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Observe!

BOLETIM INFORMATIVO DO NEOA – JBS


ANO XIV – NÚMERO 11 – NOVEMBRO DE 2023

EDITORIAL:

Prezados leitores,

O último mês de outubro apresentou


um volume de chuva e nebulosidade
acima da média para os catarinenses.
Em décadas passadas isso chamaria a
atenção do saudoso A. Seixas Netto
(foto ao lado) que, se vivo estivesse,
completaria 99 anos no próximo dia 2
de novembro. Assim, iniciamos a contagem regressiva para celebrar o seu
centenário ao resgatar um texto sobre como ele descobriu o céu. A atual
edição traz os relatos do eclipse solar do último 14 de outubro bem como
informa a respeito dos fenômenos astronômicos do presente mês. Boa
leitura a todos!
Alexandre Amorim
Coordenação de Observação Astronômica do NEOA-JBS

AGENDA ASTRONÔMICA – CÉU DO MÊS

Novembro de 2023

Mercúrio é visível ao anoitecer. Saturno é visível até a meia-noite. Netuno


é visível até as 02:00. Júpiter e Urano são visíveis durante toda a noite.
Vênus é visível ao amanhecer. Marte tem sua visibilidade prejudicada em
virtude de sua conjunção com o Sol no dia 18. A luz cinérea da Lua é
visível ao amanhecer do dia 7 ao 11 e ao anoitecer entre os dias 14 e 18.
Uma sugestão para ver a Lua Cheia nascer no mar é dia 27 às 19:28 HBr.
A seguir temos o mapa do céu válido para o dia 15 de novembro às 20:00
Horário de Brasília. (©CartasCelestes.com).
2

Dia Hora Evento – Fonte: AAC 2023 e NEOA-JBS


1 6 Ocultação de beta Tauri pela Lua
1 18 Júpiter mais próximo da Terra
3 2 Júpiter em oposição
3 15 Pollux 1,5° ao norte da Lua
4 4 Saturno estacionário
5 Máxima atividade dos Taurídeos Austrais
5 6 Quarto Minguante
6 15 Mercúrio no afélio
6 17 Regulus 4° ao sul da Lua
6 19 Lua no apogeu
9 7 Vênus 0,9° ao sul da Lua
12 Máxima atividade dos Taurídeos Boreais
11 4 Spica 2° ao sul da Lua
3
13 6 Lua Nova
13 9 Marte 2,5° ao norte da Lua
13 9 Urano mais próximo da Terra
13 14 Urano em oposição
14 10 Mercúrio 1,5° ao norte da Lua
14 19 Ocultação de 22 Scorpii pela Lua
14 17 Antares 0,9° ao sul da Lua
16 21 Mercúrio 2,5° ao norte de Antares
18 Máxima atividade dos Leonídeos
18 3 Marte em conjunção com o Sol
20 8 Quarto Crescente
20 12 Saturno 2,5° ao norte da Lua
20 13 Ceres em conjunção com o Sol
21 18 Lua no perigeu
22 Máxima atividade dos alfa-Monocerotídeos
22 5 Netuno 1,5° ao norte da Lua
23 7 Saturno em quadratura
25 6 Júpiter 2,5° ao sul da Lua
26 5 Urano 2,5° ao sul da Lua
26 22 Ocultação de 27 Tauri pela Lua
27 15 Aldebarã 9° ao sul da Lua
27 6 Lua Cheia
28 Máxima atividade dos Orionídeos de Novembro
28 9 Vênus no periélio
29 16 Vênus 4,2° ao norte de Spica

Ocultações rasantes em novembro

O Anuário Astronômico Catarinense 2023, página 161, mostra três


ocultações lunares previstas para ocorrer neste mês com visibilidade em
Santa Catarina. Apresentamos na tabela abaixo os instantes em Tempo
Universal (TU) calculados para Florianópolis:
data estrela mag. imersão emersão
1º nov 2023 β Tauri 1,7 09:05:14 09:45:49
14 nov 2023 22 Scorpii 4,8 22:09:14
26-27 nov 2023 27 Tauri 3,6 01:11:26 01:26:12
A ocultação da estrela El Nath (β Tau) ocorre ao amanhecer em plena luz
do dia e é rasante para algumas localidades de Mato Grosso do Sul, Paraná
e São Paulo. A ocultação de 22 Scorpii é visível no litoral sul catarinense
sendo rasante para o extremo sul da Ilha de Santa Catarina de modo que o
instante informado se refere à menor separação angular. A estrela Atlas
4

(27 Tauri), pertencente ao aglomerado das Plêiades. O próprio Anuário


2023 já avisa nas páginas 75 e 159 que em virtude das máximas
declinações da Lua para este ano inicia a temporada de ocultações das
Plêiades. (Veja Boletim Observe!
Outubro de 2023). Ao lado temos um
esboço com a posição da Lua Cheia às
22:11 HBr na noite de 26 de novembro
quando ocorre a imersão de Atlas para os
observadores situados em Florianópolis.
Aqueles situados nos municípios
catarinenses de Biguaçu, São Pedro de
Alcântara, Anitápolis e Bom Jardim da
Serra observam uma ocultação rasante
dessa mesma estrela. (AA)

A última boa conjunção do ano

Conjunções ocorrem todos os meses, é claro. Bastam dois astros atingirem


uma mesma coordenada celeste específica, preferencialmente quando
próximos um do outro. Mas nos referimos àquelas conjunções envolvendo
no mínimo três astros. E segundo o Anuário Astronômico Catarinense
2023, páginas 54 e 158, na terça-feira, 14 de novembro, véspera do feriado
nacional, teremos a conjunção entre a Lua, Mercúrio e Antares, logo após
o pôr-do-sol. A página 158 do Anuário traz um esboço desse fenômeno
que deve ser visualizado com um horizonte oeste livre de obstáculos em
virtude da baixa altura dos astros. A Lua está iluminada em apenas 2,8% e
ocultando a estrela 22 Scorpii para o litoral sul catarinense (veja artigo
anterior). Mercúrio se apresenta mais brilhante do que Antares e talvez
seja até necessário usar binóculos com aumentos de 7 ou 10 vezes para
visualizar os três astros devido às luzes do crepúsculo vespertino, uma vez
que eles se situam no campo de 4° de diâmetro na esfera celeste. (AA)

Atenção à cratera Aristarchus

Ao verificar as previsões de Anthony Cook a respeito de crateras que terão


suas condições de iluminação similares àquelas que foram registradas
anteriormente por astrônomos brasileiros, encontramos para o presente
5

mês apenas o fenômeno envolvendo a cratera Aristarco, conforme registro


abaixo:
2023-Nov-06, 06:29-07:49 TU, Ilum.=41%
Aristarchus, evento nº 19800804, observada por Jean Nicolini.

Esse relato também foi republicado no Boletim Observe! Abril de 2015.


Referências:
AMORIM, Alexandre. Catálogo Brasileiro de Fenômenos Lunares. Disponível
em: <http://www.geocities.ws/costeira1/cbfl2015.pdf>.
COOK, Anthony. Repeat illumination only or illumination/libration. Disponível
em: <http://users.aber.ac.uk/atc/tlp/tlp.htm>. Acesso em: 5 out. 2023.

Como foi o último eclipse solar?

As condições meteorológicas não ajudaram os observadores do NEOA-


JBS, independente de onde estavam para acompanhar o eclipse solar
ocorrido no sábado, 14 de outubro de 2023. As equipes residentes em
Balneário Gaivota/SC e Angelina/SC encararam céu completamente
nublado. Em Florianópolis não foi diferente. Alguns observadores do
NEOA se deslocaram para a faixa de anularidade, assim dispostos:
Em Porto Franco/MA, Alexandre Amorim estava com os seguintes
instrumentos: refletor 76mm f/4, câmera Canon 1100D (T3) com objetiva
75-300mm dotada de filtros solares Baader Planetarium e Seymour. Mas o
céu nublou a partir das 13:00 HBr e não foi possível acompanhar
absolutamente nada do eclipse.
Em Araruna/PB, Marcos Aurélio Neves participou do 23º ENAST (cujo
relato está nas páginas seguintes) usando apenas câmera fotográfica e
óculos apropriado para observação solar. Um problema no fotômetro da
câmera comprometeu o acompanhamento do eclipse, de modo que Marcos
apenas visualizou o fenômeno. No entanto foi feliz em testemunhar toda a
anularidade calculada em 4 minutos e 20 segundos.
Em Carolina/MA, Lucas Camargo da Silva e Milena Coronel Rodríguez
usaram um binóculo 7x50 dotado de filtro Baader Planetarium. A
aquisição de imagens foi por meio do smartphone Asus Zenfone 9. O céu
parcialmente nublado impediu que o eclipse fosse acompanhado por mais
tempo. Em duas ocasiões foi possível fotografar a etapa parcial inicial
usando o conjunto binóculo + filtro solar como vemos a seguir:
6

19:14:57 TU 19:26:20 TU
Em Carolina/MA a anularidade estava calculada para 3m 53s e a camada de
nuvens serviu de filtro para que ao menos a anularidade fosse visualizada a
olho nu! A seguir temos uma composição de duas imagens mostrando a
paisagem e o detalhe da anularidade obtida às 16:40 HBr (19:40 TU).

Alexandre Amorim
Coordenação de Observação Astronômica – NEOA-JBS
7

Outros registros do eclipse solar

Até o fechamento desta edição, a Coordenação de Observação


Astronômica do NEOA-JBS recebeu por e-mail diversas imagens de
outros colaboradores.

Em Campinas/SP José Guilherme de Souza


Aguiar nos enviou a foto ao lado, obtida às 19:25
TU por meio da câmera Canon Power Shot SX150
configurada em 60mm f/8, exp. 1/1600s e ISO 80.
Nesse instante a grandeza calculada por meio
método das cordas era de 40%.

Em Santo Ângelo/RS o colaborador A. Newton


objete a foto ao lado às 19:50 TU. Nesse instante a
grandeza calculada por meio método das cordas era
de 32%.

Em Chapecó/SC recebemos imagens obtidas por


Cristian Madoglio e Lívia Cavalcante. Ambos
usaram smartphone para tirar as fotos, porém os
telescópios eram diferentes. Cristian usou um
telescópio Schmidt-Cassegrain de 200 milímetros + filtro Baader
Planetarium. Lívia, por sua vez, usou um PST de 40 milímetros da marca
Coronado – telescópio solar dotado de filtro Hα.

19:39 TU, g = 35% 19:56 TU, g = 34%


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O eclipse solar no Ceará

Milhares de pessoas acompanharam em todo o Ceará o eclipse solar


ocorrido em 14 de outubro de 2023. As regiões do Cariri e Centro-Sul do
estado foram contempladas com um eclipse anular – algo que não era
observado no Ceará desde 29 de abril de 1995 – enquanto as demais
regiões acompanharam uma parcialidade que variou de 85 a 99%. Na
capital Fortaleza o Planetário Rubens de Azevedo, do Centro Dragão do
Mar de Arte e Cultura, reuniu cerca de 2 mil pessoas. Prestes a completar
25 anos de sua inauguração em 2024, a entidade distribuiu óculos e
máscaras para uma observação segura do fenômeno. O Planetário também
foi coorganizador de eventos em outros locais da capital, noutros
municípios do Ceará e colaborou com eventos de observação do eclipse
em outros estados, doando óculos para duas entidades do Rio de Janeiro,
uma entidade da Bahia, uma de Pernambuco e outra do Rio Grande do
Norte. Em outra parte da capital, o Observatório Otto de Alencar reuniu 3
mil pessoas no campus da Universidade Estadual do Ceará, onde está
instalado. Outros grupos, clubes de Astronomia e diversas organizações
também montaram eventos de observação em outras partes da cidade.
No interior do estado o destaque é para dois eventos observacionais em
Baturité, organizados pelo clube local de Astronomia e pela Secretaria
Municipal de Ciência e Tecnologia. Em Sobral, mundialmente conhecida
por causa do eclipse total do Sol em 1919, houve um evento observacional
no mirante do Alto do Cristo organizado pelo Museu do Eclipse, onde
estavam reunidas cerca de 400 pessoas no local para acompanhar o
fenômeno e outras tantas acompanhando uma transmissão pela Internet.
Nas regiões do Ceará onde era possível observar a anularidade do eclipse,
destacamos o campus da UFCA de Juazeiro do Norte, no Cariri, onde
cerca de mil pessoas puderam acompanhar o eclipse presencialmente e por
meio de transmissão on-line. No Centro-Sul, o Grupo de Estudos em
Astronomia Zênite (GEAZ) reuniu cerca de 500 pessoas no mirante
localizado na cidade de Iguatu. Alguns clubes de Astronomia sediados no
Ceará organizaram uma expedição para acompanhar o eclipse de outros
estados. O Clube de Astronomia Astro Rachel de Queiroz, ligado ao
Colégio do Corpo de Bombeiros de Fortaleza, organizou um grupo para
acompanhar o fenômeno em João Pessoa/PB. O Clube de Astronomia de
Fortaleza (CASF) fez o mesmo, levando alguns de seus integrantes até
Parelhas/RN. No sentido inverso, astrônomos do Observatório do Valongo
(UFRJ) estiveram no município de Santana do Cariri, aproveitando o clima
9

favorável da região para realizar uma transmissão do fenômeno e atender o


público local. A seguir temos uma relação de eventos observacionais
ocorridos no Ceará. Ao todo, mais de 11 mil pessoas foram atendidas em
eventos públicos e particulares espalhados pelo estado:
# Locais e instituições púb.
1) Iguatu – Mirante do Altiplano – Grupo de Estudos em Astronomia Zênite
500
(GEAZ) e Física UECE-FECLI
2) Fortaleza – Lagoa Redonda – Associação Assumpta Est 30
3) Fortaleza – Clube de Astronomia do Grande Bom jardim (CAGBJ) 40
4) Fortaleza – Planetário Rubens de Azevedo do Centro Dragão do Mar de 2000
Arte e Cultura
5) Fortaleza – Seara da Ciência/UFC 105
6) Redenção – Grupo de Ensino, Pesquisa e Popularização da Astronomia e
100
Astrofísica (GEPPAA)
7) Fortaleza – 14° Grupo de Escoteiros do Ar Brigadeiro Eduardo Gomes e
80
Base Aérea de Fortaleza
8) Quixeramobim – Anderson Ronaldo 30
9)Fortaleza - Observatório Otto de Alencar/UECE 3.000
10)Senador Pompeu – Sítio São Mateus – Clube de Astronomia e Ciência 25
11)M45
Solonópole – Distrito de São José – Clube de Astronomia e Ciência M45 100
12)Pedra Branca – Clube de Astronomia e Ciência M45 50
13)Itatira – Clube de Astronomia da EEEP João Jackson Lobo Guerra 50
14)Juazeiro do Norte – UFCA Campus Juazeiro do Norte (com transmissão) 1.000
15)Juazeiro do Norte – IFCE (com transmissão) 9
16)Baturité – Clube de Astronomia de Baturité 1.495
17)Fortaleza – Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba 205
18)Fortaleza – CITINOVA – Casa da Cultura 414
19)Mulungu – Clube de Astronomia de Fortaleza 30
20)Baturité – Monumento Nossa Senhora de Fátima – Secretaria de C&T de 1.100
Baturité e Planetário Rubens de Azevedo
21)Sobral – Alto do Cristo – Museu do Eclipse (com transmissão) 400
22)Fortaleza – Barroso – Biblioteca Viva (acompanhamento de transmissão) 30
23)Quixadá – Açude Cedro – Prefeitura de Quixadá 200
24)Crato - Bairro Vila Lobo - SBAA/OAHP/OAFG – Seara da Ciência – 5
UFC /Departamento de Física da URCA (registros fotográficos).
Duas instituições cearenses organizaram eventos observacionais em outros
estados:
# Locais e instituições púb.
25) João Pessoa/PB – Hotel Globo – Clube de Astronomia do Colégio do
25
Corpo de Bombeiros (AstroRQ)
26) Parelhas/RN – Haras Luisa – Clube de Astronomia de Fortaleza 24
10

Também ocorreram eventos públicos de observação em Brejo Santo,


Barbalha e Santana do Cariri, mas até o fechamento deste artigo não
recebemos informações a respeito do público estimado.
Saulo Machado Filho
Grupo de Apoio em Eventos Astronômicos e União Brasileira de Astronomia
Anularidade em Crato
Imagem de H. Moreira, B. Abagaro e R. Eclipse em João Pessoa/PB
Cordeiro – SBAA, CASF, OAHP, OAFG, Clube de Astronomia Rachel de Queiroz –
FB, URCA, UFCA, IFCE e Planetário Colégio do Corpo de Bombeiros
Rubens de Azevedo

Observação em Baturité Observação em Pedra Branca


Organizada pela Secretaria Municipal de Organizada pelo Clube de Astronomia e
Ciência e Tecnologia e pelo Planetário Ciência M45
Rubens de Azevedo

Notícias do CAAC-RR

O Clube de Astronomia de Antônio Carlos/SC “Raulino Reitz” (CAAC-


RR) programou a observação do eclipse solar na praça central da cidade,
mas infelizmente as nuvens impossibilitaram qualquer observação ou
registro. Apesar da observação frustrada, ainda no dia 14 de outubro
11

realizamos uma exposição no


mesmo local, fazendo os
visitantes não perderem a
viagem. A exposição
“Astronomia e Poesia: uma
jornada poética pelo Universo”
apresentou 20 poemas que
discutem questões relacionadas à
Astronomia inseridos em um
ambiente lúdico. A exposição permanece aberta à visitação até o dia 31 de
outubro no Centro de Atendimento Turístico de Antônio Carlos, localizado
na Praça Anchieta, em horário comercial.
Sandro Roberto Pauli Jr

Contatos em Porto Franco/MA

Foi numa sexta-feira, 13, que tentamos pela última vez contactar os
colegas do IFMA – Porto Franco, após meses sem respostas. Com a
iminência do eclipse anular não seria possível que o campus não faria
nenhuma observação. Então, ao pesquisar nas ferramentas de busca por
notícias recentes da instituição, soubemos do I Campeonato de Foguetes
de Garrafa PET para os alunos do Ensino Médio, organizado pelo Profº
Luiz Gustavo, e imediatamente clicamos no botão ENTRAR EM CONTATO . A
pergunta era simples: onde o campus observará o eclipse? E prontamente o
Profº Luiz informou que seria nas próprias dependências do IFMA, região
central de Porto Franco. Eis que o amanhecer de sábado, 14, foi
magnífico! Assim que chegamos
no IFMA por volta das 11:00
passamos as últimas instruções
sobre a observação segura do
fenômeno usando um espelho
gentilmente cedido pela aluna
Myrella e filtro solar apropriado.
Deu tempo até para visualizar
algumas manchas solares por
Lívia Marinho, Nickolly Cirqueira, meio do Fiascópio 76mm f/4. Até
Kawanny Almeida, Luiz Gustavo,
Alexandre Amorim, Myrella Correia, que o céu resolveu nublar logo
Guilherme Martins e Kamilly Silva. após o meio-dia... (AA)
12

X Simpósio Catarinense de Astronomia


(segunda parte)

Chegamos ao segundo dia de simpósio (sábado, 29 de julho) bastante


revigorados! E a programação do período matutino iniciou com as
comunicações orais. O astrônomo Nelson A. Travnik (Campinas/SP) foi o
primeiro a falar e nos contou sobre a queda de um bloco de gelo de 300
kg sobre o almoxarifado de uma
fábrica em Campinas, em 16 de julho de
1997. Era um dia sem nuvens no céu e de
repente o bloco de gelo caiu e entortou a
porta de aço do almoxarifado. Ligaram
para a Unicamp e eles afirmaram não ter
visto nada similar acontecer no mundo.
Então guardaram um pedaço de 1 kg no
freezer. A Cepagri foi informada, mas também desconhecia algum paralelo
na história da humanidade. Acontece que 4 dias após o ocorrido, um
barulho se deu no céu e blocos de gelo caíram sobre um milharal, então, o
negócio tomou proporções gigantescas e os pesquisadores da Unicamp
compararam as características dos dois blocos, percebendo certa origem
em comum. Chamaram Travnik e ele chegou à conclusão de que se tratava
de um pedaço do núcleo de algum cometa. Com isso, a Unicamp fez
análise química, espectroscopia de massa, espectroscopia óptica, raio X,
entre outras análises e constatou elementos como ferro, cálcio, níquel e
nenhum elemento orgânico, concluindo se tratar de gelo vindo do espaço,
assim como Travnik suspeitava! No entanto, não é de admirar pois a Terra
é bombardeada diariamente por pedaços de gelo que vem do espaço e a
composição desses pedaços de gelo é de milhares de anos.
Mariane S. da Silva (Clube de Astronomia de
Araranguá), com o tema: A transdisciplinaridade
entre Ciências da Natureza (Astronomia) e
Ciências Humanas (Geografia) no Novo Ensino
Médio em Santa Catarina, abordou um dos grandes
problemas sentidos na educação: A educação em
caixinhas (a não relação entre disciplinas). Como veio
um Novo Ensino Médio para trabalhar mais a área de
conhecimento como um todo, com temas transversais,
Mariane, que é professora de Física, decidiu optar, em
seu Projeto de Mestrado, pela relação entre Astronomia e Geografia. O
13

Projeto foi primeiramente aplicado a uma turma de 26 alunos de uma


escola do primeiro ano, em Sombrio, e o tema principal abordado foi
Oceanografia. Para o terceiro ano eles trouxeram a ideia da corrida
espacial e difundiram bastante sobre as missões à Lua. Eles completaram
os ensinamentos com várias dinâmicas como, por exemplo, um
julgamento, no qual a sala foi dividida entre os que iam julgar, a defesa, a
acusação e o júri, para defender um tema importante: foi o homem
realmente na Lua? Munidos de imagens, vídeos e outras provas
convincentes, a defesa conseguiu provar que o homem, de fato, pisou na
Lua. A partir da aplicação do Projeto, Mariana evidenciou algumas
questões: a questão da transdisciplinaridade foi trabalhada no primeiro
projeto porque o professor da área de Geografia planejou junto e eles
conseguiram elaborar um cronograma de trabalho. O mesmo não
aconteceu no terceiro ano já que o professor de Geografia estabeleceu o
assunto como uma atividade extra. Portanto, para conseguir a
transdisciplinaridade os professores precisam trabalhar metodologias
parecidas e planejar os projetos conjuntamente.
A mãe Riziele C. da Silva, de Balneário
Gaivota, demonstrou um pouco sobre como
trabalhar uma mente curiosa. Com o tema Uma
criança descobrindo o céu: uma trajetória de
aprendizados, desafios e superações, ela
apresentou breve relato de sua busca por
respostas à pergunta de sua filha Vitória Paulo
a respeito da superlua de 2016. Naquela
ocasião, mãe e filha foram até o quintal de casa
e fizeram a primeira experiência observacional.
Mas permaneceu o desafio: como encontrar
ferramentas para alimentar essa curiosidade?
Elas fizeram pesquisas em muitos livros e
optaram por procurar outras fontes na Internet. Riziele conta que acessou o
Boletim Observe! do NEOA e entrou em contato com o professor Marcos
Neves, que a colocou em contato com os demais membros do Núcleo.
Durante os primeiros anos a família de Riziele já começou a identificar as
estrelas no céu, planetas e as principais constelações. Alexandre Amorim
(NEOA) começou a passar tarefas e elas foram aumentando em
conhecimento. Por fim, começaram a elaborar relatórios observacionais.
Vitória contou o seguinte: em 2019 Amorim incentivou nossa escola a
fazer as provas da OBA e com isso houve a entrega da primeira medalha –
14

de prata. Também, a TV local fez uma entrevista na Escola Albino B. de


Melo e mencionou a minha paixão por Astronomia. Nas férias, eu e meu
pai construímos foguetes com material reciclado e realizamos alguns
experimentos e, em 2021, participei de uma oficina de foguetes e nós,
alunos, construímos os nossos próprios foguetes. Todo esforço foi
recompensado e no meu caso rendeu bons frutos porque fui medalhista em
três modalidades. Riziele concluiu falando do privilégio em morar na zona
rural, longe da poluição luminosa e agradeceu a publicação do Boletim
Observe!, editado mensalmente, que revela os eventos astronômicos de
cada mês, e com isso elas se programam para observar o céu.
A Professora Débora Monique (Geografia) e os
bolsistas Thayná Farias (Curso de Matemática) e
Silas Sampaio (Curso de Química), da UNESC,
falaram da contribuição de projeto
interdisciplinar do Pibid no estudo da
poluição atmosférica, com estudantes do nono
ano. Como o Pibid proporciona a conexão entre
ideias e conceitos, abordando diversas
disciplinas, eles optaram por desenvolver um
projeto de pesquisa em que os estudantes
pudessem conhecer e analisar as características
do continente europeu e o seu agravo para a
poluição atmosférica do planeta Terra. Para tanto, havia a necessidade de
análise sobre os fatores, as causas e a compreensão das circunstâncias
econômicas do continente. O maior desafio consistia nas propostas de
ações inovadoras e mais sustentáveis para solucionar tais problemas
ambientais. Eles tinham em mãos dados da Agência Europeia do Ambiente
(2016) registrando um aumento de temperatura a partir de 1900 e modelos
climáticos predizendo aumentos de cerca de 2° C até o ano 2100, sendo os
aumentos mais acentuados no norte da Europa do que no sul. O efeito
estufa e a destruição do ozônio troposférico, impacta a nossa atmosfera,
dificultando as observações visuais. O excesso de radiação ultravioleta
torna vulnerável a saúde humana. E qual foi a conclusão do Projeto? Os
professores e alunos perceberam que a interdisciplinaridade contribui para
o entendimento das questões relacionada à poluição atmosférica. Contudo,
os estudantes apresentaram algumas dificuldades na elaboração da
pesquisa e nem sempre demonstraram facilidade em utilizar recursos
informacionais. Mas juntos elaboraram o trabalho e apresentaram de forma
colaborativa.
15

Após as comunicações orais cada participante se


dirigiu à sala correspondente a sua oficina temática.
A oficina Astronomia e imaginação: criando
mundos com o pequeno príncipe, ministrada pela
professora Gleici Kelly de Lima (IFC – Rio do Sul),
desafiou os alunos a criar um mundo imaginário
assim como fez o Pequeno Príncipe, na história de
Saint-Exupéry. Neste clássico da literatura infantil o
Pequeno Príncipe viajou de seu mundo, o asteroide
B612, e se encontrou com um piloto no deserto do Saara. Da
mesma forma os participantes da oficina obtiveram kits
didáticos e construíram, de forma prática, seu mundo em
algum astro celeste.
A oficina: Medindo o tamanho aparente da Lua a olho nu,
por Alexandre Amorim (NEOA-JBS), ensinou como
construir um gabarito lunar para diferenciar uma Lua Cheia
no apogeu de outra no perigeu.
As demais oficinas foram: As órbitas planetárias e as
elipses: explorando as leis
de Kepler, ministrada por
Eslley Scatena (UFSC–
Blumenau) e Construção
de telescópio de baixo
custo, por Fábio Máximo
(SP).
Após almoço e bom descanso voltamos para o auditório do SENAC, onde
tivemos, dentro da programação, um espaço cedido às associações de
Astronomia no Estado.
A primeira associação a se apresentar foi o
NEOA-JBS (IFSC–Florianópolis). E nesta
manifestação, o professor Marcos Neves,
Coordenador Geral, falou da característica
institucional do Núcleo como Projeto de Extensão
permanente. Também fez um apanhado das muitas
atividades realizadas, tais como: os encontros
semanais regulares, as observações visuais, visitas
a escolas, o engajamento em campanhas nacionais
e internacionais (UAI, World Space Week, Asteroid Day, SNCT, Dia
Nacional da Astronomia), atividades de resgate aos grandes divulgadores
16

da Astronomia no Brasil (Ronaldo Mourão, Germano Bruno Afonso, José


Brazilício de Souza). Além dessas, a participação na Semana de
Arqueoastronomia. Com isso, o NEOA-JBS fecha um círculo de 14 anos
de atividades, com a edição regular mensal do Boletim Observe! –
principal canal de registro das atividades.
O próximo grupo a se apresentar foi o
Capivaras Cósmicas (IFC–Rio do Sul),
que estabeleceu uma linha do tempo
desde a sua criação a partir do Curso de
Física, em 2010. E em 2022, desde o
último simpósio, se organizaram melhor
como grupo e após sua formalização
estabeleceram algumas ações junto com a comunidade dentro e fora do
Instituto Federal. Em uma intervenção cultural realizaram teatros,
contações de histórias e palestras. Eles mantêm um programa relacionado
à Arte e Astronomia, denominado Astronomia Poética. Stephany, Wesley,
Tarso e Henrique apresentaram o Clube, mas a lista de integrantes é bem
maior. Congratulamos os jovens pela importante iniciativa!
O terceiro grupo (Odirlei, Leonardo,
Joana, Júlia, Pedro e Renan)
representava o novo Clube de Astronomia
Pálido Ponto Azul (Videira). Odirlei
Alflen saudou o Observatório Domingos
Forlin pelos 20 anos de existência e
contou a história da criação, os objetivos
ligados à Educação Científica e
Astronomia e falou sobre os projetos de expansão para os próximos anos.
Ele mostrou os registros observacionais, citou as atividades de
atendimento ao público escolar e em geral e mencionou os eventos
culturais (luau, filmes) que atraem pessoas ao Observatório. Toda a
assistência foi convidada a conhecer o espaço cultural e fazer os encontros
virtuais oferecidos pelo Observatório em Videira.
A Associação Apontador de Estrelas,
representada por Evandro Jung e
Cristian Madoglio, é uma referência em
Astronomia no oeste catarinense. Formada
juridicamente em 2013, já fez grande
caminhada em divulgar a ciência
astronômica em sua região, mas possui
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planos mais ambiciosos que ainda não foram concretizados, tais como: a
formação do Polo Astronômico Galileu e um Centro de Educação
Ambiental. O grupo realiza palestras, sessões de observação públicas,
comemora datas importantes para a Astronomia e faz parceria com a
Prefeitura no Projeto: Uma cidade em movimento. Realizam atividades
com os alunos em preparação para a OBA e fazem encontros on-line em
parcerias com outros grupos. Parabéns à associação pelos 10 anos de
existência!
Sandro Roberto Pauli Júnior (UFSC–
Florianópolis), fundador do Clube de
Astronomia de Antônio Carlos
“Raulino Reitz”, apresentou primeiro a
história do Clube e falou das atividades
realizadas desde a sua fundação, em 2018.
O Clube é uma organização independente
sem fins lucrativos, é uma atividade entre amigos e promove: encontros,
palestras, visitas a escolas e observações públicas. Raulino Reitz (Patrono
do Clube), com renome mundial na área acadêmica e figura importante
para a ecologia e botânica em Santa Catarina, é sempre homenageado pelo
grupo. A foto do Cometa Ikeya-Seki, tomada por Raulino em 1965,
influenciou a ideia do logotipo do Clube. Durante os muitos eventos da
cidade de Antônio Carlos, Sandro aproveita para promover as atividades
de observação astronômica e trouxe registros dessas ocasiões.
César Destro apresentou a Sociedade
Astronômica Cruz do Sul como grupo
independente, com pluralidade teórica e
sem limitação territorial. Eles participam
de diversos eventos diferentes e se
comunicam por meio de redes sociais ou
por qualquer tipo de mídia. Vários integrantes do grupo também já
atuavam no Clube de Astronomia de Araranguá e se organizam para
ministrar palestras em eventos, elaborar projetos e oficinas nas escolas e
promover encontros culturais como, por exemplo, o encontro de
astrofotografias, em 2022. As publicações das atividades ficam registradas
no site do Grupo e, atualmente surgiu uma nova parceria para produção de
montagens equatoriais computadorizadas com custo relativamente baixo.
Desejamos sucesso ao grupo!
As professoras Wanessa M. Madeira e Karine Calegari usaram o
momento para falar do Grupo Estrelas Carvoeiras. Elas contaram sobre a
18

história do Grupo, a identidade e as atividades que realizam. O Clube de


Astronomia foi criado em 2018 pelas duas professoras a partir da junção
de dois projetos em operação na Escola Jorge da Cunha Carneiro.
Elas começaram a se organizar e
convidaram os estudantes para
uma parceria e assim começou a
caminhada. A identidade, o lema
e o símbolo do Clube foram
criados pelos estudantes. Eles
pensaram na constelação do Triângulo Austral, representativa dos 3
Estados do Sul na Bandeira do Brasil, e alguma referência ao Município –
então, o carvão. Surgiu assim o Clube de Astronomia Estrelas Carvoeiras!
Em 2019 adquiriram um telescópio e em 2021 fizeram preparativos para a
OBA e competição de foguetes. Desde 2018 continuam a realizar
atividades de forma regular e este simpósio de Astronomia em Criciúma é
uma de suas grandes realizações!
O Observatório Astronômico de Brusque
“Tadeu Cristovam Mikowski” é o grande
parceiro dos encontros de Astronomia em Santa
Catarina. De acordo com Silvino de Souza, o
Observatório foi fundado em novembro de 1979
e leva o nome do padre polonês que passava
noites no convento observando o céu. O
surgimento se deu com a ideia de montar um
observatório bem perto ao convento, e isto
aconteceu, mas o Observatório possuía apenas
uma cúpula. Em 1985 Silvino sugeriu ao padre
abrir o Observatório para que a pessoas
pudessem observar o Cometa Halley e junto à nova realidade, foi formado
o Grupo de Estudos Astronômicos Antares. Com o tempo foram realizadas
várias reformas para o atendimento ao público e atualmente o Observatório
chega a atender mais de 300 pessoas em uma única sessão de observação.
Além disso, o Observatório realiza outros projetos fora do recinto, um
deles é o Astronomia na Praça – levando instrumentos de observação ao
público que nunca observou o céu. O Clube de Astronomia de Brusque,
que se reúne no Observatório, é o grande colaborador dos projetos de
divulgação da Astronomia na região. Congratulamos o Observatório de
Brusque pelos seus 44 anos de atividades!
Margarete Jacques Amorim
19

23º ENAST em Araruna/PB

O Encontro Nacional de Astronomia, na sua vigésima terceira edição, foi


realizado entre os dias 12 e 14 de outubro na cidade de Araruna/PB que se
localiza a 8 quilômetros da linha central do eclipse anular do Sol ocorrido
no dia 14 de outubro de 2023. Portanto, fica claro o porquê da data do
ENAST e a sua localização. Araruna encontra-se no agreste paraibano e
está a 590 metros de altitude em relação ao mar e é conhecida como a
capital paraibana do turismo de aventura devido as paisagens serranas, em
particular o Parque Estadual da Pedra da Boca. O ENAST contou com o
apoio de várias instituições e empresas entre elas a Universidade Estadual
da Paraíba, que sediou o evento, o Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e a
prefeitura do munícipio. Organizada pela Associação Paraibana de
Astronomia (APA) o evento teve uma programação extensa que se iniciou
com a palestra de Hélio Carvalho Vital, graduado em Física, doutor em
Energia Nuclear e um dos maiores especialistas sobre eclipse no Brasil e
atualmente membro ativo da Seção de Eclipses da REA (Rede de
Astronomia Observacional). A palestra de Hélio Vital apresentou um
histórico dos métodos de cálculos e os algoritmos desenvolvidos para
modelagem da dinâmica envolvida nos movimentos dos corpos celestes,
particularmente do Sol, Terra e Lua, para explicar e prever os eclipses.
Fez-se referência aos cincos métodos usados e as diferenças entre eles para
prever, com exatidão, os fatores dinâmicos e geométricos dos eclipses
solares e lunares.

Outra palestra interessante foi dada pelo pesquisador Dr. Bruno Morgado
sobre a descoberta do Anel de Quaoar (planeta anão). Este anel orbita
Quaoar a uma distância superior a sete vezes o seu raio e um pouco mais
que o dobro da distância máxima teórica do limite de Roche. Esta
condição de localização do anel impõe a necessidade de novas explicações
sobre o seu surgimento. Bruno Morgado ofereceu ainda um minicurso
sobre observação de ocultação estelares. Vários minicursos foram
oferecidos no 23º ENAST, entre eles o oferecido por Cristóvão Jacques
(SONEAR e Canal AstroNEOS) sobre Defesa Planetária. Nesse minicurso
20

que participei foi dado um panorama geral sobre a classificação dos


asteroides, particularmente os NEOs (asteroides próximos a Terra) e os
programas internacionais de monitoramento desses objetos. Os outros
minicursos ofertados foram: “Registros científicos de um eclipse solar”
(Hélio Vital), “Fotografando um eclipse solar” (Marcelo Domingues,
CAsB), “Introdução a astrofotografia” (Carlos Fairbairn, CARJ),
“Construção de radiotelescópio solar na escola” (Paulo Aquino, APA),
“Identificação de meteoritos” (Amanda Tosi, UFRJ), “Construindo
constelações” (Alcione Caetano, AstroNEOS) e “O mundo ainda
assombrado pelos demônios” (Miguel Moreno, GEDAL). Infelizmente
estes minicursos acontecem em paralelo o que não permite você
acompanhar todos. Dentre as comunicações orais, tivemos a mesma
dinâmica dos minicursos, ou seja, elas aconteciam em paralelo, o que
permite você acompanhar somente algumas. Porém gostaria de ressaltar
uma comunicação. Foi a apresentação do Projeto “Esperança no Espaço”.
Este projeto se desenvolve na cadeia pública do munícipio de
Esperança/PB onde são construídos telescópios para serem doados as
escolas públicas da Paraíba. Esta iniciativa
surgiu a partir de um agente penitenciário,
astrônomo amador, que resolveu construir
um telescópio na oficina da cadeia junto
com os detentos em processo de reeducação
e que já desenvolviam trabalhos manuais.
Hoje o projeto conta com apoio do governo e do judiciário estaduais e já
estão formalizando uma cooperativa para comercializar os telescópios
construídos como forma de renda e ressocialização dos reeducandos.
Somente as peças ópticas são compradas pelo projeto, toda a parte
estrutural do telescópio é feita pelos reeducandos na oficina (foto ao lado).
Outra comunicação oral que consegui assistir foi “Espectroscopia do
infravermelho como ferramenta para o ensino de astroquímica e
astrobiologia” apresentada por Luís Eduardo Matos Reis (Instituto Federal
Baiano) resultado da sua dissertação de mestrado. O projeto BINGO
(Radiotelescópio parceria Brasil-China) foi apresentado por Amílcar
Rabelo de Queiroz cujo tema da palestra foi “Ouvindo a evolução do
Universo desde o Sertão Brasileiro”. BINGO é um anagrama para Baryon
Acoustic Oscillations from Integrated Neutron Gas Observations. Esse
projeto é coordenado pelo professor Écio Abdalla (USP) e visa estudar a
matéria escura no Universo. A sua antena será instalada no Estado da
Paraíba e conta com a participação do NEPA (Núcleo de Estudo e
21

Pesquisa em Astronomia) do IFPB. Por último


gostaria de mencionar o lançamento do livro
“Observatório Astronômico da Paraíba (OAP):
um olhar ao universo” realizado durante o 23º
ENAST. O livro (foto ao lado) foi editado pelo
Arquivo Afonso Pereira (João Pessoa/PB) e
traz nos anexos vasto material produzido por
Rubens de Azevedo, grande astrônomo
amador, que coordenou o OAP de 1969 a 1974. Por fim, todos os
participantes do 23 ENAST foram presenteados pelo belo espetáculo do
eclipse anular do Sol no último dia do encontro. O céu de Araruna
colaborou, apesar da nebulosidade no início da manhã no período do
eclipse do primeiro contato até a fase anular. O por sol às 17:15 não
permitiu ao público acompanhar o contato final, porém foi um belo pôr do
Sol parcialmente eclipsado.
Marcos Aurélio Neves

Como descobri o Céu1

Perguntam-me como descobri o Céu. Saudoso, respondo: Ali, junto à


pedra, menino pandorgueiro, depois de comparar o meu pé com o “pé de
São Luiz”, soltei minhas primeiras pandorgas. Vendo-as no alto, notei o
Céu ao findo e percebi as inquietas nuvens, com seus caprichosos
desenhos. Logo descobri o Sol, que me ofuscou e, quão grande, inspirou
admiração; depois descobri a Lua diurna a qual, instintivamente, inspirou-
me um romantismo que ainda não conhecia e, mais tarde, descobri Vênus
vespertino, “estrela” assanhada que aparecia de dia. Assim, aprendi a amar
o Céu para o resto da vida e, com o passar do tempo, o menino
pandorgueiro cedeu lugar ao astrônomo. Hoje, já sustentando o peso do
tempo, sempre observo o Céu e, não importando a latitude ou longitude em
que esteja, ao mirá-lo, logo vejo o meu primeiro Céu, aquele mesmo Céu
que via cobrindo, com sua abóbada azulada, aquele largo de São Luiz, com
pandorga e tudo, ali, quase na curva da Pedra Grande. O velho astrônomo,
então, cedia lugar ao menino pandorgueiro, em toda sua ingenuidade, num
eterno renovar de um profundo sentimento de nostalgia do infinito...
A. Seixas Netto
Astrônomo e Pandorgueiro

1
Texto cedido por Wilson Libório de Medeiros e publicado no livro Cancioneiro Maçônico (2000).
22

Relatório de observação (setembro – outubro de 2023)


[Dados até 24 de outubro de 2023]

Sol – entre parênteses está o número de observações de manchas solares: A. Amorim


(17), Adair Cardozo (1), Anita Holderbaum (1), Beatriz Martins (1), Ícaro Picanço
(1), Juliana Martins (1), Pedro Vitorino (1) e Rodrigo Martins (1), todos na Estação
NEOA-JBS, e 20 registros de Walter Maluf (Monte Mor/SP). A seguir temos o
gráfico do número de Wolf nos últimos doze meses.

Cronometragens – A. Amorim realizou apenas 2 cronometragens do trânsito do


disco da Lua Cheia na madrugada de 29 de setembro de 2023. O tempo médio dessas
medições foi de 137,7 segundos e o diâmetro aparente calculado foi de 1995,73
segundos de arco. O valor O–E obtido foi –2,3”.

Estrelas variáveis – A. Amorim fez 18 estimativas de 18 estrelas.

Descobrindo Saturno – durante o encontro regular do NEOA-JBS na quarta-feira,


23 de agosto de 2023, estávamos à postos para observar o fenômeno envolvendo a
cratera lunar Ptolomeu (Veja Boletim Observe! Agosto de 2023 p. 11 e Setembro de
2023 pp. 13-14). Antes de o céu nublar, a Equipe Angelina, de que tratamos na
edição anterior do Boletim Observe!, foi informada que aguardávamos a altura ideal
para acompanhar um astro disponível
acima do Morro da Cruz. Tão logo o
astro foi detectado, a jovem Beatriz
Martins, operando o CPC-800, apontou
para ele por meio da buscadora e
conferiu a imagem na ocular. Mas ao
ajustar o foco da imagem, foi possível
perceber a enorme surpresa de Beatriz
ao se deparar com o astro em questão.
Dias depois ela nos enviou uma
concepção artística de sua própria
autoria e que reproduzimos ao lado.
23

Adquira o “Anuário Astronômico Catarinense – 2024”

Esta obra propicia aos leitores a relação dos


principais fenômenos astronômicos previstos
para o ano de 2024 visíveis em todo o Brasil,
servindo de guia tanto para a observação
particular como para atividades públicas de
contemplação dos eventos celestes. Inclui
também astronotas, comentários e outros
textos relacionados com a observação
astronômica. Seu uso é recomendado tanto
aos astrônomos amadores como para
planetários e demais instituições de
astronomia, até mesmo aos profissionais de
astronomia e demais interessados na ciência
astronômica. O livro está disponível para
aquisição por meio do website da Uiclap:

https://loja.uiclap.com/titulo/ua42756

O livro também pode ser adquirido em Florianópolis durante os seguintes


eventos:

Palestras Públicas do NEOA-JBS

O NEOA-JBS promove suas atividades semanais no IFSC – Campus


Florianópolis às quartas-feiras, dias 1º, 8 e 22 de novembro das 17:40 às
19:00. Em caso de céu limpo a aula é no pátio de observações. Se o céu
estiver nublado, as apresentações ocorrem na Sala D-111. Mais
informações no website: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa.

Dia da Astronomia

O NEOA-JBS comemora o Dia da Astronomia na sexta-feira, 1º de


dezembro, promovendo diversas palestras. Mais informações no website:
http://www.geocities.ws/costeira1/neoa.

Mais informações no e-mail: costeira1@yahoo.com.


24

4º Encontro Brasileiro dos Observadores de Cometas

O cometa mais famoso de todos os tempos


alcançará o afélio no final deste ano. Sabe o
que isto significa? A partir de 8 de dezembro
o Halley iniciará mais uma longa jornada em
direção ao Sol. Você viu a última passagem do
cometa? Qual a sua recordação? Ainda não
tinha nascido? O que você espera na próxima
passagem do Halley? Para isso, teremos na
sexta-feira, 8 de dezembro de 2023, o 4º
EBOC que ocorrerá no IFSC – Florianópolis.
As inscrições são gratuitas e são feitas por meio do formulário:
https://forms.gle/Vi2aJSEysHfYHxq16
As propostas de submissão de trabalhos encerram no próximo dia 20 de
novembro e devem ser feitas por meio deste outro formulário:
https://forms.gle/qar8afkkRHMJcAqA9
Informações no website: https://geocities.ws/costeira1/neoa/eboc2023.html
Observe! é o boletim informativo do Núcleo de Estudo e Observação
Astronômica “José Brazilício de Souza”, editado por Alexandre Amorim com
colaboração de demais integrantes do NEOA-JBS. Colaboraram nesta edição:
Alexandre Amorim, A. Seixas Netto (in memoriam), Marcos A. Neves,
Margarete J. Amorim, Sandro Pauli Jr, Saulo M. Filho e União Brasileira de
Astronomia. Salvo indicação específica, as fotos foram obtidas e/ou fornecidas
pelos autores de cada artigo. A distribuição deste boletim é gratuita aos
integrantes e participantes do NEOA-JBS. Observe! é publicado mensalmente
em formato eletrônico e obtido por meio dos seguintes modos:

a) Enviando e-mail para marcos@ifsc.edu.br ou costeira1@gmail.com

b) Acessando o link: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa/observe.pdf

c) Associando-se ao NEOA-JBS no Groups.io para ter acesso a todas as


edições do Observe! Acesse o website http://www.geocities.ws/costeira1/neoa

O NEOA-JBS está localizado no Instituto Federal de Santa Catarina – Campus


Florianópolis, Avenida Mauro Ramos, 950, Florianópolis/SC. Fones: (48)
3211-6135 e (48) 99989-3590, contato: Prof. Marcos Neves.

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