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Maringá
2016
Ficha Catalográfica
UEM/DMA, 2016.
1. Semigrupos.
- ii -
Conteúdo
1 Semigrupos Lineares 4
1.1.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.3.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.5.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
1.6.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
1.7.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
- 1 -
Conteúdo
- 2 -
Conteúdo
7 Apêndice 480
- 3 -
Capı́tulo 1
Semigrupos Lineares
Nesta seção faremos uma recordação de alguns resultados preliminares referentes ao Cálculo Di-
ferencial e Integral em Espaços de Banach que serão de suma importância no decorrer deste texto.
Comecemos pelo conceito de séries em espaços de Banach. No decorrer desta seção, E representará um
espaço de Banach com norma k · k.
Definição 1.1 Seja (xn ) uma sequência em E. A partir dela, formamos uma nova sequência (sn ) cujos
elementos são as somas
s1 = x1 , s2 = x1 + x2 , sn = x1 + · · · + xn ,
P
∞
que chamaremos as reduzidas ou somas parciais da série xn . Se existir o limite
n=1
P
∞
diremos que a série xn é convergente e o limite s será chamado a soma da série. Se a sequência
n=1
P
∞ P
∞
de reduzidas não convergir, diremos que a série xn é divergente. Dizemos que uma série xn é
n=1 n=1
P
∞
absolutamente convergente em E se kxn k converge.
n=1
P
∞
Proposição 1.2 Toda série xn absolutamente convergente é convergente.
n=1
P
n
Demonstração: Seja sn = xk , n ∈ N, a sequência das somas parcias (reduzidas) da referida série.
k=1
Uma vez que E é um espaço de Banach, basta provarmos que
- 4 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
X
m X
n
ksm − sn k = xk − xk
k=1 k=1
Xm
= xk
k=n+1
Xm
≤ kxk k
k=n+1
X
m X
n
≤ kxk k − kxk k
k=1 k=1
= |s̃m − s̃n |,
P
n P
∞
onde s̃n = kxk k é a n−ésima soma parcial da série convergente kxk k , a qual é de Cauchy em E.
k=1 k=1
Assim, para o ε > 0 dado, exite n0 ∈ N tal que se m, n ∈ N com m > n > n0 , tem-se
Outro resultado muito importante para determinação da convergência de séries é o teste de Wei-
erstrass, que enunciamos a seguir.
Proposição 1.3 (Teste Da Comparação) Seja Mn ≥ 0 tal que kxn k ≤ Mn , para todo n ∈ N. Se
P
∞ P
∞
Mn é convergente então xn é absolutamente convergente.
n=1 n=1
P
∞
Pelo critério de comparação de séries de números reais, segue que kxn k é convergente, posto
n=1
P
∞ P
∞
que Mn o é. Donde concluı́mos, por definição, que a série xn é absolutamente convergente. 2
n=1 n=1
Proposição 1.4 (Critério M de Weierstrass) Suponha que (E, k · k) seja um espaço de Banach,
(Y, d) um espaço métrico, para cada n ∈ N, fn : Y → E é uma função e existe (Mn ) satisfazendo
P
∞ P
∞
kfn (y)kE ≤ Mn , para cada n ∈ N e Mn < ∞. Então f N (y) = fn (y) converge absolutamente e
n=1 n=1
P
∞
uniformemente para f (y) = fn (y).
n=1
P
∞
Como Mk é convergente, (f N (y)) é um sequência de Cauchy em E. Assim, existe um elemento ξ ∈ E
k=1
- 5 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
com ξ = lim f N (y). Defina f (y) = ξ, isto nos dá uma função f : Y → E. Agora,
∞
X
kf (y) − f N (y)k = k fk (y)k
k=N +1
X∞
≤ kfk (y)k
k=N +1
X∞
≤ Mk .
k=N +1
P
∞ P
∞
Como Mk é convergente, dado ε > 0, existe n0 (ε) tal que Mk < ε, sempre que N ≥ n0 . Daı́,
k=1 k=N +1
kf (y) − f N (y)k < ε para todo y ∈ Y sempre que N ≥ n0 . 2
No que segue, representaremos por L(E, F ) a famı́lia dos operadores lineares limitados com domı́nio
E e imagem F , onde E e F são espaços de Banach, isto é, a famı́lia dos operadores lineares A : E → F
tais que kAk = sup kAxk = sup kAxk. Com a norma assim definida, L(E, F ) é um espaço de
x∈E,∥x∥≤1 x∈E,∥x∥=1
Banach. No caso em que E = F escreve-se, simplesmente L(E) ao invés de L(E, E). Se A, B ∈ L(E), o
produto de A por B é definido por AB = A ◦ B.
Uma álgebra A sobre um corpo K é um espaço vetorial sobre K, tal que para cada par ordenado
(x, y) ∈ A × A, podemos definir um único produto xy ∈ A com as seguintes propriedades:
i) (xy)z = x(yz)
ii) x(y + z) = xy + xz
iii) (x + y)z = xz + yz
Uma álgebra normada é um espaço normado A que é uma álgebra tal que para todo x, y ∈ A,
kxyk ≤ kxkkyk. Uma álgebra de Banach é uma álgebra normada que é completa, quando considerada
como espaço normado.
Vê-se, então que L(E) é uma álgebra e que para A, B ∈ L(E) vem que AB ∈ L(E) e kABk ≤
kAkkBk, isto é, L(E) é uma álgebra de Banach.
P
∞
An
Proposição 1.5 Seja A ∈ L(E), então n! é absolutamente convergente em L(E). Por analogia ao
n=0
Cálculo, definimos:
X∞
An
exp(A) = eA = , e sendo A0 = I
n=0
n!
keA k ≤ e∥A∥ .
- 6 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
válida em L(E),
An 1 1
= kAn k ≤ kAkn ≤ Mn ,
n! n! n!
∥A∥n P
∞
∥A∥n
onde Mn = n! . Como a série n! = e∥A∥ converge, segue do Teste da Comparação que a série
n=0
P
∞
An
n! é absolutamente convergente e, ainda,
n=0
∞
X ∞
X
An kAkn
keA k = ≤ = e∥A∥ ,
n=0
n! n=0
n!
P
∞
Proposição 1.6 (Teorema de Neumann) Seja A ∈ L(E) com kAk < 1. Então a série An converge
n=0
para (I − A)−1 em L(E) e, além disso,
1
k(I − A)−1 )k ≤ .
1 − kAk
Demonstração: Pela Proposição (1.2), basta mostrarmos que a série é absolutamente convergente.
Notemos inicialmente que, como kAk < 1, então
∞
X 1
kAkn = , (1.1.2)
n=0
1 − kAk
por tratar-se de uma série geométrica. De acordo com o Teste da Comparação, fazendo Mn = kAkn ,
n ∈ N e notando que
P
∞
resulta que a série An é absolutamente convergente e, por conseguinte, convergente. Além disso,
n=0
∞
X ∞
X ∞
X 1
An ≤ kAn k ≤ kAkn = (1.1.3)
n=0 n=0 n=0
1 − kAk.
P
∞
Para concluir a prova, mostraremos que An = (I − A)−1 . De fato,
n=0
∞
X ∞
X ∞
X ∞
X ∞
X
(I − A) n
A = A − n n
A =A + 0
A −
n
An = I.
n=0 n=0 n=1 n=1 n=1
- 7 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
Também,
∞
X X
k
An (I − A) = lim An (I − A)
k→∞
n=0 n=0
= lim I − Ak+1 = I,
k→∞
P
∞
pois kAk+1 k ≤ kAkk+1 . Concluı́mos que An = (I − A)−1 , e de (1.1.2) e (1.1.3) temos
n=0
1
k(I − A)−1 k ≤ ,
1 − kAk
o que encerra a prova. 2
P
∞
Proposição 1.7 Seja A ∈ L(E) tal que kAk < 1. Então, 1 n
nA converge em L(E). Definimos o limite
n=1
desta série por log(I − A).
Demonstração: Usaremos novamente o Teste da Comparação para verificarmos que a referida série é
absolutamente convergente e, por conseguinte, convergente. De fato, temos
∞
X X∞ X∞
1 n kAkn
A ≤ ≤ kAkn ,
n=1
n n=1
n n=1
e como a última série à direita converge, posto que kAk < 1, temos o resultado desejado. 2
x:I→E
t 7→ x(t).
Demonstração: Seja (xn ) ⊂ C([a, b], E) uma sequência de Cauchy. Então, dado ε > 0, existe um N1 (ε)
tal que para m, n > N1 ,
ε
kxm − xn kC([a,b],E) = sup kxm (t) − xn (t)k < . (1.1.4)
t∈[a,b] 2
- 8 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
ε
kx(t0 ) − xn (t0 )k < ,
2
para cada t0 ∈ [a, b], sempre que n ≥ N1 . Isto mostra que (xn ) converge uniformemente para x em [a, b]
e assim, x é contı́nua. Temos também a seguinte inclusão, {kxn (t0 ) − x(t0 )k; t0 ∈ [a, b]} ⊂ [0, 2ε ]. Disto,
supt∈[a,b] kx(t) − xn (t)k ≤ 2ε < ε, o que mostra que (xn ) converge para x em C([a, b], E). 2
x(t0 + h) − x(t0 )
lim − y = 0.
h→0+ h
Analogamente, temos a definição de função derivável a esquerda . Quando ambas as derivadas existem
e são iguais dizemos que x : (a, b) → E é derivável em t0 ∈]a, b[ e denotamos y por x′ (t0 ).
Demonstração: Sejam ε > 0 e t0 ∈]a, b[. Sendo x derivável em t0 , existe x∗ := x′ (t0 ) ∈ E tal que
x(t0 + h) − x(t0 )
lim − x∗ = 0.
h→0 h
Assim, para o ε > 0 dado, existe δ > 0 tal que se 0 < h < δ então
kx(t0 + h) − x(t0 )k < (1 + kx′ (t0 )k)|h|, desde que 0 < h < δ1 .
Façamos t = t0 + h. Então,
onde C = 1 + kx′ (t0 )k. Para o ε > 0 dado, definamos δ = min{δ1 , ε/C}. Assim, se |t − t0 | < δ, resulta
que
P
∞
An
Analogamente ao que foi visto anteriormene, dada A ∈ L(E), definimos etA = n! . Prova-se
n=0
também que etA ∈ L(E) e ketA k ≤ e|t|∥A∥ .
- 9 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
Demonstração:
P
∞
tn An
(i) Note que T (t) = n! . Deste modo,
n=0
∞ n n
X ∞ n n
X
t A t A
T (t) − I = A0 + −I = .
n=1
n! n=1
n!
P
∞
tn An
Consideremos a série n! . Temos,
n=1
∞ n n
X X∞ ∞
X
t A tn An |t|n kAkn
≤ ≤ .
n=1
n! n=1
n! n=1
n!
P
∞
|t|n ∥A∥n
Se considerarmos |t| < 1, então a série n! converge uniformemente. Além disso, para cada
n=1
n ∈ N,
|t|n kAkn
lim = 0.
t→0 n!
- 10 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
P
∞
|t|n−1 ∥A∥n
Analogamente ao que fizemos no item (i), consideremos |t| < 1. Assim, a série n!
n=2
converge uniformemente e, além disso,
∞
X |t|n−1 kAkn
lim = 0. (1.1.8)
t→0
n=2
n!
Contudo,
X∞
T (t) − I |t|n−1 kAkn
−A ≤ , (1.1.9)
t n=2
n!
Seja f : (a, b) → X, onde X é um espaço de Banach, uma função contı́nua. Dada uma decomposição
π de [a, b], isto é, n + 1 números reais t0 , . . . , tn , satisfazendo a condição a = t0 < t1 < · · · < tn = b, e n
números reais ξi , i = 1, . . . , n, ξi ∈ (ti−1 , ti ), fica definida uma Soma De Riemann de f :
X
n
σπ (f ) = (ti − ti−1 )f (ξi ).
i=1
Evidentemente, σπ (f ) ∈ X. Seja
kσπ (f ) − xk < ε,
para toda π tal que |π| < δ. Como no caso numérico, diz-se que x é a integral de f em [a, b] e escreve-se
Z b
x = lim σπ (f ) = f (t)dt.
|π|→0 a
Proposição 1.11 São válidas as seguintes propriedades para a integral de uma função vetorial:
Z b Z b
i) Se K é uma constante, Kf (t)dt = K f (t)dt.
a a
- 11 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
Z b Z b Z b
ii) (f + g)(t)dt = f (t)dt + g(t)dt
a a a
Z b Z c Z b
iii) Se a ≤ c ≤ b, então f (t)dt = f (t)dt + f (t)dt
a a c
Z b Z b
iv) f (t)dt ≤ kf (t)kdt
a a
Z b
v) f (t)dt ≤ max kf (t)k(b − a)
a a≤t≤b
Proposição 1.12 Sejam E e F espaços de Banach, A ∈ L(E, F ) e consideremos x ∈ C([a, b]; E). Então,
Z b Z b
A x(t) dt = Ax(t) dt.
a a
i(b−a)
Demonstração: Consideremos a decomposição a = t0 < t1 < · · · < tn = b de [a, b], onde ti = a + n
e seja ξi ∈ (ti−1 , ti ). Então,
X
n
xn = (ti − ti − 1)x(ξi ) ∈ E, para cada n ∈ N,
i=1
Z b
xn → x(t)dt e
a
X
n Z b
Axn = (ti − ti − 1)Ax(ξi ) → Ax(t)dt.
i=1 a
Logo,
Z b Z b
A f (t)dt = Af (t)dt.
a a
2
Lema 1.13 Sejam x, y ∈ C([a, b]; E) curvas diferenciáveis em [a, b] e tais que y ′ (t) = x′ (t), para todo
t ∈ [a, b]. Então, existe ξ ∈ E tal que y(t) = x(t) + ξ, para todo t ∈ [a, b].
Demonstração: Afirmamos inicialmente que se w ∈ C([a, b]; E) é derivável em [a, b] e ainda w′ (t) = 0
′
para todo t ∈ [a, b], então w é constante em [a, b]. Com efeito, seja c ∈ (a, b) e ε > 0. Como w+ =0
tem-se
Seja [v, t0 ) o máximo subintervalo de [c, b) onde (1.1.10) é válida. Deve-se ter t0 = b. De fato,
′
suponha o contrário, que t0 < b. Como w+ = 0 tem-se
- 12 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
para todo t > t0 e suficientemente próximo de t0 . Seja t > t0 um ponto onde (1.1.11) é válida. De (1.1.10)
e (1.1.11) resulta que
isto é, (1.1.10) é válida para todo t > t0 suficientemente próximo de t0 , o que contraria a definição de t0 .
Logo, t0 = b e temos kw(t) − w(c)k ≤ ε(t − c) para todo t ∈ [c, b). Pela arbitariedade de ε, w(t) = w(c)
para todo t ∈ [c, b). Como c é um ponto arbitrário de (a, b), segue que w é constante em (a, b) e da
continuidade de w em [a, b] resulta o desejado.
Consideremos, agora, x, y curvas contı́nuas nas condições do lema. definindo w = y − x, temos que
w ∈ C([a, b; E) e w′ (t) = y ′ (t) − x′ (t) = 0, para todo t ∈ [a, b]. Pelo que vimos acima existe ξ ∈ E tal que
w(t) = ξ, para todo t ∈ [a, b], o que conclui a prova. 2
Então, y ∈ C 1 ([a, b]; E) e y ′ (t) = x(t) para todo t ∈ [a, b]. Além disso, se x ∈ C 1 ([a, b]; E) então
vale a identidade:
Z b
x(b) − x(a) = x′ (s) ds.
a
Demonstração: De modo a provar que y ∈ C 1 ([a, b]; E) e sendo x ∈ C([a, b]; E) é suficiente provar
que y ′ (t) = x(t) para todo t ∈ [a, b]. De fato, seja t0 ∈ [a, b] e ε > 0. Como x ∈ C([a, b]; E), existe
δ = δ(ε) > 0 tal que se 0 < h < δ então kx(t0 + h) − x(t0 )k < ε. Daı́, para todo 0 < h < δ resulta que
R t0 +h R t0
y(t0 + h) − y(t0 ) x(s) ds − x(s) ds
− x(t0 ) = 0 0
− x(t0 )
h h
R t0 +h
t0
x(s) ds
= − x(t0 )
h
Z h
x(t0 + ξ) − x(t0 )
= dξ
0 h
Z h Z h
1 1
≤ kx(t0 + ξ) − x(t0 )k dξ < ε dξ = ε,
h 0 h 0
d+ y d+ y
posto que 0 < ξ < h < δ. Isto mostra que existe dt (t0 ) e dt (t0 ) = x(t0 ). Analogamente prova-se
d− y d− y
que existe dt (t0 ) e = x(t0 ). Portanto, temos que y é derivável em t0 e y ′ (t0 ) = x(t0 ). Pela
dt (t0 )
arbitrariedade de t0 ∈ [a, b] concluı́mos que y é derivável em [a, b] e y ′ (t) = x(t), para todo t ∈ [a, b].
Quando t0 = a ou t0 = b, estamos considerando apenas a respectiva derivada lateral. Assim concluı́mos
que y ∈ C 1 ([a, b]; E). Suponhamos, agora que x ∈ C 1 ([a, b]; E).
Definamos:
Z t
y(t) = x(a) + x′ (s) ds, t ∈ [a, b].
a
Temos que y ′ (t) existe para todo t ∈ [a, b] e, ainda, y ′ (t) = x′ (t), para todo t ∈ [a, b]. Segue do
- 13 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
Lema 1.12 que existe ξ ∈ E tal que y(t) = ξ + x(t), para todo t ∈ [a, b]. Em particular para t = a, temos
o que implica que ξ = 0, ou seja, y(t) = x(t), para todo t ∈ [a, b]. Em particular, para t = b resulta que
Z b
x(b) = y(b) = x(a) + x′ (s) ds,
a
No que segue, estamos interessados em funções definidas no intervalo não limitado [a, +∞) com
valores em um espaço de Banach. Consideremos, então, x ∈ C([a, +∞); E). Dizemos que x é integrável
em [a, +∞) se existe o limite em E:
Z t
lim x(s) ds.
t→+∞ a
Proposição 1.15 (Critério de Cauchy)Seja f : [a, +∞) → E. Uma condição necessária e suficiente
para que o limite limt→+∞ f (t) exista é que dado ε > 0, exista t0 > 0 tal que se t, s > t0 então kf (t) −
f (s)k < ε.
lim f (t) = x0 .
t→+∞
Logo, dado ε > 0, existe t0 > 0 tal que se t > t0 então kf (t) − x0 k < ε/2. Daı́, para t, s > t0 tem-se
Reciprocamente, assumamos que dado ε > 0, exista t0 > 0 tal que se t, s > t0 então kf (t)−f (s)k <
ε. Fazendo ε = n1 , n ∈ N, existe tn ∈ (0, +∞) tal que se t, s > tn então kf (t) − f (s)k < n1 . Note que
podemos supor, sem perda da generalidade, que a sequência (tn ) é crescente, isto é, tm > tn sempre que
m > n. Consideremos (xn ) ⊂ E dada por xn = f (tn ). Afirmamos que (xn ) é de Cauchy. Com efeito,
dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que n10 < ε. Logo,
1
m, n > n0 =⇒ tm > tn > tn0 =⇒ kxm − xn k = kf (tm ) − f (tn )k < < ε,
n0
o que prova a afirmação. Sendo E completo tal que x0 ∈ E tal que xn → x0 . Assim, dado ε > 0, existe
n1 ∈ N tal que
- 14 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
Proposição 1.16 Seja x ∈ C([0, ∞); E). Suponhamos que existam constantes positivas C, ω tais que
Provaremos que f satisfaz a Proposição 1.15. Inicilmente notemos que para todo t > s > 0 de
(1.1.12) resulta que
Z t Z s
kf (t) − f (s)k = e−λt x(s) ds − e−λt x(s) ds
0 0
Z t
= e−λt x(s) ds
s
Z t Z t
≤ e−λt kx(s)k ds ≤ C e−(λ−ω)t ds
s
s
Ce−(λ−ω)s
1 − e
−(λ−ω)t
< Ce
−(λ−ω)s
= .
λ−ω −(λ−ω)s
| e {z } λ−ω
<1
Para todo s > t0 vem que e−s(λ−ω) < e−t0 (λ−ω) e da desigualdade acima resulta que
Ce−(λ−ω)t0
kf (t) − f (s)k < para todo t > s > t0 . (1.1.14)
λ−ω
Do exposto acima e dado ε > 0 tal que 0 < ε(λ − ω) < C, ou equivalentemente 1
ε(λ−ω) > C, existe
- 15 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
h i
C
t0 > ln ε(λ−ω) /(λ − ω). Resulta daı́ e de (1.1.14) que
ficando bem definida a transformada de Laplace de x. Resta-nos verificar se x ∈ C 1 ([0, ∞); E) e, além
disso, (1.1.12) se cumpre então (1.1.13) se verifica. Com efeito, integrando-se por partes a integral
R t −λs
0
e x(s) ds, obtemos
Z t Z t
x(t) −λt x(0) 1
e−λs x(s) ds = e + + e−λs x′ (s) ds.
0 −λ λ λ 0
Rt
Assim, existe o limite limt→∞ 0
e−λs x′ (s) ds que é precisamente L(x′ )(λ) o que mostra (1.1.13) e
encerra a prova. 2
Então,
Demonstração: Notemos inicialmente que kukXk está bem definida. Com efeito, se u ∈ Xk então
u ∈ C([0, ∞); E) e ku(t)k ≤ Cekt para algum C > 0 e para todo t ≥ 0. Assim, existe C > 0 tal que
ku(t)ke−kt ≤ C, para todo t ≥ 0. Portanto, tem sentido o supt≥0 ku(t)ke−kt . Além disso, kukXk ≥ 0,
seja qual for o u ∈ Xk . Provaremos que:
Sejam u ∈ Xk e α ∈ R. Do fato que k(αu)(t)k = |α| ku(t)k, para todo t ≥ 0 resulta que
- 16 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
Sejam u, v ∈ Xk . Temos,
quando m, n → ∞. Defina vn,l : [0, l] → E, vn,l (t) = e−kt un (t), onde t ∈ [0, l], l ∈ N. Como
segue então que (vn,l ) é sequência de Cauchy no espaço de Banach C([0, l]; E), logo existe vl ∈ C([0, l]; E)
tal que
vn,l → vl
em C([0, l]; E). Defina
v : [0, ∞) → E
v(t) = vl (t) para algum l ∈ N, l > t.
além disso v é contı́nua, de fato, dado t ∈ [0, ∞) temos que v coincide com vl , para algum l ∈ N, em uma
vizinhança de t, como vl é continua temos a continuidade de v.
Defina
u : [0, ∞) → E
u(t) = ekt v(t)
un → u em Xk .
- 17 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
(note que aqui usamos o fato de v(t) = e−kt u(t)). Assim como u = u − um + um , para algum m ∈ N
suficientemente grande, temos, para este m,
sup ke−kt u(t)k ≤ sup e−kt ku(t) − um (t)k + sup e−kt kum (t)k
t∈[0,∞) t∈[0,∞) t∈[0,∞)
< ∞
logo u ∈ Xk e como
un → u em Xk .
Por outro lado, como e−ωt ku(t) − v(t)k ≤ ku − vkXω , para todo t ≥ 0, então
- 18 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
Uma função u ∈ C([0, ∞), E) é dita solução do problema de valor inicial no espaço de Banach E:
(
u′ (t) = F (u(t)), t > 0
(1.1.22)
u(0) = u0
Não é difı́cil verificar que o único ponto fixo da aplicação φ dada na Proposição 1.18 é solução do
problema de valor inicial dado em (1.1.22). Deixamos tal fato para a verificação do leitor.
1.1.1 Exercı́cios
P
∞
2n
1.1.1) Prove que a série n! cos nt converge absolutamente em E = C([−π, π], R) = {f :
n=0
[−π, π] → R/f é contı́nua}, com a norma kf kE = sup |f (t)|.
t∈[−π,π]
Prove que
∞ ∞
! ∞
!
X X X
Cn = An Bn .
n=0 n=0 n=0
1.1.4) Seja x :]a, b[→ E uma função continuamente derivável em ]a, b[. Prove que:
- 19 -
1.1 Um Repasse ao Cálculo Diferencial e Integral em Espaços de Banach
1.1.6) Seja T (t) : E → E o operador linear definido por T (t)u0 = u(t), onde u é a única solução de
(
u′ (t) = A(u(t)), t > 0
u(0) = u0 .
(i) Mostre que T (0) = I e que T (t + s) = T (t) ◦ T (s), para todo t, s ∈ [0, ∞). Use a desigualdade
de Gronwall para mostrar que T (t) ∈ L(E), para todo t ≥ 0 e que kT (t)k ≤ e∥A∥t .
T (t + h) − T (t)
lim − AT (t) = 0.
h→0 h L(E)
- 20 -
1.2 A Função Exponencial
(v) Seja B = I − A/λ, λ > kAk. Como kI − Bk < 1, use o teorema de C. Neuman para mostrar
−1
que B ∈ L(E) e que
∞
X Ak
B −1 = .
λk
k=0
Lembrando que
Z ∞
n!
L(tn ) = e−λt tn dt = ,
0 λn+1
e que a transformada de Laplace de uma função contı́nua é zero então a função é nula, mostre que
T (t) = etA .
A função exponencial etA , onde A é um número real e t uma variável real pode ser definida pela
fórmula:
X∞
(tA)n
etA = (1.2.23)
n=0
n!
A série que figura no segundo membro de (1.2.23) converge para todos os valores de t, e, portanto,
define uma função real. Sem maiores dificuldades estende-se esta definição no caso em que A é um operador
linear e limitado (isto é, contı́nuo) de um espaço de Banach (conforme visto na seção precedente) e, nesse
caso, a série (1.2.23) converge em norma e, por conseguinte, para cada t ∈ R sua ‘soma’ é um operador
linear limitado desse espaço. Problema bastante delicado, porém, é definir a ‘função exponencial’ quando
A é não limitado. Uma das razões de interesse em tal função está no fato que ela é, formalmente,
solução do problema de Cauchy: dado um operador linear não limitado, A, de um espaço de Banach X,
determinar uma função u(t) definida em [0, ∞), cujos valores pertencem a D(A) (D(A)=domı́nio de A)
e que satisfaz ao problema de valor inicial:
du(t) = A(u(t)), t > 0
dt (1.2.24)
u(0) = u0
E(0) = 1, (1.2.25)
E(t + s) = E(t)E(s), (1.2.26)
lim E(t) = 1, (1.2.27)
t→0+
e como será demonstrado, a seguir, é a única função definida em R+ com valores em R com tais propri-
edades. O mesmo ocorre quando E toma valores na álgebra dos operadores lineares de qualquer espaço
de dimensão finita (lembrando-se que toda aplicação linear definida em um espaço de dimensão finita é
também contı́nua). Nesse caso, o número 1 que aparece (1.2.25) e (1.2.27) deve ser interpretado como o
operador identidade I : X → X e a multiplicação em (1.2.26) como a composição de operadores lineares.
Para ver o que se passa quando X tem dimensão infinita tem-se que levar em conta que, nesse caso, três
topologias são usualmente introduzidas na álgebra L(X) dos operadores lineares e limitados de X corres-
pondendo, a cada uma delas, uma maneira distinta de interpretar o limite em (1.2.27). Assim, podemos
interpretá-lo como o limite uniforme, o forte e o fraco. Relembremos que I é o limite uniforme de E(t)
- 21 -
1.2 A Função Exponencial
quando t → 0+ se kE(t) − IkL(X) → 0; é o limite forte se kE(t) − IkX → 0, para todo x ∈ X e é o limite
fraco se h[E(t) − I]x, x′ iX,X ′ → 0, para todo x ∈ X e para todo x′ ∈ X ′ , onde X ′ é o dual topológico de
X. Quando o limite (1.2.27) é tomado no sentido da topologia uniforme tem-se uma situação bastante
simples como mostra o teorema a seguir.
X∞
(tA)n
etA = .
n=0
n!
P∞ n
Como, para cada t ≥ 0, a série n=0 (tA)
n! converge absolutamente e L(X) é um espaço de Banach,
temos que etA define, para cada t ≥ 0, um operador linear e contı́nuo sobre X. Assim, E(t) = etA é tal
que E : R+ → L(X). Resta-nos provar que E(t) satisfaz as condições (a), (b) e (c). De fato,
a)
X∞
(0 A)n
E(0) = = I.
n=0
n!
(t + s)p X tk sp−k
p
= .
p! k! (p − k)!
k=0
X∞
(t + s)n n
e(t+s)A = A
n=0
n!
X
n
(t + s)p
= lim Ap
n→∞
p=0
p!
Xn Xp
(tA)k (sA)p−k
= lim .
n→∞
p=0
k! (p − k)!
k=0
P∞ n
Como n=0 (tA)n! converge absolutamente, pelo exercı́cio 1.1.3 da seção precendente resulta que e
(t+s)A
=
tA sA
e e , ou seja E(t + s) = E(t)E(s).
- 22 -
1.2 A Função Exponencial
c) Temos
X∞ X∞
(tA)n (tA)n
etA = =I+ .
n=0
n! n=1
n!
Então,
X∞
(tA)n
e tA
−I =
n=1
n!
tA (tA)2 (tA)3
= + + + ···
1! 2! 3!
(tA) (tA)2
= tA I + + + ···
2! 3!
X∞
(tA)n
= tA .
n=0
(n + 1)!
P∞ (tA)n
Observemos que a série n=0 (n+1)! converge absolutamente posto que
X∞ X∞ ∞
(tA)n k(tA)n k X k(tA)n k
≤ ≤ = e∥tA∥ = et∥A∥ .
n=0
(n + 1)! n=0
(n + 1)! n=0
n!
Logo,
Reciprocamente, suponhamos que E : R+ → L(X) satisfaz (a), (b) e (c). Primeiramente vamos
mostrar que kE(t)k é uma função limitada em todo intervalo limitado. Com efeito, dado ε = 1, existe,
pela propriedade (c), δ > 0 tal que se 0 ≤ t ≤ δ então kE(t) − Ik < 1. Como kE(t)k − kIk ≤ kE(t) − Ik,
segue que kE(t)k < 2 para 0 ≤ t ≤ δ. Consideremos, agora, t ≥ 0, qualquer. Então, existe n ∈ N tal que
t = nδ + r, onde 0 ≤ r < δ. Logo, pela propriedade (b) temos
e, desta forma,
Considere, agora, t ∈ [T0 , T ] onde 0 ≤ T0 < T < +∞. Então, de (1.2.28) resulta que
- 23 -
1.2 A Função Exponencial
ou seja, kE(t)k é uma função limitada em intervalos limitados o que prova a afirmação.
Mostraremos, a seguir, que E é contı́nua na topologia uniforme de L(X). De fato, seja h > 0 e
t ≥ 0. Temos pela propriedade (c) e do fato que kE(t)k é limitada em intervalos limitados vem
Z Z δ
1 δ
e, portanto, E(t) dt é inversı́vel em L(X), pela Proposição (1.6) e, consequentemente, E(t) dt
δ 0 0
também o é. Com isso em mente, tomemos 0 < h < δ. Então:
Z Z Z
E(h) − I δ
P rop.(1.12) 1 δ
1 δ
E(t) dt = E(t + h) dt − E(t) dt
h 0 h h 0
"0Z Z δ #
δ+h
1
= E(t) dt − E(t) dt
h h 0
"Z Z δ+h Z h Z δ #
δ
1
= E(t) dt + E(t) dt − E(t) dt − E(t) dt
h h δ 0 h
"Z Z h #
δ+h
1
= E(t) dt − E(t) dt ,
h δ 0
Rδ
Como o membro à direita da última identidade converge em norma para (E(δ) − I)( 0 E(t) dt)−1
quando h → 0+ , temos que o mesmo ocorre para o membro à esquerda . Designaremos por A o limite
uniforme de E(h)−I
h em L(X) quando h → 0+ . Assim,
d+ E(0)
= A.
dt
d+ E(0) E(h) − I
(Usaremos a notação para lim )
dt h→0+ h
- 24 -
1.2 A Função Exponencial
e como E(h)−I
h converge em norma para A, temos que E(t+h)−E(t) h converge em norma para E(t)A quando
h → 0+ . Resulta daı́ que E é derivável à direita para todo t ≥ 0, relativamente à topologia uniforme de
L(X) e
d+ E(t)
= E(t)A. (1.2.29)
dt
Como E é contı́nua na topologia uniforme de L(X) temos que E(t − h) converge para E(t) em
L(X), quando h → 0+ . Também, E(h)−I
h converge para A quando h → 0+ , e, portanto,
dE(t)
= E(t)A, para todo t ≥ 0. (1.2.31)
dt
Observação 1.20 Nos espaços de dimensão finita, as topologias uniforme, forte e fraca coincidem com
a topologia usual e como, na demostração do Teorema 1.19, não foi feita menção à dimensão do espaço,
este teorema permanece válido nos espaços de dimensão finita.
Como a convergência uniforme implica na convergência forte, o Teorema 1.19 vem mostrar que a
definição a seguir (na próxima seção) generaliza a de função exponencial.
- 25 -
1.3 Semigrupos de classe C0
Definição 1.21 Seja (X, k·k) um espaço de Banach e L(X) a álgebra dos operadores lineares e limitados
de X. Diz-se que uma aplicação S : R+ → L(X) é um semigrupo de operadores limitados de X se:
(i) S(0) = I, onde I é o operador identidade de X.
(ii) S(t + s) = S(t)S(s), para todo t, s ∈ R+ .
Diz-se que o semigrupo é de classe C0 se:
Proposição 1.22 Se S é um semigrupo de classe C0 , então kS(t)kL(X) é uma função limitada em todo
intervalo limitado [0, T ].
Demonstração: Afirmamos inicialmente que existe um intervalo da forma [0, δ] para o qual a função
kS(t)k é limitada, ou seja,
Existem δ > 0 e M > 0 tais que kS(t)k ≤ M, para todo t ∈ [0, δ]. (1.3.33)
Com efeito, suponhamos, por contradição, que tal fato não ocorra, ou seja, que para todo intervalo
da forma [0, δ], a aplicação kS(t)k não seja limitada. Em outras palavras, para todo δ > 0 e M > 0
admitamos que existe tδ,M ∈ [0, δ] de modo que kS(tδ,M )k > M . Segue daı́ que para δ = 1/n e M = n,
n ∈ N, existe tn ∈ [0, 1/n] tal que kS(tn )k > n. Logo, existe tn → 0+ tal que kS(tn )k > n, para todo
n ∈ N. Então, pelo Teorema da Limitação Uniforme (Banach-Steinhauss) existe x ∈ X para o qual
kS(tn )xk não é limitado para todo n ∈ N, o que é uma contradição com a propriedade (iii) do semigrupo
S que é suposto de classe C0 , o que prova a afirmação dada em (1.3.33). Além disso, notemos que M ≥ 1
pois kS(t)k ≤ M , para todo t ∈ [0, δ] e, em particular, kS(0)k = kIk = 1 ≤ M .
onde ω := 1
δ ln M , o que finaliza a prova. 2
- 26 -
1.3 Semigrupos de classe C0
Observação 1.24 Os semigrupos de classe C0 são também conhecidos como semigrupos contı́nuos, o
que encontra justificativa no Corolário 1.23. Viu-se na demonstração da Proposição 1.22 que se S é um
semigrupo de classe C0 , então existem números reais M e ω tais que
Lema 1.25 Seja p uma função subaditiva definida em R+ e limitada superiormente em todo intervalo
limitado. Então, p(t)
t tem limite quando t → +∞, e,
p(t) p(t)
lim = inf .
t→∞ t t>0 t
Demonstração: Pondo-se
p(t)
ω0 := inf ,
t>0 t
temos que ω0 ≥ −∞. Consideremos inicialmente o caso ω0 > −∞. Então, dado ε > 0, existe T = T (ε) >
0 tal que
p(T )
< ω0 + ε. (1.3.40)
T
- 27 -
1.3 Semigrupos de classe C0
(1.3.40) obtemos
nT t−r
= → 1, quando t → +∞. (1.3.43)
t t
p(t)
ω0 ≤ lim inf ≤ ω0 + ε,
t→+∞ t
p(t)
ω0 ≤ lim sup ≤ ω0 + ε,
t→+∞ t
p(t) p(t)
ω0 = lim inf = lim sup ,
t→+∞ t t→+∞ t
Consideremos, agora, o caso ω0 = −∞. Neste caso, para cada real ω, existe T = T (ω) > 0, tal que
p(T )
≤ ω.
T
p(T )
≤ ω e t = nT + r, com 0 ≤ r < T.
T
p(t) c
≤ ω + , onde c > 0.
t t
Logo,
p(t) p(t)
lim inf ≤ ω e lim sup ≤ ω.
t→+∞ t t→+∞ t
- 28 -
1.3 Semigrupos de classe C0
p(t)
lim = −∞,
t→+∞ t
o que encerra a prova. 2
ln kS(t)k ln kS(t)k
lim = inf = ω0 , (1.3.44)
t→+∞ t t>0 t
e para cada ω > ω0 , existe uma constante M ≥ 1 tal que
Demonstração: Como
posto que a função logarı́tmo é crescente, temos que ln kS(t)k é subaditiva. Pela Proposição 1.22 temos
que kS(t)k é limitada em todo intervalo limitado e portanto ln kS(t)k é limitado superiormente. Logo,
pondo-se p(t) = ln kS(t)k tem-se, pelo Lema 1.25, que
ln kS(t)k ln kS(t)k
lim = inf = ω0 .
t→+∞ t t>0 t
ln kS(t)k
< ω, para todo t ≥ t0 . (1.3.46)
t
De fato, se ω0 < +∞ tomemos ε = ω − ω0 > 0. Logo, pela definição de limite existe t0 ∈ R+ tal
que
ln kS(t)k
− ω0 < ε, para todo t ≥ t0 ,
t
o que prova o desejado em (1.3.46). Agora, se ω0 = −∞, da definição de limite infinito segue o desejado
em (1.3.46).
Por outro lado, como kS(t)k é limitada em [0, t0 ] e kS(0)k = 1, existe M0 ≥ 1 tal que
Então,
e, portanto,
- 29 -
1.3 Semigrupos de classe C0
Pondo-se M = M0 , obtem-se o desejado. Se ω < 0, resulta que −ωt0 > 0 e, portanto, de (1.3.46)
vem que
Assim,
Observação 1.27 Quando ω0 < 0, podemos considerar ω0 < ω < 0 e de (1.3.45) existe M ≥ 1 tal que
Neste caso, diz-se que S é um semigrupo uniformemente limitado de classe C0 . Se, além disso,
M = 1, S é dito um semigrupo de contrações de classe C0 .
(i) Se x ∈ D(A), então S(t)x ∈ D(A), para todo t ≥ 0, e verifica as seguintes igualdades:
d
S(t)x = AS(t)x = S(t)Ax ∀t ≥ 0. (1.3.49)
dt
d S(t + h)x − S(t)x
onde S(t)x = lim e quando t = 0 entende-se este limite apenas como limite lateral
dt h→0 h
a direita.
- 30 -
1.3 Semigrupos de classe C0
Rt
(iii) Se x ∈ X, então 0
S(ξ)x dξ ∈ D(A) e
Z t
A S(ξ)x dξ = S(t)x − x. (1.3.51)
0
Demonstração:
S(0)x = x ∈ D(A).
Consideremos, agora, t > 0. Provaremos que S(t)x ∈ D(A), ou seja, que existe o limite
S(h) − I
lim S(t)x. (1.3.52)
h→0+ h
o que nos permite concluir que S(t)x ∈ D(A) e, portanto, pela própria definição de A, temos
AS(t)x = S(t)Ax.
Provaremos, agora, que é válida a identidade (1.3.49). De fato, se h > 0 e t > 0 então, pelo que já
foi visto acima
d+ (S(t + h) − S(t))x
S(t)x = lim = S(t)Ax = AS(t)x. (1.3.54)
dt h→0+ h
- 31 -
1.3 Semigrupos de classe C0
Como kS(t − h)k é uma função limitada em intervalos limitados e como também temos que
S(h) − I
lim x = Ax ( pois x ∈ D(A))
h→0+ h
então
S(h) − I
lim x − Ax = 0. (1.3.56)
h→0 h
d−
S(t)x = S(t)Ax, (1.3.58)
dt
e consequentemente segue que S(t)x é derivável a esquerda para todo t ≥ 0. Além disso, de (1.3.54) e
(1.3.58) resulta que
d
S(t)x = AS(t)x = S(t)Ax,
dt
o que prova o item (i).
d
(ii) Seja x ∈ D(A). Do item anterior concluı́mos que S(t)x é uma aplicação contı́nua em t, para
dt
todo x ∈ D(A), posto que S é fortemente contı́nuo. Logo, podemos integrar em intervalos compactos de
R+ e obter
Z t Z t Z t
d
S(ξ)x dξ = AS(ξ)x dξ = S(ξ)Ax dξ,
s dξ s s
ou seja,
Z t Z t
S(t)x − S(s)x = AS(ξ)x dξ = S(ξ)Ax dξ,
s s
- 32 -
1.3 Semigrupos de classe C0
Com efeito, seja 0 < h < t. Como consequência da linearidade e da continuidade do operador
S(h)−I
h resulta que
Z t
S(h) − I
S(ξ)x dξ (1.3.60)
h 0
Z t Z t
1
= S(ξ + h)x dξ − S(ξ)x dξ
h 0 0
Z Z
1 t+h 1 t
= S(ξ)x dξ − S(ξ)x dξ
h h h 0
Z Z Z Z
1 t 1 t+h 1 h 1 t
= S(ξ)x dξ + S(ξ)x dξ − S(ξ)x dξ − S(ξ)x dξ
h h h t h 0 h h
Z Z
1 t+h 1 h
= S(ξ)x dξ − S(ξ)x dξ.
h t h 0
Por outro lado, pelo Teorema da Média (veja exercı́cio 1.1.5 da seção 1.1):
Z t+h Z h
1 1
lim S(ξ)x dξ = S(t)x e lim S(ξ)x dξ = S(0)x. (1.3.61)
h→0+ h t h→0+ h 0
Assim de (1.3.60) e (1.3.61) fica provado (1.3.51) e da própria definição de A resulta que
Z t
A S(ξ)x dξ = S(t)x − x.
0
Demonstração: Provaremos, inicialmente, que D(A) é denso em X, exibindo uma sequência (xn )n∈N ⊂
D(A) convergindo para x ∈ X. Com efeito, seja x ∈ X e para cada n ∈ N∗ definamos:
Z 1
1 n
xn = S(t)x dt.
1/n 0
Notemos que para cada n ∈ N∗ temos que xn ∈ D(A) em vista da Proposição 1.29 e Proposição
1.2.24(iii). Além disso, pelo Teorema da Média resulta que
Z 1
1 n
xn = S(t)x dt → S(0)x = x, quando n → ∞,
1/n 0
o que prova o desejado. Provaremos, a seguir, que A é fechado. De fato, consideremos (xn )n∈N ⊂ D(A)
verificando
xn → x e Axn → y em X. (1.3.62)
- 33 -
1.3 Semigrupos de classe C0
Assim, de (1.3.62), (1.3.63) e (1.3.65) e do fato que S(h) ∈ L(X) obtemos, na situação limite que
Z h
S(h)x − x = S(t)y dt,
0
donde,
Z
S(h)x − x 1 h
= S(t)y dt.
h h 0
Com efeito, é claro que para todo t ≥ 0, S̃(t) ∈ L(X) uma vez que S(t) ∈ L(X). Além disso,
(iii)
Logo, S̃ é um semigrupo de classe C0 . Por outro lado, sendo à o gerador infinitesimal de S̃, então,
( )
S̃(h)x − x
D(Ã) = x ∈ X; existe o lim .
h→0+ h
- 34 -
1.3 Semigrupos de classe C0
Desta forma, se x ∈ D(Ã) então, x ∈ D(A), ou seja, D(Ã) ⊂ D(A) e Ax = Ãx + λx, ou ainda,
Ãx = Ax − λx. Tomando-se, agora, x ∈ D(A), de (1.3.66) vem, de maneira análoga, que
ou seja, x ∈ D(Ã), isto é, D(A) ⊂ D(Ã) e Ãx = Ax − λx. Desta forma, concluı́mos que D(Ã) = D(A) e
que Ãx = Ax − λx.
1.3.1 Exercı́cios
Exercı́cio 1.3.2 As funções exponenciais são exemplos de semigrupos de classe C0 o que decorre do
Teorema 1.1 e do fato que a convergência uniforme implica a convergência forte. Prove que o gerador
infinitesimal de etA , A ∈ L(X), é A.
Exercı́cio 1.3.3 Seja X um espaço de Banach e considere f : (a, b) → X uma função contı́nua tal que
′
f+ (t) = 0, para todo t ∈ (a, b). Prove que f é constante em (a, b).
Exercı́cio 1.3.4 (Lema de Dini) Seja X um espaço de Banach e considere f : (a, b) → X uma função
′
contı́nua em (a, b) tal que admite uma derivada à direita f+ contı́nua em (a, b). Prove que f é de classe
1
C (a, b). [Kosaku Yosida - Functional Analysis]
Exercı́cio 1.3.5 Seja Cb (R) o espaço de Banach das funções uniformemente contı́nuas e limitadas em R,
com norma kuk = sup|u(x)|. Consideremos a seguinte aplicação:
x∈R
S : R+ → L(Cb (R)),
definida por
(S(t)u)(x) = ut (x) = u(x + t), para todo x ∈ R.
Prove que:
- 35 -
1.3 Semigrupos de classe C0
Definamos:
Prove que:
Prove que:
dn
S(t)x = An S(t)x = S(t)An x, ∀n ∈ N.
dtn
X
n−1 Z
(t − a)k k 1 t
S(t)x = A S(a)x + (t − u)n−1 An S(u)x du.
k! (n − 1)! a
k=0
• Prove que:
Z t Z t
(S(t) − I) x =
n
··· S(u1 + · · · + un )An x du1 · · · dun , ∀x ∈ D(An ).
0 0
T
• Prove que D(An ) é denso em X.
n
- 36 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
Nesta seção apresentaremos uma condição necessária e suficiente para que um ope-rador linear A
seja o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0 . Antes, porém, faremos algumas considerações
iniciais.
Se λ ∈ ρ(A), o operador (λI − A)−1 representado por R(λ, A), é dito resolvente de A. Assim,
R(λ, A) é, por definição, um operador linear e limitado e densamente definido. Observe que R(λ, A) é
um operador definido em Im(λI − A) sobre D(A) onde o fecho de Im(λI − A) é igual a X.
Demonstração: Seja y ∈ X. Sendo D(R(λ, A)) denso em X, existe (yn )n∈N ⊂ D(R(λ, A)) tal que
yn → y em X. (1.4.67)
Por outro lado, para todo x ∈ D(A), temos pela continuidade de R(λ, A), que
onde C2 é uma constante positiva. Em particular, para a sequência (xn )n∈N resulta de (1.4.69) que
Assim de (1.4.67) e (1.4.70) resulta que a sequência (xn )n∈N é de Cauchy em X e, portanto, existe
x ∈ X tal que
xn → x em X. (1.4.71)
- 37 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
Desta forma, R(λ, A) é um operador contı́nuo, definido em todo espaço X e, portanto, fechado, o
que encerra a prova. 2
Proposição 1.33 Seja S um semigrupo de classe C0 com gerador infinitesimal A. Se λ ∈ C é tal que
Reλ > ω0 , onde
ln kS(t)k
ω0 = lim ,
t→∞ t
R∞
então a integral 0
e−λt S(t)x dt existe para todo x ∈ X e λ ∈ ρ(A). Além disso,
Z ∞
R(λ, A)x = e−λt S(t)x dt, para todo x ∈ X.
0
Demonstração: Sejam x ∈ X e λ ∈ C tal que Reλ > ω0 . Consideremos Reλ > ω > ω0 . Então, de
(1.3.45) existe M ≥ 1 tal que
uma vez que Reλ > ω. Ora, sendo a aplicação t ∈ [0, ∞) 7→ e−λt S(t)x ∈ X contı́nua e, portanto,
integrável em todo intervalo da forma [0, b], b > 0, resulta daı́, de (1.4.74) e (1.4.75) em virtude do teste
de Weierstrass que a integral
Z ∞
ke−λt S(t)xk dt < +∞,
0
R∞
e consequentemente a integral 0 e−λt S(t)x dt existe. Consideremos, agora, para cada λ ∈ C tal que
Reλ > ω > ω0 , o seguinte operador linear de X:
Z ∞
Rλ x = e−λt S(t)x dt.
0
isto é,
M
Rλ ∈ L(X) e kRλ kL(X) ≤ . (1.4.76)
Reλ − ω
- 38 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
Afirmamos que
S(h) − I
lim Rλ x = λRλ x − x, para todo x ∈ X. (1.4.77)
h→0+ h
ou seja,
Z ∞ Z
S(h) − I eλh − 1 eλh h
Rλ x = e−λt S(t)x dt − e−λt S(t)x dt. (1.4.78)
h h 0 h 0
Das convergências acima e de (1.4.78) decorre o desejado em (1.4.77). Resulta daı́ que
- 39 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
o que implica que, para λ ∈ C, com Re(λ) > ω > ω0 , podemos escrever
Z ∞ Z ∞
Rλ Ax = e−λt S(t)Ax dt = e−λt AS(t)x dt. (1.4.81)
0 0
isto é,
de onde resulta que (λI − A)−1 é densamente definido. Desta forma, λ ∈ ρ(A) e
Z ∞
R(λ, A)x = Rλ x = e−λt S(t)x dt, para todo x ∈ X,
0
dn
(i) R(λ, A)x = (−1)n n!R(λ, A)n+1 x, para todo x ∈ X.
dλn Z ∞
dn
(ii) R(λ, A)x = e−λt (−t)n S(t)x dt, para todo x ∈ X.
dλn 0
Seja λ ∈ C tal que Re(λ) > ω1 > ω > ω0 e consideremos uma sequência (µν ) ⊂ C tal que µν → λ
- 40 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
Com efeito,
e, além disso,
Z C Z C
e−µν t S(t)x dt < +∞ e e−λt S(t)x dt < +∞, para todo ν ∈ N e C > 0.
0 0
[(λI − A)(µI − A)]−1 = [(µI − A)(λI − A)]−1 = (λI − A)−1 (µI − A)−1 ,
logo,
(µI − A)−1 (λI − A)−1 = (λI − A)−1 (µI − A)−1 .
Desta forma,
- 41 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
o que implica
R(λ, A) − R(µ, A)
= R(λ, A)R(µ, A), (µ 6= λ),
(µ − λ)
ou ainda,
R(µ, A) − R(λ, A)
= −R(λ, A)R(µ, A), (µ 6= λ). (1.4.86)
(µ − λ)
Seja µ ∈ C tal que µ → λ. Então, de (1.4.84) e (1.4.86) e tendo em mente que R(λ, A) é contı́nuo,
R(µ, A) − R(λ, A)
lim x = lim [−R(λ, A)R(µ, A)]x
µ→λ (µ − λ) µ→λ
Portanto,
d
R(λ, A)x = −R(λ, A)2 x, para todo x ∈ X, (1.4.87)
dλ
ficando provado o item (i) para n = 1. Usaremos indução em n. Para isso, suponhamos a identidade (i)
válida para n e provemos para n + 1. Da hipótese indutiva vem que
n
dn+1 d d
R(λ, A)x = R(λ, A) x (1.4.88)
dλn+1 dλ dλn
d
= (−1)n n!R(λ, A)n+1 x
dλ
d
= (−1)n n! R(λ, A)n+1 x.
dλ
Afirmamos que
d d
= −nR(λ, A)n+1 x.
R(λ, A)n x = nR(λ, A)n−1 R(λ, A)x |{z} (1.4.89)
dλ dλ
1.4.87
Para n = 1 a identidade (1.4.89) se verifica em vista de (1.4.87). Suponhamos (1.4.89) válido para
n e provemos para n + 1. Temos,
d d
R(λ, A)n+1 x = (R(λ, A)R(λ, A)n x)
dλ dλ
d d
= R(λ, A)R(λ, A)n x + R(λ, A) R(λ, A)n x
dλ dλ
= −R(λ, A)2 R(λ, A)n x + R(λ, A)(−nR(λ, A)n+1 x)
= −R(λ, A)n+2 x − nR(λ, A)n+2 x
= −(n + 1)R(λ, A)n+2 x,
dn+1 d
R(λ, A)x = (−1)n n! R(λ, A)n+1 x = (−1)n+1 n!(n + 1)R(λ, A)n+2 x
dλn+1 dλ
= (−1)n+1 (n + 1)!R(λ, A)n+2 x,
- 42 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
(ii) Inicialmente notemos que a função tn e−λt S(t)x é contı́nua como função de λ bem como sua
derivada em relação à λ que é −tn+1 e−λt S(t)x. Além disso, para Re(λ) > ω1 > ω > ω0 , temos
n −(Re(λ)−ω)t
= Mt e
≤ M tn e−(ω1 −ω)t kxk.
Afirmamos que
Z ∞
tn e−(ω1 −ω)t dt < +∞ para ω1 > ω > ω0 . (1.4.91)
0
Suponhamos que (1.4.91) se verifique para n e provemos para n + 1. De fato, seja b > 0 e
consideremos a integral
Z b
tn+1 e−(ω1 −ω)t dt.
0
Note que:
b
−tn+1 e(ω1 −ω)t −bn+1 e−(ω1 −ω)b
= ,
ω1 − ω 0 ω1 − ω
- 43 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
ktn e−λt S(t)xk ≤ M tn e−(ω1 −ω)t kxk, para todo λ ∈ C tal que Re(λ) > ω1 > ω > ω0 ,
e
Z ∞
M tn e−(ω1 −ω)t kxk dt < +∞.
0
converge absoluta e uniformemente para Re(λ) > ω1 > ω > ω0 , e n = 0, 1, · · · . Sendo assim,
Z ∞
tn+1 e−λt S(t)x dt
0
também converge absoluta e uniformemente para Re(λ) > ω1 > ω > ω0 e, portanto, é permitido diferen-
ciar a integral
Z ∞
tn e−λt S(t)x dt,
0
Passemos, agora, à prova de (ii) que será feita por indução em n. Para n = 0, já foi provado na
Proposição 1.33 que
Z ∞
R(λ, A)x = e−λt S(t)x dt,
0
e, portanto, a expressão é válida. Suponhamos que a fórmula em (ii) seja verdadeira para n e provemos
para n + 1. De fato, da hipótese de indução e de (1.4.93) resulta que
n
dn+1 d d
R(λ, A)x = R(λ, A)x
dλn+1 dλ dλn
Z ∞
d −λt n
= e (−t) S(t)x dt
dλ 0
Z ∞
n d −λt n
= (−1) e t S(t)x dt
dλ
Z0∞
= (−1)n (−1) tn+1 e−λt S(t)x dt
Z ∞ 0
−λt
= e (−t)n+ 1 S(t)x dt,
0
Provaremos, a seguir, o principal resultado desta seção, que permite caracterizar o gerador infini-
tesimal de um semigrupo de classe C0 .
- 44 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
Teorema 1.35 [Hille-Yosida] Para que um operador linear A, definido em D(A) ⊂ X e com valores em
X, seja o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0 é necessário e suficiente que: (i) A seja
fechado e seu domı́nio seja denso em X.
(ii) Existam números reais M e ω tais que para cada real λ > ω se tenha λ ∈ ρ(A) e
M
kR(λ, A)n kL(X) ≤ , para todo n ∈ N.
(λ − ω)n
Demonstração:
(1) Necessidade.
Logo, se λ > ω, então, pela Proposição 1.33, λ ∈ ρ(A) e pelo item (i) do Corolário 1.34 temos,
(−1)n−1 dn−1
R(λ, A)n x = R(λ, A)x, para todo x ∈ X,
(n − 1)! dλn−1
Suponhamos que (1.4.97) se verifique para n e provemos indutivamente para n + 1. De fato, para
- 45 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
M
kR(λ, A)n xk ≤ kxk, para todo x ∈ X,
(λ − ω)n
ou seja,
M
kR(λ, A)n kL(X) ≤ ,
(λ − ω)n
(2) Suficiência.
Suponhamos, agora, que existam números reais M e ω tais que para cada real λ > ω tenhamos
M
λ ∈ ρ(A) e kR(λ, A)n kL(X) ≤ , para todo n ∈ N, (1.4.98)
(λ − ω)n
e, além disso, que A seja fechado e densamente definido. Para cada λ > ω, definimos:
e, consequentemente
M
kλR(λ, A)x − xk = kR(λ, A)Axk ≤ kAxk.
λ−ω
- 46 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
Como a expressão à direita da última desigualdade converge para zero quando λ → ∞, deduzimos
Provaremos, a seguir, que a convergência em (1.4.102) se dá, na verdade, para todo x ∈ X. Notemos
inicialmente que de (1.4.98)
M
kR(λ, A)kL(X) ≤ ,
λ−ω
e, desta forma,
|λ|
kλR(λ, A)kL(X) ≤ M. (1.4.103)
λ−ω
|λ|
Como λ−ω → 1 quando λ → ∞, vem que |λ|M λ−ω → M quando λ → ∞. Resulta daı́ pelo fato de
M > 0, a existência de η > 0 tal que se λ > η tem-se
|λ|M
− M < M,
λ−ω
|λ|M
kλR(λ, A)kL(X) − M ≤ −M
λ−ω
|λ|M
≤ − M < M, se λ > η,
λ−ω
ou seja,
Consideremos, então, x ∈ X. Sendo D(A) denso em X, existe (xn ) ⊂ D(A) tal que
xn → x em X quando n → ∞. (1.4.105)
kλR(λ, A)x − xk ≤ kλR(λ, A)x − λR(λ, A)xn0 k + kλR(λ, A)xn0 − xn0 k + kxn0 − xk
ε ε ε
< 2M + + = ε,
2M + 2 2M + 2 2M + 2
o que prova que
- 47 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
2a etapa. A próxima etapa consiste em determinar uma estimativa para etBλ . Mais precisamente,
provaremos que
Contudo,
X∞
(−tλ)n
ke−tλI xk = k xk (1.4.111)
n=0
n!
X∞
(−tλ)n
= | | kxk = e−tλ kxk,
n=0
n!
e
X∞
2 (tλ2 )n
ketλ R(λ,A)
kL(X) = k R(λ, A)n k (1.4.112)
n=0
n!
X∞
(tλ2 )n
≤ kR(λ, A)n k.
n=0
n!
X∞
(tλ2 )n
(λ − ω)−n
2
ketλ R(λ,A)
kL(X) ≤ M (1.4.113)
n=0
n!
X∞
(tλ2 (λ − ω)−1 )n 2 −1
= M = M etλ (λ−ω) .
n=0
n!
- 48 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
Note que
−λ(λ − ω) + λ2
−λ + λ2 (λ − ω)−1 = (1.4.115)
λ−ω
−λ2 + λω + λ2 λω
= = .
λ−ω λ−ω
λω
Entretanto, λ−ω → ω quando λ → ∞. Seja γ > ω e consideremos ε = γ − ω > 0. Desta última
convergência obtemos a existência de λ0 > ω tal que se λ > λ0 , então
λω
− ω < ε = γ − ω,
λ−ω
ou seja,
3a etapa. A próxima etapa consiste em mostrar que etBλ converge para um operador linear limitado
quando λ → ∞. Para isto, definimos
Provaremos que
Notemos que
Z t
d (t−τ )Bµ τ Bλ
(etBλ − etBµ )x = (e e )x dτ, para todo x ∈ X, (1.4.120)
0 dτ
Mas,
d d (t−τ )Bµ τ Bλ
(Sµ (t − τ )Sλ (τ ))x = (e e )x (1.4.122)
dτ dτ
d tBµ +τ (Bλ −Bµ )
= (e )x
dτ
= (Bλ − Bµ )etBµ +τ (Bλ −Bµ ) x
= (Bλ − Bµ )e(t−τ )Bµ eτ Bλ x
= (Bλ − Bµ )Sµ (t − τ )Sλ (τ )x.
- 49 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
No caso particular em que x ∈ D(A) resulta de (1.4.100) que o lado direito da última identidade
converge para zero quando λ, µ → ∞ uniformemente em relação à t, em todo intervalo limitado, isto é,
Considere, agora, x ∈ X. Pela densidade de D(A) em X existe (xn ) ⊂ D(A) tal que
xn → x em X quando n → ∞. (1.4.125)
Por outro lado, de (1.4.124), para o intervalo J, existe α > 0 (vem do fato de {Sλ (t)xn0 } ser de
ε
Cauchy para o valor η = 2c+1 ) tal que se λ, µ > max{ω, λ0 , α} := β, temos
ε
kSλ (t)xn0 − Sµ (t)xn0 k < , para todo t ∈ J. (1.4.128)
2C + 1
para todo λ, µ > β e para todo t ∈ J, o que prova (1.4.119). Resulta daı́, em vista de X ser Banach, a
existência de uma aplicação linear S(t) : X → X, tal que para todo x ∈ X,
- 50 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
Provaremos, a seguir, que S(t) ∈ L(X). Com efeito, de (1.4.129) temos, para cada x ∈ X,
4a etapa. Mostraremos, a seguir, que S é um semigrupo de classe C0 . Com efeito, de (1.4.129) temos
Afirmamos que
Por outro lado, resulta de (1.4.129) para o ε > 0 dado que existem λ1 , λ2 > ω tais que
ε
kSλ (s)x − S(s)xk < , para todo λ ≥ λ1 , (1.4.135)
C +1
e
ε
kSλ (t)S(s)x − S(t)S(s)xk < , para todo λ ≥ λ2 . (1.4.136)
C +1
- 51 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
desde que λ ≥ λ∗0 := max{λ0 , λ1 , λ2 }, o que prova (1.4.132). Combinando (1.4.131) e (1.4.132) concluı́mos
que
Sejam ε > 0, x ∈ X e 0 < h < 1. Então, por (1.4.129) existe λ0 > ω tal que
ε
kSλ (h)x − S(h)xk < , para todo λ ≥ λ0 e h ∈ (0, 1). (1.4.138)
2
Agora, pelo fato de Sλ0 ser um semigrupo de classe C0 , existe δ > 0 tal que se 0 < h < δ tem-se
ε
kSλ0 (h)x − xk < . (1.4.139)
2
5a etapa. Para concluir a demonstração resta-nos provar que A é o gerador infinitesimal de S. De fato,
seja B o gerador infinitesimal de S. Provaremos, inicialmente, que D(A) ⊂ D(B). Com efeito, sejam
x ∈ D(A), λ > ω e h > 0.
Temos:
Z h
d
Sλ (h)x − x = (Sλ (t)x) dt.
0 dt
Mas,
d d
(Sλ (t)x) = (etBλ x) = Bλ etBλ x = Bλ Sλ (t)x,
dt dt
o que implica que
Z h
Sλ (h)x − x = Sλ (t)Bλ x dt, h > 0, (1.4.141)
0
- 52 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
Afirmamos que
Com efeito, sejam J um intervalo limitado da reta, γ > ω e ε > 0. De (1.4.129) existe λ1 > ω tal
que
ε
kSλ (t)Ax − S(t)Axk < , para todo λ ≥ λ1 e t ∈ J, (1.4.143)
C +1
onde C é a constante que aparece em (1.4.134). Agora, de (1.4.100), (1.4.134) e (1.4.143) resulta para
λ > max{λ0 , λ1 , λ2 },
o que prova (1.4.142). Resulta daı́, de (1.4.129) e de (1.4.141) na situação limite quando λ → ∞
Z h
S(h)x − x = S(t)Ax dt, h > 0.
0
Por hipótese, se λ > ω temos que λ ∈ ρ(A). Agora, sendo B o gerador infinitesimal de S resulta
da Proposição 1.33 que se λ > ω0 = limt→∞ ln ∥S(t)∥
t , então, λ ∈ ρ(B). Logo, se λ > max{ω, ω0 } vem que
λ ∈ ρ(A) ∩ ρ(B). Para tais valores de λ, temos
uma vez que D((λI − A)−1 ) = Im(λI − A) = X, conforme Proposição 1.32 (posto que A é fechado).
- 53 -
1.4 O Teorema de Hille-Yosida
o que implica
Demonstração: Da demostração do Teorema de Hille-Yosida (Teorema 1.35) segue que o lado direito
da última identidade define um semigrupo S de classe C0 cujo gerador infinitesimal é A. Pelo exercı́cio
1.3.1 resulta que T = S. 2
1
kR(λ, A)kL(X) ≤ .
λ
A ∈ G(M, ω)
para exprimir que A é o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0 que satisfaz a condição
kS(t)kL(X) ≤ M eωt , t ≥ 0.
kS(t)kL(X) ≤ M eωt , t ≥ 0.
Pondo-se
então, em vista do exemplo 1.3.1, S̃ é um semigrupo de classe C0 que tem A−ωI por gerador infinitesimal.
Além disso,
- 54 -
1.5 O Teorema de Lumer-Phillips
kS(t)k ≤ M, t ≥ 0.
Definindo-se
então, da mesma forma, S̃ é um semigrupo de classe C0 que tem A−ωI +ωI = A por gerador infinitesimal.
Também
Nesta seção apresentaremos um resultado devido à Lumer-Phillips que nos dá uma condição ne-
cessária e suficiente para que um operador linear A seja o gerador infinitesimal de um semigrupo de
contrações. A prova deste resultado decorre do Teorema de Hille-Yosida, conforme veremos posterior-
mente, e, a sua vantagem em relação ao teorema de Hille-Yosida reside no fato de que é mais simples a
verificação das hipóteses deste do que as do anterior. Antes, porém, necessitamos de algumas definições
e resultados preliminares que enunciaremos no que segue.
Como consequência do Teorema de Hahn-Banach, F (x) 6= ∅ seja qual for o x ∈ X. Resulta daı́
o conceito de aplicação dualidade, isto é, uma aplicação j : X → X ′ tal que para cada x ∈ X faz
corresponder j(x) ∈ F (x). Imediatamente tem-se que
1/2
kj(x)k = kxk = (hj(x), xi) . (1.5.148)
Observe que se X é um espaço de Hilbert, a dualidade pode ser expressa por produto interno (via
Teorema de Riesz). Assim, F (x) = {x}.
Definição 1.39 Um operador linear A é dito dissipativo relativamente à uma aplicação dualidade j se
- 55 -
1.5 O Teorema de Lumer-Phillips
o que implica
Demonstração: Se ρ(A) ∩ (0, ∞) = ∅, nada temos a provar. Suponhamos, então, que ρ(A) ∩ (0, ∞) 6= ∅
e seja λ0 ∈ ρ(A) ∩ (0, ∞). Agora, dados λ ∈ C e f ∈ X, consideremos a identidade
λu − Au = f, (1.5.149)
λ0 u − Au = f + (λ0 − λ)u,
ou ainda,
Definamos
G:X→X (1.5.152)
−1
u 7→ Gu := (λ0 I − A) (f + (λ0 − λ)u).
Notemos que G está bem definida, visto que A é fechado, e é contı́nua, uma vez que (λ0 I − A)−1
- 56 -
1.5 O Teorema de Lumer-Phillips
Considerando
1
|λ − λ0 | < := r0 , (1.5.154)
k(λ0 I − A)−1 k
então, em vista de (1.5.153) a aplicação definida em (1.5.152) será uma contração e pelo Teorema do
Ponto Fixo de Banach, existirá um único u ∈ X solução da equação (1.5.151), e, por conseguinte, solução
de (1.5.149). Em outras palavras, o operador (λI −A) será uma bijeção para todo λ verificando a condição
(1.5.153) e, consequentemente, admitirá uma inversa (λI − A)−1 para todo λ ∈ C tal que |λ − λ0 | < r0 .
Note que pelo fato de λ0 > 0, podemos escolher r0 suficientemente pequeno de modo que se |λ − λ0 | < r0 ,
tem-se Reλ > 0. Resulta daı́ que se λ ∈ Br0 (λ0 ), (onde Br0 (λ0 ) designa a bola no plano complexo
centrada em (λ0 , 0) e raio r0 > 0) e x ∈ X então (λI − A)−1 x ∈ D(A) e pela Proposição 1.41 temos
ou seja
1
k(λI − A)−1 xk ≤ kxk, para todo x ∈ X e λ ∈ Br0 (λ0 ),
Reλ
o que prova a continuidade da famı́lia de operadores (λI − A)−1 , para todo λ ∈ Br0 (λ0 ). Fica provado,
então, que (λ0 − r0 , λ0 + r0 ) ⊂ ρ(A) ∩ (0, ∞), o que conclui a prova. 2
Re hj(x), S(t)x − xi
= Re hj(x), S(t)xi − Re hj(x), xi
≤ | hj(x), S(t)xi | − kxk2
≤ kj(x)k kS(t)k kxk − kxk2
≤ kxk2 − kxk2 = 0.
- 57 -
1.5 O Teorema de Lumer-Phillips
S(t)x−x
Tomando-se o limite quando t → 0+ , tendo em mente que t → Ax quando t → 0+ , obtemos
Re hj(x), Axi ≤ 0,
Por outro lado, de acordo com o Teorema de Hille-Yosida para contrações (Teorema 1.37) inferimos
(0, ∞) ⊂ ρ(A). Resulta daı́ que R(λ, A) = (λI − A)−1 existe, é contı́nuo, e tem por domı́nio todo o espaço
X, posto que A é fechado , para todo λ > 0, que prova o item (ii).
Reciprocamente, seja A : D(A) ⊂ X → X um operador linear que satisfaz os ı́tens (iii), (iv) e (v)
do teorema em questão. Provaremos que A ∈ G(1, 0). Para isso, lançaremos mão, novamente, do teorema
de Hille-Yosida para contrações. Provaremos, inicialmente, que
A é fechado, (1.5.156)
uma vez que A é densamente definido, por hipótese. Com efeito, de acordo com o item (iv), A é dissipativo
em relação à alguma aplicação dualidade j. Pela Proposição 1.41 vem que
o que prova que {(λI − A)}λ>0 é uma famı́lia de operadores injetivos. Agora de (v) temos que
Im(λ0 I − A) = X,
para algum λ0 > 0. Neste caso particular, resulta que (λ0 I − A) é uma bijeção de D(A) sobre todo o
espaço X. Resulta daı́ que
1
k(λ0 I − A)−1 xk ≤ kxk, para todo x ∈ X,
λ0
ou seja,
−Axν → −y em X e λ0 xν → λ0 x em X quando ν → ∞,
- 58 -
1.5 O Teorema de Lumer-Phillips
ou ainda,
o que mostra que x ∈ D(A). Além disso, desta relação temos também que
(λ0 I − A)x = λ0 x − y,
1
Dado λ > 0, tem-se λ ∈ ρ(A) e kR(λ, A)k < . (1.5.161)
λ
Λ = (0, ∞) ∩ ρ(A),
que é diferente de vazio uma vez que existe (pelo item (v)) λ0 ∈ ρ(A) tal que λ0 > 0. Pela Proposição
1.42 segue que
Como (λν )ν ⊂ ρ(A), então, de (1.5.156) e da Proposição 1.32, temos, para cada ν ∈ N,
Im(λν I − A) = X. (1.5.165)
Seja y ∈ X, arbitrário. De (1.5.165) resulta que, para cada ν ∈ N, existe xν ∈ D(A) tal que
λν xν − Axν = y.
1 1
kxν k ≤ k(λν I − A)xν k = kyk, (1.5.166)
λν λν
- 59 -
1.5 O Teorema de Lumer-Phillips
1
posto que λν > 0. De (1.5.164) temos que λν é limitada e de (1.5.166) resulta que existe C > 0 tal que
Contudo, como
λν xν − Axν = y e λµ xµ − Axµ = y,
então,
λµ xµ − λν xν = Axµ − Axν ,
e de (1.5.167) deduzimos
De (1.5.164), (1.5.170) e do fato que (1/λν ) é limitada, resulta que (xν )ν é uma sequência de
Cauchy em X. Logo, existe x ∈ X tal que
xν → x em X, quando ν → ∞. (1.5.171)
λν xν → λx em X, quando ν → ∞,
e, consequentemente,
Decorre de (1.5.173) raciocinando conforme fizemos na prova de (1.5.156) que (λI − A)−1 existe
e é contı́nuo (usa-se a Proposição 1.41), isto é, λ ∈ ρ(A), o que prova que λ ∈ Λ e consequentemente
(1.5.163) . De (1.5.162) e (1.5.163) segue que Λ = (0, ∞) e como
- 60 -
1.6 O Teorema de Stone
1
kR(λ, A)k ≤ , para todo λ > 0.
λ
De fato, como (0, ∞) ⊂ ρ(A) tem-se para todo λ > 0 que Im(λI − A) = X e, portanto, da
Proposição 1.41 resulta que
1
kR(λ, A)xk = k(λI − A)−1 xk ≤ kxk, para todo x ∈ X,
λ
o que encerra a prova. 2
Observação 1.44 Em termos de operadores m-dissipativos, o Teorema de Lumer-Phillips pode ser re-
escrito como: Um operador A densamente definido é o gerador infinitesimal de um semigrupo C0 de
contrações se, e somente se, A é m-dissipativo.
1.5.1 Exercı́cios
1.5.1) Sejam A ∈ G(1, 0) e B dissipativo em relação à alguma aplicação dualidade. Se D(A) ⊂ D(B)
e existem constantes a e b onde 0 ≤ a < 1 e b ≥ 0 tais que kBxk ≤ akAxk + bkxk, para todo x ∈ D(A)
prove que A + B ∈ G(1, 0).
1.5.2) Use o exercı́cio 1.5.1 para provar o seguinte resultado: Se A ∈ G(1, 0) e B ∈ L(X) prove que
A + B ∈ G(1, kBk).
Nesta seção apresentaremos uma condição necessária e suficiente para que um operador linear A
seja o gerador infinitesimal de um grupo de classe C0 . Para isto definiremos, a seguir, o que entendemos
por um grupo de operadores limitados. No que segue, X representará um espaço de Banach.
Antes de passarmos ao Teorema de Stone, faremos algumas considerações preliminares que neces-
sitaremos posteriormente. Seja A : D(A) ⊂ X → X um operador linear. Definindo-se
D(A∗ ) = {u∗ ∈ X ′ ; existe v ∗ ∈ X ′ que verifica hu∗ , Aui = hv ∗ , ui , para todo u ∈ D(A)},
- 61 -
1.6 O Teorema de Stone
é bem sabido que se D(A) é denso em X, então, o v ∗ que corresponde ao u∗ é único, o que nos permite
defninir o operador adjunto A∗ pondo-se:
A∗ : D(A∗ ) ⊂ X ′ → X ′
u∗ 7→ A∗ u∗ = v ∗ .
(A1) A∗ é claramente linear, bem como é fechado. Uma demonstração pode ser encontrada em [22,
Proposição 2.45].
(i) D(A) = X.
(ii) A é contı́nuo.
(1.6.174)
(iii) D(A∗ ) = X ′ .
(iv) A∗ é contı́nuo.
Uma demonstração deste fato pode ser encontrada em [14, Théorème II.21].
Lema 1.47 Seja T : D(T ) ⊂ X → X um operador linear bijetivo cujo domı́nio D(T ) é denso em X. Se
T −1 é fechado, então existe (T ∗ )−1 e (T ∗ )−1 = (T −1 )∗ .
Demonstração: Como D(T ) = X, então T ∗ está bem definido. Por outro lado, como T bijetivo segue
que T −1 existe e D(T −1 ) = X. Portanto, (T −1 )∗ também está bem definido. Além disso, como T −1 é
fechado temos por (1.6.174)(iv) que D((T −1 )∗ ) = X ′ . Seja u∗ ∈ D(T ∗ ) e u ∈ X. Então, da definição de
operador adjunto, em particular, para v = T ∗ u∗ , temos
(T −1 )∗ T ∗ u∗ , u = T ∗ u∗ , T −1 u
= u∗ , T (T −1 u) = hu∗ , ui .
(T −1 )∗ u∗ , T u = u∗ , T −1 (T u) = hu∗ , ui ,
- 62 -
1.6 O Teorema de Stone
Proposição 1.48 Seja X um espaço de Banach reflexivo e S um semigrupo de classe C0 com gerador
∗
infinitesimal A. Então, definindo-se S ∗ : R+ → L(X ′ ) por S ∗ (t) = [S(t)] , para todo t ∈ R+ , temos que
S ∗ é um semigrupo de classe C0 cujo gerador infinitesimal é A∗ .
Demonstração: Observemos, inicialmente, que S ∗ está bem definido pois, como para t ∈ R+ , S(t) ∈
L(X) e D(S(t)) = X, então, por (1.6.174) (iv) temos que [S(t)]∗ ∈ L(X ′ ). Além disso, sendo X um
espaço de Banach reflexivo e A fechado e densamente definido, temos de (A1) e (A2) que A∗ é fechado
e densamente definido. Nosso intuito é usar o Teorema de Hille-Yosida para o operador A∗ e, portanto,
resta-nos mostrar que existem M, ω ∈ R tais que se λ > ω, então λ ∈ ρ(A∗ ) e kR(λ, A∗ )n k ≤ (λ−ω)
M
n,
para todo n ∈ N. Com efeito, temos que se λ ∈ ρ(A) então λ ∈ ρ(A∗ ), pois se λ ∈ ρ(A) então (λI − A)−1
existe como também (λI − A)−1 ∈ L(X). Pelo Lema 1.47 temos que [(λI − A)∗ ]−1 existe e, além disso,
que
De (1.6.174) ((iv)) segue que [(λI − A)−1 ]∗ ∈ L(X ′ ) e D{[(λI − A)−1 ]∗ } = X ′ posto que D(λI −
−1
A) = X. Logo, [(λI − A)∗ ]−1 ∈ L(X ′ ) e D{[(λI − A)∗ ]−1 } = X ′ . Além disso,
(λI − A)∗ = λI − A∗ ,
M
kR(λ, A)n k ≤ , para todo n ∈ N.
(λ − ω)n
Assim, para o M e ω dados acima, seja λ > ω. Como λ ∈ ρ(A), então λ ∈ ρ(A∗ ) (pois λ ∈ R) e,
além disso, do fato que
(λI − A∗ )−1 = [(λI − A)∗ ]−1 = [(λI − A)−1 ]∗ ( note que λ ∈ R),
(ii) Existem M e ω constantes reais tais que se λ > ω então λ ∈ ρ(A∗ ) e, além disso, kR(λ, A∗ )n k ≤
M
(λ−ω)n .
R(λ,A∗ )−λI) ∗
T (t)x∗ = lim et(λ x , para todo x∗ ∈ X ′ .
2
λ→∞
Sendo Bλ := λ2 R(λ, A) − λI, então, Bλ∗ = (λ2 R(λ, A) − λI)∗ = λ2 R(λ, A∗ ) − λI. Logo,
∗
T (t)x∗ = lim etBλ x∗ , para todo x∗ ∈ X ′ . (1.6.178)
λ→∞
- 63 -
1.6 O Teorema de Stone
Lembremos que Bλ ∈ L(X) e, portanto, de (1.6.174) ((iv)) resulta que Bλ∗ ∈ L(X ′ ).
Afirmamos que:
Logo, para t ≥ 0
X
n
(tBλ )i
Tλ,n (t) = → Sλ (t) = etBλ quando n → ∞,
i=0
i!
X
n
(tB ∗ )i ∗
∗
Tλ,n (t) = λ
→ Tλ (t) = etBλ quando n → ∞. (1.6.181)
i=0
i!
Como
∗
Tλ (t) = etBλ → T (t) quando λ → ∞
e
[Sλ (t)]∗ → [S(t)]∗ quando λ → ∞
segue, por unicidade de limite que [S(t)]∗ = T (t), t ≥ 0. 2
Proposição 1.49 Para que um operador linear A de um espaço de Banach X seja o gerador infinitesimal
de um grupo S de classe C0 é necessário e suficiente que A e −A sejam geradores infinitesimais de
semigrupos de classe C0 .
onde
ln kS+ (t)k
Bλ = λ2 R(λ, A) − λI, λ > ω > ω0 = lim ,
t→∞ t
ln kS− (t)k
B˜λ = λ2 R(λ, −A) − λI, λ > ω > ω˜0 = lim ,
t→∞ t
são as aproximações de Yosida de A e −A, respectivamente. Agora, em virtude de R(λ, A) comutar com
- 64 -
1.6 O Teorema de Stone
˜
Fixado µ nas condições acima, resulta de (1.6.182) e do fato que etBµ ∈ L(X), na situação limite
quando λ → ∞, que
˜ ˜
S+ (t)etBµ x = etBµ S+ (t)x.
Tomando, agora, o limite quando µ → ∞ na última identidade e observando que S+ (t) ∈ L(X),
obtemos
Definindo
resulta imediatamente que T é um semigrupo de classe C0 uma vez que S+ e S− o são e verificam
(1.6.183). Designando por B o gerador infinitesimal de T , afirmamos que:
T (h)x − x
lim = −Ax + Ax = 0,
h→0+ h
o que prova (1.6.185). Consideremos, agora, x ∈ D(B). Como D(A) é denso em X, existe (xν )ν ⊂ D(A)
tal que xν → x em X. Mas, de (1.6.185) resulta que Bxν = 0, para todo ν ∈ N, e, portanto, Bxν → 0
quando ν → ∞. Sendo B fechado, inferimos que Bx = 0, ou seja,
e
Z t
T (t)x − x = B T (s)x ds. (1.6.188)
0
- 65 -
1.6 O Teorema de Stone
Definamos (
S+ (t), t ≥ 0
S(t) = (1.6.192)
S− (−t), t < 0.
Provaremos, a seguir, que S é um grupo de classe C0 que tem A por gerador infinitesimal. De fato,
é evidente que
S(0) = I, (1.6.193)
(i) t, s ≥ 0 (trivial).
S(t + s) = S+ (t + s)
= S+ (t + s)S+ (−s)[S+ (−s)]−1
= S+ (t)S− (−s) = S(t)S(s).
Os demais casos são análogos ao item (iii). No que segue, provaremos que A é o gerador infinitesimal
de S. Com efeito, designando por à o gerador infinitesial de S, temos, para todo x ∈ D(A),
S(h)x − x S+ (h)x − x
lim = lim = Ax,
h→0+ h h
h→0+
S(h)x − x S− (−h)x − x
lim = lim
h→0− h h→0− h
S− (−h)x − x
= − lim = −(−Ax) = Ax,
h→0− −h
- 66 -
1.6 O Teorema de Stone
S+ (h)x − x S(h)x − x
lim = lim = Ãx,
h→0+ h h→0+ h
Proposição 1.50 Seja X um espaço de Banach e consideremos S um semigrupo de classe C0 . Se, para
algum t0 > 0 existe S(t0 )−1 e S(t0 )−1 ∈ L(X), então, existe S(t)−1 , para todo t ≥ 0 e S(t)−1 ∈ L(X).
Demonstração: Suponhamos que exista t0 > 0 tal que S(t0 )−1 existe e S(t0 )−1 ∈ L(X). Então S(t0 ) é
bijetor e contı́nuo. Logo, para cada n ∈ N, [S(t0 )]n é bijetor e contı́nuo, mas como
resulta que S(nt0 ) é bijetor e contı́nuo. Consideremos, agora, t > 0. Logo, existe n ∈ N tal que nt0 > t.
Seja x ∈ X e tal que S(t)x = 0. Logo,
e pela injetividade de S(nt0 ) resulta que x = 0, ou seja, N (S(t)) ⊂ {0}, o que prova a injetividade de
S(t) para todo t ≥ 0 ( o caso t = 0 é trivial). Além disso, pela sobrejetividade de S(nt0 ) temos
Assim, S(t)Y = X, onde Y = S(nt0 − t)X, ou seja, X ⊂ S(t)X ⊂ X, o que prova que S(t)X = X
e, portanto, temos a sobrejetividade de S(t) para todo t ≥ 0. Assim, S(t) é bijetivo para todo t ≥ 0, e,
portanto, inversı́vel, para todo t ≥ 0. Além disso, pelo fato de S(t) ∈ L(X), para todo t ≥ 0, resulta que
Resta-nos provar que y = S(t)−1 x. De fato, pela sobrejetividade de S(t) temos que para cada
n ∈ N, xn = S(t)yn e, assim, de (1.6.198) inferimos
e pela unicidade do limite de (1.6.199) e (1.6.200) resulta que S(t)y = x, ou seja, y = S(t)−1 x, o que
prova (1.6.197). Mais ainda, que S(t)−1 ∈ L(X), para todo t ≥ 0, o que conclui a prova. 2
- 67 -
1.6 O Teorema de Stone
Proposição 1.51 Sejam X um espaço de Banach e S um semigrupo de classe C0 com gerador infinite-
simal A. Se para algum t0 > 0 existe S(t0 )−1 e S(t0 )−1 ∈ L(X), então A é o gerador infinitesimal de
um grupo de classe C0 .
T : R+ → L(X) (1.6.201)
−1
t 7→ T (t) = [S(t)] .
Provaremos, a seguir, que a aplicação (1.6.201) é um semigrupo de classe C0 cujo gerador infinite-
simal é −A. Com efeito,
Seja x ∈ X e r > 1. Como S(t) é inversı́vel e S(t)−1 ∈ L(X) para todo t ≥ 0, temos que S(t) é
bijetivo para todo t ≥ 0. Portanto, S(t)X = X, para todo t ≥ 0 e, consequentemente, existe y ∈ X tal
que S(r)y = x. Seja 0 < h < 1. Então,
e, desta forma,
ou seja,
e, portanto,
o que prova o item (iii) e, consequentemente que a aplicação definida em (1.6.201) é um semigrupo de
classe C0 . Resta-nos provar que −A é o gerador infinitesimal de T . De fato, seja B o gerador infinitesimal
- 68 -
1.6 O Teorema de Stone
T (h)x − x [S(h)]−1 x − x
=
h h
[S(h)]−1 x − [S(h)]−1 S(h)x
=
h
−1 x − S(h)x
= [S(h)]
h
S(h)x − x
= −[S(h)]−1
h
S(h)x − x
= −T (h) .
h
S(h)x − x
→ Ax, quando h → 0+ ,
h
segue que
S(h)x − x
kT (h)k − Ax → 0 quando h → 0+ . (1.6.203)
h
T (h)x − x
+ Ax → 0 quando h → 0+ .
h
T (h)x−x
Esta última convergência nos mostra que se x ∈ D(A) então o limite lim h existe e é igual
h→0+
a −Ax, ou seja,
- 69 -
1.6 O Teorema de Stone
S(h)x − x T (h)x − x
lim + Bx = lim −S(h) + Bx
h→0+ h h→0+ h
T (h)x − x
= lim −S(h) − Bx + Bx + Bx
h→0+ h
T (h)x − x
= lim −S(h) − Bx − S(h)Bx + Bx
h→0+ h
T (h)x − x
≤ lim k S(h)x kL(X) − Bx + k S(h)Bx − Bx k
h→0+ h
T (h)x − x
= lim k S(h)x kL(X) − Bx + lim k S(h)Bx − Bx k
h→0+ h h→0+
= 0,
T (h)x − x
pois k S(h) k é limitada em intervalos limitados e o lim existe. Assim, concluı́mos que o
h→0+ h
S(h)x − x
lim existe e, portanto,
h→0+ h
De (1.6.205) e (1.6.206) concluı́mos que D(A) = D(B) e Bx = −Ax, para todo x ∈ D(B), ou seja,
B = −A. Portanto, −A é o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0 , o que conclui a prova. 2
Observação 1.52 Satisfeitas as hipóteses da Proposição 1.51, ou seja, sendo X um espaço de Banach,
S um semigrupo de classe C0 cujo gerador infinitesimal é A e S(t0 )−1 ∈ L(X), para algum t0 > 0, então
−A gera um semigrupo de classe C0
T : R+ → L(X) (1.6.207)
−1
t 7→ T (t) = (S(t)) .
Demonstração: Da demonstração da Proposição 1.49 temos que A é o gerador infinitesimal dos semi-
grupos S1,+ e S2,+ e −A é o gerador infinitesimal dos semigrupos S1,− e S2,− . Porém pelo exercı́cio 1.3.1
temos a unicidade do semigrupo gerado por um operador. Logo,
ou seja, S1 (t) = S2 (t) bem como S1 (−t) = S2 (−t), para todo t ≥ 0, pois Si,+ (t) = Si (t) e Si,− (t) = Si (−t),
para todo t ≥ 0 e i = 1, 2. Seja, então, t ∈ R. Se t ≥ 0 resulta que S1 (t) = S2 (t) e se t < 0 então t = −ξ,
para algum ξ > 0 e daı́ S1 (−ξ) = S2 (−ξ), ou seja, S1 (t) = S2 (t), o que implica S1 = S2 . 2
Definição 1.54 Dizemos que um operador T ∈ L(H), onde H é um espaço de Hilbert, é unitário se T
é inversı́vel e T ∗ = T −1 .
- 70 -
1.6 O Teorema de Stone
Observação 1.55 Notemos que se D(T ) = H e T é contı́nuo então existe T ∗ e T ∗ ∈ L(H). Além disso,
se T é unitário, T −1 = T ∗ ∈ L(H). Mais ainda,
kT xk2 = (T x, T x)
= (x, T ∗ T x)
= (x, T −1 T x) = kxk2 ,
isto é,
Logo, os operadores unitários são isometrias. Também, como x = T T −1 x de (1.6.209) resulta que
kxk = kT T −1 xk = kT −1 xk,
e, portanto,
ou ainda,
Definição 1.56 Dizemos que um grupo S de operadores lineares e limitados de um espaço de Hilbert H
é um grupo unitário se, para cada t ≥ 0, S(t) é um operador unitário, isto é, S(t)∗ = S(t)−1 , para todo
t ≥ 0.
∗
S+ (h) = (S+ (h))∗ = (S(h))∗ = (S(h))−1 = S(−h) = S− (h),
Provemos a suficiência. Para tal seja A um operador linear de H tal que A∗ existe e verifique a
condição
A∗ = −A. (1.6.213)
- 71 -
1.6 O Teorema de Stone
donde
o que prova (1.6.214) e, portanto fica provado que A e −A são dissipativos em relação à aplicação dualidade
j = I. Resta-nos provar que existe λ0 > 0 tal que Im(λ0 I ± A) = H. Com efeito, seja x ∈ D(A). Temos,
o que implica
Conforme sabemos A∗ é um operador fechado. Resulta de (1.6.213) que ±A são igualmente fechados
e, por conseguinte, (I ± A) também o são. Afirmamos que:
yν → y em H quando ν → ∞. (1.6.217)
yν = (I + A)xν e yν = (I − A)ων .
De (1.6.217) vem que a expressão à direita da última desigualdade converge para zero quando
ν, µ → ∞. Logo, (xν )ν é uma sequência de Cauchy em H e portanto existe x ∈ H tal que
xν → x em H quando ν → ∞. (1.6.218)
- 72 -
1.6 O Teorema de Stone
Afirmamos que
Da identidade (1.6.222) resulta que ±y ∈ D(A∗ ) e como D(A) = D(A∗ ) de (1.6.214) e (1.6.222)
resulta, fazendo y = x, que
ou seja, y = 0, o que prova (1.6.221) uma vez que trivialmente 0 ∈ [Im(I + A)]⊥ . Resulta de (1.6.220) e
(1.6.221) que
Resta-nos mostrar que S é um grupo unitário. Com efeito, como A∗ é o gerador infinitesimal de
∗
S+ (t), para todo t ≥ 0, onde
∗
S+ (t) = (S+ (t))∗ , ∀t ≥ 0, (1.6.224)
∗
S+ (t) = S− (t), ∀t ≥ 0. (1.6.225)
Porém como
- 73 -
1.6 O Teorema de Stone
obtemos
(S(t))−1 = S(−t), ∀t ∈ R,
(S(t))∗ = (S(t))−1 , ∀t ≥ 0,
1.6.1 Exercı́cios
onde
log kS+ (t)k log kS− (t)k
ω0 = lim e ω̃0 = lim .
t→+∞ t t→+∞ t
1.6.2) Prove que para que A seja o gerador infinitesimal de um grupo de classe C0 é necessário e
suficiente que A seja fechado, densamente definido e existam números reais ω e M tais que se λ ∈ R e
|λ| > ω então λ ∈ ρ(A) e
M
kR(λ, A)n k ≤ .
(|λ| − ω)n
1.6.3) Seja A o gerador infinitesimal de uma semigrupo de classe C0 satisfazendo kT (t)k ≤ M eωt .
Mostre que ∀λ ∈ C tal que Reλ > ω, λ ∈ ρ(A) e
M
kR(λ; A)n k ≤ ; n = 1, 2, 3, ...
(Reλ − ω)n
Solução:
Z +∞
Definamos R(λ)x = e−λt T (t)xdt. Como kT (t)k ≤ M eωt , R(λ) está bem definido ∀λ tal que
0
Reλ > ω. Usando argumentos semelhantes aos utilizados na demonstração do Teorema de Hille-Yosida
decorre que: R(λ) = R(λ, A) ⇒ λ ∈ ρ(A). Donde, se Reλ > ω então,
Z +∞ Z +∞
d d −λt
R(λ, A)x = e T (t)xdt = te−λt T (t)xdt
dλ dλ 0 0
- 74 -
1.6 O Teorema de Stone
Por outro lado, R(λ, A) − R(µ, A) = (µ − λ)R(λ, A)R(µ, A) e do fato que para λ ∈ ρ(A), λ 7→ R(λ, A) é
holomorfa e portanto,
d
R(λ, A)x = −R(λ, A)2 (1.6.228)
dλ
Novamente, por indução, temos:
dn
R(λ, A)x = (−1)n n!R(λ, A)n+1 . (1.6.229)
dλn
De (1.6.227) e (1.6.229) obtemos:
Z +∞
1
R(λ, A) n+1
x= tn e−λt T (t)xdt.
n! 0
Assim Z +∞
M M
kR(λ; A)n k ≤ tn−1 e(ω−Reλ)t kxkdt = kxk
(n − 1)! 0 (ω − Reλ)n
(sugestão: Escolha γ > r > kBk e considere Cr o cı́rculo de raio r centrado na origem. Observe que para
|λ| > r tem-se
∞
X Bk
R(λ; B) = .
λk+1
k=0
Multiplique a última identidade por (1/2πi)eλt , integre sobre Cr e conclua aplicando o Teorema de
Cauchy.)
(sugestão: Multiplique a identidade acima por λI − Aµ e use a comutatividade de A e seu resolvente para
concluir o desejado. Para provar a desigualdade note que Aµ é o gerador infinitesimal de etAµ e use o
Corlolário 1.36).
(ii) Para Reλ > ε + ωµ/(µ − ω) e µ > 2ω, existe uma constante C, dependente somente de M e ε
- 75 -
1.7 Semigrupos Diferenciáveis
C
kR(λ; Aµ )xk ≤ (kxk + kAxk).
|λ|
1.6.6) Seja A como no exercı́cio 1.6.4, λ = γ + iη onde γ > ω + ε é fixado. Prove que para todo
x ∈ X, temos
e para todo Y > 0, o limite é uniforme em η para |η| ≤ Y. (sugestão: Tome ν = µλ/(µ + λ). Use o item
(i) do exercı́cio 1.6.5 de modo a concluir que R(λ; Aµ ) − R(λ; A) = (µ + λ)−1 A2 R(ν; A)R(λ; A). Para
γ > ω + ε use o Teorema de Hille-Yosida para concluir que kR(λ; A)k ≤ M ε−1 . A partir daı́ conclua o
desejado incialmente para elementos de D(A2 ) e por densidade para todo x ∈ X.)
1.6.7) Seja A o gerador infinitesimal de um semigrupo T (t) de classe C0 verificando kT (t)k ≤ M eωt
and considere γ > max(0, ω). Se x ∈ D(A), prove que
Z t Z γ+i∞
1 dλ
T (s)x ds = eλt R(λ; A)x ,
0 2πi γ−i∞ λ
1.6.8) Seja A o gerador infinitesimal de um semigrupo T (t) de classe C0 verificando kT (t)k ≤ M eωt .
Considere γ > max(0, ω). Se x ∈ D(A2 ) prove que
Z γ+i∞
1
T (t)x = eλt R(λ; A)x dλ.
2πi γ−i∞
- 76 -
1.7 Semigrupos Diferenciáveis
d
S(t)x = AS(t)x.
dt
(iii) Para todo t > nt0 , n = 1, 2, · · · , temos S(t) : X → D(An ) e definindo S (n) por S (n) (t) = An ◦ S(t),
dn
temos que S (n) é um operador linear e contı́nuo, S (n) (t)x = dt n S(t)x para todo x ∈ X e a aplicação
Demonstração:
(i) Notemos inicialmente que pelo fato de S(t)X ⊂ D(A) fica bem definida a composição A ◦ S(t)
para t > t0 . Sendo o operador S(t) limitado e A fechado (veja Proposição 1.31) resulta que A ◦ S(t) é
fechado para t > t0 e pelo Teorema do Gráfico Fechado segue que A ◦ S(t) é contı́nuo para t > t0 .
(ii) Temos, por hipótese, que S(t)x ∈ D(A) para todo t > t0 e para todo x ∈ X. Portanto, seja
x ∈ X. Para todo t > t0 existe o limite
d+
S(t)x = AS(t)x.
dt
O nosso intuito é usar o Lema de Dini (Exercı́cio 1.3.4) e para tal resta-nos provar que AS(·)x é
contı́nua para todo t > t0 . Com efeito, seja t > t0 e tomemos s tal que t > s > t0 . Então, pelo item (i),
AS(s) é um operador limitado e, como
pois S é fortemente contı́nuo. Logo, AS(t)x é contı́nuo para todo t > t0 . Resulta do exposto acima em
vista do Lema de Dini (veja exercı́cio 1.3.4), que S(t)x é continuamente diferenciável para todo t > t0 e,
d
S(t)x = AS(t)x.
dt
(iii) Usaremos indução sobre n para provarmos este item. De fato, do item (i) segue que S (1) (t) =
A ◦ S(t) é contı́nua em x, para t > t0 . Além disso, do item (ii) temos que a aplicação
t 7−→ S(t)x
é diferenciável em t, para todo t > t0 e para todo x ∈ X. Mais ainda, tal aplicação é C 1 (t0 , +∞).
Também,
d
S(t)x = AS(t)x := S (1) (t)x, t > t0 .
dt
- 77 -
1.7 Semigrupos Diferenciáveis
Suponhamos, agora, (iii) verdadeiro para n e provemos para n + 1. Seja t > (n + 1)t0 e tomemos
s > nt0 tal que t − s > t0 . Então,
S (n) (t)x = An S(t)x = An S(t − s)S(s)x = S(t − s)An S(s)x, ∀x ∈ X (veja que S(s)x ∈ D(An )).
Pelo item (ii) segue que o lado direito da igualdade acima é continuamente diferenciável e, portanto,
S(t)x é (n + 1) vezes diferenciável. Além disso,
d (n) d
S (t)x = S(t − s)An S(s)x = AS(t − s)An S(s)x, ∀x ∈ X.
dt dt
d (n)
Como S(t − s)An S(s)x = An S(t)x, decorre que S (t)x = An+1 S(t)x = S (n+1) (t)x. Portanto
dt
dn+1
S (n+1) (t)x = S(t)x, ∀x ∈ X. Também, S (n) (t)x ∈ D(A), ∀t > (n + 1)t0 e como S (n) (t) é um
dtn+1
operador limitado e A é fechado, segue que S (n+1) (t) = AS (n) (t) é fechado. Pelo Teorema do Gráfico
Fechado decorre que S (n+1) (t) : X → D(An+1 ) é contı́nua, o que conclui a prova do item (iii).
(iv) Vamos inicialmente mostrar que para t > t0 o operador S(t) é contı́nuo na topologia uniforme.
Com efeito, como k S(t) kL(X) é limitada em intervalos limitados, então existe M1 ≥ 0 tal que
Z t2
S(t2 )x − S(t1 )x = AS(s)xds
t1
Z t2
= AS(s − t1 )S(t1 )xds
t1
Z t2
= S(s − t1 )AS(t1 )xds.
t1
Logo,
Z t2
k S(t2 )x − S(t1 )x k ≤ k S(s − t1 )AS(t1 )x k ds
t1
Z t2
≤ k S(s − t1 ) kL(X) k AS(t1 )x k ds
t1
Z t2
≤ M1 k AS(t1 )x k ds
t1
Z t2
≤ M1 k AS(t1 ) kL(X) k x k ds
t1
Portanto,
k S(t2 ) − S(t1 ) kL(X) ≤ M1 k AS(t1 ) kL(X) |t2 − t1 |.
Logo, S(t) é contı́nuo na topologia uniforme e temos provado o item (iv) para n=1.
- 78 -
1.7 Semigrupos Diferenciáveis
Também temos para todo t > nt0 e todo s tal que t − t0 > s > (n − 1)t0 , que
De fato, para provarmos esta afirmação usaremos indução sobre n. Sejam t > t0 e t − t0 > s > 0.
Então, t − s > t0 > 0. Logo,
Sejam t > (n + 1)t0 e t − t0 > s > nt0 . Como s > nt0 , então, segue de (1.7.230) que
Agora, vamos a prova do item (iv) no caso geral (temos provado (iv) apenas para n=1). Seja
t > nt0 . Vamos mostrar que S (n−1) (t) é contı́nuo na topologia uniforme. Tome t − t0 > s > (n − 1)t0 .
Daı́, vem que t−s > t0 e assim, se | h |< t−s−t0 , então s+t0 −t < h < t−s−t0 , t+h−t0 > s > (n−1)t0
e t + h > nt0 . Logo, pela afirmação que foi mostrada anteriormente, temos
e
S (n−1) (t + h) = S(t + h − s)S (n−1) (s).
Então,
k S (n−1) (t + h) − S (n−1) (t) kL(X) =k S(t + h − s)S (n−1) (s) − S(t − s)S (n−1) (s) kL(X)
≤k S(t + h − s) − S(t − s) kL(X) k S (n−1) (s) kL(X) −→ 0
- 79 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
quando h −→ 0.
1.7.1 Exercı́cios
1.7.1) Seja T (t) um semigrupo diferenciável de classe C0 e seja A seu gerador infinitesimal. Prove
que:
n n
t t
T n (t) = AT = T′ , n = 1, 2, · · ·
n n
Definição 1.60 Seja ∆ = {z : ϕ1 < arg z < ϕ2 , ϕ1 < 0 < ϕ2 } e para z ∈ ∆ considere T (z) um operador
linear limitado. A famı́lia T (z), z ∈ ∆ é dita um semigrupo analı́tico em ∆ se
(i) z 7→ T (z) é analı́tica em z.
(ii) T (0) = I e lim T (z)x = x para todo x ∈ X.
z∈∆,z→0
(iii) T (z1 + z2 ) = T (z1 )T (z2 ) para z1 , z2 ∈ ∆.
O semigrupo T (t) será dito analı́tico se é analı́tico em algum setor ∆ contendo o eixo real não negativo.
Uma vez que a multiplicação de um semigrupo de classe C0 , T (t) por eωt não afeta a possibilidade
ou impossibilidade de estendê-lo a um semigrupo analı́tico em algum setor ∆, nos restringiremos, ao
caso de semigrupos de classe C0 uniformemente limitados. Os resultados para semigrupos de classe C0
de um modo geral seguem dos resultados correspondentes para semigrupos de classe C0 uniformemente
limitados. Sem perda de generalidade, assumiremos que 0 ∈ ρ(A), onde A é o gerador infinitesimal de
um semigrupo T (t). Isto pode ser sempre considerado bastando multiplicar o semigrupo uniformemente
limitado T (t) por e−εt , para ε > 0, e satisfazendo a Proposição 1.33.
Para algum 0 < δ < π/2, ρ(A) ⊃ Σδ = {λ : |argλ| < π/2 + δ} ∪ {0}. (1.8.231)
Existe uma constante M tal que
M
kR(λ, A)k ≤ , para λ ∈ Σδ , λ 6= 0. (1.8.232)
|λ|
- 80 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Teorema 1.62 Seja A um operador fechado e densamente definido de um espaço de Banach X satisfa-
zendo as condições (1.8.231) e (1.8.232). Então, A é o gerador infinitesimal de um semigrupo S(t) de
classe C0 satisfazendo kS(t)k ≤ C, para alguma constante C. Além disso,
Z
1
S(t) = eλt R(λ, A) dλ,
2πi Γ
onde Γ é uma curva regular em Σδ de ∞e−iθ até ∞eiθ para π/2 < θ < π/2+δ. A integral acima converge
para t > 0 na topologia uniforme.
Antes de passarmos a prova do Teorema 1.62 precisamos de alguns resultados auxiliares que pas-
samos a considerar. Seja 0 < δ < π2 e A satisfazendo as condições (1.8.231) e (1.8.232). Note que para
0 < δ ′ < δ, (1.8.231) e (1.8.232) também são satisfeitas. Para cada r > 0 e 0 < δ ′ < δ, definamos a
famı́lia de operadores (S(t))t≥0 dados por
Z
1 etλ R(λ, A) dλ, t > 0,
S(t) = 2πi γ(r,δ′ ) (1.8.233)
I , t = 0,
onde γ(r, δ ′ ) = γ1 (r, δ ′ ) ∪ γ2 (r, δ ′ ) ∪ γ3 (r, δ ′ ) é a curva C 1 por partes definida por
′
γ1 (r, δ ′ ) = {ρei(π/2+δ ) ; ρ ∈ [r, +∞)},
π π
γ2 (r, δ ′ ) = {reiβ ; − − δ ′ ≤ β ≤ + δ ′ }, (1.8.234)
2 2
′ −i(π/2+δ ′ )
γ3 (r, δ ) = {−ρe ; ρ ∈ [r, +∞)},
Figura 1.1:
Lema 1.63 Se A verifica (1.8.231) e (1.8.232), então, o operador S(t) dado em (1.8.233) está bem
definido e é independente de r > 0 e de 0 < δ ′ < δ.
Demonstração: Sejam t > 0, r > 0 e δ ′ > 0 tal que 0 < δ ′ < δ e 0 < δ < π2 . Vejamos inicialmente a
convergência da integral em (1.8.233) sobre a curva γ(r, δ) . Se λ ∈ γ1 (r, δ), então λ = ρeiθ , com θ = π2 +δ
e ρ ∈ [r, +∞). Consideremos η = arg λ. Definindo,
e, fazendo,
- 81 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Sendo π/2 < η < 3π/2, existe uma constante positiva C tal que cos η = −C. Logo,
Z ∞ Z ∞
e−ρtC 1 1 −rCt
dρ ≤ e−ρtC dρ = e . (1.8.236)
r ρ r r rCt
−rCt
onde C1 = M e rCt , para t > 0.
Assim, de (1.8.237), (1.8.238) e (1.8.239) a integral definida em (1.8.233) converge em L(X), para
cada t > 0.
- 82 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
onde,
′
Γ1 (ρ, r, δ ′ ) = {sei(π/2+δ ) ; s ∈ [r, ρ]},
Γ2 (ρ, r, δ ′ ) = {reiν ; −π/2 − δ ′ ≤ ν ≤ π/2 + δ ′ }
′
Γ3 (ρ, r, δ ′ ) = {se−i(π/2+δ ) ; s ∈ [r, ρ]},
′
Λ1 (ρ, r′ , m′ ) = {sei(π/2+m ) ; s ∈ [r′ , ρ]},
Λ2 (ρ, r′ , m′ ) = {r′ eiν ; −π/2 − m′ ≤ ν ≤ π/2 + m′ }
′
′ ′
Λ3 (ρ, r , m ) = {sei(π/2+m ) ; s ∈ [r′ , ρ]},
Rρ = {ρeiη : η ∈ (π/2 + m′ , π/2 + δ ′ )}
Sρ = {ρeiη : η ∈ (−π/2 + δ ′ , −π/2 + m′ )}.
Figura 1.2:
ou seja,
Z Z Z Z
eλt R(λ, A) dλ + eλt R(λ, A) dλ + eλt R(λ, A) dλ + eλt R(λ, A) dλ = 0. (1.8.240)
Γ Λ Rρ Sρ
Além disso, as integrais sobre os dois arcos Rρ , Sρ tendem para zero quando ρ → ∞, pois se λ ∈ Rρ
temos λ = ρeiη com −K0 ≤ cos η = −K, onde K0 e K são constantes positivas. Neste caso,
Z Z π/2+δ ′
eλt R(λ, A) dλ ≤ M e−ρK dη = K1 e−ρK → 0, quando ρ → ∞,
Rρ π/2+m′
Proposição 1.64 Assumamos que A verifica (1.8.231) e (1.8.232). Se {S(t)}t≥0 é a famı́lia de opera-
dores definida em (1.8.233) então as seguintes propriedades são verificadas:
- 83 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
(i) O operador S(t), t > 0, é linear e contı́nuo em X. Existe C > 0 tal que kS(t)k ≤ C, para todo
t ≥ 0.
(ii) S(0) = I.
Demonstração:
temos
Z
dξ
eξ R(ξ/t, A)
γ1 (r,δ ′ ) t
Z ∞
≤ kf (ϕ(ρ) + iφ(ρ))[ϕ′ (ρ) + iφ′ (ρ)]k dρ
Z r
∞
iη
≤ keρe R(ρeiη /t, A)eiη /tk dρ
r
Z ∞ Z ∞
iη M t |eiη | dρ
≤ |eρe | iη dρ = M eρ cos η .
r |ρe | t r ρ
Sendo π
2 <η< 3π
2 , existe uma constante C > 0 tal que cos η = −C, logo,
Z ∞ Z ∞
dρ M M −rC
M eρ cos η ≤ e−Cρ dρ = e .
r ρ r r rC
Assim,
Z Z ∞
dξ dρ M −rC
eξ R(ξ/t, A) ≤M eρ cos η ≤ e := C2 . (1.8.242)
γ1 (r,δ ′ ) t r ρ rC
- 84 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Z
dξ
eξ R(ξ/t, A) (1.8.244)
γ2 (r,δ ′ ) t
Z δ′ + π
2 iν 1
≤ kere R(reiν /t, A)ireiν kdν
−δ ′ − π
2
t
Z δ′ + π
2 iν M 1
≤ |ere | t|ireiν | dν
−δ ′ − π
2
|re |
iν t
Z δ′ + π
2
≤ er cos ν dν ≤ C3 ,
−δ ′ − π
2
onde C3 independe de t.
(iii) Sejam t1 , t2 > 0, γ(r, δ), γ(r + c, δ ′ ), c > 0, com δ ′ < δ e π2 < δ ′ , δ < π, curvas de classe C 1 por
partes definidas como em (1.8.234). Para µ ∈ γ(r, δ), λ ∈ γ(r + c, δ ′ ), definamos
eµt1
f (µ) = e g(λ) = eλt2 .
λ−µ
Υ = Υ(r + c, δ) = ∪3l=1 Υl (r + c, δ)
- 85 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Figura 1.3:
′
Υ1 (r + c, δ ′ ) = {sei(π/2+δ ) ; s ∈ [r + c, ρ]},
Υ2 (r + c, δ ′ ) = {ρeiν ; −π/2 − δ ′ ≤ ν ≤ π/2 + δ ′ },
′
Υ3 (r + c, δ ′ ) = {−se−i(π/2+δ ) ; s ∈ [−ρ, −(r + c)]},
Λρ,δ′ = {ρeiθ ; θ ∈ (π/2 + δ ′ , 3π/2 − δ ′ )};
Figura 1.4:
Observe que f (·) é analı́tica em Ξ e g(·) é analı́tica em Θ. Assim, pelo Teorema de Cauchy,
Z
f (µ) dµ = 0,
∂Ξ
ou seja,
Z Z
f (µ) dµ + f (µ) dµ = 0. (1.8.245)
Γ Λρ,δ
ρ 1
= → 1, quando ρ → ∞.
ρ − |λ| 1 − |λ|
ρ
- 86 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
ρ
Logo ∃M > 0 tal que ≤ M , para ρ suficientemente grande e, portanto,
ρ − |λ|
Z Z iη Z
3π/2−δ
|et1 ρe | 3π/2−δ
f (µ) dµ ≤ |ρi| dη ≤ M eρt1 cos η dη
Λρ,δ π/2+δ ρ − |λ| π/2+δ
Logo,
Z
f (µ) dµ → 0, quando ρ → ∞. (1.8.246)
Λρ,δ
Assim,
Z
1 eλt2
dλ = eµt2 , para todo µ ∈ γ(r, δ). (1.8.249)
2πi γ(r+c,δ ′ ) λ−µ
Usando a identidade
R(µ, A) − R(λ, A)
R(µ, A)R(λ, A) = ,
λ−µ
segue que
2 Z Z
1 R(µ, A) − R(λ, A)
S(t1 )S(t2 ) = eµt1 eλt2 dλdµ
2πi ′
γ(r,δ) γ(r+c,δ ) λ−µ
Z Z !
1 µt1 1 eλt2
= e R(µ, A) dλ dµ
2πi γ(r,δ) 2πi γ(r+c,δ′ ) λ − µ
Z Z !
1 1 eµt1
− λt2
e R(λ, A) dµ dλ.
2πi γ(r+c,δ′ ) 2πi γ(r,δ) λ − µ
- 87 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Figura 1.5:
Usando a identidade R(λ, A)Ax = λR(λ, A)x − x ∀x ∈ D(A) (veja (1.4.101)), obtemos
Z
1 1
S(t)x − x = e tλ
R(λ, A) − x dλ
2πi γ( r,δ) λ
Z
1 etλ
= R(λ, A)Ax dλ. (1.8.250)
2πi γ( r,δ) λ
- 88 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Z
1 etλ
S(t)x − x = R(λ, A)Ax dλ.
2πi γ( r,δ) λ
etλ
Vamos estimar a igualdade acima. Seja ft (λ) = R(λ, A)Ax um net de funções. Queremos
λ
aplicar o Teorema da Convergência Dominada de Lesbegue (veja [90, pag. 1015]) para {ft (λ)}t>0 . Para
isso, verifiquemos as hipóteses do Teorema mencionado.
Note que
Afirmação: Existe δ̄ > 0 tal que etRe(λ) ≤ et + 1, para todo t ∈ (0, δ̄).
(ii) Se a > 1, defina f (t) = (1 + et ) − eat . Sabemos, de análise na reta, que se f (x0 ) > 0 e f é contı́nua,
existe δ > 0 tal que f (x) > 0, para todo x ∈ (x0 − δ, x0 + δ). Logo, para a f definida, tomando
x0 = 0, temos que existe δ̄ > 0 tal que f (t) > 0, para todo t ∈ (0, δ̄). Isto é, para todo t ∈ (0, δ̄),
temos que eta ≤ et + 1, como querı́amos.
Então,
et Re(λ) et + 1 eδ̄ + 1 K
M ||Ax|| ≤ M ||Ax|| < M ||Ax|| = := g(λ), (1.8.252)
|λ| 2 |λ| 2 |λ|2 |λ|2
em que a constante K é dada por (eδ̄ + 1)M ||Ax||. De (1.8.251) e (1.8.252) temos que o net de funções
{ft (λ)}t>0 é dominado (para cada t > 0) pela função g(λ) definida. Mostremos agora que g(λ) é
integrável sobre γ(r, δ). De fato,
Z Z Z Z !
K 1 1 1
dλ = K dλ + dλ + dλ
γ(r,δ) |λ| γ1 (r,δ) |λ| γ2 (r,δ) |λ| γ3 (r,δ) |λ|
2 2 2 2
Z ρ Z π2 +δ Z −r !
i( π ) 1 i −i( π
) 1
=K e 2 +δ
lim ds + e dν − ie 2
iν +δ
lim ds
ρ→+∞ r s2 r − π2 −δ ρ→+∞ −ρ s2
i( π +δ ) 1 1 1 i( π2 +δ) i(− π −δ )
−i( π +δ ) 1 1
=K e 2 lim − + + e −e 2 − ie 2 lim −
ρ→+∞ ρ r r ρ→+∞ r ρ
1 i( π2 +δ) i i( π2 +δ) i i(− π2 −δ) i −i( π2 +δ)
=K e + e − e − e .
r r r r
etλ 1
lim+ ft (λ) = lim+ R(λ, A)Ax = R(λ, A)Ax.
t→0 t→0 λ λ
- 89 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
que
Z
1 etλ
lim S(t)x − x = lim R(λ, A)Axdλ
t→0+ 2πi t→0+ γ(r,δ) λ
Z
1 etλ
= lim R(λ, A)Axdλ
2πi γ(r,δ) t→0+ λ
Z
1 1
= R(λ, A)Axdλ (1.8.253)
2πi γ(r,δ) λ
Resta mostrar que a integral dada em (1.8.253) tende a zero. Afim de utilizarmos o Teorema de Cauchy-
Goursat, considere a curva fechada Γ̄ ∪ Λ̄ρ,δ em que Γ̄ = ∪3i=1 Γ̄i e Λ̄ρ,δ = ρe−iθ ; − π2 − δ ≤ θ ≤ π2 + δ ,
conforme a figura abaixo.
Figura 1.6:
Segue daı́ que λ1 R(λ, A)Ax é analı́tica em toda região R delimitada por Γ̄ ∪ Λ̄ρ,δ . Assim, pelo
Teorema de Cauchy-Goursat, Z
1
R(λ, A)Axdλ = 0,
Γ̄∪Λ̄ρ,δ λ
isto é,
Z Z
1 1
R(λ, A)Axdλ + R(λ, A)Axdλ = 0. (1.8.254)
Γ̄ λ Λ̄ρ,δ λ
Afirmamos que
Z
1
R(λ, A)Axdλ = 0. (1.8.255)
Λ̄ρ,δ λ
De fato,
Z Z π
2 +δ
1 1
R(λ, A) Ax dλ = R(ρe−iθ , A) Ax (−iρe−iθ ) dθ
Λ̄ρ,δ λ −π
2 −δ
ρe−iθ
Z π
2 +δ
1 M
≤ ||Ax|| | − iρe−iθ | dθ
−π |ρe−iθ | |ρe−iθ |
2 −δ
Z π
M ||Ax|| 2 +δ
≤ dθ
ρ −π2 −δ
M ||Ax||
= (π + 2δ)
ρ
1
= C̃
ρ
- 90 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Até aqui mostramos que lim S(t)x − x = 0, para todo x ∈ D(A). Para concluir a demonstração, basta
t→0+
verificar tal afirmação para todo x ∈ X.
Considere (tn )n∈N uma sequência em R+ com tn → 0 quando n → +∞. Então, pelo que acabamos
de provar,
S(tn )x → S(0)x = x, ∀ x ∈ D(A).
ou seja, dado ε > 0, temos
Assim, para o mesmo ε > 0 dado e y ∈ X, como D(A) é denso em X, garantimos a existência de
y0 ∈ D(A) tal que
Lema 1.65 Seja A o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0 , T (t) satisfazendo kT (t)k ≤
M eωt . Seja γ > max(0, ω). Se x ∈ D(A2 ), então
Z γ+i∞
1
T (t)x = eλt R(λ; A)xdλ,
2πi γ−i∞
- 91 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Demonstração: Seja Z
1 eλt R(λ; A)dλ, se t > 0
U (t) = 2πi γ(r,δ)
I, se t = 0
ln ∥U (t)∥
Seja λ ∈ R+ tal que λ > ω0 = lim t . Por hipótese, A é um operador linear fechado
t→∞
densamente definido em um espaço de Banach X e λ ∈ ρ(A). Com isso, A satisfaz as hipóteses da
Proposição 1.33. Pelo Corolário 1.34, vem que
Z +∞
1
R(λ; A)n+1 x = tn e−λt U (t)xdt.
n! 0
Logo,
Z +∞
1
kR(λ; A) xk
n
= tn−1 e−λt U (t)xdt
(n + 1)! 0
Z +∞
1
≤ C tn−1 e−λt kxkdt
(n + 1)! 0
C
= kxk
λn
C
≤ .
(λ − ω0 )n
Λk = ∪4l=1 Λlk ,
onde
Λ1k = {α : α = λ + is, −k ≤ s ≤ k}
Λ2k = {α : α = s − ik, −k ≤ s ≤ λ}
Λ3k = ∪3i=1 Γi (k, r, δ),
com
√
Γ1 (k, r, δ) = {−sei(π/2+δ) ; s ∈ [−k 2, −r]},
π π
Γ2 (k, r, δ) = {−reiµ ; − − δ ≤ µ ≤ + δ},
2 √2
Γ3 (k, r, δ) = {se−i(π/2+δ) ; s ∈ [r, k 2]}
Λ4k = {α : α = s + ik; s ∈ [−λ, k]}
orientado no sentido anti-horário, conforme figura 1.7. Observe que 0 < θ < 1.
- 92 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Figura 1.7:
Denotemos,
Z Z α+i∞
λt
lim e R(λ, A)x dλ = eλt R(λ, A)x dλ.
k→∞ Λ1k α−i∞
Temos que
Z
lim eλt R(λ, A) dλ = 0, j = 2, 4.
k→∞ Λjk
Note que,
Z Z λ
λt
e R(λ, A)dλ = e(s−ik)t R(s − ik, A)ds.
Λ2k −k
Logo,
Z Z λ
eλt R(λ, A)dλ leq kest−ikt R(s − ik, A)kds
Λ2k −k
Z λ
C
= | cos(kt) − i sin(kt)| ds
−k |s − ik|
Z λ
C
≤ est ds
k −k
λ
C est
=
k t −k
C eλt e−kt
= − → 0.
k t t k→+∞
Z 4 Z
X
λt
Mais além, e R(λ, A)dλ = 0 ou seja, eλt R(λ, A)dλ = 0 e portanto
Λk i=1 Λik
4 Z
X
limk→∞ eλt R(λ, A)dλ = 0, isto é,
i=1 Λik
Z α+i∞ Z
e R(λ, A)dλ −
λt
eλt R(λ, A)dλ = 0.
α−i∞ Γ(r,δ)
Desta forma,
- 93 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Z
1
T (t)x = eλt R(λ, A)x dλ = U (t)x, (1.8.259)
2πi γ(r,δ)
para todo x ∈ D(A2 ). Sendo D(A2 ) denso em X, segue que (1.8.259) é válida para todo x ∈ X, concluindo
o resultado. 2
Teorema 1.66 Seja T (t) um semigrupo de classe C0 uniformemente limitado e consi-deremos A o ge-
rador infinitesimal de T (t) e assuma que 0 ∈ ρ(A). As seguintes asserções são equivalentes:
(a) T (t) pode ser estendido a um semigrupo analı́tico em um setor ∆δ = {z : |arg(z)| < δ} e kT (t)k é
uniformemente limitado em qualquer sub-setor fechado ∆δ′ , δ ′ < δ;
(b) Existe uma constante C tal que para todo σ > 0, τ 6= 0
C
kR(σ + iτ, A)k ≤ ;
|τ |
C
kAT (t)k ≤ .
t
Demonstração:
(a) ⇒ (b)
Por hipótese, existe δ > 0 tal que T (t) pode ser estendido a um semigrupo analı́tico em
Além disso, kT (t)k é uniformemente limitado em qualquer subsetor fechado ∆δ′ ⊂ ∆δ ∪ {0},
0 < δ ′ < δ. Seja 0 < δ ′ < δ fixo. Então, existe M > 0 tal que
Observe que como T (t) é um semigrupo de classe C0 uniformemente limitado, então w0 ≤ 0. Pela
Proposição 1.33 temos, para σ > 0 e τ ∈ R, que σ + iτ ∈ ρ(A), onde A é o gerador infinitesimal de T , e,
ainda,
Z ∞
R(σ + iτ, A)x = e−(σ+iτ )t T (t)x dt, ∀x ∈ X. (1.8.262)
0
Suponhamos inicialmente que τ > 0. Definamos, para cada R > 0, a curva CR de classe C 1 por
- 94 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Figura 1.8:
Sendo a aplicação
z ∈ C 7→ e−(σ+iτ )z ∈ C, (1.8.264)
uma função analı́tica (na verdade, inteira), e T um semigrupo analı́tico em ∆δ segue que a aplicação
também é analı́tica.
Logo,
Z 4 Z
X
−(σ+iτ )z
0= e T (z) dz = e−(σ+iτ )z T (z) dz. (1.8.266)
CR i=1 CR,i
Z Z δ′
−(σ+iτ )z M
|e− R (σ cos ρ+τ sinρ)− R (τ cos ρ−σ sin ρ) | dρ
1 i
e T (z) dz ≤
CR,4 R 0
Z δ′
M M ′
e− R (σ cos ρ+τ sin ρ) dρ ≤
1
= δ,
R 0 R
- 95 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Z
lim e−(σ+iτ )z T (z) dz = 0. (1.8.267)
R→+∞ CR,4
Note que
Z Z 0
−(σ+iτ )z
e−(σ+iτ )Re T (Reiρ )Reiρ dρ
iρ
e T (z)dz =
CR,2 −δ ′
Z 0
= e−(σ+iτ )R(cos(ρ)+i sin(ρ)) T (Reiρ )Reiρ dρ
−δ ′
Z 0
= e−R(σ cos(ρ)−τ sin(ρ)) T (Reiρ )Reiρ dρ
−δ ′
Logo,
≥0
Z Z 0
z }| {
−R(σ cos(ρ) − τ sin(ρ))
e−(σ+iτ )z T (z)dz ≤ RM e dρ
CR,2 −δ ′
A expressão da direita da igualdade acima tende a zero quando R → +∞, pois sin(ρ) ≤ 0. Donde,
Z
lim e−(σ+iτ )z T (z) dz = 0. (1.8.268)
R→+∞ CR,2
Z
lim e−(σ+iτ )z T (z) dz
R→0 CR,1
existe, pois
Z R ′
Z R
−iδ ′
−(σ+iτ )ρe−iδ −iδ ′ −iδ ′ ′
lim e T (ρe )e dρ ≤ lim |e−(σ+iτ )ρe k|T (ρe−iδ )kdρ
R→+∞ 1 R→+∞ 1
R R
Z R
′ ′ M
≤ M lim e−ρ(σ cos δ +τ sin δ ) dρ = < +∞.
R→+∞ 1
R
σ cos δ ′ + τ senδ ′
Portanto, de (1.8.269),
Z
lim e−(σ+iτ )z T (z) dz
R→+∞ CR,3
- 96 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Z ∞ Z R
e−(σ+iτ )ρ T (ρ) dρ = lim e−(σ+iτ )ρ T (ρ) dρ
0 R→+∞ 1/R
Z −1/R
= lim e−(σ+iτ )(−ρ) T (−ρ) dρ
R→+∞ −R
Z
= − lim e−(σ+iτ )z T (z) dz
R→+∞ CR,3
Z
= lim e−(σ+iτ )z T (z) dz
R→+∞ CR,1
Z R
−iδ ′ ′ ′
= lim e−(σ+iτ )ρe T (ρe−iδ )e−iδ dρ
R→+∞ 1/R
Z ∞
−iδ ′ ′ ′
= e−(σ+iτ )ρe T (ρe−iδ )e−iδ dρ. (1.8.270)
0
Agora, supondo τ < 0, consideremos, para cada R > 0, a curva γR de classe C 1 por partes em ∆δ
dada por
′
γR = ∪4i=1 γR,i , onde γR,1 = {−ρeiδ ; ρ ∈ [−R, −1/R]}, (1.8.274)
′
γR,2 = {Re ; ρ ∈ [0, δ ]},
iρ
- 97 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Figura 1.9:
Além disso, procedendo como no caso anterior (τ > 0), deduzimos que
Z
lim e−(σ+iτ )z T (z) dz = 0
R→+∞ γR,2
Z
lim e−(σ+iτ )z T (z) dz = 0.
R→+∞ γR,4
Logo, temos
Z
R(σ + iτ, A)x = lim e−(σ+iτ )z T (z)x dz (1.8.277)
R→∞ γR,1
Z ∞
′ iδ ′ ′
= eiδ e−(σ+iτ )ρe T (ρeiδ )x dρ, para todo x ∈ X.
0
C M
kR(σ + iτ, A)k ≤ , onde C = > 0. (1.8.279)
−τ sin δ ′
C
kR(σ + iτ, A)k ≤ , para todo σ > 0 e τ 6= 0, (1.8.280)
|τ |
e, ainda pelo exercı́cio (1.6.3) vem que, para todo λ ∈ C com Reλ > 0,
M
kR(λ, A)k ≤ onde kT (t)k ≤ M, ∀t ≥ 0 (1.8.282)
Reλ
- 98 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
C
kR(λ, A)k ≤ , para todo λ ∈ C com Reλ > 0 e Imλ 6= 0. (1.8.283)
|Imλ|
C1
kR(λ, A)k < , para todo λ com Reλ > 0. (1.8.284)
|λ|
De fato, seja λ tal que Reλ > 0. Temos dois casos a considerar: Se |Imλ| ≥ Reλ então
donde
√
√ 1 2
|λ| ≤ 2|Imλ| ⇔ ≤ . (1.8.285)
|Imλ| |λ|
provando o desejado. Fixando σ + iτ ∈ ρ(A) tal que σ > 0 e τ 6= 0, pelo Corolário 1.34 temos a seguinte
expansão de Taylor de R(λ, A) em torno de σ + iτ :
X∞
1 dn
R(λ, A) = R(σ + iτ, A)(λ − (σ + iτ ))n (1.8.289)
n=0
n! dλn
X∞
(−1)n n!
= R(σ + iτ, A)n+1 (λ − (σ + iτ ))n
n=0
n!
∞
X
= R(σ + iτ, A)n+1 (σ + iτ − λ)n .
n=0
C
|σ + iτ − λ| ≤ k, (1.8.290)
|τ |
- 99 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
k|τ |
|σ + iτ − λ| ≤ . (1.8.291)
C
Afirmamos que
|Imλ|
ρ(A) ⊃ A1 = {λ ∈ C; Imλ 6= 0 e 0 ≤ |Reλ| < } ∪ {0}. (1.8.292)
C
Figura 1.10:
|Imλ|
Com efeito, seja λ ∈ C tal que Imλ 6= 0 e |Reλ| < C (veja figura 1.10). Então, temos
|Imλ|
|Reλ| < k , (1.8.293)
C
|Imλ|
para algum 0 < k < 1 (observe que este k depende λ). Com efeito, como 0 ≤ |Reλ| < C segue que
0 < |Imλ|
C − |Reλ|.
|Imλ| |Imλ|
0<ε< − |Reλ| ≤ , (1.8.294)
C C
donde
|Imλ| |Imλ| C
|Reλ| < −ε= 1−ε . (1.8.295)
C C |Imλ|
Pondo k = 1 − ε |Imλ|
C
, temos o desejado em (1.8.293). Daı́ segue que existe σ > 0, que também
depende λ, tal que
k|Imλ|
|Reλ| + σ < . (1.8.296)
C
Consideremos σ + iImλ ∈ C. Como σ > 0 e Imλ 6= 0 temos que σ + iImλ ∈ ρ(A) e ainda
|Imλ|
|σ + iImλ − λ| = |Reλ − σ| ≤ |Reλ| + σ < k . (1.8.297)
C
- 100 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Figura 1.11:
Logo, temos
∞
X
kR(λ, A)k ≤ kR(σ + iImλ, A)kn+1 |σ + iImλ − λ|n (1.8.298)
n=0
1
< kR(σ + iImλ A)k .
1−k
Como para o número complexo σ + iImλ ∈ ρ(A) é válida a desigualdade (1.8.283), (1.8.298) se
torna
C
kR(λ, A)k < , (1.8.299)
|Imλ|(1 − k)
|Imλ|
Agora, para λ na região em que |Reλ| < C é válido, segue que
C (C 2 + 1)1/2
< . (1.8.300)
|Imλ| |λ|
Por outro lado, pondo δ = arctan( C1 ), e definindo A2 = {λ ∈ C; | arg λ| < π/2 + δ} ∪ {0} conforme
figura 1.11 temos que se λ ∈ A2 \ A1 decorre que por (1.8.284) que
M
kR(λ, A)k < , (1.8.301)
|λ|
2 1/2
onde M = max{ (C(1−k)
+1)
, C1 } > 0, provando o afirmado em (c).
(c) ⇒ (d)
onde Γ = {ρei(θ+ 2 ) ; 0 < ρ < +∞} ∪ {−ρe−i(θ+ 2 ) ; −∞ < ρ < 0} ⊂ Σ, com 0 < θ < δ (ver figura 1.12).
π π
- 101 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Figura 1.12:
Calculando a integral acima em cada um dos conjuntos e lembrando que a função cosseno é par,
obtemos
Z Z r
π
π π
|e | dλ = 2
λt
eρt cos( 2 +θ) dρ
{ρei(θ+ 2 ) ;∞<ρ<r}∪{−ρe−i(θ+ 2 ) ;−r<ρ<0} 0
2 π
= (ert cos( 2 +θ) − 1). (1.8.306)
t cos( π2 + θ)
M
kTr′ (t)k ≤
π
(ert cos( 2 +θ) − 1) (1.8.307)
πt cos( π2 + θ)
R
De (1.8.307) segue a integral Γ λeλt R(λ, A) dλ converge uniformemente, para todo t > 0. Assim,
(1.8.302) é diferenciável para todo t > 0 e, ainda,
Z
1
T ′ (t) = λeλt R(λ, A) dλ, para todo t > 0. (1.8.308)
2πi Γ
C
kAT (t)k = kT ′ (t)k ≤ , para todo t > 0, (1.8.309)
t
M
onde C = π cos δ > 0, o que conclui a prova de (d).
(d) ⇒ (a)
- 102 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Afirmamos que
Com efeito, provemos por indução sobre n. Claramente para n = 1 a afirmação (1.8.312) é
verdadeira posto que e > 1. Suponha, agora, que a afirmação (1.8.312) é válida para algum n > 1, ou
seja,
n!en ≥ nn . (1.8.313)
X∞
T (n) (t)
T (z) = T (t) + (z − t)n , (1.8.315)
n=1
n!
Assim, de (1.8.316) concluı́mos que a série em (1.8.315) converge uniformemente em L(X) para
- 103 -
1.8 Semigrupos Analı́ticos
Ce|z − t| tk
< k ⇔ |z − t| < . (1.8.317)
t Ce
Figura 1.13:
Rez
|Imz| < k . (1.8.321)
Ce
Rez kt
|z − t| = |Imz| < k = , (1.8.322)
Ce Ce
provando o afirmado. Além disso, se 0 < δ ′ < δ, então concluı́mos que
tk0 Ce|z − t|
|z − t| ≤ ⇔ < k0 , (1.8.325)
Ce t
- 104 -
1.9 Propriedades Espectrais
X∞
T n (t)
kT (z)k ≤ (z − t)n
n=0
n!
X∞ n
Ce|z − t|
≤
n=0
t
∞
X 1
≤ kn = , para todo z ∈ ∆δ′ ,
n=0
1−k
ou seja, {T (z)}z∈∆ é uniformemente limitado em qualquer subsetor fechado de ∆, o que conclui a prova.
2
1.8.1 Exercı́cios
1.8.1) Seja T (t) um semigrupo de classe C0 o qual é diferenciável para t > 0. Seja A o gerador
infinitesimal de de T (t). Se
1
lim sup tkAT (t)k < ,
t→0 e
prove que A é um operador limitado e T (t) pode ser estendido analiticamente a todo plano complexo.
1.8.2) Seja A o gerador infinitesimal de um semigrupo T (t) de classe C0 verificando kT (t)k ≤ M eωt .
Prove que T (t) é analı́ tico se e somente se existem constantes C > 0 e Γ > 0 tais que
C
kAR(λ, A)n+1 k ≤ para λ > nΓ, n = 1, 2, · · ·
nλn
Seja T (t) um semigrupo de classe C0 sobre um espaço de Banach X e consideremos A seu gerador
infinitesimal. No que segue estamos interessados nas relações entre o espectro de A, σ(A) = C\ρ(A) e o
espectro de cada um dos operadores T (t), t ≥ 0. Do ponto de vista puramente formal seria esperado a
relação σ(T (t)) = etσ(A) . Contudo, isto não é verdade em geral. Existem contra-exemplos (veja Exercı́cio
1.9.1, veja também Pazy [81], pág. 44) que assegura essa afirmação.
Proposição 1.67 Seja T (t) um semigrupo de classe C0 e A seu gerador infinitesimal. Definamos
Z t
Bλ (t)x = eλ(t−s) T (s)x ds.
0
Então
Demonstração: Inicialmente observemos que Bλ (t), para todo λ, t fixados, é um operador linear e
- 105 -
1.9 Propriedades Espectrais
limitado sobre X. A linearidade é imediata, resta-nos mostrar a limitação. Com efeito, temos
Z t
kBλ (t)kL(X) = sup eλ(t−s) T (s)x ds
x∈X;∥x∥=1 0
Z t
≤ sup |eλ(t−s) | kT (s)k ds ≤ M
x∈X;∥x∥=1 0
onde M = M (λ, t), o que prova a afirmação. Além disso, para todo x ∈ X,
Z
T (h) − I 1 t
Bλ (t)x = eλ(t−s) T (h + s)x ds (1.9.326)
h h 0
Z t
1
− eλ(t−s) T (s)x ds.
h 0
Aplicando o limite na última igualdade com h → 0+ , vem, em vista do teorema da Média (veja
exercı́cio 1.1.5 (v)) que
T (h) − I
lim Bλ (t)x = λBλ (t)x + T (t)x − eλt x. (1.9.328)
h→0+ h
ou ainda,
(λI − A)Bλ (t)x = eλt − T (t) x, para todo x ∈ X. (1.9.329)
ou ainda,
Bλ (t)(λI − A)x = eλt x − T (t)x.
Donde se conclui (ii).
- 106 -
1.9 Propriedades Espectrais
Proposição 1.68 Seja T (t) um semigrupo de classe C0 e A seu gerador infinitesimal. Então,
Além disso, observe que 1 é autovalor de T (0) = I, assim, 1 ∈ σ(T (t)), e portanto, etσ(A) ⊂ σ(T (t)). Se
t 6= 0, temos dois casos a considerar: ρ(T (t)) 6= ∅ ou ρ(T (t)) = ∅. Se ρ(T (t)) = ∅, então σ(T (t)) = C e a
inclusão etσ(A) ⊂ σ(T (t)) segue trivialmente. Consideremos, agora, que t 6= 0 e ρ(T (t)) 6= ∅. Então existe
β ∈ ρ(T (t)) e escrevamos β na forma β = eλt . Seja eλt ∈ ρ(T (t)) e consideremos Q = (eλt I − T (t))−1 .
Inicialmente, notemos que o operador Bλ (t) definido na Proposição 1.67 e Q definido acima, comutam
(deixamos esta comprovação à cargo do leitor, veja exercı́cio 1.9.2). Segue da Proposição 1.67 que
Portanto, como Bλ (t)Q ∈ L(X) e Bλ (t)Q = (λI − A)−1 , segue que λ ∈ ρ(A) e, desta forma,
e λt
∈ eρ(A)t . Logo, ρ(T (t)) ⊂ eρ(A)t . Assim,
Recordemos que o espectro de A consiste de três partes mutuamente exclusivas:o espectro pontual
(ou discreto) σp (A), o espectro contı́nuo σc (A) e o espectro residual σr (A), que são definidas como segue:
λ ∈ σp (A) se λI − A não é injetor, λ ∈ σc (A) se λI − A é injetor, λI − A não é sobrejetor e sua imagem
é densa em X e finalmente λ ∈ σr (A) se (λI − A) é injetor mas sua imagem não é densa em X. Das
definições acima é claro que σp (A), σc (A) e σr (A) são mutuamente exclusivos e sua união é σ(A). Em
resumo:
- 107 -
1.9 Propriedades Espectrais
Teorema 1.69 Seja T (t) o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0 e A seu gerador infini-
tesimal. Então:
etσp (A) ⊂ σp (T (t)) ⊂ etσp (A) ∪ {0},
ou mais precisamente, se λ ∈ σp (A), então eλt ∈ σp (T (t)) e se eλt ∈ σp (T (t)), existe um k ∈ N tal que
λk = λ + 2πik/t ∈ σp (A).
Com efeito, se λ ∈ σp (A), então existe um x0 ∈ D(A), x0 6= 0 e tal que (λI − A)x0 = 0. Do fato
que
Bλ (t)(λI − A)x = eλt I − T (t) x, para todo x ∈ D(A)( veja Proposição 1.68),
resulta que
eλt I − T (t) x0 = 0,
o que prova a afirmação. Uma vez que esta função não é identicamente nula, um de seus coeficientes de
Fourier deve ser diferente de zero. Portanto, existe k ∈ N tal que
Z t
xk = e−(2kπi/t)s (e−λs T (s)x0 ) ds 6= 0. (1.9.336)
0
kT (t)k ≤ M eωt .
- 108 -
1.9 Propriedades Espectrais
Resulta da Proposição 1.33, para µ ∈ C tal que Reµ > ω, que µ ∈ ρ(A), e, além disso,
Z ∞ ∞ Z
X (n+1)t
R(µ, A)x0 = e−µs T (s)x0 ds = e−µs T (s)x0 ds (1.9.337)
0 n=0 nt
∞ Z
X t ∞
X Z t
= e−µ(r+nt) T (r + nt)x0 dr = en(λ−µ)t e−µr e−λnt T (r + nt)x0 dr
n=0 0 n=0 0
X∞ Z t
= en(λ−µ)t e−µr eλr e−λ(r+nt) T (r + nt)x0 dr
n=0 0
X∞ Z t
= en(λ−µ)t e−µr eλr e−λr T (r)x0 dr
n=0 0
X∞ Z t
= en(λ−µ)t e−µs T (s)x0 ds
n=0 0
−1 Z t
= 1 − e(λ−µ)t e−µs T (s)x0 ds.
0
A última integral à direita da identidade (1.9.337) é uma função inteira e portanto R(µ, A)x0 pode
ser estendido a uma função meromorfa com polos em λn = λ + 2πin t , n ∈ N (veja [42], p.169,p.184).
Afirmamos que
Passando o limite na última identidade com µ → λk e fazendo o uso da Regra de L’Hôpital, temos
Z t
1
lim (µ − λk )R(µ, A)x0 = e−λk s T (s)x0 ds,
µ→λk t 0
2πik
e, lembrando que λk = λ + t segue que
Z t
1
lim (µ − λk )R(µ, A)x0 = e−(2πik/t)s (e−λs T (s)x0 )ds = xk
µ→λk t 0
Da demonstração da Proposição 1.33 temos, para todo x ∈ D(A), que AR(µ, A)x = R(µ, A)Ax =
µR(µ, A)x − x. Assim,
(λk I − A)[(µ − λk )R(µ, A)x0 ] = λk (µ − λk )R(µ, A)x0 − µ(µ − λk )R(µ, A)x0 + (µ − λk )x0 .
- 109 -
1.9 Propriedades Espectrais
segue que xk ∈ D(A) e Axk = λk xk . Logo, λk é autovalor de A, isto é, λk ∈ σp (A), e portanto,
eλk t ∈ etσp (A) . Mas,
eλt = eλk t e2πki = eλk t .
Portanto, eλt ∈ etσp (A) , provando o resultado. 2
1.9.1 Exercı́cios
1.9.1) Prove que, em geral a relação σ(T (t)) = etσ(A) não é verdadeira exibindo um contra-exemplo.
1.9.2) Prove que os operadores Bλ e Q = (eλt I − T (t))−1 dados nas Proposições 1.67 e 1.68
comutam.
1.9.3) Seja T (t) um semigrupo de classe C0 e A seu gerador infinitesimal. Prove que:
(i) Se λ ∈ σr (A) e nenhum dos λn = λ + 2πin/t, n ∈ N está no σp (A), então, eλt ∈ σr (T (t)).
(ii) Se eλt ∈ σr (T (t)) então nenhum dos λn = λ + 2πin/t, n ∈ N está no σp (A) e existe k ∈ N tal
que λk ∈ σr (A).
1.9.4) Seja T (t) um semigrupo de classe C0 e A seu gerador infinitesimal. Se λ ∈ σc (A) e se nenhum
dos λn = λ + 2πin/t está no σp ∪ σr (A), prove que eλt ∈ σc (T (t)).
- 110 -
Capı́tulo 2
A segunda condição que figura em (2.1.1) será dita condição inicial do problema e u0 o seu valor
inicial. Note que uma vez que u(t) ∈ D(A) para todo t > 0 e u é contı́nua em t = 0, (2.1.1) não pode ter
solução clássica para u0 ∈
/ D(A).
Lema 2.2 Seja A um operador fechado. Para cada x ∈ D(A), seja ||x||D(A) = ||x||X + ||Ax||X . Então,
|| · ||D(A) é uma norma em D(A) e D(A), || · ||D(A) é um espaço de Banach. A norma || · ||D(A) é
conhecida como norma do gráfico.
Demonstração: A demonstração de que || · ||D(A) é uma norma em D(A) será deixada a cargo do
leitor. Mostremos então que D(A), || · ||D(A) é um espaço de Banach. Para isso, considere (xn )n∈N
uma sequência de Cauchy em D(A), || · ||D(A) onde ||x||D(A) = ||x||X + ||Ax||X . Então,
- 111 -
2.1 O Problema Homogêneo
Daı́,
||xn − xm ||D(A) = ||xn − xm ||X + ||Axn − Axm ||X → 0 quando m, n → +∞.
Logo, ||xn − xm ||X → 0 e ||Axn − Axm ||X → 0 quando m, n → +∞. Como X é Banach, temos que
existem x, y ∈ X tais que xn → x e Axn → y. Entretanto, como (xn , Axn ) ∈ G(A) e G(A) é fechado,
vem que (x, y) ∈ G(A), ou seja, y = Ax. Assim, xn → x em D(A), || · ||D(A) . 2
dita solução regular do Problema de Cauchy dado em (2.1.1). Além disso, se S for um semigrupo
de contrações temos que
du
ku(t)k ≤ ku0 k e (t) = kAu(t)k ≤ kAu0 k ∀t ≥ 0.
dt
(b) Se u0 ∈ X, existe uma única solução generalizada do Problema de Cauchy dado em (2.1.1).
Da Proposição 1.30 vem que u(t) = S(t)u0 ∈ D(A), para todo t ≥ 0. Além disso, tem-se que
du
(t) = AS(t)u0 = S(t)Au0 , ∀t ≥ 0. (2.1.3)
dt
De (2.1.3) e (2.1.4) concluı́mos que a aplicação u definida em (2.1.2) realmente verifica (2.1.1).
Agora, sendo o semigrupo S fortemente contı́nuo, então de t0 ∈ [0, +∞) e tn → t0 em [0, +∞), de (2.1.2)
e (2.1.3) resulta que
ku(tn ) − u(t0 )k → 0 quando n → +∞ (2.1.5)
e
kAu(tn ) − Au(t0 )k → 0 quando n → +∞ (2.1.6)
ou seja,
ku(tn ) − u(t0 )kD(A) = ku(tn ) − u(t0 )kX + kAu(tn ) − Au(t0 )kX → 0
quando n → +∞, provando que
u ∈ C 0 ([0, +∞); D(A))
Também de (2.1.3), (2.1.5) e (2.1.6) temos
du
u ∈ C 0 ([0, +∞); X) e ∈ C 0 ([0, +∞); X)
dt
ou seja,
u ∈ C 0 ([0, +∞); D(A)) ∩ C 1 ([0, +∞); X)
- 112 -
2.1 O Problema Homogêneo
o que prova que a aplicação u definida em (2.1.2) é realmente uma solução forte de (2.1.1).
Seja t > 0. Sejam 0 ≤ s < t < +∞. Então se |h| < t − s, temos
Afirmamos que
w(s + h) − w(s)
lim S(t − s − h) = S(t − s)w′ (s) = S(t − s)Aw(s) (2.1.9)
h→0 h
onde a última igualdade vem do fato que w(t) é solução de (2.1.7). Com efeito
w(s + h) − w(s)
S(t − s − h) − S(t − s)w′ (s) =
h
w(s + h) − w(s)
= S(t − s − h) − S(t − s − h)w′ (s) + S(t − s − h)w′ (s) − S(t − s)w′ (s)
h
w(s + h) − w(s) ′
≤ S(t − s − h) − w (s) + kS(t − s − h)w′ (s) − S(t − s)w′ (s)k → 0
h
w(s + h) − w(s)
lim = w′ (s),
h→0 h
- 113 -
2.1 O Problema Homogêneo
e ainda, considerando que S é fortemente contı́nuo, kS(t − s − h)k é limitada em intervalos limitados e
S(h) − I
lim w(s) = Aw(s),
h→0+ h
temos que
S(t − s − h) − S(t − s)
lim w(s) = −S(t − s)Aw(s).
h→0+ h
Portanto (2.1.10) está provado.
d
[S(t − s)w(s)] = S(t − s)Aw(s) − S(t − s)Aw(s) = 0,
ds
o que implica que
S(t − s)w(s) = c(t) (2.1.11)
sendo c(t) constante em relação ao parâmetro s. Se sn → t obtemos que
logo,
S(0)w(t) = c(t) ∀t ≥ 0,
e como S(0) = I vem que
w(t) = c(t) ∀t ≥ 0. (2.1.12)
S(t)w(0) = c(t) ∀t ≥ 0
e como w(0) = 0 vem que c(t) = 0 para todo t ≥ 0. Retornando a (2.1.12) concluı́mos que w(t) = 0 para
todo t ≥ 0, ou seja, u(t) = v(t) para todo t ≥ 0, o que prova a unicidade.
e
du
(t) = kAS(t)u0 k = kS(t)Au0 k ≤ kS(t)kkAu0 k ≤ kAu0 k, ∀t ≥ 0,
dt
o que conclui a prova.
(b) Decorre da Proposição 1.30 item (iii) que se S é um semigrupo de classe C0 com gerador
- 114 -
2.1 O Problema Homogêneo
isto é,
Z t
S(t)x = A S(ξ) x dξ + x, com x ∈ X. (2.1.13)
0
quando n → +∞ pois S é fortemente contı́nuo. Dessa forma, u(tn ) → u(t0 ), o que implica que u é
contı́nua para todo t ≥ 0, isto é, u ∈ C 0 ([0, +∞); X). Assim, u(t) = S(t)u0 é uma solução mild para o
Problema de Cauchy em (2.1.1).
Para concluir este item, vamos mostrar a unicidade desta solução dividindo a demonstração em
duas etapas.
Etapa 1: u0 ≡ 0.
Neste caso, é imediato que u(t) ≡ 0 é solução mild do Problema dado em (2.1.1). Suponha que u
seja solução mild do Problema dado em (2.1.1) para u0 ≡ 0 e tome t > 0. Assim, para cada s ∈ (0, t)
temos
Z s Z s
d
S(t − s) u(r)dr = S(t − s)u(s) − S(t − s) A u(r)dr = 0. (2.1.14)
ds 0 0
e, aplicando o operador A em ambos os lados da última igualdade concluı́mos que u(t) ≡ 0 em (0, t) e
u(t) = u(0) = 0, mostrando assim que se u é solução mild do Problema (2.1.1), para u0 ≡ 0, então u ≡ 0.
Etapa 2: Sejam v, w soluções milds do Problema em (2.1.1) então, considere u(t) = v(t) − w(t),
para t ∈ R+ . Note que
Z t Z t Z t
A u(s)ds = A v(s)ds − A w(s)ds = v(t) − w(t) = u(t), para u0 ≡ 0,
0 0 0
ou seja, u verifica a condição (iii) na definição de solução mild. Além disso, temos também que u por
definição é contı́nua (para todo t ≥ 0) pois v e w o são e ainda, u ∈ D(A). Sendo assim, u é solução mild
do Problema (2.1.1) para u0 ≡ 0. Daı́, pela Etapa 1, temos que u ≡ 0, ou ainda, v(t) = w(t), ∀t ≥ 0,
donde segue a unicidade da solução mild e conclui a prova deste teorema. 2
- 115 -
2.1 O Problema Homogêneo
infinitesimal de um semigrupo de classe C0 , então A é um operador fechado, dessa forma, definamos para
cada k ∈ N, k ≥ 2 o espaço
Com efeito, seja {uν }ν∈N uma sequência de Cauchy em D(Ak ) e consideremos µ, ν ∈ N com ν > µ.
Temos, para ν, µ → +∞, que
X
k
kuν − uµ k2D(Ak ) = kAj uν − Aj uµ k2X → 0.
j=0
Desta última convergência resulta que {Aj uν }ν∈N é de Cauchy em X, para j = 0, 1, ..., k. Logo
para cada j ∈ {0, 1, ..., k}, existe uj ∈ X tal que se ν → +∞
Aj uν → uj em X.
Teorema 2.4 Seja A o gerador infinitesimal de um semigrupo S de classe C0 tal que A ∈ G(1, w).
Suponhamos que u0 ∈ D(Ak ), k ∈ N, k ≥ 2. Então a solução do problema (2.1.1) verifica também a
seguinte condição:
u ∈ C k−j ([0, ∞); D(Aj )) para j = 0, 1, ..., k.
- 116 -
2.1 O Problema Homogêneo
du
v(t) = S(t)Au0 = AS(t)u0 = Au(t) = (t), ∀t ≥ 0, (2.1.20)
dt
ou seja,
du
∈ C([0, ∞); D(A)) ∩ C 1 ([0, ∞); X),
dt
e, assim, concluı́mos que
u ∈ C 1 ([0, ∞); D(A)) ∩ C 2 ([0, ∞); X). (2.1.21)
ku(tn ) − u(t0 )kD(A) = ku(tn ) − u(t0 )kX + kAu(tn ) − Au(t0 )kX −→ 0. (2.1.23)
Portanto,
Suponhamos, agora, que o resultado é válido para k −1 e provemos para k. Ou seja, se uo ∈ D(Ak ),
então
\
k
u∈ C k−j ([0, ∞); D(Aj )).
j=0
\
k−1
v = S(·)Au0 ∈ C k−j−1 ([0, ∞); D(Aj )). (2.1.25)
j=0
Mas,
du
v(t) = S(t)Au0 = (t),
dt
onde u(t) = S(t)u0 , logo
\
k−1
u∈ C k−j ([0, ∞); D(Aj )).
j=0
- 117 -
2.1 O Problema Homogêneo
kAu(tn ) − Au(t0 )kD(Ak−1 ) = kAu(tn ) − Au(t0 )kX + . . . + kAk−1 (Au(tn )) − Ak−1 (Au(t0 ))kX
= kAu (tn ) − Au (t0 )kX + . . . + kAk u(tn ) − Ak Au(t0 )kX
−→ 0, (2.1.27)
para tn → t em [0, ∞). Pelo Teorema (2.3), u ∈ C([0, ∞), D(A)), donde
Logo,
ku(tn ) − u(t0 )kD(Ak ) −→ 0
quando tn → t0 , o que prova (2.1.26) e conclui a prova do teorema. 2
que verifica
du
(t) = Au(t) em (0, +∞)
dt
u(0) = u
0
e
u ∈ C k ((0, +∞); D(Al )) ∀k, l ∈ N.
du
t ∈ (0, ∞) 7−→ AS(t)u0 = (t)
dt
é contı́nua, donde
du du
(tn ) − (t0 ) = kAS(tn ) − AS(t0 )kX −→ 0,
dt dt X
- 118 -
2.1 O Problema Homogêneo
logo,
u ∈ C 0 ((0, +∞); D(A)) ∩ C 0 ([0, +∞); X) ∩ C 1 ((0, +∞); X).
Agora, sejam k, l ∈ N dados. Como S é semigrupo diferenciável, u(t) = S(t)u0 ∈ D(Al ). Além
disso, a aplicação t ∈ (0, ∞) 7−→ S(t)u0 = u(t) ∈ X é k vezes continuamente diferenciável, pelo Teorema
1.59, donde
u ∈ C k ((0, +∞); D(Al )).
2
Lema 2.6 Seja A um operador dissipativo num espaço de Hilbert H e u : [0, ∞) → H uma função
continuamente diferenciável que satisfaz
du
(t) = Au(t), ∀t ≥ 0.
dt
Então, kuk é uma função decrescente.
Demonstração: Como
du
(t) = Au(t),
dt
então
du
u(t), (t) = (u(t), Au(t)), ∀t ≥ 0.
dt
Além disso,
1 d 1 d 1 du du
ku(t)k2 = (u(t), u(t)) = (t), u(t) + u(t), (t)
2 dt 2 dt 2 dt dt
1 du du
= 2Re u(t), (t) = Re u(t), (t)
2 dt dt
isto é,
1 d
ku(t)k2 = Re (u(t), Au(t)) .
2 dt
Z t
1 1
ku(t)k2 − ku(s)k2 = Re (u(τ ), Au(τ )) dτ ≤ 0,
2 2 s
Lema 2.7 Seja A um operador dissipativo e auto-adjunto de um espaço de Hilbert H e u ∈ C 2 ([0, ∞); H)
que satisfaz
du d2 u
= Au e = A2 u.
dt dt2
- 119 -
2.1 O Problema Homogêneo
Então,
du 1
(t) ≤ ku(0)k.
dt t
Z T Z T 2 2
du du du T2
Au(t), (t) tdt = (t) tdt ≥ (T ) . (2.1.28)
0 dt 0 dt dt 2
obtemos
d du d
(u(t), Au(t)) = (t), Au(t) + u(t), Au(t)
dt dt dt
du
= (t), Au(t) + u(t), A2 u(t)
dt
du
= 2 (t), Au(t) , (2.1.29)
dt
Além disso,
1 d
ku(t)k2 = Re(u(t), Au(t)),
2 dt
mas,
(u(t), Au(t)) = (Au(t), u(t)) = (u(t), Au(t)),
logo,
(u(t), Au(t)) ∈ R,
portanto
1 d
ku(t)k2 = (u(t), Au(t))
2 dt
e, consequentemente,
Z T
1 1
ku(T )k2 − ku(0)k2 = (u(t), Au(t))dt.
2 2 0
Assim,
2 Z T Z T
du T2 du du
(T ) ≤ Au(t), (t) tdt = (t), Au(t) tdt
dt 2 0 dt 0 dt
1 1 1
= (u(T ), Au(T ))T − ku(T )k2 + ku(0)k2
2 4 4
- 120 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
e, como
1 1
(u(T ), Au(T ))T, − ku(T )k2 ≤ 0,
2 4
temos
du T 1
(T ) √ ≤ ku(0)k,
dt 2 2
ou, ainda, √
du 2 1
(T ) ≤ ku(0)k ≤ ku(0)k.
dt 2T T
2
e como, xn ∈ D(A2 ), ∀n ∈ N, temos pelo Teorema 2.4 S(·)xn ∈ C 2 ([0, ∞); H) e, além disso,
d d2
S(·)xn = AS(·)xn e S(·)xn = A2 S(·)xn .
dt dt2
Assim,
1
kAS(t)xn − AS(t)xm kH = kAS(t)(xn − xm )kH ≤ kxn − xm kH ,
t
pelo Lema 2.7. Logo, quando n → ∞ temos S(t)xn → S(t)x em H e AS(t)xn → y em H, para algum
y ∈ H, posto que H é completo. Mas, A é fechado, portanto, S(t)x ∈ D(A) e y = AS(t)x. 2
Sejam V e H espaços de Hilbert complexos, cujos produtos internos e normas denotaremos, res-
pectivamente, por ((·, ·)), || · || e (·, ·), | · |, tais que
V ,→ H, (2.2.31)
V é denso em H. (2.2.32)
Seja
a : V × V −→ C (2.2.33)
(u, v) 7→ a(u, v)
- 121 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
Em outras palavras, estamos colecionando em D(A) os elementos u ∈ V tais que a forma antilinear
gu : V → C (2.2.35)
v 7→ gu (v) = a(u, v)
Seja u ∈ D(A). Sendo V denso em H, podemos estender a aplicação antilinear contı́nua gu dada
em (2.2.35) à uma aplicação
g˜u : H → C,
Por outro lado, seja u ∈ M . Então existe f ∈ H que verifica a(u, v) = (f, v), para todo v ∈ V .
Provaremos que a aplicação dada em (2.2.35) é contı́nua quando induzimos em V a topologia de H. Com
efeito, temos
Observação 2.9 Do exposto acima, encontramos uma nova caracterização para D(A), a saber,
D(A) = {u ∈ V ; existe f ∈ H que verifica a(u, v) = (f, v), para todo v ∈ V }. (2.2.40)
Com efeito, note que 0 ∈ D(A). Além disso, sejam u1 , u2 ∈ D(A) e α ∈ C. Pela caracterização
dada em (2.2.40), existem f1 , f2 ∈ H tais que
- 122 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
Assim,
A : D(A) ⊂ H −→ H
u 7→ Au,
em que
Diremos que o operador A é definido pela terna {V, H; a(u, v)} e denotaremos tal fato escrevendo
Considere, agora,
a : V × V −→ C (2.2.43)
(u, v) 7→ a(u, v)
uma aplicação sesquilinear, hermitiana e contı́nua, e suponhamos que exista λ0 ∈ R e α > 0 tais que:
Sejam A : D(A) ⊂ H → H o operador definido pela terna {V, H, a(u, v)} e B : D(B) ⊂ H → H o
operador definido pela terna {V, H, b(u, v)} onde
Observe que b é, claramente, uma forma sesquilinear hermitiana e mostremos que b é contı́nua.
De fato, dados u, v ∈ V , temos
- 123 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
Com efeito,
|b(v, v)| > Re(b(v, v)) = Re(a(v, v)) + λ0 |v|2 > αkvk2 , ∀v ∈ V.
Desta forma o operador B definido pela terna {V, H; b(u, v)} satisfaz as condições da Proposição
5.129 de [22] e, portanto, garantimos que:
ou ainda
a(u, v) + λ0 (u, v) = (Bu, v), ∀v ∈ V.
Mas,
Da afirmação anterior, obtemos que D(A) é denso em H e, como B é fechado, segue que A é
fechado.
- 124 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
hf, ui = 0, ∀ u ∈ D(B).
Como f ∈ V ′ e b(·, ·) é uma forma sesquilinear, contı́nua e coerciva em V , pelo Lema de Lax-
Milgram, existe uf ∈ V tal que
ou seja,
Seja w ∈ H arbitrário, como b(·, ·) é uma forma sesquilinear, contı́nua e coerciva em V , da Propo-
sição 5.126 de [22], existe um único u0 ∈ D(B) tal que w = Bu0 .
hf, vi = b(0, v) = 0, ∀ v ∈ V.
Desta forma, fica demonstrada a afirmação e temos que D(A) = D(B) é denso em V .
1
λ ∈ ρ(−A) e kR(λ, −A)kL(H) ≤ . (2.2.52)
λ − λ0
- 125 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
De fato, seja λ > λ0 . Provaremos inicialmente que (λI + A) é inversı́vel, o que é equivalente a
mostrar que
Dado f ∈ H; existe único u ∈ D(A) tal que λ(u, v) + a(u, v) = (f, v); ∀v ∈ V, (2.2.54)
já que (Au, v) = a(u, v); para todo u ∈ D(A) e para todo v ∈ V.
Logo,
bλ (u, v) = a(u, v) + λ(u, v)
é, para λ > λ0 , uma forma sesquilinear, contı́nua e coerciva em V . Identificando-se H ≡ H ′ então f ∈ V ′
e por Lax-Milgram existe um único u ∈ V tal que
Sendo (λI + A) fechado resulta que x ∈ D(A) e y = (λI + A)x, o que prova (2.2.57) e consequen-
temente (2.2.55). Resulta daı́ que (λI + A)−1 ∈ L(H), ∀λ > λ0 e consequentemente que λ ∈ ρ(−A) para
λ > λ0 . Resta-nos provar que
1
k(λI + A)−1 kL(H) ≤ (2.2.58)
λ − λ0
- 126 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
o que implica
λ|u|2 + Re (a(u, u)) = Re(f, u) (2.2.59)
1
|(λI + A)−1 f | ≤ |f |, ∀λ > λ0 .
λ − λ0
Consequentemente
1
k(λI + A)−1 kL(H) ≤
λ − λ0
o que prova o item (a).
e
|Im(Bu, u)| ≤ |(Bu, u)| ≤ |b(u, u)| ≤ ckuk2 , ∀u ∈ D(B). (2.2.62)
(Bu, u)
e consideremos z ∈ S(B). Então, z = , para algum u ∈ D(B), u 6= 0. Temos
|u|2
sen(arg z)
Imz
|z| Imz Im( (Bu,u)
|u|2 ) Im(Bu, u)
tan(arg z) = = Rez
= = (Bu,u)
= . (2.2.64)
cos(arg z) |z|
Rez Re |u|2 Re(Bu, u)
Desta última desigualdade, e pela arbitrariedade de z e do fato que as constantes envolvidas não depen-
dem de z concluı́mos que
- 127 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
X c π
1
S(B) = {z ∈ C; −θ1 < arg z < θ1 ; θ1 = arctan < }.
α 2
θ1
Portanto
X X π
S(B) = {z ∈ C; −θ < arg z < θ; θ1 < θ < }. (2.2.65)
2
θ1 θ
Afirmamos que existe uma constante cθ tal que se d(p, S(B)) é a distância de p até S(B) temos
X X
d(p, S(B)) ≥ d(p, ) ≥ cθ |p|; ∀p ∈/ . (2.2.66)
θ1 θ
Figura 2.1:
A primeira das desigualdades em (2.2.66) é evidente em função das inclusões dadas em (2.2.65).
P
Provaremos a segunda delas. Consideremos, então, p ∈ / θ . Pondo-se ϕ = arg p, temos três casos a
considerar:
(ii) π2 + θ1 ≤ ϕ ≤ 3π
2 − θ1
Convém observar que para esta variação temos sempre
X
d(p, ) = |p|,
θ1
- 128 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
Figura 2.2:
2 − θ1 < ϕ < 2π − θ
(iii) 3π
Neste caso o procedimento é análogo ao item ii).
Donde,
1
d(p, S(B)) ≤ |Bu − pu|. (2.2.67)
|u|
Note que se Rep ≥ 0, então (pI + B)−1 existe. Com efeito, basta provarmos que
Dado f ∈ H; ∃! u ∈ D(B) = D(A) tal que
(2.2.68)
[(p + λ0 )I + A]u = f,
ou equivalentemente,
Dado f ∈ H; ∃! u ∈ D(B) tal que
(2.2.69)
p(u, v) + λ0 (u, v) + a(u, v) = (f, v); ∀v ∈ V.
Mas isto é verdade pois a forma sesquilinear contı́nua
é coerciva uma vez que Rep ≥ 0. Agora, se Rep ≤ 0 então Re(−p) ≥ 0, e da mesma forma, (−pI + B)−1
- 129 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
existe.
Agora, se f ∈ H e p ∈ C é tal que Rep < 0, então existe u ∈ D(B) tal que
1 1 1
kR(−p, −B)kL(H) ≤ ≤ · .
d(p, S(B)) |p| cθ
1 1 1 1
kR(λ + iµ, −B)kL(H) ≤ ·p ≤ · ,
cθ 2
λ +µ 2 cθ |µ|
ou seja,
C 1
kR(λ + iµ, −B)kL(H) ≤ , ∀λ > 0, ∀µ ∈ R∗ , onde C = . (2.2.73)
|µ| cθ
Por outro lado, note que −A ∈ G(1, λ0 ), e pela Proposição 1.38, −A − λ0 I = −B ∈ G(1, 0). Ainda,
temos que (0I + B)−1 = (λ0 I + A)−1 existe e B −1 = (λ0 I + A)−1 ∈ L(H), e portanto, 0 ∈ ρ(−B). Pelo
Teorema 1.66 e 2.2.73, −B é gerador infinitesimal de um semigrupo analı́tico, digamos S̃.
Defina S(z) = eλ0 z S̃(z). Então S(z) é um semigrupo analı́tico cujo gerador infinitesimal é −A. 2
2.2.1 Aplicações
Além disso, se u0 ∈ D(Ak ) com k ≥ 2, decorre do Teorema 2.4 que as soluções dos problemas
(2.2.74) verificam a condição:
- 130 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
Observação 2.11 Uma outra forma de obter soluções regulares para os problemas (2.2.74) na classe
(2.2.75) é lançar mão do Teorema de Lumer-Phillips.
Então, para cada λ > 0, bλ (u, v) é uma forma bilinear e de (2.2.44) temos também a coercividade
de bλ (u, v). Portanto, o operador
Por outro lado, notemos que se u ∈ D(B) então do fato que se B ↔ {V, H, b(u, v)} resulta que
Logo, do fato de D(B) ser denso em H e levando-se consideração (2.2.78) e (2.2.79) concluı́mos, em
virtude de Teorema de Lumer-Phillips que
−B ∈ G(1, 0) (2.2.80)
isto é, −B é o gerador infinitesimal de um semigrupo de contrações. Mas como D(A) = D(B) e B =
A + λ0 I da Proposição 1.38 vem que
−A ∈ G(1, λ0 ), (2.2.81)
ou seja, −A é o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe C0 que verifica
Desta forma, dado u0 ∈ D(A) = D(B) os problemas de Cauchy dados em (2.2.74) possuem, em vista do
Teorema 2.3, soluções únicas na classe (2.2.75) conforme aludido no inı́cio da Observação. Além disso, a
solução associada ao operador B verifica:
du
kuk ≤ ku0 k e (t) ≤ kBu0 k.
dt
V ,→ H e V é denso em H. (2.2.83)
Consideramos a(u, v) uma forma sesquilinear, contı́nua, coerciva e hermitiana em V . Logo a(u, v)
define um produto interno em V denotado por ((·, ·))1 . Da continuidade e da coercividade de a(·, ·)
pode-se mostrar que a norma k · k em V , oriunda do produto interno ((·, ·)), é equivalente a norma k·k1
que provem do produto interno ((·, ·))1 definido por a(·, ·). Com isso, (V, k·k1 ) é completo.
- 131 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
Além disso, sendo D(A) denso em V relativamente a norma k · k, obtemos, pela equivalência das
normas,que D(A) é denso em V relativamente a norma k · k1 .
Seja
A ↔ {V, H, a(u, v)}.
Conforme é bem sabido, D(A) é denso em V e A é um operador fechado, autoadjunto, não limitado1
e bijetor. Consideremos o problema
d2 u
+ Au = 0
dt2 . (2.2.84)
u(0) = u0 , ut (0) = u1
Provaremos, a seguir, que se u0 ∈ D(A) e u1 ∈ V então o problema (2.2.84) admite uma única
solução regular. Com efeito, considerando-se a mudança de variáveis
du
v= , (2.2.85)
dt
então pondo-se
u
U= , (2.2.86)
v
resulta em virtude de (2.2.84) e (3.2.13) que
du
dU dt v 0 I u
= = = . (2.2.87)
dt dv
dt −Au −A 0 v
B : D(B) → V × H
0 I u (2.2.88)
[u, v] 7−→ B([u, v]) =
−A 0 v
Notemos que através da mudança de variáveis dada em (3.2.13) os problemas (2.2.84) e (2.2.89)
são equivalentes.
Definamos
H = V × H. (2.2.90)
Notemos que D(B) é denso em H, pois D(A) é denso em V e este, por sua vez é denso em H.
Desta forma, podemos falar no adjunto de B. Lembremos que B ∗ é um operador de H cujo domı́nio é
dado por
D(B ∗ ) = {v ∈ H; ∃v ∗ ∈ H tal que (Bu, v)H = (u, v ∗ )H ; ∀u ∈ D(B)}
e B ∗ v = v ∗ para todo v ∈ D(B ∗ ). Afirmamos que
B ∗ = −B. (2.2.91)
1 Entenda-se por operador não limitado um operador que pode ser limitado ou não.
- 132 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
De fato, seja v ∈ D(B ∗ ). Então v = [v1 , v2 ] ∈ V × H e existe v ∗ = [v1∗ , v2∗ ] ∈ V × H tal que
Logo,
(Av1 − v2∗ , u2 ) = 0 ∀u2 ∈ V. (2.2.95)
Como V é denso em H, (2.2.95) vale para todo u2 ∈ H. Assim, em particular, para u2 = Av1 − v2∗ temos
((u2 , v1 ))1 + (−Au1 , v2 ) = ((u1 , v1∗ ))1 + (u2 , Av1 ), ∀u1 ∈ D(A) e ∀u2 ∈ V.
ou seja,
D(B ∗ ) ⊂ D(B). (2.2.97)
- 133 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
Além disso,
B ∗ v = v ∗ = [v1∗ , v2∗ ] = [−v2 , Av1 ] = −[v2 , −Av1 ] = −Bv. (2.2.98)
Reciprocamente, seja [v1 , v2 ] ∈ D(B) = D(A) × V . Provaremos que existe [v1∗ , v2∗ ] ∈ V × H tal que
a relação dada em (2.2.92) se verifique. Com efeito, seja [u1 , u2 ] ∈ D(A) × V e consideremos
Temos
((u1 , v1∗ ))1 + (u2 , v2∗ ) = ((u1 , −v2 ))1 + (u2 , Av1 )
= (−Au1 , v2 ) + ((u2 , v1 ))1
= ((u2 , v1 ))1 + (−Au1 , v2 )
o que prova o desejado em (2.2.92) e consequentemente que [v1 , v2 ] ∈ D(B ∗ ), isto é,
De (2.2.97), (2.2.98) e (2.2.99) fica provado (2.2.91). Resulta daı́, em virtude do Teorema de Stone,
que B é o gerador infinitesimal de um grupo unitário de classe C0 e, consequentemente, de um semigrupo
S de classe C0 que possui a seguinte propriedade:
Logo, pondo-se
U (t) = S(t)U0 , ∀t ≥ 0, (2.2.101)
temos em decorrência do Teorema 2.3 que U é a única solução regular do problema de Cauchy dado em
(2.2.89) e pertence a classe
Agora de (2.2.102) e em função da mudança de variáveis (3.2.13), temos que o problema (2.2.84)
admite uma única solução u na classe
com
ut ∈ C 0 ([0, +∞); V ) ∩ C 1 ([0, +∞); H)
e daı́ vem que
u ∈ C 0 ([0, +∞); D(A)) ∩ C 1 ([0, +∞); V ) ∩ C 2 ([0, +∞); H). (2.2.103)
kS(t)U0 kH = kU0 kH , ∀t ≥ 0
ou seja,
kU (t)kV ×H = k[u0 , u1 ]kH , ∀t ≥ 0,
ou ainda,
ku(t)k2 + |u′ (t)|2 = ku0 k2 + |u1 |2 , ∀t ≥ 0. (2.2.104)
- 134 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
Agora, definindo
e : V −→ V ′
A
onde
e viV ′ ×V = a(u, v),
hAu, ∀u, v ∈ V.
e é uma isometria linear e define em V ′ o seguinte produto interno
Temos que A
e−1 u, A
(u, v)V ′ = ((A e−1 v))1 , ∀u, v ∈ V ′
e ainda,
e = Au,
Au ∀u ∈ D(A).
Consideremos o problema:
d2 u e =0
+ Au
dt2 . (2.2.105)
u(0) = u0 , ut (0) = u1
du
v= , (2.2.106)
dt
e coloquemos
u
U= , (2.2.107)
v
resulta em virtude de (2.2.105) e (2.2.106) que
du " # " #
dU dt
v 0 I u
= dv = e = e 0 . (2.2.108)
dt dt −Au −A v
Definindo
B : V ×H → H ×V′ " #
0 I u (2.2.109)
[u, v] 7→ B([u, v]) = e 0
−A v
Notemos que através de mudança da variáveis dada em (2.2.106) os problemas (2.2.105) e (2.2.110)
são equivalentes.
Como antes, nosso objetivo é mostrar que B é o gerador infinitesimal de um semigrupo de classe
C0 e para isso utilizaremos o Teorema de Hille-Yosida. Já vimos que D(B) = V × H é denso em H × V ′ .
Assim, resta verificar que:
(i) B é fechado.
- 135 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
(ii) Existem números reais M e ω tais que para cada real λ > ω se tenha λ ∈ ρ(B) e
M
k R(λ, B)n kL(H×V ′ ) ≤ , ∀n ∈ N.
(λ − ω)n
un −→ ũ em H,
vn −→ ṽ em V ′ ,
vn −→ f em H,
e n −→ g
− Au em V ′ .
Agora, vamos mostrar que para cada real λ > 0 temos λ ∈ ρ(B) e
1
k R(λ, B)n kL(H×V ′ ) ≤ , ∀n ∈ N.
λn
e é bijetor, então λI − B é bijetor para todo λ > 0, ou seja, λ ∈ ρ(B), para todo λ > 0.
Como A
Daı́,
e = [f, g],
[λu − v, λv + Au]
o que equivale à (
λu − v = f em H
f =g
λv + Au em V ′ .
Assim, (
λ(u, u) − (v, u) = (f, u)
f v)V ′ = (g, v)V ′ .
λ(v, v)V ′ + (Au,
Somando as duas últimas equações, obtemos
- 136 -
2.2 Formas Sesquilineares e Semigrupos
Mas,
e v)V ′ = ((A
(Au, e−1 Au,
e A e−1 v))1
e−1 v))1
= ((u, A
e−1 v)
= a(u, A
(2.2.112)
e−1 v)
= (Au, A
e−1 v)
= (u, AA
= (u, v), ∀u, v ∈ D(A).
Logo,
λ(| u |2 + | v |2V ′ ) + Re[(u, v) − (v, u)] = Re[(f, u) + (g, v)V ′ ],
ou seja,
logo,
1 1
λ(| u |2 + | v |2V ′ ) 2 ≤ (| f |2 + | g |2V ′ ) 2 .
Portanto,
1
k [u, v] kH×V ′ ≤ k [f, g] kH×V ′ , ∀u, v ∈ D(A).
λ
Como D(A) × D(A) é denso em V × H, então
1
k [u, v] kH×V ′ ≤ k [f, g] kH×V ′ , ∀[u, v] ∈ V × H. (2.2.113)
λ
Mas,
[u, v] = R(λ, B)[f, g], ∀[u, v] ∈ V × H. (2.2.114)
De (2.2.113) e (2.2.114) segue que
1
k R(λ, B)[f, g] kV ×H ≤ k [f, g] kH×V ′ , ∀[f, g] ∈ H × V ′ .
λ
Portanto,
1
k R(λ, B) kL(H×V ′ ) ≤ .
λ
Mais ainda,
1
k R(λ, B)n kL(H×V ′ ) ≤k R(λ, B) kL(H×V ′ ) ... k R(λ, B) kL(H×V ′ ) ≤ , ∀n ∈ N.
λn
Desta forma, B satisfaz as hipóteses do Teorema de Hille-Yosida, de onde obtemos que B é o gerador
infitesimal de um semigrupo S : R+ −→ L(H × V ′ ) de classe C0 . A conclusão é análoga ao caso
[u0 , u1 ] ∈ D(A) × V.
- 137 -
2.3 O Problema Não Homogêneo
du
(t) = Au(t) + f (t), t > 0
dt (2.3.115)
u(0) = u .
0
dg du
(s) = S(t − s) (s) − S(t − s)Au(s). (2.3.116)
ds ds
dg
(s) = S(t − s)[Au(s) + f (s)] − S(t − s)Au(s),
ds
ou seja,
dg
(s) = S(t − s)f (s)
ds
ou ainda,
Z t
u(t) = S(t)u0 + S(t − s)f (s)ds (2.3.117)
0
que é uma condição necessária para que u seja uma solução clássica de (2.3.115).
Satisfeitas as hipóteses estipuladas acima, a fórmula (2.3.117) tem sentido quer u seja ou não
clássica de (2.3.115). Por isso, temos a seguinte definição
- 138 -
2.3 O Problema Não Homogêneo
Convém observar que as soluções generalizadas de (2.3.115) não são, necessariamente, soluções
clássicas, mesmo que f seja contı́nua, como se vê fazendo
f (t) = S(t)v ∈
/ D(A), ∀t ≥ 0, v ∈ X.
Neste caso,
Z t
u(t) = S(t)u0 + S(t − s)S(s)vds
0
Z t
= S(t)u0 + S(t)vds
0
= S(t)u0 + tS(t)v
é uma solução generalizada, que não é uma solução clássica, porque esta função não é diferenciável para
t ≥ 0. E mais, deste exemplo, resulta que somente a continuidade de f não garante a existência de
solução clássica. Assim, para que uma solução generalizada seja uma solução clássica é necessário que A
ou f satisfaçam condições adicionais, conforme veremos a seguir.
Teorema 2.15 O sistema (2.3.115) tem uma solução clássica para cada u0 ∈ D(A) se, e somente se, a
função v dada por Z t
v(t) = S(t − s)f (s)ds (2.3.118)
0
Demonstração:
Seja u solução clássica de (2.3.115) para u0 ∈ D(A). De (2.3.117) e (2.3.118) podemos escrever
Sendo u solução clássica de (2.3.115) então por definição u é contı́nua para t ≥ 0, u(t) ∈ D(A) para
t > 0, u é continuamente diferenciável para t > 0. Também, pelo fato de u0 ∈ D(A) resulta, em virtude
da Proposição 1.30, que S(t)u0 ∈ D(A), ∀t ≥ 0 e, além disso,
Reciprocamente suponhamos que v(t) dado em (2.3.118) é continuamente diferenciável para t > 0.
- 139 -
2.3 O Problema Não Homogêneo
S(h)v(t) − v(t)
Ah v(t) = . (2.3.119)
h
Z t Z t
1
Ah v(t) = S(t + h − s)f (s)ds − S(t − s)f (s)ds
h
"Z0 0
Z # Z
t+h t t+h
1 1
= S(t + h − s)f (s)ds − S(t − s)f (s)ds − S(t + h − s)f (s)ds
h 0 0 h t
Z
v(t + h) − v(t) 1 t+h
= − S(t + h − s)f (s)ds. (2.3.120)
h h t
Pelo fato de f ser contı́nua em R+ , o segundo membro do lado direito de (2.3.120) tem limite
f (t) quando h → 0+ , o mesmo acontece para o primeiro membro que tem limite v ′ (t) h → 0+ . Logo, na
situação limite quando h → 0+ de (2.3.120) vem que
Além disso, de (2.3.118) temos que v(0) = 0. Então, a função u dada por
Corolário 2.16 Se v(t) ∈ D(A) para todo t > 0 e Av é contı́nua, então o problema (2.3.115) tem uma
solução clássica para todo u0 ∈ D(A).
Demonstração:
De (2.3.120) obtemos
Z
v(t + h) − v(t) 1 t+h
= Ah v(t) + S(t + h − s)f (s)ds, (2.3.121)
h h t
Também,
Z t+h
1
S(t + h − s)f (s)ds → f (t) quando h → 0+ , pois f é contı́nua ∀t > 0. (2.3.123)
h t
Logo, de (2.3.121), (2.3.122) e (2.3.123) resulta que v é derivável a direita em todo t > 0 e
d+ v
(t) = Av(t) + f (t).
dt
- 140 -
2.3 O Problema Não Homogêneo
d+ v
Pela continuidade de Av e de f , por hipótese vem que (t) é contı́nua. Logo pelo Lema de
dt
Dini, resulta que v é continuamente diferenciável para t > 0 e do Teorema 2.15 resulta que o problema
(2.3.115) tem uma solução clássica ∀u0 ∈ D(A) que é dada por (2.3.117). 2
ii) f (t) ∈ D(A) ∀t ≥ 0 e Af é integrável (em L1loc (0, ∞; X)). Então, para todo u0 ∈ D(A), (2.3.115)
tem uma única solução clássica.
Demonstração: Suponha que i) ocorra. Seja v(t) dada por (2.3.118), ou seja
Z t Z t
v(t) = S(t − s)f (s)ds = S(s)f (t − s)ds,
0 0
Z t+h Z t+h
1 1
= S(s)(f (t + h − s) − f (t − s))ds + S(s)f (t − s)ds
h 0 h t
Z t
1
= S(s)(f (t + h − s) − f (t − s))ds
h 0
Z t+h
1
+ S(s)(f (t + h − s) − f (t − s))ds (2.3.124)
h t
Z t+h Z t+h
1 1
+ S(s)(f (t + h − s) − f (t − s))ds + S(s)f (t − s)ds
h t h t
Z t Z t+h
1
= S(s)(f (t + h − s) − f (t − s))ds + S(s)f ′ (γ)ds
h 0 t
Z t+h
1
+ S(s)f (t − s)ds,
h t
onde γ ∈]t − s, t − s + h[, pelo Teorema do Valor Médio, pois f (t − s + h) − f (t − s) = f ′ (γ)h, para algum
γ ∈]t − s, t − s + h[. O termo à direita de (2.3.124) converge para
Z t
S(s)f ′ (t − s)ds + S(t)f (0) (2.3.125)
0
é contı́nua para t > 0. Segue daı́ em virtude do Lema de Dini que v é continuamente diferenciável para
t > 0. Logo pelo Teorema 2.15 o sistema (2.3.115) tem uma solução clássica para todo u0 ∈ D(A).
Agora, suponhamos que ii) ocorra. Do fato que f (s) ∈ D(A), vem, pela Proposição 1.29, que
S(t − s)f (s) ∈ D(A) e AS(t − s)f (s) = S(t − s)Af (s).
- 141 -
2.3 O Problema Não Homogêneo
ou seja, v(t) ∈ D(A) para t > 0 e Av é contı́nua. Logo, pelo Corolário 2.3.116 o problema (2.3.115) tem
uma única solução clássica para todo u0 ∈ D(A). A unicidade decorre como no caso homogêneo. 2
Concluiremos esta seção com alguns resultados concernentes a uma noção de solução que passamos
a definir.
Definição 2.18 Seja A o gerador infinitesimal de um semigrupo S de classe C0 . Uma função u a qual
é diferenciável quase sempre sobre [0, T ] e tal que u′ ∈ L1 (0, T ; X) é dita solução forte do problema de
valor inicial (2.3.115) se u(0) = u0 e u′ (t) = Au(t) + f (t) quase sempre sobre [0, T ].
Note que se A ≡ 0 e f ∈ L1 (0, T ; X) o problema de valor inicial (2.3.115) não possui, em geral,
solução clássica a menos que f seja contı́nua. Contudo, terá sempre uma solução forte dada por:
Z t
u(t) = u0 + f (s)ds.
0
Como feito no caso clássico, uma questão natural é determinar quando uma solução generalizada (mild)
de (2.3.115) é uma solução forte.
De fato,
- 142 -
2.3 O Problema Não Homogêneo
Observe que a primeira igualdade é possı́vel possı́vel pois S(t − s)f (s) ∈ L1 (0, T ; X) e S(h) é limitada
em X. Assim, Z
S(h) − I v(t + h) − v(t) 1 t+h
v(t) = − S(h)S(t − s)f (s)ds.
h h h t
Agora, como v é diferenciável quase sempre, o limite, quando h → 0+ , do primeiro termo à direita da
igualdade acima existe quase sempre. E, por resultados de integração em espaços vetorias (Ver [23], pág
10.), o segundo termo também tem limite quase sempre quando h → 0+ . E mais,quando h → 0+
Z
v(t + h) − v(t) 1 t+h
− S(h)S(t − s)f (s)ds =⇒ v ′ (t) − f (t) q.s. em [0, T ].
h h t
Portanto,
v(t) ∈ D(A) e Av(t) = v ′ (t) − f (t) ∈ L1 (0, T ; X).
O que prova (ii).
(i) ⇒ (ii) Como v(t) ∈ D(A), então existe limh→0+ S(h)−I
h v(t) = Av(t). Agora, por (2.3.126),
segue que Z
v(t + h) − v(t) S(h) − I 1 t+h
= v(t) + S(h)S(t − s)f (s)ds.
h h h t
logo, quando h → 0+ ,
d+ v
(t) = Av(t) − f (t).
dt
Considerando h < 0 e colocando −h em lugar de h na expressão (2.3.126), segue que
d− v
(t) = Av(t) − f (t).
dt
Ou seja, v(t) é diferenciável quase sempre em [0, T ] e
Como u(t) = S(t)u0 + v(t), S(t)u0 é diferenciável - visto que u0 ∈ D(A) - e, por hipótese, v(t) é
diferenciável quase sempre, temos que u é diferenciável quase sempre em [0, T ].
Agora,
du d
(t) = (S(t)u0 + v(t)) = S(t)Au0 + v ′ (t) ∈ L1 (0, T, X).
dt dt
Por fim, para mostrar que u satisfaz o problema (2.3.115), basta seguir os mesmos argumentos utilizados
no Teorema 2.15.
donde segue que v é diferenciável quase sempre, visto que u e S(·)u0 o são. Além disso, como S(t)Au0 , u′ (t) ∈
L1 (0, T ; X) e
v ′ (t) = u′ (t) − S(t)Au0 ,
temos v ′ (t) ∈ L1 (0, T ; X). O que prova (i)(consequentemente (ii)) e conclui o Teorema. 2
- 143 -
2.3 O Problema Não Homogêneo
então
"Z Z
v(t + h) − v(t) 1 t+h t+h
= S(s)f (t + h − s)ds − S(s)f (t − s)ds
h h 0 0
Z #
t+h
+ S(s)f (t − s)ds
t
Z Z
t
f (t + h − s) − f (t − s) 1 t+h
= S(s) ds + S(s)f (t − s)ds
0 h h t
Z t+h
1
+ S(s)(f (t + h − s) − f (t − s))ds
h t
Z t
dv
(t) = S(s)f ′ (t − s)ds + S(t)f (0).
dt 0
Como f (0) ∈ X, o operador S(.)f (0) ∈ L1 (0, T ; X). Note também que
Z t Z t
ϕ(t) = S(s)f ′ (t − s)ds = S(t − s)f ′ (s)ds,
0 0
então
Z T Z T Z t
kϕ(t)dt ≤ kS(t − s)f ′ (s)kdsdt
0 0 0
Z T Z T
≤ kS(t − s)f ′ (s)kdsdt
0 0
Z T Z T
≤ M eωT kf ′ (s)kdsdt
0 0
Z T
= M eωT kf ′ (s)kL1 (0,T ;X) ,
0
Rt
portanto, 0
S(t − s)f ′ (s)ds ∈ L1 (0, T ; X).
- 144 -
2.4 O Problema Não Linear
Definição 2.21 Diz-se que uma função f : R+ → X é contı́nua no sentido Hölder para t ≥ 0 se
Em geral, a continuidade Lipschitz de f sobre [0, T ] não é suficiente para assegurar a existência de
uma solução forte de (2.3.115) para u0 ∈ D(A). Contudo, se X é reflexivo e f é Lipschitz contı́nua sobre
[0, T ], então, por resultados clássicos (Ver [23], pág 17), f é diferenciável quase sempre e f ′ ∈ L1 (0, T, X).
De posse disso, o Corolário 2.20 implica em
Corolário 2.22 Seja X um espaço de Banach reflexivo e consideremos A o gerador infinitesimal de uma
semigrupo S de classe C0 sobre X. Se f é Lipschitz contı́nua sobre [0, T ] então para todo u0 ∈ D(A) o
problema de valor inicial (2.3.115) possui uma única solução forte u sobre [0, T ] dada por
Z t
u(t) = S(t)u0 + S(t − s)f (s)ds.
0
du
(t) = Au(t) + F (u(t)), t > 0
dt (2.4.127)
u(0) = u
0
Z t
u(t) = S(t)u0 + S(t − s)F u(s)ds. (2.4.128)
0
Então para todo u0 ∈ X, existe uma única função u ∈ C 0 ([0, +∞); X), a qual é solução generalizada.
i) Se u0 , v0 ∈ X são dados iniciais de (2.4.127), então as respectivas soluções generalizadas u e v verificam
Demonstração:
- 145 -
2.4 O Problema Não Linear
Afirmamos que φ(Xk ) ⊂ Xk . De fato, mostraremos que para cada u ∈ Xk , a função φu é contı́nua.
Sabemos que a função S(t)u0 é contı́nua (veja o Corolário (1.23)), então resta mostrar que a função dada
por Z Z
t t
g(t) = S(t − s)F u(s)ds = S(s)F u(t − s)ds
0 0
é contı́nua em [0, ∞). Considere (tn )n∈N uma sequência de R+ , com tn → t0 quando n → ∞ e tn > t0 ,
para todo n ∈ N. Então, vale a seguinte igualdade
Z t0 Z tn
kg(tn ) − g(t0 )k = S(s)(F u(tn − s) − F u(t0 − s))ds + S(s)F u(tn − s)ds .
0 t0
Agora, defina fn (s) = χ[t0 ,tn ] (s)kF u(tn − s)k e f (s) = χ[t0 ,t0 ] (s)k F u(t0 − s)k , onde s ∈ (t0 , T ).
Como χ[t0 ,t0 ] (s) = 0 quase sempre e kF u(tn −s)k é limitada, resulta que fn (s) → 0, quase sempre, quando
n → ∞. Logo, pelo Teorema da Convergência Dominada, segue que
Z T
fn (s)ds → 0,
t0
ou seja,
Z T
χ[t0 ,tn ] (s)k F u(tn − s)k ds → 0.
t0
quando n → ∞.
- 146 -
2.4 O Problema Não Linear
Com isso, concluı́mos que o lado direito de (2.4.130) converge para zero, quando tn → t0 , com
tn > t0 , para todo n ∈ N, o que implica que g é contı́nua à direita em [0, T ], porém, sendo T > 0
arbitrário, segue a continuidade à direita em [0, ∞) e, consequentemente, a continuidade à direita de φu
em [0, ∞). De modo análogo, mostra-se a continuidade à esquerda da função φu em [0, ∞). Portanto,
segue que φu é contı́nua, isto é, φu ∈ C([0, ∞), X).
(1 − e−kt ) t
e−kt kΦu(t)k ≤ M e−kt ku0 k + M LC + M kF (0)k kt
k e
1
≤ M ku0 k + M LC + M M ′ kF (0)k < ∞, ∀t ≥ 0
k
t
onde C > 0 é uma constante que depende de u e M ′ > 0 é uma constante tal que ≤ M ′ , para todo
ekt
t ∈ R. Portanto, sup e−kt kφu(t)k < ∞, donde segue que φu ∈ Xk , mostrando a afirmação.
t≥0
ML
Temos que φ : Xk → Xk é - Lipschitz contı́nua. Com efeito, se u, v ∈ Xk então
k
Z t
e−kt kφu(t) − φv(t)k ≤ M e−kt kF u(s) − F v(s)kds
0
Z t
≤ M Le−kt ku(s) − v(s)kds
0
Z t
−kt
≤ M Le ku(s) − v(s)ke−ks eks ds
0
M L −kt kt
≤ e (e − 1)ku − vkXk
k
ML
≤ ku − vkXk , ∀t ≥ 0,
k
donde resulta
ML
kφu − φvkXk = sup e−kt kφu(t) − φv(t)k ≤ ku − vkXk .
t≥0 k
onde c = 12 < 1. Logo, pelo Teorema do Ponto Fixo de Banach existe um único ponto fixo para φ, ou
seja, existe u ∈ Xk tal que Z t
u(t) = S(t)u0 − S(t − s)F u(s)ds,
0
- 147 -
2.4 O Problema Não Linear
Z t Z t
ku(t) − v(t)kX = S(t)u0 + S(t − s)F u(s)ds − S(t)0 + S(t − s)F (s)ds
0 0
Z t
≤ kS(t)(u0 − v0 )k + kS(t − s)kkF u(s) − F v(s)kds
0
Z t
≤ M ku0 − v0 k + M L ku(s) − v(s)kds,
0
para todo T > 0 dado, o que prova (2.4.129) bem como a unicidade de soluções generalizadas.
(ii) Suponha, agora, que u0 ∈ D(A). Provaremos a seguir, que u é Lipschitz contı́nua em [0, T ], para todo
T > 0, o que implicará que F (u(t)) também será Lipschitz contı́nua. Então, aplicando-se o corolário 2.22
, concluı́mos que u é solução forte. De fato, seja h > 0 e definamos
Note que v é uma solução generalizada de (2.4.127) com dado inicial v0 = u(h). Então de (2.4.129)
e (2.4.131) temos
Z h
u(h) = S(h)u0 + S(h − s)F u(s)ds. (2.4.133)
0
De (2.4.133) obtemos
Z h
ku(h) − u(0)k = S(h)u0 − u0 + S(h − s)F u(s)ds
0
Z h
= S(h)u0 − u0 + [S(h − s)F u(s) − S(h − s)F u(0) + S(h − s)F u(0)] ds
0
Z h
≤ kS(h)u0 − u0 k + k [S(h − s) (F u(s) − F u(0)) + S(h − s)F u(0)] dsk
Z h0 (2.4.134)
≤ kS(h)u0 − u0 k + kS(h − s)kkF u(s) − F u(0)kds
Z h 0
- 148 -
2.4 O Problema Não Linear
e então
Z h
kS(h)u0 − u0 k ≤ kS(s)kkAu0 kds ≤ M kAu0 kh. (2.4.135)
0
Agora, seja T > 0 dado. Tome t, t′ ∈ [0, T ]. Então de (2.4.137) resulta que
o que prova que u é Lipschitz contı́nua em [0, T ], isto seja qual for o T > 0, o que implica que F (u(t))
também o é, e em vista do corolário 2.22 segue que u é uma solução forte de (2.4.127) em [0, T ], o que
conclui a prova. 2
Teorema 2.24 Seja F : D(A) → D(A) uma função Lipschitz contı́nua. Então para todo
u0 ∈ D(A) existe uma solução clássica de (5.76) em [0, T ], para todo T > 0 dado.
Demonstração:
Definamos
X1 = D(A),
e
A1 = A|D(A2 ) : D(A1 ) = D(A2 ) ⊂ X1 → X1 .
Então, S1 (t), o semigrupo gerado por A1 é a restrição de S(t) sobre D(A). Então de acordo com o
Teorema (2.23) existe uma solução generalizada u ∈ C 0 ([0, +∞); X1 ) tal que
Z t
u(t) = S1 (t)u0 + S1 (t − s)F u(s)ds. (2.4.138)
0
Como u0 ∈ D(A) e F (u(s)) ∈ D(A), então, podemos substituir S1 (t) por S(t) em (2.4.138) e
- 149 -
2.4 O Problema Não Linear
u ∈ C 0 ([0, +∞); D(A)) o que implica em virtude de F : D(A) → D(A) ser Lipschitz contı́nua que
Levando em conta (2.4.138), (2.4.139), (2.4.140) e a Proposição 2.17, concluı́mos que u é solução
clássica de (2.4.127). 2
Teorema 2.25 Seja F : X → X uma função localmente Lipschitz, ou seja, para todo R > 0, existe
LR ≥ 0 tal que kuk ≤ R e kvk ≤ R implica
kF u − F vk ≤ LR ku − vk.
(i) Então, para todo u0 ∈ X existe uma função u ∈ C 0 ([0, +∞); X) solução generalizada de
(2.4.127) sobre [0, T ], a qual pode ser estendida a uma solução maximal sobre [0, Tmax ), com
Tmax = +∞ ou Tmax < +∞ e lim ku(t)k = +∞.
−
t→Tmax
(ii) Se u0 ∈ D(A) a solução é forte.
Demonstração:
Note que KT é fechado, pois é uma bola fechada de C([0, T ], X) e pela proposição 1.8 temos que
C([0, T ], X) um espaço de Banach, sendo assim KT também é um espaço de Banach.
Z t
Φu(t) = S(t)u0 + S(t − s)F (u(s))ds. (2.4.142)
0
Sejam R = M ku0 k + 1 e u ∈ KT . Então, por hipótese, existe L = L(ku0 k) > 0 tal que
- 150 -
2.4 O Problema Não Linear
Escolhendo, então
1
0 < T∗ < ,
M L(M ku0 k + 1 + ku0 k) + M kF (u0 )k
A seguir, provaremos que para T suficientemente pequeno Φ é uma contração. De fato, dados
u, v ∈ KT ∗ e R = M ku0 k + 1 existe L = L(ku0 k) > 0 tal que
Z t
kΦu(t) − Φv(t)k = k S(t − s)(F (u(s)) − F (v(s)))dsk
0
Z T
≤ M kF (u(s)) − F (v(s))kds
0
≤ M LT ku − vkC 0 ([0,T ];X) , ∀u, v ∈ KT ∗ , ∀t ∈ [0, T ].
1
Assim, se escolhermos 0 < T < , então Φ será uma contração. Então denotando-se
2M L
T∗ 1
T0 = min{ , }
2 2M L
resulta que Φ possui um único ponto fixo que é uma solução generalizada de (2.4.127) em [0, T0 ].
du1
(t) = Au1 (t) + F (u1 (t)) em [0, T0 ]
dt (2.4.145)
u (0) = u
1 0
mencionada acima. Note que pelo fato de u1 ∈ KT0 resulta que u1 ∈ C 0 ([0, T0 ]; X) e ku1 (t)k ≤
M ku0 k + 1, para todo t ∈ [0, T0 ].
dv1
(t) = Av1 (t) + F (v1 (t)) em [0, T ]
dt (2.4.146)
v (0) = u (T )
1 1 0
Raciocinando de modo análogo ao que fizemos para o problema (2.4.145), existe T1 > 0 tal que o
problema (2.4.146) admite uma solução generalizada, v1 , em [0, T1 ].
Observe que, pelo Teorema 2.23, se u0 ∈ D(A) então u1 é solução forte do problema (2.4.127) em
[0, T0 ]. Por sua vez, v1 também será solução forte do mesmo problema em [0, T1 ].
Definamos
u1 (t) em [0, T0 ]
u2 (t) =
v1 (t − T0 ) em [T0 , T0 + T1 ].
- 151 -
2.4 O Problema Não Linear
Note que Z t
u1 (t) = S(t)u0 + S(t − s)F (u1 (s))ds, ∀t ∈ [0, T0 ]
0
e Z t
v1 (t) = S(t)u1 (T0 ) + S(t − s)F (v1 (s))ds, ∀t ∈ [0, T1 ].
0
Z t
u2 (t) = u1 (t) = S(t)u0 + S(t − s)F (u1 (s))ds
0
Z t
= S(t)u0 + S(t − s)F (u2 (s))ds.
0
Z t−T0
u2 (t) = v1 (t − T0 ) = S(t − T0 )u1 (T0 ) + S(t − T0 − s)F (v1 (s))ds
0
Z T0
= S(t − T0 ) S(T0 )u0 + S(T0 − s)F (u1 (s))ds
0
Z t−T0
+ S(t − T0 − s)F (v1 (s))ds
0
Z T0
= S(t − T0 )S(T0 )u0 + S(t − T0 )S(T0 − s)F (u1 (s))ds
0
Z t−T0
+ S(t − T0 − s)F (v1 (s))ds
0
Z T0
= S(t)u0 + S(t − s)F (u1 (s))ds
0
Z t
+ S(t − T0 − w + T0 )F (v1 (w − T0 ))dw
T0
Z T0 Z t
= S(t)u0 + S(t − s)F (u1 (s))ds + S(t − s)F (v1 (s − T0 ))ds
0 T0
Z T0 Z t
= S(t)u0 + S(t − s)F (u2 (s))ds + S(t − s)F (u2 (s))ds
0 T0
Z t
= S(t)u0 + S(t − s)F (u2 (s))ds, (2.4.147)
0
donde concluı́mos o desejado. Assim, considerando o problema (2.4.127) com dado inicial u0 , temos
∗
Prosseguindo desta forma, obtemos uma famı́lia de funções {ui }i∈I e uma coleção de números {Ti−1 }i∈I
tal que
∗
ui é solução generalizada de (2.4.127) em [0, Ti−1 ],
- 152 -
2.4 O Problema Não Linear
[
∗
Escrevamos [0, Tmax ) = [0, Ti−1 [.
i∈I
Agora, vamos definir uma função u com valores reais e domı́nio em [0, Tmax [ da seguinte maneira:
∗ ∗
dado i ∈ I, definimos u em [0, Ti−1 [ como sendo a restrição de uj em [0, Ti−1 [ para qualquer j ≥ i. Tal
∗
definição faz sentido pois se k, j ≥ i então uk e uj coincidem em [0, Ti−1 [.
Provemos que u é a única solução generalizada de (2.4.127) em [0, Tmax ). Pela própria definição de
∗
u, é claro que u ∈ C 0 ([0, Tmax [; X); Dado t ∈ [0, Tmax [, existe i ∈ I tal que Ti−1 ≤ t ≤ Ti∗ e, por indução,
por cálculos análogos aos feitos em (2.4.147), obtemos que
Z t
u(t) = S(t)u0 + S(t − s)F (u(s))ds,
0
o que mostra que u é solução generalizada de (2.4.127) em [0, Tmax [. Para provar a unicidade, suponhamos
que exista uma outra função v que é solução generalizada de (2.4.127) em [0, Tmax [. Em particular, para
cada i ∈ I temos que v satisfaz
Z t
∗
v(t) = S(t)u0 + S(t − s)F (v(s))ds, ∀t ∈ [Ti−1 , Ti∗ ].
0
∗
Mas, pelo Teorema 2.23, sabemos que ui é a única solução generalizada de (2.4.127) em [Ti−1 , Ti∗ ], donde
∗
v = ui em [Ti−1 , Ti∗ ], para cada i ∈ I. Logo, u = v.
Logo,
ku(t)k ≤ C; ∀t ∈ [0, Tmax ]. (2.4.148)
dv (t) = Av(t) + F (v(t))
dt
v(0) = u(Tmax ) = lim u(t)
−
t→Tmax
e pondo-se
u em [0, Tmax ]
w=
v(t − Tmax ) em [Tmax , Tmax + δ], δ > 0
conseguimos uma solução generalizada de (2.4.127) que supera a solução maximal u, o que é um absurdo.
∗
ii)Sejam u solução generalizada de (2.4.127) em [0, Tmax [ e u = ui a restrição de u em [Ti−1 , Ti∗ ].
Analogamente ao vimos no item i), se u0 ∈ D(A), obtemos que ui é solução forte de (2.4.127) em
∗
[Ti−1 , Ti∗ ]. Pela arbitrariedade de i ∈ I, segue que u é solução forte de (2.4.127). 2
- 153 -
2.4 O Problema Não Linear
Teorema 2.26 Assumamos que kS(t)k ≤ 1. Seja F : D(A) → D(A) uma função localmente Lipschitz.
Dado u0 ∈ D(A) existe u ∈ C 1 ([0, Tmax ), X) ∩ C 0 ([0, Tmax ), D(A)), u é solução clássica sobre [0, Tmax )
e Tmax = +∞ ou Tmax < +∞ e lim (ku(t)k + kAu(t)k) = +∞.
t→Tmax
Demonstração: No Teorema 2.25, considere X = D(A) munido da norma do gráfico. Logo, dado
u0 ∈ D(A), temos que
u1 (t), t ∈ [0, T1 )
u (t − T ), t ∈ [T1 , T2 )
2 1
..
u(t) = . (2.4.149)
u (t − T ), t ∈ [T , T )
n n−1 n−1 n
..
.
é solução forte de (2.4.127), com u ∈ C 0 ([0, Tmax ), D(A)) e Tmax = +∞ ou Tmax < +∞ e lim (ku(t)k+
t→Tmax
kAu(t)k) = +∞. Lembrando que ui é solução clássica de (2.4.127) em [0, Ti ] com ui (0) = ui−1 (Ti−1 ) e
T0 = 0.
Resta mostrar que u ∈ C 1 ([0, Tmax ), X). Como u(t) ∈ D(A), para todo t ∈ [0, Tmax ) e u ∈
C ([0, Tmax ), D(A)), então u ∈ C 0 ([0, Tmax ), X). Agora, observe que para cada intervalo [Ti−1 , Ti ), du
0
dt é
contı́nua. Resta-nos, então, provar a continuidade em Ti .
du + u(Ti + h) − u(Ti )
(Ti ) = lim+
dt h→0 h
ui+1 (h) − ui+1 (0)
= lim
h→0+ h
+
dui+1
= (0)
dt
e
du − u(Ti + h) − u(Ti )
(Ti ) = lim
dt h→0− h
ui (Ti + h) − ui (Ti )
= lim
h→0− h
−
dui
= (Ti )
dt
Assim, devemos mostrar que
dui+1 + dui −
(0) = (Ti ).
dt dt
Como ui é solução clássica de (2.4.127) em [0, Ti ], temos que
dui
(t) = Aui (t) + F (ui (t)) t ∈ [0, Ti ]
dt (2.4.150)
ui (0) = ui−1 (Ti−1 )
e
dui+1
(t) = Aui+1 (t) + F (ui+1 (t)) t ∈ [0, Ti+1 ]
dt (2.4.151)
ui+1 (0) = ui (Ti ).
Logo,
dui −
(Ti ) = Aui (Ti ) + F (ui (Ti ))
dt
- 154 -
2.4 O Problema Não Linear
dui+1 +
(0) = Aui+1 (0) + F (ui+1 (0))
dt
= Aui (Ti ) + F (ui (Ti ))
dui −
= (Ti ),
dt
o que prova o desejado. 2
- 155 -
Capı́tulo 3
Equações de Evolução
Nesta seção, vamos considerar Ω um subconjunto aberto de Rn limitado com fronteira Γ bem
regular.
Vamos estudar a existência e unicidade de solução da equação (3.1.1) considerando o dado inicial
u0 em cada um dos seguintes conjuntos: H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), L2 (Ω), H01 (Ω), e H −1 (Ω).
ut = ∆u,
(3.1.2)
u(0) = u0 ,
Inicialmente, usaremos o Teorema de Lumer-Phillips par provar que ∆ ∈ G(1, 0). De fato,
iii)Im(I − ∆) = L2 (Ω). Com efeito, provar que Im(I − ∆) = L2 (Ω) é equivalente a provar que
para cada f ∈ L2 (Ω) dada o problema u − ∆u = f é satisfeito para algum u ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω). Para
- 156 -
3.1 Equação do Calor
Pelo Lema de Lax-Milgran, existe uma única u ∈ H01 (Ω) tal que a(u, v) = hf, vi, para todo v ∈ H01 , ou
seja Z Z
(∇u∇v + uv)dx = f vdx, ∀v ∈ H01 (Ω).
Ω Ω
Daı́ e da regularidade do problema elı́ptico resulta que u ∈ H 2 (Ω). Logo, usando a identidade de Green,
vemos que existe uma única u ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) que satisfaz u − ∆u = f, donde obtemos o desejado.
Por i), ii) e iii), o operador ∆ é m-dissipativo com domı́nio denso, e pelo Teorema de Lumer-Phillips,
resulta que ∆ ∈ G(1, 0). Logo, quando u0 ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), pelo Teorema 2.3, o problema (3.1.2) admite
uma única solução
u ∈ C([0, ∞); H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω)) ∩ C 1 ([0, ∞); L2 (Ω)).
Inicialmente, provemos que ∆ : H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) ⊂ L2 (Ω) → L2 (Ω) é autoadjunto. Com efeito,
como ∆ é m-dissipativo, então −∆ é maximal monótono. Além disso, −∆ é simétrico, pois
(−∆u, v)L2 (Ω) = (∇u, ∇v)L2 (Ω) = (u, −∆v)L2 (Ω) , ∀u, v ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω),
Desde que ∆ é m-dissipativo e autoadjunto, segue que ∆ gera um semigrupo diferenciável, pela
Proposição 2.8. Então, pelo Teorema 2.5, resulta que se u0 ∈ L2 (Ω) então o problema (3.1.2) tem uma
únia solução na classe
u ∈ C((0, ∞); H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω)) ∩ C([0, ∞); L2 (Ω)) ∩ C 1 ((0, ∞); L2 (Ω)).
Primeiramente, vamos provar que o operador −∆ : H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) ⊂ L2 (Ω) → L2 (Ω) é definido
pela terna {H01 (Ω), L2 (Ω), b(u, v)}, onde b(u, v) = (∇u, ∇v)L2 (Ω) = (u, v)H01 (Ω) é uma forma sesquilinear,
contı́nua e coerciva em H01 (Ω).
- 157 -
3.1 Equação do Calor
Consideremos A o operador definido pela terna {H01 (Ω), L2 (Ω), b(u, v)}. Vamos mostrar que
D(A) = {u ∈ H01 (Ω); ∃f ∈ L2 (Ω) tal que b(u, v) = (f, v)L2 (Ω) , ∀v ∈ H01 (Ω)},
então, devemos exibir f ∈ L2 (Ω) tal que b(u, v) = (f, v)L2 (Ω) , para todo v ∈ H01 (Ω). Considerando
f = −∆u ∈ L2 (Ω) temos o desejado, pois
b(u, v) = (∇u, ∇v)L2 (Ω) = (−∆u, v)L2 (Ω) = (f, v)L2 (Ω) , ∀v ∈ H01 (Ω).
Em particular,
(f, ϕ)L2 (Ω) = (∇u, ∇ϕ)L2 (Ω) , ∀ϕ ∈ D(Ω),
donde, utilizando a Identidade de Green, resulta que f = −∆u em D′ (Ω). Como f ∈ L2 (Ω) segue
−∆u ∈ L2 (Ω). Portanto, u satisfaz o problema
−∆u = f em Ω,
(3.1.3)
u=0 em Γ,
donde obtemos que u ∈ H 2 (Ω). Logo, u ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) = D(−∆). Concluı́mos, assim, que o operador
−∆ : H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) ⊂ L2 (Ω) → L2 (Ω) é definido pela terna {H01 (Ω), L2 (Ω), b(u, v)}.
H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) ,→ H01 (Ω) ,→ L2 (Ω) ,→ H −1 (Ω) ,→ (H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω))′ ,
Como a forma bilinear b(u, v) = (∇u, ∇v)L2 (Ω) é coerciva, o operador −∆, sendo definido pela
terna {H01 (Ω), L2 (Ω), b(u, v)}, admite uma extensão
˜ : H 1 (Ω) −→ H −1 (Ω)
−∆ 0
u 7−→ −∆u,
˜
onde −∆u
˜ : H 1 (Ω) → C é definido por
0
h−∆u,
˜ viH −1 (Ω),H 1 (Ω) = (∇u, ∇v)L2 (Ω) = (u, v)H 1 (Ω) .
0 0
Tal extensão é uma bijeção e, munindo H −1 (Ω) do produto interno dado por
˜ −1 x, −∆
(x, y)H −1 (Ω) = (−∆ ˜ −1 y)H 1 (Ω) = (∆
˜ −1 x, ∆
˜ −1 y)H 1 (Ω) ,
0 0
ut − ∆u
˜ =0 em (0, ∞) × Ω,
u=0 em (0, ∞) × Γ, (3.1.4)
u(0) = u0 em Ω.
- 158 -
3.1 Equação do Calor
˜ ∈ G(1, 0).
Vamos provar que ∆u
˜ u)H −1 (Ω)
(∆u, = ˜ −1 ∆u,
(∆ ˜ ∆ ˜ −1 u)H 1 (Ω) = (u, ∆
˜ −1 u)H 1 (Ω) = (∇u, ∇∆˜ −1 u)L2 (Ω)
Z 0
Z 0
Z
= ∇u∇∆ ˜ −1 udx = − u∆∆ ˜ −1 udx = − u2 dx ≤ 0.
Ω Ω Ω
˜ n , un )H −1 (Ω) ≤ 0,
(∆u ∀n ∈ N.
Note que
|(∆u
˜ n , un )H −1 (Ω) − (∆u,
˜ u)H −1 (Ω) |
= |(∆u
˜ n , un )H −1 (Ω) − (∆u, ˜ un )H −1 (Ω) − (∆u,
˜ un )H −1 (Ω) + (∆u, ˜ u)H −1 (Ω) |
≤ |(∆u
˜ n − ∆u,
˜ un )H −1 (Ω) | + |(∆u,
˜ un − u)H −1 (Ω) |
≤ k∆u
˜ n − ∆uk
˜ H −1 (Ω) kun kH −1 (Ω) + k∆uk
˜ H −1 (Ω) kun − ukH −1 (Ω)
≤ ˜ n − ∆uk
ck∆u ˜ H −1 (Ω) kun kH 1 (Ω) + ck∆uk
0
˜ H −1 (Ω) kun − ukH 1 (Ω) → 0,
0
onde usamos que c > 0 é a constante da imersão H01 (Ω) ,→ H −1 (Ω) e que ∆
˜ é uma isometria bijetora.
Com a convergência provada, concluı́mos que (∆u, u)H −1 (Ω) ≤ 0.
˜
que é uma forma bilinear, contı́nua e coerciva. Pelo Lema de Lax-Milgran, existe uma única u ∈ H01 (Ω)
tal que
a(u, v) = hf, vi, ∀v ∈ H01 (Ω).
Daı́ e com
h−∆u,
˜ vi = (∇u, ∇v)L2 (Ω) , ∀v ∈ H01 (Ω),
resulta que
hu − ∆u,
˜ vi = hf, vi, ∀v ∈ H01 (Ω),
donde concluı́mos o desejado.
Portanto, ∆ ˜ é m-dissipativo com domı́nio denso, donde resulta, pelo Teorema ded Lumer-Phillips,
˜ ∈ G(1, 0). Portanto, quando u0 ∈ H 1 (Ω), pelo Teorema 2.3, resulta que o problema (3.1.4) tem
que ∆ 0
uma única solução
u ∈ C([0, ∞); H01 (Ω)) ∩ C 1 ([0, ∞); H −1 (Ω)).
˜ H −1 (Ω)
(u, ∆v) = ˜ −1 u, ∆
(∆ ˜ −1 ∆v) ˜ −1 u, v)H 1 (Ω) = (∇∆
˜ H 1 (Ω) = (∆ ˜ −1 u, ∇v)L2 (Ω)
0 0
- 159 -
3.1 Equação do Calor
e também
˜ v)H −1 (Ω)
(∆u, = ˜ −1 ∆u,
(∆ ˜ ∆ ˜ −1 v)H 1 (Ω) = (u, ∆
˜ −1 v)H 1 (Ω) = (∇u, ∇∆
˜ −1 v)L2 (Ω)
0 0
= −(u, ∆
˜∆˜ −1 v)L2 (Ω) = −(u, v)L2 (Ω) ,
˜ v)H −1 (Ω) , para todo u, v ∈ D(∆), e por densidade, a mesma igualdade vale para
˜ = (∆u,
donde (u, ∆v)
todo u, v ∈ D(∆), o que mostra que ∆
˜ ˜ é simétrico.
Como ∆ ˜ é m-dissipativo, então −∆ ˜ é maximal monótono, e sendo este simétrico, segue que ele
˜
também é autoadjunto. Portanto, ∆ também é autoadjunto. Desde que ∆ ˜ é m-dissipativo e autoad-
junto, pela Proposição 2.8 concluı́mos que este operador gera um semigrupo diferenciável. Portanto, pelo
Teorema 2.5, o problema (3.1.4), com dado inicial u0 ∈ H −1 (Ω), tem uma única solução
u ∈ C((0, ∞); H01 (Ω)) ∩ C([0, ∞); H −1 (Ω)) ∩ C 1 ((0, ∞); H −1 (Ω)).
Vamos estudar a existência e unicidade de solução da equação (3.1.5) considerando o dado inicial
u0 em cada um dos seguintes conjuntos: L2 (Ω), H 1 (Ω), (H 1 (Ω))′ .
Como a aplicação a é bilinear e contı́nua, sabemos que a terna {H 1 (Ω), L2 (Ω), a(u, v)} define um
operador A. Vamos mostrar que
De fato, seja
u ∈ D(A) = {u ∈ H 1 (Ω); ∃f ∈ L2 (Ω) tal que a(u, v) = (f, v)L2 (Ω) , ∀v ∈ H 1 (Ω)}.
(∇u, ∇v)L2 (Ω) + (u, v)L2 (Ω) = (f, v)L2 (Ω) , ∀v ∈ H 1 (Ω). (3.1.6)
- 160 -
3.1 Equação do Calor
Como f ∈ L2 (Ω) e u ∈ H 1 (Ω) então −∆u ∈ L2 (Ω). Então, por (3.1.6) temos
∂u
(∇u, ∇v)L2 (Ω) + (∆u, v)L2 (Ω) = h , viH −1/2 ,H 1/2 ,
∂ν
e assim,
∂u
h
, viH −1/2 ,H 1/2 = 0, ∀v ∈ H 1 (Ω).
∂ν
∂u
Como o traço é sobrejetor, obtemos = 0 em Γ. Além disso, pela regularidade do problema de Neumann
∂ν
temos u ∈ H (Ω), donde concluı́mos que u ∈ D(∆).
2
Reciprocamente, seja u ∈ D(∆). Devemos exibir f ∈ L2 (Ω) tal que a(u, v) = (f, v)L2 (Ω) , ∀v ∈
H 1 (Ω). Considerando f = −∆u + u ∈ L2 (Ω), obtemos o desejado. Logo, u ∈ D(A). Agora, como u ∈
D(A), então a(u, v) = (Au, v)L2 (Ω) , donde segue que, utilizando a segunda fórmula de Green generalizada,
que
u − ∆u = Au, ∀u ∈ D(∆).
Logo, o operador I − ∆ é definido pela terna {H 1 (Ω), L2 (Ω), a(u, v)}. Portanto, pela aplicação do
caso Parabólico, quando z0 ∈ L2 (Ω), o problema
zt + (I − ∆)z = 0 em (0, ∞) × Ω,
(3.1.7)
z(0) = z0 em Ω.
Escrevendo u(t) = et z(t), vemos que u é a única solução de (3.1.5) com u0 = u(0) ∈ L2 (Ω) na
classe
I^
− ∆ : H 1 (Ω) −→ (H 1 (Ω))′
u 7−→ I^
− ∆u : H 1 (Ω) → C,
onde
hI^
− ∆u, vi(H 1 (Ω))′ ,H 1 (Ω) = a(u, v) = (∇u, ∇v)L2 (Ω) + (u, v)L2 (Ω) .
Tal extensão é uma isometria bijetora, e por ela definimos o produto interno em (H 1 (Ω))′ dado
por
(u, v)(H 1 (Ω))′ = ((I^
− ∆)−1 u, (I^
− ∆)−1 v)H 1 (Ω) .
- 161 -
3.1 Equação do Calor
((I^
− ∆)u, u)(H 1 (Ω))′ = ((I^
− ∆)−1 (I^
− ∆)u, (I^
− ∆)−1 u)H 1 (Ω) = (u, (I^
− ∆)−1 u)H 1 (Ω)
= (∇u, ∇(I^
− ∆)−1 u)L2 (Ω) + (u, (I^
− ∆)−1 u)L2 (Ω)
= (u, −∆(I^
− ∆)−1 u)L2 (Ω) + hγ1 u, γ0 (I^
− ∆)−1 uiH −1/2 ,H 1/2
+ (u, (I^
− ∆)−1 u)L2 (Ω)
= (u, (I − ∆)(I^
− ∆)−1 u)L2 (Ω) = kuk2L2 (Ω) ≥ 0, ∀u ∈ D(∆).
Agora, seja u ∈ H 1 (Ω), então existe {un } ⊂ D(∆) tal que un → u em H 1 (Ω). Como I^
− ∆ é con-
^ ^ ′ ^ ^
tı́nua então (I − ∆)un → (I − ∆)u em (H (Ω)) . Como ((I − ∆)un , un )(H 1 (Ω))′ → ((I − ∆)u, u)(H 1 (Ω))′
1
Agora, provemos que Im(I + (I^ − ∆)) = (H 1 (Ω))′ , ou seja, dado f ∈ (H 1 (Ω))′ devemos exibir
u ∈ H 1 (Ω) tal que u + (I^
− ∆)u = f. Considere b(u, v) = (u, v)L2 (Ω) + a(u, v). Então, por Lax-Milgran,
existe um único u ∈ H (Ω) tal que b(u, v) = hf, vi(H 1 (Ω))′ ,H 1 (Ω) , ∀v ∈ H 1 (Ω). Daı́ resulta que
1
hu, vi + h(I^
− ∆)u, vi = hf, vi, ∀v ∈ H 1 (Ω),
((I^
− ∆)u, v)(H 1 (Ω))′ = ((I^
− ∆)−1 (I^
− ∆)u, (I^
− ∆)−1 v)H 1 (Ω) = (u, (I^
− ∆)−1 v)H 1 (Ω)
= (∇u, ∇(I^
− ∆)−1 v)L2 (Ω) + (u, (I^
− ∆)−1 v)L2 (Ω)
= (u, −∆(I^
− ∆)−1 v)L2 (Ω) + (u, (I^
− ∆)−1 v)L2 (Ω)
= (u, (I^
− ∆)(I^
− ∆)−1 v)L2 (Ω)
= (u, v)L2 (Ω)
= ((I^
− ∆)(I^
− ∆)−1 u, v)L2 (Ω)
= ((I^
− ∆)−1 u, v)L2 (Ω) + (−∆(I^
− ∆)−1 u, v)L2 (Ω)
= ((I^
− ∆)−1 u, v)L2 (Ω) + (∇(I^
− ∆)−1 u, ∇v)L2 (Ω) = ((I^
− ∆)−1 u, v)H 1 (Ω) .
Portanto, I^ − ∆ é simétrico para todo u, v ∈ D(∆). Novamente, por densidade concluı́mos que
^
I − ∆ é simétrico para todo u, v ∈ H 1 (Ω). E como este operador é maximal monótono, temos que
(I^
− ∆)∗ = I^ − ∆. Portanto, I^ − ∆ gera um semigrupo diferenciável.
Portanto, o problema
(
zt + (I^
− ∆)z = 0 em (0, ∞) × Ω,
(3.1.8)
z(0) = u0 em Ω.
- 162 -
3.2 Equação da Onda
quando u0 ∈ (H 1 (Ω))′ .
O operador
e : H 1 (Ω) → (H 1 (Ω))′
−∆ (3.1.9)
e
u 7→ −∆u, e : H 1 (Ω) → C
onde − ∆u
v 7→ (∇u, ∇v)L2 ((Ω)) ,
− ∆ = Ie − ∆
é uma extensão contı́nua de −∆. Além disso, I^ e = I − ∆.
e
(
e =0
ut − ∆u em (0, ∞) × Ω,
(3.1.10)
u(0) = u0 em Ω.
na classe
u ∈ C((0, ∞); H 1 (Ω)) ∩ C 0 ([0, ∞); H 1 (Ω)) ∩ C 1 ((0, ∞); H 1 (Ω)),
Primeiro caso: (u0 , u1 ) ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) × H01 (Ω) e (u0 , u1 ) ∈ H01 (Ω) × L2 (Ω).
Observemos, inicialmente, que pelo exposto no Terceiro Caso do estudo da Equação do Calor o
operador −∆ : H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) ⊂ L2 (Ω) → L2 (Ω) é definido pela terna {H01 (Ω), L2 (Ω), b(u, v)}, onde
b(u, v) = (∇u, ∇v)L2 (Ω) = (u, v)H01 .
Assim, pelo Caso Hiperbólico da Seção 2.2, temos que o problema (3.2.11) possui uma única
solução, u, para (u0 , u1 ) ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) × H01 (Ω), com
u ∈ C 0 ([0, +∞); H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω)) ∩ C 1 ([0, +∞); H01 (Ω)) ∩ C 2 ([0, +∞); L2 (Ω))
k∇u(t)k2L2 (Ω) + ku′ (t)k2L2 (Ω) = k∇u0 k2L2 (Ω) + ku1 k2L2 (Ω) , ∀t ≥ 0.
Também pelo Caso Hiperbólico da Seção 2.2 o problema (3.2.11) possui uma única solução, u, para
(u0 , u1 ) ∈ H01 (Ω) × L2 (Ω), com
u ∈ C 0 ([0, +∞); H01 (Ω)) ∩ C 1 ([0, +∞); L2 (Ω)) ∩ C 2 ([0, +∞); H −1 (Ω))
- 163 -
3.2 Equação da Onda
ku(t)k2L2 (Ω) + ku′ (t)k2H −1 (Ω) = ku0 k2L2 (Ω) + ku1 k2H −1 (Ω) , ∀t ≥ 0.
e
e : L2 (Ω) −→ (H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω))′
∆
e
ee ee
B : L2 (Ω) × H −1 (Ω) −→ H −1 (Ω) × (H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω))′ := X
ee e
e
(u, v) → B(u, v) = (v, ∆u)
ee ∗ ee ee
Novamente temos B = −B e assim, B gera um grupo unitário. Portanto, existe uma única solução
ee ee
U ∈ C([0, ∞), D(B)) ∩ C 1 ([0, ∞), X),
ou seja,
u ∈ C([0, ∞), L2 (Ω)) ∩ C 1 ([0, ∞), H −1 (Ω)) ∩ C 2 ([0, ∞), (H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω))′ ).
Observação 3.1 Para justificar a condição u = 0 sobre Γ × (0, ∞) deve-se fazer uso dos resultados
obtidos em [67].
utt − ∆u = 0 em (0, ∞) × Ω
∂u
= 0 em (0, ∞) × Γ (3.2.12)
∂ν
u(0) = u , u (0) = v0 em Ω
0 t
Vamos estudar a existência e unicidade de solução da equação (3.2.12) considerando o par de dados
iniciais (u0 , v0 ) em cada um dos seguintes espaços: D(∆) × H 1 (Ω), H 1 (Ω) × L2 (Ω), onde
∂u
D(∆) = {u ∈ H 2 (Ω); = 0 em Γ}.
∂ν
du
v= , (3.2.13)
dt
então pondo
u
U= , (3.2.14)
v
- 164 -
3.2 Equação da Onda
obtemos
du
dU dt v 0 I u
= dv = = . (3.2.15)
dt dt ∆u ∆ 0 v
de (3.2.12) obtemos
dU
= BU ;
dt (3.2.17)
U (0) = U ,
0
u0
com U0 = .
v0
u0
com U0 = .
v0
Precisamos mostrar que B − I é o gerador de um semigrupo de classe C0 . Para isso vamos usar
o Teorema de Lumer-Phillips. Temos que B − I : D(∆) × H 1 (Ω) ⊂ H 1 (Ω) × L2 (Ω) → H 1 (Ω) × L2 (Ω).
Note que
= v1 u1 dx − u1 dx −
2
∇ u1 dx −
2
v12 dx
Ω Ω Ω Ω
R
Note que se Ω v1 u1 dx < 0 então o último termo da expressão acima é menor ou igual a zero. Se
R
v u dx ≥ 0 então
Ω 1 1
R R R R R R R R
Ω
v1 u1 dx − Ω
u21 dx − Ω
∇2 u1 dx − Ω
v12 dx ≤ 2 Ω
v1 u1 dx − Ω
u21 dx − Ω
∇2 u1 dx − Ω
v12 dx
.
R R
= − (u − v1 )2 dx −
Ω 1 Ω
∇2 u1 dx ≤ 0
- 165 -
3.2 Equação da Onda
iii) Im(I − (B − I)) = H 1 (Ω) × L2 (Ω). Ou ainda, Im(2I − B) = H 1 (Ω) × L2 (Ω). Temos que mostrar
que dado (w, z) ∈ H 1 (Ω) × L2 (Ω) existe (u, v) ∈ D(∆) × H 1 (Ω) tal que (2I − B)(u, v) = (w, z). Ou seja,
tal que (2u − v, 2v − ∆u) = (w, z). Ou ainda, tal que
2u − v = w 4u − 2v = 2w
⇒ (3.2.19)
2v − ∆u = z 2v − ∆u = z
Somando as duas equações do sistema acima, obtemos 4u − ∆u = 2w + z. Vamos mostrar, então, que
existe u ∈ D(∆) tal que (4I − ∆)u = 2w + z. Definamos
Z
a(u, v) = (∇u∇v + uv)dx, ∀u, v ∈ H 1 (Ω),
Ω
Pelo Lema de Lax-Milgran, existe uma única u ∈ H 1 (Ω) tal que a(u, v) =< 2w + z − 3u, v >, para toda
v ∈ H 1 (Ω), ou seja, tal que
Z Z
(∇u∇v + uv)dx = (2w + z − 3u)v dx, ∀v ∈ H 1 (Ω). (3.2.20)
Ω Ω
(∇u, ∇v)L2 (Ω) + (u, v)L2 (Ω) = (2w + z − 3u, v)L2 (Ω) , ∀v ∈ H 1 (Ω). (3.2.21)
(∇u, ∇ϕ)L2 (Ω) + (u, ϕ)L2 (Ω) = (2w + z − 3u, ϕ)L2 (Ω) .
∂u
(∇u, ∇v)L2 (Ω) + (∆u, v)L2 (Ω) = h , viH −1/2 ,H 1/2 ,
∂ν
e assim,
∂u
h
, viH −1/2 ,H 1/2 = 0, ∀v ∈ H 1 (Ω).
∂ν
∂u
Como o traço é sobrejetor, obtemos = 0 em Γ. Assim, u ∈ D(∆). Note que, de 3.2.19, v = 2u − w.
∂ν
Como u, w ∈ H (Ω) segue que v ∈ H (Ω). Desta forma, concluı́mos que (u, v) ∈ D(∆) × H 1 (Ω), como
1 1
querı́amos.
Por i), ii) e iii), o operador B − I é m-dissipativo com domı́nio denso. Logo, pelo Teorema de
Lumer-Phillips, resulta que B − I ∈ G(1, 0). Logo, quando U0 ∈ D(B − I), pelo Teorema 2.3, existe uma
única função
Z ∈ C([0, ∞); D(B − I)) ∩ C 1 ([0, ∞); H 1 (Ω) × L2 (Ω)).
- 166 -
3.3 Equação de Schrödinger
Sabemos, pelo Corolário 1.23, que todo semigrupo de classe C0 é fortemente contı́nuo em R+ , ou
seja, se t ∈ R+ , então,
A seguir, temos um resultado que será útil para o estudo da Equação de Schrödinger.
x = λ0 x′ − Ax′ e y = λ0 y ′ − Ay ′ .
donde resulta (x′ , y) = (x, y ′ ), ou seja, (R(λ0 , A)x, y) = (x, R(λ0 , A)y). Como Dom(R(λ0 , A)) = X e com
a igualdade acima, segue que R(λ0 , A) é auto-adjunto.
Para provarmos que A é auto-adjunto, basta provarmos que D(A∗ ) ⊂ D(A), posto que A é si-
métrico, por hipótese. Sejam, então, x ∈ D(A∗ ) e z = (λ0 I − A)∗ x. Dado y ∈ H com w = R(λ0 , A)y
obtemos
(w, z) = (R(λ0 , A)y, z) = (y, R(λ0 , A)z)
e
(w, z) = (w, (λ0 I − A)∗ x) = ((λ0 I − A)w, x) = (y, x),
logo,
(y, R(λ0 , A)z) = (y, x).
Pela arbitrariedade de y ∈ H resulta x = R(λ0 , A)z ∈ D(A). 2
- 167 -
3.3 Equação de Schrödinger
Reciprocamente, se iA é auto-adjunto,
donde A = −A∗ , ou seja, −A = A∗ . Dessa forma, pelo Teorema de Stone, o operador A gera um grupo
unitário de classe C0 se, e somente se, iA é auto-adjunto.
du
(t) = i∆u(t) em Ω × (0, ∞),
dt
u=0 em ∂Ω × (0, ∞), (3.3.22)
u(0) = u em Ω,
0
Seja o operador A : H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) ⊂ L2 (Ω) → L2 (Ω) dado por Au = i∆u. Já sabemos que o
operador −iA = ∆ é auto-adjunto, ou seja, (−iA)∗ = (−iA). Por outro lado,
logo, iA∗ = −iA, e daı́ obtemos que iA é auto-adjunto. Logo, A gera um grupo unitário de classe C0 , e
em particular, gera um semigrupo de classe C0 . Pelo Teorema 2.3, o problema (3.3.22) possui uma única
solução u na classe
C 0 ([0, ∞); H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω)) ∩ C 1 ([0, ∞); L2 (Ω))
quando u0 ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) = D(A).
1 du
(t) = ∆u(t) − qu(t) em Rn × (0, ∞),
i dt (3.3.23)
u(0) = u em Rn ,
0
onde ∆ é o laplaciano e q é uma função real mensurável definida em Rn . Antes de estudarmos tal equação,
vamos provar que os operadores
Provemos, inicialmente, que −iA1 é auto-adjunto. Note que S(Rn ) ⊂ H 2 (Rn ) ⊂ L2 (Rn ) e como
L2 (Rn ) L2 (Rn )
S(Rn ) = L2 (Rn ) resulta que H 2 (Rn ) = L2 (Rn ). Logo, D(A1 ) = H 2 (Rn ) é denso em L2 (Rn ).
Além disso,
- 168 -
3.3 Equação de Schrödinger
Z
(∆u, v)L2 (Rn ) = ∆u(ξ)v(ξ)dξ
ZR
n
= c v (ξ)dξ
∆u(ξ)b
Rn
Z
= b(ξ)b
(−4π 2 )kξk2 u v (ξ)dξ
Rn
Z
= b(ξ)(−4π 2 )kξk2 vb(ξ)dξ
u
Rn
Z
= u c
b(ξ)∆v(ξ)dξ
Rn
= (u, ∆v)L2 (Rn ) , ∀u, v ∈ D(A1 ),
logo, (−iA1 u, v)L2 (Rn ) = (u, −iA1 v)L2 (Rn ) para quaisquer u, v ∈ D(A1 ), donde −iA1 é simétrico. Tam-
bém,
−∆u + u = v em L2 (Rn ),
isto é,
(I − (−iA1 ))u = v em L2 (Rn ),
o que mostra que I −(−iA1 ) é sobrejetor. Logo, existe (I +iA1 )−1 : L2 (Rn ) → H 2 (Rn ). Dado v ∈ L2 (Rn ),
seja u = (I + iA1 )−1 v ∈ H 2 (Rn ). Por (3.3.24),
Temos −iA1 simétrico com Im(I − (−iA1 )) = L2 (Rn ) e 1 ∈ ρ(−iA1 ). Pelo Teorema 3.2, −iA1 é
auto-adjunto. Logo, iA1 é auto-adjunto, e portanto, A1 gera um grupo unitário de classe C0 .
O operador
Mq : D(Mq ) ⊂ L2 (Rn ) −→ L2 (Rn )
u 7−→ Mq u = qu,
Provemos, agora, que iMq gera um grupo unitário de classe C0 . Para isso, basta provarmos que
Mq é auto-adjunto.
- 169 -
3.3 Equação de Schrödinger
e ocomo |uχEn (x) − u(x)|2 ≤ 4|u(x)|2 , para quase todo x ∈ Rn , pelo Teorema da Convergência Dominada
de Lebesgue resulta que uχEn → u em L2 (Rn ). Mas
Z Z
|q(x)u(x)χEn (x)|2 dx ≤ n2 |u(x)|2 dx < ∞, ∀n ∈ N,
Rn Rn
donde segue que uχEn ∈ D(Mq ), para todo n ∈ N. Assim, D(Mq ) é denso em L2 (Rn ).
Dados u, v ∈ D(Mq ), com o fato de q ser uma função com valores reais, temos (Mq u, v) = (u, Mq v),
e assim vemos que Mq é um operador simétrico. Com isso, obtemos D(Mq ) ⊂ D(Mq∗ ) e Mq∗ u = Mq u,
para todo u ∈ D(Mq ). Provemos que D(Mq ) = D(Mq∗ ). Notemos que se u, v ∈ D(Mq ) então
(±iI + Mq )u = (±iI + Mq )v
e então segue que u = v. Desse modo, ±iI + Mq são operadores injetores. Também,
p
| ± i + q(x)| = 12 + (q(x))2 ≥ 1, ∀x ∈ Rn ,
±iu
≤ | ± iu| = |u|,
±i + q
Com efeito, como D(Mq ) D(Mq∗ ), existe w ∈ D(Mq∗ ) \ D(Mq ). Como iI + Mq é sobrejetor e
(iI + Mq∗ )w ∈ L2 (Rn ), existe v ∈ D(Mq ) tal que
Mas v ∈ D(Mq ) ⊂ D(Mq∗ ) e Mq v = Mq∗ v, donde (iI + Mq )v = (iI + Mq∗ )w, com v 6= w.
Desde que iI + Mq∗ não é injetor, existe v 6= 0 em D(Mq∗ ) tal que (iI + Mq∗ )v = 0, ou seja,
Mq∗ v = −iv. Logo,
(Mq u, v)L2 (Rn ) = (u, Mq∗ v)L2 (Rn ) = (u, −iv)L2 (Rn ) = (iu, v)L2 (Rn ) , ∀u ∈ D(Mq ),
- 170 -
3.3 Equação de Schrödinger
e daı́,
((−iI + Mq )u, v)L2 (Rn ) = 0, ∀u ∈ D(Mq ).
Sendo −iI + Mq sobrejetor, da igualdade acima resulta que v = 0, p que é uma contradição. Logo,
D(Mq ) = D(Mq∗ ), e assim, Mq é auto-adjunto.
Retornemos ao problema
1 du
(t) = ∆u(t) − qu(t) em Rn × (0, ∞),
i dt (3.3.25)
u(0) = u em Rn .
0
b)q ∈ L∞ (Rn );
a)Neste caso, Mq ≡ 0. Já vimos que A1 gera um semigrupo de classe C0 . Logo, se u0 ∈ D(A1 ) =
H (R ), então há uma única solução u de (3.3.25) na classe u ∈ C([0, ∞); H 2 (Rn )) ∩ C 1 ([0, ∞), L2 (Rn )).
2 n
e daı́ também seque que Mq ∈ L(L2 (Rn )) com kMq kL(L2 (Rn )) ≤ kqkL∞ (Rn ) . Além disso, Im(I −(−iA1 )) =
L2 (Rn ), −iA1 tem domı́nio denso e é dissipativo. Pelo Teorema de Lumer-Phillips, −iA1 ∈ G(1, 0). Pelo
exercı́cio 1.52 segue −iA1 − Mq ∈ G(1, kMq kL(L2 (Rn )) ), donde −iA1 − Mq − kMq kL(L2 (Rn )) I ∈ G(1, 0),
pela proposição 1.37. Pelo Teorema de Lumer-Phillips,
para algum λ > 0 arbitrariamente fixado. Escrevendo λ0 = λ + kMq kL(L2 (Rn )) temos Im(λ0 − (−iA1 −
Mq )) = L2 (Rn ). Além disso, como −iA1 − Mq ∈ G(1, kMq kL(L2 (Rn )) ) e λ0 > kMq kL(L2 (Rn )) então
λ0 ∈ ρ(−iA1 − Mq ). Desde que
e −iA1 e Mq são simétricos, segue que −iA1 − Mq também é. Com isso, Im(λ0 − (−iA1 − Mq )) = L2 (Rn )
e λ0 ∈ ρ(−iA1 − Mq ), pelo Teorema 3.2 segue que −iA1 − Mq é auto-adjunto. Logo, iA1 + Mq também é
auto-adjunto e A1 −iMq gera um semigrupo de classe C0 . Analogamente ao caso anterior, se u0 ∈ H 2 (Rn )
então há uma única solução u de (3.3.25) na classe u ∈ C([0, ∞); H 2 (Rn )) ∩ C 1 ([0, ∞), L2 (Rn )).
Z Z
(−Mq u, u)L2 (Rn ) = (−qu, u)L2 (Rn ) = −q(x)u(x)u(x)dx = − q(x)|u(x)|2 dx ≤ 0, ∀u ∈ D(Mq ),
Rn Rn
donde −Mq é dissipativo. Já vimos que −iA1 ∈ G(1, 0). Pelas hipóteses e o exercı́cio 1.5.1 resulta que
−iA1 − Mq ∈ G(1, 0). Logo, para λ0 , Im(λ0 − (−iA1 − M − q)) = L2 (Rn ) e λ0 ∈ ρ(−iA1 − Mq ). Sendo
- 171 -
3.3 Equação de Schrödinger
−iA1 − Mq simétrico, pois D(−iA1 − Mq ) = H 2 (Rn ), resulta que −iA1 − Mq é auto-adjunto, logo,
iA1 + Mq também é adjunto e A1 − iMq gera um grupo unitário de classe C0 . Em particular, A1 − iMq
gera um semigrupo de classe C0 . Portanto, se u0 ∈ H 2 (Rn ) então há uma única solução u de (3.3.25) na
classe u ∈ C([0, ∞); H 2 (Rn )) ∩ C 1 ([0, ∞), L2 (Rn )).
em que Ω ⊂ Rn é aberto.
Defina,
Temos que:
|a(u, v)| = |(u, v)L2 (Ω) + (∇u, ∇v)L2 (Ω) | = |(u, v)H01 (Ω) | 6 ||u||H01 (Ω) ||v||H01 (Ω) , ∀u, v ∈ H01 (Ω).
|a(u, u)| = |(u, u)L2 (Ω) + (∇u, ∇u)L2 (Ω) | = ||u||2H 1 (Ω) .
0
Como a(·, ·) é bilinear, contı́nua e coerciva, pelo Lema de Lax-Milgram, dada f ∈ H −1 (Ω) =
(H01 (Ω))′ ,
existe único u ∈ H01 (Ω) tal que
Ou seja,
(u, w)L2 (Ω) + (∇u, ∇w)L2 (Ω) = hf, wiH −1 (Ω),H01 (Ω) , ∀w ∈ C0∞ (Ω). (3.3.27)
- 172 -
3.3 Equação de Schrödinger
Daı́,
Então, u − ∆u = f , em D′ (Ω).
Como a igualdade acima vale em D′ (Ω), então de (3.3.28) segue que existe único u ∈ H01 (Ω) tal
que
como desejado.
(u, w)L2 (Ω) + (∇u, ∇w)L2 (Ω) = h(I − ∆)u, wiH −1 (Ω),H01 (Ω) , ∀w ∈ H01 (Ω). (3.3.30)
E ainda,
|h(I − ∆)u, wiH −1 (Ω),H01 (Ω) | = |(u, w)L2 (Ω) + (∇u, ∇w)L2 (Ω) |
6 ||u||L2 (Ω) ||w||L2 (Ω) + ||∇u||L2 (Ω) ||∇w||L2 (Ω) . (3.3.31)
Utilizando a desigualdade de Hölder para séries (com p, q = 2), temos de (3.3.31) que
1 1
|h(I − ∆)u, wiH −1 (Ω),H01 (Ω) | 6 (||u||2L2 (Ω) + ||∇u||2L2 (Ω) ) 2 (||w||2L2 (Ω) + ||∇w||2L2 (Ω) ) 2
= ||u||H01 (Ω) ||w||H01 (Ω) .
Assim,
||(I − ∆)u||H −1 (Ω) = sup |h(I − ∆)u, wiH −1 (Ω),H01 (Ω) | 6 ||u||H01 (Ω) .
w∈H0 1 (Ω)
||w||61
Dessa forma,
||u||2H 1 (Ω) = ||u||2L2 (Ω) + ||∇u||2L2 (Ω) = |h(I − ∆)u, uiH −1 (Ω),H01 (Ω) |.
0
Para u 6= 0, obtemos:
* +
1 u
||u||H01 (Ω) = |h(I − ∆)u, uiH −1 (Ω),H01 (Ω) | = (I − ∆)u,
||u||H01 (Ω) ||u||H01 (Ω)
H −1 (Ω),H01 (Ω)
- 173 -
3.3 Equação de Schrödinger
De (3.3.32) e (3.3.33) vem que ||u||H01 (Ω) = ||(I −∆)u||H −1 (Ω) . E assim, (I −∆) : H01 (Ω) → H −1 (Ω)
é uma isometria sobrejetiva, isto é, um isomorfismo isométrico. Com isso, existe R(1, ∆) = (I − ∆)−1 .
Além disso, (I−∆)−1 também é uma isometria, daı́ ||(I−∆)−1 u||H01 (Ω) = ||u||H −1 (Ω) , ∀u ∈ H −1 (Ω).
De fato, ||u||H −1 (Ω) = ||(I − ∆)−1 u||H01 (Ω) = ||u||1 , ∀u ∈ H −1 (Ω), onde a primeira igualdade é dada pela
isometria e a segunda pela própria definição.
Lembremos que R(1, ∆) = (I − ∆)−1 : H −1 (Ω) → H01 (Ω) ⊂ H −1 (Ω). Com isso, queremos mostrar
que (I − ∆)−1 ∈ L(H −1 (Ω)), ∀u ∈ H −1 (Ω), isto é, que existe C > 0 tal que
Com efeito,
||(I − ∆)−1 u||H −1 (Ω) 6 C||(I − ∆)−1 u||H01 (Ω) = C||u||H −1 (Ω)
em que a desigualdade acima vem da cadeia de imersões dada em (3.3.28) e a igualdade segue da definição.
E ainda,
||(I − ∆)−1 u||1 = ||(I − ∆)−1 u||H −1 (Ω) 6 C||u||H −1 (Ω) = C||u||1 , ∀u ∈ H −1 (Ω).
Daı́, R(1, ∆) ∈ L(H −1 (Ω)) o que implica que 1 ∈ ρ(∆) e, da sobrejetividade já provada do operador
(I − ∆), também temos que Im(I − ∆) = H −1 (Ω).
A fim de utilizar a Proposição 3.2, resta mostrar que ∆ : H01 (Ω) ⊂ H −1 (Ω) → H −1 (Ω) é um
operador simétrico (com o produto interno ((·, ·))1 definido em H −1 (Ω)).
Seja u ∈ H −1 (Ω), sabemos que existe w ∈ H01 (Ω) tal que u = (I − ∆)w. Como w ∈ H01 (Ω) e D(Ω)
é denso em H01 (Ω), existe (ϕν ) ⊂ D(Ω) tal que ϕν → w em H01 (Ω). Da continuidade do operador (I − ∆),
segue que
ψν := (I − ∆)ϕν → (I − ∆)w = u, em H −1 (Ω).
Como (ψν ) ⊂ D(Ω) implica que D(Ω) é denso em H −1 (Ω). E, de D(Ω) ⊂ H01 (Ω) ⊂ H −1 (Ω) temos que
- 174 -
3.3 Equação de Schrödinger
Mostremos agora que ((∆u, v))1 = ((u, ∆v))1 . Essa demonstração será feita considerando o caso
real, isto é, K = R.
((∆u, v))1 = ((∆u − u + u, v))1 = ((−(I − ∆)u + u, v))1 = ((−(I − ∆)u, v))1 + ((u, v))1
= (−u, (I − ∆)v)H01 (Ω) + ((u, v))1
= (−u, (I − ∆)−1 v)L2 (Ω) + (−∇u, ∇[(I − ∆)−1 v])L2 (Ω) + ((u, v))1 .
Note que (−∇u, ∇[(I − ∆)−1 v])L2 (Ω) = (∇[(I − ∆)−1 v], −∇u)L2 (Ω) = h∆[(I − ∆)−1 v], uiD′ (Ω),D(Ω) .
Donde,
((∆u, v))1 = h−(I − ∆)−1 v, uiD′ (Ω),D(Ω) + h∆[(I − ∆)−1 v], uiD′ (Ω),D(Ω) + ((u, v))1
= h−(I − ∆)−1 v + ∆[(I − ∆)−1 v], uiD′ (Ω),D(Ω) + ((u, v))1
= h−(I − ∆)[(I − ∆)−1 v], uiD′ (Ω),D(Ω) + ((u, v))1
= h−v, uiD′ (Ω),D(Ω) + ((u, v))1
= (−v, u)L2 (Ω) + ((u, v))1
= −(u, v)L2 (Ω) + ((u, v))1 .
Daı́,
((u, ∆v))1 = ((u, ∆v − v + v))1 = ((u, −(I − ∆)v + v))1 = ((u, −(I − ∆)v))1 + ((u, v))1
= (−(I − ∆)−1 u, v)H01 (Ω) + ((u, v))1
= (−(I − ∆)−1 u, v)L2 (Ω) + (∇[(I − ∆)−1 u], −∇v)L2 (Ω) + ((u, v))1 .
Note que (∇[(I − ∆)−1 u], −∇v)L2 (Ω) = h∆[(I − ∆)−1 u], viD′ (Ω),D(Ω) .
Donde,
((u, ∆v))1 = h−(I − ∆)−1 u, viD′ (Ω),D(Ω) + h∆[(I − ∆)−1 u], viD′ (Ω),D(Ω) + ((u, v))1
= h−(I − ∆)−1 u + ∆[(I − ∆)−1 u], viD′ (Ω),D(Ω) + ((u, v))1
= h−(I − ∆)[(I − ∆)−1 u], viD′ (Ω),D(Ω) + ((u, v))1
= h−u, viD′ (Ω),D(Ω) + ((u, v))1
= −(u, v)L2 (Ω) + ((u, v))1 .
Daı́,
H 1 (Ω)
Agora, sejam w, z ∈ H01 (Ω), como C0∞ (Ω) = H01 (Ω), existem (ϕν ), (ψν ) ⊂ C0∞ (Ω), tais que
- 175 -
3.4 Equações Não Lineares
E, ainda, de (3.3.37) aplicada em particular para (ϕν ) e (ψν ), obtemos que ((∆ϕν , ψν ))1 = ((ϕν , ∆ψν ))1 .
Decorre daı́ que
ϕν → w em (H −1 , || · ||1 ),
ψν → z em (H −1 , || · ||1 ).
((−(I − ∆)w, z))1 + ((w, z))1 = ((w, −(I − ∆)z))1 + ((w, z))1
((−w + ∆w, z))1 + ((w, z))1 = ((w − z + ∆z))1 + ((w, z))1
((−w + ∆w + w, z))1 = ((w, −z + ∆z + z))1
((∆w, z))1 = ((w, ∆z))1 , ∀z, w ∈ H01 (Ω).
Portanto, ∆ é simétrico.
Pela proposição 3.2, temos que ∆ é autoadjunto. Donde (i∆)∗ = −i∆∗ = −i∆. Assim, pelo
Teorema de Stone, i∆ gera um grupo unitário de classe C0 . Em particular, gera um semigrupo de classe
C0 .
Desta forma, o problema (3.3.26) admite, pelo Teorema 2.3, uma única solução tal que
Nesta seção vamos nos ater ao estudo da Equação do Calor não linear e, para tal, consideremos Ω
um aberto limitado do Rn , com fronteira regular Γ, f : [0, T ) → R uma função e o seguinte problema
ut − ∆u = f (u) em (0, T ) × Ω,
u=0 em (0, T ) × Γ, (3.4.39)
u(0) = u0 em Ω.
Teorema 3.3 Se f ∈ C 1 (R) e f ′ é limitada então, para todo u0 ∈ L2 (Ω), existe uma solução global para
o problema (3.4.39), ou seja, Tmax = +∞, com
- 176 -
3.4 Equações Não Lineares
Dada v ∈ L2 (Ω), defina F : L2 (Ω) → L2 (Ω), por F (v)(x) = f (v(x)). Note que:
(i) F está bem definida. Para isso, mostremos que F (v) ∈ L2 (Ω).
De fato,
Z Z Z
||F (v)||L2 (Ω) = |f (v(x))|2 dx =|f (v(x)) − f (0) + f (0)|2 dx 6 (|f (v(x)) − f (0)| + |f (0)|)2 dx
ZΩ Ω
Z Ω
Z
= |f (v(x)) − f (0)| dx + 2
2
|f (v(x)) − f (0)||f (0)|dx + |f (0)|2 dx
Ω
Z Z Ω
Z Ω
que é finito pois v ∈ L2 (Ω) e como Ω é um subconjunto limitado do Rn temos que L2 (Ω) ,→ L1 (Ω),
donde segue que v ∈ L1 (Ω) e ainda, pelo mesmo motivo, temos que a medida de Ω é finita. Dessa
forma, concluı́mos o desejado.
(ii) F é Lipschitziana. De fato, sejam v, w ∈ L2 (Ω), usando a definição de F e o fato de f ser lipschit-
ziana, temos que:
||F (v) − F (w)||L2 (Ω) 6 L||v − w||L2 (Ω) .
Portanto, pelo Teorema 2.23, dado u0 ∈ L2 (Ω), existe única solução u ∈ C 0 ([0, ∞); L2 (Ω)) a qual
é uma solução generalizada de
ut = ∆u + f (u(t)) em (0, +∞) × Ω,
u=0 em (0, +∞) × Γ, (3.4.40)
u(0) = u0 em Ω.
Isto é, Z t
u(t) = S(t)u0 + S(t − s)f (u(s))ds, ∀t ≥ 0.
0
Afirmamos que u(t) é continuamente diferenciável para todo t > 0, ou seja, mostremos que u ∈
C 1 ((0, ∞); L2 (Ω)).
De fato, como ∆ gera um semigrupo diferenciável S(t), para t > 0 (Ver Seção 3.1, Segundo Caso),
temos que, para todo t > 0, S(t)u0 é continuamente diferenciável (pelo Teorema 1.59 item (ii)) e, além
disso,
d
S(t)u0 = ∆S(t)u0 , ∀u0 ∈ L2 (Ω). (3.4.41)
dt
Agora, para todo s ∈ R temos que u(s) ∈ L2 (Ω), donde segue que F (u(s)) = f (u(s)) ∈ L2 (Ω). Logo,
Rt
S(t − s)f (u(s)) é continuamente diferenciável para todo t > s, donde segue que 0 S(t − s)f (u(s))ds
- 177 -
3.4 Equações Não Lineares
Tal igualdade foi adaptada do Exemplo 12A que se encontra em [59], na seção de Regra de Leibniz. Logo,
u(t) é continuamente diferenciável para t > 0 (pois é soma de funções continuamente diferenciáveis),
provando a afirmação.
Em que na antepenúltima igualdade utilizamos que o Laplaciano é um operador fechado (vide Proposição
1.31 e um Teorema utilizado na demonstração da Proposição 1.33, o qual se refere a operadores fechados)
e na penúltima utilizamos da linearidade do operador laplaciano.
(i) u(t) ∈ C 0 ([0, ∞), L2 (Ω)), isto é, u é contı́nua para todo t > 0;
(ii) u(t) ∈ C 1 ((0, ∞), L2 (Ω)), isto é, u é continuamente diferenciável para todo t > 0;
(iii) u(t) ∈ D(∆) pois D(∆) é um espaço vetorial, S(t)u0 ∈ D(∆) pelo Teorema 1.59 (já que o semigrupo
Rt
gerado por ∆ é diferenciável) e 0 S(t − s)f (u(s))ds ∈ D(∆) pela Proposição 1.30(iii) (já que
f (u(s)) ∈ L2 (Ω));
ku(t) − u(t0 )kD(∆) = ku(t) − u(t0 )kL2 (Ω) + k∆u(t) − ∆u(t0 )kL2 (Ω) → 0,
Mas, nas nossas hipóteses (Ω aberto de Rn com fronteira Γ bem regular), k.kD(∆) é equivalente a k.kH 2 (Ω) .
Donde segue que
u(t) ∈ C 0 ((0, ∞), H 2 (Ω)).
A segunda parte do Teorema segue do Teorema 2.23 (ii) (já que f é Lipshtziana). 2
- 178 -
3.4 Equações Não Lineares
L2 (Ω) L2 (Ω)
L2 (Ω) = C0∞ (Ω) ⊂ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) ⊂ L2 (Ω),
Temos que a é contı́nua, pois dados u, v ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), segue que
Z
|a(u, v)| ≤ |∆u(x)||∆v(c)|dx
Ω
Z 21 Z 21
≤ |∆u(x)| dx
2
|∆v(x)| dx
2
Ω Ω
= k∆ukL2 (Ω) k∆vkL2 (Ω)
= kukH01 (Ω)∩H 2 (Ω) kvkH01 (Ω)∩H 2 (Ω) .
|a(, v)| = |(∆u, ∆u)L2 (Ω) = k∆uk2L2 (Ω) = kuk2H 1 (Ω)∩H 2 (Ω) , ∀u ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω).
0
Nesta condições, pelo Lema de Lax-Milgram, dada f ∈ L2 (Ω) existe uma única u ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) tal
que
(∆u, ∆v)L2 (Ω) = (f, v)L2 (Ω) , ∀v ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω).
Agora, observe que para toda ϕ ∈ D(Ω), obtemos da igualdade anterior que
ou ainda,
h∆(∆u), ϕiD′ ,D = hf, ϕiD′ ,D ,
donde
h∆2 u, ϕiD′ ,D = hf, ϕiD′ ,D , ∀ϕ ∈ D(Ω).
Assim, ∆2 u = f em D′ e como f ∈ L2 (Ω), segue que ∆2 u ∈ L2 (Ω).
Como u ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), temos que u = 0 em Γ. Deste modo, temos que u satisfaz o seguinte
problema
∆2 u = f em Ω,
(3.4.43)
u=0 em Γ
- 179 -
3.4 Equações Não Lineares
= ∆(∆u)v dx
Ω
Z Z
∂∆u
= − ∇(∆u)∇v dx + v dΓ
∂ν
Z Ω Z Γ
∂∆u
= ∇v∇(∆u) dx + v dΓ
Γ ∂ν
ZΩ Z
∂v
= ∆v∆u dx − ∆u dΓ
∂ν
Ω Γ
Z
∂v
= (∆u, ∆v)L2 (Ω) − ∆u dΓ
Γ ∂ν
Z
∂v
= a(u, v) − ∆u dΓ.
Γ ∂ν
Logo,
Z Z
∂v ∂v
(f, v)L2 (Ω) = a(u, v) − ∆u dΓ = (f, v)L2 (Ω) − ∆u dΓ,
Γ ∂ν Γ ∂ν
donde,
Z
∂v
∆u dΓ = 0, ∀v ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω),
Γ ∂ν
obtemos que a terna {H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), L2 (Ω), a(u, v)} define um operador A, cujo domı́nio é caracterizado
por
D(A) = {u ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω); ∆2 u ∈ L2 (Ω) e ∆u = 0 em Γ} = Y, A = ∆2 .
Com efeito, seja u ∈ D(A), então existe f ∈ L2 (Ω) tal que a(u, v) = (f, v)L2 (Ω) , para toda
v ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω). Donde, tomando ϕ ∈ D(Ω), resulta que
- 180 -
3.4 Equações Não Lineares
Assim, para todo v ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), aplicando a fórmula de Green generalizada, obtemos
Xn Z Z
∂2v ∂v
= − − ∆u 2 dx + ∆u νi dΓ
i=1 Ω ∂xi Ω ∂xi
Z X ∂2v
n
= ∆u dx
Ω i=1
∂x2i
= (∆u, ∆v)L2 (Ω) .
onde o lado direito da igualdade é o conjunto Y reescrito de acordo com as condições anteriores. Também,
como
(∆2 u, v)L2 (Ω) = a(u, v) = (Au, v)L2 (Ω)
, para toda v ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), temos que Au = ∆2 u, para toda u ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω). Portanto,
e concluı́mos que D(∆2 ) = D(A) é denso em H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), como querı́amos.
Teorema 3.5 Se f ∈ C 3 (R), f (0) = 0 e n ≤ 3, então, para cada u0 ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), existe uma
solução clássica de (3.4.39) em [0, Tmax ), com
Demonstração: Devemos mostrar que F : D(∆) → D(∆) é localmente Lipschitiz, onde F (u)(x) =
f (u(x)) para que possamos usar o Teorema 2.24.
Para isso, observemos que H 2 (Ω) ,→ L∞ (Ω), logo, existe c1 > 0, tal que
Agora, dado M > 0, como f ∈ C 3 (R), existem constantes L1 , L2 , L3 > 0, tais que
- 181 -
3.4 Equações Não Lineares
temos
|f (u(x))| ≤ L1 , |f ′ (u(x))| ≤ L2 e |f ′′ (u(x))| ≤ L3 , q.t.p em Ω
donde f (u), f ′ (u) e f ′′ (u) ∈ L∞ (Ω).
Agora,
∂ ∂u
f (u) = f ′ (u) ∈ L2 (Ω)
∂xi ∂xi
2
∂2 ∂2u ∂u
f (u) = f ′ (u) + f ′′
(u) ∈ L2 (Ω)
∂x2i ∂x2i ∂xi
∂2 ∂2u ∂u ∂u
f (u) = f ′ (u) + f ′′ (u) ∈ L2 (Ω)
∂xi ∂xj ∂xi ∂xj ∂xi ∂xj
∂u
pois, f ′ (u), f ′′ (u) ∈ L∞ (Ω) e, como ∈ H 1 (Ω) e n ≤ 3, temos H 1 (Ω) ,→ L6 (Ω) ,→ L4 (Ω), logo
2 ∂x i
∂u ∂u ∂u ∂u
∈ L2 (Ω) e, também, por ∈ H 1 (Ω), temos ∈ L2 (Ω), portanto,
∂xi ∂xi ∂xi ∂xj
f (u) ∈ H 2 (Ω).
Agora, como u ∈ H01 (Ω), existe {ϕn } ⊂ C0∞ (Ω) tal que
ϕn −→ u em H 1 (Ω)
Assim, F : H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) → H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), onde F (u) = f (u), está bem definida.
kuk∞ ≤ c1 M e kvk∞ ≤ c1 M.
Logo,
- 182 -
3.4 Equações Não Lineares
∂2
Analogamente para f (u), logo,
∂xi ∂xj
F : D(∆) → D(∆)
Teorema 3.6 Se f ∈ C 1 (R) e f (0) = 0, então, para todo u0 ∈ L∞ (Ω), existe u ∈ L∞ ([0, T ], L∞ (Ω))
para todo T < Tmax solução de (3.4.39) para todo T < Tmax e
fe : R → R
pondo
f (t) se |t| ≤ M + 1
fe(t) = f (M + 1) se t>M +1 .
f (−M − 1) se t < −M − 1
Temos que fe é Lipschitz. De fato, se a, b ∈ [−M − 1, M + 1] então, pelo Teorema do Valor Médio,
pela continuidade de f ′ e por [−M − 1, M + 1] ser compacto, existe d > 0 tal que
Se a, b ∈ (M + 1, ∞) ou a, b ∈ (−∞, −M − 1) então
|fe(b) − fe(a)| = 0 ≤ |b − a|
Mostremos que F está bem definida: isto é, para toda g ∈ Lp (Ω) devemos mostrar que fe(g) ∈
L (Ω), para todo 1 < p < ∞. Com efeito, como fe é lipshitziana, temos
p
Daı́ Z Z Z
p p
||fe(g)||pp = |fe(g(x))| dx = |fe(g(x)) − fe(0(x))| dx 6 L
ff p
|g(x)| dx < +∞.
Ω Ω Ω
- 183 -
3.4 Equações Não Lineares
Nosso objetivo é utilizar o Teorema 2.23. Para isso, verifiquemos as hipóteses do Teorema e da
sessão:
De fato,
(i) Sendo X = Lp (Ω), 1 < p < +∞, temos que X é Banach reflexivo.
(iii) Tomando A = ∆, D(A) = D(∆) = W01,p (Ω) ∩ W 2,p (Ω) ⊂ Lp (Ω), onde
W01,p (Ω) = {u ∈ W 1,p (Ω) ; γ0 (u) = 0}, vamos provar que ∆ : W01,p (Ω) ∩ W 2,p (Ω) ⊂ Lp (Ω) gera um
semigrupo de classe C0 de contrações. Isto é, ∆ ∈ G(1, 0). Para tanto, vamos utilizar o Teorema
de Lumer-Phillips. Mostraremos que:
Com efeito,
(I) Sabemos que D(Ω) ⊂ W01,p (Ω) ∩ W 2,p (Ω) ⊂ Lp (Ω). Donde,
- 184 -
3.4 Equações Não Lineares
′
Donde segue que ||u|u|p−2 ||u||2−p
p ||p′ = ||u||p e consequentemente, que u|u|p−2 ||u||2−p
p ∈ Lp (Ω)
(já que u ∈ Lp (Ω)). E ainda,
||u|u|p−2 ||u||2−p
p ||2p′ = ||u||2p (3.4.45)
Z Z
hu|u|p−2 ||u||2−p
p , ui = u|u|p−2 ||u||2−p
p u dx = ||u||2−p
p u2 |u|p−2 dx
Ω
Z Ω
Z Z
2 2 p−2 2 p−2 p
= ||u||p
2−p
u (u ) 2 dx = ||u||p2−p
(u ) 2 +1
dx = ||u||p
2−p
(u2 ) 2 dx
ZΩ Ω Ω
= ||u||p
2−p
|u| dx = ||u||p ||u||p = ||u||p .
p 2−p p 2
(3.4.46)
Ω
De (3.4.45) e (3.4.46) segue que j(u) ∈ F (u). Então, no caso 1, podemos utilizar a aplicação
dualidade j(u) = u|u|p−2 ||u||2−p
p . Daı́,
Z
hj(u), ∆ui = hu|u|p−2 ||u||2−p
p , ∆ui = u|u|p−2 ||u||2−p
p ∆u dx
Z Ω
Z
= ||u||2−p
p u|u|p−2
∆u dx = −||u||2−p
p ∇(u|u|p−2 )∇u dx
Ω Ω
Z X n
∂ ∂u
= −||u||2−p
p (u|u|p−2 ) dx
Ω i=1 ∂x i ∂x i
Z X n
p−2 ∂u ∂u
= −||u||p
2−p
(p − 1)|u| dx
Ω i=1 ∂x i ∂x i
Z X n 2
p−2 ∂u
= −||u||2−p
p (p − 1) |u| dx
Ω i=1 ∂xi
Z
= −||u||p (p − 1)
2−p
|∇u|2 |u|p−2 dx 6 0.
Ω
∂ ∂u
(u|u|p−2 ) = (p − 1)|u|p−2 .
∂xi ∂xi
Z Z 1′ Z p1
′ p
u|u|p−2 ||u||2−p
p ∆u dx 6 |u|u|p−2 ||u||2−p
p |p |∆u|p dx < +∞.
Ω Ω Ω
Com isso, mostramos que para o caso 1, temos hj(u), ∆ui 6 0, ∀u ∈ W01,p (Ω)∩W 2,p (Ω) = D(∆)
′
para a aplicação j : Lp → Lp tal que, para cada u ∈ Lp (Ω) associa j(u) = u|u|p−2 ||u||2−p p , isto
é, o operador ∆ é dissipativo com relação a tal aplicação dualidade.
Caso 2. Consideremos a aplicação dualidade j(u) = u (já que L2 (Ω) é espaço de Hilbert).
Então,
Z Z Z
hj(u), ∆ui = hu, ∆ui = u∆u dx = − ∇u∇u dx = − |∇u|2 dx = −||∇u||2L2 (Ω) 6 0,
Ω Ω Ω
mostrando que para o caso 2, temos hj(u), ∆ui 6 0, ∀u ∈ W01,p (Ω) ∩ W 2,p (Ω) = D(∆) para a
′
aplicação j : Lp → Lp tal que, para cada u ∈ Lp (Ω) associa j(u) = u, isto é, o operador ∆ é
dissipativo com relação a tal aplicação dualidade.
Caso 3. Para este caso, como 1 < p < 2 e Ω é limitado temos que L2 (Ω) ,→ Lp (Ω), donde
- 185 -
3.4 Equações Não Lineares
−C|| · ||L2 (Ω) 6 −|| · ||Lp (Ω) e assim, pelas contas já realizadas no caso 2 (e porque ∆u ∈ Lp (Ω))
segue que ∆ é um operador dissipativo com relação à mesma aplicação dualidade do caso 2.
Concluı́mos que ∆ é um operador dissipativo em relação à alguma aplicação dualidade (em
todos os casos considerados).
(III) Mostremos que Im(λ0 I − ∆) = Lp (Ω), para algum λ0 > 0. Tomemos λ0 = 1. Vamos mostrar
que: Dada f ∈ Lp (Ω), existe u ∈ D(∆) tal que u − ∆u = f .
Para concluirmos isso, basta utilizarmos o Teorema 9.32 (Agmon-Douglis-Nirenberg) presente
em [18].
Daı́, pelo Teorema de Lumer-Phillips, segue que ∆ ∈ G(1, 0), isto é, ∆ é o gerador infinitesimal de
um semigrupo de contrações.
Então, podemos utilizar o Teorema 2.23 e concluir que dado u0 ∈ Lp (Ω) = X, existe uma única
função u ∈ C 0 ([0, +∞); Lp (Ω)) a qual é solução generalizada do problema (3.4.40), isto é,
Z t
u(t) = S(t)u0 + S(t − s)fe(u(x, s))ds. (3.4.47)
0
isto é,
pois u0 ∈ L∞ (Ω). Donde segue que S(t)u0 ∈ L∞ (Ω). Além disso, como fe é limitada, segue que
Rt
0
S(t − s)fe(u(s))ds ∈ L∞ (Ω), pois:
Z t Z t
S(t − s)fe(u(s))ds = lim S(t − s)fe(u(s))ds
p→+∞
0 ∞ 0 p
Z t Z t
6 lim ||S(t − s)||L(X) ||fe(u(s))||p ds 6 lim ||fe(u(s))||p ds (3.4.50)
p→+∞ 0 p→+∞ 0
Rt
Donde u(t) = S(t)u0 + 0
S(t − s)fe(u(x, s))ds ∈ L∞ (Ω). E ainda, utilizando (3.4.49), o fato de fe ser
- 186 -
3.4 Equações Não Lineares
Logo,
u ∈ L∞ (0, T ; L∞ (Ω)).
M eLT ≤ M + 1
temos que u é também solução fraca do problema (3.4.40), com f em lugar de fe.Isto é,
Z t
u(t) = S(t)u0 + S(t − s)f (u(s)) ds
0
é solução fraca de (3.4.40). Assim, u pode ser estendida a um intervalo [0, Tmax ), com Tmax = +∞ ou se
Tmax < +∞ então lim ||u(t)|| = +∞, como feito no Teorema 2.25. 2
−
t→Tmax
No que segue, serão apresentados dois casos particulares do problema (3.4.39) em que no primeiro
caso obtém-se solução global e no segundo caso obtemos blow-up em tempo finito para a solução.
Proposição 3.7 Para todo u0 ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), temos Tmax = +∞.
Demonstração: Pelo Teorema 3.5, existe uma solução clássica de (3.4.39), ou seja, existe uma única u
que satisfaz
ut − ∆u = −u em [0, Tmax ) × Ω,
3
Agora, como n ≤ 3, temos H 2 (Ω) ,→ L∞ (Ω), logo u0 ∈ L∞ (Ω) e, portanto, pelo Teorema (3.6),
temos
u ∈ L∞ ([0, T ]; L∞ (Ω)), ∀ T < Tmax .
- 187 -
3.4 Equações Não Lineares
Logo, Z
1 d
|u(t)|p dx ≤ 0
p dt Ω
Exemplo 3 Consideremos o caso particular do problema (3.4.39) em que f : R → R é dada por f (t) = t3
e n ≤ 3, isto é,
ut − ∆u = u em [0, Tmax ) × Ω,
3
Demonstração: Para demonstrar que Tmax < ∞ primeiramente provaremos que (3.4.54) é decrescente,
posteriormente, supondo que Tmax = ∞, chegaremos a um absurdo.
Para demonstrar que (3.4.54) é decrescente, empregaremos métodos multiplicativos para concluir
que dE(t)
dt 6 0. Antes porém, note que pelo Teorema 3.5, o problema (3.4.53) admite uma solução clássica
u tal que
u ∈ C 1 [0, Tmax ); L2 (Ω) ∩ C [0, Tmax ); H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) (3.4.55)
Passaremos agora a determinar uma sequência de elementos ϕn,k ∈ C [0, T ]; H01 (Ω) ∩ H 1 (Ω) que
ao ser composta com (3.4.53)1 , nos permitirá obter que dE(t)
dt 6 0.
θn (t) = 1 se t ∈ [s0 , t0 ]
1 − n(t − t ) se t ∈ t0 , t0 + n1
0
0 se t ∈ t0 + n1 , T
- 188 -
3.4 Equações Não Lineares
Considere ainda (ρk )k∈N uma sucessão regularizante par, isto é, uma sucessão tal que para todo
k ∈ N, Z
1 1
ρk > 0, ρk ∈ C0∞ (R), supp(ρk ) ⊂ − , , ρk (ξ) dξ = 1 e ρk (−ξ) = ρ(ξ),
k k R
e definamos
ϕn,k = θn [(θn u′ ) ∗ ρk ∗ ρk ] (3.4.56)
em que ∗ denota a convolução na variável t, que de modo geral é definida como
Z
(f ∗ g)(t) = f (t − ξ)g(ξ) dξ.
R
A função dada em (3.4.56) está bem definida pois se θ̃n e ũ′ são as respectivas extensões zero fora
em [0, T ] de θn e u′ , então para todo t ∈ [0, T ] temos
h i Z
θ̃n θ̃n ũ′ ∗ ρk ∗ ρk (t) =θ̃n (t) θ̃n ũ′ (ξ)(ρk ∗ ρk )(t − ξ) dξ
R
ZT
=θn (t) (θn u′ ) (ξ)(ρk ∗ ρk )(t − ξ) dξ
0
=ϕn,k
Note que
′ ′ 1 1
supp ((θn u ) ∗ ρk ∗ ρk ) ⊂ supp (θn u ) + − ,
k k
2 2
′
⊂ supp (θn ) ∩ supp (u ) + − ,
k k
2 2
⊂ supp (θn ) + − , .
k k
- 189 -
3.4 Equações Não Lineares
Se x ∈ s0 − n1 , t0 + n1 e y ∈ − k2 , k2 então
1 2 1 2
s0 − − 6 x + y 6 t0 + + . (3.4.57)
n0 n0 n0 k
Suponha que
1 2
s0 − − >0 (3.4.58)
n0 k
e
1 2
t0 + + <T (3.4.59)
n0 k
então para que isto ocorra devemos ter de (3.4.58)
1 s0 1 2n0
< − ⇒ k> ,
k 2 2s0 n0 s0 − 1
1 T 1 t0 2n0
< − − ⇒ k> .
k 2 2n0 2 T n0 − t0 n0 − 1
Por outro lado, para cada n ∈ N, n > n0 , temos que θn e θn′ pertencem a L2 (0, T ), ou seja,
θn ∈ H01 (0, T ), além disso, como
u ∈ C 1 [0, T ]; L2 (Ω) ∩ C [0, T ]; H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) ,
então u′ ∈ C [0, T ]; L2 (Ω) . Pela Regra de Leibniz segue que
donde
(u′ θn ) ∗ ρk ∗ ρk = [(uθn )′ ∗ ρk ∗ ρk ] − [(uθn′ ) ∗ ρk ∗ ρk ] . (3.4.60)
Tomando a primeira parcela do membro direito da igualdade em (3.4.60) e integrando por partes,
- 190 -
3.4 Equações Não Lineares
ou seja
(uθn′ ) ∗ ρk ∗ ρk = (uθn ) ∗ ρk ∗ ρ′k
e assim (3.4.60) pode ser reescrita como
o que implica
ϕn,k ∈ C0 [0, T ] ; H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) .
e
u ∈ C [0, T ] ; H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) ⇒ ∆u(t) ∈ L2 (Ω),
donde faz sentido então multiplicar (3.4.53)1 por ϕn,k e integrar em (0, L) e em (0, T ), o que resulta
Z Z Z
T T T
(u′ (t), ϕn,k (t))L2 (Ω) dt − (∆u(t), ϕn,k (t))L2 (Ω) dt = u3 (t), ϕn,k (t) L2 (Ω)
dt. (3.4.61)
0 0 0
Note que a primeira parcela de lado esquerdo de (3.4.61) pode ser reescrita como
Z T Z T
′
(u (t), ϕn,k (t))L2 (Ω) dt = (((u′ θn ) ∗ ρk ) (t), ((u′ θn ) ∗ ρk ) (t))L2 (Ω) dt (3.4.62)
0 0
uma vez que, tomando ũ′ e θ̃n as respectivas extensões zero fora de u′ e θn , e para simplificar a notação
consideremos h = ρk , h̆(t) = h(−t), f = ũ′ θ̃n e g = (ũ′ θ̃n ) ∗ ρk , e efetuando mudança da ordem de
integração segue que
Z T Z T
(u′ (t), ϕn,k (t))L2 (Ω) dt = ((u′ θn )(t), ((u′ θn ) ∗ ρk ∗ ρk )(t))L2 (Ω) dt
0
Z0 Z
= (ũ′ θ̃n )(t)((ũ′ θ̃n ) ∗ ρk ∗ ρk )(t) dxdt
R Ω
Z Z
= f (t) (g ∗ h) (t) dtdx
Ω R
- 191 -
3.4 Equações Não Lineares
e assim,
Z Z Z Z Z
f (t) (g ∗ h) (t) dtdx = f (t) h(t − s)g(s) dsdtdx
R
Ω
ZΩ ZR Z R
consequentemente, substituindo h, f e g por ρk , ũ′ θ̃n e (ũ′ θ̃n ) ∗ ρk respectivamente, temos o desejado em
(3.4.62).
de (3.4.62) obtemos
Z T Z T
′
θn2 ku′ (t)kL2 (Ω) dt.
2
lim (u (t), ϕn,k (t))L2 (Ω) = (3.4.63)
k→∞ 0 0
- 192 -
3.4 Equações Não Lineares
Observe que
d ′
(∇ ((uθn ) ∗ ρk ) (t), ∇ ((θn u) ∗ ρk ) (t))L2 (Ω) =2 ∇ ((uθn ) ∗ ρk ) (t), ∇ ((uθn ) ∗ ρk ) (t) L2 (Ω)
dt
=2 (∇ ((uθn ) ∗ ρk ) (t), ∇ ((uθn )′ ∗ ρk ) (t))L2 (Ω)
o que implica
Z T Z T
1 d
(∇ ((uθn ) ∗ ρk ) (t), ∇ ((θn u) ∗ ρk ) (t))L2 (Ω) dt = (∇ ((uθn ) ∗ ρk ) (t), ∇ ((uθn )′ ∗ ρk ) (t))L2 (Ω) dt
2 0 dt 0
Z T
= (∇(uθn )(t), ∇ ((uθn )′ ∗ ρk ∗ ρk ) (t))L2 (Ω) dt
0
=0
pois, como supp ∂u
∂xi θn ∗ ρk é compacto uma vez que
∂u 1 1
supp θn ∗ ρk ⊂ supp(θn ) + − ,
∂xi k k
Daı́
Z T Z T
(∆u(t), ϕn,k (t))L2 (Ω) dt = (∇ ((uθn ) ∗ ρk ) (t), ∇ ((θn′ u) ∗ ρk ) (t))L2 (Ω) dt
0 0
n Z T
X
∂u ∂u
= θn ∗ ρk (t), θn′ ∗ ρk (t) dt
i=1 0 ∂xi ∂xi L2 (Ω)
e como
∂u ∂u
limθn ∗ ρk = θ n em L2 0, T ; L2 (Ω)
k→∞ ∂xi ∂xi
e
′ ∂u ∂u
lim θn ∗ ρk = θn′ em L2 0, T ; L2 (Ω)
k→∞ ∂xi ∂xi
segue que
Xn Xn
∂u ∂u ∂u ′ ∂u
lim θn ∗ ρk , θn′ ∗ ρk = θn , θn .
k→∞
i=1
∂xi ∂xi L2 (0,T ;L2 (Ω)) i=1
∂xi ∂xi L2 (0,T ;L2 (Ω))
Portanto
Z T Z T
(θn θn′ )(t) k∇u(t)kL2 (Ω) dt.
2
lim (∆u(t), ϕn,k (t))L2 (Ω) dt = (3.4.64)
k→∞ 0 0
Tomando agora a parcela do membro direito de (3.4.61) e procedendo de modo análogo ao que foi
feito em (3.4.63) e (3.4.64) obtemos
Z Z
T T
lim u3 (t), ϕn,k (t) L2 (Ω) dt = θn2 u3 (t), u′ (t) L2 (Ω) dt. (3.4.65)
k→∞ 0 0
- 193 -
3.4 Equações Não Lineares
2
k∇u(·)kL2 (Ω) ∈ C([0, T ]), (3.4.69)
e
u3 (·), u′ (·) L2 (Ω)
∈ C([0, T ]), (3.4.70)
assim tomando h = ku′ (·)kL2 (Ω) na primeira parcela de (3.4.66), segue que
2
Z T Z t
lim θn (τ )2 h(τ )dτ = h(τ ) dτ (3.4.71)
n→∞ 0 s
e, do Teorema do Valor Médio para integrais, temos que existe ξn ∈ [s − n1 ] tal que
Z s
1 n→∞
h(τ ) dτ = h(ξn ) −→ 0, (3.4.74)
1
s− n n
Z s
1 n→∞
2n(τ − s)h(τ ) dτ = −h(ξ) −→ 0, (3.4.75)
1
s− n n
e Z s
1 n→∞
n2 (τ − s)2 h(τ ) dτ = h(ξ) −→ 0, (3.4.76)
1
s− n n
logo, fazendo n → ∞ em (3.4.73), em razão de (3.4.74), (3.4.75) e (3.4.76) obtemos o desejado em (3.4.71).
Analogamente, considerando h = u2 (·), u′ (·) L2 (Ω) , obtemos que
Z Z
T ′
t
lim θn (τ ) 2 2
u (τ ), u (τ ) L2 (Ω) dτ = u2 (τ ), u′ (τ ) L2 (Ω) dτ. (3.4.77)
n→∞ 0 s
2
Por fim, tomando agora h = k∇u(·)kL2 (Ω) temos que
Z T
1
(θn θn′ )(τ )h(τ )dτ −→
n→∞
[h(t) − h(s)] (3.4.78)
0 2
- 194 -
3.4 Equações Não Lineares
e Z 1 Z 1 Z 1
t+ n t+ n t+ n
n[1 − n(t − τ )]h(τ )dτ = n h(τ ) dτ − n2 (τ − t)h(τ ) dτ (3.4.81)
t t t
Tomando p(τ ) := τ − t em (3.4.81), notamos que p é integrável e além disso não mudam de sinal em
t, t + n1 uma vez que
1 1 1
t6τ 6t+ ⇒ 06τ −t6 ⇒ 0 6 p(τ ) 6 ,
n n n
e sendo h ∈ C([0, T ]), temos que existe, para cada n > n0 , ξn ∈ [t, t + n1 ] tal que
Z 1
t+ n Z 1
t+ n
1
n 2
(τ − t)h(τ ) dτ = h(ξn )n 2
τ − t dτ = h(ξn ). (3.4.82)
t t 2
Assim, da continuidade de h obtemos de (3.4.82) que
Z 1
t+ n
1
lim n2 (τ − t)h(τ ) dτ = h(t), (3.4.83)
n→∞ t 2
Considerando agora (sν )ν∈N ⊂ [0, T ] com sν → 0, para todo t ∈ [0, T ] temos
Z Z
t
′ 1 t
u3 (τ ), u′ (τ ) L2 (Ω) dτ.
2 2 2
ku (τ )kL2 (Ω) dτ − k∇u(t)kL2 (Ω) − k∇u(sν )kL2 (Ω) = (3.4.87)
sν 2 sν
- 195 -
3.4 Equações Não Lineares
logo
∂u
∈ C [0, T ]; L2 (Ω) ,
∂xi
daı́
2
lim k∇u(sν )kL2 (Ω) = lim (u(sν ), u(sν ))L2 (Ω)
ν→∞ ν→∞
Xn
∂u ∂u
= lim (sν ), (sν )
ν→∞
i=1
∂xi ∂xi L2 (Ω)
X ∂u
n
∂u
= (0), (0)
i=1
∂x i ∂x i L2 (Ω)
isto é,
2 2
lim k∇u(sν )kL2 (Ω) = k∇u(0)kL2 (Ω) . (3.4.88)
ν→∞
d
E(t) = − ku′ (t)kL2 (Ω) 6 0
2
dt
ou seja, E = E(t) é decrescente, e como por hipótese E(0) 6 0, temos que
Mostraremos agora que Tmax < ∞. Para isto suponha que Tmax = ∞ e defina G : [0, ∞) → R
pondo G(t) = ku(·, t)k2L2 (Ω) .
- 196 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
Temos que G ∈ C 1 ([0, +∞)) uma vez que, da regularidade de (3.4.55), u ∈ C 1 [0, Tmax ); L2 (Ω) e
d
G′ (t) = = 2 (u′ (t), u(t))L2 (Ω) = 2 ∆u(t) + u3 (t), u(t) L2 (Ω)
2
ku(t)k 2
dt Z L (Ω) Z Z
1 1
= −4 |∇u(t)| dx −
2 4
u (t)dx + u4 (t)dx
2 Ω 4 Ω
Z Ω
= −4E(t) + u4 (t)dx.
Ω
Agora, sabendo que L4 (Ω) ,→ L2 (Ω), temos que existe c1 > 0 tal que
logo, Z
G2 (t) ≤ c1 |u(t)|4 dx
Ω
1
e, portanto, escrevendo c = c1 > 0,
Donde concluı́mos que G é crescente e, como G(0) 6= 0 uma vez que por hipótese u0 6= 0, podemos
escrever
G′ (s)
>c
G2 (s)
que, integrando de 0 à t, nos fornece
Z t
G′ (s)
ds > ct, ∀t > 0,
0 G2 (s)
mas, Z t
G′ (s) 1 1 1
2
ds = − ≤ ,
0 G (s) G(0) G(t) G(0)
ou seja, ct 6 1
G(0) para todo t > 0. O que é um absurdo. Portanto, Tmax < ∞. 2
Neste exemplo vamos estudar a existência de solução para o Sistema de Timoshenko com condição
Dirichlet-Dirichlet. Considere o seguinte problema
ρ1 ϕtt − k(ϕx + ψ)x = 0 em (0, L) × (0, +∞),
ρ2 ψtt − bψxx + k(ϕx + ψ) = 0 em (0, L) × (0, +∞),
(3.5.92)
ϕ(0, t) = ϕ(L, t) = ψ(0, t) = ψ(L, t) = 0, em (0, +∞)
ϕ(0) = ϕ0 , ϕt (0) = ϕ1 , ψ(0) = ψ 0 , ψt (0) = ψ 1 em (0, L).
- 197 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
1h i
E(t) = ρ1 ||ϕt ||2L2 (0,L) + ρ2 ||ψt ||2L2 (0,L) + k||ϕx + ψ||2L2 (0,L) + b||ψx ||2L2 (0,L) .
2
Consideremos o espaço de fase
||U ||2H = ρ1 ||Φ||2L2 (0,L) + ρ2 ||Ψ||2L2 (0,L) + k||ϕx + ψ||2L2 (0,L) + b||ψx ||2L2 (0,L) . (3.5.94)
Provemos agora que (H, || · ||H ) é um espaço de Hilbert. Já sabemos que (H, | · |H ) é um espaço de
Hilbert (cartesiano de espaços de Hilbert) considerando a norma usual
|U |2H = ||ϕx ||2L2 (0,L) + ||Φ||2L2 (0,L) + ||ψx ||2L2 (0,L) + ||Ψ||2L2 (0,L) . (3.5.95)
Para mostrar que H é um espaço de Hilbert com a norma || · ||H , basta mostrar que (H, || · ||H ) é um
espaço de Banach. Vamos provar inicialmente a equivalência entre as normas (3.5.94) e (3.5.95). De fato,
usando que |a + b|2 6 2(|a|2 + |b|2 ) e a desigualdade de Poincaré, temos
||U ||2H = ρ1 ||Φ||2L2 (0,L) + ρ2 ||Ψ||2L2 (0,L) + k||ϕx + ψ||2L2 (0,L) + b||ψx ||2L2 (0,L)
6 ρ1 ||Φ||2L2 (0,L) + ρ2 ||Ψ||2L2 (0,L) + 2k ||ϕx ||2L2 (0,L) + ||ψ||2L2 (0,L) + b||ψx ||2L2 (0,L)
6 ρ1 ||Φ||2L2 (0,L) + ρ2 ||Ψ||2L2 (0,L) + (b + 2kL2 )||ψx ||2L2 (0,L) + 2k||ϕx ||2L2 (0,L)
6 max{ρ1 , ρ2 , b + 2kL2 , 2k} ||ϕx ||2L2 (0,L) + ||Φ||2L2 (0,L) + ||ψx ||2L2 (0,L) + ||Ψ||2L2 (0,L)
f1 |U |2H
=C
|U |2H = ||ϕx + ψ − ψ||2L2 (0,L) + ||Φ||2L2 (0,L) + ||ψx ||2L2 (0,L) + ||Ψ||2L2 (0,L)
6 2(||ϕx + ψ||2L2 (0,L) + ||ψ||2L2 (0,L) ) + ||Φ||2L2 (0,L) + ||ψx ||2L2 (0,L) + ||Ψ||2L2 (0,L)
6 2||ϕx + ψ||2L2 (0,L) + (2L2 + 1)||ψx ||2L2 (0,L) + ||Φ||2L2 (0,L) + ||Ψ||2L2 (0,L)
k b ρ1 ρ2
= 2 ||ϕx + ψ||2L2 (0,L) + (2L2 + 1) ||ψx ||2L2 (0,L) + ||Φ||2L2 (0,L) + ||Ψ||2L2 (0,L)
k b ρ1 ρ2
2 2L2 + 1 1 1
6 max , , , ρ1 ||Φ||2L2 (0,L) + ρ2 ||Ψ||2L2 (0,L) + k||ϕx + ψ||2L2 (0,L) + b||ψx ||2L2 (0,L)
k b ρ1 ρ2
6Cf2 ||U ||2H
Donde segue que |U |H 6 C2 ||U ||H . Provando assim a equivalência entre as normas.
Sendo (H, | · |H ) espaço de Banach e as normas (3.5.94) e (3.5.95) equivalentes, concluı́mos que
(H, ||·||H ) é um espaço de Banach cujo produto interno já foi definido, portanto H é um espaço de Hilbert
com a norma || · ||H .
- 198 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
e 0
ϕ(0) ϕ
ϕt (0) ϕ1
U (0) =
ψ(0) = ψ 0
= U0
ψt (0) ψ1
e, então, formulamos o Problema de Cauchy Abstrato (PAC)
dU
= AU
dt ,
U (0) = U0
onde U : D(A) ⊂ H → H com D(A) = (H01 (0, L)∩H 2 (0, L))×H01 (0, L)×(H01 (0, L)∩H 2 (0, L))×H01 (0, L).
u ∈ C([0, +∞), H)
satisfazendo Z t
u(t) = u0 + A u(s)ds.
0
Além disso, se u0 ∈ D(A), então o (PAC) possui uma única solução clássica
(i) A é dissipativo;
(ii) Im(λI − A) = H, para algum λ > 0;
(iii) D(A) é denso em H.
Realizando algumas operacões algébricas tem-se que A é um operador dissipativo. Como H01 ∩ H 2 é denso
em H01 e H01 é denso em L2 , segue que D(A) é denso em H. Com isso, resta mostrarmos a sobrejetividade
do operador λI − A. Mostraremos o item (ii) para λ = 1, ou seja, dado F = (f1 , f2 , f3 , f4 ) ∈ H, existe
U ∈ D(A) tal que (I − A)(U ) = F.
Dado F = (f1 , f2 , f3 , f4 ) ∈ H, vamos mostrar que u ∈ D(A) tal que (I − A)(U ) = F. Com efeito,
a equação (I − A)(U ) = F é quivalente a:
ϕ−Φ = f1 (3.5.96)
k
Φ− [(ϕx + ψ)x ] = f2 (3.5.97)
ρ1 (x)
ψ−Φ = f3 (3.5.98)
b k
Ψ− ψxx + (ϕx + ψ) = f4 (3.5.99)
ρ2 (x) ρ2 (x)
- 199 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
Φ = ϕ − f1 (3.5.100)
Ψ = ψ − f3 . (3.5.101)
Para resolver (3.5.102) e (3.5.103) vamos utilizar o Teorema de Lax-Milgram, para isso encontraremos
uma forma bilinear, contı́nua e coerciva:
tal que
a((ϕ, ψ), (ϕ̃, ψ̃)) = ρ1 (ϕ, ϕ̃) + ρ2 (ψ, ψ̃) + b(ψx , ψ̃x ) + k(ϕx + ψ, ϕ̃x , ψ̃).
É claro que a é bilinear e utilizando as desigualdades triangular e a de Poincaré obtemos a continuidade
de a. Agora, para verificar a coercividade de a, seja (ϕ, ψ) ∈ H01 × H01 então
a((ϕ, ψ), (ϕ, ψ)) = ρ1 ||ϕ||2 + ρ2 ||ψ||2 + b||ψx ||2 + k||ϕx + ψ||2 .
Observe que
||ϕx ||2 = ||ϕx + ψ − ψ||2 ≤ (||ϕx + ψ||)2 ≤ 2(||ϕx + ψ||2 + ||ψ||2 ),
e, assim,
a((ϕ, ψ), (ϕ, ψ)) ≥ min{ρ2 , k} (||ψ||2 + ||ϕx + ψ||2 ) + b||ψx ||2
≥ 12 min {ρ2 , k} (||ϕx ||2 + b||ψx ||2 )
≥ min ρ22 , k2 , b (||ϕx ||2 + ||ψx ||2 )
= c||(ϕ, ψ)||2H 1 ×H 1 .
0 0
Logo, pelo Teorema de Lax-Milgram existe uma única (ϕ, ψ) ∈ H01 × H01 tal que
a((ϕ, ψ), (ϕ̃, ψ̃)) = (g1 , ϕ̃) + (g2 , ψ̃), para todo(ϕ̃, ψ̃) ∈ H01 × H01 . (3.5.104)
Vamos mostrar que (ϕ, ψ) satisfaz (3.5.102) e (3.5.103). Em particular, considere ϕ̃ = 0 em (3.5.104)
ρ2 (ψ, ψ̃) + b(ψx , ψ̃) + k(ϕx + ψ, ψ̃) = (g2 , ψ̃), ∀ψ̃ ∈ H01
D E D E
=⇒ ρ2 ψ − bψxx + k(ϕx + ψ), ψ̃ −1 1 = g2 , ψ̃ −1 1 , ∀ψ̃ ∈ H01
H ,H0 H ,H0
=⇒ ρ2 ψ − bψxx + k(ϕx + ψ) = g2 em H −1
1
=⇒ ψxx = [−g2 + ρ2 ψ + k(ϕx + ψ)] ∈ L2 (3.5.105)
b
=⇒ ρ1 ϕ − k(ϕx + ψ)x = g1 em H −1
1
=⇒ ϕxx = [−g1 + ρ1 ϕ − kψx ] ∈ L2 . (3.5.106)
k
De (3.5.105) e (3.5.106) segue que (ϕ, ψ) ∈ (H 2 ∩ H01 ) × (H 2 ∩ H01 ) e satisfaz (3.5.102)-(3.5.103). Além
- 200 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
Φ = ϕ − f1 ∈ H01 e Ψ = ψ − f3 ∈ H01 .
Neste exemplo, verificaremos a existência e unicidade de solução Mild para o sistema de Bresse
dado abaixo:
ρ1 ϕtt − k(ϕx + ψ + lω)x − k0 l(ωx − lϕ) = 0 em (0, L) × (0, +∞),
2 tt
ρ ψ − bψ xx + k(ϕ x + ψ + lω) = 0 em (0, L) × (0, +∞),
ρ1 ωtt − k0 (ωx − lϕ)x + kl(ϕx + ψ + lω) = 0 em (0, L) × (0, +∞),
ϕ(0, t) = ϕ(L, t) = ψ(0, t) = ψ(L, t)ω(0, t) = ω(L, t) = 0,
em (0, +∞)
ϕ(0) = ϕ0 , ϕt (0) = ϕ1 , ψ(0) = ψ 0 , ψt (0) = ψ 1 , ω(0) = ω 0 , ωt (0) = ω 0 em (0, L).
(3.5.107)
em que ρ1 , ρ2 , k, k0 , b e l são constantes positivas.
1h
E(t) = ρ1 ||ϕt ||2L2 (0,L) + ρ2 ||ψt ||2L2 (0,L) + ρ1 ||ωt ||2L2 (0,L) + k||ϕx + ψ + lω||2L2 (0,L)
2
+ k0 ||ωx − lϕ||2L2 (0,L) + b||ψx ||2L2 (0,L)
e o espaço de fase é
H = H01 (0, L) × H01 (0, L) × H01 (0, L) × L2 (0, L) × L2 (0, L) × L2 (0, L).
||U ||2H = ρ1 ||Φ||2L2 (0,L) + ρ2 ||Ψ||2L2 (0,L) + ρ1 ||W ||2L2 (0,L) + k||ϕx + ψ + lω||2L2 (0,L)
+k0 ||(ω)x − lϕ||L2 (0,L) + b||ψx ||2L2 (0,L) .
Mostremos que a norma usual e a norma definida acima são equivalentes. Primeiramente, vamos
- 201 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
||U ||2H = ρ1 ||Φ||2 + ρ2 ||Ψ||2 + ρ1 ||W ||2 + k||ϕx + ψ + lω||2 + k0 ||ωx − lϕ|| + b||ψx ||2
= ρ1 ||Φ||2 + ρ2 ||Ψ||2 + ρ1 ||W ||2 + 2k||ϕx + ψ||2 + 2kl||ω||2 + 2k0 ||ωx ||2 + 2k0 l||ϕ||2 + b||ψx ||2
= ρ1 ||Φ||2 + ρ2 ||Ψ||2 + ρ1 ||W ||2 + 4k||ϕx ||2 + 4k||ψ||2 + 2kl||ω||2 + 2k0 ||ωx ||2 + k0 l||ϕ||2 + b||ψx ||2
= ρ1 ||Φ||2 + ρ2 ||Ψ||2 + ρ1 ||W ||2 + (b + 4kL2 )||ψx ||2 + (4k + 2k0 lL2 )||ϕx ||2 + (2klL2 + 2k0 )||ωx ||2
≤ (c˜1 )2 (||ϕx ||2 + ||Φ||2 + ||ψx ||2 + ||Ψ||2 + ||ωx ||2 + ||W ||2 )
= c1 |U |2H ,
√
onde c˜1 := max{ρ1 , ρ2 , b + 4kL2 , 4k + 2k0 lL2 , 2klL2 + 2k0 } e c1 := c1 , o que conclui a primeira etapa.
Agora, vamos mostrar que existe uma constante c2 > 0 tal que
|(ϕ, ψ, ω)|H = ||ϕx ||2 + ||ψx ||2 + ||ωx ||2 ≤ c2 (k||ϕx + ψ + lω||2 + k0 ||ωx − lϕ||2 + b||ψx ||2 ) = ||(ϕ, ψ, ω)||H .
Suponhamos, por absurdo, que existe uma sequência (ϕn , ψn , ωn ) ∈ H tal que
|(ϕn , ψn , ωn )|H
−→ ∞.
||(ϕn , ψn , ωn )||H
Defina,
ϕn ψn ωn
ϕ̃n := , ψ̃n := ω̃n := .
|(ϕn , φn , ωn )|H |(ϕn , φn , ωn )|H |(ϕn , φn , ωn )|H
Repare que,
Então, de (3.5.2) segue que (ϕ̃n , ψ̃n , ω̃n ) é limitada em (H, |·|). Assim, existe uma subsequência, de mesmo
nome, e (f, g, h) ∈ H tal que
logo,
- 202 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
fx + g + lh =0
gx =0
hx − lf = 0. (3.5.112)
Pela Desigualdade de Poincaré e da segunda equação do sistema acima, ||g|| ≤ L||gx || = 0, então
g ≡ 0. Assim, o sistema (3.5.112) é reduzido ao sistema
fx + lh =0
hx − lf = 0, (3.5.113)
Agora, vamos estudar a existência de solução para o Sistema de Timoshenko não homogêneo dado
por
ρ1 (x)ϕtt − (κ(x)ϕx + ψ)x = 0 em (0, L) × (0, +∞),
(3.5.116)
ρ2 (x)ψtt − (b(x)ψx )x + κ(x)(ϕx + ψ) = 0 em (0, L) × (0, +∞).
com condição de fronteira em x = 0
ϕ(0, t) = ψ(0, t) = 0, (3.5.117)
e condição de fronteira em x = L dada por
mϕtt (L, t) − k0 ϕt (L, t) + κ(L)(ϕx (L, t) + ψ)x (L, t) = 0,
(3.5.118)
Im ψtt (L, t) + k1 ψ(L, t) + b(L)ψx (L, t) = 0.
em que
ρ1 , ρ2 ∈ L∞ (0, L) e b, κ ∈ W 1,∞ (0, L) (3.5.120)
- 203 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
Denotando
u(t) := ϕt (L, t) e v(t) := ψt (L, t) (3.5.125)
observamos que u e v satisfazem o seguinte problema
mut (L, t) − k0 u(L, t) + k(L)(ϕx (L, t) + ψ(L, t))x = 0,
(3.5.126)
Im vt (L, t) + k1 v(L, t) + b(L)ψx (L, t) = 0.
O Funcional Energia
Espaço de Fase
Consideremos o espaço
H∗1 (0, L) = w ∈ H 1 (0, L); w(0) = 0
o qual munimos com o produto interno usual (·, ·)H dado por
para todo Ui = (ϕi , Φi , ψi , Ψi , ui , vi ) ∈ H com i = 1, 2; de modo que a norma | · |H induzida por (3.5.130)
é
2 2 2 2
|U |H = kϕx k2 + kΦk2 + kψx k2 + kΨk2 + |u|2 + |v|2 , ∀ U ∈ H, (3.5.131)
em que (·, ·)2 e k·k2 denotam respectivamente o produto interno e a norma em L2 (0, L). Temos que
- 204 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
Norma
Considere agora a aplicação dada pela norma induzida pelo p.i com dois ((. , .)) que
Concluı́mos então H é espaço de Banach com a norma ||. || proveniente de p.i ((.,.)), e visto que
H, |.| é Banach, e vale a equivalência das normas, portanto H, ||. || é Hilbert
onde U : D(A) ⊂ H → H.
- 205 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
D(A) = U = (ϕ, Φ, ψ, Ψ, u, v) ∈ (H∗1 ∩ H 2 × H∗1 )2 × R2 ; u = Φ(L), v = Ψ(L) ,
Existência e Unicidade Se u0 ∈ H, então o problema (PAC) possui uma única solução Mild, u ∈
C([0, +∞), H) satisfazendo
Z t
u(t) = u0 + A u(s)ds.
0
Além disso, se u0 ∈ D(A), então o problema (PAC) possui uma única solução clássica,
(i) A é dissipativo;
Realizando algumas operacões algébricas tem-se que A é um operador dissipativo. Mostraremos o item
(ii) para λ = 1, ou seja, dado F = (f1 , f2 , f3 , f4 , f5 , f6 ) ∈ H, existe U ∈ D(A) tal que (I − A)(U ) = F.
ϕ−Φ = f1 (3.5.133)
1
Φ− [k(x)(ϕx + ψ)x ] = f2 (3.5.134)
ρ1 (x)
ψ−Φ = f3 (3.5.135)
1
Ψ− [(b(x)ψx ) − k(x)(ϕx + ψ)] = f4 (3.5.136)
ρ2 (x)
1
u + [k0 u + k(L)(ϕx (L) + ψ(L))] = f5 (3.5.137)
m
1
v+ [k1 v + b(L)ψx (L)] = f6 . (3.5.138)
Im
De (3.5.133) e (3.5.134), temos:
Φ = ϕ − f1 (3.5.139)
Ψ = ψ − f3 . (3.5.140)
Para resolver (3.5.141) e (3.5.142) vamos utilizar o Teorema de Lax-Milgram, para encontrarmos uma
forma bilinear, contı́nua e coerciva:
- 206 -
3.5 Alguns Problemas Adicionais
tal que
Z L Z L Z L Z L
a((ϕ, ψ), (ϕ̃, ψ̃)) = ρ1 (x)ϕϕ̃dx + ρ2 (x)ψ ψ̃dx + k(x)(ϕx + ψ)(ϕ̃x + ψ̃)dx + b(x)ψx ψ̃x dx
0 0 0 0
+ αϕL ϕ̃(L) + βψ(L)ψ̃(L),
k0 k1
onde α = 1 + m e β =1+ Im . Claramente a é bilinear. Reparemos que
Z L Z L Z L Z L
|a((ϕ, ψ), (ϕ̃, ψ̃))| ≤ ρ1 (x)ϕϕ̃dx + ρ2 (x)ψ ψ̃dx + k(x)(ϕx + ψ)(ϕ̃x + ψ̃)dx + b(x)ψx ψ̃x dx |
0 0 0 0
Portanto, para uma constante C > 0, |a((ϕ, ψ), (ϕ̃, ψ̃))| ≤ C||(ϕ, ψ)||H∗1 ×H∗1 ||(ϕ̃, ψ̃)||H∗1 ×H∗1 , para todo
((ϕ, ψ), (ϕ̃, ψ̃)) ∈ (H∗1 × H∗1 ) × (H∗1 × H∗1 ), donde concluimos que a é contı́nua.
Para mostrar que a é coerciva, basta utilizar a desigualdade (a + b)2 ≤ 2(a2 + b2 ) e realizar algumas
operações algébricas. Assim, como a é um operador bilinear, contı́nuo e coercivo, pelo Teorema de Lax-
Milgran, existe uma única (ϕ, ψ) ∈ H∗1 × H∗1 tal que a((ϕ, ψ), (ϕ̃, ψ̃)) = (g1 , ϕ̃) + (g2 , ψ̃), para todo
(ϕ̃, ψ̃) ∈ H∗1 × H∗1 .
- 207 -
Capı́tulo 4
No decorrer deste texto X representará um espaço vetorial topólogico (e.v.t.) ora um espaço
vetorial normado real, cuja norma será representada por k · k. Denotaremos por X ′ o dual topológico de
X ou, mais precisamente, o espaço constituı́do por todas as formas lineares e contı́nuas x′ : X −→ R,
quando X for normado, muniremos X ′ com a norma
x′ , x = x, x′ = x′ (x)
Demonstração: Definindo-se
p(x) = kgkG′ kxk, ∀x ∈ X
temos que
g(x) ≤ |g(x)| ≤ kgkG′ kxk = p(x), ∀x ∈ G
f (x) ≤ p(x); x ∈ X.
- 208 -
4.1 Operador Dualidade
Contudo,
−f (x) = f (−x) ≤ p(−x) = kgkG′ kxk = p(x)
Consequentemente
|f (x)| ≤ p(x) = kgkG′ kxk ∀x ∈ X,
o que implica
kf kX ′ = sup |f (x)| ≤ kgkG′
∥x∥≤1
ou seja,
kf kX ′ ≤ kgkG′ (4.1.1)
Corolário 4.3 Seja X um espaço vetorial normado. Então para cada x0 ∈ X, existe uma forma f0 ∈ X ′
tal que kf0 kX ′ = kx0 k e f0 , x0 = kx0 k2
Definamos
g(tx0 ) = tkx0 k2 , ∀t ∈ R
Assim,
sup |g(x)| = sup |t|kx0 k2 = kx0 k
x∈G t∈R
∥x∥≤1 |t|= 1
∥x0 ∥
kgkG′ = kx0 k
f0 , x0 = g, x0 = kx0 k2
Observação 4.4 Note que pelo Corolário 4.3 resulta que F (x) 6= ∅, para todo x ∈ X.
- 209 -
4.1 Operador Dualidade
Proposição 4.5 Seja X um espaço de Banach. Então, para todo x ∈ X, são válidas as propriedades:
(i) F (x) 6= ∅;
Demonstração:
(ii) Sejam x′1 , x′2 ∈ F (x) e t ∈ [0, 1]. De acordo com (4.1.3) temos:
Como
x, tx′1 + (1 − t)x′2 ≤ kxkktx′1 + (1 − t)x′2 k
de (4.1.4) resulta que
kxk ≤ ktx′1 + (1 − t)x′2 k (4.1.5)
Por outro lado de (4.1.3) temos ainda
o que implica que tx′1 + (1 − t)x′2 ∈ F (x), o que prova que F (x) é convexo.
Para demonstrar que F (x) é compacto na topologia fraca-∗ de X ′ , então, em vista do Teorema de
Alaoglu, é bastante provar que F (x) é fechado na topologia fraca-∗ de X ′ .
Com efeito, seja x′0 um ponto de X ′ aderente à F (x) na topologia fraca-∗ de X ′ . Então, para todo
ε > 0 a vizinhança
{ξ ∈ X ′ ; | hx′0 − ξ, xi | < ε}
de x′0 na topologia fraco-∗ de X ′ , contém um ponto x′ ∈ F (x), ou seja, existe x′ ∈ F (x) tal que
| hx′0 − x′ , xi | < ε
- 210 -
4.1 Operador Dualidade
De (4.1.7) obtemos
kxk2 ≤ kxk kx′0 k,
e portanto,
kxk ≤ kx′0 k.
Por outro lado, F (x) está contido na bola {ξ ∈ X ′ ; kξk ≤ kxk} que, pelo Teorema de Alaoglu, é fechada
na topologia fraca-∗ de X ′ , segue que kx′0 k ≤ kxk. Logo, kx′0 k = kxk e daı́, tendo (4.1.7) em mente,
resulta que x′0 ∈ F (x) o que prova o desejado.
Portanto, [
Im(A) = Ax.
x∈D(A)
O gráfico de A é o conjunto dos pontos (x, y) ∈ X × Y tais que y ∈ Ax, para algum x ∈ D(A) tem
o mesmo significado.
- 211 -
4.1 Operador Dualidade
Note que no caso dos operadores unı́vocos B é uma extensão própria do operador A se, e somente se,
D(B) contém propriamente D(A), porém isto não é verdade no caso não unı́voco. Com efeito, considere-
mos por exemplo X = Y = 1, 2, 3 ,A = (1, 1), (1, 2), (2, 2), (2, 3), (3, 1) e B = (1, 1), (1, 2), (2, 2), (2, 3),
(3, 1), (3, 3) . Então, A ⊂ B propriamente porém D(A) = D(B) = X.
Definição 4.8 Dizemos que um operador é fechado se dada {xn }n∈N ⊂ D(A) é tal que xn −→ x e
yn ∈ Axn , n = 1, . . . , com yn −→ y, resulta que x ∈ D(A) e y ∈ Ax
Definição 4.10 Seja f : X −→] − ∞, +∞] uma função. Denomina-se domı́nio efetivo de f o conjunto
De (f ) = x ∈ X; f (x) < +∞ .
Exemplo 4.4 Seja Ω ⊂ Rn aberto com fronteira regular. Considere a função f : L2 (Ω) → (−∞, +∞]
definida por Z
| ∇u |2 dx, se u ∈ H 1 (Ω);
f (u) =
Ω
+∞, caso contrário.
Temos que f é própria e s.c.i. De fato, inicialmente, note que f é própria pois De (f ) = H 1 (Ω). Para
mostrar que f é s.c.i. é suficiente demonstrar que f é sequencialmente s.c.i., uma vez que L2 (Ω) satisfaz
o Primeiro Axioma da Enumerabilidade (Ver Resultado 1 abaixo).
Lembremos que f é sequencialmente s.c.i. no ponto u de L2 (Ω) se, para toda sequência (un )n∈N ,
tal que un −→ u, tem-se
f (u) ≤ lim inf f (un ). (4.1.8)
n→+∞
Seja u ∈ L2 (Ω) e (un )n∈N ⊂ L2 (Ω) tal que un −→ u em L2 (Ω). Se lim inf f (un ) = +∞ a
n→+∞
relação (4.1.8) é satisfeita. Seja, então, lim inf f (un ) = λ < +∞. Vamos supor que (f (un ))n∈N seja
n→+∞
limitada, o que não é restritivo pois pode-se determinar uma subsequência de (f (un )), limitada e com
limite inferior igual λ(Ver Resultado 2 abaixo).
Dessa hipótese e da convergência de (un )n∈N em L2 (Ω), resulta que (un )n∈N converge fracamente
1
em H (Ω).
Logo, existe uma subsequência de (un )n∈N que converge fracamente em H 1 (Ω), (Ver Brézis, Teor.
III.27,pg 50).
Mas como, convergência forte implica convergência fraca, temos que un * u em L2 (Ω).
Como a imersão de H 1 (Ω) em L2 (Ω) é linear e contı́nua nas topologias fortes, segue que a imersão
de H (Ω) em L2 (Ω) é contı́nua nas topologias fracas.
1
- 212 -
4.1 Operador Dualidade
Logo un * u em H 1 (Ω) e pelo Corolário 3.23, pg109, Apostila de Análise funcional, vem que,
Z
kuk2L2 (Ω) + |∇u|2 dx = kuk2H 1 (Ω) ≤ lim inf kun k2H 1 (Ω)
n→+∞
Ω
Z
= lim inf kun k2L2 (Ω) + |∇un |2 dx
n→+∞
Z Ω
= kuk2L2 (Ω) + lim inf |∇un |2 dx
n→+∞ Ω
e daı́, Z Z
|∇u|2 dx ≤ lim inf |∇un |2 dx
Ω n→+∞ Ω
ou ainda,
f (u) ≤ lim inf f (un ),
n→+∞
Demonstração: Seja x0 ∈ X fixo porém arbitrário. Suponhamos que f não seja s.c.i em x0 , logo existe
ε0 > 0 tal que para qualquer vizinhança V (x0 ) de x0 temos
Por outro lado, como X satisfaz o 1o Axioma da enumerabilidade segue que ∃ Un n∈N
coleção
enumerável de vizinhanças de x0 que é uma base para x0 . Façamos a seguinte construção:
Vj ⊂ Uj ⊂ V (x0 )
Com isso, da suposição (4.1.9) segue que, para cada n ∈ N, sendo Vn vizinhança de x0 , existe
xn ∈ Vn tal que
f (xn ) < f (x0 ) − ε0 , (4.1.10)
assim, obtemos (xn )n∈N ⊂ X tal que
- 213 -
4.1 Operador Dualidade
logo,
Entretanto, temos que xn −→ x0 . Com efeito, seja V (x0 ) vizinhança de x0 . Sendo Vn n∈N
base
para x0 , segue que existe k0 ∈ N tal que
Vk0 ⊂ V (x0 ). (4.1.15)
Sendo Vk k∈N
encaixada concluı́mos que
ou seja
∀k ≥ k0 , xk ∈ Vk ⊂ V (x0 ), (4.1.17)
o que prova o afirmado.
o que é um absurdo.
Tal absurdo provém do fato de supormos que f não é s.c.i..Portanto, f é s.c.i. em x0 . Pela
arbitrariedade de x0 concluı́mos o desejado. 2
Resultado 2: Seja X espaço topológico, f : X −→ [0, +∞], un n∈N ⊂ X tal que
Então, existe uma subsequência unk k∈N
de un n∈N
tal que f (unk ) k∈N
é limitada e ainda
ou seja,
inf f (uk ) ≤ λ, ∀n ∈ N. (4.1.20)
k≥n
Então temos:
para cada n ∈ N, ∃kn > n tal que f (ukn ) < λ. (4.1.22)
- 214 -
4.1 Operador Dualidade
inf f (uk ) ≥ λ
k≥n
e portanto,
inf f (uj ) ≤ inf f (ukj ). (4.1.26)
j≥n j≥n
Logo,
λ = lim inf f (un ) = sup inf f (uj ) ≤ sup inf f (ukj ) = lim inf f (ukn ) (4.1.27)
n→+∞ n∈N j≥n n∈N j≥n n→+∞
Suponhamos agora
para cada n ∈ N, inf f (uk ) = λ. (4.1.28)
k≥n
1
para cada n ∈ N, inf f (uk ) < λ + . (4.1.29)
k≥n n
1
para cada n ∈ N, ∃kn > n tal que f (ukn ) < λ + . (4.1.30)
n
Consideramos a subsequência ukn n∈N ⊂ un n∈N obtida por (4.1.30). Temos que f (ukn ) n∈N
satisfaz:
1
0 ≤ f (ukn ) < λ + ≤ λ + 1 < ∞, ∀n ∈ N, (4.1.31)
n
ou seja, f (ukn ) n∈N é limitada. Resta-nos provar que f (ukn ) n∈N satisfaz (4.1.19). de fato de (4.1.30)
temos:
1
para cada n ∈ N, inf f (ukj ) ≤ inf λ + = λ. (4.1.32)
j≥0 j≥n j
- 215 -
4.1 Operador Dualidade
e portanto,
λ = lim inf f (un ) = sup inf f (uj ) ≤ sup inf f (ukj ) = lim inf f (ukn ). (4.1.36)
n→+∞ n∈N j≥n n∈N j≥n n→+∞
Exemplo 4.5 Seja ϕ : R → (−∞, +∞] uma função própria, s.c.i. e não negativa. Consideremos
Φ : Lp (0, T ) → R, 1 ≤ p < +∞ definida por
Z T
ϕ(u(t)) dt, se ϕ(u) ∈ L1 (0, T );
Φ(u) =
0
+∞, caso contrário.
ϕ ◦ v ∈ L1 (0, T ),
donde segue que v ∈ De (Φ). Concluı́mos assim que De (Φ) 6= ∅ e portanto Φ é própria.
Resta-nos provar que Φ é s.c.i.. Para isto é suficiente provar que todos os conjuntos de nı́vel de Φ,
n o
N (λ, Φ) = u ∈ Lp (0, T ); Φ(u) ≤ λ (4.1.37)
são fechados. Sejam λ ∈ R, fixados, porém arbitrários e u ∈ N (λ, Φ). Então existe (un )n∈N ⊂ N (λ, Φ)
tal que
un −→ u em Lp (0, T ). (4.1.38)
- 216 -
4.1 Operador Dualidade
Daı́,
Φ(un ) ≤ λ, ∀n ∈ N.
ou seja,
Z T
ϕ(un (t))dt ≤ λ, ∀n ∈ N (4.1.39)
0
Note que a sequência (ϕ(un ))n∈N ⊂ L1 (0, T ) e ainda que (ϕ(un )) ≥ 0 quase sempre, ∀n ∈ N.
Logo, pelo Lema de Fatou, Brézis, Lema IV.1, pg 54, temos que,
e ainda,
Z T Z T
lim inf ϕ(un (t))dt ≤ lim inf ϕ(un (t))dt ≤ λ. (4.1.40)
0 n→∞ n∈N n→∞ n∈N 0
Definição 4.12 Seja X um espaço vetorial topológico (e.v.t.) real. Dizemos que
` : X −→ R é uma função afim se `(x) = ϕ(x) + λ, onde ϕ é uma forma linear (não necessariamente
contı́nua) e λ ∈ R. Uma função afim contı́nua é da forma
`(x) = x′ , x + β, x′ ∈ X ′ e β ∈ R.
- 217 -
4.1 Operador Dualidade
Definição 4.13 (Subdiferencial) Seja X um e.v.t. e f : X −→] − ∞, +∞] uma aplicação. Para cada
x ∈ De (f ) indicaremos por ∂f (x) o conjunto
∂f (x) = x′ ∈ X ′ ; f (y) − f (x) ≥ x′ , y − x , ∀y ∈ De (f )
f (y) − f (x) ≥ x′ , y − x ,
+∞ = f (y) ≥ f (x) + x′ , y − x .
Proposição 4.16 Seja X um espaço normado e f : X → (−∞, +∞] uma função convexa e s.c.i. Prove
que int(De (f )) = int(D(∂f )).
Consideremos z ′ ∈ ∂f (z).
Por outro lado, suponhamos, por absurdo, que z 6= De (f ), isto é, f (z) = +∞.
z ′ , y − z ≤ −∞, ∀y ∈ De (f ),
Seja então x ∈ int(De (f )) e V uma vizinhança de x, convexa, aberta e V ⊂ int(De (f )). Pela
proposição 3.23, pg 16, Semigrupos não lineares e E.D.P. nos espaços de Banach, Alvercio M. Gomes, f
é continua em V . Consideramos o conjunto,
C = (y, λ) ∈ X × R; y ∈ V, f (y) < λ .
- 218 -
4.1 Operador Dualidade
Observe que z, f (z) 6∈ C, ∀z ∈ V. Em particular (x, f (x)) 6∈ C.
Como y1 , y2 ∈ V que é convexo, temos que para t ∈ [0, 1] ty1 + (1 − t)y2 ∈ V , restando-nos
provar que
f ty1 + (1 − t)y2 < tλ1 + (1 − t)λ2 ,
o qual é imediato pois pela convexidade de f
f ty1 + (1 − t)y2 ≤ tf (y1 ) + (1 − t)f (y2 ) < tλ1 + (1 − t)λ2 .
Mostremos que C é aberto. Seja u ∈ C, devemos exibir uma vizinhança Vu tal que Vu ⊂ C.
Como u ∈ C, então u = (x, λ), com x ∈ V e f (x) < λ. Da continuidade de f em x temos que dado ε > 0,
existe uma vizinhança Vx de x tal que
f (Vx ) ⊂ f (x) − ε, f (x) + ε
λ − f (x)
Em particular, tomando > 0, temos que,
4
f (x) − ε < f (y) < f (x) + ε, ∀y ∈ Vx . (4.1.43)
(λ − f (x))
f (x) + 2ε = f (x) + 2
4
λ f (x)
= f (x) + −
2 2
f (x) λ λ λ
= = < + = λ,
2 2 2 2
e ainda,
f (x) + ε < λ − ε. (4.1.44)
- 219 -
4.1 Operador Dualidade
Lembremos que (x, f (x)) 6∈ C. Pelo Teorema de Hahn-Banach, existe um ϕ ∈ (X × R) tal que
Fazendo a identificação (X × R)′ ≡ X ′ × R, temos que ϕ = (x′1 , α), para algum x′1 ∈ X ′ e algum
α ∈ R. Então de (4.1.45)
Prova da Afirmação
• Suponhamos α = 0.
Para concluirmos a prova resta-nos mostrar que α < 0 também não pode ocorrer. Assim,
• Suponhamos α < 0.
- 220 -
4.1 Operador Dualidade
Mas, novamente, usando o fato que (x, βx ) ∈ C, temos que, em particular, em (4.1.49) que,
′ ′
x1 x1
, x + f (x) > , x + f (x),
α α
Uma vez que α = 0 e α < 0 não podemos ocorrer, concluı́mos o afirmado, ou seja, α > 0.
Não é difı́cil provar que inf Λy = f (y), donde obtemos que existe uma sequência (σn )n∈N ⊂ Λy tal
que
λn −→ f (y), quando n −→ +∞.
em particular, ′
x′1 x1
, x + f (x) < , y + σn , n∈N (4.1.51)
α α
onde σn −→ f (y).
De (4.1.52), temos,
x′1 x′
f (y) − f (x) > ,x − y = − 1,y − x (4.1.53)
α α
x′1
Fazendo x′ = − , obtemos que,
α
tx + (1 − t)e
y ∈ De (f ), ∀t ∈ [0, 1].
- 221 -
4.1 Operador Dualidade
z = t1 x + (1 − t1 )e
y∈V (4.1.55)
x′ , z − x = x′ , t1 x + (1 − t1 )e
y−x
= x′ , (1 − t1 )(e
y − x)
= (1 − t1 ) x′ , ye − x . (4.1.58)
(1 − t1 )[f (e
y ) − f (x)] ≥ f (z) − f (x)
≥ x′ , z − x = (1 − t1 ) x′ , ye − x
⇓
y ) − f (x) ≥
f (e x′ , ye − x , ∀e
y ∈ De (f ).
Lembremos que V é uma vizinhança de x tal que V ⊂ int(De (f )) ⊂ D(∂f ), assim mostramos que
x ∈ int(D(∂f )), donde concluı́mos que int(De (f )) ⊂ int(D(∂f )). Provando o desejado. 2
Definição 4.17 Seja X um e.v.t.. Dizemos que uma aplicação f : X −→] − ∞, +∞] é exata no ponto x
se existe uma função afim contı́nua ϕ que minora f , ou seja,
Demonstração:
- 222 -
4.1 Operador Dualidade
Definamos:
ϕ(y) = x′ , y − x′ , x + f (x), ∀y ∈ X
Temos que ϕ é uma aplicação afim contı́nua tal que, em virtude de (4.1.59) verifica:
f (y) ≥ ϕ(y), ∀y ∈ De (f ).
Como f (y) = +∞ para todo y 6∈ De (f ), temos em verdade que f (y) ≥ ϕ(y), ∀y ∈ X. Além disso,
ϕ(y) = x′ , y − β; ∀y ∈ X, (4.1.60)
que é minorante de f (isto é, f (y) ≥ ϕ(y), ∀y ∈ X) e além disso, f (x) = ϕ(x). Desta última identidade
e de (4.1.60) resulta que
f (x) = ϕ(x) = x′ , x − β,
e portanto
β = x′ , x − f (x). (4.1.61)
f (y) ≥ x′ , y − x′ , x + f (x)
= x′ , y − x + f (x), ∀y ∈ X
Teorema 4.19 (Composição) Sejam V e W espaços vetoriais, ϕ : W → (−∞, +∞] uma aplicação
convexa, Λ : V → W uma aplicação linear, e De (ϕ) ∩ Im(Λ) 6= ∅. Além disso, assuma que ϕ é contı́nua
em algum ponto de Im(Λ) ∩ De (ϕ). Então, ∂(ϕ ◦ Λ) = Λ′ · ∂ϕ · Λ.
Temos por hipótese que De (ϕ) ∩ ImΛ 6= ∅, ou seja, existe u ∈ De (ϕ) ∩ ImΛ. Então, u ∈ Λv, para
algum v ∈ V.
Daı́,(ϕ ◦ Λ)v = ϕ(Λv) = ϕ(u) < +∞, portanto v ∈ De (ϕ ◦ Λ) e por conseguinte ϕ ◦ Λ é própria.
Seja u ∈ V tal que ∂ϕ(Λu) 6= ∅.
- 223 -
4.1 Operador Dualidade
Λ′ ω ′ , v − u = ω ′ , Λ(v − u)
= ω ′ , Λv − Λu , ∀v ∈ V
Em particular,
Λ′ ω ′ ∈ ∂(ϕ ◦ Λ)(u),
ou ainda,
Λ′ ◦ ∂ϕ ◦ Λ u ⊂ ∂ ϕ ◦ Λ u, ∀u ∈ D Λ′ ◦ ∂ϕ ◦ Λ ,
e por conseguinte,
Λ′ ◦ ∂ϕ ◦ Λ ⊂ ∂(ϕ ◦ Λ).
Consideremos o conjunto,
n o
K = Λv, u′ , v − u + ϕ(Λu) , v∈V ⊂W ×R
e ainda,
ϕ(Λv) ≥ u′ , v − u + ϕ(Λu) (4.1.65)
- 224 -
4.1 Operador Dualidade
Vx = UΛv × (λ − α, λ + α)
onde, UΛv é uma vizinhança de Λv em W e α > 0. Afim de concluir o afirmado precisamos exisbir um
y ∈ Vx , tal que y 6∈ epi(ϕ), uma vez que x ∈ Vx ∩ epi(ϕ), para qualquer vizinhança Vx de x. Ou seja,
Vx ∩ epi(ϕ) 6= ∅. Tomando λ − α < β < λ, temos que y = (Λv, β) ∈ Vx . Mas de (4.1.67) obtemos que
ϕ(Λv) = λ > β,
K ∩ epi(ϕ) ⊂ bdr(epi(ϕ)),
como afirmado.
Devemos exibir um elemento x ∈ epi(ϕ) e uma vizinhança Vx de x tal que, Vx ⊂ epi(ϕ) tal que
Vx ⊂ epi(ϕ).
Seja v ∈ V tal que ϕ é continua em Λv, consequentemente Λv ∈ De (ϕ), ou seja , ϕ(Λv) < ∞.
Vx = UΛv × (β − ε, β + ε).
- 225 -
4.1 Operador Dualidade
β − ϕ(Λv)
ϕ(Λv) + 2ε = ϕ(Λv) + 2
4
β ϕ(Λv)
= ϕ(Λv) + −
2 2
ϕ(Λv) β β β
= + < + =β
2 2 2 2
obtemos
ϕ(Λv) + ε < β − ε. (4.1.68)
Assim concluı́mos que int(epi(ϕ)) 6= ∅. Como ϕ : W −→] − ∞, +∞] é convexa segue do Lema 1.41
de [22] que epi(ϕ) é convexo.
Veja que K = S + (0, −u′ (u) + ϕ(Λu)), onde S = {(Λv, u′ (v)); v ∈ V } e S é um subespaço vetorial.
Teorema 4.20 Se E é um espaço vetorial topológico e A, B são subconjuntos convexos e não vazios de
E com A aberto e A ∩ B = φ. Então existe um hiperplano afim separando A e B.
A demonstração deste último resultado pode ser encontrada em [25] Proposition 19.3.
Assim,
′
−w (T v) + u′ (v − u) + ϕ(Λu) = c, ∀ v ∈ V.
Se v = u, então
c = −w′ (Λu) + ϕ(Λu)
e assim,
′
< w′ , Λ(v − u) >=< u , (v − u) >, ∀ v ∈ V.
- 226 -
4.1 Operador Dualidade
′ ′ ′
Donde podemos concluir que u = Λ (w ). Como c ≤ ψ(w, t), ∀ (w, t) ∈ epi(ϕ), temos em particular
para (w, ϕ(w)) que
′ ′
−w (Λu) + ϕ(Λu) = c ≤ −w (w) + ϕ(w), ∀ w ∈ W.
Consequentemente,
′
w (w − Λu) ≤ ϕ(w) − ϕ(Λu), ∀ w ∈ W.
′ ′ ′ ′ ′ ′ ′
Mostrando que w ∈ ∂(Λu). Daı́, Λ w ∈ Λ ∂(Λu). Como u = Λ w , o resultado segue. 2
(a) ϕ é convexa;
Demonstração:
(a) ⇒ (b)
ou ainda,
ϕ (1 − t)u + tv ≤ ϕ(u) + t ϕ(v) − ϕ(u) .
Assim,
ϕ u + t(v − u) − ϕ(u)
≤ ϕ(v) − ϕ(u).
t
(b) ⇒ (c)
- 227 -
4.1 Operador Dualidade
e
ϕ′ (v)(u − v) ≤ ϕ(u) − ϕ(v).
somando membro a membro as desigualdades acima, obtemos
ϕ′ (u)(v − u) + ϕ′ (v)(u − v) ≤ 0.
Donde,
ϕ′ (u)(v − u) − ϕ′ (v)(v − u) ≤ 0,
ou seja,
ϕ′ (v) − ϕ′ (u) (v − u) ≥ 0,
o que prova (c).
(c) ⇒ (a)
Sejam u, v ∈ K e façamos
[u, v] = (1 − t)u + tv; t ∈ [0, 1 ] ⊂ K
Definamos,
ψ : [0, 1] −→ ] − ∞, +∞]
t 7−→ ψ(t) = ϕ u + t(v − u) ,
ou seja, ψ = ϕ .
[u,v]
Agora, para cada t ∈]0, 1[, seja λ > 0 suficientemente pequeno, de modo que (t + λ) ∈]0, 1[. Desta
forma,
ψ(t + λ) − ψ(t)
ψ ′ (t) = lim
λ→0 λ
ϕ(u + (t + λ)(v − u)) − ϕ(u + t(v − u))
= lim
λ→0 λ
ϕ(u + t(v − u) + λ(v − u)) − ϕ(u + t(v − u))
= lim .
λ→0 λ
Sendo ϕ diferenciável à Gateaux em K, então o limite acima existe e daı́ vem que,
- 228 -
4.1 Operador Dualidade
Pondo,
w1 = u + t1 (v − u) ∈ K e w2 = u + t2 (v − u) ∈ K,
decorre que w2 − w1 = (t2 − t1 )(v − u).
ou seja, pela linearidade da derivada Gateaux e pelo fato que t2 − t1 ≥ 0, obtemos de (4.1.73) que,
h i
ψ ′ (t2 ) − ψ ′ (t1 ) (t2 − t1 ) ≥ 0,
ou ainda,
ψ ′ (t2 ) ≥ ψ ′ (t1 ),
provando que ψ ′ é crescente e consequentemente ψ é convexa.
Logo,
ψ (1 − t) · 0 + t · 1 ≤ (1 − t)ψ(0) + tψ(1), ∀t ∈ [0, 1],
isto é,
ψ(t) ≤ (1 − t)ψ(0) + tψ(1), ∀t ∈ [0, 1],
ou ainda,
ϕ (1 − t)u + tv ≤ (1 − t)ϕ(u) + tϕ(v), ∀t ∈ [0, 1] e ∀u, v ∈ K,
uma vez que estes foram escolhidos arbitrariamente.
Proposição 4.24 Seja f : X −→]−∞, +∞] uma função convexa própria. Se f é diferenciável a Gateaux
num ponto x ∈ De (f ) então f é subdiferenciável em xe a derivada Gateaux em f ′ (x) é o único elemento
de ∂f (x).
Demonstração:
λf (y) − λf (x)
f (y) − f (x) =
λ
−λf (x) + f (x) − f (x) + λf (y)
=
λ
(1 − λ)f (x) + λf (y) − f (x)
=
λ
f (x + λ(y − x)) − f (x)
≥
λ
- 229 -
4.1 Operador Dualidade
f (y) − f (x) ≥ x′ , y − x , ∀y ∈ De (f ).
Em verdade,
f (y) − f (x) ≥ x′ , y − x , ∀y ∈ X.
Desta forma,
f (x + λy) − f (x) ≥ x′ , λy , ∀y ∈ X, ∀λ > 0
o que implica
f (x + λy) − f (x)
≥ x′ , y , ∀y ∈ X, ∀λ > 0
λ
e no limite quando λ → 0 vem que
f ′ (x), y ≥ x′ , y , ∀y ∈ X.
f ′ (x), y = x′ , y , ∀y ∈ X,
Exemplo 4.6 Seja X um espaço vetorial normado. Vamos calcular o subdiferencial da norma no ponto
0 ∈ X, ou seja, determinaremos os elementos do conjunto
∂k · k(0) = x′ ∈ X ′ , kyk ≥ x′ , y ; ∀y ∈ X
Reciprocamente, se x′ ∈ x′ ∈ X ′ , kx′ k ≤ 1 , temos que x′ , y ≤ kyk, ∀y ∈ X e, portanto,
x′ ∈ X ′ , kx′ k ≤ 1 ⊂ ∂k · k(0).
1
Exemplo 4.7 Se f (x) = kxk2 , então ∂f (x) = F (x).
2
- 230 -
4.2 Exercı́cios
1 1 1
f (y) − f (x) = kyk2 − kxk2 = (kxk2 + kyk2 ) − kxk2
2 2 2
≥ kxkkyk − kxk2
≥ hx′ , yi − hx′ , xi.
1 1
kyk2 − kxk2 ≥ hx′ , y − xi, ∀y ∈ De (f ).
2 2
Para y da forma y = x + tx, t ∈ R,
1
Assim, para t = temos
n
1
1+ kxk2 ≥ hx′ , xi.
2n
1
Se t = − temos
n
1
1− kxk2 ≤ hx′ , xi.
2n
Pela arbitrariedade de n, hx′ , xi = kxk2 . Resta provar que kx′ k ≤ kxk. Na definição, para y da forma
y = x + tz, t > 0, z ∈ X,
1 1
kx + tzk2 − kxk2 ≥ thx′ , zi.
2 2
Daı́,
1 1
thx′ , zi
2
≤ (kxk + tkzk) − kxk2
2 2
t2
= tkxkkzk + kzk2 .
2
Dividindo ambos os lados por t e passando o limite, vem que
4.2 Exercı́cios
Solução: Seja E um e.v.t. e A ⊂ E fechado. Mostraremos que N (λ, IA ) são fechados para todo λ ∈ R.
- 231 -
4.2 Exercı́cios
De fato,
Se λ < 0 N (λ, IA ) = x ∈ E, IA (x) ≤ λ = ∅
Se λ = 0 N (λ, IA ) = x ∈ E, IA (x) ≤ λ = A
Se λ > 0 N (λ, IA ) = x ∈ E, IA (x) ≤ λ = A
a) Se f assume o valor −∞ num ponto x0 ∈ X prove que em toda semireta Γ com origem em x0 ,
f (x) = −∞ para todo x ∈ Γ ou existe um ponto x1 ∈ Γ tal que f (x1 ) < +∞, f (x) = −∞ em todos os
pontos x ∈ Γ situados entre x0 e x1 e f (x) = +∞ em todos os demais pontos de Γ.
b) Se além de convexa, f é s.c.i., prove que f não assume o valor −∞ ou f (x) = −∞ para todo x ∈ X.
(Use o seguinte resultado: Seja f convexa, s.c.i. e própria. Então existe uma função afim contı́nua que
minora f . (veja Proposição 1.44 do Livro de Análise Funcional Cavalcanti, Cavalcanti e Komornik)).
Para evitar os casos particulares descritos em (a) e (b) acima consideramos as funções convexas
não definidas em −∞.
Solução: a) Suponha que f não é identicamente −∞, assim, existe x1 ∈ X tal que f (x1 ) 6= −∞, ou seja
f (x1 ) < ∞ ou f (x1 ) = +∞.
Se f (x1 ) < ∞, então para todo x ∈ Γ tal que x está entre x0 e x1 , temos x = (1 − t)x0 + tx1 para
t ∈ (0, 1), logo,
f (x) = f ((1 − t)x0 + tx1 ) ≤ (1 − t)f (x0 ) + tf (x1 ) = −∞, (4.2.74)
assim, f assume −∞ entre x0 e x1 . Agora, se x ∈ Γ, mas x está depois de x1 , não podemos ter f (x) = ∞
ou f (x) < ∞ pois, tomando a semirreta ligando x a x0 e usando os mesmos passos de (4.2.74) teremos
f (y) = −∞ para todo y entre x e x0 , inclusive para x1 o que nos daria uma contradição com o fato de
f (x1 ) < ∞, logo
Observe que, pelo argumentado acima, Γ pode ter no máximo um ponto x e tal que f (e
x) < ∞.
Agora, se f (x1 ) = ∞, considere K1 = {x ∈ Γ; f (x) = ∞}, K2 = {x ∈ Γ; f (x) = −∞} e defina
onde, Γ(x0 ,x1 ) é o segmento que liga x0 a x1 (excetuando-se x0 e x1 ). Com isso, temos, claramente, que ψ
é um homeomorfismo e mais, K1 e K2 são abertos.
Assim, como K1 ∩ K2 = ∅, K1 e K2 são abertos em Γ(x0 ,x1 ) e esta, por sua vez, é conexa (pois é
homeomorfa a (0, 1) o qual é conexo), segue que K1 ∪ K2 6= Γ(x0 ,x1 ) , ou seja, existe x ∈ Γ(x0 ,x1 ) tal que
f (x) < ∞. O que conclui a prova.
b) Suponha que f não é identicamente nula, mas assume o valor −∞ em algum ponto, ou seja, existem
x1 , x0 ∈ X tal que f (x1 ) 6= −∞ e f (x0 ) = −∞. Considere, então Γ[x0 ,x1 ] a semirreta ligando x0 a x1 .
Pelo item (a) existe x2 ∈ Γ[x0 ,x1 ] , tal que f (x2 ) < ∞, logo, f é uma função própria e, portanto, existem
ϕ ∈ X ′ e β ∈ R tais que
ϕ(x) + β < f (x), ∀x ∈ X,
em particular,
ϕ(x0 ) + β < f (x0 ) = −∞,
- 232 -
4.2 Exercı́cios
o que é um absurdo, visto que ϕ ∈ X ′ . Logo, f não pode assumir o valor −∞.
Porém,
lim supkxn k = inf sup kxn kkxk k ≤ 0. (4.2.76)
n→∞ n∈N k≥n
Note que
0 ≤ sup kxk k, ∀n ∈ N, (4.2.77)
k≥n
donde
0 ≤ inf sup kxn k = lim sup kxk k (4.2.78)
n∈N k≥N n→∞
ou seja,
0 ≤ kxk k < ε, ∀k ≥ n0 . (4.2.80)
∀x∗ ∈ X ′ , | x∗ , x | = lim | x∗ , xn |
n→∞
= lim inf | x∗ , x |
n→∞
≤ lim inf kx∗ kX ′ kxn kX
n→∞
= kx∗ kX ′ lim inf kxn kX (4.2.82)
n→∞
Em particular
∀x∗ ∈ X ′ tal que kx∗ kX ′ = 1 temos
(4.2.83)
| x∗ , x | ≤ lim inf kxn kX
n→∞
e por conseguinte
kxkX ′ = sup | x∗ , x | ≤ lim inf kxn kX , (4.2.84)
x∈X ∗ n→∞
- 233 -
4.2 Exercı́cios
xn x x∗
Pondo yn = , y= e y∗ = , onde x∗ ∈ F (x) temos yn , y ∈ UX ( Bola Unitária ) e
kxn k kxk kx∗ k
y ∗ ∈ UX ′ . Temos ainda
∗ yn + y ∗ yn + y yn + y 1n o
y , ≤ y , ≤ ≤ kyn k + kyk = 1
2 2 2 X 2
1 2 ∗ x∗ , x kx∗ kkxk
= · x , x = = =1 (4.2.88)
2kx∗ kX ′ kxkX kx∗ kx′ · kxkX kx∗ kkxk
Agora como
yn + y yn + y
y∗ , ≤ y∗ ,
2 2
yn + y
≤ ky ∗ kX ′ ·
2 X
yn + y
= (4.2.89)
2
segue que
∗ yn + y yn + y
1 = lim y , ≤ lim . (4.2.90)
n→∞ 2 n→∞ 2 X
logo,
yn + y
lim ≤ 1. (4.2.92)
n→∞ 2 X
yn + y
lim = 1. (4.2.93)
n→∞ 2 X
- 234 -
4.2 Exercı́cios
sem perda de generalidade, podemos supor que existe ε0 > 0 tal que
yn + y
≤ 1 − δ0 < 1, ∀n ∈ N, (4.2.96)
2 X
yn + y
ou seja, 6→ 1, quando n −→ ∞ o que é um absurdo posto que (4.2.93) é valido. Substituindo
2 X
xn x
yn = ey= ∥x∥X em (4.2.94) concluı́mos
kxn k
xn x
− −→ 0, quando n −→ ∞, (4.2.97)
kxn k kxk
ou seja,
xn x
−→ , quando n −→ ∞. (4.2.98)
kxn k kxk
Porém, como kxn k −→ kxk (Ver (4.2.86)) segue que kxn k n∈N
é por (4.2.98) concluı́mos
- 235 -
Capı́tulo 5
Estudaremos nessa seção os operadores monótonos que são uma generalização das funções
monótonas.
Seja f : R −→ R uma função monótona não decrescente. Isso quer dizer que se x, y ∈ D(f ) e x ≤ y
então f (x) ≤ f (y). Equivalentemente,
Nossa proposta é estender este conceito. Para isso, vejamos o seguinte exemplo em R2 . Conside-
π
remos, para cada x = (a, b) ∈ R2 a rotação de x por um ângulo θ, onde 0 ≤ θ ≤ .
2
Note que
Rθ (x) = kxkcos(α + θ), kxksen(α + θ)
= kxkcos α cos θ − kxksen α sen θ, kxksen α cos θ + kxkcos α senθ
| {z } | {z } | {z } | {z }
=a =b =b =a
= a · cos θ − b · sen θ, b · cos θ + a · sen θ .
- 236 -
5.1 Operadores Monótonos
Assim,
Rθ : R2 −→ R2
(a, b) 7−→ Rθ (a, b) = a · cos θ − b · sen θ, b · cos θ + a · sen θ .
Afirmo que
x − y, Rθ (x) − Rθ (y) R2
≥ 0, ∀x, y ∈ R2 .
Conforme vemos, a definição de operador monótono de um espaço de Hilbert é, desse modo, uma
generalização natural de função monótona não-decrescente.
Vejamos um exemplo.
Provaremos que βe 6= ∅. Antes, porém, afirmamos que para cada ξ ∈ R o conjunto β(ξ) é limitado
em R. De fato, suponhamos o contrário, ou seja, que dado M > 0 existe xM ∈ β(ξ) tal que |xM | > M .
- 237 -
5.1 Operadores Monótonos
e
Figura 5.2: Operador β.
Em particular, (x1 − ξ)(y1 − xM ) ≥ 0. Como (x1 − ξ) > 0 resulta que (y1 − xM ) ≥ 0 e consequen-
temente, xM ≤ y1 , ∀M > 0 e y1 ∈ β(x1 ). Logo existe y1∗ ∈ R tal que xM ≤ y1∗ , ∀M > 0.
Em particular, (x1 − ξ)(y1 − xM ) ≥ 0. Como (x1 − ξ) < 0 resulta que (y1 − xM ) ≤ 0 e, conse-
quentemente, xM > y1 , para todo M > 0 e y1 ∈ β(x1 ). Assim, existe y10 ∈ R tal que xM ≥ y10 , ∀M > 0.
Logo, (xM )M >0 é limitada. Porém, por hipótese, temos que |xM | > M, ∀M > 0, ou seja, |xM | −→ +∞
quando M −→ +∞, o que é uma contradição. Isto mostra que o conjunto β(ξ) é limitado.
v : Ω −→ R
x 7−→ v(x) ∈ β(u(x)).
Notemos que pelo fato de u ser contı́nua e K ser compacto temos a existência de uma constante
k > 0 tal que −k < u(x) < k, ∀x ∈ K. Da monotonia de β e para todo x ∈ K temos
u(x) + k (y1 − y2 ) ≥ 0, ∀y1 ∈ β u(x) e ∀y2 ∈ β(−k),
k − u(x) (z1 − z2 ) ≥ 0, ∀z1 ∈ β(k) e ∀z2 ∈ β u(x) .
- 238 -
5.1 Operadores Monótonos
Como u(x) + k > 0 e k − u(x) > 0, resulta que
(y1 − y2 ) ≥ 0, ∀y1 ∈ β u(x) e y2 ∈ β(−k),
(z1 − z2 ) ≥ 0, ∀z1 ∈ β(k) e ∀z2 ∈ β u(x) .
Em particular,
v(x) ≥ y2 ≥ c1 ,
onde c1 é uma limitação inferior do conjunto β(−k). E ainda,
v(x) ≤ z1 ≤ c2 ,
Por outro lado, se x ∈ Ω \ K temos u(x) = 0 e por conseguinte v(x) ∈ β(0), sendo este um
subconjunto limitado conforme vimos. Logo,
Z
|v(x)|2 dx ≤ k 2 med(Ω \ K) ≤ k 2 med(Ω) < ∞,
Ω\K
e
posto que Ω é limitado. Assim, se u ∈ C0∞ (Ω) temos que v ∈ L2 (Ω), donde se conclui que (u, v) ∈ β.
Portanto β̃ 6= ∅ e
Z
u1 − u2 , v1 − v2 L2 (Ω) = u1 (x) − u2 (x) v1 (x) − v2 (x) dx.
Ω
Para generalizar ainda mais a noção de função monótona não decrescente, observemos que se X é
um espaço de Hilbert, então seu dual X ′ pode ser a ele identificado e, assim, os operadores monótonos
de X podem ser considerados como operadores A : X −→ X ′ . Sendo assim, o produto interno pode ser
encarado como dualidade h·, ·iX ′ ,X . Essas considerações nos levam a seguinte definição.
Definição 5.4 Seja X um e.v.t. real, X ′ o seu dual e A : X −→ X ′ um operador. Dizemos que A, é
monótono se
x′ − y ′ , x − y ≥ 0, para todo (x′ , x), (y ′ , y) ∈ A.
Exemplo 5.2 O operador subdiferencial ∂f : X −→ X ′ é monótono. Com efeito, sejam (x, x′ ), (y, y ′ ) ∈
∂f . Então,
x′ ∈ ∂f (x) e y ′ ∈ ∂f (y).
- 239 -
5.1 Operadores Monótonos
f (z) − f (x) ≥ x′ , z − x , ∀z ∈ De (f ),
f (w) − f (y) ≥ y ′ , w − y , ∀w ∈ De (f ).
Em particular,
f (y) − f (x) ≥ x′ , y − x ,
f (x) − f (y) ≥ y ′ , x − y ,
donde, somando membro a membro das desigualdades acima, resulta que,
0 ≥ y ′ − x′ , x − y ⇒ x′ − y ′ , x − y ≥ 0,
Consequentemente,
x′ − y ′ , x − y = kxk2 − x′ , y − y ′ , x + kyk2
≥ kxk2 − kx′ kkyk − ky ′ kkxk + kyk2
= kxk2 − 2kxkkyk + kyk2
2
= kxk − kyk ≥ 0,
No caso dos espaços de Hilbert, a monotonia de um operador pode ser expressa pela condição a
seguir que envolve apenas a norma.
Proposição 5.5 Seja X um espaço de Hilbert. Então, A é um operador monótono se, e somente se,
x1 − x2 + λ y1 − y2 ≥ kx1 − x2 k,
- 240 -
5.1 Operadores Monótonos
para todo (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) ∈ A, o que prova que A é monótono e conclui a prova. 2
Proposição 5.6 Seja M a famı́lia de operadores monótonos de X. São válidas as seguintes propriedades:
(i) Se A, B ∈ M então A + B ∈ M;
Demonstração:
- 241 -
5.1 Operadores Monótonos
x′1 − y1′ , x1 − y1 = λ x′ − y ′ , x1 − y1 ≥ 0.
x − y, x′ − y ′ X ′′ ×X
= x′ − y ′ , x − y X ′ ×X
≥ 0.
(iv) Sejam (x, x′ ) e (y, y ′ ) ∈ A e ε > 0. Considere as seguintes vizinhanças de (x, x′ ) e (y, y ′ ),
respectivamente
Como (x, x′ ) e (y, y ′ ) ∈ A , existem (x0 , x′0 ) e (y0 , y0′ ) ∈ A , tais que (x0 , x′0 ) ∈ Bε (x) × Vε (x′ ) e
(y0 , y0′ ) ∈ Bε (y) × Vε (y ′ ).
e,
hx0 − y0 , x′0 − y0′ i ≥ 0.
Daı́,
hx − y, x′ − y ′ i = hx − y, x′ i − hx − y, y ′ i + hx − y, x′0 i − hx − y, x′0 i
+hx − y, y0′ i − hx − y, y0′ i + hx0 , x′0 − y0′ i − hx0 , x′0 − y0′ i
+hy0 , x′0 − y0′ i − hy0 , x′0 − y0′ i
= hx − y, x′ − x′0 i + hx − y, y0′ − y ′ i − hx0 − x, x′0 − y0′ i − hy − y0 , x′0 − y0′ i
+hx0 − y0 , x′0 − y0′ i
> −2ε − (kx0 − xk + ky0 − yk)kx′0 − y0′ k
> −ε(2 + 2kx′0 − y0′ k)
Ăx = convAx
- 242 -
5.1 Operadores Monótonos
é monótono. Com efeito, sejam (x, x′ ), (y, y ′ ) ∈ Ă. Então, x′ ∈ convAx e y ′ ∈ convAy e resulta daı́ que
Xn X
n
′
λi x′i onde x′i ∈ Ax; λi ≥ 0,
x = λi = 1 e
i=1 i=1
(5.1.7)
X
m X
m
′
µj yj′ onde yj′ ∈ Ay; µj ≥ 0.
y = µj = 1 e
j=1 j=1
x′i − yj′ , x − y ≥ 0; ∀i = 1, · · · , n; ∀j = 1, · · · , m.
Logo,
λi x′i − λi yj′ , x − y ≥ 0; ∀i = 1, · · · , n; ∀ j = 1, · · · , m,
o que implica * n +
X X
n
λi x′i − λi yj′ , x − y ≥ 0; ∀j = 1, · · · , m,
i=1 i=1
ou seja,
x′ − yj′ , x − y ≥ 0; ∀j = 1, · · · , m.
ou seja,
x′ − y ′ , x − y ≥ 0.
o que prova que o operador Ă é monótono.
b ⊂ Ă. Sendo Ă monótono, resulta pelo item (iv) que Ă é monótono e pelo fato de
Portanto Ă ⊂ A
b b é monótono.
Ă estender A segue que A 2
e definido por
Proposição 5.7 Seja A ∈ M. Então o operador A
e = D(A) − a ;
D(A) onde a∈X e e = A(x + a) − a′
Ax a′ ∈ X ′
é monótono.
Demonstração: Sejam (e e ′ ), (e
x, x e Então:
y , ye′ ) ∈ A.
- 243 -
5.1 Operadores Monótonos
e = x − a;
x para algum x ∈ D(A)
ye = y − a; para algum y ∈ D(A)
x ex = A(e
e ′ ∈ Ae x + a) − a′ = Ax − a′
ey = A(e
ye′ ∈ Ae y + a) − a′ = Ay − a′ ,
o que implica
e ′ + a′ ∈ Ax
x e ye′ + a′ ∈ Ay
e ′ − ye′ , x
x e − ye = e ′ − ye′ , x
x e − ye + a′ − a′ , x
e − ye
= x ′ + a′ ) − (e
(e y ′ + a′ ), (e
x + a) − (e
y + a)
= x ′ + a′ ) − (e
(e y ′ + a′ ), x − y ≥ 0
Definição 5.8 Seja X um espaço normado. Diz-se que um operador A de X é localmente limitado no
ponto x0 ∈ X se existir ρ > 0 tal que o conjunto
[
Ax; kx − x0 k < ρ
x∈D(A)
é limitado
Lema 5.9 Sejam (xn ) e (x′n ) sucessões de elementos de X e X ′ , respectivamente, tais que kxn k −→ 0
e kx′n k −→ ∞ quando n −→ ∞. Então, dado ρ > 0, existe um elemento z(ρ) ∈ X e duas subsequências
(xnk ) e (x′nk ), respectivamente, tais que:
Demonstração: Pondo
x′n
wn′ =
1 + x′n , xn
tem-se
kx′n k kx′n k 1
kwn k = ≥ =
1 + x′n , xn 1 + kxn kkx′n k 1
∥x′n ∥ + kxn k
Afirmamos que
Existem uma subsequência (wnk ) de (wn ) e
(5.1.8)
um ponto z ∈ X tais que wnk , z −→ ∞ quando k −→ ∞
Com efeito, suponhamos que (5.1.8) não ocorra. Então, resulta que
Logo, face ao Teorema de Banach-Steinhauss, vem que supn kwn′ k < ∞, contraria o fato de que
- 244 -
5.1 Operadores Monótonos
Temos
ρ
kz(ρ)k ≤ < ρ. (5.1.9)
2
* +
x′n
wn′ , xn = , xn
(5.1.10) 1 + x′n , xn
x′n , xn
= ≤ 1; ∀n ∈ N
1 + x′n , xn
≥1
z }| {
x′nk , z(ρ) − x nk = 1+ x′nk , z(ρ) − x nk wn′ k , z(ρ) − xnk
(5.1.13)
≥ wn′ k , z(ρ) − xnk
≥ wn′ k , z(ρ) − 1 −→ ∞, quando k −→ ∞
Teorema 5.10 Todo operador monótono A : X −→ X ′ é localmente limitado em cada ponto do interior
do seu domı́nio.
Demonstração: Seja A um operador monótono de X, x ∈ intD(A) e ρ > 0 tal que D(A) contenha a
bola de centro em x e raio ρ. Argumentaremos por contradição. Se o Teorema fosse falso, de acordo com
a definição 5.8 existiriam subsequências (xn ), (x′n ) pertencentes a X e X ′ , respectivamente, tais que,
(xn , x′n ) ∈ A, xn −→ x e kx′n k −→ +∞. Pelo Lema 5.9, existiriam então, duas subsequências (xni ), (x′ni )
de (xn ), (x′n ) respectivamente, e z(ρ) ∈ X tais que kz(ρ)k < ρ e
Do fato que kz(ρ)k < ρ resulta que z(ρ) + x pertence a bola de centro em x e raio ρ, o que implica
- 245 -
5.1 Operadores Monótonos
e consequentemente
y ′ , z(ρ) + x − xni ≥ x′ni , z(ρ) + x − xni (5.1.15)
Definição 5.11 Uma função ϕ : X −→ 2Y é dita semicontı́nua superiormente se para todo conjunto
aberto W ⊂ Y o conjunto x; ϕ(x) ∈ W é aberto em X.
Teorema 5.13 (Kakutani) Seja S um subconjunto não vazio, compacto e convexo de um espaço vetorial
topológico localmente convexo. Seja ϕ : S −→ 2S uma aplicação de Kakutani. Então ϕ tem um ponto
fixo, isto é, existe x ∈ S tal que x ∈ ϕ(x).
Definição 5.14 Sejam A, B conjuntos genericos. Diz-se que (x0 , y0 ) ∈ A × B é um ponto de sela da
aplicação f : A × B −→ R se
Observação 5.15 A desigualdade em (5.1.16) sendo válida para todo x ∈ A e para todo y ∈ B é em
particular para x = x0 , o que implica que f (x0 , y) ≤ f (x0 , y0 ), e para y = y0 , o que implica que f (x0 , y0 ) ≤
f (x, y0 ). Logo, (x0 , y0 ) é ponto de sela de f se e somente se
.
Exemplo 5.4 Sejam A e B conjuntos quaisquer. Prove que uma aplicação f : A × B → R admite um
ponto de sela se, e somente se, minx∈A supy∈B f (x, y) = maxy∈B inf x ∈ Af (x, y) onde substituiu-se inf
por min e sup por max para indicar que o inf e o sup respectivamente, são atingidos.
onde substitui-se inf por min e sup por max para indicar que o inf e o sup são respectivamente atingidos.
- 246 -
5.1 Operadores Monótonos
De posse dessa lembrança, seja (x0 , y0 ) um ponto de sela de f . Note que por (5.1.18), obtemos as
seguintes conclusões:
• f (x0 , y0 ) = inf f (x0 , y0 ) ≤ inf f (x, y0 )
x∈A x∈A
⇒ f (x0 , y0 ) = inf f (x, y0 )
• inf f (x, y0 ) ≤ f (x0 , y0 ) ≤ f (x, y0 )
x∈A
x∈A |{z}
pois x0 ∈A
• sup f (x0 , y) ≤ supy∈B f (x0 , y0 ) = f (x0 , y0 )
y∈B
⇒ f (x0 , y0 ) = sup f (x0 , y)
• ≤
f (x0 , y0 )
|{z}
supy∈B f (x0 , y)
y∈B
y0 ∈B
ou seja,
sup f (x0 , y) = f (x0 , y0 ) = inf f (x, y0 ). (5.1.19)
y∈B x∈A
(5.1.19)
z}|{
inf sup f (x, y) ≤ sup f (x0 , y) = inf f (x, y0 ) ≤ sup inf f (x, y)
x∈A y∈B y∈B x∈A y∈B x∈A
e consequentemente
inf sup f (x, y) ≤ sup inf f (x, y) (5.1.20)
x∈A y∈B y∈B x∈A
Sendo assim, voltando a demonstração do exercı́cio 14, de (5.1.20) e do lema exposto acima
- 247 -
5.1 Operadores Monótonos
consequentemente
inf sup f (x, y) = sup f (x0 , y). (5.1.22)
x∈A y∈B y∈B
Analogamente
(5.1.19)
z}|{
≤ sup f (x0 , y) = inf f (x, y0 )
y∈B x∈A
portanto
sup inf f (x, y) = inf f (x, y) = inf f (x, y0 ) (5.1.23)
y∈B x∈A x∈A x∈A
(5.1.24)
min sup f (x, y) = sup f (x0 , y)
x∈A y∈B y∈B
(5.1.19)
= inf f (x, y0 )
x∈A
(5.1.25)
= max inf f (x, y) (5.1.26)
y∈B x∈A
Reciprocamente, suponhamos que (5.1.26) seja válida e designemos por x0 e y0 pontos onde o
ı́nfimo e o supremo, respectivamente, são atingidos.
Então,
- 248 -
5.1 Operadores Monótonos
Assim,
x − y, Hx + y ′ ≤ 0; ∀(y, y ′ ) ∈ A
Temos C(y, y ′ ) 6= ∅, ∀(y, y ′ ) ∈ A uma vez que y ∈ C(y, y ′ ) (Note que D(A) ⊂ C). Seja (xn ) ⊂
C(y, y ) tal que xn −→ x. Ora, do fato que xn ∈ C(y, y ′ ) resulta que
′
xn − y, Hz + y ′ ≤ 0, ∀n ∈ N,
- 249 -
5.1 Operadores Monótonos
definida por
X
n
x(λ) = λi yi ,
i=1
X
n
f (λ, µ) = µi x(λ) − yi , Hz + yi′
i=1
é bilinear e contı́nua, donde admite um ponto de sela pelo Teorema 5.17 (Minimax). Assim existem λ0 e
µ0 tais que
f (λ0 , µ) ≤ f (λ0 , µ0 ) ≤ f (λ, µ0 ) ∀λ, µ ∈ K,
e portanto,
f (λ0 , µ) ≤ f (λ0 , µ0 ) ≤ sup f (λ, λ); ∀µ ∈ K (5.1.29)
λ∈K
Contudo,
* n +
X
n X
f (λ, λ) = λi λj yj − yi , Hz + yi′
i=1 j=1
Xn
= λi λj yj − yi , Hz + yi′
i,j=1
e do fato que
λi λj yj − yi , Hz = −λi λj yi − yj , Hz
resulta que
X
n
λi λj yj − yi , Hz = 0,
i,j=1
X
n
f (λ, λ) = λi λj yj − yi , yi′
i,j=1
Xn
= − λi λj yj − yi , yj′
i,j=1
1 Xn
= λi λj yj − yi , yi′ − yj′
2 i,j=1
Desta última identidade resulta que f (λ, λ) ≤ 0 uma vez que A é monótono. Logo, de (5.1.29)
tem-se então, f (λ0 , µ) ≤ 0, ∀µ ∈ K e, em particular, para µi ∈ K, definido por
µi = (δi1 , · · · , δin ), i = 1, · · · , n,
x(λ) − yi , Hz + yi′ ≤ 0, i = 1, · · · , n
relação que mostra que x(λ) ∈ C(y, y ′ ); i = 1, · · · , n e assim, a famı́lia C(y, y ′ ), (y, y ′ ) ∈ A tem, de
fato a propriedade da intersecção finita.
- 250 -
5.1 Operadores Monótonos
t x1 − y, Hz + y ′ ≤ 0; (1 − t) x2 − y, Hz + y ′ ≤ 0 (5.1.30)
o que significa que T z é convexo e, além disso, das desigualdades (5.1.30) resulta imediatamente que
A desigualdade em acima mostra-nos que x ∈ T z, ou dito de outra forma, que tx1 + (1 − t)x2 ∈
T z, o que prova que T z é convexo. Provaremos, a seguir, que T : C −→ C é fechado. Para tanto
consideraremos (zn ) ⊂ C, (xn ) ⊂ T zn , para cada n ∈ N, de modo que zn −→ z e xn −→ x. Sendo C
fechado então tem-se z ∈ C. Como xn ∈ T zn , temos
x − y, Hz + y ′ ≤ 0, ∀(y, y ′ ) ∈ A,
Além disso note que T z é fechado. Com efeito, seja w ∈ T z, então existe (wn )n ⊂ T z tal que
wn → w. Logo
hwn − y, Hz + y ′ i ≤ 0, ∀(y, y ′ ) ∈ A. (5.1.32)
hw − y, Hz + y ′ i ≤ 0, ∀(y, y ′ ) ∈ A, (5.1.33)
isto é, w ∈ T z, provando que T z é fechado. Devido a compacidade de C segue então que T z ⊂ C é
compacto, para todo z ∈ C.
Se mostrarmos que T é uma aplicação de Kakutani decorrerá em virtude do teorema do ponto fixo
de Kakutani que T admitirá um ponto fixo, isto é, existe um x ∈ C tal que x ∈ T x. Exatamente esta
é a conclusão a que se deseja chegar. Para que T seja uma aplicação de Kakutani, resta mostrar que
T é semicontı́nua superiormente. De fato, já foi provado que T é fechado e D(T ) = C. Seja W ⊂ C
aberto e considere B = {z ∈ C; T z ⊂ W }, precisamos mostrar que B é aberto, ou equivalentemente
C\B = {z ∈ C; T z 6⊂ W } é fechado em C. Considere z ∈ C\B, então existe (zn )n ⊂ C\B tal que
zn → z, logo T zn 6⊂ W ,consequentemente para cada n, existe yn ∈ T zn tal que yn 6∈ W. Temos que C\W
é compacto, então existe (yn k ) ⊂ C\W e y ∈ C\W tal que yn k → y. Devido ao fato de T ser fechado
obtemos que y ∈ T z. Portanto T z 6⊂ W , ou seja, z ∈ C\B, provando o desejado. Portanto T é uma
aplicação de Kakutani e o resultado está provado. 2
x, Ax ≥ α(kxk)kxk, ∀x ∈ X,
α(ρ) −→ ∞ quando ρ −→ ∞.
- 251 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
α(kxk)kxk ≤ x, Hx ; ∀x ∈ E.
Então, para cada y0′ ∈ A(0) existe uma constante M que só depende de y0′ e da função α (da coercividade)
e x ∈ C tais que
kxk ≤ M
e
x − y, Hx + y ′ ≤ 0, ∀(y, y ′ ) ∈ A.
Note que a desigualdade (5.1.34) é valida em particular para y = 0 e y0′ ∈ A(0). Logo,
xr , Hxr ≤ − xr , y0′ ,
para alguma função α : R −→ R tal que α(ρ) −→ +∞, quando ρ −→ +∞. Se xr 6= 0, da desigualdade
(5.1.35) deduzimos que α(kxr k) ≤ ky0′ k e pela propriedade da função α existe M > 0, dependendo de α
e y0′ tal que kxr k ≤ M, ∀r > 0.
Seja,
Sr = x ∈ Cr ; x − y, Hx + y ′ ≤ 0; ∀(y, y ′ ) ∈ Ar
Obviamente Sr 6= ∅ (xr ∈ Sr ), Sr é fechado e consequentemente Sr ∩M B é compacto e não vazio, ∀r > 0.
Além disso, do fato de M ≤ r1 ≤ r2 obtemos
Sr1 ∩ M B ⊃ Sr2 ∩ M B;
portanto \
Sr ∩ M B =6 ∅,
r≥M
x − y, Hx − y ′ ≤ 0; ∀(y, y ′ ) ∈ A.
Definição 5.21 Dizemos que um operador monótono A é máximo monótono (ou maximal monótono)
se não admitir extensão monótona própria.
Para cada C ⊂ X, onde X é um e.v.t. real, designamos por M(C) a famı́lia dos operadores monó-
tonos de X com domı́nio contido em C, isto é M(C) = A : D(A) ⊂ X −→ X ′ ; monótono e D(A) ⊂
- 252 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
Observação 5.22
(i) Notemos que M(X) = M e os operadores máximais monótonos são justamente os elementos
maximais de M, isto é,
(ii) A famı́lia M(C) é indutiva superiormente, ou seja, todo subconjunto de M(C) totalmente ordenado
possui uma cota superior. Com efeito, seja F ⊂ M(C) totalmente ordenado. Então definindo-se
[
B: D(A) ⊂ C −→ X ′
A∈F
[
x 7−→ Bx = Ax
A∈F
Temos que B é uma cota superior de F . Pelo Lema de Zorn resulta que cada elemento de M(C)
está contido em um elemento maximal de M(C). Em particular, cada elemento de M está contido
em um elemento maximal de M. Logo, por (i), cada operador monótono de X está contido em um
operador máximo monótono de X.
Demonstração:
Afirmamos que B é monótono e que B estende A. Com efeito, pela própria definição de B é
evidente que B estende A. Por outro lado, sejam (z, z ′ ), (w, w′ ) ∈ B. Provaremos que
z ′ − w′ , z − w ≥ 0 (5.2.37)
De fato, se tais pontos pertencem a A nada temos a provar. Se tais pontos não pertencem a A
então
(z, z ′ ) = (w, w′ ) = (x, x′ )
e, portanto,
z ′ − w′ , z − w = 0
Se um desses pontos não pertencem a A designamos (z, z ′ ) ∈ A e (w, w′ ) 6∈ A então (w, w′ ) = (x, x′ )
e por hipótese
z ′ − w ′ , z − w = z ′ − x′ , z − x ≥ 0
o que prova (5.2.37). Logo, B é monótono e A ⊂ B. Como A é máximo monótono de (5.2.36) vem que
B = A e consequentemente, (x, x′ ) ∈ A.
- 253 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
(ii) ⇒ (i) Suponhamos que a condição (ii) seja satisfeita e que A não seja máximo monótono.
Seja D uma extensão própria de A, ou seja, existe (z, z ′ ) ∈ D tal que (z, z ′ ) 6∈ A. Por outro lado, seja
(x, x′ ) ∈ D, então pelo fato de D ser monótono, temos:
x′ − y ′ , x − y ≥ 0; ∀(y, y ′ ) ∈ D
em particular
x′ − y ′ , x − y ≥ 0, ∀(y, y ′ ) ∈ A. (5.2.38)
Logo, de (5.2.38) e tendo em mente que a condição (ii) se verifica, resulta que (x, x′ ) ∈ A e portanto
D ⊂ A, o que é um absurdo, pois D é uma extensão própria de A. Desta forma, A não admite uma
extensão própria, ou seja, A é máximo monótono, o que conclui a prova. 2
Demonstração: a) (i) ⇒ (ii) Pela proposição 5.6 segue que λA ∈ M(C), uma vez que λ > 0 e
D(λA) = D(A) ⊂ C. Suponha que exista B ∈ M(C) tal que λA ⊂ B, daı́
1 1
A⊂ B ⇒ A = B ⇒ B = λA
λ λ
o que implica que λA é máximo monótono.
e = A(x + a) − a
(ii) ⇒ (iii) Seja a ∈ X e Ax e ∈ M(C −
a′ ∈ X ′ . Já sabemos que A
e e
a ); D(A) = D(A) − a ⊂ C − a . Suponha que exista B ∈ M(C − a ) tal que
e⊂B
A e
logo
e ⊂ D(B)
D(A) e ⇒ D(A) − a ⊂ D(B)
e ⇒ D(A) ⊂ D(B)
e + a .
Definindo B da forma:
e −
D(B) = D(B) e + a ⊃ D(A),
− a = D(B)
e − a) + a .
Bx = B(x
Logo B é monótono e D(A) ⊂ D(B). Além disso, se x ∈ D(A), então
e − a) + a = A(x
Bx = B(x e − a) + a = Ax − a + a = Ax.
- 254 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
e é máximo em M(C − a ),
(iii) ⇒ (i) Seja B ∈ M(C) tal que A ⊂ B. Temos por hipótese que A
e ⊂ B.
então A e De fato,
e = D(A) − a ⊂ D(B) − a = D(B)
D(A) e
e então
E se x ∈ D(A),
e = A(x + a) − a = B(x + a) − a = Bx
Ax e
Portanto Ae = B,
e pois A
e é máximo de M(C − a ). Donde segue que, D(A) e = D(B)
e e por conseguinte
D(A) = D(B). E como A = B em D(A), implica que A = B, o que prova o desejado.
b) (iv) ⇒ (v) Por definição temos, A−1 : D(A−1 ) ⊂ X ′ → X ′′ = X onde A−1 = (x′ , x); (x, x′ ) ∈
A .
Já sabemos que se A é monótono, então A−1 é monótono. Mostremos a maximalidade. Com efeito,
sejam x′ ∈ X ′ , x′′ ∈ X ′′ tais que
mostraremos que (x′ , x′′ ) ∈ A−1 . De fato, como X é reflexivo, então via identificação através do isomor-
fismo canônico (X ≡ X ′′ ), temos para
ou equivalentemente
donde segue que (x, x′ ) ∈ A, o que implica (x′ , x) ∈ A−1 , e pelo teorema 5.23 concluı́mos que A−1 é
máximo monótono.
Proposição 5.26 Seja H : X −→ X ′ um operador hemicontı́nuo e monótono tal que D(H) = X. Então
H é máximo monótono.
De acordo com o Teorema 5.23 devemos provar que x ∈ D(H) = X e Hx = x′ . A primeira das
asserções é óbvia. Resta-nos mostrar que Hx = x′ . Consideremos então z ∈ X arbitrário e definamos
para cada t ∈ [0, 1]:
yt = tz + (1 − t)x = x + t(z − x); x ∈ X. (5.2.40)
- 255 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
x′ − Hx, x − z ≥ 0, ∀z ∈ X.
x′ − Hx, y ≥ 0, ∀y ∈ X.
Definição 5.28 Dizemos que um espaço de Banach é liso no ponto x ∈ X se o operador dualidade F (x)
contém um único elemento. Diz-se que X é liso se X é liso em todos os pontos da esfera unitária
UX = x ∈ X; kxk = 1 .
Decorre imediatamente da Definição 5.8 e do item (iii) da Proposição 4.5 o seguinte resultado:
Proposição 5.29 Se X é liso então X é liso em todos os seus pontos, ou dito, de outra forma, o operador
dualidade é unı́voco.
Demonstração: Com efeito, se X é liso então, por definição, o mesmo é liso na esfera unitária UX . Logo
para cada x ∈ UX , F (x) contém um único elemento.
y
Dado y ∈ X tal que kyk > 0 temos que x = ∈ UX . Desta forma, pela da proposição 4.5, vale
kxk
y
que F (y) = kykF e este, por sua vez, contém um único elemento. Portanto X é liso em todos os
kyk
seus pontos. 2
Definição 5.30 Um espaço vetorial normado é dito uniformemente convexo quando dado ε > 0 existe
δ > 0 tal que se x, y ∈ UX e kx − yk > ε então
x+y
< 1 − δ.
2
Definição 5.31 Dizemos que um espaço normado X, é estritamente convexo se a esfera unitária UX =
x ∈ X; kxk = 1 não contém segmentos próprios, ou seja, UX não contém conjuntos do tipo
λx + (1 − λ)y; x, y ∈ UX ; x 6= y; 0 ≤ λ ≤ 1 .
Demonstração: Sejam x e y pontos de UX com x =6 y. Teremos kx − yk > para algum > 0 donde,
pela hipótese, existe δ > 0 tal que
(x + y)
≤1−δ
2
decorre daı́ que (x + y)/2 ∈
/ UX , i.e., o seguimento próprio de extremos x e y não está contido em UX . 2
- 256 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
Demonstração:
(i) Seja x ∈ UX . Pela Proposição 4.5 F (x) é convexo. Como x ∈ UX , resulta que
F (x) = x′ ∈ X ′ ; x′ , x = kx′ k2 = 1 ⊂ x′ ∈ X ′ ; kx′ k = 1 = UX ′ .
Mas, por hipótese, UX ′ não contém segmentos próprios. Logo, pela convexidade, F (x) tem um único
elemento, ou seja, X é liso no ponto x ∈ UX . Sendo este um ponto arbitrário tomado em UX , resulta
que X é liso.
(ii) Suponhamos agora, que X ′ é liso e por absurdo sejam x, y ∈ UX com x 6= y e tais que o
2 ∈ UX .
segmento [x, y] = λx + (1 − λ)y; λ ∈ [0, 1 ] esteja contido na esfera UX . Decorre daı́ que x+y
Consideremos z ′ ∈ F x+y
2 . Temos
Dx E Dy E
′ ′ x+y ′ x+y
,z + ,z = ,z = kz ′ k2 = =1
2 2 2 2
x, z ′ = y, z ′ = 1,
o que implica, tendo em vista que X ⊂ X ′′ , que x, y ∈ F (z ′ ). Portanto, x = y uma vez que X ′ é liso.
Mas isto é um absurdo que foi obtido ao supormos que UX contém segmentos próprios. Logo, UX não
contém segmentos próprios, isto é, X é estritamente convexo. 2
kx + λyk − kxk
[x, y]λ =
λ
a razão incremental da derivada de Gateaux da norma k·k.
- 257 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
(i) A função λ −→ [·, ·]λ é não decrescente em R \ 0
ϕ(λ) = kx + λyk ; λ ∈ R.
Consideremos agora,
f (λ) = ϕ(λ) − ϕ(0); λ ∈ R.
provando o afirmado.
f (tµ) = f ((1 − t)0 + tµ) ≤ (1 − t)f (0) + tf (µ) = t(f µ), ∀t ∈ [0, 1].
λ
Em particular, para t = obtemos:
µ
λ λ
f (λ) = f µ ≤ f (µ),
µ µ
- 258 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
o que implica
f (λ) f (µ)
≤ ,
λ µ
ou seja,
kx + λyk = kxk kx + µyk − kxk
[x, y]λ = ≤ = [x, y]µ
λ µ
o que prova o desejado em (i)
x′ , x = kxk = kx′ k .
2 2
x′ , x + λy = x′ , x + λ x′ , y = kxk + λ x′ , y .
2
λ x′ , y = x′ , x + λy − kxk2
≤ kx′ k kx + λyk − kxk
2
2
= kxk kx + λyk − kxk ,
isto é,
λ x′ , y ≤ kxk {kx + λyk − kxk}, ∀λ ∈ R,
de onde se conclui o desejado.
hz ∗ , x + λ yi = kx + λ yk2 = kz ∗ k2 ,
e portanto,
hz ′ , xi ≤ kz ′ k kxk = kx + λ yk kxk.
kx + λ yk2 − kx + λ yk kxk hz ′ , x + λ yi − hz ′ , xi
kx + λ yk [x, y]λ = ≤
λ λ
hz ′ , xi + λ hz ′ , yi − hz ′ , xi
= = hz ′ , yi .
λ
- 259 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
Agora se x = 0, então, (
|λ| kyk kyk, λ>0
[x, y]λ = = (5.2.43)
λ −kyk, λ<0
e, portanto,
[x, y]λ ≥ −kyk, se λ > 0 e [x, y]λ ≤ kyk, se λ < 0.
2
Resulta de (i) e (iv) do lema acima, que a aplicação λ 7→ [x, y]λ possui, para todo x, y ∈ X, um
limite à direita [x, y]+ , quando λ → 0+ e um limite à esquerda [x, y]− , quando λ → 0− . Assim, face ao
teorema da seqüência monótona podemos escrever:
Demonstração:
(i) ⇒ (ii) Suponhamos, por contradição, que existe uma aplicação dualidade f , tal que f não seja
demicontı́nua no ponto x. Então existe uma sequência (xn ) de elementos de X tal que xn → x forte em X
mas f (xn ) não converge para f (x). Passando a uma subsequência, caso necessário, podemos determinar
/ V , n = 1, · · · . Tendo em mente que f : X → X ′ é
uma vizinhança fraca-∗, V , de f (x) tal que f (xn ) ∈
uma aplicação de dualidade e portanto f (x) ∈ F (x) para todo x ∈ X, então, para cada x ∈ X, temos,
hx′ , xi − kxk2
≤ |hx′ , xi − hf (xn ), xi| + |hf (xn ), xi − hf (xn ), xn i| + hf (xn ), xn i − kxk2
(5.2.46)
= |hx′ − f (xn ), xi| + |hf (xn ), x − xn i| + kxn k2 − kxk2
≤ |hx′ − f (xn ), xi| + kf (xn )k kx − xn k + kxn k2 − kxk2 .
Como xn → x, tem-se que kxn − xk → 0, kxn k → kxk e que {f (xn )} é um conjunto limitado. Logo, dado
- 260 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
Logo, de (5.2.46) e do exposto acima resulta que hx′ , xi = kxk2 e consequentemente kxk ≤ kx′ k. Por outro
lado, ainda da convergência xn → x resulta que dado δ > 0 existe um ı́ndice n1 tal que kxn k ≤ kxk + δ
para todo n ≥ n1 e, portanto, kf (xn )k ≤ kxk + δ para todo n ≥ n1 . Sendo a bola {ξ ∈ X ′ , kξk ≤ kxk + δ}
fechada na topologia fraca-∗, da última desigualdade, resulta que kx′ k ≤ kxk + δ, para todo δ > 0, donde,
kx′ k ≤ kxk. Portanto kx′ k = kxk e, assim, x′ ∈ F (x).
(ii) ⇒ (iii) Fazendo x′ = f (x) e z ′ = f (x + λ y) em (ii) e (iii) do Lema 5.35 tem-se, para λ > 0,
que
hf (x), yi ≤ kxk [x, y]λ e hf (x + λ y), yi ≥ kx + λ yk [x, y]λ .
Portanto,
f (x)
lim [x, y]λ = ,y , ∀y ∈ X,
λ→0 kxk
o que prova que a norma de X é diferenciável à Gateaux no ponto x.
(iii) ⇒ (i) Sendo a norma diferenciável à Gateaux no ponto x, então, [x, y]+ = [x, y]− para todo
y ∈ X. Mas, pelo item (ii) do Lema 5.35 tem-se, para todo x′ ∈ F (x)
Resulta daı́ que F (x) tem um só elemento, ou seja, X é liso no ponto x. 2
Proposição 5.38 Seja X um espaço de Banach tal que X ′ é estritamente convexo. Então:
Observação 5.39 a) Pelo Teorema 5.37 a norma de X é diferenciável à Gateaux no ponto x 6= 0 se,
e somente se, F (x) consta de um único ponto e, portanto, se e só se todas as aplicações dualidade
coincidem no ponto x. Logo, se a norma de X for diferenciável à Gateaux no ponto x 6= 0, teremos
f (x)
lim [x, y]λ = ,y
λ→0 kxk
para toda aplicação dualidade f , i.e., f (x)/kxk é a derivada de Gateaux da norma de X no ponto
x, qualquer que seja a aplicação dualidade, f .
- 261 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
b) Para que a norma de X seja diferenciável à Gateaux no ponto x é suficiente que, para todo h ∈ UX ,
exista o limite de [x, h]λ quando λ tende a zero. Com efeito, se isto acontece e y ∈ X, y 6= 0, então,
como y/kyk ∈ UX , existe o limite de [x, y/kyk]λ quando λ tende a zero e
y
x + λ ∥y∥ − kxk y
x + λkyk ∥y∥ − kxk
y
kyk lim x, = kyk lim = kyk lim
λ→0 kyk λ λ→0 λ λ→0 λkyk
kx + λyk − kxk
= lim = lim [x, y]λ
λ→0 λ λ→0
i.e., existe o limite de [x, y]λ quando λ → 0 e, portanto, a norma de X é diferenciável à Gateaux
no ponto x por (ii) do Lema 5.35.
i.e., a derivada à Gateaux da norma de X tem o valor constante f (x)/kxk ao longo do raio {kx; k >
0}. Com efeito, tem-se
Demonstração: (i) ⇒ (ii). Vamos supor que a norma de X seja uniformemente diferenciável à Gateaux.
Como daı́ resulta, pelo Teorema 5.37, que F é unı́voco, resta mostrar que para cada ε > 0, M > 0 e
z ∈ X, existe δ > 0 tal que se kxk ≤ M e
- 262 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
Se {xn } não converge para zero, passando a uma subsequência, se necessário, podemos supor, que
α
kxn k ≥ α > 0, n = 1, 2 . . .. Resulta que existe n0 tal que kyn k ≥ para todo n ≥ n0 . Seja µ > 0 e
2
n ≥ n0 . Por (i) pode-se determinar λ0 tal que
F (xn ) µ F (yn ) µ
, z − [xn , z]λ < e , z − [yn , z]λ < se 0 < |λ| ≤ λ0 .
kxn k 2 kyn k 2
Mas
kxn + λ0 zk − kxn k kyn + λ0 zk − kyn k
|[xn , z]λ0 − [yn , z]λ0 | = − ≤
λ0 λ0
kxn + λ0 zk − kyn + λ0 zk kxn k − kyn k 2
+ ≤ kxn − yn k → 0
λ0 λ0 λ0
quando n → ∞ e como
F (xn ) F (yn ) F (xn )
− ,z ≤ , z − [xn , z]λ0 + |[xn , z]λ0 − [yn , z]λ0 | +
kxn k kyn k kxn k
F (yn ) 2
+ , z − [yn , z]λ0 < µ + kxn − yn k
kyn k λ0
tem-se
F (xn ) F (yn )
lim sup − ,z <µ
n→∞ kxn k kyn k
F (xn ) F (yn )
e daı́, − ,z → 0 quando n → ∞, pela arbitrariedade de µ.
kxn k kyn k
Além disto,
F (xn ) F (yn ) F (xn ) F (yn ) F (yn ) F (yn )
− ,z = − ,z − − ,z
kxn k kyn k kxn k kxn k kyn k kxn k
F (xn ) F (yn ) F (yn ) F (yn )
≥ − ,z − − ,z =
kxn k kxn k kyn k kxn k
1 1 1
= | F (xn ) − F (yn ), z | − − F (yn ), z |
kxn k kyn k kxn k
1 2
≥ | F (xn ) − F (yn ), z | − 2 kF (yn )kkzkkxn − yn k.
M α
Logo,
F (xn ) F (yn ) 2M
| F (xn ) − F (yn ), z | ≤ M − ,z + kF (yn )kkzkkxn − yn k
kxn k kyn k α2
e como kF (yn )k = kyn k é, por hipótese, limitado tem-se | F (xn ) − F (yn ), z | → 0, quando n → ∞, o
que é uma contradição. Logo, F é uniformemente demicontı́nuo em todo conjunto limitado.
- 263 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
(ii) ⇒ (i) Vamos supor (ii) verdadeira. Pondo x′ = F (x) e z ′ = F (x + λy) em (ii) e (iii) do Lema
5.35 temos, para x, y ∈ UX
F (x + λy)
, y ≤ [x, y]λ ≤ F (x), y se λ < 0
kx + λyk
e
F (x + λy)
F (x), y ≤ [x, y]λ ≤ ,y se λ > 0
kx − yk
Logo,
F (x + λy)
|[x, y]λ − F (x), y | ≤ ,y − F (x), y (5.2.48)
kx − yk
Mas sendo C = B(0, 1 + ρ) \ B(0, 1 − ρ), 0 < ρ < 1, onde B(0, r) é a bola aberta de centro na origem e
raio r, um conjunto limitado, F é uniformemente demicontı́nuo em C. Logo, dado ε > 0 e y ∈ UX existe
λ0 > 0, λ0 < ρ, tal que para todo x ∈ UX tem-se
Mas, então, F (x + λy), y converge a F (x), y uniformemente em UX e como 1/kx + λyk converge
a 1/kxk
uniformemente em UX e essas funções são limitadas para x ∈ UX e 0 < |λ| ≤ ρ, o produto
F (x + λy)
delas , y converge a F (x), y uniformemente em UX . Por (5.2.48) segue-se que, para
kx + λyk
cada y ∈ UX , [x, y]λ converge a F (x), y uniformemente em UX , i.e., a norma de X é uniformemente
diferenciável a Gateaux. 2
Proposição 5.41 Sejam X um espaço de Banach reflexivo e liso, f : X →] − ∞, +∞] uma função
convexa, própria e semicontı́nua inferiormente. Então ∂f é m-monótono.
Demonstração: Conforme já provado no exemplo 5.2, o operador ∂f é monótono. Resta-nos, portanto,
mostrar que Im(F + ∂f ) = X ′ . Seja x′0 ∈ X ′ . Provaremos que existe x0 ∈ X tal que x′0 ∈ (F + ∂f )x0 .
De fato, consideremos a função:
kxk2
ϕ(x) := f (x) + − hx′0 , xi , ∀x ∈ X. (5.2.49)
2
Temos que ϕ é uma função convexa, própria e s.c.i., posto que f possui estas caracterı́sticas, a
norma k · k é uma função convexa, própria e contı́nua e x′0 é linear própria e contı́nua. Como f é convexa,
própria e s.c.i., temos, graças à primeira forma geométrica do Teorema de Hanh-Banach, a existência de
x′1 ∈ X ′ e β ∈ R que definem uma função afim contı́nua l(x) := hx′1 , xi − β que minora f , ou seja,
f (x) ≥ hx′1 , xi − β, ∀x ∈ X.
Logo,
kxk2
ϕ(x) − + hx′0 , xi ≥ hx′1 , xi − β, ∀x ∈ X,
2
o que resulta,
kxk2
ϕ(x) ≥ + hx′1 − x′0 , xi − β
2
kxk2
≥ − kx′0 − x′1 k kxk − β, ∀x ∈ X.
2
- 264 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
∥x∥
Observe que para kxk suficientemente grande temos que 2 − kx′0 − x′1 k > 0 e, portanto,
quando kxk → +∞, temos que:
kxk ′ ′
kxk − kx0 − x1 k → +∞,
2
e, consequentemente,
Desta forma, de (5.2.50), sendo ϕ convexa e s.c.i., temos que existe x0 ∈ X tal que ϕ(x0 ) ≤ ϕ(x)
para todo x ∈ X, ou seja,
kx0 k2 kxk2
f (x0 ) + − hx′0 , x0 i ≤ f (x) + − hx′0 , xi , ∀x ∈ X,
2 2
o que implica
1
f (x) − f (x0 ) ≥ kx0 k2 − kxk2 + hx′0 , x − x0 i , ∀x ∈ X. (5.2.51)
2
Por outro lado, sendo X liso, temos que F é unı́voco. Logo, para cada x ∈ X, existe um único
x′ ∈ X ′ tal que F (x) = x′ e hx′ , xi = kx′ k2 = kxk2 . Resulta daı́ que
1 1
kx0 k2 − kxk2 = kx0 k2 + kxk2 − kxk2
2 2
≥ kx0 k kxk − kxk2 = kx0 k kF (x)k − kxk2 (5.2.52)
≥ hF (x), x0 i − kxk2 = hF (x), x0 i − hF (x), xi
= hF (x), x0 − xi .
- 265 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
Pelo fato de X ser reflexivo e liso temos que F é demicontı́nuo e portanto se t → 1 temos que
⋆
t x0 + (1 − t)y → x0 em X o que implica que F (t x0 + (1 − t)y) * F (x0 ) em X ′ . Tomando-se o limite em
(5.2.53) quando t → 1, obtemos
Observação 5.42 (i) As restrições impostas a X na proposição acima são desnecessárias. Foram
introduzidas apenas para simplificar a demonstração. O caso geral em que X não é reflexivo é
tratado por Rockafeller [72].
(ii) Com as mesmas hipóteses, o operador λ ∂f , λ > 0, é monótono. Basta notar que se λ > 0 e f é
convexa e s.c.i., então λ f é convexa e s.c.i. e λ (∂f ) = ∂(λ f ).
Definição 5.43 Seja X um espaço de Banach, dizemos que D ⊂ X é quase denso em X se para cada
u ∈ D, existe Mu ⊂ X denso tal que para cada v ∈ Mu , u + tv ∈ D, para t > 0 suficientemente pequeno.
Lema 5.44 Seja H uma aplicação monótona de X em X ′ com D(H) quase denso em X. Então H é
demicontı́nua se, e somente se, é hemicontı́nua e localmente limitada.
Sabemos que {Hxn } é limitado, pois H é localmente limitada e por (5.2.54) segue também que {Hwn }
é limitado. Então
1
hHxn − Hwn , xn − xi → 0, (5.2.56)
tn
1
pois k t1n (xn − x)k = kxn − xk 2 = tn → 0. Também, por (5.2.54),
hHwn , vi → hHx, vi
xn − x
0 ≤ hHxn − Hwn , − yi. (5.2.57)
tn
Note que (5.2.57) é valido para todo y ∈ Mx . Como Mx é denso em X e Hxn − Hwn ∈ X ′ , segue que
(5.2.57) é válido para todo y ∈ X, consequentemente (5.2.58) é valido para todo y ∈ X. Trocando y por
−y segue que
lim suphHxn − Hx, yi ≤ 0, (5.2.59)
n→∞
- 266 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
(ii) H é contı́nuo.
Demonstração: (i) Suponha que existe A ⊂ E tal que A é limitado, mas H não é limitado em A.
Então, existeuma sequência {xn } ⊂ A, tal que kHxn k → ∞. Assim, podemos extrair de {xn } uma
subseqüência convergente, que por simplicidade denotaremos pela mesma notação, tal que xn → x0 , onde
x0 ∈ A. Como estando supondo, por contradição, que H não é limitado em conjuntos limitados, então,
kH xn k → +∞ quando n → +∞. Como H é, por hipótese, monótono, temos
hxn − x, H xn − H xi ≥ 0, ∀x ∈ E,
H xn
ky ′ k = lim = 1.
n→+∞ kH xn k
hx0 − x, y ′ i ≥ 0, ∀x ∈ E,
o que implica que y ′ = 0, o que está em contradição com ky ′ k = 1. Logo, H é limitado nos conjuntos
limitados.
(ii) De acordo com o item (i) temos que H leva limitados em limitados donde segue que H é
localmente limitado. Pelo Lema 5.44 obtemos que H é demicontı́nuo, porém em espaço de dimensão
finita demicontinuidade e continuidade são conceitos equivalentes devido a equivalência das topologias.
Portanto H é contı́nuo. 2
Teorema 5.46 Seja X um espaço de Banach reflexivo, A : X → X ′ um operador monótono tal que
0 ∈ D(A) ⊂ C, onde C é um conjunto convexo e fechado de X, e H : X → X ′ um operador monótono,
hemicontı́nuo, coercivo, que transforma conjuntos limitados em conjuntos limitados e tal que D(H) = X.
Então, existe um ponto x0 ∈ C tal que
- 267 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
Assim, das identidades acima podemos concluir que da monotonia de H decorre a de HE , da monotonia
de A decorre a de AE e da coercividade de H, a de HE com a mesma função α. Observe ainda que, de
acordo com o Lema 5.45, HE é contı́nuo, uma vez que H é hemicontı́nuo e HE = H em E.
Seja y0′ ∈ A(0). Então, jE ′ y0′ ∈ AE (0) e, portanto, pela proposição 5.20, existe xE ∈ CE := C ∩ E
e uma constante ME , tais que kxE k ≤ ME ,e, além disso,
hxE − y, HE xE + y ′ i ≤ 0, ∀(y, y ′ ) ∈ AE .
Por (5.1.35) resulta que α(kxE k) ≤ kjE ′ y0′ k para xE 6= 0 e como kjE ′ k = 1, então α(kxE k) ≤ ky0′ k.
Desta forma, podemos, então, supor que ME é uma constante M independente de E. Assim, para todo
E ∈ Λ, existe xE ∈ CE tal que kxE k ≤ M e
Como por hipótese, H transforma conjuntos limitados em conjuntos limitados, existe uma constante
M ′ tal que kH xE k ≤ M ′ , para todo E ∈ Λ. Os conjuntos
WE0 = {(xE , H xE ); E ⊃ E0 }, E0 ∈ Λ
De fato, seja {WEi ; i = 1, . . . , n} ⊂ F. Fixe, para cada i = 1, . . . , n, uma base βi de Ei e denote por
E = span[∪ni=1 βi ]. Temos que dimE < ∞ e Ei ⊂ E, para todo i = 1, . . . , n. Portanto, (xE , HxE ) ∈ WEi
para todo i = 1, . . . , n donde segue que
\n
WEi 6= ∅.
i=1
Agora, note que C ∩ M B é convexo, fechado e limitado, logo como X é reflexivo segue que C ∩ M B é
compacto na topologia fraca de X. Por outro lado, pelo Teorema de Banach-Alaoglu-Bourbaki, temos
que M ′ B ′ é compacto na topologia fraco-∗ em X ′ .
- 268 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
g(x, x′ ) = hx − y, x′ + y ′ i + hx − u, Hu − x′ i.
Por (5.2.66) obtemos g(x, x′ ) ≤ 0 para todo (x, x′ ) ∈ WE0 . Alem disso do fato de
segue que g é contı́nua em X × X ′ , quando X × X ′ estão munidos da topologia fraca e fraca-∗ respecti-
vamente.
Portanto
hx0 − y, x′0 + y ′ i + hx0 − u, Hu − x′0 i ≤ 0,
para cada (y, y ′ ) ∈ A, u ∈ X e y ∈ E0 . Resulta daı́ que
para todo (y, y ′ ) ∈ A. Logo A′ = A∪{(x0 , −x′0 )} é uma extensão monótona de A, e como x0 ∈ C, obtemos
que A′ ∈ M(C).
Consideremos em primeiro lugar o caso em que A é máximo de M(C). Neste caso A′ = A, donde
segue que (x0 , −x′0 ) ∈ A e portanto x0 ∈ D(A). Logo podemos fazer y = x0 em (5.2.67) e assim
hx0 − u, Hu − x′0 i ≤ 0,
Mas da desigualdade acima e do Teorema 5.23 vem que (x0 , x′0 ) ∈ H, ou seja, x′0 = Hx0 uma vez
que H é máximo monótono pela Proposição 5.26.
hx0 − y, Hx0 + y ′ i ≤ 0,
Se A não for máximo de M(C), existe pela Observação 5.22(ii), um operador Ã, máximo de M(C)
e tal que A ⊂ Ã. Mas pelo que provamos anteriormente, o teorema é válido para Ã, isto é, existe x0 ∈ C
tal que
hx0 − y, Hx0 + yi ≤ 0,
para todo (y, y ′ ) ∈ Ã, em particular para todo (y, y ′ ) ∈ A. 2
- 269 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
e
x0 − y, Hx0 + ye′ ≤ 0, ∀(y, ye′ ) ∈ A
mas
e ⇔ ye′ ∈ Ay
(y, ye′ ) ∈ A e = Ay − x′
⇔ ye′ + x′ ∈ Ay
⇔ ye′ + x′ = y ′ ∈ Ay
⇔ (y, y ′ ) ∈ A
Logo,
x0 − y, Hx0 + y ′ − x′ ≤ 0, ∀(y, y ′ ) ∈ A
resulta desta última desigualdade e pelo teorema 5.23, que (x0 , x′ − Hx0 ) ∈ A, i.e, x′ − Hx0 ∈ Ax0 e
portanto, x′ ∈ Hx0 + Ax0 = (H + A)x0 , donde concluı́mos o desejado. 2
Corolário 5.48 Sejam X um espaço de Banach, reflexivo e liso e C um conjunto, convexo e fechado de
X. Então, todo operador A, máximo de M(C) é m-monótono.
Fe(x) = F (x + x0 )
- 270 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
Logo,
Fe(x), x = F (x + x0 ), x = F (x + x0 ), x + x0 − F (x + x0 ), x0
= kx + x0 k2 − F (x + x0 ), x0
≥ |kxk − k − x0 k2 − kF (x + x0 kkx0 k
= kxk2 − 2kxkkx0 k + kx0 k2 − kx + x0 kkx0 k
≥ kxk2 − 2kxkkx0 k + kx0 k2 − kxkkx0 k − kx0 k2
= kxk2 − 3kxkkx0 k
= (kxk − 3kx0 k)kxk
Fazendo α(t) = t − 3kx0 k segue que lim α(t) = +∞ e Fe(x), x ≥ α(kxk)kxk, provando a coercividade
t→+∞
de Fe.
para todo x, y, z ∈ X.
e
Agora se A é máximo em M(C), o operador definido por A(x + x0 ) satisfaz a condição 0 ∈ D(A)
e pelo item (iii) do corolário 5.24 é máximo de M(C − x0 ). Pelo teorema 5.47, tem-se, então
Im(Fe + A)
e = X′
e
y ′ ∈ Fe(x) + A(x) = F (x + x0 ) + A(x + x0 )
= F (z) + A(z); z ∈ D(A)
⇒ y ′ ∈ Im(F + A).
Teorema 5.49 seja X um espaço de Banach reflexivo e sejam X e X ′ lisos. Então o operador monótono
A : X → X ′ é máximo se, e somente se A é m-monótono.
Demonstração: Suponhamos satisfeitas as hipóteses. Então pelo corolário 5.48 se A é máximo monó-
tono, então A é m-monótono.
x′ − y ′ , x − y ≥ 0, ∀(y, y ′ ) ∈ A (5.2.69)
Assim, de acordo com o teorema 5.23 devemos provar que (x, x′ ) ∈ A. Com efeito, como F x + x′ é um
elemento de X ′ = Im(F + A), existe x1 ∈ D(A) tal que F x + x′ ∈ F x1 + Ax1 . Portanto, existe x′1 ∈ Ax1 ,
- 271 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
x, F x + x1 , F x1 − x, F x1 − x1 , F x ≤ 0 (5.2.71)
o que implica,
2
(kxk − kx1 k) = kxk2 + kx1 k2 − 2kxkkx1 k ≤ 0 (5.2.72)
disso vem que kxk = kx1 k, assim, por 5.2.71, temos
2kxk2 = x, F x + x1 , F x1 ≤ x, F x1 + x1 , F x ≤ 2kxk2
x1 , F x = kxk2 (5.2.73)
pois, caso contrário, se supormos que x1 , F x < kxk2 ou x, F x > kxk2 , chegamos a uma contradição.
Logo, de (5.2.73) e como
kx1 k2 = kxk2 = kF xk2 = x, F x
segue-se que x, x1 ∈ F ′ (F x), onde F ′ : X ′ → X é o operador dualidade de X ′ , (neste momento utilizamos
o fato de X ser reflexivo). Logo, x1 = x uma vez que X ′ é liso por hipótese e por (5.2.70) vem que x′1 = x′ .
Assim (x, x′ ) = (x1 , x′1 ) ∈ A. 2 2
Corolário 5.50 Seja X um espaço de Banach reflexivo e consideremos X e X ′ lisos. Então para que
um operador A seja m-monótono é necessário e suficiente que λA seja m-monótono, para todo λ > 0.
Exemplo 5.5 Seja X um espaço de Banach reflexivo e B um operador monótono, hemicontı́nuo e li-
mitado de X em X ′ . Seja A um operador maximal monótono de X × X ′ . Prove que A + B é maximal
monótono.
Já sabemos que A + B é monótono(Proposição 5.6), logo resta mostrar que A + B é m-monótono,
ou seja, Im((A + B) + F ) = X ′ .
Teorema 5.51 Seja X um espaço de Banach reflexivo com norma k.k. Então existe uma norma k.k◦
′
em X tal que X é estritamente convexo com esta norma e X ′ estritamente convexo com norma dual k.k◦ .
Com isso, defina
H: X −→ X′
x 7−→ H(x) = F0 (x) + B(x),
- 272 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
Temos que:
• H é hemicontı́nua.
De fato, como (X, k.k0 ) é estritamente convexo e (X ′ , (k.k0 )′ ) é estritamente convexo, pela Propo-
sição 5.33, (X, k.k0 ) é liso, donde segue que F0 é unı́voco, logo H é hemicontı́nuo pois F0 e B o
são.
• H é monótona.
Como F0 é monótono (Exemplo 5.3) e B é monótono, por hipótese, temos B + F0 monótono, logo,
H é monótono.
• H é coerciva.
De fato, temos
onde a última desigualdade segue do fato de B ser hemicontı́nua, logo B(tx) *∗ B(0) e, portanto,
Agora, podemos supor, sem perda de generalidade que 0 ∈ D(A)(como feito anteriormente), pelo
exposto acima, temos que H está nas condições do Teorema 5.47, temos
Im(H + A) = X ′ ,
ou seja,
Im(B + F0 + A) = X ′ .
Assim, A + B é m-monótono em (X, k.k0 ) e, portanto, maximal monótono em (X, k.k0 ). Como a mono-
tonia e a maximalidade independem da norma considerada, temos A + B maximal monótono em X.
Proposição 5.52 Seja X um espaço de Banach reflexivo, com X e X ′ lisos, C um subconjunto convexo e
fechado e A : X → X ′ um operador monótono e tal que D(A) ⊂ C. Então A admite uma extensão máximo
monótona com domı́nio contido em C. Em particular, todo operador monótono de um espaço de Banach
nas condições especificadas admite extensão máximo monótona com domı́nio contido em convD(A).
Demonstração: Pelo item (ii) da observação (5.22), A admite uma extensão máxima em C, extensão
essa, que é m-monótona em decorrência do corolário (5.48) e, portanto, máximo monótono em vista do
teorema (5.49).
A segunda asserção é, agora, imediata visto que convD(A) é um conjunto convexo e fechado que
contém D(A). 2
- 273 -
5.2 Operadores Maximais Monótonos e m-Monótonos
Demonstração: Para cada λ > 0, o operador λF está nas condições do operador H do teorema 5.47,
isto é, λF é monótono, hemicontı́nuo, coercivo, transforma conjuntos limitados em conjuntos limitados e
D(λF ) = X.
Como X é liso, o operador dualidade F : X −→ X ′ é unı́voco, isto é, dado x ∈ X existe único
x ∈ X ′ , x′ = F (x) tal que
′
1 1
hy ′ , xi = hλx′ , xi = λ hx′ , xi = λkxk2 = λkx′ k2 = kλx′ k2 = ky ′ k2 .
λ λ
Agora mostraremos que Im(A) = X ′ . De fato, seja y ′ ∈ X ′ . Assim, para cada λ > 0 existe
xλ ∈ D(λF + A) = D(λF ) ∩ D(A) = X ∩ D(A) = D(A) tal que y ′ ∈ (λF + A)xλ , ou seja, existe x′λ ∈ Axλ
tal que
λF xλ + x′λ = y ′ (5.2.74)
Logo, se xλ 6= 0,
α (kxλ k) ≤ ky ′ k, ∀ λ > 0
e assim o conjunto {xλ ; λ > 0} é limitado. Logo {F (xλ ); λ > 0} é limitado (kF (xλ )k = kxλ k). De 5.2.74
temos:
na topologia da norma de X ′ .
Além disso, como {xλ } é limitado e X é reflexivo, podemo extrair uma sequência (λn ), λn → 0,
tal que a sequência (xλn ) converge fraco para um y ∈ X, isto é,
xλn * y. (5.2.76)
- 274 -
5.3 Operadores Acretivos
x − xλn , x′ − x′λn ≥ 0
hx − y, x′ − y ′ i ≥ 0, ∀(x, x′ ) ∈ A.
Somando isso ao fato que A é máximo monótono, pelo teorema 5.23, p. 253,(y, y ′ ) ∈ A, ou seja, y ′ ∈ Ay,
ou ainda, y ′ ∈ Im(A). Portanto Im(A) = X ′ . 2
Exemplo 5.6 Seja X um espaço de Banach reflexivo e liso. Seja f uma função convexa, própria, semi-
contı́nua inferiormente. Então o subdiferencial ∂f é um operador m-monótono de acordo com a proposição
5.41. Quando X ′ é liso, então, em vista do teorema 5.49, o subdiferencial é máximo monótono.
Exemplo 5.7 Seja Ω um subconjunto aberto e limitado de Rn com fronteira ∂Ω regular e ∆ o laplaciano.
O operador A de L2 (Ω) definido por:
i) A é monótono pois
Z
hAu − Av, u − vi = −∆(u − v)(u − v) dx (5.2.77)
Z Ω
ii) A é m-monótono, pois pelo que se sabe da teoria de equações diferenciais elı́pticas, para cada v ∈
L2 (Ω), existe u ∈ D(A) tal que −∆u + u = v, isto é, Im(I + A) = L2 (Ω).
De acordo com a Proposição 5.5 a monotonia é, no caso particular dos espaços de Hilbert, equiva-
lente a condição de acretividade dada em (5.3.79). como tal condição envolve apenas a norma, ela tem
sentido em qualquer espaço normado, o que nos permite dar outra generalização da noção de operador
monótono em espaços de Hilbert.
- 275 -
5.3 Operadores Acretivos
Sendo X um espaço de Banach, definimos, como antes, a razão incremental da derivada à Gateaux
da norma,
kx + λyk − kxk
[x, y]λ = , λ 6= 0, x, y ∈ X
λ
Demonstração: É suficiente demonstrar que os itens são válidos para a razão incremental, pois basta
tomar o ı́nfimo e teremos provado o lema.
(i) Se αβ > 0,
(ii) Se α = 0 não há o que provar. Para α 6= 0, tome λ0 > 0 tal que se 0 < λ < λ0 tem-se 1 + λα > 0.
Daı́
kx + λαx + λyk − kxk − kx + λyk + kxk
− αkxk
λ
k(1 + λα)x + λyk − kx + λyk − λαkxk
=
λ
1 λ
= (1 + λα) x + y − kx + λyk − λαkxk
λ 1 + λα
1 λ λ
= x+ y − kx + λyk + α x + y − kxk
λ 1 + λα 1 + λα
1 λ λ
≤ x+ y − kx + λyk + α x + y − kxk
λ 1 + λα 1 + λα
1 λ λ
≤ x+ y − x − λy + α x + y−x
λ 1 + λα 1 + λα
1 λ
≤ − 1 kyk + |α| kyk.
1 + λα 1 + λα
- 276 -
5.3 Operadores Acretivos
(iii) Se λ > 0,
(v) Caso seja β = 0, não há o que provar. O caso β > 0 é comtemplado pelo item (i). Seja então β < 0.
Temos
β[x, y]+ = −|β|[x, y]+ = −[x, |β|y]+ = −[x, −βy]+ ≤ [x, βy]+ .
Caso 1: y = ρx, para algum ρ ∈ R. Seja λ > 0 tal que 1 + λρ > 0. Então
Pelo teorema de Hahn-Banach, existe ξ1′ ∈ X ′ extensão de ξ ′ tal que kξ1′ k ≤ 1. Como ξ1′ estende ξ ′ ,
temos que hξ1′ , xi = kxk e hξ1′ , yi = [x, y]+ . Ponha x′ = kxkξ1′ . Então
- 277 -
5.3 Operadores Acretivos
Demonstração: Sejam x, y ∈ X. Pelo segundo item do Lema 5.35, temos para todo λ > 0
Por outro lado, pelo Lema 5.58, existe x′ ∈ F (x) tal que
Demonstração:
kx + λyk − kxk
(i) =⇒ (ii) Se kx + λyk ≥ kxk, então [x, y]λ = ≥ 0. Daı́ [x, y]+ ≥ 0.
λ
kx + λyk − kxk
(ii) =⇒ (i) = [x, y]λ ≥ [x, y]+ ≥ 0 =⇒ kx + λyk ≥ kxk.
λ
(ii) ⇐⇒ (iii) Segue imediatamente da proposição anterior, visto que hy, xis = kxk[x, y]+ .
(ii) ⇐⇒ (iv) Pelo lema 5.58, existe x′ ∈ F (x) tal que hx′ , yi = kxk[x, y]+ ≥ 0.
Observação 5.62 (a) Se X é um espaço de Hilbert (em particular, X é liso), então o conceito de
acretividade
hx′ , y1 − y2 i ≥ 0 (5.3.82)
coincide com o conceito de monotonia;
- 278 -
5.3 Operadores Acretivos
Re hx′ , y1 − y2 i ≥ 0.
Exemplo 5.8 (a) Se T : X −→ X é uma contração, então A := I − T é acretivo. De fato, sejam λ > 0
e x1 , x2 ∈ X. Então
(b) Como Lp (Ω) é estritamente convexo para 1 < p < ∞, temos que o operador dualidade é unı́voco.
Afirmamos que
F (u) = kuk2−p
p u|u|p−2 , ∀u ∈ Lp (Ω). (5.3.83)
′
F (u) é o único elemento de Lp (Ω) que satisfaz
′
Basta provar que o lado direito de (5.3.83) pertence a Lp (Ω) e verifica (5.3.84). De fato
p′ ′ ′
kuk2−p
p u|u|p−2 = kuk(2−p)p
p |u|(p−1)p
p
(2−p) p−1
= kukp |u|p .
Daı́,
p′
p
(2−p) p−1
kuk2−p
p u|u|p−2 p′
= kukp kukpp
′
= kukpp .
′
Isto prova que kuk2−p
p u|u|p−2 ∈ Lp (Ω) e kuk2−p
p u|u|p−2 p′
= kukp .
Mais ainda, Z
kuk2−p
p u|u|p−2 , u = kuk2−p
p u2 |u|p−2 = kuk2p .
Ω
Portanto, kuk2−p
p u|u|p−2 = F (u).
1
Aλ := (I − Jλ ).
λ
- 279 -
5.3 Operadores Acretivos
Demonstração: (i) D(Aλ ) = X ∩ D(Jλ ) = D(Jλ ) = Im(I + λA), e Im(Jλ ) = Im[(I + λA)−1 ] =
D(I + λA) = D(A).
(ii) Definimos B = {(x + λy, x); (x, y) ∈ A}, λ ∈ R. Seja z = (y, x) ∈ Jλ = (I + λA)−1 . Então
(x, y) ∈ (I + λA) com x ∈ D(I + λA) = D(A) e y ∈ (I + λA)x. Logo y = x + λy, para algum y ∈ Ax, ou
seja, z ∈ (x + λy, x); x ∈ D(A) e y ∈ Ax. Portanto z ∈ B.
Reciprocamente, seja z ∈ B então z = (x + λy, x), para algum (x, y) ∈ A. Segue daı́, que x ∈ D(A)
e y ∈ Ax. Portanto x + λy ∈ (I + λA)x ⇒ (x, x + λy) ∈ (I + λA) ⇒ z = (x + λy, x) ∈ (I + λA)−1 = Jλ .
(iii) Definimos B = {(x + λy, y); (x, y) ∈ A}, λ 6= 0. Seja z = (y, x) ∈ Aλ , então y ∈ D(Aλ ) e
x ∈ Aλ y. Como D(Aλ ) = Im(I + λA), temos que y = x + λy, para algum x ∈ D(A) e y ∈ Ax. Por
outro lado, como Aλ y = λ1 (y − Jλ y) e x ∈ Aλ y, resulta que x = λ1 (y − ξ), para algum ξ ∈ Jλ y. Donde
temos que (x + λy, ξ) ∈ Jλ . Mas por (ii), ξ = x e portanto x = λ1 (y − ξ) = λ1 (x + λy − x) = y. Logo
z = (x, y) = (x + λy, y), para algum (x, y) ∈ A ⇒ z ∈ B.
Reciprocamente, seja z ∈ B então z = (x + λy, y), para algum (x, y) ∈ A. Devemos mostrar
que x + λy ∈ D(Aλ ) e y ∈ Aλ (x + λy). Com efeito, temos por (i) que D(Aλ ) = Im(I + λA) e como
x + λy ∈ (I + λA)x, segue que x + λy ∈ D(Aλ ).
1 1
y= (x + λy − x) ∈ (I − Jλ )(x + λy) = Aλ (x + λy).
λ λ
(iv) Seja x ∈ Jλ z, então Jλ z 6= ∅ e portanto z ∈ D(Jλ ). Logo (z, x) ∈ Jλ = {(x+λy, x); (x, y) ∈ A}.
Consequentemente, (z, x) = (x + λy, x), para algum (x, y) ∈ A. Desta forma z = x + λy, x = x e portanto
z = x + λy, para algum y ∈ Ax.
(v) Sejam λ 6= 0 e y ∈ Aλ z. Então z ∈ D(Aλ ) e (z, y) ∈ Aλ = {(x + λy); (x, y) ∈ A}. Logo, existe
(x, y) ∈ A tal que (z, y) = (x + λy, y), ou seja, z = x + λy e y = y e, portanto, z = x + λy, com (x, y) ∈ A.
Notação: Por simplicidade, denotaremos por Dλ o conjunto Im(I + λA) = D(Jλ ) = D(Aλ ).
Demonstração:
- 280 -
5.3 Operadores Acretivos
(iii) Sejam λ > 0 e z ∈ Dλ . Então existe (x, y) ∈ A tal que z = x + λy. Pela Observação 5.66 e
pelo fato de Jλ e Aλ serem unı́vocos, resulta que Jλ z = x e Aλ z = y. Desta forma (Jλ z, Aλ z) ∈ A. 2
Proposição 5.68 O operador A : X → X é acretivo se, e somente se, Jλ é uma contração para todo
λ ≥ 0.
Temos que z1 = x1 + λy1 , para algum (x1 , y1 ) ∈ A e z2 = x2 + λy2 , para algum (x2 , y2 ) ∈ A. Sendo
A acretivo, segue de acordo com a Proposição 5.67 (i) que Jλ é unı́voco, portanto Jλ z1 = x1 , Jλ z2 = x2
e além disso
kJλ z1 − Jλ z2 k = kx1 − x2 k ≤ k(x1 − x2 ) + λ(y1 − y2 )k = kz1 − z2 k,
provando que Jλ é uma contração para λ ≥ 0.
Notação: Seja ω ∈ R. Vamos designar por A(ω) a classe dos operadores A : X → X tais que A + ωI é
acretivo. Portanto A(0) é a classe dos operadores acretivos.
Proposição 5.69 A ∈ A(ω) se, e somente se, para todo (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) ∈ A, existe x′ ∈ F (x1 − x2 )
tal que
hx′ , y1 − y2 i + ωkx1 − x2 k2 ≥ 0 (5.3.85)
Demonstração: (⇒) Sejam A ∈ A(ω) e (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) ∈ A. Como por hipótese A + ωI é acretivo,
temos pelo Corolário 5.61 (iv) que existe x′ ∈ F (x1 − x2 ) tal que
Logo
hx′ , y1 − y2 i + ωhx′ , x1 − x2 i ≥ 0. (5.3.86)
- 281 -
5.3 Operadores Acretivos
(⇐) Reciprocamente, suponhamos que para todo (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) ∈ A, existe x′ ∈ F (x1 − x2 ) tal
que (5.3.85) seja satisfeito. Provaremos que A ∈ A(ω). De fato, sejam (x1 , z1 ), (x2 , z2 ) ∈ A + ωI. Temos
que z1 = y1 + ωx1 e z2 = y2 + ωx2 , onde y1 ∈ Ax1 e y2 ∈ Ax2 .
hx′ , y1 − y2 i + ωkx1 − x2 k2 ≥ 0,
ou ainda,
hx′ , (y1 + ωx1 ) − (y2 + ωx2 )i ≥ 0 ⇒ hx′ , z1 − z2 i ≥ 0.
Observação 5.70 (i) Sejam ω ≤ 0 e A ∈ A(ω). Consideremos (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) ∈ A. Então pela Propo-
sição 5.69 existe x′ ∈ F (x1 − x2 ) tal que
hx′ , y1 − y2 i + ωkx1 − x2 k2 ≥ 0,
ou seja,
hx′ , y1 − y2 i ≥ −ωkx1 − x2 k2 .
(ii) Sejam ω ≥ 0 e A ∈ A(ω). Consideremos (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) ∈ A. Pelo Corolário 5.61 (iv) existe
x′ ∈ F (x1 − x2 ) tal que
Em resumo:
• ω ≤ 0 ⇒ A(ω) ⊂ A(0)
• ω ≥ 0 ⇒ A(0) ⊂ A(ω)
Ainda, se
0 < ω1 < ω2 ⇒ A(ω1 ) ⊂ A(ω2 ). (5.3.88)
Com efeito, seja A ∈ A(ω1 ). Pela Proposição 5.69 obtemos que para todo (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) ∈ A
existe x′ ∈ F (x1 − x2 ) tal que
- 282 -
5.3 Operadores Acretivos
µ (λ − µ)
iv) Se x ∈ Dλ , onde λ 6= 0 e µ ∈ R, então x+ Jλ x ∈ Dµ e, além disso,
λ λ
µ (λ − µ)
Jµ x+ Jλ x = Jλ x
λ λ
ω
v) Aλ ∈ A
1 − λω
vi) kAλ x − Aλ yk ≤ λ−1 [1 + (1 − λ|ω|)−1 ]kx − yk; ∀x, y ∈ Dλ .
Demonstração:
z = x1 + λy1 = x2 + λy2
0 = x′ , 0 = x′ , z − z = x′ , (x1 − x2 ) + λ(y1 − y2 )
= x′ , x1 − x2 + λ x′ , y1 − y2 + ωx1 − ωx1 + ωx2 − ωx2
= x′ , x1 − x2 + λ x′ , (y1 + ωx1 ) − (y2 + ωx2 ) − λω x′ , x1 − x2
= kx1 − x2 k2 + λ x′ , (y1 + ωx1 ) − (y2 + ωx2 ) − λωkx1 − x2 k2
= (1 − λω) kx1 − x2 k2 + λ x′ , (y1 + ωx1 ) − (y2 + ωx2 ) (5.3.89)
| {z }
>0
Por outro lado, como A ∈ A(ω), temos que A + ωI é acretivo e portanto pelo corolário 5.61-(iv),
existe ξ ′ ∈ F (x1 − x2 ) tal que
- 283 -
5.3 Operadores Acretivos
resolvente,
−1
JtA+ωI = [I + t(A + ωI)]
é uma contração para todo t ≥ 0. Seja t > 0, de modo que 1 + ωt 6= 0. Então
−1 −1
JtA+ωI = [I + t(A + ωI)] = [(1 + ωt)I + tA]
−1 −1
t t
= (1 + ωt) I + A = I+ A (1 + ωt)−1
1 + ωt 1 + ωt
Logo,
−1
t
JtA+ωI = I+ A (1 + ωt)−1 ,
1 + ωt
ou ainda,
−1
t
(1 + ωt)JtA+ωI = I+ A . (5.3.90)
1 + ωt
Como JtA+ωI é uma contração, resulta de (5.3.90), para x, y ∈ DtA+ωI = D(JtA+ωI ) = Im[I + t(A +
ωI)] que
−1 −1
t t
I+ A x− I + A y = k(1 + ωt)JtA+ωI x − (1 + ωt)JtA+ωI yk
1 + ωt 1 + ωt
≤ |1 + ωt|kx − yk (5.3.91)
−1
t
de onde concluı́mos que I+ A é lipschitziano com constante |1 + ωt|.
1 + ωt
λ t
Seja λ > 0, pondo então t = > 0 implica = λ.
1 − λω 1 + ωt
| {z }
>0
Além disso
λ ωλ 1 − λω + ωλ
1 + ωt = 1 + ω =1+ = = (1 − λω)−1
1 − λω 1 − λω 1 − λω
o que implica |1+ωt| = (1−λω)−1 . Assim (1+λA)−1 = Jλ é Lipschitziano com constante (1−λω)−1
Se λ = 0, temos que Jλ = I e o resultado é imediato.
Pondo-se |Ax| = inf kyk temos evidentemente que, 0 ≤ |Ax| < +∞. Portanto,
y∈Ax
- 284 -
5.3 Operadores Acretivos
Mas
(i)
kJλn−i+1 x − Jλn−i xk = kJλ (Jλn−i x) − Jλ (Jλn−i−1 x)k ≤ (1 − λω)−1 kJλn−i x − Jλn−i−1 xk
∀i = 1, . . . , n − 1.
Por recorrência, após mais (n − i − 1) passos, obtemos
consequentemente
1
=⇒ ≥ 1. Desta forma
1 − λ|ω|
Ou seja
X
n X
n
kJλn x − xk ≤ kJλn−i+1 x − Jλn−i xk ≤ (1 − λ|ω|)−n+1 kJλ x − xk
i=1 i=1
= n(1 − λ|ω|)−n+1 kJλ x − xk (5.3.96)
iv) Sejam λ > 0, x ∈ Dλ e µ ∈ R. Pelo fato que x ∈ Dλ = Im(I + λA), existe (x1 , y1 ) ∈ A tal que
x = x1 + λy1 . Também, x1 + µy1 ∈ Dµ = Im(I + µA).
Afirmamos que
µ λ−µ
x+ Jλ x ∈ Dµ
λ λ
Com efeito, temos que Jλ x = x1 . Logo
µ λ−µ µ λ−µ µ µ
x+ Jλ x = (x1 + λy1 ) + x1 = x1 + µy1 + x1 − x1
λ λ λ λ λ λ
= x1 + µy1
- 285 -
5.3 Operadores Acretivos
como querı́amos.
ω ω
v) Provaremos que Aλ ∈ A , λ > 0, ou seja, que Aλ + I é acretivo. De fato, devemos
1 − λω 1 − λω
mostrar que, para todo x1 , x2 ∈ Dλ e t ≥ 0, temos
ω ω
(x1 − x2 ) + t Aλ + I x1 − Aλ + I x2 ≥ kx1 − x2 k . (5.3.97)
1 − λω 1 − λω
Com efeito,
tω tω
(x1 − x2 ) + tAλ x1 + x1 − tAλ x2 + x2
1 − λω 1 − λω
tω t t
= (x1 − x2 ) + (x1 − x2 ) + (I − Jλ ) x1 − (I − Jλ ) x2
1 − λω λ λ
tω t t
= 1+ + (x1 − x2 ) − [Jλ x1 − Jλ x2 ]
1 − λω λ λ
tω t t
≥ 1+ + kx1 − x2 k − kJλ x1 − Jλ x2 k (5.3.98)
1 − λω λ λ
Contudo,
tω tω
(x1 − x2 ) + tAλ x1 + x1 − tAλ x2 + x2
1 − λω 1 − λω
t t
≥ 1+ kx1 − x2 k − kJλ x1 − Jλ x2 k . (5.3.99)
λ(1 − λω) λ
e consequentemente,
−1
− kJλ x1 − Jλ x2 k ≥ − (1 − λω) kx1 − x2 k . (5.3.100)
tω tω
(x1 − x2 ) + tAλ x1 + x1 − tAλ x2 + x2
1 − λω 1 − λω
t t
≥ 1+ kx1 − x2 k − kx1 − x2 k
λ(1 − λω) λ(1 − λω)
= kx1 − x2 k
- 286 -
5.3 Operadores Acretivos
1 1 1
kAλ x − Aλ yk = (I − Jλ ) x − (I − Jλ ) y = k(x − y) − (Jλ x − Jλ y)k
λ λ λ
1
≤ [kx − yk + kJλ x − Jλ yk] .
λ
Usando o fato que Jλ é lipschitziano,
1 1
kAλ x − Aλ yk ≤ kx − yk + kx − yk
λ λ(1 − λω)
= λ−1 1 + (1 − λω)−1 kx − yk
vii) Sejam µ, λ ∈ R tais que 0 < µ ≤ λ. Se Dµ ∩ Dλ = ∅ nada temos que fazer. Consideremos então
Dµ ∩ Dλ 6= ∅ e seja x ∈ Dµ ∩ Dλ . Temos:
1 1
kAλ xk = k(I − Jλ )xk = kx − Jλ x + Jµ x − Jµ xk
λ λ
1
≤ [kx − Jµ xk + kJλ x − Jµ xk] (5.3.101)
λ
Como Aµ = 1
µ (I − Jµ ) temos que µAµ = (I − Jµ ) e portanto, de (5.3.101), obtemos
1
kAλ xk ≤ [µkAµ xk + kJλ x − Jµ xk] . (5.3.102)
λ
ou seja,
kJλ x − Jµ xk ≤ (1 − µω)−1 (λ − µ)kAλ xk. (5.3.103)
Substituindo isto em (5.3.102),
1
kAλ xk ≤ µkAµ xk + (1 − µω)−1 (λ − µ)kAλ xk .
λ
Multiplicando por λ(1 − µω) > 0
- 287 -
5.3 Operadores Acretivos
lim kJλ x − xk = 0,
λ→0+
isto é, \
lim+ Jλ x = x, ∀x ∈ D(A) ∩ Dλ . (5.3.104)
λ→0
λ>0
T T
Seja agora x ∈ D(A) ∩ Dλ e ε > 0. Considere y ∈ D(A) ∩ Dλ tal que
λ>0 λ>0
ε
kx − yk < . (5.3.105)
2
T
Assim, para o x ∈ D(A) ∩ Dλ considerado temos:
λ>0
1
kJλ x − xk ≤ kJλ x − Jλ yk + kJλ y − yk + ky − xk . (5.3.106)
Exemplo 5.9 a) Seja T : X −→ X lipschitziana com constante α. Então, para t > 0 temos que
I −T α−1
∈A . Com efeito, temos
t t
- 288 -
5.3 Operadores Acretivos
Provaremos que
I −T α−1 I −T α−1
(x1 − x2 ) + λ + I x1 − + I x2 ≥ kx1 − x2 k. (5.3.109)
t t t t
De fato,
I −T α−1 I −T α−1
(x1 − x2 ) + λ + I x1 − + I x2
t t t t
x1 − T x1 + αx1 − x1 x2 − T x2 + αx2 − x2
= (x1 − x2 ) + λ −
t t
λ
= (x1 − x2 ) + [α(x1 − x2 ) − (T x1 − T x2 )]
t
λα λ
≥ 1+ (x1 − x2 ) − kT x1 − T x2 k
t t
λα λ
≥ 1+ kx1 − x2 k − αkx1 − x2 k
t t
= kx1 − x2 k
o qu e prova o desejado
b) Se T : X −→ X é não expansiva, isto é, ky1 − y2 k ≤ kx1 − x2 k para todo (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) ∈ T ,
então I − T é um operador acretivo. De fato, como T é não expansiva, então T é lipschitziana com
constante igual a 1. Pelo item anterior, com t = 1, −(I − T ) é acretivo e consequentemente, I − T
é acretivo.
gx : ]0, λ0 [ −→ R
- 289 -
5.3 Operadores Acretivos
\
Demonstração: (i) Temos que se λ ∈ (0, λ0 ) e 0 < ξ < µ0 de modo que x ∈ Dξ , então
0<ξ<µ0
k|Axk| = sup(1 − ξω)kAξ xk ≥ (1 − λω)kAλ xk. Assim, se λ ∈ (0, λ0 ), não há mais o que fazer. Se λ ≥ λ0 ,
ξ>0
pelo Teorema 5.71-(vii), segue que
(ii) Seja x ∈ D.
Caso 2: k|Axk| = ∞. Seja M > 0. Existe λ0 > 0 tal que (1 − λ0 ω)kAλ0 xk ≥ M . Se 0 < λ < λ0 ,
então
(1 − λ0 ω)
kAλ xk ≥ kAλ0 xk ≥ M (1 − λω)−1 .
1 − λω
Daı́, lim+ kAλ xk ≥ M . Como M > 0 é arbitrário, o resultado segue.
λ→0
Logo,
(1 − µω)kAµ xk ≤ |Ax|, ∀x ∈ D(A) ∩ Dµ (5.3.112)
Por hipótese, x ∈ D(A) ∩ Dµ para todo µω < 1, 0 < µ < µ0 . Passando o limite em (5.3.112), segue
o resultado. 2
b
Notação: Denotaremos por D(A) o seguinte conjunto
b
D(A) = x ∈ D; k|Axk| < +∞ , (5.3.113)
onde
[ \
D= Dλ
µ>0 0<λ<µ
b
D(A) ⊂ D(A) ⊂ D(A).
Demonstração: Seja x ∈ D(A). Pelo item (iii) da Proposição 5.73 temos que se D(A) ⊂ D e x ∈ D(A),
então
k|Axk| ≤ |Ax| = inf kyk; y ∈ Ax
b
Como |Ax| < +∞ segue que k|Axk| < +∞ e portanto x ∈ D(A). Logo
b
D(A) ⊂ D(A)
b
Tome x 6∈ D(A), mas x ∈ D (se x 6∈ D, é claro que x 6∈ D(A)). Pela Proposição 5.65-(i),
ImJλ = D(A), donde
kx − Jλ xk ≥ inf kx − yk := d > 0.
y∈D(A)
- 290 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
Portanto
lim kAλ xk = lim λ−1 kx − Jλ xk = +∞.
λ→0+ λ→0+
b
Assim, x 6∈ D(A). 2
Proposição 5.75 Seja A fechado, A ∈ A(ω) e λ > 0 tal que λω < 1.Então:
Demonstração:
z n − xn z−x
yn = −→ =y quando n −→ +∞.
λ λ
Temos (xn ) ⊂ D(A) tal que xn −→ x e yn ∈ Axn tal que yn −→ y. Sendo A fechado, x ∈ D(A) e
y ∈ Ax. Desta forma, z = x + λy ∈ Im(I + λA), ou seja, z ∈ Dλ e Jλ z = x(pela Observação 5.66), o que
prova o desejado.
(ii) Seja (zn ) ⊂ Dλ tal que zn −→ z em X. Temos que zn = xn + λyn ; onde (xn , yn ) ∈ A; ∀n ∈ N.
Além disso, Jλ zn = xn . Como pelo item (i) do Teorema 5.71, Jλ é lipschitziana, com constante de
Lipschitz (1 − λω)−1 , segue que:
Pelo fato de (zn ) ser uma sequência convergente, de (5.3.114) segue que (xn )n∈N é de Cauchy.
Como X é Banach resulta que existe x ∈ X tal que xn −→ x em X. Então,
1 1
yn = (zn − xn ) −→ (z − x) quando n −→ +∞
λ λ
Como A é fechado, por hipótese, resulta que x ∈ D(A) e y ∈ Ax. Sendo z = x + λy segue que
z ∈ Dλ , o que prova Dλ é fechado. 2
Dadas as defnições acima, temos que todo operador m-acretivo é máximo acretivo. Com
efeito, seja A : X −→ X m-acretivo e consideremos A ⊂ B, onde B é acretivo. Provaremos que A = B.
De fato, seja (x, y) ∈ B e ponhamos z = x + y.
- 291 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
Temos
(z, x) = (x + y, x) ∈ J1B , já que (x, y) ∈ B
J1B z = x (5.4.115)
Sendo A m-acretivo, existe x1 ∈ D(A) tal que z ∈ (I + A)x1 . Então z = x1 + y1 com (x1 , y1 ) ∈
A ⊂ B. Logo, pela Observação 5.66
J1B z = x1 . (5.4.116)
Por outro lado, se X é um espaço de Hilbert, então ser acretivo é o mesmo que ser monótono,
pois, como X é reflexivo, liso e X ′ é liso, pelo Teorema 5.49, A é m-acretivo se, e somente se, é máximo
acretivo.
Proposição 5.78 Seja A um operador acretivo tal que Im(I + µA) = X, para algum µ > 0. Então
Im(I + λA) = X, ∀λ > 0.
Demonstração: Seja λ > 0 e ponha k = λµ−1 . Provaremos que Im(I + λA) = X. De fato, seja x ∈ X
e consideremos
x 1
+ 1− y ∈ Dµ = Im(I + µA) = X.
k k
Logo, pondo
x 1
zy = J µ + 1− y , y ∈ X,
k k
temos que zy ∈ D(A), uma vez que Jµ : X −→ D(A) e Jµ é unı́voco (A é acretivo). A partir daı́ definimos
o operador unı́voco
B : X −→ D(A)
y 7−→ By = zy
e como Jµ é uma contração (conforme Proposição 5.68), então para todo y1 , y2 ∈ X temos:
x 1 x 1
kBy1 − By2 k = Jµ + 1− y1 − Jµ + 1− y2
k k k k
x 1 x 1
≤ + 1− y1 − − 1 − y2
k k k k
1 1
= 1− (y1 − y2 ) ≤ 1 − ky1 − y2 k
k k
1 1 1
Mas 1 − < 1 ⇐⇒ k > . Logo, se k > (ou seja, λ > µ2 ) temos que B é uma contração e,
k 2 2
consequentemente, B tem um único ponto fixo, ou seja, existe y0 tal que
x 1
y0 = By0 = Jµ + 1− y0 , onde y0 ∈ D(A)
k k
- 292 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
x 1
Portanto, + 1− y0 ∈ (I + µA)y0 , donde
k k
x 1 y0
∈− 1− y0 + (y0 + µAy0 ) = + µAy0
k k k
e assim,
x ∈ y0 + kµAy0 = y0 + λAy0 = (I + λA)y0 .
µ
Fica provado então que Im(I + λA) = X, para todo λ > . Em particular (repetindo o processo
2
µ
acima), para µϵ = +
2 µε ε µ
Im I + λA = X, ∀λ > = + . (5.4.117)
2 2 4
Afirmamos que
µ
Im I + λA = X; ∀λ > . (5.4.118)
4
µ µ
Caso contrário, λ0 > + > contradiz (5.4.117). Por iteração,
2 4 4
µ
Im(I + λA) = X, ∀λ > ,
2n
µ
∀λ > para cada n. 2
2n
Corolário 5.79
Demonstração:Imediata. 2
Demonstração: Com efeito, sejam A : X −→ X um operador m-acretivo xn ⊂ D(A) tal que
xn −→ x, yn ∈ Axn e yn −→ y. Provaremos que
x ∈ D(A) e y ∈ Ax (5.4.119)
Além disso, pela acretividade de A, temos que J1 é uma contração e consequentemente unı́voco e
contı́nuo (conforme Proposição 5.68). Assim, pela Observação 5.66
J1 (x + y) = x,
- 293 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
ou seja,
(x + y, x) ∈ J1 = (z1 + z2 , z1 ); (z1 , z2 ) ∈ A .
Logo, (x, y) ∈ A, isto é, x ∈ D(A) e y ∈ Ax, o que prova (5.4.119) e conclui a demonstração. 2
Exemplo 5.4.81 Sejam Ω um aberto limitado de Rn com fronteira Γ bem regular e A : Lp (Ω) −→ Lp (Ω),
com 1 < p < ∞, o operador definido por:
Vamos mostrar que A é m-acretivo. De fato como A é unı́voco e linear temos para todo u1 , u2 ∈
D(A) que
hAu1 − Au2 , F (u1 − u2 )i = hAu, F ui = h−∆u, F ui,
′
onde u = u1 − u2 e F : Lp (Ω) → Lp (Ω) é dada por u 7→ u|u|p−2 kuk2−p
p .
Logo,
Z Z
h−∆u, F ui = −kuk2−p
p ∆u u|u|p−2 dx = (p − 1)kuk2−p
p |∇u|2 |u|p−2 dx ≥ 0
Ω Ω
Além disso, para cada v ∈ Lp (Ω) existe, em função da regularidade dos problemas elı́pticos,
vide [14], u ∈ W 2,p (Ω) ∩ W01,p (Ω) tal que u − ∆u = v, isto é, Im(I − ∆) = Lp (Ω).
(iii) Se x ∈ C, y ∈ X e existe ξ ′ ∈ F (x−u) tal que ξ ′ , y − v ≥ 0, para todo (u, v) ∈ A, então (x, y) ∈ A
Demonstração: Análoga a demonstração do Teorema 5.23 para prova (i) ⇔ (ii). Para demonstração
que (ii) ⇔ (iii) utilize a Proposição 5.60 2
Os operadores acretivos, máximo acretivos e m-acretivos têm uma propriedade análoga a dos
operadores monótonos dada pela Proposição 5.20, ou seja,
Proposição 5.83 Se A é acretivo, máximo acretivo ou m-acretivo, então o operador obtido por transla-
ções em D(A) e Im(A) é, respectivamente acretivo, máximo acretivo e m-acretivo.
Demonstração: Sejam x ∈ D(A), y1 , y2 ∈ Ax e t ∈ [0, 1]. Provaremos que ty1 + (1 − t)y2 ∈ Ax. Com
efeito, por hipótese, A ∈ A(ω), ou seja, A + ωI é acretivo. Ora, como (x, yi ) ∈ A, i = 1, 2, então, para
- 294 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
x′i , yi + ωx − v − ωu ≥ 0 i = 1, 2.
Como X é liso, o operador dualidade é unı́voco e portanto x′1 = x′2 = F (x − u). Logo, para cada
(u, v) ∈ A, tem-se: D E
F (x − u), yi + ωx − v − ωu ≥ 0; i = 1, 2.
Provaremos, a seguir, que o conjunto Ax é fechado. Com efeito, para isso, seja (yn ) ⊂ Ax tal que
yn −→ y em X. Então, para cada (u, v) ∈ A e para todo n ∈ N, pela mesma argumentação, temos
D E
F (x − u), yn + ωx − v − ωu ≥ 0.
já que F (x−u) ∈ X ′ e yn −→ y em X. De maneira análoga, novamente pelo Teorema 5.82 (iii) concluı́mos
y + ωx ∈ (A + ωI)x,
ou seja, y ∈ Ax. 2
- 295 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
Lema 5.87 Uma aplicação ϕ : X → Y é diferenciável à Fréchet no ponto x se, e somente se, ϕ é
diferenciável a Gateaux no ponto x e
onde
ω(x, λy)
lim = 0. (5.4.123)
λy→0 kλyk
ω(x,λy)
Mas de (5.4.123) vem que limλ→0 λ = 0 e a convergência é uniforme em y no conjunto UX .
Logo
ϕ(x + λy) − ϕ(x)
lim = L(x)y,
λ→0 λ
e esse limite é uniforme em y no conjunto UX , isto é, ϕ é diferenciável a Gateaux no ponto x e o limite
(5.4.122) é uniforme em y no conjunto UX .
Reciprocamente, vamos supor que essa condição seja satisfeita. Seja y ∈ X, seja λ = kyk, h = y
∥y∥
e
ω(x, λy) = ϕ(x + λh) − ϕ(x) − ϕ′ (x)λh.
Então
ω(x, λy)
lim = 0 uniformemente em h no conjunto UX , (5.4.124)
λ→0 λ
e portanto,
ω(x, λy) ω(x, λy) ω(x, y)
0 = lim = lim = lim .
λ→0 λ λh→0 kλhk y→0 kyk
Demonstração: Suponha que (i) é válida. Vamos provar que se f : X → X ′ é uma aplicação dualidade
- 296 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
f (xn ) f (x)
→ ,
kxn k kxk
f (xn ) f (x)
kf (xn ) − f (x)k = kxn kk − k
kxn k kxn k
f (xn ) f (x) f (x) f (x)
= kxn kk − + + k
kxn k kxk kxk kxn k
f (xn ) f (x) 1 1
≤ kxn k − + − kf (xn )k −→ 0
kxn k kxk kxk kxn k
Se existir n0 tal que u′n = u′ para todo n ≥ n0 não temos nada a demonstrar. Caso contrário,
passando a uma subsequência se necessário, podemos supor que u′n 6= u′ ∀ n. Daı́ vem que hu′n , ui <
hu′ , ui ∀ n, pois de hu′n , ui ≤ ku′n kkuk = 1 e hu′ , ui = 1 vem que hu′n , ui ≤ hu′ , ui e se, para algum n,
hu′n , ui = hu′ , ui, então u′n ∈ F (u), donde u′n = u, pois u′ ∈ F (u) e, pelo Lema 5.87 e o Teorema 5.37,
F (u) tem um único elemento. Tendo em vista (5.4.125) temos então
Suponhamos que u′n não converge para u′ . Passando a uma subsequência, se necessário, temos para
alguma sequência (zn ) de elemento de UX e algum α > 0 que
então
1 ′
hu − u′ , zn i − 1 ≥ 1, n = 1, ...,
α n
e temos
1
hu′ , ui − hu′n , ui ≤ (hu′ , ui − hu′n , ui)( hu′n − u′ , zn i − 1)
α
1
= hun , ui − hu , ui + (hu′ , ui − hu′n , ui)hu′n − u′ , zn i
′ ′
α
1
= hun − u , u + (hu , ui − hu′n , ui)zn i
′ ′ ′
α
1 1
≤ |hun , u + (hu′ , ui − hu′n , ui)zn i| − hu′ , u + (hu′ , ui − hu′n , ui)zn i
′
α α
1 1
≤ ku + (hu , ui − hun , ui)zn k − kuk − hu , u + (hu′ , ui − hu′n , ui)zn i
′ ′ ′
α α
′ ′
α (hu , ui − hun , ui)zn vem, por (5.4.126), yn 6= 0, n = 1, ..., yn → 0 quando n → ∞
1
Daı́ pondo yn =
e
hu′ , ui − hu′n , ui ku + yn k − kuk − hu′ , yn i ω(u, yn )
0<α= ≤ = ,
kyn k kyn k kyn k
- 297 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
pois a norma de X sendo, por hipótese, diferenciável à Fréchet no ponto x é diferenciável à Fréchet no
ponto u e sua derivada à Fréchet coincide com a de Gateaux que é u′ . Mas isto é um absurdo visto que
′
limn→∞ ω(u,y n)
∥yn ∥ = 0. Logo, un → u, provando (ii).
Reciprocamente, suponha que (ii) seja válida. Fazendo x′ = f (z) e z ′ = f (x + λy) em (i) e (iii) do
Lema 5.35, decorre da continuidade de f que
kx + λyk − kxk f (x)
lim = ,y ,
λ→0 λ kxk
Proposição 5.89 Seja X um espaço de Banach cuja norma é diferenciável à Fréchet, A ∈ A(ω) e A+ωI
máximo em D(A). Então A é demifechado.
Demonstração: Como, por hipótese, a norma de X é diferenciável à Fréchet, então pelo Lema 5.87,
Teorema 5.37 e Lema 5.88 segue que o operador dualidade F , é unı́voco e contı́nuo. Consideremos, então,
(xn , yn ) ⊂ A tal que xn → x e yn * y. Observemos, inicialmente, que pelo fato de A + ωI ser acretivo e
F unı́voco, então, para cada n ∈ N e para todo (u, v) ∈ A, temos:
Por outro lado, como (xn )n∈N ⊂ D(A) e xn −→ x, então x ∈ D(A). Como (A + ωI) é maximal em
D(A) então de (5.4.127) e do Teorema 5.82 (iii) vem que
y + ωx ∈ (A + ωI)x,
Definição 5.90 Diz-se que um espaço de Banach X é uniformemente liso se dado ε > 0 existir δ > 0
tal que se x ∈ UX e kyk < δ, então
kx + yk + kx − yk ≤ 2 + εkyk.
Demonstração: (i) ⇒ (ii). Seja ε > 0 e x′ , y ′ ∈ UX ′ tais que kx − yk > ε. Supondo (i) verdadeira,
existe δ > 0 tal que
ε
kx + yk + kx − yk ≤ 2 + kyk
2
- 298 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
se x ∈ UX e kyk ≤ δ; de kx′ − y ′ k > ε resulta que, para algum y tal que kyk = δ/2, tem-se x′ − y ′ , y ≥
εδ/2. Mas então
kx′ + y ′ k = sup{ x′ + y ′ , x ; x ∈ UX }
= sup{ x′ , x + y + y ′ , x − y − x′ − y ′ , y ; x ∈ UX }
≤ sup{kx + yk + kx − yk − εδ/2; x ∈ UX }
ε εδ εδ
≤ 2 + kyk − =2−
2 2 4
o que mostra que X ′ é uniformemente convexo.
(ii) ⇒ (iii). De (ii) resulta pela Proposição 5.32 e o Corolário 5.34 que F é unı́voco. Para
demonstrar que F é uniformemente demicontı́nuo devemos demonstrar que para cada ε > 0 e cada
M > 0 existe δ > 0 tal que kxk < M e kx − yk < δ implicam kF (x) − F (y)k < ε. É bastante demonstrar
que as condições
F (xn ) − F (yn ) = kxn k(F (un ) − F (vn )) + (kxn k − kyn k)F (vn ) (5.4.128)
e kxn k ≤ M vem kF (xn ) − F (yn )k → 0, tem-se uma contradição. A igualdade (5.4.128) é justificada por
(iii) da Proposição 4.5.
(iii) ⇒ (iv). Suponha (iii) verdadeira. Então, exatamente como na demonstração da Proposição
5.40, F é uniformemente contı́nua em C = B(0, 1+ρ)\B(0, 1−ρ), 0 < ρ < 1. Logo, F (x+λy) converge a
F (x) uniformemente em UX , relativamente a x, y e como 1/kx+λyk converge a 1/kxk = 1 uniformemente
em UX , relativamente a x, y, segue-se que F (x+λy)/kx+λyk converge a F (x) uniformemente em UX , em
relação a x, y. Por (5.2.48) segue-se, daı́, que lim [x, y]λ = F (x), y , uniformemente em UX relativamente
λ→0
a x, y. Logo a norma de X é uniformemente diferenciável à Fréchet, pelo Lema 5.87.
(iv) ⇒ (i). Supondo-se a norma de X uniformemente diferenciável à Fréchet temos, pelo Lema
5.87,
kx − λyk − kxk = F (x), λy + ω(x, λy),
onde lim ω(x, λy) = 0 uniformemente em UX relativamente a x, y. Então, dado ε > 0 existe δ > 0 tal
λ→0
- 299 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
Proposição 5.92 Todo operador A ∈ A(ω) tal que A+ωI é máximo em D(A), é um subconjunto fechado
de X × X.
Por outro lado, como (xn ) ⊂ D(A) e xn −→ x temos que x ∈ D(A) e sendo A + ωI máximo em
x ∈ D(A) ⊃ D(A), vem de (5.4.130) e do Teorema 5.82 (ii) que
y + ωx ∈ (A + ωI)x,
e portanto, (x, y) ∈ A 2
Proposição
\ 5.93 Seja X um espaço de Banach e A ∈ A(ω). Se λ0 ω < 1, então, para todo x ∈
Dλ ; kJλ xk é limitado em ]0, λ0 ].
0<λ≤λ0
\
Demonstração: Ponhamos D = Dλ . Observemos, inicialmente, que pelo Teorema 5.71-(i), Jλ é
0<λ≤λ0
unı́voco para λ ∈]0, λ0 ].
Pelo fato de Jλ ser unı́voco, temos que Aλ também o é. Além disso, pelo fato de Jλ x = z1 , temos:
1 1
Aλ x = (I − Jλ )x = (x −J λx)
λ λ
1
= (z1 + λy1 −z1 ) = y1 ∈ Az1 = A(Jλ x).
λ | {z }
Logo,
Aλ x ∈ A(Jλ x).
De forma análoga,
Aµ x ∈ A(Jµ x),
donde, em vista da acretividade de A + ωI, existe ξ ′ ∈ F (Jλ x − Jµ x) tal que, pelo Corolário 5.61-(iv),
resulta que
ξ ′ , Aλ x + ωJλ x − Aµ x − ωJµ x ≥ 0. (5.4.131)
- 300 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
0 ≤ λ ξ ′ , Aλ x + ωJλ x − Aµ x − ωJµ x
= λ ξ ′ , Aλ x − Aµ x + λω ξ ′ , Jλ x − Jµ x
= λ ξ ′ , Aλ x − Aµ x + λωkξ ′ k2 (note que ξ ′ ∈ F (Jλ x − Jµ x))
(5.4.132)
= ξ ′ , λAλ x−µAµ x + µAµ x − λAµ x + λωkξ ′ k2
= ξ ′ , λAλ x − µAµ x + (µ − λ) ξ ′ , Aµ x + λωkξ ′ k2
≤ − ξ ′ , µAµ x − λAλ x + |µ − λ|kξ ′ kkAµ xk + λωkξ ′ k2
Mas,
1 1
Aλ = (I − Jλ ) e Aµ = (I − Jµ );
λ µ
donde
Jλ = I − λAλ e Jµ = I − µAµ .
Daı́,
F (Jλ x − Jµ x) = F (x − λAλ x − x + µAµ x) = F (−λAλ x + µAµ x)
e portanto, como ξ ′ ∈ F (Jλ x − Jµ x), temos que ξ ′ ∈ F (µAµ x − λAλ x) e, desta forma,
ξ ′ , µAµ x − λAλ x = kξ ′ k2
ou ainda
(1 − λω)kξ ′ k2 ≤ |µ − λ|kξ ′ kkA − µxk,
isto é,
(1 − λξ)kξ ′ k ≤ |µ − λ|kAµ xk; se kξ ′ k 6= 0
kξ ′ k = kJλ x − Jµ xk,
(1 − λω)kJλ x − Jµ xk ≤ |µ − λ|kAµ xk
com 0 < λ, µ ≤ λ0 .
ou seja,
(1 − λω)kJλ x − Jλ0 xk ≤ λ0 kAλ0 x k. (5.4.134)
- 301 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
Portanto
donde
Demonstração:
\ Temos, por hipótese, D(A) ⊂ Dλ ; λ ∈]0, λ0 [. Portanto, se x ∈ D(A) então x ∈
Dλ , isto é, D(A) ⊂ D.
0<λ<µ
Por outro lado, como X é uniformemente convexo, temos que X ′ é reflexivo e portanto X é reflexivo.
De (5.4.136) e (5.4.137) vem que a sequência kAλ xk é limitada, ou ainda, (Aλ x)λ é limitada em X. Como
X é reflexivo, existe uma subsequência (λn ); λn −→ 0+ tal que
Mas, conforme a demonstração da Proposição anterior, Aλn x ∈ A(Jλn x), e pelo item (viii) do
Teorema 5.71, resulta que
Jλn x −→ x; para todo x ∈ D(A)
- 302 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
. Além disso, como X ′ é uniformemente convexo temos, pelo Teorema 5.91, que a norma de X é uni-
formemente diferenciável a Fréchet, isto é, é diferenciável em Ux = x ∈ X; kxk = 1 e portanto, pela
Proposição 5.89, A é demifechado. Logo, pelo fato de (Jλn x, Aλn x) ∈ A,
Jλn x −→ x e Aλn x * y
Lema 5.95 (Kato) Seja C um conjunto convexo, fechado e não vazio de um espaço de Banach liso.
◦
Então, x ∈C se e somente se
kxk2 = F (x), y ; ∀y ∈ C.
Logo,
kxk ≤ inf kyk; y ∈ C = |C|.
◦
Por outro lado, como x ∈ C temos que |C| ≤ kxk e, desta forma, kxk = |C|, ou seja, x ∈C .
◦
Reciprocamente, sejam x ∈C , y ∈ C e t ∈]0, 1[. Temos:
k(1 − t)x + tyk2 = F (1 − t)x + ty , (1 − t)x + ty
= F (1 − t)x + ty , x + t F (1 − t)x + ty , y − x
(5.4.141)
≤ F (1 − t)x + ty kxk + t F (1 − t)x + ty , y − x
= k(1 − t)x + tyk kxk + t F (1 − t)x + ty , y − x
◦
Contudo, como C é convexo, (1 − t)x + ty ∈ C. Além disso, como x ∈C , x ∈ C e kxk = |C| =
inf kyk; y ∈ C
Logo,
kxk ≤ k(1 − t)x + tyk ,
- 303 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
donde,
F (1 − t)x + ty , y − x ≥ 0; ∀y ∈ C e t ∈]0, 1[. (5.4.142)
Se x 6= 0, então pelo Teorema 5.37 a aplicação dualidade é demicontı́nua no ponto x. Desta forma,
como (1 − t)x + ty −→ x quando t → 0+ segue que
∗
F (1 − t)x + ty * F (x) quando t −→ 0+
F (x), y − x ≥ 0; ∀y ∈ C,
ou seja,
F (x), x = kxk2 ≤ F (x), y ; ∀y ∈ C,
kxk2 ≤ F (x), y ; ∀y ∈ C
Demonstração: Como C é convexo e fechado, C é fracamente fechado; logo, x ∈ C donde, kxn k ≥ |C|.
Por outro lado, da semicontinuidade inferior da norma, tem-se kxk ≤ lim inf kxn k = limkxn k = |C|.
◦
Segue-se que kxk = |C| e, portanto, x ∈C 2
i) X é estritamente convexo;
x y x λy λy y
1 ≥ λ + (1 − λ) = λ + − + (1 − λ)
kxk kyk kxk kxk kxk kyk
x+y y y x+y λkyky − (1 − λ)kxky
≥ λ − λ − (1 − λ) = λ −
kxk kxk kyk kxk kxkk̇yk
x+y (λkyk − (1 − λ)kxk)kyk
= λ − = 1.
kxk kxkk̇yk
- 304 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
x y x y kyk
Logo, λ + (1 − λ) ∈ UX e como X é estritamente convexo, = , donde y = x, isto é,
kxk kyk kxk kyk kxk
kyk
y = tx com t = > 0.
kxk
Exemplo 5.11 Seja X um espaço de Banach. Prove que são equivalentes as seguintes asserções:
(i) X é reflexivo, estritamente convexo e goza da propriedade
(ii) Para cada C ⊂ X, convexo e fechado, e cada (xn ) ⊂ C, tal que kxn k → |C|, existe um x ∈ X tal que
xn → x. Seja X um espaço de Banach e C ⊂ X, C = 6 ∅, convexo e fechado. Definamos
Assuma que existe uma sucessão (xn ) de elementos de C tal que kxn k → |C| e xn → x. Prove que x ∈ C 0 .
Suponhamos que C ⊂ X, xn n∈N ⊂ C e x ∈ X estejam nas condições do enunciado.
Sendo C convexo e f fechado ( para a topologia forte ) segue que C é fracamente fechado ( ver
apostila de analise funcional, Teorema 3.21, pg 108 ). Logo, x ∈ C, pondo que xn * x e portanto,
Por outro lado, da convergência fraca xn * x vem que ( ver Brézis, Prop II.5(iii), pg 35 )
Exemplo 5.12 (i)⇒(ii) Sejam C ⊂ X convexo e fechado (para a topologia forte) e xn n∈N
⊂ C tal
que
kxn k −→ |C| = inf kxk; x ∈ C quando n −→ ∞. (5.4.145)
Da convergência em (5.4.145) concluı́mos que xn é limitado. Sendo X reflexivo que
∃ x nk k∈N
⊂ xn n∈N
e x ∈ X tal que xnk * x, quando k −→ ∞ (5.4.146)
Afirmação xn * x quando n −→ ∞
- 305 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
é limitada, logo, {xk }k∈N é limitada e, assim, existe {xkj } ⊂ {xk } tal que
{xkj } * x0 . (5.4.148)
xn −→ x, quando n −→ ∞ (5.4.152)
(ii)⇒(i)
xn −→ x, quando n −→ ∞. (5.4.155)
- 306 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
Logo, zn n∈N
⊂C e
kz2n k = kxn k −→ |C|, quando n −→ ∞
(5.4.159)
kz2n+1 k = kyk = |C|, ∀n ∈ N
zn −→ z, quando n −→ ∞ (5.4.161)
ou seja, z ∈ C = C, posto que C é fechado. Por outro lado, as subsequências z2n = xn ⊂ zn e
z2n+1 = y ⊂ zn são convergentes e
z2n = xn −→ x, quando n −→ ∞
(5.4.162)
z2n+1 = y −→ y, quando n −→ ∞
x = z = y, ou seja, y = x,
o que prova que C possui um único elemento. Pela arbitrariedade de C possui um único elemento. Pela
arbitrariedade de C (convexo, fechado e não vazio) concluı́mos face o exercı́cio 12 (iii) que X é reflexivo
e estritamente convexo.
Resta provar que X satisfaz a propriedade (1) no exercı́cio 11. Para isto, consideremos xn n∈N ⊂
X e x ∈ X tais que
xn * x e lim sup kxn k ≤ kxk. (5.4.163)
n→∞
Pela semicontinuidade inferior da norma para a topologia fraca ( ver Brézis, Proposição III.5(iv))
segue de (5.4.163) que
kxk ≤ lim inf kxn k (5.4.164)
n→∞
xn x
Pondo para cada n ∈ N yn = e y = poderemos reescrever (5.4.166) e (5.4.167) da
kxk kxk
seguinte forma:
yn * y quando n → ∞. (5.4.168)
- 307 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
e
kyn k −→ kyk, quando n→∞ (5.4.169)
Seja y ∗ ∈ F (y). Então
y ∗ , y = ky ∗ k = kyk = 1 (5.4.170)
Consideremos o conjunto
C = ω ∈ X tal que y∗ , ω ≥ 1 (5.4.171)
o que prova que a combinação convexa λω1 + (1 − λ)ω2 ∈ C e, por conseguinte, que C é convexo. Agora,
seja ω0 ∈ C. Então, existe ωn n∈N ⊂ C tal que
ωn −→ ω0 quando n −→ ∞. (5.4.173)
y ∗ , ω0 = lim y ∗ , ωn ≥ 1, (5.4.174)
n→∞
Note que 0 ∈
/ C. Logo, temos ω0 6= 0. Daı́, por (5.4.176)
ω0 1 1
y∗ , = y ∗ , ω0 ≥ > 1. (5.4.177)
kω0 k kω0 k kω0 k
donde y ∈ C 0 . Sendo X reflexivo e estritamente convexo, como já foi provado, segue do exercicio 12 (iii)
- 308 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
lim y ∗ , yn = y ∗ , y = 1 (5.4.181)
n→∞
y ∗ , yn > 0, ∀n ∈ N (5.4.182)
yn
Pondo para cada n ∈ N, zn = ∗
temos
y ,y n
y ∗ , yn
y ∗ , zn = = 1, ∀n ∈ N, (5.4.183)
y ∗ , yn
donde zn n∈N
⊂ C. Além disso, das convergencias (5.4.169), (5.4.170) e (5.4.181) vem que
kyn k 1
kzn k = −→ = 1 = |C| quando n −→ ∞ (5.4.184)
y ∗ , yn 1
zn −→ z quando n −→ ∞, (5.4.185)
e assim zn * z, quando, n → ∞. Assim, pelo ex 10 concluimos que z ∈ C 0 = y , ou ainda, que z = y.
Portanto,
zn −→ y quando n −→ ∞. (5.4.186)
yn = y ∗ , yn zn −→ 1 · y = y quando n −→ ∞ (5.4.187)
e por conseguinte
x
xn = kxkyn −→ kxk = x quando n −→ ∞ (5.4.188)
kxk
ou seja,
xn −→ x quando n −→ ∞ (5.4.189)
como querı́amos provar.
iii) X é reflexivo e estritamente convexo se, e somente se, para cada C ∈ X, C 6= ∅, convexo e fechado,
◦
C contém um único ponto.
Demonstração: (i) Seja X reflexivo e (xn ) ⊂ C tal que kxn k −→ |C|. Então, (xn )n∈N ⊂ C é limitada,
- 309 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
xnk * x,
Agora, pelo exercı́cio 10, vem que x ∈ C 0 , ou ainda, C 0 6= ∅. Vamos demonstrar a recı́proca fazendo
uso do Teorema de James ( Ver enunciado em Anexo), seguindo o qual X é reflexivo, se todo x′ ∈ X ′
atinge o valor máximo kx′ k, ou seja, existe z ∈ x ∈ X; kxk ≤ 1 , tal que,
x′ , z = sup x′ , y = kx′ k.
y∈X
∥y∥≤1
logo, tx + (1 − t)y ∈ C, ∀t ∈ [0, 1], provando que C é convexo. Mostraremos agora que C é fechado.
x′ , xn −→ x′ , x , quando n −→ ∞
∀n ≥ n0 x′ , x n − x′ , x <ε
m
−ε < x , x − x′ , xn < ε
′
x′ , x > −ε + x′ , xn ≥ −ε + kx′ k
x′ , x ≥ kx′ k.
Assim provamos que x ∈ C e portanto C é fechado. Seja (yn )n∈N tal que kyn k = 1, n ∈ N e tal
que
lim | x′ , yn | = kx′ k = sup | x′ , y |.
n→∞ y∈X
∥y∥=1
Fazendo,
kx′ kyn
zn = ,
x′ , y n
temos que, * +
′ ′kx′ kyn kx′ k
x , zn = x, ′ = x′ , yn = kx′ k
x , yn x′ , y n
- 310 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
ou seja, zn ∈ C, ∀n ∈ N e
=1
z }| {
′
kx k · kyn k kx′ k
lim kzn k = lim = lim
n→+∞ n→+∞ | x′ , yn | n→+∞ | x′ , yn |
1 1
= kx′ k ′ = kx′ k ′ = 1
lim | x , yn | kx k
n→+∞
|C| ≤ kxk, ∀x ∈ C.
Em particular,
|C| ≤ kzn k, ∀∈N
tomando o limite em ambos os lados obtemos
|C| ≤ 1
n o
Por hipótese, C 0 = x ∈ C; kxk = |C| 6= ∅, portanto existe x0 ∈ C, com kx0 k = |C|.
De x0 ∈ C temos que
x′ , x0 ≥ kx′ k. (5.4.190)
≤1
z }| {
′
x , x0 ≤ | x , x0 | ≤ kx k · kx0 k ≤ kx′ k
′ ′
(5.4.191)
x′ , x0 = kx′ k,
com x0 pertencente a bola unitária fechada. Como x′ ∈ X ′ foi tomado arbitrariamente, decorre do
Teorema de James do resultado desejado, ou seja, X é reflexivo
(ii) Sejam X estritamente convexo e C ⊂ X convexo, fechado e não vazio. Note que se C 0 = ∅, o
x+y
resultado está provado. Se C 0 6= ∅, sejam x, y ∈ C 0 , então ∈ C. Donde,
2
x+y
≥ |C|. (5.4.192)
2
mas
x+y 1 1
≤ kxk + kyk = |C|. (5.4.193)
2 2 2
x+y
= |C| = kxk = kyk.
2
Sendo X estritamente convexo, segue do item (iii) do exercicio 9 que x = y. Donde concluı́mos o
desejado.
- 311 -
5.4 Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos
Reciprocamente vamos supor que para cada C ⊂ X, convexo, fechado, C 0 contenha no máximo
um elemento. Sejam x, y ∈ Ux , com x 6= y e consideremos o seguinte subconjunto de Ux
K = tx + (1 − t)y; 0 ≤ t ≤ 1 .
onde Ux = x ∈ X; kxk = 1 .
• K é convexo
λz1 + (1 − λ)z2 ∈ K.
Note que,
• K é fechado.
zn = tn x + (1 − tn )y.
Como (tn )n∈N ⊂ [0, 1], é uma sequência limitada, temos que existe uma subsequência, que ainda
denotaremos por (tn ), que converge em [0, 1], ou seja,
tn −→ t em [0, 1].
Afirmamos que
zn −→ tx + (1 − t)y em X.
- 312 -
5.5 Secções
De fato,
zn − tx + (1 − t)y = (tn − t)x + (tn − t)y
≤ (tn − t)kxk + (tn − t)kyk −→ 0, quando n −→ ∞
Da definição vem que K 0 ⊂ K. Por outro lado, lembrando que K ⊂ Ux , temos que
kzk = 1 ∀z ∈ K.
n o
Mas, daı́ vem que |K| = inf kzk; z ∈ K = 1, ou seja, se z ∈ K então z ∈ K 0 , pois ,
kzk = |K| = 1.
Como K 0 , por hipotese, contém no máximo um elento e K 6= ∅, vem que K contém um único
elemento, ou seja , x = y e desta forma, temos uma contradição, Portanto,
n o
tx + (1 − t)y. x 6= y; 0 ≤ t ≤ 1 6⊂ Ux ,
Seja C ⊂ X, convexo, fechado e não vazio. Pelo item (i) temos C 0 6= ∅. Pelo item (ii) temos C 0
contém no maximo um elemento. Com C 0 6= ∅, então C 0 contém um único elemento.
(⇐) Supondo C ⊂ X é convexo, fechado e não vazio e que C 0 contém um único elemento,.
Então, C 0 6= ∅, oelo item (i) X é reflexivo e pelo item (ii), X é estritamente convexo. 2
5.5 Secções
- 313 -
5.5 Secções
Teorema 5.100 Sejam X um espaço de Banach reflexivo, estritamente convexo e liso e A ∈ A(ω) um
operador demifechado tal que
Demonstração: Seja B o operador definido por D(B) = D(A) e Bx = conv Ax, onde conv Ax =
envoltória convexa do conjunto Ax. Da definição do operador B segue que se x ∈ D(A) então Bx 6= ∅.
◦
Note que Bx é convexo e fechado. Pelo teorema 5.98, item iii), resulta que B x = (Bx)◦ possui um único
◦ ◦
elemento, ou seja, existe um único elemento de Bx, B x, tal que k B xk = |Bx|. Assumamos, por um
momento que
◦
B ∈ Ax, ∀x ∈ D(A). (5.5.195)
◦ ◦
Assumindo (5.5.195) verdadeiro, afirmamos que B x é o único elemento de A x. Com efeito, pelo
fato A ⊂ B de (5.5.195) temos que
inf kyk; y ∈ Bx ≤ inf kyk; y ∈ Ax ,
◦
ou seja, |Bx| ≤ |Ax| e como B x = |Bx| segue
◦
B x ≤ |Ax|
◦
. Por outro lado,como estamos assumindo que B x ∈ Ax, resulta que
◦
|Ax| = inf kyk; y ∈ Ax ≤ Bx .
◦ ◦ ◦
Das duas últimas desigualdades vem que |Ax| = B x e, portanto, B x ∈A x.
Contudo,
◦
Ax = y ∈ Ax; kyk = |Ax|
◦
= y ∈ Ax; kyk = Bx
◦
⊂ y ∈ Bx; kyk = Bx
◦
= y ∈ Bx; kyk = |Bx| =B x,
◦ ◦ ◦ ◦
isto é, A x ⊂B x; pois A ⊂ B. Assim, como B x é unitário, temos que A x é, no máximo, unitário. Como
◦ ◦ ◦ ◦ ◦
B x ∈A x, resulta que o único elemento de A x é B x, ou seja, se x ∈ D(A) então A x é unitário. Isto
◦ ◦ ◦
provado, temos que se x ∈ D(A) então A x 6= ∅ e portanto x ∈ D(A), o que prova que D(A) ⊂ D(A).
◦ ◦
Analogamente se x ∈ D(A) temos que A x 6= ∅ e, portanto, o conjunto y ∈ Ax; kyk = |Ax| 6= ∅,
isto é, existe y ∈ Ax tal que kyk = |Ax|, ou seja, Ax 6= ∅ e portanto x ∈ D(A) e fica provado que
◦ ◦
x ∈ D(A) ⊂ D(A). Logo D(A) = D(A).
Resta-nos provar (5.5.195). De fato, seja x ∈ D(A) e y ∈ Ax. Pela acretividade de A + ωI e pelo
fato que F é unı́voco, pois X é liso, temos:
- 314 -
5.5 Secções
X
n X
n
Seja z ∈ conv Ax. Então, existe yi ∈ Ax e λi ≥ 0 tal que λi = 1 onde z = λi yi . Portanto,
i=1 i=1
de 5.5.196, vem que
X
n
F (x − u), z + ωx − (v + ωu) = F (x − u), λi yi + ωx − (v + ωu)
i=1
X
n
= λi F (x − u), yi + ωx − (v + ωu) .
i=1
F (x − u), yi + ωx − (v + ωu) ≥ 0; i = 1, · · · , n,
e, portanto,
F (x − u), z + ωx − (v + ωu) ≥ 0, ∀z ∈ conv Ax e ∀(u, v) ∈ A. (5.5.197)
Do fato que F (x − u) ∈ X ′ temos que a expressão em (5.5.197) permanece válida para todo
z ∈ conv Ax := Bx. Logo,
ou seja, B ∈ A(ω). Como, por hipótese, D(A) ⊂ Im(I +λA), 0 < λ < λ0 , segue pelo item (ii) do Teorema
5.71 que, para todo x ∈ D(A),
kAλ xk ≤ (1 − ωλ)−1 |Ax|, para 0 < λ < λ0 tal que λω < 1. (5.5.198)
1
Notemos que se ω < 0, então 1 − λω > 1 e, portanto, . Se ω ≥ 0 então 1 − λω ≥ 1 − λ0 ω e,
1 − λω
1 1
assim, < . Daı́, e tendo em mente (5.5.198), para cada x ∈ D(A) temos que
1 − λω 1 − λ0 ω
1
kAλ xk ≤ L, ∀λ ∈]0, µ0 [, µ0 = min λ0 , .
ω
Logo, para cada sequência (λk ) ⊂]0, µ0 [ tal que λk −→ 0+ temos que kAλk xk ≤ L. Pela reflexibilidade
de X, existe (λn ) ⊂ (λk ) tal que λn −→ 0+ e Aλn −→ y, para algum y ∈ X. Consideremos, então
(λn ) ⊂]0, µ0 [, λn −→ 0+ e Aλn * y ∈ X. Observando que λn ω < 1, ∀n ∈ N,
temos ainda, pelo item
\
(viii) do Teorema 5.71, que JλAn x −→ x posto que x ∈ D(A) ∩ Dλ . Além disso, conforme
0<λ<µ0
demonstrado na Proposição 5.93, temos que JλAn x, Aλn x ∈ A. Logo,
JλAn x −→ x, Aλn x * y e JλAn , Aλn x ∈ A. (5.5.199)
Afirmamos que:
JλB x = JλA x; ∀x ∈ D(A) e λ ∈]0, µ0 [. (5.5.200)
- 315 -
5.5 Secções
temos que x = x1 + λy1 e x = x2 + λy2 , para (x1 , y1 ) ∈ A e (x2 , y2 ) ∈ B. Logo, JλA x = x1 e JλB x = x2
uma vez que, neste caso, JλA e JλB são unı́vocos. Por outro lado, como A ⊂ B temos que (x1 , y1 ) ∈ B
e daı́ JλB x = x1 = JλA x, o que prova o desejado em (5.5.200). Resulta daı́ que JλBn x = JλAn x. Logo,
Aλn x = Bλn x e, portanto, pela semicontinuidade inferior da norma na topologia fraca de X, temos
◦ ◦
Como, y ∈ Ax ⊂ Bx e kyk ≤ |Bx| temos que kyk = |Bx| e, portanto, y =B x, posto que B x é o
◦
único elemento de Bx com essas caracterı́sticas, donde B x ∈ Ax, o que prova o desejado em (5.5.195) e
encerra a prova. 2
Teorema 5.101 Sejam X e X ′ uniformemente convexos e A ∈ A(ω) um operador fechado tal que
e de A tal que
Então existe uma extensão demifechada A
e ∈ A(ω) e D(A)
(i) A e ⊂ Im(I + λA) ⊂ Im(I + λA),
e 0 < λ < λ0 tal que λω < 1.
◦ ◦
◦ ◦
(ii) D(A) e = D(A) = D(A) e A
e = D(A) e x =A x; ∀x ∈ D(A)
Demonstração:
n o
(i) Sejam F = B : X −→ 2X ; B ∈ A(ω)eD(B) ⊂ D(A) , ordenado pela inclusão e G um subcon-
[
juntos de F totalmente ordenado. Dedina o operadodr T : X −→ 2X por D(T ) = D(B) e
B∈G
[
Tx = {Bx; x ∈ D(B) e B ∈ G} .
Isto prova que T ∈ A(ω) e, portanto, é um limitante superior para G. Pelo lema de Zorn, F possui
um elemento maximal A e ⊃ A.
- 316 -
5.5 Secções
(ii) Vamos provar que A e + ωI é máximo em D(A). Seja B uma extensão acretiva de A
e + ωI
e e
com D(B) ⊂ D(A). Então o operador B := B − ωI é ω-acretivo e satisfaz D(B) = D(B) ⊂ D(A). Se
e então x ∈ D(B),
x ∈ D(A), e pois D(A)e = D(A e + ωI) ⊂ D(B) = D(B).
e Além disto, se y ∈ Ax,
e então
e e e e
y + ωx ∈ (A + ωI)x ⊂ Bx, ou seja, y ∈ (B − ωI)x = Bx. Assim, B ∈ F e estende A. Portanto, Be = A.
e
e temos B = A
Voltando na definição de B e + ωI.
◦
e é demifechado. Consequentemente, D(A)
Pela proposição 5.89, A e = D(A).
e É óbvio que D(A) ⊂
e Provemos a inclusão contrária: Tome x ∈ D(A).
D(A). e O item (i) já provado nos dá D(A)e ⊂ Im(I +λA),
n o
0 < λ < λ0 . Da proposição 5.94, o conjunto kA eλ xk; λ ∈ (0, λ0 ) é limitado. Visto que X é reflexivo,
eλ x * y quando n −→ ∞.
existem {λn } ⊂ (0, λ0 ) e y ∈ X tais que λn −→ 0+ e A n
e temos
Como x ∈ D(A),
e e eλ x) ∈ A.
e
JλAn x −→ x e (JλAn x, A n
(5.5.203)
kyk ≤ eλ xk
lim inf kA n
n→+∞
eλ xk
≤ lim sup kA (5.5.204)
n
n→+∞
e
≤ lim inf (1 − λn ω)−1 |Ax|
n→+∞
◦
e =kA
= |Ax| e xk,
◦
e é unı́voco, pelo teorema 5.56.
pois A
◦
e
Mas y ∈ Ax. Logo k Ae xk = |Ax|
e ≤ kyk. Este fato untamente com (5.5.204) nos diz que
e eλ x → y.
lim kAλn xk = kyk. Como X é uniformemente convexo, então A n
n→∞
e como A ⊂ A
Se x = x1 + λy1 = x2 + λy2 , (x1 , y1 ) ∈ A e (x2 , y2 ) ∈ A, e vem que (x1 , y1 ) ∈ A
e e daı́
e
JλA x = x1 = JλA x.
eλ x = Aλ x e, portanto,
Disto segue que A
e
JλAn x → x e Aλn x → y.
Sendo A um operador fechado, concluı́mos que (x, y) ∈ A. Isto quer dizer que x ∈ D(A), y ∈ Ax
e
e kyk = |Ax|. e = D(A).
Consequentemente, D(A)
◦
e ⊂ D(A). Com efeito, tomemos x ∈ D(A).
Afirmação: D(A) e De acordo com as considerações feitas
e
anteriormente, existe y ∈ X tal que y ∈ Ax e kyk = |Ax|. e temos que
Como Ax ⊂ Ax,
e ≤ |Ax| ≤ kyk,
kyk = |Ax|
- 317 -
5.5 Secções
◦
pois y ∈ Ax, Daı́, kyk = |Ax| e assim, y ∈A x.
◦
É óbvio que D(A) ⊂ D(A). Temos provado então que
◦
e ⊂ D(A) ⊂ D(A) = D(A).
D(A) e
◦ ◦
◦
e x =A x. Sendo A
Para concluir a demonstração, vamos provar que ∀x ∈ D(A), A e unı́voco, é
◦
◦
e
suficiente mostrar que A x ⊂A.
◦
e existe y2 ∈ Ax tal que ky2 k = |Ax|. Mas
Seja y1 ∈A x = y ∈ Ax; kyk = |Ax|. Como x ∈ D(A),
e logo |Ax|
Ax ⊂ Ax, e ≤ |Ax|. Daı́
e ≤ |Ax| ≤ ky2 k.
ky2 k = |Ax|
◦
e
Ora, y1 ∈ Ax e ky1 k = |Ax| = |Ax|. e x.
Portanto y1 ∈A 2
Lema 5.102 Seja X ′ um espaço uniformemente convexo e A ∈ A(ω) tal que A + ωI é máximo em,
◦
C ⊇ D(A). Então, F (A x) possui um único elemento para todo x ∈ D(A).
◦
Demonstração: Pela proposição 5.84, Ax é convexo e fechado. Sendo X reflexivo, temos A x 6= ∅.
◦
Sejam y1 , y2 ∈A x. Então y1 , y2 ∈ Ax e ky1 k = ky2 k = |Ax|. Pelo lema 5.95 (lema de Kato)
ky1 k2 ≤ y2 , F (y1 )
≤ ky2 k kF (y1 )k
= ky2 k ky1 k
= ky2 k2 = ky1 k2
Daı́ vem,
ky2 k2 = y2 , F (y1 ) = ky2 k2 .
Assim, pela definição de F resulta que F (y1 ) ∈ F (y2 ). Como X é liso, vem que F (y1 ) = F (y2 ). 2
Então
◦
(i) existe uma sequência λn ⊂ (0, λ0 ) tal que lim F (Aλn x) = F A x ; ∀x ∈ D(A)
n→∞
(ii) Se, em adição, X for uniformemente convexo, então existe uma sequência λn ⊂ (0, λ0 ) tal que
◦
lim Aλn x =A x; ∀x ∈ D(A).
n→∞
Demonstração:
(i) Tome x ∈ D(A). Como, A ∈ A(ω) e Jλ x, Aλ x ∈ A temos:
y + ωx − Aλ x − ωJλ x, F (x − Jλ x) ≥ 0; ∀y ∈ Ax.
- 318 -
5.5 Secções
Pela Proposição 5.94 vem que Aλ x é limitado, donde F (Aλ x) é limitado. Sendo X ′ reflexivo
existem λn e u′ ∈ X ′ tais que λn −→ 0+ e
F (Aλn x) * u′ . (5.5.206)
donde:
|Ax| ≤ ku′ k. (5.5.208)
ku′ k ≤ lim inf kF (Aλn x)k = lim inf kAλn xk ≤ lim inf(1 − λn ω)−1 |Ax| = |Ax|
n→+∞ n→+∞ n→+∞
o que implica
ku′ k ≤ |Ax|. (5.5.209)
Logo,
|Ax| = ku′ k. (5.5.210)
◦
Novamente, para y ∈A x, temos que
Assim,
kyk2 = ku′ k2 = y, u′ ,
◦ ◦
ou seja, u′ ∈ F (y), ∀y ∈A x. Pelo lema anterior, u′ = F (A x). Como X ′ é uniformemente convexo, a
convergência fraca juntamente com a convergência em norma nos dá a convergência forte em X
◦
F (Aλn ) −→ F (A x), (5.5.211)
- 319 -
5.5 Secções
Definição 5.104 Seja A+ωI m-acretivo. Dizemos que o operador unı́voco A′ ⊂ A é uma secção principal
de A, se D(A′ ) = D(A) e de (x, y) ∈ D(A) × X e
y + ωx − A′ u − ωu, ξ ′ ≥ 0, ∀u ∈ D(A) e ∀ξ ′ ∈ F (x − u)
⇒ (x, y) ∈ A. (isto é, as extensões de A′ com domı́nio contido em D(A) e pertencentes a A(ω) estão
contidas em A).
◦
Prova-se que se X é um espaço de Hilbert e A é m-acretivo, então a secção mı́nima A é uma secção
principal (Veja Brézis- Operateurs maximau monotones et semigroupes de contractions daus les espaces
de Hilbert, North Holland Publishing Co, Amsterdan (1973)). A este respeito voltaremos oportunamente
para provar um resultado mais geral. Para ora, será demonstrado o seguinte resultado auxiliar:
onde θ : [0, +∞) −→ R é limitada em intervalos limitados. Se x ∈ D(A) e y ∈ X são tais que
e = A − y. Então, A
Demonstração: Seja y ∈ X. Ponhamos A e + ωI é m-acretivo (veja Proposição 5.83).
Pondo:
e Ax|)
θ(| e := θ(|Ax|) + kyk,
os operadores AeeA e′ bem como θe satisfazem as condições impostas a A, A′ e θ. Com efeito, note que
e′ e e
D(A ) = D(A), θ é limitada em intervalos limitdos e de 5.5.212; para todo u ∈ D(A) e = D(A) existe
v−y ∈A e u tal que
′
e Au|).
kv − yk ≤ kvk + kyk ≤ θ(|Au|) + kyk = θ(| e
Seja λ > 0 tal que λω < 1. Sendo A + ωI então como visto anteriormente segue que A + ωI é
máximo acretivo em D(A).
Além disso, D(A) ⊂ Im(I + λA), para todo λ > 0 tal que λω < 1. Com efeito,
- 320 -
5.5 Secções
donde
v, F (Aλ x) ≤ λω kAλ xk . ∀v ∈ A′ (Jλ x).
2
(5.5.214)
Por outro lado temos, como provado durante a demonstração da Proposição 5.93, que Aλ x ∈ AJλ x
. Assim, por (ii) do Teorema 5.71 obtemos:
Logo, como Jλ x ∈ D(A′ ) temos por hipótese, que existe vλ ∈ A′ Jλ x tal que
Por (5.5.215) vem que {|A(Jλ x)|}0<λ<λ0 , λ0 ω < 1, é limitado. E como θ leva conjuntos limitados
em cojuntos limitados, obtemos que {kvλ k}0<λ<λ0 , λ0 ω < 1, é limitado.
Daı́ de (5.5.214) e pela Proposição 5.103 (i) vem na situação limite que
◦
hz, F (A x)i ≤ 0. (5.5.216)
Por outro lado como X ′ é uniformemente convexo, segue que X é liso e portanto pelo Teorema
5.88 segue que a norma é diferenciável à Fréchet consequentemente pela Proposição 5.89, obtemos que A
é demifechado e pelo Teorema 5.71 (viii) resulta que Jλn x → x.
Corolário 5.106 Seja X um espaço de Banach, com X ′ uniformemente convexo, D(A) = D(B), A + ωI
◦ ◦ ◦ ◦
e B + ωI m-acretivos e Ax ∩ Bx6= ∅, para todo x ∈ D(A). Então A = B. Se, em particular, A=B então
- 321 -
5.6 Perturbação de Operadores Acretivos
A = B.
Assim S satisfaz as condições do operador A dado na Proposição 5.105. Mais além, de (x, y) ∈ A
vem que
y + ωx − Su − ωu, F (x − u) ≥ 0; ∀u ∈ D(A) = D(B.)
Pela Prospoisção 5.105 resulta que (x, y) ∈ B, isto é, A ⊂ B. Analogamente prova-se que B ⊂ A 2
onde (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) ∈ A e (x1 , z1 ), (x2 , z2 ) ∈ B. Mostraremos que A+B +(ω1 +ω2 )I é acretivo. De fato,
como A + ω1 I e B + ω2 I são acretivos, segue, pelo item (iv) do corolário 5.61, que existe x′ ∈ F (x1 − x2 )
tal que
F (x1 − x2 ), y1 + ω1 x1 − (y2 + ω1 x2 ) ≥ 0
e
F (x1 − x2 ), z1 + ω2 x1 − (z2 + ω2 x2 ) ≥ 0
pois sendo X ′ liso, então F (x1 − x2 ) = x′ .
ou seja
F (x1 − x2 ), y1 + z1 + (ω1 + ω2 )x1 − [y2 + z2 + (ω1 + ω2 )x2 ] ≥ 0
Portanto, pelo corolário 5.61, A + B + (ω1 + ω2 )I é acretivo.
Observação 5.107 Na prática, mais especificamente nas aplicações de EDP, o que realmente nos inte-
ressa é a condição
D(A) ⊂ Im(I + λA); λ ∈]0, λ0 [; λω < 1, A ∈ A(ω).
imposta nas seções anteriores, o que é uma condição mais fraca do que A ser m-acretivo.
- 322 -
5.6 Perturbação de Operadores Acretivos
Demonstração: pelo fato de A + ωI e B serem acretivos e X ser liso, temos que A + B + ωI é acretivo.
Resta-nos mostrar que
Im I + λ(A + B + ωI) = X, (5.6.217)
para algum λ > 0, conforme Proposição 5.78, ou seja, devemos mostrar que dado y ∈ X, existe x ∈ D(A)
tal que
y ∈ I + λ(A + B + ωI) x; para algum λ > 0
Mostrar tal fato é equivalente a mostrar que dado y ∈ X, existe x ∈ D(A) tal que
(y − λBx) ∈ I + λ(A + ωI) x; para algum λ > 0,
ou ainda, pelo fato de JλA+ωI ser unı́voco e definido em todo X (posto que A + ωI é m-acretivo), devemos
mostrar que
Dado y ∈ X, existe x ∈ D(A) tal que
(5.6.218)
A+ωI
Jλ (y − λBx) = x, para algum λ > 0
o que prova (5.6.217). Mostremos que (5.6.218) se cumpre. De fato, seja y ∈ X e definamos a função:
G: X −→ X
1
Afirmamos que G é uma contração para λ = 2L , onde L > 0 é a constante de Lipschitz de B. Com
efeito, sejam x1 , x2 ∈ X. Logo,
Observemos que A + ωI ∈ A(0) e λ · 0 = 0 < 1; ∀λ > 0, temos pelo item (i) do Teorema 5.71 que
JλA+ωI é Lipschitziano com constante (1 − λ · 0)−1 = 1.
Portanto, G é uma contração, assim, possui um único ponto fixo, ou seja, existe um único x ∈ X
tal que G(x) = x, ou ainda,
JλA+ωI (y − λBx) = x,
1
para λ = 2L > 0 e como JλA+ωI : X −→ D(A), segue x ∈ D(A) ficando provado (5.6.218) e consequente-
mente o lema. 2
- 323 -
5.6 Perturbação de Operadores Acretivos
Demonstração: Para cada y ∈ X devemos exibir x ∈ D(B) = X tal que y = (I + λB)x; para algum
λ > 0, ou ainda, para cada y ∈ X deve existir x ∈ X tal que x = y − λBx; para algum λ > 0. Para isso,
basta mostrarmos que a aplicação
G: X −→ X
Temos:
y = (1 + ω)xλ + uλ + Bλ xλ ,
1
onde Bλ := (I − JλB ) é a aproximação de Yoshida de B. Além disso, se D(A) ∩ D(B) 6= ∅; então (xλ )λ
λ
é limitada.
Demonstração: Como B é m-acretivo, temos que B é acretivo, ou seja, B ∈ A(0) e Im(I + λB) =
X; ∀λ > 0. Daı́, λ · 0 = 0 < 1; ∀λ > 0. Portanto, pelo Teorema 5.71(i) temos que JλB é unı́voco; ∀λ > 0
e, desta forma, Bλ é unı́voco; ∀λ > 0. Pelo item (v) do mesmo Teorema, segue que Bλ ∈ A(0), ou seja,
Bλ é acretivo para todo λ > 0. Além disso, pelo mesmo Teorema (item (vi)), Bλ é Lipschitziano com
constante λ−1 [1 + (1 − λ|0|)−1 = λ2 , para todo λ > 0. Agora, pelo fato de
e do exposto acima, concluı́mos que Bλ é unı́voco, Lipschitziano, acretivo e D(Bλ ) = X; ∀λ > 0. Pelo
Lema 5.108, segue que A + Bλ + ωI é m-acretivo, para todo λ > 0. Assim,
Im I + (A + Bλ + ωI) = X; ∀λ > 0. (5.6.220)
Tomemos, então, y ∈ X e λ > 0. Logo, para cada λ > 0, temos em virtude de (5.6.220), a existência
de xλ ∈ D(A) tal que
y ∈ xλ + Axλ + Bxλ + ωxλ ,
ou seja,
y = (1 + ω)xλ + uλ + Bλ xλ , (5.6.221)
para algum uλ ∈ Axλ . Resta-nos mostrar que se D(A) ∩ D(B) 6= ∅ então (xλ ) é limitada. De fato, tome
x0 ∈ D(A) ∩ D(B) e consideremos y ∈ X e λ > 0. Então, de (5.6.221) existe xλ ∈ D(A) tal que
y ∈ (1 + ω)xλ + Axλ + Bλ xλ .
Seja, ainda
yλ ∈ (1 + ω)x0 + Ax0 + Bλ x0 .
- 324 -
5.6 Perturbação de Operadores Acretivos
então,
yλ − x0 ∈ (A + Bλ + ωI)x0
y − xλ ∈ (A + Bλ + ωI)xλ
Pela acretividade de (A + Bλ + ωI) e pelo fato de X ser liso (e portanto F é unı́voco) temos pelo
Corolário 5.61 que
F (xλ − x0 ), y − xλ − (yλ − x0 ) ≥ 0,
ou seja,
F (xλ − x0 ), y − yλ − F (xλ − x0 ), xλ − x0 ≥ 0
Mas,
2
F (xλ − x0 ), xλ − x0 = kxλ − x0 k ,
e assim,
2
kxλ − x0 k ≤ F (xλ − x0 ), y − yλ
≤ kF (xλ − x0 )k ky − yλ k = kxλ − x0 k ky − yλ k . (5.6.222)
Notemos que:
kxλ − x0 k ≤ ky − yλ k ,
ou ainda,
kxλ k ≤ kx0 k + kyk + kyλ k. (5.6.223)
yλ = (1 − ω)x0 + u0 + Bλ x0 , (5.6.224)
para algum u0 ∈ Ax0 . Por outro lado, como B ∈ A(0) temos pelo Teorema 5.71 item (ii) que
kxλ k ≤ k; ∀λ > 0 se xλ 6= x0 .
Portanto,
kxλ k ≤ M, ∀λ > 0,
onde M = max kx0 k, k , o que conclui a prova. 2
Proposição 5.111 Sejam X ′ uniformemente convexo, A+ωI e B operadores m-acretivos tais que D(A)∩
- 325 -
5.6 Perturbação de Operadores Acretivos
D(B) 6= ∅. Suponhamos que, para cada y ∈ X e λ > 0, existe xλ ∈ D(A) tal que
Além disso, suponhamos que Bλ xλ seja limitado para algum intervalo ]0, λ0 [. Então, para cada
y ∈ X, existe um único x ∈ D(A) ∩ D(B) tal que xλ → x quando λ → 0+ e
y ∈ (1 + ω)x + Ax + Bx.
y = (1 + ω)xλ + Axλ + Bλ xλ
y = (1 + ω)xµ + Axµ + Bµ xµ
ou seja,
(JλB xλ , Bλ xλ ), (JµB xµ , Bµ xµ ) ∈ B.
hF (JλB xλ − JµB xµ ), Bλ xλ − Bµ xµ i ≥ 0,
ou ainda,
h−F (JλB xλ − JµB xµ ), Bλ xλ − Bµ xµ i ≤ 0. (5.6.230)
Somando (5.6.229) e (5.6.230) obtemos
- 326 -
5.6 Perturbação de Operadores Acretivos
ou ainda,
Mas por hipótese, temos que Bλ xλ é limitado em algum intervalo ]0, λ0 [ e portanto existe k > 0 tal que
Temos:
Além disso, como D(A) ∩ D(B) 6= ∅, pela proposição 5.110, xλ é limitada. Isto é, existe M > 0 tal que
kxλ k < M2 para todo λ > 0. Daı́
xλ −→ x em X. (5.6.236)
Resta-nos mostrar que x ∈ D(A) ∩ D(B) e além disso, que y ∈ (1 + ω)x + Ax + Bx. Com efeito,
- 327 -
5.6 Perturbação de Operadores Acretivos
Das limitações de Bλ xλ e xλ , 0 < λ < λ0 , temos de (5.6.237) que uλ é limitado em ]0, λ0 [. Agora pelo
fato de X ser reflexivo existe (λn ) ⊂]0, λ0 [, λn → 0+ tal que uλn * u, para algum u ∈ X.
No inı́cio da seção 5.4 (Operadores Máximo Acretivos e m-Acretivos) provamos que se um operador
A é m-acretivo, então ele é máximo acretivo em C ⊃ D(A). Em particular, A é máximo acretivo em
D(A). Portanto, como por hipótese, A + ωI e B são m-acretivos resulta que A + ωI é máximo acretivo
em D(A) e B é máximo acretivo em D(B). Então, pelo teorema 5.91, a norma de X é diferenciável a
Fréchet. Juntando isso a proposição 5.89 segue que A e B são demifechados. Do fato que (xλn , uλn ) ∈ A,
xλn → x e uλn * u segue que (x, u) ∈ A, isto é, x ∈ D(A) e u ∈ Ax.
Portanto,
Bλn xλn * v, v = y − (1 + ω)x − u. (5.6.238)
Vamos mostrar que x ∈ D(B) e v ∈ Bx. De fato, note que
Sendo B demifechado resulta de (5.6.238), (5.6.239) e (5.6.240) que (x, v) ∈ B, ou seja, x ∈ D(B) e
v ∈ Bx. Consequentemente, x ∈ D(A) ∩ D(B) e
y = (1 + ω)x + u + v
y ∈ (1 + ω)x + Ax + Bx.
Resta-nos mostrar que a solução é única. De fato, suponhamos que existem x1 , x2 ∈ D(A) ∩ D(B)
tais que
y ∈ [(1 + ω)I + A + B]x1 = [I + (A + B + ωI)]x1
y ∈ [(1 + ω)I + A + B]x2 = [I + (A + B + ωI)]x2
isto é, x1 ∈ J1ωI+A+B y e x2 ∈ J1ωI+A+B y. Como X é liso, A + ωI e B são acretivos, então A + B + ωI é
acretivo. Pela proposição 5.67, i), JλA+B+ωI é unı́voco para todo λ > 0. Em particular para λ = 1. Logo
x1 = x2 . 2
i) D(A) ⊂ D(B)
- 328 -
5.6 Perturbação de Operadores Acretivos
ii) Para todo r > 0, existem constantes K(r) e C(r) com K(r) < 1 tais que
Então, A + B + ωI é m-acretivo.
Demonstração: De acordo com a proposição 5.110 temos, para todo y ∈ X e para todo λ > 0 a
existência de xλ ∈ D(A) tal que
Além disso, por hipótese, D(A) ∩ D(B) = D(A) 6= ∅ e pela mesma proposição temos que (xλ )λ>0 é
limitada e portanto existe r > 0 tal que
Como B ∈ A(0) então λ.0 < 1 para todo λ > 0. Além disso, xλ ∈ D(A) ⊂ D(B) e xλ ∈ D(Bλ ) = DλB ,
isto é, xλ ∈ D(B) ∩ DλB . Pelo teorema 5.71, ii),
1 1
kBλ xλ k = (I − Jλ ) xλ ≤ λ(1 − λ.0)−1 |Bxλ | = |Bxλ |
λ λ
e desta forma
|Axλ | ≤ kuλ k ≤ kyk + |1 + ω| kxλ k + |Bxλ | . (5.6.244)
Resulta de (5.6.241), (5.6.243) e (5.6.244) que
ou seja,
(1 − K(r)) |Axλ | ≤ kyk + r|1 + ω| + C(r), ∀λ > 0,
o que implica que |Axλ | é limitado para todo λ > 0, uma vez que (1 − K(r)) > 0. Por(5.6.241) pela
limitação de |Axλ | segue que |Bxλ | também é limitada para todo λ > 0. Como
segue que kBλ xλ k é limitado para todo λ > 0. Portanto, pela proposição 5.111 temos, para cada y ∈ X,
que existe um único x ∈ D(A) tal que
u ∈ (1 + ω)x + Ax + Bx = [I + (A + B + ωI)] x,
ou seja,
Im [I + (A + B + ωI)] = X.
Além disso, como X é liso (pois é uniformemente convexo) e A + ωI e B são acretivos vem que A + B + ωI
é m-acretivo. 2
- 329 -
5.6 Perturbação de Operadores Acretivos
Então, A + B + ωI é m-acretivo.
Além disto, existe C > 0 tal que kxλ k ≤ C e Bλ é unı́voco. Pela proposição 5.111, basta provar que
Bλ xλ é limitada. Temos
Daı́,
ou ainda,
αt2 − βt − γ ≤ 0, (5.6.247)
em que
α := (1 − b) > 0
β := ky − xλ k
γ := ψ(kxλ k)
t := kBλ xλ k.
Portanto, p p
β− β 2 + 4αγ β+ β 2 + 4αγ
≤t≤ ,
2α 2α
donde p √ √
β+ β 2 + 4αγ β + β + 2 αγ β + αγ
t≤ ≤ = .
2α 2α α
Daı́
1
(1 − b)kBλ xλ k ≤ ky − xλ k + [(1 − b)ψ(kxλ k)] 2 , ∀λ > 0. (5.6.248)
Como ψ é não-decrescente e kxλ k ≤ C, ∀λ > 0, vem que
1 h p i
kBλ xλ k ≤ kyk + C + (1 − b)ψ(C) .
1−b
2
então A + B + ωI é m-acretivo.
- 330 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Sendo B acretivo, temos JλB unı́voco e lipschitziano com constante 1, ∀λ > 0. Consequentemente,
Bλ é unı́voco. Daı́, para todo λ > 0,
1 1
Bλ = I − (I + λB)−1 = (I + λB)(I + λB)−1 − (I + λB)−1
λ λ (5.6.249)
1
= [(I + λB) − I] (I + λB)−1 = BJλB .
λ
Se x ∈ X, então JλB x ∈ D(B) ⊂ D(A). Em particular se x ∈ D(A) e v ∈ A(JλB x), temos para todo
u ∈ Ax
Como A + ωI é acretivo e X é liso, a primeira parcela do lado direito de (5.6.250) é não-negativa, donde
Sendo B um operador linear, temos que JλB é também linear. Da acretividade de B, vem que
- 331 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Definição 5.116 Um operador linear ilimitado em X é um par (D, A), onde D é um subespaço vetorial
de X e A é uma aplicação linear D → X. Se sup{kAxk; x ∈ D, kxk ≤} < ∞, A é limitado. Se
sup{kAx; x ∈ D, kxk ≤ 1} = ∞, A é não limitado.
Observação 5.117 Segue do Teorema de Hahn-Banach que A é limitado se, e somente se, existe um
subespaço vetorial fechado Y de X tal que D ⊂ Y e um operador Ā ∈ L(Y, X) tal que Ax = Āx, para
todo x ∈ D.
Definição 5.118 Seja (D, A) um operador linear ilimitado em X. O domı́nio D(A) de A é o conjunto
D(A) = D,
Observação 5.119 O par (A, D) é frequentemente chamado “o operador A com domı́nio D(A) = D”
ou somente “o operador A.” Contudo, devemos notar que um operador não está somente definido com
valor Ax, mas sim em seu domı́nio. Em outras palavras, quando definimos um operador é absolutamente
necessário definir o domı́nio. Em particular, a mesma fórmula pode definir vários operadores, dependendo
de qual é o domı́nio. Por exemplo, se X = L2 (Rn ). Seja A1 definido por D(A1 ) = X e A1 u = u
para todo u ∈ X (A1 é a identidade em X) e seja A2 definido por D(A2 ) = {u ∈ H 1 (Rn ); u(x) =
0, para quase todo x; |x| ≥ 1} e A2 u = u, para todo u ∈ D(A2 ). Ambos A1 e A2 são definidos pela mesma
fórmula, mas A1 e A2 tem propriedades diferentes. Como exemplo, temos que o domı́nio de A1 é denso
em X, contudo o domı́nio de A2 não é.
Observação 5.120 Quando não há risco de confusão, um operador linear ilimitado em X é chamado
um operador linear em X ou um operador em X.
Lema 5.122 Se A é um operador m-acretivo em X, então para cada λ > 0 e cada f ∈ X, existe uma
única solução x ∈ D(A) da equação
x + λAx = f.
- 332 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Corolário 5.124 Seja A um operador m-acretivo em X. Para cada x ∈ D(A) seja kxkD(A) = kxk+kAxk
e |kxk|D(A) = kx + Axk. Então
i) k kD(A) k é uma norma em D(A), e (D(A), k kD(A) ) é um espaço de Banach k.kD(A) é chamada norma
do gráfico;
ii) D(A) ,→ X;
iii) A restrição de A para D(A) é contı́nua D(A) → X e kAkL(D(A),X) < 1;
iv) |k k|D(A) é uma norma equivalente em D(A);
v) J1 é um isomorfismo de X em D(A).
Demonstração: É claro que k kD(A) é uma norma em D(A). Além disso, a aplicação,
D(A) → X × X
g : x 7→ (x, Ax)
satisfaz kg(x)kX×X = kxkD(A) . Como g(D(A)) = G(A), no qual é fechado pela Proposição (5.80) segue
que (D(A), k kD(A) ) é um espaço de Banach. De fato, seja {xn }n∈N uma sequência de Cauchy em
(D(A); k kD(A) onde k kD(A) = kxk + kAxk. Então
Entretanto, como (xn , Axn ) ∈ G(A) e G(A) é fechado, vem que (x, y) ∈ G(A), ou seja, y = Ax.
Assim, xn → x em (D(A); k kD(A) ). Isto prova (i).
O item (ii) segue da desigualdade kxk ≤ kxkD(A) , enquanto (iii) segue da desigualdade kAxk ≤
kxkD(A) . Além disso,
De fato,
uma vez que A é acretivo, daı́ segue (iv). Finalmente, temos Im(J1 ) = D(A) pelo Lema (5.122), e
é imediato que |kJ1 xk| = kxk, para todo x ∈ X, pois, |kJ1 xk| = kJ1 x + Axk = kJ1 (I + A)−1 xk = kxk, e
assim, J1 é uma isometria de X em D(A) munido com a norma equivalente |k k|D(A) . O que completa a
prova. 2
Observação 5.125 Na sequência, vamos considerar D(A) como um espaço de Banach (D(A), k.kD(A) ).
- 333 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
(i) kJ1 xkD(A) , define uma norma em X, na qual é equivalente a norma original k.k;
Demonstração: Segue do corolário (5.124) item (iv) que |||J1 x|||D(A) = kxk. Logo segue (i). Dado λ > 0
e x ∈ X, temos λAJλ x = x − Jλ x, e assim,
1 2
kJλ xkD(A) = kJλ xk + kx − Jλ xk ≤ 1 + kxk.
λ λ
Definição 5.127 Seja A um operador em X, e seja Jλ como já definido anteriormente. Para cada x ∈ X
e λ > 0, definimos Aλ x ∈ X por Aλ x = AJλ x. Aλ é chamada a aproximação de Yosida de A.
Lema 5.128 Seja A um operador em X e seja Aλ como acima. As seguintes propriedades valem
x − Jλ x
(i) Aλ x = , para cada x ∈ X;
λ
2
(ii) Aλ ∈ L(X) e kAλ kL(X) ≤ , para todo λ > 0;
λ
(iv) (Jλ )|D(A) ∈ L(D(A)) e k(Jλ )|D(A) kL(D(A)) ≤ 1, para cada λ > 0.
(v) Aλ é m-acretivo.
Demonstração: (i) Seja x ∈ X e z = Jλ x. Temos que z + λAz = x e assim λAλ x = λAz = x − z o que
prova (i), e segue imediatamente (ii). De fato,
x − Jλ
= sup
x∈X;∥x∥≤1 λ
x Jλ x
≤ sup + sup
x∈X;∥x∥≤1 λ x∈X;∥x∥≤1 λ
1 1
≤ + kJλ k
λ λ
2
≤ .
λ
z + λAz = x.
Az + λA(Az) = Ax.
- 334 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
w + λAw = Ax,
e assim, (w − Az) + λ(w − Az) = 0. Como A é acretivo, segue que w = Az, o que prova (iii).
Observação 5.130 Se X é um espaço de Hilbert, então não podemos provar a estimativa em (ii). Neste
caso, temos kAλ kL(X) ≤ λ1 . De fato, dada x ∈ X, seja f = Jλ x, assim, f + λAf = x. Tomando o produto
interno com Af, obtemos
(f, Af ) + λ(Af, Af ) = (x, Af ) ≤ kxkkAf k,
λkAf k2 ≤ kxkkAf k.
Se kAf k 6= 0, temos
1
kAf k ≤ kxk
λ
1
kAJλ xk ≤ kxk
λ
1
kAλ xk ≤ kxk
λ
1
kAλ kL(X) ≤ .
λ
O propósito da próxima Proposição é mostar que Jλ uma boa aproximação da identidade, e que o
operador (limitado) Aλ é uma aproximação do operador ilimitado A, quando λ → 0+ .
Proposição 5.131 Sejam X e Y espaços de Banach, seja E um subconjunto de X, e seja (Aλ )λ∈(−1,1)
uma famı́lia limitada em L(X, Y ). Se lim Aλ x = 0, para todo x ∈ E, então lim Aλ x = 0, para todo
λ→0 λ→0
x ∈ E.
Demonstração: Seja x ∈ E e seja (xn )n∈N ⊂ E uma sequência que converge para x quando n → ∞.
Então existe C < ∞ tal que para todo n ∈ N,
Dado, > 0, temos que Ckx − xn0 k ≤ para n0 suficientemente grande. Então para λ suficiente-
2
mente pequeno, temos que kAλ xn0 k ≤ . Daı́, segue o resultado. 2
2
- 335 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Demonstração: (i) Seja x ∈ D(A). Temos que Jλ x − x = −λAλ x e assim (i) segue do lema (5.128)
item (iii).
(ii) Temos que kJλ −IkL(X) ≤ kJλ +kIk ≤ 2. Além disso, seja x ∈ D(A), temos por (i) kJλ x−xk ≤ λkAxk.
Fazendo λ → 0, segue que kJλ x−xk → 0. Daı́, como D(A) é denso em X, (ii) segue da proposição (5.131).
(iii) Dado x ∈ D(A), segue de (ii) que Jλ Ax − Ax → 0, quando λ → 0+ em X. Assim, segue (iii), uma
vez que Jλ Ax = Aλ x, pelo lema (5.128).
Observação 5.133 A propriedade (i) vale também se D(A) não é denso. Portanto, se A é um operador
m-acretivo, então Jλ x → x quando λ → 0, para cada x ∈ D(A), consequentemente, para cada x ∈ D(A).
Finalmente, a proposição seguinte nos da uma pequena e usual caracterização dos operadores
m-acretivos.
(i) A é m-acretivo,
(ii) Existe λ0 > 0 tal que para todo f ∈ X, existe uma solução x ∈ D(A) da equação x + λ0 Ax = f.
Observação 5.135 Seja A um operador acretivo em X. Para verificar que A é m-acretivo, temos o
princı́pio de resolver a equação x + λAx = f para todo f ∈ X e todo λ > 0. A proposição (5.134)
significa, que na realidade, basta resolver a equação para todo f ∈ X e algum λ > 0.
(x − y) + B(x − y) = 0.
Portanto, y = x, uma vez que B é acretivo. Segue que (x, f ) ∈ G(A). Logo, A = B.
- 336 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
(i) A é acretivo,
(ii) para todo x ∈ D(A) existe x′ ∈ F (x) tal que < x′ , Ax >≥ 0.
Lema 5.139 Seja A um operador m-acretivo em X. Então hx′ , Axi ≥ 0, para todo x ∈ D(A) e todo
x′ ∈ F (x).
Pelo Lema 5.128 temos hx′ , Aλ xi ≥ 0. E, pelo item (iii) da Proposição 5.132, fazendo λ → 0+ temos que
hx′ , Axi ≥ 0 para todo x ∈ D(A). 2
Corolário 5.140 Sejam A e B operadores em X. Defina o operador A+B por D(A+B) = D(A)∩D(B)
e (A + B)x = Ax + Bx. Se A é m-acretivo e B é acretivo então A + B é acretivo.
Como B é acretivo, pelo Lema 5.138, para todo x ∈ D(B) existe x′ ∈ F (x) tal que hx′ , Bxi ≥ 0. Seja
x ∈ D(A + B) = D(A) ∩ D(B). Então, x ∈ D(A) e x ∈ D(B). Assim, existe x′ ∈ F (x) tal que
Nesta seção, vamos mostrar que dado um operador m-acretivo, com domı́nio denso, podemos
restringir o domı́nio a um espaço menor ou estender a um espaço maior de tal forma que o operador
restrito ou estendido é m-acretivo.
- 337 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Teorema 5.141 Seja A um operador m-acretivo em X com domı́nio denso e seja X1 o espaço de Banach
(D(A), k.kD(A) ). O operador A(1) em X1 definido por
D(A(1) ) = {x ∈ X1 ; Ax ∈ X1 }
A(1) x = Ax, ∀x ∈ D(A(1) )
Demonstração: Sejam x ∈ D(A(1) ), f ∈ X1 e λ > 0 tal que x + λA(1) x = f . Temos, em particular, que
x + λAx = f. (5.7.255)
Como x ∈ D(A(1) ) então Ax ∈ X1 , logo Ax ∈ D(A). Temos de 5.7.255 que
Como A é acretivo, segue de 5.7.255 e 5.7.256 que kxk ≤ kf k e kAxk ≤ kAf k. Assim,
Considere x ∈ X1 e seja xλ = Jλ x. Podemos verificar, como acima, que xλ ∈ D(A(1) ). Além disso,
pelo item (iv) da Proposição 5.132,
xλ → x quando λ → 0+ em X1 .
(i) Foi visto no Teorema 5.141 que o operador A(1) : X1 → X1 com X1 = (D(A), k.kD(A) ) espaço de
Banach, definido por
D(A(1) ) = {x ∈ X1 ; Ax ∈ X1 }
A(1) x = Ax, ∀x ∈ D(A(1) )
é m-acretivo em X2 e D(A(2) ) = X2 .
Aplicando o Teorema 5.141 sucessivamente, considerando Xn+1 = (D(A(n) ), k.kD(A(n) ) ) que tam-
bém é espaço de Banach, o operador A(n+1) , definido por
D(A(n+1) ) = {x ∈ Xn+1 ; A(n) x ∈ Xn+1 }
A(n+1) x = A(n) x, ∀x ∈ D(A(n+1) )
- 338 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Sobre a norma k.kD(A(n) ) temos que k.kD(A) é definida por kxkD(A) = kxk+kAxk. Assim, k.kD(A(1) )
é dada por
kxkD(A(1) ) = kxkD(A) + kAxkD(A) = kxk + kAxk + kAxk + kA2 xk.
Vale que kxkD(A(1) ) ≈ kxk + kAxk + kA2 xk. De fato,
e,
kxk + kAxk + kA2 xk ≤ kxk + 2kAxk + kA2 xk = kxkD(A(1) ) .
Analogamente, obtemos
X
n
kxkD(A(n) ) ≈ kxk + kAxk + kA2 xk + . . . + kAn xk = kAj xk.
j=0
Note que
X1 = (D(A), k.kD(A) ) ⊂ X, X2 = (D(A(1) ), k.kD(A1 ) ) ⊂ X1 ⊂ X, . . . ,
Xn+1 = (D(An ), k.kD(An ) ) ⊂ Xn ⊂ . . . ⊂ X2 ⊂ X1 ⊂ X = X0 .
Além disso,
Como A(n) é m-acretivo, para todo n ∈ N, pelo Corolário 5.124, temos uma famı́lia (Xn )n∈N de
espaços de Banach tal que
. . . ,→ Xn+1 ,→ Xn ,→ . . . ,→ X2 ,→ X1 ,→ X0 = X.
≥ sup kAxkX
∥x∥≤1, x∈D(A(1) )
(ii) Segue do Corolário 5.126 que X1 = J1 (X) e que kJ1 xkX1 ≈ kxk. Por iteração, obtemos Xn =
J1n (X), para todo inteiro não negativo n, e kJ1n xkXn ≈ kxk.
- 339 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Os espaços Xn definidos na observação (5.142) coincidem com D(An ) com normas equivalentes se
Xn
D(An ) estiver munido com a norma kxkD(An ) = kAj xk.
j=0
De fato, temos que Xn = (D(A(n−1) ); k.kD(A(n−1) ) ) e kxkXn = kxkD(A(n−1) ) ' kxk+kAxk+· · ·+kAn xk =
kxkD(An ) .
Vamos mostrar por indução que D(A(n−1) ) = D(An ) para todo n ≥ 2.
Para n = 2, temos D(A1 ) = {x ∈ X1 ; Ax ∈ X1 }, onde X1 = {D(A), k · kD(A) }. Assim, x ∈ D(A1 ) ⇔
x, Ax ∈ X1 ⇔ x, Ax ∈ D(A) ⇔ x, Ax ∈ D(A2 ). Logo, D(A1 ) = D(A2 ).
Suponha que para algum r ∈ N, r ≥ 2, D(Ar−1 ) = D(Ar ). Vamos provar que vale para r + 1, isto é,
D(Ar ) = D(Ar+1 ). Observe primeiramente que
Dessa forma, dado x ∈ D(Ar ), então x ∈ D(Ar−1 ) = D(Ar ) da hipótese de indução. Logo, x ∈ D(Ar )
e, então Ar−1 x ∈ D(A) daı́, por (6.3.60) Ax ∈ D(Ar−1 ). Assim, Ar−1 (Ax) = Ar x ∈ D(A). Portanto,
x ∈ D(Ar+1 ).
Seja agora x ∈ D(Ar+1 ), (queremos x ∈ D(Ar ), isto é, x ∈ D(Ar−1 ) e Ar−1 x ∈ D(Ar−1 ).) Como
x ∈ D(Ar+1 ), então x ∈ D(Ar ) = D(Ar−1 ) da hipótese de indução. Logo, x ∈ D(Ar−1 ). Por outro
lado, de x ∈ D(Ar+1 ) segue também que Ar x ∈ D(A) donde por (6.3.60) Ax ∈ D(Ar ) = D(Ar−1 )
da hipótese de indução. Assim, Ax ∈ D(Ar−1 ) = Xr e pela Observação (5.142), (a saber, Ar x = Ax
para todo x ∈ Xr+1 ) segue que Ar−1 x = Ax para todo x ∈ Xr = D(Ar−1 ). Como x ∈ D(Ar−1 ), então
Ar−1 x = Ax ∈ D(Ar−1 ). Dessa forma, x ∈ D(Ar ).
Portanto, D(An+1 ) = D(An ), para todo n ∈ N, n ≥ 2, provando o que querı́amos.
Teorema 5.144 Se A é um operador m-acretivo em X com domı́nio denso, então existe um espaço de
Banach X−1 e um operador A(−1) em X1 tal que:
(v) Para todo x ∈ D(A) tem-se A(−1) x = Ax. Além disso, X−1 e A(−1) satisfazendo (i) ao (iv) são
únicos.
Demonstração: Definindo |||x||| = kJ1 xk para todo x ∈ X, então ||| · ||| é uma norma em X. Dessa
forma, sendo (X, ||| · |||) um espaço normado, existe um único espaço de Banach (X−1 , k · kX−1 ) tal que
a imersão X ,→ X−1 é densa, provando (i). Ver [58], pag 69.
Além disso, como |||x||| = kxkX−1 , segue que kxkX−1 = kJ1 xk para todo x ∈ X, provando (ii).
Note também que
AJ1 x = x − J1 x para todo x ∈ X.
- 340 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
e daı́
|||Ax||| = kJ1 Axk = kx − J1 xk ≤ kxk + kJ1 xk ≤ 2kxk para todo x ∈ D(A).
Portanto, |||Ax||| ≤ 2kxk para todo x ∈ D(A), assim A é limitado e como A é linear, existe um único
operador A ∈ L(X, X−1 ) tal que Ax = Ax para todo x ∈ D(A)
v + λAv = J1 (x + λAx)
E como D(A) = X e A é contı́nuo, temos que |||x + λAx||| ≥ |||x||| para todo x ∈ X. Portanto, A(−1) é
acretivo.
Considere agora f ∈ X−1 e seja fn ⊂ X tal que fn → f quando n → ∞. Seja xn = J1 fn , então xn é uma
sequência de Cauchy. De fato, usando o fato de que J1 é linear, temos kxn − xm k = kJ1 fn − J1 fm k =
kJ1 (fn − fm )k → 0 pois fn e de Cauchy, já que é convergente. Dessa forma, sendo X um espaço de
Banach, (xn ) é convergente, seja x seu limite. Temos fn = xn + Axn = xn + Axn . Fazendo n → ∞, segue
que f = x + Ax = x + A(−1) x. Daı́, pela Proposição (5.134), temos que A(−1) é m-acretivo em X−1 ,
provando (iii).
Pela definição do operador A(−1) , temos que D(A(−1) ) = X. Além disso, as normas k · kX−1 e k · k são
equivalentes. De fato, note que temos kxkX−1 = kJ1 xk ≤ kxk para todo x ∈ X. Por outro lado, temos
para todo x ∈ D(A)
kxk = kAJ1 x + J1 xk
≤ kAkL(X,X−1 ) kJ1 xk + kJ1 xk
≤ ckJ1 xk + kJ1 xk
= ckxkX−1 + kxkX−1
= dkxkX−1
onde c e d são constantes positivas. Como D(A) = X segue que kxk ≤ dkxkX−1 para todo x ∈ X. Logo,
kxkX−1 ≤ kxk ≤ dkxkX−1 , provando (iv).
Da definição do operador A(−1) , temos A(−1) = Ax para todo x ∈ X. Como Ax = Ax para todo x ∈ D(A),
temos o desejado. Finalmente da unicidade do operador A segue a unicidade do operador A(−1) . 2
Observação 5.145 Observe que nas condições do Teorema (5.144), temos que A(−1) é um operador m-
acretivo em X−1 , onde X−1 é um espaço de Banach e D(A(−1) ) = X−1 , pois D(A(−1) ) = X e X = X−1 .
Logo, aplicando este teorema para o operador A(−1) , existe um espaço de Banach (X−2 ; k · kX−2 ) e um
operador A(−2) que é m-acretivo em X−2 e D(A(−2) ) = X−2 . Seguindo este raciocı́nio e aplicando este
teorema sucessivamente, construı́mos uma famı́lia de operadores (A(−n) )n∈N tal que A(−n) é m-acretivo
em Xn com domı́nio em X−n+1 e A(−n) x = Ax para todo x ∈ D(A).
- 341 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Além disso, podemos construir uma famı́lia (X−n ) de espaços de Banach tal que
todos com imersão densa. Analogamente ao que foi feito na Observação (5.142), provamos que se A é
limitado então X−n = X para todo n ∈ N. E se A não é limitado, a famı́lia (X−n )n∈N é estritamente
decrescente. Aplicando a Observação (5.142), obtemos a famı́lia
todos imersos de maneira densa e obtemos a famı́lia de operadores (A(n) )n∈Z de operadores tal que A(n)
é m-acretivo em Xn com domı́nio Xn+1 e A(n) x = A(j) x para todo j ∈ Xn ∩ Xj .
(i) Note que a restrição e a extrapolação comutam, isto é, A(−n) (A(n) x) = A(n) (A(−n) x). Em particular,
(X1 )−1 = (X−1 )1 = X e (A(1) )(−1) = A(−1) (A(1) ) = A.
(ii) Note também que X−n é o completamento de X para a norma kJλn xk. Em particular, Jλn pode ser
estendido por continuidade a um isomorfismo de X−n em X. Temos que para todo x ∈ D(A(−n) ) =
X−n+1 , A−n x é o limite em X−n de A(Jλn x) e que Jλn x ∈ D(A).
Corolário 5.147 Com a notação do Teorema (5.144), se x ∈ X é tal que A(−1) ∈ X, então x ∈ D(A).
Lema 5.150 Sejam X ,→ Y espaços de Banach, (xn )n∈N ⊂ X uma sequência limitada em X tal que
xn * y, quando n → ∞, para algum y ∈ Y. Se X é reflexivo, então y ∈ X e xn * y em X quando
n → ∞.
- 342 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Nesta seção, assumimos que H é um espaço de Hilbert e denotamos por (, ) seu produto interno.
(i) A é acretivo;
(ii) (Ax, x) ≥ 0, para todo x ∈ D(A).
Demonstração: Como H é Hilbert, da Observação (5.62), temos A é acretivo se, e somente se, A é
monótono. Agora, segue da observação abaixo da Definição 5.2 que A é monótono se, e somente se, A é
positivo.(Visto que, nesta seção, estamos considerando A linear e unı́voco.) 2
⊥
Demonstração: Seja z ∈ D(A) e escreva J1 z = x ∈ D(A), logo
Como J1 é bijeção, temos que existe um único y ∈ H tal que J1 y = 0, mas J1 é linear, assim,
J1 0 = 0, portanto, y = 0. O que nos leva a concluir que z = 0 e, portanto, D(A) = H. 2
Observação 5.153 Os espaços Hn , definidos anteriormente, são espaços de Hilbert com o produto in-
terno:
(x, y)Hn = (x, y)H + (Ax, Ay)H1 + . . . + (An−1 x, An−1 y)Hn−1 .
No caso dos espaços H−n , o produto interno é dado por:
Antes de prosseguirmos recordemos que dado um operador linear A : D(A) ⊂ X → X, com X Banach,
definindo-se
D(A∗ ) = {u∗ ∈ X ′ ; existe v ∗ ∈ X ′ que verifica hu∗ , Aui = hv ∗ , ui , para todo u ∈ D(A)},
é bem sabido que se D(A) é denso em X, então, o v ∗ que corresponde ao u∗ é único, o que nos permite
defninir o operador adjunto A∗ pondo-se:
A∗ : D(A∗ ) ⊂ X ′ → X ′
u∗ 7→ A∗ u∗ = v ∗ .
- 343 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
(A + I)∗ = A∗ + I,
(i) D(A) = X.
(ii) A é contı́nuo.
(5.7.259)
(iii) D(A∗ ) = X ′ .
(iv) A∗ é contı́nuo.
(i) A∗ é m-Acretivo;
1
(A∗ x, Jλ x) = (x, AJλ x) = (x, Aλ x) = (kxk2 − (x, Jλ x)) ≥ 0,
λ
1
(kxk2 − (x, Jλ x)) ≥ kxk2 − (x, Jλ x),
λ
ou seja,
(A∗ x, Jλ x) ≥ kxk2 − (x, Jλ x),
quando λ → 0+ , temos Jλ x → x e, portanto,
(A∗ x, Jλ x) −→ (A∗ x, x)
- 344 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
e
kxk2 − (x, Jλ x) −→ kxk2 − kxk2 = 0
donde segue que
(A∗ x, x) ≥ 0
e do Lema (5.151) temos que A∗ é acretivo.
Para mostrar a m-acretividade, consideremos λ > 0 e Lλ = ((I + λA)−1 )∗ ∈ L(H), observe que
Lλ ∈ L(H), pelo exposto em (5.7.259).
1
(x, Ay) = [(x, y + λAy) − (x, y)]
λ
1
= [(Lλ z, (I + λA)y) − (x, y)]
λ
1
= [(z, (I + λA)−1 (I + λA)y) − (x, y)]
λ
1
= [(z, y) − (x, y)]
λ
1
= [(z − x, y)].
λ
Assim, x, z−x
λ ∈ G(A∗ ), portanto, x ∈ D(A∗ ) e
z−x
A∗ x = ⇒ z = (I + λA∗ )x,
λ
ou seja, A∗ é m-acretivo. Provando (i). Ainda, temos
X∞
∗ (−t(A∗ )λ )n
e−t(A )λ
=
n=0
n!
Xk
(−t(A∗ )λ )n
= lim
k→∞
n=0
n!
Xk
(−t(Aλ )∗ )n
= lim
k→∞
n=0
n!
Xk
((−tAλ )n )∗
= lim
k→∞
n=0
n!
!∗
X k
(−tAλ )n
= lim
k→∞
n=0
n!
∗
= e−tAλ .
- 345 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Proposição 5.157 Seja A acretivo, com D(A) denso em H. Se G(A) é fechado e A∗ é acretivo, então
A é m-acretivo.
ou seja,
Im(I + A) = H.
Agora, sejam f ∈ H e {fn }n ⊂ Im(I + A) tais que fn → f quando n → ∞ e escreva
xn = (I + A)−1 fn .
Im(I + A) = H
e A é m-acretivo. 2
Definição 5.158 Um operador A, com domı́nio denso em H, é dito simétrico (respectivamente, antissi-
métrico) se
G(A) ⊂ G(A∗ )( respec. G(A) ⊂ G(−A∗ )).
Dizemos que A é auto-adjunto(respectivamente, anti-adjunto) se
A = A∗ ( respec. A = −A∗ ).
- 346 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
• −A é acretivo;
Ainda,
• A é acretivo;
• A∗ = −A é acretivo;
(ii) Temos que A∗ = A é acretivo e G(A) = G(A∗ ) o qual é fechado, pelo Lema (5.155). Da
Proposição (5.157) segue o resultado. 2
(i) A é auto-adjunto;
G(A) ⊂ G(A∗ ).
- 347 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
g = x + A∗ x = x + f.
g = y + Ay
g = y + A∗ y,
logo,
y + A∗ y = x + A∗ x.
Agora, A∗ é acretivo, assim
kx − yk ≤ k(I + A∗ )(x − y)k = 0,
ou seja,
x = y.
Donde segue que (x, Ax) = (x, f ) ∈ G(A), donde segue que G(A∗ ) ⊂ G(A) e A = A∗ . 2
(i) A é anti-adjunto;
(iii) −A é m-acretivo.
Demonstração: Observe que (i) ⇒ (ii) e (i) ⇒ (iii), seguem do Corolário (5.160).
logo,
(Ax, x) = 0, ∀x ∈ D(A).
assim,
(Ax, y) = (x, −Ay), ∀x, y ∈ D(A),
logo G(A) ⊂ G(−A∗ ).
(A∗ Jλ x, Jλ x) = 0,
- 348 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
mas,
(A∗ Jλ x, Jλ x) = ((Jλ )∗ A∗ Jλ x, x) = ((Aλ )∗ (Jλ x), x) ∀λ > 0,
ou seja,
((Aλ )∗ (Jλ x), x) = 0 ∀λ > 0. (5.7.260)
E, como Jλ , (Aλ )∗ ∈ L(H) e Jλ x → x, (Aλ )∗ x → A∗ x quando λ → 0+ , temos
(Aλ )∗ (Jλ x) −→ A∗ x
Da afirmação, segue que (−A∗ x, x) = 0, para todo x ∈ D(−A∗ ) e, portanto, −A∗ é acretivo.
Corolário 5.163 Seja A m-acretivo e A(n) o operador definido na Observação (5.145), para n ∈ Z. Se
A é auto-adjunto, então A(n) é auto-adjunto. (O mesmo vale para A anti-adjunto.)
Demonstração: Faremos a prova por indução sobre n ∈ N. Mostraremos primeiro para A(n) e de depois
para A(−n) , com n ∈ N.
Agora, sejam x, y ∈ D(A(−1) ) = H, assim, existem {xn }, {yn } ⊂ D(A) tais que xn → x, yn → y
em H, além disso, do Teorema (5.144) item (v)
ainda do Teorema (5.144)(item (iv)) as normas em D(A(−1) ) e H são equivalentes e como, pelo Corolário
(5.124) A(−n) é contı́nua em D(A(−1) ), temos
- 349 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Assim,
ou seja,
(A(−1) xn , yn )H(−1) = (xn , A(−1) yn )H(−1)
e, fazendo n → ∞, temos
(A(−1) x, y)H(−1) = (x, A(−1) y)H(−1) . (5.7.261)
Da Observação (5.145), temos A(−1) m-acretivo, daı́, de (5.7.261) e do Corolário (5.161), segue que A(−1)
é auto-adjunto.
Suponha, agora que A(−k) é auto adjunto e mostremos para A(−(k+1)) . Observe que todas as
propriedades de A(−1) com relação A e de H(−1) com respeito a H valem, de modo análogo, para A(−(k+1))
com relação a A(−k) e H(−(k+1)) com respeito a H(−k) . Assim, o argumento é análogo ao caso n = 1.
Portanto, A(−(k+1)) é auto-adjunto e a prova do Corolário está concluı́da. 2
Lema 5.164 Seja A um operador m-acretivo em H. Considere a famı́lia (xε )ε > 0 ⊂ D(A). Se xε * x
em H quando ε → 0, e se Axε é limitada em H, então x ∈ D(A) e Axε * Ax em H quando ε → 0.
Demonstração: Sendo H um espaço de Hilbert, temos que H é reflexivo. Isso assegura a existência
de uma ssequência εn → 0 e y ∈ H tal que Axε * y em H, quando n → +∞. Em particular,
(xεn , Axεn ) * (x, y) em X × X quando n → +∞. Por outro lado a Proposição (5.80) mostra que G(A)
é fechado e em particular, fechado na topologia fraca de X × X e a assim, x ∈ D(A) e y = Ax. Suponha
′
agora que Axε 6* Ax quando ε → 0 então deve existir N ⊂ N e (εn )n∈N′ com εn → 0 tal que Axεn 6* Ax
′
quando n → ∞. Por definição, existe ϕ0 ∈ H e η0 > 0 com a propriedades de que para qualquer
δn = n1 > 0, podemos encontrar εn ∈ R tal que 0 < |εn | < δn e | < ϕ0 , Axεn > − < ϕ0 , Ax > | ≥ η0 ,
′
como querı́amos. Sendo (Axεn ) limitada, existe N∗ ⊂ N e h ∈ H tal que (Axεnk ) cumpre (Axεnk ) * h.
′
Como G(A) é fechado e xεnk * x obtemos que Ax = y. Como existe N ⊂ N e (εn )n∈N′ com εn → 0 tal
que Axεn 6* Ax quando n → ∞, asseguramos a existência de uma vizinhança V 3 Ax tal que para cada
′ ′
n ∈ N existe n0 ∈ N e n0 > n, com Axεn0 ∈ / V . Tomando a vizinhança V e levando em consideração que
′
(Axεnk ) * Ax, temos que existe m0 ∈ N∗ ⊂ N tal que Axεnk ∈ V , para cada k ≥ m0 , o que contrarı́a o
observado acima. 2
(i) Se A é auto-adjunto e n é um inteiro não negativo, então A2n é auto-adjunto e acretivo e portanto
m-acretivo.
(iii) Se A é anti-adjunto e se n é um inteiro não negativo, então A2n é auto-adjunto e acretivo e portanto
m-acretivo.
- 350 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
(A2 x, x) = ((kxk cos(θ + π), kxk sin(θ + π)), (kxk cos(θ), kxk sin(θ)))
= kxk2 cos(θ + π) cos(θ) + kxk2 sin(θ + π) sin(θ)
= kxk2 cos((θ + π) − θ)
= kxk2 cos(π)
= −kxk2 ≤ 0.
Consequentemente, A2 não é m-acretivo. Já sabemos que A é monótono pelo primeiro exemplo do capı́tulo
de Operadores Monótonos e Acretivos. Como H é um espaço de Hilbert, temos que A é acretivo. Agora,
dado f = (y, z) ∈ R2 , basta tomar x = (a, b) = ( y+z y−z
2 , 2 ), para ver que x + Ax = f e consequentemente,
A é m-acretivo.
Seja A um operador m-acretivo em H e seja A∗ seu adjunto. Segue da Proposição (5.156) que A∗ é
também m-acretivo. Em particular, D((A∗ )n ) é denso em H, para cada inteiro não negativo n. Portanto,
Xn
′
∗ n
se (D(A ) ) está munido da norma, kxk(D(A∗ )n ) = k(A∗ )j xk, então (D(A∗ )n ) ,→ H ,→ (D(A∗ )n ) ,
j=1
onde as imersões são densas. Assim, temos os seguintes resultados:
Proposição 5.167 Seja A como acima e (H−n )n≥0 os espaços definidos na Observação (5.145), então
′
Xn = D((A∗ )n ) com normas equivalentes.
Demonstração: É suficiente provar que kxkH−n ≈ kxkD((A∗ )n )′ . Por densidade, podemos assumir que
x ∈ H. Segue da Observação (5.146) (ii), Proposição (5.157), Observação (5.143) e Observação (5.142)
(ii) que:
= kxkD((A∗ )n )′ .
- 351 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Lema 5.169 Seja H um espaço de Hilbert complexo,e seja A um operador em H. Assuma que A é
C-linear, e seja iA definido por
D(iA) = D(A),
(iA)x = iAx, para cada x ∈ D(A).
Demonstração: Lembrando que G(A∗ ) = {(x, f ) ∈ H × H; (f, y) = (x, g), ∀(y, g) ∈ G(A)}, seja
(x, f ) ∈ G(A∗ ), queremos mostrar que para cada λ ∈ C, (λx, λy) ∈ G(A∗ ), equivalentemente, para cada
(y, g) ∈ G(A), (λf, y) = (λx, g). Com efeito,
Por densidade, obtemos que A∗ (λx) = λA∗ (x), para cada x ∈ D(A∗ ). Analogamente,
Observe que se (x, f ) ∈ G(A∗ ), então x ∈ D(A∗ ) e f = A∗ x, e assim, −if = A∗ (−ix) = −iA∗ x, isto é,
(x, −if ) ∈ G(−iA∗ ). Vamos mostrar agora que (x, −if ) ∈ G((iA)∗ ). Com efeito, seja (y, g) ∈ G(A)
- 352 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Portanto, (x, −if ) ∈ G((iA)∗ ) e assim, G(−iA∗ ) ⊂ G((iA)∗ ). Aplicando esse resultado ao operador iA,
obtemos que G(−i(iA)∗ ) ⊂ G(−A∗ ). Pela C-linearidade, vale que G((iA)∗ ) ⊂ G(−iA∗ ). Consequente-
mente, G((iA)∗ ) = G(−iA∗ ). 2
(i) A é auto-adjunto;
(ii) iA é anti-adjunto.
Demonstração: Se A é auto-adjunto. Segue do Lema (5.169) que (iA)∗ = −iA∗ = −iA = −(iA).
Portanto, iA é auto-adjunto.
Nesta seção, vamos descrever alguns exemplos de operadores diferenciais parciais que estão relaci-
onados com equações de evolução clássicas.
Demonstração: Vamos mostrar que A é acretivo. Para isto, sonsidere λ > 0 e (u, f ) ∈ D(A) × X
verificando u + λAu = f . Isto implica que
′
u + λu = f, para todo x ∈ R. (5.7.263)
Seja Z x
1 s−x
Lf (x) = e λ f (s)ds. (5.7.264)
λ −∞
- 353 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Posto que,
Z x Z x
s−x s−x
e λ ds = lim e λ ds
−∞ b→+∞ −b
Z 0
= lim λeu du, via a mudança de variável u = u(s) = (s − x)(λ)−1
b→+∞ −b−x
λ
0
= λ lim eu
b→+∞ −b−x
λ
−b−x
= λ(1 − lim e λ )
b→+∞
= λ.
Portanto,
kLf k∞ ≤ kf k∞ , (5.7.265)
já que
kf k∞ = inf{c; |f (x)| ≤ c, ∀x ∈ R} = sup |f (x)|,
x∈R
pois, x ≤ y, para cada x ∈ {|f (x)|; x ∈ R}, y ∈ {c; |f (x)| ≤ c, ∀x ∈ R} e ε > 0, c = |f (x)| + ε
2 ∈
{c; |f (x)| ≤ c, ∀x ∈ R} e c − |f (x)| = 2ε < ε.
−x
u(x) = Lf (x) + ae λ
De fato, sabemos que a solução geral de uma equação da forma y ′ + p(x)y = q(x) é dada por,
R
Z R
− p(x)dx
y(t) = e ( q(x)e p(x)dx dx + a)
′ 1 1
y + y = f.
λ λ
Segue que,
R
Z R 1
− 11
y(t) = e (λ dx f (x)e λ + a)
λ
Z
x 1
e− λ (
x
= e λ f (x)dx + a)
λ
Z
x 1
−λ s
= e ( e λ f (s)ds + a)
λ
Z
1
e λ f (s)ds + ae− λ
s−x x
=
λ
Como u e Lf são limitadas então a = 0. Supondo que a 6= 0, temos que existe K ∈ N tal que
−λ
x
|ae | ≤ |u(x)−Lf (x)| ≤ K, para cada x ∈ R. Como λ está fixo, obtemos um absurdo quando x → −∞.
′
kuk∞ = kLf k∞ ≤ kf k∞ = ku + λu k∞ = ku + λAuk∞ .
Logo, A é acretivo.
- 354 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Considere λ > 0 e f ∈ X. Pelo Lema acima e por (5.7.265), temos que Lf ∈ X ∩ C 1 (R) . De fato,
′
definindo α, β : R → [b, x], dadas por α(x) = b e β(x) = x, temos pelo Lema acima é evidente que Lf = f .
′
Logo, Lf ∈ C 1 (R) e verifica (5.7.263). Consequentemente, Lf ∈ D(A) uma vez que Lf = f ∈ X. Em
′
suma, Lf ∈ D(A) e Lf + λ(Lf ) = f . Logo, A é m-acretivo. Analogamente pode-se mostrar que −A é
m-acretivo. 2
Observação 5.173 Note que no exemplo anterior D(A) não é denso em X. Por exemplo, u(x) = sin(x2 )
′
pertence a X. Entretanto, se tivermos z ∈ C 1 (R) verificando kz − uk∞ ≤ 1/4, então supx∈R |z (x)| = ∞,
então z ∈
/ D(A). Portanto, u não pode ser aproximado por elementos de D(A).
(ii) Seja agora X = C0 (R), onde C0 (R) é o fecho de D(R) em L∞ e, D(R) é o espaço de Fréchet das
funções de classe C ∞ de R → R com suporte compacto em R, munido da topologia da convergência
uniforme com todas as derivadas em suconjuntos compactos de R, e seja A definido por
( ′
D(A) = {u ∈ C 1 (R) ∩ X; u ∈ X},
′ (5.7.267)
Au = u , para u ∈ D(A).
Então, ambos A e −A são m-acretivos, com domı́nio denso. A prova que A e −A são m-acretivos,
segue como na proposição (5.171). Mostremos que D(A) é denso em X. De fato,
L∞ L∞ ∞
X = Cc∞ ⊂ D(A) ⊂ XL = X.
- 355 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Assim, Z Z Z 0
1 s
|Lf (x)|dx ≤ e λ |f (s + x)|p dsdx
R λ R −∞
Portanto, kLf k1 ≤ kf k1 .
′ 1 1
Agora, seja 1 < p < ∞ e p o expoente conjugado de p, isto é, + ′ = 1. Temos
p p
Z x
1 s−x
|Lf (x)| = e λ f (s)ds
λ −∞
Z 0
1 s
= e λ f (s + x)ds
λ −∞
Z
1 0 s
≤ e λ |f (s + x)|ds
λ −∞
Z
1 0 λs ( p1′ + p1 ) 1
= e (|f (s + x)|p ) p ds
λ −∞
Z
1 0 λps ′ λp s 1
= e e (|f (s + x)|p ) p ds
λ −∞
- 356 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
1 1′ Z 0 s p1
= λ lim (e − e )
0 r p
e |f (s + x)|
λ p
λ r→∞ −∞
1 Z 0 p1
1 ′ s
= λ p e λ |f (s + x)|p
λ −∞
Z 0 p1
−1 s
= λp e λ |f (s + x)| p
−∞
Portanto, Z 0
1 s
|Lf (x)|p ≤ e λ |f (s + x)|p ds.
λ −∞
Assim, Z Z Z 0
1 s
|Lf (x)| dx ≤ p
e λ |f (s + x)|p dsdx
R λ R −∞
Portanto, kLf kp ≤ kf kp .
Assim, como na demonstração da proposição (5.171) segue que A é m-acretivo e de maneira análoga
mostra-se que −A é m-acretivo.
Se p = 2, W 1,2 (R) = H 1 (R) é um espaço de Hilbert e pelo corolário (5.162) segue que A é anti-
adjunto.
- 357 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Demonstração: Seguindo a prova da proposição (5.171) temos que dada f ∈ X e λ > 0, a única solução
da equação
′
u + λu = f
é dada por Z x
1 s−x
u(x) = e λ f (s)ds,
λ 0
do qual segue que A é m-acretivo. Agora, vamos mostrar que D(A) é denso em X.
uδ (x) = 0, em [0, δ]
uδ (x) = u(x − δ) para x ≥ δ.
vδ (x) = 0, para x ≤ 0,
vδ (x) = uδ (x), para 0 ≤ x ≤ 1,
vδ (x) = (2 − x)uδ (1), para 1 ≤ x ≤ 2,
vδ (x) = 0, para x ≥ 2.
Note que o suporte vδ ⊂ [0, 2] e os intervalos onde está definida são fechados e além disso se
A = [0, 1], B = [1, 2], uδ (x) = (2 − x)uδ (1), para todo x ∈ A ∩ B. Pelo lema da colagem a função vδ é
contı́nua.
É claro que (ρn ∗ vδ )|[0,1] k ∈ D(A) para n suficientemente grande, pois vδ ∈ L1loc (R) e ρn ∈ Cc∞ R e
a medida que os suportes vão diminuindo
′ ′
(ρn ∗ vδ ) (0) = ρn ∗ vδ (0) = 0.
- 358 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Então, A é m-acretivo. A prova é uma adaptação da prova da proposição (5.176). Note que D(A)
não é denso em X.
Então, A é m-acretivo com domı́nio denso. Uma vez que D(0, 1) ⊂ D(A), segue que D(A) é denso
em X. O resto da prova é uma adaptação da prova da proposição (5.176).
Então, A é m-acretivo.
Exemplo 5.15 Operadores de primeira ordem em R+ . Podemos modificar os exemplos já vistos
considerando operadores na semirreta. A prova do correspondente resultado é quase amesma do caso da
reta toda. Por exemplo, seja X = C0 (R+ ) = {u ∈ C 1 ([0, ∞)); u(0) = 0 e lim u(x) = 0}
x→∞
( ′
D(A) = {u ∈ C 1 ([0, ∞)) ∩ X; u ∈ X},
′ (5.7.273)
Au = u , para u ∈ D(A).
Demonstração: Vamos mostrar que A é acretivo. Seja λ > 0 e (u, f ) ∈ D(A) × X satisfazendo
u + λAu = f. Segue que
′
u + λu = f, ∀x ∈ R. (5.7.274)
Seja Z x
1 s−x
Lf (x) = e λ f (s)ds.
λ −∞
Temos que, Z x
s−x 1
kLf (x)k ≤ 1λkf k∞ e λ ds = kf k∞ λ = kf k∞ .
−∞ λ
Portanto,
kLf k∞ ≤ kf k∞ . (5.7.275)
- 359 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Logo, uma vez que u e Lf são limitados segue c = 0. Portanto, u = Lf, e segue de (5.7.275) que
A é acretivo.
quando x → +∞.
Portanto, lim Lf (x) = 0. Além disso, Lf (0) = 0 e como Lf é a integral de funções contı́nuas, segue
x→∞
′
que Lf é contı́nua, o que implica que Lf ∈ X. Mais ainda, uma vez que (Lf ) (x) = f (x) ∈ C[0, +∞),
′
segue que (Lf ) ∈ C 1 [0, +∞) e (Lf ) ∈ X, pois f ∈ X.
Logo, Lf ∈ D(A). 2
Assim,
sup [kf k∞ − kf k∞ e− λ ]
x
sup |Lf (x)| ≤
x∈R+ x∈R+
sup kf k∞ − inf(kf k∞ e− λ )
x
=
x∈R+
= kf k∞ − kf k∞
= 0
= kf k∞ .
- 360 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Então, A é m-acretivo com domı́nio denso. Semelhantemente ao item (iii) da Observação 5.8.7.1,
verifica-se que A é acretivo. Seja Seja f ∈ X e λ > 0. Considere
Z
1 x s−x
Lf (x) = e λ f (s) ds.
λ 0
|Lf (x)|p ≤ kf kp .
Podemos modificar os exemplos acima considerando o operador −u′ ao invés de u′ . Por exemplo,
sejam
X = {u ∈ C([0, ∞)); lim u(x) = 0}.
x→∞
u + λAu = f,
ou equivalentemente,
u − λu′ = f, ∀x ∈ [0, ∞). (5.7.276)
Seja Z ∞
1 x−s
Lf (x) = − e λ f (s) ds.
λ x
Temos
Z ∞ Z −∞ Z 0
1 x−s 1 1
|Lf (x)| ≤ kf k∞ e λ ds = kf k∞ −λ eu du = kf k∞ λ eu du = kf k∞ .
λ x λ 0 λ −∞
- 361 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Portanto, kLf k∞ ≤ kf k∞ .
Note que como lim u(x) = 0, dado = 1, existe x0 tal que |u(x)| < 1, para todo x > x0 . Pelo fato
x→∞
de toda função contı́nua em um compacto admitir valor máximo e mı́nimo temos que em [0, x0 ], existe M
tal que |u(x)| ≤ M , para todo x ∈ [0, x0 ]. Seja K = max{M, 1}. Então, |u(x)| ≤ K, para todo x ∈ R+ .
Portanto, u ∈ L∞ (R+ ).
Como f ∈ X então f ∈ C([0, ∞)) e lim f (x) = 0. Sendo (Lf )′ (x) = f (x) segue que lim (Lf )′ (x) =
x→∞ x→∞
0 e (Lf )′ ∈ C([0, ∞)), logo Lf ∈ C 1 ([0, ∞)). Além disso,
Z b
1 b−s
lim Lf (x) = − lim e λ f (s) ds = 0.
x→∞ λ b→∞ b
Observação 5.182 Seja X = {u ∈ C([0, 1]); u(0) = 0} munido com a norma do supremo. Considere o
operador A em X definido por
D(A) = {u ∈ C([0, 1]); u(0) = u′ (0) = 0};
Au = u′ , para u ∈ D(A).
- 362 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
em X por
D(A) = {u ∈ X;n a · ∇u ∈ X};
X ∂u (5.7.277)
Au = a · ∇u =
aj
∂xj
, para u ∈ D(A).
j=1
u + λa · ∇u = 0 em Rn ,
Assim,
sup |un (x)| ≤ sup (kρn (x)kLq kukLp ) = c sup kρn (x)kLq .
x∈Rn x∈Rn x∈Rn
segue que
un + λa · ∇un = 0. (5.7.278)
Dado x ∈ Rn , seja
h(t) = et un (x + λat), ∀t ∈ R.
Segue, de 5.7.278 que
Note que
un = ρn ∗ u −→ u em L1loc (Rn ),
- 363 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Z ∞
1 −s
Lema 5.185 Dado λ > 0 e f ∈ Cb (Rn ) seja Lf (x) = e λ f (x − as)ds. Então
λ 0
Lf + λa · ∇(Lf ) = f (5.7.279)
Z
1 ∞ −s
Demonstração: Defina M f (x) = e λ f (x + as)ds para f ∈ Cb (Rn ). Observe que Lf ∈ L1loc (Rn )
λ 0
pois Lf (x) é contı́nua (já que f é contı́nua) então é integrável em qualquer compacto. Dessa forma,
usando o Teorema de Fubini, temos que para todo f ∈ Cb (Rn ) e ϕ ∈ D(Rn ) temos
Z
hLf, ϕi = f M ϕdx.
Rn
De fato, temos:
Z
hLf, ϕi = Lf ϕ(x)dx
Rn
Z Z
1 ∞ −s
= e λ f (x − as)dsϕ(x)dx
Rn λ 0
Z Z
1 ∞ −s
= e λ f (x − as)ϕ(x)dsdx
Rn λ 0
Z Z
1 ∞ −s
= e λ f (x − as)ϕ(x)dxds
λ 0
Z ZR
n
1 ∞ −s
= e λ f (u)ϕ(u + as)duds
λ Rn
Z 0 Z
1 ∞ −s
= f (u) e λ ϕ(u + as)dsdu
λ 0
ZR
n
Z ∞
1 −s
= f (x) e λ ϕ(x + as)dsdx
λ 0
ZR
n
= f M ϕdx.
Rn
Além disso,
Z
1 ∞ −s
M (λa · ∇ϕ)(x) = e λ λa · ∇ϕ(x + as)ds
λ 0
Z ∞
−s d
= eλ (ϕ(x + as))ds
0 ds
−s
d
usando integração por partes com u = e λ e dv = ds (ϕ(x + as))ds, obtemos
Z ∞ Z ∞
−s d −s 1 −s
e λ (ϕ(x + as))ds = e λ ϕ(x + as)|∞
0 + e λ ϕ(x + as)ds
0 ds λ 0
R
−s
= lim e λ ϕ(x + as) + M ϕ(x)
R→∞
0
= −ϕ(x) + M ϕ(x).
- 364 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
X
n
∂ϕ
hLf, λa · ∇ϕi = hLf, λai i
i=1
∂xi
X
n
∂ϕ
= λai hLf, i
i=1
∂xi
X
n
∂Lf
= λai h− , ϕi
i=1
∂xi
X
n
∂Lf
= h− λai , ϕi
i=1
∂xi
= h−λa · ∇(Lf ), ϕi.
Dessa forma, hLf, ϕi = hλa · (Lf ) + f, ϕi. E como ϕ ∈ D(Rn ) é qualquer, segue que Lf + λa · ∇(Lf ) = f,
provando (5.7.279).
Vamos provar (5.7.280) :
Para p = ∞, temos:
Z Z Z ∞
1 ∞ −s 1 ∞ −s 1 −s
|Lf (x)| = e λ f (x − as)ds ≤ e λ |f (x − as)|ds ≤ kf k∞ e λ ds = kf k∞.
λ 0 λ 0 λ 0
Portanto, kLf k∞ ≤ kf k∞ .
Para 1 ≤ p < ∞, prova-se analogamente ao que foi feito no item (iii) da Observação (5.8.7.1), que
kLf kLp ≤ kf kLp . 2
u + λAu = f.
Seja w = Lf onde L é definido pelo Lema (5.185), então Lf + λa · ∇(Lf ) = f. Assim, segue que
Lf + λa · ∇(Lf ) = u + λAu = u + λa · ∇u
Vamos provar a m-acretividade. Dados λ > 0 e f ∈ X, então u = Lf ∈ D(A). De fato, pelo Lema
(5.185), segue que (Lf ) é limitada e é contı́nua pois é integral de funções contı́nuas. Logo, (Lf ) ∈ X.
1
E ainda do Lema (5.185), temos a · ∇(Lf ) = (f − Lf ) ∈ X. Dessa forma, u = Lf ∈ D(A). Portanto,
λ
u = Lf ∈ D(A) e Lf + λ(Lf ) = f, donde f = u + λAu e assim, A é m-acretivo. Analogamente, −A é
- 365 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
m-acretivo. 2
Proposição 5.188 O operador A definido por (5.7.282) é autoadjunto, acretivo e k · kD(A) é equivalente
a k · kH 1 . Em particular, A é m-acretivo com domı́nio denso.
Observação 5.189 (i) É sabido que H01 (Ω) ⊂ L2 (Ω) ≡ L2 (Ω)′ ⊂ H −1 (Ω), ver [22], pag. 445. Em
particular se u ∈ H01 (Ω) e v ∈ L2 (Ω), então
Z
hu, viH01 ,H −1 = u(x)v(x)dx. (5.7.283)
Ω
(ii) O operador ∆ é linear e contı́nuo de H 1 (Ω) em H −1 (Ω). Note que para u ∈ H 1 (Ω) a forma linear
∆u ∈ H −1 (Ω) em H01 (Ω) é definido por
Z
h∆u, vi = ∇u(x) · ∇v(x)dx, para v ∈ H01 (Ω). (5.7.284)
Ω
- 366 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Lema 5.190 Para cada f ∈ H −1 (Ω), existe uma única solução u ∈ H01 (Ω) da equação −∆u + u = f em
H −1 (Ω). Além disso,
kf kH −1 = kukH 1 (5.7.285)
e
kukH 1 ≤ kf kL2 (5.7.286)
sempre que f ∈ L2 (Ω).
Demonstração: Pelo Teorema de Lax-Milgran, ver [22], pag. 181, para cada f ∈ H −1 (Ω) existe um
único u ∈ H01 (Ω) tal que
(u, v)H 1 = hf, viH −1 ,H01 para cada v ∈ H01 (Ω). (5.7.287)
provando (5.7.286). 2
(i) Segue do Lema (5.190) que o operador diferencial −∆+I define uma isometria de H01 (Ω) em H −1 (Ω).
(ii) Segue em particular de (5.7.285) e (5.7.286) que kf kH −1 ≤ kf kL2 para cada f ∈ L2 (Ω).
Logo,
- 367 -
5.7 Semigrupos lineares de contrações: Teoria de Hille-Yosida e algumas aplicações
Em particular, para cada u ∈ H01 (Ω), de (5.7.290) e da Observação (5.191) item (ii), temos que
(Au, u)H −1 = (−∆u, u)H −1 = (u, u)L2 − (u, u)H −1 = kuk2L2 − kuk2H −1 ≥ 0.
De fato, pois
(Au, v)H −1 = (u, v)L2 − (u, v)H −1 = (v, u)L2 − (v, u)H −1 = (Av, u)H −1 = (u, Av)H −1 .
Proposição 5.192 Sejam Ω ⊂ Rn aberto e A como defindo na Proposição anterior. As seguintes pro-
priedades são verdadeiras:
(iii) Jλ |H01 (Ω) ∈ L(H01 (Ω)) e kJλ |H01 (Ω) kL(H01 (Ω)) ≤ 1 , para todo λ > 0;
Demonstração: Segue da Definição 5.123, do Corolário 5.126, do Lema 5.128 e da Proposição 5.132. 2
- 368 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
du
+ Au = 0
dt
onde A é um operador m-Acretivo com domı́nio denso.
Lema 5.193 Se A é um operador m-Acretivo em X, com domı́nio denso, então, para todo λ > 0, o
operador Aλ ∈ L(X) e vale o seguinte:
(ii)ke−tAλ x − e−tAµ xk ≤ tkAλ x − Aµ xk para todo x ∈ X, para todo t ≥ 0 e para todo λ, µ > 0.
e−tAλ x = e− λ I+ λ Jλ x = e− λ e λ Jλ x,
t t t t
logo,
ke−tAλ xk = ke− λ e λ Jλ xk
t t
= e− λ ke λ Jλ xk
t t
= e− λ e λ kxk
t t
= kxk
Agora,
assim,
d −stAλ −(1−s)tAµ
e e x = kte−stAλ e−(1−s)tAµ (Aµ − Aλ )xk
ds
≤ tk(Aµ − Aλ )xk.
- 369 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Corolário 5.194 Seja A um operador m-Acretivo em X com domı́nio denso. Então, existe uma famı́lia,
{T (t)}t≥0 ⊂ L(X), tal que
assim,
sup kTλ (t)x − Tµ (t)xk ≤ T kAλ x − Aµ xk −→ 0, quando λ, µ → 0+ ,
t∈[0,T ]
Seja T (t)x = limλ→0+ Tλ (t)x. É claro que T (t) é linear de D(A) → X. Ainda, de 5.8.291, temos
kT (t)xk ≤ kxk, ∀t ≥ 0.
Assim, graças a densidade de D(A) em X, podemos estender T (t), por continuidade, a um único operador
T (t) ∈ L(X) e vale que
kT (t)kL(X) ≤ 1.
(ii) O item (ii) segue da construção do operador T (t) feita no item (i). 2
Observação 5.195 A famı́lia {T (t)} construı́da no corolário anterior é, algumas vezes, denotada por
e−tA . Note que se A é limitado, isto consiste na definição usual de exponencial.
Proposição 5.196 Seja A um operador m-Acretivo em X, com domı́nio denso, e considere a famı́lia
{T (t)}t≥0 contruı́da no Corolário (5.194. Para cada x ∈ D(A) e para todo t > 0, valem:
T (t)x − x
(i) ≤ kAxk, para todo t ≥ 0;
t
(ii)A aplicação t 7−→ T (t)x pertence a C([0, ∞); D(A)) ∩ C 1 ([0, ∞); X);
- 370 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Demonstração: (i) Seja x ∈ D(A) e defina u(t) = T (t)x, uλ (t) = Tλ (t)x e vλ (t) = −u′λ (t) = Aλ uλ (t) =
Tλ (t)Aλ x.
logo,
Assim, Z t
T (t)x = x − T (s)Axds
0
ou ainda, Z
T (t)x − x 1 t
=− T (s)Axds
t t 0
e, consequentemente,
Z Z
T (t)x − x 1 t
kAxk t
≤ kT (s)Axkds ≤ ds = kAxk.
t t 0 t 0
du
= −T (t)Ax ∈ C([0, ∞); X),
dt
Agora, seja wλ (t) = Jλ uλ (t). Temos wλ (t) ∈ D(A) e wλ (t) → u(t) em X quando λ → 0+ , para
- 371 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Seja w ∈ C([0, ∞); D(A)) ∩ C 1 ([0, ∞); X), solução de (5.8.292). Dado t > 0 defina z(t) = T (t −
s)w(s), s ∈ [0, t]. Assim, z ∈ C([0, t]; D(A)) ∩ C 1 ([0, t]; X) e
dz d
= T (t − s)w(s)
ds ds
d
= T (t − s)Aw(s) + T (t − s) w(s)
ds
d
= T (t − s) Aw(s) + w(s)
ds
= T (t − s)0 = 0
ou seja,
w(t) = T (t)x.
Pela arbritrariedade do t segue a unicidade da solução do problema. 2
Definição 5.197 Uma famı́lia (T (t))t≥0 ⊂ L(X) é chamada de semigrupo de contrações se ela possuı́
as seguintes propriedades:
(i) T (0) = I;
(ii) T (t + s) = T (t)T (s), para todo s, t ≥ 0;
(iii) a aplicação t 7→ T (t)x é contı́nua de [0, +∞) → X, para cada x ∈ X;
(iv) kT (t)kL(X) ≤ 1, para todo t ≥ 0;
Observação 5.198 Nesta definição, estamos exigindo a continuidade da aplicação t 7→ T (t)x. Muitos
autores não incluem esta condição e utilizam a terminologia ”semigrupo (de contrações) de classe C 0 ”.
- 372 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
n o
(i) D(L) = x ∈ X; T (t)x−x
t possuı́ limite em X quando t → 0+
T (t)x−x
(ii) Lx = limt→0+ t , para todo x ∈ D(L).
Observação 5.200 Note que se (T (t))t≥0 ⊂ L(X) é um semigrupo de contrações, então para cada
x ∈ X, a função t 7→ kT (t)xk é não-crescente em [0, +∞). De fato, kT (t+s)xk = kT (s)T (t)xk ≤ kT (t)xk.
Z t
(i) Dado x ∈ X e t > 0, defina I(t, x) = T (s)xds. Então, I(t, x) ∈ D(L) e LI(t, x) = T (t)x − x;
0
Z +∞
(ii) Dado x ∈ X, defina Jx = e−t T (t)xdt. Então, Jx ∈ D(L) e Jx − LJx = x.
0
Z t
T (h) − I T (h) − I
I(t, x) = T (s)xds
h h 0
Z Z
1 t 1 t
= T (h)(T (s)x)ds − T (s)xds
h 0 h 0
Z t Z t
1 1
= T (s + h)xds − T (s)xds
h 0 h 0
Z Z
1 t+h 1 t
= T (s)xds − T (s)xds
h h h 0
Z Z Z Z
1 t 1 t+h 1 h 1 t
= T (s)xds + T (s)xds − T (s)xds − T (s)xds
h h h t h 0 h h
Z Z
1 t+h 1 h
= T (s)xds − T (s)xds → T (t)x − x, quando h → 0+ ,
h t h 0
- 373 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Z +∞
T (h) − I T (h) − I
Jx = e−t T (t)xdt
h h 0
Z
1 +∞ −t
= e (T (t + h)x − T (t)x)dt
h 0
Z Z
1 +∞ −(u−h) 1 +∞ −t
= e T (u)xdu − e T (t)xdt
h h h 0
Z Z
1 +∞ −(t−h) 1 +∞ −t
= e T (t)xdt − e T (t)xdt
h h h 0
Z Z
eh +∞ −t 1 h −t 1
= e T (t)xdt − e T (t)xdt − e−t T (t)xdt
h h h 0 h
Z Z
eh − 1 h −t 1 h −t
= e T (t)xdt − e T (t)xdt −→ Jx − x, quando h → 0+ .
h 0 h 0
T (h)−I
Logo, limh→0+ h Jx = Jx − x em X. O que implica em Jx ∈ D(L) e Jx − LJx = x. 2
Proposição 5.203 Seja A um operador m-acretivo em X com domı́nio denso. A famı́lia (T (t))t≥0 ⊂
L(X) introduzida no Corolário 5.194 possuı́ as seguintes propriedades:
(iii) Se um semigrupo de contrações (S(t))t≥0 tem como gerador −A, então S(t) = T (t), para cada
t ≥ 0.
Demonstração: Segue do Corolário 5.194 que kT (t)kL(X) ≤ 1, para cada t ≥ 0. Além disso,
Por densidade, T (t + s) = T (t)T (s) para cada x ∈ X. Da Proposição 5.196 item (ii) segue que a aplicação
t 7→ T (t)x é contı́nua de [0, +∞) → X, para cada x ∈ X. Também, T (0)x = limλ→0+ e−0Aλ = x, para
cada x ∈ D(A). Pelo mesmo argumento acima, T (0) = I. Pela Proposição 5.196, temos que
Z Z
t
T (t)x − x 1 t
T (t)x = x − T (s)Axds ⇔ =− T (s)Axds.
0 t t 0
- 374 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Fazendo t → 0+ , obtemos que x ∈ D(L) e L(x) = −Ax. Em outras palavras, G(A) ⊂ G(−L). Como
A e −L são m-acretivos, segue do Corolário 5.8.7.1 que A = −L. Assumindo que outro semigrupo de
contrações (S(t))t≥0 admita −A como gerador, vamos provar que T (t) = S(t), para cada t ≥ 0. Considere
x ∈ D(A) e seja u(t) = S(t)x. Dado t ≥ 0 e h > 0, temos
d+ u
Au(t) = S(t)Ax = . (5.8.295)
dt
Pelo Lema de Dini, juntamente com a definição de semigrupos temos que u ∈ C 1 ([o, +∞), X). Vamos
mostrar agora que u ∈ C 1 ([o, +∞), D(A)). Dada uma sequência (tn ) ⊂ [0, +∞) tal que tn → t, temos
Isto deve-se ao item (iii) da definição de semigrupo, combinado com o fato de que u é contı́nua em X,
+
x ∈ D(A). O Lema de Dini também assegura que ddtu = du dt , ou seja, u é a solução do problema
du
+ Au = 0
dt (5.8.296)
u(0) = x
Face a Proposição 5.196 segue que S(t)x = T (t)x, para cada t ≥ 0 e x ∈ D(A). Por densidade, vemos
que T (t) = S(t), para cada t ≥ 0. Isto completa a demonstração. 2
Observação 5.204 A propriedade (iii) da Proposição 5.203 assegura que se A é um operador m-acretivo,
então o semigrupo de contrações gerado por −A é único. Em particular, existe uma bijeção entre os
conjuntos X = { semigrupos de contrações } e U = { operadores m-acretivos com domı́nio denso }, a
saber (T (t))t≥0 7→ −L.
Aplicando as Proposições 5.201 e 5.203, obtemos o seguinte resultado, conhecido com Teorema de
Hille-Yosida-Phillips.
Teorema 5.206 Seja A um operador m-acretivo em X com domı́nio denso, e seja (T (t))t≥0 o semigrupo
de contrações gerado por −A. Dado L ∈ L(X) tal que L|D(A) ∈ L(D(A)). Se ALx = LAx, para cada
x ∈ D(A), então T (t)L = LT (t), para todo t ≥ 0. Em particular, se Lx = 0, então LT (t)x = o, para
todo t ≥ 0.
Demonstração: Seja x ∈ D(A) e considere u(t) = T (t)x. Então u é solução do problema 5.8.292.
Definindo v(t) = Lu(t), temos que para cada h > 0 e t ≥ 0, que
- 375 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
d+ v d+ u du
Disto, =L =L ∈ C 0 ([0, +∞, X)). Se (tn ) ⊂ [0, +∞) é tal que tn → t, então
dt dt dt
kv(tn ) − v(t)kD(A) = kv(tn ) − v(t)kX + kA(v(tn )) − A(v(t))kX
= kLu(tn ) − Lu(t)k + kA(Lu(tn )) − A(Lu(t))k
= kLu(tn ) − Lu(t)k + kL(A(u(tn ))) − L(A(u(t)))k
= kLu(tn ) − Lu(t)k + kL(A(S(tn )x)) − L(A(S(t)x))k
= kLu(tn ) − Lu(t)k + kL(S(tn )Ax) − L(S(t)Ax)k −→ 0,
pois L ∈ L(X) e L ◦ u e t 7→ S(t)x são contı́nuas. Logo, v ∈ C([0, +∞), D(A)) ∩ C 1 ([0, +∞), X) e além
disso,
dv du
+ Av = L + ALu(t)
dt dt
du
= L + LAu(t)
dt
du
= L + Au(t)
dt
= L(0)
= 0.
Note que v(0) = Lu(0) = LT (0)x = LI(x) = L(x). Pela unicidade da solução vemos que v(t) = T (t)Lx.
Portanto, T (t)Lx = LT (t)x, para cada x ∈ D(A). O resultado segue por densidade. 2
Corolário 5.207 Seja A um operador m-acretivo em X com domı́nio denso e seja (T (t))t≥0 o semigrupo
de contrações gerado por −A. Se Jλ é o operador introduzido na Definição 5.123, então T (t)Jλ = Jλ T (t),
para cada λ > 0 e t ≥ 0.
1
sup kT (h)x − xk < +∞
h>0 h
Demonstração: Seja x como no enunciado e defina u(t) = T (t)x. Dado 0 ≤ s < t, temos
Segue daı́ que u é lipschitziana e portanto, contı́nua de [0, +∞) −→ X. Note que ku(t)kX = kS(t)xkX ≤
kxk, ou seja, u é limitada e pelo Corolário 5.208, u ∈ W 1,∞ ((0, +∞), X). Assim, existe tn → 0 tal que u
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5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
′
é diferenciável em cada tn e ku (tn )k ≤ C. Em particular,
Nesta seção mostraremos que certos subespaços de X são invariantes sob a ação de semigrupos de
contrações.
Proposição 5.210 Seja A um operador m-acretivo em X e seja (T (t))t≥0 o semigrupo de contrações ge-
rado por −A. Se T(1) (t) = T (t)|D(A) e se A(1) é o operador definido no Teorema 5.141, então (T(1) (t))t≥0
é um semigrupo de contrações em D(A) e seu gerador é −A(1) .
Demonstração: Segue da Proposição 5.196 que T (t)(D(A)) ⊂ D(A). Além disso, se t ≥ 0 e x ∈ D(A),
vale que
Portanto, T (t)|D(A) ∈ L(D(A)) e kT (t)|D(A) k ≤ 1. Segue da Proposição 5.196 item (ii), que (T(1) (t))t≥0
é um semigrupo de contrações em D(A), uma que vez que as demais propriedades são triviais. Seja L
seu gerador e considere x ∈ D(A(1) ) = D(A2 ). Temos,
Portanto, x ∈ D(L) e Lx = −Ax. Em outras palavras, G(A(1) ) ⊂ G(−L). Como −L e A(1) são
m-acretivos em D(A) segue do Corolário 5.137 que A(1) = −L. 2
Corolário 5.211 Dado A um operador m-acretivo em X, seja (T (t))t≥0 o semigrupo de contrações ge-
rado por −A. Dado um inteiro positivo n, considere o espaço Xn e o operador A(n) definido na Observação
5.142. Se (T(n) (t)) = T (t)|Xn para cada t ≥ 0, então (T(n) (t))t≥0 é um semigrupo de contrações em Xn
e seu gerador é −A(n) .
X
n
Demonstração: Basta iterar a Proposição 5.210 e a Observação 5.142, observando que kxkn = kAj xkX .
j=0
2
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5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Corolário 5.212 Dado A um operador m-acretivo em X e seja (Xn )n≥0 os espaços definidos na Ob-
servação 5.142. Dado x ∈ D(A), seja u ∈ C([0, +∞), D(A)) ∩ C 1 ([0, +∞), X) a solução do problema
5.8.292. Se x ∈ X para algum n ≥ 1, então
\
n
u(·) = S(·)x ∈ Cjb ([0, +∞), Xn−j ). (5.8.297)
j=0
Além disso,
dj u
= (−1)j T (t)Aj (x) = (−1)j Aj u(u), (5.8.298)
dtj
para cada t ≥ 0 e 0 ≤ j ≤ n, e
d dj u
dj u
+A = 0, (5.8.299)
dt dtjdtj
T
para cada t ≥ 0 e todo 0 ≤ j ≤ n−1. Em particular, se x ∈ n≥0 D(An ), temos que u ∈ C ∞ ([0, +∞), Xn ),
para cada n ≥ 0.
Demonstração: O caso n = 1 segue da Proposição 5.196. Assuma que o resultado cale para algum
n > 1. Seja x ∈ Xn+1 . Em particular, Aj x ∈ Xn−j+1 , para cada 0 ≤ j ≤ n + 1 e para j = 1 temos
Ax ∈ xn . Assim,
\n
v(·) = S(·)Ax ∈ Cjb ([0, +∞), Xn−j ). (5.8.300)
j=0
Equivalentemente,
\
n+1
v(·) = S(·)Ax ∈ Cjb ([0, +∞), Xn+1−j ). (5.8.301)
j=1
Fazendo j = 0 em 5.8.301, vemos que v ∈ Cb ([0, +∞), Xn ). Sendo v = Au ∈ Cb ([0, +∞), Xn e kukn+1 =
Tn+1
kukn + kAukn , segue que u ∈ Cb ([0, +∞), Xn+1 ). Daı́ resulta que u ∈ j=0 Cjb ([0, +∞), Xn+1−j ).
Observe agora que,
d dj u d
= (−1)j (T (t))(Aj x)
dt dtj dt
= (−1)j − AT (t)(Aj x)
= (−1)j+1 T (t)A(Aj x)
= (−1)j+1 T (t)Aj+1 x
= (−1)j+1 Aj+1 u(t).
Agora,
d dj+1u dj+1u
+A = (−1)j+2 Aj+2 u(t) + A((−1)j+1 Aj+1 u(t))
dt dtj+1 dtj+1
= (−1)j+2 Aj+2 u(t) + (−1)j+1 Aj+2 u(t)
= 0.
Se x ∈ D(A) então u(t) = T (t)x é a solução do problema 5.194, conforme Proposição 5.196. Por
outra lado, se x ∈ X\D(A) então u ∈ / C([0, ∞), D(A)) e, em particular, u não é solução de 5.194 em
[0, ∞).
Nesta seção, vamos mostrar que u é solução de uma ”forma” fraca do problema 5.194.
- 378 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
T(−1) x − x T(−1) x − x
+ Ax ≈ + Ax
t X t D(A(−1) )
T(−1) x − x T(−1) x − x
= + A(−1) x + A(−1) + A(−1) x −→ 0,
t X−1 t X−1
quando λ → 0+ , pois (T−1 (t))t≥0 é o semigrupo de contrações em X−1 gerado por A−1 e A−1 é contı́nuo.
Seja L o gerador de (T−1 (t)|X )t≥0 . Pelo limite acima, temos que Lx = −Ax e G(A) ⊂ G(−L). Como A
e −L são m-acretivos, segue do Corolário 5.137 que L = −A. Assim, do item (iii) da Proposição 5.203
temos o resultado. 2
Demonstração: Sabemos que A(−1) é m-acretivo em X−1 , D(A(−1) ) = X e X = X−1 . Pela Proposição
5.196, para todo x ∈ D(A(−1) ) = X e todo t ≥ 0, u(t) = T(−1) (t)x é a única solução do problema
du
+ A(−1) u = 0;
dt
u(0) = x;
no espaço C([0, ∞), X) ∩ C 1 ([0, ∞), X−1 ). Mas, pelo Lema 5.213, T−1 (t)|X = T (t). Logo, temos o
desejado. 2
dn u
= (−1)n T(−n) (t)An(−n) X = (−1)n An(−n) u(t),
dtn
e,
d dn−1 u n+1 dn−1 u
+ (−1) A(−n) =0
dt dtn−1 dtn−1
para todo t ≥ 0 e todo n ≥ 1.
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5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Demonstração: O resultado segue aplicando o Corolário 5.212 ao operador A(−n) , para todo n ≥ 0. 2
Vamos mostrar que, sob algumas hipóteses apropriadas, alguns semigrupos de contrações podem
ser imersos em famı́lias de operadores maiores.
Uma famı́lia (T (t))t∈R ⊂ L(X) é chamado um grupo de isometrias se satisfaz as seguintes propri-
edades:
(i) T (0) = I;
Observação 5.217 (i) Se (T (t))t∈R ⊂ L(X) é um grupo de isometrias, então (T (t))t≥0 é um semi-
grupo de contrações. Em adição, se fizermos S(t) = T (−t), para todo t ∈ R, então (S(t))t∈R ⊂ L(X)
é também grupo de isometrias, e assim, (S(t))t≥0 é um semigrupo de contrações.
(ii) Recordemos que em um espaço de Banach, uma isometria, isto é, uma aplicação linear T : X → X
tal que kT xk = kxk para todo x ∈ X, não precisa ser sobrejetora. Por exemplo, T ϕ(t) = ϕ(t + h)
em X = Lp (0, ∞) com h > 0.
Note, também, que se (T (t))t∈R ⊂ L(X) é um grupo de isometrias, então T (t) : X → X é sobre-
jetora para todo t ∈ R, isto é, T (t)X = X para todo t ∈ R. De fato, temos T (t)X ⊂ X. Por
outro lado, dado t ∈ R e x ∈ X, temos x = T (t)y com y = T (−t)x. Assim, x ∈ T (t)X. Logo,
X ⊂ T (t)X.
Reciprocamente, se (T (t))t≥0 ⊂ L(X) é um semigrupo de contrações tal que T (t) é um isometria
sobrejetiva para todo t ≥ 0, então (T (t))t∈R pode ser imerso em um grupo de isometrias (S(t))t∈R .
Para isto, basta considerar a aplicação i dada por
i : L(X) −→ L(X)
S(t) = T (t), se t ≥ 0
T (t) 7−→
S(t) = (T (−t)−1 , se t < 0.
Note que S(t) é um grupo de isometrias. De fato,
(a) S(0) = T (0) = I.
(b) Caso 1: se t ≥ 0 e s ≥ 0 então t + s ≥ 0 e
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5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
S(t+s) = T (t+s) = (T (−t))−1 T (t+s)T (−t) = (T (−t))−1 T (t+s−t) = (T (−t))−1 T (s) = S(t)S(s);
Lema 5.218 Seja (T (t))t∈R ⊂ L(X) um grupo de isometrias. Se L é o gerador do semigrupo de contra-
ções (T (t))t≥0 e L̃ é o gerador do semigrupo de contrações (S(t))t≥0 , onde S(t) = T (−t), então L = L̃.
Em particular, L e −L são m-acretivos com domı́nio denso.
quando h → 0+ . Logo, x ∈ D(L) e Lx = −L̃x. Assim, G(L̃) ⊂ G(−L). Portanto, L̃ = −L. Além disso,
pela Proposição 5.201, L e −L são m-acretivos com domı́nio denso. 2
Lema 5.219 Seja A um operador m-acretivo com domı́nio denso tal que −A é m-acretivo. Sejam
(T (t))t≥0 o semigrupo de contrações em X gerado por A e (S(t))t≥0 o semigrupo de contrações em
X gerado por −A. Defina (U (t))t∈R ⊂ L(X) por
T (t), se t ≥ 0;
U (t) =
S(−t), se t < 0.
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5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Demonstração: Dado λ > 0, considere o operador Aλ ∈ L(X) introduzido na Definição 5.127. Sejam
x ∈ X e t ∈ R. Temos que (e−tAλ )t∈R é um grupo de isometrias, de fato
(i) e0Aλ = I;
(iv) Temos ke−tAλ xk ≤ kxk = ketAλ e−tAλ xk ≤ ke−tAλ xk. Logo, ke−tAλ xk = kxk.
(i) −A é m-acretivo;
(ii) Existe um grupo de isometrias (U (t))t∈R tal que T (t) = U (t), para todo t ≥ 0.
Demonstração: Do Lema 5.219 temos que (i) ⇒ (ii). E, do Lema 5.218 temos (ii) ⇒ (i). 2
Demonstração: Para t > 0, segue da Proposição 5.196. Para t < 0, temos (S(−t))t<0 é um semigrupo
de contrações com gerador A. Aplicando a Proposição 5.196 para S(−t) temos que u(t) = S(t)x é a única
soluçõa do problema
du
+ Au = 0;
dt
u(0) = x;
Para t = 0 temos
d+ u u(h) − u(0) T (h)x − x
(0) = lim = lim = −Ax.
dt h→0+ h h→0+ h
E,
d− u u(h) − u(0) S(−h)x − x S(t)x − x
(0) = lim− = lim− = − lim+ = −Ax.
dt h→0 h h→0 h t→0 t
Assim, u é derivável na origem, logo, contı́nuo e
du
(0) = −Ax = −Au(0).
dt
2
- 382 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Observação 5.222 Considere o grupo de isometrias (T (t))t∈R ⊂ L(X) e, seja x ∈ X. Se T (t0 )x ∈ D(A)
para algum t0 ∈ R, então T (t)x ∈ D(A) para todo t ∈ R. De fato, dado t ∈ R, existe s ∈ R tal que
t = s + t0 . Assim, T (t)x = T (s + t0 )x = T (s)T (t0 )x que pertence a D(A), pois T (t0 )x ∈ D(A).
Portanto, se x ∈/ D(A) então T (t)x ∈/ D(A) para todo t ∈ R. Com efeito, se T (t)x ∈ D(A) para
algum t ∈ R então, pelo que foi feito acima, T (t)x ∈ D(A) para todo t ∈ R. Em particular, para t = 0
temos T (0)x = x ∈ D(A). Absurdo!
Nesta seção, X é um espaço de Hilbert munido com produto escalar (·, ·).
Demonstração: Como (T (t))t≥0 é um semigrupo de contrações gerado por −A, então pela Proposição
(5.201), A é m-acretivo em X com domı́nio denso. Assim pela Proposição (5.156) e do Corolário (5.152),
segue que A∗ também é m-acretivo com domı́nio denso. Assim, pela Proposição (5.205) −A∗ é gerador
de um semigrupo de contrações em X. Seja então (S(t))t≥0 o semigrupo de contrações gerado por −A∗ .
Pelo Corolário (5.194) e pela da Proposição (5.156), temos
∗
S(t)x = lim e−t(A )λ
= lim (e−tAλ )∗ x = T (t)∗ x para todo t ≥ 0 e todo x ∈ X.
λ→0+ λ→0+
Sendo assim, pela Proposição (5.203) S(t) = T (t)∗ cujo gerador é −A∗ . 2
Observação 5.224 Alguns comentários do Lema (5.223). Seja (T (t))t≥0 um semigrupo de contrações
em um espaço de Banach X e seja A seu gerador.
(ii) Desde que D(A) é denso em X, podemos considerar o operador A∗ em X ′ . Se A∗ é m-acretivo com
domı́nio denso, então a prova do Lema (5.223) mostra que (T (t)∗ )t≥0 é um semigrupo de contrações
em X ′ e que seu gerador é −A∗ .
(iii) Em particular, se X é reflexivo, então −A∗ é m-acretivo com domı́nio denso. ver [81] Teo.4.6, pag.
16. E então (T (t)∗ )t≥0 é um semigrupo de contrações e seu gerador é −A∗ .
Demonstração: Pelo Corolário (5.160), temos que A é m-acretivo com domı́nio denso e, como A é
autoadjunto, então A = A∗ donde −A = −A∗ . Mas do Lema (5.223), (T (t)∗ )t≥0 é o semigrupo de
contrações gerado por −A∗ = −A. Dessa forma, como (T (t))t≥0 e (T (t)∗ )t≥0 têm os mesmos geradores
então (T (t)) = (T (t)∗ ) para todo t ≥ 0. 2
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5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Demonstração: Pelo Corolário (5.160), temos que −A e A são m-acretivos com domı́nio denso. Assim,
pela da Proposição (5.205), existe um semigrupo de contrações (T (t))t≥0 gerado por −A. Por outro lado,
da Proposição (5.220), como −A é m-acretivo, então existe um grupo de isometrias (T (t))t∈R tal que para
t ≥ 0 ele coincide com o semigrupo (T (t))t≥0 gerado por −A.
Vamos mostrar que (T (t))∗ = T (−t) para todo t ∈ R. Dados x, y ∈ D(A), note que
d d d
(T (t)x, T (t)y) = ( (T (t)x), T (t)y) + (T (t)x, (T (t)y))
dt dt dt
= (−AT (t)x, T (t)y) + (T (t)x, −AT (t)y)
= (T (t)x, −A∗ T (t)y) − (T (t)x, AT (t)y)
= (T (t)x, AT (t)y) − (T (t)x, AT (t)y) = 0
Portanto, (x, y) = (T (t)x, T (t)y) para todo x, y ∈ D(A). Em particular, tomando y = T (−t)z, temos
Logo, (T (t))∗ = T (−t) para todo t ∈ R. Daı́, o resultado segue pela densidade. 2
Teorema 5.227 Seja A um operador acretivo e autoadjunto em X e seja (T (t))t≥0 o semigrupo de con-
trações gerado por −A. Para cada x ∈ X a função u(t) = T (t)x para t ≥ 0 tem as seguintes propriedades:
(i) u ∈ C([0, ∞), X) ∩ C((0, ∞), D(A)) ∩ C 1 ((0, ∞), X) e u é a única solução do problema
du
+ Au = 0 para todo t > 0
dt (5.8.302)
u(0) = x
nessa classe;
1 √
(ii) kAu(t)k ≤ √ kxk para todo t > 0. Além disso, a função t 7→ tkAu(t)k pertence a L2 (0, ∞) e
Z ∞ t 2
1
skAu(s)k2 ds ≤ kxk2 ;
0 4
1
(iii) (Au(t), u(t)) ≤ kxk2 para todo t > 0. Além disso, a função t 7→ (Au(t), u(t)) pertence a L2 (0, ∞)
Z ∞ 2t
1
e (Au(t), u(t))ds ≤ kxk2 ;
0 2
1
(iv) Se x ∈ D(A) então kAu(t)k2 ≤ (Ax, x) para todo t > 0. Além disso, Au ∈ L2 ((0, ∞), X) e
2t
1
kAuk2L2 ((0,∞),X) ≤ (Ax, x).
2
Demonstração: Seja x ∈ X e seja u(t) = T (t)x. Dado λ > 0, considere o operador Aλ e uλ (t) = e−tAλ x.
Pelo Lema (5.128), segue que Aλ é m-acretivo e segue da Proposição (5.156) e do fato de que A é
autoadjunto, que Aλ é autoadjunto pois (Aλ )∗ = (A∗ ) = Aλ . Portanto, (e−tAλ )t≥0 é um semigrupo de
contrações. Aplicando a Observação (5.200) obtemos que a aplicação
d
kuλ (t)k2 = −2(Aλ uλ (t), uλ (t)) para todo t ≥ 0. (5.8.304)
dt
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5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
d
(Aλ uλ (t), uλ (t)) = 2(Aλ uλ (t), u′λ (t)) = −2ku′λ (t)k2 para todo t ≥ 0. (5.8.305)
dt
d d
kuλ (t)k2 = (uλ (t), uλ (t))
dt dt
= (u′λ (t), uλ (t)) + (uλ (t), u′λ (t))
= 2(u′λ (t), uλ (t))
= −2(Aλ uλ (t), uλ (t))
e assim, provando (5.8.304). Da mesma forma, usando o fato de que Aλ é autoadjunto, temos
d
(Aλ uλ (t), uλ (t)) = (Aλ u′λ (t), uλ (t)) + (Aλ uλ (t), u′λ (t))
dt
= (u′λ (t), Aλ uλ (t)) + (Aλ uλ (t), u′λ (t))
= 2(Aλ uλ (t), u′λ (t)).
provando (5.8.305). De (5.8.305), temos que (Aλ uλ (t), uλ (t)) é uma função não crescente em t. Então
integrando (5.8.304) entre 0 a t, temos:
Z t
1
t(Aλ uλ (t), uλ (t)) ≤ (Aλ uλ (s), uλ (s))ds ≤ kxk2 . (5.8.306)
0 2
De fato, como (Aλ uλ (t), uλ (t)) é não crescente, então para 0 ≤ s ≤ t, temos
donde Z Z
t t
t(Aλ uλ (t), uλ (t)) = (Aλ uλ (t), uλ (t)ds ≤ (Aλ uλ (s), uλ (s))ds.
0 0
d
Por outro lado, de (5.8.304) e como s ≥ 0, segue que kuλ (s)k2 = −2(Aλ uλ (s), uλ (s)) donde
ds
Z Z t
t
1 t
d kuλ (s)k2 kuλ (t)k2 kxk2 kxk2
(Aλ uλ (s), uλ (s))ds = − kuλ (s)k2 ds = − =− + ≤ .
0 2 0 ds 2 0 2 2 2
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5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
onde a última desigualdade segue do Lema (5.151). Provando assim (5.8.307). Multiplicando (5.8.305)
por t ≥ 0, usando o fato de que u′λ (t) é não crescente e integrando de 0 a t, temos para 0 ≤ s ≤ t que
Z t
t2 ku′λ (t)k2 = sku′λ (s)k2 ds
0
Z t
≤ 2 sku′λ (s)k2 ds
0
Z t
d
= − s (Aλ uλ (s), uλ (s))ds
0 ds
d
Usando integração por partes com u = s e dv = ds (Aλ uλ (s), uλ (s))ds, obtemos
Z t Z t
d
− s (Aλ uλ (s), uλ (s))dsds = −t(Aλ uλ (s), uλ (s)) + (Aλ uλ (s), uλ (s))ds
0 ds 0
Z t
≤ (Aλ uλ (s), uλ (s))ds
0
1
≤ kxk2 .
2
Aplicando (5.8.306), segue que
Considere agora t > 0. Pelo Corolário (5.194) e Proposição (5.132), segue que Jλ uλ (t) → u(t) em X
quando λ → 0+ . Por outro lado, A(Jλ uλ (t)) = Aλ uλ (t) = u′λ (t) é limitado em X. Aplicando o Lema
(5.164), como Aλ é m-acretivo, temos que uλ ∈ D(A) e Aλ uλ (t) * Au(t) quando λ → 0+ .
Dessa forma, a propriedade (i) segue agora aplicando a Proposição (5.196) com o valor inicial u(ε) para
um ε > 0 qualquer e fazendo ε → 0 e usando o fato de que u′λ (t) converge para u′ (t). Ainda, passando o
limite quando λ → 0+ em (5.8.306) obtemos (iii), passando o limite quando λ → 0+ em (5.8.307) desde
que x ∈ D(A) obtemos (iv) e por fim, passando o limite quando λ → 0+ em (5.8.308) obtemos (ii). 2
e que
2
2t n
A2 u ≤ √ kxk.
n t 2
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5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
n ) = T ( n )u( n ) ∈ D(A) e
Sendo assim, u( 2t t t
2t t t t t
A u = AT u =T Au .
n n n n n
n ) ∈ X2 .
Logo, u( 2t
Além disso,
2 2t 2 2t
A u = A T x
n n
t t
= AT AT x
n n
n t
≤ √ AT x
t 2 n
n n
≤ √ √ kxk
t 2 t 2
2
n
= √ kxk.
t 2
2 n
2t n n
Portanto, A u 2
≤ √ kxk. Por indução, segue que u(t) ∈ Xn e kA u(t)k ≤ √
n
kxk.
n t 2 t 2
Como t e n são arbitrários, o resultado segue do Corolário (5.212) aplicado a u(t + ), > 0. 2
Observação 5.229 O Corolário (5.228) descreve um efeito suave. Para cada x ∈ X e cada t >
0, T (t)x ∈ ∩n≥0 D(An ). Esta propriedade mostra a caracterı́stica irreversı́vel da equação
du
+ Au = 0, ∀t ≥ 0,
dt (5.8.310)
u(0) = x.
quando A é autoadjunto e acretivo. Mais precisamente, se y ∈ X \ ∩n≥0 D(An ), então não existe ne-
nhum par (x, t) ∈ X × (0, ∞) tal que y = T (t)x. Isto é em grande contraste com o caso dos operadores
antiadjuntos, para qual T (t)X = X.
Ao longo desta seção, assumimos que X é um espaço de Banach complexo. Lembramos que cada
espaço de Banach real tem uma complexificação canônica, e reciprocamente, qualquer espaço de Banach
complexo tem uma estrutura básica de espaço de Banach real. Seja A um operador linear ilimitado em
X (considerado como em um espaço de Banach real) e assuma que A é C-linear (isto é, λx ∈ D(A) e
A(λx) = λAx para todo λ ∈ C e x ∈ D(A)). A imagem numérica S(A) de A é o conjunto
′
Aqui, <, > é o colchete dualidade complexo entre X e X, e F é a aplicação dualidade. Assuma que
A é m-acretivo com domı́nio denso, e seja (T (t))t≥0 um semigrupo de contrações gerado por −A. Como
A é C-linear, segue facilmente que (T (t))t≥0 ⊂ L(X), com X considerado como um espaço de Banach
complexo.
Dado 0 < θ ≤ φ, definimos o setor Cθ por Cθ = {z ∈ C\{0}; −θ < argz < θ}, de modo que,
Cθ = {0} ∪ {z ∈ C\ {0}}; −θ < arg z ≤ θ}.
- 387 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Definição 5.230 Seja (T (t))t≥0 como acima. Dizemos que (T (t))t≥0 é um semigrupo analı́tico se existe
0 < θ ≤ φ e uma aplicação T̃ : Cθ → L(X) com as seguintes propriedades:
Proposição 5.231 Se (T (t))t≥0 é um semigrupo analı́tico, então existem M ≥ 1 e ω > 0 tais que,
kTe(z)k ≤ M eRez ,
para todo z ∈ Cθ .
Teorema 5.232 Seja A um operador C-linear m-acretivo com domı́nio denso e seja (T (t))t≥0 um semi-
grupo de contrações gerado por −A. As seguintes propriedades são equivalentes:
kTe(z)k ≤ M eω(Rez) , ∀z ∈ Cα .
- 388 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Seja 0 < t ≤ 1,
Z !
1 Te(z)
kAT (t)k = dt
2ϕi |z−t|=t sin φ (z − t)2
Z 2φ e 2
1 T (t + t sin ϕeiθ )
= (t sin ϕ)ieiθ dθ
2ϕi 0 (t + t sin ϕeiθ − t)
Z 2φ e
1 T (t + t sin ϕeiθ )
= dθ
2φ 0 t sin ϕeiθ
Z 2ϕ e
1 kT (t + t sin ϕeiθ )k
≤ dθ
2ϕ 0 kt sin ϕkkeiθ k
Z 2ϕ
1 iθ
≤ M eωRe(t+t sin φe ) dθ
2ϕ 0
Z 2ϕ
M
= eω(t+t sin φ cos θ) dθ
2ϕt sin ϕ 0
Z 2ϕ
M
= eωt eωt sin φ cos θ dθ
2φt sin ϕ 0
M e2ωt
≤ .
t sin ϕ
M e2ωt M e2ω C
kAT (t)k ≤ ≤ = .
t sin ϕ t sin ϕ t
Observação 5.233 Segue em particular dos teoremas (5.232) e (5.227) que se A é autoadjunto acretivo
em um espaço de Hilbert complexo X, então o semigrupo de contrações gerado por −A é analı́tico. (Note
que A tem um extensão canõnica C-linear, autoadjunta e acretiva).
Teorema 5.234 Seja A um operador C-linear, m-acretivo com domı́nio denso e seja (T (t))t≥0 um se-
migrupo de contrações gerado por −A. Se a imagem numérica de A verifica S(A) ⊂ Cθ para algum
0 < θ < ϕ2 , então (T (t))t≥0 é um semigrupo analı́tico.
Nesta seção, aplicamos os resultados da seção anterior nos exemplos de operadores parciais m-
acretivos já descritos anteriormente.
( ′
D(A) = {u ∈ C 1 (R) ∩ X; u ∈ X},
′ (5.8.311)
Au = u , para u ∈ D(A).
segue da observação (ii) que ambos A e −A são m-acretivos com domı́nio denso. Segue do lema (5.219)que
−A gera um grupo de isometrias (T (t))t∈R em X. Assim, pelo corolário (5.221) para cada ϕ ∈ D(A), u(t) =
T (t)ϕ é única solução em C(R, D(A)) ∩ C 1 (R, X) do problema
ut + ux = 0, t, x ∈ R, u(0, x) = ϕ(x), x ∈ R. (5.8.312)
- 389 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Proposição 5.235 Se A é como acima e se (T (t))t∈R é o grupo de isometrias gerado por −A, então
para cada ϕ ∈ X.
dv
+ Av = 0
dt
para todo t ∈ R. De fato,
dv v(t, x + h) − v(t, x)
Av = = lim
dx h→0+ h
ϕ(x − h − t) − ϕ(x − t)
= lim
h→0+ −h
ϕ(x − h − t) − ϕ(x − t)
= − lim+ →
h→0 h
dv
= − .
dt
Logo, aplicando o corolário (5.221) segue que v(t) = T (t)ϕ. O resultado agora segue por densidade.
2
Observação 5.236 Tem-se resultados semelhantes para os exemplos de uma dimensão já vistos. Em
particular, segue os resultados.
Segue da observação (5.8.7.1) (iii) que ambos A e −A são m-acretivos com domı́nio denso, e segue
do lema (5.229) que −A gera um grupo de isometrias (T (t))t∈R em X. Argumentando como na prova da
proposição (5.235), é fácil mostrar que, para cada ϕ ∈ X, T (t)ϕ = ϕ(x − t), para todo t, x ∈ R.
(ii) Considere X = {u ∈ C([0, 1]); u(0) = 0}, equipado com a norma do supremo. Defina o operador A
em X por
0, se x ≤ min{t, 1},
T (t)ϕ(x) = (5.8.314)
ϕ(x − t), se min{t, 1} ≤ x ≤ 1.
Segue da proposição (5.176) que A é m-acretivo com domı́nio denso, e segue da proposição (5.203)
que −A gera um semigrupo de contrações (T (t))t≥0 ∈ X. Argumentando como na prova da proposição
(5.235), mostra-se que, para cada ϕ ∈ X, T (t)ϕ é dada por
0, se x ≤ min{t, 1},
T (t)ϕ(x) = (5.8.315)
ϕ(x − t), se min{t, 1} ≤ x ≤ 1.
- 390 -
5.8 O Teorema de Hille-Yosida-Phillips
Segue da observação (5.177) item (ii) que A é m-acretivo com domı́nio denso, e segue da proposição
(5.203) que −A gera um semigrupo de contrações (T (t))t≥0 em X. Argumentando como na proposição
(5.235) segue que para cada ϕ ∈ X, T (t)ϕ é dada pela fórmula (5.8.315). Note que aqui também, T (t) = 0,
para t ≥ 1.
- 391 -
Capı́tulo 6
Definição 6.1 Sejam X um espaço de Banach e C ⊆ X. Diz-se que uma função S de [0, ∞) na famı́lia
das aplicações de C em C é um semigrupo sobre C se:
(i) S(0) = I;
e que S é do tipo ω se
Assim como no caso dos semigrupos lineares, pode-se definir a exponencial de um operador sob
certas hipóteses:
Teorema 6.2 (Crandall-Liggett) Seja A ∈ A(ω) tal que D(A) ⊂ Im(I + λA), para 0 < λ < λ0 com
λ0 |ω| < 1. Então, para quaisquer x ∈ D(A) e t > 0, existe o limite
−n
t
lim I+ A x, (6.2.1)
n→∞ n
temos que S ∈ Qω (D(A)) e para todo x ∈ D(A), S(t)x é lipschitziana em intervalos limitados.
- 392 -
6.2 Fórmula Exponencial
Para demonstrar este teorema, faremos uso de dois lemas técnicos, os quais serão utilizados para
obter estimativas que nos possibilite provar a existência do limite dado por (6.2.1).
Lema 6.3 Sejam A ∈ A(ω), 0 < µ ≤ λ < λ0 , ωλ0 < 1 e x ∈ D(Jλm ) ∩ D(Jµn ) com m e n inteiros
positivos tais que m ≤ n. Então
X
m−1
−n n
Jµn x − Jλm x ≤ (1 − µω) αj β n−j Jλm−j x − x
j
j=0
X
n (6.2.2)
−j j−1
+ (1 − µω) m j−m
α β Jµn−j x −x ,
m−1
j=m
µ λ−µ
em que α = eβ= .
λ λ
Digamos que a validez de (6.2.2) seja a propriedade Pm,n . Provemos Pm,n para todo n ≥ m ≥ 1.
Primeiramente, vamos provar que vale P1,n , para todo n ≥ 1, por indução sobre n. De fato, temos
donde segue que P1,1 é verificado. Agora, suponha P1,n−1 válido e provemos que P1,n é verificado. Temos
X
n−1
= α1 a(0; n − 1) + β1n a(1; 0) + α1 β1j a(0; n − 1 − j)
j=1
X
n
= β1n a(1; 0) + α1 β1j−1 a(0; n − j),
j=1
- 393 -
6.2 Fórmula Exponencial
Novamente, vamos usar indução sobre n. O primeiro caso é n = m, o qual deve ser verificado. Note
que
X
m−2
n−1
= (1 − µω)−n αj+1 β n−(j+1) a(m − (j + 1); 0) (6.2.4)
j
j=0
X
n−1
j−1
+ (1 − µω)−(j+1) αm β (j+1)−m a(0; n − (j + 1)) (6.2.5)
m−2
j=m−1
X
m−1
n−1
+ (1 − µω)−n αj β n−j a(m − j; 0) (6.2.6)
j
j=0
X
n−1
j−1
+ (1 − µω)−(j+1) αm β (j+1)−m a(0; n − (j + 1)). (6.2.7)
m−1
j=m
Agora, faça j ′ = j + 1 em (6.2.4), e reescreva (6.2.4) substituindo j ′ por j (apenas uma mudança nos
ı́ndices de modo que não altere a soma). Em (6.2.6), separe da soma o termo correspondente a j = 0 e
agrupe os termos restantes com os termos de (6.2.4) para obter
X
m−1
n − 1 n − 1
(1 − µω)−n β n a(m; 0) + αj β n−j + a(m − j; 0) . (6.2.8)
j−1 j
j=1
X
n−1
−m m −(j+1) m (j+1)−m j−1 j−1
(1 − µω) α a(0; n − m) + (1 − µω) α β + a(0; n − (j + 1)).
m−2 m−1
j=m
(6.2.9)
- 394 -
6.2 Fórmula Exponencial
X
m−1
n
a(m; n) ≤ (1 − µω)−n αj β n−j a(m − j; 0)
j
j=0
X
n
j−1
+ (1 − µω)−j αm β j−m a(0; n − j).
m−1
j=m
Lema 6.4 Sejam m e n números inteiros positivos com m ≤ n e α, β > 0 tais que α + β = 1. Então
m
X
p
n
(i) αj β n−j (m − j) ≤ (nα − m)2 + nαβ;
j
j=0
s
n
X 2
j−1 mβ mβ
(ii) m j−m
α β (n − j) ≤ + + m − n .
m−1 α2 α
j=m
Demonstração:
√
(i) Inicialmente, vamos considedrar n = 1. Nesse caso, m = 1 e a desigualdade torna-se β ≤ β,
o que é verdadeiro, posto que 0 < β < 1.
m
X n
X 12 21
n n n
j n−j
α β (m − j) ≤ j n−j
α β j n−j
α β |m − j|
j j j
j=0 j=0
12 21
Xn Xn
n n
≤ αj β n−j αj β n−j (m − j)2
j j
j=0 j=0
12
Xn
n
= αj β n−j (m − j)2 ,
j
j=0
X
n−1
(n − 1)!
n−1
αn(α + β) = αn αj β n−1−j
j=0
j!(n − 1 − j)!
X
n−1
n(n − 1)!
= (j + 1) αj+1 β n−(j+1) (6.2.10)
j=0
(j + 1)j!(n − (j + 1))!
Xn
n
= j αj β n−j
j
j=0
- 395 -
6.2 Fórmula Exponencial
= αn α(n − 1)(α + β)n−2 + (α + β)n−1
X
n−1 X
n−1
n−1 n−1
= αn j αj β n−1−j + αj β n−1−j (6.2.11)
j j
j=0 j=0
X
n−1
(n − 1)!
= n(j + 1) αj+1 β n−(j+1)
j=0
j!(n − (j + 1))!
Xn
n
= j2 αj β n−j .
j
j=0
para j ≥ m. Então
r r r
√ j−1 j j−2 j j − (m − 1)
1≤ j aj = j
...
m−1 m−2 1
r r
p j j j p
= j
j−1 − 1... j − 1 ≤ ( j j)m−1 ,
2 m−1
donde,
√ √
1 ≤ lim j aj ≤ ( lim j aj )m−1 = 1m−1 = 1,
j→∞ j→∞
√
o que nos dá lim j aj = 1, e assim, o raio de convergência da série dada por Fm (β) é 1, logo, ela converge
j→∞
absolutamente para todo β ∈ (−1, 1). Com isso, a primeira parte da afirmação está provada.
- 396 -
6.2 Fórmula Exponencial
∞
X
j−1
Suponha Fm−1 (β) = β j−(m−1) = (1 − β)−(m−1) . Daı́
m−2
j=m−1
X
j
k−1
em que cj = ak bj+(m−1)−k , com ak = β k−(m−1) e bk = β k−(m−1) .
m−2
k=m−1
Logo,
∞
" #
X X
j
k−1
−m
(1 − β) = β k−(m−1) j+(m−1)−k−(m−1)
β
m−2
j=m−1 k=m−1
∞
" j #
X X k−1 j−(m−1)
= β
m−2
j=m−1 k=m−1
∞
" j−1 #
X X k−1 j−(m−1)
= β
m−2
j=m−1 k−1=m−2
X∞ ′
j −1 ′
= β j −m = Fm (β),
′
m−1
j =m
em que a penúltima identidade é justificada pelo teorema das colunas de Pascal (a soma dos j primeiros
elementos de uma coluna do triângulo de Pascal é igual ao elemento que está avançado uma linha e uma
coluna sobre a última parcela da soma).
Como a série de potências Fm (β) converge absolutamente em (0, 1), o mesmo acontece com suas
′ ′′
derivadas Fm (β) e Fm (β). Além disto,
X∞
j−1
Fm (β) = β j−m = (1 − β)−m ;
m−1
j=m
X∞
′ j−1
Fm (β) = (j − m)β j−m−1 = m(1 − β)−m−1 ;
m−1
j=m+1
X∞
′′ j−1
Fm (β) = (j − m)(j − m − 1)β j−m−2 = m(m + 1)(1 − β)−m−2 .
m−1
j=m+2
- 397 -
6.2 Fórmula Exponencial
Assim,
X∞
−m−1 j−1
m(1 − β) = (j − m)β j−m−1
m−1
j=m+1
X∞
1 j−1
= jβ j−m − m(1 − β)−m + m ,
β m−1
j=m+1
donde
∞
X
j−1
jβ j−m = βm(1 − β)−m−1 + m(1 − β)−m .
m−1
j=m
Também
∞ ∞
1 X j−1 X j − 1
m(m + 1)(1 − β)−m−2 = 2 (j − m)2 β j−m − (j − m)β j−m ,
β j=m+2 m − 1 j=m+2
m−1
ou ainda,
∞
X ∞
X
j−1 −m−2 j−1
(j − m) β
2 j−m
= β m(m + 1)(1 − β)
2
+ (j − m)β j−m ,
m−1 m−1
j=m+2 j=m+2
donde
∞
X
j−1
j 2 β j−m = β 2 m(m + 1)(1 − β)−m−2 + βm(1 − β)−m−1
m−1
j=m
+ 2m βm(1 − β)−m−1 + m(1 − β)−m − m2 (1 − β)−m .
Se α + β = 1,
X∞
j−1
β j−m = α−m ;
m−1
j=m
X j−1
∞
β
m
jβ j−m = mα−m 1 + = α−m ;
m−1 α α
j=m
∞
X 2
j−1 m + βm
j 2 β j−m = α−m .
m−1 α2
j=m
Demonstração do Teorema 6.2. Sejam x ∈ D(A), 0 < µ ≤ λ < λ0 , n ≥ m e λ0 |ω| < 1. Como,
por hipótese, D(A) ⊂ Im(I + λA), para todo λ ∈ (0, λ0 ), segue que
\
D(A) ⊂ D(A) ⊂ Dλ .
λ∈(0,λ0 )
- 398 -
6.2 Fórmula Exponencial
Mas pela Proposição 5.65(i) temos que Jλ : Dλ → D(A), assim x ∈ D(Jµn ) ∩ D(Jλm ).
µ λ−µ
x+ Jλ x ∈ Dµ
λ λ
e
µ λ−µ
Jµ x+ Jλ x = Jλ x.
λ λ
µ λ−µ
Denotemos por α = λ eβ= λ . Pelo Lema 6.3 temos
X
m−1
−n n
kJµn x − Jλm xk ≤ (1 − µ|ω|) j
α β n−j
kJλm−j x − xk
j
j=0
X
n
j−1
+ (1 − µ|ω|)−j αm β j−m kJµn−j x − xk (6.2.12)
m−1
j=m
Analogamente
X
m−1
−n −m n
kJµn x − Jλm xk ≤ (1 − µ|ω|) (1 − λ|ω|) λ j
α β n−j
(m − j)|Ax|
j
j=0
X
n
j−1
+ (1 − µ|ω|)−n µ αm β j−m (n − j)|Ax| (6.2.15)
m−1
j=m
Ponhamos f (t) = (1 − t)n e2nt . Então f ′ (t) = n(1 − t)n−1 (1 − 2t)e2nt , logo f ′ (t) ≥ 0 para t ∈ [0, 21 ],
ou seja, f é crescente em [0, 21 ], donde segue que
1
1 = f (0) ≤ f (t), ∀t ∈ [0, ],
2
isto é,
1
(1 − t)−n ≤ e2nt , ∀t ∈ [0, ] (6.2.16)
2
- 399 -
6.2 Fórmula Exponencial
1
kJµn x − Jλm xk ≤ e2n|ω|µ e2m|ω|λ λ (nα − m)2 + nαβ 2 |Ax|
" 2 # 21
mβ mβ
+ e 2n|ω|µ
µ + +m−n |Ax|. (6.2.17)
α2 α
µ λ−µ
Mas lembrando que α = λ e λ , segue que
1 1
λ (nα − m)2 + nαβ 2 = (nµ − mλ)2 + nµ(λ − µ) 2 e
" 2 # 12
mβ mβ 1
µ + + m − n = mλ(λ − µ) + (mλ − nµ)2 2
. (6.2.18)
α2 α
Fazendo µ = t
n eλ= t
m, t > 0, obtemos que 0 < µ ≤ λ, uma vez que m ≤ n. Além disso
t
λ= < λ0 ⇔ t < mλ0
m
e
1 m
λ|ω| ≤ ⇔t≤ ,
2 2|ω|
ω 6= 0, isto é, se m → ∞, podemos tomar valores para t arbitrariamente grandes.
n o
Portanto a sequência J nt x é de Cauchy, ∀ t > 0 e ∀ x ∈ D(A). Sendo X um espaço de Banach,
n n
segue que existe
t
S(t)x := lim (I + A)−n x, (6.2.21)
n→∞ n
para todo x ∈ D(A), e tal convergência é uniforme em intervalos limitados em virtude de (6.2.20).
t −n
kJ nt x − J nt yk ≤ (1 − ω) kx − yk, (6.2.22)
n n n
segue que o limite dado em (6.2.21) existe para todo x ∈ D(A). Com efeito, seja x ∈ D(A) então dado
> 0 existe y ∈ D(A) tal que kx − yk < .
- 400 -
6.2 Fórmula Exponencial
Note que
kJ nt x − J m
t xk ≤ kJ nt x − J nt yk + kJ nt y − J m
t yk + kJ t y − J t xk
m m
n m n n n m m m
t t −m
≤ (1 − ω)−n kx − yk + kJ nt y − J m
t yk + (1 − ω) kx − yk
n m
n m
t t
≤ (1 − ω)−n + (1 − ω)−m + kJ nt y − J m t yk
n m n m
kJ nt x − J m
t xk ≤ C + kJ t y − J t yk,
n m
n m n m
n o
e devido ao fato de J nt y ser de Cauchy, segue que para o dado existe n0 ∈ N tal que se m, n ≥ n0 ,
n n
então kJ nt y − J m
t yk < .
n m
Portanto,
kJ nt x − J m
t xk ≤ (C + 1),
n m
n o
para todo m, n ≥ n0 , provando que a sequência J nt x é de Cauchy, para x ∈ D(A), logo, convergente.
n n
1
τ t 2
kJ t x − J nτ xk
n n
≤ e 2|ω|(t+τ )
(t − τ ) + t( − ) |Ax|
2
n n n
12
τ t
+ e2|ω|t
τ ( − ) + (τ − t) 2
|Ax|.
n n
Fazendo n → ∞ obtemos
kS(t)x − S(τ )xk ≤ e2|ω|(t+τ ) + e2|ω|t |Ax||t − τ |. (6.2.23)
Da desigualdade (6.2.23), segue a continuidade forte de S, isto é, limt→0+ S(t)x = x, para todo
x ∈ D(A). Para mostrar que S ∈ Qω (D(A)), resta provar que S(t + s) = S(t)S(s) em D(A), uma vez
que S(0) = I é trivialmente satisfeito.
- 401 -
6.2 Fórmula Exponencial
h i
Teorema 6.5 Seja (n )n uma sequência de reais positivos tal que n → 0 quando n → ∞, t
ϵn a parte
inteira de t
ϵn e A um operador que satisfaz as hipóteses do Teorema 6.2. Então ∀ x ∈ D(A) tem-se que
n→∞ n→∞
h i
Demonstração: Seja x ∈ D(A). Definimos kn = t
ϵn . Observe que podemos tomar n suficientemente
t
grande de modo que 0 < kn < λ0 , uma vez que
t t
n → 0 ⇒ → ∞ ⇒ kn → ∞ ⇒ → 0.
n kn
Como 0 ≤ ϵtn − kn < 1, segue que 0 ≤ t − kn n < n , logo kn n → t quando n → ∞. Além disso,
t − kn n ≥ 0 ⇒ ktn ≥ n .
t
Daı́, aplicando a desigualdade (6.2.19) para n = m = kn , µ = n e λ = kn temos
12
t
kJϵknn x −J kn
t xk ≤ e2|ω|(kn ϵn +t)
(kn n − t) + kn n (
2
− n ) |Ax|
kn kn
12
t
+ e2|ω|kn ϵn t( − n ) + (t − kn n )2 |Ax| −→ 0, (6.2.27)
kn
n→∞
Agora se x ∈ D(A), então para cada > 0 existe y ∈ D(A), tal que kx − yk < .
- 402 -
6.2 Fórmula Exponencial
Note que
−kn t −kn
≤ (1 − |ω|n ) kx − yk + kJϵknn y −J kn
t yk + (1 − |ω| ) kx − yk
kn kn
≤ C + kJϵknn y − J ktn yk
kn
Portanto,
kJϵknn x − J ktn xk −→ 0, (6.2.29)
kn
n→∞
Observação 6.6 De modo mais geral, se (n ) é uma sequência de números não negativos e tais que
n → 0, quando n → ∞, (kn ) uma sequência de inteiros não negativos tal que kn n → t e A é um
operador satisfazendo as condições do Teorema 6.2, então
Proposição 6.7 Sejam x ∈ D(A) e 0 ≤ τ ≤ t. Supondo satisfeitas as hipóteses do Teorema 6.2, tem-se
que
+
kS(t)x − S(τ )xk ≤ eω (t−τ ) ωτ
e (t − τ )|Ax| (6.2.30)
kS(t)x − S(τ )xk = kS(τ )S(t − τ )x − S(τ )xk ≤ eωτ kS(t − τ )x − xk (6.2.31)
a) ω ≤ 0
Neste caso, temos, pela demonstração do item (iii) do Teorema 5.71, para n suficientemente grande
es≥0
- 403 -
6.2 Fórmula Exponencial
n
X X s −(n−i)
n
kJ nns x − xk ≤ kJ n−i+1
s − J n−i
s k≤ 1− ω kJ ns x − xk
i=1
n n
i=1
n
n
X s −(n−i) s s −1
≤ 1− ω 1− ω |Ax|
i=1
n n n
n
X s −n+i−1 s
= 1− ω |Ax| (6.2.32)
i=1
n n
Agora, tendo em vista que 1 − (s/n)ω > 1, pois ω ≤ 0 e n é suficientemente grande, e como −n + i − 1 ≤
−i ≤ 0, ∀i tal que 0 ≤ i ≤ n, resulta de (6.2.32) que
n
X s −i s Xs n
s
kJ nns x − xk ≤ 1− ω |Ax| ≤ |Ax| = n |Ax| = s|Ax|
i=1
n n i=1
n n
kS(s)x − xk ≤ s|Ax|, ∀s ≥ 0
donde por (6.2.31) segue (6.2.30), uma vez que, neste caso, ω + = 0 e s = t − τ .
b) ω > 0
Do item (iii) do Teorema 5.71 para n suficientemente grande e s ≥ 0, notando que (s/n)ω < 1,
temos
s −n+1
kJ nns x − xk ≤ n 1 − ω kJ ns x − xk (6.2.33)
n
e do item (ii) do mesmo teorema, obtemos
s s −1
kJ ns x − xk ≤ 1− ω |Ax| (6.2.34)
n n
De (6.2.33) e (6.2.34) vem que
s −n+1 s s −1
kJ nns x − xk ≤ n 1− ω 1− ω |Ax|
n n n
s −n
= s 1− ω |Ax|
n
donde,
kS(s)x − xk ≤ seωs |Ax|.
Daı́ e de (6.2.31) segue (6.2.30),visto que ω + = ω e escrevendo s = t − τ . 2
Definição 6.8 O semigrupo associado a A ∈ A(ω) pelo Teorema 6.2 será chamado semigrupo gerado
por −A e −A o gerador exponencial de S.
- 404 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
du
+ Au 3 0 (6.3.35)
dt
u(0) = x (6.3.36)
Se u for solução forte de (6.3.35), então por i) e iii), u(t) ∈ D(A), para todo t ∈ [0, T ].
Com efeito, suponha por contradição que, para algum t0 ∈ (0, T ), tenhamos u(t0 ) ∈/ D(A). Então,
existe r > 0 tal que B(u(t0 ), r) ∩ D(A) = ∅. Sendo u contı́nua, existe δ > 0 tal que u(t0 − δ, t0 + δ) ⊂
B(u(t0 ), r), ou seja, u(t0 − δ, t0 + δ) ∩ D(A) = ∅. O que contratia iii). Se t0 ∈ {0, T } então t0 = lim tn
com tn ∈ (0, T ), para cada n ∈ N. Daı́, u(tn ) ∈ D(A). Como u(tn ) → u(t0 ), temos que u(t0 ) ∈ D(A).
Lema 6.10 Seja u uma função definida em um intervalo e com valores em um espaço de Banach X.
d
Suponhamos que u tenha uma derivada fraca, u′ (t) no ponto t (i.e., que exista a derivada u(t), x∗
dt
d
no ponto t e u(t), x∗ = u′ (t), x∗ para cada x∗ ∈ X ′ ) e que a função ku(t)k seja diferenciável no
dt
ponto t. Então,
d
ku(t)k ku(t)k = u′ (t), u∗ ∀u∗ ∈ F (u(t)).
dt
Demonstração: Note que F (u(t)) = {u∗ ∈ X ′ , hu∗ , u(t)i = ku(t)k2 = ku∗ k2 }. Para todo u∗ ∈ F (u(t)),
temos
d
u′ (t), x∗ ≤ ku(t)k ku(t)k
dt
e, se h < 0,
d
u′ (t), x∗ ≥ ku(t)k ku(t)k
dt
donde concluı́mos o desejado. 2
- 405 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
du dv
− ∈ Au e − ∈ Av quase sempre em (0, ∞),
dt dt
donde, pela acretividade de A + ωI, e do observado acima,
du dv
u(t), − (t) + ωu(t) ∈ A + ωI e v(t), − (t) + ωv(t) ∈ A + ωI,
dt dt
Daı́, vem
du dv
(t) − (t), u∗ ≤ ω u(t) − v(t), u∗
dt dt
≤ ωku(t) − v(t)kku∗ k
= ωku(t) − v(t)k2 q.s em (0, ∞),
ou seja,
d(u − v)
(t), u∗ ≤ ωku(t) − v(t)k2 q.s em (0, ∞) (6.3.38)
dt
e como por hipótese u e v são lipschitzianas em cada compacto de (0, ∞), segue que t 7→ u(t) − v(t) é
lipschitziana em cada compacto de (0, ∞) e consequentemente é absolutamente contı́nua. Aplicando o
Lema 6.10 no lado esquerdo da desigualdade (6.3.38) obtemos
d
ku(t) − v(t)k ku(t) − v(t)k ≤ ωku(t) − v(t)k2 .
dt
Se ku(t) − v(t)k 6= 0, vem que
d
ku(t) − v(t)k ≤ ωku(t) − v(t)k q.s em (0, ∞). (6.3.39)
dt
Multiplicando (6.3.39) por e−ωt , obtemos
d
e−ωt ku(t) − v(t)k − ωe−ωt ku(t) − v(t)k ≤ 0 q.s em (0, ∞)
dt
d −ωt
⇒ (e ku(t) − v(t)k) ≤ 0 q.s em (0, ∞).
dt
Integrando de 0 a t, pois e−ωt ku(t) − v(t)k é absolutamente contı́nua, temos
Portanto
ku(t) − v(t)k ≤ eωt kx − yk, ∀t ∈ [0, ∞).
2
Corolário 6.12 Seja A ∈ A(ω). Então, (6.3.35) tem no máximo uma solução forte que satisfaz (6.3.36).
- 406 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Lema 6.13 Seja A ∈ A(ω), u uma solução forte de (6.3.35) e h > 0. Então a função
é monótona.
Demonstração: Como u(t) é solução forte de (6.3.35) então v(t) := u(t + h) também satisfaz cada
um dos itens da Definição 6.9 e portanto v(t) é solução forte de (6.3.35) com valor inicial v(0) = u(h).
Procedendo de forma análoga a proposição 6.11, usando o lema 6.10, obtemos
d
kv(t) − u(t)k ≤ ωkv(t) − u(t)k.
dt
Multiplicando por e−ωt vem que
d −ωt
e kv(t) − u(t)k ≤ 0 q.s. em [0, ∞),
dt
e da definição de v e ϕ temos
d d −ωt
[ϕ(t)] = e ku(t + h) − u(t)k ≤ 0 q.s. em [0, ∞).
dt dt
+
i) ku(t) − u(s)k ≤ eω (t−s)
|Au(s)| para quase todo t ∈ (0, ∞) e todo s tal que u(s) ∈ D(A), 0 ≤ s ≤ t.
d
ii) u(t) = |Au(t)| q.s. em (0, ∞).
dt
iii) a função e−ωt |Au(t)| é monótona decrescente.
Demonstração: Seja Ω o conjunto dos pontos t ∈ (0, ∞) tais que u(t) ∈ D(A), u diferenciável no ponto
d
t e u(t) + Au(t) 3 0. Como u é solução forte de (6.3.35), segue que (0, ∞) \ Ω tem medida nula.
dt
d
i) Seja t ∈ Ω. Então − u(t) ∈ Au(t) e fixemos s tal que u(s) ∈ D(A), 0 ≤ s ≤ t e seja y ∈ Au(s).
dt
Pela acretividade de A + ωI existe um u∗ ∈ F (u(t) − u(s)) tal que
d
u∗ , − u(t) + ωu(t) − y − ωu(s) ≥ 0.
dt
- 407 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
ou seja,
d
ku(t) − u(s)k ≤ kyk + ωku(t) − u(s)k ≤ kyk + ω + ku(t) − u(s)k (6.3.40)
dt
onde ω + = max{0, ω}. Logo
d
ku(t) − u(s)k ≤ kyk + ω + ku(t) − u(s)k.
dt
d h −ω+ (t−s) i
ku(t) − u(s)k ≤ e−ω (t−s) kyk.
+
e (6.3.41)
dt
Agora temos dois casos a considerar:
Caso I: ω + > 0: integrando (6.3.41) de s a t,
Z Z t
t
d h −ω+ (τ −s) i
e−ω (τ −s) kyk dτ.
+
e ku(τ ) − u(s)k dτ ≤
s dτ s
1 − e−ω (t−s)
+
= kyk.
ω+
Donde,
+
eω (t−s)
−1
ku(t) − u(s)k ≤ kyk.
ω+
Disso e do fato que ex − 1 ≤ xex para todo x ≥ 0 obtemos
+
ku(t) − u(s)k ≤ (t − s)eω (t−s)
kyk.
Como esta última relação vale para todo y ∈ Au(s), podemos tomar o ı́nfimo com y ∈ Au(s) e
concluir que
+
ku(t) − u(s)k ≤ (t − s)eω (t−s) |Au(s)| ,
para todo t ∈ Ω e s tal que u(s) ∈ D(A) e 0 ≤ s ≤ t, o que prova que i) para ω + > 0.
Caso II: ω + = 0: de (6.3.40) vem que
d
ku(t) − u(s)k ≤ kyk, para todo y ∈ A(u(s)),
dt
e integrando de s a t,
ku(t) − u(s)k ≤ (t − s)kyk.
- 408 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
d u(s) − u(t)
u(t) = lim
dt s→t s−t
ku(s) − u(t)k
= lim
s→t s−t
ω + (s−t)
i) e (s − t) |Au(s)|
≤ lim
s→t s−t
= |Au(t)| .
d d
Por outro lado, como − u(t) ∈ Au(t), vem que |Au(t)| ≤ u(t) e portanto,
dt dt
d
|Au(t)| = u(t)
dt
d d
Supondo s, t ∈ Ω então u(s), u(t) ∈ D(A), − u(t) ∈ Au(t), − u(s) ∈ Au(s). Dividindo (6.3.42)
dt ds
por h obtemos
u(t + h) − u(t) u(s + h) − u(s)
e−ωt ≤ e−ωs .
h h
Como t, s ∈ Ω, podemos tomar o limite quando h → 0 e concluir que
d d
e−ωt u(t) ≤ e−ωs u(s) .
dt ds
Corolário 6.15 Seja X reflexivo, estritamente convexo e liso e A+ωI acretivo e máximo em C, D(A) ⊂
C. Se u é uma solução forte de (6.3.35) então A◦ u(t) tem um único elemento e
d
u(t) + A◦ u(t) = 0 q.s. em (0, ∞)
dt
- 409 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
xi − xi−1
+ Axi 3 0, i = 1, · · · , N, (6.3.43)
ti − ti−1
será dito discretização da equação (6.3.35). Se max {ti − ti−1 } ≤ ε, (6.3.43) será dita ε-discretização
1≤i≤N
de (6.3.43) em [0, T ].
Se a sequência x0 , x1 , · · · , xN satisfaz (6.3.43), a função uπ , definida por uπ (0) = x0 e uπ (t) = xi se
t ∈ (ti−1 , ti ], é dita solução de (6.3.43) em [0, T ] com valor inicial x0 ; se (6.3.43) for uma ε-discretização,
uπ será dita solução ε-aproximada de (6.3.43) com valor inicial x0 ; se uπ for uma solução ε-aproximada
de (6.3.43) em [0, T ] com valor inicial x0 e kx − x0 k ≤ ε, uπ será dita solução ε-aproximada do problema
(6.3.35)-(6.3.36) em [0, T ].
Proposição 6.17 Seja A um operador nas condições do teorema 6.2. Então, para cada partição de
[0, T ], 0 = t0 < t1 < · · · < tN = T tal que ti − ti−1 < λ0 e cada x0 ∈ D(A), a discretização (6.3.43)
admite uma única solução com valor inicial x0 .
x1 − x0
+ Ax1 3 0
t1
e portanto,
x1 − x0 + t1 Ax1 3 0,
equivalentemente
x1 + t1 Ax1 3 x0 ,
ou seja,
x0 ∈ (I + t1 A)x1 . (6.3.44)
Do fato que A ∈ A(ω) e t ≥ 0, 0 < t1 < λ0 (o que implica em 0 < t1 |ω| < λ0 |ω| < 1), pelo teorema 5.71,
Jt1 é unı́voco e de (6.3.44) vem que
isto é, existe único x1 ∈ Im(Jt1 ) = D(A), proposição 5.65, tal que
x0 ∈ (I + t1 A)x1 e (I + t1 A)−1 x0 = x1 .
Por recorrência, vê-se que, para cada i = 1, 2, · · · , N existe um só xi ∈ D(A) que satisfaz (6.3.43),
ou equivalentemente
−1
xi = (I + (ti − ti−1 )A) xi−1 , 0 < ti − ti−1 < λ0 , (6.3.46)
ou ainda,
−1 −1 −1
xi = (I + (ti − ti−1 )A) (I + (ti−1 − ti−2 )A) · · · (I + t1 A) x0 (6.3.47)
e assim a sequência xi , i = 1, 2, · · · , N define uma solução para (6.3.43) com valor inicial x0 .
Para a unicidade, suponha que exista outra solução de (6.3.43) com valor inicial x0 dada por uma
sequência yi . Então y1 satisfaz
y1 − x0
+ Ay1 3 0
t1
e, analogamente ao feito para x1 , temos Jt1 x0 = y1 . Disso, de (6.3.45) e do fato que Jt1 é unı́voco segue
- 410 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Proposição 6.18 Seja A ∈ A(ω) tal que D(A) ⊆ Im(I + λA), para 0 < λ < λ0 , λ0 |ω| < 1. Se uεN é a
solução da εN -discretização (6.3.43) na forma
T (N − 1)
0 = t0 < t1 = < · · · < tN −1 = T < tN = T,
N N
T
Demonstração: Seja N ∈ N de modo que < λ0 . Pela proposição 6.17, a sequência
N
x0
,
xi = (I + εN A)−i x0
N
Em ambos os casos, pelo teorema 6.3, tem-se
Teorema 6.19 Seja A ∈ A(ω) tal que D(A) ⊆ Im(I +λA), para 0 < λ < λ0 , λ0 |ω| < 1. Tome x ∈ D(A)
e u uma solução forte de (6.3.35) com u(0) = x. Então u(t) = S(t)x, t ∈ [0, ∞), em que S é o semigrupo
gerado por −A.
u(t) − u(t − ε) du
gε (t) = − (t),
ε dt
a qual está definida quase sempre em (0, s).
du du
Como − (t) ∈ Au(t) quase sempre em (0, s), ou ainda, u(t), − (t) ∈ A, vem que
dt dt
du
u(t), −ε (t) ∈ εA.
dt
- 411 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Sendo ε ≤ λ0 , temos que u(t) = (I + εA)−1 (εgε (t) + u(t − ε)) quase sempre em (0, s). Agora
ponhamos uε (t) = x para t ≤ 0.
Por (6.3.46),
uε (t) = (I + εA)−1 uε (t − ε), t ≥ 0.
Assim,
Portanto,
Z s Z s
kuε (t) − u(t)kdt ≤ (1 − ε|ω|)−1 kuε (t − ε) − u(t − ε)kdt
0
Z0 s
+ ε(1 − ε|ω|)−1 kgε (t)kdt,
0
donde Z Z
1 s
(1 − ε|ω|)−1 s
kuε (t) − u(t)kdt ≤ kuε (t − ε) − u(t − ε)kdt
ε s−ε ε 0
Z s−ε Z s
1
− kuε (t) − u(t)kdt + (1 − ε|ω|)−1 kgε (t)kdt (6.3.49)
ε 0 0
Z Z
(1 − ε|ω|)−1 − 1 s−ε
−1
s
= kuε (t) − u(t)kdt + (1 − ε|ω|) kgε (t)kdt.
ε 0 0
Se 0 < t < ε,
+ +
ku(t) − u(t − ε)k = ku(t) − xk ≤ eω t t|Ax| ≤ eω s
ε|Ax|,
quase sempre em (0, ε).
+
Logo, ku(t) − u(t − ε)k ≤ eω s
ε|Ax| quase sempre em (0, s).
Além disto,
du +
(t) = |Au(t)| ≤ eωt |Ax| ≤ eω s |Ax|
dt
quase sempre em (0, T ).
- 412 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Consequentemente,
du
kgε (t)k ≤ ε−1 ku(t) − u(t − ε)k + (t)
dt
+
≤ 2eω s
|Ax|.
Visto que gε (t) → 0 quase sempre em (0, s), pois u é solução forte de (6.3.35), pelo teorema da
convergência dominada Z s
lim kgε (t)kdt = 0. (6.3.50)
ε→0 0
Temos que
(1 − ε|ω|)−1 − 1
lim = |ω| (6.3.51)
ε→0 ε
e, da proposição 6.18, (6.16),
Z s−ε Z s
lim kuε (t) − u(t)kdt = kS(t)x − u(t)kdt. (6.3.52)
ε→0 0 0
Z s Z s
1 1
= kuε (t) − u(t)kdt − kS(s)x − u(s)kdt
ε s−ε ε s−ε
Z s Z s
1 1
≤ kuε (t) − S(s)xkdt + ku(t) − u(s)kdt.
ε s−ε ε s−ε
Z s Z s
1 1
≤ kuε (t) − S(s1 )xkdt + kS(s1 )x − S(s)xkdt
ε s−ε ε s−ε
Z s Z s
1 1
≤ ku( t) − u(s1 )kdt + ku(s1 ) − u(s)kdt
ε s−ε ε s−ε
Z s Z s
1 1
≤ kuε (t) − S(t)xkdt + kS(t)x − S(s)xkdt
ε s−ε ε s−ε
Z s
+εkxk + ku(t) − u(s1 )kdt + ε −→ 0, quando ε → 0,
s−ε
pois uε (t) → S(t)x uniformemente em intervalos limitados. Logo, de (6.3.53), vem que
Z s
kS(s)x − u(s)k ≤ |ω| kS(t)x − u(t)kdt.
0
- 413 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Seja agora x ∈ D(A). Sendo u solução forte, temos que u(t) ∈ D(A) quase sempre. Escolha
uma sequência {εn } convergente para zero, de modo que u(εn ) ∈ D(A) para todo n. A função vn (t) :=
un (t + εn ) é solução forte da equação
dvn
(t) + Avn (t) 3 0
dt
v (0) = u(ε ).
n n
Pelo que já foi provado, S(t)u(εn ) = vn (t). Logo, S(t)x = u(t). 2
Lema 6.20 Seja A ∈ A(ω) tal que Im(I + λA) ⊃ D(A), para 0 < λ < λ0 , λ0 |ω| < 1 e S o semigrupo
gerado por −A. Se x ∈ D(A) e (x0 , y0 ) ∈ A então
S(t)x − x
sup lim sup + ω(x0 − x), ξ ′ ≤ hy0 , x0 − xis
ξ ′ ∈F (x−x0 ) t→0 t
Demonstração: Vamos designar por λt a parte inteira de λt , t ≥ 0 e λ > 0. Por (ii) e (iii) do Teorema
5.71, temos para λ suficientemente pequeno que
[ λt ] t
(1 − λ|ω|)−[ λ ]+1 kJλ x0 − x0 k
t
kJλ x0 − x0 k ≤
λ
t
(1 − λ|ω|)−[ λ ]+1 λ(1 − λω)−1 |Ax0 |
t
≤
λ
≤ t(1 − λ|ω|)−[ λ ] |Ax |
t
0
Por hipótese, x ∈ D(A) ⊂ Dλ , 0 < λ < λ0 . De acordo com (i) do Teorema 5.71 e da desigualdade
anterior tem-se, para λ suficientemente pequeno, que
1 k−1
yλ,k = (J x − Jλk x).
λ λ
Temos,
1
yλ,k = (I − Jλ )(Jλk−1 x) = Aλ Jλk−1 x ∈ AJλk x,
λ
ou seja, (Jλk x, Aλ Jλk−1 x) ∈ A.
Como A ∈ A(ω), segue pela Proposição 5.69 que existe η ′ ∈ F (x0 − Jλk x) tal que
- 414 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
logo
hη ′ , yλ,k i ≤ hη ′ , y0 i + ωkx0 − Jλk xk2 . (6.3.55)
Mas,
kx0 − Jλk xk2 − kx0 − Jλk−1 xk2 ≤ 2λhy0 , η ′ i + 2λωkx0 − Jλk xk2
≤ 2λhy0 , x0 − Jλk xis + 2λωkx0 − Jλk .xk2 .
t
Seja t ≥ λ. Somando (6.3.56) de k = 1 à k = λ , segue que
Z ([ λt ]+1)λ [ λt ]
X
[ λt ] [ λτ ]
kx0 − Jλ xk − kx0 − xk ≤ 2
2 2
hy0 , x0 − Jλ xis dτ + 2λω kx0 − Jλk xk2 (6.3.57)
λ k=1
e,
(
[τ ]
g(λ) = hy0 , −x0 + Jλλ xis , se λ > 0
hy0 , −x0 + S(τ )xis , se λ = 0
segue que f e g são s.c.s em [0, ∞).
Observe que −f (λ) ≤ g(λ), para λ > 0 e devido a s.c.s de f e g em λ = 0, temos que para todo
> 0, existe Vϵ (0) tal que
f (λ) < f (0) + e g(λ) < g(0) + ,
para todo λ ∈ Vϵ (0).
- 415 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Portanto
|f (λ)| ≤ ky0 kkx0 − S(τ )xk + 1 (6.3.58)
λ→0 λ→0 t
e
λ→0
[τ ]
|hy0 , x0 − Jλλ xis | ≤ ky0 kkx − x0 keωτ + ky0 kτ e|ω|τ |Ax0 | + 1 := h(τ ) ∈ L1 (0, 2t).
Note que a integral que aparece em (6.3.57) pode ser escrita como
Z ([ λt ]+1)λ Z 2t
[ λτ ] [τ ]
hy0 , x0 − Jλ xis dτ = hy0 , x0 − Jλλ xis χλ (τ )dτ
λ 0
onde
1, se τ ∈ [λ, ( λt + 1)λ]
χλ (τ ) =
0, se τ ∈ [0, 2t]\[λ, ( λt + 1)λ]
Logo aplicando o Teorema da convergência dominada (substituindo a hipótese de convergência quase
sempre por lim sup), obtemos
Z ([ λt ]+1)λ Z 2t
[τ ] [τ ]
lim sup hy0 , x0 − Jλλ xis dτ = lim sup hy0 , x0 − Jλλ xis χλ (τ )dτ
λ→0 λ λ→0 0
Z 2t Z t
≤ hy0 , x0 − S(τ )xis χ[0,t] (τ )dτ = hy0 , x0 − S(τ )xis dτ
0 0
Portanto por (6.3.57) temos, tomando o lim sup em ambos os lados, que
Z t
kx0 − S(t)xk2 − kx − x0 k2 ≤ 2 hy0 , x0 − S(τ )xis dτ + I, (6.3.60)
0
onde
t
X
[λ]
- 416 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
tem-se
h i2
lim ϕn (τ ) = eωτ kx − x0 k + τ e|ω|τ |Ax0 | := ϕ(τ )
n→∞
X
n
2λω kx0 − Jλk xk2 ≤ 2ωSφn (6.3.62)
k=1
quando n → ∞.
X
n
I ≤ lim sup 2λω kx0 − Jλk xk2 ≤ lim 2ωSφn
n→∞ n→∞
k=1
Z t Z th i2
= 2ω ϕ(τ )dτ = 2ω eωτ kx − x0 k + τ e|ω|τ |Ax0 | dτ
0 0
- 417 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Mas, hy0 , x0 − S(·)xis : [0, ∞) → R é s.c.s. Então para todo > 0, existe δ > 0 tal que
para todo τ ∈ [0, δ), e portanto se t ∈ (0, δ), temos de acordo com (6.3.64) e (6.3.65) que
Z
S(t)x − x ′ 1 t
I
,ξ ≤ hy0 , x0 − S(τ )xis dτ +
t t 0 2t
I
≤ hy0 , x0 − xis + + . (6.3.66)
2t
R t ωτ 2
Como I
2t ≤ ω
t 0
e kx − x0 k + τ e|ω|τ |Ax0 | dτ, obtemos de acordo com o Teorema da Média que
I
lim sup ≤ ωkx − x0 k2 = ωhx − x0 , ξ ′ i.
t→0 2t
ou ainda,
S(t)x − x
lim sup + ω(x0 − x), ξ ′ ≤ hy0 , x0 − xis , ∀ ξ ′ ∈ F (x − x0 ). (6.3.68)
t→0 t
Provando o desejado. 2
Teorema 6.21 Seja A ∈ A(ω), D(A) ⊂ Im(I + λA), para 0 < λ < λ0 , λ0 |ω| < 1, A um operador
fechado, S ∈ Qω (D(A)) o semigrupo gerado por −A, z ∈ D(A) e S(t)z diferenciável quase sempre em
(0, ∞). Então o S(t)z é uma solução forte de (6.3.35)-(6.3.36).
Podemos escrever
d
S(t0 )z − S(t0 − h)z = S(t0 )z h + α(h), 0 < h < t0 , (6.3.69)
dt
Como S(t0 − h)z ∈ D(A) e por hipótese D(A) ⊂ Im(I + λA), 0 < λ < λ0 , segue que se 0 < h < λ0 ,
então
- 418 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Como pela Proposição 4.5, F (xh − S(t0 )z) é compacto na topologia fraca-∗, segue que existe
′
η ∈ F (xh − S(t0 )z) tal que
S(t + t0 )z − S(t0 )z
sup lim sup + ω(xh − S(t0 )z), ξ ≤ hyh , η ′ i
′
ξ ′ ∈F (S(t0 )z−xh ) t→0 t
isto é,
Donde,
(1 − ωh)kxh − S(t0 )zk2 ≤ kα(h)kxh − S(t0 )zk. (6.3.72)
d
lim yh = − S(t0 )z
h→0 dt
- 419 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
d
− u(t) ∈ Au(t), para quase todo t ∈ (0, ∞).
dt
Observação 6.22 No Teorema anterior é bastante supor que D(A) ⊂ Im(I + λA), 0 < λ < λ0 , pois por
hipótese A é fechado, consequentemente, pela Proposição 5.75, segue que Dλ = Im(I + λA) é fechado.
Corolário 6.23 Seja X um espaço de Banach reflexivo. Se A satisfaz as condições do Teorema 6.21 e
S é o semigrupo gerado por −A, então S(t)x é a solução forte de (6.3.35)-(6.3.36), para todo x ∈ D(A).
Demonstração: Pelo Teorema 6.2, temos que, para todo x ∈ D(A), S(·)x é Lipschitziana em intervalos
limitados, logo absolutamente contı́nua em [0, T ], ∀ T > 0, e portanto diferencı́avel quase sempre em
(0, ∞), uma vez que X é reflexivo. Então pelo Teorema 6.21, u(t) = S(t)x é a solução forte de 6.3.35)-
(6.3.36). 2
Observação 6.24 Se A satisfaz as hipóteses do Teorema 6.21, os Teoremas 6.19 e 6.21 mostram que o
problema (6.3.35)-(6.3.36) tem uma solução forte se, e somente se, a função S(·)x é diferenciável quase
sempre, e no caso de a diferenciabilidade ocorrer, a solução forte é S(t)x, para todo x ∈ D(A). Este fato,
aliado ao que ficou estabelecido na Proposição 6.18, sugere considerar S(t)x como solução do problema
(6.3.35)-(6.3.36) mesmo que S(t)x não seja diferenciável, e portanto, não satisfaz as condições (ii) e (iv)
da Definição 6.9.
Assim quando A estiver nas condições do Teorema 6.2, a função S(·)x será dita solução gene-
ralizada de (6.3.35)-(6.3.36).
Demonstração: Inicialmente observe que como A + ωI e B + ωI são m-acretivos, logo máximo acretivos
em D(A) e D(B) respectivamente, segue pela Proposição 5.89 que A e B são demifechados e portanto
fechados.
Provaremos agora que D(A) = D(B). Seja x ∈ D(A). Por hipótese SA (t) = SB (t), então D(A) =
D(B). Coloquemos S(t) = SA (t) = SB (t), assim pelo Lema 6.20 temos
S(t)x − x
lim sup + ω(x0 − x), F (x − x0 ) ≤ hy0 , F (x0 − x)i, (6.3.73)
t→0 t
Como pelo Corolário 6.23, S(t)x é solução forte de (6.3.35)-(6.3.36) segue pelo Teorema 6.14 (i)
para s = 0 que
S(t)x − x + +
k k ≤ eω t |Ax| ≤ eω T |Ax|, t ∈ (0, T ).
t
S(t)x − x
* y em X,
t
- 420 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Logo,
h−y + ωx − ωx0 − y0 , F (x − x0 )i ≥ 0, ∀ (x0 , y0 ) ∈ B,
e como B + ωI é m-acretivo segue pelo Teorema 5.82(iii) que (x, −y) ∈ B, isto é, x ∈ D(B), provando
que D(A) ⊂ D(B). Analogamente prova-se que D(B) ⊂ D(A), o que mostra a igualdade desejada.
Denotamos agora D = D(A) = D(B). Se x ∈ D, então pelo Corolário 6.23, u(t) = S(t)x é solução
forte de (6.3.35)-(6.3.36). Assim pondo ϕ(t) = − dt
d
S(t)x, temos que ϕ(t) ∈ AS(t)x e ϕ(t) ∈ BS(t)x
quase sempre em (0, ∞).
Por (iii), do Teorema 6.14 temos que e−ωt |Au(t)| é decrescente. Assim, se t > 0,
+
|Au(t)| ≤ eωt |Ax| ≤ eω T
|Ax|,
Portanto
d +
kϕ(t)k = k u(t)k = |Au(t)| ≤ eω T |Ax|.
dt
Como X é reflexivo, obtemos a existência de uma sequência (tn ) tal que tn → 0 e ϕ(tn ) * y,
quando n → ∞.
S(tn )x → x,
e como
ϕ(tn ) ∈ AS(tn )x ∩ BS(tn )x,
segue que y ∈ Ax ∩ Bx, uma vez que A e B são demifechados.Dessa forma, obtemos que kyk ≥ |Ax| e
kyk ≥ |Bx|.
Por outro lado, como ϕ(tn ) * y e kϕ(tn )k = |Au(tn )| ≤ eωtn |Ax|, temos
Analogamente, kyk ≤ |Bx|. Portanto kyk = |Ax| = |Bx|, ou seja, y ∈ A0 x ∩ B 0 x e pelo Corolário
5.106 segue que A = B. 2
Mostraremos que (x0 , y0 ) ∈ A. Afim de utilizar a proposição 5.105 mostraremos que x0 ∈ D(A).
De fato, como X é reflexivo, S(t)x é, pelo corolário 6.23, solução de (6.3.35)-(6.3.36), para todo x ∈ D(A).
- 421 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
d
− S(t)x ∈ A0 S(t)x q.s em (0, ∞)
dt
De (6.3.74) vem, então
d
y0 + ωx0 + S(t)x − ωS(t)x, F (x0 − S(t)x) ≥ 0 q.s em (0, ∞)
dt
Daı́,
d
− S(t)x, F (x0 − S(t)x) ≤ ω x0 − S(t)x, F (x0 − S(t)x) + y0 , F (x0 − S(t)x)
dt
≤ ωkS(t)x − x0 k2 + ky0 kkS(t)x − x0 k
kS(t)x − x0 k ≤ kx − x0 k + tky0 k
Logo,
" #τ =t
−e−ω
+
τ
−ω + t
e kS(t)x − x0 k ≤ kx − x0 k + ky0 k
ω+
τ =0
−ω + t
1−e
= kx − x0 k + ky0 k
ω+
donde, se ω + > 0
+
+ eω t
−1
kS(t)x − x0 k ≤ eω t kx − x0 k + ky0 k
ω+
+ +
≤ eω t kx − x0 k + teω t ky0 k
S(t)x0 − x0
daı́, é limitado em todo intervalo limitado. Logo, existe uma sequência (tn ) com tn → 0
t
quando n → ∞, e um z ∈ X tais que
S(tn )x0 − x0
* z quando n → ∞
tn
- 422 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
ou seja,
− z + ωx0 − v − ωu, F (x0 − u) ≥ 0 , ∀(u, v) ∈ A
daı́, pela maximalidade de A + ωI, (x0 , −z) ∈ A e, portanto, x0 ∈ D(A). De (6.3.74) segue, então, pela
proposição 5.105 que (x0 , y0 ) ∈ A. Logo A0 é uma seção principal de A. 2
Para o próximo resultado enunciaremos dois lemas, cuja as demonstrações podem ser encontradas
em [60] e [45] respectivamente.
Lema 6.27 Sejam M e N espaços métricos. Para que uma função f : M → N seja contı́nua num ponto
a, é suficiente que xn → a implique que (f (xn )) possui uma subsequência convergindo para f (a).
Lema 6.28 Se X é reflexivo, cada função absolutamente contı́nua, u : [0, T ] → X, é diferenciável q.s em
(0, T ) e
Z t
d
u(t) − u(0) = (τ )dτ, ∀t ∈ [0, T ]
0 dt
Teorema 6.29 Sejam X e X ′ espaços de Banach uniformemente convexos, A ∈ A(ω) com A fechado
tal que
D(A) ⊂ Im(I + λA), 0 < λ ≤ λ0 ,
com λ0 |ω| < 1. Então, para todo x ∈ D(A),
◦
i) O conjunto Ax tem um único elemento de norma mı́nima, A x;
ii) Se S é o semigrupo gerado por −A, então S(t)x é a única solução forte de (6.3.35)-(6.3.36);
◦
iii) A função ϕ(t) = e−ωt k A S(t)xk é monótona decrescente;
◦
iv) A (t)x é contı́nua à direita em todo t ≥ 0;
d+ ◦
S(t)x+ A S(t)x = 0, ∀t ≥ 0;
dt
d ◦
− S(t)x =A S(t)x
dt
nos pontos onde ocorre a diferenciabilidade.
◦
◦
e demifechada de A, que satisfaz A
Demonstração: i) Pelo Teorema 5.101 existe uma extensão A e x =A x,
◦
◦
e é unı́voco, donde resulta que A é unı́voco, uma vez que
para todo x ∈ D(A). Pelo Teorema 5.100, A
◦
◦
e = D(A)
D(A) e = D(A) = D(A).
◦ ◦
◦
e x, para algum x ∈ D(A). Como A
Agora, seja y ∈ Ax com kyk = |Ax|. Então y ∈A x =A e é unı́voco,
◦
e.
segue y =A
- 423 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
iv) Sejam t ≥ 0, {tn } uma sequência tal que tn ≥ t, para todo n = 1, 2, . . ., com tn → t quando
n → ∞. Temos S(tn )x ∈ D(A), para todo n ≥ 1. Por iii) temos
◦ ◦
e−ωtn k A S(tn )xk ≤ k A xk, n = 1, . . .
e = D(A) e
S(t)x ∈ D(A) e
y ∈ AS(t)x.
◦ ◦
A S(tnk )x *A S(t)x, (6.3.78)
e também,
◦ ◦
lim sup A S(tnk )x| = lim sup(e−ωtnk | A S(tnk )x|eωtnk )
k→∞ k→∞
◦
≤ lim sup e−ωtnk | A S(tnk )x| lim sup eωtnk
k→∞ k→∞
◦ ◦
−ωt
≤ e | A S(t)x|e ωt
= | A S(t)x|. (6.3.79)
Logo, de (6.3.78) e (6.3.79), com o fato de X ser uniformemente convexo, vem que
◦ ◦
A S(tnk )x →A S(t)x.
f : [0, ∞) −→ X
◦
x 7−→ f (t) =A S(t)x.
- 424 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
v) Pelo Corolário 6.23, S(t)x é solução forte de (6.3.35)-(6.3.36) e, pelo item ii) do Teorema 6.14,
d
− S(t)x = |AS(t)x|, para quase todo t ∈ (0, ∞), (6.3.80)
dt
o que implica
d ◦
− S(t)x =A S(t)x, para quase todo t ∈ (0, ∞).
dt
Sendo S(t)x lipschitziana em intervalos limitados, pelo Lema 6.28 temos
Z t+h
d
S(t + h)x − S(t)x = S(τ )xdτ
t dτ
Z t+h ◦
= − A S(τ )xdτ
t
Z
S(t + h)x − S(t)x ◦ 1 t+h ◦ ◦
+ h A S(t)x = − A S(τ )xdτ + A S(t)x.
h h t
Sabendo que
Z t+h ◦
1 ◦
lim A S(τ )xdτ =A S(t)x,
h→0 h h
resulta
d+ ◦
S(t)x+ A S(t)x = 0, ∀t ≥ 0.
dt
◦ ◦
vi) Por iv) a função A (t)x está definida para todo t ≥ 0. Logo, pelo fato de ϕ(t) = e−ωt k A S(t)xk
ser mónotona decrescente, decorre que o conjunto dos pontos de descontinuidade de ϕ é, no máximo,
enumerável.
◦ ◦
Notemos que se k A S(·)xk é contı́nua em um ponto t, então A (·)x também o é. Com efeito, se {tn }
◦
é uma sequência com tn → t, temos que e−ωtn k A S(tn )xk ≤ M, para alguma constante M > 0 e para todo
◦ ◦
n ∈ N. Com isso, seguindo o mesmo raciocı́nio utilizado em iv), concluı́mos que lim A S(tnk )x =A S(t)x,
k→∞
para alguma subsequência {tnk } ⊂ {tn }. Com isso, concluı́mos a continudade desejada. Portanto, o
◦
conjunto dos pontos de descontinuidade de A S(·)x é, no máximo, enumerável.
◦
Daı́, resulta que S(·)x é continuamente diferenciável em todo ponto de continuidade de A S(·)x, e
com isso, concluı́mos o desejado. 2
Nosso objetivo, agora, é demonstrar o Teorema 6.36, que nos garante que se
então a solução forte de (6.3.35)-(6.3.36), quando existe, pode ser obtida como limite da solução do
problema aproximado
duλ
+ Aλ uλ = 0,
dt (6.3.82)
uλ (0) = 0,
Antes de demonstrar o Teorema 6.36 necessitamos de alguns resultados auxiliares que serão apre-
- 425 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
sentados a seguir.
Teorema 6.30 Seja X um espaço de Banach, C ⊂ X um cone convexo e fechado de vértice 0 e J uma
aplicação lipschitziana de C em C, i.e., tal que
onde α é uma constante positiva. Se f ∈ L1 (0, T ; X), T > 0, é tal que f (t) ∈ C para quase todo t ∈ (0, T ),
então para cada x0 ∈ C existe uma única função u : [0, T ] → C satisfazendo
donde resulta que j(t)x é integrável em [0, T ] para cada x ∈ C. Com a definição da aplicação j, a expressão
(6.3.85) torna-se
d
u(t) + (I − j(t))u(t) = 0 q.s. em (0, T ).
dt
Consideremos
e = {u ∈ C(0, T ; X); u(t) ∈ C; ∀t ∈ [0, T ]},
C
que é um subconjunto convexo e fechado de C(0, T ; X). Definamos φ : C(0, T ; X) → C(0, T ; X) por
Z t
φu(t) = e−t x0 + es−t j(s)(u(s))ds.
0
Primeiramente, vamos verificar que φ(C) e ⊂ C. e Seja u ∈ C. e É claro que e−t x0 ∈ C, para todo
t ∈ [0, T ], e também j(s)(u(s)) ∈ C, donde, es−t j(s)(u(s)) ∈ C, para quaisquer s, t ∈ [0, T ]. Além disso,
desde que
kJu(s) − Ju(t)k ≤ αku(s) − u(t)k, ∀s, t ∈ [0, T ],
Rt
segue que Ju : [0, T ] → C é uma aplicação contı́nua, donde 0 es−t Ju(s)ds ∈ C. Agora, observemos que,
para cada t ∈ [0, T ] fixo, a função g(s) = es−t f (s) pertence a L1 (0, T ; X), e, em particular, L1 (0, T ; C),
que é um subconjunto completo de L1 (0, T ; X). Desde que C 0 (0, T ; C) é denso em L1 (0, T ; C), podemos
obter uma sequência {gn } ⊂ C 0 (0, T ; C) que converge para g em L1 (0, T ; C). Em particular, temos
Z t Z t
gn (s)ds → g(s)ds,
0 0
Rt Rt
com 0 gn (s)ds ∈ C, para todo t ∈ [0, T ]. Sendo C fechado, concluı́mos 0 g(s)ds ∈ C, para todo t ∈ [0, T ].
Portanto, Z t
es−t j(s)(u(s))ds ∈ C, ∀t ∈ [0, T ],
0
- 426 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Vamos provar que para n ∈ N suficientemente grande, φn é uma contração estrita. Para isso,
vamos provar por indução, que
α n tn
kφn u(t) − φn v(t)k ≤ ku − vkC(0,T ;X) ,
n!
para quaisquer u, v ∈ C(0, T ; X), t ∈ [0, T ] e para todo n ∈ N.
De fato, temos
Z t
kφu(t) − φv(t)k ≤ es−t kj(s)(u(s)) − j(s)(v(s))kds
0
Z t
≤ α es−t ku(s) − v(s)kds
0
Z t
≤ α dsku − vkC(0,T ;X) = αtku − vkC(0,T ;X) , ∀t ∈ [0, T ].
0
(αt)n−1
kφn−1 u(t) − φn−1 v(t)k ≤ ku − vkC(0,T ;X) , ∀t ∈ [0, T ].
(n − 1)!
Portanto,
Z t
kφn u(t) − φn v(t)k ≤ es−t kj(s)(φn−1 u(t)) − j(s)(φn−1 v(t))kds
0
Z t
≤ α es−t kφn−1 u(t) − φn−1 v(t)kds
0
Z t
sn−1
≤ α n
ku − vkC(0,T ;X) ds
es−t
0 (n − 1)!
Z t
αn (αt)n
= ku − vkC(0,T ;X) sn−1 ds = ku − vkC(0,T ;X) , ∀t ∈ [0, T ],
(n − 1)! 0 n!
Desde que
αn T n
kφn u(t) − φn v(t)k ≤ ku − vkC(0,T ;X) , ∀u, v ∈ C(0, T ; X),
n!
segue que para n suficientemente grande, φn é uma contração estrita (ver [58], página 323). Portanto, φ
e Seja u
possui um único ponto fixo em C. e tal ponto fixo. Então, como,
Z t
e(t) = e−t x0 +
u es−j j(s)(e
u(s))ds, (6.3.87)
0
e(t) + (I − J)e
u u(t) = f (t) q.s. em (0, T ).
Agora, vamos provar a unicidade da função que satisfaz i), ii) e iii). Sejam, então, u e v funções
que satisfazem tais condições. Em particular, temos
e
vt (τ ) + (I − J)v(τ ) = f (τ ) q.s. em (0, T ). (6.3.89)
- 427 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Multiplicando ambos os membros da igualdade acima por (u(τ ) − v(τ ))t , integrando em X e utilizando
a desigualdade de Holder, obtemos
1 d
ku(τ ) − v(τ )k2 + kut (τ ) − vt (τ )k2 ≤ kJu(τ ) − Jv(τ )kkut (τ ) − vt (τ )k q.s. em (0, T ).
2 dt
Integrando a desigualdade acima em (0, t), para t ∈ [0, T ] dado, temos
Z t Z t Z t
1
ku(t) − v(t)k2 + kut (τ ) − vt (τ )k dτ ≤
2
kJu(τ ) − Jv(τ )k dτ +
2
kut (τ ) − vt (τ )k2 dτ.
2 0 0 0
Em particular, Z t
ku(t) − v(t)k2 ≤ α ku(τ ) − v(τ )k2 dτ,
0
e pela Desigualdade de Gronwall resulta u(t) = v(t). Assim, obtemos a unicidade desejada. 2
Corolário 6.31 Nas mesmas hipóteses do Teorema 6.30, para cada x0 ∈ C e cada λ > 0 existe uma
única função u : [0, T ] → C que satisfaz (6.3.84), (6.3.86) e
d 1
u(t) + (I − J)u(t) = f (t) q.s. em (0, T ). (6.3.90)
dt λ
d
v(t) + (I − J)v(t) = λf (λt), q.s. em (0, λT ).
dt
t
Considerando u(t) = v , temos u(λt) = v(t) e
λ
d
[u(λt)] + (I − J)u(λt) = λf (λt), q.s. em (0, λT ),
dt
donde resulta
d 1
u(t) + (I − J)u(t) = f (t), q.s. em (0, T ),
dt λ
com u satisfazendo (6.3.84) e (6.3.86). 2
Demonstração: Segue do Corolário anterior, com f ≡ 0. Neste caso, a demonstração do Teorema 6.30
é aplicável sem supor que C é cone, pois a aplicação j(t) : C → C dada por j(t) = J, para todo t ∈ [0, T ],
está bem definida. 2
- 428 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
v(0) = y0 , então
(α−1)t
i) ku(t) − v(t)k ≤ e λ kx0 − y0 k;
d (α−1) d
ii) u(t + t0 ) ≤ e λ (t+t0 ) u(t0 ) para todo t, t0 tal que u é diferenciável
dt dt
em t + t0 e t0 .
Demonstração: i) Temos
Z t
−λ
t 1 s−t
u(t) = e x0 + e λ Ju(s)ds,
λ 0
Z t
−λ
t 1 s−t
v(t) = e y0 + e λ Jv(s)ds,
λ 0
donde Z t
t α s
e ku(t) − v(t)k ≤ kx0 − y0 k +
λ e λ ku(s) − v(s)kds
λ 0
ii) Sejam t ∈ [0, T ] e t0 ∈ [0, T −h) tal que u é diferenciável em t0 e em t+t0 . Seja também h ∈ (0, T −t0 −t).
Considerando x0 = u(t0 ) e y0 = u0 (t0 + h), observamos que as soluções de (6.3.91) associadas aos
respectivos dados inicias x0 e y0 são dadas por u(t + t0 ) e u(t + t0 + h), e por i) temos
e fazendo h → 0 obtemos
d (α−1) d
u(t + t0 ) ≤ e λ (t+t0 ) u(t0 ) .
dt dt
2
A estimativa que será estabelecida a seguir é devida a Chernoff [24] no caso linear e a Miyadera e
Oharu [68] no caso geral. A demonstração que daremos é encontrada em Brezis [17] e Pazy [?].
Lema 6.34 Seja {ϕn } uma sequência de funções localmente integráveis em [0, ∞) tal que
Z t
−t α (s−t)
ϕn (t) ≤ nα e
n λ + e λ ϕn−1 (s)ds, n = 1, ..., α ≥ 1 e λ > 0 (6.3.92)
λ 0
(α−1)t
e ϕ0 (t) ≤ λt e λ . Então, para todo inteiro não negativo, n, e t ≥ 0 tem-se
" 2 # 21
(α−1)t t t
ϕn (t) ≤ αn e λ n−α +α . (6.3.93)
λ λ
t (α−1)t (α−1)t t2 t 1
ϕ0 (t) ≤ e λ ≤ e λ (α2 2 + α ) 2
λ λ λ
visto que α ≥ 1 e t ≥ 0. Logo, (6.3.93)é válida para n = 0. Supondo válida para n, ou seja,
" 2 # 21
(α−1)t t t
ϕn (t) ≤ α e n λ n−α +α .
λ λ
- 429 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
ou, equivalentemente,
Z 12 " 2 # 21
1 t
αs αs 2 αs αt αt αt
n+1+ e λ n− + ds ≤ e λ n+1− +
λ 0 λ λ λ λ
e como ambos os membros são iguais a n + 1 no ponto t = 0 é bastante demonstrar que a derivada do
primeiro é menor ou igual à derivada do segundo, ou seja, que
" 2 # 12 " 2 # 21
1 αt αt αt α αt αt αt
eλ n− + ds ≤ eλ n+1− +
λ λ λ λ λ λ
" 2 #− 12
α αt αt αt 1 αt
+ eλ n+1− + − −n+ .
λ λ λ 2 λ
Mas essa desigualdade é verdadeira porque o segundo membro é positivo, visto que
" 2 # 12 " 2 #− 21
αt αt αt αt 1 αt
n+1− + + n+1− + − −n+
λ λ λ λ 2 λ
" 2 #− 21 " 2 #
αt αt αt 1
= n+1− + n− + +n ,
λ λ λ 2
e como
" # 12 " #− 21
αt
2
αt αt
2
αt 1
2
αt
n+1− + + n+1− + − −n+
λ λ λ λ 2 λ
2
αt αt
≥ n− +
λ λ
segue que
" 2 # 12 " 2 # 12
αt αt αt αt
n− + ds ≤ n+1− +
λ λ λ λ
" 2 #− 12
αt αt 1 αt
+ n+1− + − −n+ .
λ λ 2 λ
1 αt
que multiplicando por e λ e usando que α ≥ 1 nos dá o desejado. 2
λ
- 430 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Demonstração: Por ii) do Corolário 6.33, temos para todo t, t0 tal que u é diferenciável em t + t0 e t0 ,
d (α−1)(t+t0 ) d (α−1)(t+t0 ) 1
u(t + t0 ) ≤ e λ u(t0 ) ≤ e λ (J − I)u(t0 ) .
dt dt λ
d (α−1)(t) 1
u(t) ≤ e λ (J − I)x0 . (6.3.95)
dt λ
Portanto, se Jx0 = x0 , então u(t) = x0 , para todo t ≥ 0 e, nesse caso, é válida a estimativa (6.3.94).
Seja, então, Jx0 6= x0 e ponhamos para n = 0, 1, ...
Logo, Z t
−λ
t
−1 α s−t
ϕn (t) ≤ e kx0 − J x0 kkx0 − Jx0 k
n
+ e λ ϕn−1 (s)ds. (6.3.97)
λ 0
Mas,
e como, por hipótese, α ≥ 1, kx0 − J n x0 k ≤ nαn kx0 − Jx0 k. Daı́ e de (6.3.97) vem, para n = 1, ...,
Z t
s−t
ϕn (t) ≤ nαn e− λ + α
t
ϕn−1 (s)ds. (6.3.98)
0 λ
Além disto,
Z
1 t − s−t
u(t) − x0 = e λ (Ju(s) − x0 )ds
λ 0
Z Z
1 t s−t 1 t s−t
= e (J − I)u(s)ds +
λ e λ (u(s) − x0 )ds.
λ 0 λ 0
1 d (α−1)s 1
k (J − I)u(s)k = u(s) ≤ e λ (x0 − Jx0 ) .
λ dt λ
- 431 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Logo,
t Z t Z t
e− λ αs s
ku(t) − x0 k ≤ kx0 − Jx0 k e λ ds + e λ ku(s) − x0 kds , (6.3.99)
λ 0 0
é valida para n = 0. Mostremos que ela é válida para todo n. Suponha que ela é válida para n e provemos
que permanece válida para n + 1.
e, como, Z Z
t
αξ
t
αξ (t − ξ)n+1
(t − s)n
ints0 e λ dξds = e λ dξ
0 0 n+1
e Z Z
t
ξ
t
ξ (t − ξ)n+1
(t − s)n ints0 e λ ku(ξ) − x0 kdξds = eλ ku(ξ) − x0 kdξ
0 0 n+1
temos
Z t Z t Z t
1 s 1 n+1 αs s
(t−s) e ku(s)−x0 kds ≤ n+1
n λ
kx0 − Jx0 k (t − s) e ds +
λ e (t − s)
λ n+1
ku(s) − x0 kds
λn n! 0 λ (n + 1)! 0 0
que, comparando com a hipótese de indução nos fornece o desejado e a fórmula é válida para todo
n = 0, 1, . . ..
Logo
1 (α−1)t
ϕ0 (t) = ku(t) − x0 kkx0 − Jx0 k−1 ≤ te λ . (6.3.100)
λ
De (6.3.96), (6.3.98) e (6.3.100) vem (6.3.94) do lema anterior segue o resultado. 2
Teorema 6.36 Seja A ∈ A(ω), tal que D(A) ⊂ Im(I + λA) para 0 < λ < λ0 com λ0 |ω| < 1 e satisfaz a
condição (6.3.81). Então, para cada λ > 0 tal que λ|ω| < 12 , ∀x ∈ C e para todo T > 0, existe uma única
duλ
função uλ : [0, T ] −→ C, absolutamente contı́nua em (0, T ), derivável q.s. em (0, T ), + Aλ u λ = 0
dt
q.s. em (0, T ) e uλ (0) = x. Além disso,
- 432 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Pelo Corolário 6.32 existe uma única função uλ que satisfaz as condições enunciadas. Resta De-
monstrar (6.3.101).
Primeiramente vamos mostrar (6.3.101) para x ∈ D(A). seja, então, x ∈ D(A), t ∈ [0, T ] e n ∈ N
tal que n = λt . Fazendo Sλ (t)x = uλ (t) temos:
Note que
1 λ|ω|
α= ⇒α−1= .
1 − λ|ω| 1 − λ|ω|
E,
t t
− < 1 ⇔ t − nλ < λ.
λ λ
De onde vem que
t
kSλ (t)x − Sλ (nλ)(x)k = kuλ (t)x − uλ (nλ)xk ≤ e(α−1) λ (t − nλ)kAλ xk
|ω|t |ω|t 1
= e 1−λ|ω| (t − nλ)kAλ xk ≤ e 1−λ|ω| (t − nλ) |Ax|
1 − λ|ω|
|ω|t
< e 1−λ|ω| λ(1 − λ|ω|)−1 |Ax|.
Note que o termo da direita converge para zero quando λ → 0 independente de t ∈ [0, T ].
Estimativa II:Tendo em vista que Sλ (t)x = uλ (t) tem-se, pelo Teorema 6.35, que:
- 433 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
já que
t t t
n= ≤ ⇒ −n ≥ − e
λ λ λ
2 2 t !
t 1
λ(n2 (1 − α)2 + αn) = λ 1− + λ
λ 1 − λ|ω| 1 − λ|ω|
2 2 t
t λ|ω|
≤ λ + λ
λ 1 − λ|ω| 1 − λ|ω|
2
λ|ω| t
≤ t2 + .
(1 − λ|ω|)2 1 − λ|ω|
O último termo de (6.3.103) também converge para zero quando λ → 0 independente de t ∈ [0, T ].
Estimativa III: Como λ|ω| < 12 tem-se, por (6.2.21) que
onde o termo da direita converge para zero quando λ → 0 uniformemente em relação a t ∈ [0, T ].
Estimativa IV: Pela Proposição 6.7 segue que
+
(t−nλ) ω + nλ
kS(nλ)x − S(t)xk ≤ eω e (t − nλ)|Ax|
ω+ λ ω+ t
≤ e e λ|Ax|
Das estimativas I, II, III e IV temos que (6.3.102) tende a zero quando λ → 0, uniformemente em
[0, T ], ou seja,
lim uλ (t) = S(t)x, ∀x ∈ D(A) e ∀t ≥ 0,
λ→0
kuλ (t) − S(t)xk < ε sempre que λ < δ(ε, x). (6.3.105)
kuλ (t) − S(t)xk = kSλ (t)x − Sλ (t)y + Sλ (t)y − S(t)y + S(t)y − S(t)xk
≤ kSλ (t)x − Sλ (t)yk + kSλ (t)y − S(t)yk + kS(t)y − S(t)xk
| {z } | {z } | {z }
V <ε por (6.3.105) VI
- 434 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Estimativa VI: Como estamos nas hipóteses do Teorema 6.2, S(t) é lipschitziana em intervalos limitados,
e portanto
kS(t)y − S(t)xk ≤ Lkx − yk < Lε. (6.3.107)
Desta forma, de (6.3.105), (6.3.106) e (6.3.107) segue que
Teorema 6.37 Sejam X um espaço de Hilbert, ϕ : X −→ (−∞, ∞] uma função convexa, própria e
semicontı́nua inferiormente. Ponhamos A = ∂ϕ e S o semigrupo gerado por −A. Se x ∈ D(A) e t > 0,
então S(t)x ∈ D(A) e são válidas
◦ 1
(i) k A S(t)xk ≤ kS(t)x − xk;
t
◦ ◦ 1
(ii) k A S(t)xk ≤ k A vk + kv − xk, ∀v ∈ D(A).
t
Lema 6.38 Suponha que estejamos nas hipóteses do teorema 6.37 e defina, para λ > 0, a função ϕλ :
X −→ (−∞, ∞] dada por
1
ϕλ (x) = min ky − xk + ϕ(y) .
2
y∈X λ
Então
λ
(i) ϕλ (x) = kAλ xk2 + ϕ(Jλ x);
2
(ii) ϕλ é convexa, diferenciável à Gateaux e ∂ϕλ = Aλ .
Demonstração:
(i) Ponha
1
ψ(y) = ky − xk2 + ϕ(y).
2λ
1
Daı́, ∂ψ(y) ⊃ (y − x) + ∂ϕ(y). Por definição, Jλ x é a única solução de
λ
1
0∈ (y − x) + ∂ϕ(y).
λ
Assim, Jλ x é mı́nimo da função ψ, ou seja,
1
ϕλ (x) = min ky − xk2 + ϕ(y)
y∈X λ
1 λ
= kJλ x − xk2 + ϕ(Jλ x) = kAλ xk2 + ϕ(Jλ x).
2λ 2
- 435 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Logo,
λ λ
ϕλ (y) − ϕλ (x) = kAλ yk2 − kAλ xk2 + (ϕ(Jλ y) − ϕ(Jλ x))
2 2
λ
≥ kAλ yk − kAλ xk2 + (Aλ x, Jλ y − y + y − x + x − Jλ x)
2
2
λ
= kAλ yk2 − kAλ xk2 + (Aλ x, Jλ y − y) + (Aλ x, x − Jλ x) + (Aλ x, y − x)
2
λ
≥ kAλ yk2 + kAλ xk2 − λkAλ xkkAλ yk + (Aλ x, y − x)
2
λ 2
= (kAλ yk − kAλ xk) + (Aλ x, y − x). (6.3.108)
2
Portanto,
λ 2
ϕλ (y) − ϕλ (x) − (Aλ x, y − x) ≥ (kAλ yk − kAλ xk) ≥ 0.
2
λ 2
ϕλ (x) − ϕλ (y) ≤ − (kAλ yk − kAλ xk) − (Aλ x + Aλ y − Aλ y, y − x)
2
λ 2
= − (kAλ yk − kAλ xk) + (Aλ y − Aλ x, y − x) + (Aλ y, x − y),
2
donde
ϕλ (x) − ϕλ (y) − (Aλ y, x − y) ≤ (Aλ y − Aλ x, y − x). (6.3.109)
Assim, trocando x com y em (6.3.109) e combinando com (6.3.108) segue que
donde
ϕλ (x + tz) − ϕλ (x)
0≤ ≤ (Aλ (x + tz) − Aλ x, z)
t
≤ kzkkAλ (x + tz) − Aλ xk
2kzk
≤ kx + tz − xk.
λ
Portanto,
ϕλ (x + tz) − ϕλ (x)
lim = (Aλ x, z).
t→0 t
- 436 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
ϕλ (x) − ϕλ ((1 − t)x + ty) ≥ t(Aλ ((1 − t)x + ty), x − y). (6.3.112)
ϕλ (y) − ϕλ ((1 − t)x + ty) ≥ (Aλ ((1 − t)x + ty), y − (1 − t)x + ty)
= −(1 − t)(Aλ ((1 − t)x + ty), x − y) (6.3.113)
Falta apenas calcular ∂ϕλ . Ora, ϕλ é convexa e própria. Como é também diferenciável à Gateaux,
pela proposição 4.24 temos que ϕλ é subdiferenciável em todo ponto e Aλ x é o único elemento de ∂ϕλ (x).
2
Demonstração: De (6.3.110),
donde
2
0 ≤ |ϕλ (y) − ϕλ (x) − (Aλ x, y − x)| ≤ ky − xk2 .
λ
2
Demonstração: Eu não consegui demonstrar este resultado. Na verdade ele é mais geral, mas mesmo
neste caso mais simples parece que a prova não é tão simples assim... 2
Prova do teorema (6.37): Seja x ∈ D(A). É sabido que A = ∂ϕ é m-acretivo. Logo, D(A) é
convexo. Assim, o problema
duλ
+ Aλ uλ = 0, λ > 0,
dt (6.3.114)
u (0) = x,
λ
- 437 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
duλ
De (6.3.114), compondo com t (t) vem
dt
2
duλ duλ
t (t) + t Aλ uλ (t), (t) = 0. (6.3.116)
dt dt
Se v = uλ (T ),
duλ 1
(T ) ≤ kuλ (T ) − xk.
dt T
Como T é arbitrário,
1
kAλ uλ (t)k ≤ kuλ (t) − xk, t > 0. (6.3.118)
t
1
Então, para t > 0, lim sup kAλ uλ (t)k ≤ kS(t)x − xk. Portanto, para cada t > 0, existem uma
t
λ→0
sequência λn convergente para zero e y(t) ∈ X tais que Aλn uλn (t) * y(t).
Como kuλn (t) − Jλn (uλn )(t)k = λn kAλn uλn (t)k, temos que Jλn uλn (t) −→ S(t)x. Pela proposição
5.89, A é demifechado e pela Proposição 5.67 (Jλn uλn (t), Aλn uλn (t)) ∈ A, daı́ vem que S(t)x ∈ D(A).
- 438 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
De (6.3.117),
2
T2 duλ 1 1
(T ) ≤ T kAλ vkkuλ (T ) − vk + kv − xk2 − kv − uλ (T )k2 .
2 dt 2 2
1 2 1
T kAλ vkkuλ(T ) − vk ≤ T kAλ vk2 + kv − uλ(T ) k2 .
2 2
Dessa forma,
2 2
duλ 1 1
(T ) ≤ kAλ vk2 + kv − xk2 ≤ kAλ vk + kv − xk .
dt T2 T
Como T é arbitrário
1
kAλ uλ (t)k ≤ kAλ vk + kv − xk, ∀t > 0, ∀v ∈ D(A).
t
◦ ◦ 1
k A S(t)xk ≤ k A vk + kv − xk,
t
completando a demonstração.
d+ ◦
S(t)x+ A S(t)x = 0, ∀t > 0.
dt
Exemplo 6.18 Seja X um espaço de Hilbert e f : X → (−∞, +∞] uma função convexa, própria e s.c.i.
Pela proposição 5.41, ∂f é um operador m-monótono e, portanto, m-acretivo, pois X é Hilbert (recorde-se
que, nos espaços de Hilbert, F = I). Como D(∂f ) = De (f ) (ver Proposição 5.8 - Capı́tulo 2 de [45]),
segue, pelo corolário 6.41, que o problema
d
u + ∂f (u) 3 0
dt (6.3.119)
u(0) = x
tem, para todo x ∈ De (f ), uma solução forte, S(t)x, onde S é o semigrupo gerado por −∂f sobre De (f ).
- 439 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Um caso particular deste problema é aquele em que f (x) = kxk. Se X = R, por exemplo, ∂f é o
operador A definido por D(A) = R e
−1, se x < 0
Ax = [-1,1], se x = 0 (6.3.120)
1, se x > 0
Com efeito, se f : R → (−∞, +∞] definida por f (x) = kxk, temos que
Assim, D(∂f ) = R.
Também, vimos no Exemplo 4.6 que ∂f (0) = [−1, 1]. Além disso, como R é liso (já que é Hilbert) segue
do Teorema 5.37 que a norma em R é diferenciável à Gateaux em R. Assim, pela Proposição 4.24 a
norma em R é subdiferenciável em R − {0} e a derivada de Gateaux f ′ (x) é o único elemento de ∂f (x).
Agora, pela Obs. 5.39, temos
′ I(x) x −1, se x < 0
f (x) = = =
kxk kxk 1, se x > 0
Portanto,
−1, se x < 0
∂f (x) =
1, se x > 0
Assim, concluı́mos 6.3.120.
Sendo a norma uma função convexa, própria e s.c.i. segue que o problema (6.3.119) tem, para ∂f = A,
uma solução forte para todo x ∈ R.
Tem-se um outro caso particular de (6.3.119) fazendoZX = L2 (Ω), onde Ω ⊂ Rn é aberto, limitado
e com fronteira regular, e f a função dada por f (u) = (1/2) |∇u|2 dx e A o operador de L2 (Ω) definido
Ω
por
Vimos no Exemplo 5.7 que A é máximo monótono. Agora, considerando a função f : L2 (Ω) → (−∞, +∞],
dada por Z
|∇u|2 dx, se u ∈ H 1 (Ω)
f (u) =
Ω
+∞, caso contrário
vemos que ela é própria, pois De (f ) = {u ∈ L2 ; f (u) < +∞} = H 1 (Ω) 6= ∅. Também, vimos no
- 440 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
≤ (t|∇u| + (1 − t)|∇v|)2 dx
ZΩ
≤ t|∇u|2 + (1 − t)|∇v|2 dx
Ω
= tf (u) + (1 − t)f (v).
Concluı́mos, então, que f é convexa, própria e s.c.i.. Portanto, pela Proposição 5.41, o operador ∂f é
m-monótono. Logo, pelo teorema 5.49, ∂f é máximo monótono.
= ∇u∇vdx − |∇u| dx
2
Ω
Z Ω
Z
1
≤ (|∇u| + |∇v| )dx −
2 2
|∇u|2 dx
2 Ω
Z Z Ω
1 1
= |∇v|2 dx − |∇u|2 dx
2 Ω 2 Ω
= f (v) − f (u).
Portanto, o problema (6.3.119) com x = u0 tem uma solução forte S(t)u0 para todo u0 ∈ L2 (Ω),
onde S é o semigrupo gerado por −∂f sobre L2 (Ω).
|{z}
=∆
Exemplo 6.19 Se Ω ⊂ Rn é aberto, limitado e tem fronteira regular, o operador A de Lp (Ω), 1 < p < ∞,
definido por
é m-acretivo, como foi visto no Exemplo 5.4.81. Como A é fechado (pois, A é m-acretivo) e Lp (Ω) é
reflexivo, se S é o semigrupo gerado por −A, a função S(t)u0 é, pelo corolário 6.23, solução forte do
problema
d
u + Au = 0
dt
u(0) = u0
- 441 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Afirmação 1: βe é acretivo.
visto que (u1 (x) − u2 (x))( v1 (x) − v2 (x) ) ≥ 0, pois β é monótono. Segue do Corolário 5.61 que βe é
| {z } | {z }
∈β(u1 (x)) ∈β(u2 (x))
acretivo.
Afirmação 2: βe é m-acretivo se Ω for limitado ou se 0 ∈ β(0). De fato, basta mostrar que Im(I +
e
β) = Lp (Ω).
Caso I: Ω limitado
Seja v ∈ Lp (Ω), como β é, por hipótese, acretivo (pois, em espaços de Hilbert, a monotonia é equivalente
a condição de acretividade), (I + β)−1 é, pela proposição 5.67, um operador unı́voco. Assim, pondo, para
cada x ∈ Ω,
u(x) = (I + β)−1 v(x)
basta mostrar que u ∈ Lp (Ω), uma vez que daı́ vem v(x) ∈ (I + β)u(x), ou seja, v(x) − u(x) ∈ β(u(x))
e e v − u ∈ β(u),
com v − u ∈ Lp (Ω), daı́ u ∈ D(β) e e como querı́amos.
ou ainda, v ∈ (I + β)u
Vamos mostrar que u ∈ Lp (Ω). Com efeito, pela proposição 5.68, como o operador β : R → R é acretivo,
então, J1 = (I + β)−1 é uma contração, e sendo u mensurável, ponha c = (I + β)−1 (0), daı́
Se 0 ∈ β(0) então c = (I + β)−1 (0) = 0, donde |u(x)| ≤ |v(x)| o que implica em u ∈ Lp (Ω). Agora,
como βe é fechado e Lp (Ω) é reflexivo para 1 < p < ∞, se S é o semigrupo gerado por −β, e então a função
e
S(t)u0 , u0 ∈ D(β), é, pelo Corolário 6.23, em ambos os casos, solução forte do problema
d e
u + β(u) 30
dt
u(0) = u 0
Exemplo 6.21 O operador A + βe de Lp (Ω), 1 < p < ∞, onde A = −∆ e βe são os operadores descritos
nos exemplos acima, é m-acretivo. Com efeito, primeiramente façamos considerações afim de utilizar o
corolário 5.114.
- 442 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
t λ
G(y) = x+ Ty
t+λ t+λ
Note que G : C → C. De fato, seja y ∈ C. Temos que mostra que G(y) ∈ C. Como T : C → C, T y ∈ C
t λ t λ
e do fato que G(y) = t+λ x + t+λ T y e t+λ + t+λ = 1 vem que G(y) é combinação convexa de x e T y.
Logo G(y) ∈ C. Além disso,
λ λα
kG(y) − G(z)k = kT y − T zk ≤ ky − zk.
t+λ t+λ
t
Em qualquer caso, tomando λ0 = temos que G é uma contração estrita. Logo tem um único ponto
α−1
fixo y ∈ C, isto é,
t λ
y = G(y) = x+ Ty
t+λ t+λ
ou ainda,
t+λ λ
y − Ty = x
t t
o que implica
I +T
I −λ y=x
t
e portanto,
I +T
x ∈ Im I − λ
t
- 443 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
I −T
Observe que é um operador fechado. Pondo A = I−T t e x ∈ C, pelo Corolário 6.23 S(t)x é
t
T −I
uma solução forte de (6.3.35)-(6.3.36) onde S é o semigrupo gerado por −A = .
t
Exemplo 6.23 Seja ϕ : R → R uma função contı́nua, estritamente crescente e tal que ϕ(0) = 0,
ϕ(R) = R. Considere o operador
A : L1 (0, 1) → L1 (0, 1),
definido por
D(A) = {u ∈ C ([0, 1]) ; u(0) = 0 e ϕ(u) é absolutamente contı́nua }
e
d
Au = ϕ(u)′ = [ϕ(u(x))] .
dx
Note que Au ∈ L1 (0, 1) uma vez que ϕ ◦ u é continua em [0, 1]. Então o problema
ut + (ϕ(u))x = 0, t > 0, 0 < x < 1
u(0, x) = u0 (x), 0 < x < 1
u(t, 0) = 0, t > 0
- 444 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
ou seja,
Z 1 Z 1
′
(ϕ(u) − ϕ(v)) p(ϕ(u) − ϕ(v))dx = (j(ϕ(u) − ϕ(v)))′ dx (6.3.125)
0 0
= j(ϕ(u(1)) − ϕ(v(1)) − j(ϕ(u(0)) − ϕ(v(0))) ≥ 0, (6.3.126)
| {z } | {z }
≥0 =0
Rs
pois p(0) = 0 e p não decresce, i.e., j(s) = p(τ ) dτ ≥ 0. Logo, (6.3.123) e (6.3.125) obtemos
0 |{z}
≥0
Z 1
ku − v + λ(Au − Av)kL1 (0,1) ≥ (u − v)p(ϕ(u) − ϕ(v))dx (6.3.127)
0
onde
1, se s > 0
sign(s) = 0, se s = 0
−1, se s < 0
Mas pn converge em todo ponto s ∈ R a sign(s). Logo, pn (ϕ(u) − ϕ(v)) converge, em cada ponto de
[0, 1], a sign(ϕ(u) − ϕ(v)). Além disso, sendo ϕ estritamente crescente, sign(ϕ(u) − ϕ(v)) = sign(u − v).
Daı́, pn (ϕ(u) − ϕ(v)) converge em cada ponto de [0, 1] para sign(u − v). Como
e por hipótese u − v é integrável, então, pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue, vem que
Z 1 Z 1
ku − v + λ(Au − Av)kL1 (0,1) ≥ (u − v)sign(u − v)dx = |u − v|dx,
0 0
ou seja,
ku − v + λ(Au − Av)kL1 (0,1) ≥ ku − vkL1 (0,1) dx,
isto é, A é acretivo.
A é m-acretivo: Para isto, devemos mostrar que para todo h ∈ L1 (0, 1) existe u ∈ D(A) tal que
u + Au = u + ϕ(u)′ = h
ou, pondo β = ϕ−1 e v = ϕ(u), mostrar que existe v absolutamente contı́nua satisfazendo
v ′ + β(v) = h
(6.3.128)
v(0) = 0
Considere primeiramente h ∈ C([0, 1]). Pelo Teorema de Peano, a equação (6.3.128) tem uma solução
local v em um intervalo [0, a), 0 < a ≤ 1, tal que v(0) = 0. Vamos mostrar que v é única. De fato,
suponha que exista outra solução ω, então
ω ′ + β(ω) = h
ω(0) = 0
- 445 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Daı́,
(v − ω)′ + β(v) − β(ω) = 0
o que implica que
1 d
|v − ω|2 + [β(v) − β(ω)] (v − ω) = 0.
2 dx
Como β é crescente temos que [β(v) − β(ω)] (v − ω) ≥ 0 e portanto
d
|v − ω|2 ≤ 0.
dx
Integrando de 0 a x, 0 ≤ x < a temos:
Para estender v ao intervalo [0, 1], observe que, exatamente como foi mostrado que A é um operador
acretivo de L1 (0, 1), mostra-se que A é acretivo em L1 (0, a). Observe ainda que 0 ∈ D(A) e A(0) =
d
[ϕ(0)] = 0. Daı́, pondo u = β(v) temos:
dx
Z a Z a Z a
|u|dx = |u − 0|dx ≤ |u − 0 + Au − A0|dx
0 0 0
Z a Z 1
= |u + Au|dx ≤ |h|dx = khkL1 (0,1)
0 0
e portanto, se 0 ≤ x < a,
Z x Z a
′
|v(x)| = v (s)ds ≤ |v ′ |ds
0 0
Z a Z a Z a
= |h − β(v)|ds ≤ |h|ds + |u|ds
0 0 0
≤ 2khkL1 (0,1)
isto é,
|v(x)| ≤ 2khkL1 (0,1)
e portanto a solução v pode ser estendida ao intervalo [0, 1].
Seja agora h ∈ L1 (0, 1) e (hn ) ⊂ C([0, 1]) tal que hn → h em L1 (0, 1). Pelo que já foi demonstrado,
para cada n ∈ N existe un tal que un + Aun = hn . Disso e da acretividade de A vem
quando m, n → ∞. Logo existe u ∈ L1 (0, 1) tal que un → u em L1 (0, 1). Mas então, Aun = hn − un →
h − u em L1 (0, 1).
Para completar a demonstração basta demonstrar que A é um operador fechado. Seja, para isto,
(un ) ⊂ D(A), un → u e Aun → ω em L1 (0, 1). Devemos mostrar que u ∈ D(A) e Au = ω. Por hipótese
ϕ(un ) é absolutamente contı́nua, logo
Z x Z x
ϕ(un )(x) − ω(τ )dτ = (ϕ(un )′ − ω)(τ )dτ
0 0
Z 1
≤ |(ϕ(un )′ − ω)(τ )|dτ = kAun − ωk, ∀x ∈ [0, 1].
0 | {z }
→0
- 446 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Portanto, Z x
lim ϕ(un )(x) = ω(τ )dτ.
n→∞ 0
Pela continuidade de β Z
x
lim un (x) = β ω(τ )dτ .
n→∞ 0
Por outro lado, como un → u em L1 (0, 1), existe uma sequência nk tal que
Daı́, Z
x
u(x) = β ω(τ )dτ q.s. em [0, 1].
0
Agora, redefina u de modo que a igualdade seja verificada em todo ponto de [0, 1], de onde vem que u é
contı́nua, u(0) = 0 e Z x Z x
ϕ(u)(x) = ϕ(β( ω(τ )dτ )) = ω(τ )dτ.
0 0
Note que ϕ(u) é absolutamente contı́nua. Logo u ∈ D(A) e Au = ϕ(u)′ = ω. Portanto A é m-acretivo.
Disso segue que A está nas condições do Teorema 6.2 (Crandall-Liggett) e pela Observação 6.24 a
função S(t)u0 , onde S é o semigrupo gerado por −A, é solução generalizada para todo u0 ∈ D(A).
Exemplo 6.24 Seja ϕ : R −→ R, estritamente crescente e tal que ϕ(0) = 0 e ϕ(R) = R. Considere
A : L1 (0, 1) −→ L1 (0, 1) definido por
D(A) = {u ∈ C([0, 1]); u(0) = u(1) = 0, ϕ(u) e [ϕ(u)]′ são absolutamente contı́nuas}
e
Au = −[ϕ(u)]′′ , u ∈ D(A).
Sejam p e j como no exemplo anterior. Do fato de |p| ≤ 1, ka| − |bk ≤ |a − b| e a ≤ |a|, vem que
Z 1
ku − v + λ(Au − Av)k1 = |u − v − λ(ϕ(u) − ϕ(v))′′ |dx
0
Z 1
′′
≥ |u − v − λ(ϕ(u) − ϕ(v)) | · |p(ϕ(u) − ϕ(v))|dx
0
Z 1 Z 1
≥ (u − v)p(ϕ(u) − ϕ(v))dx − λ (ϕ(u) − ϕ(v))′′ · p(ϕ(u) − ϕ(v))dx.
0 0
A ideia agora é provar que a segunda parcela da soma acima é positiva, pois se é este o caso,
Z 1
ku − v − λ(Au − Av)k1 ≥ (u − v)p(ϕ(u) − ϕ(v))dx −→ ku − vk1 ,
0
- 447 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Mas
(j(s))′′ = [s′ p(s)]′ = (s′ )2 p′ (s) + s′′ p(s),
donde Z Z
1 1
′′
(ϕ(u) − ϕ(v)) p(ϕ(u) − ϕ(v))dx = − (ϕ(u)′ − ϕ(v)′ )2 p′ (ϕ(u) − ϕ(v)) ≤ 0,
0 0
Para provar que A é m-acretivo, ponha β = ϕ−1 e v = ϕ(u). Como no exemplo anterior, devemos
provar que dado h ∈ L1 (0, 1), existe v tal que v e v ′ são absolutamente contı́nuas, v(0) = v(1) = 0 e
β(v) − v ′′ = h.
Observemos inicialmente que se v satisfaz o enunciado acima, então v é limitada e kvk∞ ≤ 2khk1 .
Com efeito, como A é acretivo e A(0) = 0,
donde Z x
|v(x)| ≤ |v ′ (τ )|dτ ≤ 2khk1 , ∀x ∈ [0, 1]. (6.3.129)
0
E definamos, Z 1
T v(x) = g(x, y)(β̃(v(y)) − h(y))dy, v ∈ L1 (0, 1), (6.3.130)
0
em que
y(x − 1) se 0 ≤ y ≤ x ≤ 1;
g(x, y) =
x(y − 1) se 0 ≤ x ≤ y ≤ 1.
(T v)′′ = β̃(v) − h.
Para concluir a prova, basta mostrar que T : S −→ S, S ⊂ C([0, 1]), possui um ponto fixo.
e também Z 1
′
|(T v) (x)| ≤ |β̃(v)(y) − h(y)|dy ≤ K + khk1 .
0
- 448 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Pelo teorema de Arzelá-Ascoli, S é relativamente compacto em C([0, 1]). Pelo teorema do ponto
fixo de Schauder, basta provar que T é contı́nuo.
Seja {vn } ⊂ C([0, 1]) tal que vn → v em C([0, 1]). Então β̃(vn )(y) → β̃(v)(y) e β̃ é limitada.
Temos Z 1
T vn (x) − T v(x) = g(x, y)(β̃(vn )(y) − β̃(v)(y))dy,
0
donde Z 1
|T vn (x) − T v(x| ≤ |β̃(vn )(y) − β̃(v)(y)|dy −→ 0,
0
pelo teorema da convergência dominada de Lebesgue. Portanto, T possui ponto fixo que é solução
de β̃(v) − v ′′ = h.
2khk∞ se β(s) ≥ 2khk∞ ;
β̃(s) = β(s) se |β(s)| ≤ 2khk∞ ;
−2khk∞ se β(s) ≤ −2khk∞ .
Assim, β̃ : R −→ R é não decrescente e β̃(0) = 0, logo, pelo feito acima, existe v ∈ S, tal que β̃(v)−v ′′ = h.
Agora, seja y0 ∈ [0, 1] tal que v(y0 ) = maxx∈[0,1] {v(x)}, logo, v ′′ (y0 ) < 0, daı́
para todo x ∈ [0, 1]. Analogamente, seja y1 tal que v(y1 ) = minx∈[0,1] {v(x)}, nesse caso, temos
|β̃(v(x))| ≤ khk∞
Se h ∈ L1 (0, 1), existe {hn } ⊂ C([0, 1]) tal que hn → h em L1 (0, 1). Podemos considerar khn k1 <
khk1 . Com isso, defina para cada n ∈ N
2khn k1 se β(s) ≥ 2khn k1 ;
β˜n (s) = β(s) se |β(s)| ≤ 2khn k1 ;
−2khn k1 se β(s) ≤ −2khn k1 .
e
2khk∞ se β(s) ≥ 2khk∞ ;
β̃(s) = β(s) se |β(s)| ≤ 2khk∞ ;
−2khk∞ se β(s) ≤ −2khk∞ .
Fica como exercı́cio ao leitor verificar que β˜n → β̃ uniformemente em R. Assim, se Tn é o operador,
como em (6.3.130), mas associado a β̃n e hn e T o operador associado a β̃ e h, temos que Tn → T
uniformemente em [0, 1].
- 449 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Por outro lado, se vn é ponto fixo de Tn , temos, pelo argumentado acima, que
β(vn ) − vn′′ = hn
kvn k∞ ≤ khk1 ,
como {vn } ⊂ S = S(β̃, h) que é relativamente compacto, temos que existem v ∈ S̄ e {vnk } ⊂ {vnk } (que
continuaremos denotando por {vn } tais que vn → v uniformente em [0, 1], consequentemente,
mas,
Tn (vn ) = vn ∀n ∈ N
portanto,
vn −→ T (v) uniformemente em [0, 1]
e, por unicidade de limite, temos
T v = v.
Logo, v é ponto fixo de T e, portanto, satisfaz, β̃(v) − v ′′ = h. Ainda, de β˜n → β̃ uniformemente em R e
vn → v uniformente em [0, 1], temos
Exemplo 6.25 Seja ϕ : R −→ R contı́nua, não-decrescente e tal que ϕ(0) = 0. Defina A : C([0, 1]) −→
C([0, 1]) por
D(A) = {u ∈ C([0, 1]); u(0) = u(1) = 0, u, u′ , u′′ ∈ C([0, 1])},
Au = {w ∈ C([0, 1]); ϕ(−w) = u′′ }.
Sendo u1 − u2 contı́nua, o conjunto dos pontos onde esta função atinge seu máximo é fechado, logo
possui um menor elemento x0 . Para fixar as ideias, suponha u1 (x0 ) > u1 (x0 ). Devemos ter w1 (x0 ) ≥
w2 (x0 ).
Com efeito, se w1 (x0 ) < w2 (x0 ), então w1 (x) < w2 (x) para todo x em algum intervalo aberto J
- 450 -
6.3 Problema de Cauchy Abstrato
Logo, (u1 − u2 ) é uma função convexa em J. Mas x0 é máximo de u1 − u2 , donde u1 − u2 deve ser
constante em J, o que contradiz a minimalidade de x0 .
Resta provar que dado h ∈ C([0, 1]), existe u ∈ D(A) tal que h ∈ (I + A)u, ou seja, u′′ = ϕ(u − h).
Então (T u)′′ = ϕ(u − h). Basta provar que T possui um ponto fixo. Temos
Z 1
|T u(x)| ≤ |ϕ(u(y)) − h(y)|dy ≤ K
0
Daı́ que T (C([0, 1])) ⊂ S = {w; kwk, kw′ k ≤ K}. É suficiente então provar que T é contı́nua.
Seja un −→ u em C([0, 1]). Então ϕ(un (y) − h(y)) −→ ϕ(u(y) − h(y)) e |ϕ(un (y) − h(y))| ≤ K.
Pelo teorema da convergência dominada de Lebesgue,
Z 1
|T un (x) − T u(x)| ≤ |ϕ(un (y) − h(y)) − ϕ(u(y) − h(y))|dy −→ 0.
0
Observemos agora que se v é solução do nosso problema, então ela é limitada, quer ϕ seja limitada
ou não:
kvk ≤ kv − 0 + 1((h − v) − 0)k = khk.
Então ϕ̃ é limitada e satisfaz as condições impostas à ϕ. Portanto, se u é solução de u′′ = ϕ̃(u − h),
como kuk ≤ khk, vem que ϕ̃(u − h) = ϕ(u − h). Em qualquer caso, h ∈ (I + A)u.
- 451 -
6.4 Exercı́cio 8
De fato
0 ∈ ut + Au ⇐⇒ −ut ∈ Au ⇐⇒ ϕ(ut ) = uxx .
6.4 Exercı́cio 8
Seja Ω ⊂ Rn um subconjunto aberto, limitado com fronteira bem regular. Determine a existência
de soluções regulares e fracas para o problema abaixo
utt − ∆u = 0 em Ω × (0, ∞),
u=0 em Γ0 × (0, ∞),
∂u (6.4.133)
+ g(ut ) = 0 em Γ1 × (0, ∞),
∂ν
u(x, 0) = u0 (x), ut (x, 0) = u1 (x), x ∈ Ω,
onde g : R → R é uma função monótona crescente, contı́nua e satisfazendo as condições: g(s)s > 0 para
s 6= 0 e ks ≤ g(s) ≤ Ks para |s| > 1, para k, K > 0. Também, assuma que ∂Ω = Γ = Γ0 ∪ Γ1 satisfaz
Γ0 ∩ Γ1 = ∅.
SOLUÇÃO
Este conjunto é um subespaço fechado de H 1 (Ω), quando ambos estão munidos do produto interno
dado por
(u, v)1 = (∇u, ∇v).
Para as demonstrações das afirmações feitas sobre V, consulte (AHC), página 108.
Vamos, também, considerar o operador laplaciano −∆ : D(−∆) ⊂ L2 (Ω) → L2 (Ω) com domı́nio
∂v
D(−∆) = v ∈ V ∩ H (Ω);2
= 0 sobre Γ1 .
∂ν
Tal operador é definido pela terna {V, L2 (Ω), a}, onde a : V × V → R é dado por a(u, v) =
(∇u, ∇v), ∀u, v ∈ V. Disso decorre que
e que D(−∆) é denso em V. Também do fato de −∆ ser definido por terna, com a coercivo, resulta que
−∆ admite uma extensão, que ainda denotaremos por −∆, ou seja, temos −∆ : V → V ′ , que verifica
- 452 -
6.4 Exercı́cio 8
Para as demonstrações das afirmações feitas sobre −∆, consulte (EM), página 27.
O operador N
∂p
Observe que, a princı́pio, as condições p = 0 sobre Γ0 e = q sobre Γ1 são no sentido do traço
∂ν
de ordem zero e um, respectivamente.
Como a(u, v) = (∇u, ∇v)L2 (Ω) é uma função bilinear, contı́nua e coerciva, pelo lema de Lax-
Milgram, existe um único p ∈ V tal que
hq, γ0 viH −1/2 (Γ1 ),H 1/2 (Γ1 ) = ϕ(v) = a(p, v) = (∇p, ∇v)L2 (Ω) , ∀ v ∈ V. (6.4.134)
∂u
Sendo D(−∆) = u ∈ H (Ω) ∩ V; 2
= 0 em Γ1 ⊂ H 2 (Ω) ∩ V ⊂ V e sabendo que D(−∆) é
∂ν
denso em V, temos que existe uma sequência {pn } ⊂ H 2 (Ω) ∩ V tal que
pn → p em V. (6.4.135)
Para cada pn , com a segunda fórmula de Green generalizada e um argumento análogo ao utilizado
na afirmação 2, temos
(−∆pn , v) + (∇pn , ∇v) = hγ1 pn , γ0 viH −1/2 (Γ),H 1/2 (Γ) = hγ1 pn , γ0 viH −1/2 (Γ1 ),H 1/2 (Γ1 ) , ∀ v ∈ V.
(6.4.136)
e,
(−∆pn , v) = (∇pn , ∇v), ∀ v ∈ C0∞ (Ω).
(∆p, v) + (∇p, ∇v) = hγ1 p, γ0 viH −1/2 (Γ),H 1/2 (Γ) = hγ1 p, γ0 viH −1/2 (Γ1 ),H 1/2 (Γ1 ) , ∀v ∈ V,
- 453 -
6.4 Exercı́cio 8
isto é,
(∇p, ∇v) = hγ1 p, γ0 viH −1/2 (Γ1 ),H 1/2 (Γ1 ) , ∀v ∈ V.
hq, γ0 viH −1/2 (Γ1 ),H 1/2 (Γ1 ) = hγ1 p, γ0 viH −1/2 (Γ1 ),H 1/2 (Γ1 ) , ∀v ∈ V.
Inicialmente, vamos provar que N é um operador fechado. Para isso, vamos considerar {qn } ⊂
D(N ) e q ∈ H −1/2 (Γ1 ) tal que qn → q em H −1/2 (Γ1 ), e vamos assumir que existe f ∈ V tal que N qn → f
em V. Para obter que N é um operador fechado, devemos provar que q ∈ D(N ) e f = N q. Ora, mas é
claro que q ∈ D(N ), pois D(N ) = H −1/2 (Γ1 ). Resta provarmos que f = N q.
Desde que D(N ) = H −1/2 (Γ1 ), pelo Teorema 1, resulta que N e N ∗ são contı́nuos, com D(N ∗ ) =
′
V.
∂v
−∆v ∈ L2 (Ω) ,→ V ′ e = 0 em Γ1 , para v ∈ D(−∆). (6.4.137)
∂ν
hN ∗ (−∆v), qiH 1/2 (Γ1 ),H −1/2 (Γ1 ) = h−∆v, N qiV ′ ,V , (6.4.138)
∆p = 0 em Ω
p = 0 em Γ0 ⇔ N q = p. (6.4.139)
∂p
= q em Γ1
∂ν
- 454 -
6.4 Exercı́cio 8
afirmação 2,
Mas v ∈ H 1 (Ω) implica γ0 v ∈ H 1/2 (Γ1 ) e p ∈ H1 (Ω) implica γ1 ∈ H −1/2 (Γ1 ), e assim,
hN ∗ (−∆v), qiH 1/2 (Γ1 ),H −1/2 (Γ1 ) = hγ0 v, γ1 p, iH 1/2 (Γ1 ),H −1/2 (Γ1 ) = hγ0 v, qiH 1/2 (Γ1 ),H −1/2 (Γ1 ) ,
como querı́amos.
O Operador A
com
D(A) = {(u, v) ∈ V × V; u + N g(γ0 v) ∈ D(−∆)}.
Inicialmente, vamos verificar que N g(γ0 v) faz sentido, isto é, que g(γ0 v) ∈ H −1/2 (Γ1 ), para toda
v ∈ V. De fato, γ0 v ∈ H 1/2 (Γ1 ) para v ∈ V. Então, para concluir o desejado, basta provarmos que
g ◦ w ∈ L2 (Γ1 ), para todo w ∈ H 1/2 (Γ1 ). Note que, pela hipótese de crescimento no infinito e pela
continuidade de g, vale
|g(s)| ≤ max |g(r)| + max{k, K}|s|, ∀r ∈ R,
−1≤r≤1
w ∈ H 1/2 (Γ1 ).
- 455 -
6.4 Exercı́cio 8
e como
∆[u1 + N g(γ0 v1 )], ∆[u2 + N g(γ0 v2 )] ∈ L2 (Ω)
resulta ∆u1 , ∆u2 ∈ L2 (Ω). Assim,
e, com a afirmação 2,
−hγ1 (u1 + N g(γ0 v1 )) − γ1 (u2 + N g(γ0 v2 )), γ0 v1 − γ0 v2 iH −1/2 (Γ),H 1/2 (Γ)
| {z } | {z }
=0 em Γ1 , pois ui +N g(γ0 vi )∈D(−∆) =0 em Γ0 , pois vi ∈V
isto é,
u − v = h1
v − ∆u − ∆N gN ∗ (−∆v) = h2 .
- 456 -
6.4 Exercı́cio 8
Escrevendo
u = v + h1
obtemos
v − ∆v − ∆h1 − ∆N gN ∗ (−∆v) = h2 ,
ou seja,
−∆v + v − ∆N gN ∗ (−∆v) = ∆h1 + h2 ∈ V ′ . (6.4.141)
Definamos
B = (−∆) ◦ N ◦ g ◦ N ∗ ◦ (−∆).
Já foi mostrado que g ◦ u ∈ L2 (Γ1 ), para todo u ∈ H 1/2 (Γ1 ), donde decorre que G está bem
definido. Além disso, temos Gz = g ◦ z, para todo z ∈ H 1/2 (Γ1 ).
Temos
Z Z Z Z Z Z
|φ(u)| ≤ |g(τ )|dτ = |g(τ )|dτ + |g(τ )|dτ.
Γ1 [0,u(x)] {x∈Γ1 ;|u(x)|>1} [0,u(x)] {x∈Γ1 ;|u(x)|≤1} [0,u(x)]
- 457 -
6.4 Exercı́cio 8
Z Z Z
|g(τ )|dτ ≤ |Γ1 |kgkL1 (−1,1) + c2 (u2 (x) − 1)dΓ
{x∈Γ1 ;|u(x)|>1} [0,u(x)] {x∈Γ1 ;|u(x)|>1}
Também,
Z Z Z Z 1
|g(τ )|dτ ≤ (c1 + c1 |τ |)dτ ≤ 3c1 |Γ1 |,
{x∈Γ1 ;|u(x)|≤1} [0,u(x)] x∈Γ1 ;|u(x)|≤1 −1
Sejam {un } ⊂ H 1/2 (Γ1 ) e u ∈ H 1/2 (Γ1 ) tal que un → u em H 1/2 (Γ1 ). De fato, temos
Z Z Z Z
|φ(un ) − φ(u)| = g(τ )dτ dΓ − g(τ )dτ dΓ
ZΓ1 Z[0,un (x)] Γ1 [0,u(x)]
= g(τ )dτ dΓ
Z Γ1Z [un (x),u(x)]
≤ |g(τ )|dτ dΓ
ΓZ
1 [uZn (x),u(x)]
≤ c1 (1 + |τ |)dτ dΓ
ZΓ1 [un (x),u(x)] Z
≤ c1 |un (x) − u(x)|dΓ + c1 ||un (x)|2 − |u(x)|2 |dΓ
ZΓ1 ZΓ1
≤ c1 |un (x) − u(x)|dΓ + c1 (|un (x)| + |u(x)|)|un (x) − u(x)|dΓ.
Γ1 Γ1
Como {un } é limitada em L1 (Γ1 ) e converge para u em L2 (Γ1 ), resulta que φ(un ) → φ(u), como
querı́amos.
Agora, vamos provar que φ é Gateaux diferenciável. Sejam u, v ∈ H 1/2 (Γ1 ), δ ∈ R e x ∈ Γ1 dados.
Escrevendo λ = δv(x), temos
Z Z Z Z
1 1 1
g(s)ds − g(s)ds = g(s)ds = g(s)ds v(x).
δ [0,u(x)+δv(x)] [0,u(x)] δ u(x),u(x)+δv(x) λ u(x),u(x)+λ
Z Z Z
1 1
lim g(s)ds − g(s)ds = lim g(s)ds v(x) = g(u(x))v(x).
δ→0 δ [0,u(x)+δv(x)] [0,u(x)] λ→0 λ u(x),u(x)+λ
Além disso,
Z
1 1
g(s)dsv(x) ≤ |v(x)|{|λ| + ||u(x)|2 − |u(x) + λ|2 |}
λ [u(x),u(x)+λ] |λ|
1
= |v(x)|{|λ| + |λ||2u(x) + λ|}
|λ|
= |v(x)| + |v(x)||2u(x) + λ|,
- 458 -
6.4 Exercı́cio 8
e esta última expressão figura uma função que é integrável em Γ1 . Então, pelo Teorema da Convergênvia
Dominada de Lebesgue, Z
φ(u + δv) − φ(u)
lim = g(u)vdΓ,
δ→0 δ Γ1
hφ′ (u) − φ′ (v), u − viH −1/2 (Γ1 ),H 1/2 (Γ1 ) ≥ 0, ∀u, v ∈ H 1/2 (Γ1 ).
De fato,
Z
hφ′ (u) − φ′ (v), u − viH −1/2 (Γ1 ),H 1/2 (Γ1 ) = (Gu − Gv, u − v)Γ1 = [g(u) − g(v)][u − v]dΓ ≥ 0,
Γ1
Por outro lado, desde que N : H −1/2 (Γ1 ) → V é contı́nuo, resulta que N ∗∗ = N e, então, definindo
Λ = N ∗ ◦ (−∆), obtemos Λ∗ = (−∆) ◦ N, e assim,
B = (−∆) ◦ N ◦ g ◦ N ∗ ◦ (−∆) = Λ∗ ◦ g ◦ Λ.
Desde que −∆ : V → V ′ e N ∗ : V ′ → H 1/2 (Γ1 ) são contı́nuos, resulta que Λ : V → H 1/2 (Γ1 ) é
contı́nuo. Lembremos que φ : H 1/2 (Γ1 ) → R também é contı́nuo. Então, pelo Teorema 5, segue que
∂(φ ◦ Λ) = Λ∗ ◦ φ ◦ Λ,
isto é,
∂(φ ◦ N ∗ ◦ (−∆)) = B.
Como φ é convexo e Λ = N ∗ ◦ (−∆) é linear, então φ ◦ Λ é convexo. Sendo este, também contı́nuo,
pelo Teorema 6, segue que B = ∂(φ ◦ Λ) é maximal monótono.
u = v + h1 ∈ V
obtemos
−∆u − ∆N g(γ0 v) = h2 − v ∈ L2 (Ω).
- 459 -
6.4 Exercı́cio 8
Sabemos que A é um operador maximal monótono, e que a formulação abstrata do problema dado
é
Ut (t) = −AU (t), t > 0,
U (0) = U0 ,
u(t)
onde U (t) = .
ut (t)
Além disso, pelo Teorema 8, U ∈ W 1,∞ ([0, ∞); H). Neste caso, temos
Portanto,
- 460 -
6.4 Exercı́cio 8
Observe ainda que, como U ∈ W 1,∞ ([0, ∞); H), então AU = −Ut ∈ L∞ (0, ∞; H). Assim,
para algum c3 > 0. Mas (u(t), ut (t)) ∈ D(A), para todo t ≥ 0, e com isso segue −∆[u + N g(γ0 ut (t))] =
−∆u(t) ∈ L2 (Ω). Logo, u ∈ H 2 (Ω). Assim,
Portanto,
u0
Quando U0 = ∈ H, o problema dado possui uma única solução generalizada U que, para
u1
cada T > 0 satisfaz U ∈ C([0, T ]; H), pelo Teorema de Crandall-Liggett.
!
(n)
(n) u0 (n)
Seja U0 = (n) ∈ D(A) uma sequência de dados iniciais tal que U0 → U0 em H. Seja Un
u1
(n)
a solução forte de (6.4.133) com dado inicial U0 . Compondo (6.4.133)1 com unt , integrando em (0, t),
para t > 0 dado e utilizando a segunda fórmula de Green generalizada, obtemos
Z t
(n) (n) (n) (n) (n)
kut (t)k2 + k∇u(n) (t)k2 + 2 (g(γ0 ut ), γ0 ut )Γ1 dt = ku1 k2 + k∇u0 k2 . (6.4.142)
0
utt − ∆u = 0 em H −1 (0, T ; V ′ ),
(n)
Com a última desigualdade e a condição de crescimento de g, vem que {g(ut )} é limitada em L2 (0, T ; L2 (Γ1 )).
(n)
Prova-se, então, que {g(ut )} converge fraco para g(ut ) em L2 (0, T ; L2 (Γ1 )). Por outro lado, utilizando
a continuidade do traço de ordem um, obtemos que
Utilizando unicidade de limite fraco em L2 (0, T ; H −1/2 (Γ1 )), obtemos que g(ut ) = γ1 u neste espaço, mas
- 461 -
6.4 Exercı́cio 8
(Para maiores detalhes sobre a hipótese adicionada a g e a regularidade obtida em Γ1 , consulte (AHC),
página 74.)
Prova da afirmação 1: Consideremos {(U1 , ϕ1 ), ..., (Uk , ϕk ), (Uk+1 , ϕk+1 ), ..., (Uk+l , ϕk+l )} um
sistema de cartas locais para Γ0 ∪ Γ1 , de modo que
e
{(Uk+1 , ϕk+1 ), ..., (Uk+l , ϕk+l )} seja um sistema de cartas locais para Γ1 ,
de modo que
U m ∩ U n = ∅, ∀m = 1, ..., k; ∀n = k + 1, ..., k + l.
Então
θ0 θ′ θi
• supp + 0 ⊂ Ω, supp ⊂ Ui , ∀i = 1, ..., k + l;
2 2 2
1X
k+l
1
• [θ0 (x) + θ0′ (x)] + θi (x) = 1, ∀x ∈ Ω;
2 2 i=1
• 0 ≤ θ0′ ≤ 1, 0 ≤ θi ≤ 1, ∀i = 0, 1, ..., k + l.
X
k+l
kγ0 vk2H 1/2 (Γ1 ) = kφi (γ0 v)k2H 1/2 (Rn−1 )
i=k+1
X
k+l
= kφ(γ0 v)k2H 1/2 (Rn−1 ) ( pois γ0 v = 0 sobre Γ0 )
i=1
√ Xk+l
φi
2 √
= 2 (γ0 v) = 2kγ0 vk2H 1/2 (Γ) < ∞,
i=1
2 H 1/2 (Rn−1 )
- 462 -
6.4 Exercı́cio 8
hγ1 u, γ0 viH −1/2 (Γ),H 1/2 (Γ) = (w, γ0 v)H 1/2 (Γ) ,
e então
X
k+l
hγ1 u, γ0 viH −1/2 (Γ),H 1/2 (Γ) = (w, γ0 v)H 1/2 (Γ) = (φi (w), φi (γ0 v))H 1/2 (Rn−1 ) .
i=1
e daı́,
X
k
1
hγ1 u, γ0 viH −1/2 (Γ),H 1/2 (Γ) = (φi (w), φi (γ0 v))H 1/2 (Rn−1 ) = (w, γ0 v)H 1/2 (Γ0 ) .
i=1
2
1
hγ1 u, γ0 viH −1/2 (Γ),H 1/2 (Γ) = (w, γ0 v)H 1/2 (Γ0 ) = 0.
2
(Para maiores detalhes ou melhor compreensão dos argumentos utilizados na prova das afirmações
1 e 2, consultar (MC-S), página 277.)
Prova da afirmação 3: Dado z ∈ H 1/2 (Γ1 ), podemos considerar a extensão ze ∈ H 1/2 (Γ) de z
sobre Γ dada por
z(x), se x ∈ Γ1 ,
ze(x) =
0, se x ∈ Γ0 .
Como o traço γ0 : H 1 (Ω) → H 1/2 (Γ) é sobrejetivo, existe y ∈ H 1 (Ω) tal que γ0 y = ze. Mas
γ0 y = ze|Γ0 = 0,
donde resulta y ∈ V.
RESULTADOS AUXILIARES
i) A é limitado;
ii) D(A∗ ) = F ′ ;
iii) A∗ é limitado.
- 463 -
6.4 Exercı́cio 8
i) ϕ é convexa;
Teorema 6: Seja X um espaço de Banach real. Se ϕ é uma função própria, convexa e semicontı́nua
inferiormente em X, então ∂ϕ é um operador maximal montóno de X em X ′
Sejam X reflexivo e y0 ∈ D(A). Então existe uma única y ∈ W 1,∞ ([0, ∞); X) que satisfaz
dy
+ Ay 3 0, t > 0
dt
y(0) = y0 .
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(VB) BARBU, V. Nonlinear Semigroups and Diferential Equations in Banach Spaces. România,
Bucuresti: Noordhoff International Publishing, 1976.
(VB2) BARBU, V. Analysis and Control of Nonlinear Infinite Dimensional Systems. Boston,
Academic Press, 1993.
- 464 -
6.5 Exercicio 9
(RS) SHOWALTER, R. Monotone Operators in Banach Spaces and Nonlinear Partial Dife-
rential Equations. AMS, Providence, 1997.
6.5 Exercicio 9
n−1
|f (s)| ≤ C|s||k0 , k0 < .
n−2
Solução:Inicialmente vamos considerar f lipschitziana de constante L e consideremos o operador N
como no exercicio anterior. Nesse caso, nosso problema é da forma
Ut = AU
onde, para U = (u, v),
u −v
A = ,
v −∆(u + N (g(γ0 v) + f (γ0 u))
com
D(A) = {(u, v) ∈ V × V; u + N (g(γ0 v) + f (γ0 u)) ∈ D(−∆).
Do exercı́cio anterior, temos que N (g(γ0 v) está bem definida e, como f é Lipschitiziana, temos que
N (f (γ0 u) também é bem posta. Mostremos então, que A + ωI é monotóno para algum ω De fato, dados
(u1 , v1 ), (u2 , v2 ) ∈ D(A), temos
Agora,
- 465 -
6.5 Exercicio 9
onde a dualidade é em H −1/2 (Γ1 ) × H 1/2 (Γ1 ). Como −N ∗ ∆(v1 − v2 ) = γ0 (v1 − v2 ), então
Assim,
L+C
onde C é a constante de continuidade de γ0 em V. Daı́, escolhendo ε < m0 e ω > , temos o
4ε
desejado.
e > 0 tal que (A + ωI + λI)(D(A))
Resta mostrar a maximalidade de A + ωI, ou seja, existe λ e =
e
V × L (Ω). Vamos denotar λ = ω + λ assim, devemos encontrar λ > ω tal que (A + λI) é sobrejetor.
2
Escrevendo
1
u= (v + h1 )
λ
obtemos
1 1 1
λv − ∆v − ∆N (gγ0 v) − ∆N f γ0 (v + h1 ) = h2 + ∆h1 .
λ λ λ
Nesse caso, nosso problema se reduz a mostrar a sobrejetividade do operador T : V −→ V ′
1 1
T v := λv − ∆v − ∆N (gγ0 v) − ∆N f γ0 (v + h1 ) .
λ λ
ou ainda,
1
T = − ∆ + λI + B
λ
onde
1
Bv = −∆N (gγ0 v) − ∆N f γ0 (v + h1 )
λ
Como argumentado no exercı́cio anterior, basta mostrar que λI + B é maximal monótono.
Agora, observe que, como −∆N : H −1/2 (Γ1 ) → V ′ é limitado e f é lipschitz, então
1
B1 := −∆N f γ0 (v + h1 ) é Lipschitz de V em V ′ .
λ
- 466 -
6.5 Exercicio 9
Assumindo que f é lipschitziana, sabemos que existe um ω > 0 suficientemente grande tal que
A + ωI é maximal monótono . Deste modo, pelo Teorema de Crandall-Liggett(Teorema 6.2) , conclui-se
que existe uma única solução
u ∈ C([0, T ]; V) ∩ C 1 ([0, T ]; L2 (Ω)),
de (??) para qualquer T > 0 finito.
∂u
Para provar que u′ , ∈ L2 (0, T ; L2 (Γ1 )), observemos que se (u0 , u1 ) ∈ D(A), temos que γ0 (u1 ) ∈
∂ν
H 1/2 (Γ1 ), donde
∂u0
, g(γ0 u1 ) ∈ L2 (Γ1 ).
∂ν
Se (u(t), u′ (t)) é uma solução do problema para o dado inicial (u0 , u1 ) ∈ D(A), então, pela propri-
edade de semigrupo, temos (u(t), u′ (t)) ∈ D(A) e, consequentemente,
∂u
u′ ∈ L∞ (0, T ; L2 (Γ1 )) e ∈ L∞ (0, T ; L2 (Γ1 )).
∂ν
Agora, consideremos seguinte identidade de energia
Z tZ
1 ′ 1 1 1 ∂u ′
E(t) = ku (t)k2 + k∇u(t)k2 = ku1 k2 + k∇u0 k2 + u dΓds
2 2 2 2 0 Γ1 ∂ν
- 467 -
6.5 Exercicio 9
Assim, temos
Z tZ
′ ∂u ′
ku (t)k + k∇u(t)k
2 2
= ku k + k∇u k + 2
1 2 0 2
u dΓds
0 Γ1 ∂ν
Z tZ Z tZ
= 2· E(0) − 2 g(u′ )u′ dΓds − 2 f (u)u′ dΓds
0 Γ1 0 Γ1
Z tZ Z tZ
(6.5.143)
≤ 2· E(0) − 2α |u′ |2 dΓds + 2L |u||u′ | dΓds
0 Γ1 0 Γ1
Z tZ
≤ 2· E(0) − 2α |u′ |2 dΓds
Z t Z0 Γ1 Z tZ
1 ′ 2
+2L |u| dΓds +
2
|u | dΓds .
4 0 Γ1 0 Γ1
α
Escolha = e obtemos
2L
Z
′
t
ku (t)k + k∇u(t)k + α
2 2
ku′ (t)k2L2 (Γ1 ) ≤ C k∇u0 k2 + ku0 k2 + ku1 k2 . (6.5.144)
0
Pela densidade de D(A) em H, podemos estender a desigualdade anterior a todo H. Das hipóteses
∂u
sobre a g conclui-se que g(u′ ) ∈ L2 (0, ∞; L2 (Γ1 )) e, nesse caso, faz sentido falar da derivada normal
∂ν
no espaço H −1 (0, T ; H −1/2 (Γ1 )). Mas, pela igualdade
∂u
= −g(u′ ) − f (u)
∂ν
∂u
e, da regularidade das funções em questão, obtemos ∈ L2 (0, ∞; L2 (Γ1 )).
∂ν
Quando f é apenas lipschitziana podemos considerar a seguinte aproximação do nosso problema
u′′l − ∆ul = 0 em Ω × (0, ∞),
∂ul
= −g(u′l ) − fl (ul ) em Γ1 × (0, ∞),
∂ν (6.5.145)
em Γ0 × (0, ∞),
ul = 0
ul (0) = u0 ∈ V, u′l (0) = u1 ∈ L2 (Ω),
Temos que fl é lipschitziana para cada l e fl (s) → f (s) para todo s. Deste modo, existe uma
solução
ul ∈ C([0, T ]; V) ∩ C 1 ([0, T ]; L2 (Ω)),
com
∂ul
, u′l , g(u′l ) ∈ L2 (0, ∞; L2 (Γ1 )).
∂ν
Vamos provar que esta sequência de soluções possui uma subsequência convergente, cujo limite é
- 468 -
6.5 Exercicio 9
Z t
em que Fl (t) = fl (s) ds e C = C(kukV ). Ainda,
0
2n−2
pelas imersões H 1/2 (Γ1 ) ,→ L2 (Γ1 ) e H 1/2 (Γ1 ) ,→ L n−2 (Γ1 ) ,→ Lk0 (Γ1 ) e usando a continuidade do
traço.
Assim, fica provado (6.5.146). Para provar (6.5.147), ponhamos Γl = {x ∈ Γ1 : |ul (x)| > l}.
Z
|fl (ul (x)) − f (u(x))|2 dΓ
Γ1
Z Z
≤2 |fl (ul (x)) − f (ul (x))|2 dΓ + |f (ul (x)) − f (u(x))|2 dΓ .
Γ1 Γ1
c
Em vista da imersão compacta H 1/2 (Γ1 ) ,→ L2 (Γ1 ) e da continuidade da função f , pelo teorema
da convergência dominada de Lebesgue a segunda integral do lado direito da desigualdade acima tende à
zero. Vamos analisar então a primeira integral:
Z Z
≤2 |f (ul (x))|2 dΓ + |f (l)|2 + |f (−l)|2 dΓ .
Γl Γl
Tem-se
Z 2n−2
n−2 Z 2n−2
n−2
2n−2 2n−2
l n−2 ≤ |ul (x)| n−2 ≤ C = C(kul kV )
Γl Γ
c 2n−2
pela imersão H 1/2 (Γ1 ) ,→ L n−2 (Γ1 ) e pela continuidade da aplicação traço de ordem 0. Disto segue que
−2n+2
med(Γl ) ≤ C· l n−2 .
Z Z
|f (ul (x))|2 dΓ ≤ C |ul (x)|2k1 dΓ
Γl Γl
Z k1n−1
(n−2)
2n−2 k1 (n−2)
≤ C |ul (x)| n−2 · (medΓl )1− n−1 −→ 0,
Γl
pois k1 (n − 2) < n − 1.
Z
|f1 (±l)|2 dΓ ≤ C· l2k1 · medΓl ≤ C· l2k1 − n−2 −→ 0.
2n−2
Γl
- 469 -
6.5 Exercicio 9
Agora, se Z
1
El (t) = ku′l (t)k2 + k∇ul (t)k2 + Fl (ul )dΓ,
2 Γ1
γ0 ul −→ γ0 u em L2 (Σ1 )
γ0 u′l * γ0 u′ em L2 (Σ1 ).
c c
Como valem as imersões de Sobolev H 1 (Ω) ,→ L2k0 (Ω) e H 1/2 (Γ) ,→ L2k1 (Γ), juntamente com a
convergencia da {fl } concluı́mos que
Exemplo 6.26 Vamos determinar a existência de soluções fracas (em H01 (Ω)) para o problema abaixo:
i ∂t u − ∆ u + |u| u = 0
em Ω × (0, ∞)
2
Definição 6.42 Seja T > 0 e dado u0 ∈ X := H 1 (Ω) ∩ L4 (Ω). Uma solução fraca do problema (6.5.149)
em [0, T ] é uma função u na classe L∞ (0, T ; X ) ∩ C([0, T ]; L2 (Ω)) que satisfaz a identidade
Z T
−(u(t), ∂t ϕ(t))L2 (Ω) + i (∇ u(t), ∇ϕ(t))L2 (Ω) dt (6.5.150)
0
Z T
+ ih| u(t) |2 u(t), ϕ(t)i 4 dt = 0
L 3 (Ω), L4 (Ω)
0
para todo ϕ ∈ C0∞ (0, T ; H01 (Ω) ∩ L4 (Ω)) e para quase todo t ∈ [0, T ] .
Teorema 6.43 Se u0 ∈ X = H 1 (Ω) ∩ L4 (Ω). Então o problema ?? possui uma solução fraca no sentido
da definição (6.5.150).
Demonstração: Seja ψ : L2 (Ω) → (−∞, ∞] uma função convexa, própria e semi-contı́nua inferiormente.
Então, o subdiferencial de ψ(u) onde u ∈ D(ψ) é definido como o conjunto de todas as g ∈ L2 (Ω) tais
que
- 470 -
6.5 Exercicio 9
Pelo próximo lema segue que B é m-acretivo, sua prova pode ser encontrada em Okazawa e Yokota
[ [70], Lema 3.1, página 258].
Agora, podemos definir as aproximações de Yosida (que são Lipschitz contı́nuas) Bn de B em termos
do resolvente Jn ,
−1
1
Jn = 1+ B (6.5.154)
n
e
Bn := n (I − Jn ) = B Jn . (6.5.155)
Além disso, da teoria geral de operadores monótonos sabemos que podemos representar os opera-
dores B e Bn por subdiferenciais de ψ e ψn dados por
1 ||z||4 4 para z ∈ L4 (Ω)
L (Ω)
ψ(z) := 4 (6.5.156)
∞ caso contrário
e
nn o 1
ψn (z) := min ||v − z||2L2 (Ω) + ψ(v) = kBn (z)k2L2 (Ω) + ψ(Jn (z)), z ∈ L2 (Ω) (6.5.157)
2
v∈ L (Ω) 2 2n
de modo que
B =∂ψ e Bn = ∂ ψ n .
Além disso,
ψ(Jn (z)) ≤ ψn (z) ≤ ψ(z) . (6.5.158)
Por outro lado, dado u0 ∈ X , então existe {un,0 } ⊂ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) tal que
un,0 → u0 em X . (6.5.159)
i ∂t un − ∆ un + Bn (un ) = 0
em Ω × (0, ∞)
un = 0 em ∂Ω × (0, ∞) (6.5.160)
u (x, 0) = u em x ∈ Ω
n n,0 (x)
Vamos provar que o problema (6.5.160) está bem colocado para cada n. Para isso, observemos que
- 471 -
6.5 Exercicio 9
d un + A u = F (u )
n n n
dt (6.5.161)
u (0) = u
n n,0
onde
A : D(A) → L2 (Ω) Fn : L2 (Ω) → L2 (Ω)
e
z 7→ Az = i∆z w 7→ Fn (w) := − Bn (w)
onde D(A) = H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω).
Note que A é uma operador anti-adjunto em Ω. Assim, de [ [15], proposição 1, página 13], sabemos
que A é um operador maximal monótono em Ω. Além disso, como Bn é Lipschitz contı́nuo para cada n,
temos que para cada n, o operador Fn é Lipschitz contı́nuo em L2 (Ω).
Assim, de [ [15], teorema 1, página 18], para cada n, dado un,0 ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω), onde existe uma
única solução un para o problema (6.5.160) na classe
C [0, ∞); H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) ∩ C 1 [0, ∞); L2 (Ω) . (6.5.162)
Re(∂t un , un )L2 (Ω) + Im(∇un , ∇un )L2 (Ω) + Im(Bn (un ), un )L2 (Ω) = 0,
| {z } | {z }
=0 =0
de (6.5.155), temos
1
(Bn (un ), un )L2 (Ω) = Bn (un ), Bn (un ) + Jn (un )
n L2 (Ω)
1 (6.5.163)
= kBn (un )k2L2 (Ω) + (Bn (un ), Jn (un ))L2 (Ω)
n
1
= kBn (un )k2L2 (Ω) + kJn (un )k4L4 (Ω) .
n
1 d
kun k2L2 (Ω) = 0. (6.5.164)
2 dt
Assim, tomando o produto interno em (L2 (Ω)) de (6.5.160) com ∂t un e olhando para as partes
reais, temos:
Re(i ∂t un , ∂t un )L2 (Ω) + Re(∇un , ∇∂t un )L2 (Ω) + Re(Bn (un ), ∂t un )L2 (Ω) = 0. (6.5.165)
| {z }
=0
Agora, usando o seguinte lema clássico dado no livro de Showalter [ [85], capı́tulo IV, lema 4.3,
página 186] para funções ψn , un e ∂t un ambos com Bn (un ) = ∂ ψn (un ), segue que
d
ψn (un ) = Re (Bn (un ), ∂t un )L2 ((Ω)) (6.5.166)
dt
- 472 -
6.5 Exercicio 9
1 1
kun (t)k2H 1 (Ω) + ψn (un ) = kun,0 kH 2
1 (Ω) + ψn (un,0 )
2 2 (6.5.168)
≤ C kun,0 k2X .
kun (t)k2H 1 (Ω) + kJn (un )k4L4 (Ω) ≤ Ckun,0 k2X . (6.5.169)
Notemos que
assim,
Combinando (6.5.170), (6.5.171), (6.5.173) e (6.5.174), segue que {un } tem uma subsequência
(ainda denotada por {un }) tal que
∗
un * u em L∞ (0, T ; H 1 (Ω)) . (6.5.175)
∗ ∞
Jn (un ) * U em 4
L (0, T ; L (Ω)) . (6.5.176)
4 4
Bn (un ) * Z em L (0, T ; L (Ω)) .
3 3 (6.5.177)
∗ ∞ ′
∂t un * ∂t u em L (0, T ; X ) . (6.5.178)
O próximo passo é provar que U = u e Z = |u|2 u. De fato, de (6.5.175) e (6.5.178) segue pelo
Teorema de Aubin-Lions que existe um ũ ∈ L2 (0, T ; L2 (Ω)) e uma subsequência de un (ainda denotada
- 473 -
6.5 Exercicio 9
Por outro lado, de (6.5.175) e (6.5.179), pela unicidade do limite fraco em L2 (0, T ; L2 (Ω)), inferimos
que ũ = u q.t.p em Ω × (0, ∞). Portanto, novamente de (6.5.179), temos
Disso, definimos
||| C ||| = inf{|x| : x ∈ C}.
onde a igualdade do lado direito de (6.5.183) é do fato que o operador B dado em (6.5.152) é unı́voco em
C.
1
Por outro lado, de (6.5.155), temos ω − Jn (ω) = Bn (ω). Portanto, combinando (6.5.182) e
n
(6.5.183), obtemos
|Jn (z) − w| ≤ |Jn (z) − Jn (w)| + |Jn (w) − w|
1
≤ |z − w| + |Bn (w)| (6.5.184)
n
1
≤ |z − w| + |B(w)|, ∀ w, z ∈ C .
n
Segue de (6.5.181):
|un − u| → 0 q.t.p em Ω × (0, T ) . (6.5.185)
Agora, seja (x, t) ∈ Ω × (0, T ) tal que a convergência (6.5.185) vale, e seja z = un (x, t) e w = u(x, t)
em (6.5.184) e fazendo n → ∞, considerando (6.5.185), segue que
- 474 -
6.5 Exercicio 9
Agora, combinando (6.5.171), (6.5.186) e (6.5.173), (6.5.187), temos pelo lema de Lions [J. L.
Lions, [62], lema 1.3, página 12] as seguintes convergências:
Assim, pelas convergências (6.5.176), (6.5.177) (6.5.188) e (6.5.189), temos que U = u e Z = |u|2 u
quase sempre em Ω × (0, T ). Além disso, da convergência (6.5.176) juntamente com (6.5.175) inferimos
que
u ∈ L∞ (0, T ; X ). (6.5.190)
Finalmente, seja ϕ ∈ C0∞ ([0, T ); H01 (Ω) ∩ L4 (Ω)). Então, de (6.5.160), temos
Z T
−(un (t), ∂t ϕ(t))L2 (Ω) − i (∇ un (t), ∇ϕ(t))L2 (Ω) dt (6.5.191)
0
Z T
−i h| un (t) |p un (t), ϕ(t)i 4 dt = 0
L 3 (Ω), L4 (Ω
0
Então, empregando Showalter [ [85], proposição 1.2, página 106], temos que W pode ser continu-
amente imerso no espaço C([0, T ]; L2 (Ω)) e, portanto, combinando este fato com (6.5.190), obtemos que
u tem a regularidade dada na definição 6.42 e, assim, a prova do teorema está concluı́da. 2
∂t β(u) − ∆u = 0, em Ω × (0, +∞);
u = 0, em ∂Ω × (0, +∞); (6.5.192)
u(x, 0) = u0 (x) = 0, x ∈ Ω,
onde Ω é um domı́nio limitado com fronteira ∂Ω regular e β : R → R é uma aplicação monótona crescente
tal que β(0) = 0. Assumimos que |β| tem crescimento polinomial, por exemplo, β(s) = |s|p−2 s, p > 2.
Vamos utilizar dois resultados que podem ser encontrados em [85] e que são enunciados a seguir.
Proposição II.9.1: Seja D(A1 ) = {u ∈ W01,1 (G); A1 u ∈ L1 (G)} onde A1 u = f ∈ L1 (G) significa
Z X
n X
n Z
u ∈ W01,1 (G); aij ∂i u∂j v − ai u∂i v + auv = f v, v ∈ W01,∞ (G).
G i,j=1 i=1 G
c) A1 é o L1 -fecho A2 de A2 ;
- 475 -
6.5 Exercicio 9
d) supG (I + λA1 )−1 f ≤ max{0, supG f } para cada λ > 0 e f ∈ L1 , isto é,
e, portanto,
ku1 − u2 )kL1 ≤ kf1 − f2 kL1 .
Se f1 ≥ f2 q.s. então u1 ≥ u2 q.s. em G.
Inicialmente, vamos fazer uma mudança de variáveis. Seja u = φ(w) e consideremos β(·) = φ(·)−1 ,
então a equação do problema 6.5.192 vem a ser
∂t w − ∆φ(w) = 0,
a qual é conhecida como equação do meio poroso generalizada (GPME). Definamos, D(A ◦ φ) = {w ∈
W01,1 (G); (A ◦ φ)(w) ∈ L1 (G)} onde (A ◦ φ)(w) = 0 ∈ L1 (G) significa
Z
1,1
w ∈ W0 (G); ∇φ(w)∇v = 0, v ∈ W01,∞ (G).
G
Portanto, (A ◦ φ)(w) = −∆φ(w) ∈ L1 (G). Aplicando a Proposição II.9.1 e o Teorema II.9.2, temos que
para cada λ > 0 existe um único par
Exemplo 6.28 Determine a existência de soluções fracas em (L2 (Ω)) para o problema abaixo:
iut + ∆u + ig(u) = 0, em Ω × (0, ∞)
u = 0, em ∂Ω × (0, ∞) (6.5.193)
u(x, 0) = u0 (x), se x ∈ Ω
- 476 -
6.5 Exercicio 9
Definição 6.45 Uma aplicação u : [0, ∞) → X é dita solução fraca do problema (6.5.195) se u é contı́nua
em [0, ∞), u(0) = 0 e satisfaz a desigualdade para cada T > 0
Z t
ku(t) − 2
vkX ≤ ku(s) − vk2X +2 < T v + Su(τ ), u(τ ) − v >s dτ. (6.5.196)
s
É importante observar que vamos trabalhar com funções a valores complexos, de modo que, a fim
de que os espaços L2 (Ω), bem como, H m (Ω), m ∈ N, tornem-se espaços de Hilbert reais, definimos
Z
(u, v)L2 (Ω) = Re wv̄dx.
Ω
Vamos agora provar o seguinte teorema de existência de solução fraca para o problema (6.5.193).
Teorema 6.47 Sob as hipóteses da função g dada em (6.5.194), temos: o problema (6.5.193) é bem
posto no espaço L2 (Ω), isto é, para cada valor inicial u0 ∈ L2 (Ω), existe uma única solução fraca de
(6.5.193). Demonstração: O problema (6.5.193) pode ser reescrito como
ut − i∆u + g(u) = 0, em Ω × (0, ∞)
u = 0, em ∂Ω × (0, ∞) (6.5.197)
u(x, 0) = u0 (x), se x ∈ Ω
- 477 -
6.5 Exercicio 9
Com efeito, seja u ∈ L2 (Ω) tal que kuk2L2 (Ω) ≤ R. Assim, pela hipótese (iii) da função g obtemos
Z
kBuk2L2 (Ω) = |g(u(x))|2 dx
ZΩ
≤ c3 |u(x)|2 dx
Ω
≤ Rc3 .
• B é monótono
Z
(Bu1 − Bu2 , u1 − u2 )L2 (Ω) = Re (Bu1 − Bu2 )(u1 − u2 )dx
Z Ω
• B é hemicontı́nuo
Com efeito, temos que provar que dada uma sequência qualquer tn ⊂ R tal que tn → 0 então
lim (B(u + tn v), w)L2 (Ω) = (Bu, w)L2 (Ω) para todo u, v ∈ L2 (Ω).
n→∞
Para este propósito, definimos fn = g(u + tn v)w. Assim,
Então Z
g(u(x) + tn v(x))w(x) − g(u(x))w(x)dx → 0
Ω
- 478 -
6.5 Exercicio 9
e, consequentemente,
Z Z
Re g(u(x) + tn v(x))w(x)dx → Re g(u(x))w(x)dx
Ω Ω
isto é, lim (B(u + tn v), w)L2 (Ω) = (Bu, w)L2 (Ω) .
n→∞
Portanto, B é uma aplicação monótona, leva conjuntos limitados em conjuntos limitados e hemicon-
tı́nua e, como A é um operador maximal monótono, então por (5.12) [Apostila Semigrupos lineares e não
lineares. Cavalcanti, Marcelo.] concluı́mos que T ≡ A + B : D(A + B) ⊂ L2 (Ω) → L2 (Ω) é maximal
monótono em L2 (Ω). Assim, supondo S ≡ 0 no problema (6.5.195), então de acordo com o Teorema 6.46
para cada u0 ∈ D(A + B) = H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω) = L2 (Ω) existe uma única aplicação u : [0, ∞) → L2 (Ω)
solução fraca do problema (6.5.193). 2
- 479 -
Capı́tulo 7
Apêndice
Consideremos o problema
du
(t) = Au(t) + f (t), t ∈ (0, T ]
dt (7.1.1)
u(0) = u .
0
com u ∈ C([0, T ], X). Quando u0 ∈ D(A) e f possui algumas propriedades especiais [Ver seção 2.3],
temos que u(t) dada em (7.1.2) pertence a D(A) para todo t > 0, mas, para u0 ∈ X arbitrário isso não
é, em geral, verdade. O objetivo aqui é estabelecer uma equivalência entre a função u dada em (7.1.2) e
a solução fraca, adequadamente definida, de (7.1.1) e dar uma caracterização relacionada a semigrupos
de classe C0 .
Denotaremos por A∗ o adjunto de A (note que o domı́nio de A é denso em A, então faz sentido
falar de seu adjunto) e h·, ·i a dualidade entre X ′ e X.
Definição 7.1 A função u ∈ C([0, T ]; X) é uma solução fraca de (7.1.1) se, e somente se, para todo
v ∈ D(A∗ ) a função hv, u(t)i é absolutamente contı́nua em [0, T ] e
d
hv, u(t)i = hA∗ v, u(t)i + hv, f (t)i (7.1.3)
dt
para quase todo t ∈ [0, T ].
Lema 7.2 Sejam x, z ∈ X satisfzendo hv, zi = hA∗ v, xi para todo v ∈ D(A∗ ). Então x ∈ D(A) e z = Ax.
Demonstração: Suponhamos que, para todo x ∈ D(A), z 6= Ax. Agora, como A é fechado, temos
que seu gráfico G(A) ⊂ X × X é fechado. Assim, G(A) = G(A) 6= X × X. Note que, como para todo
x ∈ D(A), z 6= Ax, então ImA V, donde segue G(A) = G(A) 6= X × X. Assim, pelo Teorema de
1 Este Apêndice constitui uma abordagem didática de [5]
- 480 -
7.1 Semigrupos de Classe C0 e Solução Fraca
o que implica
hv, zi + hv ∗ , xi 6= 0. (7.1.6)
Note ainda, que de (7.1.4) temos
hv, −Axi = hv ∗ , xi
donde
v ∗ ∈ D(A∗ ) e v ∗ = −A∗ v. (7.1.7)
Assim, de (7.1.5) temos hv, zi 6= hA∗ v, xi, o que prova o lema. 2
Teorema 7.3 Existe, para cada u0 ∈ X, uma única solução fraca u(t) de (7.1.1) se, e somente se, A é
gerador infinitesimal de um semigrupo S de classe C0 . Neste caso, u(t) é dado por (7.1.2).
d
hv, S(t)u0 i = hA∗ v, S(t)u0 i.
dt
Com efeito, se u0 ∈ D(A) temos que
d d
hv, S(t)u0 i = hv, S(t)u0 i = hv, AS(t)u0 i = hA∗ v, S(t)u0 i.
dt dt
X
Agora, tomando u0 ∈ X arbitrário, como D(A) = X, temos que existe {xn } ⊂ D(A) tal que lim xn =
n→∞
u0 em X. Então
d
hv, S(t)xn i = hA∗ v, S(t)xn i → hA∗ v, S(t)u0 i quando → ∞,
dt
e tal convergência é uniforme, pois dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que
d
hv, S(t)u0 i = hA∗ v, S(t)u0 i. (7.1.8)
dt
Agora, seja u(t) dada por (7.1.2). Como S é um semigrupo de classe C0 então u ∈ C([0, T ]; X). Assim,
para v ∈ D(A∗ ) e t ∈ [0, T ] temos
Z t
hv, u(t)i = hv, S(t)u0 i + hv, S(t − s)f (s)ids.
0
- 481 -
7.1 Semigrupos de Classe C0 e Solução Fraca
Suponha f ∈ C([0, T ]; X), segue que S(. − s)f (s) ∈ C([0, T ]; X) e, portanto,
Z t Z t
d d
hv, S(t − s)f (s)ids = hv, f (t)i + hv, S(t − s)f (s)ids
dt 0 0 dt
Z t
= hv, f (t)i + hA∗ v, S(t − s)f (s)ids
0
Agora, se f ∈ L1 (0, T ; X), então existe {fn } ⊂ C([0, T ]; X), tal que
fn −→ f em L1 (0, T ; X)
temos
Z t
kun (t) − u(t)kX = S(t − s)(fn (s) − f (s))ds
0 X
Z T
≤ M kfn (s) − f (s)kX ds → 0 quando n → ∞,
0
d
hv, un (t)i = hA∗ v, un (t)i + hv, fn (t)i,
dt
logo, integrando em (0, t),
Z t
hv, un (t)i = hv, u0 i + [hA∗ v, un (s)i + hv, fn (s)i] ds
0
Temos então
d
hv, u(t)i = hA∗ v, u(t)i + hv, f (t)i e u ∈ C([0, T ]; X).
dt
- 482 -
7.1 Semigrupos de Classe C0 e Solução Fraca
dw
(t) = Aw(t), t > 0
dt (7.1.10)
w(0) = 0.
d
hv, w(t)i = hA∗ v, w(t)i, ∀v ∈ D(A∗ )i.
dt
ou seja, Z t
hv, w(t)i = hA∗ v, w(s)dsi ∀v ∈ D(A∗ ), t ∈ [0, T ].
0
dz
(t) = Au(t), t > 0
dt (7.1.11)
z(0) = 0
- 483 -
7.1 Semigrupos de Classe C0 e Solução Fraca
e daı́, Z t
d
0= w(s)ds = w(t) = w(0) = w(t), ∀t ∈ [0, T ].
dt 0
Portanto, w(t) = 0 para todo t ∈ [0, T ], donde u(t) = u(t) para todo t ∈ [0, T ], o que conclui a unicidade.
Reciprocamente, suponhamos que A é um operador tal que (7.1.1) ocorre e para cada u0 ∈ X, u(t)
é a única solução fraca. Para t ∈ [0, T ], escrevamos S(t)u0 = u(t) − v0 (t), onde v0 (t) é solução fraca de
(7.1.1) com v0 (0) = 0. Ou seja, para cada u0 ∈ X, z(t) = S(t)u0 é única solução fraca que satisfaz
dz
(t) = Az(t), t ∈ (0, T ]
dt (7.1.12)
z(0) = u .
0
Note que S(t) define uma aplicação linear. De fato, se S(t)(x + y) = u(t) onde u é solução fraca de
du
(t) = Au(t), t > 0
dt (7.1.13)
u(0) = x + y,
Por unicidade de solução, S(t)(x+y) = S(t)x+S(t)y. Da mesma forma, S(t)(αx) = u(t) onde u é solução
fraca de
du
(t) = Au(t), t > 0
dt (7.1.17)
u(0) = αx
e por unicidade de solução, S(t)(αx) = αS(t)x. Portanto, para cada t ∈ R+ , S(t) : X → X é uma
- 484 -
7.1 Semigrupos de Classe C0 e Solução Fraca
aplicação linear.
é dada por
v(t) = S(t)u(t1 ) = S(t)S(t1 )u0 . (7.1.21)
Mas de (7.1.20) segue que v(t2 ) = u(t1 + t2 ) para 0 ≤ t2 ≤ T − t1 . Por outro lado, a solução do problema
dw
(t) = Aw(t), t > 0
dt (7.1.22)
w(0) = u(t + t )
1 2
é dada por
w(t) = S(t)u(t1 + t2 ) = S(t)S(t1 + t2 )u0
donde w(0) = S(t1 + t2 )u0 . Logo,
S(t2 + t1 )u0 = S(t1 + t2 )u0 = w(0) = u(t1 + t2 ) = v(t2 ) = S(t2 )S(t1 )u0 .
Agora, seja t > 0 dado. Existem únicos a1 , a2 ∈ N e b1 ∈ [0, T ), b2 ∈ [0, T ) tais que t = a1 T + b1 e
t = a2 T3 + b2 . Provemos que
a2
T
S(t)u0 = S(b2 ) S .
3
Note que existem únicos c1 ∈ N e d1 ∈ [0, T3 ) tal que b1 = c1 T3 + d1 , logo
T T T
t = a1 T + b1 = 3a1 + c1 + d1 = (3a1 + c1 ) + d1 ,
3 3 3
e por unicidade, segue que a2 = 3a1 + c1 e b2 = d1 . Temos
3a1
a1 T
S(t)u0 = S(b1 )(S(T )) u0 = S(b1 ) S u0
3
3a1
T T
= S c1 + d1 S u0
3 3
3a1
T T
= S(d1 )S c1 S u0
3 3
c1 3a1
T T
= S(d1 ) S S u0
3 3
3a1 +c1
T
= S(d1 ) S u0
3
a2
T
= S(b2 ) S u0 .
3
- 485 -
7.1 Semigrupos de Classe C0 e Solução Fraca
iii)Note que lim+ kS(t)u0 − u0 kX pois S(t)u0 = u(t) ∈ C([0, T ]; X), ou seja, S(t)u0 é contı́nua em
t→0
t.
Para concluirmos a demonstração de que S é um semigrupo de classe C0 , resta provarmos que para
cada t ≥ 0, S(t) é um operador contı́nuo. Para isso, consideremos
θ : X −→ C([0, T ]; X)
x 7−→ S(·)x,
que está bem definida, pois para cada x ∈ X, u(t) = S(t)x ∈ C([0, T ]; X), por hipótese. Provemos
que tal aplicação tem gráfico fechado. Para facilitar a notação, consideremos Y = C([0, T ]; X). Sejam
{xn } ⊂ X, x ∈ X e y ∈ Y tais que
xn → x em X, (7.1.23)
θ(xn ) → y em Y. (7.1.24)
É claro que x ∈ X. Resta provar, então que θ(x) = y, ou seja, que y é solução fraca do problema
du
(t) = Au(t), t > 0
dt (7.1.25)
u(0) = x.
pois
kθ(xn )(t) − y(t)kX ≤ supt∈[0,T ] kθ(xn )(t) − y(t)kX → 0 quando n → ∞ para todo t ∈ [0, T ],
donde hv, y(t)i é lipschitiziana, e portanto, ,absolutamente contı́nua. Assim, y é solução fraca, e portanto,
θ tem gráfico fechado.
- 486 -
7.1 Semigrupos de Classe C0 e Solução Fraca
Como θ é linear, pelo Teorema do Gráfico Fechado, temos que θ é contı́nuo. Assim, para x ∈ X,
e mais,
kS(t)xkX = kS(s)(S(T ))n xkX ≤ c1 kS(T )kn kxkX ≤ ckxkX ,
e portanto, S(t) ∈ L(X), ∀t ≥ 0.
Resta mostrar, ainda, que A é o gerador infinitesimal de S. De fato, seja B o gerador infinitesimal
de S. Seja x ∈ D(B). Então, para todo v ∈ D(A∗ ) temos
d
hv, S(t)xi = hA∗ v, xi (7.1.26)
dt
pois S(t)x é solução de (7.1.1). Por outro lado,
d
hv, S(t)xi = hv, BS(t)xi = hv, Bxi = hA∗ v, xi.
dt t=0 t=0
Daı́ e o Lema 7.2 temos que x ∈ D(A) e Ax = Bx. Reciprocamente, se x ∈ D(A), como S(t)x é solução
fraca do problema, para todo v ∈ D(A∗ ) temos
d
hv, S(t)xi = hA∗ v, S(t)xi,
dt
e integrando em ambos os membros segue que
Z t
hv, S(t)x − xi = hA∗ v, S(s)xdsi.
0
Agora, como x ∈ D(A) então Ax ∈ X e S(t)Ax é solução fraca de (7.1.1). Assim, com os mesmo
argumentos temos, pelo Lema 7.2,
Z t Z t
S(s)Axds ∈ D(A) e A S(s)Axds = S(t)Ax − Ax. (7.1.28)
0 0
Considere a função
Z t Z t
z(t) = S(s)Axds − A S(s)xds
0 0
Z t
= S(s)Axds − S(t)x + x. (7.1.29)
0
- 487 -
7.1 Semigrupos de Classe C0 e Solução Fraca
dz
(t) = Az(t), t > 0
dt (7.1.30)
z(0) = 0.
Portanto, Z Z
t t
S(s)Axds = A S(s)Axds.
0 0
Logo,
Z t
1 1
lim (S(t)x − x) = lim A S(t)xds
t→0+ t t→0+ t 0
Z t
= lim+ S(t)Axds
t→0 0
= Ax,
- 488 -
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