ou
região econômica.
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Sem dúvida, no mundo conhecido pelas práticas econômicas, a simples localização e distribuição
das zonas de produção industrial e serviços marcam e identificam as características das atividades
econômicas que, em grande parte, são influenciadas pela globalização dos mercados e da economia.
Nessa análise, exemplificamos a ideia dos países e suas fronteiras, que não representam mais papéis
significativos, já que muitos países tendem a eliminar os efeitos das divisões territoriais e estreitar
acordos de cooperação e integração mútua com outros países em regiões de proximidades de interesse
econômico. Um exemplo conhecido é a concentração de países em torno de uma grande área territorial,
mostrando relações comuns e acordos políticos e econômicos. A união europeia cristaliza a ideia de
uma grande região de países sem fronteiras ou limites econômicos.
A Geografia Econômica pode ser dividida em três partes: a primeira enfatiza a construção de teo-
rias sobre arranjos espaciais e distribuição das atividades econômicas; a segunda parte examina a história
e o desenvolvimento espacial das estruturas econômicas; e uma terceira parte caracterizada por uma
Geografia Econômica regional que examina as condições econômicas de determinadas regiões ou países,
ligada também com os processos de regionalização e globalização da economia.
Espaço geográfico
O espaço geográfico, conforme Milton Santos, é configurado por dois componentes que
interagem simultaneamente e de forma contínua. Primeiro o espaço é caracterizado pela figura
territorial dos elementos e formas da natureza modificada (prédios, estradas, pontes etc.) ou não
modificada/transformada (rios, depressões, montanhas etc.) pelo homem (relação homem-natureza).
O segundo expressa o espaço geográfico diante da dinâmica social ou como um conjunto de
relações que definem certo tempo histórico. Em síntese, o espaço geográfico é o espaço ocupado e
organizado pelo homem em sociedades humanas. Deve ser entendido como um espaço poligênico,
capaz de reunir necessariamente o estudo do processo histórico, da formação do território natural e
das transformações sociais. O espaço geográfico, de forma sintética, é tudo aquilo que as sociedades
constroem e consomem, mas lembramos que tal transformação (relação sociedade-natureza) passa por
um processo de incorporação, de apropriação e “retransformação”. Assim é gerado de forma contínua o
espaço geográfico.
Para muitos autores da ciência geográfica, o espaço geográfico é entendido como o principal objeto
da Geografia. Ele varia tanto no tempo quanto no espaço. Os fatos e os acontecimentos que marcam e
registram o espaço geográfico são acumulados por momentos histórico-sociais e fenômenos naturais. A
variação do tempo marca uma “rugosidade” provocando acúmulos e conferindo, assim, particularidade
a esse espaço. Por exemplo: é possível interpretar o relevo terrestre presente, diante dos elementos
geológicos do passado. Também é possível realizar uma leitura espacial do plano urbanístico, onde as
ruínas da arquitetura de um tempo distante podem ser encontradas, hoje, na forma de uma fração, que
ajuda a grafar um novo espaço urbano ou rural.
O espaço seria um conjunto de objetos e de relações que se realizam sobre esses objetos; não entre esses especificamente,
mas para as quais eles servem de intermediários. Os objetos ajudam a concretizar uma série de relações. O espaço
é resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artificiais. (SANTOS, 1997,
p. 71)
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Escala geográfica
A escala indica a proporção entre o objeto real (o mundo ou uma parte dele) e sua representação
cartográfica, ou seja, quantas vezes o tamanho real teve de ser reduzido para poder ser representado.
Podemos considerar o seguinte exemplo: um mapa na escala 1:10.000.000 indica que o espaço
representado foi reduzido de forma que 1 centímetro no mapa corresponde a 10 milhões de centímetros
ou 100 quilômetros do tamanho real.
Deve-se estabelecer a escala de um mapa antes de sua elaboração, levando-se em conta os obje-
tivos de sua utilização. Podemos exemplificar o uso da escala geográfica por meio da representação dos
objetos geográficos. Os objetos contidos num espaço ou numa área muito grande serão representados
de forma genérica, sem detalhes de representação. Ao contrário disso, os objetos num espaço ou numa
área pequena ou reduzida, serão representados com as particularidades dos objetos geográficos contidos
nesse espaço ou área. Mapas em diferentes escalas servem para diferentes tipos de necessidades:
::: mapas em pequena escala (como 1:25.000.000) proporcionam uma visão geral de um grande
espaço, como um país ou um continente;
::: mapas em grande escala (como 1:10.000) fornecem detalhes de um espaço geográfico de
dimensões regionais ou locais.
Por exemplo: em um mapa do Brasil na escala 1:25.000.000, qualquer capital de estado será
representada apenas por um ponto, ao passo que num mapa 1:10.000 aparecerá detalhes do sítio
urbano de qualquer cidade. Os tipos de escala podem ser definidos por categoria e finalidade do mapa,
por exemplo, uma escala grande: 1:50 a 1:100, usadas para plantas arquitetônicas e de engenharia;
escalas ainda grandes: 1:500 a 1:20.000, para plantas urbanas e projetos de engenharia; já as escalas de
categoria média apresentam valores entre 1:25.000 a 1:250.000 e são utilizadas para mapas topográficos.
Para finalizar os exemplos cita-se as escalas de categoria pequena, com valores acima de 1:250.000,
utilizadas nas representações dos Atlas geográficos e de globos terrestres.
Texto complementar
Do senso comum à Geografia Científica
(SILVA, 2004, p. 12-13)
[...] trabalho com os temas clássicos da Geografia, eles compõem sua estrutura sistematizada,
assim entendo. As “novidades pós-modernas” não cabem na minha apreciação, elas estão “na
moda” e modismo é senso comum, afirmam inúmeros filósofos. Sempre quis compreender por que
a Geografia é tão somente informativa. Será que a abundância de informações que a caracteriza
informa mesmo ou a deforma como ciência? No primeiro capítulo repenso espaço/tempo como
categorias universais, abstraindo-as, também, ao interesse de noções mais conhecidas na Geografia,
Introdução à Geografia | 13
apoiada em filósofos que tratam do assunto de forma divergente como Kant e Hegel, ou Hannah
Arendt e Derrida, por exemplo. Faço uma construção teórica da materialidade do tempo pelo trabalho
na multiplicidade de lugares no lugar, e do espaço abstrato na pluralidade de relações das realidades
espacializadas ou não. As lições que me foram passadas por Hegel em sua dialética da negatividade
me encorajaram na confecção desse texto. Hegel trabalha com figuras abstratas da consciência e me
arvorei a transmutar o movimento daquelas figuras para o movimento de “figuras” da realidade social,
como espaço, tempo, trabalho, lugar, paisagem, nos quais a mediação é a negação neles mesmos
para se constituírem no outro, ou, segundo a linguagem hegeliana, para suprassumirem e serem.
O segundo capítulo faz um paralelo entre o senso comum e a Ciência Geográfica. O contraponto
entre Descartes, Kant e Hegel é mais uma vez sublinhado para aportar nossas ideias. Bachelar afirma
o senso comum como não ciência, Derrida vem ao encontro da não espacialidade geográfica e
Heidegger substantiva nossas alusões à região geográfica como macromarco de endereços terrestres
e, por aí, desmancha-se sua cientificidade representativa para a Geografia. A Vontade de Potência
nietzschiana é o braço novo, de que lanço mão, para identificar o processo de territorialização
na territorialidade contraditória. A dialética materialista do coletivo político é anelada à dialética
psicológica do indivíduo social, com a finalidade de mostrar a identidade conflituosa dos chamados
fenômenos geográficos, na relação cidade-campo e na arrumação geométrica dos lugares urbanos
e agrários, nos quais a população constitui a relação desigual, pluralizada pelas deformações para
mais ou para menos dos sujeitos sociais, que valem pelo que equivalem, por meio do dinheiro, seja
para consumirem ou para aguardarem sua multiplicação fictícia (mas real) no mundo do fetiche
financeiro. No resultado do universo do trabalho estão não só momentos da vida orgânica dos
trabalhadores, como instantes dos seus sonhos mais secretos derramados no que formam e criam.
No terceiro capítulo, faço uma chamada metodológica mais detida sobre descrição e reflexão, teoria
e empirismo, paisagem e relação homem X meio, [...]
Atividades
1. Segundo os exemplos e definições colocados no texto, responda: o que a Geografia estuda?
Gabarito
1. Estuda as divisões do espaço geográfico e as diferenças das distintas áreas, caracterizando-as e
procurando grafar e identificar os lugares e os elementos constituintes do espaço geográfico.
2. É o espaço das transformações, construções e possibilidades por meio das diferentes atividades
do homem e suas sociedades.