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SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS


SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

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Núcleo de Educação a Distância
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
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importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-


rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Luís Antônio Soares e Sousa


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profissional.

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Esta unidade analisará os princípios do Sistema de Referência.
Especificamente, foram enfocadas: a) Fundamentos de Geodésia, b)
Evolução dos Sistemas de Referência Geodésicos e c) Sistema Geo-
désico Brasileiro. Veremos que um Sistema Geodésico de Referência
(SGR) permite que se faça a localização espacial de qualquer feição
sobre a superfície terrestre, sendo definido por meio da adoção de um
elipsoide de referência, posicionado e orientado em relação à super-
fície terrestre. Também serão abordados as evoluções tecnológicas e
o melhoramento dos diversos SGRs existentes, tanto no aspecto de
definição quanto no de realização do sistema. Dessa forma, a produção
cartográfica que se baseia em dados georreferenciados estão vincula-
das aos diferentes sistemas de referência e suas realizações que coe-
xistem no Brasil. Sendo assim, nota-se a importância do conhecimento
das características e restrições de cada um destes sistemas.
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Sistema de Referência. Geodésia. Sistema Geodésico Brasileiro.


SIRGAS2000.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
FUNDAMENTOS DE GEODÉSIA: INTRODUÇÃO

Geodésia: Definição, Objetivos, o Problema Básico da Geodésia _ 13

Evolução da Geodésia: Modelos da Terra _________________________ 15


Coordenadas e Azimutes Geodésicos e Astronômicos ___________ 24

Recapitulando _________________________________________________ 31

CAPÍTULO 02
INTRODUÇÃO AO SISTEMA DE REFERÊNCIA GEODÉSICO E SUA EVO-
LUÇÃO NO BRASIL

Constantes Fundamentais e Sua Evolução _______________________ 42

Sistemas de Referência Celestes e Terrestres _______________________ 43

Definição e Realização de Sistemas Geodésicos de Referência ____ 47

Recapitulando _________________________________________________ 50
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CAPÍTULO 03
SISTEMA GEODÉSICO BRASILEIRO

Sistemas Geodésicos de Referência Geocêntricos e de Orienta-


ções Locais: Sistema com Datum Córrego Alegre e O Datum Sul-
-Americano de 1969 (SAD 69), A Nova Realização do SAD 69 _____ 54

Sistemas de Referência Terrestres _______________________________ 56

ITRS (IERS Terrestrial Reference System) e ITRF (IERS Terrestrial


Reference Frame) _______________________________________________ 57

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WGS 84 (World Geodetic System 1984) __________________________ 61

Sistema de Referência Geocêntrico Para as Américas (SIRGAS200)


_________________________________________________________________ 62

Parâmetros de Conversão de Coordenadas _______________________ 65

Recapitulando _________________________________________________ 71

Fechando a Unidade ____________________________________________ 75

Referências _____________________________________________________ 78
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Pode-se dizer que os sistemas de referência são utilizados para
descrever as posições de objetos, ou seja, quando se deseja identificar
a posição de uma determinada informação na superfície da Terra são
utilizados os Sistemas de Referência Terrestres ou Geodésicos. Mas,
para isto, é necessário que eles sejam associados a uma superfície que
mais se aproxima da forma da Terra, no qual são desenvolvidos todos
os cálculos das suas coordenadas. O Sistema Geodésico de Referên-
cia (SGR) é definido a partir da adoção de um elipsoide de referência,
posicionado e orientado em relação à superfície terrestre. Hoje em dia,
vê-se que a utilização dos Sistemas Geodésicos de Referência (SGR)
torna-se imprescindível para elaboração de trabalhos que envolvem a
área de geoprocessamento e georreferenciamento.
A evolução dos métodos de posicionamento e da tecnologia
em geral permitiu com que houvesse melhorias nos diversos SGRs
existentes, tanto no aspecto de definição quanto no de realização do
sistema. Neste sentido, a produção cartográfica que se utiliza de da-
dos georreferenciados utiliza informações baseadas nos diferentes sis-
temas de referência e suas realizações que coexistem no Brasil. Tem
assim a importância do conhecimento das características e restrições
de cada um destes sistemas.
Como resultado destes levantamentos, tem-se um conjunto de
coordenadas, que podem ser apresentadas em diversas formas: em uma
superfície esférica são chamadas de coordenadas geodésicas e em uma
superfície plana são denominadas de acordo com a projeção, as quais
estão associadas, como por exemplo, as coordenadas planas UTM.
Em relação ao Sistema Geodésico Brasileiro – SGB, pode-se
definir como o conjunto de pontos geodésicos implantados na porção da
superfície terrestre delimitada pelas fronteiras do país, ou seja, é o sis- SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
tema em que estão referidas todas as informações espaciais relativas
ao território nacional. Historicamente, o primeiro Sistema de Referência
Brasileiro (SRB) foi implantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística (IBGE), em 17 de maio de 1944 e, desde esse período, ele vem
sendo amplamente utilizado por usuários que necessitam de informações
posicionais para diversos trabalhos. Os principais sistemas geodésicos
brasileiros que serão abordados nesta unidade são: o Sistema de Refe-
rência Córrego Alegre, o South American Datum (SAD 69) e o Sistema de
Referências Geocêntrico para as Américas (SIRGAS 2000).
Dentre as aplicabilidades da utilização deste sistema estão os
projetos que objetivam o apoio ao mapeamento, demarcação de uni-
dades político-administrativas, obras de engenharia, regulamentação
fundiária, posicionamento de plataformas de prospecção de petróleo,
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delimitação de regiões de pesquisas geofísicas entre outros.
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FUNDAMENTOS DE GEODÉSIA:
INTRODUÇÃO

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GEODÉSIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS, O PROBLEMA BÁSICO DA


GEODÉSIA

Em resumo, a Geodésia se trata do estudo da forma e dimensões


da Terra. Porém, apesar da Terra parecer redonda pelas fotos tiradas do
espaço (vide Figura 1), ela não é perfeitamente esférica, logo, é necessário
conhecê-la em detalhes para gerar produtos cartográficos acurados.

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Figura 1 - A Terra vista do espaço

Fonte: Pensamento Verde, 2021.

De outro ponto de vista, Fontes (2005) traz que a Geodésia é a


ciência que estuda a forma e as dimensões do planeta Terra, bem como
a determinação do campo gravitacional e da superfície oceânica.
Segundo Webster:

A geodésia é o ramo da matemática aplicada que determina a exata posi-


ção de pontos, figuras e áreas de grandes porções da superfície terrestre.
Também a forma e o tamanho da Terra, além das variações do seu campo
gravitacional. (ZANETTI, 2007)

Friedrich Robert Helmert (1880) trouxe que a definição clássica


de Geodésia é a “ciência de medida e mapeamento da superfície da
Terra. A superfície terrestre é composta pelo seu campo da gravidade e
a maioria das observações geodésicas são vinculadas a ele. Dessa ma-
neira, o significado de Geodésia compreende a determinação do campo
da gravidade da Terra”.
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Além disso, a Geodésia ampliou seus objetivos, incluindo aplica-


ções para o oceano e o espaço, por exemplo, no auxílio da determinação
do fundo oceânico e da superfície e campo da gravidade de outros corpos
celestes, como a Lua (Geodésia lunar) e planetas (Geodésia planetária).
Em linhas gerais, a Geodésia utiliza operações de diferentes
tipos, podendo ser dividida da seguinte forma:

Quadro 1 – Divisão da Geodésia


Geodésia Geométrica Realiza operações geométricas sobre
a superfície terrestre (medidas angula-
res e de distâncias) associadas a pou-
cas determinações astronômicas.

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Geodésia Física Realiza medidas gravimétricas que
conduzem ao conhecimento detalhado
do campo da gravidade.
Geodésia Celeste Utiliza técnicas espaciais de posicio-
namento, como satélites artificiais.
Fonte: Zanetti, 2007.

Diante do exposto, tem-se que o problema básico da Geodésia


é “determinar a figura e o campo da gravidade externa da Terra e de
outros corpos celestes em função do tempo, a partir de observações
sobre e exteriormente às superfícies desses corpos”. (ZANETTI, 2007)
Ressalta-se que é indispensável que no planejamento e exe-
cução de projetos de engenharia sejam usadas informações georre-
ferenciadas, ou seja, tais que dizem respeito à Terra (geo) e que es-
tão atreladas a um sistema coordenado (referenciado) que sirva como
referência para diferentes informações, garantindo a concordância de
suas posições. Neste sentido, pode-se definir um sistema coordenado
no espaço, seja ele bi ou tridimensional, como uma relação de regras
que especifica univocamente a posição de cada ponto neste espaço,
através de um conjunto ordenado de números reais, denominados coor-
denadas. Logo, para se ter produtos cartográficos detalhados e cada
vez mais preciso são necessários os sistemas de referência espacial, e
consequentemente, para se ter um bom sistema de referência espacial
é necessário conhecer a forma da Terra.

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Apostila: Introdução à Geodésia Física.


Fonte: ARANA, J. M. Introdução à Geodésia Física. Departa-
mento de Cartografia, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Unesp –
Campus de Presidente Prudente, 2009. Disponível em: < http://www2.
fct.unesp.br/docentes/carto/arana/Apgfis.pdf>

EVOLUÇÃO DA GEODÉSIA: MODELOS DA TERRA

Sabe-se que a superfície terrestre não é regular, possuindo a


variação de seu relevo entre o ponto culminante, representado pelo pico
do Monte Everest, com cerca de 8.800 metros de altitude, e a maior
depressão, situada no Oceano Pacífico, com cerca de 9.000 metros de
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profundidade em relação ao nível do mar (FONTES, 2005).
Em relação à superfície física terrestre, ou ainda superfície real ou
superfície topográfica, são desenvolvidas as operações de mensuração,
podendo ser geodésicas ou topográficas. Os métodos de mensuração, an-
gulares e lineares, no campo, devem ser feitos a fim de obter coordenadas
posicionais, identificadoras de um conjunto de pontos descritores materia-
lizados na superfície territorial investigada, em que serão caracterizadas
devidamente por transformações de natureza matemática em função da
adoção do modelo geométrico idealizado para representar a Terra.
Na Literatura, muitas foram as definições de como é a forma
da Terra. Por exemplo, os poemas de Homero diziam que era como um
imenso disco flutuando sobre o oceano e o Sol como o coche em que os
deuses efetuavam seu passeio diário. Já Anaxágoras, por não admitir tais
ideias, foi contra preceitos religiosos da época e foi enclausurado em uma
prisão em Atenas. Por fim, Aristarco propôs que a Terra girava em torno
do Sol e foi acusado de sacrilégio por “perturbar o descanso dos deuses”.
Além desses, outros filósofos eram contra as ideias de uma
Terra chata e defendiam sua esfericidade, como Pitágoras, Tales e Aris-
tóteles. Pitágoras dizia que a Terra girava ao redor do Sol, teoria cate-
goricamente combatida por Aristóteles. Como Aristóteles tinha grande
respeito, pela sua genialidade e importantes contribuições, suas doutri-
nas não foram contestadas durante séculos, constituindo uma barreira
a qualquer conceito contraditório.
Falando nisso, Aristóteles no século IV a.C. resolveu provar a es-
fericidade da Terra, mediando os seguintes argumentos: contorno circular
da sombra projetada pela Terra nos eclipses da Lua; variação do aspecto
do céu estrelado com a latitude; e a diferença de horário na observação de
um mesmo eclipse para observadores situados em meridianos diferentes.
Dando sequência, Eratóstenes foi o pioneiro na determinação
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das dimensões do planeta, suposto esférico. Observou que em Syene


no solstício de verão, o Sol cruzava o meridiano no zênite e concluiu
que sua localização era o trópico de Câncer, pois no “dia solsticial de
verão, o Sol iluminava o fundo de um poço”. Em Alexandria, também no
solstício de verão, definiu que a distância zenital da passagem meridia-
na do Sol era de 1/50 da circunferência, ou seja, 7º 12’. Nesse sentido,
sabendo que as duas cidades estavam localizadas sobre o mesmo me-
ridiano e sabendo a distância entre elas, foi determinado um raio terres-
tre de 6.285,825 km e circunferência equatorial 39.375,0 km.
Anos mais tarde, Posidônio usou o método de Eratóstenes, ob-
servando a estrela Canopus, ao invés do Sol, nas cidades de Rodes e Ale-
xandria, e chegou ao valor de 37.800,0 km para a circunferência equatorial.
Em seguida, Cláudio Ptolomeu (100-178 d.C.) definiu o sistema
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geocêntrico que atravessou intacto 14 séculos até ser desmentido por
Copérnico. Concluiu pela esfericidade da Terra apresentando entre ou-
tras justificativas que o nascer e pôr do Sol, Lua e estrelas acontecem ao
mesmo tempo para todos os observadores e que quanto mais próximo
da direção ao norte, mais estrelas do hemisfério sul se tornam invisíveis.
Já o pensador francês Picard, após introduzir várias melhorias
no instrumental de mensuração angular, utilizando pela primeira vez uma
luneta com retículos, estabeleceu uma rede de triangulação e mediu o
arco de meridiano, de Paris a Amiens, em função do qual calculou o raio
da Terra, obtendo o valor de 6.372,0 km. Tal resultado foi tão relevante
que Newton o utilizou, resultando na sua teoria da gravitação universal.
Newton concluiu que a superfície terrestre não era perfeitamente
esférica, ou seja, ela era achatada nos polos, devendo a força da gravidade
decrescer dos polos para o equador. Tais ideias foram confirmadas pelas
experiências de Richter sobre observações pendulares em Paris e Cayena.
O polonês Copérnico destruiu o mito da imobilidade da Terra,
que remontava a Aristóteles, conferindo-lhe o movimento de translação
em torno do Sol, além do movimento de rotação.
Cassini, realizou as triangulações iniciadas por Picard e chegou
à conclusão de que um arco de meridiano diminuía com o aumento da
latitude, indicando que a Terra seria alongada segundo o eixo de rotação.
Assim, surgiu uma polêmica, tendo em vista que para Cassini a
Terra seria alongada segundo o eixo de rotação e para Newton a Terra
seria achatada (Figura 2).

Figura 2 – Achatamento Terrestre

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Fonte: Zanetti, 2007.

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A fim de eliminar a problemática, a Academia de Ciências de
Paris decidiu medir arcos de meridiano em latitudes bem diferentes e
organizou duas expedições científicas em 1735. A primeira delas co-
mandada por Bouguer, La Condamine e Godin efetuou no Peru a me-
dida de um arco de 3º 07’ cortado pela linha equatorial. Os resultados
forneceram para o arco de meridiano de 1º, junto ao equador terrestre,
o comprimento de 110.614 m. A segunda expedição, integrada pelos
cientistas Clairaut, Maupertius, Celsius e Camus, dirigiu-se a Lapônia
e teve para comprimento de um arco de meridiano de 1º, cortado pelo
círculo polar ártico 111.949 m.
Analisando os dados obtidos, percebeu-se que havia um au-
mento no comprimento do arco de meridiano com a latitude, ou seja,
comprovou-se a teoria de Newton que trazia que a Terra se assemelha-
ria a um elipsoide de revolução, cujo eixo menor coincide com o eixo de
rotação (figura 3).
Ao longo dos anos, as triangulações geodésicas aumentaram e
foram medidos arcos de meridianos e paralelos em várias regiões da Terra,
aumentando a precisão. A partir disso, foram calculados os parâmetros do
elipsoide de revolução ideal, onde no século XIX definir os parâmetros do
melhor elipsoide se tornou um dos estudos mais relevantes da Geodésia.

Figura 3 - Forma da Terra


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Fonte: Zanetti, 2007.

Em uma abordagem generalista, pode-se ignorar as irregulari-


dades da superfície terrestre, reduzindo-se o problema à determinação
das dimensões do modelo geométrico mais adequado. Por causa de
tais irregularidades, são escolhidos modelos ou superfícies de referên-
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cia menos complexos, mais regulares e com características geométri-
cas conhecidas que permitam a realização de reduções e sirvam de
base para cálculos e representações.
As superfícies de referência que podem ser utilizadas em le-
vantamentos são o plano topográfico, o elipsoide de revolução, a esfera
e o Geoide. Veremos mais detalhes de cada um deles a seguir.

Plano Topográfico

Quando se trabalha com levantamentos topográficos, adota-se


a hipótese simplificada do plano topográfico (Figura 4) como superfície
de referência. Ressalta-se que, neste caso, não se considera a influên-
cia de erros sistemáticos devidos à curvatura da Terra e ao desvio da
vertical, em que esse modelo de referência tem suas dimensões limita-
das devido às simplificações.
A NBR 14166 traz que o plano topográfico pode ser descrito
como a “superfície definida pelas tangentes, no ponto origem do Siste-
ma Topográfico, ao meridiano deste ponto e à geodésica normal a este
meridiano”. Além disso, o plano topográfico deve ter a área máxima de
100 km x 100 km.

Figura 4 – Plano Topográfico

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Fonte: Zanetti, 2007.

Elipsoide de revolução

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Segundo Torge (2001), o elipsoide de revolução foi proposto
como figura geométrica da Terra por Newton, sendo o modelo de repre-
sentação gerado pela rotação de uma elipse sobre um de seus eixos (eixo
de revolução); se este eixo for o menor tem-se um elipsoide achatado.
Dois parâmetros são utilizados para definir um elipsoide de re-
volução, sendo eles o semieixo maior a e o semieixo menor b (Figura
5). Quando se trata de estudos da Geodésia, o elipsoide de revolução
é tradicionalmente definido através dos parâmetros semieixo maior a e
achatamento f.

Figura 5 – Elipsoide de Revolução

Fonte: Zanetti, 2007.

De acordo com Gemael (1981), existem mais de 70 tipos de


elipsoides de revolução utilizados em diferentes países para trabalhos
geodésicos. Hoje, tais elipsoides estão sendo alterados para o elipsoide
do GRS80 (Geodetic Reference System 1980) com orientação global
definida pelo IERS (International Earth Rotation Service).
Com o avanço da tecnologia, a melhoria das técnicas de medi-
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ção e modernização dos equipamentos, a Ciência Geodésica alcançou


um grande feito no Século XVII a partir da medição do comprimento de
um arco de meridiano e, em seguida, a determinação do comprimento
do arco de meridiano no sentido Norte, em direção à Dunquerque, e
para o Sul, até a divisa com a Espanha. Tais estudos deixaram claro que
o comprimento do arco é maior para o Sul, definindo a forma de um elip-
soide para a Terra, com seu eixo de rotação maior que o eixo equatorial.
Baseado na Teoria da Gravitação, estabelecida sobre a lei da
gravidade terrestre, Newton contestou tal fato, afirmando que sendo a
Terra composta de três-quartos de água, a massa fluída, devido à rota-
ção da Terra, tenderia a alongar-se no plano equatorial e, consequente-
mente, achatar-se nos polos, resultando em um eixo de rotação menor
do que o eixo equatorial.
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A Figura 6 indica o modelo elipsódico adotado para representar
a forma geométrica do planeta.

Figura 6 - Modelo elipsoidal terrestre

Fonte: Zanetti, 2007.

No ano de 1967, a União Internacional de Geodésia e Geo-


física, em vista de trabalhos mais recentes, recomendou a adoção do
denominado Elipsoide de Referência 1967.

Os parâmetros adotados são:


a = 6.378,160 km
α = 1/298,25
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Esfera

Baseado na imagem formada da projeção da Terra sobre a su-


perfície da Lua, onde acontece o eclipse solar, e das observações da
chegada de navios nos portos, os gregos chegaram à conclusão de que
a forma da Terra era esferoidal.
Utilizando-se de observações simples e cálculos aproximados,
Eratóstenes concluiu que o raio da esfera terrestre teria, aproximada-
mente, valor igual a 6.266 km. Ressalta-se que este valor é muito seme-
lhante àquele atualmente aceito, ou seja, 6.378 km.
O modelo esférico também pode ser utilizado para representar
a superfície terrestre, onde uma esfera particular é a “esfera de adapta-
21
ção de Gauss”.
O Teorema de Gauss (ASÍN, 1990) diz:

Para que um elemento de uma superfície considerada perfeitamente flexível


e indeformável possa ser aplicado sobre um elemento de outra superfície
sem sofrer rompimento, nem dobras é necessário e suficiente que nos cen-
tros dos elementos considerados a curvatura média de ambas as superfícies
seja a mesma (ASÍN, 1990).

Na passagem de elipsoide à esfera, as linhas geodésicas pas-


sam a ser círculos máximos. Dentro de aproximação admissível para
determinadas aplicações, é possível transformar um elemento da su-
perfície do elipsoide em um elemento da esfera. A esfera de adaptação
de Gauss é adotada como superfície de referência pela NBR 14166 –
Rede de Cadastral Municipal – Procedimento.

Figura 7 - Modelo de esfera terrestre

Fonte: Zanetti, 2007.


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Geoide

Pode-se definir como Geoide a superfície equipotencial do


campo da gravidade, melhor ajustado globalmente ao nível médio dos
mares, em uma certa época. É utilizado como referência para as altitu-
des ortométricas (distância contada sobre a vertical, do Geoide até a
superfície física) no ponto considerado.
O geoide é uma forma geométrica idealizada para a Terra, a
qual não possui até então definições geométricas com identidade mate-
mática (formulação analítica), sendo definida pela superfície média dos
mares, suposta em repouso e penetrando por baixo dos continentes.
O sistema de referência é a superfície equipotencial, também de-
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nominada de superfície de nível, caracterizada por apresentar o mesmo
potencial em todos os seus pontos. Por causa das irregularidades na dis-
tribuição das massas do planeta, a forma do Geoide é complexa e pode
ser observada por meio de medições gravimétricas, por toda a superfície.
Tendo o planeta ¾ partes de água, faz-se necessário às observações dos
satélites para auxiliar na determinação do Geoide (ZANETTI, 2007).
A figura 8 ilustra a superfície do geoide.

Figura 8 – Superfície do Geoide

Fonte: <http://kartoweb.itc.nl/geometrics/Reference%20surfaces/body.html>

O conhecimento limitado do campo da gravidade e o equa-


cionamento matemático complexo do Geoide dificultam sua utilização
como superfície de referência geométrica, não sendo adequado para as
redes geodésicas horizontais (VANICEK; KRAKIWSKY, 1986).
A figura 9 mostra uma representação esquemática da superfí-
cie terrestre e das superfícies de referência utilizadas para representá-
-la: geoide, elipsoide e esfera.

Figura 9 – Representação esquemática da superfície terrestre, do geoide, do SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
elipsoide e da esfera

Fonte:<http://geophysics.nmsu.edu/west/introgeophys/05_sea_surface_and_
geoid/>
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As superfícies equipotenciais do campo da gravidade ou su-
perfícies de nível representam o campo da gravidade, sendo o Geoide
uma superfície de nível que se aproxima do nível médio do mar.

As linhas de força ou linhas verticais são perpendiculares a es-


sas superfícies equipotenciais e materializadas, por exemplo, pelo fio de
prumo de um teodolito nivelado no ponto considerado. Já o prumo ótico
ou o prumo a laser de um teodolito não materializam as linhas verticais,
pois não possuem massa, sendo portanto representados por linhas retas.
A reta tangente à linha de força em um ponto simboliza a dire-
ção do vetor gravidade neste ponto, e também é chamada de vertical.

COORDENADAS E AZIMUTES GEODÉSICOS E ASTRONÔMICOS

Os sistemas de referência são usados a fim de descrever as


posições de corpos. Quando é preciso estabelecer a posição de uma
determinada informação na superfície da Terra, são usados os Siste-
mas de Referência Terrestres ou Geodésicos, que estão vinculados a
uma superfície que mais se aproxima da forma da Terra, e sobre a qual
são desenvolvidos todos os cálculos das suas coordenadas. As coorde-
nadas podem ser apresentadas de diversas maneiras: em uma super-
fície esférica recebem a denominação de coordenadas geodésicas e
em uma superfície plana recebem a denominação da projeção, no qual
estão vinculadas, por exemplo, as coordenadas planas UTM (IBGE).
As coordenadas referidas aos Sistemas de Referência Geo-
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désicos são normalmente apresentadas em três formas: cartesianas,


geodésicas (ou elipsoidais) e planas. Como coordenadas geográfica,
tem-se as Geodésicas ou Elipsóidicas, que são latitudes e longitudes
referidas à direção normal; bem como as Astronômicas, que são latitu-
des e longitudes referidas à direção da vertical, ou seja, referenciadas a
um ponto da superfície da Terra (topocêntrica).
Antigamente, os navegadores se localizavam na superfície ter-
restre pela observação dos astros, usando o Sistema de Coordenadas
Geográficas Astronômicas. Hoje, a determinação da posição na super-
fície da Terra é realizada através do rastreio de satélites artificiais, utili-
zando o Sistema de Coordenadas Geográficas Geodésicas.

24
Sistema Global

Pode-se dizer que os sistemas de coordenadas são definidos


em termos de orientação e unidade, sendo a princípio tridimensionais.
Um sistema de coordenadas será global se a sua origem for geocên-
trica. Se a origem não for geocêntrica, o sistema será regional ou local
(COSTA, 1999).

Sistema de Coordenadas Cartesianas Associado ao Sistema Global

Um sistema de coordenadas cartesianas associado ao siste-


ma global é um sistema de coordenadas cartesianas espaciais X, Y, Z,
geocêntrico e fixo a Terra (i.e. girando com ela no seu movimento de
rotação), mostrado na figura 10. É utilizado como sistema de coordena-
das terrestres fundamental (TORGE, 2001). Esse sistema utiliza o eixo
de rotação médio e o plano equatorial médio, devido a alterações no
movimento de rotação da Terra.

Figura 10 – Sistema de Coordenadas Cartesianas Associado ao Sistema


Global

SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: adaptado de < http://www.tigerwave.com/spaceflight/EarthMotion.htm>.

Um sistema de coordenadas cartesianas associado ao sistema


global, caracteriza-se por:

a) origem no geocentro (O), centro de massa da Terra, incluin-


do hidrosfera e atmosfera;
b) o eixo Z é direcionado para o Polo Norte terrestre médio;
25
c) o plano equatorial médio é perpendicular ao eixo Z e contém
os eixos X e Y;
d) o plano XZ é gerado pelo plano do meridiano médio de
Greenwich (Gr), obtido pelo eixo de rotação médio e pelo meridiano
origem de Greenwich;
e) o eixo Y torna o sistema dextrógiro.

Sistema de Coordenadas Esféricas Associado ao Sistema Global

Além de tudo que foi exposto, um ponto do espaço tridimensional


pode ser definido de forma unívoca pelas suas coordenadas esféricas.
As coordenadas esféricas associadas ao sistema global, mos-
tradas na Figura 11, são chamadas r, , , onde r é a distância entre
o geocentro e o ponto P considerado, a latitude e a longitude.

Figura 11 – Coordenadas Esféricas


SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: TORGE, 2001.

Sistemas de Referência Relacionados ao Campo da Gravidade

A grande parte das observações astronômicas e geodésicas é


feita na superfície da Terra e estão vinculadas ao campo da gravidade
terrestre pela vertical local. Devido a isto, é essencial um sistema de
referência relacionado ao campo da gravidade local para representar
estas observações. A direção do vetor gravidade, que é a vertical local
com respeito a um sistema global, está relacionada com a latitude e
26
longitude astronômicas (TORGE, 2001).

Coordenadas Astronômicas

Quando se fala em coordenadas astronômicas, estamos falando


em latitude astronômica e a longitude astronômica . Pode-se encon-
trar também as nomenclaturas “coordenadas geográficas” ou “coordena-
das astronômicas geográficas”, ao invés de “coordenadas astronômicas”.
Latitude astronômica é o ângulo formado pela vertical do
ponto (direção do vetor intensidade da gravidade g) com a sua projeção
equatorial. Por convenção, a latitude é positiva no hemisfério norte e
negativa no hemisfério sul, variando de 0° a +- 90° (GEMAEL, 1999).
Longitude astronômica é o ângulo diedro formado pelo meri-
diano astronômico do ponto (local) com o meridiano origem de Greenwi-
ch (GEMAEL, 1999). Varia de 0° a 360° ou 0° a +- 180°, neste último
caso, convencionalmente considerada positiva se contada por leste de
Greenwich e negativa se contada por oeste de Greenwich. Muitas vezes
a longitude é expressa em unidades de tempo: hora, minutos e segun-
dos, sendo sua variação considerada de 0 h a 24 h ou de 0 h a +- 12h.
Em relação ao plano do meridiano astronômico do ponto, ele
contém a vertical que passa pelo ponto e uma linha paralela ao eixo de
rotação, pois a vertical e o eixo de rotação não são coplanares.
A Figura 12 mostra as coordenadas astronômicas.

Figura 12 – Coordenadas Astronômicas

SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: TORGE, 2001.

27
Sistema de Coordenadas Geodésicas ou Elipsóidicas

Um sistema de coordenadas geodésicas ou elipsóidicas é de-


finido no elipsoide de revolução e possui as seguintes características:

a) a origem situa-se no centro do elipsoide;


b) o eixo Z coincide com o eixo de rotação do elipsoide;
c) o eixo X situa-se na intersecção do plano equatorial do elip-
soide com o plano do meridiano de Greenwich;
d) o eixo Y é escolhido de forma que o sistema seja dextrógiro;

Também é vista, na literatura, a nomenclatura “coordenadas


geográficas elipsóidicas”, ao invés de “coordenadas geodésicas” ou
“coordenadas elipsóidicas”.
Quando se fala em coordenadas geodésicas ou elipsóidicas,
estão definidas a latitude geodésica ou elipsóidica e a longitude geodé-
sica ou elipsóidica, mostradas na Figura 13 (TORGE, 1980).

Figura 13 – Coordenadas Geodésicas


SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: TORGE, 1980.

A latitude geodésica ou elipsóidica do ponto P é definida


como o ângulo entre a normal ao elipsoide que passa por P e o plano
28
equatorial elipsóidico.
A longitude geodésica ou elipsóidica do ponto P é o ângulo
formado entre o eixo X e a projeção sobre o plano equatorial, da normal
ao elipsoide nesse ponto.
A variação das coordenadas geodésicas é a mesma das coor-
denadas astronômicas.

Coordenadas Geodésicas ou Elipsóidicas Espaciais

Quando se deseja definir as coordenadas de um ponto na su-


perfície física da Terra vinculadas ao elipsoide de revolução, elas podem
ser definidas em função de um terceiro elemento, a altitude geométrica
h (PP’). Esta pode ser definida como a distância sobre a normal, entre a
superfície física da Terra e a superfície do elipsoide.
A figura 14 mostra as coordenadas geodésicas ou elipsóidicas
espaciais , e h.

Figura 14 – Sistema de Coordenadas Geodésicas ou Elipsóidicas Espaciais

SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: TORGE, 2001

Azimute Geodésico e Astronômico

Define-se como azimute geodésico de uma direção o ângulo


29
formado entre a porção Norte do meridiano geodésico ou elipsóidico até
a geodésica da direção considerada, no sentido horário, ou por leste.
Varia de 0° a 360°.
A figura 15 ilustra o azimute geodésico da direção AB (AAB) e o
seu contra-azimute A BA. Vale ressaltar que em Geodésia a diferença entre
azimute e contra-azimute não é igual a 180° como em Topografia, devido
ao ângulo entre a seção normal e a geodésica e à convergência meridiana.

Figura 15 - Azimute geodésico.

Fonte: TORGE, 2001.

O azimute astronômico de uma direção é o ângulo formado


entre a porção Sul do meridiano astronômico e a direção considerada,
no sentido horário, ou por oeste. Também varia de 0° a 360°.
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

30
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2013 Banca: ESAF Órgão: DNIT Prova: Técnico de Suporte em
Infraestrutura de Transportes - Topografia Nível: Técnico.
Sobre a Geodésia e a Topografia, são corretas as afirmativas, exceto:
a) a Geodésia e a Topografia possuem o mesmo objetivo, mas diferem
nos fundamentos matemáticos, pois a primeira é baseada na trigono-
metria plana e a segunda na trigonometria esférica.
b) a Geodésia, diferente da Topografia, pode ser utilizada na medição
de qualquer porção do terreno.
c) a Geodésia considera suas medições relativas a um elipsoide ou um
geoide e a Topografia, a um Plano Topográfico.
d) é possível usar instrumentos topográficos e geodésicos em uma me-
dição, se o levantamento exige.
e) Geodésia é a ciência que estuda a forma, as dimensões, o campo de
gravidade da Terra e suas variações temporais, enquanto a Topografia se
limita à descrição de áreas restritas da superfície terrestre.

QUESTÃO 2
Ano: 2019 Banca: CONSULPAM Órgão: Prefeitura de Viana - ES
Prova: Prefeitura de Viana - ES - Auditor de Controle Interno - En-
genharia Civil Nível: Técnico.
Devido às irregularidades da superfície terrestre, utilizam-se mo-
delos para a sua representação, mais simples, regulares e geo-
métricos e que mais se aproximam da forma real para efetuar os
cálculos. Cada um destes modelos tem a sua aplicação, e quanto
mais complexa a figura empregada para a representação da Terra,
mais complexos serão os cálculos sobre esta superfície. Sobre es- SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
ses modelos marque o item INCORRETO:
a) Modelo Esférico - em diversas aplicações a Terra pode ser consi-
derada uma esfera, como no caso da Astronomia. Um ponto pode ser
localizado sobre esta esfera através de sua latitude e longitude. Tratan-
do-se de Astronomia, estas coordenadas são denominadas de latitude
e longitude astronômicas.
b) Modelo Elipsoidal - A Geodésia adota como modelo o elipsoide de
revolução. O elipsoide de revolução ou biaxial é a figura geométrica ge-
rada pela rotação de uma semi-elipse (geratriz) em torno de um de seus
eixos (eixo de revolução); se este eixo for o menor, tem-se um elipsoide
achatado. Mais de 70 diferentes elipsoides de revolução são utilizados
em trabalhos de Geodésia no mundo.
c) O modelo geoidal é o que mais se aproxima da forma da Terra. É
31
definido teoricamente como sendo o nível médio dos mares em repou-
so, prolongado através dos continentes. Não é uma superfície regular,
mas é de fácil tratamento matemático e o mais aproximado e adequado
quando se trata da obtenção de coordenadas tridimensionais utilizando
Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS).
d) Considera a porção da Terra em estudo como sendo plana. É a simplifi-
cação utilizada pela Topografia. Esta aproximação é válida dentro de certos
limites e facilita bastante os cálculos topográficos. Face aos erros decorren-
tes destas simplificações, este plano tem suas dimensões limitadas.

QUESTÃO 3
Ano: 2013 Banca: ESAF Órgão: DNIT Prova: Técnico de Suporte
em Infraestrutura de Transportes - Topografia Nível: Técnico.
Sobre as coordenadas astronômicas e geodésicas de um ponto,
assinale a opção incorreta.
a) As coordenadas astronômicas definem posições de ponto sobre o
geoide, enquanto as coordenadas geodésicas definem posições de
ponto sobre o elipsoide.
b) Para o posicionamento de pontos sobre a superfície física da Terra,
são necessárias: a altitude ortométrica (H), a altitude geométrica (h) e a
altura geoidal (N).
c) A Altitude geométrica de um ponto (h) é a distância contada sobre a
normal entre o ponto considerado e o elipsoide.
d) A diferença entre a latitude astronômica e a latitude geodésica de um
ponto é a componente meridiana do desvio da vertical.
e) A altitude ortométrica de um ponto (H) é a distância, contada sobre a
normal entre o ponto considerado e o geoide.

QUESTÃO 4
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Ano: 2011 Banca: CESGRANRIO Órgão: Petrobras Prova: Técnico


de Exploração de Petróleo I – Geodésia Nível: Técnico.
Na definição de Pizetti, o desvio da vertical é o ângulo formado na
superfície
a) do geoide, entre a tangente à linha de força e a normal ao elipsoide.
b) do geoide, entre a vertical do elipsoide e a normal do geoide.
c) do elipsoide, entre a tangente à linha de força e a normal ao elipsoide.
d) física, entre a vertical do lugar e a normal ao elipsoide.
e) física, entre a vertical do lugar e a normal ao teluroide.

QUESTÃO 5
Ano: 2011 Banca: CESGRANRIO Órgão: Petrobras Prova: Técnico
de Exploração de Petróleo I – Geodésia Nível: Técnico.
32
Em um sistema de coordenadas geodésicas espaciais, a coordena-
da h (altura geodésica) é contada ao longo da
a) normal ao geoide.
b) normal ao elipsoide.
c) linha do meridiano.
d) linha do paralelo.
e) vertical ao geoide.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Para se ter produtos cartográficos detalhados e cada vez mais preciso
são necessários os sistemas de referência espacial e, consequentemen-
te, para se ter um bom sistema de referência espacial é necessário co-
nhecer a forma da Terra. Disserte sobre os principais tipos de representa-
ção da Terra e qual a relação deles com o problema básico da Geodésia.

TREINO INÉDITO
A Geodésia pode ser dividida em:
a) Geodésia Geométrica, Geodésia Física e Geodésia Celeste.
b) Geodésia Georreferenciável, Geodésia Física e Geodésia Celeste.
c) Geodésia Matemática, Geodésia Física e Geodésia Científica.
d) Geodésia Celestial, Geodésia Cartográfica e Geodésia Celeste.
e) Geodésia Geostática, Geodésia Física e Geodésia Astronômica.

NA MÍDIA
DOCENTE DA UFU PASSA A INTEGRAR GRUPO DE REVISORES
DO MAIOR PERIÓDICO DA ÁREA DE GEODÉSIA, CIÊNCIA QUE ES-
TUDA FORMA E DIMENSÕES DA TERRA
Vinícius Rofatto, docente do Instituto de Geografia, do campus Monte
Carmelo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) passou a fazer SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
parte, neste mês, do grupo de revisores do Journal of Geodesy, consi-
derado o maior periódico da área de Geodésia, ciência que estuda a
forma e as dimensões da Terra.
“Isso é um importante marco não somente para a ciência nacional, mas
também para a comunidade UFU”, disse Roffato.
O Journal of Geodesy é uma publicação da International Association of
Geodesy (IAG), organização internacional dedicada ao estudo da geo-
désia, com sede em Munique, Alemanha.
Para a escolha de um revisor, os editores do jornal levam em conta,
por exemplo, a produção científica e a participação do pesquisador na
comunidade internacional.
Fonte: G1 Globo
Data: 12 set. 2021.
33
Leia a notícia na íntegra: https://g1.globo.com/mg/triângulo-mineiro/no-
ticia/2021/09/12/docente-da-ufu-passa-a-integrar-grupo-de-revisores-
-do-maior-periodico-da-area-de-geodesia-ciencia-que-estuda-forma-e-
-dimensoes-da-terra.ghtml

NA PRÁTICA
O posicionamento é a determinação da posição de objetos com relação
a um referencial específico. Corresponde ao posicionamento absoluto
quando as coordenadas são determinadas, diretamente, por um único
receptor. No entanto, quando as coordenadas são determinadas com
relação a um ou mais vértices materializados e com coordenadas co-
nhecidas, o posicionamento é denominado método relativo. O emprego
da tecnologia de posicionamento GNSS apresenta a seguinte classifica-
ção: (1) Posicionamento pelo método absoluto: por ponto simples, por
ponto preciso; (2) Posicionamento pelo método relativo: estático, estáti-
co rápido, semicinemático, cinemático e cinemático em tempo real.

PARA SABER MAIS


Título: A importância dos sistemas geodésicos de referência no cadas-
tramento rural.
Rubira, F. G.; MELO, G. V.; FONSECQ, G. A importância dos sistemas
geodésicos de referência no cadastramento rural. Geografia, Ensino &
Pesquisa, Vol. 20, n.2, p. 147-162. Santa Maria – RS. 2016.
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

34
INTRODUÇÃO AO SISTEMA DE
REFERÊNCIA GEODÉSICO E SUA
EVOLUÇÃO NO BRASIL

SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS


Sabe-se que a Geodésica é conhecida como a ciência que se
ocupa dos estudos e pesquisas ligadas com a definição da forma e
dimensões da Terra. Neste sentido, tem-se que o problema geodésico,
a priori, é eminentemente geométrico, podendo ser, para fins práticos,
reduzido à definição de um sistema de coordenadas, em que a figura da
Terra seja definida a partir da família de pontos descritores da camada
mais externa da superfície terrestre.
Pensando nisto, sugiram duas superfícies para a Terra: a to-
pográfica ou superfície física da Terra, ou seja, o terreno; e a superfície
equipotencial do campo gravitacional terrestre, que coincide com a su-
perfície hipotética dos oceanos, considerados em repouso e livres das
ações e efeitos dos agentes perturbadores, ou seja, o geoide.
Na prática, um Sistema Geodésico de Referência (SGR) pos-
3535
sibilita com que sejam localizados espacialmente pontos de qualquer
feição sobre a superfície terrestre, sendo definido a partir da adoção
de um elipsoide de referência, posicionado e orientado em relação à
superfície terrestre. O desenvolvimento tecnológico propiciou o melho-
ramento dos diversos SGRs existentes, tanto no aspecto de definição
quanto no de realização do sistema. Nesse sentido, sabe-se que a de-
finição do SGR se caracteriza por um conjunto de convenções junto a
um elipsoide ajustado às dimensões da Terra e devidamente orientado,
já por realização entende-se um conjunto de pontos implantados sobre
a superfície física da Terra com coordenadas conhecidas.
Nesse sentido, segundo Dalazoana (2021), tanto as institui-
ções e empresas voltadas à produção cartográfica quanto os usuários
de dados georreferenciados utilizam informações baseadas nos diferen-
tes sistemas de referência e suas realizações que coexistem no Brasil.
Logo, faz-se essencial o conhecimento das características e restrições
de cada um destes sistemas.
Logo, em resumo, um Sistema Geodésico é caracterizado pela
definição de um elipsoide de referência, de um datum e do desvio da
vertical do lugar. O Datum fica determinado pelos parâmetros iniciais:
coordenadas geodésicas de um ponto georreferenciado, uma base geo-
désica e azimute desta base. As coordenadas fixam o ponto no elip-
soide de referência. A base, por sua vez, fornece a escala, enquanto o
azimute orienta o sistema. A vertical, determinada pela direção do fio de
prumo sobre a superfície física da Terra, pode não coincidir com a nor-
mal ao elipsoide. Haverá um desvio, denominado de desvio da vertical.
Ressalta-se também que o centro do elipsoide de referência pode não
coincidir com o centro de massa da Terra.
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

DATUM: é um sistema de referência utilizado para o cômputo


ou correlação dos resultados de um levantamento. Existem dois tipos
de DATUMs: o vertical e o horizontal. O DATUM vertical é uma superfí-
cie de nível utilizada no referenciamento das altitudes tomadas sobre a
superfície terrestre.

A fim de facilitar os cálculos geodésicos, a superfície da Terra


(ou ainda o geoide) é aproximada por um elipsoide de revolução. Por
meio dessa aproximação, surge um sistema de coordenadas geométri-
cas, ou Coordenadas Geodésicas, que pode ser representado pela lati-
36
tude geodésica (f ); longitude geodésica (l ) e a altitude elipsoidal ou geo-
métrica (h). Tal Sistema é proposto por meio da definição de um elipsoide
de revolução de forma, dimensões e orientação arbitrárias. Nesse viés,
tem-se que a determinação de coordenadas é baseada na observação
de grandezas geométricas, tais como ângulos ou direções e distâncias.
Vê-se que, até então, tem-se duas superfícies como representati-
vas da figura terrestre: uma física e uma geométrica. A partir disso, surgem
dois novos problemas oriundos da necessidade de se: (a) exprimir as rela-
ções entre os dois sistemas de coordenadas, o que se resolve com a apli-
cação dos parâmetros definidores do sistema geodésico; (b) reduzir as ob-
servações tomadas na superfície física às suas superfícies de referência.
Vale ressaltar que um elipsoide de referência pode tanto ser de-
finido como também pode ser arbitrado. Como mostrado na Figura 16,
tem-se as superfícies de referência a serem adotadas, podendo ser o es-
feroide ou o elipsoide de revolução para realizar os cálculos geodésicos.

A forma geométrica do elipsoide de revolução é a que mais se


aproxima do Geoide, sendo a que oferece resultados mais exatos. Na
América do Norte e Central se usa o Elipsoide de Clark, enquanto na
América do Sul o Elipsoide de Hayford ainda é usado. No Brasil, ainda
existem mapas com base neste elipsoide.

Em resumo, o sistema geodésico brasileiro começou a ser cria-


do no início do século, com as triangulações para a demarcação das
fronteiras ao Sul do país, por intermédio da Comissão da Carta Geral do SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
Brasil, em 1906. Os trabalhos de medição angular e de distâncias foram
sendo desenvolvidos enquanto se consideravam as determinações da
latitude e da longitude astronômica com referência ao observatório da
Carta em Porto Alegre. A Comissão da Carta Geral do Brasil deu origem
a atual Diretoria de Serviço Gráfico do Exército.
Este primeiro referencial do sistema geodésico Brasileiro tinha
os seguintes parâmetros:
a) Superfície de referência - elipsoide de CLARKE 1866:
a = 6.378.260,400 m
f = 1/294.98

b) Origem:
- Sinal Geodésico do observatório da Carta Geral do Brasil.
37
- Coordenadas Astronômicas:

c) Posição Geoide - Elipsoide

Os levantamentos para as primeiras cartas topográficas da


região foram apoiados nos cálculos de posições geodésicas e foram
realizados para diversos vértices de triangulação. O desenvolvimento
dos trabalhos da Comissão da Carta Geral do Brasil foi impedido por
diversos fatores, principalmente a falta de recursos financeiros.
O primeiro Sistema de Referência Brasileiro (SRB) foi implan-
tado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 17
de maio de 1944. Desde então vem sendo amplamente utilizado por
usuários que necessitam de informações posicionais para diversos tra-
balhos de geoprocessamento que tenham como objetivo o apoio ao ma-
peamento, demarcação de unidades político-administrativas, obras de
engenharia, regulamentação fundiária, posicionamento de plataformas
de prospecção de petróleo, delimitação de regiões de pesquisas geofí-
sicas entre outros (PEREIRA; AUGUSTO, 2004).
Nesse sentido, no final da década de quarenta, o vértice cor-
respondente ao extremo Norte da base de Itararé foi definido como ori-
gem, fixando-se, então, os parâmetros do Sistema Geodésico Brasileiro
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

para efeitos de cálculo por parte do antigo CNG - caracterizado por:

a) Superfície de referência - elipsoide de HAYFORD 1909:


a = 6.378.388,000 m
f = 1/297,0

b) Origem:
- ITARARÉ BN.
- Coordenadas Astronômicas:

38
c) Posição Geoide - Elipsoide

Porém, esta nova definição de parâmetros não durou por muito


tempo, pois foi verificado que as geo-ondulações e componentes do
desvio da vertical tendiam a apresentar-se com valores bastante eleva-
dos. Reunidas as observações astrogeodésicas obtidas até então, con-
cluiu-se pela definição de novo ponto origem agora a nível continental,
gerenciados pela Comissão de Cartografia do Instituto Panamericano
de Geografia e História. Foi assim que no início da década de sessenta
redefinia-se a parametrização do sistema Geodésico Brasileiro, surgin-
do o sistema vinculado à Córrego Alegre, com os seguintes parâmetros:

a) Superfície de referência - elipsoide de HAYFORD 1909:


a = 6.378.388,000 m
f = 1/297,0

b) Origem:
- CORREGO ALEGRE.
- Coordenadas Astronômicas:

c) Posição Geoide - Elipsoide SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Os estudos a nível continental conduziram a definição do Sistema


Geodésico Sul-Americano de 1969, utilizando o elipsoide melhor adaptado
a um conjunto de pontos na América do Sul. A aceitação dos parâmetros
do sistema Sul-Americano concretizou-se em 1977, quando se resolveu
definir o sistema Geodésico Brasileiro à semelhança do Sul-Americano:

a) Superfície de referência - elipsoide de UGGI 1967:


a = 6.378.160,000 m
39
f = 1/298,25

b) Origem:
- CHUA.
- Coordenadas Astronômicas:

- Coordenadas Astronômicas:

c) Posição Geoide - Elipsoide

Os principais sistemas geodésicos brasileiros e que serão mais


bem descritos na próxima unidade são:

- o Sistema de Referência Córrego Alegre,


- o South American Datum (SAD 69)
- o Sistema de Referências Geocêntrico para as Américas
(SIRGAS 2000).
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Moraes et al. (2008) destacam a mudança dos sistemas de


referência no Brasil ao longo do tempo, de origem topocêntrica para
geocêntrica, que segundo os autores acarretou alterações nas coorde-
nadas da rede geodésica.

40
Figura 16 - Superfícies de referência a serem adotadas pelos geodesistas

SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: https://www.icsm.gov.au/education/fundamentals-mapping/datums.

O avanço da Geodésia Espacial fez com que houvesse uma


evolução no estabelecimento dos modelos representativos da Terra,
criando uma associação entre os parâmetros geométricos e os parâme-
tros físicos do campo gravitacional terrestre. Uma solução está no mo-
delo conhecido como Terra Normal, que é um elipsoide de revolução ao
qual se atribui a mesma massa da Terra, incluindo a massa da atmosfe-
ra, a mesma velocidade de rotação da Terra real, além de sua superfície
ser equipotencial (GEMAEL, 1999). A partir disso, os elipsoides de re-
volução fundamentados em observações de satélites são definidos por
parâmetros geométricos e por parâmetros físicos, por exemplo, como o
41
semieixo maior (a), constante gravitacional geocêntrica (GM), velocida-
de angular (ω) e fator dinâmico de forma (J2), podendo ser convertido
no achatamento do elipsoide (SNYDER, 1987 apud DALAZONA, 2011).

CONSTANTES FUNDAMENTAIS E SUA EVOLUÇÃO

Segundo Torge (2001), o comprimento, massa e tempo são as


três grandezas fundamentais da Física, cujas unidades são respectiva-
mente o metro (m), o quilograma (kg) e o segundo (s), sendo definidas
pelo Sistema Internacional de Unidades (SI), estabelecido em 1960 pela
11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) realizada em Paris.
Suas definições estão mostradas no Quadro 2:

Quadro 2 – Definições pelo Sistema Internacional de Unidades (SI).


É o comprimento do ca-
minho percorrido pela
luz no vácuo durante o
METRO
intervalo de tempo de
1/ 299.792.458 do se-
gundo. (CGPM, 1983)
É a unidade de massa; é
igual à massa do protó-
QUILOGRAMA
tipo internacional do qui-
lograma. (CGPM, 1901)
É a duração de
9.192.631.770 períodos
de radiação correspon-
SEGUNDO dente à transição entre
dois níveis hiper-finos do
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

estado sólido do átomo de


césio 133. (CGPM,1967)
Fonte: TORGE, 2001.

O Bureau International des Poids et Mésures (BIPM) é o res-


ponsável pelo estabelecimento e proteção dos padrões de referência
para estas unidades. O BIPM coopera com laboratórios nacionais de
padrões de acordo com as normas de procedimento da Convenção In-
ternacional do Metro (International Meter Conventional) realizada em
1875. Dentre estes laboratórios está o Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO, no Brasil.
Segundo Zanetti (2007), a realização do metro é baseada em
medidas interferométricas (com precisão relativa de 10-12) usando luz
42
estável de alta frequência (estabilizadores laser). O protótipo interna-
cional do quilograma está armazenado no BIPM desde 1889; protóti-
pos nacionais possuem precisão relativa da ordem de 10-9. A Seção de
Tempo do BIPM (desde 1987 Bureau International de l’Heure - BIH) defi-
ne o segundo (precisão relativa de 10-14) e a escala de tempo atômica.
As definições anteriores do metro e do segundo eram basea-
das em medidas naturais. O metro era tido como a décima – milionésima
parte do quadrante meridiano que passava por Paris. Seu comprimento
foi derivado da medida de um arco e realizado em 1799 pelo protótipo
da barra do metro chamada “métre des archives” (metro legal). Outra
Convenção Internacional do Metro fabricou uma versão mais estável
do metro internacional, a barra de “platinum-iridium”, que é preservada
desde 1889 pelo BIPM. Esta definição, cuja precisão é de 10-7, foi vá-
lida até 1960, quando pela primeira vez utilizou-se o comprimento de
onda de uma linha espectral de luz para definir o metro (Zanetti, 2007).
Historicamente, a medida natural para o tempo se tratava da
rotação diária da Terra em torno de seu eixo. O dia solar médio era
determinado por observações astronômicas, e o segundo era definido
como 1/86.400 partes desse dia.
Além disso, utiliza-se o radiano (rad) para medida de ângulos
planos, podendo ser definido do ângulo plano entre dois raios de um
círculo subentendido pelo arco de uma circunferência cujo comprimento
é igual ao raio.
Geodésia e Astronomia usam também graus sexagesimais
com um círculo completo igual a 360º (graus), 1o = 60’ (minutos), 1’=
60” (segundos de arco). Com 2 rad correspondendo a 360º, transfor-
ma-se com facilidade um ângulo em radianos para graus e vice-versa.
Em Geodésia, dentre as constantes fundamentais, tem-se a ve-
locidade da luz no vácuo (c), definida por 299.792.458 ms-1 e a constante SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

gravitacional (G), definida por (6,672 59 +- 0,00085) x 10-11 m3kg-1s-2.

SISTEMAS DE REFERÊNCIA CELESTES E TERRESTRES

Muitas aplicações de Geodésia, geodinâmica, Astronomia e


navegação são dependentes da disponibilidade de referenciais geodé-
sicos adequados. Atualmente, dois sistemas de referências são adota-
dos por convenção: o referencial terrestre e o referencial celeste. Po-
de-se dizer que o primeiro trata de um referencial dinâmico com eixos
coordenados fixos à Terra, enquanto o segundo é um sistema inercial
com eixos fixos no espaço sideral. Os dois sistemas de referências e os
procedimentos intrínsecos a eles estão baseados nas resoluções reco-
43
mendadas e aprovadas pela Assembleia Geral da União Astronômica
Internacional – IAU (International Astronomical Union).

IERS (International Earth Rotation Service)

Segundo Zanetti (2007), o IERS (International Earth Rotation


Service ou Serviço Internacional de Rotação da Terra) foi definido em
1987 pela União Astronômica Internacional (IAU – International Astro-
nomical Union) e União Internacional de Geodésia e Geofísica (IUGG
– International Union of Geodesy and Geophisics) e começou a operar
em 01 de janeiro de 1988. Coleta, analisa e modela observações de
uma rede global de estações astronômicas e geodésicas, operando per-
manentemente ou por um certo período. Dentre as técnicas de observa-
ções estão inclusas o Very Long Baseline Interferometry – VLBI, Lunar
Laser Ranging - LLR, Global Positioning System – GPS, Satellite Laser
Ranging - SLR e Doppler Orbitography and Radiopositioning Integrated
by Satellite – DORIS.
O principal objetivo do IERS é servir às comunidades astronô-
micas, geodésicas e geofísicas, fornecendo as informações abaixo:

Quadro 3 – Informações fornecidas pelo IERS


Objetivos do IERS
O International Celestial
Reference System (ICRS)
1 e sua realização, o Interna-
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

tional Celestial Reference


Frame (ICRF).
O International Terrestrial
Reference System (ITRS)
2 e sua realização o Interna-
tional Terrestrial Reference
Frame (ITRF).
Os parâmetros de rotação
da Terra necessários para
o estudo das variações
3
da orientação da Terra e
a transformação entre o
ICRF e o ITRF.

44
Dados geofísicos para
interpretar variações no
tempo e espaço no ICRF,
4
ITRF ou nos parâmetros
de orientação da Terra e
modelar estas variações.
Padrões, constantes e mo-
delos, isto é, convenções,
5 recomendados para serem
adotados internacional-
mente.
Fonte: TORGE, 2001.

Sistema de Referência Celeste

A origem e os eixos de um referencial, em particular o Referencial


Celeste (RC), não podem ser materializados de forma direta, onde eles
são definidos de uma forma convencional e é essencial definir também
uma estrutura física que sirva de base para a sua materialização. Durante
muito tempo utilizou-se o conjunto de 1535 estrelas do catálogo FK4 cujas
coordenadas uranográficas, ascensão reta e declinação eram definidas.
Este sistema incluía os valores de precessão e da obliquidade da eclíptica
de Newcomb e a teoria da nutação de Woollard (Seeber, 1993).
Um sistema inercial é necessário, a fim de descrever movimen-
tos da Terra e de outros corpos celestes no espaço, inclusive satélites ar-
tificiais. Tal sistema é caracterizado pelas leis do movimento de Newton;
pode estar em repouso ou em movimento linear uniforme sem rotação.
Um sistema fixo ao espaço (sistema de referência celeste) representa
uma aproximação a um sistema inercial e pode ser definido por conven-
ções apropriadas: Conventional Inertial System (CIS – Sistema Inercial
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Convencional). As coordenadas da rede que materializam tal sistema são


obtidas por Astronomia Esférica. A orientação espacial desta rede varia
com o tempo e, consequentemente, é necessário modelar as oscilações.
Recomendado pelo IAU, o Sistema de Referência Celeste Inter-
nacional ou International Celestial Reference System (ICRS) se baseia
na teoria geral da relatividade, usando coordenadas referidas ao tempo
atômico internacional. O ICRS aproxima-se de um sistema inercial con-
vencional (CIS) fixo ao espaço com origem no baricentro do sistema so-
lar. Leva-se em consideração que não existe rotação no sistema global.

45
Figura 17 - Sistema de Referência Celeste Internacional ICRS

Fonte: NICACIO, 2018.

As principais características do ICRS são:

- X aponta para o ponto vernal médio na época J2000.0 (dia


juliano em 1/1/2000);
- Z aponta para o Polo Norte Celeste médio na mesma época;
- Y torna dextrogiro;
- O estabelecimento do CRS era responsabilidade da IAU
(União astronômica Internacional), em 1988 passou para o IERS.

Rede de Referência Celeste Internacional


SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

A partir das direções médias a objetos fiduciais extragalácticos,


estrelas ou rádio-fontes, a Rede de Referência Celeste Internacional ou
International Celestial Reference Frame – ICRF representa a realização
do ICRS.
O sistema estelar é baseado em estrelas do Catálogo Funda-
mental FK5, que fornece as posições médias (, ) e movimento pró-
prio (geralmente 1”/século) de 1535 estrelas fundamentais para a época
J 2000,0 (Zanetti, 2007).
Uma das coisas que tem contribuído significantemente na reali-
zação do CIS (Conventional International System) estelar são as missões
espaciais que têm contribuído. O satélite de Astrometria HIPPARCOS
46
construiu uma rede pela medida de ângulos entre 100.000 estrelas (com
magnitude aparente acima de 9) cobrindo todo o céu. A partir do aper-
feiçoamento dos dados do FK5 e dos resultados do HIPPARCOS, está
sendo desenvolvido o catálogo FK6 com um número menor de estrelas.
O sistema de rádio-fontes possui mais de 600 objetos e é ba-
seado em fontes de rádio extragalácticas (quasars 2 e outras fontes com-
pactas). Devido às grandes distâncias (> 1,5 bilhões de anos luz), estas
fontes não mostram movimento próprio mensurável. As coordenadas das
rádio-fontes são determinadas por rádio astronomia, através da técnica
de posicionamento espacial VLBI (Very Long Baseline Interferometry).

DEFINIÇÃO E REALIZAÇÃO DE SISTEMAS GEODÉSICOS DE RE-


FERÊNCIA

Um sistema geodésico de referência (SGR) se trata de um sis-


tema terrestre convencional (CTS) vinculado a constantes geométricas
e físicas do campo gravitacional.
Um sistema terrestre convencional (CTS - Conventional Terres-
trial System) pode ser definido como um sistema cartesiano geodésico
cuja origem está referente no centro de massa da Terra.

A implantação de um SGR compreende 2 etapas: a definição


do sistema e a sua materialização. A definição do sistema de referência
inclui a escolha do elipsoide de revolução e convenções necessárias
para definir em qualquer momento os 3 eixos cartesianos. A materiali-
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

zação do sistema é feita por um conjunto de coordenadas de estações,


obtidas através de diferentes técnicas de posicionamento, criando a es-
trutura ou rede de referência (em inglês “frame”).

Em relação às redes de referência clássicas, a materialização


da posição planimétrica de pontos na superfície terrestre pode ser reali-
zada por meio de métodos tradicionais como poligonação, triangulação,
trilateração e o posicionamento altimétrico através de nivelamento geo-
métrico ou trigonométrico. Como os posicionamentos horizontal e ver-
tical, de precisão, não ocorrem simultaneamente. Usou-se duas redes
geodésicas de referência, sendo uma horizontal, dando referência para
coordenadas planimétricas como latitude e longitude e outra vertical,
47
usada para referência para a altimetria.
Quanto aos sistemas de referência modernos ou terrestres, a
materialização das coordenadas de pontos na superfície terrestre pode
ser feita usando técnicas espaciais de posicionamento de alta precisão,
fornecendo medidas relacionadas a um sistema cartesiano tridimensio-
nal, com origem no geocentro, mas o componente vertical é referido à
superfície do elipsoide. De maneira similar que nas redes de referência
clássicas, com posicionamento horizontal e vertical não simultâneos,
para a maior parte das aplicações, é necessário o conhecimento da
ondulação geoidal (separação entre o Geoide e o elipsoide) ou o em-
prego de métodos independentes, por exemplo nivelamento geométrico
ou trigonométrico, para referenciar as altitudes.
Independentemente do método utilizado para se representar
ou projetar uma determinada superfície no plano, deve-se adotar uma
superfície que sirva de referência, garantindo uma concordância das
coordenadas na superfície esférica da Terra (Zanetti, 2007). Neste obje-
tivo, escolhe-se uma figura geométrica regular, muito próxima da forma
e dimensões da Terra, a qual permite, mediante a um sistema coorde-
nado, posicionar espacialmente as diferentes entidades topográficas,
sendo tal figura o elipsoide e as coordenadas referidas a ele são deno-
minadas de latitude e longitude geodésicas.
As definições de coordenadas geodésicas de um ponto qual-
quer na superfície do elipsoide são:

- A latitude geodésica é o ângulo contado sobre o meridiano


que passa por P, compreendido entre a normal passante por P e o plano
equatorial.
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

- A longitude geodésica é o ângulo contado sobre o plano equa-


torial, compreendido entre o meridiano de Greenwich e o ponto P.
- A altitude elipsoidal corresponde a distância de P à superfície
da elipsoide medida sobre a sua normal.

Quanto às superfícies mais usadas como referência das altitu-


des, são o geoide e o elipsoide, onde o geoide é a superfície equipoten-
cial que se aproxima melhor do nível médio dos mares, estendida aos
continentes, e o elipsoide é a superfície matemática, sobre a qual estão
referidos todos os cálculos geodésicos. Por questões de conveniência
matemática e de facilidades de representação, utiliza-se em algumas
situações a esfera como uma aproximação do elipsoide.
48
Figura 18 – Diferença entre Geoide e elipsoides (local e global).

Fonte: Estágio na obra, 2021.

Recebem a denominação de altitudes elipsoidais aquelas alti-


tudes referidas ao elipsoide. Um exemplo na obtenção destas altitudes
é através do GPS. As altitudes ortométricas são obtidas por nivelamento
geométrico e são referidas ao geoide. A separação entre as duas superfí-
cies é conhecida por ondulação geoidal, as quais podem ser obtidas atra-
vés de mapas de ondulação geoidais (na forma analítica ou analógica). A
importância dessa entidade reside no fato de que o sistema de altitudes
utilizado no Brasil se refere ao geoide, cabendo, portanto, a necessidade
do seu conhecimento para redução das altitudes obtidas por GPS.
Quanto ao processo de materialização de um sistema de refe-
rência, o processo de estimativa das coordenadas dos pontos físicos com
respeito a definição de um determinado referencial é acompanhado pelo
cálculo de uma rede que relaciona os pontos levantados. O resultado
estabelecido através de um ajustamento de observações é um conjunto
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

de valores de coordenadas para as estações que constituem a materia-


lização do SGR. Usualmente, é comum adotar uma única denominação
para definição e materialização do sistema, como é o caso do SAD69.
Deste modo, vários ajustamentos de redes geodésicas podem ser rea-
lizados em um mesmo referencial definido com diferentes injunções, ou
os mesmos dados podem ser ajustados com respeito a várias definições.

49
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2011 Banca: IFES Órgão: IFES Prova: Professor do Magistério
do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico Geomática Nível: Superior.
Os Sistemas de Referência Geodésicos (SRG) podem ter orienta-
ção topocêntrica, isto é, a origem das coordenadas está na super-
fície terrestre, ou geocêntrica, onde sua origem está no centro de
massa da Terra. São exemplos de SRG geocêntricos:
a) SIRGAS 2000 e WGS 84.
b) SAD 69 e Córrego Alegre.
c) SAD 69 e SIRGAS 2000.
d) Córrego Alegre e SIRGAS 2000.
e) Aratu e WGS84.

QUESTÃO 2
Ano: 2011 Banca: IFES Órgão: IFES Prova: Professor do Magistério
do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico Geomática Nível: Superior.
Os vértices da rede altimétrica do Sistema Geodésico Brasileiro
(SGB) têm como referência o DATUM:
a) SAD 69.
b) Imbituba.
c) SIRGAS 2000.
d) WGS 84.
e) Internacional de Hayford.

QUESTÃO 3
Ano: 2011 Banca: IFES Órgão: IFES Prova: Professor do Magistério
do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico Geomática Nível: Superior.
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

A figura a seguir mostra as três superfícies usadas nos cálculos


e operações geodésicas, representadas por algarismos romanos.
Com base na figura, marque a opção correta.

a) I - elipsoide II - geoide III - superfície terrestre.


50
b) I - geoide II - elipsoide III - superfície terrestre.
c) I - superfície terrestre II - elipsoide III – geoide.
d) I - elipsoide II - superfície terrestre III – geoide.
e) I - superfície terrestre II - geoide III – elipsoide.

QUESTÃO 4
Ano: 2011 Banca: IFES Órgão: IFES Prova: Professor do Magistério
do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico Geomática Nível: Superior.
Sobre as coordenadas geodésicas de um ponto qualquer P na su-
perfície do elipsoide:
I. a latitude geodésica é o ângulo contado sobre o meridiano que passa
por P, compreendido entre a normal passante por P e o plano equatorial.
II. a longitude geodésica é o ângulo contado sobre o plano equatorial,
compreendido entre o meridiano de Greenwich e o meridiano que passa
por P.
III. a altitude elipsoidal ou geométrica corresponde à distância de P na
superfície do geoide medida sobre a sua vertical.
Está correto o que se afirma em:
a) I
b) II
c) I e III
d) I e II
e) I, II III

QUESTÃO 5
Ano: 2011 Banca: IFES Órgão: IFES Prova: Professor do Magistério
do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico Geomática Nível: Superior.
São características de um sistema de coordenadas cartesianas as-
sociado ao sistema global, EXCETO: SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
a) origem no centro de massa da Terra (geocentro), incluindo hidrosfera
e atmosfera.
b) o eixo Z (positivo) é direcionado para o Polo Norte terrestre médio.
c) o plano equatorial médio é perpendicular ao eixo Z e contém os eixos
X e Y.
d) o plano XY é gerado pelo plano do meridiano médio de Greenwich,
obtido pelo eixo de rotação médio e pelo meridiano origem de Greenwich.
e) o eixo Y torna o sistema dextrógiro.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Um Sistema Geodésico se caracteriza pela definição de um elipsoide
de referência, de um datum e do desvio da vertical do lugar. Baseado
no que foi exposto neste capítulo, disserte sobre a evolução do SGB no
51
Brasil e cite principais sistemas geodésicos brasileiros.

TREINO INÉDITO
Qual a sigla usada para o Sistema de Referência Celeste Interna-
cional:
a) ICRS.
b) ICRF.
c) UCS.
d) UTM.
e) SRCL.

NA MÍDIA
IBGE LANÇA MAPA DAS REDES DO SISTEMA GEODÉSICO BRA-
SILEIRO
O IBGE disponibiliza hoje o Mapa das Redes do Sistema Geodésico
Brasileiro (SGB) versão 2020, na escala 1:5 000 000 – na qual 1 cen-
tímetro equivale a 50 quilômetros. O produto é voltado a estudantes
e profissionais da educação, engenharia, georreferenciamento, gestão
pública e estudos científicos.
Fonte: Agência IBGE Notícias
Data: 08 dez. 2020.
Leia a notícia na íntegra: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-
-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/29613-ibge-lan-
ca-mapa-das-redes-do-sistema-geodesico-brasileiro

NA PRÁTICA
Uma das aplicabilidades de sistemas de referência se trata da utilização
de procedimentos técnicos envolvidos na implantação da Rede GNSS
em faixa costeira, onde o objetivo é fornecer subsídios fundamentais
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

aos levantamentos geodésicos destinados ao monitoramento de áreas


costeiras, submetidas à intensa dinâmica e de grande importância
socioeconômica e ecológica. Isto permite com que sejam determina-
das as coordenadas geodésicas e altitudes ortométricas das estações
com precisão decimétrica em relação ao Sistema Geodésico Brasileiro
(SGB), a partir do método de posicionamento relativo e da altimetria por
GNSS. Ainda é possível o estudo de aspectos geodésicos envolvidos
na altimetria por GNSS, tais como: avaliação da situação física e da
densidade das Referências de Nível (RRNN) disponíveis, avaliação ab-
soluta e relativa do modelo geoidal.

PARA SABER MAIS


Título: GA 112 – FUNDAMENTOS EM GEODÉSIA: Cap 3 - Definição de
52
Sistemas Geodésicos de Referência (SGRs) Modernos
Fonte: NICACIO, E. GA 112 – FUNDAMENTOS EM GEODÉSIA: Cap
3 - Definição de Sistemas Geodésicos de Referência (SGRs) Modernos.
Notas de Aula. Universidade Feral do Paraná. Curitiba, 2018.

SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

53
SISTEMA GEODÉSICO
BRASILEIRO
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

SISTEMAS GEODÉSICOS DE REFERÊNCIA GEOCÊNTRICOS E DE


ORIENTAÇÕES LOCAIS: SISTEMA COM DATUM CÓRREGO ALE-
GRE E O DATUM SUL-AMERICANO DE 1969 (SAD 69), A NOVA
REALIZAÇÃO DO SAD 69

Um sistema terrestre convencional (CTS – Conventional Ter-


restrial System) é um sistema cartesiano geodésico cuja origem está
situada no centro de massa da Terra, portanto, também pode ser cha-
mado de global.
Um sistema geodésico regional ou local não geocêntrico rela-
ciona-se a um sistema terrestre convencional através de parâmetros de
translação e rotação.
5454
O Sistema Geodésico SAD 69 (South American Datum 1969)
é realizado a partir de um conjunto de pontos geodésicos implantados
na superfície do país e constituía-se, até o início de 2005, no referencial
para a determinação de coordenadas no território brasileiro.
Para o SAD 69, a imagem geométrica da Terra é definida pelo
Elipsoide de Referência Internacional de 1967, aceito pela Assembleia
Geral da Associação Geodésica Internacional, que ocorreu em 1967,
possuindo os seguintes parâmetros:

Quadro 4 – Características para o SAD69


Elipsoide Internacional de 1967:
a (semieixo maior) = 6.378.160,000m
Figura geométrica para a Terra
f (achatamento) = 1/298,25

Geocêntrica (eixo de rotação para-


lelo ao eixo de rotação da Terra; pla-
no do meridiano origem paralelo ao
plano do meridiano de Greenwich).
Topocêntrica, no vértice da cadeia de
Orientação: triangulação do paralelo 20ºS.
φ = 19º 45’ 41,6527’’ S
λ = 48 º 06’ 04,0639’’ W de Gr
α = 271º 30’ 04,05’’ SWNE para VT- Ube-
raba
N = 0,0 m

Fonte: IBGE.

O referencial altimétrico coincide com a superfície equipoten-


cial que contém o nível médio do mar, definido pelas observações ma- SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
regráficas tomadas no Porto de Imbituba, no litoral do Estado de Santa
Catarina, no período de 1949 a 1957.
O SAD 69 foi estabelecido antes das técnicas espaciais de po-
sicionamento, sendo, portanto, um sistema de referência clássico, cuja
materialização foi realizada por técnicas e metodologias de posiciona-
mento terrestre, destacando-se a triangulação e a poligonação. Possui
caráter regional ou local, não existindo coincidência entre o centro do
elipsoide e o centro de massa da Terra.
Anteriormente à implantação do SAD 69, utilizava-se, no Bra-
sil, o Sistema Geodésico Córrego Alegre, ainda empregado em muitas
cartas disponíveis no país, sendo definido com base no elipsoide in-
ternacional de 1930, cujos parâmetros são f=1/297 e a = 6378388 m,
sendo o ponto origem em Córrego Alegre, Minas Gerais.
55
O estabelecimento e manutenção das estruturas planimétricas
e altimétricas do SGB são atribuições do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), inicialmente através do Decreto-Lei nº 9210
de 29 de abril de 1946 e atualmente pelo Decreto-Lei nº 243, de 28 de
fevereiro de 1967.

SISTEMAS DE REFERÊNCIA TERRESTRES

Os sistemas de referência terrestres, ou modernos, surgiram de-


vido à Geodésia Espacial e possuem características diferentes do DGH,
apresentando também uma parte de definição e outra de materialização.
A definição de um sistema de referência terrestre é feita atra-
vés da adoção de um Sistema Geodésico de Referência (SGR) que
representa a forma e dimensões da Terra em caráter global. Estes sis-
temas fundamentam-se em um Sistema Terrestre Convencional (CTS),
geocêntrico. São derivados de observações do campo da gravidade ter-
restre a partir de observações com satélites e definidos por modelos,
parâmetros e constantes. De tempos em tempos é adotado um novo
SGR pela IUGG (International Union of Geodesy and Geophysics), ba-
seado nas últimas informações sobre o campo gravitacional terrestre e
em aspectos geodinâmicos, como a tectônica de placas. A XVII Assem-
bleia Geral da IUGG, realizada em dezembro de 1979 (DGFI, 2003),
adotou o GRS80 (Geodetic Reference System 1980), atualmente em
vigor, definido pelas constantes: raio equatorial terrestre (equivalente
ao semieixo maior do elipsoide de referência), constante gravitacional
geocêntrica GM (sendo M a massa da Terra), o harmônico zonal de se-
gunda ordem do potencial gravitacional da Terra (J2), ou o achatamento
terrestre (f) e a velocidade de rotação da Terra. O GRS80 é compatível
com as constantes astronômicas do sistema 1976 IAU (International As-
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

tronomical Union). Maiores detalhes sobre os valores das constantes


podem ser encontrados em TORGE (2001).
A materialização de um sistema de referência terrestre geo-
cêntrico também é feita através de redes geodésicas. Os métodos uti-
lizados no estabelecimento de coordenadas são as técnicas espaciais
de posicionamento e orientação, como o VLBI, o SLR, o GPS, o LLR e
o DORIS. Estas técnicas possuem duas vantagens em relação às ter-
restres: o posicionamento tridimensional de uma estação geodésica e a
alta precisão fornecida às coordenadas, surgindo como consequência
uma quarta componente associada, a época t de obtenção das coor-
denadas. Assim, as coordenadas das estações que compõem a mate-
rialização de um sistema de referência terrestre geocêntrico possuem
56
quatro componentes, três de definição espacial e uma de definição tem-
poral. Um exemplo de um sistema de referência terrestre geocêntrico
é o ITRS (IERS Terrestrial Reference System), que é realizado para
certas épocas (por exemplo, 1991, 1994, 1997, 2000), através do IERS
Terrestrial Reference Frame (ITRF).

ITRS (IERS TERRESTRIAL REFERENCE SYSTEM) E ITRF (IERS


TERRESTRIAL REFERENCE FRAME)

Atualmente, o referencial geodésico mais preciso é o ITRS,


cuja materialização é chamada de ITRF. O ITRS é um CTS (Sistema
Terrestre Convencional). O ITRS é materializado periodicamente devido
à variação temporal das coordenadas das estações, com isso sua de-
nominação vem sempre acompanhada do ano em que foi estabelecido
(IBGE, 2000). Detalhes de cada um serão dados a seguir.

ITRS (IERS Terrestrial Reference System)

O ITRS é um CTS (Sistema Terrestre Convencional). O BIH


(Bureau International de L’Heure) estabeleceu em 1984 o BTS84 (BIH
Terrestrial System 1984), baseado em observações VLBI, SLR, LLR e
Doppler, seguindo as resoluções da IUGG (International Union of Geo-
desy and Geophysics) e IAU (International Astronomical Union).
Em 1988 foi criado o IERS, que substituiu o BIH e passou a
realizar o ITRF, com a finalidade de fornecer à comunidade interna-
cional dados atualizados dos ICRS, ITRS e EOPs (IERS EOP – Earth
Orientation Parameters). A realização inicial é denominada ITRF-0, na
qual foi adotada a origem, orientação e escala do BTS87. As seguintes
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

realizações do ITRF são: ITRF-88, ITRF-89, ITRF-90, ITRF-91, ITRF-


92, ITRF-93, ITRF-94, ITRF-96, ITRF-97 e ITRF2000.
Periodicamente, o IERS fornece valores atualizados para estes
sistemas de referência, através de novas materializações da Rede de Re-
ferência Terrestre – ITRF e da Rede de Referência Celeste – ICRS. São
estimadas coordenadas de mais de 100 fontes de rádio e de estações
terrestres que participam do serviço, e parâmetros de rotação da Terra.
O sistema ITRS deve atender às condições de um CTS (Siste-
ma Terrestre Convencional):

- Origem: centro de massa da Terra, incluindo oceano e atmos-


fera;
57
- Eixo Z: direção para o Polo de Referência IERS (IRP), defini-
do pelo BIH (época 1984,0) com base nas coordenadas adotadas pelas
estações BIH;
- Eixo X: na interseção do meridiano de referência IERS IRM
(International Reference Meridian) com o plano que passa pela origem
e normal ao eixo Z. O IRM coincide com o meridiano zero definido pelo
BIH (época 1984,0), com base nas coordenadas adotadas pelas esta-
ções BIH;
- Eixo Y: torna o sistema dextrógiro.

A. 1 apresenta os parâmetros definidores do ITRS, do WGS 84


e do SAD 69.

Tabela 1 – Parâmetros Definidores do ITRS, WGS 84 e SAD 69


PARÂMETROS ITRS WGS 84 SAD 69
Semieixo maior 6378137,0 6378137,0 6378160,0
(m)
Achatamento 298,257222101 298,257223563 298,25
Velocidade angu- 7292115,0 x 10–11 7292115,0 x 10 –11 -
lar da Terra
(rad/s)

Constante 0,3986004418x10 0,3986004418x10 -


gravitacional ^8 ^8
da
Terra (m3/s2)

Fonte: Adaptado de http://lareg.ensg.ign.fr


SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

ITRF (IERS Terrestrial Reference Frame)

A materialização ITRS consiste em um conjunto de coordena-


das cartesianas e velocidades das estações, e a completa MVC (matriz
variância-covariância) destes parâmetros. Os parâmetros de posição
(coordenadas e velocidades) são produzidos a partir de uma combina-
ção de um conjunto de coordenadas e velocidades através das mais
precisas técnicas de posicionamento, por VLBI, SLR, LLR, GPS ou DO-
RIS, provenientes de vários centros de análises. O motivo de combinar
os resultados de várias técnicas diferentes é evitar erros sistemáticos
oriundos de uma técnica específica, sendo a combinação a única ma-
neira de se obter confiabilidade e precisão.
58
Atualmente, as soluções ITRF são publicadas no Technical No-
tes IERS.

A mais recente materialização do ITRS é o ITRF2000, que


consiste em um conjunto de coordenadas cartesianas, acompanhadas
de suas respectivas velocidades. Fazem parte desta realização aproxi-
madamente 800 estações espalhadas pelo globo, cujas coordenadas
foram determinadas por uma ou mais técnicas espaciais de posiciona-
mento: DORIS, GPS, LLR, SLR e VLBI. Os subconjuntos das posições
ajustadas do ITRF2000 e suas velocidades estão disponíveis aos usuá-
rios na internet, pelo endereço http://lareg.ensg.ign.fr.

Um dos objetivos da solução ITRF2000 foi a densificação da


rede. As redes regionais de densificação no ITRF2000 são Alaska, CORS
(Continuosly Operating Reference System), EUREF (European Referen-
ce Frame), REGAL (Reseau GPS permanent dans lês Alpes), RGP (Re-
seau GPS Permanent), SCAR (Scientific Committee on Antarctic Resear-
ch) e SIRGAS (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas).
A rede geodésica europeia (EUREF) consiste em um conjunto
de estações cujas coordenadas são determinadas por GPS, DORIS,
LLR, SLR e VLBI. Desde a semana GPS 834 (janeiro de 1996), a EU-
REF proporciona um ajustamento semanal da rede europeia, com coor-
denadas expressas no sistema ITRF.
A rede CORS contribui com cerca de 80 estações cujas po-
sições são determinadas por GPS, nos Estados Unidos da América e SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
seus territórios.
A rede SCAR colabora com um conjunto de cerca de 50 esta-
ções de diferentes países, na região Antártica.
A rede REGAL é constituída por estações GPS em operação
permanente, instaladas nos Alpes franco-italianos, com a finalidade
de medir deformações e determinar estruturas tectônicas para melhor
compreensão de relações sísmicas.
A RGP é uma rede de estações distribuídas regularmente so-
bre o território francês, coletando dados GPS continuamente.
O Projeto SIRGAS começou em outubro de 1993, em uma reu-
nião realizada em Assunção, Paraguai, com o objetivo de estabelecer
um sistema de referência geocêntrico para a América do Sul. Desde
a sua criação, o projeto contou com o apoio de várias instituições in-
59
ternacionais e contribuição de todos os países sul-americanos. Nesta
reunião, decidiu-se adotar o elipsoide GRS80, além de estabelecer e
manter uma rede de referência e um Datum Geocêntrico.
Nos meses de maio e junho de 1995 foi realizada a primeira
parte do projeto, estabelecendo-se uma rede GPS de alta precisão com
58 estações (rede SIRGAS), cobrindo o continente da América do Sul,
cujas coordenadas estão referidas ao ITRF94, época 1995,4.
A campanha GPS SIRGAS 2000 estabeleceu e observou a
rede de estações GPS de referência vertical SIRGAS, cujo processa-
mento foi efetuado nos centros de processamento SIRGAS no IBGE
(Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e no DGFI
(Deutsches Geodätisches Forschungsinstitut).
A transformação de coordenadas entre o ITRF2000 e outras
materializações deve ser feita através da utilização de parâmetros de
transformação, e tratando-se de referênciais de alta precisão referidos
a uma mesma época, utiliza-se a transformação de Helmert.
No caso de os referenciais possuírem épocas distintas, existe
a necessidade de considerar a taxa de variação das coordenadas com
relação ao tempo. Neste caso, a transformação de Helmert não é sufi-
ciente e aplica-se a transformação de Helmert generalizada. A aplicação
da transformação de Helmert generalizada toma as coordenadas de um
ponto P associadas a um referencial ITRFyy, numa época de referência
(t0), permitindo a obtenção das coordenadas deste ponto referenciadas
a um ITRFzz numa outra época de referência (t).
Para a aplicação da transformação de Helmert generalizada
também deve ser conhecida a velocidade da estação. De acordo com
MONICO (2000), nos casos em que uma realização particular não pro-
porciona as componentes da velocidade da estação, deve-se fazer uso
da teoria de placas tectônicas, utilizando o modelo recomendado pelo
IERS. Atualmente, o modelo recomendado é o NNR-NUVEL-1A (No Net
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Rotation – Northwestern University Velocity model 1A), segundo o qual


a Terra está dividida em várias placas tectônicas, conforme figura 19.

60
Figura 19 – Placas Tectônicas

FONTE: <www.hq.satlink.com/ushuaia/funcardio/seismo.htm>.

As diferenças entre as diferentes versões ITRFyy são de pou-


cos centímetros, irrelevantes para fins cartográficos.
A tabela 2 mostra as coordenadas ITRF97 e ITRF200 das esta-
ções GPS FORT (em Fortaleza) e BRAZ (em Brasília).

Tabela 2 – Comparação entre algumas coordenadas do ITRF97 e ITRF2000


Estação Y (m) X (m) Z (m)
GPS FORTITRF97 4.985.386,640 -428.426,502 -3.954.998,584
GPS FORT 4.985.386,627 -428.426,482 -3.954.998,587
ITRF2000
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
GPS BRAZITRF97 4.115.014,100 -1.741.444,083 -4.550.641,532
GPS BRAZ 4.115.014,087 -1.741.444,061 -4.550.641,532
ITRF2000
Fonte: Adaptado de <http://lareg.ensg.ign.fr>.

WGS 84 (WORLD GEODETIC SYSTEM 1984)

O WGS 84 é o sistema de referência utilizado pelo GPS (MO-


NICO, 2000). Na época da sua criação, o sistema fornecia precisão
métrica em função da limitação fornecida pela técnica de observação
utilizada, o Doppler. Posteriormente, foram realizadas três atualizações
para melhorar a sua precisão, a primeira recebeu a denominação WGS
61
84 (G730), onde a letra “G” indica o uso da técnica GPS e “730” refere-
-se a semana GPS da solução. A segunda versão chama-se WGS 84
(G873). A terceira e atual versão, apresentada pelo NIMA – National
Imagery and Mapping Agency (2003), é denominada WGS 84 (G1150).
Sistema Geodésico Global — “WGS84” também tem como ori-
gem o centro de massa da Terra e os eixos X, Y e Z, têm a mesma
definição que os do ITRS; no entanto, este sistema foi inicialmente ma-
terializado por observações Doppler do sistema TRANSIT, tendo como
época de referência o ano 1984,0. A rede que realizou o WGS84 cons-
tava de 1591 estações, entre elas as cinco estações monitoras do GPS,
conforme descreve Monico (2000).
O Quadro 5 mostra os valores dos parâmetros que transformam
coordenadas no ITRF90 para o WGS84 realizado pelo sistema TRANSIT.

Quadro 5 - Parâmetros que transformam coordenadas no ITRF90 para o


WGS84 realizado pelo TRANSIT
T1 (m) T2 (m) T3 (m) D (ppm) R1 (”) R2 (”) R3 (”)
0,060 -0,517 -0,223 -0,011 0,0183 -0,0003 0,0070
Fonte: McCARTHY, 1992.

A definição do sistema WGS 84 é a mesma do ITRS, a menos


do achatamento (1/f = 298,257223563), sendo um CTS.

Atualmente não existem parâmetros de transformação entre


SIRGAS2000 e WGS 84, pois eles são praticamente iguais, ou seja, DX
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

= 0, DY = 0 e DZ = 0.

Também para o WGS84 têm sido feitos aprimoramentos, ge-


rando o WGS84 (G730), o WGS84 (G873) e mais recentemente, o
WGS84 (G1150).

SISTEMA DE REFERÊNCIA GEOCÊNTRICO PARA AS AMÉRICAS


(SIRGAS200)

Em fevereiro de 2005, o IBGE, responsável pela definição,


implantação e manutenção do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB),
estabeleceu o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
62
(SIRGAS), em sua realização do ano 2000 (SIRGAS2000), como novo
sistema de referência geodésico para o SGB.
A adoção do SIRGAS2000 no Brasil garante a qualidade dos
levantamentos GPS, devido à necessidade de um sistema de referência
geocêntrico compatível com a precisão dos métodos e técnicas de posi-
cionamento atuais e com os demais sistemas adotados em outros países.

A adoção de um referencial geocêntrico no Brasil se constitui


em uma necessidade e atende aos padrões globais de posicionamento,
além de garantir a qualidade dos levantamentos GPS realizados em
todo o território nacional, cria um único referencial geodésico para o
continente americano.

A rede de referência SIRGAS é uma densificação dos marcos


da rede ITRF (lnternational Terrestrial Reference Frame), para a Amé-
rica Latina, e sua materialização foi realizada em várias campanhas
GPS, sendo a primeira em 1995 (SIRGAS95) com 58 estações, a se-
gunda, no ano 2000 (SIRGAS2000), composta de 184 estações. Atual-
mente, está em fase de implantação a rede SIRGAS de Monitoramento
Contínuo (SIRGAS-CON), que será composta de 170 estações, sendo
que 50 pertencem à rede global do IGS (lnternational GPS Service). Os
países da América Latina que utilizarão o SIRGAS são: Argentina, Bolí-
via, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, México,
Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
O SIRGAS 2000 apresenta as seguintes características: SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
- Sistema Geodésico de Referência: Sistema de Referência Ter-
restre Internacional - ITRS (International Terrestrial Reference System);
- Figura geométrica para a Terra: Elipsoide do Sistema Geodési-
co de Referência de 1980 (Geodetic Reference System 1980 – GRS80)
semieixo maior a = 6.378.137 m achatamento f = 1/298,257222101;
- Origem: centro de massa da Terra;
- Orientação: polos e meridiano de referência consistentes em
+/- 0,005” com as direções definidas pelo BIH (Bureau International de
l´Heure) em 1984,0.
- Estações de Referência: as 21 estações da rede continental
SIRGAS2000 estabelecidas no Brasil e a estação SMAR pertencente à
rede Brasileira de Monitoramento Contínuo do Sistema GPS (RBMC),
cujas coordenadas estão disponíveis no endereço http:// www.ibge.gov.br.
63
- Época de referência: 2000,4.
- Materialização: estabelecida por meio de todas as estações
que compõem a Rede geodésica Brasileira, implantadas a partir das
estações de referência.
- Velocidades das estações: em aplicações científicas, para
atualizar as coordenadas de uma estação da época de referência
2000,4 para outra época e vice-versa, deve-se utilizar o campo de velo-
cidades disponibilizado para a América do Sul, no endereço http:// www.
ibge.gov.br, devido a variações provocadas pelo deslocamento da placa
tectônica da América do Sul.
- Referencial altimétrico: coincide com a superfície equipoten-
cial do campo da gravidade da Terra, que contém o nível médio do mar
definido pelas observações maregráficas tomadas no porto de Imbituba,
no litoral de Santa Catarina, de 1949 a 1957.

A figura 20 ilustra a rede SIRGAS2000.


SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

64
Figura 20 – Rede SIRGAS2000

SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: SIRGAS, 2021.

PARÂMETROS DE CONVERSÃO DE COORDENADAS


65
Como já visto, um sistema de referência é composto por uma
figura geométrica que objetiva representar a superfície terrestre, posi-
cionada no espaço, permitindo a localização única de cada ponto da su-
perfície por meio de suas coordenadas tridimensionais, e materializado
por uma rede de estações geodésicas. Logo, tem-se que coordenadas,
como latitude, longitude e altitude, necessitam de um sistema geodési-
co de referência para sua determinação.
O SIRGAS2000 se trata do único sistema geodésico de refe-
rência oficialmente adotado no Brasil, porém, no período de 25 de fe-
vereiro de 2005 a 25 de fevereiro de 2015 permitia-se o uso, além do
SIRGAS2000, dos referenciais SAD 69 (South American Datum 1969) e
Córrego Alegre. Porém, hoje tais referenciais diferentes do SIRGAS2000
não são mais aceitos, por isso a importância de saber os parâmetros de
conversão entre os principais.
Em relação às diferenças entre os referenciais Córrego Alegre
(CA), SAD 69 e o SIRGAS2000, tem-se que a principal delas é que são
sistemas de concepção diferentes, ou seja, enquanto a definição/orienta-
ção do CA/SAD69 é topocêntrica, a definição/orientação do SIRGAS2000
é geocêntrica. Isso quer dizer que o ponto de origem e orientação do CA/
SAD69 está na superfície terrestre, já o geocêntrico adota um referencial
que tem a origem dos seus três eixos cartesianos localizada no centro de
massa da Terra. Outra diferença se trata das técnicas de posicionamento
utilizadas para materialização das redes de referência, por exemplo, para
os sistemas mais antigos foram utilizadas basicamente técnicas clássicas
(triangulação e poligonação), já no SIRGAS2000 foram empregados os
sistemas globais de posicionamento por satélites - GNSS.
Já que o processo de transformação de coordenadas entre siste-
mas de referência por meio de parâmetros de transformação é considera-
do um dos métodos de integração, foram estimados parâmetros de trans-
formação com o objetivo de haver a integração do SAD 69 com o SIRGAS.
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

Tais parâmetros foram estimados observando o modelo matemático de


similaridade e onze estações, sendo elas: Chuá, Curitiba (RBMC), Brasília
(RBMC), Manaus (RBMC), 91696 (rede São Paulo), Presidente Prudente
(RBMC), Cachoeira Paulista (SIRGAS), Rio de Janeiro (SIRGAS), Forta-
leza (RBMC), Viçosa (RBMC) e Bom Jesus da Lapa (RBMC). Foram rea-
lizados testes com 3, 4 e 7 parâmetros, obtendo os seguintes resultados:

66
Figura 21 – Parâmetros de transformação SAD-SIRGAS

Fonte: COSTA, 1999.

Outra aproximação para estes parâmetros foi feita pelo IBGE


no ano de 2000, utilizando o modelo de similaridade e quatro estações
cujas coordenadas eram conhecidas em SAD 69 e em SIRGAS, sendo
elas Curitiba (RBMC), Cachoeira Paulista (SIRGAS), Brasília (RBMC) e
Presidente Prudente (RBMC). Sem levar em consideração as rotações
e o fator de escala, os resultados obtidos são os indicados abaixo:

Figura 22 – Parâmetros de transformação SAD-SIRGAS

Fonte: IBGE, 2000.

Os parâmetros SAD 69/SIRGAS2000 divulgados através da


Resolução do Presidente do IBGE n° 1, de 25/02/2005 (R.PR 01/05),
válidos para transformar coordenadas entre SAD 69/WGS 84 e SAD
69/SIRGAS2000 determinadas por posicionamentos GNSS realizados SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
após 01/01/1994 são:
a) DX = -67,35 m
b) DY = +3,88 m
c) DZ = -38,22 m
É importante ressaltar que os parâmetros de transformação
apresentados anteriormente são parâmetros globais, implicando em di-
ferenças entre o SAD 69 e o SIRGAS não homogêneas sobre o territó-
rio nacional, devido à mudança do elipsoide de referência e no centro
(origem) do sistema de coordenadas. De acordo com COSTA (1999), as
diferenças nas coordenadas planimétricas entre os sistemas SAD 69 e
SIRGAS podem variar de 58 m na região Nordeste até 73 m na região
Sul. Neste caso, considerando um deslocamento médio de 65 m no
contexto nacional, sua correspondência segundo a escala da carta está
67
indicada na figura abaixo.

Figura 23 – Efeito da diferença entre SAD69 e o SIRGAS nas diferentes esca-


las do mapeamento

Fonte: IBGE, 2000.

Pode-se afirmar que a mudança destes referenciais não é


perceptível em mapas de escala muito pequena, como os murais, nos
quais 1 cm equivale a 5 km no terreno. Mas em produtos cartográficos
de escalas maiores, como folhas topográficas e mapeamento cadastral,
a diferença nas coordenadas passa a ser relevante.
Complementando, vê-se que a diferença entre SIRGAS e SAD
69 começa a ser relevante para as escalas maiores ou iguais a 1:250 000,
pois no caso de mapas com a escala 1:250 000, uma variação de 65 m
entre os dois sistemas acarretaria um deslocamento de 0,26 mm, sendo
uma variação extremamente sensível nos produtos em escalas grandes.
Esta integração de um sistema único de referência é importan-
te para evitar diversos problemas, por exemplo os relativos às fronteiras
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

entre países, além de facilitar a integração e o intercâmbio de dados,


entre outros. Nesse sentido, a adoção do sistema único é obrigatória
para qualquer um que necessite receber ou fornecer informações espa-
ciais em escalas relevantes.
Os profissionais que se recusarem a trabalhar com o novo sis-
tema de referência não poderão requisitar uma revisão de limites numa
propriedade, fazer qualquer tipo de questionamento legal utilizando o sis-
tema antigo, nem fornecer/receber dados das concessionárias de servi-
ços públicos para recebimento ou prestação de serviços, entre outros.
Um outro diferencial ao se utilizar do SIRGAS2000 é que, ado-
tando-se o referencial geocêntrico, é possível fazer uso direto da tecno-
logia GNSS, importante ferramenta para a atualização de mapas, nas
obras e atividades de infraestrutura no país, controle de frota de empre-
68
sas transportadoras, navegação aérea, marítima e terrestre em tempo
real. O SIRGAS2000 possibilita atingir uma maior precisão no mapea-
mento do território brasileiro e, por sua vez, no seu ordenamento, bem
como na demarcação de suas fronteiras.

Figura 24 – Diferença entre SAD69 e o SIRGAS quanto a origem do sistema

Fonte: < https://adenilsongiovanini.com.br/blog/converter-sad69-para-sir-


gas2000/>

Em face da evolução relevante das técnicas de posiciona-


mento geodésico, principalmente após o advento dos sistemas GNSS,
pode-se dizer que a precisão de determinação de coordenadas teve
melhora em até três ordens de grandeza, onde, por exemplo, as coor-
denadas das estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo
dos Sistemas GNSS (RBMC) são definidas com precisão milimétrica.
Usando esta precisão como parâmetro, diversos fenômenos atrelados
a movimentos da crosta terrestre, que antes não eram notados, agora SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
são perceptíveis e claramente detectáveis.
No caso do Brasil, o fenômeno que mais contribui para a alte-
ração das coordenadas planimétricas se trata do movimento da placa
tectônica da América do Sul, que provoca um deslocamento de todo o
território para noroeste em um pouco mais de 1 cm/ano. Devido a essa
variação anual, tornou-se necessário vincular uma época de referência
às coordenadas de estações geodésicas determinadas com precisão
milimétrica (ou centimétrica). Para o sistema que usamos hoje foi es-
colhida a época de 2000,4, tendo em vista que corresponde ao período
da campanha SIRGAS, realizada em 2000 (i.e., em maio daquele ano),
quando 184 estações GPS foram observadas em todas as Américas e
Caribe com o objetivo de materialização do novo sistema.
Por fim, vale ressaltar que existem métodos automáticos e gra-
69
tuitos de conversão de sistemas de referência. Dentre os softwares dis-
poníveis, pode-se citar o programa de transformação de coordenadas
ProGriD, o Serviço de Posicionamento por Ponto Preciso (IBGE-PPP) e
a Calculadora INPE.
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

70
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2011 Banca: CESGRANRIO Órgão: Petrobras Prova: Técnico
de Exploração de Petróleo I – Geodésia Nível: Técnico.
Considere os sistemas geodésicos de referência SAD69 e SIR-
GAS2000. Sobre o assunto, analise as afirmativas a seguir.
I - Legalmente, para o Sistema Geodésico Brasileiro, o SAD69 e o
SIRGAS2000 podem ser utilizados em concomitância.
II - Legalmente, para o Sistema Cartográfico Nacional, o SAD69 e o
SIRGAS2000 podem ser utilizados em concomitância.
III - Enquanto a definição/orientação do SAD69 é geocêntrica, a do
SIRGAS2000 é topocêntrica.
É(São) correta(s) APENAS a(s) afirmativa(s)
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

QUESTÃO 2
Ano: 2011 Banca: CESGRANRIO Órgão: Petrobras Prova: Técnico
de Exploração de Petróleo I – Geodésia Nível: Técnico.
Sobre o Sistema de Referência Terrestre Internacional (ITRS – In-
ternational Terrestrial Reference System), é correto afirmar-se que
a) a escala é consistente com o TCT (Tempo Coordenado Topocêntrico).
b) é um sistema espacial que não acompanha a Terra em seu movimen-
to de rotação.
c) o centro de massa é definido usando-se a Terra, com exceção dos SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
oceanos e da atmosfera.
d) sua orientação inicial foi dada por aquela do BIH (Bureau Internatio-
nal de L’Heure) na época 1994,0.
e) suas realizações são designadas por ITRF (International Terrestrial
Reference Frame).

QUESTÃO 3
Ano: 2011 Banca: CESGRANRIO Órgão: Petrobras Prova: Técnico
de Exploração de Petróleo I – Geodésia Nível: Técnico.
Um recurso empregado com crescente frequência é a sobreposi-
ção de vetores em imagens obtidas pelo Google Earth. Quando se
dispõe de um levantamento topográfico representado em coorde-
nadas no sistema SIRGAS com projeção UTM, há coincidência das
71
feições com suas representações nas imagens?
a) Sim, porque ambas estão representadas no mesmo sistema geodésico.
b) Sim, porque os sistemas geodésicos são considerados iguais para
fins práticos.
c) Não, mas coincidirão após uma transformação afim.
d) Não, mas coincidirão após uma transformação de Helmert.
e) Não, mas coincidirão após a compatibilização dos sistemas geodési-
cos e de projeção.

QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Teresina - PI Prova: Téc-
nico de Nível Superior - Engenheiro Agrimensor Nível: Superior.
O conjunto de parâmetros que descreve a relação entre um elipsoi-
de local particular e um sistema de referência geodésico é chama-
do de datum geodésico. O IBGE define como referência geodésica
para o Brasil o datum
a) SIRGAS 2000.
b) WGS 84.
c) SAD-69.
d) Hayford.
e) Córrego Alegre.

QUESTÃO 5
Ano: 2017 Banca: NC-UFPR Órgão: ITAIPU BINACIONAL Prova: Pro-
fissional de Nível Superior Jr - Informática ou Computação – Geopro-
cessamento Nível: Superior.
Segundo o IBGE, desde fevereiro de 2015, o SIRGAS2000 (Sistema
de Referência Geocêntrico para as Américas) é o único sistema geo-
désico de referência oficialmente adotado no Brasil. Esse sistema:
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

a) possibilita a obtenção de coordenadas com maior acurácia posicional


horizontal para as Américas. Contudo, o SAD69 (South American Da-
tum) continua a ser o sistema geodésico que possibilita a obtenção de
coordenadas com maior acurácia vertical.
b) foi adotado para o Brasil por possibilitar a obtenção de coordenadas
diretamente de equipamentos GNSS (Global Navigation Satellite Sys-
tem), o que não era possível com o uso do SAD69 (South American
Datum). Isso melhorou a qualidade da navegação aérea, marítima e
terrestre no Brasil.
c) reduz os problemas envolvidos nas operações de transformações
geométricas, como o observado entre o Datum Córrego Alegre e o
SAD69.
d) difere do WGS84 (World Geodetic System) pelo fato deste ser topo-
72
cêntrico. Por essa razão, o Brasil adota o SIRGAS2000 em detrimento
do WGS84 (que vem implementado nos equipamentos de GNSS – Glo-
bal Navigation Satellite System)
e) foi adotado a partir de fevereiro de 2015, como sistema de transição
para implementação do WGS84 (World Geodetic System), que é utili-
zado mundialmente e já vem implantado nos aparelhos GNSS (Global
Navigation Satellite System).

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Como visto neste capítulo, existem vários sistemas de referência que
podem ser utilizados. Considerando que um profissional fará um levan-
tamento na data atual, disserte sobre qual datum suas coordenadas
estarão vinculadas.

TREINO INÉDITO
Qual é o datum considerado compatível ao WGS84:
a) SAD69.
b) SIRGAS 2000.
c) Córrego Alegre.
d) Chuá.
e) UTM.

NA MÍDIA
MUDANÇA DO REFERÊNCIAL GEODÉSICO VIRA LEI
O Projeto Mudança do Referencial Geodésico deu dois importantes
passos nos primeiros meses desse ano. O primeiro deles foi a publica-
ção do decreto nº 5334/2005 no Diário Oficial da União, em 07/01/2005,
dando nova redação às Instruções Reguladoras das Normas Técnicas
da Cartografia Nacional (Decreto nº 89.817, de 20 de junho de 1984). SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS
O segundo passo deu-se no último dia 25 de fevereiro, com a assi-
natura, pelo Presidente do IBGE, da resolução nº 1/2005, que torna o
Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS2000) a
nova base para o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) e para o Sistema
Cartográfico Nacional (SCN).
A resolução assinada estabelece um período de transição de dez anos,
durante o qual o SIRGAS2000 poderá ser utilizado em concomitância
com os outros sistemas de referência (SAD69 e Córrego Alegre).
Fonte: Agência de Notícias IBGE
Data: 09 mar. 2005.
Leia a notícia na íntegra: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-
-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/12907-asi-mu-
danca-do-referencial-geodesico-vira-lei
73
NA PRÁTICA
Houve uma importante transição no sistema de referência geodésico
brasileiro, onde agora o SIRGAS 2000 é absoluto. Uma vez que todo o
dado geográfico está referenciado sobre um sistema de referência com
certo nível de erro, então, busca-se um sistema com um erro tolerável
às nossas aplicações.
Se olharmos a história da legislação brasileira nessa área, ela sempre
sofreu de severos atrasos de atualização. Enquanto o SAD 69 esta-
va defasado e demorava para ser substituído, o WGS 84 começou a
ser utilizado na prática. Em softwares de SIG, topografia e correlatos
é corriqueira a necessidade de executarmos operações de alteração
do sistema de referência. Devemos, para isto, realizar a transformação
segundo as especificações do IBGE ou, no caso de especialistas, outra
transformação de maior precisão. Mas atenção a estas operações, uma
vez que o uso de uma transformação incorreta pode inserir um erro po-
sicional adicional às coordenadas.

PARA SABER MAIS


Título: Evolução Do Sistema Geodésico Brasileiro - Razões E Impac-
tos Com A Mudança Do Referencial Fonte: Costa, S. M. Evolução Do
Sistema Geodésico Brasileiro - Razões E Impactos Com A Mudança
Do Referencial. 1º Seminário sobre Referencial Geocêntrico no Brasil -
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro/RJ. 2000.
SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

74
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSO

1 2 3 4 5
A C E A B

TREINO INÉDITO
Alternativa Correta: A

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Sabendo que o problema básico da Geodésia é a determinação da figu-


ra e do campo da gravidade externa da Terra e de outros corpos celes-
tes em função do tempo, a partir de observações sobre e exteriormente
às superfícies desses corpos, vê-se a importância na definição das for-
mas de representação da Terra.
Nesse sentido, foram adotadas algumas superfícies de referência uti-
lizadas em levantamentos, como por exemplo, o plano topográfico, o
elipsoide de revolução, a esfera e o Geoide. Matematicamente, em
uma primeira aproximação, as irregularidades da superfície terrestre
podem ser negligenciadas, reduzindo-se o problema à determinação
das dimensões do modelo geométrico mais adequado. Devido a essas
irregularidades da superfície terrestre, adotam-se modelos ou superfí-
cies de referência, mais simples, regulares e com características geo-
métricas conhecidas que permitam a realização de reduções e sirvam SISTEMAS DE REFERÊNCIA - GRUPO PROMINAS

de base para cálculos e representações. Pensando nisso, vê-se que os


principais sistemas de referência tomam como base o uso do elipsoide.

75
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSO

1 2 3 4 5
A B A D D

TREINO INÉDITO
Alternativa Correta: A

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

O primeiro Sistema de Referência Brasileiro (SRB) foi implantado pelo


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 17 de maio
de 1944. Desde então vem sendo amplamente utilizado por usuários
que necessitam de informações posicionais para diversos trabalhos.
Os principais sistemas geodésicos brasileiros que serão abordados na
pesquisa são: o Sistema de Referência Córrego Alegre, o South Ameri-
can Datum (SAD 69) e o Sistema de Referências Geocêntrico para as
Américas (SIRGAS 2000). Vale destacar que a mudança dos sistemas
de referência no Brasil ao longo do tempo, de origem topocêntrica para
geocêntrica, acarretou alterações nas coordenadas da rede geodésica.
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CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSO

1 2 3 4 5
D E E A C

TREINO INÉDITO
Alternativa Correta: B

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Em fevereiro de 2005, o IBGE, responsável pela definição, implantação


e manutenção do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), estabeleceu o
Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), em
sua realização do ano 2000 (SIRGAS2000), como novo sistema de re-
ferência geodésico para o SGB. Desta maneira, todos os levantamentos
feitos a partir dessa data devem estar vinculados ao datum em questão.
A adoção do SIRGAS2000 no Brasil garante a qualidade dos levanta-
mentos GPS, devido a necessidade de um sistema de referência geo-
cêntrico compatível com a precisão dos métodos e técnicas de posicio-
namento atuais e com os demais sistemas adotados em outros países.

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