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Admirável Chip Novo

Pitty
Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluido em lugar de articulação
Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado,
Mas lá vem eles novamente e eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga...
Não senhor, Sim senhor, Não senhor, Sim senhor

Pane no sistema, alguém me desconfigurou


Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluido em lugar de articulação
Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado,
Mas lá vem eles novamente e eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga...
Não senhor, Sim senhor, Não senhor, Sim senhor
Mas lá vem eles novamente e eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema
PITTY. Admirável chip novo, 2003.
O refrão da música compõe-se de imperativos que nos são ininterruptamente
transmitidos pela televisão, pelo rádio, pela internet, pelos jornais, pelas
revistas, pelos outdoors, por religiões e até pelos nossos amigos. Embora
possamos passar a vida sem perceber, escolhemos entre roupas da marca A
ou B, refrigerante A ou B; carro A ou B, eletrodoméstico A ou B, deus A ou B.
É verdade que há uma escolha, é verdade que podemos escolher por A e não
por B; porém, é verdade também que muitas vezes agimos influenciados
sobre os imperativos que nos foram transmitidos.
A música expressa que as escolhas que fazemos podem estar corrompidas
pelo consumismo contemporâneo, expressa que fazemos escolhas
influenciadas por falsas necessidades, por interesses exteriores a nós mesmos.
Isto é, a comparação feita pela música, entre nós e os robôs, retrata
justamente o modo como somos “programados” a realizar escolhas que
beneficiam interesses que não são necessariamente os nossos, a escolher
coisas que não precisamos, a fazer coisas que podem até estar contrárias a
nossos interesses. E ainda podemos aceitar estas coisas de bom grado: “Não
senhor, Sim senhor, Não senhor, Sim senhor”. Caso não gostemos e fazemos
algo contrário aos imperativos que nos foram transmitidos, a música mostra a
saída que é usada para tudo continuar do modo como está: “Lá vem eles
novamente e eu sei o que vão fazer: reinstalar o sistema”.
Portanto, o problema da liberdade em nossa sociedade é ainda um problema
não resolvido, trataremos neste período justamente das escolhas que fazemos
e que podem ainda não serem suficientes para sermos livres. Segundo a
música, em cada um de nós é como se houvesse um chip, como se não
fôssemos livres.

VAMOS FILOSOFAR...

1 – Quais são os imperativos que a música demonstra que nos são impostos
ininterruptamente?
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2 – Ao escolhermos um produto de uma marca, e não de outra, após sermos


convencidos por uma propaganda, somos livres? Explique.
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3 – Explique como a música, ao comparar-nos com robôs, mostra que não


somos livres.
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4 – Você já foi influenciado por propagandas a adquirir algo que não tinha
muita necessidade? Exemplifique e explique como sua liberdade foi afetada.
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5 – Desenhe um exemplo de propaganda que influencia as pessoas e, assim,


afeta a liberdade delas.

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