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Observe!

BOLETIM INFORMATIVO DO NEOA – JBS


ANO XIV – NÚMERO 10 – OUTUBRO DE 2023

Nelson Alberto Soares Travnik (1935–2023)

Infelizmente a página inicial do Boletim Observe! começa em tons de


cinza pela segunda vez no mesmo ano. Há poucos meses, em abril,
perdemos o “Seu Avelino”, que por breves momentos foi homenageado
durante a cerimônia de entrega do 10º Prêmio Brazilício durante o X
Simpósio Catarinense de Astronomia (SCA). E na manhã de quinta-feira,
feriado nacional de 7 de setembro de 2023, recebemos a informação do
falecimento do Sr. Nelson Travnik – colaborador do Boletim Observe! e
que voltava a participar do SCA após 9 anos. Descrever a trajetória desse
brilhante cometa na história astronômica brasileira certamente
envolveriam muitas e muitas páginas, mais do que aquelas publicadas por
ele mesmo no livro Os Cometas1. Mas, nesse momento, vamos nos limitar
a essa simples declaração que ele fez publicamente no III Simpósio
Catarinense de Astronomia, realizado em Brusque no ano de 2014:
– Sr. Travnik, o senhor nasceu em Petrópolis/RJ, iniciou suas atividades
astronômicas em Matias Barbosa/MG e, por fim, se fixou em
Campinas/SP. Mas alguém pode perguntar: o que o senhor tem a ver com
Santa Catarina?
– Ah! Eu adoro esse Estado!
E a conversa prosseguiu com o episódio em que Travnik discursou por
breves momentos sobre o Eclipse Total do Sol, em novembro de 1994,
durante uma missa em Treze Tílias – não por acaso o município
catarinense que mais era apaixonado em virtude de seus laços austríacos.
Ele voltou a participar de mais uma edição do Simpósio Catarinense de
Astronomia recentemente em Criciúma, sendo sua terceira e última
presença na história do nosso simpósio. Quando a organização do X SCA
nos adiantava que a atual edição seria marcante na história dos simpósios,
jamais imaginaríamos que quase um mês depois fomos obrigados a
resgatar cada segundo dos momentos em que Travnik esteve conosco.
1
Uma relação de notícias regionais e nacionais a respeito do falecimento de Nelson Travnik está
disponível no website: http://geocities.ws/costeira1/neoa/travnik.htm.
2

Observe!
BOLETIM INFORMATIVO DO NEOA – JBS
ANO XIV – NÚMERO 10 – OUTUBRO DE 2023
EDITORIAL:
Prezados leitores,
Aqueles que estiveram no encontro regular do NEOA-JBS na quarta-feira,
30 de agosto de 2023, tiveram o privilégio de ouvir a Blue Moon2 na voz e
violão do Sr. Francisco, enquanto a Lua Cheia nascia por detrás do Morro
da Cruz. Francisco forma, junto com a esposa Juliana Martins
(Edificações/IFSC) e os filhos Beatriz e Rodrigo, o que chamamos de
Equipe Angelina, a exemplo da já existente Equipe Balneário Gaivota. A
família se desloca cerca de 70 km
para participar dos encontros do
NEOA-JBS e ajuda a montar e
desmontar o CPC-800. Beatriz e
Rodrigo até já sabem operar
manualmente o telescópio, ajudando
os demais visitantes durante as nossas
sessões observacionais (foto ao lado).
Mas neste mês a Equipe Angelina,
assim como demais colaboradores do
NEOA, tem a principal tarefa de casa: acompanhar o eclipse parcial do Sol
no final da tarde de sábado, dia 14. Além dos cuidados típicos que
devemos ter na observação visual do Sol, não nos esqueçamos de usar
filtros solares para a pele, pois o fenômeno dura cerca de 2 horas para as
cidades catarinenses. Essas e outras informações sobre como registrar o
eclipse solar são apresentadas no nosso primeiro encontro regular marcado
para a quarta-feira, dia 4 de outubro. Por outro lado, a etapa parcial do
eclipse lunar no sábado, dia 28, não é visível no litoral catarinense.
Quando a Lua Cheia nascer para nossa localidade, a etapa penumbral final
está em progresso. Será que conseguiremos detectar a penumbra nessas
circunstâncias?
Alexandre Amorim
Coordenação de Observação Astronômica do NEOA-JBS
2
Música de Lorentz Hart e Richard Rodgers (1934), versão de Rita Lee, lançada no álbum Flerte
Fatal em 1987.
3

AGENDA ASTRONÔMICA – CÉU DO MÊS


Outubro de 2023
Netuno é visível durante quase toda a noite. Saturno é visível até as 03:00.
Júpiter é visível após as 20:00. Urano é visível após as 21:00. Vênus é
visível ao amanhecer. Mercúrio tem visibilidade prejudicada em virtude
sua conjunção superior com o Sol no dia 20. Marte também tem sua
visibilidade prejudicada em virtude a proximidade de sua conjunção com o
Sol em 18 de novembro. A luz cinérea da Lua é visível ao amanhecer do
dia 8 ao 12 e ao anoitecer entre os dias 15 e 20. As sugestões para ver a
Lua Cheia nascer na linha do oceano são nos dias 28 às 18:30 HBr e 29 às
19:36 HBr. Na próxima página temos o mapa do céu válido para o dia 15
de outubro às 20:00 Horário de Brasília. (©CartasCelestes.com).
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Dia Hora Evento – Fonte: AAC 2023 e NEOA-JBS
1 22 Júpiter 3° ao sul da Lua
2 13 Urano 3° ao sul da Lua
3 2 Ocultação de 27 e 28 Tauri pela Lua
3 8 Marte 2,4° ao norte de Spica
3 20 Aldebarã 9° ao sul da Lua
6 Máxima atividade dos Camelopardalídeos
6 4 Ocultação de 28 Geminorum pela Lua
6 11 Quarto Minguante
7 7 Pollux 1,5° ao norte da Lua
9 Máxima atividade dos Draconídeos
9 2 Vênus 2,3° ao sul de Regulus
11 Máxima atividade dos delta-Aurigídeos
10 1 Lua no apogeu
10 9 Regulus 4° ao sul da Lua
10 11 Vênus 6° ao sul da Lua
10 22 Plutão estacionário
14 5 Mercúrio 0,6° ao norte da Lua
14 15 Lua Nova (eclipse parcial)
14 20 Spica 2° ao sul da Lua
15 12 Marte 0,9° ao norte da Lua
18 Máxima atividade dos epsilon-Geminídeos
18 11 Antares 0,8° ao sul da Lua
18 16 Mercúrio 3° ao norte de Spica
19 19 Ocultação de X Sagittarii pela Lua
20 3 Mercúrio em conjunção superior
21 11 Plutão em quadratura
22 Máxima atividade dos Orionídeos
22 0 Quarto Crescente
23 20 Vênus em máxima elongação (46°W)
24 Máxima atividade dos Leonis Minorídeos
24 6 Saturno 2,5° ao norte da Lua
25 23 Netuno 1,5° ao norte da Lua
26 0 Lua no perigeu
28 17 Lua Cheia (eclipse parcial)
29 3 Júpiter 3° ao sul da Lua
29 11 Mercúrio 0,3° ao sul de Marte
29 21 Urano 2,5° ao sul da Lua
31 6 Aldebarã 9° ao sul da Lua

Ocultações lunares em outubro

O Anuário Astronômico Catarinense 2023, página 161, mostra três


ocultações lunares previstas para ocorrer neste mês com visibilidade em
5

Santa Catarina. Apresentamos na tabela abaixo os instantes em Tempo


Universal (TU) calculados para Florianópolis:
data estrela mag. imersão emersão
2-3 out 2023 27 Tauri 3,6 05:18:07 06:32:16
2-3 out 2023 28 Tauri 5,1 05:35:32 06:28:43
6 out 2023 28 Geminorum 5,4 06:58:54 08:33:11
19 out 2023 X Sagittarii 4,2v 22:23:22 23:22:21
O par 27 e 28 Tauri são respectivamente as estrelas Atlas e Pleione,
pertencentes ao famoso aglomerado das Plêiades. O próprio Anuário 2023
já avisa nas páginas 75 e 159 que em virtude das máximas declinações da
Lua para este ano inicia a temporada de ocultações das Plêiades. A última
vez que as estrelas desse aglomerado foram ocultadas pela Lua foi em
2010 (Veja Boletim Observe! Julho e Novembro de 2010). (AA)

Atenção às crateras lunares em outubro

Há 12 anos que o Boletim Observe! destaca esse tema por apresentar datas
em que algumas crateras têm suas condições de iluminação similares
àquelas que foram registradas anteriormente por astrônomos brasileiros.
Com a publicação do Catálogo Brasileiro de Fenômenos Lunares em 2015,
simplificamos a indicação dessas informações. Por fim, o Anuário
Astronômico Catarinense 2023 acrescenta que na noite de 21 de outubro é
possível observar o início da iluminação no interior de Ptolemaeus,
fenômeno registrado pela primeira vez pelo saudoso confrade Nelson
Travnik e por Sérgio Vianna em 14 de abril de 1970.
2023-Out-22/23, 00:20-02:16 TU, Ilum.=60%
Sinus Aestuum, evento nº 19820630 observado por Marco Petek.

2023-Out-29, 05:45-06:57 TU, Ilum.=100%


Aristarchus, Byrgius, Kepler, Manilius, Proclus e Tycho, evento nº
19561117 observado por Rômulo Argentière e outros durante um
eclipse total da Lua. Informações publicadas no Boletim Observe!
Setembro de 2015, pp. 7-8.

Fontes consultadas:
AMORIM, Alexandre. Catálogo Brasileiro de Fenômenos Lunares. Disponível
em: <http://www.geocities.ws/costeira1/cbfl2015.pdf>. Acesso em: 06 set. 2023.
COOK, Anthony. Repeat illumination only or illumination/libration. Disponível
em: <http://users.aber.ac.uk/atc/tlp/tlp.htm>. Acesso em: 06 set. 2023.
6

Valentine oculta estrela de 10ª magnitude

Dentre as ocultações asteroidais que


o Anuário Astronômico Catarinense
2023, página 163, relaciona, uma
delas tem visibilidade em Santa
Catarina. Trata-se de um evento
marcado para a madrugada de
domingo, 30 de setembro de 2023,
por volta das 03:35 HBr (06:35 TU)
quando a estrela TYC 647-111-1 é
ocultada pelo asteroide (447)
Valentine. Ao lado temos a trajetória
aparente onde vemos que o sul
catarinense é favorecido. Em Florianópolis, o limite norte da faixa de
visibilidade (linha azul) passa pelo extremo sul da Ilha de Santa Catarina,
embora quase todo o município ainda esteja no limite de 1σ (linha
vermelha). Em seu Dicionário de Astronomia, Ronaldo Mourão nos
informa que o asteroide (447) Valentine foi “descoberto em 29 de outubro
de 1899 pelo astrônomo alemão Max Wolf (1863-1932), no Observatório
de Heidelberg. Seu nome é alusão ao personagem da ópera Os Huguenotes
(1836) do compositor
alemão Jakob Liebmann
Beer”. Em virtude do seu
diâmetro avaliado em 83 ±4
km, o asteroide deve ocultar
a estrela por no máximo 14
segundos para aqueles
situados na linha central. A
estrela TYC 647-111-1, por
sua vez, possui magnitude
10,2 e está situada na
constelação de Áries, nas
cercanias do limite com a constelação de Baleia. Acima temos um mapa
com a sua localização e indicamos suas coordenadas:
AR = 2h 59m 30,5s e Dec. = +12° 34’ 25,4” (J2000.0)
Na data da ocultação a estrela se situa 3,4 graus a sudeste de Júpiter, de
modo que também anotamos a posição desse planeta no mapa (AA)
7

Eclipse solar em 14 de outubro de 2023

O último eclipse solar disponível na capital catarinense foi em 14 de


dezembro de 2020 e foi devidamente registrado pelos observadores e
colaboradores do NEOA-JBS (Veja Boletim Observe! Janeiro de 2021). O
eclipse que ocorre no próximo dia 14 de dezembro, sábado, é do tipo
anular cuja faixa de visibilidade atravessa as regiões norte e nordeste do
Brasil. O Anuário Astronômico Catarinense 2023, página 61, apresenta
uma tabela com as circunstâncias para as capitais brasileiras. Ali somos
informados que em Florianópolis os instantes principais do eclipse estão
assim discriminados:
início 15:47:37 HBr
máximo 16:48:56 HBr
fim 17:44:31 HBr
Esses instantes são válidos para a região central da Ilha de Santa Catarina
onde se situa a Estação NEOA-JBS. Observadores situados nos extremos
norte e sul da Ilha devem registrar diferença entre 30 e 60 segundos nos
instantes considerados. A tabela abaixo, por sua vez, apresenta as
condições para demais cidades catarinenses onde sabemos haver
observadores ou associações de astronomia:
Cidade início máx. alt. az. mag. fim duração
Chapecó 15:42:39 16:46:42 24° 273° 37% 17:44:36 2h1m57s
Videira 15:43:47 16:47:32 22° 272° 38% 17:45:08 2h1m21s
Joinville 15:44:20 16:44:39 20° 271° 40% 17:46:34 2h2m14s
Rio do Sul 15:45:41 16:48:22 21° 271° 38% 17:45:03 1h59m22s
Brusque 15:46:04 16:48:42 20° 271° 38% 17:45:20 1h59m16s
Angelina 15:47:08 16:48:43 20° 271° 37% 17:44:31 1h57m23s
Antônio Carlos 15:47:11 16:48:49 20° 271° 37% 17:44:40 1h57m29s
Criciúma 15:49:25 16:48:37 20° 272° 33% 17:42:32 1h53m07s
Araranguá 15:50:02 16:48:34 20° 272° 32% 17:41:58 1h51m56s
Balneário Gaivota 15:50:30 16:48:33 20° 272° 32% 17:41:33 1h51m03s
Fonte: https://eclipsewise.com/solar/SEgmapx/2001-2100/SE2023Oct14Agmapx.html.
Mas aqueles que se situam no litoral catarinense não devem se esquecer
que o último contato (que sinaliza o final do eclipse) ocorre com o Sol
situado numa altura de apenas 7 graus. Portanto, esses observadores devem
dispor de um horizonte oeste livre de obstáculos, em especial no azimute
em que o Sol se encontra durante o poente. Segundo informações de Fred
Espenak, esse eclipse ocorre “4,6 dias após a Lua passar pelo apogeu” e
“pertence ao Saros 134 e é o de número 44 dos 71 eclipses dessa série.
Todos os eclipses dessa série ocorrem com a Lua no nó descendente”.
8

O diagrama acima mostra as condições do eclipse parcial em Florianópolis


cuja duração é de 1h56m54s. Já a imagem é uma das fotos selecionadas
obtidas durante o eclipse anular em 26 de fevereiro de 2017, às 14:35 TU
em Camarones (Argentina, veja Boletim Observe! Abril de 2017), porém
num instante em que a grandeza do eclipse era similar à máxima grandeza
de 36% prevista para Florianópolis no atual eclipse.
Alexandre Amorim

Eclipse solar: recorrências

Como informado no artigo anterior e indicado no Anuário Astronômico


Catarinense 2023, o atual eclipse pertence ao Saros nº 134 e um dos
eventos anteriores ocorreu em 29 de julho de 1897, na época em que
Brazilício estava ativo como observador. Aquele evento de 1897 também
foi parcial na capital catarinense (já renomeada para Florianópolis), com
uma grandeza máxima de apenas 22% ocorrida às 14:26 hora local. No
entanto, ainda não encontramos registros da observação daquele evento.
Com respeito à sua anularidade, a faixa passou pelo litoral do Rio Grande
do Norte e a linha central passou pela cidade de Natal. A penumbra da Lua
só voltaria a passar por território brasileiro durante o pôr-do-sol em 11 de
setembro de 1969 e agora em 14 de outubro de 2023. Depois do atual
evento, o próximo eclipse deste Saros nº 134 ocorrerá em 25 de outubro de
2041, porém não visível no Brasil, assim como o seguinte em 5 de
novembro de 2059. Apenas o eclipse em 15 de novembro de 2077 volta a
ser visível no Brasil cuja anularidade passará pelos Estados de Roraima e
do Amapá. (AA)
9

Eclipse solar: o que observar?

As informações iniciais sobre o que fazer durante um eclipse solar parcial


foram apresentadas nas páginas 166 a 173 do Anuário Astronômico
Catarinense 2017. Mesmo o observador que não dispõe de telescópio ou
filtro solar apropriado pode realizar uma interessante experiência de
medição durante a fase parcial do eclipse. No fenômeno
ocorrido em 26 de fevereiro de 2017 o colega Sandro
Pauli Jr usou o método da projeção de um espelho
diafragmado e realizou as medições em tempo real
(Veja imagem ao lado). Os resultados dessas medidas
foram publicados no Boletim Observe! Abril de 2017,
página 17. Uma maneira de otimizar a experiência é projetar a imagem do
eclipse numa sala escura, melhorando o contraste, e fotografar a cada
minuto, mantendo a câmera digital ou o telefone celular numa distância
fixa em relação à imagem projetada. Isso facilita as medições do diâmetro
solar e da corda AA’ de cada fotografia. Atenção redobrada deve ser dada
à primeira percepção do disco lunar – o chamado 1º contato. Para as
latitudes catarinenses esse contato ocorre no ângulo de posição em torno
de 340 graus. Apresentamos uma ficha simplificada que pode ser impressa
e preenchida durante a observação do eclipse solar. É imprescindível que o
relógio do observador seja acertado com uma fonte de sinal horário. (AA)
Ficha de observação visual do eclipse solar parcial
Observador(a): _____________________________ Local: ___________________________
Latitude : __°__’___” Sul Longitude : __°__’___” Oeste Altitude: ____ metros
Instrumento #1: _________________________
Instrumento #2: _________________________
Início do eclipse
Contato U1 calculado: __:__:___ TU (conforme efemérides)
1ª percepção do disco lunar: __:__:___ TU (usando instrumento #__)
1ª percepção do disco lunar: __:__:___ TU (usando instrumento #__)
1ª percepção do disco lunar: __:__:___ TU (olho nu, usando óculos solar)
1ª percepção do disco lunar: __:__:___ TU (projeção do espelho)
Meio do eclipse calculado: __:__:___ TU (conforme efemérides)
Final do eclipse
Última percepção do disco lunar: __:__:___ TU (projeção do espelho)
Última percepção do disco lunar: __:__:___ TU (olho nu, usando óculos solar)
Última percepção do disco lunar: __:__:___ TU (usando instrumento #__)
Última percepção do disco lunar: __:__:___ TU (usando instrumento #__)
Contato U2 calculado: __:__:___ TU (conforme efemérides)
Registro dos instantes de ocultação de manchas solares:
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
© NEOA-JBS (Coord. Observação Astronômica)
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Nelson Alberto Soares Travnik

O último dia 7 de setembro


amanheceu mais triste. Naquele dia
Nelson Travnik, ou “seu Nelson”, nos
deixava, ficando aqui o seu legado
inestimável e muitas lições para as
próximas gerações de observadores.
Apesar de nos conhecermos por quase
quatro décadas, curiosamente minha
maior proximidade com ele se deu
justamente no período da pandemia,
quando sempre o encontrava pelos corredores do supermercado que
frequentávamos (foto acima). Nestas oportunidades, sempre
conversávamos um pouco sobre nosso tema comum: os cometas! Num
determinado dia ele me ligou e pediu que fosse a casa dele a fim de
conversarmos um pouco mais e para me mostrar seus telescópios e textos
que ativamente redigia, tais como testemunhamos várias vezes nas páginas
do Boletim Observe!. Passamos horas trocando ideias e relembrando um
pouco das dificuldades de observar e obter as efemérides nas décadas de
1980 e 1990... era divertido. Numa das outras vezes que fui visitá-lo, ele
me presenteou com vários livros de sua coleção pessoal, todos sobre
cometas, clássicos do tema, fazendo-me um único e singelo pedido:
“continue observando e use-os (livros) para seus estudos!”.
No início deste ano, 2023, ele me disse que queria fazer um novo Encontro
Regional de Astronomia, no clássico estilo presencial, mesmo, pois sentia
falta desse tipo de reunião em nossa região, e propôs fazê-lo no MAAS
(Museu Aberto de Astronomia), em Campinas/SP, onde sempre que podia
estava nos fins de semana. Iniciamos a organização do evento e ele
escolheu o sábado, 22 de julho de 2023, dada a proximidade do aniversário
de nascimento de Alberto Santos Dumont e do primeiro pouso tripulado na
Lua, ambos em 20 de julho. A combinação era perfeita! Infelizmente essa
veio a ser a última oportunidade em que pude estar pessoalmente com ele,
disfrutando de sua presença e dos “causos” que ele sempre nos divertia nos
intervalos. Era amigo de todos. A sua palestra, a melhor de todo o evento,
fez o encerramento dos trabalhos, qual para nossa sorte foi gravada em
vídeo por Edvaldo Trevisan (REA – Rede Observacional de Astronomia e
autor do Acervo Astronômico).
11

A foto de encerramento é a lembrança que levamos do “seu Nelson”


daquele dia tão especial.

José Guilherme de Souza Aguiar

Saudades do Nelson

Meus sinceros sentimentos à toda família! O Sr. Travnik é uma pessoa


querida no meio astronômico e sempre foi muito gentil e atencioso
comigo, quando iniciei meus estudos nesta ciência. Que Deus o ampare e
abençoe em sua nova morada. – Aléxia Lage (Belo Horizonte/MG)
Com profunda tristeza expresso condolências pela perda do amigo Nelson
Alberto Soares Travnik, destacando sua importância na comunidade
astronômica. Ele será sempre lembrado por sua paixão pela astronomia,
contribuições significativas para a ciência e capacidade de inspirar
outros. Que seu espírito descanse em paz, olhando para o vasto universo
que ele tanto amou. – Antônio Rosa Campos (Belo Horizonte/MG)
Nelson era meu amigo da Astronomia há 38 anos. Confesso que ele é uma
referência na Astronomia na qual tanto defendo que é a Astronomia
Observacional. Confesso que estou perplexo com o ocorrido. Por favor,
sintam-se não apenas com os sentimentos de pesar. Mas, com a certeza de
que sua dedicação nessa Ciência fez germinar muitos dedicados. Expresso
os meus sinceros sentimentos de total respeito e apreço. – Audemário
Prazeres (A.A.P., Pernambuco).
12

Nelson Travnik foi um grande Astrônomo, exemplo para todos nós


divulgadores de Astronomia. Agradeço à família pelo tempo que ele
dedicou à Astronomia Brasileira. Paz para a família e minhas cordiais
condolências. – Paulo Henrique Azevedo Sobreira (Goiânia/GO).
Conheci o Sr. Nelson Travnik recentemente, quando por 2 dias fizemos
parte da Delegação do Grupo do NEOA-JBS, no X Simpósio Catarinense
de Astronomia. Sua sabedoria e simplicidade cativaram minha filha, de 13
anos, que pela primeira vez conheceu e conviveu com seus ídolos, e
conhecia apenas por reportagens e publicações no Boletim Observe. Será
inspiração para ela e a muitos outros jovens que veem no céu mais que
pontos brilhantes, vêem o passado e o futuro do universo. Á família todo o
meu respeito, gratidão por todo o legado deixado! – Riziele C. da Silva
(Balneário Gaivota/SC).
Meus pêsames a família e a todos nós que ficamos órfãos de um educador
da Astronomia amadora no Brasil. – Marcos Aurélio Neves (NEOA-JBS).

O último encontro astronômico que Nelson Travnik participou foi no


X Simpósio Catarinense de Astronomia, realizado nos dias 28 e 29 de
julho de 2023 na cidade de Criciúma/SC.
13

X Simpósio Catarinense de Astronomia

A décima edição do Simpósio Catarinense de Astronomia aconteceu nos


dias 28 e 29 de julho de 2023 na cidade de Criciúma, sob a supervisão do
Grupo Estrelas Carvoeiras, com o apoio da Prefeitura Municipal de
Criciúma, da Secretaria Municipal de Educação e Equipe do Parque
Astronômico. Estavam presentes
autoridades como: o Prefeito Clésio
Salvaro que elogiou o surgimento do
Parque Astronômico, que trouxe
inspiração para a cidade e agora a
realização de um simpósio para que se
avance um pouco mais no conhecimento
da Astronomia. O Secretário de Educação,
Celito Cardoso, falou da vontade de sediar
este simpósio porque Criciúma é um local em que se respira Astronomia
desde o eclipse solar de 1994. Ele mencionou os clubes amadores
começando a surgir e o desejo de que Criciúma seja referência nacional no
estudo da Astronomia. Igualmente,
ficamos honrados com a presença do
Vereador Manoel Rezende. Cabe ressaltar
palavras relevantes citadas pela
professora Vanessa Medeiros,
representante do Grupo Estrelas
Carvoeiras: “Em 2022 participamos pela
primeira vez do Simpósio Catarinense de
Astronomia, em Videira, e isso foi um
14

marco pra nós [...] e disso surgiu a


vontade de realizar este evento e retribuir
aquele carinho e generosidade [...] de
mãos dadas, estamos tentando fazer um
evento muito especial”. Alexandre
Amorim, do NEOA/JBS, fez questão de
mencionar a presença do senhor Nelson
Travnik, no alto dos seus 70 anos de atividades astronômicas, vindo de
Campinas/SP para nos prestigiar. Amorim ainda deu um conselho aos que
estavam participando pela primeira vez: “Se uma palestra, uma oficina,
alguma comunicação oral acrescentar no seu conhecimento, então o
simpósio já valeu à pena! Na sequência, fomos agraciados com a
apresentação artístico cultural do Núcleo de dança Valter Savi,
homenageando os encantos do céu e da Terra. Antes do cerimonial de
abertura escutamos belas melodias porque fomos honrados com a
apresentação da Banda Municipal Cruzeiro do Sul, uma iniciativa que há
81 anos promove cultura no município de Criciúma. Chegou o grande
momento! E a palestra inicial, por
Alexandre Zabot (UFSC/Joinville),
focou nos pontos conceituais sobre a
Teoria da Relatividade. De acordo com
Zabot, o primeiro aspecto a entender é
que há duas Teorias da relatividade.
Einstein, em dois momentos diferentes da vida estabeleceu a Teoria da
Relatividade Especial, alterando a Mecânica de Newton e a Teoria da
Relatividade Geral, que alterava a Lei da Gravitação Universal de Newton.
Isto foi um marco e mudou para sempre toda a história da Física! A Teoria
da relatividade é uma teoria sobre espaço-tempo. Anteriormente, Isaac
Newton, para explicar como os movimentos acontecem no espaço, ao
longo do tempo, criou a noção de espaço absoluto – podendo ser marcado
e modificado pela aceleração. No entanto, desde a época de Newton
muitos físicos questionavam essa colocação e consideravam arbitrária a
idéia de um espaço absoluto. Algo importante foi a descoberta da
particularidade da luz como uma onda eletromagnética – propagando-se
em velocidade alta (300.000 km/s). Tendo essa questão em mente, Einstein
reformulou a mecânica Newtoniana ao afirmar que a luz não precisava de
um meio para se propagar e com isso estabeleceu a Teoria da Relatividade
Especial mostrando o seguinte: a velocidade da luz no vácuo tem o mesmo
valor para todos os referenciais. Mais tarde, Einstein incorporou na Teoria
15

da Relatividade Especial a ideia de gravidade, que era o que faltava para


entender a dinâmica dos movimentos. Einstein acreditava que a luz é
curvada pela ação da gravidade – espaço e tempo são distorcidos pela
gravidade, isso foi comprovado em 1919 durante um eclipse solar em
Sobral. Há muitos experimentos comprovando a Teoria da Relatividade
Geral. Não existe uma medida correta de
tempo e sim um referencial!
Foi reservado um espaço de 2 horas e 30
minutos para as Comunicações orais.
Alexandre Amorim (NEOA/JBS) foi o
primeiro a se apresentar e tratou das Duas
luas cheias de agosto. O conteúdo dessa
apresentação foi publicado na edição do
Boletim Observe! Agosto de 2023.
Na sequência tivemos o grupo do
(GEAP/CEDUP) com o professor Felipe
Torquato e seus colegas, com o tema:
Distâncias astronômicas: Desvendando
os mistérios da paralaxe estelar.
Primeiro a equipe contou sua história,
apresentou sua simbologia (Phoenix) e os
motivos da fundação do grupo. Estas pessoas têm interesse comum em
Astronomia e querem compartilhar tais conhecimentos. Um dos
conhecimentos apresentados, de forma prática, foi o conceito de paralaxe,
que é o deslocamento de um objeto causado pela mudança de ponto de
vista do observador. A paralaxe é uma ferramenta essencial para calcular a
posição de objetos distantes como planetas e estrelas. O astrônomo grego
Hiparco foi o primeiro a usar a paralaxe e ele fez isso durante um eclipse
lunar, calculando a distância entre Terra e Lua. Mas o primeiro a calcular a
distância de uma estrela com a paralaxe foi o astrônomo Friedrich Bessel,
em 1838. Com o passar dos séculos houve avanço em medições e Edmund
Halley, em 1716, propôs um método revolucionário para medir a paralaxe
através do trânsito de Vênus. Como se consegue medir o ângulo de
paralaxe? Com o uso de imagens, o professor Felipe, explicou como é
possível saber quantos graus a estrela se moveu e, então, qual a distância
até ela, utilizando um cálculo bem simples de tangente (trigonometria).
Transformando parsec em anos-luz e a tangente em radianos se consegue
calcular a distância da Terra até outras estrelas.
16

A terceira apresentação, com o tema:


Relatos de experiência sobre o ensino
de astronomia nas aulas de geografia na
educação de jovens e adultos, por
Débora M. Oliveira (Licenciada em
Geografia) e Sinara S. Ignácio (Professora
de Matemática do Ensino Regular), foi um
relato do que foi proporcionado a jovens e
adultos do Ensino Médio em escolas
estaduais em Forquilhinha e Içara
relacionado à temática Astronomia. A
questão norteadora envolvia a percepção dos estudantes do EJA sobre
conceitos básicos de Astronomia e em específico sobre constelações.
Apesar de o foco ser em constelações abriu-se espaço para outras
temáticas com o objetivo de analisar o conhecimento prévio dos alunos
sobre o tema. Os métodos aplicados foram: discussões orais, aplicação de
questionário, visita ao Parque Astronômico e utilização do aplicativo
Stellarium ao ar livre. As professoras promoveram noites de observações
com uso do telescópio, facilitando o conhecimento aos instrumentos
específicos na observação do céu. Outra abordagem foi o convite para uma
aula sobre Sistema Solar e constelações. A conclusão final foi: os
estudantes que interrompem o processo formativo e depois tornam-se
alunos do EJA acabam percebendo o quanto esse conhecimento
astronômico explica o cotidiano e possibilita a contemplação do céu.
Notou-se como o ensino de Astronomia é porta de entrada para um
caminho maior em direção a novas descobertas e que a idade não é fator
limitante ao conhecimento e novas descobertas.
Astronomia mil: explorando a história e
a arte do céu noturno, pelo Grupo de
Astronomia Capivaras Cósmicas (IFC), foi
um relato de experiência sobre a oficina
ofertada dentro da jornada acadêmica de
licenciatura do IFC. O público-alvo
englobava os licenciandos dos cursos de
Pedagogia, Física e Matemática e público
em geral. A oficina teve como propósito
principal estudar as relações entre
Astronomia e cultura e o primeiro método
utilizado foi uma peça teatral mostrando as histórias e mitos do céu
17

noturno. Eles utilizaram a história e mitos das civilizações grega, asteca e


indígena brasileiros para que os participantes pudessem notar como
culturas isoladas olhavam para o céu. Cada personagem representava uma
cultura diferente e para visualizar as constelações o grupo utilizou o
software Stellarium. A segunda parte da oficina envolvia aspectos da
Astronomia conforme aparecem em nossa vida e em nossa cultura, por isso
valeram-se da literatura, poesia, cinema, artes visuais e músicas - todas
inspiradas em Astronomia. O público notou como a Astronomia não é uma
ciência seca, desumana, e sim algo culturalmente importante e bastante
utilizado como refúgio e norteamento de mundo. Observação: O Grupo
Capivaras Cósmicas que se apresentou no SCA era composto por: Tarso P.
Kock, Wesley de Paulo, Amilton Porfírio, Sabrina Alves, Stephany Jorge e
Henrique Kaiser.
Eslley Scatena falou sobre o Laboratório
Virtual de Astronomia e Astronáutica,
um trabalho que tem desenvolvido na
UFSC/campus Blumenau. Desde 2016 ele
tem desenvolvido projetos de extensão em
Astronomia e um deles deu origem ao
chamado Laboratório Virtual de
Astronomia e Astronáutica – um conjunto
de simulações computacionais em
Astronomia como, por exemplo,
identificar características da Terra:
formato esférico, assuntos relacionados à
esfera celeste, identificação dos pontos
cardeais, entre outros. Também, posição
dos planetas, posição do Sol (identificação da sombra por meio de um
gnômon), e com base nesta última, propôs o experimento de Eratóstenes
para calcular o valor do raio terrestre. Para tanto, os alunos utilizaram o
Google Maps e escolheram localidades na mesma faixa de longitude para
medir a distância entre duas localidades assim como Eratóstenes pagou um
homem para medir passos de Alexandria até Siena. No Google Maps
encontramos a latitude dessas cidades e quando você seleciona essas
latitudes aparece a representação de como seria a sombra de um gnômon
naquelas latitudes. Simulando a inclinação do raio solar o importante é a
obtenção do ângulo de incidência do raio e assim os alunos puderam
calcular qual é a circunferência da Terra. A partir dessas primeiras
simulações eles começaram a implementar outras e Eslley providenciou
18

material didático para agregar valores e apoiar as simulações. Os roteiros


são relativamente simples e se a pessoa tem um QR Code pode acessar
essas simulações num browser de celular. Como resultado, há um conjunto
grande de simulações como: paralaxe, constelações em 3D, estações do
ano, diagrama HR e outras.
Daniel Raimann (Professor em
Pinhalzinho e Chapecó) mostrou o
resultado do trabalho de Preparação para
a Olimpíada Brasileira de Astronomia e
Astronáutica no Planetário Digital
UDESC Oeste do ano passado. A
atividade de preparação para a olimpíada
já é desenvolvida há 18 anos, mas pela
primeira vez foi utilizado o planetário digital. Foram três frentes: um curso
de 30 horas para a preparação de professores, atendimento aos alunos e
professores com sessões específicas no planetário e palestras e observação
do céu. Durante o curso ocorreram sessões de planetário, oficinas e jogos e
um total de 37 professores participaram. Os municípios envolvidos foram:
Pinhalzinho, Chapecó, Nova Erechim, Seara e Iporã. Sistema Sol-Terra-
Lua, Sistema Solar, Astronáutica e identificação do céu constituíram os
temas abordados. Raimann destacou uma particularidade do município de
Seara, que há 8 anos vem participando da OBA: dos 300 estudantes
participantes de uma só escola, 200 ganharam medalhas. Em continuação à
preparação para a olimpíada a UDESC patrocinou palestras em escolas e
noites de observação do céu para identificação de constelações e
observações por meio de telescópio. De acordo com o professor Raimann,
é possível notar o aumento no número dos participantes e uma melhor
qualificação daqueles que acompanharam
a OBA. O planetário digital da
UDESC/OESTE continua sendo
referência no Estado como um espaço de
ciência!
Após o intervalo, Maurício T. Menezes
(CREA/SC), conduziu a palestra:
Introdução ao estudo dos meteoritos.
Inicialmente Ele conversou sobre a
formação do universo e sistema solar.
Explicou que a matéria, os elementos
químicos e os átomos surgiram durante a
19

grande expansão do universo (Big Bang) e esses elementos foram


gradativamente se juntando pela força da gravidade, formando várias
nuvens de poeira e gás. A poeira foi gradativamente se acumulando e
formando rochas mais densas que vieram a ser posteriormente os
meteoritos. Os fragmentos sem gravidade suficiente para formarem
planetas rochosos e gasosos formaram o cinturão de asteroides – de onde
vem boa parte dos nossos meteoritos. Basicamente, meteoritos são
fragmentos de rocha, ou seja, são meteoros que atravessam a atmosfera da
terra e não são completamente desintegrados, neste caso, eles passam a ser
chamados meteoritos. Eles podem ser classificados quanto a sua
composição e quanto a sua origem. Então vamos ter quatro grandes grupos
de meteoritos: os condritos, os acondritos, os sideritos e os siderólitos. Os
meteoritos rochosos, que são normalmente compostos por silício e alguns
óxidos, vão se dividir em condritos e acondritos, já os sideritos são aqueles
compostos de liga de fero e níquel e os siderólitos são justamente um meio
termo – metade metálicos e metade rochosos. Em conclusão, o palestrante
abordou a importância do estudo dos meteoritos e explicou que quando
estudamos a transformação do planeta, também sua origem, utilizamos os
meteoritos como fornecedores de informações para saber a composição
interna do planeta – uma das peças para entender a nossa evolução e
origem. Eles também trazem informações reveladoras sobre moléculas
especiais que vem a ser a base do nosso DNA.
À noite, no Parque Astronômico “Albert Einstein E=mc²”, houve uma
noite cultural com visita guiada, sessão no planetário e observação com
telescópio3.
Margarete Jacques Amorim

3
N. do Editor: alguns resumos foram disponibilizados no website https://tinyurl.com/x-sca2023.
20

Como foi o V Encontro Riograndense de Astronomia?

No último dia 26 de agosto, aconteceu em Esteio/RS a quinta edição do


Encontro Riograndense de Astronomia (V ENAstro). Depois de 3 anos
ausente em decorrência da pandemia o evento retornou com uma ideia e
um formato pouco diferente. Dessa vez ocorreu na cidade já citada em vez
de Canoas onde foram as últimas e durou apenas um dia. Nas outras
edições, sempre houve delegações vindas de Santa Catarina, com
participações do Núcleo de Estudo e Observação Astronômica José
Brazilício de Souza (NEOA-JBS), do Clube de Astronomia de Araranguá
(CA²) e da Sociedade Astronômica Cruz do Sul (SACS). Apesar de menor,
teve barriga verde também marcando presença nesta edição. Com palestras
marcantes, participações sensacionais, o reencontro de amigos que só
vemos nos eventos tornou o dia incrível, já deixo meus cumprimentos ao
Cristian Westphal, à Nicole Narvaz e a toda a equipe de organização. O
evento começou com a palestra ministrada pelos rapazes da Txai Digital,
contando um pouco do funcionamento de marketing digital e incentivando
a divulgação científica no meio virtual com estratégias que possibilitam
um alcance maior na rede e até talvez gerar uma renda divulgando ciência.
A segunda palestra do dia ficou a cargo do autor, César Destro dos Santos
(SACS, foto ao lado), sobre telescópios, permeando sobre a história, tipos,
funcionamento, montagens, melhores aplicações, construção e até nos
principais instrumentos de observação. Claro que não deixamos de citar o
Anuário Astronômico Catarinense durante a fala. Após a pausa para o
almoço retornamos com a palestra do Rodrigo Guerra (Museu Itinerante de
Ciências Naturais) sobre os meteoritos registrados no Rio Grande do Sul.
Vale lembrar que ele também trouxe para o evento diversas amostras de
fragmentos de meteoritos, fazendo, assim, uma pequena exposição. Em
seguida saímos dos pequenos fragmentos para uma vastidão na vizinhança
conhecendo um pouco mais sobre Galáxias: o que são, o que fazem e
onde vivem? com Micheli Moura (UFRGS). Depois do coffee break
tivemos uma fala do Guilherme Waperchowski, de apenas 18 anos,
contando sua experiência na astrofotografia e mostrando as fotos que lhe
garantiram vários prêmios. Tivemos também a ilustre presença de Thaisa
Bergmann contando suas pesquisas sobre buracos negros de grande massa.
Ela tratou também do seu novo livro sobre mesmo tema e ampliou a
palestra comentando um pouco sobre telescópios espaciais, com foco no
James Webb Space Telescope. A seguir temos algumas imagens obtidas
pela organização do evento:
21
Cesar Destro dos Santos Rodrigo Guerra

Michele Moura Thaisa Bergmann

Para finalizar o evento, a conversa foi sobre Direito Espacial com Sandro
Cardoso, presidente da União Brasileira de Astronomia, levando em
consideração os tratados e acordo firmados, relacionando com o contexto
atual. No encerramento, ainda foi anunciado o retorno do evento Science
Experience Day, organizado pela mesma equipe, que ocorrerá do próximo
dia 2 de dezembro.

Cesar Destro dos Santos


Sociedade Astronômica Cruz do Sul
22

Nelson Travnik e o Boletim Observe!

Assim que recebeu uma cópia impressa da edição de novembro de 2010


durante o Encontro Nacional de Astronomia, realizado em Recife/PE nos
dias 13 a 15 de novembro de 2010, Nelson Travnik elogiou o formato do
Boletim Observe! pela simplicidade e fácil leitura. Não levou muito tempo
para que ele passasse a colaborar com o Boletim por meio de vários
artigos. Devido à sua experiência de décadas, era comum ele nos enviar
pequenas biografias de seus amigos observadores, contribuindo para
manter viva a memória desses grandes nomes da Astronomia no Brasil.
Em alguns casos os temas eram mantidos em nossa pasta de “rascunhos”,
aguardando a época apropriada para a devida publicação, principalmente
quando o assunto era associado à alguma efeméride histórica. Assim,
listamos 56 artigos escritos por Nelson Travnik e quais edições regulares
do Boletim Observe! foram publicadas. (AA)

Tema edição Tema edição


2011 ou 2016? Fev/2011 O primeiro homem no espaço Mai/2011
25 anos sem Jorge Polman Jun/2011 Juvisy e o Brasil Jul/2011
20 anos sem Jean Nicolini Ago/2011 Rubens de Azevedo (1921–2008) Set/2011
A pluralidade dos mundos habitados Out/2011 A reinauguração do Observatório... Nov/2011
“Reis” Magos não foram atrás de... Dez/2011 Vicente F. de Assis Neto (1936–2004) Fev/2012
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão Jun/2012 Marcomede R. Nunes (1951–2010) Ago/2012
Astronáutica didática Set/2012 Afinal, o que é a vida? Set/2012
Reconhecimento aos astrônomos... Out/2012 Quatro anos sem Romildo Farias Abr/2013
58 anos dedicados à ciência do céu Mai/2013 Rodolpho Caniato Jul/2013
Ciência do Ontem, do Hoje e do... Ago/2013 Reencontro com Ronaldo Mourão Fev/2014
O sábio que “descobriu” o Brasil Abr/2014 Sol – uma estrela ainda mal conhecida Mai/2014
Há 60 anos abria-se uma janela... Jun/2014 Um depoimento sobre Ronaldo Out/2014
Brasileiros na Lua Jan/2015 O antigo e o novo céu de Campinas Mar/2015
Há 96 anos, um dos postulados... Abr/2015 90 anos sem Camille Flammarion Jun/2015
A grande polêmica dos canais... (1ª) Jul/2015 A grande polêmica dos canais... (2ª) Ago/2015
Reencontro com o primeiro telescópio Ago/2015 Um inédito relógio de Sol no Brasil Set/2015
Assim na Terra como no Céu Nov/2015 Mercúrio ficará alinhado entre... Mai/2016
Escolas usam relógio de Sol para... Nov/2016 Em Finados, cemitérios guardam... Nov/2016
A vingança de Giordano Dez/2016 Alô, tem alguém aí? Jul/2017
A Terra sob fogo cruzado Nov/2017 η Carinae – a morte anunciada... Mai/2018
Ano que foi, ano que vem... Jan/2019 Sob o luminoso céu do Brasil Mai/2019
O ensino da ciência do céu... no Brasil Jun/2019 O suicídio do Cometa S.-Levy 9 Jul/2019
A Bandeira da República Nov/219 Ora direis ouvir estrelas em Campinas Mai/2020
Observações da cratera Ptolomeu Set/2020 Assim caminha a humanidade Set/2020
A Bandeira da República Nov/2020 Alô! Tem alguém na linha? Jan/2021
Centenário de uma luneta única... Abr/2021 35 anos sem Jorge Polman Jun/2021
Em 1909 na cidade de Munique Jul/2021 A perda de mais um Observatório Dez/2021
Inaugurações no MAAS Mai/2022 Onde está o observatório...? Ago/2022
23

Lua Cheia de perigeu em 30 de agosto de 2023


As tradicionais cronometragens dessa Lua Cheia de perigeu foram
realizadas na noite de 30-31 de agosto, logo após a atividade pública
observacional do NEOA-JBS nas dependências do IFSC – Florianópolis.
Dessa vez usamos o refrator de 60mm f/13, diafragmado para 30mm f/26
com ocular de 32mm munida de filtro lunar. A seguir temos a relação das
cronometragens bem como o respectivo instrumento de observação.
Hora TU tempo Instrumento Observador Local
30/8/2023 23:39 00:02:21,87 60mm f/13 oc. 32mm A. Holderbaum Estação NEOA-JBS
30/8/2023 23:44 00:02:23,39 60mm f/13 oc. 32mm A. Holderbaum Estação NEOA-JBS
30/8/2023 23:53 00:02:24,29 60mm f/13 oc. 32mm A. Amorim Estação NEOA-JBS
30/8/2023 23:59 00:02:23,26 60mm f/13 oc. 32mm A. Amorim Estação NEOA-JBS
31/8/2023 0:04 00:02:22,59 60mm f/13 oc. 32mm A. Amorim Estação NEOA-JBS
31/8/2023 0:08 00:02:23,51 60mm f/13 oc. 32mm A. Amorim Estação NEOA-JBS
31/8/2023 0:13 00:02:23,50 60mm f/13 oc. 32mm A. Amorim Estação NEOA-JBS
31/8/2023 0:18 00:02:23,82 60mm f/13 oc. 32mm A. Amorim Estação NEOA-JBS
31/8/2023 0:23 00:02:22,70 60mm f/13 oc. 32mm A. Amorim Estação NEOA-JBS
31/8/2023 0:28 00:02:24,12 60mm f/13 oc. 32mm A. Amorim Estação NEOA-JBS

A média dessas 10 cronometragens ficou em 0:02:23,3 (2 minutos e 23,3


segundos) ou 143,3 segundos. O instante médio das cronometragens deu-
se às 00:04 TU de 31 de agosto de 2023.

Deslocamento Sideral (dS)


Uma estrela percorre 360 graus na esfera celeste em 23h56m04s. Esse
tempo é chamado de Dia Sideral. Como a declinação geocêntrica da Lua
no instante médio dos horários observados era de –12° 24’, o comprimento
do arco é função do cosseno da declinação. Desse modo, temos
dS = 360 cos (–12° 24’)
dS = 351,6 graus
O valor 23h56m04s corresponde a 86.164 segundos. Se um ponto da esfera
celeste, na declinação da área observada, leva 86.164 segundos para
percorrer um arco de 351,6 graus, então em 143,3 segundos ele percorreu
0,584749 graus ou 0° 35’ 5”,1 de arco.
Mas a Lua possui um movimento próprio contrário ao movimento sideral.

Deslocamento Lunar (dL)


Consultando as efemérides vemos que na data da observação (30-31 de
agosto) a Ascensão Reta da Lua para os instantes 00:00 TU eram:
31 de agosto de 2023, ARLua = 22h 37m 18,8s
1º de setembro de 2023, ARLua = 23h 32m 31,95s
24

Em 24 horas a Lua percorreu 0h 55m 13,15s em Ascensão Reta.


Em 1 hora a Lua percorreu 0h 2m 18,05s em Ascensão Reta.

Como a relação entre arco celeste e Ascensão Reta é de 15° por 1h 00m,
temos que no tempo de 60 minutos a Lua percorreu 15 x 2m 18,05s,
resultando em 0° 34’ 30”,74 de arco. A declinação geocêntrica da Lua era
de –12° 24’ e isso interfere no comprimento do arco a ser percorrido na
esfera celeste. Com isso,
dL = 0° 34’ 30”,74 cos (–12° 24’)
dL = 0° 33’ 42”,43 ou
dL = 2022”,43
No tempo de 3600 segundos a Lua percorreu 2022”,43 de arco. Se um
ponto da superfície lunar leva 3600 segundos para percorrer um arco de
2022”,43 na esfera celeste, então em 143,3 segundos ele percorreu 1’
20”,5 no sentido contrário ao movimento sideral.

Diâmetro aparente
O diâmetro aparente é a diferença entre os arcos sideral e lunar:
Arco sideral calculado: +0° 35’ 5”,10
Arco lunar calculado: –0° 1’ 20”,50
Diâmetro lunar (Observado) 0° 33’ 44”,60
Diâmetro lunar (Efeméride) 0° 33’ 51”,33
Diferença (O–C): – 0’ 6”,73

Na manhã seguinte, 31 de agosto de 2023, medimos o diâmetro aparente


da Lua Cheia a olho nu por meio do gabarito lunar padronizado em 1
metro, anotando a marcação “105”. Alguns dias depois, na manhã de 11
de setembro de 2023 usamos o mesmo gabarito e anotamos a marcação
“85”.
Voltando às medições obtidas por meio das cronometragens e fazendo a
comparação entre esta última Lua Cheia de perigeu e a anterior Lua Cheia
de apogeu, notamos que houve uma diferença de 4’10” no diâmetro
aparente da Lua, como mostramos na tabela abaixo.
Data Cronometragem (média) Diâmetro lunar
6-7 de janeiro de 2023 138 segundos 29’ 34”,43
30-31 de agosto de 2023 143,3 segundos 33’ 44”,60

Mas a diferença é nitidamente visível nas próximas imagens. (AA)


25

7 de janeiro de 2023 a 01:09 TU 31 de agosto de 2023 às 07:42 TU


Canon 1100D, 300mm f/5,6, ISO-100, exp. 1/250s
© A. Amorim, Florianópolis/SC

Uma bela conjunção matutina

O Anuário Astronômico Catarinense 2023, páginas 50 e 158, informa que


na manhã de terça-feira, 10 de outubro, há uma conjunção envolvendo a
Lua, o planeta Vênus e a estrela Regulus. Nesta data a Lua se encontra
muito próxima da estrela η Leonis, porém não há ocultação visível para
Santa Catarina. Já a estrela 31 Leonis se apresenta como um
pseudossatelite do planeta Vênus. Segue um esboço do fenômeno. (AA)
26

Relembrando Avelino Alves

Foi no final de agosto do ano de 1983, durante o II Encontro Sul-rio-


grandense de Astronomia (II ESRA), promovido pela Sociedade
Astronômica Riograndense (SARG). Era um dia cinzento, mas com ares
tímidos, um tanto indistintos, de Sol. Fazia um frio tremendo, e o Minuano
gelado, com rajadas que mais pareciam navalhas, prenunciava a retirada de
uma frente fria e o ingresso de uma poderosa massa de ar polar. Nas
dependências do Instituto de Física da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul (PUC-RS), em Porto Alegre, mais ou menos às três
horas da tarde, no intervalo entre duas sessões, o amigo e saudoso
companheiro Alceu Félix Lopes chamou-me e me apresentou um senhor
de meia idade, bem apessoado, com típico sotaque catarinense. Disse
Alceu para ele:
– Este é o Luiz Augusto, presidente da União Brasileira de Astronomia.
Aquele senhor não escondeu a surpresa:
– Assim, tão jovem?! Muito prazer, sou Avelino Alves, de Florianópolis!
Eu já o conhecia de nome. Ele era sócio da UBA e viera prestigiar o
Encontro que a SARG promovia. Nos dias seguintes, desfrutamos da
agradável companhia do senhor Avelino. Numa tarde, o levamos para
conhecer o antigo Observatório Central da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, no centro histórico da cidade.
Dois anos depois retribuímos a visita dele, dirigindo-nos em um fim de
semana para a bela capital do estado vizinho. Viajamos sexta-feira à noite,
num ônibus da empresa Santo Anjo. Eu, Alceu, Carlos Adib, Gilberto Klar
Renner e Luís Dias Almeida. Chegamos ao raiar do dia em Florianópolis.
Avelino já nos aguardava na estação rodoviária e nos acompanhou até o
hotel. Na tarde de sábado, conhecemos o Planetário da UFSC e me lembro
de haver feito uma palestra para os presentes, que faziam parte do Grupo
de Estudos de Astronomia.
O jantar daquela noite foi inesquecível. Avelino e seus colegas nos
conduziram até um restaurante à beira da Lagoa da Conceição. Não
recordo o nome. Ficava em uma rua bem às margens da praia e era
especializado em camarões: o aperitivo era à base de camarão, a entrada,
camarões. Salada de camarão. Os pratos quentes, idem. E a sobremesa
também, lógico. Uma lauta ceia, como diria um célebre personagem de
Bram Stoker.
27

Seis anos mais tarde, no outono de 1991, reencontrei Avelino durante a


Convenção de Observadores da Rede de Astronomia Observacional
(REA), realizada na chácara Órion, de propriedade do também grande
amigo Carlos Colesanti, no interior do município de Mairinque/SP.
Naquela ocasião, o trabalho de Avelino com a observação visual de
estrelas variáveis eclipsantes austrais já despertava a atenção.
No final da década de 1990,
pude visitá-lo em sua
aprazível cabana à beira-mar,
junto às pedras na orla
tranquila da praia de
Sambaqui, no leste da Ilha.
Talvez tenha sido ali o auge
das suas pesquisas, já então
gozando de reconhecimento
internacional, inclusive por
parte da American
Association of Variable Star
Observers (AAVSO) e da
Avelino Alves (1928 – 2023) em sua residência Liga Ibero-Americana de
na praia de Sambaqui (Florianópolis/SC) no final Astronomia (LIADA). Mais
dos anos 1990. Foto: L. A. L. da Silva/ROC ou menos na mesma época o
nosso jornal Cosmos (Ano VII, nº 1, Inverno de 1998) também dedicou
amplo espaço ao seu trabalho.
Encontrei-o de novo no mesmo local, juntamente com o colega Alexandre
Amorim, atual editor do Anuário Astronômico Catarinense, no verão de
2009, iniciando o Ano Internacional da Astronomia, alguns dias depois do
meu retorno do Simpósio Nacional de Ensino de Física, realizado em
Vitória/ES.
Em julho de 2019, acompanhado por Amorim, pela professora Neiva
Manzini, então coordenadora do Núcleo de Ensino e Aprendizagem (NEA)
da Rede Omega Centauri, e do nosso produtor e diretor Tiago Basso,
coordenador do Núcleo de Realização Audiovisual da Rede, visitamos
novamente o senhor Avelino, já então com 91 anos, residindo no centro de
Florianópolis. Ali gravamos a Oficina de Astronomia® nº 450, que está
disponível para visualização no canal da Rede no YouTube4, repassando
sua vida e obra, relembrando suas observações de estrelas variáveis e seus
modelos didáticos para ensino de astronomia habilmente construídos com
4
URL: https://youtu.be/qtZM-rV41Ls.
28

materiais de sucata que lhe valeram a carinhosa alcunha de “Avelino


Pardal”. Deliciamo-nos com a sua inteligência e grande lucidez. Ao irmos
embora, ele nos conduziu até o elevador. Antes que a porta se fechasse,
Avelino sorriu e disse simplesmente: – Tchau!
Foi a última vez que estive com ele. Em 21 de maio de 2023, Avelino
faleceu. Não podemos dizer que morreu. Quando a vida e a obra
construída por uma pessoa servem de inspiração e exemplos para as vidas
de muitas outras, essa pessoa não morre. Apenas seu corpo desaparece. E é
este precisamente o caso de Avelino. O exemplo do homem singelo, do
pescador, que também soube olhar para as estrelas, objetivando contribuir
para conhecê-las melhor, que sempre se preocupou com o ensino da
ciência e que sabia que a Educação é a única tábua de salvação para a
humanidade. Este é o resumo da longa saga de Avelino. Um ser humano
que soube cultivar em cada dia as maiores riquezas que podemos
conquistar: a vontade de aprender como funciona a natureza, o mundo e o
Universo, aliada à simplicidade do ser. Avelino vive. Vai estar sempre
com todos nós.
Luiz Augusto L. da Silva
Rede Omega Centauri

Prêmio Argelander e Avelino Alves

A União Brasileira de Astronomia recriou o Prêmio Argelander por meio


do Ato Normativo nº 10/2023 para estimular a observação e a formação de
novos observadores de estrelas variáveis. De 1º de julho a 30 de novembro
de 2023 estime o brilho do maior número possível de variáveis e coloque
definitivamente seu nome na história da Astronomia observacional. As
regras e condições estão no documento https://tinyurl.com/uba-an-102023.

O Prêmio Avelino Alves será destinado ao observador que primeiro atingir


a marca de 2 mil estimativas válidas de brilho de estrelas variáveis,
realizadas no período de 1º de julho a 30 de novembro de 2023.
Regulamento no website: https://tinyurl/premioavelino. (UBA)
29

Relatório de observação (agosto - setembro de 2023)


[Dados até 24 de setembro de 2023]

Sol – entre parênteses estão o número de observações de manchas solares: A.


Amorim (25), Adair Cardozo (2), Anita Holderbaum (1), Isabella Campos (1), Juliana
Martins (3), Margarete J. Amorim (1), Rodrigo e Beatriz (1), todos na Estação
NEOA-JBS, e 23 registros de Walter Maluf (Monte Mor/SP). A seguir temos o
gráfico do número de Wolf nos últimos doze meses.

Cometa – C/2023 P1 (Nishimura): A. Amorim fez 2 registros.

Cronometragens – A. Amorim realizou 8 e Anita Holderbaum fez 2 cronometragens


do trânsito do disco da Lua Cheia na noite de 30 de agosto de 2023. O tempo médio
dessas medições foi de 143,3 segundos e o diâmetro aparente calculado foi de 2024,6
segundos de arco. O valor O–E obtido foi –6,73”. (Veja páginas 23 a 25).

Ocultação lunar – A. Amorim registrou o desaparecimento da estrela SAO 188192


em 27 de agosto de 2023 às 21:25:14,1 TU, correspondendo a um valor O–C = +4,1s.

Estrelas variáveis – A. Amorim fez 172 estimativas de 65 estrelas.

Estrelas variáveis do Atlas Celeste – no Boletim Observe! Setembro de 2021 e no


Informativo Observacional do NEOA-JBS nº 05/2021 comentamos a respeito de 32
estrelas variáveis listadas na primeira edição do Atlas Celeste de Ronaldo Rogério de
Freitas Mourão. O objeto escolhido para esta edição é a estrela R Leonis. A seguir
temos uma curva de luz com 99 observações feitas na Estação Costeira1 entre 27 de
setembro de 2021 e 13 de julho de 2023 em que verificamos a ocorrência de dois
máximos no brilho dessa estrela por volta das datas julianas 2459767 e 2460073.
Essas datas correspondem respectivamente a 6 de julho de 2022 e 8 de maio de 2023.
Segundo o Anuário Astronômico Catarinense, os máximos brilhos dessa estrela
30
estavam previstos para 5 de julho de 2022 e 24 de maio de 2023. Um cálculo simples
revela que o período entre esses dois máximos foi de 306 dias. Segundo o Catálogo
Geral de Estrelas Variáveis o período é de 309,95 dias. Além da ligeira diferença no
valor do período e da segunda data de máximo, esse segundo ciclo apresentou um
máximo brilho menor (magnitude 6,4) do que o do ciclo antecedente (magnitude 5,0).

Diferente das demais estrelas tratadas nesta seção do Boletim Observe!, R Leo é uma
variável de longo período e esses ligeiras diferenças entre um ciclo e outro são
comuns.

EVENTOS e PALESTRAS

Palestras Públicas do NEOA-JBS

O NEOA-JBS promove suas atividades semanais no IFSC – Campus


Florianópolis às quartas-feiras, dias 4, 11, 18 e 25 de outubro das 17:40 às
19:00. Em caso de céu limpo a aula é no pátio de observações. Se o céu
estiver nublado, as apresentações ocorrem na Sala D-111. Mais
informações no website: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa.

20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

O NEOA-JBS participa da 20ª SNCT promovendo as seguintes atividades


no IFSC – Campus Florianópolis:
segunda-feira, 23 de outubro, das 17:00 às 20:00, observação do céu;
terça-feira, 24 de outubro, das 17:00 às 20:00, observação do céu;
quarta-feira, 25 de outubro, das 17:30 às 19:00, palestras na Sala D-111.
quarta-feira, 25 de outubro, das 17:00 às 20:00, observação do céu.
Mais informações no website: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa.
31

O NEOA-JBS participa da campanha mundial 100 Horas de Astronomia


promovendo uma sessão de observação do Sol e do planeta Saturno, na
segunda-feira, 2 de outubro de 2023 das 17:00 às 20:00 nas dependências
do IFSC – Campus Florianópolis. Durante a observação do Sol
pretendemos explicar sobre as formas simples e seguras para acompanhar
o eclipse solar que ocorre neste mês. Em caso de céu nublado no dia 2, a
atividade é transferida automaticamente para a terça-feira, 3 de outubro.
Mais informações no website: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa.

O NEOA-JBS também participa da Semana Mundial do Espaço


promovendo breves palestras na quarta-feira, 4 de outubro de 2023 das
17:40 às 19:00, na Sala D-111. (IFSC – Florianópolis). Uma dessas
apresentações trata de dicas para observar e registrar o eclipse solar que
ocorre dez dias depois. Em caso de céu limpo, a atividade continua com
uma sessão de observação do planeta Saturno. Mais informações estão
disponíveis no website: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa.
32

4º Encontro Brasileiro dos Observadores de Cometas

Em dezembro de 2023 o Cometa 1P/Halley


atingirá o seu afélio iniciando, assim, mais
uma longa jornada em direção ao Sol. Comece
a contagem aprendendo mais sobre os
cometas, como observá-los e preparando novas
gerações para a sua próxima vinda
participando do 4º EBOC em 8 de dezembro
de 2023, no IFSC – Florianópolis. O evento
serve também para mostrar o cenário da
observação visual de cometas no Brasil,
visando as informações coerentes sem sensacionalismo barato. As
inscrições são gratuitas e são feitas por meio do formulário:
https://forms.gle/Vi2aJSEysHfYHxq16
Mais informações, inclusive regras para submissões de trabalhos, estão no
website: https://geocities.ws/costeira1/neoa/eboc2023.html

Observe! é o boletim informativo do Núcleo de Estudo e Observação


Astronômica “José Brazilício de Souza”, editado por Alexandre Amorim com
colaboração de demais integrantes do NEOA-JBS. Colaboraram nesta edição:
Alexandre Amorim, Cesar Destro, José G. de S. Aguiar, Luiz A. L. da Silva,
Margarete J. Amorim e União Brasileira de Astronomia. Salvo indicação
específica, as fotos foram obtidas e/ou fornecidas pelos autores de cada artigo.
A distribuição deste boletim é gratuita aos integrantes e participantes do
NEOA-JBS. Observe! é publicado mensalmente em formato eletrônico e
obtido por meio dos seguintes modos:

a) Enviando e-mail para marcos@ifsc.edu.br ou costeira1@gmail.com

b) Acessando o link: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa/observe.pdf

c) Associando-se ao NEOA-JBS no Groups.io para ter acesso a todas as


edições do Observe! Acesse o website http://www.geocities.ws/costeira1/neoa

O NEOA-JBS está localizado no Instituto Federal de Santa Catarina – Campus


Florianópolis, Avenida Mauro Ramos, 950, Florianópolis/SC. Fones: (48)
3211-6135 e (48) 99989-3590, contato: Prof. Marcos Neves.

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