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Escola Básica 2.

3 Pêro de Alenquer

Avaliação escrita de Língua Portuguesa - 7º Ano - Outubro de 2005

Nome: ……………………………………….......... Número: ………….... Turma: ……………

Lê, atentamente, o conto popular que se segue:

O SAL E A ÁGUA

Um rei tinha três filhas; perguntou a cada uma delas por sua vez, qual era a mais sua
amiga. A mais velha respondeu:
- Quero mais a meu pai do que à luz do Sol.
Respondeu a do meio:
- Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.
A mais moça respondeu:
- Quero-lhe tanto como a comida quer o sal.
O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não amava tanto como as outras, e pô-la
fora do palácio. Ela foi muito triste por esse mundo, e chegou ao palácio de um rei, e aí se
ofereceu para ser cozinheira. Um dia veio à mesa um pastel muito bem feito, e o rei ao parti-lo
achou dentro um anel muito pequeno, e de grande preço. Perguntou a todas as damas da corte
de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia; foi passando, até que foi
chamada a cozinheira, e só a ela é que o anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo
apaixonado por ela, pensando que era de família de nobreza.
Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas, e viu-a vestida
com trajos de princesa. Foi chamar o rei seu pai e ambos viram o caso. O rei deu licença ao
filho para casar com ela, mas a menina tirou por condição que queria cozinhar pela sua mão o
jantar do dia da boda. Para as festas do noivado convidou-se o rei que tinha três filhas, e que
pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares que haviam
de ser postos ao rei seu pai não botou sal de propósito. Todos comiam com vontade, mas só o
rei convidado é que nada comia.
Por fim, perguntou-lhe o dono da casa porque é que o rei não comia. Respondeu ele,
não sabendo que assistia ao casamento da filha:
- É porque a comida não tem sal.
O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a cozinheira viesse ali dizer porque é que
não tinha botado sal na comida. Veio então a menina vestida de princesa, mas assim que o pai
a viu, conheceu-a logo e confessou ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado por
sua filha, que lhe tinha dito que lhe queria tanto como a comida quer o sal, e que depois de
sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu pai.

Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português


II

Depois de teres lido o texto, responde, de forma cuidada e completa, às questões que te são
colocadas.

1. Retira do texto palavras com o mesmo sentido dos seguintes vocábulos:

a) colocou b) festa c) acontecimento d) vestimentas e) autorização f) bolo

2. O conto “O Sal e a Água” fala-nos de um rei que queria saber o quanto era amado pelas
suas três filhas.

2.1 O que responde cada princesa à pergunta do rei?

2.2 Como reage o rei à resposta da mais nova. Porquê?

3. A princesa vai trabalhar como cozinheira num palácio distante.

3.1 Como descobre o príncipe a ascendência nobre da rapariga?

3.2 De que modo consegue a jovem provar a seu pai que tinha razão?

3.3 Caracteriza a princesa, tendo em conta as suas acções e as suas atitudes.

4. Como sabes, o conto popular, em geral, apresenta características específicas.

4.1 Indica três delas.

4.2 Diz de que forma estas características estão presentes no conto “O Sal e a Água”.

5. Neste conto encontramos alguns termos e expressões populares . Explica, por palavras
tuas, o sentido da seguinte passagem: “...a menina tirou por condição que queria cozinhar
pela sua mão o jantar...”.

6. Assinala o provérbio que, na tua opinião, sintetiza a moral desta história. Justifica a tua
opção.

a) Quem tem boca vai a Roma.


b) As aparências iludem.
c) Quem te avisa teu amigo é.

III

1. Transcreve e pontua correctamente o seguinte excerto:

No dia seguinte, quando o rico deu pela falta do porco, correu a casa do compadre pobre e
muito aflito contou-lhe o acontecido. Este, fazendo-se desentendido, dizia-lhe assim:
- compadre, bravo, muito bem, muito bem! Assim é que há-de, dizer para se esquivar de dar o
lombo ao abade.
Adolfo Coelho, Contos Populares Portugueses, Ulmeiro
2. Lê, atentamente, os parágrafos seguintes e ordena-os de forma a construíres um texto com
sentido:

1 O rico cada vez teimava mais ser certo terem-lhe roubado o porco e o pobre cada vez se
ria mais, até que aquele saiu desesperado, porque o não entendiam.

....... A mulher, fingindo-se muito aflita, correu para casa do compadre, pedindo que lhe
acudisse, porque o marido a queria matar. Nisto ouviu a voz do marido e correu para a adega
do compadre e, enquanto este diligenciava apaziguar-lhe a ira, enchia ela o odre. Tinha-lhe
esquecido, porém, um cordão para o atar, mas tendo uma ideia gritou para o marido:

....... Ela, apenas isto ouviu, desatou logo o cabelo, atou com a fita a boca do odre e fugiu com
ele para casa. Desta maneira tiveram porco e vinho sem lhes custar nada, e enganaram o
avarento do compadre.

....... O que roubou o porco ficou muito contente e disse à mulher:

....... - Ah, grande atrevida!... Que eu se lá vou abaixo, com a fita do cabelo te hei-de afogar!

....... O marido, que entendeu, respondeu-lhe:

....... - Olha, mulher, desta maneira também havemos de arranjar vinho. Tu hás-de ir a correr e
a chorar para casa do compadre, fingindo que eu te quero bater; levas um odre debaixo do fato
e, quando sentires a minha voz, foges para a adega do compadre e, enquanto eu estou falando
com ele, enches o odre de vinho e foges pela outra porta para casa.

....... - Ah! Goela de odre sem nagalho!

Adolfo Coelho, Contos Populares Portugueses, Ulmeiro

3. Refere o processo de formação das palavras “cozinheira”, passatempo, “apaixonado” e


pernalta.

4. Constrói uma família de seis palavras a partir do vocábulo “casa”.

IV

1. Em aproximadamente 10 linhas, redige um outro final para este conto.

Bom trabalho!

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