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Cultura

Bruce Lee: 50 anos depois, morte de ator ainda é


mistério
Autópsia da época apontou que reação alérgica teria causado edema
cerebral, mas estudo recente sugere causa relacionada ao consumo
excessivo de água

Por O Globo e agências internacionais — Hong Kong


19/07/2023 08h06 · Atualizado há 22 minutos

Bruce Lee morreu em 20 de julho de 1973, aos 32 anos. Cinquenta anos


depois do adeus inesperado ao ator, diretor, roteirista e artista marcial, a
causa da morte ainda é desconhecida — e segue permeada por
teorias. O sino-americano, cujos filmes levaram o mundo ao frenesi do
kung-fu, foi um dos primeiros asiáticos a se tornar uma estrela em
Hollywood.

Uma autópsia na época mostrou que Bruce havia morrido de edema


cerebral, um inchaço no cérebro, causado por uma reação alérgica aguda
(anafilaxia) a um medicamento. Mas um estudo de novembro de 2022,
publicado no Clinical Kidney Journal e feito com base em relatórios
médicos de Lee, aponta que o falecimento pode ter relação com o
consumo excessivo de água.
Cientistas afirmam que a causa da morte de Bruce Lee foi a ingestão em excesso de água — Foto: Reprodução/ Instagram

Pesquisadores decidiram revisar as evidências e constataram que Lee


morreu de hiponatremia — condição que geralmente ocorre quando uma
pessoa bebe uma grande quantidade de água em um espaço de tempo
muito curto. Ou seja, o nível de sódio no sangue – que seu corpo precisa
para o equilíbrio de fluidos – fica muito abaixo, o que faz com que as
células do corpo inchem, incluindo as do cérebro.
Retratos de Bruce Lee estão em exposição em Hong Kong — Foto: ISAAC LAWRENCE / AFP

“Propomos agora, com base na análise de informações publicamente


disponíveis, que a causa da morte foi edema cerebral devido a
hiponatremia. Em outras palavras, a incapacidade do rim de excretar o
excesso de água matou Bruce Lee”, diz os cientistas.

A pesquisa ainda indicou que o artista tinha “vários fatores de risco que
predispunham à hiponatremia, como o fato de estar bebendo grandes
quantidades de líquido por dia. A mulher de Lee, Linda, revelou que o
ator tinha uma dieta à base de fluidos de cenoura e suco de maçã antes de
sua morte.

Além dele usar constantemente maconha no dia que veio a óbito, o que
aumenta a sede, outros fatores podem ter reduzido a capacidade dos rins,
como o uso de medicamentos prescritos e álcool.
Ao longo da carreira, o astro notabilizou o bordão "Seja água, meu
amigo", numa referência à importância de o humano ser mutável e se
adaptar a diferentes situações, por exemplo, durante uma luta. A frase foi
dita pela primeira vez quando Lee interpretou o traficante de
antiguidades Li Tsung, em episódios da série americana Longstreet, nos
anos 1970.

A carreira do artista ficou marcada pelas atuações nessa década, como em


"O voo do Dragão" (1971); "A fúria do Dragão" (1972); e "Operação
Dragão" (1973).
Legado permanece vivo

O empresário de Hong Kong W. Wong ainda se lembra do dia em 1972


em que ouviu pela primeira vez as crianças de sua vizinhança elogiarem
uma figura que parecia lendária: Bruce Lee.

Turistas tiram foto com estátua de Bruce Lee em museu de Hong Kong — Foto: MAY JAMES / AFP

A sua influência continua viva em Hong Kong, onde passou a infância e

os últimos anos. É onde os seus fãs estão preparando exibições de artes


marciais esta semana para marcar o meio século desde a sua morte.
"Toda criança precisa de algum tipo de modelo e eu escolhi Bruce Lee",
diz Wong, 54, que dirige o maior fã-clube da cidade dedicado ao astro há
quase três décadas. "Eu queria que minha vida fosse como o Bruce Lee
que vi: bonito, forte, com grandes habilidades em artes marciais, uma
imagem heróica".

Em uma academia de Wing Chun, o estilo de arte marcial que Lee


praticava antes de inventar seu próprio método Jeet Kune Do, o lendário
mestre de artes marciais é reverenciado como uma espécie de santo
padroeiro.

O dono do estabelecimento, Cheng Chi-ping, 69, explica que sua geração


começou a treinar sob a influência cultural de Lee, mas "nunca conseguiu
igualar sua velocidade, força ou físico".

O apelo de Lee não diminuiu na geração seguinte, diz Mic Leung, de 45


anos, que treinou na mesma academia e, quando adolescente, devorou os
filmes antigos de seu ídolo.

"Quando falamos do 'deus das artes marciais', só podemos falar de Bruce


Lee. Não há outro", diz ele.

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