Você está na página 1de 10

Universidade Púnguè

Extensão de Tete

FACULDADE DE GEOCIÊNCIAS E AMBIENTE


Licenciatura em Geografia Aplicada

Cartografia

Dalton Carmino João Vinte


Dionela Fernando Nota
Dórica Emílio Bacacheza
Joaquina Francisco Gatsi
Robeti Lucílio Bacalhane
Sérgio Quisito Atanásio Viagra

Cidade de Tete, Março de 2024


1

Dalton Carmino João Vinte


Dionela Fernando Nota
Dórica Emílio Bacacheza
Joaquina Francisco Gatsi
Robeti Lucílio Bacalhane
Sérgio Quisito Atanásio Viagra

Dimensões e Figura da Terra

Trabalho de pesquisa, que servirá como


requisito de avaliação a ser entregue a
faculdade de geociências e ambiente, ao
curso de licenciatura em geografia
aplicada. Orientado pelo docente:
Fernando Luís Pongo

Cidade de Tete, Março de 2024


2

Índice
Introdução: .................................................................................................................................. 3
Objectivos ................................................................................................................................... 3
Metodologia: ............................................................................................................................... 3
Geodesia ..................................................................................................................................... 4
Dimensões da Terra .................................................................................................................... 4
A figura da Terra ........................................................................................................................ 6
Conclusão: .................................................................................................................................. 8
Referências: ................................................................................................................................ 9
3

Introdução:
A Terra, nosso planeta natal, tem sido objeto de estudo e fascínio ao longo da história da
humanidade. Compreender suas dimensões e sua forma é fundamental não apenas para a ciência
geográfica, mas também para diversas outras áreas do conhecimento, incluindo a astronomia, a
geologia e a geodésia. Neste trabalho, investigaremos as dimensões precisas da Terra e sua
figura, explorando as contribuições de cientistas renomados ao longo dos séculos e os métodos
utilizados para alcançar essa compreensão.

Objectivos
Geral

 Perceber a dimensão e a figura da terra, bem como os cientistas notáveis e as suas


contribuições no estudo do tema em alusão.

Específicos

 Identificar desafios e avanços na medição das dimensões e da figura da Terra ao longo


da história.
 Analisar criticamente a evolução dos métodos de medição, destacando a contribuição
de cada abordagem.
 Discutir as implicações práticas das descobertas, enfatizando a relevância
contemporânea

Metodologia:
Os métodos utilizados para determinar as dimensões e a figura da Terra incluem observações
astronômicas, medições geodésicas e análises satelitais. Observações detalhadas da posição das
estrelas, do Sol e da Lua forneceram dados cruciais para calcular o tamanho e a forma da Terra.
Além disso, técnicas modernas de sensoriamento remoto e GPS permitem medições
extremamente precisas da superfície terrestre e sua forma.
4

Geodesia

Geodésia é a ciência que tem por objetivo determinar a forma e as dimensões da Terra, bem
como os parâmetros definidores de seu campo da gravidade e suas variações temporais
(Gemael, 1999, p.19). A clássica definição de Helmert, apresentada em 1880, na qual consta:
“é a ciência das medições e mapeamento da superfície terrestre” é ainda fundamental para a
Geodésia. A forma da Terra depende substancialmente do campo de gravidade terrestre, e
grande parte das observações geodésicas está associada a esse campo (Torge, 2001, p.1). Dessa
forma, a definição clássica, ao ser acrescida do termo “variações temporais”, passa a estar de
acordo com a definição válida atualmente.

Dimensões da Terra
Desde os tempos antigos, os seres humanos têm especulado sobre a forma da Terra. No entanto,
foi somente no século III a.C. que Eratóstenes realizou as primeiras medições precisas da
circunferência terrestre. Ele afirmava que a Terra era uma esfera menor do que o Sol e maior
do que a Lua e sugeria que a sua circunferência teria uma dimensão máxima de 300.000 estádios
(estádio era uma unidade de medida que podia valer de 147 a 192 metros).

Eratóstenes de Alexandria, nascido em Cirene, norte da África, em 276 a.C., realizou o primeiro
experimento científico para medição da circunferência da Terra.

A engenhosa idéia de Eratóstenes era baseada na hipótese de que, caso a Terra fosse esférica, a
sombra de uma bastão observada no mesmo instante em locais diferentes permitiria, a partir de
considerações geométricas, o cálculo do diâmetro da esfera.

O valor por ele obtido, apesar da precariedade dos métodos de medição utilizados para estimar
a distância entre os dois pontos de medida, foi de 250.000 estádios.

Se considerarmos o valor médio de um estádio, teremos um meridiano terrestre de 46.230 km,


muito próximo do valor atualmente observado de 39.941 km.

Um século mais tarde, Posidônio determinou o raio terrestre por um método semelhante, mas
utilizando a posição de uma estrela, obtendo um valor de 240.000 estádios para o comprimento
da circunferência.

Claudio Ptolomeu, no século II d.C., autor do sistema geocêntrico, atribuiu ao planeta um valor
similar ao de Posidônio, reafirmando a esfericidade da Terra.

A Terra, como um todo, é sensivelmente esférica

Pois, se ela fosse côncava, as estrelas que nascem apareceriam primeiro às pessoas do Ocidente;
e se fosse plana, as estrelas nasceriam e se poriam para todas as pessoas ao mesmo tempo; e se
5

ela fosse uma pirâmide, um cubo ou qualquer outra figura poligonal, ela apareceria ao mesmo
tempo para todos os observadores na mesma linha reta. Mas nenhuma dessas coisas parece
acontecer. E está claro, ademais, que não poderia ser cilíndrica com a superfície curva voltada
ao nascimento e ocaso e as bases do plano voltadas para os pólos do universo, o que alguns
acham mais plausível. Pois assim, nenhuma estrela nunca estaria visível a nenhum dos
habitantes da superfície curva e, ao invés disso, ou todas as estrelas nasceriam e se poriam para
os observadores, ou as mesmas estrelas seriam sempre invisíveis para uma mesma distância de
qualquer um dos pólos a todos os observadores. E, ainda, quanto mais se avança para o pólo
norte, mas as estrelas do sul se escondem e as do norte aparecem. Deste modo, está claro aqui
que a curvatura da Terra, cobrindo uniformemente as partes em direções oblíquas, prova sua
forma esférica de cada lado. (...) [ Ptol.Alm. 1.5 ]

Depois de Ptolomeu, somente no séc. IX é que outra tentativa para a determinação das
dimensões da Terra foi realizada, pelos árabes. O valor obtido, em milhas árabes, daria algo em
torno de 42.840 km para a circunferência terrestre, considerando que uma milha árabe
corresponde a 2,16 km.

Valores mais precisos só foram conseguidos no séc. XV, com a medida de um arco de meridiano
por J. Picard, que obteve o valor de 6.372 km para o raio do planeta, o que corresponde a um
diâmetro médio de 40.036 km para a Terra. O valor obtido por Picard ficou famoso pelo fato
de ter sido utilizado por Isaac Newton para a verificação da Lei da Gravitação Universal.

Com a negação do sistema geocêntrico por Copérnico, admitiu-se para a Terra um movimento
de rotação e translação ao redor do Sol, o que permitiu que Newton concluísse, a partir de
estudos teóricos, que o movimento de rotação causaria um achatamento do planeta nos polos,
de forma que a razão entre o diâmetro da Terra no equador e no polo fosse de 230/229, ou seja,
o raio da Terra seria ligeiramente menor no polo. Isaac Newton propôs que a Terra era uma
esfera achatada nos polos e alargada no equador, devido à sua rotação. No século XVIII,
Charles-Marie de La Condamine contribuiu para a medição do meridiano terrestre, enquanto
Pierre-Simon Laplace e Friedrich Bessel desenvolveram teorias sobre a forma e a densidade da
Terra no século XIX.

Um fato curioso ocorreu em 1718, quando Jacques Cassini realizou uma série de medidas,
dando continuidade a um trabalho de Picard, e concluiu que a Terra deveria ser achatada no
equador, ao contrário do que a teoria newtoniana previa.
6

Uma grande controvérsia foi criada na Europa a respeito destes resultados, dando origem a duas
expedições patrocinadas pela Academia de Ciências de Paris, com o objetivo de realizar
medições de um arco de meridiano próximo ao equador, no Peru, e próximo ao pólo, na
Lapônia.
O resultado das medições mostrou que um arco de 1o no equador media 110.614 m, e próximo
ao pólo, um arco de 1o correspondia a 111.949 m. Estava confirmada, assim, a teoria de
Newton, e a Terra a partir de então foi vista em primeira aproximação como um elipsóide de
revolução, com o semi-eixo menor coincidindo com o eixo de rotação terrestre.

Os resultados dessas investigações revelaram que a Terra tem um diâmetro equatorial de


aproximadamente 12.742 quilômetros e um diâmetro polar de cerca de 12.714 quilômetros.

A figura da Terra
A mais antiga atribuição de forma à Terra que se conhece é a de um disco chato.
Já no séc. VII a.C., Homero e os filósofos gregos afirmavam que a Terra era um disco
suportando o céu.
Mais tarde, no século VI a.C., Tales de Mileto e os babilônios, acreditavam que a Terra era um
disco que flutuava sobre a água.
Na mitologia Hindu, Chukwa seria a primeira e mais velha das tartarugas, que sustentaria a
Terra.
Em alguns relatos, ela carregaria um elefante, Maha-pudma, que estaria sustentando a Terra.
Para outros, como Anaxímenes, também de Mileto, o disco Terra estaria suspenso sobre um
buraco infinito, sustentado pelo ar que o circundava.
Anaxímenes (560-500 a.C.)
Anaxímenes dizia que “o ar infinito era o princípio do qual provém todas as coisas que estão a
gerar-se, e que existem, e que hão-de existir, e que os deuses e as coisas divinas, e o resto
proveniente dos seres por ele produzidos. A forma do ar é a seguinte: quando ele é igual, é
invisível à vista, mas é revelado pelo frio e pelo calor e pela umidade e pelo movimento".
Frag.144
"E todas as coisas são produzidas por uma espécie de condensação, e depois rarefação, dele (s.c. ar).
O movimento existe, e de fato, desde todo o sempre; quando o ar se comprime, logo se gera a Terra, a
primeira de as coisas completamente plana - por isso é consequentemente levada pelo ar; e o Sol e a
Lua e os demais corpos celestes têm na Terra a origem do seu nascimento. O Sol é Terra, mas que,
devido à rapidez do seu movimento, obtém calor bastante".(Frag.151)
7

"O mundo uno é considerado como gerado e destrutível, por todos aqueles que dizem que há sempre
um mundo, embora não seja sempre o mesmo, mas se torne diferente em diferentes ocasiões de acordo
com determinados períodos de tempo, como afirmaram Anaxímenes e Heraclito, e posteriormente os
estoicos". (Frag.150 )

Além disso, a Terra é aproximadamente uma esferoide oblato, com uma ligeira protuberância
no equador e um achatamento nos polos.

Os resultados obtidos corroboram as teorias estabelecidas anteriormente por cientistas como


Newton e Laplace. Além disso, evidenciam a importância da ciência colaborativa e
multidisciplinar na investigação da Terra. As medições precisas das dimensões e da figura da
Terra têm aplicações práticas em diversas áreas, incluindo navegação, cartografia e estudos
ambientais.
8

Conclusão:
Em conclusão, este trabalho proporcionou uma visão abrangente das dimensões e da figura da
Terra, desde as contribuições pioneiras de Eratóstenes até os métodos modernos de medição. A
compreensão precisa da forma e das dimensões da Terra é essencial para a ciência e tem
implicações significativas em nossa compreensão do universo e do nosso lugar nele.
9

Referências:
FORTES L. P. (2017) Seminário do GEGE de 24/03/2017.
GEMAEL C. (1999) Introdução a Geodésia Física, Editora da UFPR, 302p.
TORGE W. (2001) Geodesy, de Gruyter, 3rd Edition, Berlin, 416p.
VANIČEK P. and Krakiwsky E. (1986) Geodesy: The concepts

LEINZ, Viktor, AMARAL, S.E. do. Geologia geral. São Paulo, Cia Editora Nacional, 1996

Você também pode gostar