MÉTODOS E

TÉCNICAS DE
AVALIAÇÃO
ESTÉTICA

Litz Tomaschewski Lima

Protocolo de avaliação
de estrias
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Definir o que são estrias e classificar os tipos conforme suas

características.
„„ Apontar e estabelecer as técnicas para amenizar o aspecto das estrias.
„„ Compreender o tipo de estria e escolher a melhor técnica de reparo.

Introdução
A estria é uma afecção multifatorial. Para que seu tratamento obtenha
resultados positivos é necessária uma avaliação detalhada envolvendo
toda propedêutica da anamnese e do exame físico.
Neste capítulo, vamos entender o que são estrias, como elas se for-
mam, qual a classificação segundo seus tipos, como avaliá-las e quais
recursos dispomos para o tratamento.

Definição de estrias e classificação dos tipos

conforme suas características
Estria é uma cicatriz caracterizada pelo rompimento das fibras elásticas que
sustentam a camada intermediária da pele, formada por colágeno e elastina
(responsáveis por sua elasticidade e tonicidade) (Figura 1). As estrias afetam
homens, mulheres em idade adulta ou durante a adolescência, gestantes e
também crianças. O aparecimento das estrias geralmente é mais comum nas
mamas, nos quadris, nos culotes, nas coxas e nádegas. Elas podem surgir
devido à predisposição genética ou a outros fatores como gravidez, ganho de
peso em pouco tempo ou crescimento muito rápido.
188 Protocolo de avaliação de estrias

NORMAL ESTRIA

COLÁGENO

Figura 1. Pele normal e pele estriada.

Fonte: Complexo de Cinderela (2017).

Inicialmente as lesões são avermelhadas ou rosadas, evoluindo mais tarde

para uma tonalidade esbranquiçada. Em pessoas de pele morena as estrias
podem ter um tom mais escuro que a pele sadia. A pele da área afetada tem
consistência frouxa.
As estrias podem surgir de diversas formas, dentre elas:

„„ alterações hormonais;
„„ crescimento rápido;
„„ efeito sanfona;
„„ excesso de exercícios;
„„ gestação.

Existem dois tipos de estrias que variam não somente na cor e no aspecto,
mas também nas causas e nas formas de tratamento. Elas são classificadas em:

„„ Estrias vermelhas: são do tipo mais recente. Sua coloração é avermelhada

ou arroxeada, pois apresentam um quadro inflamatório que, na tentativa
de recuperar a região, o local se enche de vasos sanguíneos, apresentando
inchaço e saliência. Após a compactação das células, a parte afetada vai
clareando gradativamente, assumindo uma coloração esbranquiçada. Este
tipo de estria pode ser precedida de prurido (coceira) no local.
„„ Estrias brancas: são estrias mais antigas, com alopécia no local es-
triado. São esbranquiçadas e não apresentam reação inflamatória.
 Protocolo de avaliação de estrias 189

As linhas de Langer (Figura 2), às vezes chamadas linhas de clivagem, são linhas to-
pológicas do corpo humano. Foram historicamente definidas pela direção em que a
pele humana se divide ao ser atingida com um ponto. Elas correspondem à orientação
natural das fibras de colágeno na derme, e são geralmente paralelas à orientação das
fibras musculares subjacentes.
As estrias aparecem no sentido perpendicular à distensão. Se a pele estica para os
lados (no caso do quadril, por exemplo), as estrias surgem na vertical. Se a pele estica
de baixo para cima (no sentido do crescimento das coxas, por exemplo), elas aparecem
na horizontal. A partir dessas informações é possível entender por que algumas estrias
são verticais e outras horizontais.

Figura 2. Linhas de Langer.

Fonte: Petersen (2011).
190 Protocolo de avaliação de estrias

Técnicas para amenizar o aspecto das estrias

Micropuntura: também conhecida como dermopuntura, é uma técnica
que consiste na estimulação mecânica juntamente com agulha descartável
e o uso de “vários produtos, durante a sessão”, que vão estimular a região
tratada para provocar o processo natural da produção de colágeno e elastina.
Ao defender-se do processo evasivo, a pele trabalha intensamente para se
regenerar e produzir novos tecidos que irão preencher a área desgastada
com novas células.

Eletrolifting ou galvanopuntura: é a utilização da corrente galvânica

atuando em microamperagem (µA), com o objetivo de amenizar as estrias
e as alterações das linhas de expressão que se formam na face devido à
contração muscular.

Laser: os tipos de lasers utilizados para o tratamento de estrias têm afinidade

pela água da pele e, ao atingir a pele, promovem a sua vaporização localizada.
Isso estimula uma nova organização desse tecido, com formação de novas
fibras de colágeno e elastina.

Ácidos: o tratamento é realizado com aplicação de cremes ou géis à base de

ácido retinoico ou alfa-hidroxiácidos (AHAs) que aceleram a renovação celular
e atuam na formação de colágeno novo.

Microagulhamento: tem como ação induzir a produção de colágeno através

de um roller que causa microlesões, gerando um processo inflamatório local,
aumentando a produção celular de fibras e o metabolismo da pele, assim como
a síntese de colágeno, elastina e outras substâncias presentes no tecido, para
que assim aconteça a reconstituição integral da pele (Figura 3).
 Protocolo de avaliação de estrias 191

Figura 3. Aplicação do microagulhamento em estria.

Fonte: Arquivo pessoal.

Peeling de diamante: este tratamento é realizado por meio do lixamento

da pele feito com um aparelho que promove um tipo de peeling profundo,
ou dermoabrasão, devido à ação abrasiva de um jato de microcristais de
óxido de alumínio. O peeling elimina de forma suave e uniforme as camadas
superficiais da epiderme, estimulando a regeneração celular e o surgimento
de uma nova pele.

Cosméticos: a pele com estria possui colágeno e elastina, mas de forma total-
mente desorganizada. Por isso, é importante fornecer substâncias que ajudam
na reorganização dessas duas proteínas, para que elas voltem naturalmente
à sua disposição na pele. No Quadro 1 são apresentados ativos específicos,
para a prevenção e diminuição das marcas na pele, presentes em cremes para
o tratamento de estrias.

Micropigmentação: é eficaz para esconder as marcas na pele, tornando-as

imperceptíveis. Nessa técnica são utilizadas pigmentações de diferentes tona-
lidades para encobrir as estrias, sendo a primeira em tom neutro e responsável
por disfarçá-las; a segunda pigmentação possui o mesmo tom da pele e tem a
função de camuflar as estrias e uniformizar a região. Assim como as tatuagens,
esse tipo de maquiagem é definitiva e pode ser utilizada em qualquer região
do corpo que apresente estrias.
192 Protocolo de avaliação de estrias

O Quadro 1 apresenta alguns dos ativos encontrados em cremes para o

tratamento de estrias.

Quadro 1. Ativos específicos presentes em cremes para o tratamento de estrias.

Ativo Características

Hydroxyprolisilane CN Estimula a biossíntese de colágeno, melhora

e acelera a regeneração celular, o processo de
hidratação a restauração da matriz extracelular
(MEC) e o reparo do tecido, tudo isso a partir da
combinação dos benefícios da reestruturação
do silício orgânico com os aminoácidos
hidroxiprolina e ácido aspártico, essenciais para
a organização e a integridade da derme.

Thalaspheres® É fundamental no processo de síntese do

de vitamina C colágeno. Sua forma estabilizada garante
maior capacidade de permeação cutânea.

Sódio PCA É um agente de hidratação fisiológica

da pele por excelência.

Ácido-hialurônico Promove uma camada de hidratação, atuando contra

a perda excessiva de água (TEWL), ajudando a manter
o equilíbrio natural da pele, melhorando a aparência
geral e, com isso, deixando-a mais uniforme.

Neuroxyl NP São neuropeptídeos biomiméticos que possuem

ação preventiva e reparadora sobre vários
mecanismos degenerativos envolvidos na pele.

Aquassence É um potente hidratante que promove o aumento

da expressão gênica de aquaporinas, responsáveis
pelo transporte de água entre as células,
aumentando a hidratação da pele e reduzindo
a perda de água transepidermal (TEWL).

CG-IGF (fator de Ativa a proliferação de novas células cutâneas

crescimento insulínico) e estimula a síntese de fibroblastos, além da
diferenciação de novas fibras de colágeno e elastina.

Óleo de rosa mosqueta É rico em ácidos graxos essenciais (ômegas),

nanoencapsulado promove hidratação, redução da perda de água
transepidermal (TEWL), estimula a regeneração
cutânea e a recuperação da barreira.
 Protocolo de avaliação de estrias 193

Gestantes com menos de 20 ou mais de 37 anos têm uma propensão maior ao apa-
recimento de estrias (Figura 4). Por isso é importante manter uma dieta equilibrada e
ter um aumento de peso entre 9 e 15 kg durante o período da gestação.

Figura 4. Estrias pós-gestação.

Fonte: Maia (2006).

Tipo de estria e escolha da melhor técnica de

reparo
As estrias são lesões tegumentares adquiridas e, como toda cicatriz, têm
difícil tratamento. Com o atual avanço das técnicas, vários tratamentos esté-
ticos são realizados, porém, não há estudos que comprovem a eficácia para o
desaparecimento total das estrias e, por tratar-se de predisposição genética, a
prevenção inclui tanto a manutenção do peso ideal quanto uma boa hidratação
cutânea. A melhora da aparência com a diminuição da espessura/largura e
da coloração são alcançadas através de procedimentos de galvanopuntura,
microdermoabrasão e peelings associados ao uso de cosmecêuticos que tendem
a evitar a aparição de novas estrias. Essas técnicas podem ser utilizadas tanto
em conjunto quanto isoladas, principalmente quando referidas a peelings
194 Protocolo de avaliação de estrias

químicos ou a determinadas classificações de estrias. Onde a aparência pode

variar em diversas situações, a lesão pode apresentar-se em depressão ou ele-
vada em relação ao nível da pele e/ou com coloração diferenciada, cabendo ao
profissional esteta avaliar corretamente e indicar o tratamento mais adequado.

1. Estrias caracterizam-se por um restituindo a integridade da pele?

rompimento das fibras elásticas que
sustentam a camada intermediária da
pele, formada por colágeno e elastina
(responsáveis pela sua elasticidade e
tonicidade). As estrias podem surgir
de diversas formas, dentre elas:
a) Alterações hormonais,
crescimento rápido, efeito
sanfona, excesso de
exercícios e gestação.
b) Alterações hormonais,
crescimento rápido, efeito
sanfona, excesso de exercícios,
gestação e menopausa.
c) Alterações hormonais,
crescimento rápido, efeito
sanfona e ressecamento da pele.
d) Efeito sanfona, excesso
de exercícios, gestação e
ressecamento da pele.
e) Crescimento rápido, efeito
sanfona, excesso de exercícios,
gestação e ressecamento da pele.
2. Qual técnica tem como ação
induzir a produção de colágeno
através de microlesões, gerando
um processo inflamatório local,
aumentando a produção celular de
fibras e aumentando o metabolismo
da pele, assim como a síntese
de colágeno, elastina e outras
substâncias presentes no tecido,
a) Dermoabrasão.
b) Peeling.
c) Ultrassom.
d) Laser.
e) Microagulhamento.
3. A pele com estria possui colágeno
e elastina, mas de forma totalmente
desorganizada. No caso de uma
paciente que só pode usar recursos
cosméticos para tratamentos, quais
ativos seriam ideais de usar?
a) Ativos esfoliantes e bioprotetores.
b) Ativos abrasivos.
c) Substâncias que ajudam na
reorganização do colágeno
e na hidratação da pele.
d) Ativos que regeneram
a matriz cutânea.
e) Filtro de proteção solar.
4. Em relação à classificação das estrias,
podemos caracterizar as estrias
vermelhas com quais características?
a) Fazem um relevo em
relação à superfície da pele
e podem ser avermelhadas
ou brancas, geralmente são
estrias mais antigas, com
alopécia no local estriado.
b) Fazem um relevo em relação
à superfície da pele e podem
ser avermelhadas ou brancas.
c) São chamadas de estrias
 Protocolo de avaliação de estrias 195

recentes, são avermelhadas ou 5. Ao atingir a pele, promovem a sua

arroxeadas, e vão clareando
gradativamente, assumindo
uma coloração branca.
Podem ser precedidas de
prurido (coceira) no local.
d) São estrias mais antigas, com
alopécia no local estriado,
esbranquiçadas, e não
apresentam reação inflamatória.
e) São estrias mais antigas, com
alopécia no local estriado,
esbranquiçadas, que apresentam
reação inflamatória.
vaporização localizada. Isso estimula
uma nova organização desse tecido,
com formação de novas fibras de
colágeno e elastina. Um tipo muito
utilizado é o fracionado de CO2, por
promover grande melhora, com
poucos efeitos colaterais. De que
tratamento estamos falando?
a) Radiofrequência.
b) Laser.
c) Endermologia.
d) Tatuagem.
e) Microagulhamento.

COMPLEXO DE CINDERELA. Conheça os tipos de estrias e veja como evita-las. [S.l.]:

Complexo de Cinderela, 2017. Disponível em: <http://www.complexodecinderela.
com.br/conheca-os-tipos-de-estrias-e-veja-como-evita-las/>. Acesso em: 20 dez. 2017.
PETERSEN, C. Noções de anatomia facial. [S.l.]: Estética, Cosmética e Promoção da
Saúde, 2011. Disponível em: <http://crispetersen.blogspot.com.br/2011/10/musculos-
-da-cabeca-nocoes-de-anatomia.html>. Acesso em: 20 dez. 2017.

Leituras recomendadas
BORGES, F. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas.
São Paulo: Porte, 2010.
HEYWARD, V. H. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo: Manole, 2000
KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu, 2009.
LAGE, T. P.; SANTOS, E. W. A.; SANTOS, I. C. S. Estudo comparativo entre a punctura e
galvanopuntura em estrias tegumentares. Revista Funcional, Belo Horizonte, v. 2, n.
2, p. 21-32, dez. 2009.
MAIA, N. Conheça tratamentos para as estrias: saiba qual a origem do problema e
como funcionam nove maneiras de atacá-lo. Revista Digital Sociedade Pública, 19 out.
2016. Disponível em: <http://sociedadepublica.com.br/conheca-tratamentos-para-
-as-estrias/>. Acesso em: 20 dez. 2017.
196 Protocolo de avaliação de estrias

MAIO, M. Tratado de medicina estética. 2. ed. São Paulo: Roca, 2011.

NEGRÃO, M. Microagulhamento. 2. ed. [S.l.]: CRB, 2016.
OSÓRIO, A. C. R. Estudo comparativo do tratamento de estrias atróficas em duas pacientes
tratadas com o eletrolifting. 2005. Trabalho de Conclusão de Curso (Fisioterapia) – Fa-
culdade Assis Gurgacz, Cascavel, 2005.
VANZIN, S. B.; CAMARGO, C. P. Entendendo cosmecêuticos: diagnósticos e tratamentos.
São Paulo: Santos, 2011.
WHITE, P. A. S. et al. Efeitos da galvanopuntura no tratamento das estrias atróficas. 2007.
Monografia (Especialização em Fisioterapia Dermato-funcional) – Universidade de
Ribeirão Preto, São Paulo, 2007.
 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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