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A ORIGEM DA FAMÍLIA HOLANDA NO BRASIL

Os Holandas provêm do holandês Arnau Florentz, ou Arnau de Holanda, nobre que teve completa adaptação ao
Brasil. Era filho de Margaretha Florentz e Hendrick Van Holland, Barão de Rhijnsburg. Consta que Margaretha(*)
seja irmã de Adriano Florentz, Papa Adriano VI, o último Pontífice não-italiano até à eleição de João Paulo II.
Arnau, natural de Utrecht, Holanda, possuía o título de Barão de Theorobonet. Atendeu ao convite de Duarte Coelho
em 1535, trazendo para o Brasil a sua vontade de concorrer para a fundação de uma nova nacionalidade e de
transplantar para os trópicos os progressos dos conhecimentos do seu tempo.

Casou-se em Pernambuco com D. Brites Mendes de Vasconcelos, tendo criado uma família que desde os primeiros
tempos coloniais mostrou grande interesse em engrandecer a nova pátria, colaborando com os demais que tinham os
mesmos interesses e atendendo a todos os reclamos que esta magna empresa exigia dos que a ela se afeiçoavam.
Brites, quando jovem, orfã, ainda em Portugal, contava com valioso apoio familia Real. Conforme Antonio José
Victoriano BORGES DA FONSECA em seu livro Nobiliarchia Pernambucana, de 1748, numa referência a Brites
Mendes de Vasconcelos, diz que a Rainha D. Catarina, mulher de El-Rei D. João III, “a entregara a D. Brites de
Albuquerque quando passou à Pernambuco em companhia de seu marido o Donatário Duarte Coelho,
recomendando-lhe a sua acomodação, ao que generosamente satisfizera D. Brites de Albuquerque, casando-a com
Arnau de Holanda e dando-lhe em dote muitas terras, nas quais fundou Brites Mendes muitos engenhos, que
possuem hoje seus descendentes.”

Do matrimônio de Arnau de Holanda com Brites Mendes de Vasconcelos nasceram: Christóvão, Augustinho, Isabel, Ignez, Anna, Maria e
Adrianna. O Ceará recebeu muitos membros ativos deste clã, representados pelos bisnetos e trinetos de Arnau, que chegaram às praias de
Aracati e Cascavel no decênio inicial do século XVIII. À exemplo de outros parentes e contraparentes, vinham com a idéia de instalar no
Ceará engenhos de açúcar, o que não foi possível; mas dirigindo as suas potencialidades para os outros ramos da indústria pastoril e
agrícola, firmaram-se nas zonas sertanejas de Quixadá e Quixeramobim, no criatório de gado vacum, e pouco mais tarde na serra de
Baturité, introduzindo ali as excelências da cultura elitizante do café. Participaram menos que os antecedentes nas lutas políticas, preferindo
a atividade do campo para demonstrar esta adesão ao progresso do Ceará.

(*) - Nota enviada pelo Dr. Heriberto Carvalho Galvão, Juiz de Direito na cidade do Recife, também descendente de Arnau de Holanda por parte da família Linhares, de
Sobral, Ceará, observa que o Pastor holandês Dr. Frans Leonard Schalkwijk , em extenso trabalho enviado ao Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de
Pernambuco (IAHGP), com pesquisas junto a “Gemeente Archief Utrecht” (GAU), “Rijks Archief Utrecht” (RAU) e outras fontes, concluiu que há possibilidade de
Margaretha Florensz (Margarida Florência) ter sido, na realidade, filha de um dos dois únicos irmãos do Papa Adriano VI - Claes ou Jan Dedel Boeyens. Margaretha
teria se casado com Hendrick van Rhijnsburg (Henrique de Holanda na grafia holandesa) e teria um filho de nome Arnold Hendricksz (Arnau de Holanda), ou Arnoldo,
filho de Henrique. Ainda, segundo esses estudos, Henrique de Holanda teria sido provavelmente um Bailio (magistrado provincial encarregado de defender os bens e
direitos dos nobres) de Rhijnsburg e não Barão, como mostra Borges da Fonseca. Sendo assim, Arnau teria sido sobrinho-neto do Papa Adriano VI e não sobrinho deste,
conforme aponta a maioria dos genealogistas.
Diz ainda o Dr. Heriberto que parte das pesquisas do Dr. Frans Leonard Schalkwijk foram localizadas nos “Transportenbokjes”, contendo dados sobre transferências,
etc., e no “Klapper op de burgers van de stad Utrecht”, contendo referências e nomes dos cidadãos daquela cidade entre l306-l579. “Os documentos consultados
encontram-se em ótimo estado de conservação ou restauração” - relatou o próprio Dr. Schalkwijk. Tal pesquisa foi requerida pelo Instituto Arqueológico, Histórico e
Geográfico de Pernambuco. Disse ainda ter aquele estudioso holandês consultado o “Testamentenklapper” (relação de documentos notariais da época) e o “Centraal
Bureau voor Genealogie” (CBG), em Haia, bem como em livros sobre a nobreza na Holanda, documentação sobre a família Dedel, sobre o Papa Adriano VI, etc.
Acrescenta, ainda, que os DEDEL eram considerados “nobres”, como o próprio nome indica (d´Edel – o nobre), enquanto os BOEYENS-FLORENSZ eram burgueses,
cidadãos conhecidos de Utrecht. Os BOEYENS haviam prosperado, enquanto os DEDEL haviam empobrecido.
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DESCENDENTES DE ARNAU DE HOLANDA

DE ARNAU DE HOLANDA À MARIA DOLORES DE HOLANDA

1. ARNAU DE HOLANDA, filho de Hendrick Van Holland e Margaretha Florentz nasceu em 1515 em Utrecht, Holanda, e faleceu em 24 de
junho de 1614, em Olinda, Pernambuco, Brasil. Casou-se com BRITES MENDES DE VASCONCELOS, filha de BARTHOLOMEU
RODRIGUES MENDES e JOANA DE GOES VASCONCELOS. Brites nasceu em Lisboa, Portugal, cerca de 1525, e faleceu em 19 de
dezembro de 1620, em Olinda, Pernambuco.

Filhos de ARNAU e BRITES:

1. CHRISTÓVÃO de Holanda
2. AUGUSTINHO de Holanda Vasconcelos. Nasceu em 1542, e faleceu em 1600. Juiz Ordinário, patriarca da família Leitão de
Vasconcelos
3. ISABEL de Goes
4. IGNEZ de Goes
5. ANNA de Holanda
6. MARIA de Holanda
7. ADRIANNA de Holanda

2ª Geração
2. CHRISTÓVÃO DE HOLANDA VASCONCELOS, nasceu em Olinda, Pernambuco, e faleceu em 2 de junho de 1614, em Olinda,
Pernambuco. Casou em primeiras núpcias com D. CATHARINA DE ALBUQUERQUE e em segundas núpcias com CLARA DA COSTA,
filha de MANOEL DA COSTA CALHEIROS.

Filhos de CHRISTÓVÃO e CLARA: (segundo casamento)

1. MANOEL de Holanda Calheiros (único filho do segundo casamento)

3ª Geração
3. MANUEL DE HOLANDA CALHEIROS, nasceu em Olinda, Pernambuco. Casou-se com VIOLANTE DE FIGUEIROA, nascida em 1623.

Filhos de MANUEL e VIOLANTE:

1. MANUEL de Holanda Calheiros Filho


2. outros...

4ª Geração
4. MANUEL DE HOLANDA CALHEIROS FILHO. Casou-se com ANTONIA CAMELO DA CUNHA.

Filhos de MANUEL e ANTONIA:

1. CHRISTÓVÃO de Holanda Vasconcelos


2. outros...

5ª Geração
5. CHRISTÓVÃO DE HOLANDA VASCONCELOS, nasceu em 1708. Casou-se com ROSA MARIA DOS ANJOS, nascida em Goyanna,
Pernambuco.

Filhos de CHRISTÓVÃO e ROSA MARIA:

1. ANTONIO MANUEL de Holanda Vasconcelos


2. outros...

6ª Geração
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6. ANTONIO MANUEL DE HOLANDA VASCONCELOS, nasceu no Rio Grande do Norte, e faleceu cerca de 1796. Casou-se com MARIA
ISABEL DE HOLANDA, filha de Sebastião de Holanda Vasconcelos e Benta de Freitas. Maria Isabel nasceu em 27 de julho de 1756 em
Cascavel, Ceará, e faleceu 11 de julho de 1805 em Cascavel, Ceará.

Filhos de ANTONIO MANUEL e MARIA ISABEL:

1. ANTONIO de Holanda Vasconcelos


2. outros...

7ª Geração
7. ANTONIO DE HOLANDA VASCONCELOS, nasceu em 21 de setembro de 1780 em Cascavel, Ceará, e faleceu em 13 de maio de 1841 em
Fortaleza, Ceará. Casou-se com GENOVEVA DE SÁ CAVALCANTI, filha de Estevão José de Souza Uchoa e Maria da Conceição de Barros
Rego. Genoveva nasceu em 29 de setembro de 1796 em Cascavel, Ceará, e faleceu em 22 de março de 1836 em Fortaleza, Ceará.

Filhos de ANTONIO e GENOVEVA:

1. MANUEL ROMUALDO de Holanda


2. outros...

8ª Geração
8. MANUEL ROMUALDO DE HOLANDA, nasceu em 11 de junho de 1808 em Cascavel, Ceará, e faleceu em 11 de março de 1857 em
Fortaleza, Ceará. Casou-se com MARIA AUGUSTA DE HOLANDA. Ela nasceu em 15 de outubro de 1806 em Cascavel, Ceará, e faleceu
cerca de 1875 em Fortaleza, Ceará.

Filhos de MANUEL ROMUALDO e MARIA AUGUSTA:

1. MANUEL ROMUALDO de Holanda Filho


2. outros...

9ª Geração
9. MANUEL ROMUALDO DE HOLANDA FILHO, nasceu em 7 de julho de 1853 em Fortaleza, Ceará, e faleceu em 9 de outubro de 1920
em Baturité, Ceará. Casou-se em primeiras núpcias com sua sobrinha MARIA AMÉLIA de Holanda. Casou-se em segundas núpcias com
FRUTUOSA LOPES, filha de José Raimundo Lopes Cavalcanti e Francisca Furtado de Mendonça. Frutuosa nasceu em 28 de fevereiro de
1861 em Sobral, Ceará, e faleceu em 19 de junho de 1909 em Baturité, Ceará. Casou-se em terceiras núpcias com MARIA (Mariínha)
RAMIRO JUCÁ.

Filhos de MANUEL ROMUALDO FILHO e MARIA AMÉLIA DE HOLANDA (1° casamento):

1. LÍDIA
2. ALICE
3. MARIA (Sinhá)
4. GABRIELA
5. BRÁULIO
6. RAIMUNDO

Filhos de MANUEL ROMUALDO FILHO e FRUTUOSA LOPES (2° casamento):

1. JOSÉ da Frota Hollanda (Zezé), nasceu em 1899 em Guaramiranga, Ceará, e faleceu em 1969 em São Paulo. Casou-se em 1928 com
Zilda Fernandes de Hollanda, natural de Trás os Montes - Portugal. Foram pais de:

José Carlos. Casou-se com Maria de Lourdes. São pais de:


Ricardo Pinheiro de Hollanda

Vera. Casou-se com Francisco Mollo. São pais de:


Carlos Alberto
Vera
Roque Mollo Neto

Maria da Glória (Irmã Beatriz) (foto à direita)

Frederico Guilherme

Manuel Francisco

2. MARIA DE LOURDES (Teteca), casou com Ângelo Sampaio Guimarães. Foram pais de:

Eneida Veja a genealogia de Eneida (foto à direita).

Maria Nílcea Veja a genealogia de Maria Nílcea.

3. MARIA DOLORES, casou-se com João Paulino de Barros Leal Netto (ver descrição abaixo)
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Filhos de MANUEL ROMUALDO FILHO e MARIA RAMIRO JUCÁ (Mariínha) (3° casamento):

1. DRÁULIO Hollanda, nasceu em 1917. General do Exército. Casou com Zenaide Torres. Foram pais de:

Dráulio †

Geórgia

Ieda

Gláucia

Danilo

Antonieta

Ruth

Dario †

2. CLODES Holanda, casou-se com Job Saraiva Furtado. Foram pais de:

Vânia Maria Souza de Holanda Furtado

Hugo Eduardo de Holanda Furtado †. Pai de:


Higor Queiroz de Holanda Furtado

Max Cid de Holanda Furtado

Carlos Henrique de Holanda Furtado

Alberto Jorge de Holanda Furtado

3. AILZA Holanda. Casou com Afonso Monteiro Osório. Foram pais de:

Maria Isabel

Marcia

Afonso Celso

Adriano

Sérgio †

Fernanda

10ª Geração
10. MARIA DOLORES DE HOLANDA, nasceu em 13 de agosto de
1900 no Sítio Montebelo, em Guaramiranga, Ceará, e faleceu em
janeiro de 2002 em Fortaleza, Ceará. Casou-se com JOÃO PAULINO
DE BARROS LEAL NETTO, filho de João Paulino de Barros Leal
Filho e Teresa Bemvinda Gurgel do Amaral. João Paulino Netto nasceu
em 22 de janeiro de 1894 em Quixeramobim, Ceará, e faleceu em 3 de
maio de 1979 em Fortaleza, Ceará.

"Eu não tenho mensagem


minha mensagem é minha vida" (Gandhi)

GALERIA

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Manuel Romualdo de Holanda 1853-1920 / José da Frota Hollanda 1899-1969 / Maria Dolores Holanda de Barros Leal 1900-2002

SÍTIO NOVA HOLANDA, Mulungú, Ceará

SÍTIO MONTEBELO, Guaramiranga, Ceará

SÍTIO MONTEBELO

Resumo histórico
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A 8 de junho de 1900 o Coronel Manuel Romualdo de Holanda era finalmente o proprietário único do Sítio Montebelo.

Esta propriedade, que pertencera a seu irmão, o Cônego Joaquim Romualdo de Holanda (* 26/8/1844
† 22/9/1887), havia sido comprada por este à família do Coronel Francisco de Assis Holanda. Estremava ao
Nascente com o Sítio Abreu, ao Poente com o Sítio Bom Retiro, ao Norte mais uma vez com o Sítio Abreu, e ao Sul
com o Sítio Santinho, pertencente à familia do Dr. Luiz Caracas. Os outros confinantes eram os irmãos Coronel
Sérgio Holanda e Major Flávio Holanda.

Originalmente, toda esta faixa de terras de muitas centenas de hectares pertencera, ainda no final do século XVIII
(1780), à familia Abreu e Lima, gente das margens do Rio S. Francisco que se instalou junto à antiga Aldeia de
Monte-mor o Novo da América (Baturité) quando de sua instalação, antes mesmo de 1764. Aí nasceu o primeiro
menino branco da região, filho de um dos Abreu e Lima.

Nos anos vinte do século XIX, ainda nas mãos dos herdeiros dos primeiros possuidores, foi vendida toda a propriedade à família Queiroz,
parentes dos atuais Holandas, descendentes de Francisco de Holanda. À época, se estendia desde o Abreu até as quebradas da serra.

O Sítio Montebelo, então, foi comprado pelo Cônego Joaquim de Holanda. Falecendo este
em Fortaleza a 22 de setembro de 1887, o Montebelo foi passado às mãos de seus herdeiros, as
irmãs Paulina Maria de Holanda e Maria Augusta de Holanda. A parte de Paulina, por morte
dela, passou às mãos de sua sobrinha Maria Raposo Domingues (Maroquinha) e ao sobrinho
Hildebrando Augusto de Holanda, filho natural de José Augusto de Holanda, irmão delas e
que faleceu solteiro.

A 28 de março de 1898 o Coronel Manuel Romualdo de Holanda, comprou uma parte do


Montebelo que seu irmão e sogro Antonio Romualdo de Holanda havia vendido a Maria
Augusta, por três contos de réis. A parte herdada por Maroquinha também foi comprada por
Manuel Romualdo a 9 de junho de 1898, por quinhentos mil réis. A 8 de junho de 1900,
Manuel Romualdo permutou o seu Sítio Monte Alegre e um roçado de café em outro lugar da
serra pela parte do sobrinho Hildebrando, numa operacão financeira avaliada em quatro
contos de réis.

Para que se entenda a história do Sítio Montebelo, em Guaramiranga, nas mãos da família do Coronel Manuel Romualdo de Holanda desde
o final do Século XIX, faz-se necessário também conhecer a história do Sítio Abreu, tão intrinsicamente ligado a este. Todos, parte da...

...HISTÓRIA TERRITORIAL DO MACIÇO DE BATURITÉ

SÍTIO ABREU

A 2 de março de 1857, compareceu ao escritório do Vigário Raimundo Francisco Ribeiro, o


agricultor e pecuarista José de Holanda Lima para registrar o sítio de sua propriedade na
Serra de Baturité. Dois de seus confinantes já tinham registrado as suas terras: o Santinho,
limite ao Sul e o Canabrava, ao Norte.

A história dessa propriedade é bem antiga, sendo provavelmente dos sítios mais antigos da
zona serrana. Consta nos documento pesquisados, que no ano de 1772 já pertencia ao 1o
tabelião de Baturité , o Capitão José de Abreu e Lima, baiano das margens do Rio São
Francisco e que tinha residência em sítio às margens do Riacho Candéia. Chefiava uma
grande família composta de nove filhos, e dela há ainda muita descendência na região.

A última provisão Régia obtida pelo Cap. Abreu tem a data de janeiro de 1780. Faleceu ele
nesse mesmo ano, entre agosto e outubro. A propriedade serrana que tomou o seu nome foi
conseguida “por descobimento”, expressão que se usava para definir uma posse de terra que
custara o esforço e o sacrificio de escravos e agregados.

No inventário de Abreu e Lima coube esta terra, ainda pouco cultivada de roças e “árvores de espinho” (laranjeiras e limoeiros) a duas
filhas, Ana Maria e Antonia, casadas, respectivamente, com os irmãos Inácio Moreira Barros e Felix da Rocha Moreira, filhos dos primeiros
habitantes do maciço, o casal Inácio Moreira Barros e D. Maria da Rocha Sampaio.

Das mãos destes, em 1821 passou o ABREU para a posse de Antonio Duarte de Queiroz e Miguel Francisco de Queiroz, filhos ambos do
Cap. Antonio Pereira de Queiroz, grande proprietário de fazendas nas margens do Sitiá e em Quixeramobim. Os dois rapazes eram ainda
solteiros, mas, poucos anos depois casaram com primas, filhas do Tenente Inácio Lopes Barreira, outro abastado criador da mesma região.

O preço dessa transação foi de 40$000 (quarenta mil réis), quantia que na época daria para comprar cerca de cinquenta bois. Antonio
Pereira de Queiroz, no seu plano de estabelecer-se definitivamente na serra já adquirira outras propriedades, “terras inúteis” como reza os
documentos de aquisição.
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Em 1845 ocorreu a grande seca que quase dizimou todo o gado do sertão, e muitas vidas humanas foram sacrificadas pela fome que
assolou todo o Nordeste. A salvação dessa tragédia foi o fértil solo da Serra de Baturité, que abrigou quantos tiveram a sorte que se
socorreram dela. Entre dezenas de famílias que para aqui se dirigiram, grande número era de pessoas da família Queiroz, e outras a ela
ligadas. Os Holandas tinham parentesco próximo e se valeram disso para escapar da catástrofe. José de Holanda Lima, filho de Antonio Paz
Lima, era casado com uma irmã dos proprietários do Abreu e com eles negociou uma transação de posse e domínio da terra. Comprou o
Abreu por preço não revelado no documento.

Quando do recadastramento, em 1856 a 57, foi este quem se dirigiu ao vigário para
registrá-la. As extremas eram as mesmas declaradas na transação de 1821, apenas acrescido o
nome Santinho, que na época mais remota estava ainda sem nome, conhecido apenas por
“terras do Xavier”. Na segunda venda, figurava, no entanto, como propriedade de Teotonio
José de Oliveira, avô materno do Dr. João Ramos, do Sr. Júlio Braga e de outros baturiteenses.

José de Holanda Lima casara em 1827 com uma irmã dos antigos proprietários do Abreu e
veio de sua fazenda em Quixeramobim para a serra, trazendo sua família e uma sua cunhada,
irmã de Antonio Holanda Cavalcanti. Este, proprietário do Sítio Boa União, era tio do futuro
primeiro vigário de Guaramiranga, o (então) padre Joaquim Romualdo de Holanda e do Cel.
Manuel Romualdo de Holanda, avô materno de quem escreve estas linhas.

José de Holanda Lima teve muitos filhos, e quase todos se radicaram na serra, proprietários
de sítios na zona de Guaramiranga. São muito conhecidos os sítios Uruguaiana, que ficou
para seu filho Cel. Dadá (Baltazar Lopes Lima), casado com D. Libania Holanda, e Monte Flor, para Clementino de Holanda. Para o filho
Francisco, também conhecido por F. de Holanda, que deu nome a uma estação da Estrada de Ferro de Baturité, ficou o ABREU em sua
maior parte.

Com o falecimento de Francisco de Holanda, os quatrocentos hectares desta rica propriedade foram divididos por seus filhos, ficando uma
parte, que conservou o antigo nome - Abreu, com o Cel. Sérgio de Holanda; o Bom Retiro com o Major Flávio Holanda, a Arábia com José
Raimundo de Holanda e outra parte, com o Dr. Alves Lima, casado com outra filha de Francisco de Holanda. Parte deste sítio foi vendido ao
primo Padre Joaquim de Holanda, e chamou-se Montebelo, sítio que depois da morte do vigário de Guaramiranga (já Cônego), em 1887,
passou às mãos do seu irmão mais moço, o Cel. Manuel de Holanda. (Posteriormente passou a ser propriedade de sua filha Maria Dolores
Holanda de Barros Leal e esposo, João Paulino de Barros Leal Netto, que venderam uma parte para seu filho, Dr. George Barros Leal, e a
outra parte para seu genro, Francisco Risalvo Cavalcante Pinheiro, casado Maria Antoniêtta de Barros Leal Pinheiro, filha de Dolores).
Hoje é propriedade de um neto deste, o Dr. George (Holanda) de Barros Leal (com o falecimento de George, o sítio Montebelo passou a
pertencer à sua filha Eveline de Barros Leal).

O ABREU, com a morte do Cel. Sérgio, passou uma parte, com o nome de Tibagí, para sua filha Cecy, casada com o Agrônomo Dr. Joacy
Palhano, e a casa sede com terras adjacentes, para a outra filha, Wanda, casada com o Dr. Ramir Valente.

Todas as outras frações continuam na posse de seus antigos donos: o Bom Retiro, propriedade do ex-prefeito Flávio Cesar de Holanda; a
Arábia, com os descendentes do Dr. Alves Lima e a parte mais produtiva deste, com os descendentes do Cel. Cornélio de Holanda, o seu filho
Paulo Cornélio, genitor do atual prefeito Dráulio Barsi de Holanda.

Por Vinícius Barros Leal, em 26/8/1997

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Vista a partir do Sítio Nova Holanda, em Mulungú

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GUARAMIRANGA

Pequena cidade serrana


Grande em sua beleza natural
Pedacinho do céu aqui na terra
Linda obra da Criação
Que nos leva à contemplação.

Esta cidade nos aproxima de Deus


Traz para nós paz e tranquilidade
Suas igrejas antigas e belas,
Oferecendo um visual deslumbrante
Tudo é lindo neste lugar
Quem passa por lá, torna a voltar.

Suas montanhas nos mostram


A perfeição do Criador
Seus cafezais e canaviais,
Suas flores e o canto de seus pássaros
É uma exaltação do Amor.

Obrigada, Senhor
Por ser de lá minhas raízes
Povo bom e hospitaleiro,
Alegres, felizes e de muita Fé
Esta cidade tão encantadora,
Situada no Maciço de Baturité.

Por Maria Helena de Barros Leal Saraiva,


em seu livro Conversando com Você.

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CIDADE DE GUARAMIRANGA

Guaramiranga, é-me como um sonho tranqüilo, em que só acontecem cousas boas. Recordá-la, traz-me de volta a magia de minhas férias,
sucessivas, nos idos de 1939, 40 e 41. Na época - a estrada de acesso, era carroçável e se fazia via-Maranguape, Água Verde e, subindo a
serra, tinha, como primeira cidade, Palmácia, dantes Palmeira. Não sei por que, não permanece esta opção, uma vez que, deram melhor trato
a estrada de Baturité. Tudo bem. Estrada asfáltica, mas, por que não, o mesmo a Palmácia? Com o seu alargamento, duplicaria o fluxo
turístico em toda a região Serrana. Quem tem a oportunidade de percorrê-la via aquele município, fica deslumbrado com as paisagens que se
descortinam, de todos os seus contornos. Dizem, até, que lembra a Baviera, com seus lagos, nossos açudes, e as cidades ou aglomerados
humanos, entre os campos, divididos e bem cultivados, lá embaixo, até se perderem de vista...! O período de minha iniciação e amor por
Guaramiranga, como já registrado, data de 39, 40 e 41. Naquele tempo, havia, nada mais e nada menos, do que, sete hotéis, destacando-se,
entre eles, o Macapá, fora da cidade, de Dona Sinhá, o São José, logo no início da rua principal e o Santo Antônio. Quero, nestas alturas,
prestar uma homenagem, a Quincas Alves, por considerá-lo o pioneiro dos super mercados, no Ceará. Com o tino comercial e coragem, ele se
estabeleceu com uma loja -verdadeiro empório- onde, abastecia todos os serranos, do maciço de Baturité. Nem Fortaleza, me faz lembrar,
uma loja comercial daquele porte. Faço, também, o meu registro ao Sr. João Barsi, italiano, mas, brasileiro de coração e que tinha um
estabelecimento comercial, defronte ao Sr. Quincas Alves. Inclusive, ele foi meu vizinho, na Av. Dom Manuel, por um determinado tempo, e
fui contemporâneo de seu filho Ednardo.

O meio de transporte coletivo, com linha regular, era feito por um caminhão misto e o seu proprietário e chofer, o Sr. Uchôa, que tinha como
ponto de parada, partida e residência, na rua subindo para o Convento dos Capuchinhos, outro despertar de beleza e visita obrigatória, aos
visitantes. Quase, vizinho, do Sr. Uchôa, na artéria principal e de esquina, morava o Cel. Xixio, verdadeiro ícone da cidade. Era alto,
corpulento, risonho, brincalhão e sempre comunicativo. Quem caía em sua graça, mesmo farosteiro, recebia o convite para visitar o seu sítio,
não muito distante de sua moradia. Guaramiranga tinha os seus atrativos e passeios, que eram percorridos entre papoulas. E, um dos mais
visitados, era a Garganta, próximo ao Pico Alto, em que se divisava o sertão ardente, contrastando com a temperatura amena, de todo o
maciço, e, via-se a cidade de Caridade. Daqueles anos, ao presente, é bem possível que tenha surgido outras, ou povoados, pois, faz muito
tempo que não renovo este prazer visual! Os sítios que eram visitados, destacavam-se pela sua beleza, pelo potencial econômico e pela
cordialidade de seus proprietários. Primeiro, o Sítio Macapá, em que funcionava o Hotel e, em seguida, o do Cel. Xixio, já mencionados;
havia, a seguir, o Remanso, o Sítio Venezuela, do Dr. Caracas, pela floricultura, possuindo raras espécies de orquídeas.

Já, em sentido contrário, no final da rua principal da cidade, encontrava-se o Sítio Nancy, cujas casas foram demolidas, para sua vitalidade.
Percorrido um quilômetro, aparece o Sítio Monte Flor, tendo, como proprietária, outra Sinhá, cuja fisionomia se tornava em lembrança, pela
alvura de seus cabelos, e pelo sotaque de sua voz, pelos laranjais e cafezais que ocupavam suas terras; em seguida, como quem vai para
Mulungu, havia uma bifurcação que à direita, dava acesso ao Sítio Rio Negro, que diziam ter sido do Sr. Luiz Severiano Ribeiro, ex-
comerciante e domiciliado em Fortaleza, em que se transformou em um magnata dos cinemas nacionais; cito, a seguir, o Sítio Talismã, de
minha mor recordação, aonde passei minhas férias de 40 e 41. Tinha, como proprietários, o Sr. Soares, sua esposa Dona Dudu e sua filha
Dona Zita, casada com o Sr. Edmundo, e considerados uns dos mais bem-sucedidos cafeicultores da região. Os demais filhos, eram
fazendeiros, em Minas Gerais, e nunca os conheci, a não ser, por informação ou retratos.

O Sr. Soares era um homem empreendedor e, entre outras atividades de sobrevivência, possuía uma casa de engenho de cana, de onde saiam
as melhores rapaduras, para consumo local, ou alhures. Após, a morte do casal, de saudosa memória, o Sítio Talismã foi vendido: acabaram
com as árvores de cedro, que protegiam o cafezal, dos ventos; erradicaram os pés de café para tentarem o cultivo da amoreira que
alimentariam o bicho-da-seda; tudo, deu em nada. E hoje, desconheço o seu destino, cuja Fazenda era um verdadeiro Eldorado!

Recordo, ainda, com muita emoção, as férias ali passadas, em que nas noites, eu lia o jornal ´O Nordeste´, para os seus familiares, e que
todos os dias, eu fazia os apontamentos dos trabalhadores e os pagava, aos sábados!

Com estes relatos, é fácil depreender que a saudade ainda me domina os sentimentos e que Guaramiranga continua palpitando em meu
coração, porque, fui surpreendido por suas belezas e a bondade de sua gente. E quem foi feliz, quando infanto-juvenil, sê-lo-á por toda vida!

Por Irmes Gottlieb. Publicado no Diário do Nordeste, edição de 25/04/2005

GUARAMIRANGA é uma cidade serrana diferente e


especial. Chamá-la de Suíça Brasileira é diminuí-la na
vergonha de assumí-la humilde, modesta, hospitaleira e
fantástica, na sua beleza e clima com ares europeu.
Guaramiranga tem os girassóis da Rússia pelas ruas
bucólicas de uma Mouraria; tem a neblina úmida de
Londres e os mistérios embaçados de Praga; tem a gente
humilde da Sicília e o colorido vivo da Sardenha; o clima
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discreto de um fim de outubro na Suíça e o céu azul de
Atenas, mas é Ceará, Brasil, aqui pertinho, no alto da serra,
de caminho de pedra, de água corrente e fria, a se esgueirar
pelos caminhos que os filetes chorados pelos olhos d’agua
vão derramando encosta abaixo até rios e riachos em
derredor Guaramiranga é uma poesia viva ao amanhecer e
uma canção alegre durante o dia. Ao anoitecer é um poema
e à noite uma serenata calma quase uma canção de ninar em
surdina.

(Verde que te quero verde)


“Diário do Nordeste”
Edição de 04/06/1984

O PAPA ADRIANO VI

"Proh Dolor! Quantum refert in quae tempora


vel optimi cujusque virtus incidat"

(Adriano VI retratado por Jan Van Scorel)

ADRIANO VI (Adrian VI, Adriaan VI, Hadrian VI) foi um Papa raramente falado. Foi invariavelmente
ofuscado por outros pontífices “reformadores”, como seu antecessor Leão X e seu sucessor Clemente VII.
Contava com 62 anos de idade ao assumir o pontificado, onde permaneceu por apenas um ano e oito meses.
Tinha profunda devoção à doutrina e à unidade da Igreja, mantendo, ao mesmo tempo, o seu distanciamento da
riqueza que naquela época afluia em Roma, causa dos males que se propunha a combater. Era pobre, quando
comparado aos Papas Medicianos; era humilde, quando comparado aos deliberadamente orgulhosos; era
zeloso, quando comparado aos cínicos.

Adriano nasceu em Utrecht, na Holanda, em 2 de março de 1459. Seus pais, de modestas orígens, o
proporcionaram boa formação religiosa, aprofundada com sua precoce educação pelos Irmãos da Vida Comum.
Contando com o incentivo financeiro de sua benfeitora Margaret de York, a Duquesa da Burgúndia, ele
conseguiu prosseguir nos estudos até ao seu doutorado em teologia na Universidade de Louvain, na Bélgica, em 1491. A maioria de seus
documentos oficiais desapareceram logo após sua morte. Publicou “Quaestiones quodlibeticae” em 1515 e “Quaestiones in quartumPrivacy
sententiarum praesertim circa sacramenta” em 1522. Mais tarde, já Chanceler naquela universidade, foi escolhido pelo Imperador
Maximiliano para ser tutor do seu neto e herdeiro, o futuro Imperador Carlos V. O trabalho de Adriano com seu pupilo resultou no
embasamento católico fervoroso do jovem Imperador, cuja influência, anos depois, se revelaria crucial em sua escolha Papal.

Carlos V nomeou Adriano de Utrecht, governador de Castela e León, onde teve que enfrentar a revolta dos defensores dos privilégios das
cidades e vilas. O Imperador fez que Roma o nomeasse Cardeal de São João e São Paulo, e, logo que pode, o fez Arcebispo de Tortosa. Foi
nesse posto que ele foi encontrado, quando, após a morte de Leão X, 39 Cardeais, em Conclave, unanimemente o escolheram para o Papado,
em 9 de janeiro de 1522.

A eleição deste holandês surpreendeu a todos. Adriano chegou solenemente à Itália


em 29 de agosto de 1522 com a firme determinação de reformar os desarranjos da Igreja
de então, a começar por Roma. Encontrou grandes hostilidades e muita resistência aos
seus interesses. Os humanistas pagãos, caçadores de posições e compradores de
empregos, temeram com razão o austero teólogo, que devotara-se inteiramente a esta
causa. Cortou cruelmente as despesas na Cúria e suprimiu cargos inúteis. Foi enérgico
no pedido de desculpas pela situação de desvirtuamento da Igreja de então, expondo as
falhas da instituição. Um notável exemplo foi sua mensagem à Dieta de Nuremberg, em
25 de novembro de 1522, na qual publicamente condenou “as abominações, os abusos...
e dissimulações” da qual “Corte Romana”de seu tempo era culpada: “raízes profundas e
doenças extensas” que se prolongavam de alto à baixo. O Papa Adriano VI canonizou
Santo Antonio de Florença, o protetor dos pobres, em 31 de maio de 1523.

Um grave surto de peste levou os cardeais a buscarem um clima mais seguro. Essa
ausência fizera perder preciosos meses de trabalho. Permaneceu em Roma, tendo
sobrevivido ao período crítico, mas quando a praga acabou e os cardeiais retornaram,
Adriano adoeceu e veio a falecer a 14 de setembro de 1523, com apenas um ano e oito meses de pontificado. Sua prematura morte impediu de
realizar as suas mudanças. Foi uma tragédia para a Igreja, e, ao mesmo tempo, motivo de celebração por parte de seus opositores. Muitos
romanos festejaram a sua morte, pendurando na porta principal da casa de seu médico uma coroa de flores e um bilhte com as palavras "Al
Liberator della Patria, il Senato e il Popolo Romano" (Ao Libertador da Pátria, o Senado e o Povo Romano), numa insinuação de que o Papa
Adriano VI fora morto por ele.

ASCENDENTES DE ADRIANO VI

ADRIAAN FLORISZOON BOEYENSZ (na grafia holandesa), ou Adrian Florentz, nasceu em 2 de março de 1459 em Utrecht. Ele faleceu
em 14 de setembro de 1523 em Roma.
(NG: O sufixo zoon indica ser “filho de”. Portanto, Floriszoon, significa filho de Floris. Da mesma forma, o sufixo dr indica ser “filha de”,
sendo Lambertsdr, filha de Lamberts).

2ª Geração
FLORIS BOEYENSZ, faleceu em 1469. Casou-se com Geertruida.

Filhos de Floris e Gertruida:

1. Adriaan Floriszoon Boeyensz

3ª Geração
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