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Fundamentos de Cálculo Diferencial e Integral

para Astronomia Limites

Grupo de Apoio Integrado ao Aluno - GAIA


Centro Acadêmico da Astronomia - CAAstro Sputnik
Marco Laversveiler

Observatório do Valongo
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Brasil
2020
Conteúdo

1 Limites e Continuidade de Funções 2


1.1 O que são Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Limites Laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Assı́ntotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3.1 Limites Infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3.2 Limites no Infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Definição Formal e Propriedades dos Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5 Indeterminações Matemáticas e Técnicas de Determinação de Limites . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.5.1 A Indeterminação 0/0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.5.2 A Indeterminação ∞/∞ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5.3 A Indeterminação ∞ − ∞ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.5.4 As Indeterminações 00 e ∞0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.5.5 A Indeterminação 1∞ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.5.6 Teorema do Confronto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

1
Capı́tulo 1

Limites e Continuidade de Funções

1.1 O que são Limites


Embora esse nome, limite, parecer uma espécie de restrição matemática, ou até algo relacionado com alcance e
afins, o limite de uma função em um ponto é um valor que mostra como a função se comporta nas proximidades
daquele ponto. Talvez venha a pergunta na sua mente: como assim proximidades? Bom, imagine uma função
qualquer f (x), imagine o gráfico dela na sua cabeça (qualquer coisa insana, ou não, que você consiga imaginar).
Você concorda que para qualquer valor que você escolha de x no eixo horizontal (claro, dentro do domı́nio da
função) vai ter um valor correspondente, f (x), no eixo vertical? Se sim, ótimo! Se não, dá mais uma lida lá
em funções, gênio(a)! Bom, mas e se eu te pedisse pra escolher agora um valor de x muito, muito, mas muito
próximo mesmo daquele anterior que você escolheu, qual seria o valor correspondente dele no eixo vertical? Um
valor muito próximo do anterior, correto? Claro, isso se a sua função é uma curva bonitinha, não um bagulho
todo esburacado.
Mantenha esses dois pontos visualizados na sua mente ainda. Imagine pontos dessa sua função entre esses
dois, como se você estivesse indo de um ponto ao outro completando o minúsculo caminho que os separa, até
que você finalmente chega no outro ponto. Isso que você acabou de imaginar é um limite!
Deixando a sua mente descançar um pouco, esse limite pode ser escrito, matematicamente, dessa forma:

lim f (x) = L (1.1)


x7→x0

A expressão acima lê-se: o limite da função f (x), quando x tende a x0 , é L. Ou seja, isso quer dizer que, para
essa função, quanto mais próximo do valor x0 é o valor que você está vendo de x, então mais próximo de L vai
ser o valor que a função vai te dar.

f (x)

x
x0

Olhando o gráfico acima, realmente, seguindo a curva da função, quanto mais próximo de x0 é o valor que
escolho para x, mais perto do valor L eu chego.
Você também pode perceber isso fazendo uma tabela de valores. Vou considerar a função f (x) = x2 , só para
fins quantitativos agora. Vamos ver então como os valores de f (x) se comportam na vizinhança do valor x = 2.

2
x f (x)
1,5 2,25
1,7 2,89
1,9 3,61
1,95 3,8025
1,99 3,9601
2 4
Claramente, pode-se perceber aqui que:

lim f (x) = 4 (1.2)


x7→2
Então, aqui você viu duas maneiras de se descobrir o limite de uma função, uma gráfica e outra por tabela
de valores. Mas existe uma maneira mais eficiente de descobrir um limite, acho que ninguém iria gostar de ficar
toda vez fazendo uma tabela dessas ou chutando um valor num gráfico. Bom, a maneira mais direta, mas talvez
nem tão eficiente, é substituir a lei da função no limite e o valor da variável que você deseja descobrir qual é o
limite. Dessa forma:

lim x2 = 22 = 4 (1.3)
x7→2
Talvez você tenha se perguntado: “Ué? Mas x tende a 2, x não é 2.” Sim! Exatamente. O valor 4 é o valor
limite para essa função quando x tende aquele valor (2, no caso). Nesse exemplo o valor limite faz parte da
imagem da função, ou seja, ele “existe no gráfico”. Entretanto, isso não é verdade para qualquer função.

EXEMPLO: Considere a seguinte função:


(
−x, x < 0
f (x) = √ (1.4)
x, x > 0
Calma! Talvez você nunca tenha visto uma função definida assim. Isso é um exemplo simples de uma função
com dois comportamentos diferentes, de acordo com o subconjunto √ do domı́nio dela. Vamos lá, lê-se assim: A
função f é igual a −x quando x é menor que zero, e é igual a x quando x é maior que zero. Perceba que
não existe uma regra definida para a função f quando x = 0, ou seja, o elemento zero não faz parte do domı́nio
dessa função.
f (x) = −x f (x)


f (x) = x

Embora esteja com duas cores diferentes, o gráfico acima é somente da função exemplo. Cada cor representa
uma regra diferente da mesma de acordo com o subconjunto do domı́nio (vermelho para (−∞,0) e azul para
(0, ∞)). O circulo branco em (0, 0) significa que aquele ponto não faz parte do gráfico da função. Então vamos
para o limite. No caso dessa função o zero não faz parte do domı́nio, como já dito. Então não podemos calcular
f (0), pois não existe uma regra que nos diga como interpretar esse valor. Então como se calcula o limite abaixo?

lim f (x) (1.5)


x7→0
Bom, talvez você até ache que eu estou fazendo uma piada, mas lembre que disse que o limite é um valor ao
qual a função tende, quando sua variável tende a um dado valor. Então esse valor não precisa, necessariamente,
fazer parte do domı́nio da função, basta que seus valores vizinhos façam parte, assim a noção de “tender a”
continua fazendo sentido. Mas temos duas regras definidas, então precisamos ver pelas duas como os valores da
função f se comportam quando x tende a zero por ambas as regras.

3

x f (x) = −x x f (x) = x
-0,5 0,5 0,5 0,707
-0,3 0,3 0,3 0,547
-0,1 0,1 0,1 0,316
-0,05 0,05 0,05 0,223
-0,01 0,01 0,01 0,1
Se você se perguntou porquê os valores de x na tabela da esquerda estão em ordem crescente e os da direita
em ordem√ decrescente, é justamente porque a regra f (x) = −x só vale para valores menores que zero e a regra
f (x) = x só vale para valores maiores que zero. Então na tabela da esquerda eu fiz x tender a zero da esquerda
para direita (chamamos isso de x 7→ 0− - “x tende a zero pela esquerda”) e na tabela da direita fiz x tender a
zero da direita para a esquerda (x 7→ 0+ - “x tende a zero pela direita”). Logo, podemos afirmar que:

lim f (x) = 0 (1.6)


x7→0
mesmo que x = 0 não faça parte do domı́nio de f . Perceba que substituindo o valor zero, levando em conta as
diferentes regras, tem o mesmo efeito:

lim f (x) = lim− (−x) = −0 = 0 (1.7)


x7→0− x7→0
√ √
lim+ f (x) = lim+ x = 0 = 0 (1.8)
x7→0 x7→0

1.2 Limites Laterais


Como você percebeu, no último exemplo, foi preciso mais do que somente substituir um valor na função para
descobrir seu limite no dado ponto, sendo que o valor de seu limite era o mesmo vindo pela esquerda ou pela
direita. Esse é o processo fundamental para dizer que o limite de uma função em dado ponto existe, ou seja, o
limite de uma função em um ponto só existe se os limites laterais ambos existem e são iguais:

lim f (x) = lim+ f (x) = L ⇐⇒ lim f (x) = L (1.9)


x7→x− x7→x0 x7→x0
0

A relação acima é bem simples, mas nos diz algo poderoso, ela nos dá a definição do que é uma função contı́nua!
Se você não está familiarizado com esse conceito, é o seguinte: uma função é dita ser contı́nua, num dado
subconjunto de seu domı́nio, se para todos os valores dentro desse subconjunto existe um limite. A função é dita
inteiramente contı́nua (ou contı́nua em todo o domı́nio) se existe limite para todos os valores de seu domı́nio.

EXEMPLO 1: Considere a função definida por:


(
sin(x), x ≤ 2
f (x) = 2 (1.10)
x − 16
5 , x>2
Qual seria o limite dessa função quando x tende a 2? Ou seja:

lim f (x) (1.11)


x7→2
Sem se preocupar muito com o gráfico dessa função por enquanto, vamos calcular seus limites laterais:

lim f (x) = lim− sin(x) = sin(2) ≈ 0, 909 (1.12)


x7→2− x7→2
 2  2  2
6 16 6 36
lim f (x) = lim+ x − = 2− = − = = 1, 44 (1.13)
x7→2+ x7→2 5 5 5 25
Ou seja:

lim f (x) 6= lim+ f (x) ⇒ @ lim f (x) (1.14)


x7→2− x7→2 x7→2

Logo, não podemos dizer que existe o limite de f quando x = 2, simplesmente porque temos um salto nos
valores. Mesmo que o valor esteja definido para x = 2 pela primeira regra, quando analisamos o comportamento
da função vindo pela vizinhança da direita do valor 2, a função apresenta uma tendência diferente daquela pela
vizinhança da esquerda do valor 2. A representação gráfica dessa função é a seguinte:

4
f (x)
16 2

f (x) = x − 5

f (x) = sin(x)

x
2

O circulo preto significa que o ponto existe, o branco (novamente) significa que o ponto não existe. Esse é um
exemplo gráfico de uma função que não é contı́nua em todo o seu domı́nio. Entretanto podemos dizer que é
contı́nua em partes de seu domı́nio, pois de x 7→ −∞ até x 7→ 2− a função é contı́nua, tem uma descontinuidade
no ponto x = 2 (o salto da função), e depois é contı́nua de x 7→ 2+ até x 7→ +∞.

1.3 Assı́ntotas
1.3.1 Limites Infinitos
Você já se perguntou porque não podemos dividir um número por zero? Se não (ou se sim, mas ainda não
sabe porquê) considere a seguinte função exemplo:
1
f (x) = (1.15)
x
O que acontece com o valor da função quando x tende a zero? Ou seja, qual é o valor de:
1
lim (1.16)
x
x7→0

Quando você nunca viu algo do tipo, nem conhece o comportamento de uma função assim, é um pouco compli-
cado entender o que vai resultar, mas vamos tentar ser simples, vamos usar valores testes para entender o que
acontece.
x 1/x
1 1
0,5 2
0,25 4
0,20 5
0,125 8
0,1 10
0,01 100
0,001 1000

Bom, claramente, quanto menor o valor que escolhemos para x maior é o valor que a função retorna. Embora
não podemos fazer x = 0 o comportamento da função fica claro agora: x diminue, 1/x aumenta. Logo:
1
lim =∞ (1.17)
x7→0+ x
Aqui colocamos o sinal de + pois fizemos uma aproximação pela direita. Se por um acaso fizéssemos uma
aproximação pela esquerda, terı́amos:
1
lim = −∞, (1.18)
x7→0− x
caso não tenha entendido, faça a tabela com valores de x 7→ 0− (ou seja, valores negativos). A partir desses
dados, você conseguiria montar um esboço para o gráfico dessa função, em torno do ponto (0, 0)?

5
f (x)

Analisando os limites dessa função, podemos perceber que a curva chega cada vez mais próxima do eixo y
quando x tende a zero. Entretanto, ela nunca chega a tocar o eixo f (x), pois x nunca vai ser zero, justamente
pois uma divisão por zero não é definida. A reta que atravessa esse ponto onde a função vai a infinito é chamada
de assı́ntota vertical. Então dizemos que a função f (x) = 1/x tem uma assı́ntota vertical em x = 0. Isso é
uma coisa que precisa ficar bem clara, o limite de uma função tende a infinito (pela direita ou pela esquerda)
num dado ponto, então quer dizer que existe uma assı́ntota vertical no gráfico daquela função naquele ponto.

lim f (x) = ±∞ ⇒ Assı́ntota vertical em x = x0 . (1.19)


x7→x0

Outra coisa importante, se o limite de uma função em um dado ponto é infinito, então dizemos que ele não
existe.

lim f (x) = ±∞ ⇒ @ lim f (x) (1.20)


x7→x0 x7→x0

Isso porque o limite, por definição, precisa ser um valor, se esse valor não existe (ou seja, o valor da função
“explode” - fica gigantesco sem um valor fixo de parada), então não existe o limite daquela função naquele ponto,
não existe o valor (definido) ao qual ela tende.

1.3.2 Limites no Infinito


Agora que você já entendeu que uma função pode tender a um valor infinito quando a variável tende a um
valor fixo. Vamos ver o que poder acontecer quando a variável tente a um valor infinito. Para isso vamos usar
dois exemplos:

1
a) f (x) = 1 − x b) g(x) =
x
Queremos calcular os seguintes valores:

lim f (x), lim f (x), lim g(x), lim g(x)


x7→∞ x7→−∞ x7→∞ x7→−∞

Você, claro, pode montar uma tabela, mas aqui eu quero que você tente descobrir esses valores sem fazer isso.
Ou seja, tentando imaginar o comportamento dessas funções quando x fica muito maior que zero (x 7→ ∞), ou
muito menor que zero (x 7→ −∞).

6
Para o exemplo a), temos uma função linear, nesse caso você conhece muito bem o comportamento da
função. Ela é uma reta, logo, se estende infinitamente linearmente. Então, quanto maior o valor de x, menor
será o valor de f (x) (simplesmente por ser uma função linear decrescente). Portanto:

lim f (x) = lim (1 − x) = −∞ (1.21)


x7→∞ x7→∞
lim f (x) = lim (1 − x) = ∞ (1.22)
x7→−∞ x7→−∞

Agora para a função g(x) na letra b), temos algo peculiar. Você agora tem 1/x e vamos fazer agora x 7→ ∞.
Razoavelmente, como o número no numerador é sempre 1 e o número no denominador, x, vai sempre ficando
maior, é de se esperar que o valor da fração 1/x vá diminuindo, certo? Pois cada vez estamos dividindo 1 por
um número maior que o anterior. Então, conforme x 7→ ∞ temos que 1/x 7→ 0, não é? Na dúvida, monte uma
tabela, mas é essencial que você entenda isso sem o auxı́lio de uma. Com isso, vamos ter:
1
lim g(x) = lim =0 (1.23)
x7→∞ x x7→∞

Bem diferente dos exemplos anteriores, não? Aqui quanto maior o valor que escolhemos de x, a função tende
a um valor constante, zero. Pensando pelo lado negativo agora, ou seja, x 7→ −∞, perceba que a mesma coisa
vai acontecer. Quanto mais negativo x for (quanto maior o módulo dele) mais próximo de zero será 1/x, pelo
mesmo motivo que o anterior, então:
1
lim g(x) = lim =0 (1.24)
x7→−∞ x7→−∞ x
Portanto, se você reparou bem, a função g(x) aqui é bem peculiar. Já sabendo que ela tende a infinito quando x
tende a zero, agora também sabemos que ela tende a zero quando x tende a infinito. Com um raciocı́nio análogo,
você vai perceber que essa função também tem uma assı́ntota horizontal. Veja o gráfico dela estendido abaixo
e compare o raciocı́nio da assı́ntota vertical com o da horizontal.

g(x)

EXEMPLO 1: Calcule os limites no infinito da seguinte função:

v(t) = t2 − t (1.25)
Embora aqui talvez seja óbvio o comportamento dessa função, atente-se ao fato de que simplesmente não faz
sentido substituir um valor infinito para calcular o limite:

7
lim v(t) = lim (t2 − t) = ∞2 − ∞ = ∞ − ∞ = ??? (1.26)
t7→∞ t7→∞
Isso porque “∞” é tratado como “um número infinitamente grande”, logo “um número infinitamente grande
ao quadrado” continua sendo “um número infinitamente grande”, você não pode dizer que ele é “um número
infinitamente grande maior que o anterior”, pois não existe um valor definido, simplesmente não faz sentido. O
artifı́cio algébrico aqui para fazer a expressão ter sentido matemático é colocar a variável em evidência.

lim v(t) = lim (t2 − t) = lim t(t − 1) = ∞(∞ − 1) = ∞ · ∞ = ∞ (1.27)


t7→∞ t7→∞ t7→∞
Agora sim, existe sentido matemático. Pois se eu tiro 1 de um número infinitamente grande, esse número
continua sendo infinitamente grande. Então em tenho o produto de dois números infinitamente grandes que,
claro, vai resultar em um número infinitamente grande. A mesma coisa pode ser feita para o caso em que
x 7→ −∞:

lim v(t) = lim (t2 − t) = lim t(t − 1) = −∞ · (−∞ − 1) = −∞ · (−∞) = ∞ (1.28)


t7→−∞ t7→−∞ t7→−∞

O último passo pode ser reescrito como: −∞ · (−∞) = (−1) · ∞ · (−1) · ∞ = ∞ · ∞ = ∞. O gráfico dessa
função você já conhece, mas agora com os limites fica claro porque ele sempre cresce indefinidamente para os
dois lados.
v(t)

EXEMPLO 2: Descubra se a função a seguir possui uma assı́ntota vertical e/ou horizontal. Se sim, qual a
função que descreve a(s) assı́ntota(s)?
k+4
r(k) = +1 (1.29)
k 2 − 16
Aqui já não é trivial descobrir esse tipo de coisa. Mas vamos lá, para descobrir se uma função possui uma
assı́ntota vertical, precisamos saber se existe algum valor (finito) da variável que faça com que o valor da função
tenda a infinito (ou menos infinito). Olhando para a regra dessa função não é muito simples determinar isso,
então vamos reescrevê-la:
k+4 k+4 1
r(k) = +1= +1= +1 (1.30)
k 2 − 16 (k + 4)(k − 4) k−4
Você pode achar que eu estou trapaceando, trocando a regra da função. Mas, na verdade, o que fiz foi somente
diminuir o “caminho de cálculo” que a função faz para chegar no resultado, nesse caso usando produtos notáveis.
Então agora você pode perceber que é possı́vel existir um valor de k que faria a função r(k) tender a infinito.
Esse valor é o valor que zera o denominador, ou seja, k = 4. Logo:
   
1 1
lim r(k) = lim +1 = + 1 = (∞ + 1) = ∞ (1.31)
k7→4+ k7→4+ k−4 0+
Aquele 0+ significa um “zero pela direita”, ou seja, é como se fosse um valor infinitamente próximo de zero, mas
pelo lado dos números positivos, pois o limite é em 4 pela direita (números muito próximos de 4, mas maiores).
Logo, 1/0+ me daria um número infinitamente grande positivo (∞). De maneira parecida, temos:

8
   
1 1
lim− r(k) = lim− +1 = +1 = (−∞ + 1) = −∞ (1.32)
k7→4 k7→4 k−4 0−
Portanto, claramente a função r(k) tem uma assı́ntota em k = 4. Mas qual a função que expressa ela? Bom,
as assı́ntotas são retas, certo? Nesse caso ela é vertical, então como podemos expressar uma função em que
todos os valores de sua imagem vem de um único valor no domı́nio (4)? A resposta é tão simples que parece
piada, a função é k = 4. Mas calma, não vamos fazer o gráfico agora, guarde esse valor, ainda precisamos saber
se essa função possuı́ assı́ntotas horizontais. Para isso é mais simples, basta calcular os limites no infinito e ver
se a função tende a um valor constante.

   
1 1
lim +1 = + 1 = (0+ + 1) = 1 (1.33)
k7→∞ k − 4 ∞−4
   
1 1
lim +1 = + 1 = (0− + 1) = 1 (1.34)
k7→−∞ k − 4 −∞ − 4

Com isso, sabemos que existe uma assı́ntota horizontal. Qual é a função que descreve ela? Você precisa expressar
uma função que sempre vale 1 para qualquer valor de k nesse caso, logo r(k) = 1. Talvez as funções dessas retas
não tenham ficado tão claras somente com álgebra pura, então vamos montar o gráfico da função. Já sabemos
que existe uma assı́ntota vertica em k = 4 onde a função r(k) tende a infinito pela direita e a menos infinito
pela esquerda, e agora sabemos que existe uma assı́ntota horizontal quando k 7→ ±∞ no valor 1, logo:

r(k) k=4

1
r(k) = k−4 +1
1
r(k) = 1

k
4

1.4 Definição Formal e Propriedades dos Limites


Bom, agora que você já tem pelo menos uma ideia bem geral do que são limites e como eles funcionam, é
bom que você conheça a definição formal deles, para entender como isso tudo que foi apresentado até agora é,
digamos assim, escrito em linguagem matemática formal (o “matematiques”).
Nós temos os seguinte:

lim f (x) = L (1.35)


x7→x0

ou seja, o limite de f (x) quando x tende ao valor x0 é o valor L. Ok, isso você já sabe. Outra coisa que você
também já sabe é que podemos calcular esse limite vindo pela esquerda ou pela direita do valor x0 . Então,
por exemplo, para a função f (x) = x2 temos que seus limites quando x 7→ 2, pela esquerda e pela direita, são,

9
ambos, iguais a 4. Usando valores próximos (1,9 e 2,1 por exemplo) como testes, teremos para f (x) os seguintes
valores:

f (1, 9) = 1, 92 = 3, 61 (1.36)
2
f (2, 1) = 2, 1 = 4, 41 (1.37)

Certo, mas o quão longe do valor limite (4 nesse caso) são esses valores de f (x)? Para isso basta calcularmos a
diferença entre eles, ou seja, f (x) − L:

f (1, 9) − L = 3, 61 − 4 = −0, 39 (1.38)


f (2, 1) − L = 4, 41 − 4 = 0, 41 (1.39)

Beleza, mas esse valor negativo pode incomodar um pouco e atrapalhar certos tipos de análises. Como queremos
saber só o quão longe esses valores testes estão do valor limite, não importando se são negativos ou positivos,
calculamos então |f (x) − L|, concorda? Pois o sinal da diferença dentro do módulo só vai dizer se o valor teste
está mais para a esquerda ou mais para a direita do valor limite, mas isso não importa, só queremos saber o
quão longe está, não para qual lado!
Então, sem pressa, vamos lá. Continuando na função f (x) = x2 e vendo seu limite para x 7→ 2. O primeiro
valor teste foi x = 1, 9, quão longe do valor que queremos saber o limite este valor é? Basta fazer |x − x0 |, certo?
Sendo que x é o valor teste e x0 é o valor que queremos saber o limite. Então:

|1, 9 − 2| = 0, 1 (1.40)
E isso resulta em que distância do valor limite? Basta fazer, novamente, |f (x) − L|.

|f (1, 9) − L| = |3, 61 − 4| = 0, 39 (1.41)


Isso quer dizer que escolhendo um valor teste 0,1 distante do valor que quer-se saber o limite, encontramos um
valor 0,39 distante do valor limite da função. Graficamente, você pode interpretar o que foi dito assim:

f (x) f (x) = x2

3, 61

x
1, 9 2

Ora, então você concorda (só olhando para o gráfico acima) que se eu escolho um valor teste entre 1,9 e 2 eu
vou ter um valor da função entre os valores 3,61 e 4? Se você entendeu isso, pode-se dizer que você entendeu
fundamentalmente o que é o limite de uma função. Mas agora vamos passar isso para o “matematiques”.
Em linguagem matemática formal, escolhe-se um valor δ (delta) que vai ditar a máxima distância que o seu
valor teste vai estar do valor que você quer descobrir qual é o limite. Ou seja, δ é um módulo (ou um intervalo
de valores se preferir). Então se escreve assim:

|x − x0 | < δ (1.42)
Isso quer dizer que o valor teste, x, vai estar a uma distância máxima δ (para esquerda ou para a direita, por
isso o módulo) do valor que se quer saber o limite, x0 . Pode-se interpretar também que o valor teste está dentro
de um intervalo de comprimento δ na vizinhança, à direita ou à equerda, do valor x0 .

10
Logo, se definimos uma distância máxima que o valor teste pode estar do valor de estudo do limite, isso está
diretamente relacionado com um intervalo de valores, ao redor do limite, que a função vai assumir. Dizemos
que o valor máximo dessa distância é proporcional a um valor ε (epsilon), no eixo f (x). Logo, teremos:

∃ δ | |x − x0 | < δ ⇒ ∃ ε | |f (x) − L| < ε (1.43)


Relaxa, se você olhou pra isso e pensou: Mas que p**** é essa? Vamos lá, traduzindo para o português: Existe
um valor delta tal que o módulo de x menos o valor de estudo do limite (x0 ) é menor que delta. Isso implica
que existe um valor epsilon tal que o módulo de f (x) menos o valor do limite é menor que epsilon. Ou seja,
se escolhemos um intervalo de valores de amplitude δ na vizinhança de x0 , à direita ou à esquerda, isso vai
estar diretamente relacionado (com alguma regra) com um intervalo de valores de amplitude proporcional a ε
na vizinhança do valor limite L, à direita ou à esquerda também. Graficamente:

f (x)

−ε

x
−δ x0 +δ

Ou seja, se você escolhe um valor teste no intervalo vermelho no eixo x, você terá um valor dentro do intervalo
vermelho no eixo f (x). Mas cuidado, isso não quer dizer necessariamente que o valor −ε é a imagem do valor −δ,
nem que ε é a imagem do valor δ, ou seja, isso não quer dizer que f (−δ) = −ε nem que f (δ) = ε, necessariamente,
vou mostrar isso com um exemplo simples, mas você não precisa se preocupar em ficar mostrando isso toda
hora, o exemplo será só a tı́tulo de fixação da definição.

EXEMPLO: Considere a função e o limite abaixo:

f (x) = 2x + 4, lim f (x) = 10 (1.44)


x7→3
Como nós podemos expressar isso usando δ e ε? Bom, de acordo com o que foi dito, temos que:

|x − 3| < δ ⇒ |(2x + 4) − 10| < ε (1.45)


Vamos manipular a inequação da direita e ver o que podemos concluir:

|(2x + 4) − 10| < ε (1.46)


|2x − 6| < ε (1.47)
2|x − 3| < ε (1.48)
ε
|x − 3| < (1.49)
2
Bom, então um bom argumento é que, no caso dessa função, podemos usar δ = ε/2. Vamos ver então se funciona
substituindo esse valor na expressão da esquerda agora:

|x − 3| < δ (1.50)
ε
|x − 3| < (1.51)
2
2|x − 3| < ε (1.52)
|2x − 6| < ε (1.53)
|2x + 4 − 10| < ε (1.54)

11
Bom, como conseguimos reexpressar a segunda expressão substituindo os valores, então fica bem claro que, para
essa função, podemos usar δ = ε/2 para expressar o funcionamento dos intervalos de limite. Então você pode
perceber, com esse exemplo, que não necessariamente f (±δ) = ±ε, entretanto δ e ε estarão relacionados com
alguma regra. Ou seja, existe uma função que relaciona δ com ε para cada função que se estuda o limite.

A partir da definição formal dos limites é possı́vel demonstrar uma série de propriedades para se manipular
algebricamente esses objetos. Entretanto, aqui, não irei demonstrar propriedade por propriedade, pois embora
sejam bastante triviais de entendimento qualitativo, demonstrar algébricamente com a definição de limite é um
tanto trabalhoso (e chato também). Portanto somente mostrarei quais são as propriedades e como usá-las, mas
caso você queira ver a demonstração, pode usar esse link:

http://tutorial.math.lamar.edu/Classes/CalcI/LimitProofs.aspx

I) Limite de uma constante

Bom, se temos uma função que é constante f (x) = k | k ∈ R então fica bem claro que o limite dela calculado
em qualquer valor de seu domı́nio é sempre k, pois ela possui esse mesmo valor sempre:

lim k = k, ∀ x0 ∈ D(f ) | k ∈ R (1.55)


x7→x0

Isso fica bem óbvio com o gráfico da função:

f (x)

k f (x) = k

II) Limite de uma soma

O limite de uma soma de funções pode ser reescrito como a soma dos limites das funções, pois se eu somo
duas funções eu estou somando suas regras, como o limite (de forma informal) substitui aquele valor para ver
no que ele levaria, tanto faz se eu faço isso antes de somar ou depois. Portanto.

lim [f (x) + g(x)] = lim f (x) + lim g(x) (1.56)


x7→x0 x7→x0 x7→x0

Ou de uma forma completamente geral:


" n
# n
X X
lim fi (x) = lim fi (x) (1.57)
x7→x0 x7→x0
i=i0 i=i0

III) Limite de um produto

Da mesma forma que a soma de duas funções soma as duas regras, um produto de duas funções vai multiplicar
as duas regras. Então, pelo mesmo argumento que antes, temos que:
   
lim [f (x) · g(x)] = lim f (x) · lim g(x) (1.58)
x7→x0 x7→x0 x7→x0

Ou, novamente, de uma forma completamente geral:

12
" n
# n
Y Y
lim fi (x) = lim fi (x) (1.59)
x7→x0 x7→x0
i=i0 i=i0

IV) Limite de uma divisão

Esse é só um caso particular do produto de funções, logo:

f (x) limx7→x0 f (x)


lim = (1.60)
x7→x0 g(x) limx7→x0 g(x)

V) Limite de uma potência

Pelo mesmo argumento que as propriedades anteriores, uma potência de uma função vai (literalmente) po-
tenciar a regra da função, logo não importa se isso é feito antes ou depois de substituir o valor ao qual se deseja
saber o limite, então:
 n
n
lim [f (x)] = lim f (x) (1.61)
x7→x0 x7→x0

VI) Limite de funções compostas

Aqui pode não ser tão intuitivo assim, mas como a composição de funções agrega uma regra dentro da outra
e o limite só “substitui valores”, também não importa a ordem com que isso é feito, logo:
 
lim f (g(x)) = f lim g(x) (1.62)
x7→x0 x7→x0

Existem outras propriedades, mas essas são as mais importantes de manter em mente, pois são as que são
usadas com mais frequência na resolução dos mais diversos problemas.

1.5 Indeterminações Matemáticas e Técnicas de Determinação de Li-


mites
Boa parte do conteúdo de limites é estudar como funções se comportam próximo de determinados pontos.
Como nem sempre as funções são amigáveis, existem diversos artifı́cios algebricos para calcular um limite, princi-
palmente quando indeterminações matemáticas estão em jogo. Então aqui serão passados alguns procedimentos
que você deve ficar atento quando for calcular o limite de uma função.

1.5.1 A Indeterminação 0/0


Essa você, provavelmente, escuta desde o seu primário. O porquê, agora com a apresentação dos limites deve
ter ficado mais claro. Quando pegamos um número qualquer e vamos dividindo ele por um número de módulo
cada vez menor, o resultado da fração é um número que sempre fica maior (em módulo). Lembra da função
f (x) = 1/x? Bom, imagine que temos agora f (x) = a/x, sendo que a ∈ R∗ , é só um número qualquer (o
asterı́sco indica que a só não pode ser o número 0). Da mesma forma, temos:
a
=∞ lim (1.63)
x7→0 x

certo! E o que acontece com a função g(x) = bx, b ∈ R∗ quando calculamos seu limite também para x 7→ 0?

lim bx = 0 (1.64)
x7→0

bem óbvio, né? Ok! Então o que acontece se eu quero calcular o limite, também para x 7→ 0, do produto dessas
duas funções? Bom, o produto parece bem óbvio também, seria:
a abx
f (x) · g(x) = · bx = (1.65)
x x

13
Então vamos ver o limite. Substituindo o valor de x diretamente temos:
abx ab · 0 0
lim [f (x)g(x)] = lim
= = (1.66)
x7→0 x 0
x7→0 0
Não sabemos quando isso da, mas sabemos que podemos separar a expressão acima em um produto de dois
limites (propriedade III dos limites):

lim [f (x)g(x)] = lim f (x) · lim g(x) = ∞ · 0 (1.67)


x7→0 x7→0 x7→0

Então chagamos na conclusão de que 0/0 é equivalente a ∞ · 0. Você talvez pense: Ah! Então 0/0 só poder ser
0 pois é a mesma coisa que ∞ · 0 e qualquer número multiplicado por 0 dá zero! Pois é, não! Esse é o grande
problema de se trabalhar com infinitos, qualquer número que você pense, seja 0, 1 ou 10100000000 , o sı́mbolo
“∞” sempre representa uma quantidade incompreensı́vel, não pode ser traduzida num número, ela é sempre tão
grande quanto você precisa que ela seja.
Por exemplo, pense em tamanhos, comprimentos. Mesmo que você saiba que o raio do átomo de hidrogênio
é aproximadamente 0, 5 × 10−10 [m], você não consegue imaginar o quão pequeno isso é, mesmo sabendo que
é muito menor que a menor medida de uma régua comum por exemplo. Da mesma forma que não consegue
imaginar o quão grande é 1010 [m] (isso não chega nem a 10% da distância média da Terra ao Sol), mesmo
sabendo que é muito maior do que a sua altura por exemplo. O ponto aqui é que não conseguimos imaginar
coisas que sejam grandes demais ou pequenas demais do que coisas tangı́veis à nós, o sı́mbolo ∞ só traduz isso
para a linguagem matemática.
Então, algo ser infinitamente grande é relativo ao que se compara. O número 1 é tão grande comparado ao
número 10−100 , por exemplo, que nem se percebe diferença se você soma os dois. Voltando ao caso de ∞ · 0,
temos que esse infinito vai ser tão grande quanto eu precise para que eu coloque dois argumentos em conflito:

I) Qualquer número multiplicado por zero é zero.

II) Qualquer número multiplicado por infinito é infinito.

Se você multiplica os dois, simplesmente não da pra definir uma resposta, é indeterminado, logo pode resultar
em qualquer coisa, então vamos “quantificar” infinitos relativos uns aos outros.

EXEMPLO 1: Considere o limite abaixo:

x2 − 2
lim√ √ (1.68)
x7→− 2 x+ 2
A primeira coisa que você precisa fazer ao ver um limite é procurar se não resulta em nenhuma indeterminação,
então você substitui o valor de tendência da variável e testa:

x2 − 2 (− 2)2 − 2 2−2 0
lim√ √ = √ √ = = (1.69)
x7→− 2 x + 2 − 2+ 2 0 0
Temos uma indeterminação, logo isso não resolve o limite. Mas não entre em pânico, a resposta sempre
existe, você só precisar ter (muita) paciência as vezes. O que temos que fazer é procurar uma forma de
reescrever a função, para que ao substituir o valor de tendência da variável, não resulte em uma indeterminação.
Nesse caso é relativamente simples, basta simplificarmos usando produto notáveis. Você deve se lembrar que
(a + b) · (a − b) = a2 − b2 , então vamos reescrever o limite:
√ √
x2 − 2 (x − 2)(x + 2) √ √ √ √
lim√ √ = lim√ √ = lim√ x − 2 = − 2 − 2 = −2 2 (1.70)
x7→− 2 x + 2 x7→− 2 x+ 2 x7→− 2

Então aqui temos um caso em que uma indeterminação 0/0 resultou, na verdade, em −2 2.

EXEMPLO 2: Considere o limite:



5−
x + 25
lim (1.71)
x7→0x
Bom, mesma coisa que anteriormente, temos que testar e ver se não há indeterminação.
√ √
5 − x + 25 5 − 0 + 25 5−5 0
lim = = = (1.72)
x7→0 x 0 0 0

14
Novamente uma indeterminação 0/0, então temos que mexer na função. Você pode perceber que o procedimento
do exemplo anterior não irá funcionar aqui, pois não há nada o que simplificar no denominador (ou numerador).
Então, vamos fazer uma mudança de variável, nesse caso. Escolhendo uma nova variável (y, por exemplo)
√ pode
nos ajudar a escrever de outra forma a função, sem uma indeterminação. Então vamos definir y := x + 25,
dessa forma temos que:
√ √
y= x + 25, x 7→ 0 ⇒ y = 0 + 25 = 5 (1.73)
Então, trocando a variável, vamos de um limite em que x 7→ 0 para outro em que y 7→ 5. Tudo isso pois
mudamos a variável, então temos que mudar o limite de acordo, se não estamos assassinando a matemática.
Reescrevendo o limite com a variável y, ficamos com:

5 − x + 25 5−y
lim = lim 2 (1.74)
x7→0 x y7→5 y − 25

Perceba que ainda estamos com uma indeterminação (se substituı́mos y = 5 ainda teremos 0/0). Entretanto,
agora podemos fazer uma simplificação no limite, você já deve saber qual:
5−y 5−y 1 1
lim = lim = − lim =− (1.75)
y7→5 y 2 − 25 y7→5 (y − 5)(y + 5) y7→5 y + 5 10
Isso porque:

5−y −(y − 5)
= = −1 (1.76)
y−5 y−5
Nesse exemplo tivemos então que a indeterminação 0/0 resultou em -1/10.

Agora, com esses dois exemplos, deve ter ficado claro que indeterminações matemáticas tem esse nome pois,
literalmente, podem resultar em qualquer coisa.

1.5.2 A Indeterminação ∞/∞


O argumento aqui é bem parecido com o anterior, vamos então considerar as mesmas funções:

a
f (x) = , a ∈ R∗ g(x) = bx, b ∈ R∗
x
Calculando agora o limite quando x 7→ ∞ para ambas, temos:

lim f (x) = 0 lim g(x) = ∞


x7→∞ x7→∞

Então você já pode imaginar o que acontece quando calculamos o mesmo limite para a função h(x) = f (x)g(x):
abx ab · ∞ ∞
lim [f (x)g(x)] = lim = =± (1.77)
x7→∞ x7→∞ x ∞ ∞
O sinal ± está ali somente porque não sabemos os sinais de a e de b, então não sabemos se ficaria positivo ou
negativo. Mas o que importa é que temos infinito sobre infinito, isso não é determinado pelo mesmo motivo que
0/0 também não é. Reescrevendo o limite:
a
lim [f (x)g(x)] = lim f (x) · lim g(x) = lim · lim bx = 0 · ∞ (1.78)
x7→∞ x7→∞ x7→∞ x7→∞ x x7→∞

EXEMPLO Considere o limite:

2x5 + 3x2
lim (1.79)
x7→∞ x4 + x3

Novamente, a primeira coisa a se fazer é verificar se não possui indeterminações.

2x5 + 3x2 2 · ∞5 + 3 · ∞2 ∞+∞ ∞


lim = = = (1.80)
x7→∞ x4 + x3 ∞4 + ∞3 ∞+∞ ∞
Ok, então temos uma indeterminação, precisamos contornar essa situação com alguma manipulação algébrica.
Bom, você percebeu que essa função é uma divisão de dois polinômios? Quando isso acontece, você pode
literalmente dividir os dois polinômios, ou fazer o seguinte: todos os termos tem uma variável, então, já que a

15
variável tende a infinito, vamos colocar a maior potência em evidência e ver o que acontece. Com o polinômio
de cima, ficamos com:
 
5 2 5 3
2x + 3x = x 2 + 3 (1.81)
x
E com o de baixo:
 
4 3 5 1 1
x +x =x + (1.82)
x x2
Reescrevendo o limite com esses termos, teremos:
−1
2x5 + 3x2 x5 2 + x33
  
3 1 1
lim = lim 5 1 1 = x7lim 2+ 3 · + (1.83)
x7→∞ x4 + x3 x7→∞ x x x x2
x + x2
→∞

Agora sim, substituı́ndo o valor de tendência:

   −1    −1
3 1 1 3 1 1 2
lim 2+ 3 · + 2 = 2+ 3 · + 2 = (2 + 0) · (0 + 0)−1 = = ∞ (1.84)
x7→∞ x x x ∞ ∞ ∞ 0

Portanto:

2x5 + 3x2
lim =∞ (1.85)
x7→∞ x4 + x3

E isso é bem claro, pois o grau do polinômio do numerador é maior que o do denominador, isso quer dizer que
conforme x cresce, o numerador cresce muito mais do que o denominador, então quando x se torna uma valor
muito grande, a fração começa a tender muito mais com relação ao numerado, o denominador vai começando a
se tornar insignificante comparado ao numerador. Pensando assim, se calculamos então o mesmo limite com a
fração invertida, é perfeitamente claro que:

x4 + x3
lim =0 (1.86)
x7→∞ 2x5 + 3x2

Isso porque, agora, que cresce muito mais é o denominador, então para valores muito altos de x, o numerador
se torna insignificante, assim levando a função a zero quando x 7→ ∞.

1.5.3 A Indeterminação ∞ − ∞
A ideia aqui já foi passada. Mas resumindo, você não pode simplesmente subtrair infinito de infinito e achar
que vai dar zero sempre, pois (novamente) infinito não é uma quantidade definida. Mas vamos ver mais um
exemplo de como sair dessa armadilha matemática, agora com outra técnica algébrica. Considere o limite
abaixo:

lim x2 − 2 − x

(1.87)
x7→∞

De uma forma direta, temos:

lim x2 − 2 − x = ∞2 − 2 − ∞ = ∞ − 2 − ∞ = ∞ − ∞

(1.88)
x7→∞

A maneira mais direta de resolver esse limite é colocando a variável de maior potência em evidência, como já
mostrado:
   
2 1 2 1
lim x2 − 2 − x = lim x2 1 − 2 − = ∞2 1 − 2 −

= ∞(1 − 0 − 0) = ∞ (1.89)
x7→∞ x7→∞ x x ∞ ∞
Então temos aqui um caso em que a indeterminação ∞ − ∞ acabou resultando em ∞. Considere mais um
exemplo:
p 
lim x2 − 2 − x (1.90)
x7→∞

Verificando indeterminações:
p  p
lim x2 − 2 − x = ∞2 − 2 − ∞ = ∞ − ∞ (1.91)
x7→∞

16
Aqui vamos usar outra técnica algébrica para resolver, a multiplicação pelo conjugado. O conjugado de um
termo (a + b) é o termo (a − b) ou o termo (−a + b), já o conjugado de um termo (a − b) é (a + b) ou (−a − b),
o porquê você vai entender agora. Se multiplicamos um termo na forma (a + b) por uma fração que contém seu
conjugado no numerador e no denominador, esse é o resultado:

a−b a2 − b2
(a + b) · = (1.92)
a−b a−b
−a + b b2 − a2
(a + b) · = (1.93)
−a + b b−a
Para o termo (a − b):

a+b a2 − b2
(a − b) · = (1.94)
a+b a+b
a2 − b2
   
−a − b −(a + b) a+b
(a − b) · = (a − b) = (a − b) = (1.95)
−a − b −(a + b) a+b a+b

embora nesse segundo caso o resultado seja o mesmo termo. A questão aqui é que a multiplicação pelo conjugado
é a melhor ferramenta para eliminar raı́zes da sua análise, pois ela retorna termos quadrádicos. Voltando ao
nosso limite, vamos fazer isso então, mostrarei das duas formas:

p  p  √x 2 − 2 + x x2 − 2 − x2
lim x2 − 2 − x = lim x2 − 2 − x · √ = lim √ = (1.96)
x7→∞ x7→∞ x2 − 2 + x x7→∞ x2 − 2 + x
−2 2
= lim √ = −√ =0 (1.97)
x7→∞ 2
x −2+x 2
∞ −2+∞
Beleza! Isso resolveu nosso problema, vamos testar com o outro conjugado então:

p  p  −√ x 2 − 2 − x x2 − 2 − x2
lim x2 − 2 − x = lim x2 − 2 − x · √ = lim √ = (1.98)
x7→∞ x7→∞ − x2 − 2 − x x7→∞ x2 − 2 + x
2
= − lim √ =0 (1.99)
x7→∞ 2
x −2+x
Então você percebeu que deu no mesmo, mas fique atento, em nem todos os casos ambos os conjugados podem
funcionar, mas isso é só uma questão de prática.

1.5.4 As Indeterminações 00 e ∞0
Essas duas são, informalmente, uma outra forma de outras indeterminações já mostradas. Isso porque um
número elevado a zero pode ser escrito como:
x
x0 = x1−1 = x1 · x−1 = (1.100)
x
Então, acho que você já deve imaginar que:
0 ∞
00 = e ∞0 = (1.101)
0 ∞
que são indeterminações. Mas se um matemático te perguntar e você responder isso, ele vai te dar um tapa na
cara, pois isso não é formalmente correto. Entretanto, é uma boa forma qualitativa de se entender porquê são
indeterminações.

1.5.5 A Indeterminação 1∞
Sim (pasmem!) 1∞ é uma indeterminação matemática. Se você aceita isso de cara sem já saber o porquê
você já perdeu todo o seu amor pela vida. Porque, realmente, é muito estranho e nada intuitivo, pelo menos se
apresentado dessa forma, pois se:

1n = 1 · 1 · 1 · 1 . . . 1 = 1, ∀ n ∈ N, ou 1n = 1, ∀ n ∈ R (1.102)

17
então porque se eu faço n 7→ ∞ se torna indeterminado? A resposta está na formalidade da matemática. Sim,
embora ser formal demais as vezes seja insuportável, em outras é a única forma de se entender de fato algo.
Então ok, considere uma função h(x) = f (x)g(x) e seu limite abaixo:

lim h(x) = lim f (x)g(x) (1.103)


x7→∞ x7→∞

Vamos supor que:

lim f (x) = 1 e que lim g(x) = ∞ (1.104)


x7→∞ x7→∞

Como vocês provavelmente já repararam, chamamos alguma expressão matemática de indeterminação quando
ela pode resultar em qualquer coisa, a depender da regra da função. Então vamos ver exemplos de funções que
quantificam a representação acima. Considere:
 
1
f (x) = 1 + , g(x) = x2 , h(x) = f (x)g(x) (1.105)
x
Temos que:

lim f (x) = 1, lim g(x) = ∞ (1.106)


x7→∞ x7→∞

Vamos estimar o limite de h(x) então:


  x2
1
lim h(x) = lim 1+ (1.107)
x7→∞ x7→∞ x
pode ser estimado com uma tabela:

x h(x)
1 2
2 5,0625
4 35,5271
10 13780,61
100 1, 63 · 1043

Acho que com esse valores já fica bem claro que a função tende a infinito a medida que x também. Agora vamos
ver para outro caso, parecido:

 
1
f (x) = 1 + , g(x) = x, h(x) = f (x)g(x) (1.108)
x
Temos que:

lim f (x) = 1, lim g(x) = ∞ (1.109)


x7→∞ x7→∞

Vamos estimar o limite de h(x):


 √x
1
lim h(x) = lim 1+ (1.110)
x7→∞ x7→∞ x
Novamente, estimaremos com uma tabela:

x h(x)
1 2
2 1,7743
4 1,5625
10 1,3517
100 1,1046
106 1,0010

Nesse caso, claramente a função tende a 1 a medida que x tende a infinito. Último exemplo, considere:
 
1
f (x) = 1 + , g(x) = x, h(x) = f (x)g(x) (1.111)
x
Temos, novamente, que:

18
lim f (x) = 1, lim g(x) = ∞ (1.112)
x7→∞ x7→∞

e, novamente, o limite de h(x):


 x
1
lim h(x) = lim 1+ (1.113)
x7→∞ x7→∞ x
Esse caso é um tanto estranho, veja a tabela:

x h(x)
1 2
2 2,25
4 2,441
10 2,5937
100 2,7048
1000 2,7169
10000 2,7181
106 2,718280

O limite tende a um número, uma constante, entretanto não é nada conhecido aparentemente, talvez um número
irracional qualquer. É, só que esse número irracional qualquer é nada menos que o número de Euler! Sim, o
mesmo que é a base do logaritmo natural, ou o famoso “exponencial”, informalmente. Temos então que uma
das definições do número de Euler é dada por um limite que vem de uma (agora com sentido) indeterminção
matemática do tipo 1∞ :
 x
1
e := lim 1 + (1.114)
x7→∞ x
Você também pode checar isso com o gráfico de tal função:

f (x)

e
1 x

f (x) = 1 + x

Bom, espero que com tudo isso tenha ficado claro o porquê expressões do tipo 0/0, ∞/∞, 0 · ∞, ∞ − ∞,
00 , ∞0 e 1∞ são indeterminações matemáticas, e que existem diversas maneiras de se trabalhar algebricamente
com elas, de forma à torna-las entendı́veis para a sua análise matemática.

1.5.6 Teorema do Confronto


Aqui então chegamos no último método de determinação de limites, um dos mais importantes, tão importante
que tem vários apelidos, sendo um deles Teorema do Sanduı́che, talvez o mais famoso. Outros nomes que você
pode encontrar para esse teorema são: Squeeze Theorem (Teorema do Aperto), Pinching Theorem (Teorema do
Belisco - não me pergunte o porquê), Sandwich Lemma (Lema do Sanduı́che) etc.
Seus apelidos dão uma ideia de como esse teorema funciona, então vamos lá. Imagine três funções f (x), g(x)
e h(x) definidas num intervalo I de valores para x, sendo x0 um elemento desse intervalo e também o ponto
onde vamos analisar o limite das funções. Ok, vamos supor que dentro desse intervalo teremos:

g(x) ≤ f (x) ≤ h(x) (1.115)


Suponha também que, dentro desse intervalo, temos:

lim g(x) = lim h(x) = L (1.116)


x7→x0 x7→x0

19
Com essas duas condições, podemos afirmar que:

lim g(x) ≤ lim f (x) ≤ lim h(x) (1.117)


x7→x0 x7→x0 x7→x0

L ≤ lim f (x) ≤ L (1.118)


x7→x0

lim f (x) = L (1.119)


x7→x0

Isso porque f (x) está sempre entre as outras duas, logo se as duas extremas tendem a um único valor, f (x)
consequentemente tanbém tenderá. Na lı́ngua Russa (possı́velmente em outras também) esse teorema tem um
nome um tanto peculiar, é chamado de Теорема о Двух Милиционерах (Tiearema o Dvur Militsianierarr -
Teorema dos dois Policiais), pode ser melhor entendido como: Теорема о Двух Милиционерах (и Пьяный)
(Tiearema o Dvur Militsianierarr (i P’yanii) - Teorema dos dois Policiais (e um Bêbado)). Nesse caso como se
dois policiais, g(x) e h(x), estivessem guiando um bêbado, f (x), para a cadeia. A ideia aqui é que não importa
o quando o bêbado balance de um lado ou para o outro, se ele se mantiver entre os policiais ele vai chegar na
cadeia (ponto de estudo do limite, x0 ).
Mas beleza, se isso ainda não está 100% claro, vamos ver um exemplo visual. Usando o teorema do confronto,
vamos calcular o limite:

sin(θ)
lim (1.120)
θ7→0 θ

Figura 1.1: Triângulos OAB e OAM, juntos com o setor circular OAM. O círculo da imagem possui raio R.

Você concorda que a área do triângulo OAB (At1 ) é sempre maior que a área do setor circular OAM (Asc )
que é sempre maior que a área do triângulo OAM (At2 ), para qualquer ângulo θ? Claro, considerando um único
quadrante do circulo. Vamos escrever essas áreas então:

Base · Altura R · AB R tan θ


At1 = = =
2 2 2
2
θ θR
Asc = · πR2 =
2π 2
Base · Altura R · CM R sin θ
At2 = = =
2 2 2
E como já dito:

20
At1 ≤ Asc ≤ At2 (1.121)
Logo podemos escrever:

R| sin(θ)| θR2 R| tan(θ)|


≤ ≤ (1.122)
2 2 2
Aqui estamos colocando módulo nas funções trigonométricas pois elas podem ser negativas dependendo de θ,
mas isso é uma prova geométrica, estamos falando de áreas, logo queremos valores estritamente positivos. Com
isso, podemos simplificar:

R| sin(θ)| ≤ θR2 ≤ R| tan(θ)| (1.123)


| sin(θ)| ≤ θR ≤ | tan(θ)| (1.124)
θR | tan(θ)|
1≤ ≤ (1.125)
| sin(θ)| | sin(θ)|
θR 1
1≤ ≤| (1.126)
| sin(θ)| | cos(θ)|

Invertendo todos os termos da inequação anterior, teremos:

| sin(θ)|
1≥ ≥ | cos(θ)| (1.127)
θR
Para efeito de aprendizado, vamos fazer o raio da circunferência igual a 1 (R = 1), assim teremos:

| sin(θ)|
1≥ ≥ | cos(θ)| (1.128)
θ
Calculando o limite para θ 7→ 0:

| sin(θ)|
lim 1 ≥ lim ≥ lim | cos(θ)| (1.129)
θ7→0 θ7→0 θ θ7→0

Bom, os limites dos extremos são trivialmente iguais a 1, isso implica que:

| sin(θ)|
1 ≥ lim ≥1 (1.130)
θ7→0 θ
| sin(θ)|
⇒ lim =1 (1.131)
θ7→0 θ
Ou seja, isso visualmente quer dizer que conforme vamos diminuindo o ângulo θ, a área dos dois triângulos e
do setor circular vamão diminuindo, mas o valor da área do setor está sempre entre os valores das áreas do
triângulo maior e do triângulo menor. Então, manipulando algebricamente chegamos na expressão sin(θ)/θ e
vimos que, pelo teorema do sanduíche, seu valor, quando θ 7→ 0, só pode ser 1. Vulgarmente, é como se os
policiais fossem os triângulos e o bêbado o setor circular.
Mas é claro que você não precisa sempre ficar fazendo analogias geométricas para se usar esse teorema,
existem formas puramente algebricas de se fazer isso. Veja esse exemplo:
 
1
lim x2 sin (1.132)
x7→0 x2
Vamos analisar esse caso. A primeira coisa que podemos notar é que existe um seno, você deve se lembrar que
o seno de qualquer ângulo está sempre entre os valores -1 e 1, logo, podemos escrever o seguinte:
 
1
−1 ≤ sin ≤1 (1.133)
x2
Ok! Mas ainda falta um termo, concorda? Ainda falta o x2 multiplicando o seno na função. Não seja por isso,
vamos multiplicar nossa expressão toda por x2 então:
 
1
−x2 ≤ x2 sin ≤ x2 (1.134)
x2
Bom, nós queremos saber o limite desse função para x 7→ 0, certo? Então aplicamos esse limite em todos os
termos da inequação:

21
 
2 2 1
lim (−x ) ≤ lim x sin ≤ lim x2 (1.135)
x7→0 x7→0 x2 x7→0
 
1
0 ≤ lim x2 sin ≤0 (1.136)
x7→0 x2

Logo, a única resposta possível é:


 
1
lim x2 sin =0 (1.137)
x7→0 x2
Então, a ideia desse teorema é sempre buscar funções auxíliares, que você saiba calcular o limite, e montar
inequalidades entres elas e a função a qual você deseja saber o limite, ou seja, você está sempre procurando
policiais para guiar seus bêbados para a cadeia.

1.6 Exercícios
(1) Encontre os limites abaixo:

x3 − 4x y3
a) lim (x2 − 4) b) lim c) lim
x7→2 x7→0 2x2 + 3x y7→−1 (y + 1)2
p
(t + 1)2 (t − 1) 3r2 − 1 + 2r γ2 + 9
d) lim e) lim f) lim
t7→−1 t3 + 1 r7→∞ 2 − r 3 + r γ7→∞ γ + 3

(2) A função de massa inicial para estrelas (chamada de FMI - ou em inglês IMF) é uma função que estima
a quantidade de estrelas que deveriam nascer dentro de 1 pc3 (pc = parsec), com determinada faixa de massas,
sendo a massa dada em massas solares. Ela é definida da seguinte maneira:
 −0,25

M ; 0, 4 M ≤ M∗ ≤ 1 M
M −1 ; 1, 0 M < M ≤ 2 M

∗ ∗
IMF(M∗ ) = 0,3 −1,3

 2 · M ∗ ; 2 M < M∗ ≤ 10 M
−2,3

0,3
10 · 2 · M∗ ; 10 M < M∗ ≤ 50 M

Dada essa definição, sendo M∗ a massa da estrela em massas solares e M a unidade Massa Solar, utilizando
limites, descubra se essa função é contínua ou não dentro de seu domínio.

(3) Determine se as funções abaixo possuem assíntotas horizontais e/ou verticais. Caso possuam, determine
as funções que descrevem cada uma das assíntotas:

x 2t2 − 5t r−1
a) y(x) = b) x(t) = c) z(r) =
x+4 t2 + 1 r3 − 1
z
d) r(θ) = ln(θ) e) h(z) = f) p(w) = tan(w)
ln(z)
 2 
x −2
g) ρ(ψ) = cot(ψ) h) s(x) = exp i) Ψ(δ) = tan(ln(δ))
x2 − 1

OBS: Na letra h, o termo exp é definido por:

exp(x) ≡ ex

(4) O gráfico abaixo corresponde a uma função f (x). Para cada valor de x0 nos itens abaixo do gráfico, diga
se o limite dessa função existe para aquele ponto ou não e porquê. Caso o limite exista, calcule-o para x 7→ x0 .

22
f (x)

x
-2 1

a) x0 = 0 b) x0 = −2 c) x0 = 1 d) x0 = ∞ e) x0 = −∞

(5) Encontre os limites abaixo usando o teorema do confronto:

cos2 (2ϕ)
  
1 2 − cos(ε)
a) lim α2 exp sin b) lim c) lim
α7→0 α2 ε7→∞ ε+3 ϕ7→∞ 3 − 2ϕ

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