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O ungido de Deus e a sua noiva

Por: Prof. Julius | Prompte et Sincere

O Salmo 45 tem algo a dizer sobre a inspiração dos escritores bíblicos, a teologia do reino, a profecia
messiânica, as duas naturezas e o senhorio de Cristo, a obra de conversão do Espírito, o relacionamento
entre Cristo e a igreja, e até mesmo o caráter de nossos relacionamentos matrimoniais (cf. Efésios 5:22-
33).

Hebreus 1:8-9 deixa claro que, embora por um lado, o Salmo esteja descrevendo um casamento real na
era do Antigo Testamento, ao mesmo tempo, o Salmo 45 é uma profecia messiânica que descreve a
pessoa e a obra do Senhor Jesus Cristo. O tema geral do Salmo é que Deus ungiu seu Filho para ser um rei
na terra que traz os pecadores para si. Deus enviou o servo perfeito como o Noivo da igreja, para que, em
sua unidade com a igreja, pecadores indignos possam ser convertidos para irradiar a beleza de cidadãos
justos de um reino eterno de justiça.

A primeira parte do Salmo 45 descreve o Rei. Ele é chamado de formoso porque Deus o ungiu para servir
aos filhos dos homens que são cidadãos de seu reino eterno (45:2). Ele adorna seu glorioso ofício com
palavras graciosas (cf. Lucas 4:22), pois Ele não é um tirano sedento de poder, mas um poderoso rei servo.
Ele não precisa rebaixar os outros com suas palavras para se erguer, pois já tem toda glória e majestade
(45:3). Essa glória e majestade são descritas posteriormente no Salmo 45:6-7 (os versículos citados em
Hebreus 1:8-9), onde o Espírito Santo revela que o rei prometido é Deus, que é ungido por Deus (compare
o versículo 6 e 7b; cf. Salmo 110:1). Esta é uma revelação surpreendente das duas naturezas de Cristo,
nosso Rei, que é Deus o Filho e o filho do rei Davi ao mesmo tempo. Ele é quem define a justiça como o
legislador. Quem ama a justiça é o guardião da lei. É por isso que Deus o ungiu para governar e sentar-se
em seu trono para todo o sempre (Salmo 45.6).

As duas vezes em que a palavra “por isso” é usada (cf. Salmo 45:2, 7) nos mostram que seu caráter e
virtudes o qualificam para ser o Rei do glorioso reino de Deus, que é um reino diferente dos reinos
terrestres que são tão focados em poder e controle por meio de informações, dinheiro, armas e avanços
tecnológicos. O povo de Deus, cantando essas palavras inspiradas ao rei (45:1), deleita-se na causa
completamente diferente do rei ungido de Deus, que é “verdade e justiça” (45:4), e encontra consolo na
certeza de sua vitória sob a bênção do SENHOR (45:2). O cetro do reino de Deus é um cetro de retidão, e
seu reino um lugar onde habita a justiça (cf. 2 Pedro 3:13). O reino avança quando as flechas do Rei
penetram os corações de seus inimigos, de modo que eles caem submissos ao Rei.

A descrição do Rei destina-se a destacar seu papel como Noivo. Ele é descrito como bonito e não feroz,
gracioso e não comandante. É claro que estamos em um casamento, porque no lugar de espadas
ensanguentadas e do choque fedorento de homens em guerra com todas as suas armaduras, temos a
imagem de uma espada amarrada ao lado para uma cerimônia com a alegre música de instrumentos de
cordas, perfume adocicado, mantos elegantes, princesas e rainhas. Este é um Salmo sobre Deus, que é
ungido por Deus em uma bela união com sua igreja na terra que é apresentada neste Salmo como a noiva.

A segunda parte do Salmo 45 descreve a igreja, que é a rainha adornada de ouro finíssimo de Ofir, de pé à
direita do divino rei ungido (cf. Ezequiel 36). Ofir é um lugar conhecido por produzir ouro de alta qualidade
e podemos reconhecer que estamos lendo sobre um casamento luxuoso. Nos versículos 13-15, a igreja é
descrita como uma princesa gloriosa que é conduzida ao rei, com suas damas de honra ao seu lado. A
mensagem do evangelho do Salmo 45 é que o Filho de Deus, que assumiu a carne humana, trouxe a igreja
para a sua glória ao tomá-la para si, como um marido se une à sua esposa.

A obra do glorioso Filho de Deus tem benefícios maravilhosos para aqueles que dão ouvidos ao chamado
de Jesus Cristo, e esquecem seu povo e as casas de seus pais para se comprometerem com Ele e o seguem
na batalha (cf. Apocalipse 19:11ss). Este ato de devoção (comparável à devoção de Rute) é descrito como
a beleza da igreja que o rei deseja, e o Espírito Santo exorta os crentes a se curvarem diante de Jesus
Cristo porque Ele é nosso Senhor (cf. Salmo 45:10-11). A mensagem do evangelho é que todo aquele que
se submeter ao Senhor Jesus Cristo será trazido ao seu reino vitorioso e terá o direito de compartilhar da
plenitude de sua dignidade, beleza e esplendor.

Apontando-nos para a descrição das bodas do Cordeiro que lemos em Apocalipse 19:7-8, a igreja tem a
promessa de brilhar em belas vestes de uma justiça que não é nossa. A justiça de Cristo adorna sua noiva
como vestes multicoloridas entrelaçadas com ouro, tornando-a bela aos olhos de Deus (cf. Isaías 61:10),
para que ela possa entrar à presença de Deus sem vergonha ou medo de julgamento.

O Salmo termina nos lembrando que esta aliança de amor que Deus estabeleceu com os crentes se
estende também aos filhos dos crentes. “Em vez de teus pais serão teus filhos, os quais farás príncipes por
toda a terra” (Salmo 45:16). O relacionamento com Cristo que você herdou da geração anterior por meio
das promessas da aliança que você recebeu, é passado para a próxima geração, e assim a igreja será
conhecida em todas as gerações e em todas as nações onde o SENHOR é louvado, para todo o sempre!

A nobre graça do Noivo Jesus Cristo unida à sua noiva é o meio pelo qual o SENHOR opera a verdade e a
justiça nos cidadãos do seu reino de justiça. Em Efésios 5:22-33 somos chamados a refletir esse mesmo
relacionamento em nossos casamentos cristãos (cf. Efésios 5:22-33). Maridos que amam suas esposas,
como Cristo amou a igreja, falarão palavras graciosas para, e sobre, suas esposas, enquanto procuram
imitar a humildade do Filho de Deus que assumiu nossa natureza humana para nos salvar da ira de Deus e
nos trazer em comunhão com ele. As esposas, que amam seus maridos como a Igreja ama seu divino
marido real, ficarão alegres e felizes em se submeter e ser guiadas pela amorosa orientação cristã de seus
maridos. Essa comunhão entre marido e mulher serve como exemplo da mensagem do evangelho da
união entre Cristo e sua igreja, anunciada no Salmo 45 que todos possamos celebrar juntos na Ceia do
Senhor.
Louvado seja o SENHOR pelo divino Rei ungido de Deus, pois ele trouxe pecadores a si mesmo,
para que possam brilhar com alegria e alegria na verdade e justiça, e louvar seu nome para todo
o sempre.

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