Relatorio 1708218438542

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Processo: 5644097-67.2021.8.09.

0040

Usuário: OSMAR FERREIRA RIBEIRO JUNIOR - Data: 17/02/2024 22:07:18


EDÉIA - JUIZADO DAS FAZENDAS PÚBLICAS
PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Cumprimento de Sentença/Decisão -> Cumprimento de sentença
Valor: R$ 16.231,96
C
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A
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A

Protocolo n°: 5644097-67.2021.8.09.0040

Natureza: Cobrança

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 31/01/2023 12:42:51
Assinado por HERMES PEREIRA VIDIGAL
Localizar pelo código: 109687625432563873274334751, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/p
Processo: 5644097-67.2021.8.09.0040

Usuário: OSMAR FERREIRA RIBEIRO JUNIOR - Data: 17/02/2024 22:07:18


EDÉIA - JUIZADO DAS FAZENDAS PÚBLICAS
PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Cumprimento de Sentença/Decisão -> Cumprimento de sentença
Valor: R$ 16.231,96
Vistos, etc.

NAFTALI MARTINS DE CASTRO, devidamente qualificado e representado nos autos, promove a presente “AÇÃO DE
COBRANÇA CUMULADA COM DANOS MORAIS” em face do ESTADO DE GOIÁS, também qualificado.

Narra o autor que participou e foi aprovado no processo seletivo simplificado para Vigilante Penitenciário Temporário
(Edital nº 002/2016), tendo prestado serviço como Vigilante Penitenciário no período de 02 de maio de 2016 até 02 de
março de 2018 22 (vinte e dois) meses, com carga horária na forma de escala de 24x72.

Alega que deveria receber o montante de R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) a título de gratificação de risco de
vida, mas no período de 01/01/2017 a 02/03/2018 recebeu apenas R$ 525,00 (quinhentos e vinte e cinco reais).

Pleiteia ao final, pela procedência da ação para condenar o “ESTADO DE GOIÁS ao pagamento da complementação da
gratificação de risco de vida no valor de R$ 225,00 (duzentos e vinte e cinco reais) por mês trabalhado, devidamente
atualizados (INPC-IBGE), corrigidos e acrescidos de juros de mora de 1% (um por cento) a.m., desde a inadimplência,
que atualmente correspondente a importância de R$ 6.231,96 (seis mil duzentos e trinta e um reais e noventa e seis
centavos)”, bem como indenização por danos morais no valor total de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Com a inicial vieram documentos (evento 01).

No evento 4, foi recebida a inicial e determinada a citação do réu.

Devidamente citado (evento 12), o Estado de Goiás apresentou contestação (evento 13), pugnando pela improcedência
dos pedidos do autor.

No evento 16, a parte autora apresentou impugnação à contestação.

Em seguida, vieram-me os autos conclusos.

É o relatório.

DECIDO.

Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, passo ao exame do mérito, diante da ausência de
questões preliminares, por se tratar de matéria unicamente de direito (art. 355, inciso I, do CPC), além de inexistirem
outros pedidos relativos à dilação probatória.

Cinge-se a controvérsia ao possível direito do autor ao pagamento da complementação da gratificação de risco de vida
no valor de R$ 225,00 (duzentos e vinte e cinco reais) por mês trabalhado, no período de 01/01/2017 a 02/03/2018, bem
como a condenação do requerido ao pagamento de danos morais, no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Pois bem. Compulsando os autos, verifica-se que o autor, de fato, foi contratado pelo requerido para desempenhar o
cargo de C. Temporário - Vigilante Penitenciário - SSP, mediante realização de contrato temporário, conforme as fichas
financeiras anuais acostados à inicial (evento 1).

Nesse contexto, tem-se que o vínculo estabelecido entre as partes decorreu de processo seletivo simplificado,
submetendo-se às normas previstas no contrato.

Em relação a gratificação de risco, dispõe o artigo 1º da Lei nº 17.485/2011:

“Art. 1º Fica instituída, na Diretoria-Geral de Administração Penitenciária da Secretaria


de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária, a Gratificação de Risco
de Vida, a ser atribuída por ato de seu titular aos servidores que atendam às

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EDÉIA - JUIZADO DAS FAZENDAS PÚBLICAS
PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Cumprimento de Sentença/Decisão -> Cumprimento de sentença
Valor: R$ 16.231,96
prescrições deste artigo, observado o seguinte:

I – fazem jus à Gratificação o servidor efetivo pertencente ao quadro de pessoal da


Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária, lotado no âmbito da
Unidade a que se refere o caput deste artigo ou para ela cedido, desde que não optante
por subsídio, bem como o empregado público, o ocupante de cargo em comissão e o
contratado por tempo determinado que lá exerçam suas funções;

II - a gratificação prevista neste artigo é fixada em função do grau de exposição ao risco


resultante de contato direto, indireto, continuado ou não, com pessoas submetidas à
privação de liberdade, de acordo com os seguintes valores:

a) R$ 600,00 (seiscentos reais), quando o contato for indireto e não contínuo;

b) R$ 630,00 (seiscentos e trinta reais), quando o contato for indireto e contínuo;

c) R$ 690,00 (seiscentos e noventa reais), quando o contato for direto e não contínuo;

d) R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais), quando o contato for direto e contínuo;

III - a referida gratificação constitui parcela variável da remuneração e não a integrará


para nenhum efeito, bem como não será computada nem acumulada para o cálculo de
qualquer outra vantagem;

IV - a gratificação poderá ser percebida cumulativamente com outra vantagem


pecuniária, salvo se da mesma natureza, caso em que o servidor poderá optar pela que
lhe for mais vantajosa.

d) R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais), quando o contato for direto e contínuo;”

De acordo com os documentos acostados à inicial, verifica-se que o desempenho do autor na atividade do cargo de
vigilante penitenciário restou devidamente comprovada.

Verifica-se, também, que entre maio e dezembro de 2016 o autor recebeu R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) a
título de GRAT. RISCO VIDA - LEI 17.485.

Por outro lado, no restante do período em que desempenhou a função o autor recebeu a quantia de R$ 525,00
(quinhentos e vinte e cinco reais), conforme se da ficha financeira acostada no evento 1.

Portanto, tal como previsto na Lei estadual nº 17.485/2011, artigo 1º, inciso I, o adicional de risco de vida pleiteado é
devido ao requerente por todo o período trabalhado.

Entretanto, tal valor não poderá ser adimplido em montante inferior ao previsto na alínea d, inciso II, do artigo 1º da
mencionada lei (Lei nº 17.485/2011), ou seja, ao montante de R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais), eis que as
atividades exercidas pelo autor foram de contato direto e contínuo com pessoas que se encontravam privadas de sua
liberdade.

Assim, considerando que o autor recebeu apenas a quantia de R$ 525,00 entre no período de janeiro de 2017 a março
de 2018 (evento 1), deverá a parte ré realizar o pagamento da diferença durante o período de vigência do contrato
observando o valor previsto em lei, qual seja, R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais).

Nesse sentido, cito o seguinte julgado:

“ REMESSA NECESSÁRIA. RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. CONTRATO DE


TRABALHO TEMPORÁRIO. VIGILANTE PENITENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE

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EDÉIA - JUIZADO DAS FAZENDAS PÚBLICAS
PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Cumprimento de Sentença/Decisão -> Cumprimento de sentença
Valor: R$ 16.231,96
RISCO DE VIDA. DIFERENÇA DEVIDA. MÍNIMO LEGAL. CONDENAÇÃO CONTRA

A FAZENDA PÚBLICA. JUROS MORATÓRIOS E CORREÇÃO MONETÁRIA.


SENTENÇA CONFIRMADA. 1. À luz do art. 1º da Lei Estadual nº 17.485/2011 fazem
jus ao recebimento de gratificação de risco de vida os servidores temporários
vinculados à Diretoria-Geral de Administração Penitenciária do Estado de Goiás
(DGAP/GO). 2. Na hipótese, incontroversa a prestação de serviço temporária pelo
requerente como vigilante penitenciário, é imperioso o reconhecimento do direito à
gratificação apontada, cujo montante, porém, não poderá ser inferior à quantia mínima
definida na legislação de regência, tal como assentado pelo juízo a quo, cujo
pronunciamento deve ser confirmado nesta instância. 3. Conforme decidido pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 870947,
cuidando-se de condenação judicial contra a Fazenda Pública, de ordem não tributária,
a correção monetária incide com base no Indice de Preços ao Consumidor Amplo
Especial (IPCA-E) e os juros de mora equivalem ao percentual de remuneração
aplicado à caderneta de poupança. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E
IMPROVIDA.” (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO - Recursos - Remessa
Necessária Cível 5332082-58.2020.8.09.0079. Rel. Des(a) DESEMBARGADOR
KISLEU DIAS MACIEL FILHO. Itaberaí - Vara das Fazendas Públicas, julgado em
20/09/2021). Negritei.

No tocante ao pedido de indenização por danos morais, não vislumbro no caso em questão a presença dos requisitos
ensejadores da responsabilização pretendida.

O nosso ordenamento jurídico estabelece hipótese configuradora de aquela perpetrada pelo titular de um direito que, ao
exercê-la, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes (artigos 186 e 187, do Código Civil).

O dano moral consiste na lesão ao bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a
intimidade, a imagem, o bom nome, etc.

Entretanto, ao contrário do que sustenta o autor, a conduta da parte ré não é passível de indenização, uma vez que não
se comprovou o prejuízo moral alegado, não se revelando o pagamento da gratificação de risco de vida em valor inferior
ao devido fato suficiente para configurá-lo.

O desconforto causado pelo pagamento em valor inferior ao devido e pela necessidade de ingresso em juízo não pode
ser considerado como circunstância ensejadora de dano moral para fins de indenização, por não figurar ato ilícito
ofensivo à honra e dignidade do autor, trazendo, ao contrário, mero dissabor, aborrecimento, mágoa ou
descontentamento.

A propósito, destaco o seguinte julgado:

“APELAÇÃO CÍVEL. RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. VIGILANTE PENITENCIÁRIO.


DANO MORAL. INDENIZAÇÃO POR LOCALIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
SENTENÇA ILIQUIDA. 1. O simples pagamento de parcelas trabalhistas a menor
ao servidor público não configura a prática de ato ilícito capaz de impor a
reparação de danos morais por parte da Administração Pública, uma vez
constituir apenas danos de natureza material e mero dissabor temporário,
insuscetível de indenização. (...) APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E DESPROVIDA.
SENTENÇA MANTIDA.” (TJGO, APELAÇÃO 0188930-11.2016.8.09.0100, Rel. Des(a).
JAIRO FERREIRA JUNIOR, 6ª Câmara Cível, julgado em 29/06/2020). Negritei.

Diante do exposto, com fulcro no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, JULGO PARCIALMENTE

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


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Valor: R$ 16.231,96
PROCEDENTE os pedidos contidos na inicial, para:

a) DECLARAR o direito do autor ao recebimento da diferença da gratificação de risco de vida;

b) CONDENAR o ESTADO DE GOIÁS ao pagamento da complementação da Gratificação de Risco de Vida (R$ 750,00
(setecentos e cinquenta reais - Lei Etadual nº 17.485/2011, artigo 1º, inciso II, alínea d), proporcionais ao período
trabalhado exercido entre janeiro de 2017 a março de 2018, com reflexo no 13º salário e adicionais de férias, deduzidos
os valores já pagos por verbas da mesma natureza, observada a prescrição quinquenal, devidamente corrigido pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial – IPCA-E (Recurso Extraordinário - RE 870947), nos termos
da Súmula 162 do STJ, juros de mora igual aos juros aplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei federal nº
11.960, de 29/06/2009 c/c art. 1º-F da Lei Nº 9.494, de 10/09/1997), ou seja, de 0,5% a.m. (meio por cento ao mês), a
contar do trânsito em julgado desta sentença (Súmula 188, STJ c/c art. 167, parágrafo único, do CTN); e,

c) INDEFERIR o pedido de indenização por danos morais.

Sem custas e honorários, nos termos do art. 55, da Lei 9.099/95.

Deixo de submeter a presente sentença ao duplo grau de jurisdição, por força do disposto no artigo 11 da Lei nº
12.153/09.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Edeia-GO, datado e assinado digitalmente.

Hermes Pereira Vidigal

Juiz de Direito

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


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