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COMENTÁRIOS SOBRE CONTAMINADOS COM A BABILÔNIA

“Outro livro fantástico de Steve Gallagher!” Revisor dos livros da


Edge

“Contaminados com a Babilônia é uma mensagem urgente para a


Igreja de hoje. A apresentação cuidadosa que Steve faz, sobre a
história e origem do sistema do mundo, ajudará o cristão a
compreender o poder de sedução e o engano desse sistema. O
chamado de Deus para a Igreja ecoa através deste livro — um
chamado à santidade, àqueles que viverão sem se corromper pelo
espírito do mundo, sem serem enganados pelo seu glamour.
Poucos livros, abordando o chamado a um sincero andar com
Cristo, por meio da libertação do sistema deste mundo, foram
escritos com tanta clareza e profundidade. Este livro me confrontou
e sei que confrontará o leitor”.
Dr. Ruth Ruibal,
Missionário em Cali, Colômbia

“Steve Gallagher tem se levantado em nossos dias como uma voz


poderosa, usada por Deus para ajudar pessoas a libertaremse e
manterem-se longe dos desejos deste mundo. Steve atua como um
profeta do Senhor, chamando novamente o Seu povo a
desvencilhar-se do mundo e a consagrar-se em santidade. Esta
palavra não poderia ter vindo em momento mais oportuno. Será que
estamos prontos para o arrependimento? Será que estamos
maduros o suficiente para a colheita? Será que o mundo está pronto
para a colheita? Que Deus use este livro como um manual para
ajudar o crente a libertar-se, e assim, permanecer firme para servir o
Senhor, com um verdadeiro espírito de santidade! Rev. John
Kilpatrick
Pensacola, Flórida

“ Contaminados com a Babilônia é uma convocação a cada um de


nós, e à Igreja em geral. É um alerta tão gritante que ninguém
poderá ignorá-lo. Ou você responde e ‘acorda’ de uma vez, ou
‘desliga o despertador’ e volta a dormir. É uma decisão simples, que
conduzirá as pessoas ao arrependimento e ao fortalecimento de sua
fé em Cristo. Os que ‘desligarem o despertador’ comprovarão a tese
de Steve Gallagher — a Igreja muito se desviou de seu caminho. A
escolha é simples: dormir ou acordar! Aqueles que forem
despertados por esta oportunidade de arrependimento, mudarão
radicalmente a forma de encarar a vida. Também desejarão
compartilhar esse alerta com aqueles que, da mesma forma, têm
sido cauterizados pelas forças deste mundo. Estou feliz por ter tido
a oportunidade de responder a este alerta”. Jim Sheard,
Autor do Livro “In His Grip” [Em Suas Garras]

“ Contaminados com a Babilônia trará muito esclarecimento àqueles


que querem ver e ouvir. O leitor será desafiado a arrepender-se e
estabelecer novos compromissos com Deus. Infelizmente, a menos
que haja uma intervenção de Deus, as multidões continuarão
andando nas trevas do engano. Mas Steve, como o profeta
Jeremias, ainda é comissionado a proclamar esta mensagem; quer
ouçam, quer deixem de ouvir. Creio que este livro é um alerta
definitivo para a Igreja destes últimos dias”. Rev. Kenneth Kashner,
Haverhill, Massachusetts
CONTAMINADOS COM A

BABILÔNIA
Steve Gallagher
Título Original: Intoxicated with Babylon Copyright © 2003 por Steve Gallagher Publicado
de acordo com o Pure Life Ministries P.O.Box 410 Dry Ridge, KY 41035
www.purelifeministries.com

ISBN: 85-99664-05-0
Todos os direitos reservados © à Editora Propósito Eterno
Categoria: Vida Cristã - Mundanismo
Diagramação e editoração: Editora Propósito Eterno
Tradução: Daniela Valente
Revisão de Texto: Pedro Luis Rensi
Segunda Edição: Setembro de 2008
Capa: Editora Propósito Eterno

Todos os direitos são reservados. Deverá ser pedida a permissão


por escrito à Editora Propósito Eterno para usar ou reproduzir
qualquer parte deste livro, exceto por breves citações, críticas,
revistas ou artigos.
Gallagher, Steve
Contaminados com a Babilônia / Steve Gallagher:
Rio de Janeiro:Editora Propósito Eterno, 2008. Título Intoxicated with Babylon
ISBN: 85-99664-05-0

1. Mundanismo 2. Babilônia 3. Vida Cristã 4. I. Título

CDD-248
www.propositoeterno.com.br contato@propositoeterno.com.br (21)
2255-2216
CONTAMINADOS COM A BABILÔNIA
Steve Gallagher

Rio de Janeiro 2008

SUMÁRIO

PREFÁCIO........................................................................ 11
INTRODUÇÃO.................................................................... 13

PARTE UM: UM MANDAMENTO BÍBLICO


1. O ESPÍRITO DO MUNDO.................................................. 19
2. A ORIGEM DA BABILÔNIA................................................ 33
3. MUNDANISMO: A QUEDA DE ISRAEL .................................. 43
4. SAIAM! ....................................................................... 55
5. SEJAM SANTOS COMO EU SOU SANTO................................ 69

PARTE DOIS: A CONDIÇÃO DA IGREJA


6. A IGREJA DE LAODICÉIA .................................................. 83
7. VOCÊ NÃO PRECISA OBEDECER A DEUS ..............................
95
8. ENGANO E AMBIÇÃO NA LIDERANÇA .................................
107
9. A SABEDORIA DO KOSMOS............................................. 119
10. DOUTRINAÇÃO.......................................................... 129
11. VIVENDO COMO REIS (NO REINO DE SATANÁS) ................
147

PARTE TRÊS: A IGREJA NOS ÚLTIMOS DIAS


12. O ESPÍRITO DO ANTICRISTO......................................... 163
13. O GRANDE ENGANO .................................................. 173
14. PRONTOS PARA O SENHOR............................................ 187
15. A QUEDA DA BABILÔNIA............................................. 201
REFERÊNCIAS.................................................................. 211

Dedico este livro aos santos de Deus.


As seguintes citações expressam a minha alma:

“Quero ser um homem com a mente de Cristo; mais despojado


deste mundo, mais pronto para o Céu hoje, do que em qualquer
outro momento de minha vida. Quero um ouvido capaz de discernir
a voz do Inimigo – quer vinda da religião, da política ou da filosofia.
Quero ter discernimento quando ouvir a voz tentadora do Anticristo,
procurando persuadir-me psicologicamente para o seu bote
repentino. Prefiro manter-me firme e ser considerado inimigo de
todos, a caminhar com uma multidão rumo à destruição. Você pensa
da mesma forma?” A.W. Tozer

“Não busco o crescimento para ser melhor do que os outros. Mas


alguém poderia perguntar: ‘Quem você pensa que é, para escrever
desta forma?’. ‘Um ser miserável, é verdade’. Entretanto, preciso
dizer que não posso ler a Bíblia sem o desejo de ver os cristãos com
a mente de Cristo, mais espirituais, mais santos, mais fiéis e mais
entregues do que nunca. Quero ver mais do espírito peregrino entre
os cristãos, uma separação do mundo mais ousada, conversas mais
centradas nas coisas do alto, um caminhar mais íntimo com Deus. É
por isso tenho escrito estas coisas”.
J.C. Ryle

Prefácio
MANTER UM “CASO DE AMOR COM O MUNDO” é como estar em

adultério. Em muitas culturas modernas, relacionamentos


extraconjugais são práticas bastante aceitáveis. São a busca pelo
“algo mais”, o tempero para uma vida e casamento entediantes.

A Igreja moderna (principalmente a ocidental), encontrandose caída


de amores pelo mundo, demonstra assim que possui um amante.
Um cristão comum pode ficar horas falando sobre “as coisas do
mundo”, mas quando questionado sobre o seu relacionamento com
o Senhor, muda rapidamente de assunto. A Bíblia diz que “a boca
fala do que está cheio o coração”.

Quando alguém está apaixonado, fala com entusiasmo sobre a


pessoa amada. Paulo alertou-nos que, nos últimos dias, os homens
seriam mais amantes do dinheiro, dos prazeres, de si mesmos, do
que amigos de Deus. Esses são alguns dos “amantes” que se
infiltram em nossa vida e corrompem, gradativamente, nosso
relacionamento com Deus. Jesus disse que, nos últimos dias, “o
amor de muitos esfriará”. Como isso descreve bem a situação da
Igreja de hoje! Seu amor por Cristo esfriou com o passar do tempo,
deixando o fogo e a intensidade de outrora, apenas para tornar-se
uma brasinha quase apagada.

Tiago refere-se aos que amam o mundo como adúlteros. É


lamentável observar que a vasta maioria dos cristãos busca nutrir,
cada vez mais, seu caso de amor com o mundo. Aos domingos,
passam a falsa imagem de que seu casamento com Cristo é
impecável. Porém, a verdade é que desfrutam de um entusiasmo
muito maior no seu relacionamento com o mundo. O espírito do
mundo é como uma mulher sedutora, sutil e poderosa, que poucos
conseguem discernir e da qual – menos pessoas ainda – são
capazes de apartar-se. Ela as seduz astutamente com seus lábios
e, enquanto as enlaça, ilude-as com um sentimento de falsa
segurança. Porém, como está escrito em Provérbios: “Muitas foram
as suas vítimas; os que matou são uma grande multidão. A casa
dela é um caminho que desce para a sepultura, para as moradas da
morte” (Provérbios 7:25-27).

Imagine como seria se, no dia do seu casamento, seu cônjuge


dissesse as seguintes palavras: “Eu, ________, aceito você,
________, como meu legítimo companheiro. Prometo ser-lhe fiel
somente aos domingos. Recuso-me a abandonar meus antigos
amantes. Prefiro muito mais estar com eles durante os outros dias
da semana”. Ninguém, em sã consciência, concordaria com tal
compromisso! No entanto, é exatamente isso que muitos cristãos
fazem com o Senhor, nosso Noivo Celestial.

Neste livro, à medida que expõe e desnuda o amante “mundano”,


Steve Gallagher não poupa confrontos. Você apreciará a forma
didática e esclarecedora como ele aborda o assunto. Seu desejo é
ver a Igreja restaurada ao seu primeiro amor — Cristo.

Se estiver faltando amor em seu relacionamento com Jesus Cristo,


então este livro é para você. Leia-o em oração, pedindo sincera e
constantemente, que o Espírito Santo remova a cegueira e a
indiferença de sua vida. Peça-Lhe que o presenteie com o dom do
arrependimento, resultado de uma amizade restaurada e íntima com
o Amado de sua alma.

Introdução

A BABILÔNIA É O PODER DE SATANÁS EM OPERAÇÃO no coração da

humanidade. E isto não é algo novo, mas bastante antigo. Suas


investidas começaram no Jardim do Éden, quando a serpente —
extraordinariamente astuta — convenceu Eva de que a mistura do
conhecimento do bem e do mal, iria torná-la igual a Deus. No
momento em que seus lábios tocaram o fruto proibido, sua alma foi
contaminada; sua mente encheu-se de trevas. Assim, a mulher foi
engolida pelo poder ceifador do pecado e da morte. O primeiro casal
descobriu então que ultrapassara uma fronteira terrível, perdendo
uma realidade que jamais poderia ser recuperada. Oliver Wendell
Holmes escreveu: “A mente do homem, uma vez ampliada por uma
nova idéia, nunca mais retorna à sua dimensão original”.

Com o passar de aproximadamente três mil anos, a corrupção da


humanidade aumentou tanto, que “toda a inclinação dos
pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal”
(Gênesis 6:5). Então, após inúmeras advertências por parte de Noé,
o impetuoso Dilúvio destruiu a humanidade, na forma de um juízo
oceânico global.

O Senhor recomeçou Sua criação com uma única família. Contudo,


a viva semente da corrupção permanecera no coração do homem. A
fagulha da concupiscência continuou a arder em seu coração,
esperando que aquele vento propício e maligno se lhe soprasse,
revivendo-a. Depois de quatro gerações, ele finalmente veio;
quando se deu a revolta contra Jeová nas férteis planícies da
Mesopotâmia. A cidade e a torre de Babel foram construídas como
uma nova substituta para a entediante adoração ao Senhor, como
assim a consideravam.

Foi na Babilônia que os poderes das trevas encontraram novas


forças para sua investida contra Deus. Na antiga Babilônia, a
rebelião de Lúcifer tornou-se sistematizada. Agora, os ardis do
Inimigo não estariam mais limitados a induzir indivíduos ao pecado.
Satanás estabelecera uma mentalidade “nacional”, unificando os
homens em sua rebelião contra a lei de Deus. Os valores dessa
mentalidade fundamentavam-se em coisas terrenas e passageiras;
não mais prevalecia a busca do que é eterno. Uma vez que o
homem fora criado com uma necessidade, consciente e inerente, de
sentir que está fazendo “a coisa certa”, o Inimigo estabeleceu,
sutilmente, seu próprio conjunto de regras, através das quais
determinava a aceitação do comportamento do homem. Tudo era
estabelecido como uma alternativa para os padrões, valores e
perspectivas do Reino de Deus.
Essa mentalidade universal pode ser mapeada, ao longo dos
tempos, até a modernidade; e ainda permanece viva, florescendo
em nosso meio nos dias de hoje.

O “mundo” é o sistema unificado de Satanás que subsiste


independentemente do Reino de Deus. E não seria de todo perigoso
para o Seu povo, se fosse apresentado abertamente como um
substituto óbvio daquilo que o Senhor estabeleceu para os crentes,
ou seja, àqueles que pertencem ao Seu Reino. O perigo está na
astúcia das potestades que atuam dentro da Igreja e em nossa vida
pessoal. Como um câncer, o espírito do mundo – sutil, constante e
metodicamente – ataca uma célula de cada vez, infiltrando-se em
nossas igrejas, famílias e vidas, confinando os valores do sistema
de Deus a meras contrafações.

Paulo temia que, “assim como a serpente enganou Eva com astúcia,
a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura
devoção a Cristo” (II Coríntios 11:3). Trata-se desta vida simples
(não misturada) e pura (não contaminada) que há em Cristo, à qual
todos os cristãos são chamados a viver.

A Bíblia é curta e grossa quanto à necessidade de termos uma vida


consagrada. Todavia, a maioria das pessoas não considera nem a
possibilidade de viver sem as atrações do mundo, sendo
convencidas de que viver esta mistura é algo completamente
aceitável pelo Senhor.

As pessoas só se tornam suscetíveis ao engano


INTRODUÇÃO 15
quando desejam o que lhes é oferecido.

Ao passo que o fim dos tempos e o Dia do Senhor aproximam-se,


essa guerra invisível se intensifica como nunca antes. A fúria de
Satanás está sendo derramada sobre crentes (Apocalipse 12:12). O
espírito do Anticristo está conseguindo corromper a santidade dos
justos (Daniel 7:25).
Agora, neste momento crucial, o povo de Deus tem-se conformado
com um sistema religioso desprovido de poder, o qual tolera a
associação entre cristianismo e mundanismo. Eis o que as
Escrituras dizem acerca da idolatria de Israel: “Adoravam o
SENHOR, mas também prestavam culto aos seus próprios deuses,
conforme os costumes das nações de onde haviam sido trazidos” (II
Reis 17:33). Não é de admirar que o Senhor tenha declarado: “Não
consigo suportar suas assembléias cheias de iniqüidade” (Isaías
1:13).

Também tenho tido de enfrentar o mundanismo em minha própria


vida. A maior fonte de contaminação espiritual, para mim, veio
através da televisão. Todas as noites, durante anos, reclinavame em
frente à TV e assistia a antigas reprises. Então, no início de 1985,
Deus começou a confrontar-me em relação a isso, até que
finalmente me arrependi e pus um fim à nossa televisão.

Dentro de um ano, o Senhor direcionou-me a fundar o Ministério


Pure Life. Nessa época, já estando distante da televisão por algum
tempo, pude ponderar melhor os efeitos que ela tinha sobre a minha
vida e a dos que temos ministrado. Desde o início do meu trabalho
com viciados sexuais, os malefícios da TV sempre foram um tema
primordial em meus ensinos.

Em 1993, Deus deu-me uma paixão para estudar o livro de


Apocalipse. Nenhum estudo bíblico que eu jamais fizera, compara-
se com o que entendi a respeito desse livro. Não estava preparado
para o quanto seria abalado por tal estudo. Ao todo, passei mais de
1.200 horas esquadrinhando cada capítulo e cada versículo de
Apocalipse. Ouvia sermões em fitas, lia livros e estudava
comentários. Orava ao considerar os versículos, um por um. Estudei
o livro indutivamente e ouvi a uma dramatização deste, em fita
cassete, tantas vezes que a estraguei.

Estudar esse livro maravilhoso tornou-se, literalmente, um trabalho


de tempo integral! — pois gastava cerca de 40 horas semanais
envolvido nos estudos. Deus usou as riquezas que descobri no
Pulpit Commentary [Comentário do Púlpito] e em comentários
escritos por santos de antigamente, tais como Adam Clarke,
Matthew Henry, John Wesley e outros, para incutir uma fonte
direcionadora em meu coração.

Com o passar do tempo, as realidades do mundo espiritual — onde


é travado um poderoso conflito entre o Reino da Luz e o Reino das
Trevas — tornaram-se infinitamente mais reais para mim do que as
do mundo ao meu redor. A mensagem que me foi revelada nesse
estudo bíblico transformou-me profundamente, alterando todo o
curso de minha vida. Deus transmitiu ao meu espírito um chamado
tão poderoso, que ainda hoje, continua a impactar-me: “‘Saiam dela,
vocês, povo meu, para que vocês não participem dos seus pecados,
para que as pragas que vão cair sobre ela não os atinjam!’ Pois os
pecados da Babilônia acumularam-se até o céu, e Deus se lembrou
dos seus crimes” (Apocalipse 18:4-5).

Caro leitor, confesso que não me arrependo de ter trocado os


encantos deste mundo pelas gloriosas riquezas de conhecer meu
Salvador. Enfrento lutas algumas vezes, mas continuo atendendo ao
Seu chamado, como se fosse um toque de trombeta a todos os que
se encontram no Reino de Cristo. Convido-o a unir-se a mim nesta
busca pela vida em abundância, pois você e eu jamais
conheceremos os tesouros do Céu enquanto estivermos
Contaminados com a Babilônia.

PARARTE UM
UM MANDAMENTAMENTO BÍBLICO

“Procurei pela Igreja e encontrei-a no mundo. Procurei pelo mundo e


encontrei-o na Igreja”.
Andrew Bonar

Capítulo 11111
O Espírito do Mundo

“O coração do homem é estreito demais; não pode conter dois


amores. O mundo, por sua vez, afasta-o de Deus; e na medida em
que o amor pelo mundo prevalece, o amor por Deus definha e
decai... o Espírito de Deus, nos verdadeiros cristãos, opõe-se ao
espírito do mundo”. 1
Matthew Henry

UMA COLÔNIA PENAL ÁRIDA E ROCHOSA, constituída pelos cruéis

disciplinadores de Roma, certamente não era o lugar mais


apropriado para alguém com cerca de 90 anos. Parece-nos
incompreensível o fato de Deus ter permitido que o velho apóstolo
do amor fosse banido para um campo de trabalhos forçados, a
serviço de Roma, ao lado dos piores criminosos do Império. Mas,
freqüentemente, os caminhos de Deus permanecem ocultos à lógica
da mente humana. Por um lado, para os seus companheiros de
prisão, a Ilha de Patmos era um lugar de agonia e sofrimento
inexprimíveis. Por outro, para João, era o lugar onde todo o luxo e
prazeres deste mundo tinham sumido gloriosamente. Praticamente
nada lhe tirava a atenção da Face Maravilhosa de seu amado
Jesus. Aqueles que o conheciam diziam que, em seus últimos anos
de vida, João só falava sobre o amor e sobre a Pessoa do Amor —
tal devoção é claramente expressa em sua primeira epístola.
Cativado pela visão de Jesus, mantinha-se sempre tranqüilo em
meio ao caos infernal que o cercava. Pensava apenas em seu
Amado, cujo Nome estava continuamente em seus lábios, e cuja
Face estava bem gravada em sua memória.

A vida particular de João, entretanto, ia muito além de uma simples


“visão de beato”. Há anos que Deus vinha-lhe concedendo
revelações sobre o que precederia a volta de Cristo. Tivera
vislumbres de que a grande batalha espiritual entre a Luz e as
Trevas, alcançaria seu apogeu no fim desta era. O cenário para
esse conflito apocalíptico seria o planeta Terra; o palco, o coração
dos homens. Antes disso, João escreveu: “Filhinhos, agora
permaneçam nele para que, quando ele se manifestar, tenhamos
confiança e não sejamos envergonhados diante dele na sua vinda”
(I João 2:28).

Mesmo João discernindo tais coisas, elas ainda permaneciam


escondidas atrás de um véu. Agora, os rigores de Patmos
conduziam-no a Deus como nunca antes. João estava “no Espírito”
quando o fino véu que o separava de seu Salvador, de súbito, foi
removido, e a porta do Céu abriu-se-lhe perante os olhos. Tratava-
se da Revelação (o Apocalipse) de Jesus Cristo! Quando João se
lançou aos pés de Jesus, esvaído de qualquer força humana, os
Céus se abriram e foram-lhe revelados grandes mistérios.

As verdades inspiradas que registrara em suas epístolas estavam,


agora, sendo-lhe ilustradas através de gloriosas imagens. João viu a
glória e o triunfo de uma Noiva “sem mancha ou ruga”! Mas também
viu o descortinar de um grande engano demoníaco que cobriria a
Terra, levando muitos discípulos de Cristo a desviar-se da fé. O
conflito que João testemunhou — que é o assunto deste livro —
pode ser resumido nas palavras que outrora escreveu:

Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o
amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo - a cobiça
da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens - não provém
do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas
aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
(I João 2:15-17)

Essas quarto afirmações descrevem a batalha que será travada,


nestes últimos dias, na mente e no coração do povo de Deus.
Aqueles que escolherem seguir a Cristo terão de fazer escolhas
bastante difíceis:
• Seu coração será dominado pela cobiça da carne?
• Suas decisões serão tomadas com base na cobiça dos olhos?
• Sua busca por reconhecimento irá afastá-lo dos pés de
Jesus?

Resumindo, será que eles farão a vontade de Deus? As Escrituras


dizem que muitos sucumbirão por acreditar na mentira de que
podem usufruir do mundo e de seus prazeres, e ainda assim,
manter um amor sincero para com o Pai. Como estão enganados!

Existem três termos nessa passagem que constituem o vocabulário


desse grande conflito — mundo, cobiça e amor. Devemos
considerá-los extremamente importantes e, por alguns instantes,
dignos de análise.

O MUNDO
Enquanto estudava essa importante passagem da Bíblia, empenhei-
me em fazer algumas pesquisas sobre a palavra grega kosmos,
traduzida para o português como “mundo”. Encontrei a seguinte
definição para o termo, dada em um dicionário teológico da década
de 30:

Kosmos tem muitos significados relacionados com “ordem”. Denota,


assim, “o que é bem agrupado ou construído, a partir de suas partes
individuais...”
Todos os significados já mencionados fundem-se naquele de ordem
cósmica. O uso do termo kosmos, para referir-se ao universo, é
muito amplo e decorre de uma época bem antiga. Significa que há
uma ordem das coisas que corresponde à ordem da lei humana.
Assim como as pessoas estão envolvidas em conflitos, as coisas
individuais encontram-se em divergência. No entanto, uma norma
cósmica inerente mantém a harmonia entre as partes, como as leis
o fazem na sociedade. O mundo em si é, dessa forma, visto como
uma sociedade organizada. 2

A descoberta dessa definição fez-me pensar sobre todos os


aspectos envolvidos em qualquer perspectiva do “mundo”. A
princípio, foi difícil imaginar que poderia haver qualquer tipo de
ordem neste mundo caótico, com seis bilhões de pessoas,
detentoras de vontades diferentes. Guerras étnicas, conflitos,
filosofias, idiomas diferentes; almejo e competição por poder,
posições e prazer; tudo isto impede que os homens concordem
entre si, em praticamente tudo.

Após algum tempo de estudos, encontrei a seguinte definição de


kosmos no The Pulpit Commentary [Comentário do Púlpito], que
muito me ajudou para a compreensão do que é o “mundo” como o
conhecemos:

( Kosmos) é um termo, especificamente empregado pelo Apóstolo


João, para designar o universo, disposto como um todo, porém, sob
uma perspectiva sem Deus... Sendo assim, a perspectiva de uma
vida fundamentada sem Deus resultará, rapidamente, em uma
resistência consciente à Sua vontade. Portanto, o termo denota,
freqüentemente, a humanidade como um todo, separada de Deus e
de Sua graça. 3

Acrescido desta nova definição, estudei minuciosamente as


Escrituras quanto a esse importante conceito, tendo em mente que
kosmos significava “uma vida fundamentada sem Deus”. E ficou
claro para mim que, apesar de às vezes se referir a todos os seres
humanos do planeta (João 3:16), a palavra é usada, principalmente,
para descrever a consciência coletiva das pessoas deste mundo,
rebeldes contra a autoridade de Deus. Kosmos é o que propicia a
ligação entre os incrédulos. É uma mentalidade global que perpetua
uma força poderosíssima em suas vidas. Ela amalgama os grupos
de pessoas mais diferentes, transformando-os em uma única
entidade, levando-os a viver sob o domínio de Satanás, unidos
contra Deus.

O HISTÓRICO BÍBLICO DO KOSMOS Meus estudos sobre o


assunto levaram-me de volta ao início da criação, onde Deus criou
os céus e a terra, e “viu que tudo havia ficado muito bom” (Gênesis
1:31). Ele então fez o homem, à Sua imagem, e desfrutava de um
relacionamento constante com ele. Entretanto, ainda que o Senhor
tivesse-lhe dado domínio sobre tudo, Adão afastou-se d’Ele quando
pecou. Algo foi perdido, e o homem, agora caído, não era capaz de
redimir-se. Paulo explica que “o pecado entrou no mundo por um
homem” (Romanos 5:12). Quando isso aconteceu, ele entregou o
governo deste planeta ao Diabo.

Quando Satanás tentou a Jesus, ele “o levou a um monte muito alto


e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe
disse: ‘Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares’” (Mateus
4:8-9). Jesus não negou, dizendo que não pertencessem a Satanás.
O Senhor sabia que o Diabo, desde o dia em que Adão
compactuara com este anjo caído, governava sobre os reinos de
todo o mundo. Satanás, o líder e executor da rebelião, é o cérebro
por trás da mentalidade global que se encontra lutando contra Deus,
tendo persuadido quase toda a humanidade a seguir seu espírito de
rebeldia.

Em Apocalipse, ele é apresentado como a antiga serpente que


enganará o mundo todo (Apocalipse 12:9; 13:14). Paulo chama
Satanás de “o deus desta era” (II Coríntios 4:4). Jesus o chama de
“o príncipe deste mundo” (João 12:31; 16:11). João explica “que o
mundo todo está sob o poder do Maligno” (I João 5:19). Também
diz: “Esse é o espírito do anticristo, acerca do qual vocês ouviram
que está vindo, e agora já está no mundo” (I João 4:3). Enquanto a
palavra kosmos refere-se principalmente às pessoas que se
encontram nesse “sistema anti-Deus”, também pode significar a
consciência global dessas pessoas, ou ainda, o espírito que controla
seus pensamentos. Por isso, o espírito do kosmos não é outro
senão o próprio Diabo.

Para ajudar-nos a entender com quem de fato estamos lidando,


selecionei alguns versículos que se referem ao Diabo, substituindo-o
pela expressão espírito do mundo:

“Vocês pertencem ao pai de vocês, o espírito do mundo, e querem


realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se
apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a
sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira. No entanto,
vocês não crêem em mim, porque lhes digo a verdade!” (João 8:44-
45).

“Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao espírito do mundo, e


ele fugirá de vocês” (Tiago 4:7).

“Estejam alertas e vigiem. O espírito do mundo, o inimigo de vocês,


anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa
devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé...” (I Pedro 5:8-
9).
“Filhinhos, não deixem que ninguém os engane. Aquele que pratica
a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o
pecado é do espírito do mundo, porque o espírito do mundo vem
pecando desde o princípio. Para isso o Filho de Deus se manifestou:
para destruir as obras do espírito do mundo. Todo aquele que é
nascido de Deus não pratica o pecado, porque a semente de Deus
permanece nele; ele não pode estar no pecado, porque é nascido
de Deus. Desta forma sabemos quem são os filhos de Deus e quem
são os filhos do espírito do mundo: quem não pratica a justiça não
procede : quem não pratica a justiça não procede 10).

O espírito que continuamente oferece recompensas contaminadoras


é o mesmo espírito que deseja destruir o homem. Os encantos que
usa para seduzir-nos, longe de serem inofensivos, tornam-se como
estradas dentro do coração do homem, pelas quais o próprio Diabo
transitará.

A COBIÇA DO MUNDO
O espírito do mundo se fortalece sempre que o homem busca “os
desejos da carne, a cobiça dos olhos e a soberba da vida”. Todos os
que são dominados por esses desejos impuros são mundanos. O
diabo se alimenta dos desejos de violência, ambição e todas as
paixões às quais o homem se rende. Sei que isto é verdade por
experiência própria.
Há anos, quando ainda era um grande amante da TV, as reprises de
Jornada nas Estrelas eram o maior prazer de minha vida. Recordo-
me de um episódio em especial envolvendo a presença dos
Klingons, a bordo da Nave Enterprise. Havia um relacionamento
tenso entre essas criaturas e os tripulantes da nave. E sem o
saberem, encontrava-se outro visitante a bordo, um ser invisível,
que se alimentava da energia desprendida do ódio e violência.

Esse ser (maligno) criava situações que geravam contendas entre


os grupos rivais e, sempre que havia conflitos, fortaleciase. Mas é
claro que o Capitão Kirk acabou discernindo sua presença, e o
episódio terminou com os Klingons e os membros da Federação
juntos, rindo, expulsando o intruso e estabelecendo um
relacionamento cordial entre si.

Este é um cenário muito bom para ilustrar como as forças malignas


despertam as paixões carnais do homem. Por exemplo, se você for
a uma prisão, quase tudo o que verá serão demônios fortalecendo-
se e alimentando-se do ódio, orgulho e competição entre os
detentos. Se você for a uma livraria erótica, tudo o que verá serão
os olhares sensuais dos demônios, consumando suas perversões
através do corpo das pessoas. Se você passar a noite em um bar,
testemunhará espíritos de farra e bebedice hipnotizando os clientes,
como por um tranqüilizante anestésico. Se você for ao Shopping
Center, verá pessoas impelidas por um furor consumista para
adquirir as últimas modas e novidades. Se você visitar algumas
igrejas, verá espíritos de religiosidade incutindo nos ingênuos e
despreparados, uma falsa sensação de paz com Deus.

O mundo tem milhares de encantos para afastar o cristão de um


relacionamento de amor, genuíno e vibrante, com Deus. Tiago disse:
“Cada um, porém, é tentado pelo seu próprio mau desejo, sendo por
este arrastado e seduzido.” (Tiago 1:14) Todo ser humano possui,
em sua natureza caída, diversos tipos de desejos carnais, que são
muito bem conhecidos pelo espírito do mundo. A compulsão de uma
pessoa por possuir ou experimentar “as coisas do mundo”, pode ser
tão forte que sufoca o seu desejo pela Verdade. O Inimigo torna
atraente os prazeres da carne, fazendo com que pulemos de um
engano a outro, buscando uma constante e ilusória satisfação, que
nunca se concretiza. Foi acerca desse fenômeno que Jesus referiu-
se, quando falou sobre permitir que “as preocupações desta vida, o
engano das riquezas permitir que “as preocupações desta vida, o
engano das riquezas 19).

Quanto mais o crente cede aos prazeres do mundo, mais


contaminado fica por dentro. O seu amor por Deus, que outrora
ardia intensamente, acaba extinguindo-se, a ponto de tornar-se um
mero ativismo religioso. Ele estufa o peito ao dizer: “Amo o Senhor
de todo o coração”, mas ainda dedica seu tempo e sua energia às
atrações do mundo, deixando Deus numa posição inferior e
secundária em sua vida. O espírito do mundo tem controle direto
sobre “cristãos” assim. Com uma vida fundamentada nos desejos e
prazeres carnais, como é impossível que não lhe sejam vulneráveis.

Estes três apetites carnais – os desejos da carne, a cobiça dos


olhos e a soberba da vida – são ramificações do pecado. Os
desejos da carne representam a esfera do prazer, do
entretenimento, da diversão e conforto, incluindo filmes, esportes,
televisão, viagens e todos os tipos de atividades com as quais as
pessoas se envolvem. A cobiça dos olhos descreve o desejo intenso
de se possuir aquilo que vemos. Geralmente paira sobre os que têm
desejos de consumo: roupas de moda, a última tecnologia, um novo
carro e por aí vai. A soberba da vida é uma estima exagerada que
alguém tem pelo seu próprio valor, como pessoa. Ambições
egoístas, compulsão pelo sucesso, obter mais proeminência,
preocupação excessiva em “não ficar para trás”, o desejo orgulhoso
de “ser o cara” são, dentre outras coisas, sintomas claros da
soberba da vida.

Toda essa árvore maligna, com seus três ramos, poderia ser
resumida em um único termo – cobiça – que simplesmente significa
desejar algo para si. Muitas das coisas há pouco mencionadas não
são condenadas pelo Senhor – quando mantidas em seu devido
lugar. O problema é que muitos cristãos são, em muitos aspectos,
por elas dominados, da mesma forma que os incrédulos. Na
verdade, em nosso dia-a-dia, é difícil até notarmos qualquer
diferença entre os dois.

Este mundo providencia esses desejos, e a Babilônia, a prostituta,


atua num prostíbulo que oferece a qualquer um — quer se
denomine cristão ou não — tudo o que deseja. Nos capítulos
posteriores, discutiremos como o espírito do mundo tem usado
esses desejos para criar diversas estradas de acesso à Igreja.

AMOR: UMA QUESTÃO DE DEDICAÇÃO Não se deixe enganar:


existe uma batalha intensa pelo coração de cada pessoa que
professa a Cristo como Senhor. João admoestou: “Não amem o
mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai
não está nele”. Essa afirmação, curta e grossa, descreve a cruel
competição pela devoção de uma pessoa, isto é, pelo seu coração.
De qualquer forma, seja a pessoa um crente ou não, o fator
diferencial é: a que você dedica sua vida? Jesus o disse da seguinte
forma: “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu
coração” (Mateus 6:21). O tesouro de uma pessoa é aquilo que lhe
é mais valioso, aquilo ama. Toda pessoa, sem exceção, será guiada
pelo que mais estima.

O verbo grego agapao, em português “amar”, é empregado no Novo


Testamento principalmente para descrever a vida cotidiana do
verdadeiro cristão. Em essência, alude ao sentimento primordial da
alma de um cristão. Jesus disse: “‘Ame o Senhor, o seu Deus de
todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu
entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento” (Mateus
22:37-38). Em outras palavras, tudo o que um cristão fizer, deve ser
motivado e controlado por uma profunda paixão pelo Senhor. Todo o
que estiver vivendo, de fato, esse mandamento, estará desprovido
de todas as demais paixões. Todo o seu coração, toda a sua alma,
toda a sua mente estarão centrados em Jesus. Todo o seu homem
interior estará cheio e será governado pelo seu amor por Deus.
Esse versículo não descreve alguém que simplesmente obedece a
alguns mandamentos óbvios e intrínsecos encontrados na Bíblia.
Antes, define os parâmetros de um coração cuja alegria da vida é
encontrada somente em Deus. Como certo autor disse uma vez,
comentando o maior mandamento: “Apenas pense nas
imensuráveis mudanças que poderiam acontecer na Terra, se todo o
mundo guardasse apenas esse único mandamento de nosso Deus...
Já seria o suficiente para transformar este mundo, quase que
totalmente endemoninhado, em um verdadeiro paraíso”. 4

Amar também é usado para descrever outros tipos de sentimentos.


Jesus disse: “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os
homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram
más” (João 3:19). Depois, acrescentou: “Aquele que ama a sua vida,
a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo,
a conservará para a vida eterna” (João 12:25). Paulo falou a
respeito dos que eram amantes do dinheiro (I Timóteo 6:10),
amantes de si (II Timóteo 3:1) e “mais amantes dos prazeres do que
amigos de Deus” (II Timóteo 3:4). Também mencionou a apostasia
de seu amigo chegado, Demas, que “amando este mundo,
abandonou-me e foi para Tessalônica” (II Timóteo 4:10).

Quando João afirmou: “se alguém ama o mundo, o amor do Pai não
está nele”, ele estava descortinando-nos a porta estreita e o
caminho espaçoso. A principal devoção do tal será a Deus? Ou
dedicar-se-á, com egoísmo, a si mesmo, em busca da satisfação
dos da carne, oferecidos pelo mundo? O diabo tenta pintar de cinza
o que Deus pinta em preto e branco. Alguns dizem que o cristão não
deve amar excessivamente as coisas deste mundo, mas João diz
que não devemos amar as coisas do mundo, de forma alguma! Se
alguém está envolvido com o que o sistema do mundo oferece, essa
pessoa simplesmente não ama a Deus. A Bíblia é muito clara em
relação a isso.
Jesus colocou isso em termos ainda mais claros, quando disse:
“Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o
outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem
servir a Deus e ao Dinheiro (Mamom)” (Mateus 6:24). Apesar do fato
de que o Inimigo tem usado pregadores bajuladores para abafar
essas nítidas afirmações, elas não poderiam ser mais claras: Ou
você serve a seus desejos, buscando o que o mundo oferece, ou
viverá com paixão para agradar a Deus.

O GRANDE ENGANO
O propósito constante do diabo é enganar os seguidores de Cristo,
levando-os a crer que podem usufruir das recompensas do mundo
e, ainda assim, manter uma caminhada saudável com Deus. De
uma forma geral, tal engano encontra-se já profundamente
enraizado na Igreja; e abre caminho para um ainda maior, que há de
vir. Ele tem sido tão sutil em sua abordagem e tão universal em sua
extensão, que essa conspiração traiçoeira continua praticamente
invisível, enquanto se alastra rapidamente. Entender a magnitude do
que está acontecendo no reino espiritual demandará corações
abertos e determinação persistente para se alcançar a Verdade.

As astutas ciladas de Satanás trabalham em parceria com os


desejos carnais do homem, aqueles que o levam a buscar seus
próprios objetivos. Sua capacidade de mascarar a verdade e cegar
o entendimento jamais deve ser subestimada! (II Coríntios 4:4).
“Satanás se desfarça de anjo de luz” (II Coríntios 11:14). Como já foi
dito, as pessoas são enganadas quando o seu desejo pelo mundo
ultrapassa o seu desejo pela Verdade. Querido leitor, numa
linguagem extremamente clara e direta, Paulo alertou os cristãos de
que o espírito do anticristo está vindo e “fará uso de todas as formas
de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto
rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar” (II
Tessalonicenses 2:10). Temos de ter um verdadeiro amor pela
Verdade, custe o que custar!
Kosmos é o Inimigo de Deus. Ele, descaradamente, virou as costas
para o Senhor e profanou Sua autoridade. É um lobo em pele de
cordeiro, andando sorrateiramente em nossas igrejas, livrarias e
lares, procurando constante, incansável e persistentemente
enganar, tentar, influenciar e opor-se ao povo de Deus. Apresenta-
se como nosso amigo, mas é um ser extremamente maligno, que
deseja a nossa destruição. Seus esforços intensificar-se-ão e
aumentarão ao aproximar-se a volta de Cristo (Apocalipse 12:12).

O povo de Deus não pode se dar ao luxo de esquecê-lo: foi o


espírito do mundo quem matou Jesus, Paulo, onze dos o espírito do
mundo quem matou Jesus, Paulo, onze dos 20). Há um Inimigo
invisível impregnado no estilo de vida das pessoas do século 21,
que as seduz às mais vis concupiscências, buscando encantá-las e
enganá-las, atacando brutalmente qualquer um que não se lhe
submeta. Nos primeiros séculos, milhares de cristãos preferiam
sofrer mortes horríveis a comprometer ou renunciar à fé em Jesus
Cristo. Alguém poderia perguntar onde está o bom senso da Igreja
de hoje. Mas onde estão as verdadeiras testemunhas de Cristo?

A lista de afirmações bíblicas a seguir, referentes ao mundo, servirá


para despertar-nos e trazer entendimento. Ao longo deste livro,
metodicamente, examinaremos a maioria dessas passagens,
visando aplicá-las na prática de nossa vida cristã. Por ora, são
apresentadas de forma nua e crua, permitindo o pleno impacto do
que está sendo dito.

• O meu reino não é deste mundo (João 18:36).


• O mundo fpo crucificado para mim, e eu para o mundo (Gálatas
6:14).
• Nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem a
deste mundo (Efésios 2:2).
• Não se ponham em jugo desigual com descrentes (II Coríntios
6:14).
• Não se deixem corromper pelo mundo (Tiago 1:27).
• Não se amoldem ao padrão deste mundo (Romanos 12:2).
• Saiam do mundo e separem-se deles (II Coríntios 6:17).
• Não amem o mundo, nem o que no mundo há (I João 2:15).
• Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele (I João
2:15).
• Porque Demas me desamparou, amando o presente século (II
Timóteo 4:10).
• Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus (Tiago
4:4).
• Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a
sua alma? (Marcos 8:36).
• Quem ama a sua vida (neste mundo) irá perdê-la (João 12:25).
• Nossa luta é contra as forças espirituais do mal (Efésios 6:12).
• Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo (I João 5:4).
• Eles escaparam das contaminações do mundo (II Pedro 2:20).
• O mundo os odiou (João 17:14).
• Eles não são do mundo (João 17:14).
• [Homens] dos quais o mundo não era digno (Hebreus 11:38).
• Meus irmãos, não se admirem se o mundo os odeia (I João 3:13).

Mas antes de falarmos sobre como de fato temos sido afetados,


investiguemos a conspiração propriamente dita. Precisamos ir mais
fundo para desmascarar a estratégia de que o espírito do mundo se
valerá nos dias de trevas iminentes. Devemos seguir seu rastro
desde a sua origem (nos primórdios da existência humana).

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Pois tudo o que há no mundo - a cobiça da carne, a cobiça dos


olhos e a ostentação dos bens - não provém do Pai, mas do mundo.
O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de
Deus permanece para sempre.
(I João 2:16-17)
Pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os
poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de
trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.
(Efésios 6:12)
Senhor, abra os olhos do meu coração, para que eu melhor discirna
a realidade do mundo que me cerca. Ajuda-me a ter um vislumbre
do mundo espiritual, no qual grandes batalhas são travadas. Liberta-
me do amor pelas coisas do mundo. Purifica, fortalece e aumenta o
meu amor por Ti. Em nome de Jesus. Amém.

Capítulo 2

A Origem da Babilônia

“Ó força universal, eu bem o sei.


Que tolice sem sentido é rebelar-me,
Pois Tu és Senhor e tens as chaves do Inferno”. 1 C.S. Lewis

O ÁPICE DO LIVRO DE APOCALIPSE e da História da humanidade é


conhecido como Armagedom, a batalha final entre as forças do bem
e do mal. Nesse grande confronto, os seguidores do Anticristo unir-
se-ão numa guerra contra Deus, valendo-se dos prodígios
enganosos de Satanás, contra do Reino de Jesus, o Humilde. Será
a tentativa final do diabo de dar cabo à autoridade que Deus exerce
neste mundo.

Como um símbolo das forças do mal, foi mostrada a João uma


cidade chamada Babilônia. Embora muitos defendam a idéia de que
essa Babilônia refere-se a uma cidade real dos tempos modernos —
como Roma, Nova Iorque ou Bagdá — ela representa, na verdade,
todo o mundo caído. A Babilônia representa a consolidação de
todos aqueles que querem tornarse independentes de ambas a
presença e autoridade de Deus.

Alguém poderia se questionar por que o Senhor escolheu a


Babilônia como figura do mundanismo. Por que não Roma, que
controlou o mundo a fio de espada, matando e torturando aqueles
que optavam por seguir a Cristo? Por que não a cidade de Corinto,
um esgoto de imoralidade? Ou por que não o Egito, nação que
manteve o povo hebreu cativo por 400 anos? Ou Sodoma e
Gomorra, as cidades gêmeas do homossexualismo e perversão?
Por que Ele escolheu Babilônia para ilustrar o mundo caído dos
últimos dias?

Para compreendermos corretamente o significado da revelação que


o Senhor quer nos dar, quanto ao que acontecerá nos últimos
tempos, devemos, em primeiro lugar, examinar a origem e o espírito
da antiga Babilônia, e como ele se relaciona com toda a história
bíblica.

A FUNDAÇÃO DA PRIMEIRA CIDADE PÓS-DILÚVICA As origens


da Babilônia são descritas em Gênesis 10, logo após o grande
dilúvio. Foi dito aos filhos de Noé: “Sejam férteis, multipliquem-se e
encham a terra” (Gênesis 9:1). Deus separouos para que se
espalhassem pelo mundo. Seus filhos foram abençoados com filhos;
e os filhos destes geraram mais filhos.

Dentre os descendentes de Cão, foi gerado um bisneto de Noé,


chamado Ninrode, que “foi poderoso caçador diante da face do
SENHOR... E o princípio do seu reino foi Babel...” (Gênesis 10:9-10
- ECA). A palavra hebraica para “diante da”, liphney, possui várias
designações, mas sua raiz (panah) significa “voltar-se, abandonar”.
O contexto de seu uso, nesse versículo, parece transmitir a idéia de
se fazer algo em completa rebeldia a alguém, “na sua face”, por
assim dizer. Teria todo o sentido dizermos que, se como acreditam
alguns estudiosos, “o nome Ninrode origina-se de marad, ‘ele
rebelou-se’”. 2 As atitude de Ninrode demonstravam desprezo total
em relação à autoridade de Deus, como se um oficial raso se
levantasse contra o capitão de um navio.

Se quisermos compreender o significado da Grande Babilônia


nestes últimos dias, precisamos esquadrinhar diligentemente a
história de Ninrode e de Babel. Aparentemente, Ninrode era um
homem extremamente violento, empenhado em dominar e controlar
a vida dos outros, como fazendo uma afronta direta à vontade de
Deus. Precisamos entender que a presença e autoridade de Deus
foram estabelecidas na Terra através de Sem e seus descendentes.
Sua linhagem era-Lhe temente; um povo submisso ao governo de
Deus. Ninrode não queria ter parte nisso, pelo que propôs
estabelecer algo desconhecido até então: um reino próprio, em que
ele mesmo dominaria.

Para compreendermos a história desse rebelde, devemos atentar-


nos para os historiadores que tiveram acesso a alguns escritos
antigos, perdidos ao longo da história por muito tempo. O Targum,
tradução livre do Antigo Testamento para o Aramaico, datada de
antes de Cristo, apresenta o texto de I Crônicas 1:10 da seguinte
forma: “Ninrode começou a tornar-se um poderoso homem no
pecado, assassino de homens inocentes e rebelde diante do
Senhor”. 3 Esta mesma perspectiva de Ninrode — (esta e outras
citações antigas referem-se a um certo Ninus, considerado pelos
eruditos como sendo outro nome de Ninrode) — foi dada por Trogus
Pompeius, quando disse que “[Ninrode], antes de tudo, adulterou a
temperança dos costumes antigos, incitado por um novo desejo de
conquista. Ele foi o primeiro a declarar guerra a seus vizinhos, e
conquistou todas as nações, desde a Assíria até a Líbia, as quais
permaneciam ignorantes às artes da guerra”. 4

Justino, um antigo mártir, disse a respeito de Ninrode: “Tendo, pois,


subjugado seus vizinhos com cruéis investidas à força, estando
muito mais preparado que eles, avançou contra as outras tribos e,
através de sucessivas vitórias, conquistou todos os povos do
Oriente”. 5

Até aquela época, os homens estavam satisfeitos por viver como


nômades, habitantes de tendas, sendo esta a perfeita vontade de
Deus. O Senhor bem sabia o que estava latente no coração do
homem. Se ele começasse a agrupar-se em cidades, certamente o
mal se intensificaria. Ninrode decidiu, então, construir a primeira
cidade do mundo, em um vale fértil da Mesopotâmia.
A rebelião de Ninrode, contra a ordem de Deus, despertou a
curiosidade dos outros que compartilhavam sua inimizade. Ele
apressou-se em tomar essa vantagem para alcançar suas ambições
egoístas. “Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance
os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados
pela face da terra” (Gênesis 11:4).

Essa torre, a primeira de uma série de espetáculos feitos pelo


homem na Terra, foi projetada para atrair as pessoas que
compartilhassem a mesma mentalidade. Fica óbvio que Ninrode
queria atraí-las para si, e afastá-las de Deus. Estava oferecendolhes
uma alternativa àquela vida entediante, dedicada para servir ao
Senhor nas regiões calmas do deserto. * A torre de Babel foi
construída com a intenção de ser uma maravilha no mundo. O
propósito de Ninrode era erguer um momento que simbolizasse a
poder do homem que não tem Deus. O resultado foi um antigo
arranha-céu, que se tornou o troféu da grandeza e conquista
coletiva. Josefo, historiador judeu do primeiro século, registra o que
sabia sobre o fato:

Ninrode, neto de Cão, um dos filhos de Noé, foi quem os levou a


desprezar a Deus, desta maneira. Ao mesmo tempo valente e
corajoso, ele os persuadiu de que deviam unicamente ao seu valor,
e não a Deus, toda a sua boa fortuna. E como ele aspirava ao
governo e queria levá-los a escolhêlo para seu chefe e deixar a
Deus, ofereceu-se para protegêlos contra Ele, (se Ele ameaçasse a
terra com outro dilúvio), construindo uma torre para esse fim, tão
alta que não somente as águas não poderiam chegar-lhe ao cimo,
mas que ainda ele vingaria a morte de seus antepassados.

O povo insensato, deixou-se dominar por essa estulta persuasão, de


que lhe seria vergonhoso ceder a Deus e começou a trabalhar
nessa obra, com ardor incrível. A multidão e a atividade dos
operários, fez com que a torre em pouco tempo se elevasse a altura
acima de toda e qualquer expectativa, mas sua debilidade fazia com
que parecesse menos alta do que era de fato. Construíram-na de
tijolos, cimentando-a com betume, para torná-la mais forte. 6

A cidade de Babel logo se firmou como um lugar no qual os homens


poderiam buscar suas próprias paixões e desejos. Ajudando-se uns
aos outros, em aliança impura, foram capazes de alcançar o que
sozinhos não conseguiriam. Os seguidores de Ninrode idolatravam-
no como um herói “nacional”. Ele, é claro, jamais rejeitaria tal
adoração. Ninrode –não mais Deus – tornouse o objeto de adoração
do povo.

UMA NOVA RELIGIÃO


Ao que parece, Ninrode percebeu que para ser bem-sucedido em
sua revolução, precisaria de uma força poderosa para
* O deserto foi o lugar onde Moisés, Davi e muitos outros receberam tremendas revelações
de Deus.

concentrar seus interesses. Talvez essa tenha sido uma motivação


adicional para a construção da torre. Ela não apenas estaria imune
à qualquer inundação futura, mas serviria de foco central para uma
nova religião! A torre funcionaria tanto como um poderoso ímã, que
atraísse as pessoas de todo o mundo, como também um templo
para os deuses que escolhessem. Seu povo não mais ficaria restrito
a adorar somente o Grande Jeová, que causara o dilúvio. O novo
templo de Ninrode permitiria que as pessoas adorassem uma
pluralidade de “deuses”.

É provável que este tenha sido o resultado de uma “revelação


brilhante”: Jeová era apenas um dos muitos deuses! Era o Senhor
dos semitas (descendentes de Sem), nada mais que uma dentre as
muitas divindades que influenciava a humanidade. Parece que
Ninrode apresentou uma vasta diversidade de deuses, por quem
seus desejos poderiam ser atendidos e dos quais poderia obter
ajuda. Contudo, essa idéia não nasceu na mente de Ninrode. A
“revelação” originava-se de uma inteligência muito superior a dele.
Henry Morris, ao estudar os rastros do humanismo moderno e da
evolução, atingindo esse período de rebelião, discute a origem da
idolatria:

A complexidade extraordinária da astrologia, do espiritismo, da


mitologia, da idolatria politeísta e do panteísmo revolucionário, tem-
se mascarado na forma de linguagem pseudo-científica e
especulações humanistas (algo para todos os gostos!),
características que marcaram tanto as religiões antigas, como o
cientificismo moderno revolucionário. A elaboração de tal
cosmovisão jamais procederia de homens, nem mesmo de homens
poderosos como Ninrode e seus seguidores. A influência
extraordinária que esse sistema vem mantendo sobre as multidões,
ao longo do tempo, dá-nos a certeza de que sua origem é
sobrenatural.

No tocante à construção daquele primeiro templo pagão, localizado


no cume da Torre de Babel, de alguma forma, Satanás e suas
potestades das trevas deveriam ter comunicado revelações
ocultistas a Ninrode, estabelecendo assim, a primeira grande
rebelião contra Deus, no pós-dilúvio. Tal rebelião fora interrompida
por um breve momento, em virtude do julgamento de Babel, mas
continua hoje, ao redor do mundo, crescendo como nunca. 7

Decerto a antiga religião de Ninrode não devia ser tão complicada.


Tanto as referências bíblicas quanto as evidências arqueológicas,
revelam que o homem primitivo cultuava “a hoste do céu”. Esta
expressão, encontrada inúmeras vezes no Antigo Testamento,
significa literalmente “exércitos do Céu”: “Acreditava-se que, nos
cultos astrológicos da antiguidade, os corpos celestes eram
vivificados por espíritos e, portanto, constituiriam um exército vivo
que controlasse o destino celestial”. 8

É provável que as primeiras formas de idolatria tenham envolvido os


planetas. Das alturas eminentes do Zigurate de Babel, os
sacerdotes sumérios podiam estudar órbita dos planetas. A
princípio, consistia-se principalmente do sol, da lua e de cinco
planetas, os quais eram todos adorados como deuses. Essa
veneração rudimentar alastrou-se e originou o que conhecemos hoje
como astrologia.

A premissa básica da astrologia era (e ainda é): a órbita dos


planetas influencia a vida das pessoas. Os astrólogos acabaram
tornando-se estudiosos do “zodíaco”. Acreditavam que, analisando a
posição dos astros do zodíaco, na data em que as pessoas
nasciam, poderiam prever o futuro destas. Essa “ciência”, é claro,
desenvolveu-se ao longo dos séculos, mas aparentemente teve seu
início nas religiões ocultistas da antiga Babilônia.

A cidade de Ninrode continuava a crescer, bem como o seu poder.


Sua posição como rei da Babilônia permitia-o desfrutar de um
harém, do qual surgiu uma jovem concubina, a mais notável entre
todas as moças. Chamava-se Semíramis, mulher formosa e lasciva,
a quem Ninrode coroou como rainha de seu reino. Logo após a
morte dele, Semíramis ascendeu ao poder e passou a controlar todo
o império. Seu primeiro decreto oficial, como Rainha da Babilônia,
foi transformar o falecido esposo em uma divindade. Seus
seguidores idolatraram-no enquanto vivo; ela exaltava-o em sua
morte.

Parecia que o comportamento libertino de Semíramis não era


segredo na corte da Babilônia. Por fim, deu à luz uma criança, e
arquitetou um engenhoso plano para ocultar seu comportamento
promíscuo. Ela anunciou que Ninrode ressuscitara dentre os mortos,
sendo ele o pai da criança! Seu filho, Tamuz, foi então glorificado
como um semideus, vindo à Terra. Muitos deram vazão à estória e
logo, Ninrode, Semíramis e Tamuz tornaram-se o padrão de
praticamente todos os antigos cultos e mitos de fertilidade, os quais
floresceram ao longo dos milênios. Aquilo que começou e
desenvolveu-se na cultura babilônica, acabou se alastrando (em
razão da grande dispersão e confusão das línguas, causadas por
Deus) para a Síria, Canaã, Egito e, finalmente, para a Grécia e
Roma. Mitos idênticos são praticados em todas as civilizações
antigas, — cada qual com suas nuances — porém, essencialmente
iguais. Os ritos de fertilidade, que se desenvolveram a partir desse
mito inicial, trouxeram sobre a humanidade conseqüências ainda
maiores que as da astrologia.

Desses mitos antigos, tem maior importância aquele que gira em


torno da violenta morte de Tamuz. Quer Osíris para os egípcios,
Baco para os gregos e romanos, ou Balder para os nórdicos, trata-
se do mesmo mito. Tamuz é assassinado e encontra-se na morada
dos mortos. Horrorizados pelo seu trágico fim, os outros deuses
oferecem, com vista à sua libertação, um resgate à deusa do
Inferno. Ela aceita, mas com uma condição: se tudo o que há na
Terra chorar por ele. Somente assim, provariam se era realmente
digno de ressurgir.

Daí a prática de um dos ritos primitivos ser o lamento por Tamuz.


Nós o encontramos até nas Escrituras, quando Ezequiel é
transladado no Espírito (da Babilônia!) para Jerusalém, onde lhe é
mostrado mulheres chorando por Tamuz (Ezequiel 8:14). Também
parece que Semíramis e Tamuz tiveram a sua influência no dogma
cristão, uma vez que os mitos envolvendo suas vidas prepararam o
caminho para fixar, no Catolicismo, o conceito de Nossa Senhora:
Maria, a Mãe de Deus. 9

OS ANTIGOS RITOS DE FERTILIDADE Como foi dito, Semíramis


era uma mulher muito vulgar e perversa. E sua fora a idéia de
introduzir, nos ritos idólatras da Babilônia, a prática depravada da
imoralidade sexual. Muitas dessas práticas inovadoras seriam,
depois, classificadas como “ritos de fertilidade”. As jovens meninas
eram criadas segundo os ensinos religiosos dos ritos. Em sua
cultura, esperava-se que as virgens estivessem sempre disponíveis
para os prazeres dos sacerdotes sumérios, a fim de e coletarem
“oferendas”e adorarem aos deuses. Elas também ofereciam seus
dons mais preciosos: virgindade, castidade e senso de modéstia e
pudor. Os caminhos e degraus do templo eram repletos de
mulheres, de todas as idades, oferecendo-se aos que por ali
passavam.

Os babilônios não foram os únicos a mergulhar nesse vergonhoso


pecado. O mundo inteiro, todos os povos, raças e nações,
profanavam-se nele. Desde o mar Cáspio até as ilhas gregas; das
montanhas do Ararate até os desertos de Iêmen e arredores. Todo
joelho dobrava-se diante da deusa, toda mão implorava-lhe favor;
seu nome estava em todos os lábios. Um dos princípios
elementares do culto à Ishtar exigia, das mulheres que nela criam e
adoravam em seu templo, que se entregassem, ao menos uma vez
na vida, a um homem completamente estranho. A obrigação era
universal, independente de idade ou classe social. Toda adoradora
tinha de assentar-se no santuário, com o rosto coberto, e expor sua
nudez aos olhos lúbricos de estranhos. Se um homem se pusesse
em sua frente desejando ter relações sexuais, bastava colocar em
seus seios, como sinal de seu desejo, uma peça de prata ou algum
objeto de valor. A mulher, então, era obrigada a render-se aos seus
desejos. Essa paga era entregue, pelos sacerdotes, como uma
oferenda à deusa Ishtar.

Além da prostituição compulsória aproveitada pelos sacerdotes,


haviam prostitutas permanentes, chamadas consagradas ou
kedeshot (a saber, santas ou separadas ao ofício de prostituta para
Ishtar). Durante a festa de primavera, quando Ishtar descia ao Sheol
para implorar aos espectros, escandalosamente, que libertassem
Tamuz das amarras do sono mortal e enviassem-no de volta à Terra,
para renovar sua fertilidade e prosperidade, as kedeshot
entregavam-se, no templo, às orgias mais selvagens, em honra ao
retorno do renascido Tamuz. 10

Com o passar do tempo, a natureza pervertida de Semíramis


passou a ser personificada em diversas culturas, recebendo o nome
de Astarote, Ishtar, Afrodite e Vênus. Depois, ao passo que os mitos
perduravam, a imaginação de seus adoradores deu origem a
inúmeras estórias sobre deuses e deusas.
Agora, talvez, entendamos melhor por que esta antiga cidade
chamava-se “MISTÉRIO: BABILÔNIA, A GRANDE; A MÃE DAS
PROSTITUTAS E DAS PRÁTICAS REPUGNANTES DA TERRA”
(Apocalipse 17:5). Todos nós sabemos que o termo “prostituição”,
na Bíblia, é empregado para referir-se à idolatria. Como fica claro no
estudo acima, bem como nos relatos sobre o envolvimento de Israel
em ritos de fertilidade, as prostituições da Babilônia também
continham um elemento de verdade literal. Com exceção do
Islamismo, a religião criada por Ninrode gerou todas as falsas
religiões conhecidas atualmente. Por isso, a Babilônia é chamada
de “mãe das prostitutas e das práticas repugnantes”.

E mais, ela despertou a rebelião que enchera o coração dos


homens no pré-dilúvio. Aquilo que nasceu no coração de um único
rebelde, cresceu rápido como um câncer, alastrando-se por toda a
Terra.

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO Quando fala o


Mentiroso, ele o faz segundo sua natureza mentirosa, e contamina o
mundo com mentiras. (João 8:44 – adaptação da The Messege
Bible, feita pelo revisor)

Pois há muitos rebeldes por aí, sempre metidos em conversas


enganadoras, que geram contendas e confusão. Não há pessoa pior
que um hipócrita religiosos e cheio de orgulho. (Tito 1:10 –
adaptação da The Messege Bible, feita pelo revisor)

Senhor, por favor, destrói minha natureza rebelde. Arranca de mim o


meu orgulho. Em meio a esta guerra intensa entre o bem e o mal,
faze-me andar Contigo, lado a lado. Arrebata-me totalmente do
arraial dos rebeldes. Dá-me amor por Teus mansos e humildes
caminhos. Em nome de Jesus. Amém.

Capítulo 3

Mundanismo: A Queda de Israel


“Afastem-se de mim os que praticam o mal! Quero obedecer aos
mandamentos do meu Deus!”
O Salmista (119:115)

DEPOIS DE APROXIMADAMENTE UMA DÉCADA DA MORTE de Ninrode

(300 anos após o grande dilúvio, pelo menos), Abraão nasceu em


Ur, uma das cidades que Ninrode construíra na Mesopotâmia.
Podemos presumir que o conhecimento de Deus ainda era muito
amplo sobre a Terra. É muito provável que não houvesse ateus
naqueles dias, apenas rebeldes atraídos aos ritos de fertilidade,
recém-criados, de Babel. Embora homens justos como Jó (que
também viveu nessa época) continuassem a buscar o Senhor, a
maioria dos habitantes da Mesopotâmia descia às profundezas da
imoralidade, carnalidade e rebelião contra a autoridade de Deus.

Por mais difícil que tenha sido para o Senhor encontrar, em Ur, um
amante da verdade, Deus contemplou Abraão e revelouSe
poderosamente a ele. As Escrituras nada dizem sobre os primeiros
anos de sua vida, mas sabemos que contava com cerca de 70 anos
quando o Senhor apareceu-lhe, dizendo: “Saia da sua terra e do
meio dos seus parentes e vá para a terra que eu lhe mostrarei”
(Atos 7:2-3). “Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-
se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não
soubesse para onde estava indo” (Hebreus 11:8).

E assim, Abraão foi chamado para fora do “mundo” de Ur, terra que
fora estabelecida, algumas décadas antes, pelo maligno e sedutor
Ninrode. Durante os 105 anos seguintes, o patriarca peregrino
habitou em tendas e recusou-se a desfrutar do estilo de vida
confortável da cultura ímpia que o cercava. Sua vida mostrar-se-ia
um exemplo de compromisso com Deus para as gerações futuras.

O sobrinho de Abraão, Ló, também expressava sua fé em Deus e


juntou-se ao tio em sua jornada, em direção a uma terra
desconhecida. Juntas, as duas famílias deixaram a Mesopotâmia,
indo primeiramente à Síria e depois à Canaã. No entanto, a fé de Ló
não podia ser comparada à de seu tio. À medida que os dois líderes
multiplicavam seus rebanhos e gados, os servos de Ló punham-se a
discutir com os de Abraão, até chegar o momento em que a tensão
tornou-se insuportável. Por fim, Abraão disse a Ló: “Não haja
desavença entre mim e você, ou entre os seus pastores e os meus;
afinal somos irmãos! Aí está a terra inteira diante de você. Vamos
separar-nos. Se você for para a esquerda, irei para a direita; se for
para a direita, irei para a esquerda” (Gênesis 13:8-9).

Este foi um alerta para Ló e sua esposa. Eles deveriam ter se


humilhado perante o piedoso tio e se arrependido. Sua atitude
deveria ter sido como a de Rute, quando Noemi disse-lhe para
retornar ao seu povo: “Não insistas comigo que te deixe e que não
mais te acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! Onde
morreres morrerei, e ali serei sepultada. Que o SENHOR me
castigue com todo o rigor, se outra coisa que não a morte me
separar de ti!” (Rute 1:16-17). Em vez de considerar a vida em Deus
que poderiam ter, através da liderança de Abraão, sua atenção
voltava-se para outro lugar:

Olhou então Ló e viu todo o vale do Jordão, todo ele bem irrigado,
até Zoar; era como o jardim do SENHOR, como a terra do Egito. Isto
se deu antes de o SENHOR destruir Sodoma e Gomorra. Ló
escolheu todo o vale do Jordão e partiu em direção ao leste. Assim
os dois se separaram: Abrão ficou na terra de Canaã, mas Ló
mudou seu acampamento para um lugar próximo a Sodoma, entre
as cidades do vale. Ora, os homens de Sodoma eram
extremamente perversos e pecadores contra o SENHOR.
(Gênesis 13:10-13)
Teria sido removido, do coração de Ló, o amor pela vida em

Ur? Aparentemente não. Pois fora atraído em direção a Sodoma.


Não apenas lhe seria mais cômodo viver com outras pessoas, mas
a terra era também decerto abundante. O fato de Sodoma e
Gomorra serem extremamente abomináveis, não parecia ter muita
importância para Ló. Da mesma forma, aqueles que se declaram
hoje como seguidores de Cristo, consideram as vantagens de sua
união com o mundo boas demais para serem descartadas – sua
religião tem de encontrar um jeito para manter seu amor por este
mundo. Ló levou sua família para perto de Sodoma. Abraão
estabeleceu-se no extremo oeste de Canaã, onde a vida era simples
e rural.

Não muito depois de Abraão e Ló tomarem caminhos distintos, cinco


reis rivais saquearam Sodoma e Gomorra, levando cativos Ló e sua
família. Abraão imediatamente saiu em perseguição aos
comandantes militares, seguindo-os até Dã, onde ele e seus
homens os derrotaram. Esta foi a única ação militar em que Abraão
se envolveu — não por sua própria causa, mas para resgatar seu
sobrinho e sua família.

Esse foi o segundo alerta que o Senhor concedeu graciosamente a


Ló e sua esposa. Viver fora do governo e da vontade de Deus é
perigoso! Este casal carnal deveria ter se humilhado, reconhecido
seus erros e demonstrado arrependimento, abandonando Sodoma
de uma vez por todas. Certamente havia espaço o suficiente em
Canaã para as duas famílias viverem confortavelmente. Será que
Deus não teria suprido as necessidades de Ló, abençoando-o como
fizera a Abraão? Todavia, mesmo com o episódio dos reis e a
tragédia que sofrera, Ló não aprendeu a lição. Regressou, pois, a
Sodoma com sua família, onde permaneceram por mais 10 anos,
até o dia em que os anjos do Senhor trouxeram juízo àquela cidade
pervertida.

Foi Abraão, mais uma vez, quem salvou seus parentes carnais da
iminente destruição, “colocando-se diante do Senhor” para
interceder por eles. Ainda que Ló “cresse em Deus”, suas atitudes
durante essa experiência revelaram que seu coração estava longe
do Senhor. É verdade, ele ofereceu aos anjos um abrigo contra o
grupo de homossexuais que atacou a casa. Contudo, logo se voltou
e entregou suas filhas virgens para satisfazerem os desejos sexuais
de compulsivos depravados! Por misericórdia de Deus, os anjos
interviram e julgaram aqueles homens, evitando uma grande
tragédia. No dia seguinte, ele tentou alertar seus genros, mas foi
ridicularizado – como sempre acontece quando o que alerta é
mundano e sua vida com Deus é morna, sem compromisso e
desprovida de autoridade.

Quando os mensageiros angelicais apressaram Ló, dizendo que


saísse imediatamente, “ele hesitou” (Gênesis 19:16). A palavra
hebraica para hesitar significa “relutante a mover-se”. Sua esposa
não queria abandonar a amada Sodoma de maneira nenhuma, e
parece que Ló estava indo embora com bastante relutância. Não
fosse a “compaixão do Senhor”, ordenando aos anjos que lhes
agarrassem as mãos e arrastassem-nos para fora da cidade, ambos
teriam sido destruídos! Agora, já fora da cidade, os anjos disseram-
lhe: “Fuja por amor à vida! Não olhe para trás e não pare em lugar
nenhum da planície! Fuja para as montanhas, ou você será morto!”
(Gênesis 19:17). Em vez de fugir e salvar sua família, Ló propôs um
acordo: “Seu servo foi favorecido por sua benevolência, pois o
senhor foi bondoso comigo, poupando-me a vida. Não posso fugir
para as montanhas, senão esta calamidade cairá sobre mim, e
morrerei. Aqui perto há uma cidade pequena. Está tão próxima que
dá para correr até lá. Deixeme ir para lá! Mesmo sendo tão
pequena, lá estarei a salvo” (Gênesis 19:19-20). A cidade de Zoar,
localizada nos arredores, era provavelmente tão pervertida quanto
Sodoma e Gomorra. No entanto, o anjo concordou, dizendo:
“Também lhe atenderei esse pedido; não destruirei a cidade da qual
você fala. Fuja depressa, porque nada poderei fazer enquanto você
não chegar lá” (Gênesis 19:21-22).

O enxofre derretido, que desceu como chuva de fogo sobre as


cidades ímpias e impuras, destruiu-as por completo e soterrouas
com uma camada de sal. A esposa de Ló, mais afastada de Deus
do que ele, hesitou e olhou para trás com saudades, pelo que a
chuva de enxofre transformou-a num memorial eterno do amor por
este mundo. Aproximadamente 2.000 anos depois, Jesus usou essa
trágica história para alertar a nossa geração: “Naquele dia, quem
estiver no telhado de sua casa, não deve descer para apanhar os
seus bens dentro de casa. Semelhantemente, quem estiver no
campo, não deve voltar atrás por coisa alguma. Lembrem-se da
mulher de Ló!”Lembrem-se da mulher de Ló!” 32). Ela foi um
exemplo do que não fazer na vida. Em vez de salvar-se da
destruição, seu amor pelo mundo foi a causa da própria morte.
Como sempre vemos, seu coração permaneceu junto ao seu
tesouro.

Ló continuou vivendo com as duas filhas — tudo o que lhe tinha


restado após os anos de ganância em Sodoma —, preferindo viver
em uma caverna montanhosa, acima da cidade de Zoar, a humilhar-
se e retornar a Abraão. Suas filhas, espiritualmente contaminadas
por uma vida exposta ao ambiente libertino de Sodoma, elaboraram
um plano totalmente típico de uma mentalidade carnal. Sem
perspectivas de casamento, decidiram conceber filhos do próprio
pai, que sem saber, engravidou-as quando embriagado por elas.
Duas crianças, Moabe e Amom, foram o resultado desse
relacionamento impuro. E quão grande sofrimento os moabitas e
amonitas (seus descendentes) trariam ao povo de Deus nos séculos
por vir!

APRENDENDO COM A HISTÓRIA DE SODOMA Você consegue


perceber como os personagens dessa história tipificam os diferentes
grupos de pessoas nas igrejas de hoje?

Em primeiro lugar, temos Abraão. Homem de grande fé e


consagração. Deus honrou seu nível de compromisso de tal maneira
que, antes de destruir as cidades do Vale do Jordão, sentiu-Se
obrigado a comunicar-lho, perguntando aos anjos: “Esconderei de
Abraão o que estou para fazer?” (Gênesis 18:17). Sendo assim,
quando o Senhor enviou os anjos para executarem Seu juízo,
Abraão, cheio de misericórdia, pôs-se a interceder pelos habitantes
ímpios e promíscuos daquelas cidades. Ele suplicou, barganhou e
chorou em favor deles. Sua intercessão foi tão poderosa que Ló foi
salvo somente por causa de Abraão (Gênesis 19:29). Suas orações
tiveram tanto impacto no Céu, que o anjo disse a Ló: “Fuja
depressa, porque nada poderei fazer enquanto você não chegar lá”
(Gênesis 19:22).

Em segundo lugar, temos Ló, cujo amor pelas riquezas do mundo


levou-o para longe da Terra Prometida e da cobertura espiritual de
Abraão. Preferiu a vida na cidade do entretenimento e sensualidade.
Em vez de conduzir sua família a uma vida na dependência de
Deus, levou-a diretamente para o ambiente infernal de Sodoma e
Gomorra. Sua vida tipifica o cristão moderno, que até tem alguma fé
em Deus, mas nunca se sujeita à vontade do Senhor, nem renuncia
à paixão que tem pelo mundo. Representa o crente que segue o
Senhor da maneira como acha que deve. Ao invés de seguir o bom
exemplo de Abraão, Ló cometeu o terrível erro de considerar-se
mais santo do que os incrédulos à sua volta.

Os cristãos enfrentam a mesma tentação hoje. Nossa nação é um


reflexo da impureza e perversão ostentada por Sodoma e Gomorra.
Não é de admirar que seja tão fácil para os crentes mornos
considerarem-se santos. Contanto que seu nível de pureza exceda
a justiça do mundo em alguma coisa, consideram-se “santos”. Sim,
comparados aos homens perversos de Sodoma, Ló era considerado
“justo”, por causa de sua fé. Também é verdade que Deus o
resgatou, mas ele teve de ser praticamente arrastado de Sodoma
para isso. As trágicas conseqüências de suas decisões — a morte
da esposa, dos genros, e a degradação das filhas — precisam servir
de alerta àqueles que acreditam não ser necessário arrepender-se
pelo amor ao mundo.

Nosso terceiro exemplo é a mulher de Ló, de quem Jesus


solenemente manda-nos lembrar. Ela representa a pessoa que
permanece apenas sentada na igreja, ouvindo o ensino e a
pregação, mas que nunca teve uma conversão genuína. As palavras
de J.C. Ryle aplicam-se perfeitamente a tais pessoas:
Falarei sobre os privilégios religiosos de que a mulher de Ló
desfrutava... Poucos talvez tivessem recebido tão bom exemplo,
vivido em sociedade tão espiritual, tido conhecimento tão claro e
advertências tão evidentes como ela o teve. Comparada com os
milhões de sua época, a mulher de Ló foi muito privilegiada.

Entretanto, que transformações ocorreram em seu coração, tendo


ela tais privilégios? Nenhuma. A despeito de todas as oportunidades
— todos os alertas e mensagens do Céu — ela viveu e morreu
desprovida da graça, da piedade, endurecida e incrédula. Os olhos
do seu entendimento jamais foram abertos; sua consciência jamais
despertada e vivificada; sua vontade nunca se sujeitou à obediência
a Deus; seus prazeres nunca se alinharam às coisas do Alto. Sua
religião era preservada em função das tradições, não por amor.
Funcionava como uma capa para agradar os outros, mas não tinha
qualquer valor para si. Fazia tudo quanto observava em casa de Ló:
conformava-se com as escolhas de seu marido, não fazia qualquer
resistência à sua religião, era-lhe submissa em tudo; mas em todo o
tempo, seu coração era mau perante os olhos de Deus. O mundo
jazia em seu coração, e seu coração no mundo. Esse foi o estado
em que viveu. E nessa condição morreu… Nada endurece tanto o
coração do homem como o falso conhecimento que possuiu acerca
de Deus”. 1

De todos os exemplos encontrados no Antigo Testamento, dos quais


Jesus poderia ter se valido, é o exemplo da mulher de Ló que
escolhe como austera advertência para nós, que vivemos nos
últimos dias. Deus “não repreenderá perpetuamente (Salmo 103:9 –
ECA), mas julgará rapidamente os que recusarem as oportunidades
de fuga que Ele oferece. Jesus nos ordena: “Lembrem-se da mulher
de Ló”. Como fazemos isso? Lembrando-nos freqüentemente de
sua vida e comparando-a com a nossa. A lição que podemos tirar de
sua vida pode ser resumida nas palavras ditas por Jesus em outra
ocasião: “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu
coração… Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro (Mamom)”
(Mateus 6:21,24).
UMA NOVA NAÇÃO
Na época em que a descendência de Abraão, Jacó e seus filhos,
juntaram-se a José no Egito, a idolatria que começara na
Mesopotâmia, séculos atrás, alastrava-se rapidamente. A antiga
família de Israel logo caiu num esgoto espiritual de trevas, no qual
permaneceu por mais de 400 anos. Contudo, não foi a imundície
espiritual que forçou os hebreus a deixarem a terra do Nilo. Na
verdade, não há registros de que tenham feito uma única
reclamação contra os ritos de fertilidade, que permeavam a
sociedade em que se encontravam. A bem da verdade, almejavam
tão-somente a libertação da escravidão. Parece que a única razão
de os israelitas clamarem ao “deus” de seus antepassados
encontrava-se no fato de não haver mais ninguém a quem recorrer.
Eles mesmos foram saturados pela idolatria politeísta, já
mencionada antes, que corria desenfreada por todo o mundo: a
crença de que existiam diversos deuses, cada um possuindo
características e poderes específicos. O problema crucial que
enfrentavam era ser estrangeiros; não podiam buscar o favor dos
deuses egípcios. A única esperança que restava era buscar o Deus
de seus antepassados: o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.

Deus tinha um plano em mente, é claro, e colocou um menino


hebreu no palácio de faraó para aprender toda a sabedoria dos
egípcios. Os caminhos de Deus não iguais aos do homem. A Bíblia
nos diz que: “Pela fé Moisés, já adulto, recusou ser chamado filho
da filha do faraó, preferindo ser maltratado com o povo de Deus a
desfrutar os prazeres do pecado durante algum tempo. Por amor de
Cristo, considerou sua desonra uma riqueza maior do que os
tesouros do Egito, porque contemplava a sua recompensa. Pela fé
saiu do Egito, não temendo a ira do rei, e recompensa. Pela fé saiu
do Egito, não temendo a ira do rei, e 27). Deus libertou Seu povo,
não pela sabedoria humana ou por ligações políticas, mas por meio
da fé. O homem escolhido pelo Senhor para liderá-los nessa grande
libertação, não cobiçava uma posição elevada no palácio de faraó.
Pelo contrário, escolheu afastar-se dela, identificando-se com os
hebreus oprimidos — preferiu sair do meio dos opressores e entrar
no jugo dos oprimidos.

Levou 40 anos no deserto para que Deus limpasse sua mentalidade


egípcia e ensinasse-lhe a humildade que caracteriza uma vontade
submissa. Por fim, tendo-o moldado para ser um verdadeiro
instrumento, o Senhor envia Moisés novamente ao Egito, para
libertar seus irmãos. No entanto, o espírito da Babilônia,
profundamente enraizado nos palácios egípcios, não permitira que o
povo de Deus partisse sem uma disputa violenta. Faraó, soberbo e
ganancioso, tomado pelo diabo, endureceu seu coração e recusou-
se a libertar Israel.

O Grande Jeová puniu os egípcios com sucessíveis pragas, até


faraó ceder. Numa incrível demonstração do supremo poder do
Todo-Poderoso, o espírito anti-Deus que governava o Egito foi
esmagado. No final da história, aquele “deus” dos escravos hebreus
destilhaçara a nação mais poderosa da Terra.

Tão logo alcançaram a segurança do outro lado do Mar Vermelho,


Israel cantou uma poderosa canção de libertação, conduzida pela
profetisa Miriã, irmã de Moisés. Durante um curto período de tempo,
os hebreus regozijaram-se no Glorioso Ser que, em Seu infalível
amor, reivindicava a descendência de Jacó como Seu tesouro
pessoal. Infelizmente, foi apenas uma questão de dias para
rebelarem-se contra Deus, acusando-O de tê-los conduzido ao
deserto para morrerem.

E não é de admirar que tenham reagido assim. Por centenas de


anos, haviam-se rendido inteiramente aos ritos de fertilidade do
Egito, acostumando-se a servir demônios que os seduziam com
orgias sexuais e promessas de poderes ocultos, somente para
serem escravizados e culminarem na prática hedionda do sacrifício
de crianças. Eles haviam crescido com a mentalidade babilônica do
politeísmo, e agora se encontravam no deserto do Sinai, com
escassez de pão e água, sem a promessa de qualquer gratificação
carnal. A verdade é que esse “deus”, apenas conhecido por meia
dúzia deles, não lhes oferecia nada que apelasse à sua natureza
mais baixa (isto é, sua carne).

Ao invés de contemplarem um Deus de amor, que sozinho libertara-


os dos brutais e exaustivos campos de trabalho do Egito, tinham
somente a imagem de um Ser poderoso, que não estava disposto a
atender seus desejos carnais. Por isso, repetidas vezes, o povo
levantou-se em rebelião contra o Senhor. Moisés tentou argumentar
e falar-lhes acerca do amor de Deus e de Sua imensa misericórdia,
porém, o povo não demonstrava nenhum interesse; queria apenas
voltar “às panelas-carnais do Egito”, mesmo que o preço
significasse escravidão outra vez!

Parece que os hebreus iam sempre de mal a pior. Por intermédio de


Moisés, Deus entregou-lhes a Lei, na esperança de incutir na alma
de um povo corrompido, a mentalidade, os valores e as perspectivas
de Seu Reino. O Senhor advertiu-lhes inúmeras vezes,
conclamando-os ao arrependimento das práticas de idolatria, a
obedecer à Lei entregue no Monte Sinai e a amáLo de todo o
coração. Contudo, quando chegaram a Canaã, sua fé foi abalada e
recusaram-se a prosseguir. Conseqüentemente, o Senhor manteve-
os no deserto por 40 anos – não como um castigo pela sua rebeldia
–, mas com o intuito de levantar uma nova geração, isenta de
contaminações. Uma geração livre da influência pecaminosa dos
pagãos, habitantes da terra que em breve possuiriam. Pouco antes
de a nova geração entrar na “terra que mana leite e mel”, Moisés
admoestou-lhes que não se envolvessem, de forma alguma, com as
nações ímpias que lá viviam:

“Não façam com elas tratado algum, e não tenham piedade delas.
Não se casem com pessoas de lá. Não dêem suas filhas aos filhos
delas, nem tomem as filhas delas para os seus filhos, pois elas
desviariam seus filhos de seguir-me para servir a outros deuses e,
por causa disso, a ira do SENHOR se acenderia contra vocês e
rapidamente os destruiria...
Pois vocês são um povo santo para o SENHOR, o seu Deus. O
SENHOR, o seu Deus, os escolheu dentre todos os povos da face
da terra para ser o seu povo, o seu tesouro pessoal” (Deuteronômio
7:2-4, 6)

Infelizmente, os milhares de anos que se seguiram, tratamse de


uma longa história de rebelião contra a autoridade de Deus, e
profanação constante com as nações vizinhas. Decerto houve
pessoas íntegras, como Davi, Josias e Ezequias, mas a maioria do
povo escolhido de Deus rejeitou-O, trocando-O por aquilo que o
kosmos, através dos muitos ritos de fertilidade, poder-lhesia
oferecer.

Após relatar o fracasso dos hebreus, Paulo diz: “Essas coisas


aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como
advertência para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos.
Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (I
Coríntios 10:11-12).

Há três lições importantes para os cristãos de hoje, que podem ser


extraídas da história do povo judeu. A primeira é: Deus requer de
Seu povo uma vida de separação e santificação. A segunda é: se
falharem em fazê-lo, certamente serão atraídos à mesma idolatria
que governa a vida dos ímpios. A terceira implica que, se isso
acontecer, Deus permitirá que Seu povo seja oprimido pelas
pessoas com que se misturaram e comprometeram seu testemunho.
O inequívoco mandamento de Deus ao Seu povo é: aparte-se e
renuncie ao estilo de vida dos que têm parte com o reino das trevas.

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Se você se levantar, por amor a Mim, contra tudo aquilo que o


mundo pensa, eu Me levantarei em seu favor diante de Meu Pai,
que está no Céu.
(Mateus 10:32 – adaptação da The Messege Bible, feita pelo
revisor)
Sodoma e Gomorra, cuja sexualidade foi pervertida juntamente com
a das cidades circunvizinhas, semelhantes a elas, são outro
exemplo. Queimando, queimando eternamente com fogo
inextinguível, elas ainda nos servem de severo alerta.
(Judas 1:7– adaptação da The Messege Bible, feita pelo revisor)

Senhor, arrependo-me por obviamente amar este mundo. Eu não


quero os brinquedinhos do diabo! Pelo contrário, quero dedicar-me
inteiramente a Ti e a Teu Reino. Cava um enorme abismo entre meu
coração e este mundo. Por favor, liberta-me das paixões malignas
da presente era. Em nome de Jesus. Amém.

Capítulo 4

Saiam!

“Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso


Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para
mim, e eu para o mundo”. 1
Apóstolo Paulo (Gálatas 6:14)

“Lembremos de que, enquanto estivermos neste mundo, residimos


em terra estranha e estamos distantes de nosso lar. Portanto, não
nos apeguemos exacerbadamente a nada daqui”. 2
Philip Doddridge

AS COISAS NÃO PODERIAM ESTAR PIORES para o povo escolhido de

Deus em 445 a.C. O reino do norte, Israel, que fora levado cativo
aproximadamente 300 anos antes, tinha absorvido a cultura síria e
perdido toda a perspectiva de sua história. O reino do sul, Judá,
caíra nas mãos de Nabucodonosor, em 586 a.C, e os 70 anos de
cativeiro cumpriram-se exatamente como predissera Jeremias, o
profeta.
Todavia, em virtude da intercessão de Daniel e do trabalho de
homens “separados” como Neemias, Esdras e Ageu, um
remanescente voltou à terra de Israel para reconstruir os muros de
Jerusalém, restaurar o templo e sua adoração. Mas apesar de seus
esforços, muitos dos judeus babilônios não quiseram retornar! Eles
haviam prosperado e relutavam em deixar sua riqueza para trás.
Eram amantes da vida boa que tinham na cidade mais rica do
mundo. Então, por que trocar o conforto do lar que adotaram por um
futuro incerto, na terra cruel e devastada de seus antepassados?

Eles ainda eram judeus, em sua forma de ver as coisas, e


acreditavam que poderiam dar continuidade à sua religião sem
experimentar o processo de “consagração”, ou seja, de ter que
regressar. A verdade, no entanto, é que se achavam viciados na
Babilônia e em seus prazeres.

Isaías clamou a essas pessoas: “Afastem-se, afastem-se, saiam


daqui! Não toquem em coisas impuras! Saiam dela e sejam puros,
vocês, que transportam os utensílios do SENHOR” (Isaías 52:11).
Numa súplica ainda mais enfática, Deus chamava Seu povo para
uma vida de separação, dessa vez para deixar a própria Babilônia.
Observe que Deus ordena Seu povo a agir, a fazer algo:
“Desapeguem-se! Desliguem-se do rei da Babilônia, povo Meu!
Cortem todos os laços com ele! E, quando fizerem essa separação,
purifiquem-se da contaminação que veio sobre vocês por causa da
associação com ele”.

Esse é o contexto apresentado no Antigo Testamento, o qual levou


Deus a conclamar-lhes poderosamente, e é aquele que O faz
clamar a nós hoje, Seu povo do Novo Testamento: “SAIAM!”

Analisemos, por um momento, tal semelhança. O Reino de Deus


passou por uma grande transformação depois do Calvário. Não
mais confinado a uma única nação, o Reino passou a abranger
todas as nações: “Quem tiver sede, venha... de toda tribo, língua,
povo e nação” (Apocalipse 2217, 5:9). Deus começou a congregar
Seu povo e a chamá-lo para uma vida separada. A santificação
desse povo não mais seria como a dos judeus do Antigo Testamento
– viver dentro de uma sociedade fechada, completamente isolada
das outras nações do mundo. Não, no Novo Testamento, os servos
do Senhor teriam de conviver com seus vizinhos incrédulos,
comprar em lojas do mundo, trabalhar em empresas ímpias e, ainda
assim, manter-se desligados da “Babilônia” que os cerca; separados
do mundo, mas vivendo no mundo — separados para Deus, EM
SEU CORAÇÃO. Tendo sido resgatados “do domínio das trevas e
transportados para o Reino do seu Filho amado” (Colossenses
1:13), eles devem viver separados do sistema deste mundo,
consagrados como vasos de honra para Deus. Devem ser
conhecidos como santos (em grego, hagios significa “separados,
apartados, santificados”), cheios do Espírito Santo (em grego,
Hagios Pneuma). O apóstolo Paulo escreveu: “Acaso não sabem
que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em
vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si
mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto,
mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, 20)
O conjunto desses “separados” chama-se Igreja (em grego, ekklesia
– contração de ek, que significa fora de, com kletos, que significa
chamados). Na linguagem do Antigo Testamento, os chamados de
Deus eram a “congregação do Senhor”. No Novo Testamento, são
“a Igreja”, os “chamados para fora”. Paulo foi bem claro quando
escreveu, em grego, aos cristãos de Corinto, saudando-os:
Paulo, chamado (kletos) apóstolo de Jesus Cristo, pela
vontade de Deus, e o irmão Sóstenes, à igreja (ekklesia) de
Deus que está em Corinto, aos que foram santificados
(hagiazo) em Cristo Jesus, santos (hagios) pelo chamado
(kletos), com todos os que em todo lugar invocam o nome
do nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso (I
Coríntios 1:1-2 – ECA).

Veja só a explanação dessas palavras, encontrada nos escritos de


W. B. Godbey (século XIX):
Ekklesia [ek (fora), kaleo (chamar)] refere-se a toda Igreja
do Novo Testamento grego. Se você não se apegar a esta
definição, será profundamente enganado quanto ao conceito
de Igreja e desviado pelo “igrejismo” dos dias atuais, o qual
é totalmente distinto e antagônico à ekklesia, que consistia
somente de almas chamadas para fora do mundo e separadas
ao Senhor. Portanto, todas as igrejas mundanas são meras
falsificações de Satanás…
Esta é a Igreja glorificada do Primogênito: “sem ruga ou
mácula”. Não é uma Igreja onde os membros são adicionados
ao “rol”. Eles nascem, através da intervenção sobrenatural
do Espírito Santo, para ser a Igreja! Essa não é nenhuma das
igrejas mundanas que temos hoje. A palavra “Igreja”,
ekklesia, significa chamados para fora do mundo; ao passo
que hagiadzoo (santificar) significa tirar o mundo de dentro
de nós.

Portanto, todos os membros da Igreja do Novo Testamento possuem


um duplo motivo para não serem mundanos: primeiro, porque
saíram do mundo e o deixaram; segundo, porque o mundo foi
removido deles. Sendo assim, existe um divórcio recíproco deles
com o mundo. 3 (ênfase acrescida)

Isso nos dá uma visão muito mais clara sobre o que realmente é a
Igreja do Novo Testamento. Com essa definição em mente,
examinemos, de perto, o que significa ser uma parte viva desse
Corpo espiritual. Nos versículos abaixo, extraídos do Livro de Atos,
a palavra “igreja” será substituída pela expressão “os chamados
para fora do mundo”:

Naquela ocasião desencadeou-se grande perseguição contra os


chamados para fora do mundo em Jerusalém. Todos, exceto os
apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e de Samaria.
(Atos 8:1)

Saulo, por sua vez, devastava os chamados para fora do mundo.


Indo de casa em casa, arrastava homens e mulheres e os lançava
na prisão.
(Atos 8:3)

Assim, pois, os chamados para fora do mundo em toda a Judéia, e


Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificados; e se
multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do
Espírito Santo.
(Atos 9:31 – ECA)

Pedro, então, ficou detido na prisão, mas os chamados para fora do


mundo oravam intensamente a Deus por ele. (Atos 12:5)

Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o


Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem os
chamados para fora do mundo de Deus, que ele comprou com o seu
próprio sangue.
(Atos 20:28)
O nascimento da Igreja de Jesus Cristo foi impressionante!

As conversões eram profundas e marcantes. A diferença entre o


antes e o depois era fenomenal. Os convertidos entendiam que
enfrentariam perseguição e, possivelmente, até mortes. Você
consegue perceber que o povo de Deus, na Igreja Primitiva, vivia
uma verdadeira separação em relação aos incrédulos? É bem
provável que esses irmãos pranteariam se vissem quão apáticos e
envolvidos com o mundo encontram-se os chamados para fora do
mundo de hoje! O autor do Livro de Hebreus faz uma pergunta
primordial àqueles que se professam cristãos: “Quão mais severo
castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de
Deus, profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e
insultou o Espírito da graça?” (Hebreus 10:29).

O CHAMADO DO POVO DE DEUS O que acontece quando uma


pessoa responde ao chamado de Deus, a tornar-se participante de
Seu Reino, mas insiste em manter seus laços com o reino do
Diabo? Jesus, Aquele que morreu na cruz para comprar um povo
para Si, deixou bem claro que isso não seria possível. Ele diz:
“Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o
Reino de Deus” (Lucas 9:62). “Se alguém vem a mim e ama o seu
pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até
sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo”
(Lucas 14:26) “Aquele que não está comigo, está contra mim; e
aquele que comigo não ajunta, espalha” (Mateus 12:30) Dedicar-se
a Cristo, pela metade – mais ou menos – é inadmissível, impossível.
É verdade, a maturidade de um crente e seu crescimento não vêm
da noite para o dia. Contudo, podemos questionar-nos se alguém
que nunca foi transformado é convertido de fato.

Paulo deparou-se com essa atitude permissiva em certa igreja,


localizada na pervertida cidade portuária de Corinto; lugar repleto de
pecado sexual, soberba grega e práticas pagãs. Os cristãos de
Corinto eram “carnais”, segundo Paulo. Eles queriam manter as
velhas alianças com o mundo e, ao mesmo tempo, desfrutar dos
benefícios da salvação. Paulo escreveu sobre a necessidade de
renunciarem aos laços com o mundo. Trazendo à memória o intenso
clamor de Isaías – com o qual abrimos este capítulo –, Paulo diz:
Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm
em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz
com as trevas? Que harmonia entre Cristo e Belial? Que há de
comum entre o crente e o descrente? Que acordo há entre o templo
de Deus e os ídolos? Pois somos santuário do Deus vivo. Como
disse Deus: “Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu
Deus, e eles serão o meu povo”. Portanto, “saiam do meio deles e
separem-se”, diz o Senhor. “Não toquem em coisas impuras, e eu os
receberei” “e lhes serei Pai, e vocês serão meus filhos e minhas
filhas”, diz o Senhor todo-poderoso. Amados, visto que temos essas
promessas, purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo a e o
espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus. (II
Corinthians 6:14-7:1)

Esta maravilhosa passagem das Escrituras abrange três


mandamentos, cinco comparações e sete promessas condicionais.
Estudaremos mais a fundo os três mandamentos.

MANDAMENTO 1: “NÃO SE PONHAM EM JUGO DESIGUAL


COM OS DESCRENTES!” Aqui Paulo está referindo-se a uma lei
não muito compreendida, que proibia o jugo de um boi com um
jumento (Deuteronômio 22:10). Eles são incompatíveis e não podem
lavrar o campo juntamente. Sim, o boi e o jumento podem pastar
juntos, mas nunca conseguirão trabalhar lado a lado, com o mesmo
jugo

sobre si.

Paulo aplica então o princípio da lei a um cristão e a um descrente.


Um verdadeiro cristão passa por enormes mudanças em seu
interior. Deus transforma seus valores, crenças, perspectivas – seu
estilo de vida. Tudo isto agora se opõem, em tudo, aos valores e
estilo de vida dos incrédulos à sua volta. Não existe a possibilidade
de reconciliação entre os dois.

Paulo pergunta: “Pois o que têm em comum a justiça e a maldade?


Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas?” Como podem os
que estão sujeitos a Deus, misturar-se com os que vivem num
sistema em rebelião ao Senhor? Como pode o Reino da Luz —
lugar de santidade, pureza e verdade — co-existir com o reino das
trevas — profano, impuro e enganador? São dois reinos diferentes e
eternamente separados. Não há nenhum ponto de contato entre
Céu e Inferno.

Paulo, visando o mundanismo que havia em meio aos crentes,


levanta as seguintes perguntas:

• Uma filha da Luz deve se casar com um filho das trevas?


• Um homem governado pelos princípios do Céu deve submeter-se
ao jugo de, no tocante a negócios, estabelecer alianças com alguém
estritamente fiel ao sistema do mundo?
• Os cristãos devem ter laços de irmandade com os ímpios?
A resposta a todas estas perguntas é um enfático “ NÃO!”, como
bem exortara Paulo os coríntios: “Não se deixem enganar: ‘As más
companhias corrompem os bons costumes’” (I Coríntios 15:33).

Aquele que verdadeiramente foi salvo reconhece o poder


influenciador de uma má companhia. Evita, portanto,
consistentemente, os relacionamentos nocivos, vivendo apenas
para o Reino do Céu, não se deixando dominar pelos encantos do
mundo e seus encantadores. Ele “... não segue o conselho dos
ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda
dos zombadores” (Salmo 1:1), pois sabe que está sujeito a tais
influências. Esta é a vida separada de um verdadeiro cristão. Esta é
a força motriz do mandamento: todos os relacionamentos de
“jugo desigual” precisam acabar. *

MANDAMENTO 2: “SEU ESTILO DE VIDA PRECISA MUDAR!”


O segundo mandamento é uma citação das palavras de Isaías, feita
por Paulo nesta passagem de II Coríntios: “Saiam do meio deles e
separem-se”. Isto implica uma distinção clara entre o procedimento
dos cristãos e dos mundanos. Aqueles que não têm perspectiva
sobre a eternidade cambaleiam com sua visão míope e temporal. Se
não existe vida após a morte, por que não fazermos do prazer, dos
bens, das posições, a razão de nosso viver? Aquele que concebe a
eternidade jamais pensará assim. Ele é um peregrino em busca da
“cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus”
(Hebreus 11:10). Ele é separado
* Salvo o casamento de jugo desigual que já havia sido consumado (I Coríntios 7).

do mundo e pertence a uma “geração eleita, sacerdócio real, nação


santa, povo exclusivo de Deus” (I Pedro 2:9). Seu destino é o Céu,
portanto, abominará e será sempre indiferente para com as filosofias
e o padrão deste “mundo maligno”.

Como veremos a seguir, muitos cristãos estão imersos na cultura


dos dias de hoje. Em verdade, podemos dizer que não são tão
diferentes dos ímpios que os cercam. Foi assim que os judeus foram
engolidos pela cultura babilônica. Esses cristãos deverão aquietar-
se e dar ouvidos ao Pai, que os chama para endireitarem suas
veredas e apartarem-se do estilo de vida dos ímpios. Este é um
mandamento de Deus, inexorável, para os santos do Novo
Testamento.

MANDAMENTO 3: “DESCONTAMINEM-SE!” “Não toquem em


coisas impuras! (II Coríntios 6:17b) [...] Purifiquemo-nos de tudo o
que contamina o corpo a e o espírito, aperfeiçoando a santidade no
temor de Deus” (II Coríntios 7:1).

Não estaria Paulo falando sobre as influências contaminadoras do


mundo? Tente imaginar uma pessoa saudável vivendo em uma
colônia de leprosos. Os germes estão por toda parte: nos móveis,
nas paredes, nas roupas. Existem ali os agentes de uma doença
horrível, debilitante e detestável. De repente, alguém tem aquele
pensamento: “Não toque em NADA!”

Em termos espirituais, a mensagem para todo cristão seria: “Não se


aproxime demais do que pertence à natureza pecaminosa do reino
de Satanás. Afaste-se de todo mal, impureza e contaminação!”

O kosmos sempre procurará imprimir sua mentalidade repulsiva e


diabólica nos crentes. Faze-o principalmente através dos diversos
tipos de mídia e por meio do sistema educacional. Qualquer cristão
que inclinar seus ouvidos à voz do kosmos será influenciado por ele.
Temos de lembrar-nos que o espírito do mundo apela aos desejos
mais baixos de nossa natureza, e que a atração exercida pela
cobiça nunca deve ser subestimada. O Inimigo sabe como seduzir-
nos ao seu território: apelando para os desejos da carne.

Veja só como ele opera através da mídia. Por exemplo, uma


ingênua chega do trabalho e logo decide assistir pouco à televisão.
O kosmos fornece-lhe um amplo leque de diversões. Ao mesmo
tempo, porém, sua mente é bombardeada com uma saraivada de e
mensagens e imagens impuras. Como resultado, sua mentalidade
mundana fortalece-se mais ainda.

Veja agora como ele costuma operar no meio acadêmico.


Suponhamos que um jovem deseje aprimorar seus estudos. O
espírito do mundo fornece-lhe um farto banquete de conhecimento,
mas, discretamente, enlaça-lhe e sujeita-o a seu sistema iníquo.

Diante de tudo isso, Paulo brada: “ Purifiquemo-nos de tudo o que


contamina o corpo a e o espírito, aperfeiçoando a santidade no
temor de Deus” (II Coríntios 7:1). Nós, como cristãos, precisamos
construir barreiras em todas as “estradas” de nossa mente, às quais
o Diabo procura ter acesso. A Palavra de Deus nos purificará de
todo pensamento contaminado à medida que, diariamente,
banharmo-nos dela. Condenemos, pois, agora, essa tendência que
temos de viver um Cristianismo contaminado pela aliança e
intimidade com o espírito deste mundo!

OS INIMIGOS DE DEUS
Quando alguém deseja imigrar para os Estados Unidos e tornarse
um cidadão americano, precisa preencher os formulários
apropriados, fazer os testes exigidos e comparecer a entrevistas —
tudo como parte do procedimento necessário. Espera-se que o
solicitante renuncie à lealdade para com o país de origem e
estabeleça uma aliança com sua nova pátria.

Alguns vêm para a América com o objetivo de valer-se dela para


realizar suas próprias ambições egoístas. Um exemplo claro foi o
ocorrido de 1979, quando revolucionários iranianos fizerem reféns
vários de nossos diplomatas. Durante esse período, o patriotismo
nos Estados Unidos aumentou sobremaneira. Assim como os
criminosos, muitos dos iranianos que tinham imigrado antes do
incidente entristeceram-se com o que aconteceu no Irã, porém,
agora, demonstravam lealdade para com sua nova pátria.
Alguns deles, entretanto, expressaram abertamente sua empatia
pelos seqüestradores. A reação dos patriotas americanos foi justa e
previsível. Se eles estavam no país pela boa graça do governo; se o
país abrira-lhes o coração e a terra; se estavam freqüentando as
melhores universidades com bolsas de estudo; se estavam tão bem
empregados; como então podiam demonstrar simpatia pelos
inimigos da América? Onde estava a gratidão pela abundante
liberdade e oportunidade de que desfrutando?

Não é essa uma ótima ilustração daqueles que tiveram permissão


para entrar no Reino de Deus, tão-somente para usufruir de Sua
fidelidade e menosprezar a graça que lhes permitiu entrar? A eles
foram dadas “as chaves do reino dos céus” (Mateus 16:19) e
receberam “tudo de que necessitam para a vida e para a piedade” (II
Pedro 1:3). Deus deu ordens aos anjos em seu favor (Salmo 91:11)
e, como se não fosse o bastante, ainda atendeu aos “desejos do
seu coração” (Salmo 37:4). E mesmo assim, ao invés vez de
renderem-Lhe incessantes ações de graça, por causa de Sua
imensurável bondade, são coniventes com os inimigos de Deus.
Quanta ingratidão! A fé que declaram ter em Jesus é falsa?
“Receberam Jesus” somente para se aproveitar d’Ele?

Estas palavras transpassantes de Tiago farão com que toda alma


rebelde caia em si: “Adúlteros, vocês não sabem que a amizade
com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do
mundo faz-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4). Infelizmente, muitos se
recusam a crer em declarações tão fortes como esta, mesmo que
estejam registradas nas Escrituras. O Inimigo tem lhes encoberto a
Verdade da Bíblia, cegando-lhes o entendimento (II Coríntios 4:3-4).
O poder do Diabo, exercido sobre os que jazem cauterizados por
seus encantamentos, impedeos de compreender a Palavra de Deus.
O “cristão” lê os versículos racionalmente, mas não são
transformados; os anos de mundanismo e desobediência
endureceram-lhe o coração. Sua vida cristã não passa de uma
farsa, e não conseguem discernilo. O pensamento de serem
considerados inimigos de Deus parece-lhes tão ridículo, que nem
chegam a considerar essa possibilidade. Não vêem perigo algum
em envolver-se com o mundo. Não sondam o coração porque, bem
lá no fundo, têm medo do que podem descobrir. Não estão
dispostos a destruir o lugar que o mundo ocupa em seu coração e,
por isso, simplesmente ignoram versículos como esses.

Por outro lado, o cristão cujo coração está aberto lê a passagem de


Tiago e logo faz uma análise de suas motivações e atitudes:

Estou permitindo que a mentalidade do mundo me afete? Possuo


desejos impuros pelos quais o Inimigo pode me seduzir? Mostrame,
Senhor, do que preciso me arrepender. Ó Deus, arranca de meu
coração o amor pelo mundo! Separa-me para a Tua grande obra.
Vem Jesus, e toma o Teu devido lugar em meu coração.
Resumindo, quando um crente sincero enxerga evidências de
mundanismo em sua vida, ele entra num processo de
arrependimento que perdurará até todo o mal ser completamente
erradicado.

A MORADA ETERNA
O Céu não é um lugar para os inimigos de Deus, quer tenham tido
algum tipo de encontro com Ele antes ou não. O amigo do mundo é
inimigo de Deus. Imagine uma pessoa assim morrendo e indo para
o Céu, onde justiça e verdadeira santidade habitam. Deus seria
inimigo dessa pessoa! As mansões celestiais seriam o lar de
discípulos inimigos. Decerto as ruas de ouro, os anjos e a adoração
celestial instigariam a ira deles. Assentado no Trono está Aquele
que lhes exigiu fidelidade, a qual Lhe foi negada por tais pessoas.
Para alguém que ama as coisas do mundo, o Céu seria o pior lugar
possível para se viver. O Inferno está reservado àqueles que não
querem o jugo da autoridade de Deus sobre sua vida. Nas palavras
de George Whitefield: “Um rebelde ficaria tão infeliz no Céu, que
pediria a Deus que o deixasse procurar abrigo no Inferno”.

Não deveria ser algo difícil notarmos que as Escrituras dão extrema
importância à necessidade absoluta de os cristãos separarem-se
dos principados e potestades que operam neste mundo tenebroso.
No entanto, parece que fomos feridos de cegueira e permanecemos
incapazes de discernir a rebeldia deliberada que vem dominando os
crentes de hoje. Conversões superficiais e um estilo de vida
descompromissado são as conseqüências disso! Assim, os cristãos
continuam sendo escravos no palácio dos prazeres do reino de
Satanás!

Mas este mundo não é o lar do verdadeiro cristão. Ele encontra-se


em uma guerra, atrás das linhas ígneas. Um dia, quando as guerras
cessarem, ele irá para seu esperado lar, onde receberá o descanso
tão merecido. Por ora, deve estar ciente de que se encontra em
território inimigo. Ele ama a Deus e jamais pensaria em ser amigo
de alguém que O odeia. Traí-Lo e estabelecer alianças com os Seus
inimigos? Nem pensar! O Senhor salvou-o, protegeu-o, amou-o e
abençoou-o. Sua lealdade e compromisso são inabaláveis. Ama a
Deus porque Ele o amou primeiro. Não que ele odeie as pessoas.
Antes, abomina e despreza o que o mundo ama. Sua inimizade é
como a de Davi, quando escreveu:

Quem dera matasses os ímpios, ó Deus! Afastem-se de mim os


assassinos! Porque falam de ti com maldade; em vão rebelam-se
contra ti. Acaso não odeio os que te odeiam, SENHOR? E não
detesto os que se revoltam contra ti? Tenho por eles ódio
implacável! Considero-os inimigos meus! (Salmo 139:19-22)

Esta deve ser a convicção de todo cristão verdadeiro, em relação ao


kosmos: o mundo não é o lar para os seguidores de Cristo. Os
crentes devem agir como o fizeram os diplomatas americanos no
Irã, durante a crise dos reféns, conservando as perspectivas
americanas, seus valores e princípios, a despeito do aparente poder
de seus seqüestradores, sabendo que tem um trabalho a fazer e
sendo leais ao seu país de origem.

Paulo afirma: “ A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde


esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”
(Filipenses 3:10) Pedro admoesta-nos: “Amados, insisto em que,
como estrangeiros e peregrinos no mundo, vocês se abstenham dos
desejos carnais que guerreiam contra a alma” (I Pedro 2:11). O
autor de Hebreus, referindo-se a Abraão, diz: “Pela fé peregrinou na
terra prometida como se estivesse em terra estranha; viveu em
tendas, bem como Isaque e Jacó, coherdeiros da mesma
promessa*. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo
arquiteto e edificador é Deus”tem alicerces, cujo arquiteto e
edificador é Deus” 10).

Ser parte da Igreja viva e verdadeira de Jesus Cristo não significa


pertencer a algum movimento evangélico ou religioso. Não significa
que alguém tenha tido prévias experiências espirituais e agora
decidiu viver na periferia da vida cristã. Não implica, da mesma
forma, que tenha aderido à ideologia do movimento evangélico.

Significa ser santo, dedicado e separado para o uso do Mestre.


Significa ser chamado para fora do kosmos e divorciar-se dele. E
ainda que não seja perfeito, sem pecado algum, estará
continuamente sendo moldado à santa imagem de Jesus Cristo.

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Portanto, “saiam do meio deles e separem-se”, diz o Senhor. “Não


toquem em coisas impuras, e eu os receberei”. (II Coríntios 6:17)

Continue o injusto a praticar injustiça; continue o imundo na


imundícia; continue o justo a praticar justiça; e continue o santo a
santificar-se.
(Apocalipse 22:11)

Senhor, atentei à Tua voz e ao Teu chamado. Estou respondendo.


Por favor, arrebata-me das trevas que há no sistema deste mundo;
arrebata-me para a Tua maravilhosa Luz. Ensina-me a viver neste
mundo sem entregar meu coração a ele. Sei que o Diabo está
sempre fazendo seu joguinho sujo. É uma questão de vida ou morte!
Por favor, divorcia-me do espírito do mundo. Em nome de Jesus.
Amém.

Capítulo 5

Sejam Santos Como Eu Sou Santo

“Acostumamo-nos com uma vida sem nenhuma santidade, e agora,


vemo-lo como a postura mais normal e esperada [entre os crentes]”
(observação em itálico acrescida pelo revisor). 1
A. W. Tozer

“Nosso chamado, antes e acima de qualquer coisa, é este: sermos


santos”. 2
Andrew Murray

“Não existem atalhos para a santidade. Jesus Cristo ressuscitou


porque experimentou a cruz, não porque passou ali por perto”. 3
Leighton Ford

HOUVE UM TEMPO – NÃO MUITO DISTANTE – em que os cristãos

entendiam o verdadeiro significado de santidade. A maioria dos


cristãos, no início do século XIX, examinava cuidadosamente suas
atitudes à luz da Palavra de Deus. Possuíam grande reverência e
temor de Deus, que os levavam a vigiar e a aprumar seu estilo de
vida. Compreendiam e abraçavam a idéia de que o Deus Justo era –
de fato – SANTO. Havia em seu coração um sincero desejo por Sua
santidade. Estavam realmente dispostos a tornarem-se “povo de
propriedade exclusiva de Deus”.

Para alguns, isso significava abster-se completamente das bebidas


alcoólicas e de danças. Para outros, significava livrar-se das
maquiagens e jóias. Outros ainda se recusavam a freqüentar festas,
boates e shows de comédia. Ser cristão implicava em ter uma vida
separada. Alguns, no entanto, ficaram cheios de justiça própria e
eram extremos em seu comportamento, fundamentando-se no
cumprimento de regras exteriores que demonstravam o que não
eram interiormente. Mas para a maioria dessas pessoas, a
santidade era tão-somente o dever do cristão; dever para se cultivar
uma vida de consagração a um Deus Santo. Separavam-se das
atrações do mundo porque enxergavam o espírito do mundo como
realmente é; não queriam ter nenhuma parte com ele. Infelizmente,
não ouvimos falar muito em santidade nestes dias. E em muitos
círculos cristãos, santidade é um termo politicamente incorreto.
Creio que a razão pela qual desprezam este conceito bíblico, é
porque não querem submeterse a uma vida que agrada a Deus.

Contudo, o mandamento ainda ressoa através das páginas


sagradas – esteja ele na moda ou não. Pedro diz: “Como filhos
obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora,
quando viviam na ignorância. Mas, assim como é santo aquele que
os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem,
pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo” (I Pedro
1:14-16). Trata-se de uma ordem, não de um pedido ou sugestão. O
livro de Hebreus também fala sobre tal importância, quando declara:
“sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14).

As três citações a seguir, no tocante à santidade, foram escritas por


homens de épocas não muito distantes, nas quais os crentes ainda
davam importância a essa questão:

(A santidade) está impregnada na profecia, troveja na Lei, fala


suavemente na narrativa, sussurra nas promessas, suplica nas
orações, ilumina na poesia, ressoa nas canções, fala nos
simbolismos, brilha nas metáforas, influencia na linguagem e
queima no espírito de todo os projetos de Deus, do alfa ao ômega,
do início ao fim. Santidade! Santidade necessária, santidade
exigida, santidade oferecida, santidade acessível; obrigação,
privilégio e contentamento fundamentais para os dias de hoje – é o
progresso e a totalização de sua maravilhosa premissa. É a verdade
resplandecendo sobre tudo, jorrando como fonte de toda revelação
— gloriosa verdade que ilumina, sussurra, canta, e brada ao longo
de toda sua história, biografia, poesia, profecia, preceito, promessa,
oração — a grande e essencial verdade da vida. 4

Todo o propósito de Deus consistia-se em restaurar o homem à Sua


imagem e reerguê-lo das ruínas de sua queda. Em outras palavras,
torná-lo perfeito, sem pecado, purificado em sua alma, cheio de toda
a Sua santidade; a fim de que nenhuma vontade impura, desejo
maligno, paixão impura, alojasse-se ou tivesse parte nele. Esta, e
somente esta, é a verdadeira religião e perfeição cristã. Uma
salvação menor que essa desonraria o sacrifício de Cristo e a
operação do Espírito Santo. Devemos ser participantes da natureza
divina. Devemos ser salvos de nossos pecados — da corrupção que
há no mundo; sermos santos e justos em nosso interior, ou nunca
veremos a Deus. Por este motivo Jesus Cristo viveu, morreu e
ressuscitou: para santificar-nos a Si mesmo. 5

A Bíblia, em sua totalidade, é unânime em assegurar que uma vida


de santidade é possível. Os leitores menos cuidadosos não podem
esquecer-se de que é um Livro contra o pecado – de qualquer tipo
ou nível. Deus dedicou-se totalmente a essa obra. Preparou o
grande plano da salvação para restaurar o homem caído à
santidade. Cristo se entregou para tal. O Espírito renova todos os
cristãos, e depois, concede-lhe um “batismo de fogo” santificador,
capaz de expurgar todo o mal em seu coração e santificá-lo...

Se alcançar a santidade fosse impossível, Cristo não teria sido


sincero quando orou para que Deus nos “santificasse” e colocasse
em nossos lábios um clamor pela santidade: “Faze a Tua vontade
na Terra, assim como ela é feita no Céu”. 6

Todo aquele que tem o Espírito de Cristo habitando dentro de si,


será constantemente inclinado a uma vida de santidade. Mesmo
havendo aqueles mestres que interpretam a graça
equivocadamente, entendendo que ela nos dispensa da ordem de
Deus para sermos santos, a suave – porém poderosa – convicção
do Espírito Santo diz o contrário. Jesus Cristo não foi crucificado e
sangrou até a morte para os Seus discípulos entregarem-se à
devassidão sem ficar com peso na consciência. Ele lá morreu para
libertar-nos das garras do pecado e concedernos pureza e
santidade. Paulo declara:

A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se


da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo
a de maneira santa e honrosa, não dominado pela paixão de
desejos desenfreados, como os pagãos que desconhecem a Deus.
Neste assunto, ninguém prejudique seu irmão nem dele se
aproveite. O Senhor castigará todas essas práticas, como já lhes
dissemos e asseguramos. Porque Deus não nos chamou para a
impureza, mas para a santidade. Portanto, aquele que rejeita estas
coisas não está rejeitando o homem, mas a Deus, que lhes dá o seu
Espírito Santo.
(I Tessalonicenses 4:3-8)

Deus é santo, e ordena que Seus filhos também o sejam. Mas o que
exatamente é a santidade? A palavra “santo” em grego (hagios)
também pode ser traduzida como “sagrado”. A idéia de separar-se
do mundanismo e do pecado aplica-se em ambos os casos. Quando
a Bíblia fala sobre santidade refere-se principalmente a um nível de
consagração e vida com Deus, que cresce através da obediência e
submissão a Ele.

Certo pregador disse uma vez: “A santidade é o nome apropriado


para o estado da alma que se encontra inteiramente santificada, e
denota (1) a ausência de depravação e (2) a detenção do amor
perfeito. Um coração que foi esvaziado e novamente cheio”. 7 Um
outro expressou-se: “A vontade está completamente sujeita à
vontade de Deus e as paixões são purificadas, separadas do
pecado e do mundo, elevadas ao supremo amor de Deus”. 8 Outro
ainda afirmou: “A verdadeira santidade consiste em uma
conformidade com a natureza e vontade de Deus, através da qual
um santo distingue-se do mundo decaído e deixa de ser governado
por seus princípios, preceitos, regras e costumes”. 9

O PROCESSO DE SANTIFICAÇÃO Quando mencionamos a


palavra santidade, não nos referimos à plena perfeição de uma vida
sem pecado. No entanto, o cristão pode – e tem de – buscar um
nível espiritual no qual sua vida não mais esteja sob o controle do
pecado. Um nível em que ame a Deus de todo o coração e seja
motivado por uma genuína preocupação e amor pelas pessoas.
Como será que nós, humanos imperfeitos e de natureza caída,
poderemos alcançar tão elevado patamar? Entrando no processo de
santificação, composto de duas etapas. A palavra grega para
“santo” e “sagrado” (hagios) é raiz da palavra “santificar” (hagiazo).
Portanto, o princípio fundamental da santificação é este: separação
ao Senhor. A santidade resultante não é intrínseca, mas
conseqüência do afastamento da impureza do kosmos e do fato de
pertencermos a um Deus santo. A santificação começa com a
separação.

Existem duas formas de santificação, distintas, apresentadas pelas


Escrituras. A santificação posicional ocorre quando alguém recebe a
salvação e torna-se santo, separado. Ele agora é o “templo de
Deus... no qual habita o Espírito de Deus...” (I Coríntios 3:16),
separado para uso do Mestre. Foi “comprado por um alto preço” e já
não é mais dono de si mesmo (I Coríntios 6:19-20). É chamado por
Deus “à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (I
Coríntios 1:9), que “fez isto para tornar conhecidas as riquezas de
sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão
para glória” (Romanos 9:23). Isso torna-se uma realidade a todos
quantos se convertem, em função da soberania de Deus,
unicamente; nada tem a ver com o nível de espiritualidade da
pessoa. É algo que lhe é imputado sem qualquer esforço, salvo o
arrependimento e a fé em Cristo. A santificação posicional é a divina
designação da posição de alguém como filho do Deus Altíssimo.
A santificação progressiva refere-se ao desenvolvimento do caráter
cristão. Significa amadurecer na fé. À medida que o novo cristão,
cheio do “eu”, com toda a sua bagagem de pecado, orgulho e
egoísmo, avança no processo santificador de Deus, ele vai se
tornando, gradativamente, semelhante a Jesus. A santificação é o
processo pelo qual alguém se torna santo. Trata-se do processo.
A santidade é o resultado. Paulo menciona a santificação
progressiva ao afirmar que Deus “predestinou [os crentes] para
serem conformes à imagem de seu Filho...” (Romanos 8:29 –
Almeida Corrigida e Fiel) e que “somos transformados de glória em
glória” (II Coríntios 3:18 – Almeida

Corrigida e Fiel). Tratava-se dela quando disse: “Não se amoldem


ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da
sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2). Ou,
nas palavras de Pedro, tornarem-se “participantes da natureza
divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência
há no mundo” (II Pedro 1:4 – Almeida Corrigida e Fiel).

A santidade é a saúde da alma, a libertação dos efeitos nocivos da


impureza. Todos nascemos com uma natureza pecaminosa, mas ela
não se esvai no momento em que recebemos a Jesus. Para o
cristão tornar-se santo, ele deve mortificar a carne (Romanos 8:13;
Gálatas 5:24; Colossenses 3:5). Deve purificarse (I João 3:3). Ao
passo que guerreia contra as inclinações naturais (cobiças) da
carne, torna-se cada vez mais parecido com o Senhor. É imperativo
reconhecermos que ninguém pode tornarse santo sozinho. Somente
o Senhor pode fazer isso. Entretanto, Deus não transformará
alguém que não luta nem anseia por santidade. Para haver
santificação, pressupõe-se o desejo de separar-se dos inimigos de
Deus (Salmo 139:19-22) e tornar-se cheio da Sua justiça. (Mateus
5:6)

PURIFICANDO O VASO
O anseio por ser semelhante a Jesus é o que motiva o cristão a
separar-se do mundo. Alexander McLaren disse sabiamente: “Nossa
repulsa pelo mundo determinará nosso amor por Cristo”.

10

Preciso esclarecer, no entanto, que, separar-se do mundo não


conduz necessariamente alguém à santidade. Antes, coloca-o na
posição de tornar-se santo. Somente isso não gera a santidade. A
grande maioria de nós já ouviu falar sobre as pessoas cujo
relacionamento com Deus gira apenas em torno da capacidade que
possuem de manter-se separadas do sistema do mundo.

Hoje, nos Estados Unidos, existem alguns grupos em que os


homens dirigem carroças e as mulheres cozinham artesanalmente.
Pessoalmente não vejo nada de errado nisso. Aqueles com quem
conversei demonstram uma doce inocência de que nós, povo da
cidade, carecemos. Contudo, privar-se de dirigir um carro não torna
ninguém santo. Andrew Murray foi bem-aventurado quando disse:
“Apesar de não existir santidade sem separação, existe separação
que não conduz à santidade”. 11

O objetivo de nosso consciente afastamento do mundo deve ser o


de tornar-nos propensos à obra santificadora do Espírito Santo.
Ninguém coloca um copo em cima da mesa para as pessoas
admirarem-no. O copo possui uma função prática: conter bebidas.
Tomando emprestada a ilustração de Paulo: “Numa grande casa há
vasos não apenas de ouro e prata, mas também de madeira e barro;
alguns para fins honrosos, outros para fins desonrosos. Se alguém
se purificar dessas coisas, será vaso para honra, santificado, útil
para o Senhor e preparado para toda boa obra. Fuja dos desejos
malignos da juventude e siga a justiça, a fé, o amor e a paz, com
aqueles que, de coração puro, invocam o Senhor” (II Timóteo 2:20-
22).

Enquanto o vaso não for esvaziado e purificado, permanecerá inútil.


O mesmo se dá com nossa vida. Enquanto permanecermos cheios
das coisas do mundo, não poderemos ser cheios do Espírito Santo.
Mas quando removermos de nosso coração o amor pelo mundo e
tudo o que ele oferece, seremos cheios do Espírito Santo e nosso
amor pelo Senhor aumentará.

Seu propósito para nós, à semelhança do antigo Israel, é que


sejamos portadores do conhecimento de Deus para um mundo
decaído. Ele deseja viver Sua santidade através de nós, e não
poderá fazê-lo se preservarmos nossa decisão consciente de pecar
e nossas paixões desenfreadas. Andrew Murray — homem que ao
invés de aceitar o convite para liderar uma das igrejas de maior
prestígio em Londres, obedeceu a Deus permanecendo numa
pequena comunidade rural da África do Sul — disse sobre o
processo de santificação:

É como se Deus viesse e se apossasse inteiramente de nós, ao


passo que a vida eterna em Cristo governa todo o nosso ser e o
Espírito Santo flui livremente através de nós. Assim, habitamos em
Deus, e Deus em nós. A separação não mais se torna uma
obrigação a ser cumprida, mas uma realidade espiritual...

Essa consciência de que Deus habita dentro de nós, que nos


preserva e faz-nos Sua possessão, operará em nossos corações a
verdadeira separação do mundo e de seu espírito; da nossa vontade
e do nosso “eu”. Somente quando esta separação é aceita,
valorizada e perseverada em nós, a santidade de Deus virá e se
apossará de nós. Separar-nos-á para Si e santificar-nos-á como Sua
habitação. Virá, pois, pessoalmente, e far-nos-á Sua propriedade
exclusiva, porque Cristo habita em nosso coração. Seremos então
verdadeiramente separados, e permaneceremos assim pela
presença de Deus em nós. 12

PASSOS PARA A SANTIDADE


O tempo em si não produz santidade; nem aquela fé incerta de que
Deus nos santificará “quando – e se – escolher fazê-lo”. Ele não
escolherá aleatoriamente alguns especiais para a perfeição,
deixando o resto vivendo na imundícia. A porta da santidade está
aberta a todos e a profundidade da nossa consagração tem muito a
ver com nossa fome de justiça e nosso desejo de lutar contra o
pecado. A letargia espiritual é o que mais impede a conquista da
santidade. Comer os “hambúrgueres e doces” da vida acaba
deixando-nos sem fome de santidade. A concupiscência e a cobiça
são inimigas da sede pela pureza. E esta vida de santidade está
disponível a todos quantos se dispuserem a batalhar contra o
mundo, a carne e o Diabo.

Aquele que entra nesse caminho estreito aprende, rapidamente, que


o seu maior inimigo é a própria carne. Somente através de um
profundo e contínuo arrependimento, suas práticas pecaminosas
serão vencidas. Darei um exemplo pessoal para ilustrar a questão.

Recentemente, meus sogros vieram visitar-nos da Califórnia. Um


dia, minha esposa e eu os levamos para passear em Cincinati. E
aconteceu que passamos por uma loja na qual fizemos compras
anos antes, em uma de suas visitas anteriores. Ao lembrarmonos da
loja, veio-me à mente o incidente que ocorreu quando fazíamos
compras ali, onde fora muito rude com a minha sogra. Apesar de ela
ter graciosamente “perdoado e esquecido”, eu nunca me esqueci.
Quando a recordei daquele incidente, minha esposa perguntou-me
se eu havia me arrependido.

— Quase um milhão de vezes! – respondi.

— Mas Steve, você só precisava arrepender-se uma vez – disse


minha sogra gentilmente.
— Mas não houve arrependimento se continuo fazendo a mesma
coisa com os outros – repliquei.
No que diz respeito a acertar-me com ela e com Deus, é verdade,
eu precisava pedir perdão apenas uma vez. Entretanto, naquela
época, eu tinha uma língua afiada, sarcástica e inconveniente...
incontrolável. Sim, fui perdoado dos meus atos; mas queria um
arrependimento mais profundo. Eu queria mudar de verdade.
Incidentes similares estavam sempre passando pela minha mente.
Sentia-me muito triste por ter maltratado tantas pessoas e tê-las
feito sofrer por causa da minha língua indisciplinada. Tenho buscado
a Deus para conseguir ter um maior amor pelo próximo, uma língua
mais mansa e uma atitude mais gentil. E Ele está respondendo! A
transformação tem vindo gradativamente, e incidentes como aquele
têm acontecido com bem menos freqüência e intensidade. Deus
está me transformando por Sua graça, o que tem exigido constante
arrependimento e grandes batalhas contra as minhas inclinações
naturais, as quais permitem que o Pai continue trabalhando em mim.
Vencer a prática do pecado é apenas um aspecto do processo de
santificação. A sabedoria de Deus abrange todas as nossas
necessidades, tanto para correção quanto para consolação; mesmo
quando não temos conhecimento das áreas que precisam das
incisões do bisturi divino. As raízes do egocentrismo e do orgulho
são tão profundas, que chegamos a perguntar-nos se toda a vida
será tempo suficiente para Deus completar Sua obra em nós! Mas
quanto mais nos rendemos, mais Deus cumprirá Seu propósito de
amoldar-nos à imagem de Cristo.

A NECESSIDADE DO VIVER SANTO Uma das coisas que mais


enganam os cristãos é a crença, ainda que não professada, de que
alguém pode viver uma vida egoísta e mundana e, num passe de
mágica, ser transformado num santo apaixonado por Jesus. A
eternidade não é nada mais que a continuação da vida. O homem
interior, o caráter, a alma da pessoa, permanecerão para sempre.
Da mesma forma, os amores que governam seu coração. A Palavra
é bem clara ao afirmar que o bem mais preciso de alguém (seja
Deus ou um ídolo) determinará sua morada eterna. Como Jesus
disse: “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu
coração” (Mateus 6:21).

No capítulo anterior, referi-me à idéia de que o Céu seria um lugar


enfadonho para os inimigos de Deus. Creio que devo abordá-lo
novamente e enfatizar essa questão tão importante. E para tal,
voltar-me-ei às inspiradas palavras dos escritores de outrora, a fim
de esclarecer devidamente essa verdade.

Não há idéia mais enganadora que esta: de que as pessoas não


purificadas, não santificadas, que não tornaram a vida santa,
chegarão, depois de certo tempo, a um nível de santidade tal que
traga plena satisfação a Deus. Essas pessoas nunca poderão
agradá-Lo, nem tampouco será o Senhor uma recompensa para
eles. A santidade, na verdade, é aperfeiçoada no Céu. No entanto,
seu início estará inevitavelmente confinado ao mundo. 13

Como nos sentiremos em casa e felizes no Céu, se morrermos


impuros? A morte não trará mudança nenhuma. Tampouco a
sepultura. Todos ressuscitarão com o mesmo caráter que tinham
quando deram o último suspiro. Qual será a nossa habitação futura,
se somos estranhos à santidade hoje?

Imagine por um momento que o tenham deixado entrar no Céu sem


santidade. O que você faria? Que tipo de alegria poderia desfrutar?
A qual dos santos você poderia se juntar? O prazer deles não é
igual aos seus, nem os seus gostos, nem o seu caráter. Como você
poderia ser feliz, não tendo sido santo na Terra? Talvez, hoje, você
goste da companhia dos que não querem nada com nada, dos que
têm a mentalidade do mundo, dos que cobiçam, dos que vivem
atrás dos prazeres. Não haverá nada disso no Céu.

Talvez, hoje, você ache os santos de Deus sérios e “quadrados”


demais. Você prefere evitá-los, certo? Mas não haverá outro tipo de
companhia no Céu. Você acha que seria deleitoso encontrar-se com
Davi, Paulo e João após toda uma vida fazendo tudo o que eles
condenaram? Todas as pessoas dizem, de uma forma ou de outra,
que “esperam ir para o Céu”. Mas não ponderam o que dizem... O
Céu é um lugar completamente santo. Seus habitantes são santos,
suas ocupações são santas. Está mais do que claro: devemos ser
treinados para o Céu enquanto estamos na Terra. 14
Agora, se a Bíblia é tão enfática em dizer-nos que precisamos de
santidade, por que tal pregação continua tão rara em nossos
púlpitos hoje? Talvez porque sutis modificações foram introduzidas
na Igreja. Por sua vez, elas começaram a trazer, paulatinamente,
mudanças nas prioridades. Se realmente existe algum tipo de
conspiração satânica para desviar as pessoas da santidade e do
verdadeiro Cristianismo, seu objetivo haveria de ser a elaboração de
um corrompido sistema evangélico que trouxesse comodismo e uma
falsa sensação de segurança às pessoas. Decerto a condição atual
do Corpo de Cristo é um sinal claro de que as coisas não estão
como deveriam.

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Nossos pais nos disciplinavam por curto período, segundo lhes


parecia melhor; mas Deus nos disciplina para o nosso bem, para
que participemos da sua santidade. (Hebreus 12:10)

Contudo, essa salvação só é concedida àqueles que permanecem


na fé, no amor e na santidade, adquirindo a maturidade através
destas qualidades. Você deve depender disto para viver.
(I Timóteo 2:15 – adaptação da The Messege Bible feita pelo
revisor)

Como filhos obedientes, permitam-se ser conduzidos a um estilo de


vida moldado pela própria vida de Deus, uma vida cuja chama arde
constantemente em santidade.
(I Pedro 1:15 – adaptação da The Messege Bible feita pelo revisor)

Senhor, destrói o pecado, o “eu” e o orgulho que operam em mim.


Custe o que custar, continua trabalhando em mim! Quero que Tu me
moldes, me purifiques e me aperfeiçoes. Derrama o fogo do Teu
Espírito Santo sobre mim! Purifica o meu coração. Endireita-me e
mantémme íntegro em meio a essa geração corrompida e
depravada. Em nome de Jesus. Amém.
PARTE DOIS
A CONDIÇÃONDIÇÃO DO DA IGREJA IGREJA

“Minha preocupação é a tamanha infiltração do mundo na Igreja.


Somos muito mais influenciados do que gostaríamos de admitir. Tal
infiltração tem sufocado nossa eficácia, ofuscado nossa visão,
feitonos adotar os padrões de sucesso do mundo”.

Billy Melvin
Capítulo 6

A Igreja de Laodicéia

“Estou totalmente convencido de que a indiferença não se origina


por sermos fatigados pela dor, mas sim pelo prazer. É por isso que
vivemos na bancarrota em meio à abundância”. 1
Ravi Zacharias

D E VOLTA À ILHA DE PATMOS.Ao lançar-se sobre os pés do Salvador


Transfigurado, Jesus começou a falar com João. Nos momentos que
se seguiram, Jesus entregou sete das mais puras mensagens que
um ser humano esperaria ouvir. Dirigidas a sete igrejas, essas
cartas tornaram-se os 51 versículos de Apocalipse 2 e 3.
Provavelmente, João havia visitado todas aquelas igrejas na Ásia
Menor, incluindo a congregação em Laodicéia. Sem dúvida,
conhecia o pastor e os membros da igreja, mas nenhuma lembrança
sentimental impediu-o de enviar-lhes, sem o menor eufemismo, as
palavras de Jesus sobre a condição espiritual deles.

Muitos estudiosos concordam que essas sete igrejas representam a


história da Igreja Cristã. Se isso for verdade, a palavra dada à
Laodicéia é uma mensagem extremamente importante para os
cristãos de hoje. A correlação entre a igreja de Laodicéia e a Igreja
Ocidental (com suas denominações espalhadas por todo o mundo)
não pode ser ignorada.
Não há dúvidas de que estejamos desfrutando do nosso melhor
momento. Nunca na história do Cristianismo houve tantas
conversões, tantas igrejas e tanto dinheiro para os
empreendimentos evangélicos. Os prédios das igrejas nunca foram
tão grandes. Os cultos nunca estiveram tão cheios. As músicas e
livros cristãos são um grande negócio. O Cristianismo permeia todos
os aspectos da vida moderna. Temos astros do esporte cristãos,
políticos cristãos, atores cristãos, milionários cristãos e até um
campeão de peso pesado cristão!

O Cristianismo está florescendo ao redor de todo o mundo. O


Evangelho é apresentado em todo o globo via satélite. A Palavra é
pregada na televisão vinte e quatro horas por dia. As rádios cristãs
cobrem todo o planeta. Milionários abastados estão levando o
Evangelho a todas as nações e grupo étnicos.

Pessoas brilhantes em posições estratégicas, que acreditam no que


fazem, têm dedicado sua vida e suas habilidades para difundir o
Evangelho. Trabalham incessante e eficazmente para promover a
causa. Os estrategistas têm estabelecido um plano de batalha para
ganhar o mundo para Cristo – e está funcionando! Idéias inovadoras
estão surgindo. Igrejas têm aberto suas portas aos céticos e
suspeitos. Psicólogos cristãos estão trazendo credibilidade moderna
a uma Igreja cansada de combater o antigo estereótipo dos
“guerreiros bíblicos” sem educação. Os ganhadores de alma
apresentam uma mensagem positiva a respeito das bênçãos de
Deus para os Seus filhos. Bandas cristãs de rock tornam o
discipulado barulhento e divertido.

Em todas as áreas relacionadas ao ministério vemos contas


bancárias engordando, números crescendo, organizações
expandindo-se, denominações pipocando e multiplicações de novos
convertidos.

Decerto as coisas não poderiam parecer melhores para a Noiva de


Jesus Cristo! Parece que só nos resta o Arrebatamento e irmos para
casa, para uma recompensa bem merecida, deixando o resto do
mundo se virando sozinho durante a Grande Tribulação.

Esta situação era muito parecida com a da comunidade de


Laodicéia, no fim do primeiro século. Provavelmente, aquela igreja
era pastoreada por Arquipo, filho de um rico mercador chamado
Filemom. Os membros da congregação estavam contentes e tudo
estava em paz. O futuro parecia promissor aos cristãos que
guardaram a fé enquanto mantinham um estilo de vida confortável.

Estive nas ruínas de Laodicéia e posso entender por que eles eram
tão confiantes. Situada entre a pequena vila de Colossos e a cidade
resort de Hierópolis, Laodicéia era o centro comercial de um vale
rico e fértil. Tinha um belo anfiteatro grego, um enorme coliseu
romano e muitas outras estruturas magníficas que denunciavam sua
prosperidade. Uma vez que aquela igreja não estava sob nenhum
tipo de perseguição, tudo lhes corria bem.

Em comparação, as pequenas congregações de Esmirna e


Filadélfia deviam abominar as atitudes do rebanho de “super
crentes” em Laodicéia! Os santos em Esmirna, conhecidos por sua
pobreza e necessidade, obviamente não estavam desfrutando das
“bênçãos de Deus”. A principal característica do rebanho de
Filadélfia era sua falta de poder. Sem dúvida, seus ministros não
possuíam todo aquele carisma e pregações coloridas, cheias de
entretenimento. Para os santos de Laodicéia, as congregações em
Filadélfia e Esmirna estavam definhando e morrendo, incapazes de
compartilhar e ter influência. Se considerássemos apenas sua
aparência exterior, ambas eram fracassos totais.

Todavia, quando a “testemunha fiel e verdadeira” falou, não fez


outra coisa senão elogiá-los. Deve ter havido algum engano,
certamente! Como seria possível que Jesus não tivesse nada de
bom para dizer à próspera congregação em Laodicéia, e, por outro
lado, só elogiasse os cristãos oprimidos de Esmirna e Filadélfia?
Orando e chorando por causa das mensagens de Cristo aos crentes
de Laodicéia e sua óbvia aplicação à Igreja Ocidental (laodicense)
dos Últimos Dias, muitas coisas me chamaram a atenção.

A primeira, foi a óbvia discrepância entre a avaliação de Jesus sobre


a condição deles e a visão que possuíam acerca de si. Os
laodicenses consideravam que sua condição abominável era uma
perspectiva completamente positiva; não percebiam sua verdadeira
condição espiritual. Quase podemos ouvir o júbilo em suas vozes ao
se gabar: “Somos ricos e abastados e nada tem nos faltado!” A
inferência por trás disso era: “Deus está nos abençoando!” Esta
mentalidade otimista devia ser constantemente reforçada pelo
sucesso que desfrutavam individualmente e como comunidade. Eles
provavelmente consideravam sua “atitude mental positiva” como
sendo fé. Estavam felizes e tudo lhes ia bem. Não queriam saber de
“pregações negativas”. Em meio à paz e prosperidade, a última
coisa que queriam ouvir era uma mensagem de “arrependimento e
mortificação”. Se Timóteo, Irineu ou Policarpo – homens santos da
época – pregassem arrependimento em Laodicéia, teriam
rapidamente sido julgados como muito legalistas ou radicais.

Mas o Senhor disse aos laodicenses algo que “não sabiam”. Jesus,
o Onisciente, não via as coisas da mesma forma que eles. Sua
resposta ao engano deles foi: “Você diz: ‘Estou rico, adquiri riquezas
e não preciso de nada’. Não reconhece, porém, que é miserável,
digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu” (Apocalipse 3:17).
Em Sua misericórdia, Ele os expôs. Tratavase da mesma verdade
que dissera anteriormente a um homem ambicioso: “Cuidado!
Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um
homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lucas 12:15).

Veja como Jesus tratou diferente os santos de Esmirna – a quem


chamou de “ricos”, mesmo em meio à pobreza – e os de Filadélfia, a
quem elogiou por sua fidelidade em meio à perseguição. Esses
santos, maduros, poderiam ter ensinado aos prósperos irmãos de
Laodicéia o que é o Cristianismo. É verdade, eles apresentavam um
pequeno sucesso. Mas é pouco provável que tivessem reuniões
lotadas de gente. Seus cultos talvez não agregassem mais do que
um punhado de crentes. Ainda assim, esses amados eram “ricos
para Deus”, enquanto o povo de Laodicéia era “miserável, digno de
compaixão, pobre, cego, e que está nu”.

Uma igreja mundana não concebe a idéia de sucesso como Jesus o


faz. Ela vê o sucesso exterior e suas armadilhas — grandes
edifícios, contas bancárias lucrativas e multidões de seguidores
idólatras. Jesus vê o caminho estreito para a Cruz e as qualidades
interiores de uma vida piedosa, de humildade e real devoção para
satisfazer as necessidades dos outros.

A prosperidade tende a cegar-nos quanto à nossa decadência


espiritual, e cria uma falsa sensação de bem-estar e segurança
eterna. Quando os laodicenses examinavam-se, enxergavam
apenas o favorecimento e as bênçãos divinas. Isso deixava-os com
uma atitude de “não tenho falta de nada”. Tudo parecia bem porque
não havia problemas. Era fácil ser um seguidor de Cristo assim. As
coisas corriam numa boa, havia abundância de tudo e não existia
oposição ou resistência.

Jesus prescreveu um colírio (a verdade) para curar a cegueira


deles. A verdade revelaria o quão espiritualmente míopes estavam;
mostrar-lhes-ia sua notável irreverência a Deus e o quão
intimamente aliados com o inimigo estavam. Pelos olhos da
verdade, eles poderiam ver a necessidade dos outros e a prontidão
de Cristo em ajudá-los.

Sobre a sua condição Jesus disse: “ Conheço as suas obras, sei


que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou
quente! Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a
ponto de vomitá-lo da minha boca” (Apocalipse 3:15-16). Eles
andavam de um lado para o outro: ora amando a Jesus, ora amando
ao mundo. Essa é verdadeiramente uma vida cristã medíocre. Não
se trata nem da frieza daqueles que desconhecem a Deus, nem da
fervente paixão de alguém de quem O ama de verdade. Os crentes
de Laodicéia não se opunham ao Evangelho, mas também não O
abraçavam por completo. Não estavam pecando descaradamente,
mas também não se esforçavam para alcançar qualquer santidade.
Não eram zombadores, mas moderavam seu entusiasmo para não
serem considerados fanáticos. Faziam tudo direitinho para não
escandalizar principalmente os incrédulos, que se tornariam
membros em breve. Tinham sucesso em suas programações, mas
nenhuma manifestação do poder divino.

A CULTURA EVANGÉLICA MODERNA Como a Igreja do século 21


assemelha-se a essa próspera congregação! Nós também criamos
um evangelho, feito sob medida, para adaptar-se à nossa própria
cultura e amoldar-se aos desejos ambiciosos da sociedade atual. O
Evangelho que saiu da moda, aquele que deveríamos estar
pregando, foi adulterado para ajustar-se à nossa rotina cheia de
compromissos e numerosos momentos de lazer. Enfatizando
apenas determinados ensinos bíblicos e – o mais importante –
negligenciando outros, conseguimos criar um novo evangelho,
adequado ao nosso estilo de vida.

Lamentavelmente, nossa entrega a Cristo não exige mais nada, não


espera qualquer sacrifício, não produz qualquer recompensa eterna.
O Leão de Judá foi anestesiado, amputado e domesticado.
Reduzimos o Todo-Poderoso a uma figura inofensiva, honrada
mecanicamente em nossa vida tão ocupada. A visão de um Deus
Santo, Fogo Consumidor, de um Juiz que um dia retribuirá sua justa
recompensa a cada um, praticamente desapareceu da Igreja
moderna. Cauterizamos tanto o Cristianismo que, agora, tratarmos o
Senhor como se fosse o velho cachorro da família, deixando-O
entrar na Igreja uma vez por semana. Acariciamos Sua cabeça e,
depois do culto, mandamo-lo de volta ao quintal com um osso para
roer. Podemos até Lhe render alguns louvores de vez em quando,
por uma questão de consciência, mas não há nenhuma sinceridade
em nossas palavras. Cantamos músicas de adoração, mas
raramente ultrapassamos a emoção que as letras nos trazem.
Demonstramos certa espiritualidade, mas sem nenhum poder.
Honramo-Lo com os lábios, mas nosso coração está bem longe
d’Ele. Ai dos que fazem parte desta geração de Igreja!

E como se não bastasse, tendo comichão nos ouvidos, ajuntamos


para nós mestres que pregam partes da verdade bíblica,
satisfazendo nossa “santidade teórica”, sem nunca nos repreender
ou confrontar o pecado. O que pregam não é por si só. Trata-se,
entretanto, de um Evangelho incompleto. As palavras de confronto
são descartadas, o toque de trombeta contra o pecado nunca é
ouvido.

Os pastores que pregam sobre uma vida de santidade possuem


tantas lesões, causadas pelas mordidas das ovelhas, que
dificilmente mantém as forças para prosseguir nesse caminho.
Muitos têm desistido de lutar, encontrando escape nos empregos
seculares. Outros acabaram cedendo e juntam-se ao grupo dos que
alimentam seu rebanho anêmico com sermões carecidos de real
substância e profundidade.

Se continuarmos transformando os pregadores que dão “coceira nos


ouvidos” em celebridades, mais nos convenceremos de que
estamos certos. Toda nova “celebridade” que surgir e não pregar
contra o pecado, a carnalidade e o mundanismo, fortalecerá ainda
mais as nossas convicções deturpadas. Por que tantos estão
errando o alvo? Talvez seja porque acreditamos apenas no que
queremos e ouvimos somente o que nos agrada. Se um homem de
Deus tentar equilibrar as coisas, logo é taxado de “desequilibrado”!

Temos sobrevivido à base de uma dieta espiritual incompleta e sem


sustância, nutrindo-nos por tanto tempo com alimentos alternativos
que já nos esquecemos do gosto do verdadeiro alimento. Essa
diluição da verdade espiritual tem sido tão gradual que não foi
detectada, nem mesmo por aqueles que dizem possuir
discernimento espiritual. Hoje, quase não há mais rastros de
alimento substancial por aí. Senhor, levanta alguém que se
posicione e denuncie esse engano ao som de trombetas!

Leonard Ravenhill disse com muita sabedoria: “A igreja tem sido


anormal por tanto tempo que, quando se torna normal, todos acham
que está anormal”. 2 Ou como Watchman Nee comentou: “Quando o
cristão mediano fica com a temperatura acima do normal, todos
pensam que ele está com febre”. 3 Não que todo cristão esteja
nesse caminho, mas o padrão mais baixo está agora sendo aceito
como normal.

O cristianismo moderno tem-se satisfeito tanto com seu evangelho


alternativo que as pessoas deixaram de ter fome pelo verdadeiro.
Temos comido “hambúrgueres e doces” suficientes para deixar-nos
sem fome. E sem as sensações de fome, nunca perceberemos
nossa necessidade de alimento sólido. Estamos morrendo de fome
e nem percebemos. Em nossa mente, estamos satisfeitos e não
precisamos de mais nada. E quem é responsável por criar e
promover os “hambúrgueres e doces” espirituais? É isso mesmo, o
diabo, também conhecido como o kosmos, que fará de tudo para
não deixar que percebamos nossa necessidade urgente de alimento
sólido.

A Igreja moderna está na mesma crise que os crentes de Laodicéia.


A prosperidade tem enfraquecido nossa dependência diária de
Deus. Em vez de perguntarmos: “Como posso afastarme das
venenosas influências do mundo?”, perguntamos: “Quanto do
mundo posso ter e ainda ir para o Céu?” Uma senhora, que viveu
esse Cristianismo “de Laodicéia” e permaneceu ativa numa igreja
evangélica por anos, deu o seguinte testemunho nas águas
batismais, durante o avivamento de Brownsville. Não discorrerei
sobre sua teologia. Deixarei o testemunho falar por si mesmo.
Converti-me há 22 anos, fui cheia do Espírito Santo e batizada nas
águas. Congregava em uma igreja renovada, mas meu marido e eu
caímos numa armadilha religiosa. Íamos à igreja sempre que as
portas estavam abertas. Tivemos todos os cargos e títulos que você
possa imaginar. Durante certo período, meu marido chegou a ser
administrador da faculdade teológica da igreja. Fomos diáconos,
professores da escola dominical e obreiros. Aconselhávamos
pessoas e ensinávamos na classe dos recém-chegados. Se você
citar alguma atividade, nós a teremos feito.

Cantávamos no louvor, ministrávamos adoração, fazíamos todas as


orações rápidas. Mas durante a semana, vivíamos como queríamos.
Pensávamos que por não bebermos, fumarmos ou freqüentarmos
festas, iríamos para o Céu. Caímos na mentira da qual a maioria
das igrejas hoje se alimenta. Trata-se de uma mentira, de fato; não
acredite nela. Éramos miseráveis e estávamos desapontados com o
Cristianismo. Na verdade, estávamos desapontados com Deus,
porque achávamos que aquilo era o Cristianismo. Não havia poder
algum!

Quando nossa filha saiu de casa em novembro, ficamos arrasados.


Comentamos a respeito de vir para o avivamento, mas pensávamos
que era coisa para os não-convertidos. Mesmo achando que não
era para nós, pensamos que talvez pudéssemos aproveitar alguma
coisa. Chegamos aqui na quarta-feira e sentamos bem no fundo.
Steve Hill fez um apelo.

Enquanto permanecia sentada, lembrei-me de que meu coração


estava sem vida. Não havia convicção alguma. Como eu estava
perdida! Às vezes, nós que estamos na igreja há tantos anos —
especialmente aqueles que fizeram parte de liderança — somos os
mais difíceis de serem alcançados, pois não percebemos nossa
carência. Achamos que estamos realmente salvos. Às vezes é mais
fácil pregar para um alcoólatra, porque ele sabe que precisa de algo.
Os religiosos dentro da igreja estão tão cegos que não reconhecem
suas próprias necessidades. É aquele velho espírito de hipocrisia
que os fariseus tinham. Sentada ali, observando as pessoas indo
em direção ao altar, pensei: “Que gracinha! Que o Senhor os
abençoe! Estão se convertendo...”
Quando acordei na manhã seguinte e fui escovar os dentes, ali em
pé, na frente do espelho, disse cheia de autocomiseração e justiça-
própria: “Oh, Senhor, dá-me mais de Ti”.

Ele então me respondeu: “Não! Eu é que quero mais de você!”


Comecei a quebrantar-me e tudo o que o irmão Hill dissera na noite
anterior, passou a me incomodar. Era o Dia de Ação de Graças e
sentia-me tão devastada por dentro, que não comi nada naquele
dia. Fomos à reunião à noite e o Senhor começou a me revelar
minha real condição. Eu estava “morna”; vivia no engano e cheirava
mal às narinas de Deus.

Quando pensei em ir ao altar, lembrei-me de que havia pessoas da


minha igreja ali. Decidi então que iria pelas laterais do santuário.
Pelo que o Senhor me disse: “Ah, não! Nem ouse! Você tem vivido
assim e se escondido por 22 anos. Se deseja que essas amarras
religiosas sejam removidas de sua vida, então passe pelo corredor
central, na frente de todos. Você precisa quebrar esse orgulho!
Chega de religiosidade!” Passei então pelo centro e lancei-me aos
pés do Senhor, no altar, e pedi-Lhe que me perdoasse.

OLHOS DE AMOR
Os mesmos olhos cheios de amor e compaixão, que viram a
condição deplorável daquele casal em 1997, também viram o
coração de um jovem rico no ano 31 d.C. Ele correu até Jesus e
perguntou-Lhe como poderia ter a vida eterna. Jesus lhe respondeu,
dizendo:

Quando Jesus ia saindo, um homem correu em sua direção e se


pôs de joelhos diante dele e lhe perguntou: “Bom mestre, que farei
para herdar a vida eterna?” Respondeu-lhe Jesus: “Por que você me
chama bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus. Você
conhece os mandamentos: ‘Não matarás, não adulterarás, não
furtarás, não darás falso testemunho, não enganarás ninguém,
honra teu pai e tua mãe’”. E ele declarou: “Mestre, a tudo isso tenho
obedecido desde a minha adolescência”. Jesus olhou para ele e o
amou. “Falta-lhe uma coisa”, disse ele. “Vá, venda tudo o que você
possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu.
Depois, venha e siga-me”. Diante disso ele ficou abatido e afastou-
se triste, porque tinha muitas riquezas. Jesus olhou ao redor e disse
aos seus discípulos: “Como é difícil aos ricos entrar no Reino de
Deus!”
(Marcos 10:17-23)

Esse jovem cumpria todos os requisitos óbvios da religião. Se sua


história fosse adaptada para os dias de hoje, nós o encontraríamos
na lista de membros de alguma igreja local, mantendo as
aparências. Ele estaria no culto todas as semanas, jejuando
fielmente. Beber, falar palavrão e deitar-se com mulheres estaria
fora de cogitação. Seria um bom homem aos olhos de seus vizinhos
e um excelente profissional. Mas algo estava faltando. Somente os
olhos penetrantes de Jesus o detectariam. Rex Andrews tece um
comentário sobre essa história:

Oh! O amor do Cordeiro de Deus, que em breve seria oferecido


como sacrifício, fluía ao contemplar aquele que fora tocado por Sua
Palavra! Quão voluntariamente e em que completa consagração
Jesus dirigia-se para a cruz! Com toda a determinação, Sua face
voltava-se para a Jerusalém que matava os mensageiros que Deus
lhe enviou! Com ternura indizível e envolvente compaixão, Ele disse:
“Falta-lhe uma coisa. Vá, venda tudo o que você possui e dê o
dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, TOME
A SUA CRUZ e siga-me”. Assim desvaneceu o brilho e o súbito
interesse do semblante do rapaz. Ele entristeceu-se — com a
PALAVRA de Deus — e foi embora, arrasado.

Que tristeza foi essa que lhe sobreveio? É simples: o “amor deste
mundo” e o apego a seus bens materiais. Quando se lhe foi
revelada a cruz, esse amor incontrolável pelo mundo teve o poder
para impedi-lo de receber a vida eterna, abandonar o Jesus que o
amava, e conduzi-lo novamente à vida de casado com o mundo.
Uma decisão foi tomada, diante da qual Jesus declarou o PODER
destruidor do amor por este mundo e por suas frívolas riquezas. 4

Não muito antes do incidente, Jesus havia dito: “Quanto ao que foi
semeado entre os espinhos, este é aquele que ouve a palavra, mas
a preocupação desta vida e o engano das riquezas a sufocam,
tornando-a infrutífera” (Mateus 13:22). Este foi o decreto de uma
verdade espiritual. O “engano das riquezas” faz a pessoa pensar
que está vivendo para Deus, quando, na verdade, está vivendo para
as coisas do mundo. Essas palavras lembramnos de outras
afirmações que Jesus fez sobre a falta de frutos: “Toda árvore que
não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo” (Mateus 7:19).
“Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta... será
como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados,
lançados ao fogo e queimados” (João 15:2-6).

A prosperidade torna o coração humano muito suscetível ao


engano. Os laodicenses viam-se como espirituais de que nada
precisavam, materialmente. E aqui mora o perigo para você, leitor: o
poder do engano, que leva as pessoas a serem indiferentes, é o
mesmo poder que o fará desconsiderar, rapidamente, a mensagem
deste capítulo. Será que você é um dos laodicenses?

A Pérola de Alto Preço encontra-se em pé, batendo à porta,


pedindo-nos para “vendermos tudo” se quisermos tê-Lo. Esse “tudo”
são as coisas do mundo que sufocam o nosso amor por Ele.
Aqueles olhos de amor estão olhando para você agora, querido
leitor. Sua voz está implorando: “Você se divorciará das coisas do
mundo que o afastam de Mim e Me seguirá de todo o coração?”

O jovem rico ignorou esses olhos e essa voz. Não estava disposto a
dizer “sim” para o Senhor. Os laodicenses, igualmente indispostos,
foram menos honestos consigo mesmos, mas seu engano não
alterou a realidade de que rejeitavam a Cristo. A igreja deles já
existia há 40 anos e, agora, estavam oscilando entre Jesus e o
kosmos. O Jesus que tanto os amava disse-lhes a verdade, como
um marido desprezado que faz seu último apelo. A igreja com
coração dividido não podia mais oscilar. Chegara o momento de
decidir o que queriam. Ou respondiam à batida e abriam a porta, ou
Ele os vomitaria.

Podemos encontrar nosso caminho de volta ao primeiro amor, mas


precisamos começar com uma avaliação honesta da nossa
condição espiritual. Não podemos mais adiá-la. Este é o dia e esta é
a hora para a confissão e o arrependimento. Que o clamor de nosso
coração continue sendo: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu
coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em
minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno”
(Salmo 139:23-24).

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a


carnais... visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão sendo
carnais e agindo como mundanos? (I Coríntios 3:1-3)

Se estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por


que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo?
(Colossenses 2:20 – ECA)

Senhor, agradeço-Te por teres aberto meus olhos para enxergar o


quão morno tenho sido. Não tenho levado as coisas de Deus a
sério. Estou tentando viver o Cristianismo e o mundo ao mesmo
tempo. Deus, libertame deste ânimo dobre miserável! Arrependo-me
da minha apatia e do meu egoísmo. Por favor, conduz-me ao poder
de Deus! Em nome de Jesus. Amém.

Capítulo 7

Você Não Precisa Obedecer a Deus

“Deus deseja tanto a salvação dos homens que não prostituirá o


Céu. Não deixará suas portas escancaradas àqueles que, somente
quando em extrema necessidade, saem voando ao Seu encontro,
àqueles que nunca O buscaram de verdade, àqueles que, ainda
agora, só O buscam e se importam com o Senhor para não serem
lançados no Inferno”. 1
Richard Baxter

“Você não ama ninguém? Você é o centro de sua vida? Você está
enjaulado por suas próprias costelas? Seu ego é tudo para você?
Então você irá para o Inferno. Não tem como evitar isso; o lar dos
espíritos que não amam é o Abismo. Apenas os que amam podem
viver no Céu, pois o Céu é amor. Ninguém pode ir à glória sem ter
aprendido a amar; sem ter vivido para fazer o bem ao próximo”. 2
C.H. Spurgeon

A DESPEITO DA SATURAÇÃO ESPIRITUAL, causada pela nuvem

opressora do engano e da ilusão, um pequeno remanescente de


santos sóbrios e piedosos ergue a voz, anunciando alerta vermelho
à Igreja de hoje. Eles não fazem parte de nenhum movimento ou
denominação específica. São apenas homens e mulheres de Deus,
consagrados, que sabem o que significa orar. Pode ser um pregador
que tenha sido transferido a um pastorado insignificante, em alguma
cidadezinha do interior. Pode ser uma vovó que intercede, chorando
todas as manhãs. Ou talvez uma dona-decasa que tenha uma vida
de santificação, apesar das duras críticas que recebe. Santos com
discernimento, cujos ouvidos estão voltados para Deus, que
propagam a mesma mensagem: “Saiam! Sejam santos como Eu
sou santo!”. Como eu desejo que todos os crentes se abram para
esse chamado revigorador à santidade e ao arrependimento!

Lamentavelmente, há outro clamor sendo erguido por aí, tão


ensurdecedor que quase ninguém consegue ouvir o que Deus está
dizendo àqueles que têm “ouvidos para ouvir”. Trata-se da voz
profana que grita: “Você não precisa ser santo!” Congregações e
denominações inteiras ensinam que, na verdade, não é preciso
obedecer a Deus. Essa falsa mensagem é proclamada, em alta voz,
nos púlpitos, nas rádios cristãs e nas toneladas de livros que dão
uma falsa sensação de segurança aos “freqüentadores de igreja”. O
coral desses adeptos procura calar a todos que se levantam contra,
dizendo: “Você está ensinando legalismo! Está dizendo às pessoas
que elas precisam conquistar sua entrada no Céu! Não há nada que
se possa fazer para obter-se a salvação. É tudo graça de Deus!”

Como a maioria dos enganos, este também apresenta verdades


suficientes para tornar sua mensagem plausível. Precisamos
entender, no entanto, que uma apresentação extremamente
legalista do Cristianismo tende a passar a idéia de “salvação pelas
obras”. Por outro lado, não existe base bíblica suficiente no ensino
desequilibrado que corre solto pelas igrejas, as quais enfatizam uma
graça de Deus distorcida há quase 20 anos. Alguns podem pensar
que o legalismo é a maior ameaça que a Igreja já enfrentou,
considerando a inundação de ensinos sobre a graça. A verdade é
que a verdadeira ameaça provém dos ensinos que, em nome da
graça, encorajam os cristãos a satisfazer-se com um estilo de vida
mundano e egoísta, muito distante da vida em abundância que
Jesus tem para a Sua Noiva.

Não há dúvidas de que Satanás tenha planejado, com toda sua


astúcia, cada aspecto de sua estratégia para os últimos dias. Uma
declaração descarada de que “pecar tem problema” seria um
veneno forte demais para os cristãos engolir. Em vez disso, o Diabo
arquitetou todo um esquema doutrinário no qual esse estilo de vida
mundano tornar-se permitido. Fazendo com que mestres da Bíblia
enfatizem a graça além do normal e deixem enfatizar a pureza e a
santidade, ele conseguiu tornar o comodismo em algo aceitável para
os “freqüentadores de igreja”. Em virtude do esforço concentrado de
muitos falsos mestres, a santidade tornou-se politicamente incorreta.
Agora existe permissão para se viver na mesmice.

UMA ADVERTÊNCIA AOS CRISTÃOS DOS ÚLTIMOS TEMPOS


Paulo nos dá uma dica extremamente importante sobre o que se
esperar nos últimos dias: “Pois virá o tempo em que não suportarão
a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão
mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se
recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos” (II
Timóteo 4:3-4). Estaria ele se referindo à Igreja de hoje?
Exatamente!* Essa realidade está desabrochando bem diante dos
nossos olhos. “O tempo” não

apenas “virá”, ele jáchegou!

A palavra grega para desejos, epithumia, é a mesma palavra que


encontramos em nossa passagem-tema, I João 2:16-17: “a cobiça
da carne, a cobiça dos olhos... O mundo e a sua cobiça passam”.
Em outras palavras, Paulo estava dizendo: “Nos últimos dias, as
pessoas exaltarão os mestres que lhes ensinam que é permitido
viver carnal e mundanamente, enquanto usam uma máscara de
verdadeiro Cristianismo. Resumindo, elas se afastarão do
verdadeiro Cristianismo e se recusarão a dar ouvidos à verdade”.

A grande ênfase dada nos dias de hoje a uma graça sem verdadeira
santificação mostra-nos que a advertência de Paulo já se cumpriu.
Não existe impiedade maior que ensinar as pessoas e dizer-lhes
que, mesmo se continuarem amando o mundo e insistindo no
pecado, ainda irão para o Céu.

Muitos dos que assim argumentam em favor da injustiça, fazem-no,


em parte, porque possuem um estilo de vida carnal e mundano, e
não têm convicção da natureza desprezível do pecado. Pensam que
rebelar-se contra a vontade de um Deus santo não tem nenhum
problema. Trata-se daqueles a quem Paulo referiu-se, dizendo:
“Pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a
santificação. Portanto, quem rejeita estas coisas não

* O contexto que precede essa declaração demonstra como será o mundo nos últimos
dias.

rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo”
(I Tessalonicenses 4:7-8). Entretanto, advertências como esta não
parecem preocupar os falsos mestres, os quais foram convencidos
de que estão totalmente certos, muito embora as Escrituras
contradigam seus ensinos e ideologias fundamentais. Infelizmente,
esses homens têm-se levantado para ocupar algumas das posições
mais influentes dentro da Igreja dos últimos tempos. Sua mensagem
é tão convincente e abraçada com tanto entusiasmo, que se opor a
ela torna-se praticamente impossível. Contudo, a verdade da
Palavra de Deus e Seu conselho permanecem para sempre.

A PROVA DE FÉ
Tiago, meio-irmão de Jesus e líder da igreja em Jerusalém, era
considerado por todos como um homem muito piedoso. Sua epístola
é bastante prática. Ele define a verdadeira religião assim: “A religião
que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar
dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar
corromper pelo mundo” (Tiago 1:27). A vida do verdadeiro crente
será marcada por estas duas características de um Cristianismo
autêntico. Primeiro, demonstrar o amor de Deus para com os
necessitados. Segundo, viver em santidade dentro de um mundo
corrompido. Tiago então prossegue, apresentandonos a definição
prática da fé salvífica e o ensino definitivo sobre o que ela faz.

[...] porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi
misericordioso. A misericórdia triunfa sobre o juízo! De que adianta,
meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a
fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de
roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: “Vá em
paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se”, sem porém lhe dar
nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for
acompanhada de obras, está morta. Mas alguém dirá: “Você tem fé;
eu tenho obras”. Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a
minha fé pelas obras. Você crê que existe um só Deus? Muito bem!
Até mesmo os demônios crêem - e tremem! Insensato! Quer
certificar-se de que a fé sem obras é inútil (Tiago 2:13-20).
A princípio, nossa primeira impressão é: Tiago está refutando os
ensinos do apóstolo Paulo, cuja pregação categórica consistia em
que a salvação não vinha das obras, mas pela fé. No entanto, uma
análise mais detalhada mostra-nos que não há contradições aqui.
Matthew Henry explica essa passagem da Bíblia:

Quando Paulo diz que “ o homem é justificado pela fé, sem as obras
da lei” (Romanos 3:28), refere-se a um tipo de obras diferente
daquelas abordada por Tiago; porém, trata-se do mesmo tipo de fé.
Paulo discorre sobre as obras realizadas por alguém em obediência
à lei de Moisés, antes de ter recebido o evangelho. Ele também teve
de lidar com aqueles que, por tanto se orgulharem de suas obras,
acabaram rejeitando o evangelho (como vemos em Romanos 10,
mais especificamente no início do capítulo). Por outro lado, Tiago
fala sobre as obras realizadas em obediência ao evangelho, como
fruto necessário e próprio de alguém que verdadeiramente crê em
Cristo Jesus. Ambos preocupavamse em exaltar a fé do evangelho,
que, por si só, pode salvarnos e justificar-nos. No entanto, Paulo
exalta-a ao demonstrar a ineficácia de qualquer obra da lei – feita
antes da fé ou em oposição à doutrina da justificação por Jesus
Cristo. Tiago exalta a mesma fé, apresentando seus genuínos frutos
e operações… Só somos justificados pela fé. Depois, as boas obras
serão conseqüências que aperfeiçoarão nossa santificação no
grande e último Dia. Portanto, “Vinde, benditos de meu Pai [...]
porque tive fome e destes-me de comer...” 3

Ninguém é salvo pelas obras. A salvação é resultado da


combinação da graça de Deus e da fé da pessoa (Efésios 2:8).
Todavia, aqueles que julgam que tudo lhes é lícito depois da
“conversão”, precisam considerar as seguintes declarações: “Pois o
Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e
então recompensará a cada um segundo as suas obras” (Mateus
16:27). Jesus também disse que “os que fizeram o bem sairão para
a ressurreição da vida, e os que praticaram o mal, para a
ressurreição da condenação” (João 5:29).
Paulo, escrevendo aos membros da igreja em Roma, disse: “Ou
será que você despreza as riquezas da sua bondade, tolerância e
paciência, não reconhecendo que a bondade de Deus o leva ao
arrependimento? Contudo, por causa da sua teimosia e do seu
coração obstinado, você está acumulando ira contra si mesmo, para
o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento.
Deus ‘retribuirá a cada um conforme o seu procedimento’. Ele dará
vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória,
honra e imortalidade. Mas haverá ira e indignação para os que são
egoístas, que rejeitam a verdade e seguem a injustiça” (Romanos
2:4-8).

Vemos, então, que tudo o que uma pessoa faz na vida influenciará
diretamente o seu destino eterno. É verdade, uma pessoa só é salva
pela fé. Mas existe um aspecto na vida de quem possui a fé
salvadora que só se manifesta pelas obras que faz. Observemos,
portanto, três indicadores disso.

A primeira e mais óbvia prova da conversão é o contínuo


crescimento na obediência a Deus. Sua vida é caracterizada por um
processo contínuo de crescimento espiritual. Através de constantes
períodos de quebrantamento, a velha vida egocêntrica
– com seu orgulho e impiedade – vai sendo derrotada, e o fruto do
Espírito começa a aparecer. Esse é o processo de santificação, sem
o qual “ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14). *

A segunda prova de uma verdadeira conversão é o desenvolvimento


de uma perspectiva eterna. A eternidade está sempre presente na
mente do cristão genuíno. Ele entende e vive pelas palavras de
Jesus: “Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele
que odeia a sua vida neste mundo, a conservará para a vida eterna”
(João 12:25) Por possuir uma perspectiva eterna, vive como se
peregrino em terra. O mundo não é o seu lar, mas um lugar de
passagem. Suas recompensas não são conquistadas nesta terra,
mas no Céu. Tal pessoa ama as palavras de Jesus: “Não acumulem
para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e
onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês
tesouros nos céus, onde a

* É um erro fatal pensar que aprender sobre o Cristianismo, ouvindo sermões e lendo
livros, é a mesma coisa que santificação. Ouvir é importante, mas por uma boa razão Tiago
disse aos crentes: “sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a
si mesmos” (Tiago 1:22).

traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam


nem furtam” (Mateus 6:19-20). Sua vida não é dirigida pelo que o
mundo oferece, mas por aquilo que lhe está reservado na
eternidade.

A característica final de uma conversão autêntica é revelada nas


palavras de Jesus: “Com isso todos saberão que vocês são meus
discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (João 13:35). O
apóstolo João abordou-o em sua plenitude:

Desta forma sabemos quem são os filhos de Deus e quem são os


filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não procede de Deus,
tampouco quem não ama seu irmão. Sabemos que já passamos da
morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama
permanece na morte. Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus
Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por
nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu
irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode
permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de
palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.

(I João 3:10, 14, 16-18)

João escreveu isso aos que buscavam a Deus com sinceridade,


para ajudá-los a compreender se haviam sido verdadeiramente
regenerados ou não. A pessoa com um sincero desejo de “saber” se
realmente passou “da morte para a vida” o saberá através de seu
amor pelos “irmãos”. O amor de Deus, fluindo através da vida de
uma pessoa, é um sinal garantido de que a verdadeira fé está por
trás disso. Da mesma forma, a falta desse deve tornar-se motivo de
uma grande preocupação. *

FÉ MORTA
Todas as manhãs de domingo, milhares de cristãos, cheios de
emoção, cantam sobre o seu amor e compromisso com Deus. O
que me assusta é o tamanho do engano envolvido nisso. “Os
crentes não contam mentiras,” disse Peter Marshall, “eles as
cantam”. Muitos dos que estão sentados na igreja nunca renderam
sua vida ao Senhor de fato; nunca depositaram sua fé

* Se alguém não tem esses princípios operando em sua vida, a solução não é tentar sair e
praticá-los. Isto seria uma tentativa de ser salvo pelas obras. A solução é clamar a Deus
com genuíno arrependimento. O Senhor responderá a essa oração e suprirá tudo o que
esteja faltando.

n’Ele. Eles apresentam uma obediência seletiva, como que através


de um “Cristianismo de feira”, escolhendo quais “regras” são as
mais apropriadas para se alimentar. Não possuem novidade de vida,
fruto de um coração transformado. Paulo alertou-nos que, nos
últimos dias, muitos do que afirmariam ser seguidores de Cristo
seriam, na verdade, “mais amantes dos prazeres do que amigos de
Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder” (II
Timóteo 3:4-5) Não existe poder porque não há submissão.

Os fariseus foram exemplos clássicos disso. Suas atitudes externas


demonstravam estrita obediência aos mandamentos da Lei, mas por
dentro, algo estava errado; seu coração estava distante de Deus,
como Jesus lhes dissera:

Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o


dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado
os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a
fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas.
Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo. Ai de
vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês limpam o exterior
do copo e do prato, mas por dentro eles estão cheios de ganância e
cobiça. Fariseu cego! Limpe primeiro o interior do copo e do prato,
para que o exterior também fique limpo. Ai de vocês, mestres da lei
e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos
por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de
imundície. Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas
por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade.
(Mateus 23:23-28)

Essas palavras são extremamente importantes para os cristãos de


hoje, pois nos revelam o perigo que jaz em vivermos de aparências
externas, sem apresentarmos uma verdadeira mudança de coração.
Esses líderes religiosos obedeciam, minuciosamente, os
mandamentos bíblicos que regiam o comportamento externo, mas
ignoravam os que só podem ser obedecidos internamente, como
conseqüência de uma vontade submissa. Por fora, pareciam
“lindos”. Por dentro, estavam apodrecidos e cheios de cobiça. Por
fora, pareciam piedosos. Por dentro, eram cheios de egoísmo. Não
passava de uma grande encenação.

Estas mesmas palavras poderiam ser dirigidas a muitas de nossas


igrejas hoje: “Ai de vocês, falsos crentes! Vocês vão à igreja todos
os domingos. Dão o dízimo. Agradecem antes das refeições e lêem
uma promessa bíblica todos os dias. No entanto, a omissão de uma
verdadeira piedade é revelada por sua falta de preocupação com os
outros. Vocês vivem apenas para si e não compartilham nada com
os outros. Por fora, parecem homens justos, mas, por dentro, estão
cheios de hipocrisia e iniqüidade”.

As palavras de Jesus aos fariseus não foram uma demonstração de


irritação, mas uma tentativa final para despertálos e salvá-los.
Ninguém gosta de ouvir palavras duras, mas, às vezes, uma forte
repreensão é a única maneira de despertar alguém do seu engano.
Paulo disse a Timóteo: “Pregue a palavra, esteja preparado a tempo
e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e
doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina...”
(II Timóteo 4:2-3). Experiências espirituais, por si só, não são
evidências de uma conversão. *

As pessoas podem sentir a presença ou a operação de Deus em


algum momento da vida, ou até mesmo sentir Seu irresistível amor.
Entretanto, isso não significa que estejam necessariamente salvas.
Jesus disse: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’,
entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade
de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia:
‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não
expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu
lhes direi claramente: Nunca os conheci. milagres?’ Então eu lhes
direi claramente: Nunca os conheci. 23). Essa foi a razão pela qual
Jesus condenou os que pareciam estar seriamente envolvidos com
a obra de Deus, os quais até mesmo chegaram a manifestar o Seu
poder. Como poderiam operar milagres e, ainda assim, ir para o
Inferno? Não sei. Só sei que Jesus afirmou que isso acontecerá. Ele
explica que essas pessoas não faziam “a vontade do Pai que está
no céu”, mas praticavam o mal. Em outras palavras, elas não
obedeciam a Deus e não viviam para o Senhor de verdade.

* O apóstolo João deu duas evidências básicas da salvação: obediência à Palavra de Deus
(I João 2:3-5) e amor sacrificial pelos outros (I João 3:14-19). Por essas coisas, “sabemos
que passamos da morte para a vida”.

O perigo de se vivenciar o amor e a presença de Deus, estando


ainda cheio de vontade própria, é que a pessoa pode se afastar da
experiência completamente desiludido. Na história do jovem rico,
Marcos conta-nos detalhadamente que Jesus, ao olhar para ele,
amou-o. Estou certo de que Seu amor manifestou-se como uma
poderosa emanação do Seu coração. Contudo, o destino eterno
daquele jovem dependia de sua resposta àquele ardente amor. Será
que ele obedeceria às palavras de Jesus ou não? O Senhor, em
Sua misericórdia, colocou-o numa encruzilhada, num lugar onde
teria de decidir-se. Ele tinha de escolher entre Jesus e Mamom. Era
uma questão de obediência, não de sentimentos. Aquele que
realmente se converteu, obedece a Deus de todo o coração. Torna-
se um vaso do amor de Deus para os outros.

QUANDO A GRAÇA ABUNDOU


Na década de 30, o movimento evangélico na Alemanha era muito
forte. Muito embora houvesse abundante idolatria e pecado, a
maioria do povo daquela época era gente simples — como seus
contemporâneos dos Estados Unidos — cuja vida se resumia em
torno da igreja e da família.

Dietrich Bonhoeffer, um dos líderes cristãos da época, contemplava


o início de um movimento que o preocupava muito. As crenças
deste estariam fundamentadas sobre um falso conceito da graça:
uma vez cristão, não há pecado que mude sua posição espiritual
diante de Deus. Bonhoeffer tentou, desesperadamente, opor-se a
esse movimento ímpio antes que fosse tarde demais. Pouco antes
de perder a vida nas mãos dos nazistas, ele redigiu estas palavras
imortais em seu clássico chamado The Cost Of Discipleship [O
Preço do Discipulado]:

A graça barata é o inimigo mortal da Igreja. Nossa luta, hoje, é por


uma graça que custe algo. A graça barata significa aquela que é
vendida no mercado como pechincha. Os sacramentos, o perdão
dos pecados, as consolações da religião, tudo isto têm sido vendido
como que por atacado. A graça é representada como o tesouro
inexorável da Igreja, através do qual ela derrama bênçãos com
mãos generosas, sem nada perguntar ou estabelecer limites. Graça
sem preço; graça sem custo! Achamos que a essência da graça
consiste no fato de que a quantia já foi paga; e, se já foi paga, tudo
pode ser obtido gratuitamente. Uma vez que o preço foi infinito, as
possibilidades de usá-la e gastá-la também são infinitas. O que seria
a graça se não fosse barata?

A graça barata é pregar o perdão sem exigir arrependimento, o


batismo sem a disciplina, a Ceia sem confissão pessoal. A graça
barata é a graça sem discipulado, sem cruz, sem Jesus Cristo, vivo
e encarnado...

A graça que custa é o tesouro escondido no campo. Pelo que o


homem, cheio de alegria, vai e vende tudo o que tem. É a pérola de
alto preço a ser comprada, a qual é adquirida por aquele que
vendeu todos os seus bens...

Tal graça tem preço porque nos conclama a seguir; é graça porque
nos chama a seguir Jesus Cristo. Tem custo porque a vida de um
homem; é graça porque dá ao homem a verdadeira vida. 4

Infelizmente, grande parte do povo alemão rejeitou os seus ensinos.


À medida que a economia prosperava, sob a liderança dinâmica de
Adolf Hitler, a vida espiritual na Alemanha tornouse cada vez mais
fria. As preocupações do mundo, o engano das riquezas, e os
anseios por outras coisas entraram e sufocaram a Palavra,
tornando-a infrutífera (Marcos 4:19). A qualidade de vida estava
melhorando na terra do Reich sob a notável liderança do Führer. O
orgulho nacional foi restaurado e os religiosos da Alemanha “cristã”
colocaram Hitler no poder, pois este davalhes tudo o que queriam.
Como se não bastasse nomearem-no governante, começaram a
adorá-lo! E antes que pudessem perceber alguma coisa, Hitler
estava assassinando milhões de judeus em câmaras de gás, nos
campos de concentração da Europa. Quando o elegeram, nunca
sonharam que ele cometeria tais atrocidades! Por não haver total
entrega a Cristo e pela conseqüente falta de discernimento, o povo
ficou à mercê da poderosa personalidade do Führer.

Temos difamado tanto o povo alemão que é fácil considerálo como


uma réplica de Hitler. Esquecemo-nos de que a grande maioria
desse povo simples, assim como nós, queria apenas uma vida
melhor para si e para suas famílias. Uma vez com Hitler no poder,
muitos deles tornaram-se agentes do extermínio porque o seu
Cristianismo não se baseava em sua consciência. Sendo assim, a
atmosfera moral de seus dias os derrotou. Não havia nada que
pudesse impedir sua descida aos tormentos do Inferno.

“Nós jamais faríamos o que eles fizeram,” dizemos. Mas, querido


leitor, nossa cultura está mais influenciada pelo espírito do kosmos
do que nunca! Corremos o terrível perigo de estender o tapete
vermelho – não para um ditador nazista – mas para o homem que
conduzirá o mundo a uma grande rebelião contra o próprio Deus!

A sociedade dos Estados Unidos, por exemplo, está pronta para


receber um líder assim. A única oposição real que resta vem da
Igreja Cristã. Infelizmente, grande parte da resistência está ruindo
por causa da impotente liderança espiritual. Pouco discernimento,
ambição egoísta, mundanismo; isto tem tornando os cristãos cada
vez mais vulneráveis a um engano devastador.

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário,


sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos,
segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos
à verdade, voltando-se para os mitos. (II Timóteo 4:3-4)

As pessoas olham para vocês e pensam que são santos. Mas se a


máscara for retirada, verão quão podre vocês estão! (Mateus 23:28
– adaptação da The Messege Bible feita pelo revisor)

Senhor, confesso que tenho usado a Tua graça como uma desculpa
para poder pecar. Não tenho quase nenhum temor e reverência por
Ti! Ensina-me a dar-Te o temor que Te é devido! Abra os meus olhos
para enxergar quanta desobediência está camuflada em minha vida.
Ajuda-me a arrepender-me de meu orgulho luciferiano! Dá-me graça
para obedecer a Tua Palavra. Em nome de Jesus. Amém.

Capítulo 8

Engano e Ambição na Liderança


“As igrejas estão abarrotadas de religiosos, amadores, culturalmente
desqualificados para ministrar no altar; e o povo sofre como
conseqüência... Muito do que é feito em nome de Cristo vai contra
Cristo, visto que é concebido pela carne, incorpora métodos carnais
e busca fins carnais”. 1 A.W. Tozer

“Acreditam que quem se opõe a [algum] tipo de mal, representa,


portanto, o Bem. As chances de tal pessoa representar um mal
ainda maior são [raramente] consideradas”. 2
Lev Navrozov

UMA IGREJA COM MENTALIDADE MUNDANa aceita conceitos

mundanos que, inevitavelmente, pervertem o Evangelho de Jesus


Cristo e gera falsos ensinos. Por exemplo, conceitos da Nova Era e
do campo Humanista da “ciência” já têm sido secretamente
introduzidos na Igreja, oferecendo “um outro evangelho” que
acomoda os desejos egoístas. O espírito do kosmos teceu sua
filosofia no tecido da própria teologia e da doutrina cristã moderna.

Quem é o culpado disso tudo? Não são os que se encontram nos


níveis mais baixos, mas os que estão no topo. Este é o lugar onde
muitos líderes têm-se corrompido pelo engano e pela ambição.

Quando o apóstolo Paulo fez seu discurso para os presbíteros da


igreja em Éfeso, disse:
Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o
Espírito Santo os colocou como bispos a, para pastorearem a igreja
de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue. Sei que,
depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês
e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão
homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos. Por
isso, vigiem! Lembrem-se de que durante três anos jamais cessei de
advertir cada um de vocês disso, noite e dia, com lágrimas. (Atos
20:28-31)
Assim como Paulo previu, lobos ferozes infiltraram-se nas igrejas do
primeiro século. Agora, vinte séculos depois, estamos vendo a
mesma coisa. Vez após vez, Jesus, Paulo e outros escritores
apostólicos advertiram-nos quanto a ensinos que desviariam as
pessoas. Considere os seguintes exemplos:

• Paulo também falou sobre os “anjos de luz,” que, na verdade,


servem a Satanás.
• O próprio Jesus alertou-nos para nos acautelarmos dos “falsos
profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por
dentro são lobos devoradores” (Mateus 7:15). Admoestounos mais,
dizendo: “Vocês os reconhecerão pelos frutos” (v. 16).
• Pedro afirmou: “surgirão entre vocês falsos mestres. Estes
introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar
o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina
destruição. Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses
homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade”
(II Pedro 2:1-2).
• O apóstolo João recomendou: “examinem os espíritos para ver se
eles procedem de Deus... (ou do) espírito do anticristo” (I João 4:1-
3).

Esses alertas foram extremamente importantes para os primeiros


cristãos, e o são, igualmente, para nós hoje. Precisamos aprender a
discernir o que as pessoas nos ensinam. Devemos orar para que o
Senhor nos dê ouvidos para ouvir e olhos para ver!

SINCEROS, PORÉM ENGANADOS... Quando a maioria dos


cristãos pensa sobre os falsos profetas, as descrições que Jesus e
Paulo fizeram imediatamente lhes vêm à mente. Contudo, ao invés
de os procurarem em meio às ovelhas, procuram-nos entre os
lobos. Ao invés de procurarem por anjos de luz, procuram por
servos de Satanás, como, por exemplo, líderes de seitas
declarados. O que muitos não compreendem é que os falsos
mestres apresentam-se como ovelhas e anjos. Quando Jesus
mencionou os falsos profetas que viriam nos últimos dias, Ele não
se referia apenas a homens como Jim Jones ou David Koresh. Ele
disse: “E numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos”
(Mateus 24:11). Ele estava descrevendo um engano que teria escala
muito maior do que a de alguns líderes de seitas isoladas. Os lobos
em pele de cordeiro e os anjos de luz não estão fora da Igreja, mas
dentro dela! Eles não são reconhecidos como enganadores porque
seu comportamento não é o esperado de um enganador.

Há dois tipos de enganadores atuando no Corpo de Cristo. Primeiro,


aqueles que, intencionalmente, mentem aos outros para realizar
seus propósitos egoístas. Pregadores de televisão que mendigam
“ofertas de fé”, homens que caçam mulheres vulneráveis, artistas
não-regenerados que adentram a lucrativa indústria da música
gospel: todos estes são exemplos de lobos em pele de cordeiro.

Não tão evidentes — mas poderosamente devastadores! — são os


que não desviam o rebanho propositalmente. Eles espalham falsas
doutrinas porque aprenderam assim, e, infelizmente, acabam
repassando-as para os outros. É isso o que torna o engano tão
poderoso! O espírito do mundo que, no momento, usa-os para
tornar as palavras de Jesus mais suaves e atraentes, iludiu-os
completamente. É um evangelho adaptado às suas necessidades,
com pouco ou nenhum fogo. É falso porque não consiste no
Evangelho entregue por Jesus Cristo.

AMBIÇÃO CEGA
Enquanto muitos pastores e ministros fazem o melhor que podem
para ajudar as pessoas, outros trabalham intensamente para criar
seguidores pessoais. Almejam um grande ministério, com seus
nomes na frente; querem ser o CENTRO de tudo. Como é fácil as
pessoas se envolverem em ministérios por motivos errados! É
possível começar um trabalho para Deus com genuíno desejo de
ajudar os outros. Mas a tentação de usá-lo como meio para se obter
sucesso pessoal pode ser forte demais. Aquilo que começa como
um sincero desejo de fazer o bem, muitas vezes, transforma-se
numa ambição obsessiva para se chegar ao topo.
O falso ensino sempre será um dos inevitáveis efeitos colaterais
dentro da Igreja. Quando a cobiça pelo topo se torna a principal
motivação, o anseio pela verdade se torna cada vez menos
importante.

Paulo percebeu que isso estava acontecendo na Igreja Primitiva. Ele


disse aos filipenses que alguns deles pregavam a Cristo “por
ambição egoísta, sem sinceridade” (Filipenses 1:17). No começo da
epístola, Paulo ordena-os: “Nada façam por ambição egoísta ou por
vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si
mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas
também dos interesses dos outros” (Filipenses 2:3-4).

Esses dois versículos expõem o âmago do Cristianismo, e são


especialmente relevantes àqueles que estão em algum ministério,
cujo chamado primordial é servir os outros, e não a si. Jesus
enfrentou esse mesmo problema com os discípulos, os quais
arrazoavam entre si acerca de quem seria o maior. Em resposta à
atitude egoísta deles, Jesus disse: “Se alguém quiser ser o primeiro,
será o último, e servo de todos” (Marcos 9:35). Temos abandonado
a mentalidade de servo. Em vez de procurarem servir, muitos estão
buscando os “lugares mais importantes nas sinagogas e nos lugares
de honra nos banquetes” (Marcos 12:39). Foi exatamente isso que
Paulo antecipou ao avisar que os falsos mestres se levantariam “a
fim de atrair os discípulos” (Atos 20:30).

A acirrada competição pelas maiores multidões, os maiores


públicos, o maior número de leitores, acarretará em livros
superficiais e sermões “água com açúcar”, ambos carecidos de
alimento sólido e verdadeira fé. Os próprios sistemas de rádio e
televisão criam aquela pressão que prende a atenção do público,
mas sem ofendê-lo – é claro –, porque espectadores ofendidos não
geram o dinheiro necessário para pagar as contas e manter os
programas no ar! A pregação confrontadora que condena o pecado,
o mundanismo e a carnalidade tende a não atrair multidões.
Para a platéia geral das igrejas, o carisma vale mais do que o
conteúdo. Ela é atraída e torna-se apaixonada pelas celebridades
exageradas, que se fazem de super-heróis. A mídia faz isso com os
seus “astros”, conquanto isso não signifique, necessariamente, que
os gerenciadores também sejam perversos. Entretanto, os crentes
dos últimos dias precisam estar atentos aos erros. Precisam rejeitá-
los imediatamente, não importando quem seja o mensageiro.

MESTRES COM MENTALIDADE MUNDANA Outro agente do


engano que permeia a liderança pode ser identificado como a
substituição dos estudos pela unção. E eis a desculpa por trás
dessa substituição: obter credibilidade com o mundo. Nas décadas
de 40, 50 e 60, nossas principais faculdades e seminários bíblicos,
na aparente esperança de conseguir credibilidade (e aceitação) no
meio acadêmico secular, começaram a introduzir o liberalismo em
suas grades curriculares. Muitas dessas aulas, lecionadas sob uma
perspectiva bíblica, não apresentavam nenhuma influência que
desse margem à contaminação (isto é, matemática, história, etc.) e
eram benéficas para o futuro dos estudantes no ministério. No
entanto, como veremos no capítulo seguinte, o liberalismo acabou
por virar um cavalo de Tróia; um vírus que se instalou sutilmente no
Corpo de Cristo. As faculdades teológicas, que outrora foram
instituições estritamente bíblicas, perderam seu fogo
paulatinamente, e definharam à mercê do opressor espírito do
mundo.

Uma senhora vivenciou isso em primeira-mão. Ela nos dá o seguinte


relato sobre a escola em que estudou:
No início dos anos 60, freqüentei uma escola bíblica
pentecostal com duração de três anos, que enfatizava o
preparo das pessoas para o ministério. Cada aluno planejava
uma vida de serviço a Deus, quer pastoreando uma igreja
quer sendo missionário. Todas as aulas estavam diretamente
relacionadas ao ministério ou a um estudo da Bíblia. O presidente
do instituto sempre pregava aos alunos
sobre a necessidade da santificação. Ensinava-nos que um
ministério bem-sucedido só viria como resultado de uma vida
crucificada. Na época em que os programas de televisão ainda eram
inocentes, ele já nos alertava solenemente que a TV sugaria nossa
vida espiritual. Sua profunda consagração a Deus fazia da escola
um ambiente sério e bastante sóbrio
Durante o tempo em que estudei lá, começamos a ouvir relatos de
que os líderes denominacionais queriam incluir aulas liberais no
currículo. Os rumores diziam que a escola receberia aprovação do
governo e ofereceria o título de bacharel em quatro anos. Muitos
alunos ficaram felizes com a notícia, mas a maioria gostaria que as
coisas permanecessem do jeito que estavam
Certo dia, o diretor da escola colocou-se em pé na nossa frente,
com lágrimas correndo pelo rosto. Ele fora intimado pela cúpula da
denominação a cooperar com seus planos, porém, tentou resistir até
o fim, e foi forçado a se demitir. Naquele dia, ele teve uma conversa
conosco que transformou minha vida profundamente. Ele nos disse
que, futuramente, haveria um teor mais liberal na escola. Alertou-
nos, no entanto, que não perdêssemos nosso senso de sobriedade
espiritual. Depois de sua partida, ficamos sabendo que morrera de
coração partido. E como previu, a ênfase da escola sofreu um
grande declínio. A profunda sensibilidade ao Espírito de Deus,
presente naquele lugar há anos, tinha simplesmente sumido.

A história dessa amada senhora é um exemplo do que tem


acontecido, em seu ápice, com quase todos os campos de
educação cristã. Em vez de disciplinar os jovens a uma vida
segundo o coração de Deus, eles são ensinados a tornar-se
“profissionais da fé”. Em vez de ratificar a importância de andarmos
com Deus, apenas assuntos relacionados com o crescimento de
igrejas eram enfatizados. A piedade de alguém não era mais
considerada humildade ou santidade, mas sucesso externo. Os
ensinos mundanos de hoje produzirão os líderes mundanos de
amanhã.

AFIRMAÇÕES CATEGÓRICAS
Ainda existe outra falha na qualidade do ensino e da pregação de
hoje. Ela contribui para uma eminente decadência no entendimento
espiritual, bem como para o engano que a sucederá. Ei-la aqui:
imaturidade espiritual disfarçada de afirmações categóricas.
Quando o assunto é discipulado, um mestre ou pregador só pode
conduzir os outros ao nível que já atingiu; nada mais que isso. É um
tremendo erro quando o discipulador procura parecer mais espiritual
do que verdadeiramente é. Apoiando-se em seu próprio carisma e
habilidades pessoais, ele busca levar vantagem sobre os outros,
mas não consegue discernir sua verdadeira condição. O resultado é
um ministério medíocre e uma perspectiva superficial.

O apóstolo Paulo comentou sobre essa discrepância com Timóteo:


O objetivo desta instrução é o amor que procede de um
coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera.
Alguns se desviaram dessas coisas, voltando-se para
discussões inúteis, querendo ser mestres da lei, quando não
compreendem nem o que dizem nem as coisas acerca das
quais fazem afirmações tão categóricas. (I Timóteo 1:5-7)

Paulo escreveu com autoridade porque tinha um relacionamento


íntimo com o Senhor, fruto de uma vida de profunda consagração e
oração. O que o motivava era o amor sincero pelos outros, não a
ambição pessoal.

A falta destes dois fatores — um relacionamento íntimo com Deus e


a motivação do amor — acarretarão, inevitavelmente, uma falsa
doutrina e uma mensagem superficial. Acrescente-lhe o desejo de
ser respeitado como um mestre, sem este demonstrar a mínima
disposição para adquiri-lo, e a corrupção alastrar-se-á. É muito fácil
“se apoiar no próprio entendimento” (Provérbios 3:5). Uma vez o
mestre confiando em suas próprias habilidades, não vivendo a
mansidão e a humildade, adotará a postura que sempre funcionou
em seu passado: confiança e arrogância. Como Paulo disse:
“querendo ser mestres da lei, quando não compreendem nem o que
dizem nem as coisas acerca das quais fazem afirmações tão
categóricas”.
Homens confiantes freqüentemente levam vantagem sobre pessoas
simples e de boa índole. Será que há alguma razão para
duvidarmos que isso ocorra nas igrejas?

Há alguns anos, antes de eu entrar para o ministério, trabalhei como


vendedor por algum tempo. Estabeleci uma competição sadia com
outro vendedor, chamado Rob. Contudo, não importava o quão duro
eu trabalhasse, fazendo horas extras e dando inúmeros
telefonemas, ele sempre me superava, todos os meses. A diferença
era a personalidade cativante de Rob. Com apenas dez minutos, ele
conseguia fazer uma pessoa sentir que eram amigos há anos. Com
aquele sorriso que nunca saía do rosto, ele fazia as pessoas assinar
na linha pontilhada num piscar de olhos!

Vejo muitos como o Rob na liderança da Igreja de hoje. Pessoas


que possuem o dom de atrair seguidores — não porque pregam a
verdade — mas pelo encanto e simpatia que exalam. Vejamos o que
Paulo disse a respeito de si sobre o assunto:

Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso
eloqüente, nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério
de Deus.Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo,
e este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor
que estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não
consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram
de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm
não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus. (I
Coríntios 2:1-5)

Não parecia nenhuma surpresa o fato de haver pessoas na igreja de


Corinto que dissessem sobre o apóstolo: “As cartas dele são duras
e fortes, mas ele pessoalmente não impressiona, e a sua palavra é
desprezível” (II Coríntios 10:10). Paulo não o negou. A questão é:
será que, em geral, os “freqüentadores de igreja” conseguirão
discernir o Espírito de Deus na Bíblia, ou ficarão aborrecidos com
sua pregação nada liberal?
GRANDES NEGÓCIOS
Ainda há mais uma razão para o engano e ambição entre os líderes:
o fato inegável de que o Cristianismo tem-se tornado uma indústria
multibilionária. CDs de música, livros, pregações em áudio,
seminários, conferências, “ofertas de amor”, fazem parte de um
mercado com grande potencial a ser explorado. Essa fartura
encoraja qualquer um com talento, habilidades e carisma a crescer.
Infelizmente, o sucesso recompensa-os muito bem financeiramente.

Paulo comentou-o ao dizer que alguns estavam “negociando a


palavra de Deus visando lucro” (II Coríntios 2:17) e usando a
piedade como “grande fonte de lucro” (I Timóteo 6:5). Isso é
lastimável diante do preço que os nossos primeiros pais na fé
pagaram pelo Evangelho! Há muitos que estão em ministérios
somente para buscar recompensas imediatas e palpáveis.

Certa vez tive uma conversa com um dos principais editores cristãos
dos EUA. Ela acabou servindo para revelar-me a mentalidade que
tanto prevalece na grande maioria da Igreja. Ele leu a primeira
edição deste livro e descartou-o como irrelevante:

— Steve, o que você precisa fazer é escrever um livro ensinando


aos cristãos o segredo de como perder peso e ser espiritual ao
mesmo tempo. Então você terá um livro de sucesso!

O assustador é que esse homem estava falando sério. Aqueles que


possuem discernimento vêem que esse império editorial preocupa-
se mais com as vendas do que com as verdades espirituais.

O problema mais preocupante aqui é que a mentalidade de sucesso


comercial tem sido transferida para dentro dos ministérios. Onde
estão os ministérios que têm como lema o sacrifício?

K. P. Yohanan, missionário provado em termos de sacrifício e até


perseguições na Índia, conta a seguinte história:
Recentemente, aconselhei um casal que planejava ingressar
no serviço missionário. Eles afirmavam que desejavam
desesperadamente servir ao Senhor. Eram bem qualificados
e ficou claro que o Espírito Santo estava chamando-os para
o privilégio da Sua obra.
Mas o mundo os prendia. Eles começaram a questionarse sobre o
que eu agora reconheço como questões críticas
sobre o serviço cristão. Se eles fossem enviados em missões,
como sobreviveriam? Teriam uma casa? Será que teriam um
plano de aposentadoria? E quanto à educação de seus filhos?
E os seguros?
Estavam avaliando a oportunidade de servir pela quantidade de
inconvenientes que sofreriam. Não queriam encarar a possibilidade
de passar dificuldades, sofrimentos, sacrifícios e incertezas no
serviço missionário. Os riscos eram grandes demais. Então, como
milhões de cristãos, não obedeceram ao chamado. Talvez nunca o
façam.
Isso nos revela a grande diferença que há em relação à rotina de
sacrifícios que muitos obreiros enfrentam em países menos
favorecidos. Lembro-me agora da equipe de cinco jovens
missionários, pioneiros, que foram chamados pelo Senhor para
começar uma missão no Rajastão, estado do norte da Índia. Não
tinham nem o dinheiro para a passagem de trem, sem falar da
comida ou aluguel. Todos os desmotivaram e imploraram que
permanecessem em casa. Mas eis a sua resposta: “Se não tivermos
dinheiro para ir de trem, iremos andando (2.450 km). Se um de nós
ficar doente, ou morrer pelo caminho, iremos enterrá-lo no
acostamento e o resto prosseguirá. Se apenas um de nós
sobreviver à viagem, chegar ao Rajastão e colocar pelo menos um
folheto evangelístico nas areias do deserto daquele estado, antes de
morrer, teremos completado nossa missão e obedecido ao Senhor”.
3

Temo que enquanto os ministros continuarem buscando


recompensas materiais e palpáveis, a Igreja continuará sendo
enganada por líderes cuja motivação é a ambição egoísta e o
pensamento carnal; cujo legado será um evangelho anêmico e
falsos ensinos. Enquanto isso, os verdadeiros homens de Deus
serão ignorados pelos leigos, que preferem o carisma à santidade; o
glamour ao alimento sólido da Palavra. Uma Igreja aberta ao
mundanismo sempre estará aberta ao engano.

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Aqueles pregam Cristo por ambição egoísta, sem sinceridade... só


pensam nas coisas terrenas (Filipenses 1:17; 3:19)

Se vocês têm líderes que ensinam de outra forma, que rejeitam as


firmes palavras de nosso Mestre Jesus Cristo, bem como esta
piedosa instrução, taxem-nos pelo que são de fato: fofoqueiros que
contaminam o ambiente... Em última instância... a verdade
permanece como uma lembrança bem distante. Eles acham que a
religião não passa de um método fácil para se ganhar um
dinheirinho (I Timóteo 6:3-5 – adaptação da The Messege Bible feita
pelo revisor)

Senhor, reconheço que não tenho demonstrado muito discernimento


em minha caminhada cristã. Tenho sido muito mais atraído pela
personalidade e carisma dos pregadores, do que pela verdadeira
santidade. Ajudame a discernir a verdade em meio a tantas vozes!
Tira os tampões dos meus ouvidos para ouvir a Tua verdade.
Silencia a voz do Inimigo em minha vida; não importa de quem ela
venha. Em nome de Jesus. Amém.

Capítulo 9

A Sabedoria do Kosmos

“O sentimento correto é produzido pela obediência, não o contrário”.


1

Oswald Chambers

“Nosso único refúgio, nossa única fonte, nossa única força, nosso
único consolo, nossa única autoridade, é a preciosa Palavra de
Deus. Tire isso de nós, e não nos restará absolutamente nada. Dê-
nos isso, e não necessitaremos de mais nada”. 2
Charles H. Mackintosh

A SEGUINTE HISTÓRIA EXEMPLIFICA O ESTADO DA IGREJA como um

todo, isto é, carente do verdadeiro discernimento espiritual e sempre


disposta a acolher a sabedoria do mundo. A cena é uma tarde
comum de setembro. Seu nome é Wes Allen (esse não é seu nome
verdadeiro). Como presidente regional de uma grande
denominação, Wes era bem respeitado e muito estimado por todos
que o conheciam. No entanto, naquela época, sua reputação
encontrava-se debaixo de um ataque demoníaco.

Do outro lado da cidade, uma psicoterapeuta cristã aconselhava


Amy, sua filha de 18 anos. Tentando achar a raiz dos “problemas
interiores”, a conselheira introduziu, pouco a pouco, a idéia de que
seu pai havia molestado-a durante a infância. A princípio, Amy
rejeitou tal sugestão. Porém, à medida que a terapeuta prosseguia
habilmente com essa linha de pensamento, Amy começou a
“lembrar-se” dos incidentes. Amy começou a alimentar
gradativamente uma inimizade contra seu pai, cujos esforços para
discipliná-la, a partir de então, apenas fortaleciam a convicção da
menina de que a terapeuta tinha razão.

Esta levou imediatamente suas “descobertas” aos superiores de


Wes, na denominação. Como conseqüência, ele foi demitido.
Furioso por causa das falsas acusações, processou a terapeuta e,
depois que sua filha desmentiu as “lembranças”, ganhou a causa.
No final, após ter sido inocentado de todas as acusações, seu
relacionamento com a filha, outrora prejudicado, foi restaurado. Da
mesma forma, teve sua posição restituída dentro da denominação.

Uma Igreja mundana, saturada de problemas, torna-se sujeita às


soluções do mundo. Em resposta às grandes necessidades que
inundam nossas igrejas, o espírito do kosmos tem comissionado
uma indústria inteira de profissionais para dar uma “mãozinha” e
evitar que as pessoas experimentem um genuíno quebrantamento,
arrependendo-se diante de Deus. Ao invés de acatar os conceitos
bíblicos da renúncia própria e da morte do “eu”, os cristãos
freqüentemente correm a “especialistas” que fornecem soluções
alternativas, mantendo, assim, as pessoas presas pelo
egocentrismo. A Igreja tem adotado com entusiasmo essa
abordagem mundana. Chegamos à conclusão absurda de que um
cristão, apenas por possuir graduação em psicologia, está
qualificado a ensinar-nos como termos uma vida vitoriosa em Cristo!

John MacArthur comenta sobre isso:


A Bíblia é o manual para todo o “funcionamento da alma”. É tão
abrangente no diagnóstico e no tratamento das coisas espirituais,
que, ativada pelo Espírito Santo no crente, tornao semelhante a
Jesus. Esse é o processo bíblico da santificação...

A “psicologia cristã”, termo usado hoje, é um paradoxo. A palavra


psicologia não mais remete o estudo da alma; apresenta um
diversificado leque de terapias e teorias fundamentalmente
humanistas. As pressuposições e a maioria das doutrinas
psicológicas jamais terão sucesso em associarse com a verdade
cristã. Aliás, a infusão da psicologia nos ensinos da Igreja tem
apagado a linha que separa a mudança de comportamento e a
santificação. O caminho para a plenitude é o caminho da
santificação espiritual. 3

No primeiro capítulo de I Coríntios, Paulo descreve o que podemos


chamar de “mente ocidental”. Ele diz: “os gregos buscam sabedoria”
(I Coríntios 1:22). Essa tendência de exaltar a sabedoria humana é
dos principais obstáculos no caminho dos cristãos que anseiam por
uma vida vitoriosa, verdadeira e profunda com Jesus Cristo. Deus
não espera quer que sejamos tolos irracionais. Ele ordena-nos:
“mantenham os pensamentos nas coisas do alto”. Sua vontade é
que busquemos a mente de Cristo em tudo o que fizermos. Nosso
problema origina-se a partir da tendência de abordarmos as
questões com a mente natural e racional, uma eterna antagonista de
Deus. Paulo disse que “a mentalidade da carne é inimiga de Deus
porque não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo” (Romanos
8:7). Seu objetivo era mostrar que os processos naturais da mente
humana atuam em total oposição ao Espírito.

Os seres humanos são egoístas por natureza. Nossos pensamentos


giram em torno do “eu”. O orgulho e egoísmo provenientes desse
tipo de pensamento opõem-se à forma de pensar do Espírito de
Deus, pois há um conflito essencial entre os dois (Gálatas 5:17).
Nem mesmo a pessoa mais perspicaz entrará no Reino de Deus se
não se tornar humilhe como uma criancinha. “Eu lhes asseguro que,
a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças,
jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde
como esta criança, este é o maior no Reino dos céus” (Mateus 18:3-
4). Como cristãos, faz-se necessário renunciarmos à nossa altivez
mental e aprendermos que os problemas espirituais não podem ser
compreendidos ou discernidos racional e logicamente.

Sejamos honestos conosco. Para a maioria das pessoas, a Igreja


ocidental é egocêntrica, carnal e mundana. Está entupida de
cristãos deprimidos e derrotados, cuja vida fugiu completamente dos
padrões de Deus, devido à nossa permissividade e a esta cultura
capitalista. O resultado inevitável é que muitos acabam tendo de
lutar contra uma carga opressora de problemas emocionais e vícios.
A Igreja deixou de ser um lugar de cura. Agora, oferece apenas um
analgésico para burlar a dor, chamado “aconselhamento”. Poucos
em posições de influência realmente entendem o que significa vir ao
Calvário. Os primeiros crentes, que possuíam o poderoso
testemunho de andar no Espírito, morreram e já não há ninguém
para ocupar o seu lugar. Os ensinos do kosmos entraram,
sorrateiramente, por debaixo da porta; lenta e metodicamente,
fizeram uma lavagem cerebral em nós. É tempo de despertarmos
desse sono e abrir os olhos para o engano que tem nos
envolvido.
A SABEDORIA DO KOSMOS
Aos cristãos de Corinto, que viviam pesquisando novas filosofias e
idéias, Paulo disse: “Nós, porém, não recebemos o espírito do
mundo (kosmos), mas o Espírito procedente de Deus, para que
entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. Delas
também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria
humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando
verdades espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o
Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe
são loucura; e não é capaz de entendê-las, de Deus, pois lhe são
loucura; e não é capaz de entendê-las, 14). Ele prosseguiu dizendo
que pela imaturidade deles, não podia falar-lhes como a pessoas
com discernimento espiritual “mas como a carnais, como a crianças
em Cristo” (I Coríntios 3:1).

Os coríntios estavam obcecados pela sabedoria deste mundo.


Paulo, repetidas vezes, relembrou-os de que a sabedoria do kosmos
era loucura para Deus. Ele disse: “falamos da sabedoria de Deus,
do mistério que estava oculto, o qual Deus preordenou, antes do
princípio das eras, para a nossa glória. Nenhum dos poderosos
desta era o entendeu, pois, se o tivessem entendido, não teriam
crucificado o Senhor da glória” (I Coríntios 2:7-8). A sabedoria do
mundo apela para a mente lógica do homem e massageia o seu
ego. O kosmos despreza o caminho da Cruz e exalta a preservação
do “eu” e a busca da felicidade pessoal. Ninguém abordou essa
questão com maior clareza do que Jesus. O Senhor assegurou: “Se
alguém quiser acompanhar-me, neguese a si mesmo, tome
diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua
vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este
a salvará” (Lucas 9:23-24). Tal mentalidade opõe-se diretamente ao
pensamento promovido pelo kosmos. Assim, revela-nos claramente
o motivo pelo qual os crentes possuem tantos problemas não-
resolvidos: não estão dispostos a negar-se a si mesmo.

Após 20 anos ministrando pessoas com sérios problemas, nós, do


Ministério Pure Life, aprendemos que somente Jesus Cristo tem o
poder para conduzi-las a uma verdadeira alegria e realização.
Repito: apenas Ele tem este poder! Aqueles que aprenderam o
segredo de um coração obediente e completamente rendido ao
Senhor, desfrutarão dessa vida em abundância.

Muitos querem receber a ajuda de Deus, no entanto, queremna do


seu próprio jeito. Esperam que o Senhor resolva seus problemas
sem que nada lhes exija. “Vem depressa e consertame!” é o que
oram, mas não estão dispostos a viver em submissão, obediência e
renúncia própria. Querem que Deus acabe com seus problemas
sem renunciarem à vida de prazeres, que produz esse
comportamento obsessivo. Em outras palavras, querem que o
Senhor os livre de todos os problemas sem interromperem o fluir do
curso de sua vida neste mundo. O que querem é a vitória do
Calvário sem a Cruz do Calvário, o que é impossível.

A Igreja incorporou o conceito de que se você tem um problema de


saúde, deve procurar um médico; se tem um problema espiritual,
deve procurar um pastor; se tem um problema emocional, um
psicólogo. Dessa forma, o espírito do kosmos foi capaz de introduzir
falsos ensinos no Corpo de Cristo, disfarçados de profissionalismo.

Quando eu ainda jazia atolado no pecado, costumava a dizer: “Se


ao menos tivesse dinheiro para pagar um psicólogo (ou melhor, um
psiquiatra!), eu receberia a ajuda de que realmente necessito”. O
campo da psicologia sempre teve um ar de mistério para mim.
“Decerto esses estudiosos da mente e do comportamento possuem
o conhecimento que os capacita a libertar pessoas como eu”,
pensava. Estudei psicologia na escola e mergulhei-me em suas
teorias. Depositei nela a minha confiança porque acreditava que
fosse uma ciência inabalável — apesar de seu fracasso em ajudar-
me a vencer meus próprios problemas. Quando me converti,
transferi essa confiança para a “psicologia cristã” e seus ensinos.
Foi somente depois do meu curso de Teologia, onde aprendi o
verdadeiro aconselhamento bíblico, que vi como minha confiança
era vã.
A MODERNA CIÊNCIA DA PSICOLOGIA Um dos conceitos mais
errôneos que temos acerca da psicologia é que ela é uma ciência
baseada em fatos, como julgamos ser a neurologia e a psiquiatria.
Isso não poderia estar mais errado, como Dave Hunt claramente
demonstra:

Em dezembro de 1985, 7000 pessoas (3000 ficaram de fora por


falta de espaço) estavam reunidas em Phoenix, Arizona, para a
“Conferência Sobre a Evolução da Psicoterapia”, divulgada pelos
organizadores como “provavelmente a maior convenção já dedicada
à prática da psicoterapia”; um encontro que atraiu participantes de
29 países. Uma das maiores atrações era a presença de mestres da
psicologia, ainda vivos, tais como Carl Rogers, Rollo May, R.D.
Laing, Joseph Wolpe, Albert Ellis, Bruno Bettelheim e Thomas
Szasz.

A grande convenção apresentou uma estranha dicotomia: de um


lado, havia grande confusão e contradição; de outro, fazendo-se
cegos quanto à falência da própria profissão, o planejamento
competitivo e entusiasmado dos participantes, visando expandir
suas influências sobre um público ingênuo, que busca neles as
respostas que, obviamente, os psicólogos não possuem. A jornalista
Ann Japenga relatou: “Os heróis estavam lá para avaliar o caminho
que a psicoterapia tomara em seus 100 anos, e qual seria seu novo
rumo a partir de então. Mas eles não chegavam a um consenso”. A
convenção não conseguiu estabelecer nenhuma diferença entre as
inúmeras linhas rivais, nem trazer uma ordem ilusória à bagunça
caótica de milhares (literalmente) de teorias e terapias
contraditórias. 4

Não há concordância entre os psicólogos porque eles rejeitam o


supremo ensino que a Palavra de Deus apresenta sobre o raciocínio
humano e a alma. A maioria dessas teorias é baseada em análises
subjetivas, não em ciência empírica. E nem mesmo a ciência
empírica é capaz de melhor explanar o comportamento anormal. Ela
simplesmente diz: “É genético”.
As seguintes palavras de Tiago aplicam-se à confusão encontrada
no campo da psicoterapia: “Esse tipo de ‘sabedoria’ não vem dos
céus, mas é terrena; não é espiritual, mas é demoníaca. Pois onde
há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de
males. Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura;
depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de
bons frutos, imparcial e sincera” (Tiago 3:15-17).

A verdade é que o campo da psicologia não é nada mais que um


monte de teorias contraditórias e confusas, que ter por objetivo
conduzir as pessoas a um bem-estar emocional. Esses
“pseudoexperts” nunca entenderão o verdadeiro caminho para a
alegria interior porque não estão dispostos a humilhar-se diante de
Deus. Conseqüentemente, eles andam às cegas nas trevas do
kosmos, numa vã tentativa de trazer algo à tona; qualquer coisa que
soe como uma resposta plausível aos problemas do homem.

Será que nós realmente podemos esperar que homens ímpios como
Sigmund Freud, Carl Jung ou Carl Rogers — os quais, abertamente,
declaravam-se hostis ao Cristianismo — possam fornecer soluções
a um cristão com problemas? E se realmente fornecessem aquilo de
que precisam – por mais contraditórias que elas possam ser –, por
que Deus não as revelaria aos Seus servos? Jesus Cristo tem
transformado a vida de pessoas por mais de 19 séculos. Então, por
que, de repente, os crentes passaram a achar que devem lançar-se
aos pés do mundo incrédulo para obter soluções para os seus
problemas? A Bíblia afirma que o Senhor “nos deu tudo de que
necessitamos para a vida e para a piedade” (II Pedro 1:3).
Assegura, também, que “recebemos a plenitude” (Colossenses
2:10). O que, pois, nos impede de crer nas promessas da Bíblia?!

Um típico exemplo de como somos ensinados a depositar nossa fé


nos psicólogos e não em Deus, pode ser encontrado no seguinte
artigo sobre mulheres viciadas em pornografia, encontrado na
revista Christianity Today (Cristianismo Hoje): “As mulheres viciadas
em pornografia precisam fazer terapia profissional, com um
conselheiro cristão... A pior coisa que você pode fazer com essas
mulheres é passar-lhes um sermão dizendo que precisam orar mais
e pedir a ajuda de Deus. Elas já fizeram isso, quase mesmo a ponto
de se desesperar”. 5

Não se engane: Essa é a voz das trevas, mascarada de conselhos


amigáveis dados por um profissional. Ela apela para a lógica
humana, para o senso comum e para o histórico passado; não
promove a fé em um Deus poderoso, cheio de misericórdia, que
pode – e quer – libertar as pessoas de seus cativeiros (o que já
testemunhei inúmeras vezes em meus 20 anos de ministério). Ela
também colocará o cristão contra a parede, intimando-o a decidir-se:
Você confiará na sabedoria do mundo ou obedecerá e confiará no
Senhor? “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão
perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de
Deus” (I Coríntios 1:18).

O MELHOR DE AMBOS OS MUNDOS... OU SERIA O CONFLITO


ENTRE DUAS RELIGIÕES OPOSTAS? Os principais divulgadores
da “psicologia cristã” afirmam que têm sido capazes de agregar as
poderosas verdades bíblicas às da psicologia. Não aderindo aos
“ensinos rudimentares” da Bíblia, nem à falta de revelação espiritual
da psicologia secular, afirmam que podem fornecer aos seus
seguidores o melhor de ambos os mundos. Imagine só! A princípio,
esse raciocínio parece fazer sentido. Entretanto, quando uma
pessoa sincera vê o que acontece por debaixo dos panos, percebe
imediatamente que

isso é impossível.

Esta é a mais pura verdade: unir a revelação da Bíblia com as


mentiras da psicologia seria como amalgamar o Cristianismo e o
Hinduísmo. Seus princípios estão em conflito; suas diferenças são
irreconciliáveis. O que alguns chamam de aconselhamento bíblico,
na verdade, não passa de ensinos inúteis da psicoterapia,
disfarçados por uma fina camada de Cristianismo. Os versículos da
Bíblia são tirados do contexto e usados ostensivamente para apoiar
suas teorias “com base bíblica”. Jay Adams dirige-se a essa linha de
pensamento:

Você pode estar certo de que não é o resultado da graça comum*


que essas duas formas opostas de aconselhamento convivam lado
a lado! Deus não pode ser acusado por tal contradição. Sua graça
comum não é responsável pelos falsos ensinos de Freud (“o homem
não é responsável pelo seu pecado”), Rogers (“o homem é
essencialmente bom e não precisa de ajuda externa”) ou até mesmo
Skinner (“o homem é somente um animal, sem valor, liberdade ou
dignidade”). É quase uma blasfêmia afirmar – como muitos fazem –
que tais sistemas, cheios de falhas e ensinos anticristãos, são
produto da graça comum de Deus! Imagine Deus, por meio de Sua
graça comum, ensinando as pessoas a crer, através desses
sistemas, que seus problemas podem ser resolvidos sem a mínima
participação de Jesus!...
* Nota do revisor. Termo teológico que exprime a graça, dada por Deus, a todos os

homens; justos ou injustos, puros ou impuros, bons ou maus. A graça comum proporciona
bênçãos de Deus até mesmo para incrédulos, concedida de muitas formas, como o próprio
Senhor Jesus em Mateus 5:45b.

É inconcebível pensar que Freud, Rogers e centenas como eles


sejam benfeitores para a Igreja, quase crentes, pessoas das quais
podemos aprender muito. Não! Pelo contrário, precisamos enxergar
que eles estão aí para vender a mercadoria do Inimigo. São seus
agentes; oferecem conselho e uma vida contrária à Palavra de
Deus. Seus pontos de vista não são suplementares, mas
alternativas absolutas. É claro que eles sabem disso, mas não dão a
mínima. Dizem descaradamente que não há espaço para Deus ou
Sua Palavra. Portanto, como pode haver crentes praticamente
cegos quanto a esse fato?

Em suma, a resposta é: os cristãos são ludibriados para aceitar


práticas e pensamentos pagãos no aconselhamento quando não
pensam de forma teológica. 6

Dave Hunt chegou à mesma conclusão quando inquiriu sobre a


psicologia dentro da Igreja:
A despeito de sua impotência em fornecer qualquer ajuda
duradoura, a psicoterapia, em sua maioria, tornou-se parte
da vida tanto quanto a maternidade ou o “cafezinho”.
Conseqüentemente, o crente, em geral, acaba se tornando
alheio ao fato de que consultar um psicoterapeuta é o mesmo
que ir ter com o sacerdote de qualquer outra religião. É claro
que quando praticada por um cristão, a psicologia recebe
uma legitimidade inútil, capaz de enganar os ingênuos.
Mentira ainda é mentira, e não é menos perigosa quando
proclamada ou praticada por cristãos. 7

A premissa básica de que os conflitos de relacionamento, hábitos


pecaminosos, ansiedades, medos, depressões, e assim por diante,
podem ser resolvidos na vida de um cristão por qualquer fonte além
de Cristo é falsa, enganosa e inadmissível. A psicoterapia é a
alternativa do mundo para o que Deus oferece ao crente obediente.
O melhor que a psicoterapia pode fornecer é tão-somente uma
imitação barata da vida em abundância, disponível a todos os que
seguem a Jesus. Oferecendo uma contrafação, Satanás, com golpe
de mestre, impede as pessoas de procurarem o Senhor em suas
necessidades. Elas são “poupadas” de chegarem ao lugar de
desespero, no qual encontrarão a vitória, fruto de um genuíno
quebrantamento e arrependimento. A psicoterapia também barateia
a autoridade do Evangelho. O cristão de hoje aprende que sua
verdadeira esperança não está nos ensinos da Bíblia, mas nos do
mundo. Essa mentalidade é constantemente ratificada nas rádios e
livrarias cristãs, e, com muita freqüência, nos púlpitos. Os ensinos
da psicologia não são benéficos para o Corpo de Cristo, mas
estritamente nocivos.

Talvez, parte da razão pela qual os cristãos têm acatado – e de


pronto! – as respostas do mundo para os seus problemas, seja o
fato de que estejam contaminados demais com mentalidade dele.
Não há dúvidas de que a mente humana foi criada para programar-
se ao tipo de informação que a alimenta. É responsabilidade do
crente ter discernimento e tomar cuidado com o que deixa entrar em
sua mente.

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Mas Deus escolheu o que para o mundo é loucura para


envergonhar os sábios, e escolheu o que para o mundo é fraqueza
para envergonhar o que é forte. Ele escolheu o que para o mundo é
insignificante, desprezado e o que nada é, para reduzir a nada o que
é. (I Coríntios 1:27-28)

Nós não precisamos nos fundamentar nas coisas em que o mundo


acredita. E não aprendemos isso lendo livros ou indo à escola...
aprendemos diretamente de Deus. Este é o caminho para a
sabedoria: seja um “louco de Deus”. Aquilo que o mundo considera
inteligente, o Senhor chama-o de estupidez. Está escrito: “Ele
apanha os sábios na astúcia deles”. (I Coríntios 2:13; 3:19 –
adaptação da The Messege Bible feita pelo revisor)

Senhor, eu não fazia idéia! Como pude ter sido tão tolo e sem
discernimento? Fundamenta-me na infalível e imutável Palavra de
Deus, a fim de que eu possa discernir o verdadeiro do falso. Quero
comprometer-me a ter uma vida devocional séria. Fortalece o meu
compromisso de alimentar-me com a Palavra. Faze a Tua Palavra
viva dentro de mim. Em nome de Jesus. Amém.

Capítulo 10

Doutrinação

“Levanta uma muralha ao redor de teus sentidos; estes são os


locais de pouso de Satanás, principalmente os olhos e ouvidos”. 1
William Gurnall
“Se não fôssemos tão fascinados por viagens, prazeres, férias,
recreação; não teríamos mais tempo para orar? Se não fôssemos
tão apaixonados por esportes e diversão, não teríamos mais tempo
para orar? Nós temos tempo de sobra! — mas nunca para orar. Não
apenas enganamos a Deus e o mundo; enganamo-nos a nós
mesmos”. 2
Paul Billheimer

RAY ESTAVA MUITO EMPOLGADO QUANDO VEIO ME VER numa manhã

de 1996. Ele era um dos homens que continuava morando nas


instalações do Pure Life, após completar o programa intensivo. E
tinha um lugar muito especial em meu coração. Ray encontrava-se
em conflito. Sua luta era a diferença que via entre os valores da
Bíblia e suas mensagens, e os valores do estilo de vida do século
21. Eu admirava sua caminhada com Deus, pois, ainda que
cometesse erros às vezes, depois, reconhecia-os e se arrependia.
Ele possuía, em seu coração, uma forte convicção que parecia
sempre alinhar sua vida, quando esta saia dos trilhos.

— Pastor Steve, ontem assisti à coisa mais tremenda na TV! Fui à


casa de um amigo e assistimos à luta entre o Tyson e o Holyfield.

Ray sabia que era contra as regras do ministério assistir à televisão,


então, a princípio, fiquei um tanto surpreso com sua audácia. O que
seria tão maravilhoso que justificasse sua infração?

— Holyfield nocauteou Tyson e, depois da luta, disse ao mundo todo


que Deus havia-lhe dado força para fazê-lo! Ele rendeu a Deus toda
a glória por sua vitória! Foi um testemunho poderosíssimo para o
Senhor!

Eu não lhe disse muita coisa, mas seus comentários me


incomodaram. Sua falta de discernimento e prontidão para quebrar
as regras do ministério não eram nada boas. E o mais perturbador
foi notar sua falta de discernimento, que refletia a completa perda
dos valores e princípios cristãos no tocante às diferenças entre certo
e errado, saudável e nocivo.

Ninguém pode negar que o boxe é um esporte brutal. Quando era


mais jovem, envolvi-me por pouco tempo com esportes, portanto,
tenho uma noção do que esses homens passam como lutadores
profissionais. Qualquer campeão sofre um número considerável de
golpes na cabeça. Os ouvidos parecidos com couve-flor e os narizes
semelhantes a tomate esmagado são apenas sinais externos do
grande dano que a cabeça recebe. Por fim, a perda das faculdades
mentais é o aspecto mais assustador que as lesões podem lhes
impor.

A idéia de que o Espírito de Cristo – o Humilde, o Manso Cordeiro


de Deus – estivesse capacitando alguém a espancar outro homem,
a ponto de fazê-lo perder os sentidos, é um completo absurdo (ver
Salmo 11:5)! É muito triste ver que a maioria dos cristãos faz vista
grossa ou nunca percebe a contradição nisso tudo.

O “EU” EM PRIMEIRO LUGAR


Um dos nossos principais problemas, como cristãos, é que
permitimos, cada vez mais, que a sociedade influencie nossa vida
mais do que o próprio Senhor. Em outras palavras: temos sido
moldados mais pela cultura popular do que pela Palavra de Deus. A
vida do novo convertido é praticamente a mesma de antes.
Infelizmente, continuamos focando o “eu” em primeiro lugar.

Penso que a maioria dos cristãos, em nossa sociedade, não


entenda a magnitude com que a cultura ocidental modelou sua
mentalidade, princípios e valores. Temos sido doutrinados,
sistematicamente, a buscar a realização de nossos sonhos com
todas as forças, porém, falhamos ao não reconhecer que o espírito
do kosmos é quem está conduzindo essa busca. O Novo
Testamento deixa bem claro que devemos renunciar a todos os
padrões culturais que nos afaste da vida que Cristo nos chama a
viver; vida de amor sacrificial. Nas palavras de George Verwer: “Não
podemos permitir que caiamos no laço maldito da mentalidade
materialista e dos padrões de vida da modernidade”.

A mensagem que a nossa cultura propaga é: “Você, você, você.


Sempre você” (citação literal do anúncio de uma empresa de
seguro-saúde). Por que deixamos de discernir o quanto essa
mensagem opõe-se a Cristo? Por que aprendemos a acreditar que
essa é a forma correta de se pensar? Desde os primórdios da
infância, somos diretamente encorajados a ser o número um, a ser
alguém, a estar na frente, a lutar por nossos direitos, etc. Seria
fanatismo demais acharmos que, quando uma pessoa vem a Cristo,
depois de passar anos ouvindo essas mensagens egoístas, ela
precise da Palavra de Deus para remodelar sua forma de pensar e
reordenar seus valores? Paulo escreveu: “Portanto, se alguém está
em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez
novo” (II Coríntios 5:17).

E mais, a legitimidade de uma conversão deve determinar o quão


seriamente uma pessoa avalia as “coisas velhas” à luz das “novas
coisas”. Parte das coisas velhas que precisam passar, são os
prazeres carnais que conflitam diariamente com a vontade de Deus.
Centralizar a vida na diversão e nas ambições egoístas é a norma
de conduta para os cidadãos incrédulos de nossa cultura. Mas e o
cristão? Se nossa vida continua a mesma depois da conversão, será
que realmente vivemos à luz da Palavra de Deus? Será que
desejamos a mente de Cristo? Estamos fazendo o que Jesus faria?
Temos certeza que vivenciamos uma regeneração espiritual?

Os cristãos devem ser, em primeiro lugar, cidadãos do Céu; depois,


cidadãos de suas pátrias. Os santos deveriam estar mais
preocupados com as atitudes de sua nova vida em Cristo do que
com aquelas praticadas quando não conheciam a Verdade. Eles
logo se conformam com as aparências externas do Cristianismo;
logo adotam os jargões que estão na moda. Infelizmente, pouco
realmente deixam de estar “conformados com o padrão deste
século”. Muitos crentes parecem estar divididos entre dois amantes.
Basta olharmos para a nossa paixão por entretenimento que
veremos a gravidade desse pé-de-guerra. As pessoas tornaramse
tão viciadas em diversão, que não conseguem imaginar-se vivendo
sem ela. Baralho, jogos de tabuleiro, futebol, basquete, skate, surf.
Nadam, andam de bicicleta, jogam boliche, velejam, pescam. Não
podemos esquecer-nos do cinema, da praia, dos parques de
diversão, dos shoppings e galerias. Lêem jornais, revistas, livros e
as últimas fofocas; navegam na internet, visitam salas de bate-papo,
alugam filmes, jogam videogames, passam inúmeras horas
sentados diante da televisão. Resumindo: não existe fim para os
nossos prazeres quando se trata de entretenimento.

A.W. Tozer, um dos grandes pensadores cristãos do século XX, fez


a seguinte observação:
Existem milhões de pessoas que não conseguem viver sem
diversão. Para eles, a vida sem algum tipo de entretenimento
é simplesmente insuportável. Procuram desesperadamente
por aquele alívio abençoado, proporcionado pelos
profissionais do entretenimento e por outros tipos de
narcóticos psicológicos; almejam-no como um viciado anseia
por sua dose diária de heroína. Sem isso, não teriam força
para encarar a vida. 3

Apesar de ser verdade que a maioria das atividades mencionadas


acima não seja prejudicial em si, o que precisamos considerar é:
“Onde fica então o lugar de Deus em nossa vida?” A verdade é que,
para a maioria dos “freqüentadores de igreja”, Deus está sendo
deixado do lado de fora.

Fomos treinados para considerar a rede de entretenimento como


parte natural de nossa vida. No entanto, não percebemos que as
mensagens de Hollywood e dos meios de comunicação opõem-se
veementemente à “pregação da Cruz”. Se decidirmos renunciar
definitivamente ao espírito do kosmos, então, em primeiro lugar,
precisamos renunciar aos prazeres do entretenimento mundano.
A INFLUÊNCIA DA TELEVISÃO
Fica claro para mim que a televisão, desde sua disponibilização
para as massas em 1948, moldou nossa cultura mais do que
qualquer outro meio de comunicação, pessoa ou evento. Nas
últimas cinco décadas, ela tem sido o grande denominador comum
da vida. E não há dúvidas de que hoje, no século 21, continuará
exercendo grande influência sobre as pessoas. A vida no Ocidente
tem-se tornado cada vez mais centrada na televisão, e essa é uma
daquelas necessidades domésticas que aceitamos e raramente nos
questionamos se há algum efeito nocivo contra nós.

Contudo, nos últimos 20 anos, os especialistas começaram a


estudar quais são os seus efeitos, e chegaram à conclusão que ela
possui influências prejudiciais à saúde.

Carol Gentry, colunista do São Petersburgo Times, citou,


recentemente, os resultados de uma pesquisa sobre os efeitos da
televisão, em um artigo intitulado Slaves to the set: U.S. hooked on
TV [Escravos do Sistema: Viciados em TV].

Após dois dias apresentando os efeitos da televisão sobre a mente


humana, os pesquisadores concluíram que a televisão:

• É muito mais poderosa do que as pessoas imaginam, e atua de


maneiras ainda desconhecidas.
• No mínimo, pode tornar-se um hábito ou até virar um vício.
• Transmite uma mensagem bem subliminar: “a capacidade de
comprar coisas é o maior objetivo na vida”.
• De acordo com o manual psiquiátrico oficial, milhões de pessoas
estão tão viciadas em TV que podemos compará-las aos
dependentes químicos, diz Kubey, co-autor do livro Television and
the Quality of Life: How Viewing Shapes Everyday Experience. [A
Televisão e a Qualidade de Vida: Como a TV Molda Nossa Vida
Diária]
• Telespectadores compulsivos apresentam cinco sintomas de
dependência; dois a mais que o necessário para diagnosticar um
dependente químico.
• Embora deseje assistir a apenas um programa ou dois, a maioria
dos telespectadores acaba assistindo à TV por horas e horas. O
mesmo se dá com os alcoólatras, quando pensam que podem beber
apenas um copo; e com os fumantes, quando acham que apenas
um cigarro não lhes causará dano.
• Até mesmo os que reconhecem que assistem demais à TV, não
parecem capazes de reduzir esse tempo. “Não posso assegurar o
número de pessoas que, com vistas a controlar isso, desfazem-se
do aparelho ou cancelam a assinatura da TV a cabo”, diz Kubey.
“Elas se sentem impotentes”.
• Importantes atividades, familiares ou pessoais, são canceladas ou
reduzidas para dedicarem mais tempo à televisão. A saúde sofre,
uma vez que os telespectadores não fazem muita atividade física.
Da mesma forma, os relacionamentos familiares são afetados...
• Sintomas de abstinência aparecem quando telespectadores
compulsivos param de assistir-lhe ou diminuem o tempo dedicado a
ela. Durante o período de adaptação, Kubey diz que “algumas
famílias experimentarão mais conflitos, estresse e tensão”.
• Aqueles que a assistem exageradamente acabam se divertindo
menos do que aqueles que a assistem esporadicamente, revela o
pesquisador.
• Além do mais, trata-se de um vício poderoso, pois com um simples
apertar de botão, acontece um relaxamento instantâneo, muito
semelhante ao efeito do Valium. “A televisão é maneira mais barata,
rápida e disponível para se escapar da realidade”, diz Kubey. “Não é
de admirar que as pessoas sejam tão dependentes dela”. 4

Para ser bem franco, a maioria dos crentes da nossa sociedade já


está viciada em TV (e/ou Internet). Estaria o espírito do mundo por
trás desse grau de dependência? Seria o kosmos a droga? Seja
você sincero o bastante ou não para responder sim, uma coisa é
certa a respeito da televisão: ela tem permeado toda a população
mundial com o espírito e a mensagem do kosmos.
As estatísticas indicam que o cidadão comum, em um único ano,
assiste a mais de 9.000 cenas de sexo na TV, quase todas
envolvendo encontros ilícitos 5. Que tipo de mensagem está sendo
plantada no coração dos cristãos? Os santos assistirão a centenas
de horas de sexo ilícito, comportamentos violentos, ambição, crimes
e vida sem Deus. Cristãos nascidos de novo imergirão a mente
nesses cenários, sob o pretexto de “precisar relaxar”. Será que
podemos ser tão ingênuos a ponto de pensar que a fé dessas
pessoas, sua conduta e testemunho, permanecerão inabaláveis
depois de todo esse processo?

Quando uma pessoa passa horas na semana assistindo a uma


história que envolve comportamentos impuros, sua atitude em
relação ao pecado é fortemente afetada. Se um homem assiste a
cenas de adultério e fornicação, todas as noites, como ele pode ser
convencido de que desejar sua colega de trabalho é pecado? Seus
padrões morais e crenças serão corrompidos pelo que ouve e
assiste. Quanto mais pecado assistir, menores os seus “pecadinhos”
lhe parecerão. A televisão torna seus telespectadores insensíveis
quanto à malignidade do pecado, e silencia a convincente voz do
Espírito Santo.

As novelas têm o poder de manipular as emoções e alterar o que as


pessoas aceitam como verdade. Aqueles que assistem enxergam a
vida através dos atores. Os roteiristas injetam suas crenças ímpias e
mundanas nos diálogos. O pensamento mundano domina o dia-a-
dia das personagens. Elas escolhem pecar e transmitem muito bem
a mensagem de que o pecado não apenas é aceitável, mas
vantajoso àquele que o pratica. Conseqüentemente, as imagens,
situações, forma de falar e crenças das personagens, são
introjetadas na mente dos telespectadores. E isso só virá à tona
mais tarde, especialmente se o telespectador cria um vínculo
emocional com os atores. É difícil não se identificar com os
pensamentos, decisões e princípios das personagens. A
conseqüência disso? O pecado passa a ser facilmente justificado,
racionalizado, minimizado e ignorado.
É pura tolice um cristão achar que pode assistir regularmente à
televisão e não ser afetado, negativamente e a longo prazo, por
seus efeitos. A televisão satisfaz a todos os apetites da carne.
Apresenta constantemente a “cobiça da carne, a cobiça dos olhos e
a ostentação dos bens”. A televisão distorce a realidade, conta
mentiras e exalta as soluções imediatistas. Seus atores
personificam a carne e realizam todas as suas fantasias sórdidas.

O cristão que se entrega à televisão verá sua vida decaindo na


mesma proporção em que passa assistindo-lhe. Será que realmente
estamos imunes à sua mensagem perniciosa? Ou será amamos
tanto o kosmos que não suportamos silenciar sua voz em nossos
lares?

ARRUMANDO UM PRETEXTO
Eu me desdobro para encontrar algum programa de TV ou filme que
tenha, de fato, algo de bom. Até mesmo os filmes da Disney passam
abertamente mensagens da Nova Era. Estamos sempre arrumando
um pretexto para tudo isso. Afinal de contas, tem de haver pelo
menos alguns programas que não saiam mostrando o pecado
descaradamente. No entanto, mesmo aqueles que parecem
inocentes, tais como “Um Maluco no Pedaço”, “Eu, a Patroa e as
Crianças”, documentários do Discovery Channel, programas da
Nickelodeon e da ESPN, carregam consigo uma sutil mensagem,
porém poderosa. Mas você diria, com certo grau de ceticismo: “Que
mal pode me causar se eu assistir a isso?”. O problema de não
ignorarmos esses programas, aparentemente inofensivos, é que
permanecemos no terreno do Inimigo. Talvez determinado programa
até seja inofensivo. Mas e quanto aos efeitos a longo prazo, que
afetam nossa vida espiritual por assistirmos a qualquer tipo de
programa na TV?

Seja no suspense de uma trama ou na adrenalina de um evento


esportivo, o kosmos está sempre presente, sussurrando seu antigo
mantra: Você pode ter uma vida plena sem estar com Deus. Nos
tipos de programas que mencionei, e em milhares de outros,
ninguém se volta ao Senhor e busca a Sua vontade; não há
nenhuma dependência de Deus. O mesmo título se aplica a todos
eles: Viva Sem Deus. O kosmos afasta as pessoas do Senhor e as
faz seguir qualquer direção que não as conduza a Deus. Sucesso,
dinheiro, poder, relacionamentos amorosos, prazer ilícitos, e até
mesmo posses, são alguns de seus truques para atrair-nos. Se você
der uma olhada, sincera e objetiva, nos efeitos que essa mensagem
tem sobre a Igreja, verá cristãos levando a vida sem o mínimo
interesse em Deus, pouca dependência d’Ele e muito interesse na
busca pela auto-realização.

Quem saberá dizer o tamanho do estrago que a TV causou no


Corpo de Cristo? Por exemplo, não é de admirar que os homens,
crentes, encontrem-se consumidos pela luxúria se passam a maioria
de seu tempo vendo mulheres desfilando com o mínimo de roupa na
televisão. A vida dos cristãos resume-se em prazer porque o
hedonismo (filosofia que diz: “o principal objetivo da vida é o prazer”)
é explicitamente promovido na TV. Completamente mergulhados
numa atmosfera de cobiça, os santos passam, automaticamente, a
ser orientados pelos seus desejos mundanos. As jovens moças,
crentes, vestem-se com indecência porque foram ensinadas, pela
cultura de hoje, que seu valor está no corpo. Parece que não há
limites para os estragos que a televisão tem feito à Igreja.

LETARGIA E PASSIVIDADE ESPIRITUAL Outra característica


devastadora da televisão é o poder que ela tem para deixar os
crentes espiritualmente passivos e apáticos. A TV literalmente seca
a vida espiritual das pessoas. Nada diminuirá o apetite espiritual de
alguém como o espírito do kosmos. O espírito do mundo desperta a
carne e bloqueia o Espírito Santo. A fome que há no âmago de
nosso espírito pela gratificante presença de Deus, é encoberta pelos
desejos da alma por entretenimento. A televisão não apenas
esvazia a pessoa espiritualmente, mas rouba um precioso tempo
que poderia ser mais bem aproveitado com a família ou com a
Palavra de Deus e a oração. Segurando uma bebida na mão e um
lanchinho no colo, o telespectador passa seu tempo num mundo de
fuga egocêntrico e imaginário. Será que os cristãos se esqueceram
de que estamos em uma guerra espiritual? A.W. Tozer parece
acreditar que sim:

Os homens pensam no mundo não como um campo de batalha,


mas como um lugar de diversões. Crêem que não estamos aqui
para lutar, mas para curtir. Que não estamos em terra estrangeira,
mas em casa. Que não estamos preparando-nos para viver, mas já
vivemos; que o melhor a fazer é livrarmo-nos de nossa timidez e
frustrações, e aproveitar a vida ao máximo. 6

Pedro disse: “Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês,


anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa
devorar” (I Pedro 5:8). As palavras “alertas” e “vigiem” enfatizam a
importância da sobriedade mental. De outro modo, tornar-nos-íamos
presa fácil do Diabo. Precisamos estar totalmente alertas, em todos
os momentos, como uma sentinela que antecipa um ataque inimigo.
O Inimigo procura oportunidades para atacar-nos quando não
estamos nem aí, como se de fato nós dormíssemos. Não há
desculpa para a passividade. O dicionário Houaiss define o verbete
passivo como: “1 que sofre ou é objeto de uma ação ou impressão 2
sem iniciativa; indiferente 3 carente de liberdade ou livre-arbítrio;
possuído pela paixão, e portanto incapaz de operar uma escolha
racional”. 7

A grande maioria dos cristãos tornou-se passiva. Em vez de destruir


as fortalezas do Inimigo agressivamente e travar uma guerra pela
alma de nossos amados, temos permitido que ele nos hipnotize e
nos explore à vontade. Em vez de afetar o mundo que nos cerca
pela causa de Cristo, continuamos permitindo que o sistema do
mundo nos influencie. Por conseguinte, não estamos preparados
para a guerra; tornamo-nos vulneráveis e desarmados;
espiritualmente gordos e preguiçosos. Paulo disse: “Suporte comigo
os meus sofrimentos, como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum
soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, já que deseja
agradar aquele que o alistou” (II Timóteo 2:3-4).
Como seguidores de Cristo, nosso principal chamado é servir, mas
não aos prazeres da carne. Somos soldados, não glutões. Somos
separados do mundo, não escravos de sua sensualidade. Em uma
declaração poderosa, carregada de significado para todos nós,
Paulo diz: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas
transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam
capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus” (Romanos 12:2). A vontade de Deus é que
sejamos conformes à imagem de Seu Filho (Romanos 8:29); este é
o Seu propósito eterno. E como essa transformação ocorre? Pela
renovação da mente. Mas como nossa mente poderá ser renovada
se passamos mais tempo assistindo à TV do que estudando a
Bíblia? Como Paulo lembra os cristãos: “Quanto à antiga maneira de
viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se
corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de
pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante
a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade”
(Efésios 4:22-24).

REFUGIANDO-SE CONTRA O KOSMOS Desde que Adão e Eva


foram expulsos do Jardim, a humanidade precisa de alimentos,
roupas e abrigo, isto é, um refúgio contra os fatores externos.
Todavia, além das necessidades básicas para a vida, o homem
carece de uma proteção espiritual real. Os santos precisam de um
lugar onde possam estar livres das contaminações do kosmos. O
espírito do mundo procura arrombar as portas da mente e do
coração de todo cristão. Pensar que isso deixará de acontecer é
muita ingenuidade. Quando nos dirigimos ao trabalho, a uma loja ou
andamos por aí, é certo que enfrentaremos essa força demoníaca.

Somos contaminados pelo kosmos de duas maneiras. Primeiro,


somos tentados pelos pecadores que nos cercam: por um colega de
trabalho encrenqueiro, por mulheres vestidas com indecência, por
conhecidos que querem atrair-nos a seus estilos de vida. Segundo,
somos contaminados pelo mundo através da mídia, cuja mensagem
nos é transmitida de inúmeras formas; algumas sutis, outras
gritantes. Os anúncios falam-nos acerca dos prazeres que temos de
experimentar. As lojas insistem que precisamos seguir a última
moda. As revistas só trazem fofocas sobre as estrelas do cinema e
da TV. Nos Estados Unidos até existe uma revista chamada EU!

Esses são apenas alguns exemplos de como podemos ser atraídos


pelo pecado, quando nos achamos no jardim do Diabo. Se fizermos
de nossa casa um santuário para Deus, essas tentações não terão o
mesmo efeito como acontece quando estamos longe de casa.

Essa mensagem dupla traz um efeito degenerativo sobre nós. Mas


louvado seja o Senhor, pois apesar de estarmos no mundo, não
precisamos ser do mundo! Nossos lares não precisam ser saturados
com a mensagem e o espírito do kosmos.

Recentemente, participei de uma caminhada de oração em uma


estrada deserta. Em certo ponto da estrada havia uma pequena
ponte que atravessava um riacho. Quando olhei por cima da cerca,
avistei uma cobra d’água na correnteza. Fiquei pensando que, de
onde eu estava, em pé, não havia perigo nenhum de a cobra me
picar, a menos que eu descesse à água, onde se encontrava a
cobra. O mesmo se aplica a nós, espiritualmente. Enquanto
permanecermos fora do domínio da antiga serpente, pouco ela
poderá fazer para nos ferir. Os cristãos são picados quando se
aventuram no território do Inimigo.

Como filhos de Deus, precisamos fazer uma limpeza em nossa


casa, literalmente! Precisamos dar uma geral em nosso lar e
procurar tudo o que o Diabo possa usar para manter-nos atados à
mentalidade do mundo. Reviste os armários, gavetas, prateleiras de
revistas, coleções de filmes e músicas, etc. Pergunte-se se Jesus
tem estado triste em virtude de alguma dessas coisas. Tudo o que
extingue o Espírito em nosso lar, precisa ser removido. Somente
assim ela se tornará um santuário que não tem parte com o kosmos.
Faça de casa um lugar em que os familiares possam relaxar após
um dia estressante, descansar com a família em verdadeira koinonia
(comunhão) e purificar-se das contaminações do dia. Faça como
sugeriu John Kilpatrick certa vez: Ore por sua casa e declare que
não há espaço para Satanás nela!

Todo crente, de uma maneira ou de outra, é afetado pelo espírito do


mundo. Isso é praticamente inevitável. Então, o que nós, como
cristãos, podemos fazer? Não podemos sair no mundo, mas
podemos minimizar seus efeitos sobre nós. Como? Evitando, ao
máximo, que gastemos nosso tempo em lugares ímpios, e vigiando
quando estivermos neles. Da mesma forma, precisamos ter certeza
de que nosso lar seja um refúgio espiritual contra as influências
incessantes do mundo. Se não podemos fazer de nosso lar um
santuário que não tenha parte com o kosmos, por que, então,
esperamos ter uma vida consagrada e separada?

Muitos cristãos nunca souberam o que significa estar limpo


espiritualmente. Estão tão imersos no kosmos que não conseguem
imaginar uma vida sem ele. Passei os últimos 16 anos de minha
vida numa comunidade cristã (o Ministério Pure Life), localizada na
zona rural do estado de Kentucky. Ter-me separado por tanto tempo
fez com que eu percebesse o quão contaminado estava pelo
espírito do mundo. Também me proporcionou maior discernimento
quanto aos tempos em que vivemos.

MOLDANDO E ESTABELECENDO NORMAS ACEITÁVEIS


Você já se perguntou como os valores de um país são
estabelecidos? Como o “pensamento nacional” é moldado? Três
exemplos vêm à minha mente, que desmascaram a mídia como
agente do Diabo, criada para moldar e estabelecer normas
aceitáveis. Primeiro: por que será que, quando um jovem
homossexual é espancado até a morte — um crime hediondo,
certamente —, ele é tratado como se fosse um mártir ou herói, ao
passo que quando um grupo de militantes homossexuais,
enfurecidos, atacam um grupo de cristãos, isso nem sequer é
mencionado? Quem decide que um caso deve ser enfatizado e o
outro ignorado? A mídia liberal. Segundo: por que será que, quando
os Beatles apareceram no início dos anos 60, a juventude dos
Estados Unidos começou, imediatamente, a imitar sua aparência e
estilo de vida? Porque a mídia os promovia e transformava-os nas
celebridades mais importantes do mundo. Terceiro: Como os valores
nacionais e seus princípios de moralidade mudaram tanto nas
últimas quatro décadas? Será que não é porque a mídia tem
ultrapassado tanto os limites da decência que, agora, tornou-se
possível assistir a filmes pornográficos na TV a cabo? Não se
engane: a cosmovisão dos escritores, produtores, atores e
jornalistas, que controlam a mídia, opõe-se diretamente à
perspectiva do Senhor. Por quê? Porque o espírito do mundo, em
sua essência, controla a maior parte da mídia;

conseqüentemente, nossa mentalidade nacional.

Sim, a maioria dos cristãos está ciente da influência liberal da mídia.


No entanto, não estou convencido de que reconhecem como seu
pensamento diário é moldado pelo que vêem, ouvem e lêem. Não o
admitem porque não são capazes de discernir as coisas
espiritualmente. E essa falta de discernimento é resultado daquela
pequena “molhadinha” nas águas da Palavra, enquanto que, por
outro lado, imergem-se, exageradamente, nas correntezas do rio do
mundo, as quais fluem por sua mente através da mídia. A pressão
para conformarem-se com a mentalidade do mundo é enorme.
Paulo disse: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas
transformem-se pela renovação da sua mente” (Romanos 12:2).

UMA CONSPIRAÇÃO DEMONÍACA O espírito do kosmos


encontra-se em missão para controlar e possuir, inteiramente, a
mente de todas as pessoas, incluindo as que confessam o nome de
Cristo. Fica bem claro para mim que a invenção da TV tem um papel
muito maior, no tocante às profecias sobre o fim dos tempos, do que
poderíamos imaginar. Para melhor compreendermos essa
conspiração demoníaca, transcrevi o seguinte poema, escrito no
início da década de 60, o qual nos esclarece muitas coisas quanto à
estratégia do Inimigo.
A VISÃO DO DIABO
Disse o Diabo aos demônios em corrente: “Nossos planos
progridem deveras lentamente; Em nosso caminho os santos se
detêm.
Se em espetáculo e numa peça não se vêem, Ensinam que o circo,
o carnaval e a dança; A taverna, o jogo e a festança;
O beber e o fumar, que coisas erradas estas são; Que às rodas
ímpias não se assenta um cristão. Ligeiros são em condenar o que
fazemos; Fazem-no seu lema: ‘Poucos? Nunca o seremos!’

Que isso tudo é do Diabo, tão logo afirmarão; Acham que em


elevado nível por demais estão. Porém, amigos, se a Teologia
verdadeira for, Há de atrapalhar o que planejamos com labor. Agir
nós precisamos; uma estratégia elaborar, Que depressa seus
valores venha ela a adulterar. Uma visão agora tenho do que pode
se fazer. Eia! vos revelarei o engano que há de ser: Trazei-me um
sábio mas corrompido varão; Ser-me-á usado como marionete em
minha mão.

Nada tão real há quanto o que vedes vós;


Mente, olhos e coração; não duvidarão de nós. Que, pois, melhor
será do que algo para ver-se? Digo eu: decerto o funciona e a
muitos se convence.

Lugar para o aparelho há de ser o próprio lar; Enganados todos


serão sem ao menos questionar. Possuí-lo o mundo irá; muitos
cristãos não poderão Dizer que do Inferno ou do Diabo tal é
invenção. Com a desculpa das notícias nós o venderemos; E
assistindo-lhas eles, imoralidade anunciaremos!

Em princípio chocados gritarão; atônitos e mui pasmados. Mas o


coração logo esfriará; não haverá mais alarmados. Dar-lhes-emos
evangelho totalmente corrompido: Alguns hinos a cantar e um pastor
bem iludido. Como a última moda as propagandas lhes serão; E eis
que a programas malignos também assistirão: Contemplarão cenas
de sexo e muita morte; A alma do homem, nunca mais será ela
forte. Aquela história de família perderá seu grande charme; Seu
lugar mais não terá sem ao menos um alarme.

A oração no lugar secreto abolida ela será;


Ao fixarem-se na tela a vida com Deus se esvairá. Os liberalistas
pregadores que o pregar eles não fazem, Entregar-se-ão à visão
que não passa de miragem. Atrairão suas ovelhas às masmorras do
pecado, Ocultando seu grande mal como rosto que é molhado. A
influência é poderosa, não há como o negar; Considerai a minha
queda; tendes vós de concordar. Demônios meus, não vos tardarei
em anunciar: Multidões trará a visão a este Inferno habitar.

Divórcios se multiplicarão; abusos sexuais da mesma forma.


Sangue inocente em abundância derramado será norma. Lares
estruturados em ruínas virão ao chão,
Quando marcada na história perdurar esta visão. Ide, aliados meus,
e trabalhai; ponde-vos a pregar! Pois nenhuma voz à Igreja restará
para bradar.
E os santos que em nosso caminho se detêm,
Em breve cessará o clamor que se lhes mantêm. A Terra
encheremos com esta diabólica visão;
Mascaremo-na, pois, com o nome de televisão.

Um presente acharão que receberam grandioso; Então se assentará


no trono o Anticristo majestoso. Governará o mundo enquanto
atônitos lamentam E àquele a quem vendidos foram, a Besta eles
contemplam. Prevaleceremos pelo engano; a visão não falhará.
Ainda que pregue alguns dos santos, certamente vingará!”

(Tradução de Pedro Luis Rensi Ribeiro da Silva, revisor) 8

UMA ÚLTIMA OBSERVAÇÃO


Muitos do que se denominam cristãos estão dormindo, como se
estivessem sob o torpor de muitas drogas. Eles têm sido enganados
há anos pela cuidadosa doutrinação, por meio da televisão e outros
meios de comunicação. Vez ou outra alguém as desperta,
acionando o alarme como uma sirene. Porém, como um todo, a
Igreja permanece letárgica. Tornou-se muito fácil ignorar as coisas
realmente importantes. A doce e suave melodia do kosmos sempre
acalma seus temores, sussurrando: “Agora, não há nada com o que
se preocupar. Volte a dormir. Está tudo bem”.

Sem perceber, muitos que professam Cristo como Senhor e


Salvador estão sendo lentamente preparados para ouvir, outra vez,
a mesma voz que ouvem há tanto tempo. Entretanto, não se trata da
voz do Verdadeiro Pastor. Um dia, um homem aparecerá na TV com
uma lábia e uma mensagem que facilmente reconhecerão: a voz do
kosmos.

Mas dessa vez, ele falará com um poder de engano sem


precedentes, irresistível àqueles que foram preparados para tal. A
intensidade desse poder é incompreensível à nossa mente. A
atitude arrogante dos cristãos será a sua própria ruína. O poder
hipnótico da voz do kosmos, personificada, irá muito além do
podem resistir. Para muitos, será tarde demais.

As Escrituras profetizaram que esse homem, o Anticristo, será


“segundo a ação de Satanás, com todo o poder, com sinais e com
maravilhas enganadoras. Ele fará uso de todas as formas de
engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto
rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar. Por essa razão
Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira,
e sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas
tiveram prazer na injustiça” (II Tessalonicenses 2:9-12).

O desejo de ser entretido é um dos prazeres da carne, e será usado


pelo Inimigo para imprimir nos crentes a sua mentalidade. Contudo,
outro ainda é pior: a cobiça. João usou a frase “cobiça dos olhos”
para descrever essa paixão, tão inerente à natureza caída. O desejo
de acumular as coisas que o mundo oferece é uma força
extremamente poderosa.
MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Eles já não são mais moldados pelo mundo, assim como eu nunca
fui.
(João 17:16 – adaptação da The Messege Bible feita pelo revisor)

O ímpio dá atenção aos lábios maus; o mentiroso dá ouvidos à


língua destruidora.
(Provérbios 17:4)

Mas agora, isto é o que me preocupa: da mesma forma que Eva foi
seduzida pela Serpente, com aquela lábia meiga, vocês estão se
desviando da simples pureza de seu amor por Cristo.
(II Coríntios 11:3 – adaptação da The Messege Bible feita pelo
revisor)

Senhor, comprometo-me a fechar as portas de entrada que o mundo


tem em minha mente. Mostra-me, por favor, mas deixa isto bem
claro: o que realmente eu preciso fazer? Devo parar de assistir à
televisão, livrar-me da TV a cabo — ou até mesmo do aparelho de
TV —, cancelar a conexão à internet...? Nada tem mais importância
para mim do que minha vida Contigo. Por isso, faço um voto agora,
Pai: quero fazer o máximo para limitar o acesso do mundo ao meu
coração. Em nome de Jesus. Amém.

Capítulo 11

Vivendo Como Reis (No Reino de Satanás)

“Não é a pobreza, mas a insatisfação que torna um homem infeliz”. 1


Matthew Henry

“A prosperidade temporal é uma questão tão pequena que nem vale


a pena nos preocuparmos. Que os cães fiquem com seus ossos, e
os porcos com sua lama”. 2
Charles H. Spurgeon
“A felicidade não se encontra no possuir ou no ganhar; apenas no
dar. Metade do mundo está no caminho errado em sua busca pela
felicidade”. 3
Henry Drummond

OS ESTADOS UNIDOS DESFRUTAM DE UMA PROSPERIDADE nunca antes

experimentada na história da humanidade. Até mesmo os cidadãos


de classe média têm vivido com mais luxos do que muitos reis da
antigüidade. Que monarca do passado teve banheiro com água
encanada, microondas, televisão (com notícias instantâneas de todo
o mundo), automóveis e geladeira? Não há como negar: a
combinação da grande prosperidade com o progresso tecnológico
permitiu que os americanos vivessem num nível espantoso de
riqueza. Mas isso não aconteceu da noite para o dia. Como, então,
chegamos a esse ponto?

O NASCIMENTO DO CONSUMISMO O Renascimento e a Reforma


não foram os únicos fatores que contribuíram para tirar o mundo da
sombria Idade das Trevas. Um dos grandes movimentos desse novo
período histórico começou quando os puritanos romperam com a
Igreja da Inglaterra e embarcaram rumo ao litoral dos EUA. A
história da sobrevivência deles, durante seu primeiro e cruel inverno,
é bastante conhecida; é a história do primeiro Dia de Ação de
Graças que compartilharam com os índios, os quais muito
contribuíram para a sua sobrevivência. A ética puritana do trabalho
— que via o trabalho não apenas como algo nobre, mas um
verdadeiro ato de devoção a Deus — tornou-se o fundamento para
o progresso desta nação. O trabalho árduo e seu sucesso
conseqüente era o sinal de que Deus estava com eles.

Rodney Clapp 4, autor de “Why The Devil Takes VISA” (Por Que o
Diabo Usa Cartão de Crédito), diz que por volta de 1850, 60% da
nação trabalhava em fazendas. A população rural construía suas
próprias casas e celeiros, confeccionava suas próprias ferramentas
e roupas, fazia a própria mobília, colhia os próprios frutos, criavam
seus próprios animais. A vida para os primeiros americanos não
possuía as complexidades e o caos da sociedade moderna.

A Revolução Industrial, que começou na metade do século XIX,


trouxe grandes mudanças para a nossa cultura. Fábricas surgiram
nas cidades principais, produzindo artefatos mais baratos e bem
mais rápido do que um ser humano seria capaz de fazer. Uma
grande migração começou quando milhares de pessoas deixaram
as fazendas para viver nas cidades e trabalhar nas fábricas. Durante
a segunda metade do século XIX, o valor dos bens manufaturados
subiu assustadores 700%. 5

Auxiliadas pela nova eficiência das máquinas e pela produção em


massa, as fábricas começaram a produzir mais bens do que o país
era capaz de consumir. Em vez de reduzir a produção e diminuir os
lucros, os donos tomaram uma nova direção, chamada vendas e
publicidade. Estavam tão dominados pelo desejo de mais lucros
que, tirando o país da pacata vida econômica, levou-os à “terra
prometida” do gasto liberal. A prática de comprar a crédito iludiu as
pessoas e as fez abandonar seu estilo de vida reservado; a tentação
do “eu quero isso agora” era irresistível! Antes, as pessoas
poupavam, literalmente, alguns centavos para comprar coisas que
queriam; demorasse o tempo que for, eles esperavam. Agora, todos
tinham crédito para comprar o que desejassem, imediatamente,
pagando em prestações.

Os fabricantes logo perceberam o potencial da propaganda,


portanto, passaram a lançar estratégicas campanhas de marketing
para as massas. Os dias de anunciar seu produto no verso dos
jornais logo se tornaram obsoletos. Até então, quando as pessoas
precisam de alguma coisa, elas iam às páginas de anúncios. Hoje,
os anúncios são encontrados em cada página. Esse foi um divisor
de águas para o consumismo. Pela primeira vez na história, as
pessoas estavam comprando produtos de que não precisavam e
que, na verdade, nem tinham a intenção de comprar. Os
anunciantes tinham despertado uma poderosa paixão humana: a
cobiça.

Com muita astúcia, os especialistas em publicidade aprenderam a


criar a atmosfera certa para vender seus produtos. E logo
descobriram que o bom vendedor não se concentra no item que
está vendendo, mas em seus benefícios imaginários. Por exemplo,
os publicitários de uma fábrica de automóveis criavam anúncios
como este: uma família feliz dirigindo seu novo carro por uma bela
paisagem natural. O efeito dessa imagem, no subconsciente
coletivo, significava: “esse carro proporcionará à minha família
liberdade, emoção e conforto”. Como resultado, um casal poderia
dirigia-se a uma concessionária “apenas para dar uma olhada”.
Sendo assim, um vendedor bem treinado abordá-los-ia, vendendo a
ilusão e, ao mesmo tempo, criando pressão suficiente para que o
desejo de comprar o carro fosse mais importante do que ir embora
sem ele. Desde aquela época, o mesmo princípio básico de
marketing tem sido aplicado às pessoas de incontáveis formas, em
milhões de produtos diferentes.

Durante a primeira metade do século 20, os fabricantes elaboraram


um plano progressivo – embora lento – para transformar os
consumidores, orientados pelas necessidades, em consumistas,
orientados por desejos. Essa estratégia só começou a alastrar-se
após a II Guerra Mundial, levando milhões de americanos a um
delírio por compras. Os Estados Unidos logo se tornaram uma
nação fundamentada no crédito. A conseqüência? Bilhões de
dólares em dívidas eram acumulados nas décadas seguintes.

Não satisfeitos em induzir as pessoas a comprar o que queriam,


negociantes ambiciosos deram um passo a mais. Propositalmente,
começaram a criar bens que ou se estragavam ou saíam da moda
rapidamente (“obsolescência planejada”). Em 1955, o comerciante
Victor Lebow contemplou essa estratégia de marketing quando
declarou: “Nossa imensa economia produtiva... demanda que
façamos do consumismo nosso estilo de vida; que convertamos a
compra e o uso de bens em rituais; que busquemos nossa
satisfação espiritual e pessoal no consumismo... Precisamos fazer
com que as coisas sejam consumidas, torradas, gastas, substituídas
e descartadas em uma velocidade sempre crescente”. 6

Salvo durante a recessão dos anos 70, o gasto dos consumidores


tem crescido exponencialmente. É como um lindo cachorrinho,
ainda filhote, achado na rua por um inocente casal. Depois de um
tempo, ele se torna um enorme São Bernardo e acaba criando um
caos dentro de casa! Nossas pequenas extravagâncias nas décadas
de 50 e 60 transformaram-se em um monstro insaciável. As dívidas
colossais dos americanos são apenas um sintoma daquilo que se
tornou uma doença nacional. Porém, um dia, teremos de pagar a
conta!

Todos nós sabemos que, no século 21, uma das estratégias


utilizadas pelas empresas foi aumentar a margem de lucro,
estabelecendo “lojas de marca”. Os empresários iam a uma
determinada localidade, construíam um enorme galpão para os
operários e, como anexo, uma loja para vender o que era fabricado.
Grande parte do salário dos funcionários tornava à empresa, pois
era gasto nas mesmas lojas. Quando estavam sem muito dinheiro, a
loja oferecia crédito fácil. Se a dívida crescesse além de suas
condições para quitá-la, então, ele não poderia abandonar o
emprego. Em pouco tempo, o funcionário tornavase escravo da
empresa e trabalhava anos a fio sem conseguir economizar um
único centavo, forçado a passar o resto da vida trabalhando
arduamente, sem qualquer perspectiva de mudança. É claro que
essa prática era muito vantajosa para os donos, os quais,
propositalmente, estimulavam a situação ao oferecer crédito fácil.

O espírito do kosmos está fazendo a mesma coisa nos dias de hoje.


Todos os anos, multidões entram em cada vez mais dívidas com
aquele que “vem matar, roubar e destruir” (João 10:10). Foram
escravizados pelos grilhões da cobiça, tal como os operários pelas
lojas. O agente escravizador em sua vida não é a dívida em si, mas
o amor pelas coisas deste mundo e o crédito fácil que as torna
acessíveis.

A sociedade de hoje é caracterizada por uma busca egoísta e


interminável pelo “mais” e por novas experiências. Nos Estados
Unidos, o “Sonho Americano” não passa da busca de “mais para
mim!” e “meu, meu!” Somos constantemente bombardeados pela
sedução de algum comercial, impelidos pelos nossos próprios
desejos, cobiçando o que queremos. As estatísticas apresentadas
pelo New York Times alegam que o cidadão americano comum será
confrontado por cerca de 3.500 propagandas, diariamente.

Alguém poderia pensar que essas propagandas não afetam os


crentes. Entretanto, nesse aspecto, eles quase não se diferem dos
incrédulos. Assim como eles, trabalhamos para “estarmos na
frente”. Estamos, igualmente, cheios de dívidas. Da mesma forma,
compramos aparatos sem nenhuma relevância e somos levados a
crer na mentira de que isso é um sinal da bênção divina.
Concluindo, se formos realmente sinceros, teremos de admitir que
somos, em tudo, dirigidos por nossos desejos. Precisamos
confessar que, quanto a isso, em nada diferimos dos que não
conhecem a Jesus Tal cobiça é uma grande afronta à Cruz.

O PODER DA COBIÇA
A pecaminosidade da cobiça é bastante enfatizada ao longo da
Bíblia. É condenada nos Dez Mandamentos (Êxodo 20:17). Jesus
descreve-a como uma das paixões malignas do coração humano
(Marcos 7:22). Paulo cita-a como uma das características de quem
está a caminho do Inferno (Efésios 5:5). Existem duas palavras
gregas traduzidas como “cobiça”: (1) epithumeo, que geralmente é
traduzida como “concupiscência” ou “desejo”; (2) pleonektes, que
significa “ansiar por mais de algo”. O pecado da cobiça é o ato de
fixar seus desejos sobre determinado objeto e alimentar esse desejo
até possuí-lo. Uma coisa é querer algo. Outra, bem diferente, é
cobiçar. A seguinte analogia ajuda a ilustrar o termo bíblico. Dois
homens, crentes, entram na seção de roupas de uma loja e notam
um belo terno em exposição. No momento, nenhum possui o
dinheiro necessário para comprá-lo. A reação deles revelará sua
condição espiritual. O primeiro pensa em comprá-lo, porém, ciente
de que não dispõe de recursos para tal, rapidamente abandona o
pensamento. Já o segundo, cobiça o terno; está tão compelido a
possuí-lo que o compra com seu cartão de crédito, caindo no que
João chama de “cobiça dos olhos”.

O desejo da cobiça é a fonte de iniqüidade mais subestimada em


nossa vida; é o pecado mais omitido no vocabulário da Igreja. Os
pregadores relutam em tocar no assunto. E quando mencionado em
uma mensagem, é abordado de maneira genérica e não ofensiva.

Apesar dessa aversão em nossas igrejas, a Bíblia tem muito a dizer


sobre a cobiça. Paulo discorre sobre esse pecado em sua carta a
Timóteo: “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em
armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que
levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por
cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com
muitos sofrimentos” (I Timóteo 6:9-10).

O desejo de passar na frente dos outros é uma das paixões mais


fortes do coração do homem. A cobiça, que gera tal impulso, é tão
poderosa que Paulo assemelha-a à idolatria. Isso porque,
essencialmente, é uma adoração às coisas materiais (Colossenses
3:5; Efésios 5:5). O problema não é tanto o amor pelo dinheiro em
si, mas pelas coisas que pode adquirir. Esse apetite impulsiona as
pessoas sem que elas pensem duas vezes. Portanto, faz-se
necessário e será demonstrada verdadeira sabedoria, se todo filho
de Deus examinasse seu próprio coração. A devoção ao dinheiro é
extremamente perigosa, porque leva as pessoas a desviaremse da
fé. Quantos cristãos têm-se desviado da fervorosa fé em Cristo e
continuam sem perceber sua condição espiritual?
A PARÁBOLA DO SEMEADOR
Nessa parábola, Jesus descreve quatro tipos de solo, cada qual
representando um diferente estado da alma. O terceiro está cheio
de cobiça. Jesus disse: “Outras ainda, como a semente lançada
entre espinhos, ouvem a palavra; mas, quando chegam as
preocupações desta vida, o engano das riquezas e os anseios por
outras coisas sufocam a palavra, tornando-a infrutífera” (Marcos
4:18-19). Esses “espinhos” trabalham de mãos dadas e representam
os três passos que alguém cheio de cobiça dá, quando se desvia
das verdades da Palavra de Deus.

Jesus está desenhando o cenário de alguém que acabar de


converter-se. A maioria dos que nasceram de novo experimentaram
a bênção do primeiro amor, quando sua mente era repleta de
pensamentos por Jesus. Ele significava tudo para a pessoa e seu
coração transbordava de alegria. Sua perspectiva de vida fora
renovada. A grama tornara-se mais verde e tudo lhe corria bem.
Não obstante, Jesus diz que, ao longo do caminho, “os anseios por
outras coisas sufocam a palavra”. O coração, outrora inteiramente
satisfeito com Cristo, agora, permite que algo maligno entre
sorrateiramente. É a cobiça, procurando algo para satisfazê-la. À
medida que a pessoa alimenta essa fera, seu apetite cresce. Os
espinhos de outras atrações começam a perfurar seu coração. Em
pouco tempo, já tomaram conta de todo o espaço, oprimindo e
sufocando a Palavra, que fora tão viva uma vez. Apesar de a pessoa
freqüentar a igreja regularmente, ela já se afastou da fé em seu
coração.

AS PREOCUPAÇÕES DA VIDA
Há muitos anos atrás, falei a um grupo de homes sobre a
necessidade de simplificarmos a vida. Depois da palestra, um
jovem, de aparência nitidamente ambiciosa, dirigiu-se a mim para
defender seu estilo de vida, com aquela mesma racionalização que
já ouvi diversas vezes:

— Quero proporcionar um bom lar para minha família.


Percebi que ele estava determinado a crer no que queria, então,
concordei com a cabeça, educadamente, e nada lhe respondi. Se o
Senhor me levasse a fazê-lo, ter-lhe-ia feito algumas perguntas,
como:

• Você diz que se preocupa com o bem-estar de sua família, certo?


Se isto é o que de fato justifica sua vida tão ocupada e seu trabalho
tão árduo, então, por que você permite sua família assistir à TV por
horas, todas as noites, sem ao menos considerar se isso está
afetando-os?
• Por que você não tem tempo para passar com seus filhos?
• Por que você não tira tempo para interceder por sua filha
adolescente rebelde?
• Por que não existe um altar familiar em sua casa, isto é, um local
para oração e estudo da Palavra?
• Você é mesmo o líder espiritual em seu lar?
• Não é verdade, meu senhor, que você é viciado no trabalho,
impulsionado pela ambição de estar na frente dos outros e pela
paixão de acumular, cada vez mais, bens e posses materiais?
• Você tem certeza de que se preocupa com o interesse deles, e não
com seu próprio umbigo?

É claro que a intensidade dessas palavras teria aborrecido aquele


homem, o que não era minha intenção. No entanto, essas são
questões que todos devemos considerar. É muito mais fácil
subestimar a poderosa força de atração que o mundo exerce sobre
nós.

Uma vez que a pessoa comece a afastar-se do Senhor, ela se torna


dominada pelas “preocupações da vida”, isto é, as
responsabilidades da vida: comida, moradia, roupa, transporte,
escola para as crianças, seguro, contas, etc. O crente responsável
traz provisão à sua casa, é claro, pois as Escrituras ordenam isso (I
Timóteo 5:8). Todavia, Jesus advertiu-nos a não nos preocuparmos
com essas coisas. E essa é uma questão tão importante, que Ele
dedicou grande parte do Sermão da Montanha ao assunto. O
Senhor disse: “Não se preocupem com sua própria vida” (Mateus
6:25).

Esse mandamento assemelha-se ao “Não adulterarás” em grau de


importância, e, no entanto, é tratado como se fosse uma sugestão
insignificante de um avô mandão. Sejamos honestos. Esse
desespero em relação a dinheiro, não provém do medo, da
insegurança e da falta de confiança? Não provém de uma aversão
ao desconforto? Em vez de “darmos de graça”, como Jesus
ensinava; em vez de “buscarmos em primeiro lugar o reino de
Deus”, será que não estamos esforçando-nos demais para proteger
aquilo que adquirimos neste mundo? A dúvida só começa a surgir
quando nos deparamos com o que tememos. E quando isso
acontece, entramos em pânico imediatamente e tentamos, com
todas as forças, comprar mais coisas para o nosso “eu”.

Jesus confrontou diretamente essa mentalidade, quando disse mais


tarde: “Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem
perder a sua vida por minha causa, este a salvará” (Lucas 9:24). É
pecado tentar salvar a vida que devemos perder.

ENGANADOS
Se uma pessoa continua entregando-se à cobiça, um engano
sorrateiro começa a permear seu coração. “O engano das riquezas”
aplica-se não apenas aos ricos, mas a todos que adotam a
mentalidade do kosmos. Quanto mais a pessoa tem, mais ela quer.
Salomão percebeu isso. Ele disse: “Quem ama o dinheiro jamais
terá o suficiente; quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito com
os seus rendimentos. Isso também não faz sentido” (Eclesiastes
5:10). O dinheiro oferece a esperança de prestígio, posses e prazer.
Mas as riquezas mentem! A pessoa materialista, guiada pelas
promessas de realização que o dinheiro lhe dá, acumulará inúmeras
coisas ao longo do tempo. Contudo, um dia, para seu espanto,
descobrirá que sua alma está desolada. Um dia, aquele que busca o
sucesso acordará com o vazio proveniente desse empenho. O que
busca prazer, da mesma forma, aprenderá que jamais encontrará a
satisfação que tanto almeja. Satanás sabe atrair as pessoas com os
charmes deste mundo. Seu objetivo é que continuem sempre
buscando mais. É tudo um grande engano.

Em 1957, (levando em conta a inflação), o trabalhador americano


ganhava menos da metade do que ganha hoje. Será que são mais
felizes hoje? De acordo com David Myers, autor de Society in the
Balance (Sociedade em Equilíbrio), a resposta é um enfático não:
“Desde 1957, as estatísticas do Centro de Pesquisa de Opinião,
órgão da Universidade de Chicago, que sustentavam a idéia de que
eram ‘muito felizes’, diminuiu de 35% para 29%. Na verdade, entre
1956 e 1988, a porcentagem de americanos que afirmavam estar
‘muito satisfeitos com sua situação financeira atual’, caiu de 42%
para 30%”. 8

A prosperidade cega as pessoas. Ela deseja que ninguém perceba


sua verdadeira condição espiritual. John Wesley, discutindo sobre o
engano das riquezas, comentou:

Enganosas de fato! Pois, que, enquanto sorriem, traem; enquanto


beijam, lançam-nos ao Inferno. Arrancam os olhos, endurecem o
coração, sugam toda a nossa vida em Deus; enchem nossa alma de
orgulho, raiva e amor pelo mundo; torna os homens inimigos da cruz
de Cristo! E, ao mesmo tempo, são ardentemente almejadas,
intensamente procuradas; até mesmo por aqueles que crêem em
Deus! 9

O maior engano da prosperidade é fazer com que as pessoas


acreditem que estão caminhando com o Senhor, quando, na
verdade, afastam-se d’Ele paulatinamente. Como os laodicenses em
Apocalipse 3, acham que sua vida espiritual está indo muito bem.
Contudo, Jesus vê as coisas de uma forma muito diferente. A
ambição pelas coisas materiais tem devorado a essência espiritual
das pessoas. Para Jesus, parecem aquelas crianças cujo estômago
dilatou-se; não porque está cheio, mas porque estão morrendo de
fome! No final da história, como disse Paulo, descobrirão que “se
atormentaram com muitos sofrimentos” (I Timóteo 6:10b).

O DESEJO POR OUTRAS COISAS


Como todos os vícios, a cobiça pelos bens materiais tem tornadose
um hábito a ser mantido, custe o que custar. Nossa paixão
desenfreada tem silenciado nossas inquietações. Temos sido
enganados pelo tremendo poder que se oculta no amplo âmbito do
desejo. Muitos cristãos, se não a maioria, têm-se vendido ao
sistema do Anticristo, que, um dia, exigir-lhes-á fidelidade sob o
pretexto de manterem seu estilo de vida: “Para que ninguém
pudesse comprar nem vender, a não ser quem tivesse a marca, que
é o nome da besta ou o número do seu nome” (Apocalipse 13:17).
Os “freqüentadores de igreja”, que pensam ser possível viver
durante anos como escravos do kosmos, e então, num piscar de
olhos, declarar sua liberdade, estão cativos em um grande engano.
Estão na iminência de receber a marca da besta! E, de certa forma,
já a receberam em seu coração.

Quando Satanás ofereceu a Jesus os reinos e a glória deste mundo,


exigindo-Lhe que o adorasse, ele expôs o verdadeiro desejo de seu
coração. O diabo anseia, desesperadamente, receber o louvor que
pertence somente a Deus. Se você está pensando: “Claro que
Jesus recusou! Por que adoraria a Satanás?”, tome muito cuidado.
Para nós, parece tão simples rejeitar tal tentação. Mas será que
você não percebe que o Diabo está propondo-lhe a mesma oferta?
E muitos a aceitam sem nem pensar duas vezes. Aceitam um
pouquinho aqui, outro pouquinho ali; e acham que “não tem nada
demais”. A sutileza da oferta faz-nos cegos quanto àquilo que
realmente está acontecendo. O Inimigo mora nos detalhes,
literalmente. Em última instância, só está atrás de uma coisa: nossa
fidelidade ao seu sistema. Ele não está preocupado se as pessoas
“confessam o nome de Cristo”, contanto que continuem
escravizadas ao seu sistema. A hipocrisia é o deleite do Diabo.
Paulo, conhecendo o poder de contaminação desse espírito, exortou
Timóteo, dizendo: “Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso
e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a
mansidão” (I Timóteo 6:11). Há uma urgência em suas palavras, as
quais fazem-nos lembrar a advertência que os anjos deram a Ló:
“Fuja por amor à vida! Não olhe para trás... ou você será morto!”
(Gênesis 19:17).

A ÚNICA SAÍDA
Talvez você seja um dos poucos que escaparam de tamanho
engodo, causado pelo poder sedutor do materialismo que afeta a
tantos. Existe uma saída para aqueles que “se deixa[ra]m envolver
pelos negócios da vida civil (II Timóteo 2:4)! Aqueles que ficaram
sobrecarregados pelas “coisas do mundo” podem se “livrar de tudo
o que [os] atrapalha” (Hebreus 12:1). A pessoa que se “conformou
com os padrões deste mundo” pode “ser transformada pela
renovação da sua mente” (Romanos 12:2). Isso exigirá
compromisso, disciplina e uma nova perspectiva da vida em Cristo
Jesus. Entretanto, é um esforço que vale muito a pena. Saia da
correnteza violenta e impetuosa do kosmos!

Se você está convencido de sua cobiça, se sabe que Jesus


abomina os hábitos detestáveis do consumismo; se você realmente
quer mudar, mas não sabe como fazê-lo; então, ofereço-lhe as
seguintes sugestões:

Em primeiro lugar, simplesmente se arrependa. Uma verdadeira


mudança de coração sempre começa com arrependimento.
Examine seu coração inteiramente. Fique sozinho com Deus, estude
o que a Bíblia diz sobre avareza, cobiça e dinheiro; estude, da
mesma forma, o que ela diz sobre o dar. Permita que o Senhor
exponha e arranque todos os sintomas de cobiça que encontrar em
você. Arrependa-se de cada um deles. Depois de fazê-lo, você
estará espiritualmente limpo. Agora, precisamos adquirir um novo
estilo de vida.
Em segundo lugar, mude sua perspectiva sobre Deus. É importante
que você comece a vê-Lo como seu Provedor e Abençoador. Em
vez de tentar fazer tudo sozinho, permita que o Senhor o faça. Se
você tão-somente Lhe der a oportunidade, Ele o fará! “Espere
pacientemente por Ele”. Você não precisa de tudo o que quer, nem
de tudo para agora.

Em terceiro lugar, se tiver dívidas, elabore um plano para quitá-las.


Comece com a menor e utilize cada centavo que economizar para
pagar essas contas. Sacrifique algumas coisas de que você gosta. A
“dor” não pode ser comparada à sensação de liberdade que você
sentirá quando tudo estiver pago. Mantenha um cartão de crédito
para emergências, se precisar, mas aprenda a viver sem eles.

Enfim, simplifique seu estilo de vida. Reconheça que tem vivido com
extravagância. E não se esqueça disto: aquilo que consideramos
“necessidades da vida” sempre terá uma etiqueta e um preço alto.
Você ficará impressionado quando perceber que precisamos de tão
pouco!

As pessoas acostumaram-se a uma rotina de muito trabalho e


muitas compras. Nunca pensaram em escolher uma vida diferente.
Mas nós temos opções. Não precisamos viver como reis no reino de
Satanás. Não temos de vender-lhe nossa alma. Podemos escolher
simplificar nossa vida. Podemos viver em um nível mais gerenciável.

Na medida em que mudar a sua vida, encorajo-o a seguir o


mandamento de Jesus: “Não acumulem para vocês tesouros na
terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões
arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus,

onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não


arrombam nem furtam” (Mateus 6:19-20). D. L. Moody escreveu as
seguintes palavras:

“ Não acumulem para vocês tesouros na terra”. Parece um tanto


duro, talvez, mas tem de ser a melhor opção. Além do mais, tudo o
que realmente tem valor para o homem está no Céu. Não trouxemos
nada para este mundo e certamente nada levaremos dele. Por isso,
Deus diz: Não acumulem. O cristão que assim o faz, sofre. Nada
ganha com isso. É feito com um custo terrível: o desejo do coração
em troca de sua alma. Imagine dois navios subindo um rio. O
primeiro corta bravamente a água, a todo vapor. O segundo se
arrasta, rebocado por um terceiro. Parece estar a ponto de
naufragar, mas flutua. Por quê? Porque tem uma carga de madeira
e ficou encharcado. Ló estava bem enquanto ficou com seu tio
Abraão. Todavia, quando o deixou e desceu à Sodoma, acumulou
muitos bens deste mundo e ficou encharcado. O mesmo acontece é
com muitos cristãos. Ficaram encharcados e conseguiram tanto
dinheiro que não conseguem chegar ao porto sozinhos; querem que
os outros venham ajudá-los. A vida espiritual é afetada. Sua
pulsação começa a bater lentamente. Eles dizem: “Por que não
temos mais poder espiritual e alegria no Senhor?”. A resposta é
simples: essas pessoas ajuntaram tesouros aqui.

Quando os homens sobem nos balões, levam sacos de areia para o


lastro. Quando querem subir mais alto, jogam um pouco de areia
fora. Ora, existem alguns cristãos que, antes de subirem mais alto,
precisam aliviar o lastro. Pode ser o seu dinheiro ou qualquer outra
compensação mundana; se quiserem subir, precisam livrar-se disso.
Se você ficou sobrecarregado, dispense algum dinheiro e subirá
com asas como águia. Qualquer ministro lhe dirá o que fazer com
ele. Nunca vi nenhum departamento da obra de Deus que esteja
dispensando algum dinheiro. 10

Jesus ordena-nos que acumulemos tesouro no Céu. Toda boa ação,


toda oração intercessória, todo momento de verdadeira adoração,
todo ato altruísta, são convertidos em moeda celestial e depositados
numa conta no Céu, em seu nome. Podemos depositar o quanto
quisermos nessa poupança eterna. O “dinheiro” estará guardado
para a eternidade e coberto pelo infalível seguro bancário de Deus.
Se você se mudasse para outro país, antes de viajar, seria prudente
depositar um pouco de dinheiro em algum banco de lá, certo? Não
seria uma bênção chegar lá com um saldo razoável em sua conta
bancária?

Podemos desperdiçar nossa vida inteira tentando, de forma egoísta,


viver como reis e construir riquezas no reino de Satanás. Contudo,
acredito que seja muito melhor tornar-se herdeiro d’Aquele que tem
Satanás debaixo de Seus pés! Estamos chegando aos momentos
finais da história da humanidade. É tempo de nos preparar para o
que há de vir!

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

A prosperidade é tão passageira quanto a flor do campo. Por isso,


jamais confie nela! (Tiago 1:10 – adaptação da The Messege Bible
feita pelo revisor)

A cobiça pelo dinheiro só traz problemas; nada além de problemas.


Seguindo esse caminho, muitos acabam abandonando a fé, apenas
para viver se lamentando por isso, amargamente, para todo o
sempre.
(I Timóteo 6:10 – adaptação da The Messege Bible feita pelo
revisor)

Senhor, é verdade. Tenho vivido uma vida de extravagância e, como


um rei no reino do diabo, tenho desprezado as riquezas mais
valiosas de Teu reino. Tenho me entregue a todos os meus desejos.
Sinto-me terrivelmente culpado por exigir tudoe para JÁ!
Arrependo-me da minha cobiça pelas coisas! Por favor, ajuda-me e
disciplina-me a quitar meus cartões de crédito. Ensina-me a viver de
forma menos egoísta. Quero que meu tesouro esteja no céu, não na
terra! Em nome de Jesus. Amém.

PARTE TRÊS
A IGREJA NA NOS ÚLTIMOS DIAS
“Ah! Onde está o toque de trombeta da Igreja, que alertará os
homens a fugir da ira vindoura? Sim, milhões de crentes realmente
crêem que Jesus voltará um dia, entretanto, continuam vivendo na

carnalidade. Falam mais sobre o Arrebatamento do que sobre o


nosso poderoso Salvador, o Cristo de Deus”. Leonard Ravenhill

Capítulo 12

O Espírito do Anticristo

“A Bíblia não considera o pecado uma doença, mas uma rebelião


descarada contra o governo do Criador. A essência do pecado é:
‘Não permitirei que ninguém me ‘governe’. Ele pode manifestar-se
num homem moralmente bom e num homem moralmente mau. O
pecado não se trata da moralidade ou imoralidade; trata-se da
reivindicação do meu direito sobre o meu ‘eu’, uma independência
de Deus deliberada e enfática, que disfarçamos por meio de jargões
evangélicos”. 1
Oswald Chambers

“Pois o homem nasce rebelde; não possui conhecimento de que é


um”. 2
A.W. Tozer

PARECE HAVER UMA CRESCENTE CURIOSIDADE nos cristãos acerca do

fim dos tempos e de quem será o anticristo. Será Mikhail


Gorbachev, adorado no Ocidente, que novamente emergirá como
um líder mundial? Será um dos líderes da União Européia, que,
repentinamente, assumirá o poder do mundo? Será o guru da Nova
Era, chamado de “Senhor Maitréia”, que dará fim a todos os
problemas da humanidade? Ou será John F. Kennedy, que terá seu
ferimento fatal curado e voltará à vida para governar um mundo
extasiado, cumprindo a profecia de Apocalipse 13? Seja quem for,
sabemos que, um dia, ele liderará a maior rebelião contra Deus da
história.

A Bíblia faz alusão a ele diversas vezes, mencionando-o como “a


besta”, “o iníquo”, “o pequeno chifre”, e assim por diante. Esse
“homem da iniqüidade” estará tão cheio do “espírito de anticristo”,
dado pelo Diabo, que se tornará o próprio Anticristo. Mas os cristãos
não precisam preocupar-se obsessivamente com isso,
questionando: “Quem será ele?” Este não será um mero homem
que conduzirá o mundo a uma guerra contra Deus, que findará, um
dia, no Armagedom. Na verdade, o espíritoque o possuirá será
quem orquestrará os eventos que culminarão nessa batalha final. O
homem, ou seja, o Anticristo, não será nada mais que um psicopata
possuído pelo diabo, servindo como uma marionete de Satanás.

É imperativo que os cristãos compreendam que estão sob uma


agressão espiritual fulminante desse espírito de rebeldia, neste
exato momento. O poder do espírito do kosmos é como uma nuvem
carregada sobre a Terra, promovendo, continuamente, mensagens
anticristãs e ludibriando as pessoas a permanecer (ou a tornar-se)
independentes da autoridade de Deus. É essa atmosfera que está
preparando o caminho para a grande rebelião no Armagedom.

O ESPÍRITO DESSE SÉCULO


A maioria das pessoas concordaria que a década de 60 foi um
importante divisor de águas para os Estados Unidos. Em 1960, a
maior preocupação de muitos jovens era terminar os estudos e
preparar-se para o futuro. Estavam orgulhosos de serem
americanos e esperavam conseguir uma fatia da “torta da
prosperidade” para si. As pessoas ainda tinham um senso comum
sobre o devido respeito a autoridades. Freqüentemente, os chefes
dominavam sobre os empregados com certo grau de força, e esses
aceitavam isso como parte da vida. Em outras palavras, as pessoas
simplesmente faziam o que lhes era mandado.
Não obstante, em pouco tempo, tudo isso mudou. Sem ao menos
perceber, a moralidade da nação teve uma rápida queda; as
orações foram banidas das escolas, os conflitos sociais e políticos
tornaram-se mais evidentes, a catástrofe chamada Guerra do Vietnã
estava desenrolando-se, etc. No final da década, o vício por drogas
ficou fora do controle, a promiscuidade sexual passou a ser uma
regra, as greves anti-governo aconteciam em todo o país. O que
aconteceu com a “Beleza Americana?”

Fica claro que, no início dos anos 60, uma força do Inferno foi
liberada sobre a Terra. À medida que aquela agressão maligna
ganhava força, a iniqüidade aumentava proporcionalmente (Daniel
7, 11; II Tessalonicenses 2). Nós nos tornamos tão acostumados a
ouvir sobre atos terroristas, genocídios, tiroteios em escolas e
assassinatos brutais, que quase não percebamos o grau de trevas
que já nos cerca.

Com o passar do tempo, sabemos que as coisas irão piorar. Não


apenas o mal tomará proporções sem precedentes, mas o número
de pessoas rendendo-se a ele. A Bíblia descreve com bastante
precisão esse período histórico, referindo-se-lhe como um tempo
onde os jovens serão “desobedientes aos pais” (II Timóteo 3:2) e “a
iniqüidade se multiplicará” (Mateus 24:12).

A década de 60 introduziu uma mentalidade radical que tem


trabalhado profundamente em nosso coração e mente. Quando os
cidadãos mais velhos foram atingidos pela primeira onda dessa
mentalidade, ela foi desprezada como sendo “apenas uma fase pela
qual os jovens estão passando”. No entanto, no começo dos anos
90, os jovens da década de 60 estavam governando o país. A
cultura americana começou a refletir sua ideologia e costumes
sociais. Adesivos de carro como “Questione a Autoridade” e “Se
algo faz você se sentir bem, faça-o sem nenhum medo” expressam
essa nova atitude. Até mesmo alguns indivíduos da população mais
velha adotaram-na. O crescente poder do espírito do anticristo
começou a conduzir-nos, coletivamente, a uma aversão nacional
pela autoridade.

O MISTÉRIO DA INIQÜIDADE
Embora a Lei de Deus tenha sido quebrada e rejeitada, vez após
vez, pela nação de Israel em sua longa trajetória, ela ainda exercia
um papel importante na vida diária do judeu. A Lei (em hebraico,
torah) governava o seu relacionamento com Deus e com os outros
judeus. Por ser um código de leis sagrado, tornou-se o alicerce para
as regras de conduta e governo. Tornou-se um agente de ligação
muito poderoso para o povo judeu.

No entanto, o conceito de lei (em grego, nomos) vai além dos


mandamentos de Deus encontrados no Pentateuco. Na verdade,
todas as culturas, a despeito de quão primitiva possam ser (ou o
quão rebelde à lei prescrita por Deus), têm o seu conjunto de
costumes que definem os conceitos de certo e errado para eles. O
principal significado de anomos é viver sem lei ou adotar uma
atitude de iniqüidade. De acordo com o Dicionário Vine, anomos
significa muito mais que “transgredir uma lei”. Denota um “flagrante
desafio à vontade conhecida de Deus”. 3

Qualquer pessoa que é governada por sua própria vontade é


anomos — isto é, iníquo.

De acordo com Apocalipse 13:5, a Grande Babilônia é um “mistério”.


Talvez o seja por causa dos rituais enigmáticos das religiões
babilônicas. Escondidos, em sua infame história, estão os segredos
que o homem moderno talvez nunca venha a desvendar. Porém,
mais importante ainda, é a proeminência da Babilônia ao receber a
designação para tudo o que se opõe a Deus no decorrer de toda a
história. Mas também há outro mistério. Paulo disse: “Com efeito, o
mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja
afastado aquele que agora o detém; então, será, de fato, revelado o
iníquo...” (II Tessalonicenses 2:7-8a – RA). Davi previu essa rebelião
mundial contra Deus um milênio antes, quando escreveu seu
segundo Salmo:

Por que se amotinam a as nações e os povos tramam em vão? Os


reis da terra tomam posição e os governantes conspiram unidos
contra o SENHOR e contra o seu ungido, e dizem: “Façamos em
pedaços as suas correntes, lancemos de nós as suas algemas!” Por
isso, ó reis, sejam prudentes; aceitem a advertência, autoridades da
terra. Adorem o SENHOR com temor; exultem com tremor. Beijem o
filho, para que ele não se ire e vocês não sejam destruídos de
repente, pois num instante acende-se a sua ira. Como são felizes
todos os que nele se refugiam! (Salmo 2:1-3, 10-12)

Estabelecer esse estado de total anarquia, mencionado aqui, é


exatamente o que o Inimigo intentará fazer entre as “nações”,
“povos”, “reis da terra” e “governantes”, antes que o “iníquo” seja
revelado. Assim, sendo a iniqüidade a marca e característica global,
o caminho estará preparado para o Anticristo, que procurará trazer
“paz” e estabelecer sua autoridade no mundo.

INIQÜIDADE NA IGREJA
Essa atitude de rebelião respingou sobre a vida dos cristãos. Se o
kosmos tivesse imposto descaradamente sua mentalidade na Igreja,
a tentativa teria fracassado. Nossos líderes teriam deixado de lado
as diferenças e unindo-se em oposição a ela. Entretanto, Satanás
astuto demais para executar um ataque tão aberto. Em vez disso,
ele enganou a Igreja com um ataque sutil, lento e misterioso contra
os nossos padrões de santidade. O que o espírito do anticristo
nunca faria abertamente, acabou sendo executado de forma
clandestina.

Pouco a pouco, contaminações começaram a ser introduzidas no


sistema e na mentalidade dos cristãos, a ponto de a Igreja perder
sua influência e atração. As mudanças nos últimos 30 anos
reduziram tanto os padrões dos ministros de hoje, que esses, agora,
encontram-se mais baixos que os padrões de um incrédulo
“bonzinho” de ontem! Qualquer um cuja consciência impulsioneo a
abster-se do mundanismo é chacoteado e considerado fanático.
Nossa definição de “mundanismo” foi tão suavizada que
escandalizaria os cristãos de uma geração atrás!

A saturação diária de notícias chocantes e de imoralidade via


televisão, jornais, revistas e internet, paralisou os crentes espiritual e
emocionalmente. Ninguém se comove com mais nada! Cenas do
comportamento ímpio de pessoas “iníquas” enchem nossa mente,
contaminam nossa alma e influenciam nossas atitudes. Tornamo-
nos tão insensíveis que nem mais sentimos a necessidade de
vivermos em santidade! É totalmente compreensível que o mundo
estranhe ao deparar-se com um cristão zeloso. Mas a Igreja
desconfiar, zombar, e até mesmo desprezar um santo consagrado,
só nos revela o quão contaminado o Cristianismo está atualmente.

Infelizmente, a mídia não é o único meio que promove iniqüidade


dentro da Igreja. Como vimos no capítulo nove, os ensinos da
psicologia arrastaram-se para a arena cristã, sorrateiramente, sem
que ninguém o percebesse. Enfatizando o que eles chamam de
educação “disfuncional”, os psicólogos transformaram todos nós em
“vítimas”. Por conseguinte, perdemos o senso da responsabilidade
por nossos atos, embora a Bíblia exija-nos isso. O raciocínio
psicológico quanto ao comportamento pecaminoso limita o poder do
Espírito Santo de convencer as pessoas de seu pecado, permitindo
que a “vítima” fale sem parar, justificando suas ações: “Bebo porque
fui criado com um pai alcoólatra”, “Fico irritado com os outros porque
meu pai era intolerante”, “Rendo-me a fantasias sexuais porque
Deus me criou com essas necessidades; Ele não espera que eu
resista aos meus desejos naturais”. O que aconteceu com o antigo
convencimento do pecado? Onde está o profundo clamor pela
santidade de Deus? Onde estão a fome e a sede de justiça? Por
que não ouvimos pregações confrontadoras que mostrem a
necessidade de andarmos no Espírito? Onde está o temor do
Senhor no Corpo de Cristo?
Em Seu sermão profético, quando Seus dias sobre a Terra
findavam, Jesus disse: “Devido ao aumento da maldade, o amor de
muitos esfriará” (Mateus 24:12). O significado do “mistério da
iniqüidade” vai muito além de um ou outro ato, isolado, de
desobediência a Deus. Refere-se a uma mentalidade de
independência; uma atitude em que, assim como numa feira,
alguém pode escolher quando lhe é mais apropriado obedecer ao
Senhor. Sendo assim, enorme quantidade de cristãos está unindo
suas forças com a iniqüidade que permeia o mundo.

RECUSANDO O ARREPENDIMENTO Estamos entrando no tempo


em que a iniqüidade alcançará seu ápice na história da humanidade.
O mal será mais intenso do que nunca. As forças das trevas estão
desfrutando de seu maior poder. A perversão sexual está tomando
proporções epidêmicas em todo o mundo. O sinal de que o mal já
alcançou seu apogeu
– o estágio final da iniqüidade – será uma teimosa recusa ao
arrependimento. Por três vezes, vemos no Livro de Apocalipse que
as pessoas “recusaram arrepender-se” (Apocalipse 9:20-21;
16:9,11).

Você se lembra das primeiras palavras proferidas nos ministérios de


João Batista e de Jesus? “Arrependam-se, pois o Reino dos céus
está próximo” (Mateus 3:3 e 4:17). O Reino tinha chegado porque o
Rei havia chegado! Não há dúvidas de que a resposta correta à
presença do Rei seja curvar-se humildemente. Ele é o Rei; nós, os
servos, prostrados diante d’Ele. Os passos corretos são: confissão
de pecados, arrependimento e fé em Sua misericórdia. Tudo o que é
contrário à Sua vontade chegará ao fim, imediatamente.

Se aquela foi a atitude esperada para receberem o Cristo em Sua


primeira vinda, não será diferente para O recebermos em Sua volta.
Se Jesus está voltando em breve, então, a necessidade de
arrependimento é maior do que nunca. Infelizmente, as pessoas não
gostam de arrepender-se. Elas temem expor seus pensamentos e
atitudes pecaminosas. Tenho visto muitas congregações receberem
evangelistas de Deus, pregando-lhes a própria alma, apenas para
permanecerem tão duros e inflexíveis como antes do culto começar.
De uma forma bem geral, aqueles que professam o Cristianismo
perderam seu discernimento quanto à natureza maligna do pecado.
O temor de Deus foi deixado de lado em troca de um conceito
superficial da Graça. As pessoas não mais se sentem obrigadas a
mudar, a crescer e a agradar ao Senhor. Na verdade, muitos
daqueles que se dizem crentes não fazem idéia do que seja o
verdadeiro arrependimento. Nunca se arrependem!

A CONVERSÃO GENUÍNA
Em nossos dias de liberdade civil, é difícil entendermos como era
viver, nos tempos bíblicos, debaixo da autoridade de um rei. Este
era um ditador com poder absoluto, sobre todas as pessoas do
reino. Tal legitimidade não era contestada no tribunal. Não havia
marchas de protesto do lado de fora do palácio. A autoridade do rei
era simplesmente aceita pelos súditos, como parte de sua vida.
Ninguém pensava em questioná-la.

De vez em quando, os reis decidiam invadir o reinado de outro.


Sabiam que, se vencessem a batalha, todos no domínio inimigo
tornar-se-iam seus súditos, inclusive o próprio rei. Certo rei do
Antigo Testamento se gabou: “Setenta reis com os polegares das
mãos e dos pés cortados apanhavam migalhas debaixo da minha
mesa...” (Juízes 1:7). Quando Nabucodonosor capturou Jerusalém
pela segunda vez, mandou matar os filhos do rei Zedequias na sua
frente, arrancou seus olhos e mandou-o como prisioneiro para a
Babilônia – completamente humilhado. Quando Ben-Hadade, rei da
Síria, decidiu atacar o Reino do Norte, enviou a seguinte mensagem
ao rei Acabe: “A sua prata e o seu ouro são meus, e o melhor de
suas mulheres e filhos também”. E o rei de Israel respondeu: “Que
seja conforme tu dizes, ó rei, meu senhor. Eu e tudo o que tenho
somos teus” (I Reis 20:3-4). Quando um rei sujeitava-se a outro,
aquele sabia o que significava “Eu e tudo o que tenho somos teus”:
uma rendição incondicional.
A conversão deveria assemelhar-se a isso. O reino da pessoa foi
conquistado por um novo Rei. Ela não sai para encarar o novo
Senhor com uma lista de condições, pois encontra-se numa
situação difícil e sabe disso. A multidão de seus pecados contra
Deus abala-a; a magnitude de seus crimes contra Ele aterrorizaa.
Ela não tem nada para oferecer a Deus e compreende que nada
pode fazer para salvar-se. É nessa condição que se dirige ao Rei e
diz-lhe: “Eu e tudo o que tenho somos teus!” Então, no chão,
totalmente prostrada diante de Deus, aguarda uma única coisa:
misericórdia.

A maioria das pessoas não se chega ao Senhor dessa forma. Elas


não são tomadas pela compreensão da sua condição pecadora.
Realmente querem mudar de vida, se isso significar salvar-se do
Inferno. Estão dispostas a “mudar de lado” e alinharse ao
Cristianismo “normal”. Aprenderão quais são as celebridades da
rádio, quais livros são “leitura obrigatória” e qual igreja renomada
devem freqüentar. Adaptam-se com precisão! Aprendem os jargões
e comportamentos daqueles que as cercam. Um verdadeiro cristão
não pode fazer muito senão chorar pelo fato de haver tantas almas
perdidas nos bancos das igrejas evangélicas.

Ao passo que as atividades do Inimigo crescem dia-a-dia, faz-se


necessário que os crentes aprendam a viver um contínuo
arrependimento. Eles deverão abrir o coração para o Espírito Santo
sondá-los. Precisam afastar-se, continuamente, da carnalidade, do
mundanismo e dos pecados de estimação que “tão facilmente nos
atacam”. E, mais do que tudo, devem arrepender-se da rebelião, da
iniqüidade e da vontade própria!

As Escrituras deixam claro que, no fim dos tempos, haverá um


aumento significativo da falsidade. Para ser sincero, estou muito
preocupado com o preparo da Igreja em relação a esse ataque. Não
creio que compreendemos a magnitude de tudo o que nos espera.
Na verdade, sinto que a maioria das pessoas denominadas cristãs,
corre o perigo de ser arrastada pela maior enxurrada de engano
vista pela humanidade.

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Esse é o espírito do anticristo, sobre o qual vocês ouviram que


estava chegando. Bem, ei-lo aqui, mais cedo do que imaginávamos!
(I João 4:3 – adaptação da The Messege Bible feita pelo revisor)

Eles vêm do mundo. Por isso, o que falam procede do mundo, e o


mundo os ouve.
(I João 4:5)

Condenada, Corazim! Condenada, Betsaida! Se Tiro e Sidom


tivessem tido a metade das chances que vocês tiveram, já estariam
de joelhos há muito tempo, arrependendo-se e clamando por
misericórdia. (Lucas 10:13 – adaptação da The Messege Bible feita
pelo revisor)

Amado Deus, ofereço meu corpo, minha alma, meu espírito, minha
mente, minha vontade, meus desejos e meus sonhos como
sacrifício em Teu santo altar. Por favor, quebra a minha dura cerviz e
insubmissão. Fazme totalmente sujeito ao Espírito Santo. Conquista
por completo o meu homem interior e liberta-me do espírito do
anticristo. Não permita que eu faça as coisas do meu jeito; não
quero ir contra a Tua vontade. Crucifica minha vontade e meus
desejos carnais pelos prazeres deste mundo. Dá um golpe certeiro e
definitivo na minha vontade, que ainda permanece governada por
mim. Doute, Senhor, a permissão para fazeres tudo o que for
necessário para manter-me em Tua preciosa vontade. Em nome de
Jesus. Amém.

Capítulo 13

O Grande Engano
“Muitos perderam a presença graciosa de Deus e nem estão cientes
do fato. Fizeram com que Deus se lhes afastasse, mas não
percebem tal perda nem a lamentam. Sua alma sofre e enfraquece.
Seus dons adormecem. Tudo começa a dar errado com eles, porém,
não reconhecem a verdadeira causa. Não cuidam que Deus se lhes
afastou, nem se importam em reconciliar-se com Ele e receber o
Seu favor”. 1
Matthew Henry

A IGREJA DE HOJE ASSEMELHA-SE MUITO AO POVO JUDEU que seguia a

Jesus durante o ápice de Sua popularidade. Aonde quer que fosse,


multidões apoiavam-se em todas as Suas palavras e observavam
cada movimento Seu. Quando Jesus transformou cinco pães e dois
peixinhos em um banquete para cinco mil pessoas, Seus seguidores
exclamaram espantados: “Sem dúvida este é o Profeta que devia vir
ao mundo” (João 6:14). Eles ficaram tão fascinados por Jesus que
estavam prontos a fazê-Lo rei à força. No entanto, Jesus não se
comoveu com a emoção do povo. Decerto não Se importava com a
reputação. E como nada Ele sem antes consultar ao Pai, afastou-Se
das multidões e subiu ao monte para outra noite de oração (João
6:15).

No dia seguinte, as multidões O encontraram novamente. A euforia


daquelas pessoas continuava ao máximo. Elas estavam prontas
para enfrentar o invencível poderio de Roma, tudo por causa de
Jesus! Mas as coisas não aconteceriam da forma que imaginavam.
As primeiras palavras que Jesus lhes disse, naquele dia,
estabeleceram o curso do que viria a seguir: “A verdade é que vocês
estão me procurando, não porque viram os sinais miraculosos, mas
porque comeram os pães e ficaram satisfeitos. Não trabalhem pela
comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a
vida eterna...” (João 6:26-27).

Essas pessoas não O buscavam por desejar uma vida com Deus, a
qual era apontada pelos sinais que realizava. Pelo contrário,
queriam que o Senhor usasse Suas habilidades sobrenaturais para
melhorar sua vida nesta Terra. O estômago cheio representava a
prosperidade terrena e o poder que procuravam. Não estavam muito
interessadas em servir a Deus; queriam que Deus lhes servisse.

Não muito depois do episódio, Jesus disse: “A vida é mais


importante do que a comida, e o corpo, mais do que as roupas...
não busquem ansiosamente o que comer... pois o mundo pagão é
que corre atrás dessas coisas... busquem, pois, o Reino de Deus”
(Lucas 12:23, 29-31). Paulo diria mais tarde: “Pois o Reino de Deus
não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito
Santo” (Romanos 14:17). Ele também usou a mesma analogia para
descrever os ministros carnais: “O destino deles é a perdição, o seu
deus é o estômago e eles têm orgulho do que é vergonhoso; só
pensam nas coisas terrenas” (Filipenses 3:19).

É muito interessante notar que os cristãos dos últimos tempos sejam


advertidos sobre o mesmo conflito entre apetites carnais e
espirituais: “Assim como foi nos dias de Noé, também será nos dias
do Filho do homem. O povo vivia comendo, bebendo, casando-se e
sendo dado em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca.
Então veio o Dilúvio e os destruiu a todos. Aconteceu a mesma
coisa nos dias de Ló. O povo estava comendo e bebendo,
comprando e vendendo, plantando e construindo” (Lucas 17:26-28).

Jesus sabia que era a vida no kosmos que as pessoas desejavam.


Jamais Ele supriria seus desejos carnais e pensamentos mundanos.
Quando começou a falar a verdade, esta os ofendeu e gerou-lhes
ressentimento e raiva. “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a
mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede”
(João 6:35). Quer saber a resposta que deram a tal declaração? “Os
judeus começaram a criticar Jesus… e diziam: ‘Este não é Jesus, o
filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como ele pode
dizer: Desci do Céu?’” (João 6:41-42).
Totalmente cega, com o coração endurecido, sem discernimento
espiritual, aquela multidão, frustrada, tentava compreender as
coisas de Deus com a mente natural, racional. As palavras de Jesus
foram pesadas e referiam-se a questões celestiais, que excediam o
seu entendimento. E Jesus só aumentou a confusão ao dizer: “Todo
aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida
eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:54).

Isso já era demais! Suas declarações não faziam o menor sentido.


“Essa é uma afirmação difícil, quem pode ouvi-la?”, perguntaram os
incrédulos. João, a testemunha fiel, registra o que sucedeu em
seguida:

Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás


e deixaram de segui-lo. Jesus perguntou aos Doze: “Vocês também
não querem ir?” Simão Pedro lhe respondeu: “Senhor, para quem
iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos
que és o Santo de Deus”. (João 6:66-69)

Enquanto Jesus desse ao povo o que queriam, eles se alegrariam


em ser considerados Seus discípulos. E certamente continuariam
seguindo o Mestre, regozijando-se, pelo resto da vida. Contudo,
diferentemente dos pastores “simpáticos” de hoje, que tomariam
vantagem da situação, Jesus não estava interessado nas multidões
por causa de números. Ele queria seguidores para toda a vida, que
se comprometessem a viver para o Reino de Deus,
independentemente do preço. Como sempre o fazia, Jesus levou-os
a uma encruzilhada, a um dilema. Uma decisão teria de ser tomada.
Estariam mesmo dispostos a segui-Lo, a pagarem o preço, ou iriam
abandoná-Lo?

Atualmente, assim como nos dias de Jesus, muitos estão contentes


em se declarar seguidores de Cristo. As coisas vão indo muito bem
para os crentes de hoje: nossa barriga está cheia; nossas
despensas, lotadas; nossas posses, aumentando. Em outras
palavras, tudo está do jeitinho que gostamos. Todavia, sejamos
levados a uma encruzilhada ou não, Deus conhece a verdadeira
condição de nosso coração.

A ENCRUZILHADA
A vida cristã sempre foi uma questão de coração. Deus tem o direito
de ver se nosso serviço e motivação no Reino, de fato, direito de ver
se nosso serviço e motivação no Reino, de fato, 24), pois o
verdadeiro Cristianismo começa e termina dentro do coração. Fé
instável revela um compromisso instável. Jesus disse que muitos
“recebem a Palavra com alegria”, mas desviam-se quando a fé é
provada (Lucas 8:13). Você entende que o desviar começa no
coração? Os aspectos externos da fé podem continuar: ir à igreja,
dar o dízimo, etc. Entretanto, em algum ponto de nossa vida, a
condição interior do coração será testada. As duras palavras de
Jesus podem fazer o caminho fácil parecer muito atraente! Muitos
se ofenderam com esse dizer em especial: “Se vocês não comerem
a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão
vida em si mesmos” (João 6:53b). Há apenas um caminho para o
Céu, e seu percurso inalterável conduz à porta estreita do Calvário.
Jesus disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si
mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser
salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha
causa, este a salvará. Pois que adianta ao homem ganhar o mundo
inteiro, e perder-se ou destruir a si mesmo?” (Lucas 9:23-25).

Numa outra ocasião, Jesus falou algo muito parecido: “Aquele que
ama a sua vida (em grego, psyche), a perderá; ao passo que aquele
que odeia a sua vida (psyche) neste mundo (kosmos), a conservará
para a vida (zoe) eterna” (João12:25). A escolha proposital das
palavras correspondentes à “vida” traz luz sobre seu verdadeiro
significado. Psyche representa a existência de alguém sobre a terra,
enquanto zoe representa a vida de alguém em Cristo. Portanto,
Jesus estava dizendo que aquele que ama a sua existência na terra,
a perderá; e aquele que odeia a sua existência no kosmos, a
guardará para uma vida em Cristo, por toda a eternidade.
Aquela declaração provará a pureza do compromisso de um crente.
A cultura, por outro lado, sempre dará um jeito para corromper a sua
vida. As atividades externas sempre parecerão “cristãs” enquanto a
fidelidade interior fundamentar-se no kosmos. Em nossa cultura, “a
mensagem da cruz é loucura” (I Coríntios 1:18). Os “muitos” que se
afastaram do caminho estreito (Mateus 7:13) pensavam que a Cruz
lhes exigia demais. Ela não lhes faz o menor sentido, pois enxergam
o Cristianismo sob a perspectiva do kosmos. Iludidos pelo nível de
consagração, quase nulo, que vêem ao seu redor, protestam
intimamente: “Os sacrifícios que fiz não são o suficiente? Deixei de
beber, de falar palavrão, de fazer sexo ilícito. Eu me ‘nego a mim
mesmo’! Todas as manhãs de domingo, indo à igreja, quando
gostaria de ficar descansando em casa”. Por mais que digam isso,
nunca foram ao Calvário – interiormente –, lugar onde sua antiga
vida deveria permanecer crucificada, dando, assim, início a uma
nova vida. É aí que começa a verdadeira mudança.

Por outro lado, os poucos que foram ao Calvário (Mateus 7:14),


contemplam a vida eterna no final do caminho estreito. Isso muda a
forma como enxergam a vida, pois o temporal cede lugar ao eterno.
O insignificante é substituído pelo extremamente importante. Essa
mudança interior deu aos santos a graça e a força para
perseverarem, ao longo dos séculos, durante as dificuldades e
oposições, perseguições e mortes. Eles tiveram de viver o
testemunho cristão no ambiente do kosmos, mas consideravam-se
apenas peregrinos, não seus cidadãos. Nós também devemos odiar
nossa vida neste mundo, como Jesus disse que deveríamos fazê-lo.
O livro de Apocalipse revela-nos que aqueles que “vencerem” o
espírito do anticristo, “não amaram a sua vida até à morte”
(Apocalipse 12:11 – ARC).

UM ENGANO DESTRUIDOR
De uma forma ou outra, a maioria das pessoas crêem que estamos
vivendo os últimos tempos. Os sinais apontam para isso — o
espantoso aumento do conhecimento; os grandes avanços da
tecnologia; a luta por uma sociedade que não usa mais
papelmoeda; a aceitação, quase universal, da perversão; a
necessidade de um governo mundial; a contaminação de valores
espirituais. “Sim,” dizemos convictos, “estes certamente são os
últimos dias!” Contudo, nossa vida continua a mesma; não
mudamos. As pressões no trabalho, as agendas lotadas, o ritmo de
vida frenético, deixam para trás os valores espirituais. A idéia de um
governo mundial, liderado pelas mãos de homem um possuído pelo
Diabo, parece uma estória de ficção; não é considerada como algo
relevante para a vida cotidiana. Esta é atitude que prevalece: “Isso
até pode acontecer algum dia, mas quanto ao hoje, apenas
continuarei tentando sobreviver”. Para a maioria das pessoas,
pensar que podem vir a ser enganadas pelo Diabo, adorando ao tal
líder de alguma forma, parece ridículo demais para ser considerado.

No entanto, Jesus deixa muito claro que esse tempo de será de


engano sem precedentes. Quando perguntaram sobre os sinais de
Sua volta, a primeira coisa que disse foi: “Cuidado, que ninguém os
engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo!’
e enganarão a muitos” (Mateus 24:4-5). Ele prosseguiu dizendo que
“numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos” (Mateus
24:11). Assegurou que “realizarão grandes sinais e maravilhas para,
se possível, enganar até os eleitos” (Mateus 24:24). Ele Se valeu da
palavra enganar (planao) quatro vezes, cujo significado é: “induzir
ao erro, seduzir ou enganar outrem”.

Esse é um alerta claro, dirigido principalmente a nós, que vivemos


nos últimos dias e enfrentamos um engano mundial, de poder e
extensão sem precedentes.

E mesmo depois ter ouvido às veementes advertências de Jesus,


que lhe soam como sirenes ensurdecedoras, você ainda continua
achando que VOCÊ nunca poderá ser enganado? Se não há com o
que se preocupar, eu lhe pergunto: Por que Jesus nos advertiu com
tamanha ênfase e tanta freqüência?
UMA NOIVA EM APUROS
O Diabo já conseguiu enganar a Igreja em diversos aspectos,
preparando o caminho para um engano ainda maior, que está às
portas, agora mesmo. Não pense que esse ataque só acontecerá
num futuro distante. Estamos lidando com um engano destruidor
que já se encontra em operação, e que tende a crescer tãosomente;
tanto em intensidade como em perversidade. A Igreja está em
apuros por inúmeras razões: Primeiro, ela perdeu o discernimento
quanto à malignidade do pecado. Não mais chora e lamenta por
causa do pecado, da carnalidade e do mundanismo. Segundo, ela
se viciou no estilo de vida carnal do kosmos, trocando o amor do Pai
pelas coisas deste mundo. Terceiro, está adormecida e não se dá
conta disso; encontra-se hipnotizada pela suave voz do kosmos.
Quarto, ela se rebelou contra a autoridade de Deus.

Quando Paulo contou sobre a vinda de um líder mundial, usou,


propositalmente, as palavras mais fortes que pôde:
A vinda desse perverso é segundo a ação de Satanás, com
todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. Ele
fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os
que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade
que os poderia salvar. Por essa razão Deus lhes envia um
poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam
condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram
prazer na injustiça.
(II Tessalonicenses 2:9-12)

Esse vislumbre das obras do Inimigo, que se darão na grande


apostasia, requer uma análise especial. Quando o Anticristo
aparecer no cenário mundial, fará grandes exibições de poderes.
Porém, para que as pessoas acreditem nessas exibições, as
manifestações demoníacas aparentes deverão ser dissimuladas. As
duas frases “com sinais e com maravilhas enganadoras” e “todas as
formas de engano da injustiça” indicam um engano assombroso e
de magnitude espantosa — tal como jamais viu o mundo. Não
somos capazes nem de imaginar o poder maligno que será liberado
com o advento do Homem da Iniqüidade, pois o engano tornar-se-á
totalmente convincente e aceitável!

É muito fácil falarmos, confiadamente, sobre como permaneceremos


firmes em Cristo, não importa o que aconteça. Entretanto, quando
as forças demoníacas saturarem a atmosfera com sua assustadora
presença, até mesmo a melhor das intenções se abalará e
murchará. É loucura afirmarmos que podemos resistir ao poder do
Inimigo com nossas próprias forças. O homem, por si só, não é
páreo para o poder de Satanás. É apenas permanecendo em Cristo
que teremos autoridade contra ele. *

UM MOTIVO PARA PREOCUPAÇÃO Apesar de as águas do


engano estarem subindo e a maioria dos crentes encontrarem-se no
terreno escorregadio da indiferença, uma tsunami espiritual está
vindo em nossa direção e abalará * Creio piamente na segurança do
cristão, porém, ela só é encontrada em Cristo. Temo por aqueles
que, com arrogância, julgam permanecer em Cristo, acreditando-o
apenas porque o declaram. Mas a grande verdade é que ainda
estão totalmente imersos no kosmos.

tudo o que pode ser abalado (Hebreus 12:25-29). Essa onda de


malignidade sem precedentes não nos seria tão alarmante se a
Igreja estivesse preparada para isso, mental e espiritualmente. Mas
a verdade é justamente o oposto. Aliás, existem três atitudes
principais que provam essa total falta de preparo.

Primeiro , aquela atitude de “Eu jamais poderei ser enganado”. É


claro que os outros podem ser enganados, mas nós não. O Inimigo
conta com essa atitude porque ela ilude as pessoas com um
sentimento de falsa segurança. Alguém certa vez disse: “Se você
acha que não pode ser enganado, então já está a meio caminho do
engano”. É exatamente aqui onde o Diabo mantém muitos cristãos
hoje: na metade do caminho para o engano.
A segunda atitude é a autoconfiança. “Não importa o que aconteça
ou quão ruim as coisas fiquem. Eu nunca, jamais, em momento
algum, negarei a Cristo”. Nós prendemos, com a experiência dos
discípulos no Jardim do Getsêmani, que a autoconfiança se derrete
no calor da batalha espiritual. Aqueles que costumam negam a
Cristo, todos os dias, por amor às coisas do mundo, descobrirão que
não possuem força alguma quando o Inimigo vier como uma
enchente. Se eles renunciam ao Senhor, interiormente, em sua vida
hoje, como terão coragem de permanecer ao Seu lado quando
forem confrontados pela assustadora presença de Satanás? É pura
ilusão! Como disse Jeremias: “Se você correu com homens e eles o
cansaram, como poderá competir com cavalos? Se você tropeça em
terreno seguro, o que fará nos matagais junto ao Jordão?” (Jeremias
12:5).

O terceiro motivo de preocupação é a perversa tendência de preferir


a mentira à verdade. Muitos cristãos acham que o aspecto mais
importante da verdade é ter a doutrina certa. Podemos ter a doutrina
certa sem permanecer na verdade. A verdade tem muito mais a ver
com a integridade em nosso relacionamento com Jesus do que com
o consentimento mental à teologia ortodoxa.

Recentemente, dois membros da minha equipe participaram de um


grande seminário para homens, o qual ocorreu durante um final de
semana. A pregação foi superficial e os pregadores tentavam
estimular o povo com “carisma emocional”. O último pregador foi o
Dr. Edwin Louis Cole, que entregou uma mensagem de refrigério,
direta e firme. Com humildade e amor, falou à enorme platéia sobre
nossa condição espiritual e o que devemos fazer agora. Depois da
palestra, um dos membros da minha equipe ouviu alguém
comentando sobre aquele sermão, dizendo que havia sido a única
“mensagem negativa” de todo o seminário. A palavra trazida
naquele dia pareceu-lhe negativa porque ela não queria ouvir a
verdade. Preferia pregações não confrontantes, regadas de
emoção, que lhe dissesse o que gosta de ouvir. Os membros da
minha equipe voltaram do evento desapontados com a atitude dos
participantes. Eles lamentaram: “É como se as pessoas estivessem
dizendo: “Não queremos a verdade! Fale-nos algo que nos faça
sentir bem!”

Aquilo que Paulo previu está acontecendo agora mesmo, diante de


nossos próprios olhos: “Pois virá o tempo em que não suportarão a
sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão
mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se
recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos” (II
Timóteo 4:3-4).

Uma das coisas de que o Corpo de Cristo mais carece hoje, é


possuir o amor pela verdade. A verdade está pronta para receber
aqueles que a querem, mas ela machuca, com certeza. A carne se
protege porque não queremos encarar as implicações advindas da
verdade. É fácil ignorar ignorá-la e ridicularizar os mensageiros que
a anunciam. Meu querido amigo, só existem duas opções: ou você é
um daqueles que “recebem o amor da verdade a fim de ser salvo”
ou é um dos que “perecem”. Você amará a “mensagem da cruz” ou
ela continuará “loucura” para você?

O amor por este mundo está no coração de cada pessoa. A única


maneira de extirpá-lo é através de um profundo arrependimento e
através do processo de santificação descrito no capítulo 5. Esse
amor precisa ser exposto e eliminado. Paulo disse certa vez:
“Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para
mim, e eu para o mundo” (Gálatas 5:14). Somente a Cruz do
Calvário crucificará o amor pelo mundo, enraizado no coração do
homem.

A PROSTITUTA DA BABILÔNIA
O espírito que hoje ataca a Igreja e a tenta, não passa da expressão
moderna de algo muito antigo. O termo que denota o espírito do
kosmos, no Livro de Apocalipse, é “A Grande Babilônia”. Ela é o
espírito sedutor que oferece às pessoas uma vida longe de Deus e
de Seu governo. Ao longo de todo este livro, procurei apresentar
algumas maneiras de como esse espírito atua em nossa vida,
tentando afastar-nos da dependência de Deus.

No entanto, há uma segunda personalidade revelada na grande


visão de João. Trata-se da Prostituta da Babilônia. Precisamos nos
lembrar disto: para Deus, idolatria e adultério são termos que estão
intimamente ligados. Ele tem um povo que o considera Sua esposa.
Nos tempos do Antigo Testamento, era a nação de Israel; hoje, esse
conceito refere-se à Noiva de Cristo — a Igreja. Bem, adúltera é a
noiva que tem sido infiel ao seu marido. A Prostituta da Babilônia é a
parte infiel da Igreja, aquela que tem dormindo com o Inimigo. “A
prostituta é a Igreja apóstata, assim como a mulher (Apocalipse 12)
é a Igreja infiel...” diz o comentário de Jamieson, Fausset, Brown (c.
1870). “(Ela abrange) toda a Igreja apóstata; seja romana, grega ou
mesmo protestante, uma vez que tenha abandonado seu ‘primeiro
amor’ (Apocalipse 2:4) a Cristo, o Noivo celestial, e dedicado seu
amor a ídolos mundanos”. 2

O Pulpit Commentary (Comentário do Púlpito), também escrito há


mais de um século, isto é, antes de dar-se início ao presente
engano – quando a mente humana ainda não estava tão
contaminada pelas influências do espírito do anticristo –, traz a
seguinte observação acerca da Prostitua da Babilônia:

Observe a incrível semelhança entre essas palavras e aquelas de


Apocalipse 21:9; note o contraste entre a Noiva, a esposa do
Cordeiro, e a prostituta que está relacionada com a besta… Parece
não haver dúvidas de que essa figura descreve a porção
degenerada da Igreja de Deus. (1) Como já vimos, esse simbolismo
é usado pelo apostolo João para retratar a infidelidade daqueles que
servem a Deus apenas da boca para fora...

Sempre que os cristãos escolhem o favor do mundo, ao invés de


abominá-lo; sempre que consideram suas glórias como algo
almejável, ao invés de desprezá-las; sempre que preferem “o jeito
mais fácil”, ao invés de perseverar nas tribulações; sempre que
amam os prazeres mais do que a renúncia; sempre que se
entregam à cobiça, ao invés de darem generosamente o que
possuem — aí encontraremos a manifestação do espírito da
Babilônia...

A prostituta é a Babilônia, ou seja, a porção mundana da Igreja.


Ainda que seja nominalmente cristã, é, na verdade, idêntica ao
mundo; totalmente contra Deus. Essa porção infiel da Igreja de
Cristo (embora tenha aparência de cristã) é a mãe, ou seja, a
causadora da infidelidade a Deus. Sabemos que isso é verdade
porque muitos crentes, cuja mente é carnal, levam mais pessoas a
desobedecerem e serem infiéis a Deus do que os que
declaradamente se Lhe opõem...

O segundo versículo, portanto, declara que essa porção infiel da


Igreja preferiu render ao mundo, o amor que é devido a Deus. Eles
se apegaram às riquezas deste mundo ao invés de acumular
tesouros no Céu. 3

A GRANDE APOSTASIA
Quando esta era chegar ao fim, a maioria dos cristãos correrão o
risco de entregar-se ao espírito do anticristo. Quando Paulo
alertanos sobre a poderosa natureza do engano que acompanhará o
Anticristo, ele também afirma que antes de nos encontrarmos “com
o Senhor nos ares”, “virá a apostasia” (II Tessalonicenses 2:3). Em I
Timóteo 4:1, o apóstolo usou uma forma diferente da mesma
palavra grega, escrevendo: “O Espírito diz claramente que nos
últimos tempos alguns abandonarão a fé...” Jesus também Se
referiu à apostasia como sendo uma das características espirituais
dos dias que antecederão a Sua volta, quando disse: “muitos ficarão
escandalizados” (Mateus 24:10).

O que é apostasia? O Dicionário Bíblico Strong define a palavra


grega apostasia como uma “defecção da verdade… deserção,
abandono”. 4
A International Standard Bible Encyclopedia (Enciclopédia
Internacional Padrão da Bíblia) aprofunda ainda mais o seu
significado: “afastar-se de algo, cair, retirar-se, defecção, abandono
da fé”. 5

A edição americana do Dicionário Vine, por sua vez, traz: “uma


defecção, revolta...abandono... palavra politicamente usada para se
referir a rebeldes”. 6

Há duas coisas que se sobressaem nessas definições. Primeiro, a


palavra significa abandono de algo que a pessoa já teve um dia. No
que diz respeito às crenças religiosas, constituiria o abandono de
um relacionamento com Deus, outrora existente. Essa palavra não
faz alusão, como alguns ensinam, a alguma denominação religiosa
que se esfriou espiritualmente. Ele fala sobre pessoas, não
organizações. São cristãos que abandonaram o relacionamento que
tinham com o Senhor. No homem interior
– aquele lugar dentro de nós que só Jesus conhece –, essas
pessoas renunciaram a Deus. E por ainda manter uma aparência de
Cristianismo, serão julgados e terão “lugar com os hipócritas, onde
haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 24:51).

Segundo, é muito interessante notar que essa palavra grega não


somente descreve os que abandonaram suas crenças religiosas,
mas os que não se sujeitam à autoridade. O espírito do anticristo é
quem alimenta e estimula a rebelião contra a autoridade de Deus.
Certamente ele é capaz de atuar no coração e na mente dos
cristãos. Somos rebeldes por natureza e o Diabo adora cultivar essa
tendência nos cristãos.

Já temos visto essa grande apostasia, assim como foi prevista. O rio
de engano está transbordando. Todos estão sendo empurrados na
direção da grande cascata, a qual lançará seus habitantes no lago
de fogo. É o caminho amplo, o caminho do kosmos. Jesus foi
extremamente cuidadoso em mostrar-nos a rota de fuga. No
Sermão Profético, advertiu Seus discípulos, repetidamente, a
estarem PRONTOS, ALERTAS e ATENTOS! A advertência está aí;
cabe a nós ouvi-la, ou não.

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele


dia virá a apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o
filho da perdição. (II Tessalonicenses 2:3) Mas nós viemos de Deus
e pertencemos a Deus. Todo aquele que O conhece, compreende-
nos e nos dá ouvidos. E é claro que as pessoas que não querem
nem saber de Deus, não nos dará ouvidos. Este é mais um teste
para distinguirmos o Espírito da Verdade do espírito de engano. (I
João 4:6 – adaptação da The Messege Bible feita pelo revisor)

Senhor, mantém-me perto do Calvário. Ajuda-me a amar a Cruz,


mesmo que isso signifique tornar minha vida desconfortável. Não
quero ser como os que resistem à verdade, pelo fato de ela dar um
novo rumo para a minha vida. Reconheço, de pronto, que posso ser
facilmente enganado. Torna-me, portanto, surdo para a voz do
enganador. Ajuda-me a permanecer no Caminho Estreito! Liberta-
me do domínio do pecado! Em nome de Jesus. Amém.

Capítulo 14

Prontos para o Senhor

“Uma igreja que não vigia, logo se tornará profana... A principal cura
para a igreja encontra-se no fortalecimento de sua vida espiritual.
Quando vivemos perto de Jesus, quando bebemos da Fonte da
verdade e pureza eternas, quando nos tornamos pessoalmente
sinceros e puros, então, Deus, o nosso Guardador, cuidará de nós.
Da mesma forma, a heresia, a falsa doutrina e a impureza são
mantidas à distância. Sentinelas que cochilam são como um convite
ao Inimigo. Aquele que deixa a porta aberta, pede ao ladrão que
entre. A vigilância é sempre lucrativa; a preguiça, sempre
perigosa”.1 C. H. Spurgeon
DEPOIS DO CALVÁRIO, A VOLTA DE JESUS CRISTO será o evento mais

importante do planeta Terra. Os santos têm esperado pelo Seu


retorno pacientemente, por quase 2.000 anos. Você consegue
imaginar o que Sua presença significará para este mundo?

Em vários períodos da história, os sinais dos tempos pareceram


apontar para a Sua volta. No entanto, ainda permanece uma
questão difícil de responder: Como o Anticristo conseguirá tamanho
domínio sobre as economias mundiais, a ponto de ninguém poder
comprar ou vender sem o seu nome, número ou marca? A geração
de hoje sabe a resposta: os computadores modernos, de altíssima
velocidade, tornam isso possível. Existem sistemas de
computadores que podem tomar 1,2 trilhões de “decisões” por
segundo. Dada uma população mundial de 6 bilhões de pessoas,
isso significa uma proporção de 200 operações computacionais por
pessoa, a cada minuto! Além disso, a tecnologia dos computadores
torna possível monitorar as atividades de cada ser humano, em todo
o mundo, através de microchips implantados via cutânea. Muitos já
monitoram seus animais de estimação dessa forma!

Será que a Igreja, em meio a tempos tão difíceis como estes, está
espiritualmente pronta, alerta e sóbria? Será que os santos
realmente anseiam por apresentar-se perante Deus? Será que
vivem tão-somente para agradá-Lo, apegando-se-Lhe ainda mais
em função últimos dias? Lamentavelmente, os sinais indicam que
não. A grande maioria dos que se denominam seguidores de Cristo
está, a bem da verdade, muito mais preocupada perguntando-se
quem será o campeão da próxima Copa do Mundo ou quem será o
próximo Presidente. Muitos acham que vigiar pela Segunda Vinda é
o mesmo que ler livros sobre a Tribulação ou assistir a filmes sobre
os que permaneceram na Terra após o “arrebatamento”. Não
compreendem que o espírito do kosmos conseguiu transformar
aquilo que chamamos de “vigiar” em entretenimento cristão. O que
deveria estar preparando seu coração para o retorno de Cristo está,
pelo contrário, contaminando-os e cauterizando-lhes a sobriedade!
Já outros, julgam-se preparados porque estudam gráficos e tabelas
sobre o fim dos tempos, quando, na verdade, o conhecimento
superficial das profecias não prepara ninguém para viver os últimos
dias.

A HORA DA TENTAÇÃO
Dois temas principais são abordados por Jesus em Seu Sermão
Profético (Mateus 24 e 25; reforçado em Lucas 21). O primeiro,
encontrado em Mateus 24:1-41, é uma visão geral dos sinais
naturais e espirituais que marcarão o final dos séculos, com um
incisivo alerta contra o engano. O segundo, que servirá de base
para este capítulo, começa no versículo 42 e estende-se até o fim
do capítulo 25. Trata-se de uma advertência urgente para estarmos
prontos, corroborada por diversas parábolas que não apenas
descrevem a importância de estarmos prontos, mas o como
preparar-se.

Jesus podia contemplar a terrível batalha que sobre os discípulos


sobreviria, quando todos os principados e potestades das trevas
opôr-se-lhes-iam antes de Seu retorno. Ele viu o dia em que
Satanás e seus anjos fariam de tudo para distrair, seduzir e
desgastar o povo de Deus, mantendo-o longe do verdadeiro anseio
pela Sua volta. Ele assegurou: “Portanto, vigiem, porque vocês não
sabem em que dia virá o seu Senhor... Assim, vocês também
precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa
hora em que vocês menos esperam” (Mateus 24:42,44). Esta
admoestação foi seguida por duas parábolas: O Servo Fiel e o
Servo Mau (Mateus 24:45-51) e a Parábola das Dez Virgens
(Mateus 25:1-13). Esta, é concluída com as seguintes palavras:
“Portanto, vigiem, porque vocês não sabem o dia nem a hora!”

Jesus estava muito preocupado com a atenção espiritual de Seu


povo no final dos séculos.
Para compreendermos a dimensão desse alerta, precisamos
atentar-nos à advertência que Jesus deu aos discípulos há dois mil
anos trás, quando o poder do Diabo foi bombardeado contra Ele no
Jardim do Getsêmani. De certa forma, os eventos daquela noite
prenunciaram o que os crentes podem esperar quanto ao fim desta
era.
Então Jesus foi com seus discípulos para um lugar chamado
Getsêmani e lhes disse: “Sentem-se aqui enquanto vou ali
orar”. Levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu,
começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes então:
“A minha alma está profundamente triste, numa tristeza
mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo”. Indo um pouco mais
adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: “Meu Pai,
se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja
como eu quero, mas sim como tu queres”. Depois, voltou
aos seus discípulos e os encontrou dormindo. “Vocês não
puderam vigiar comigo nem por uma hora?”, perguntou ele
a Pedro. “Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O
espírito está pronto, mas a carne é fraca.” E retirou-se outra
vez para orar: “Meu Pai, se não for possível afastar de mim
este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”. Quando
voltou, de novo os encontrou dormindo, porque seus olhos
estavam pesados. Então os deixou novamente e orou pela
terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Depois voltou aos
discípulos e lhes disse: “Vocês ainda dormem e descansam?
Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo entregue
nas mãos de pecadores.
(Mateus 26:36-45)
Podemos extrair dessa passagem alguns exemplos para os nossos
dias. Primeiro, vemos que Jesus deu-lhes instruções claras. Seu
senso de urgência era direto: “A minha alma está profundamente
triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo”. Durante
os três anos e meio em que seguiram Jesus, nunca O viram em
tamanho estado de agonia. Jesus disse-lhes mais de uma vez que
seria preso e crucificado, mas agora, estava “numa tristeza mortal”.
Esse foi um momento crucial na história do mundo, pois o conflito
que estava passando tratava-se de uma batalha de vida ou morte
pela humanidade. Suas palavras eram urgentes. Não era hora de
dormir!
O Mestre, que sempre Se mantinha calmo, estava tão agitado que
pediu a Pedro, Tiago e João, que os ajudasse em oração. Que
oportunidade para O ajudarem! Jesus esperou a oração deles nas
horas mais tenebrosas que passou na Terra. Há poucos metros de
distância, seus discípulos podiam vê-Lo agonizando em oração.
Talvez pudessem ouvi-Lo clamar ao Pai. Não obstante o momento
tão crítico, eles foram vencidos pelos poderes das trevas e caíram
no sono. Como isso foi possível?
É interessante observar que, quando Jesus aproximou-Se dos três
discípulos adormecidos, Suas palavras foram dirigidas somente a
Pedro. Era o mesmo homem que, há duas, horas exclamara
enfaticamente: “Estou pronto para ir contigo para a prisão e para a
morte!” (Lucas 22:33). “Darei a minha vida por ti!”, ele declarou tão
confiante (João 13:37). Pedro tinha uma idéia extremamente
exagerada quanto à sua prontidão ante ao que viria. Infelizmente,
muitos cristãos possuem a mesma presunção!
Os discípulos estavam confiantes, mas havia algo que não
entendiam. “Vigiem e orem para que não caiam em tentação”. Jesus
havia-lhes dito isso porque “o espírito está pronto, mas a carne é
fraca”. Será que entenderam o recado? Será que sabiam, de fato, o
quão fraca era a sua carne? Suas boas intenções dissiparam-se
diante do ataque espiritual que enfrentaram naquela noite.*
Hoje em dia, muitos crentes cometem esses mesmos erros.
Acreditam piamente que estão prontos. Cantam sobre isso. Ensinam
isso. Gabam-se disso! Em vez de apresentarem a devida
sobriedade em situações como essa, fazem-se assustadoramente
negligentes. Salomão disse: “O prudente percebe o perigo e busca
refúgio; o inexperiente segue adiante e sofre as conseqüências”
(Provérbios 22:3). Cheios de confiança, os “freqüentadores de
igreja” cambaleiam por aí, sem a menor prudência, não percebendo
que a volta de Cristo está às portas! Estão tão Contaminados com a
Babilônia que não são capazes de discernir a realidade espiritual ao
seu redor. Estão como peixes fora d’água!
* Precisamos entender que os discípulos não conseguiram manter-se acordados. Até
aquele ponto, não dispunham do poder de Deus para oferecer resistência ao Inimigo.
Entretanto, no Calvário, um poder espiritual tremendo foi liberado aos cristãos, o qual nos
capacitará a permanecer firmes diante das tentações. Precisamos, portanto, observar que
os discípulos realmente acordaram depois do Calvário. E, para compensar, acordaram o
mundo inteiro!

DORMINDO
Jesus usou diversas vezes uma mesma palavra para referir-Se à
Sua vinda. Que palavra é essa? “VIGIEM!” Porém, em geral, como a
Igreja do Cordeiro, estamos dormindo, letárgicos, com os olhos
espirituais pesados de sono. Jesus está bradando: “Vigiem!
Permaneçam alertas! Acordem!”

Como podemos continuar tão espiritualmente sonolentos se, muito


em breve, entraremos no momento mais urgente de toda a
humanidade? Onde está o zelo por Deus? Por que será que quando
o assunto é o nosso emprego, esgotamo-nos de tanto trabalhar, ao
passo que, quando falamos sobre alimentar os pobres, acolher os
desabrigados e visitar os presos, não “damos a mínima”? Como
será que conseguimos assistir à televisão por tantas horas e não
conseguimos dedicar sequer uns minutinhos para ler a Palavra de
Deus? Por que será que os santos fazem tanto caso das
“ofensinhas” que acabam sofrendo, mas são incapazes de chorar
uma única lágrima por seus vizinhos que estão indo para o Inferno?
Porque será que nós, cristãos, não tememos e trememos diante de
Cristo, que deu Sua vida para nos salvar? É simples. Estamos
dormindo... roncando! Temos sido “vencidos” pelo espírito do
anticristo. (Daniel 7:25) Será que a nossa suposta “paz com Deus”
não passa do resultado de feitiços e encantamentos satânicos, os
quais cauterizaram nosso entendimento?

O fato é que nada neutraliza tanto a sensibilidade espiritual quanto o


kosmos. Até mesmo os crentes mais bem-intencionados vêem sua
devoção por Deus desaparecendo na poluída atmosfera da
Babilônia. Nada suga tanto o amor pelo Pai quanto “as coisas deste
mundo”. Não é estranho estarmos tão acordados quando o assunto
é a nossa vida na Babilônia? Quando se trata de Mamom,
levantamos cedo e dormimos tarde. Nossa atenção é
exclusivamente dirigida aos placares esportivos, aos filmes em
cartaz, aos seriados de TV, aos bastidores da política e às últimas
fofocas sobre as celebridades.

A Igreja de hoje está como Sansão, dormindo tranqüilamente no


colo de Dalila; não percebe o som da tesoura que lhe corta o cabelo;
não percebe que o poder de Deus está sendo-lhe sugado neste
exato momento. A voz do kosmos canta agradáveis canções e suas
carícias aperfeiçoam a sedução. Asseguro-lhe que Satanás e seus
cúmplices “filisteus” estão bem acordados, preparados do lado de
fora, enquanto repousamos nos braços de nosso Inimigo sedutor.

Não é de admirar que Jesus tenha perguntado: “Contudo, quando o


Filho do homem vier, encontrará fé na terra?” (Lucas 18:8b). No
Getsêmani, Jesus procurava por aqueles que vigiassem e orassem
com Ele. Hoje, Ele procura por vigias fiéis que PRECISAM
permanecer acordados. Estas palavras que o Diabo provavelmente
disse a Jesus: “Tu não és capaz de encontrar alguém que realmente
se importe com a Tua vinda. Olha só para eles! Vivem pelo que lhes
dou, não pelo que lhes ofereces. Estarão todos DORMINDO quando
retornares!”, são próprias do pai da mentira! Ele não teria motivos
para tentar Jesus se não estivesse certo de que um remanescente
permaneceria fiel.

PRONTOS PARA A VINDA DO SENHOR À medida que nos


aproximamos da volta de Jesus, a batalha entre o bem e o mal
(entre a luz e as trevas) se intensificará cada vez mais. A tentação
de fartar-se no banquete do Diabo aumentará e muitos se
entregarão à preguiça espiritual, enquanto devoram suas deliciosas
guloseimas.

Os cristãos precisam aprender IMEDIATAMENTE a dizer “NÃO!”


para o sistema deste mundo, se pretendem permanecer inabaláveis
diante das tribulações que rapidamente se aproximam. Jesus disse
aos discípulos: “Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O
espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26:41).

É imperativo que nós, como crentes, reconheçamos a fraqueza de


nossa carne. Precisamos admitir que não estamos tão preparados
assim para o conflito iminente. Se não nos humilharmos e não
concordarmos com Jesus quanto à gravidade de nossa condição
atual, nunca buscaremos a ajuda de que precisamos. Jesus disse:
“Não são os que (pensam que) têm saúde que precisam de médico,
mas sim os doentes. Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo
misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos
(segundo a sua própria justiça), mas pecadores” (Mateus 9:12-13).
Um fariseu nunca enxergará que está doente. Seu orgulho ergue
muralhas para desconsiderar o diagnóstico de Jesus acerca de sua
condição. Será que você sabe de fato o quão fraca é a sua carne?

É igualmente imprescindível que “vigiemos e oremos.” Jesus usou a


palavra “vigiem” muitas vezes no Sermão Profético, em Mateus 24,
Marcos 13 e Lucas 21. Os apóstolos Paulo e Pedro, em suas
epístolas, também apresentam essa mesma ordem, chamando-nos
à sensatez e à sobriedade, mental e espiritual. Há dois aspectos em
“vigiem” que precisam ser considerados. O primeiro não precisa de
muita explanação; é o significado natural que atribuímos às palavras
alerta e sóbrio. Paulo escreveu: “Portanto, não durmamos como os
demais, mas estejamos atentos e sejamos sóbrios” (I
Tessalonicense 5:6) e: “Estejam vigilantes, mantenham-se firmes na
fé, sejam homens de coragem, sejam fortes” (I Coríntios 16:13).
Pedro disse: “Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês,
anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa
devorar” (I Pedro 5:8).

Talvez entendamos melhor esse conceito se o compararmos a um


vigia militar. No Vietnã, os soldados sabiam que estavam
enfrentando um inimigo incansável, que aproveitaria todas as
oportunidades para invadir seu acampamento. A segurança do
batalhão dependia inteiramente da habilidade de permanecer
acordados à noite e, principalmente, antes do amanhecer, quando o
ataque inimigo era mais provável.

A parábola sobre o servo que esperava o retorno de seu senhor


(Mateus 24:42-45) e a parábola das virgens prudentes e
imprudentes, ratificam esse significado de vigilância. A aplicação é
muito clara: temos de permanecer alertas, sóbrios e vigilantes, até
mesmo nas horas mais escuras da noite.

Contudo, ainda há um significado mais profundo para a palavra


“vigiar” em Mateus 24 e 25. Fala-nos a respeito da qualidade da vida
espiritual de alguém.

O SERVO FIEL E O SERVO MAU


A parábola dos dois servos amplia nosso entendimento sobre o que
significa vigiar:

Quem é, pois, o servo fiel e sensato, a quem seu senhor encarrega


dos de sua casa para lhes dar alimento no tempo devido? Feliz o
servo que seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar.
Garanto-lhes que ele o encarregará de todos os seus bens. Mas
suponham que esse servo seja mau e diga a si mesmo: ‘Meu senhor
está demorando’, e então comece a bater em seus conservos e a
comer e a beber com os beberrões. O senhor daquele servo virá
num dia em que ele não o espera e numa hora que não sabe. Ele o
punirá severamente e lhe dará lugar com os hipócritas, onde haverá
choro e ranger de dentes.
(Mateus 24:45-51)

Jesus quis desenhar o seguinte quadro: dois servos, dois opostos.


O primeiro, quando seu senhor retorna, é considerado “feliz”, pois foi
achado alimento os outros. Se o seu senhor aparecesse, de
repente, na calada da noite, esse servo não teria nada a temer. Ele
mantinha-se ocupado, fazendo o que lhe fora mandado. Da mesma
forma, quando o Senhor aparecer, aqueles que se assemelham a
esse servo “ter[ão] confiança e não ser[ão] envergonhados diante
dele na sua vinda” (I João 2:28). Assim como os tessalonicenses,
eles reconhecem a necessidade de estarem prontos: “Pois vocês
mesmos sabem perfeitamente que o dia do Senhor virá como ladrão
à noite. Quando disserem: ‘Paz e segurança’, a destruição virá
sobre eles de repente, como as dores de parto à mulher grávida; e
de modo nenhum escaparão” (I Tessalonicenses 5:2-3).

Já o segundo, quando seu senhor retorna, é considerado “mau”,


pois não se preocupava com as necessidades dos que estavam sob
seu comando; não cuidavam que seu senhor poderia voltar a
qualquer instante. É assim que Pedro descreve os que se
assemelham ao servo mau: “Antes de tudo saibam que, nos últimos
dias, surgirão escarnecedores zombando e seguindo suas próprias
paixões. Eles dirão: ‘O que houve com a promessa da sua vinda?
Desde que os antepassados morreram, tudo continua como desde o
princípio da criação’” (II Pedro 3:3-4). Que “paixões?” “A cobiça da
carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens” (I João 2:16).
Nossa atitude, profundamente enraizada, é: “Está tudo bem. Não há
nada com que se preocupar”.

O servo “mau” também espancava seus companheiros; não


fisicamente, é claro, mas interiormente. Jesus refere-Se à atitude do
coração. Essa pessoa é rígida com os outros; critica e julga a todos.
Talvez seja hostil com aqueles que passaram por cima da sua
vontade. Talvez guarde rancor daqueles que o ofenderam. Se em
algum dia chegou a demonstrar o mínimo de amor verdadeiro pelo
próximo, então, este amor já se esfriou por completo.

Jesus também disse que o servo “mau” estava comendo quando


seu senhor retornou. Isso representa a vida fundamentada nos
prazeres da carne. Como nos dias de Noé, ele estava comendo,
bebendo, comprando, vendendo e construindo (Lucas 17:26-28).
Em outras palavras, essa pessoa estava vivendo para o seu “eu”,
isto é, para a satisfação temporal. Ele não tinha nenhum tempo para
dedicar-se ao próximo.
Por fim, ele é encontrado “bebendo” com beberrões. A embriaguez
caracteriza aqueles que estão fora de sintonia com a realidade. Está
tão embriagado com o espírito do mundo que não faz a menor idéia
do que acontece ao seu redor; não sabe nem o propósito de sua
vida. Ele está fora de sintonia com a realidade.

Você sabe o que está reservado para o servo “mau”, que se recusa
a preparar-se para o retorno de seu senhor? Jesus diz que ele será
enviado a um lugar especial, no Inferno, preparado especialmente
para aqueles que viveram um Cristianismo de fachada, sem uma
verdadeira intimidade com Deus. Seu Senhor “o punirá severamente
e lhe dará lugar com os hipócritas, onde haverá choro e ranger de
dentes” (Mateus 24:51).

A verdade expressa nessa parábola é reforçada nas outras três de


Mateus 25. As Virgens Prudentes e Imprudentes corroboram a
mesma advertência: “Portanto, vigiem, porque vocês não sabem o
dia nem a hora!” (Mateus 25:13). A história dos “Talentos” e das
“Ovelhas e os Bodes” são unânimes em afirmar: quando
comparecermos perante Deus, o amor ao próximo terá sido um dos
fatores mais importantes para permanecermos inabaláveis. Meu
querido, o que o Espírito Santo está falando a você?

CORRENDO DE UM LADO PARA O OUTRO Outro fator que nos


auxiliará a permanecer alertas, espiritualmente, encontra-se no
Evangelho de Lucas. Jesus disse: “Tenham cuidado, para não
sobrecarregar o coração de vocês de libertinagem, bebedeira e
ansiedades da vida, e aquele dia venha sobre vocês
inesperadamente” (Lucas 21:34). Na literatura secular, a palavra
“libertinagem” descreve as conseqüências de uma noitada. A
pessoa fica de ressaca, sente-se mal, exausta e vazia. No âmbito
espiritual, a libertinagem refere-se a uma vida improdutiva, ou seja,
à esterilidade espiritual, resultado de uma vida repleta de atividades
mundanas.
Nosso mundo pós-moderno pode ser muito bem definido pela
palavra “ação”. Estamos vivendo em tempos onde os afazeres
deixaram de ser apenas afazeres. As pessoas estão em constante
atividade, correndo, movimentando-se. Coloque-se numa esquina
movimenta e permaneça parado por alguns segundos. Logo você
verá o estresse gravado no rosto das pessoas. Encoste-se sob uma
passarela e observe a quantidade interminável de carros, a toda
velocidade, geralmente conduzidos por motoristas frustrados ou
irados. Estacione perto de um aeroporto e note que os aviões,
lotados, vêm e vão, de todas as partes do mundo. Decerto o mundo
está a todo vapor. E é claro que isso foi profetizado nas Escrituras,
como uma das evidentes características do final dos tempos:
“Muitos correrão (em hebraico, shut: ir apressadamente) por todo
lado em busca de maior conhecimento” (Daniel 12:4).

Tornamo-nos, por assim dizer, viciados nesse estilo de vida


apressado. Na verdade, os especialistas em televisão dizem que,
para de prenderem a atenção do telespectador, a cena deve mudar
na tela a cada três segundos. Se não o fizerem, eles ficarão
entediados e mudarão de canal! Será que a tendência não é
continuar, visto que os jovens de hoje, hipnotizados pelos
videogames, têm-se tornado a fonte de inspiração da sociedade
moderna?

Uma das tristes implicações desse viver frenético é o alto nível de


impaciência na vida das pessoas. Nossas decisões são afetadas
pela rapidez com que completamos uma determinada tarefa. Ray
Kroc foi o primeiro a ganhar dinheiro com esse novo fenômeno,
quando abriu uma rede de lanchonetes fast-food (literalmente,
comida rápida) chamada McDonald’s™ Seu sucesso grandioso
certamente não provinha da qualidade da comida, mas do fato de
que era entregue instantaneamente, sem espera. Em nossa vida
apressada, queremos tudo AGORA!

Não poderia deixar de mencionar que a carne se deleita nesse tipo


de ambiente. Não é interessante que a terceira e quarta
características do fruto do Espírito, citado em Gálatas 5, sejam paz
e paciência (listados a frente de qualidades como longanimidade,
bondade, fidelidade, mansidão, etc.). O autor do livro de Hebreus
não poderia ter sido mais direto quando escreveu: “Vocês precisam
perseverar...” (Hebreus 10:36). Estas são as palavras mais
adequadas que existem para os “freqüentadores de igreja” de hoje.

Os pastores e líderes não são uma exceção à “regra”. A liderança


de hoje, com agendas lotadas, telefones que não param de tocar,
pilhas de cartas e e-mails para responder, correndo de uma reunião
para outra, parecem mais empresários do que pastores de um
rebanho. Imagine o efeito devastador que isso tem sobre as
ovelhas. Seria muito prudente se dermos ouvidos à advertência de
Corrie Ten Boom: “Acautelai-vos da esterilidade de uma vida
atarefada”.

A grande verdade é que temos perdido a capacidade – até mesmo o


desejo – de aquietar-nos diante de Deus e ouvir Sua voz. Era o
lugar secreto, encontrando no deserto (lugar de tédio inigualável
para os cristãos de hoje), que gerava homens cheios do Espírito,
como Moisés, Davi e Paulo. Há cerca de cem anos atrás, época
relativamente recente, os pastores ainda entendiam o que
significava sentar e esperar em Deus. Eles aprenderam a receber
inspiração divina para conduzir as ovelhas, através da disciplina de
esperar em Deus.

Infelizmente, a maioria dos pastores trocou a voz de Deus pelo


rugido do kosmos, produzido pela mídia. Perderam a sensibilidade
espiritual e a capacidade de ouvir a doce e suave voz do Espírito.
Em vez de mortificar a carne e dedicar um tempo diário para
ensopar-se na presença de Deus, diminuem seu tempo de oração e
entregam-se às programações e tarefas do dia. Em vez de orar pela
unção de Deus e Suas revelações, que têm o poder para
transformar vidas, eles preparam sermões colhendo informações de
livros a apresenta-as numa bela e empacotada mensagem de três
tópicos.
Não é de admirar que a Igreja — com todos os seus programas,
projetos de construção e atividades incessantes — produza frutos
tão secos e superficiais. Na verdade, parece que quanto mais os
pastores e líderes se esforçam para cumprir as suas atividades,
menos frutos eternos eles produzem. Em vez de esperar e ouvir a
direção de Deus, seguindo calmamente o fluir do Espírito, a
liderança, em sua maioria, tenta cumprir os seus deveres com a
força do próprio braço. Diante de tal atitude, o profeta exclamou:
“Vocês têm plantado muito, e colhido pouco… Vocês esperavam
muito, mas, eis que veio pouco” (Ageu 1:6, 9). O salmista escreveu:
“Se não for o SENHOR o construtor da casa, será inútil trabalhar na
construção…” (Salmo 127:1). Jesus disse: “Eu sou a videira; vocês
são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará
muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma”
(João 15:5).

Certa vez ouvi dizer que Deus Se move em grande silêncio. Ele é o
grande EU SOU, que habita fora da esfera e da influência do tempo.
Este será um dos maiores segredos para permanecermos
inabaláveis na volta de Cristo: habitar em Seu Espírito. Ler livros de
ficção sobre o final dos tempos, assistir a filmes sobre a
“Tribulação”, até mesmo o estudo da Escatologia, não preparará
ninguém para a vinda do Senhor. A única maneira de preparar-nos é
andando no Espírito, mantendo-nos livres das contaminações do
mundo e vivendo o amor de Deus. “Feliz o servo que seu senhor
encontrar fazendo assim quando voltar” (Mateus 24:46).

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Fique alerta! Permaneça em oração, para que não entre na zona de


perigo sem percebê-lo. Não seja ingênuo. Uma parte de você está
desejosa, pronta para fazer qualquer coisa por Deus. Porém, a outra
é tão preguiçosa quanto um urso hibernando no inverno. (Marcos
14:38 – adaptação da The Messege Bible feita pelo revisor)
Não deixem fundir o seu motor; permaneçam cheios de fogo e
combustível. Vigiem, servos do Mestre, mantendo a alegria da
esperança. Não se demita quando as coisas apertarem; ore cada
vez mais! (Romanos 12:11-12 – adaptação da The Messege Bible
feita pelo revisor)

Senhor, reconheço que tenho estado bem acordado em relação às


coisas deste mundo: notícias, esportes, diversão, etc. Mas, por outro
lado, tenho dormindo em relação às questões espirituais. Acorda-
me, Senhor! Ajuda-me a ter uma mente sóbria e alerta. Coloca uma
expectativa celestial em meu coração. Faze com que eu anseie por
santidade. Não permitas que eu durma nesta presente era de
trevas, mas que eu esteja vigilante para a volta de Cristo. Em nome
de Jesus. Amém.

Capítulo 15

A Queda da Babilônia

“Como você caiu dos céus,ó estrela da manhã, filho da alvorada!


Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Você, que
dizia no seu coração: ‘Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima
das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no
ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais
altas nuvens; serei como o Altíssimo’. Mas às profundezas do Sheol
você será levado, irá ao fundo do abismo!’” 1
Profeta Isaías, ao “rei da Babilônia” (Isaías 14:12-15)

“Ai! A grande cidade! Babilônia, cidade poderosa! Em apenas uma


hora chegou a sua condenação!” 2
Amantes da Babilônia, lamentando a sua queda (Apocalipse 18:10)

QUANDO O REI DA BABILÔNIA LEVANTOU-SE CONTRA JERUSALÉM, em

605 a.C., um evento muito importante aconteceu no reino espiritual.


Talvez centenas de jovens judeus tenham sido levados cativos,
arrastados por correntes, até os planaltos da Síria, seu novo lar na
Mesopotâmia. Foi uma jornada para o leste, aterrorizante para
muitos do povo escolhido de Deus.

Quando chegaram à terra de seus captores, os babilônios dividiram-


nos em grupos. Poucos conseguiram ter algum tipo de vida lá.
Outros foram cruelmente escravizados. Mas um grupo de jovens foi
separado para uso exclusivo de Deus, e teriam uma vida diferente.
Eles entraram num programa de treinamento especial, com duração
de três anos, para poderem servir ao rei em seu palácio.

Eles provavelmente testemunharam centenas de seus irmãos sendo


escravizados, arrastados por correntes. Não podemos ter mais que
uma breve idéia do que tais cenas significaram àqueles jovens.
Decerto eles foram fortemente tentados a agradar seus novos
mestres, de todas as maneiras, em função da crueldade com que os
babilônios eram conhecidos por todo o mundo. A menor infração
poderia acarretar em punição brutal. Contudo, o medo da tortura
física não deve ter influenciado esses jovens judeus mais do que o
futuro que os aguardava: serem treinados para a corte do rei! A
Babilônia era a maior nação da Terra; servir na corte real era
considerado o maior privilégio de todos. O poder que emanava do
salão real de Nabucodonosor era amedrontador, intimador e
esmagador. Quem poderia resisti-lo? Exigia reverência absoluta.
Todos os que já estiveram ao lado de pessoas poderosas e
influentes entende a pressão a ser suportada.

Nesse cenário, apareceram quatro jovens judeus chamados Daniel,


Hananias, Misael e Azarias. “Daniel, contudo, decidiu não se tornar
impuro com a comida e com o vinho do rei, e pediu ao chefe dos
oficiais permissão para se abster deles” (Daniel 1:8). Daniel fazia
tudo o que lhe era mandado, até certo ponto. Ele se recusou a abrir
mão dos mandamentos de Deus. Preferiu a obediência às riquezas
da Babilônia. Essa convicção caracterizou sua vida pelos 70 anos
seguintes.
A FESTA DE BELSAZAR

Muitos anos se passaram. O reino da Babilônia viu muitos


governantes irem e virem. Por fim, Belsazar, um dos netos de
Nabucodonosor, tornou-se rei.

Num dia fatídico, certo emissário do novo rei trouxe uma mensagem
a Daniel, convidando-o a um banquete especial. Todos os nobres e
dignitários da nação compareceriam. Seria como uma “festa no
Planalto Central” para o presidente e seus ministros. Sem que
Belsazar o soubesse, aquela seria a sua última refeição. Naquele
exato momento, Dario, o medo-persa, tomara o caminho contrário
do Rio Eufrates e invadiria a Babilônia com seu exército.

Fartar-se e embriagar-se com vinho no banquete de Belsazar é uma


ilustração do “viver a vida” na terra, alheio ao iminente juízo. Trata-
se do espírito pelo qual os judeus viviam. Jesus lhes disse: “A
verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os
sinais miraculosos, mas porque comeram os pães e ficaram
satisfeitos” (João 6:26). Essa é a mesma atitude expressa pelo
servo mau de Mateus 24, que estava comendo e bebendo com
beberrões quando seu Mestre retornou. É o que Jesus predisse
quando falou: “Assim como foi nos dias de Noé, também será nos
dias do Filho do homem. O povo vivia comendo, bebendo, casando-
se e sendo dado em casamento, até o dia em que Noé entrou na
arca. Então veio o Dilúvio e os destruiu a todos” (Lucas 17:26-27).

A Babilônia representa uma vida no kosmos, separada de Deus. É


uma vida dominada pela vontade própria, autosuficiência e pelo
amor aos prazeres carnais. É, por sua vez, uma vida que pode ser
muito atraente, quase irresistível; até mesmo para o crente. Nesta
nossa analogia, o mundo está em festa e o espírito do anticristo é o
rei babilônio que a oferece. A vida de Daniel é um exemplo para
todos os cristãos. Ele viveu na Babilônia sem ser contaminado pelo
seu espírito ou seduzido pelo seu encanto.
Coincidentemente, ambos os grupos representados nessa história
podem ser encontrados na Igreja de hoje, ao redor de todo o
mundo. A maioria esmagadora vive, dia e noite, tãosomente para
satisfazer a carne com o que a Babilônia lhes oferece.
Externamente, podem até se dizer cristãos, mas seu coração e
estilo de vida contradizem sua profissão de fé. Paulo os reconheceu
em seus dias: “Pois, como já lhes disse repetidas vezes, e agora
repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de
Cristo. O destino deles é a perdição, o seu deus é o estômago e
eles têm orgulho do que é vergonhoso; só pensam nas coisas
terrenas” (Filipenses 3:18-19).

O outro grupo é constituído por aqueles que escolhem o caminho


estreito da Cruz, que são identificados por Jesus como os “poucos
escolhidos” em Mateus 20:16. Eles não serão flagrados
empanturrando-se na mesa do rei da Babilônia quando o seu Mestre
retornar. Em vez disso, serão conduzidos para “o banquete das
Bodas do Cordeiro”. A santidade e o amor pelo próximo
caracterizarão sua vida, mesmo estando na Babilônia.

O NOBRE AUSENTE
Teve um homem que se tornou notável em função de sua ausência
na festa de Belsazar: Daniel. Se Belsazar realmente o convidou ou
não, não sabemos. Sabemos, entretanto, que ele não compareceu.
Mesmo compreendendo plenamente aquela grande honra, sabendo
que sua ausência poderia dar fim à graça que tinha perante o rei,
Daniel não demonstrou interesse em comparecer a uma festa de
prazeres carnais. Talvez tenha ficado em casa naquela noite, de
propósito, para buscar a Deus. Talvez estivesse lendo as Escrituras
à luz de velas, estudando a vida de José na casa de Potifar. Ou
talvez lesse a história dos confrontos de Elias com Acabe e Jezabel.

Daniel estava tendo a sua própria festa, mas uma festa com Deus.
Ele não precisava de um cordeiro assado, porque fartavase com o
Pão da Vida. Ele não tinha vontade de beber o vinho que serviam,
porque bebia a Água Viva. Seu coração estava em Deus e buscava
os tesouros celestiais, não os despojos desta Terra. Mamom nunca
foi o seu deus.

É interessante observarmos que, quando apareceu a mão


escrevendo na parede, a rainha sabia a quem chamar. Ninguém foi
buscar a ajuda dos judeus indulgentes que tentaram apaziguar o rei
da Babilônia. Eles, como Ló e seus genros, perderam sua
credibilidade espiritual há muito tempo. A necessidade exigia um
homem de Deus, um homem que não negociasse seus princípios
nem deixasse de lado suas convicções bíblicas. Quando Daniel
apareceu, o rei imediatamente começou a oferecerlhe tudo o que se
possa imaginar. O monarca abalado bradou: “Você será vestido com
um manto vermelho e terá uma corrente de ouro no pescoço, e será
o terceiro em importância no governo do reino” (Daniel 5:16b).
Daniel, por sua vez, respondeu: “Podes guardar os teus presentes
para ti mesmo e dar as tuas recompensas a algum outro” (Daniel
5:17a). Daniel não estava interessado no que o rei poderia oferecê-
lo. Ele não podia ser comprado.

O mundo está na festa de Belsazar e nem o sabe. Juntamente com


eles, na mesma festa, estão muitos dos que invocam o nome de
Cristo. No entanto, ambos estão no mundo e são do mundo! Iludem-
se quando, alegremente, propõem um brinde atrás do outro,
embriagando-se com as coisas do mundo a cada minuto. Estão
celebrando. Tudo é motivo de festa. São como um pastor desviado
que freqüentou o bordel por muito tempo, sem achar que estava
errado. Cada vez que voltava, estava mais cauterizado e sua
autoconfiança era fortalecida. Repentinamente, durante uma noite, a
polícia invadiu o local e ele foi preso com todos que lá estavam.

A festa de Belsazar era, na verdade, a celebração de gala do


século; até que a tal mão apareceu e escreveu a seguinte
mensagem na parede: “Foste pesado na balança e achado em falta”
(Daniel 5:27). Os convidados estavam bêbados, completamente fora
de si. Não conseguiam entender que aquela seria a sua última noite
de farra. Como nos dias de Noé, “eles nada perceberam, até que
veio o Dilúvio e os levou a todos. nada perceberam, até que veio o
Dilúvio e os levou a todos. 39). Mal sabiam que, em questão de
momentos, o rei seria morto, a Babilônia cairia e todo o reino seria
virado de cabeça para baixo.

Jesus disse: “Assim também, quando virem todas estas coisas,


saibam que ele está próximo, às portas” (Mateus 24:33). Até o
presente momento, ainda existe tempo para escapar.

O PONTO DE DECISÃO
O verdadeiro cristão precisa fugir desta presente treva. Precisa sair
do meio desta bagunça e romper todos os laços com o inimigo (II
Timóteo 2:4). Ele não pode continuar andando de mãos dadas com
os que desprezam as coisas de Deus. Deve arrepender-se e
confessar tudo o que o afasta de Jesus. Deve deixar de confiar na
lógica natural de sua mente carnal e, humildemente, aceitar a mente
do Espírito (Romanos 8:7), permitindo que o Senhor lhe revele sua
tentativa de servir a dois senhores.

A graça de Deus capacita o crente a superar as pressões do mundo


(Tito 2:11-14). Sim, suas influências cativantes podem ser resistidas
e vencidas! O poder da cobiça pode ser quebrado (Gálatas 5:16). O
justo pode achar um lugar de refúgio (Salmo 46:1-3; Provérbios
18:10). A perigosa influência do sistema deste mundo pode ser
rompida (Salmos 119:78). Um seguidor de Cristo sincero fugirá das
seduções do mundo. Reconhecer a condição adúltera de seu
coração conduzi-lo-á ao genuíno arrependimento, levando-o a
ajoelhar-se e a implorar que Deus remova todo resquício de amor
pelo mundo que existe em seu coração (Daniel 12:10).

Querido leitor, chegamos a um ponto na história da humanidade em


que as linhas de batalha estão claramente expostas. A neutralidade
não é uma opção. “Aqueles que habitam na terra” logo serão
forçados a escolher qual mestre seguirão. O cumprimento das
palavras de João está sobre nós: “O mundo e a sua cobiça passam,
mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (I
João 2:17). A religião superficial não sobreviverá ao fogo
consumidor de Deus. A atividade religiosa e a espiritualidade
superficial apenas aumentarão a desilusão de quem está desviado.
Somente um profundo arrependimento e uma sincera renúncia às
atrações do mundo irão protegê-lo das poderosas influências do
espírito do kosmos, preparando-o para encontrar o seu Mestre. E
mais, você precisa desenvolver uma percepção muito apurada da
presença de Deus para manter-se imune à presença contagiosa do
kosmos (I João 5:4-5). Jesus é a luz do mundo, que expõe e dissipa
toda treva. Se você O ama de todo o coração, Ele fará de você
“mais que vencedor” no “meio desta geração corrompida e
depravada”.

Querido leitor, por favor, ouça o clamor de Deus! Abra os seus


ouvidos para ouvir o que o Espírito de Deus está dizendo! Esta não
é apenas outra mensagem assustadora para gerar medo e provocar
controvérsia. O mundo e sua cobiça estão passando! O kosmos é
como o Titanic navegando pela noite, cheio de confiança, rumo ao
seu destino, enquanto, por outro lado, os assim chamados crentes
vão “vivendo a vida”, despreocupados com relação ao iminente
perigo, indiferentes para com os sete avisos enviados ao capitão:
“Icebergs gigantes à frente!” Todavia, nesse ínterim, os verdadeiros
seguidores de Jesus dão ouvidos às advertências e preparam seus
botes salva-vidas. São ridicularizados pelos amantes do mundo, os
quais festejam confortavelmente à mesa de banquetes do mundo,
dentro do navio. Os festeiros podem zombar de suas ações, mas os
seguidores do Cordeiro ouvem a voz do Pastor dizendo: “Saiam daí,
povo meu!”.

Cheios de sarcasmo e incredulidade, os “freqüentadores de igreja”


que ainda não provaram o verdadeiro arrependimento, que nunca se
converteram de fato, zombam daqueles que se assentam nos botes
salva-vidas com seus coletes já ajustados. Sua mentalidade pode
ser melhor explicada pelas palavras de um tripulante do Titanic que
realmente existiu: “Nem mesmo Deus é capaz de afundar este
navio!” Eles até podem dizer que Jesus está voltando, mas não
crêem que isso é verdade (II Pedro 3:3-4, 9). Se assim o fosse,
poderiam ser comparados ao servo sábio que se preparou para a
volta de seu senhor; às virgens prudentes, que se achavam prontas
quando veio o chamado para encontrar-se com o noivo. Eles flertam
com o mundo e continuam pensando que subirão no Arrebatamento.
Que engano profundo!

Amigo cristão, se você não levantou muralhas em sua vida contra a


torrente do engano, então, não faz idéia de como as coisas ficarão
ruins. Você está em um prazeroso cruzeiro de mundanismo, mas
não percebe que o navio destina-se à perdição. O espírito do
anticristo está atuando, agora mesmo, com “todas as formas de
engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto
rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar” (II
Tessalonicenses 2:10).

Insisto que você abra seu coração ao Senhor, e permita que Ele lhe
revele as paixões de seu coração que ainda permanecem entregues
aos prazeres deste mundo. Permita que Ele lhe exponha seus
desejos impuros mais profundos. O genuíno arrependimento libertá-
lo-á e salvá-lo-á do julgamento que há de vir! Gostaria de concluir o
livro com o apelo apaixonado de Horatius Bonar:

Ah, sim! O sistema deste mundo passará; aqueles que a seguiram e


identificaram-se com o mundo descobrirão tarde demais que,
ganhando o mundo, perderam suas almas; preenchendo o tempo
com a vaidade, encheram a eternidade com trevas; agarrando-se
aos prazeres terrenos, perderam as alegrias do Céu e as glórias da
herança eterna. Sim, a vida é curta e o tempo voa. As gerações vêm
e vão; as sepulturas abrem e fecham, todos os dias; velhos e jovem
somem de vista; riquezas vão embora, as honras se apagam...

Ó, homem, homem moribundo, habitante de uma terra moribunda,


tu que vives em meio a leitos de morte, em meio a funerais e
sepulturas, cercado por folhas caídas e flores murchas, o esporte
das esperanças frustradas, das alegrias infrutíferas, dos sonhos
vazios, das saudades ardentes, das enxaquecas incessantes. Ó,
homem, homem moribundo, ainda seguirás após a vaidade e
mentiras? Ainda buscarás o prazer e a satisfação? Ainda semearás
o vento e colherás a tempestade? Depois de tudo o que te foi dito
quanto à exaustão da terra e ao vazio do prazer; depois de tudo o
que tu, tu mesmo, vivenciaste da pobreza das coisas terrenas;
depois de teres sido deveras desapontado, zombado, feito
detestável pelo mundo que adoras; ainda buscarás a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba
da vida?

Ó, seguidor do mundo, considera os teus caminhos e pondera as


tuas escolhas. Olha para trás e vê o total vazio do passado. Olha
adiante de ti e assegura-te de possuíres algo melhor e que valha a
pena. Olha à tua mão direita e à mão esquerda, e vê as multidões
exaustas, procurando descanso e não o encontrando. Olha abaixo
de ti, para o fogo eterno, preparado para os que se esquecem de
Deus. Olha acima de ti e vê aquele Céu resplandecente, com toda
sua alegria inexprimível, e de que tanto desprezas. Pensa, pois, no
teu breve tempo aqui na terra, emprestado-te pelo especial amor de
Deus, para que se te complete a preparação para o Reino eterno. E,
quando considerares estas coisas, desperta do teu sono de
prazeres; não descansa até que tenhas passado pela estreita porta
que leva à vida eterna. 3

MEDITAÇÃO DAS ESCRITURAS E ORAÇÃO

Caiu! Caiu a grande Babilônia! Ela se tornou habitação de demônios


e antro de todo espírito imundo, antro de toda ave impura e
detestável, pois todas as nações beberam do vinho da fúria da sua
prostituição. Os reis da terra se prostituíram com ela; à custa do seu
luxo excessivo os negociantes da terra se enriqueceram”. Então
ouvi outra voz dos céus que dizia: “Saiam dela, vocês, povo meu,
para que vocês não participem dos seus pecados, para que as
pragas que vão cair sobre ela não os atinjam! Pois os pecados da
Babilônia acumularam-se até o céu, e Deus se lembrou dos seus
crimes (Apocalipse 18:2-5)

Senhor, reconheço que este mundo e todos os seus encantos


passarão. Não quero estar no navio quando ele naufragar; custe o
que custar! Ajuda-me a viver totalmente desapegado pelas coisas
do mundo. Consagro-me inteiramente a Ti. Jesus, ensina-me a
amarTe, e não o mundo. Prometo que, a partir deste dia, me
afastarei de tudo o que me separa de Ti. Por favor, não permita que
eu pereça com os ímpios. Liberta-me da ira vindoura, escondendo-
me no refúgio e na segurança dos Teus braços de amor. Quero
morrer para este mundo e viver para o Salvador; completamente
apaixonado por Ti! Em nome de Jesus. Amém.

Refefererências

CAPÍTULO UM
1. a. Matthew Henry, 3,000 Quotations from the Writings of Matthew
Henry, Fleming H. Revell, 1982, p. 343. b. Matthew Henry, conforme
citado na Biblioteca Digital AGES. 2. Gerhard Kittel, Theological
Dictionary of the New Testament, William B. Eerdman’s Publishing
Co., Grand Rapids, MI, p. 460. 3. H.R. Reynolds, The Pulpit
Commentary, Vol. XVII, The Book of John, McDonald Publishing
Co., McLean, VA; p. 13. 4. Our Own God, Chapel Library Press,
2603 W. Wright St., Pensacola, FL, 32505, p. 22.

CAPÍTULO DOIS
1. C.S. Lewis, The Quotable Lewis, Tyndale House Publishers, Inc.
Wheaton, IL, 1989; p. 512.
2. Adam Clarke, The Bethany Parallel Commentary on the Old
Testament, Bethany House Publishers, Minneapolis, MN, 1983, p.
38.
3. ibid
4. Alexander Hislop, The Two Babylons, Loizeaux Brothers
Publishers, Neptune, NJ, 1916, p. 23.
5. ibid, pps. 24-25.
6. Josefo, História dos Hebreus, CPAD, 1990, p. 53. 7. Henry M.
Morris, The Long War Against God, Baker Book House, Grand
Rapids, MI, 1989, p. 257.
8. Walter A. Elwell, Editor, Baker Encyclopedia of the Bible, Vol. 1,
Baker Book House, 1988, p. 1006.
9. Ver The Two Babylons [As Duas Babilônias].

10. Rex Andrews, Meditations in Revelation, The Zion Faith Homes,


2820 Eshcol Ave., Zion, IL, 60099, 1991, p. 75.

CAPÍTULO TRÊS
1. J.C. Ryle, Remember Lot’s Wife [Lembrem-se da Mulher de Ló!],
um tratado publicado pela Chapel Library Press.

CAPÍTULO QUATRO
1. Gálatas 6:14.
2. Philip Doddridge, conforme citado em On Earth as it is in Heaven
[Na Terra, Assim Como é no Céu], Destiny Image, Shippensburg,
PA, 1993, p. 100.
3. W.B. Godbey conforme citado na Biblioteca Digital AGES.

CAPÍTULO CINCO
1. A.W. Tozer, The Knowledge of the Holy, Harper & Row Publishers,
1961, p. 103.
2. Andrew Murray, The Believers Secret of Holiness, Bethany House
Publishers, 1984, p. 14.
3. Leighton Ford, Topical Encyclopedia of Living Quotations,
Bethany House Publishers, 1982; p. 109.
4. Bispo Foster, conforme citado na Biblioteca Digital AGES. 5.
Adam Clarke, conforme citado na Biblioteca Digital AGES. 6. Aaron
Merritt Hills, conforme citado na Biblioteca Digital AGES.
7. ibid.
8. J.B. Chapman conforme citado na Biblioteca Digital AGES. 9.
Alexander Cruden, citado em Holiness—Is it Necessary for Salvation
[A Santidade é Necessária Para a Salvação?], um tratado publicado
pela Chapel Library Press, panfleto de I. C. Herendeen.
10. Citado em The Best of Vance Havner, Revell Fleming, Old
Tappan, N.J., 1969. p. 112.
11. Andrew Murray, ibid, p. 70.
12. ibid, pps. 73-74.
13. John Owen, Owen on Holy Spirit, p. 575.
14. J.C. Ryle, Holiness, p. 56, 35.
CAPÍTULO SEIS
1. Ravi Zacharias, Getting To Truth: Who Is Jesus? (And Why Does
It Matter?), citação tirada das palestras ministradas na Universidade
de Harvard, entituladas de “The Harvard Veritas Forum [O Fórum
Veritas de Harvard]”, RZ International Ministries, Norcross, GA 1992,
fita 2.
2. Leonard Ravenhill, citado em Holy Fire por Michael Brown,
Destiny Image Publishers, 1996, p. 264.
3. Watchman Nee, citado em Holy Fire, ibid.
4. Rex Andrews, ibid, p. 92.

CAPÍTULO SETE
1. Richard Baxter, conforme citado em On Earth as it is in Heaven
[Na Terra, Assim Como é no Céu], p.4.
2. C.H. Spurgeon, conforme citado na Biblioteca Digital AGES. 3.
Matthew Henry, Commentary on the Whole Bible, Gálatas à
Apocalipse, Biblioteca Digital AGES, pps. 766-767. 4. Dietrich
Bonhoeffer, The Cost of Discipleship, Collier Books, New York, 1949,
pps. 45-47.

CAPÍTULO OITO
1. A.W. Tozer, The Best of A.W. Tozer, Baker Book House, 1978,
pps. 76, 186.
2. Lev Navrozov, Inspiring Quotations, Thomas Nelson Publishers,
Nashville, TN, 1988, p. 57.
3. K.P. Yohannan, The Road To Reality, Creation House, 1988, pps.
73-74.

CAPÍTULO NOVE
1. Oswald Chambers, Oswald Chambers The Best From All His
Books, Thomas Nelson Publishers, Nashville, TN 1987; p. 228. 2.
Charles H. Mackintosh, conforme citado em On Earth as it is in
Heaven [Na Terra, Assim Como é no Céu], p. 104. 3. John
MacArthur, Jr., Our Sufficiency in Christ, Word Publishing, Dallas,
TX, 1991, pps. 58-59.
4. Dave Hunt, Beyond Seduction, Harvest House Publishers,
Eugene, OR, 1989, p. 111.

5. Christianity Today International/Today’s Christian Woman


magazine. September/ October 2003.
6. Dr. Jay E. Adams, More Than Redemption, Zondervan Publishing,
1979, p. 8.
7. Dave Hunt, ibid, p. 114.

CAPÍTULO DEZ
1. William Gurnall, conforme citado em On Earth as it is in Heaven
[Na Terra, Assim Como é no Céu], p. 111.
2. Paul Billheimer, p. 52.
3. A.W. Tozer, ibid, pps. 126-127.
4. Carol Gentry, Slaves to the set: U.S. hooked on TV, St.
Petersburg Times, 1996.
5. Don Wildmon, The Home Invaders, Victor Books, Wheaton, IL,
1971, pps. 45-46.
6. A.W. Tozer, ibid, pps. 85-86.
7. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2ª reimpressão com
alterações, 2007, p. 2145.
8. Rev. John Woodward, The Devil’s Vision. Obs: como o poema
não fora publicado no Brasil, o revisor tomou a liberdade de traduzi-
lo, mantendo-se fiel à linguagem erudita e às rimas do original.

CAPÍTULO ONZE
1. Matthew Henry, conforme citado em On Earth as it is in Heaven
[Na Terra, Assim Como é no Céu], p. 57.
2. Charles H. Spurgeon, ibid, p. 81.
3. Henry Drummond, ibid, p. 86.
4. Muito do que é abordado neste capítulo sobre o consumismo, foi
extraído do excelente artigo de Rodney Clapp: Why The Devil Takes
VISA [Por Que o Diabo Usa Cartão de Crédito?], Christianity Today,
7 de outubro, edição de 1996, p. 24. 5. ibid, p. 24 “...o valor de bens
manufaturados... ascendeu de U$1,9 bilhões para U$13 bilhões...”,
aproximadamente 700% (tradução literal do revisor).
6. ibid, p. 27.
7. ibid, p. 20.
8. ibid.

9. John Wesley, conforme citado na Biblioteca Digital AGES. 10.


Dwight Moody, ibid.

CAPÍTULO DOZE
1. Oswald Chambers, ibid, p. 279.
2. A.W. Tozer, The Knowledge of the Holy, Harper and Row
Publishers, New
York, NY, 1961.
3. Dicionário Vine, CPAD, 1ª edição, 2002, p. 981.

CAPÍTULO TREZE
1. Matthew Henry, 3,000 Quotations from the Writings of Matthew
Henry, ibid, p. 295.
2. Jamieson, Fausett, Brown, The Bethany Parallel Commentary on
the New Testament, Bethany House Publishers, Minneapolis, MN,
1983, pps. 1481-1482.
3. D. Thomas, The Pulpit Commentary, Vol. XXII, The Book of
Revelation, ibid, p. 427.
4. Strong’s Bible Dictionary, conforme citado no programa bíblico
para computador Quick Verse.
5. International Standard Bible Encyclopedia, programa de
computador AGES.
6. W.E. Vine, VINE’S Expository Dictionary of Old and New
Testament Words, Fleming H. Revell Co., Old Tappan, NJ, 1981, Vol.
3, p. 73.
CAPÍTULO CATORZE
1. Charles Spurgeon, conforme citado na Biblioteca Digital AGES.

CAPÍTULO QUINZE
1. Isaías 14:12-15
2. Apocalipse 18:10
3. Horatius Bonar, Christ and the World [Cristo e o Mundo], um
tratado publicado pela Chapel Library Press.

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