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FAMÍLIA CORDEIRO

Henrique Bon

O mais antigo ancestral conhecido de João dos Santos Cordeiro,1 advogado,


procurador da Câmara e fazendeiro estabelecido em Cantagalo pouco depois de 1830, foi
Rosendo dos Santos, seu avô paterno. Este se casaria em data indeterminada com Maria
Cordeiro, com a qual teria em São Salvador, Patriarcado de Lisboa, a João dos Santos
Cordeiro, primeiro da linhagem a levar este nome.
Este último, por sua vez, passaria ao Brasil ainda nos primeiros anos do século XIX,
estabelecendo-se no Rio de Janeiro, aonde viria a se casar na Capela de Nossa Senhora do
Livramento, em 8 de julho de 1816, com Joana Maria de Jesus, batizada em São José, Rio
de Janeiro, filha de João Ribeiro de Almeida e D. Ignácia Maria Caetano de
Figueiredo.2
O casal, a seu turno, teria pelo menos três filhos: Bráulio Jaime Muniz Cordeiro,
José Albano Cordeiro e João dos Santos Cordeiro, homônimo do pai e objeto de nosso
estudo.
Desconhecemos exatamente o período em que este último se desloca para
Cantagalo, afirmando Acácio Ferreira Dias que teria ele sido nomeado professor municipal,
ainda na Regência. De qualquer forma, seu casamento dar-se-á, na fazenda Monte Verde
em 15 de agosto de 1835 (fragmento de Livro de Matrimônios, sem número – Igreja Matriz
de Cantagalo), sendo a noiva Maria Izabel dos Anjos, nascida em 25 de fevereiro de 1811
na vila de N. Senhora da Glória de Valença, filha do poderoso fazendeiro Antonio
Machado Botelho com Margarida Ignácia Joaquina. Era ela neta, portanto, de João
Machado Botelho, nascido na ilha de São Jorge e falecido em 1826, desde 1804 radicado
em terras das novas minas de Cantagalo e posteriormente proprietário da fazenda Monte
Alegre, hoje mais conhecida como fazenda da Torre e situada no municípiode Cordeiro..
Durante longo tempo João dos Santos Cordeiro não será citado nos documentos
cartorários até que, em janeiro de 1853, referido como advogado e morador na vila de
Cantagalo, surge como vendedor de uma casa na rua de Santanna. Teria ele, ao que tudo
indica, vários imóveis na mesma cidade, já que em fevereiro de 1865 e setembro do mesmo
ano, assinalado como fazendeiro, desfaz-se de pelo menos mais três deles, os dois últimos
em favor do médico Herculano Mafra, genro de João Henriques Monteiro (vide). Sabe-se
também que João dos Santos Cordeiro, até falecer em torno de 1876, conservou em sua
propriedade a fazenda Nossa Senhora da Piedade, ou parte dela, em cujo território seria
construída a estação férrea que levaria seu nome, dando origem a cidade de Cordeiro-RJ.
Imensa gleba que se confrontava com a fazenda dos Van Erven, com as Lavrinhas e
com terras da fazenda da Torre, seria a fazenda Nossa senhora da Piedade, após a morte do
proprietário, vendida em grande parte, pelos diversos herdeiros. Assim, temos que Antonio
Alves Cordeiro e sua mulher Maria Josephina, moradores em Santa Rita do Rio Negro, já
em fevereiro de 1877, venderão ao irmão e cunhado José Albano de Almeida Cordeiro,
sua parte nas terras que haviam herdado por morte do pai e sogro João dos Santos
1
Estão em negrito os ancestrais do autor.
2
Agradeço a Luiz Alberto da Costa Fernandes a localização deste matrimônio na Cúria Metropolitana do Rio
de Janeiro.
Cordeiro, gleba esta “encravada nas terras da fazenda Nossa Senhora da Piedade”,
confrontando com Antonio van Erven, João Machado Botelho (filho homônimo do
patriarca da família Machado Botelho), Fortunato Barbosa Velloso e o comendador Manoel
Pereira de Souza Junior. Nesta transação figurará outro dos filhos de João dos Santos
Cordeiro, Manoel Rosendo Cordeiro como uma das testemunhas. Em maio do mesmo ano,
Antonio Alves Cordeiro venderá a Collecto da Silva Freire, mais uma parte de sua herança,
limítrofe a fazenda das Lavrinhas, constando nela, além das terras remanescentes, uma
fração do engenho, moinho, rego e açude, existentes na fazenda.

Genealogia:

1- João dos Santos Cordeiro, filho de João dos Santos Cordeiro e Joanna Maria de
Jesus, era natural da freguesia do Santíssimo Sacramento, Rio de Janeiro e se casou na
fazenda Monte Verde3 em 15/08/1835 com Maria Izabel dos Anjos (Machado Botelho),
nascida em 25/02/1811 na vila de N. Senhora da Glória de Valença. Era ela filha de
Antonio Machado Botelho e Margarida Ignácia Joaquina (vide Machado Botelho).
João dos Santos Cordeiro, a seu turno, era advogado, foi procurador da Câmara Municipal
de Cantagalo e proprietário da fazenda N. S. da Piedade, em cujo território se localizaria a
futura cidade de Cordeiro. Faleceu em torno de 1876.
1.1- João, n. 27/11/1837. Pad: o avô mat. Tenente Antonio Machado Botelho.
1.2- Antonio Machado Cordeiro bat. aos 23/07/1839 em Cantagalo.Cas.em São
Francisco de Paula, aos 06/07/1867 com a prima Delfina Maria da Conceição
Botelho. Em 1904 teria ela requerido divórcio, obtendo-o.
1.2.1- João, bat. em Cantagalo, aos 20/02/1870.
1.2.2- Manuel, bat. em Cantagalo aos 15/01/1875
1.2.3- João, bat. em Cantagalo aos 23/11/1875.
1.3- Feliciano Cordeiro bat. aos 23/01/1841(?) em Cantagalo
1.4- Ernesto Cordeiro fal. aos 12/03/1842 em Cantagalo
1.5- José Cordeiro bat. 01/04/1843
1.6-José Albano de Almeida Cordeiro bat. 31/01/1844 em Cantagalo. Cas. com Maria
Joaquina Gonçalves. José Albano foi proprietário de uma parcela da fazenda N. S. da
Piedade, parte por herança paterna, parte por compra. Radicou-se em Vargem Grande,
distrito de São Sebastião do Paraíba, onde faleceu em 17/11/1899, estando sepultado no
cemitério público local. Era viúvo por ocasião do falecimento e deixou sete filhos:
1.6.1- Nilo, n. 1870.
1.6.2- Delphina, n. 27/11/1871 e f. 01/1950. Cas. com Antonio Augusto Henriques
Monteiro em 1889 no Carmo, filho de Veríssimo Henriques Monteiro e Carolina
Leopoldina Teixeira (ou de Souza) - (vide descendência em Henriques Monteiro)
1.6.3- Manoel, n. 1874.
1.6.4- Maria, n. 1876.
1.6.5- José, n. 1878.
1.6.6- Celina, 1882.
1.6.7- Sebastião n. 1887.
3
É provável que tenha havido um erro de transcrição do oficiante quanto ao nome da fazenda, uma vez que
ele assenta fazenda Monte Verde “propriedade de Antonio Machado Botelho”. Neste caso o nome correto
seria Monte Alegre. A fazenda Monte Verde, situada em território hoje pertencente a S. Sebastião do Alto, era
propriedade de Joaquim Machado Botelho, irmão de Antônio.
1.7-Maria Cordeiro bat. 18/04/1844
1.8-Adelaide Cordeiro bat. 11/01/1847
1.9-Adelaide bat. 29/01/1846 em S. Francisco de Paula. Fal.17/02/1846.
1.10- Melânia Cordeiro bat. 03/05/1853 em Cantagalo. Cas. com Salustiano Soares
Peixoto.
1.11- Maria Cordeiro bat. 31/05/1854.
1.12- Manoel Rozendo Cordeiro4 cas. com Elidia Soares da Silva. (1as. núpcias) e
com Maria Augusta Schmid Barbosa (2as núpcias) em 06/11/1895, em
Cantagalo. Nasceu em território da futura Cordeiro (certamente na fazenda
paterna), ali vivendo até 1904, quando se desloca para Cantagalo. Contraiu
matrimonio duas vezes, a primeira com Elidia Soares da Silva, estando já casado
em junho de 1870, ao vender a Antonio Machado Cordeiro os direitos de uma
herança por falecimento do avô Antonio Machado Botelho (Livro 14 – Cartório
de Cantagalo). Casou-se em segundas núpcias, com Maria Augusta Schmid
Barbosa, em Cantagalo, aos 6 de novembro de1895 (reg 107, fl 69/70 – Livro 3-
B da 1a circunscrição de Cantagalo), sendo ela filha de Pedro Augusto Schmid
Barbosa. Deste matrimonio teria resultado pelo menos uma filha, de nome Alice,
posteriormente casada com o português Antonio Jacintho do Amaral.

1.13- Firmina Justiniana Cordeiro c. c. Luiz Bernardes de Souza.

Genealogia de Bráulio Jaime Muniz Cordeiro e José Albano Cordeiro (irmãos


de João dos Santos Cordeiro que permanecem no Rio de Janeiro)

1- Rosendo dos Santos c. c. Maria Cordeiro (Portugal)


1.1- João dos Santos Cordeiro n. São Salvador, patriarcado de Lisboa. Cas. no Rio
na capela de N. S. do Livramento c. Joana Maria de Jesus (vide acima)
1.1.1- Braulio Jaime Muniz Cordeiro n. Rio (Sacr.). Cas. Rio 29/09/1860 (Sacr. 8 o,
298v) c. Mariana Leocadia Cordeiro n. Paquetá (Rio), filha de João Idalio
Cordeiro e Leocadia Rosa. Filhos?
1.1.2- José Albano Cordeiro (eng.) n. Rio (Sacr.). Cas. Rio 30/11/1844 (S.Ana, 2 o,
61v) c. Maria Leocádia Cordeiro n. no Rio (S. Rita 1827) e fal. na mesma
cidade 28/02/1852 (Cem. Cajú), filha de João Idalio Cordeiro e Leocadia
Rosa da Silveira e Souza.
1.1.2.1- José Cordeiro n. Rio 16/02/1846 (S.José, 9 o, 122v) f. 07/03/1847 (S.
José, 5o, 67v)

4
Manoel Rosendo Cordeiro, segundo Alaôr Scisínio, teria nascido em 1855 em Cordeiro, ali vivendo até
1904, quando se desloca para Cantagalo. Na verdade ele se tornaria conhecido na historiografia cordeirense,
por ser aquele que, em documento público de 7 de março de 1902, doaria oficialmente à Sociedade Anônima
Estrada de Ferro, a área que esta já ocupava na margem esquerda do rio Macuco, com edificações e trilhos
(Livro 3-A, fl 112, número 3.760 do RG de Imóveis da Comarca de Cantagalo). No entanto, o ramal Nova
Friburgo-Cordeiro teria início em junho de 1872 e já em 1877 tem-se notícia do povoamento da área contígua
a estação por terceiros, conforme registro de venda que faz João Machado Botelho Junior, em 24 de
novembro de 1876, de “meia casa térrea na estação do Cordeiro”, situada na rua do Comércio, fundos para a
rua do Machado, em “terreno foreiro a João dos Santos Cordeiro” (Livro 16, fl 73 – Cartório do 2 o Ofício de
Cantagalo).
1.1.2.2- Carolina Cordeiro n. Rio (S.José 9 o, 176v) f. 05/06/1848 (S. José, 5o,
109v)
1.1.2.3- Maria Cordeiro n. Rio 24/07/1848 (S. José, 9o, 228v)
1.1.2.4- José Albano Cordeiro Filho n. Rio 12/07/1849 (S.José, 9 o, 270v). b.
27/11/1849. Cas. Rio 20/12/1877 c. Elvira Augusta Monteiro.
1.1.2.5- Albano Cordeiro n. Rio 25/01/1852 (S.José, 9o, 346v)
1.1.2.6- Maria Carolina Cordeiro (?) n. 1850 f. Rio 19/09/1857)
1.1.3- João dos Santos Cordeiro (vide artigo e genealogia acima)

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