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Regulação emocional em psicoterapia 271

FORMULÁRIO 6.3
Os Monstros no Ônibus

Vamos imaginar que você se encontra no papel de um motorista de ônibus. Você tem seu uniforme,
o painel brilhando, o assento confortável e um ônibus poderoso sob seu comando. Este ônibus que
você está dirigindo é muito importante. Ele representa a sua vida. Todas as suas experiências, todos
os desafios e pontos fortes, trouxeram-no a esse papel, como motorista do ônibus que é sua vida.
Você escolheu uma destinação para esse ônibus. É um destino pelo qual você optou. O destino re-
presenta as metas que você valoriza e que deseja alcançar na vida. Chegar a esse destino é profun-
damente significativo para você. É importante chegar lá. Cada centímetro da viagem em direção ao
objetivo valorizado significa que você, de fato, tem levado a vida na direção que considera correta
neste momento. Enquanto dirige, é necessário que mantenha o curso e siga o caminho correto para
a meta que valoriza.
Como qualquer motorista de ônibus, você é obrigado a parar no caminho e pegar passageiros.
O problema com esta viagem específica é que alguns dos passageiros são verdadeiramente difíceis
de lidar. Eles são, na verdade, monstros. Cada um representa um pensamento ou sentimento difícil
que você teve de enfrentar durante a vida. Um dos monstros pode ser a autocrítica; outros são os
sentimentos de pânico e terror; há, ainda, aqueles que representam as preocupações agitadas em
relação ao que virá. O que quer que tenha lhe causado problemas ou o tenha distraído das ricas
possibilidades da vida está subindo no ônibus na forma de um monstro.
Os monstros são desordeiros e rudes. Enquanto você dirige, eles gritam insultos para você e
cospem. Você consegue ouvir seus gritos enquanto dirige: “Fracassado!”, gritam eles. “Por que não
desiste? Você não tem jeito!”, ouve-se pelo ônibus. Um até grita: “Pare o ônibus! Isso nunca vai dar
certo!”. Você pensa em parar o ônibus para ralhar e disciplinar os monstros, mas se o fizer, você
não mais estará na direção que importa para você. Talvez deva parar no acostamento e atirar os
monstros para fora do ônibus. Novamente, isso significaria ter de parar de andar em direção a seus
valores. Talvez, se virar à esquerda e tentar uma rota diferente, os monstros se acalmem. Porém,
isso também é um desvio de viver a vida de modo que consiga concretizar seus objetivos valorizados
e livremente escolhidos.
De repente, você percebe que, enquanto se ocupava elaborando estratégias e argumentos para
lidar com os insistentes monstros no ônibus, passou de algumas esquinas onde deveria virar e
perdeu algum tempo na viagem. Você agora entende que, para chegar aonde deseja e continuar se
movendo na direção que escolheu na vida, precisa continuar dirigindo e deixar que os monstros con-
tinuem com as vaias, provocações e reclamações todo o tempo. Você pode optar por levar sua vida
na direção correta, enquanto simplesmente abre espaço para todo o barulho que os monstros produ-
zem. Você não pode expulsá-los nem fazê-los parar, mas pode fazer a escolha de continuar vivendo
a vida de um modo significativo e compensador para você, continuar dirigindo o ônibus, mesmo com
os monstros reclamando no caminho.
Adaptado de Hayes, Strosahl e Wilson (1999). Copyright 1999, The Guilford Press. Adaptado com autorização.

Regulação emocional em psicoterapia: um guia para o terapeuta cognitivo-comportamental, de Robert L. Leahy,


Dennis Tirch e Lisa Napolitano.
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