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UNIVERSIDADE FEDERA DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS

Noções básicas de Direito Minerário: Um Guia

LUCAS PERIM

Ouro Preto
Março de 2023
LUCAS PERIM

Noções básicas de Direito Minerário: Um Guia

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia de Minas da Universidade
Federal de Ouro Preto como requisito parcial para
a obtenção do título de bacharel em Engenharia
de Minas.

Orientador: Prof. Dr. Hernani Mota de


Lima

Ouro Preto
Março de 2023
SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO

P443n Perim, Lucas.


PerNoções básicas de direito minerário [manuscrito]: um guia. / Lucas
Perim. - 2023.
Per50 f.: il.: color.. + Tabela.

PerOrientador: Prof. Dr. Hernani Mota de Lima.


PerMonografia (Bacharelado). Universidade Federal de Ouro Preto. Escola
de Minas. Graduação em Engenharia de Minas .

Per1. Minas e recursos minerais. 2. Direito de minas - Minas e mineração.


3. Agência Nacional de Mineração (ANM). I. Lima, Hernani Mota de. II.
Universidade Federal de Ouro Preto. III. Título.

CDU 347.249

Bibliotecário(a) Responsável: Sione Galvão Rodrigues - CRB6 / 2526


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
REITORIA
ESCOLA DE MINAS
PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM ENGENHARIA
MINERAL

FOLHA DE APROVAÇÃO

Lucas Perim

Noções básicas de direito minerário: Um guia

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Minas da Universidade Federal


de Ouro Preto como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Minas
Aprovada em 23 de março de 2023

Membros da banca

PhD - Hernani Mota de Lima - Orientador (UFOP)


Dr - Elton Destro - (UFOP)
Dr - José Fernando Miranda - (UFOP)

Hernani Mota de Lima, orientador do trabalho, aprovou a versão final e autorizou seu depósito na Biblioteca Digital
de Trabalhos de Conclusão de Curso da UFOP em 27/03/2023

Documento assinado eletronicamente por Hernani Mota de Lima, PROFESSOR DE MAGISTERIO


SUPERIOR, em 27/03/2023, às 10:27, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art.
6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


http://sei.ufop.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 , informando o código verificador 0498345 e
o código CRC 0630EB48.

Referência: Caso responda este documento, indicar expressamente o Processo nº 23109.003833/2023-14 SEI nº 0498345

R. Diogo de Vasconcelos, 122, - Bairro Pilar Ouro Preto/MG, CEP 35402-163


Telefone: (31)3559-1593 - www.ufop.br
RESUMO
Todas as formas de exploração mineral no Brasil, são norteadas por um
conjunto de leis, normas e regulações. À ciência que trata do estudo e
compreensão dessas leis, dá-se o nome de direito mineral. Direito mineral, é um
assunto de extrema relevância e complexidade dentro do mundo da mineração.
Tendo isso em vista, esta monografia tem como objetivo fornecer explicações
simples e objetivas sobre os principais temas que norteiam essa ciência e servir
de consulta aos estudantes de Engenharia de Minas. Esta monografia aborda
temas como a definição de um processo minerário, e noções básicas sobre os
regimes de Autorização, Concessão, Licenciamento e Permissão de Lavra
Garimpeira. Além disso, esta monografia conta, também, com um capítulo
específico de apresentação das ferramentas e softwares, disponíveis no sítio da
Agência Nacional da Mineração, úteis no estudo do direito minerário como um
todo.

Palavras-chave: Direito mineral, Legislação mineral, ANM, Mineração.


ABSTRACT

All forms of mineral exploration are guided by a set of laws, rules and
regulations. The science that deals with the study and understanding of these
laws is called mineral law. Mineral law is a subject of extreme relevance and
complexity within the world of mining. With that in mind, this monograph aims to
provide simple and objective explanations on the main themes that guide this
science and serve as a reference for Mining Engineering students. This
monograph addresses topics such as the definition of a mining process, and
basic notions about Authorization, Concession, Licensing and Permission
regimes for prospector mining. In addition, this monograph also has a specific
chapter presenting the tools and software, available on the website of the
National Mining Agency, useful in the study of mining law.

Keywords: Mineral law, Mineral legislation, ANM, Mining.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: EXEMPLO DE POLIGONAL RETIRADA DO SIGMINE ................ 13

FIGURA 2: EXEMPLO RETIRADO DO SIGMINE............................................ 18

FIGURA 3: PORTAL DO SOPLE ..................................................................... 19

FIGURA 4: FAQ SOPLE .................................................................................. 20

FIGURA 5: ACESSO AO SIGMINE.................................................................. 21

FIGURA 6: INTERFACE SIGMINE .................................................................. 21

FIGURA 7: INTERFACE SIGMINE .................................................................. 22

FIGURA 9: ACESSO AO REPEM .................................................................... 25

FIGURA 10: ACESSO AO CASTRO MINEIRO................................................ 29

FIGURA 11: EFETUAÇÃO DO PRÉ-REQUERIMENTO .................................. 30

FIGURA 12: ACESSO AO PROTOCOLO DIGITAL ........................................ 30

FIGURA 13: ACESSO AO CADASTRO MINEIRO........................................... 34

FIGURA 14: ACESSO AO CADASTRO MINEIRO........................................... 40

FIGURA 15: INTERFACE ANM LEGIS ............................................................ 42

FIGURA 16: ACERVO LEGISLATIVO. ............................................................ 42

FIGURA: 17 ACESSANDO REGIME DE LICENCIAMENTO ........................... 43

FIGURA 18: TRECHO PORTARIA DNPM 155/2016 ...................................... 43

FIGURA 19: EXEMPLO DE ALTERAÇÃO NA LEI.......................................... 44

FIGURA 20: ACESSANDO O SEI .................................................................... 45

FIGURA 21: EXEMPLO DE PROCESSO RETIRADO DO SEI ........................ 46

FIGURA 22: ACESSO AO PROTOCOLO DIGITAL ......................................... 47

FIGURA 23: ETAPAS E SERVIÇOS DO PROTOCOLO DIGITAL ................... 47

FIGURA 24: EXEMPLO DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA


TRANSIÇÃO DE REGIME ............................................................................... 48
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANM – Agência Nacional de Mineração

DNPM – Departamento Nacional de Produção Minera

SIGMINE – Sistema de Informação Geográfica da Mineração

SEI – Sistema Eletrônico de Informações

SOPLE – Sistema Oferta Pública e Leilão de Áreas

PLG – Permissão de Lavra Garimpeira

RFP – Relatório Final de Pesquisa

PFM— Plano de Fechamento de Mina

RAL— Relatório Anual de Lavra

CEFEM— Compensação Financeira Pela Exploração de Recursos Minerais

REPEM – Requerimento Eletrônico de Pesquisa Mineral

GU – Guia de Utilização

CM – Código de Mineração

RCM – Regulamento do Código de Mineração

PJ— Pessoa Jurídica

PF— Pessoa física

Art.— Artigo
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................ 5

ABSTRACT ........................................................................................................ 6

LISTA DE TABELAS ..............................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................. 8

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11

2 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................. 12

2.1 O PROCESSO MINERÁRIO ............................................................................ 12


2.1.1 Identificação ...................................................................................... 12
2.1.2 Poligonais ......................................................................................... 13
2.1.3 Regimes de aproveitamento ............................................................ 14
2.1.4 Fases e Nomes ................................................................................. 15
2.1.5 Áreas Livres x Ocupadas x Disponibilidade ...................................... 17
2.1.6 SIGMINE ............................................. Error! Bookmark not defined.

3 REGIMES DE APROVEITAMENTO ............................................................ 22

3.1 AUTORIZAÇÃO E CONCESSÃO .................................................................... 22


3.1.1 Noções Básicas Regime de Autorização .......................................... 23
3.1.2 Requerimento de Pesquisa ............................................................... 24
3.1.3 Guia de Utilização ............................................................................. 26
3.1.4 Relatório Final de Pesquisa .............................................................. 27
3.1.5 Noções Básicas Regime de Concessão ........................................... 28
3.1.6 Requerimento de Concessão de Lavra ............................................. 28
3.1.7 PAE e PFM ....................................................................................... 31
3.2 LICENCIAMENTO ........................................................................................ 32
3.2.1 Noções básicas licenciamento. ......................................................... 32
3.2.2 Requerimento de Licenciamento. ..................................................... 34
3.2.3 Anuência do Superficiário e Licença Especifica. .............................. 35
3.2.4 Prorrogação ...................................................................................... 36
3.3 PERMISSÃO DE LAVRA GARIMPEIRA.............................................................. 36
3.3.1 Noções Básicas PLG ........................................................................ 37
3.3.2 Caracterização de atividade ............................................................. 38
3.3.3 Áreas Especiais ................................................................................ 39
3.3.4 Requerimento de PLG ...................................................................... 40

4 FERRAMENTAS DE ESTUDO ..................................................................... 41

4.1 ANM LEGIS ............................................................................................... 41


4.2 SEI .......................................................................................................... 45
4.3 PROTOCOLO DIGITAL .................................................................................. 46

5 CONSIDERAÇOES FINAIS. ......................................................................... 48

6 REFERENCIAS BIBILIOGRÁFICAS ............................................................. 50


1 INTRODUÇÃO
Desde o início da Revolução Cognitiva a mais de 30 mil anos, a criação
de regras e normas que regulam um meio ou sociedade sempre foram
tendências evolutivas cruciais para a sobrevivência e prosperidade da espécie
humana. Essa tendência só ganhou força ao longo dos anos, até o momento em
que um conjunto específico de regras ou normas passaram a abranger
praticamente qualquer atividade ou relação social conhecida. E dentro desse
contexto surgiu o Direito da Mineração, que se traduz em ‘’Um sistema amplo
composto de microssistemas, que regulam o aproveitamento das riquezas
minerais’’ (Willian Freire, 2017). Todas as operações de pesquisa, lavra ou
aproveitamento de qualquer tipo de bem mineral no Brasil, são regidas por um
conjunto específico de leis, que precisam ser seguidas criteriosamente para que
a operação possa acontecer de forma legal.

Dentro do direito mineral, grande parte das atribuições como realização


de requerimentos, acompanhamento de processos, declaração de relatórios,
pagamentos de taxas e outros, podem ser desenvolvidas por pessoas sem
algum tipo de formação específica, no entanto, devido ao grau de complexidade
tanto da linguagem como do entendimento da norma, na maioria das vezes esse
trabalho é executado por Engenheiros de Minas, Geólogos ou Advogados. No
caso dos Engenheiros de Minas e Geólogos, o conhecimento da norma é
imprescindível, pois mesmo se não forem trabalhar diretamente com o assunto,
ao longo de suas carreiras irão se deparar com a regulação durante a execução
de tarefas como no início de trabalhos de pesquisa, alteração de usinas de
beneficiamento, mudança no método de lavra, e diversas outras, pois a
legislação está presente em praticamente todas as fases da vida de uma mina,
e por isso é tão importante para esse grupo de profissionais.

O objetivo desta monografia é fornecer um guia de noções básicas de


direito minerário aos leitores, principalmente, estudantes de Engenharia de
Minas e de Geologia. Dado a extensão e profundidade do tema, o conteúdo
tratado nesta monografia é superficial, não sendo recomendado como única
fonte de informação para estudo em casos concretos.
2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para elaboração desta monografia tomou-se por base o código de


mineração e a legislação minerária como um todo. Ademais, as plataformas da
ANM (SIGMINE, REPEM, SOPLE, Protocolo Digital e Cadastro Mineiro) e as
ferramentas de estudo (ANM legis e SEI) formam a estrutura desta monografia.
O método usado envolveu a caracterização do processo minerário conforme
descrito a seguir, além da descrição e explicação de 4 regimes de
aproveitamento específicos, sendo eles: Autorização, Concessão,
Licenciamento e Permissão de Lavra Garimpeira.

2.1 O processo minerário

2.1.1 Identificação

Para melhor entender um processo minerário, é necessário entender que


todos os bens minerais contidos no território brasileiro pertencem a união, logo,
o processo minerário nada mais é do que uma forma que o estado criou para
que os indivíduos de seu país possam explorar e comercializar esses bens
minerais de maneira organizada e justa.

Além disso, também é de suma importância entender qual o órgão


responsável por criar e monitorar esses processos. A Agência Nacional de
Mineração (ANM), é a entidade federal criada em 2017 para este fim, ela surgiu
a partir da dissolução do antigo Departamento Nacional de Produção Minera
(DNPM). A ANM, tem como responsabilidade a fiscalização e regulamentação
de todas as atividades minerárias do Brasil, especialmente no que diz respeito à
exploração e gestão de recursos minerais pertencentes a união.

Um processo minerário, é o nome que se dá a um procedimento


administrativo vinculado a ANM, ou seja, é a maneira com que a agência dispõe
para organizar e regular todas a atividades de pesquisa e exploração de minérios
em nosso país. Desta forma, todo processo minerário possui seu número próprio
de identificação, que funciona como uma identidade e é composto por 6 dígitos
de verificação mais o ano de nascimento do processo, por exemplo, um processo
nascido em 2022 teria como número XXX.XXX/2022.

2.1.2 Poligonais

Além de um número de identificação, todos os processos minerários


possuem uma poligonal vinculada a ele. É de entendimento geral, que qualquer
atividade de pesquisa ou lavra precisa de um local físico para acontecer, logo,
com o intuito de facilitar o mapeamento, delimitação e organização desses locais,
foram criadas as poligonais. Uma poligonal, delimita o espaço físico que o
procedimento disposto naquele processo pode ocorrer (Figura 1).

Figura 1: Exemplo de poligonal retirada do SIGMINE

A Figura 1 foi retirada do Sistema de Informações Geográficas da


Mineração (SIGMINE) — sistema disponibilizado pela própria ANM para consulta
de áreas e processos minerários. Como se pode observar, as poligonais, nada
mais são do que formas geométricas que representam um determinado espaço.
Nessa figura, elas estão representadas pela cor azul e exibem a numeração do
processo minerário à qual fazem parte. Logo, pode-se concluir que todas as
operações que forem tratadas e autorizadas por esses processos em questão,
poderão ocorrer única e exclusivamente dentro da área marcada por essas
poligonais. Essa delimitação, é expressa durante a protocolização do processo,
ou seja, toda vez que alguma pessoa ou empresa for realizar um requerimento
(procedimento que dá início a um processo minerário), ela deve demarcar sua
poligonal, restringindo assim o campo de trabalho que deseja atuar.

Outro fato interessante, é que cada processo pode ter apenas uma
poligonal, que não pode conter o cruzamento de retas e deve ser desenhada em
rumos verdadeiros. Estar em rumos verdadeiros, significa que todas as linhas da
poligonal só podem estar na direção Norte-Sul ou Leste-Oeste.

2.1.3 – Regimes de aproveitamento

Outro fator importante sobre um processo minerário é que ele pode


assumir diversos regimes de aproveitamento diferentes, e que para cada um
deles, existe um conjunto de leis e normas distintas que deverão ser seguidas.
Tais regimes, podem ser diferenciados de diversas formas, mas os principais
fatores de divergência são: Estilo de atividade que será executada,
mineral/minério a ser extraído, pessoa ou instituição requerente e localização da
área. Vale lembrar, que um número grande de atividades pode se encaixar em
diversos regimes simultaneamente, e nesses casos, a escolha de qual regime
seguir é reservada ao requerente. A listagem de regimes é definida pelo código
de mineração em conjunto com o regulamento do código e traz:

 Autorização
 Concessão.
 Licenciamento.
 Permissão de lavra garimpeira (PLG).
 Registro de extração.
 Monopolização.

Dentre os regimes existentes, apenas os de Autorização, Concessão,


Licenciamento e PLG são reservados para a área privada, como pessoas físicas,
jurídicas e cooperativas de garimpeiros enquanto os regimes de Registro de
Extração e Monopolização, são voltados para o setor público como prefeituras
municipais ou governo federal.

Além disso, é fácil afirmar que os regimes voltados para o setor privado
compõem a grande maioria dos processos minerários existentes no Brasil, logo,
eles terão capítulos próprios neste documento. No entanto, apenas para fins de
conhecimento, também é interessante entender os conceitos básicos dos
regimes de Extração e Monopolização.

O regime de registro de extração é voltado principalmente para


prefeituras, toda matéria prima extraída nesse tipo de registro não pode ser
comercializada, e pode ser usada única e exclusivamente em obras realizadas
pelo próprio órgão, e não obras terceirizadas. Outrossim, apenas materiais
utilizados para construção civil (areia, argila, granito e outros) podem ser
extraídos nesse regime.

Já o regime de Monopolização, é ainda mais raro e restrito do que o


regime de extração. Ele dispõe sobre a exploração exclusiva do Governo
Federal, podendo acontecer de maneira direta, ou através da contratação de
terceiros. Além do mais, é aplicável somente para substâncias radioativas e para
o petróleo e seus derivados.

2.1.4 Fases e Nomes

Outro fator importante para o entendimento do processo minerário é


conhecer como funciona seu ciclo de vida. Para facilitar a compreensão, uma
boa técnica é dividir seu ciclo de vida em 3 fases principais que podem ser
observadas em qualquer processo minerário, são elas: Fase de requerimento,
Fase de análise e Fase do título.

A fase de requerimento é o início de todo processo minerário, ela se dá


do momento em que o requerente começa a juntar os documentos necessários
para dar início no processo, até a protocolização deles. Uma vez que o
requerente abre o pedido de requerimento no sistema da ANM, anexa todos os
documentos necessários e os envia, o processo sai da fase de requerimento e
entra na fase de análise.

Na fase de análise, a ANM irá receber e estudar o pedido e os


documentos do requerente para verificar se tudo está acordo com a lei. Se esse
for o caso, o pedido será deferido e o título outorgado ao requerente. No entanto,
caso haja algum erro, como o envio de documentos incompletos, não pagamento
dos emolumentos, ou escolha de uma área ocupada, por exemplo, a ANM
poderá realizar uma exigência, na qual o requerente terá um período curto para
analisar e executar o que foi pedido, ou o pedido será indeferido, fazendo com
que a área retorne e a ser livre ou entre em disponibilidade.

Caso o requerimento seja outorgado, dá-se início a fase de título. Título,


é o nome que se dá à licença emitida pela ANM concedendo autorização ao
requerente para explorar a área, ou seja, todas as pessoas e instituições que
estão realizando algum tipo de atividade minerária, possuem um título para isso.
Para o caso específico de atividades de pesquisa, pode ser utilizado o nome
‘’Alvará’’. É importante saber que o recebimento do título não extingue as
obrigações do requerente (agora titular), muito pelo contrário, uma grande parte
das obrigações, como apresentação do Relatório Anual de Lavra (RAL),
pagamento de Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) e
outros, só começam após a outorga do título.

Nessa fase a ANM deverá realizar vistorias ao local para verificar se tudo
está de acordo com a lei, poderá fazer exigências requisitando a mudança de
algo específico, poderá pedir atualização de documentos, dentre outros. Ou seja,
durante toda a vida do título, do requerimento até a extinção da jazida e renúncia
do título minerário, existem leis e regulamentos que devem ser seguidos.
2.1.5 Áreas Livres x Ocupadas x Disponibilidade

Uma vez compreendidos os conceitos básicos sobre o que é e como


funciona um processo minerário, é importante agora entender quais áreas
podem ou não ser requeridas. As áreas possuem 3 nomenclaturas principais,
Áreas livres, Ocupadas e em Disponibilidade.

Áreas livres, como o próprio nome sugere, são áreas que nunca
possuíram um direito minerário sobre elas, ou seja, estão livres para serem
requeridas. Para melhor compreensão sobre a dinâmica que envolve as áreas
livres, é necessário conhecer sobre o direito de prioridade. O direito de prioridade
diz que, sobre uma área livre, quem encaminhar o requerimento primeiro tem
direito sobre a área, ou seja, se dois requerentes, tiverem interesse na mesma
área, quem fizer o requerimento primeiro terá a oportunidade de conseguir o
título. Vale lembrar que, caso o requerente não cumpra de forma correta as
normas relativas ao seu requerimento, ele pode perder direito a área, fazendo
com que ela vá para disponibilidade, ou em alguns casos específicos, volte a ser
uma área livre.

Esses casos acontecem quando o requerimento protocolado na área é


‘’indeferido de plano’’. Para ser indeferido de plano, o requerimento precisa ter
sido protocolado sem os elementos essenciais. Nos outros casos de
indeferimento, a área vai para disponibilidade.
Uma área ocupada, como o próprio nome sugere, é uma porção de terra
que já possui um processo minerário sobre ela, ou seja, não pode mais ser
requerida até que vá para disponibilidade. A Figura 2, retirada do SIGMINE,
apresenta uma melhor visualização da relação de áreas.

Figura 2: Exemplo retirado do Sigmine

Como pode ser observado, a figura 2 possui áreas azuis, “cinza” e áreas
sem marcação. As áreas azuis, correspondem a áreas ocupadas, que possuem
um processo minerário sobre elas. As áreas em cinza claro, correspondem a
áreas em disponibilidade, e o restante de imagem que não possui marcação
específica, corresponde a áreas livres.

Por fim, restam as áreas em disponibilidade. É dito que uma área vai para
disponibilidade, assim que seu requerente ou titular renuncie ao título ou perca
o direito sobre ela. Isto se dá quando uma pessoa ou instituição descumpre
alguma norma cabível de perda do requerimento ou título, deixando de ter o
direito sobre o processo em questão e enviando a área para disponibilidade.

As áreas classificadas dessa forma seguem algumas características


específicas. Por exemplo, áreas em disponibilidade não podem ser requeridas
normalmente como se fossem áreas livres, elas precisam passar por um
processo chamado de oferta pública ou leilão, onde qualquer instituição apta
poderá dar lance e arrematar os direitos de requerer essa área.
O sistema de oferta públicas acontece da seguinte forma: todos os anos
algumas áreas que estão em disponibilidade são escolhidas para irem para leilão
por meio da plataforma digital SOPLE (Sistema Oferta Pública e Leilão de
Áreas), neste sistema, os interessados podem identificar as áreas ofertadas no
leilão e efetuarem seus lances.

Esse processo possui um edital diferente todos os anos, podendo alterar


pequenas regras, no entanto as mais relevantes incluem: o interessado pode
realizar apenas requerimentos para o mesmo regime prévio na área, ou seja, se
o interessado arrematar uma área de pesquisa, deverá obrigatoriamente fazer
um requerimento de pesquisa; se a área tiver apenas um interessado, ele recebe
o direito de requerer, se tiver mais de um, o desempate acontece via o maior
valor oferecido. Além disso, é importante observar que áreas em regime de
licenciamento não são sujeitas a oferta pública, apenas as demais.

A plataforma do SOPLE é simples de entender e possui todas as


informações, além de grande parte da legislação que envolve a disponibilidade
de áreas. Ademais a plataforma possui um manual iterativo muito útil que pode
ser acessado através dos passos apresentados nas Figuras 3 e 4.

Passo 1: acesse o portal do SOPLE através do site sople.anm.gov.br e clique


nesses ícones

Figura 3: Portal do SOPLE


Passo 2: Após entrar na sessão de perguntas recentes, basta digitar ou procurar
por sua dúvida.

Figura 4: FAQ SOPLE

Por fim, vale lembrar que não são todas as áreas em disponibilidade que
vão para leilão, por isso, é importante checar os editais anualmente.

2.1.6 SIGMINE

O Sistema de Informações Geográficas da Mineração – SIGMINE é um


programa fornecido pelo próprio Governo Federal em conjunto com a ANM,
sendo atualizado diariamente com as informações sobre os processos
minerários de todo o Brasil, e é de uso essencial para o estudo e verificações de
áreas no país.

Para utilizá-lo, basta acessar o site > https://geo.anm.gov.br/portal/home/


< e clicar no ícone do programa, como mostra a Figura 5.
Figura 5: Acesso Ao SIGMINE

O manual do SIGMINE pode ser acessado clicando no ícone à direita, em


amarelo. Este manual é extremamente simples, informativo e traz todas as
funcionalidades do programa, sendo recomendada sua leitura, pois a grande
variedade de ferramentas do SIGMINE pode ajudar muito na tomada de decisão
e avaliação de áreas. A seguir, apresenta-se de forma resumida, a interface do
programa (Figura 6).

Figura 6: Interface SIGMINE


A interface é interativa permite consultar processos por meio da barra de
pesquisa no canto superior esquerdo, ou ainda aproximar no mapa através do
scroll do mouse para chegar na região desejada, facilitando a visualização das
poligonais.

Figura 7: Interface SIGMINE

Ao se ampliar via zoom uma determinada região, os processos ali


existentes começam a aparecer, e podem ter suas informações básicas
acessadas via um clique na poligonal de interesse. Além disso, também é
possível acessar a legenda através do clique indicado no canto direito da figura
7 para entender melhor quais são os tipos de processos existentes naquele local.

3 REGIMES DE APROVEITAMENTO

3.1 Autorização e Concessão

O conceito mais importante a ser compreendido sobre os regimes de


autorização e concessão é: Por que eles são sempre abordados em conjunto
uma vez que configuram dois regimes distintos? Por que não os tratar
separadamente? A resposta é simples, uma vez que os regimes de autorização
e concessão estão atrelados um ao outro, ou seja, para que uma instituição
possa conseguir um título de concessão de lavra, ela deve obrigatoriamente
passar pelo regime de pesquisa. Logo, pode-se dizer que todos os processos
minerários que estão em fase de requerimento de lavra ou de concessão de
lavra, já passaram por todas as fases do regime de autorização, e tiveram seus
Relatórios Finais de Pesquisa (RFP) aprovado pela ANM.

No entanto, apesar de estarem atrelados um ao outro, eles ainda


funcionam como regimes separados, e por consequência disso, muitas vezes ao
longo desse capítulo serão tratados individualmente. Outro ponto interessante a
ser compreendido é que nem todos os regimes de autorização precisam evoluir
para uma concessão, o requerente pode optar por uma troca de regime,
passando de autorização para licenciamento, por exemplo, ou até mesmo
desistir da área.

3.1.1 Noções Básicas Regime de Autorização

O regime de Autorização, é amplamente utilizado por pessoas físicas e


jurídicas, ele permite que o titular realize atividades de pesquisa mineral na área,
visando identificar quais os volumes, teores, profundidades, minerais e outras
grandezas da reserva mineral presente — representa a fase inicial de uma
atividade de mineração. Como supracitado, ele é seguido pela fase de extração
do bem mineral, que será regulada pelo regime de concessão.

Um ponto forte desse regime, é que ele pode ser aplicado para qualquer
substância, salvo materiais radioativos e petróleo, logo, qualquer que seja o
mineral presente na área, ele poderá ser pesquisado e extraído através dos
regimes de autorização e concessão. Outro fator interessante a ser citado são
as áreas máximas. Cada regime possui um valor máximo de área que pode ser
requerida, no caso dos regimes de autorização e concessão, essas áreas
máximas variam de acordo com a substância e estão todas dispostas no Art.42
da Portaria DNPM 155/2016. A tabela 1 sumariza estas áreas por substância.
Tabela 1: Esquema de áreas

Até 2.000 hectares Até 50 hectares Até 1000 hectares

Substâncias minerais Areias Rochas ornamentais para


metálicas revestimento

Carvão Cascalhos Demais substâncias


minerais

Diamante Água mineral e Potável de


mesa

Rochas betuminosas e piro Argilas usadas na


betuminosas fabricação de cerâmicas

Turfa Gemas, exceto diamantes

Sal-Gema Calcários para correção de


solo

3.1.2 Requerimento de Pesquisa

Para se dar início ao processo de obtenção de um alvará (título) de


pesquisa, o primeiro passo é realizar um requerimento de pesquisa para a ANM.
Para que o requerente consiga protocolar um requerimento de pesquisa, ele
inicialmente deve possuir uma conta no site governamental e na plataforma do
Protocolo digital da ANM, que pode ser acessado em (Figura 8):
https://www.gov.br/anm/pt-br/canais_atendimento/protocolo-digital

Vale lembrar, que todo o processo precisa ser feito através da conta do
requerente, e não do profissional que estiver auxiliando no processo. Além disso,
pode-se observar nos demais ícones da imagem, que a própria ANM
disponibiliza manual de usuário, perguntas frequentes e vídeos explicativos
ensinado a utilizar a plataforma.

Figura 8: Acesso ao protocolo digital


O requerimento, é protocolizado através do site do REPEM
(Requerimento Eletrônico de Pesquisa Mineral), que pode ser acessado em
(Figura 9):

https://www.gov.br/anm/pt-br/assuntos/acesso-a-sistemas/requerimento-de-
pesquisa

Figura 9: Acesso ao REPEM

Vale lembrar, que todo o processo precisa ser feito através da conta do
requerente, e não do profissional que estiver auxiliando no processo. Além disso,
pode-se observar nos demais ícones da imagem, que a própria ANM
disponibiliza manual de usuário, perguntas frequentes e vídeos explicativos
ensinado a utilizar a plataforma.

Assim como para o protocolo digital, a ANM também disponibiliza guias,


vídeos e perguntas frequentes sobre como utilizar o REPEM, que podem ser
encontrados na própria página.

Após o estudo e compreensão dos sistemas utilizados para realizar o


requerimento, basta elaborar o documento e protocolar. Dentro da legislação,
existem diversas leis que regem o funcionamento do requerimento e alvará de
pesquisa como um todo, elas podem ser encontradas principalmente no capítulo
2 do Código de Mineração (CM) e no capítulo 2 do Regulamento do Código (RC).

Vale ressaltar, que todo requerimento possui certos elementos essenciais


que são de presença obrigatória no documento, caso contrário, ele será
indeferido de plano, ocasionando com que nem mesmo exigências sejam feitas
para que você adicione ou complemente algo. Esses elementos essenciais,
podem ser encontrados no Art. 16 do Código de Mineração.

Salienta-se que, a todo momento as leis sofrem alterações. Portanto, é


preciso ficar atento às mudanças antes de elaborar qualquer tipo de documento.

3.1.3 Guia de Utilização

Outra característica a ser citada sobre o regime de pesquisa são as Guias


de Utilização (GU). Uma guia de utilização, é um documento fornecido pela ANM
para possibilitar a lavra de material mesmo durante o regime de pesquisa. Ela
foi desenvolvida para facilitar ao minerador gerar receita para arcar com os
custos da pesquisa mineral e para possibilitar ensaios tecnológicos com maior
conhecimento do recurso mineral. Isto se dá em função do longo tempo
dispendido na pesquisa, que pode demorar anos ou até mesmo décadas para
ser concluída e aprovada para ANM. Portanto, sob algumas condições
específicas, o pedido de uma Guia de Utilização pode ser protocolado, para que
o titular consiga extrair recursos mesmo durante a fase de pesquisa.

Esse documento foi desenvolvido para funcionar em caráter excepcional


e só pode ser emitido uma vez por período de 1 a 3 anos, admitindo uma
prorrogação por até igual período. As Guias de Utilização, possuem muitas
regulamentações, que podem ser encontradas principalmente no Art. 22 do CM,
Art. 24 do RCM e Portaria 155/2016.

Outro fator interessante sobre a Guia de Utilização, é que ela possui um


limite de extração anual que varia de acordo com a substância que está sendo
extraída e pode ser encontrado no Anexo 4 da portaria 155/2016. Além disso, a
GU só pode ser requerida para extração do material que consta no seu alvará
de pesquisa ou que já tenha sido informada para a ANM.
O requerimento de uma GU, deve ser feito pelo site do protocolo digital e
possui elementos que são cruciais para a aprovação do pedido pela ANM. Estes
documentos podem ser encontrados do Art. 104 da Portaria 155/2016.

Apesar de ter sido criada para funcionar apenas em caráter excepcional,


a realidade hoje é que a grande parte dos títulos de pesquisa do Brasil possuem
ou já possuíram uma GU, isso ocorre por conta do grande número de processos
e requerimentos realizados todos os dias, que sobrecarregam os profissionais
da ANM, acarretando um longo tempo de espera para a aprovação ou não do
Relatório Final de Pesquisa

3.1.4 Relatório Final de Pesquisa

O Relatório Final de Pesquisa (RFP), é o documento de maior importância


que o titular do alvará tem obrigação de entregar à ANM, sua principal função é
informar os resultados de pesquisa realizada no local. Todo título, seja de
pesquisa ou de lavra, atribui ao mesmo tempo um direito e um dever ao titular.
No caso do regime de pesquisa, o titular tem o direito e o dever de pesquisar a
área, para que dessa forma, a união (detentora de todos os bens minerais do
estado) passe a ter conhecimento sobre as riquezas minerais daquele local.

Tendo isso em vista, o RFP é o ofício que irá atestar para a ANM tudo
aquilo que requerente descobriu no local a partir de suas pesquisas, informações
tais como: tipos de minerais, teores, volumes, profundidades etc. Além disso, a
aprovação do RFP, é o que dará direito ao titular de realizar um requerimento de
concessão de lavra, ou seja, a concessão de lavra poderá ser concedida apenas
caso o Relatório Final de Pesquisa da área em questão tenha sido analisado e
aprovado pela ANM.

Um RFP pode ser denominado como Positivo ou Negativo, um relatório


positivo, significa que as pesquisas foram bem-sucedidas e os minerais de
interesse foram encontrados naquele local. O negativo, por sua vez, significa que
as pesquisas não encontraram nada economicamente viável a ser lavrado.

O prazo para a entrega do RFP é o mesmo prazo de vigência do seu


alvará, ou seja, se uma pessoa possui um alvará de pesquisa que vence em 4
anos, esse é o tempo que tem para entregar seu relatório. Além disso, vale
salientar que a não entrega ou entrega intempestiva do RFP, acarreta multa e a
perda do título.

O Relatório Final de Pesquisa também é regulamentado por diversas leis


que especificam e regulamentam seus conteúdos, prazos, exigências e afins.
Dentre essas leis, algumas das mais importantes que valem ser estudadas são
o Art. 22 do CM Art. 30 do CM Art. 98 da Portaria 155/2016 e Artigos 25 e 26 do
Decreto 9406/2018.

3.1.5 Noções Básicas Regime de Concessão

Uma vez compreendidas as principais características do regime de


autorização, passa-se então para o regime de concessão. Como explicado
anteriormente, o regime de concessão é o mais amplo de todos os regimes que
permitem a lavra, abrangendo todas as substâncias que podem ser encontradas,
com exceção dos metais radioativos e derivados do petróleo.

O regime de concessão é diferente de seu antecessor, ele apenas pode


ser requerido por pessoas jurídicas (PJ) que comprovem capacidade de lavrar
aquele bem mineral. Portanto, caso uma pessoa física possua um alvará de
pesquisa com o RFP aprovado e queira iniciar o processo de lavra, ela deve
constituir uma empresa ou pessoa jurídica e realizar uma cessão de título,
transferindo os direitos dela para a PJ. Além disso, outra condição requisitada
pela ANM é a prova de disponibilidade de fundos, ou seja, a PJ requerente deve
provar para a ANM ainda na fase de requerimento, que ela tem condições
financeiras de bancar o processo de lavra.

3.1.6 Requerimento de Concessão de Lavra

Assim como no regime de autorização, o requerimento de concessão de


lavra é o passo inicial para se obter um título. Esse é o documento que a ANM
irá analisar, para confirmar se a instituição requerente tem tudo que é necessário
para o bom aproveitamento do bem mineral em questão.
Esse requerimento possui algumas condições prévias, por exemplo, ele
só pode ser realizado dentro do período de um ano após a área ter seu Relatório
Final de Pesquisa aprovado. Por exemplo, se o RFP foi aprovado pela ANM no
dia 20/01/2023, então o titular do regime de pesquisa tem até 20/01/2024 para
realizar o requerimento de concessão de lavra. Outrossim, vale salientar que
esse prazo é de extrema importância, pois caso o titular do alvará de pesquisa
não execute o requerimento de concessão dentro desse um ano e nem peça
prorrogação, ele perde totalmente o direito à área e ela vai para disponibilidade.

Assim como todos os requerimentos, o de concessão também possui


elementos essenciais, sem os quais, a ANM não prosseguirá com a análise do
pedido. Esses elementos, bem como demais informações pertinentes sobre o
requerimento de concessão de lavra podem ser encontradas principalmente no
Art. 38 e 39 do CM, Art. 32 do RCM e Art. 125 da Portaria 155/2016.

O protocolo do requerimento de lavra, é um pouco diferente daqueles já


explicitados. Ele é realizado digitalmente, com o auxílio do pré-requerimento
eletrônico. Para realizar um pré-requerimento eletrônico, primeiro é necessário
acessar a página do cadastro mineiro em: https://www.gov.br/anm/pt-
br/assuntos/acesso-a-sistemas/cadastro-mineiro-1 e então seguir os passos
indicados (Figuras 10 e 11).

Figura 10: Acesso ao castro mineiro


Figura 11: Efetuação do pré-requerimento

Assim que o pré-requerimento eletrônico for preenchido, parte-se então


para o protocolo digital, onde o requerente poderá continuar o processo após
acessar a página do protocolo digital como explicado no capítulo 5.2 e na aba
apresentada na figura 12.

Figura 12: Acesso ao protocolo digital


Vale lembrar, que tanto o pré-requerimento quanto o requerimento em si
deve ser protocolado através da conta do requerente e não do profissional
responsável pelo processo.

3.1.7 PAE e PFM

Dentre os documentos mais importantes para a protocolização do


requerimento de lavra, tem-se o Plano de Aproveitamento Econômico (PAE).
Este plano é o principal documento de natureza técnica a ser elaborado pelo
requerente, e é responsável por demonstrar para ANM o funcionamento de todo
o empreendimento, desde a lavra, projetos de pilhas de estéril e barragens ou
pilhas de rejeitos, usinas de beneficiamento, transporte, e toda a infraestrutura e
equipamentos necessários para operação da mina. Seu principal objetivo é
provar a viabilidade ambiental, econômica e técnica do projeto.

As leis que regem o PAE e ditam seus elementos essenciais, podem ser
encontradas nos Art. 39 do CM e Art.32 do RCM. Outrossim, é importante
salientar que durante a elaboração do Plano de Aproveitamento Econômico,
todas os meios e métodos citados devem estar em conformidade com as Normas
Reguladoras da Mineração (NRM’s). Portanto, é de suma importância o
conhecimento dessas normas para a elaboração de um bom PAE.

Um dos requisitos essenciais para a construção de todo Plano de


Aproveitamento Econômico, é o Plano de Fechamento de Mina (PFM). O Plano
de Fechamento de Mina é o documento no qual o requerente deverá explicar
detalhadamente todos os métodos que usará para garantir um uso futuro para a
área degradada pela mineração que seja autossustentável do ponto de vista
ambiental, econômico e social. É um documento que ao longo dos anos vem
ganhando importância em velocidades exponenciais, logo, o rigor na avaliação
também aumenta anualmente.

Tamanha sua importância, se observa pela existência de uma aba


específica, no site do governo federal, para o PFM dentro das perguntas
frequentes, que contém várias informações cruciais sobre este plano. Tais
informações podem ser acessadas em: https://www.gov.br/anm/pt-br/acesso-a-
informacao/perguntas-frequentes/plano-de-fechamento-de-mina/.

Outro documento importante quando tratamos de PFM é a resolução ANM


68/2021, que regulamenta a elaboração e execução do Plano de Fechamento de
Mina, trazendo informações cruciais para a construção de um bom documento.

Vale lembrar, que tanto o PAE quanto o PFM são documentos extensos
e que serão avaliados pela ANM na realização do requerimento. Além disso, eles
são cabíveis de exigência, então é possível que a ANM faça requisições
adicionais ou modificações em partes específicas do documento.

3.2 Licenciamento

3.2.1 Noções básicas licenciamento.

O regime de licenciamento, assim como todos os seguintes relatados


nesse documento, trata de um regime de lavra, ou seja, da mesma forma que o
regime de concessão, ele dará ao detentor de seu título, o direito de extrair
material naquele local.

Tem-se a seguir, a descrição que o próprio Regulamento do Código de


Mineração traz sobre o regime de licenciamento no seu Art. 12. ‘’ Considera-se
licenciamento o aproveitamento das substâncias minerais a que se refere o art.
1º da Lei nº 6.567, de 1978, que, por sua natureza, seu limite espacial e sua
utilização econômica, possa ser lavrado independentemente de trabalhos
prévios de pesquisa.’’(BRASIL,1978)

Dito isso, a ideia desse regime é facilitar e agilizar o processo de lavra


dessas substâncias. A exemplo da areia, que apesar de ser um recurso natural
e pertencer a união assim como os demais, evidentemente não precisa de um
intenso trabalho de pesquisa, definições de métodos de lavra, elaboração de
plantas de beneficiamento etc. Sua identificação e lavra acontece de maneira
simples. Tendo isso em vista, o regime de licenciamento surge para facilitar a
lavra de substâncias como a areia, com o intuito de beneficiar tanto o minerador,
que precisará dispor menos tempo e recursos para a obtenção de seu título,
quanto o próprio órgão regulamentador, que irá precisar deslocar menos mão de
obra e tempo para a análise da área.

Além disso, também existe o fato de que todos os materiais extraídos pelo
regime de licenciamento podem ser utilizados diretamente na construção civil,
ou seja, caso sua extração fosse muito complexa e custosa, a oferta desses
produtos iria diminuir e, consequentemente, o seu preço iria aumentar,
ocasionando na desaceleração do processo de desenvolvimento urbano, e
dificultando-o principalmente nas pequenas e médias cidades, que precisariam
buscar os recursos mais longe e possivelmente mais caros.

Dito isso, a primeira dúvida que pode surgir é: quais são as substâncias
que permitem a lavra pelo regime de beneficiamento? Para responder essa
pergunta, segue o Art.1 da Lei ordinária Nº 6567/1978, são elas:

“I - Areias, cascalhos e saibros para utilização imediata na construção civil,


no preparo de agregados e argamassas, desde que não sejam submetidos a
processo industrial de beneficiamento, nem se destinem como matéria-prima à
indústria de transformação;

II - Rochas e outras substâncias minerais, quando aparelhadas para


paralelepípedos, guias, sarjetas, moirões e afins;

III - argilas para indústrias diversas

IV - Rochas, quando britadas para uso imediato na construção civil e os


calcários empregados como corretivo de solo na agricultura;

V - Rochas ornamentais e de revestimento

VI - Carbonatos de cálcio e de magnésio empregados em indústrias


diversas” (BRASIL,1978).

O fato de o regime de licenciamento só permitir a extração de algumas


substâncias específicas, não é o único fator que o diferencia dos demais. Outras
especificidades também acompanham esse regime.

Diferente dos regimes de autorização e concessão, em que a área


máxima requerida dependia da substância que seria estudada, no licenciamento
essa área máxima é fixada em 50 hectares, ou seja, independente do material
que será extraído ou da localização da poligonal, ela nunca poderá ultrapassar
esse limite de área.

Além disso, esse regime volta a permitir a protocolização em nome de


pessoa física, assim como o de autorização, logo, caso o requerente não possua
uma empresa registrada com CNPJ, ainda assim poderá extrair o material por
meio do licenciamento. Apesar disso, vale lembrar que apenas brasileiros com a
nacionalidade comprovada podem usufruir desse regime.

3.2.2 Requerimento de Licenciamento.

Assim como em todos os regimes, o licenciamento também é adquirido


via protocolização de um requerimento. A principal lei que regula como e sobre
quais condições um requerimento de licenciamento pode ser realizado, é a
Portaria DNPM 155/2016, mais precisamente a sessão 1 do capítulo 4. Nessa
sessão podem ser encontradas todas as especificidades que foram e serão
citadas neste capítulo e outras de extrema importância, tais como elementos
essenciais, condições para indeferimento etc.

Da mesma forma que o requerimento de concessão de lavra, o de


licenciamento é realizado via pré-requerimento eletrônico, entrando no site do
cadastro mineiro, na opção do Registro de Licença (Figura13).

Figura 13: Acesso ao cadastro mineiro


Após a realização do pré-requerimento, basta acessar o site do protocolo
digital e finalizar a protocolização do documento. Vale lembrar, que assim como
em todos os regimes, o requerimento deve ser feito com o login e senha do
requerente, e não do profissional responsável.

3.2.3 Anuência do Superficiário e Licença Especifica.

Outra peculiaridade do licenciamento é a necessidade de uma licença


específica do município e da anuência do superficiário. Nos regimes já
estudados, a relação se atinha principalmente entre requerente, ANM e órgão
ambiental, já no licenciamento, o município e o proprietário da terra passam a
fazer parte mais ativamente dessa relação.

A licença específica, é um documento que deve ser emitido pelo município


onde se localizará a poligonal, e é interessante que essa licença contenha alguns
elementos especiais tais como: o nome da empresa ou pessoa requerente, área
total, localização e o prazo da licença.

Já a anuência do superficiário, é um contrato entre o requerente e o dono


das terras, no qual o dono do terreno fornece permissão, em troca de algo ou
não, para que o requerente realize atividades de lavra no local. Vale lembrar,
que mesmo no regime de autorização e concessão, o requerente ainda precisará
de permissão do superficiário para adentrar e realizar atividades em terras de
terceiros. No entanto, dentro do regime de licenciamento isso deve estar
acordado entre os dois por meio de contrato, antes mesmo do requerimento ser
enviado para a ANM.

Além disso, nos regimes tratados anteriormente o titular pode utilizar de


meios judiciais para conseguir acesso a área caso o dono das terras não aceite
nenhum tipo de acordo. No licenciamento, esse recurso não é possível tornando
essencial o aval dono da área para que a lavra possa ocorrer.

Tanto a anuência do superficiário quanto a licença específica do


município, configuram elementos essenciais do requerimento de licenciamento,
e são tratados na Portaria DNPM 155/2016.
3.2.4 Prorrogação

Outra singularidade presente no regime de licenciamento, é a presença


de um prazo de existência. Ou seja, ao contrário do regime de concessão de
lavra, que possui validade programada para o fim da jazida, o regime de
licenciamento já surge com uma data pré-definida para o encerramento, e
decorrido esse tempo, a renovação do título precisa ser feita, para que as
atividades possam continuar.

A duração da validade é determinada pela licença específica ou pelo


contrato com o superficiário. Todos os dois documentos, terão um prazo de
validade, o prazo que corresponderá à duração do título, será o menor entre eles.
Logo, caso o requerente possua um contrato a vencer em 3 anos, e uma licença
municipal de 2 anos, o prazo de validade do título de licenciamento também será
de 2 anos.

A data limite para protocolar a renovação do título é até o último dia do


seu vencimento, e o ideal é já anexar junto da protocolização a renovação do
documento que irá vencer. Não existe um limite máximo de renovações, então o
título pode existir até a exaustão da jazida, desde que as prorrogações sejam
feitas da maneira correta. Em contrapartida, a perda desse prazo ocasiona
indeferimento de título e a área irá para disponibilidade, ou seja, nesse caso o
requerente deverá esperar que o processo vá à leilão para poder arrematá-lo
novamente, processo que pode demorar anos ou décadas.

3.3 Permissão de lavra garimpeira

Atividades garimpeiras existem a milênios, e pode-se afirmar que esse


método de extração de minerais foi o que deu início e inspiração para os mais
sofisticados métodos de lavra atuais.

Além de sua influência no passado, é uma realidade que mesmo na era


moderna muitas pessoas vivem a base de atividades garimpeiras. Tendo isso
em vista e com o objetivo de garantir direitos e regular essas atividades, a
Constituição Federal de 1988 certifica a existência e regulamenta atividades
garimpeira. Essa certificação, mais tarde passou a ser garantida por meio dos
regimes de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG).

3.3.1 Noções Básicas PLG

O regime de PLG foi desenvolvido para permitir que as atividades de


garimpo ocorram de forma regular e legalizada. Assim como no regime de
licenciamento, a PLG exclui a necessidade de atividades de pesquisa prévia, o
que a enquadra em um regime de lavra. No entanto, apenas materiais em
condições de garimpagem imediata podem ser extraídos por esse regime.

A lei que criou e trouxe as regulamentações bases para o regime de PLG


foi a Lei n 7.805/1989, que o define nas seguintes palavras: ‘’o regime de
permissão de lavra garimpeira é o aproveitamento imediato de jazimento mineral
que, por sua natureza, dimensão, localização e utilização econômica, possa ser
lavrado, independentemente de prévios trabalhos de pesquisa, segundo critérios
fixados pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).’’
(BRASIL,1989)

Uma das características peculiares sobre o regime de Permissão de Lavra


Garimpeira, reside em quem pode ser beneficiado por esse regime. Dentre os
possíveis beneficiados estão: Pessoas físicas, desde que brasileiras e com
nacionalidade reconhecida, firmas individuais e cooperativas de garimpeiros.

Além disso, o Art. 10 da Lei 7805/1989, também traz uma lista de quais
tipos de materiais podem ser extraídos nesse regime conforme segue o trecho:
‘’São considerados minerais garimpáveis o ouro, o diamante, a cassiterita, a
columbita, a tantalita e wolframita, nas formas aluvionar, eluvionar e coluvial; a
sheelita, as demais gemas, o rutilo, o quartzo, o berilo, a muscovita, o
espodumênio, a lepidolita, o feldspato, a mica e outros, em tipos de ocorrência
que vierem a ser indicados, a critério do Departamento Nacional de Produção
Mineral - DNPM’’ (BRASIL,1989).

As áreas máximas de requerimento permitidas nesse regime, podem ser


encontradas no Art. 44 da Portaria 155/2016, que regula as áreas da seguinte
forma:
I - 50 (cinquenta) hectares, para pessoa física ou firma individual nos termos
do art. 5º, III, da Lei nº 7.805, de 18 de julho de 1989;
II - 10.000 (dez mil) hectares na Amazônia Legal e 1.000 (mil) hectares para as
demais regiões, para cooperativa de garimpeiros.” (BRASIL,2016)

Outra peculiaridade sobre o regime de PLG é sua necessidade de


renovação. Assim como no licenciamento, o título de PLG é finito, ou seja,
possui uma data de validade. A data de vencimento do título é apresentada
assim que ele é outorgado e pode ter de no máximo 5 anos. No entanto, esse
prazo pode ser renovado sucessivamente desde que as obrigações do
requerente sejam cumpridas conforme a lei e os documentos sejam renovados
dentro dos prazos requeridos.

3.3.2 Caracterização de atividade

Uma vez que o regime de PLG pode ser utilizado apenas para atividades
de garimpagem, entender como a lei define essas atividades é extremamente
necessário para a compreensão do regime. Dito isso, o conceito de garimpo
pode ser dividido em 3 atividades, são elas: garimpagem, faiscação e cata. A
definição desses termos está presente no Código de Mineração, mais
precisamente no Capítulo Vl, onde o documento as caracteriza e diferencia. Vale
lembrar, que apesar dessa diferenciação, todas as 3 atividades são
consideradas como garimpo.
As principais definições dessa lei, encontram-se no Art. 70, que traz:
“Considera-se:

I - Garimpagem, o trabalho individual de quem utilize instrumentos rudimentares,


aparelhos manuais ou máquinas simples e portáveis, na extração de pedras
preciosas, semi-preciosas e minerais metálicos ou não metálicos, valiosos, em
depósitos de eluvião ou aluvião, nos álveos de cursos d'água ou nas margens
reservadas, bem como nos depósitos secundários ou chapadas (grupiaras),
vertentes e altos de morros; depósitos esses genericamente denominados
garimpos.
II - Faiscação, o trabalho individual de quem utilize instrumentos rudimentares,
aparelhos manuais ou máquinas simples e portáteis, na extração de metais
nobres nativos em depósitos de eluvião ou aluvião, fluviais ou marinhos,
depósitos esses genericamente denominados faisqueiras; e,

III - cata, o trabalho individual de quem faça, por processos equiparáveis aos de
garimpagem e faiscação, na parte decomposta dos afloramentos dos filões e
veeiros, a extração de substâncias minerais úteis, sem o emprego de explosivos,
e as apure por processos rudimentares” (BRASIL,1967).

e no Art. 72, que caracteriza a garimpagem, a faiscação e a cata:

I - Pela forma rudimentar de mineração;

II - Pela natureza dos depósitos trabalhados; e,

III - pelo caráter individual do trabalho, sempre por conta própria” (BRASIL,1967).

3.3.3 Áreas Especiais

O regime de Permissão de Lavra Garimpeira possui algumas


peculiaridades quanto a suas possíveis localizações. A primeira delas, é que
esse título pode ser outorgado dentro de áreas já oneradas, ou seja, mesmo que
exista alguma atividade de mineração acontecendo dentro da área desejada, um
requerimento de PLG ainda poderá ser realizado para aquele local. Essa
exceção, suas condições e peculiaridades, podem ser encontradas na Lei
7805/1989 mais precisamente no Art. 7, que diz:
‘’A critério do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM
(atual Agência Nacional de Mineração (ANM)), será admitida a permissão de
lavra garimpeira em área de manifesto de mina ou de concessão de lavra, com
autorização do titular, quando houver viabilidade técnica e econômica no
aproveitamento por ambos os regimes” (BRASIL,1989).
Pela leitura do Artigo, é possível notar que existem algumas condições
para que isso ocorra, tais como a autorização do titular da área já onerada, que
deve estar presente já no momento do requerimento da PLG, bem como a
viabilidade técnica e econômica para a extração de ambos os materiais ao
mesmo tempo, que também deve vir bem explicitada no momento do
requerimento.
Outra peculiaridade sobre o regime de PLG, são as áreas próprias para
garimpagem. As áreas de garimpagem, foram criadas e reguladas também pela
lei 7805/1989, e o Art.11 cita sua criação na forma:
“O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) estabelecerá as
áreas de garimpagem, levando em consideração a ocorrência de bem mineral
garimpável, o interesse do setor mineral e as razões de ordem social e
ambiental” (BRASIL,1989).
As áreas destinadas para garimpagem, são locais onde a ANM irá dar
preferência para a aprovação de requerimentos de PLG, ou seja, caso o
requerimento seja realizado dentro de um desses locais, ele terá mais facilidade
para ser outorgado do que o normal. No entanto, isso não impede que outros
regimes existam nessas áreas, e nem que PLG´s possam acontecer fora delas.

3.3.4 Requerimento de PLG

Assim como em todos os regimes, a PLG também se inicia por meio de


um requerimento. Esse, por sua vez, é protocolado da mesma maneira que o
requerimento para licenciamento e concessão de lavra, através de um pré-
requerimento eletrônico, que deve ser realizado na conta do próprio requerente
no cadastro mineiro clicando no ícone indicado da figura 14.

Figura 14: acesso ao cadastro mineiro


Uma vez realizado o pré-requerimento, basta seguir para a página do
protocolo digital e realizar uma protocolização por código de requerimento,
assim como já explicado no capítulo 5.6. A lei que trata das peculiaridades do
requerimento de PLG, tais como: elementos essenciais, causas de
indeferimento, condições para outorga etc., é a Portaria 155/2016, mais
precisamente o capítulo V, seção l, que deve ser estudada a fundo antes da
realização de qualquer requerimento.

4 FERRAMENTAS DE ESTUDO
Como explicitado na introdução dessa monografia, as informações
contidas aqui não são exaustivamente detalhadas, e possuem o intuito de
orientar os interessados sobre as principais questões que envolvem o direito
mineral no Brasil.
Tendo isso em vista, e com o intuito de fornecer ferramentas para o
estudo mais aprofundado sobre o assunto, os capítulos a seguir tratam de uma
série de sítios e softwares gratuitos, que podem ser utilizados para estudo de
leis, processos, normas e tudo que envolve o direito mineral no Brasil.

4.1 ANM Legis

ANM Legis, é uma plataforma online que permite a consulta de todas as


leis que envolvem a mineração, desde o código de mineração, até ementas,
notas técnicas e despachos. Em suma, ela contém grande parte das
informações necessárias para o estudo do direito mineral.
Essa ferramenta, pode ser encontrada no site do próprio governo federal,
através do link: https://anmlegis.datalegis.inf.br. O site é extremamente intuitivo,
e se torna familiar depois de algumas semanas de uso. No entanto, a figura 15
mostra a interface do ANM Legis onde se pode consultar suas principais
funções.
Figura 15: Interface ANM Legis

Ao acessar a página, o interessado irá observar a interface representada


na figura 15, e ao clicar no ícone mencionado, será direcionado para o acervo
legislativo do órgão (Figura 16).

Figura 16: Acervo legislativo.


Dentro do acervo, pode-se perceber que o sítio separa a legislação por
assunto. Logo, supondo que se deseja encontrar mais informações sobre as
áreas máximas para o regime de licenciamento, basta seguir os passos
mostrados nas figuras 17 e 18.

Figura: 17 Acessando regime de licenciamento

Nesse caso, basta encontrar o regime de licenciamento dentro dos


assuntos, e após, localizar o link sobre as áreas, como explicitado na figura 17.
Ao clicar, será direcionado para os documentos que comportam informações
sobre aquele determinado assunto, como observado na figura 18.

Figura 18: Trecho Portaria DNPM 155/2016


No entanto, o método de busca por assunto no ANM Legis ainda não está
completo, e na maioria das vezes faltam informações importantes sobre o tema.
Uma maneira para burlar esse fato é o acesso ao documento na íntegra, clicando
no ícone indicado na figura 18. Uma vez acessado o documento completo, basta
usar ferramentas de localização para encontrar as palavras chaves desejadas.

Em suma, a dica é utilizar a separação por assunto fornecida pela ANM


não como fonte de informação propriamente dita, mas como uma forma de
encontrar os documentos oficiais que tratam sobre aquele determinado assunto,
e então procurar por conta própria as informações que se deseja dentro do
documento original assim como explicitado acima. Outrossim, o site também
disponibiliza uma barra de pesquisa altamente funcional e com diversos filtros
que pode ser utilizada para pesquisa de qualquer tipo de assunto.

Outro fator muito interessante sobre as leis contidas na ANM Legis, é a


forma como elas são atualizadas. Por exemplo, a Portaria 155/2016 foi de grande
valia na época de sua publicação e trouxe muitas informações sobre processos
que antes não existiam. No entanto, com o passar dos anos, muitas leis e
portarias surgiram e alteraram o conteúdo da 155/2016, logo, dependendo de
onde for realizada a visualização de um documento, ele pode estar incorreto ou
desatualizado. Tendo isso em vista, a ANM Legis já modifica os documentos
assim que essas alterações acontecem e as expressa nos devidos locais como
observado na figura 19.

Figura 19: Exemplo de alteração na lei


O print acima foi retirado da portaria 155/2016, e pode-se observar
claramente que o Art. 189 foi revogado pela Resolução 122/2022. É interessante
observar, que é possível tanto o redirecionamento para lei em questão, quanto
a leitura da redação anterior.

4.2 SEI

A segunda ferramenta tratada nesse capítulo será o Sistema Eletrônico


de Informação (SEI). Assim como a ANM Legis, o SEI é um programa fornecido
pelo governo federal. Sua principal funcionalidade, é reunir diversos processos
e documentos públicos que podem ser usados para consultas e estudos Ele
pode ser acessado pelo link https://www.gov.br/anm/pt-br/acesso-a-
informacao/processo-eletronico-sei e clicando no ícone indicado na figura 20.

Figura 20: Acessando o SEI

Dentro do programa, é possível a consultar as informações públicas de


qualquer processo desejado através da digitação de seu número na barra de
pesquisa. Essas informações servem tanto para a análise do processo, quanto
para o estudo. Através do SEI é possível observar melhor como a ANM se
relaciona com os requerentes, de que maneira são feitas e cumpridas
exigências, obrigações, pedidos etc., para exemplificação segue a figura 21
Figura 21: Exemplo de processo retirado do SEI

No exemplo acima, pode-se observar que o requerimento de pesquisa foi


enviado no dia 17/10/2022, e outorgado no dia 09/12/2022. Além disso, ao clicar
no número relacionado ao documento é possível visualizá-lo em grande parte
dos casos, salvo no caso de documentos que possuem o símbolo de uma chave
amarela na frente, pois estes são privados e não permitem visualização. Esse
processo é de 2022 e somente nele podem ser analisados um requerimento, um
memorial, uma minuta e um despacho, ou seja, é uma ótima maneira tanto para
adquirir conhecimento quanto para o estudo e análise dos processos.

4.3 Protocolo digital

Como explicado nos capítulos anteriores, protocolo digital é a principal


ferramenta utilizada na realização dos requerimentos. No entanto, ele também
pode se tornar uma ótima fonte de informação quando utilizado de maneira
correta.
Ao acessar o sítio no link https://www.gov.br/anm/pt-
br/canais_atendimento/protocolo-digital, pode-se notar uma aba indicando
serviços e etapas disponíveis, conforme observado na figura 22.

Figura 22: Acesso ao protocolo digital

O acesso a este menu, expõe todos as funções que podem ser realizadas
através do protocolo digital, bem como os principais documentos requeridos para
cada uma delas, segue o exemplo na figura 23.

Figura 23: Etapas e serviços do protocolo digital


Como observado na figura 23, os serviços são listados em forma de link,
e através de um clique a página se redireciona para as informações básicas e
documentos necessários para a realização do pedido em questão. Segue o
exemplo na figura 24.

Figura 24: Exemplo de documentos necessários para transição de regime

Como é possível observar na figura acima, o próprio sítio fornece as


informações básicas sobre a ação que foi pesquisada, bem como instruções
iniciais e os documentos necessários. No entanto, vale lembrar que essa
consulta não deve sob nenhuma circunstância substituir a leitura e compreensão
da norma, tendo em vista que podem conter erros ou ambiguidades no
programa.

5 CONSIDERAÇOES FINAIS.
O direito minerário é uma área de estudo de extrema importância e alta
abrangência. Por conta disso, o bom entendimento dessa legislação é de grande
valia para todo profissional que atua na mineração. Portanto, está monografia,
cumpre o objetivo principal de nortear profissionais e estudantes da mineração
no entendimento da legislação mineral e de suas variantes.

É possível perceber ao longo da leitura do documento, que o bom


entendimento das normas e a compreensão da legislação são essenciais para o
estudo do direito mineral, logo, é de suma importância a familiarização com
termos jurídicos, que só pode ser adquirida através de tempo e leitura.

Além disso, também é notável que mesmo dentro do direito minerário,


existem diversos assuntos específicos cada um com seu conjunto de leis
próprias e que sofrem alterações ao longo dos anos, por conta disso, um estudo
frequente e minucioso deve ser realizado antes de qualquer tomada de decisão.
6 REFERENCIAS BIBILIOGRÁFICAS

SANTOS, MARIA.O que é Agência Nacional de Mineração. Politize 17/07/2022


Disponível em: <https://www.politize.com.br/agencia-nacional-de-mineracao/>.
Acesso em: 02/02/2023

NORONHA, CARINA. O que é um processo minerário? Jazida 2020. Disponível


em: <https://blog.jazida.com/o-que-e-um-processo-minerario/>

BRASIL, Sistema de Informação Geográfica da Mineração. SIGMINE. Disponível


em:<https://geo.anm.gov.br/portal/apps/webappviewer/index.html?id=6a8f5ccc4
b6a4c2bba79759aa952d908> Acesso em: 11/01/2023

COSTA, AMANDA. Regimes de Aproveitamento de Pesquisa Mineral (ANM).


Jazida, 2021. Disponivel em:<https://blog.jazida.com/regimes-de-
aproveitamento-de-pesquisa-mineral-anm/> Acesso em: 13/01/2023

BRASIL, Agência Nacional de Mineração ANM. Disponível em:


<https://www.gov.br/anm/pt-br/assuntos/acesso-a-sistemas/geoinformacao-
mineral> Acesso em: 23/02/2023

BRASIL. Decreto 9.406 de 12 de junho de 2018. Regulamento do Código


de Mineração. Disponível no Diário Oficial da União no dia 13 de junho de 2018.

BRASIL. Agência Nacional de Mineração. Dados Cadastro Mineiro/ SIGMINE.


Disponível em http://www.anm.gov.br/. Acesso em: 24/01/2023

“HERRMANN, H.; POVEDA, E. P. R.; SILVA, M. V. L. Código de Mineração de


‘A’ a ‘Z’. 2a ed., Milennium, Campinas, 2011”

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