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Bom dia, prezados ouvintes do Estação Cultura, bom dia Teca Lima.

Salve, ouvintes do Estudio 77, salve Alexandre Ingrevallo.


Em 1870 o Concilio Vaticano Primeiro instituiu o controvertido dogma de que o Papa é infalível.
Os críticos dessa decisão diziam que ela havia sido tomada mais para atender aos anseios
politicos de Pio Nono, o papa de então.
Mas bem antes de Pio Nono, o Sumo Pontifice era Alexandre VI, no século 5, considerado o
mais polêmico de todos os papas. Também pudera: seu nome civil era Rodrigo Bórgia, era filho
de Isabella Bórgia, e sobrinho de Afonso Bórgia, e a gente sabe que os Bórgia eram uma familia
que não poderia ser classificada como ficha limpa.Chegado aos prazeres mundanos, Rodrigo
manteve relacionamento com várias mulheres e teve dezenas de filhos.
Por conta do sobrenome de familia, exerceu vários cargos na Cúria Romana, e devia ser muito
eficiente e ter um bom salário, porque ficou imensamente rico. Tão rico que quando o Papa
Inocencio Oitavo morreu, ele simplesmente comprou os votos de quase todo o Colégio de
Cardeais, e assim Rodriguinho Bórgia se tornou o Papa Alexandre VI, aos 61 anos de idade. O
seu pontificado ficou conhecido por inúmeros esquemas de corrupção e pelo fato de nomear
toda a parentalha para posições altamente remuneradas dentro da igreja e até mesmo nos
governos de alguns países. Premiou amantes com terras e castelos que eram da Santa Sé,
forçou nobres ricaços a se casarem com as suas filhas e filhos bastardos, promoveu alguns
desses filhos a cardeais, e preencheu as posições de maior remuneração da Cúria com seus
netos. Neto, que em italiano se diz “nepote”, e vem daí a palavra nepotismo, que é o termo
utilizado para designar o favorecimento de parentes no que diz respeito à nomeações ou
promoções em cargos,uma prática odiosa largamente difundida em todo o mundo, e
especialmente aqui na amada terra do Brasil. Já na carta de Pedro Vaz de Caminha
comunicando ao rei D. Manuel I o “descobrimento” do Brasil, o escriba termina com um pedido
ao rei, para que intercedesse pela liberdade do seu genro, que estava preso por conta de
assaltos e agressões.
Por tudo isso, causa indignação, mas não surpresa, a noticia de que o mais novo hábito lá na
Esplanada dos Ministérios é a nomeação de esposas para Tribunais de Contas. Waldez Góes,
Ministro do Desenvolvimento Regional, emplacou a sua amada no Conselho do Tribunal de
Contas do Paraná. Renan Calheiros Filho, Ministro dos Transportes, fez o mesmo com a sua
cara-metade em Alagoas, e Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, cacifou a sua senhora
no Piauí. E tem ainda o Rui Costa, ministro da Casa Civil, que está pleiteando esse mesmo
cargo para a sua senhora, que, por coincidencia, já é a favorita a assumir a função, claro. Essas
consortes estão mesmo com sorte, afinal são bons empregos, até porque conselheiro de tribunal
de contas não precisa ir lá diariamente, na certa até atrapalhariam se fossem, algumas reuniões
por mes já são suficientes. E o salário é bem razoavel, cerca de 35 a 40 mil reais por mes. E o
cargo é vitalício! Somados a outros 40 mil dos maridões ministros, chega-se a uma renda
familiar de cerca de 80 mil. Dá pra comer picanha no final de semana. Mas eu aposto um
pacotinho de jujuba que devem haver filhos, filhas, genros, cunhadas, primos encaixados em
bons cargos em prefeituras, estatais, conselhos disso e conselhos daquilo. Afinal, era isso que
os Bórgia faziam – até Papa eles conseguiram emplacar!
Pelo menos evitou-se o vexame daquele senador, o Chico Rodrigues, aquele do dinheiro na
cueca. Na época foi afastado do cargo mas continuou tendo o salário, plano de saude, carro,
etc, por conta do erário público. E aí a gente descobriu que são os próprios senadores que
escolhem os seus suplentes. Ah, que maravilha! Pois o Chico Rodrigues escolheu o seu filho
Pedrinho. Assim como Davi Alcolumbre escolheu o irmão, José Samuel, e Eduardo Braga
escolheu a querida esposa, a dona Sandra.
Há um projeto pra acabar com essa prática nepotista de senador escolher parente como
suplente, e de enfiar esposa, filho e eticéteras em cargos aqui e ali, mas o plenário não tem
interesse em votar a matéria. Na certa porque consideram que está tudo certo, tudo ok. Ah, o
Chico Rodrigues, o da cueca, voltou ao seu cargo de senador. Está lá, aguardando uma decisão
do seu caso, que nunca vem. Gente, aquele papa, o Alexandre VI, devia ter uma estátua
superfaturada no hall acarpetado da Comissão de Ética. Afinal, ele criou escola entre nós!
Domingo no Persona, programa que a Chris Maksud e eu comandamos na TV Cultura, vamos
dar inicio a uma série de quatro programas em comemoração ao mês das mulheres, que se
comemora em março. Então durante todo o mes teremos apenas convidadas, e a gente abre
essa série com a artista plástica Maria Bonomi, uma gravadora, pintora, escultora reconhecida e
premiadissima em todo o mundo. Maria nos fala das suas origens, do seu avô Giuseppe
Martinelli, aquele do prédio Martinelli, e nos enriquece com as suas reflexões sobre a arte e a
cultura. É no domingo às 9 da noie, na TV Cultura. Estão todos convidados.
Por hoje é só, fiquemos com a Teca Lima e o Estação Cultura, um programa infalivel no bom
gosto e na informação de qualidade. Até quarta-feira que vem.
Por hoje é só, fiquemos com o Alexandre Ingrevallo o Estudio 77, esse sim um programa
infalivel pra todo mundo que gosta da boa musica brasileira. Até quarta-feira que vem.

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