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Relatorio 1708218438542
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0040
Natureza: Cobrança
NAFTALI MARTINS DE CASTRO, devidamente qualificado e representado nos autos, promove a presente “AÇÃO DE
COBRANÇA CUMULADA COM DANOS MORAIS” em face do ESTADO DE GOIÁS, também qualificado.
Narra o autor que participou e foi aprovado no processo seletivo simplificado para Vigilante Penitenciário Temporário
(Edital nº 002/2016), tendo prestado serviço como Vigilante Penitenciário no período de 02 de maio de 2016 até 02 de
março de 2018 22 (vinte e dois) meses, com carga horária na forma de escala de 24x72.
Alega que deveria receber o montante de R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) a título de gratificação de risco de
vida, mas no período de 01/01/2017 a 02/03/2018 recebeu apenas R$ 525,00 (quinhentos e vinte e cinco reais).
Pleiteia ao final, pela procedência da ação para condenar o “ESTADO DE GOIÁS ao pagamento da complementação da
gratificação de risco de vida no valor de R$ 225,00 (duzentos e vinte e cinco reais) por mês trabalhado, devidamente
atualizados (INPC-IBGE), corrigidos e acrescidos de juros de mora de 1% (um por cento) a.m., desde a inadimplência,
que atualmente correspondente a importância de R$ 6.231,96 (seis mil duzentos e trinta e um reais e noventa e seis
centavos)”, bem como indenização por danos morais no valor total de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Devidamente citado (evento 12), o Estado de Goiás apresentou contestação (evento 13), pugnando pela improcedência
dos pedidos do autor.
É o relatório.
DECIDO.
Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, passo ao exame do mérito, diante da ausência de
questões preliminares, por se tratar de matéria unicamente de direito (art. 355, inciso I, do CPC), além de inexistirem
outros pedidos relativos à dilação probatória.
Cinge-se a controvérsia ao possível direito do autor ao pagamento da complementação da gratificação de risco de vida
no valor de R$ 225,00 (duzentos e vinte e cinco reais) por mês trabalhado, no período de 01/01/2017 a 02/03/2018, bem
como a condenação do requerido ao pagamento de danos morais, no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Pois bem. Compulsando os autos, verifica-se que o autor, de fato, foi contratado pelo requerido para desempenhar o
cargo de C. Temporário - Vigilante Penitenciário - SSP, mediante realização de contrato temporário, conforme as fichas
financeiras anuais acostados à inicial (evento 1).
Nesse contexto, tem-se que o vínculo estabelecido entre as partes decorreu de processo seletivo simplificado,
submetendo-se às normas previstas no contrato.
c) R$ 690,00 (seiscentos e noventa reais), quando o contato for direto e não contínuo;
De acordo com os documentos acostados à inicial, verifica-se que o desempenho do autor na atividade do cargo de
vigilante penitenciário restou devidamente comprovada.
Verifica-se, também, que entre maio e dezembro de 2016 o autor recebeu R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) a
título de GRAT. RISCO VIDA - LEI 17.485.
Por outro lado, no restante do período em que desempenhou a função o autor recebeu a quantia de R$ 525,00
(quinhentos e vinte e cinco reais), conforme se da ficha financeira acostada no evento 1.
Portanto, tal como previsto na Lei estadual nº 17.485/2011, artigo 1º, inciso I, o adicional de risco de vida pleiteado é
devido ao requerente por todo o período trabalhado.
Entretanto, tal valor não poderá ser adimplido em montante inferior ao previsto na alínea d, inciso II, do artigo 1º da
mencionada lei (Lei nº 17.485/2011), ou seja, ao montante de R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais), eis que as
atividades exercidas pelo autor foram de contato direto e contínuo com pessoas que se encontravam privadas de sua
liberdade.
Assim, considerando que o autor recebeu apenas a quantia de R$ 525,00 entre no período de janeiro de 2017 a março
de 2018 (evento 1), deverá a parte ré realizar o pagamento da diferença durante o período de vigência do contrato
observando o valor previsto em lei, qual seja, R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais).
No tocante ao pedido de indenização por danos morais, não vislumbro no caso em questão a presença dos requisitos
ensejadores da responsabilização pretendida.
O nosso ordenamento jurídico estabelece hipótese configuradora de aquela perpetrada pelo titular de um direito que, ao
exercê-la, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes (artigos 186 e 187, do Código Civil).
O dano moral consiste na lesão ao bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, a
intimidade, a imagem, o bom nome, etc.
Entretanto, ao contrário do que sustenta o autor, a conduta da parte ré não é passível de indenização, uma vez que não
se comprovou o prejuízo moral alegado, não se revelando o pagamento da gratificação de risco de vida em valor inferior
ao devido fato suficiente para configurá-lo.
O desconforto causado pelo pagamento em valor inferior ao devido e pela necessidade de ingresso em juízo não pode
ser considerado como circunstância ensejadora de dano moral para fins de indenização, por não figurar ato ilícito
ofensivo à honra e dignidade do autor, trazendo, ao contrário, mero dissabor, aborrecimento, mágoa ou
descontentamento.
Diante do exposto, com fulcro no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, JULGO PARCIALMENTE
b) CONDENAR o ESTADO DE GOIÁS ao pagamento da complementação da Gratificação de Risco de Vida (R$ 750,00
(setecentos e cinquenta reais - Lei Etadual nº 17.485/2011, artigo 1º, inciso II, alínea d), proporcionais ao período
trabalhado exercido entre janeiro de 2017 a março de 2018, com reflexo no 13º salário e adicionais de férias, deduzidos
os valores já pagos por verbas da mesma natureza, observada a prescrição quinquenal, devidamente corrigido pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial – IPCA-E (Recurso Extraordinário - RE 870947), nos termos
da Súmula 162 do STJ, juros de mora igual aos juros aplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei federal nº
11.960, de 29/06/2009 c/c art. 1º-F da Lei Nº 9.494, de 10/09/1997), ou seja, de 0,5% a.m. (meio por cento ao mês), a
contar do trânsito em julgado desta sentença (Súmula 188, STJ c/c art. 167, parágrafo único, do CTN); e,
Deixo de submeter a presente sentença ao duplo grau de jurisdição, por força do disposto no artigo 11 da Lei nº
12.153/09.
Juiz de Direito