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Observe!

BOLETIM INFORMATIVO DO NEOA – JBS


ANO XIV – NÚMERO 7 – JULHO DE 2023

EDITORIAL:

Prezados leitores,

Enfim, chegamos ao mês do


Simpósio Catarinense de
Astronomia! Pela décima
vez voltamos a nos
encontrar, rever vários
colegas, conhecer novas
associações da astronomia
catarinense bem como as
recentes atividades que elas
tem realizado. Ao lado
temos o belo banner criado
pelos organizadores, sob a
coordenação principal das “Estrelas Carvoeiras”, do Município de
Criciúma. Assim, podemos marcar mais um município no mapa de
realizações do Simpósio Catarinense de Astronomia. E o NEOA-JBS,
obviamente, se fará presente mais uma vez e, sob a coordenação do Prof.
Marcos Neves, pretendemos seguir em caravana até Criciúma1. Mas,
destacando a atual edição deste boletim, é mês de celebrarmos mais um
aniversário do NEOA, 2 de julho, com a Lua Cheia em nosso zênite. É
mês de celebrarmos 150 anos de Alberto Santos Dumont. É mês para
observar mais um afélio da Terra bem como acompanhar a mudança de
fase do brilhante planeta Vênus durante a tarde e visualizar as conjunções
vespertinas durante o presente inverno. Enfim, temos bastantes tarefas de
casa por fazer nessas férias. Desejamos céus limpos nessas frias noites,
especialmente no dia 28, e que todos tenham uma boa leitura!
Alexandre Amorim
Coordenação de Observação Astronômica do NEOA-JBS

1
Acesse a URL: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa/sca2023.htm.
2

CÉU DO MÊS

Julho de 2023

Vênus e Marte são visíveis ao anoitecer. Mercúrio é visível ao anoitecer


durante a segunda quinzena. Saturno é visível após as 22:00. Netuno é
visível após as 23:00. Júpiter e Urano são visíveis durante a madrugada. A
luz cinérea da Lua é visível ao amanhecer entre os dias 11 e 15 e ao
anoitecer entre os dias 19 e 24. A melhor data para ver a Lua Cheia nascer
no mar ocorre no dia 3 às 17:42 HBr. A seguir temos o mapa do céu válido
para o dia 15 de julho às 20:00 Horário de Brasília. (©CartasCelestes.com).
3

AGENDA ASTRONÔMICA
Dia Hora Evento – Fonte: AAC 2023 e NEOA-JBS
1 2 Mercúrio em conjunção superior
1 5 Antares 1,5° ao sul da Lua
2 22 Lua em máxima declinação sul (–27,9°)
3 9 Lua Cheia
4 19 Lua no perigeu
5 22 Ocultação de epsilon Capricorni pela Lua
6 0 Ocultação de kappa Capricorni pela Lua
6 13 Terra no afélio
7 1 Saturno 2,5° ao norte da Lua
7 20 Mercúrio 5° ao sul de Pollux
8 12 Netuno 1,5° ao norte da Lua
9 23 Quarto Minguante
10 Máxima atividade dos Pegasídeos de Julho
10 14 Marte 0,6° ao norte de Regulus
11 17 Júpiter 2° ao sul da Lua
12 2 Ocultação de 45 Arietis pela Lua
12 13 Urano 2° ao sul da Lua
13 23 Aldebarã 8,5° ao sul da Lua
17 12 Pollux 2° ao norte da Lua
17 16 Lua Nova
19 8 Mercúrio 3,5° ao sul da Lua
19 11 Plutão mais próximo da Terra
20 4 Lua no apogeu
20 11 Vênus 7° ao sul da Lua
20 14 Regulus 4° ao sul da Lua
21 3 Marte 3° ao sul da Lua
22 1 Plutão em oposição
22 22 Vênus estacionário
25 2 Spica 2,5° ao sul da Lua
25 19 Quarto Crescente
27 12 Mercúrio 5° ao norte de Vênus
28 Máxima atividade dos Piscis Austrinídeos
28 Máxima atividade dos gama-Draconídeos
28 15 Antares 1,5° ao sul da Lua
28 22 Mercúrio 0,1° ao sul de Regulus
29 19 Ocultação de X Sagittarii pela Lua
30 Máxima atividade dos delta-Aquarídeos do Sul
30 Máxima atividade dos alfa-Capricornídeos
4

Afélio da Terra

O Anuário Astronômico Catarinense 2023, página 66, informa que na


quinta-feira, 6 de julho, a Terra se encontra no ponto mais afastado de sua
órbita em torno do Sol. Às 17:06 HBr a Terra situa-se a 1,0167 ua do Sol
(152,1 milhões de km). A Coordenação de Observação Astronômica do
NEOA-JBS, assim como o próprio Anuário 2023 na sua página 72, sugere
que os leitores fotografem o Sol por meio de instrumentos e filtros
apropriados e, utilizando as mesmas configurações da câmera fotográfica,
comparem com a imagem do Sol obtida no dia do periélio em 4 de janeiro
de 2023 ou mesmo no próximo periélio em 2 de janeiro de 2024. Como o
instante da atual passagem afélica da Terra ocorre poucos antes de o Sol se
pôr, sugerimos que os observadores façam os experimentos durante a
passagem meridiana do Sol no dia 6 de julho. Desde 2016 acompanhamos
o Sol nessas duas épocas de apsides, seja fotografando ou realizando a
medição do diâmetro aparente do Sol. A edição do Boletim Observe!
Fevereiro de 2022 apresentou um gráfico com essas medições. Demais
informações também foram publicadas na edição do Boletim Observe!
Julho de 2014. (AA)

Ocultações lunares em julho

Analisando com mais rigor as previsões publicadas na página 159 do


Anuário Astronômico Catarinense 2023, notamos que pelo menos quatro
ocultações de estrelas pela Lua são visíveis em Santa Catarina neste mês.
Apresentamos na tabela abaixo os instantes em Tempo Universal (TU)
calculados para Florianópolis:
data estrela mag. imersão emersão
5-6 jul 2023 ε Capricorni 4,5 00:45:46
5-6 jul 2023 κ Capricorni 4,7 03:07:46 04:12:20
12 jul 2023 45 Arietis 5,8 - 06:11:02
29 jul 2023 X Sagittarii 4,3v 22:45:31 23:50:18
A ocultação de ε Cap na noite de quarta-feira, 5-6 de julho, é visível em
parte na metade norte de Santa Catarina, sendo rasante numa trajetória
desde o norte da Ilha de Santa Catarina, passando por Ganchos, Rio do Sul
e Caçador. O horário indicado se refere à menor separação angular entre a
estrela e a Lua para as coordenadas do Centro de Florianópolis. (AAX)
5

Atenção às crateras lunares em julho

Há 12 anos que o Boletim Observe! passou a destacar esse tema ao


apresentar datas em que algumas crateras têm suas condições de
iluminação similares àquelas que foram registradas anteriormente por
astrônomos brasileiros. Com a publicação do Catálogo Brasileiro de
Fenômenos Lunares de nossa autoria, a partir de 2015, simplificamos a
indicação dessas informações.
2023-Jul-01, 03:27-05:08 TU, Ilum. = 92%
Aristarchus, evento nº 19690727 observado por Wairy Cardoso.

2023-Jul-01, 04:12-05:53 TU, Ilum. = 92%


Manilius, evento nº 19690727 observado por Wairy Cardoso.

2023-Jul-01, 04:54-06:18 TU, Ilum. = 92%


Menelaus, evento nº 19690727 observado por Wairy Cardoso.

2023-Jul-03, 04:32-06:02 TU, Ilum. = 100%


Cauchy, evento nº 19690529 observado por C. Pamplona e J. Barbosa.

2023-Jul-03/04, 02:18-03:16 TU, Ilum. = 99%


Lichtenberg, evento nº 19550507 observado por Jean Nicolini.

2023-Jul-05/06, 03:23-04:30 TU, Ilum. = 89%


Aristarchus, evento nº 19690801 observado por Cláudio Pamplona e
Jackson Barbosa.

2023-Jul-27/28, 23:41-01:02 TU, Ilum. = 71%


2023-Jul-28/29, 20:40-20:55 TU, Ilum. = 80%
Jansen, evento nº 19910524 observado por Romualdo Lourençon.

Fontes consultadas:

AMORIM, Alexandre. Catálogo Brasileiro de Fenômenos Lunares. Disponível


em: <http://www.geocities.ws/costeira1/cbfl2015.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2023.
COOK, Anthony. Repeat illumination only or illumination/libration. Disponível
em: <http://users.aber.ac.uk/atc/tlp/tlp.htm>. Acesso em: 19 jun. 2023.

Vênus e o Microkosmos

Recentemente ao ler o livro Respostas de um astrofísico de Neil deGrasse


Tyson, num dos relatos o autor escreve sobre uma senhora com forte
sotaque do Brooklyn (Nova York, EUA) que havia ligado para o seu
escritório para perguntar sobre um objeto brilhante no céu. Tyson sabia
6

que o planeta Vênus estava brilhante e bem-posicionado no oeste para


observação no céu do começo da noite, isso me fez pensar nas observações
que fazemos todas as quartas-feiras em grupo, no NEOA-JBS, quando o
céu está “limpo” o suficiente para observação, mas também nos outros dias
da semana em que paro um pouco para olhar o horizonte ou durante
minhas caminhadas na Avenida Beira Mar Norte. Seguindo o relato de
Tyson, ele ainda conta que pelo que a senhora falava ele havia ficado um
pouco surpreso de aparentemente aquela senhora morar a tanto tempo no
mesmo apartamento e somente naquele momento ela o havia telefonado e
não nas outras centenas de vezes em que Vênus havia brilhado acima do
horizonte. Por trinta anos ela morou naquele apartamento, mantinha suas
cortinas sempre fechadas, mas agora deixava sempre abertas, antes havia
um prédio na visão de sua janela, mas fora demolido. “Agora eu consigo
ver o céu, e ele é lindo” – disse ela. Parei um pouco para refletir que,
talvez ela nunca houvesse parado para observar o céu, ou que não pensava
na possibilidade de olhar para cima por um instante que fosse e contemplar
a vastidão do universo, mesmo que o céu do Brooklyn me pareça ser
bastante poluído luminosamente.

24 de maio de 2023 31 de maio de 2023 7 de junho de 2023 20 de junho de 2023


às 20:23 TU às 20:00 TU às 20:05 TU às 15:47 TU
Esboços de Vênus feitos pela autora usando o refrator 80mm f/15 (40x) em maio e
SCT 205mm f/10 (50x) em junho. Orientação: norte para cima, oeste para a direita.
Pensei também nos alunos que passam por nós ao final de suas aulas e
ficam curiosos para saber o que estamos observando ou o que estamos
fazendo, e novamente, refleti que, o fato de a senhora ter ligado por ter
curiosidade sobre o que era aquele objeto luminoso no céu assim são esses
alunos, contamos a eles, mostramos, e os ensinamos a encontrar Vênus a
olho nu durante o dia. Talvez esses alunos sejam como àquela senhora,
nunca pararam para observar, mas quando conseguem ver a olho nu, eles
sempre têm reações genuínas e gratificantes para mim por estar lhes
mostrando um pouco daquilo que eu amo. Sou alguém que cresceu
olhando o céu noturno de uma cidade do interior e aos poucos fui
7

aprendendo sobre ele, por curiosidade e paixão por esses objetos brilhantes
que preenchem aquilo que eu não consigo tocar, mas que posso amar e
aprender. Senti muita diferença ao ver o céu da cidade grande pela
primeira vez, mesmo assim não me importei. A luz dessa cidade e a estrela
dessa cidade me lembram o céu noturno que eu via quando criança, a razão
pela qual a noite pode ser tão bonita desse jeito possivelmente somos nós
que aprendemos a amar o céu independentemente de como ele está, e não
somente aquelas estrelas ou luzes brilhantes, amar o meu olhar para o
Kosmos. “Os humanos realmente são feitos de poeira de estrela” algo que
Carl Sagan falava e me mostrou que eu não amo somente o cosmos, mas
também o Microkosmos que há em mim.
Anita Holderbaum

W Crucis: a binária preferida de Avelino

Nesse terceiro artigo de resgate das binárias eclipsantes observadas por


Avelino Alves, destacamos o seguinte objeto:
W Crucis – essa estrela foi observada por Avelino entre 14 de maio de
1988 e 29 de abril de 2006, enviando um total de 209 registros para a
AAVSO. A motivação para acompanhar essa estrela foi o artigo publicado
na revista Universo nº 16 (1984) da LIADA. A seguir apresentamos um
quadro comparativo com outras fontes:
Avelino VSX e GCVS
Máx. 8,0 9,04 (mB)
Mín. I 9,7 10,38 (mB)
Mín. II – 9,3 (mB)
Época DJ ≈ 2448082 DJhel = 2440731,6
Período – 198,53 dias
A estrela está situada nas seguintes coordenadas (J2000.0):
AR = 12h 11m 59,16s Dec = –58° 47’ 00,7”
Na próxima página apresentamos um mapa para localização e avaliação de
brilho. A δ Crucis é a popular Pálida, do Cruzeiro do Sul. As magnitudes
das estrelas de comparação são do Catálogo Tycho-2 e uma delas, anotada
como 85, possui uma coloração distinta de W Cru. Embora de cor
diferente, a estrela 85 é um bom indicativo para saber se W Cru está
eclipsada ou não. Segundo os elementos do GCVS, o próximo eclipse de
W Cru deve ocorrer agora na noite de 30-31 de agosto de 2023. (AA)
8
Fontes consultadas:
AAVSO. The International Variable Star Index.
Disponível em: https://www.aavso.org/vsx. Acesso em: 5 jun. 2023.
ALVES, A. A. W Crucis: uma binária intrigante. Reporte REA # 6 (dez. 1993).
Catálogo Geral de Estrelas Variáveis. Disponível em:
http://www.sai.msu.su/gcvs/gcvs. Acesso em: 5 jun. 2023.
NAPOLEÃO, T. A. J., VITAL, H. C. e ALVES, A. A. Análise preliminar da curva
de luz de W Crucis em 1999. Reporte REA # 9 (mai. 2000).
9

Lua Cheia de perigeu no zênite catarinense

Continuamos a tratar desse assunto que foi abordado nas edições anteriores
do Boletim Observe! em junho e julho de 2022. Segundo o Anuário
Astronômico Catarinense 2023, que por sua vez usa a tabela de Richard
Nolle para indicar as datas das “superluas” como rotulada por esse
astrólogo2, no mês que vem, agosto de 2023, teremos duas Luas Cheias de
perigeu. Fred Espenak faz um cálculo mais acurado3 e aponta não apenas
as duas Luas Cheias de agosto como sendo de perigeu como a atual Lua
Cheia em 3 de julho e a de 28 de setembro de 2023. O instante da atual
Lua Cheia em 3 de julho ocorre às 08:39 HBr. No entanto, esse momento
se dá 1 hora e 20 minutos depois de a Lua se pôr no horizonte catarinense.
Resta-nos, então, acompanhar dois fenômenos envolvendo essa primeira
Lua Cheia de inverno. A página 75 do Anuário 2023 informa que às 22:00
HBr de 2 de julho a Lua atinge a máxima declinação sul: –27,9°. Isso
significa que entre as 23:57 e 00:18 HBr da noite de 2-3 de julho, a Lua
quase cheia, iluminada em 99,7%, passa pelo zênite das localidades
catarinenses situadas ao longo da latitude 27° 50’ tais como: Florianópolis,
Palhoça, Anitápolis, Bom Retiro e Lages. O diâmetro aparente da Lua
nesse intervalo, segundo as efemérides, é cerca de 2011 segundos de arco
(33’ 31 ou 0,5586°). No atual cenário tal distância é de 356,6 mil
quilômetros acima de nossas cabeças4. Outra peculiaridade relacionada à
máxima declinação desta Lua Cheia é o azimute em que ela nasce no fim
da tarde de segunda-feira, 3 de julho. Como é sabido pelos leitores que nos
acompanham, desde 2011 realizamos uma tarefa de observar o nascer da
Lua Cheia na Ilha das Campanhas, praia da Armação do Pântano do Sul,
em Florianópolis. No local típico de observação, a Lua Cheia de inverno
vem nascendo próxima do costão da Praia do Matadeiro. Na última Lua
Cheia observada em 4 de junho de 2023 tivemos de nos deslocar alguns
metros ao norte do posto habitual a fim de observar a Lua nascer na linha
do horizonte, sem obstrução do costão e certamente assim o faremos
novamente ao acompanhar o nascer da Lua na tardinha de segunda-feira, 3
2
URL: https://www.astropro.com/features/tables/cen21ce/suprmoon.html.
3
URL: http://astropixels.com/ephemeris/moon/fullperigee2001.html.
4
No Boletim Observe! Julho de 2022 informamos que naquela noite de 12-13 de julho de 2022 a
Lua estaria 357,3 mil km “acima de nossas cabeças”. No entanto aquele valor era geocêntrico.
Como estamos a 6,3 mil km do centro da Terra, é necessário refazer os cálculos para um referencial
topocêntrico. Assim, no ano passado a Lua passou a 351 mil km acima de nossas cabeças. De forma
similar, a atual passagem zenital da Lua Cheia para as latitudes catarinenses ocorre numa distância
geocêntrica de 362,9 mil km e numa distância topocêntrica de 356,6 mil km.
10

de julho de 2023, às 17:42 HBr, quando a Lua nasce no azimute 121°. A


atual Lua Cheia ainda ocorre nas proximidades do perigeu e no próximo
ano já se afasta dessa apside. No entanto, é no próximo ano que ainda
teremos a Lua Cheia numa declinação mais para o sul, –28° 21’, em
virtude de sua máxima declinação austral em 9 de outubro de 2024 (Veja
Boletim Observe! Abril de 2023). (AA)

Alberto Santos-Dumont5

[... O] escritor norte-americano Bath Schwarz,


que, em entrevista à Folha de S. Paulo, para
denegrir a nossa imagem no exterior, classificou
Santos Dumont como o exemplo da
megalomania brasileira. Nas suas inconseqüentes
e levianas afirmativas, além de dizer que “Santos
Dumont não é ninguém”, Schwarz atribuiu sua
fama a uma criação do DIP – Departamento da
Imprensa e Propaganda – do primeiro governo
ditatorial de Getúlio Vargas. Não há dúvida que
Santos Dumont em 1916. H. G. Wells, graças à sua máquina do tempo,
Fonte: Wikimedia Commons
deve ter sido influenciado em 1903 pelo DIP. Só
assim poderia Schwarz explicar a referência de Wells a Santos Dumont (e
não aos irmãos Wright) no conto “A verdade sobre Pyecraft”, do livro
Doze histórias e um sonho. De fato, só o sucesso do nosso brasileiro em
Paris, em 1901, faria com que fosse citado por um dos mais famosos
escritores ingleses de ficção científica, Herbert George Wells (1866-1946),
que, no conto citado, escreveu:
“Existe uma coisa que evidentemente não deve fazer, disse – e sair à rua,
pois, se o fizer, será impulsionado a subir, subir... – falava agitando os
braços para cima – aí será necessário enviar Santos Dumont em sua
busca.”
Na realidade, nada fez o governo brasileiro para financiar as pesquisas de
Santos Dumont, que usou recursos próprios e, a exemplo de Marie e Pierre
Curie, sempre recusou patentear suas descobertas. Um idealista jamais
pode ser um megalomaníaco. O comportamento de Schwarz explica-se
porque somente os medíocres, para aparecer, utilizam o meio fácil de
denegrir um vulto e/ou um povo. É o caminho mais curto para a falsa

5
Publicado originalmente no Jornal do Brasil em 16 de agosto de 1993.
11

fama. Associar Santos Dumont às características do povo brasileiro é um


erro. Na realidade, antes de brasileiro ele foi um humanista, um
inconformado com o uso indevido de sua descoberta. Em suma, um
cidadão do mundo. Se precisasse contar com o apoio do governo
brasileiro, teria acabado como o paraense Júlio César Ribeiro de Souza
(1843-1887), que caiu no ostracismo, vítima da incompreensão dos nossos
políticos, como o deputado Ferreira Viana, que lutou no Congresso contra
a aprovação de recursos para pesquisa científica, haja vista seus discursos
contra o trânsito de Vênus, em 1882. Da mesma forma, Viana criticou a
tentativa de financiamento das experiências de Júlio César. Aliás, não
contou com o apoio da imprensa brasileira, que ridicularizou sempre suas
demonstrações, como é fácil verificar consultando a Revista Ilustrada da
época. Só recentemente houve uma tentativa de se fazer justiça, graças ao
livro Júlio César, o verdadeiro arquiteto da Aeronáutica (1989), do médico
e historiador Fernando Medina do Amaral. Além do mais, convém lembrar
que tudo o que Santos Dumont realizou foi publicamente fotografado,
filmado e comprovado por comissões de indiscutível idoneidade, como o
Aeroclube de França, o único existente na época. O contrário ocorreu com
os irmãos Wright. Não podemos escutar em silêncio nem aceitar que um
escritor venha ao Brasil, com tão pouca informação, denegrir o nosso povo
e para tanto use uma de nossas glórias... grandes personalidades norte-
americanas que viveram, no início do século, não pensavam desta maneira,
como, por exemplo, o grande inventor norte-americano Thomas Edison
(1847-1931) que, em carta a Santos Dumont, elogiou-o por ter sido o
primeiro aeronauta a usar um motor a explosão para se elevar e se orientar
com seus balões e aeronaves.

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

Precioso manuscrito jesuítico é encontrado em Panambi/RS

Como diz o escritor Juremir Machado: “pesquisar pode ser apaixonante;


abre janelas para o Universo”. Numa busca pela Internet referente a outro
assunto, encontrei uma notícia interessante: a descoberta em 2017 de um
livro, em forma de manuscrito e capa de couro, que estava com uma
família no interior do Município de Panambi/RS. Esse livro foi escrito
entre 1730 e 1740 em duas línguas, espanhol e latim, versando sobre temas
diversos: história, astronomia, teologia etc. O que me chamou atenção foi
12

aquele em os padres jesuítas ensinavam e trocavam informações com os


índios guaranis sobre os mais diversos assuntos, em especial sobre a
Astronomia (constelações, por exemplo). Os pesquisadores da PUC-RS,
coordenados pelo irmão marista Edison Huttner, constataram que faltavam
algumas páginas do manuscrito, mas pelo menos as 260 páginas do livro
estavam em bom estado para leitura.

Por esse manuscrito se sabe que existiu um jesuíta chamado Buenaventura


Suárez, nascido na América, que detinha conhecimentos astronômicos de
vanguarda para a época e ele as repassava aos demais jesuítas e aos
nativos. Não li o manuscrito, mas creio que esse jesuíta tinha
conhecimento das últimas novidades do campo astronômico vindas dos
países europeus. Ele sabia disso, ou por meio de suas viagens a Europa ou
de correspondências e notícias trazidas por outros jesuítas que chegavam
da Europa nas Reduções Jesuíticas. Quem tiver interesse sobre esse
assunto, seguem os links para maiores informações:
https://tinyurl.com/zh-22nov2017
https://www.pucrs.br/blog/manuscrito-jesuita
https://tinyurl.com/matinal-25jan2023
https://tinyurl.com/anh-28jan2023
Carlos A. Adib
13

Estudos selenográficos
A brasileira desconhecida, a primeira foto da Lua e três crateras lunares.

John William Draper (1811–


1882) foi professor, cientista,
filósofo, médico, químico,
historiador e fotógrafo
estadunidense, embora nascido na
Inglaterra. Ele foi fundador e
primeiro presidente da Sociedade
Americana de Química e,
também, fundador da Escola de
Medicina da Universidade de
Nova York. Como grande
pioneiro da astrofotografia, John
Draper conseguiu o feito de obter
a primeira foto da Lua na
história. No momento da inédita Daguerreótipo da Lua registrado por John
selenofotografia (foto lunar), em William Draper em 1840. Está exposto
16 de março de 1840 (183 anos atualmente no Museu Metropolitano de
atrás), John W. Draper estava no Arte, Nova York, EUA.
observatório da cobertura da Universidade de Nova York, quando
posicionou um dispositivo daguerreótipo em processo de exposição por 30
minutos, por meio de um telescópio refletor de 5 polegadas (imagem ao
lado). Daguerreótipo é um antigo aparelho fotográfico inventado pelo
físico e pintor francês Louis-Jacques-Mandé Daguerre (1787–1851). Esse
dispositivo proporcionou o
primeiro processo fotográfico
conhecido, anunciado e
comercializado ao grande público
a partir de 1839. Daguerre é uma
cratera fantasma na Lua,
nominada em 1935 pela União
Astronômica Internacional em
sua homenagem, localizada no
interior do Mare Nectaris, cujo
diâmetro é de 46 km e A cratera de impacto Daguerre.
profundidade de 0,12 km. O Foto obtida em 9 de maio de 2023 às
daguerreótipo utilizado por John 03:03:58 TU). © VTOL.
14

W. Draper projetava as imagens obtidas numa câmara escura em uma


folha de prata sobre uma placa de cobre. O resultado do daguerreótipo de
Draper foi uma imagem pouco nítida da Lua, mas capaz de mostrar alguns
detalhes do rico relevo. Apesar da inédita realização astrofotográfica,
lamentavelmente, o esforço de John Draper recebeu apenas um modesto
reconhecimento dos seus colegas. Até a década de 1950, acreditava-se que
seus daguerreótipos lunares estavam perdidos, até serem encontrados em
1960, por funcionários da Universidade de Nova York, em uma das
bibliotecas da instituição.
John W. Draper foi casado com a
brasileira Antônia Caetana de
Paiva Pereira Gardner Draper
(1814–1870). Por sua vez,
Antônia era filha do Dr. Daniel
Gardner (1785–1831), inglês,
médico, professor e autor do
primeiro livro de química em
língua portuguesa publicado no
Brasil (Syllabus ou Compendio
das Lições de Chimica, Imprensa
Real, 1810). A mãe de Antônia
foi Carlota Joaquina de Paiva
Pereira, dama da corte
portuguesa. Três dos filhos do
casal John W. Draper e Antônia
Caetana de Paiva se
notabilizaram na ciência: o
astrônomo Henry P. Draper
(1837–1882), o químico Jonh C.
Draper (1835–1885) e o A pequena cratera Maury, localizada à leste
meteorologista Daniel Draper do Lacus Somniorum, na região da grande
(1841–1931). Eles também cratera Posidonius cujo piso é fraturado.
tiveram uma filha: Virginia Foto obtida em 10 de abril de 2012 às
Maury Draper (1839–1885) que 07:27:28 TU). © VTOL.
se casou com o Reverendo
Mytton Maury (1839–1919) e foi mãe da novaiorquina Antônia Caetana de
Paiva Pereira Maury ou simplesmente Antônia Maury (1866–1952). A
neta de John Draper e Antônia de Paiva foi uma proeminente astrônoma
15

americana que publicou um importante catálogo pioneiro de espectros


estelares e que também possui uma pequena cratera na Lua em sua
homenagem. A cratera Maury está localizada na orla leste do Lacus
Somniorum e possui um diâmetro de 17,6 km e profundidade de 3,4 km,
sendo designada em 1935 pela UAI para homenagear essa destacada
astrônoma neta de brasileira. Um dos mais famosos trabalhos de Antônia
Maury foi a análise espectroscópica da estrela binária β Lyrae, publicada
em 1933. Voltando a citar os filhos de John Draper e de Antônia, um
deles, Henry P. Draper, foi médico e astrônomo amador, herdando a
paixão do pai e se tornando um dos maiores astrofotógrafos do século
XIX, inclusive obtendo registros importantes da superfície lunar.
Henry P. Draper comandou uma
expedição para fotografar o
trânsito de Vênus em 1874 e,
também, foi o primeiro a
fotografar a Nebulosa de Órion,
em 30 de setembro de 1880,
utilizando um refrator Clark
Brothers de 11 polegadas, com
exposição de 50 minutos! Em sua
homenagem temos a pequena
cratera de impacto de morfologia
simples Draper (diâmetro: 8 km,
profundidade: 1,74 km),
localizada próxima da orla sul do
Mare Imbrium e próxima da
cordilheira dos Montes Carpatus,
foi nominada em 1935 pela UAI.

Ricardo José Vaz Tolentino


A pequena cratera Draper situada próxima à
orla sul do Mare Imbrium e da cordilheira
dos Montes Carpatus. A proeminente cratera
Copernicus aparece mais ao sul.
Foto obtida em 28 de junho de 2012 às
23:43:04 TU. © VTOL.
16

Relatório de observação (maio - junho de 2023)


[Dados até 24 de junho de 2023]

Estrelas variáveis – A. Amorim fez 705


estimativas de 67 estrelas variáveis. Carlos
A. Adib (Tramandaí/RS), José Aguiar
(Campinas/SP) e Willian Souza (São
Paulo/SP) compartilharam seus registros
visuais da Nova Scorpii 2023, cuja curva
de luz apresentamos ao lado.
O artigo Visual photometry: testing
hypotheses concerning bias and precision6,
de Alan B. Whitinh, publicado no Journal
of the AAVSO, volume 51, número 1, usou estimativas visuais de 319 observadores,
entre eles Adair Cardozo (CADA) e A. Amorim (AAX).

Estrelas variáveis do Atlas Celeste – no Boletim Observe! Setembro de 2021 e no


Informativo Observacional do NEOA-JBS nº 05/2021 comentamos a respeito de 32
estrelas variáveis listadas na primeira edição do Atlas Celeste de Ronaldo Rogério de
Freitas Mourão. O astro que merece atenção atualmente é R Corona Borealis.
Também citamos essa estrela nas páginas 175-6 do Anuário Astronômico
Catarinense 2022. Diferente das demais estrelas tratadas nesta seção do Boletim
Observe! a R CrB é uma variável protótipo de sua classe que se caracteriza pela
súbita diminuição de brilho. Abaixo temos uma curva de luz com 184 observações
feitas na Estação Costeira1 desde 7 de agosto de 1998.

Após acompanhar quatro “crises” até março de 2012, essa estrela ficou fora de nosso
programa entre abril de 2012 e julho de 2021, voltando a ser acompanhada em
celebração aos 50 anos do Atlas Celeste a partir de 3 de agosto de 2021. Desde essa
última data, já acumulamos 83 registros visuais.

Cronometragens – A. Amorim realizou 10 cronometragens do trânsito do disco


lunar na noite de 3-4 de junho de 2023, cerca de 3 horas antes do instante da fase
6
URL: https://app.aavso.org/jaavso/article/3860
17
cheia. O tempo médio foi de 150,8 segundos e o diâmetro aparente calculado foi de
1961,54 segundos de arco. O valor O–E obtido foi –1,2”.

Sol – manchas solares: recebemos 24 registros de A. Amorim, 1 registro de Adair


Cardozo, 4 registros de Anita Holderbaum e 26 registros de Walter Maluf (Monte
Mor/SP). A seguir temos o gráfico do número relativo de manchas nos últimos doze
meses.

Planeta anão – A. Amorim fez 5 estimativas de brilho de 1 Ceres.

Asteroides – A. Amorim fez 3 estimativas de brilho de 2 Pallas, 3 registros de 11


Pathernope, 4 registros de 15 Eunomia, 4 registros de de 20 Massalia e 4 registros de
39 Laetitia.

Estrelas duplas – no encontro regular do NEOA-JBS em 7 de junho de 2023,


além do acompanhamento do planeta Vênus no final da tarde, os participantes
tiveram a oportunidade de revisitar várias estrelas duplas observadas por José
Brazilício de Souza, mas dessa vez usando o SCT 203mm f/10. As estrelas
observadas foram: α Cru, α Cen, γ Vol, ε Vol, BD –18 1591, BD –18 1594, δ
Crv, ζ Crv, μ Cru e β Sco. A descrição dessas estrelas está nas páginas 117-141
do livro O Astrônomo Brazilício.
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EVENTOS e PALESTRAS

28 de junho: Dia do Asteroide

O NEOA-JBS participa das atividades mundiais relacionadas ao Dia do


Asteroide no seu encontro de quarta-feira, 28 de junho, das 17:40 às 19:00
na Sala D-111, IFSC – Florianópolis. Mais informações no website:
http://www.geocities.ws/costeira1/neoa.

30 de junho: Noite do Asteroides

Uma atividade observacional do NEOA-JBS relacionada ao Dia do


Asteroide ocorre na sexta-feira, 30 de junho, das 17:00 às 20:00 no pátio
interno do IFSC – Florianópolis. Mais informações no website:
http://www.geocities.ws/costeira1/neoa.

Palestras Públicas do NEOA-JBS

O NEOA-JBS retornará à sua atividade no IFSC – Campus Florianópolis


na quarta-feira das 17:40 às 19:00, no dia 2 de agosto. As apresentações
ocorrerão na Sala D-111. Mais informações estão no website:
http://www.geocities.ws/costeira1/neoa.

23º Encontro Nacional de Astronomia


A 23ª edição do ENAST ocorrerá nos dias 12 a 14 de outubro de 2023 no
município de Araruna/PB em virtude do eclipse anular do Sol. Mais
informações no website: http://apapb.org/23enast.

O Prêmio Avelino Alves será destinado ao observador que primeiro atingir


a marca de 2 mil estimativas válidas de brilho de estrelas variáveis,
realizadas no período de 1º de julho a 30 de novembro de 2023.
Regulamento no website: https://tinyurl/premioavelino.
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A décima edição do Simpósio Catarinense de Astronomia ocorre nos dias


28 e 29 de julho de 2023 no município de Criciúma/SC. Apresentamos
sua programação preliminar:
08:00 – 09:00 Credenciamento e Coffee break
manhã 09:00 – 09:30 Cerimonial de abertura
09:30 – 10:20 Apresentação teatral
10:20 – 12:00 “Teoria da Relatividade”, por A. Zabot
sexta-feira
13:30 – 15:30 Comunicações orais
28 de julho
tarde 15:30 – 15:45 Coffee break
15:45 – 17:30 “Meteoritos”, por Maurício Fenilli
noite 19:00 – 20:00 Noite Cultural (Parque Astronômico)
20:30 – 21:30 Visita, Planetário e Observação
08:30 – 10:00 Comunicações orais
manhã 10:00 – 10:15 Coffee break
10:15 – 11:45 Oficinas Temáticas

sábado 13:30 – 14:30 Espaço para Associações


29 de julho 14:30 – 15:00 Prêmios Brazilício e Raulino Reitz
tarde 15:00 – 15:30 Coffee break
15:30 – 16:30 Palestra do convidado
16:30 – 17:15 Plenária
17:15 – 17:30 Encerramento

As inscrições são feitas por meio do link disponível em:


https://tinyurl.com/inscricao-sca2023

A submissão de comunicações orais é feita por meio desse outro link:


https://tinyurl.com/comunica-sca2023

Para participar da Caravana do NEOA-JBS, acesse o website:


https://geocities.ws/costeira1/neoa/sca2023.htm
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4º Encontro Brasileiro dos Observadores de Cometas

Na década de 1980 foram criadas no Brasil


algumas mobilizações para observação conjunta e
sistemática do cometa Halley. A mais conhecida
foi o Programa Brasileiro de Observação do
Cometa Halley, coordenado por Nelson Travnik e
com a participação de dezenas de observadores em
todo o país. A União Brasileira de Astronomia
também criou a sua Operação Halley, coordenada
por Vicente Ferreira de Assis Neto, na época o coordenador da Comissão
de Cometas da entidade. São duas grandes inspirações para mobilizar e
agregar novas gerações nos trabalhos de observação da próxima passagem
do cometa. O Halley iniciará mais uma longa jornada em direção ao Sol a
partir de dezembro deste ano. Venha começar a contagem aprendendo
mais sobre os cometas, como observá-los e preparando novas gerações
para a sua próxima vinda participando do 4º EBOC em 8 de dezembro de
2023, no IFSC – Florianópolis. (UBA)
Mais informações no website:
https://geocities.ws/costeira1/neoa/eboc2023.html

Observe! é o boletim informativo do Núcleo de Estudo e Observação


Astronômica “José Brazilício de Souza”, editado por Alexandre Amorim com
colaboração de demais integrantes do NEOA-JBS. Colaboraram nesta edição:
Alexandre Amorim, Anita Holderbaum, Carlos Adib, Ricardo Tolentino,
Ronaldo Mourão (in memoriam) e União Brasileira de Astronomia. Salvo
indicação específica, as fotos foram obtidas e/ou fornecidas pelos autores de
cada artigo. A distribuição deste boletim é gratuita aos integrantes e
participantes do NEOA-JBS. Observe! é publicado mensalmente em formato
eletrônico e obtido por meio dos seguintes modos:

a) Enviando e-mail para marcos@ifsc.edu.br ou costeira1@gmail.com

b) Acessando o link: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa/observe.pdf

c) Associando-se ao NEOA-JBS no Groups.io para ter acesso a todas as


edições do Observe! Acesse o website http://www.geocities.ws/costeira1/neoa

O NEOA-JBS está localizado no Instituto Federal de Santa Catarina – Campus


Florianópolis, Avenida Mauro Ramos, 950, Florianópolis/SC. Fones: (48)
3211-6135 e (48) 99989-3590, contato: Prof. Marcos Neves.

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