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Observe!

BOLETIM INFORMATIVO DO NEOA – JBS


ANO XIV – NÚMERO 3 – MARÇO DE 2023

EDITORIAL:

Prezados leitores,

A primeira aparição dos textos de Amaro Seixas Netto no Boletim


Observe! foi há 12 anos na edição de Fevereiro de 2011. Desde então,
sempre que possível, fizemos questão de inserir o pensamento desse
divulgador astronômico que atuou na imprensa catarinense nas décadas de
1950 a 1980, sempre tomando o cuidado com a sua imaginação fértil. No
entanto, no caldeirão de ideias, Seixas Netto nos surpreende. Às vésperas
de celebrarmos seu centenário, recentemente redescobrimos um
interessante artigo em que ele sugere homenagear Alberto Santos Dumont
nomeando uma estrela no céu. No mapa mensal consignamos o nome e a
posição dela. Que estrela é essa? Sugerimos ler o artigo transcrito que está
nas páginas 6 a 8. E todo mês de março é uma oportunidade de realçarmos
a contribuição das mulheres no progresso da Astronomia. No artigo
assinado por Adair Cardozo conheceremos um pouco mais sobre Virginia
Tower Norwood – a “mãe do Landsat”. É neste mês também que temos a
oposição do planeta anão Ceres cujas informações estão disponíveis nas
páginas 128 a 130 do Anuário Astronômico Catarinense 2023. Ainda não
possui o Anuário 2023? Esse livro é uma ótima sugestão para saber de
antemão vários fenômenos observáveis visualmente previstos para ocorrer
no céu ao longo deste ano. Afinal, “se você é apaixonado por astronomia
ou apenas quer experimentar a maravilha do cosmos, não hesite em
começar a explorar o universo através da observação visual!” Essas
palavras são bem genéricas, é verdade, porém foram criadas pela
inteligência artificial numa sala de bate-papo em que o assunto era sobre
observação astronômica visual. A transcrição dessa conversa está nas
páginas 11 a 14. Desejamos a todos uma excelente leitura!

Alexandre Amorim
Coordenação de Observação Astronômica do NEOA-JBS
2

AGENDA ASTRONÔMICA – CÉU DO MÊS

Março de 2023

Júpiter e Urano são visíveis brevemente logo após o pôr-do-sol. Vênus e


Marte são visíveis ao anoitecer. Saturno é visível ao amanhecer. Mercúrio
e Netuno têm suas visibilidades prejudicadas em virtude de suas
conjunções com o Sol em meados do mês. A luz cinérea da Lua é visível
ao amanhecer entre os dias 16 e 20 e ao anoitecer entre os dias 22 e 27.
Uma data para ver a Lua Cheia nascer no mar é no dia 7 às 19:01 HBr. A
seguir temos o mapa do céu válido para o dia 15 de março às 20:00
Horário de Brasília. (©CartasCelestes.com)
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Dia Hora Evento – Fonte: AAC 2023 – NEOA-JBS
2 2 Vênus 0,5° ao norte de Júpiter
2 11 Mercúrio 0,9° ao sul de Saturno
2 23 Pollux 1,5° ao norte da Lua
3 15 Lua no apogeu
6 0 Regulus 4° ao sul da Lua
7 9 Lua Cheia
10 10 Spica 3° ao sul da Lua
13 11 Ocultação de delta Scorpii pela Lua
13 22 Antares 1,5° ao sul da Lua
14 Máxima atividade dos gama-Normídeos
14 23 Quarto Minguante
15 21 Netuno em conjunção com o Sol
16 13 Mercúrio 0,4° ao sul de Netuno
16 15 Marte em quadratura
17 8 Mercúrio em conjunção superior
19 12 Lua no perigeu
19 14 Saturno 3,5° ao norte da Lua
20 18:24 Equinócio de outono
21 0 Ceres mais próximo da Terra
21 5 Ceres em oposição
21 5 Netuno 2° ao norte da Lua
21 14 Lua Nova
21 22 Mercúrio 1,5° ao norte da Lua
22 17 Júpiter 0,5° ao norte da Lua
24 7 Vênus 0,1° ao norte da Lua
24 20 Ocultação de 40 Arietis pela Lua
24 20 Urano 1,5° ao sul da Lua
25 Equilux para a latitude 27°S
26 16 Aldebarã 8,5° ao sul da Lua
28 4 Mercúrio 1,3° ao norte de Júpiter
28 10 Marte 2,5° ao sul da Lua
29 0 Quarto Crescente
29 23 Ocultação de iota Geminorum pela Lua
30 6 Pollux 1,5° ao norte da Lua
30 19 Vênus 1,2° ao norte de Urano
31 8 Lua no apogeu
31 17 Mercúrio no periélio

Conjunções planetárias

O Anuário Astronômico Catarinense 2023, páginas 26 e 157, nos informa


que já no início do mês de março temos duas conjunções interessantes: no
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anoitecer dos dias 1º a 3 podemos visualizar os planetas Vênus e Júpiter


logo após o pôr-do-sol. A menor separação angular entre eles, de apenas
0,5 graus, ocorre às 02:00 da madrugada do dia 2, porém nesse instante
ambos os planetas estão abaixo do nosso horizonte. A dica, então, é
observá-los no anoitecer de quarta-feira, 1º de março, quando a separação
angular é de 0,6 graus, sendo possível visualizar os dois planetas no
mesmo campo de uma típica ocular de 25 milímetros. Neste dia temos
encontro regular do NEOA-JBS no IFSC-Florianópolis e, se o céu estiver
limpo, poderemos acompanhar esse fenômeno ainda em plena luz do dia.
Telescopicamente Júpiter sempre é interessante para observar, por outro
lado o diâmetro aparente atual de Vênus é de apenas 12 segundos de arco e
86% iluminado. Mesmo assim, Vênus se apresenta muito mais brilhante do
que Júpiter. Outra conjunção interessante, porém visível por breves
momentos antes de o Sol nascer, envolve os planetas Mercúrio e Saturno.
No amanhecer dos dias 2 e 3 de março esses dois planetas estão separados
em cerca de 1 grau. A visualização dessa conjunção exige que o
observador disponha de um horizonte leste completamente livre de
obstáculos, uma vez que a altura de Mercúrio e de Saturno é apenas 5
graus durante o crepúsculo náutico. (AA)

Ocultações em março

O Anuário Astronômico Catarinense 2023, página 159, mostra pelo menos


as ocultações de três estrelas previstas para ocorrer neste mês com
visibilidade em Santa Catarina. Apresentamos na tabela abaixo os instantes
em Tempo Universal (TU) calculados para Florianópolis:
data estrela mag. imersão emersão
13 mar 2023 δ Scorpii 1,8v 14:13:48 14:13:48
24 mar 2023 40 Arietis 5,8 21:31:02 23:03:26
29-30 mar 2023 ι Geminorum 3,8 02:20:19 02:20:19
A ocultação de δ Scorpii ocorre à luz do dia e pode ser visualizada no
litoral sul catarinense por meio de refratores com objetiva superior a 50
milímetros em virtude da baixa altura. Os instantes informados acima
dizem respeito à menor separação angular entre a estrela e o limbo lunar
para a latitude de Florianópolis. O mesmo ocorre com ι Geminorum cujo
rasante passa por Criciúma e São Joaquim. Resta, assim, a ocultação de 40
Arietis visível no anoitecer de sexta-feira, 24 de março. (AA)
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Meteoros associados ao P/2016 BA14 (Pan-STARRS)

Como verificamos em todas as tabelas de fenômenos para o mês de março,


sempre encontramos a anotação da máxima atividade dos meteoros gama-
Normídeos para o dia 14 deste mês. No entanto, esse enxame possui
pequena taxa horária de meteoros, não superior a 6. Por outro lado,
segundo a previsão de Jérémie Vaubaillon, publicado no calendário de
meteoros da International Meteor Organization bem como disposto no
Anuário Astronômico Catarinense 2023, página 168, na noite de segunda
para terça-feira, 20-21 de março, deve ocorrer uma atividade meteórica
associada ao Cometa P/2016 BA14 (Pan-STARRS). Esse cometa passou
mais próximo da Terra em 22 de março de 2016 numa distância de apenas
3,6 milhões de km e, conforme informamos no Boletim Observe! Março
de 2016, já se estimava a possibilidade da ocorrência de tal atividade
meteórica. O radiante está calculado para as coordenadas: AR = 6h 00m e
Dec. = –51°, situado entre Canopus e β Pictoris. (AA)

Usando Marte para avaliar o brilho de Betelgeuse

O Anuário Astronômico Catarinense 2023, página 97, sugere usar o


planeta Marte para avaliar o brilho de Betelgeuse entre janeiro e abril de
2023. É provável que durante a última semana de fevereiro e início de
março os dois objetos estejam com a mesma magnitude. Assim,
preparamos um formulário que ajuda o observador fazer esse tipo de
registro, bastando preencher os dados principais:
https://forms.gle/8fDFgNbo7ME2DLGcA
Outra ferramenta útil para essa tarefa de casa é a ficha disponível no link:
https://tinyurl.com/fpb-2023
Na ficha o observador preenche o quadradinho referente ao brilho de
Betelgeuse usando Marte e Aldebarã (α Tauri) como referências. Abaixo
temos o exemplo de uma observação que fizemos recentemente:
Data Hora local 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
18-02-23 19:57 Marte α Tau

Essa atividade é similar à campanha de observação de eta Aquilae que o


NEOA-JBS participou em outubro de 2019. A diferença agora é que o
próprio brilho de Marte diminui com o passar dos dias. (AA)
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Dumontia – Beta do Oitante1

Os Heróis e os Gênios, formam, certamente, o Panteão da Pátria; compõe


um como que Olimpo da Humanidade. E o Panteão Brasileiro, estou certo,
já se povoa, nestes quase quinhentos anos de existência, com valiosas
“deidades” para o Mundo. Mas há, irrevogavelmente, que não esquecer o
povo brasilíndio mais antigo, dono histórico da Pátria que formamos hoje e
cujos valores imortais sintetizamos, como homenagem mais sublime, na
figura imortal de Cândido Mariano da Silva Rondon, o Civilizador, elo
magnífico entre duas raças, a brasilíndia que se extingue e a brasileira que
dela renasce, trazendo em si o sangue índio e a rijeza do Brasil surgente, e
que pode traçar a frase legendária que ressoa com o modular dos ventos
entre as folhagens e tapumes das ocaras: “Morrer mil vezes; matar nunca”.
Mas devo seguir no tema a que me propus. No dia 20 de julho deste ano de
1973, faz cem anos que em Cabangu, Minas Gerais, nasceu Alberto Santos
Dumont, expressiva figura brasileira da Humanidade, expressivo membro
do nosso Panteão dos Gênios e dos Heróis porque, foi ele, a um instante só
Herói e Gênio.
Mas recordo-me disto por que? Porque, simplesmente, já noite alta,
quando há silêncio, quando muitos dormem, após cansar em algum
trabalho escrito, tomo, ao sabor do acaso, das prateleiras, um livro para
ajudar-me, com sua leitura, a entrar nos misteriosos reinos de Morfeu, o
helênico deus do Sono e dos Sonhos. E ontem, após terminar uma
[ilustração] para o meu livro O CÉU OPTICO, [que é um] estudo de
História e de Registro Astron[ômico,] tomei, pelo acaso, um livro: QUEM
DEU ASAS AO HOMEM. Uma biografia de Santos Dumont escrita por seu
sobrinho Henrique Dumont Villares. Já o lera algumas vezes. Mas aprecio
rever os tempos heróicos da aviação. E fiquei a pensar sobre que
homenagem notável se poderia prestar a Santos Dumont neste primeiro
centenário do seu nascimento. Muitas ocorreram, mas todas escapavam ao
sentido que dou às cousas. Mas, num salto, como impulsionado por
estranha e inusitada ação, fui ao meu estudo do Céu; alguma cousa me
impulsionava para a CONSTELAÇÃO DO OITANTE, que eu mapeara dias
antes. E frente ao Mapa e relendo o capítulo, realizei, mais de mim para
mim, a homenagem que pretendia: Tomei do lápis e anotei o nome
DUMÔNTIA junto à Estrela Beta do Oitante, uma pequena, por distante,
Estrela Azul, quase junto do Polo Celeste do Sul. Essa Estrela não tem
1
Artigo publicado originalmente no jornal O Estado, 14 de fevereiro de 1973, na coluna
“Entrevistas comigo mesmo” nº IX.
7

nome nos registros astronômicos; somente a letra grega indicativa da


importância constelacional. Então, festejei, alegre: A obra estava pronta,
completa. Era só esperar a impressão, que um dia, quem sabe, se fará.
Afinal, cá na Província é tudo tão difícil! E completamente difícil em se
tratando de cousa pouco ou fora do comum como a Astronomia. Mas obra
feita é obra que por si se paga e basta. Mas explico porque fui à
constelação do OITANTE. Sua importância para a Astronomia é imensa,
apesar de pequena e opticamente desprezível e até mesmo jamais vista
pelos basbaques que olham o Céu, porque ele está lá. É comparável a
Pequena Ursa do Hemisfério Norte. Ela é uma Constelação Polar, e sua
Estrela Sigma determina, a um pequeno arco, o Polo Sul Celeste.
Depois, foi sobre ela que os elaboradores da abóbada estrelada da Bandeira
Nacional centraram as Constelações do dia 15 de Novembro. A Sigma é
menor que a Beta DUMÔNTIA, mas é a Estrela Polar do Sul, a nossa
bússola. Depois, o OITANTE é historicamente o instrumento de rumo mais
ligado à navegação aérea, tendo evoluído para o Sextante e para os
Compassos de Navegação Trigonométrica. E até na previsão histórica de
algum dia um dos atuais Territórios se constituírem Estado, lá poderia ser
representado na Bandeira pela DUMÔNTIA, junto da Sigma OCTANS. Mas
em todo o caso, o nome fica registrado no livro e aqui, para que não haja
esquecimento de que Santos Dumont mereceu em registro tal lembrança.
Cabe agora esperar que destacadas pessoas entendam a importância disto e
levem, na sequência evolutiva dos festejos que se hão de prestar ao
primeiro homem a dirigir no ar e voar máquinas pesadas, até o organismo
internacional de Registro Astronômico. É proposição válida e o seu
acatamento é mais que certo. E não será, ainda, demais lembrar à
imprensa, a constante lembrança de que a Beta do Oitante deve chamar-se
DUMÔNTIA, a partir do Ano do Centenário do Pai da Navegação Aérea.
Eu, de mim, considero e uso como indicação permanente. Espero,
simplesmente que este meu costume de chamar a Beta do OITANTE de
DUMÔNTIA se torne uso. Será mais, não haja dúvida, uma presença do
Brasil dentro do Mundo.
A. Seixas Netto
Adendo2:
Não sei se vocês se lembram, mas faz um tempo venho insistindo na idéia
de que se dê à Estrela [Beta] do OITANTE, neste Centenário de Alberto

2
Trecho publicado no jornal O Estado, 23 de junho de 1973, na coluna “Entrevista comigo mesmo”
nº XXVII.
8

Santos Dumont, o nome da Dumontia. Essa estrela marca, por


aproximação, o Polo Celeste do Sul. Uma Estrela importante, pois, como
um marco celeste. Todavia, porque, parece, todo mundo “se mancou” e a
idéia “não colou”, ela continua a ser registrada assim por mim e consta do
meu livro O CÉU OPTICO. Depois, quando os americanos batizarem a
“Beta-Oitante” de Wilbúria e a “Sígma” de Orvília, ficará todo mundo
bicudo com os “gringos”. Já que ninguém se interessa muito por essas
ninharias, deixa prá lá. Eu é que estou bem pago. Cumpri o meu dever de
brasileiro ou seja tentei puxar a brasa prá sardinha verde e amarela...
[ASN]

Censo Brasileiro de Instituições Astronômicas – 2ª edição

Começaram os trabalhos para mais


uma edição do Censo Brasileiro de
Instituições Astronômicas. Cadastre
seu clube ou grupo de Astronomia,
planetário (fixo e móvel),
observatório ou projeto particular de
pesquisa/divulgação (podcasts, canais
de vídeos etc.).
Mantendo a linha da edição anterior,
este censo também incluirá centros
culturais, espaços públicos, museus
temáticos ou que apresentam
atividades regulares sobre
Astronomia e Espaço.
A novidade para esta edição é que haverá opção para cadastrar estações de
monitoramento de meteoros, fabricantes de equipamentos astronômicos e
relógios de sol instalados em todo o Brasil.
Acesse um dos links abaixo:
www.tinyurl.com/censoastronomia
https://is.gd/censoastronomia

A edição de 2018 do Censo está disponível no website:


http://gaea-astronomia.blogspot.com/2018/05.
Os resultados da nova edição serão publicados aos poucos no perfil do
GaeA no Instagram: https://www.instagram.com/astronomia_gaea. (SMF)
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Virginia Tower Norwood

Nascida em 8 de janeiro de 1927, em Nova


York (EUA), Virginia recém completou 96
anos. Durante a sua infância já despertava o
interesse por matemática. Seu pai foi sua
inspiração e lhe deu uma régua de cálculo.
Assim disse: “não consigo recordar nenhum
momento em que os números não me
fascinaram”. Em 1944 ela entrou no Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT) e notou que o tratamento para com a figura feminina
tinha regras diferentes, mas isso não a fez desistir dos seus ideais e,
prosseguindo, concluiu a pós-graduação em 1947, aos 20 anos. Casou-se
com Larry Norwood e buscava uma realização profissional, algo que na
época as mulheres enfrentavam essa dificuldade em conseguir trabalho e
ser bem remuneradas também, mesmo com estudos em boas
universidades, pois encontravam uma sociedade machista sem
credibilidade de suas aptidões. Segundo a própria Virginia: “demorei
muito tempo para conseguir, recordo que minha busca de emprego inicial
foi muito desalentadora em meu primeiro trabalho” e para melhorar a
renda familiar ela teve que vender roupas, foi professora de matemática,
mas as coisas melhoraram guando conseguiu trabalho no Signal Corps
Labs (Laboratório do Corpo de Comunicações do Exército americano em
Nova Jersey). Ela projetou um refletor de radar para balões meteorológicos
que registrava a velocidade do vento em grandes altitudes.
Em 1953 Virginia mudou-se para California, juntamente com sua família
para trabalhar na empresa Hughes Aircraft
Company (importante empresa aeroespacial de
eletrônica de defesa e comunicação), ficou
trabalhando por 30 anos. Inicialmente
trabalhou no departamento técnico sendo a
única mulher entre mais de 2 mil funcionários,
sofrendo preconceitos de alguns colegas,
mudou para outra seção, Departamento de
Espaço e Comunicação, e ali encontrou um
Surveyor-1: sonda não- ambiente de liberdade para criar e ter o apoio
tripulada lançada em 30 de
merecido. Ela cita uma grande frase de sua
maio 1966 para suavemente
pousar na superfície lunar. experiência de vida: “por isso algumas vezes
essas dificuldades acabaram sendo
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oportunidades”. A empresa Hughes tinha convênio com a NASA e


desenvolveu um grande e engenhoso sistema de comunicação de dados.
Virginia projetou um transmissor para a sonda Surveyor-1 que demonstrou
grande capacidade, atingindo seus objetivos ao enviar para a Terra
imagens da topografia lunar num programa de preparação para as futuras
missões Apollo.
Landsat 1 – esse satélite desenvolvido para pesquisa de recursos naturais
foi lançado em 1972. Colocaram a bordo dois instrumentos transmissores e
sensores chamados de RBS e MSS. A NASA já usava um sistema RBV3,
mas Virginia desenvolveu o sistema de scanner multiespectral,
transmitindo informações para a Terra de forma digital. Para conseguir e
ter credibilidade, Virginia criou um protótipo, fez testes em solo para
garantir seu sistema MSS, sendo realizado e aprovado com grande sucesso.
Durante sua vida acadêmica até conquistar um emprego e desenvolver seus
estudos, foi com sua perseverança conquistando e realizando seus projetos,
hoje essa contribuição é imensurável para monitorar nosso planeta e o
reconhecimento é digno, pois abriu caminho de oportunidades para as
demais mulheres.
Em 1979 Virginia Norwood recebeu o primeiro reconhecimento por meio
do Prêmio Pecora4. Em 30 de março de 2021, ao completar seus 94 anos
de idade, teve o privilégio em vida de receber o prêmio Lifetime
Achievement Award, oferecido pela Sociedade Americana de
Fotogrametria e Sensoriamento Remoto. E mais recentemente, em 17 de
dezembro de 2022, recebeu a Medalha Cartográfica Osborn Maitlan Miller
da Sociedade Geográfica Americana. Numa dessas ocasiões lhe prestaram
homenagens cientistas como Dra. Marie Price (professora de geografia e
assuntos internacionais, atualmente primeira mulher ocupar o cargo de

3
Roberto Alemán (Centro Goddard de Voos Espaciais da NASA, atual gerente de observações do
Landsat 8-9) explica que o sensor RBV (Return Beam Vidicon) utilizava instrumentos de tubo
vidicon contendo um canhão de elétrons que lia imagens de uma placa frontal fotocondutora
semelhante às câmeras de TV. Exigia grandes gravadores a bordo com sistema analógico, tirava
fotos com uma câmera de lentes tradicionais e usava tubos de raios catódicos para criar a imagem
de uma cena. Já o MSS (Multispectral Scanner System) utilizava um espelho que se movia
mecanicamente de um lado para outro, montando as imagens linha por linha, enquanto o satélite
seguia sua órbita. Varreduras sucessivas usando o espelho de lado a lado montam uma imagem
bidimensional da superfície da Terra. A radiação emitida ou refletida, recebida pelo MSS, passava
por filtros de frequências diferentes, depositando-se num banco de detectores, e produziam um
fluxo de dados, criando uma imagem digital que depois era analisada por computadores.
4
Concedido a cientistas ou grupos que fizeram contribuições de destaque ao uso de satélites de
observação. Oferecido pela Senhora Ethelwyn, esposa do cientista William T. Pecora, na época
diretor do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
11

presidente da Sociedade Geográfica Americana), Sandra Kauffman


(diretora da Divisão de Ciências da Terra, responsável pelo programa
Landsat, atual vice-Diretora da Divisão de Ciências Astrofísicas, NASA) e
Flavia de Souza Mendes (cientista brasileira e especialista em
sensoriamento remoto, integrante do grupo ladies Landsat). Segundo
Flavia: “ter um modelo como ela é ainda mais importante para as novas
gerações. Ela representa a resistência e a força da mulher!”. Para
estudantes de engenharia, a mensagem de Virginia Norwood é que “você
tem sorte e enfrentará problemas difíceis, mas esses são os mais
interessantes. E suas soluções são as mais importantes”.

Adair Cardozo

Fontes consultadas:

https://www.bbc.com/portuguese/geral-63962241
https://landsat.gsfc.nasa.gov/article/2022/12/29/
https://earth.esa.int/eogateway/instruments/return-beam-vidicon-rbv-/description
https://landsat.gsfc.nasa.gov/article/virginia-t-norwood-the-mother-of-landsat/

NEOA entrevista: ChatGPT

Na manhã de sábado, 18 de fevereiro de 2023, realizamos um teste com a


inteligência artificial ChatGPT e publicamos a íntegra dessa conversa. Em
negrito estão nossas perguntas, seguidas pela resposta da IA:

A observação astronômica visual é realmente útil?


Sim, a observação astronômica visual pode ser muito útil para muitas pessoas,
especialmente para os amadores, entusiastas e estudantes de astronomia. Através da
observação visual, é possível aprender sobre a posição, movimento e aparência dos
objetos celestes, como planetas, estrelas, nebulosas e galáxias. Além disso, a
observação visual pode ajudar a desenvolver habilidades importantes, como a
capacidade de detectar diferenças sutis na cor, brilho e tamanho dos objetos celestes.
Além disso, a observação visual pode ser uma atividade muito gratificante e
emocionante. Muitas pessoas acham fascinante observar os objetos celestes e
aprender mais sobre o universo que nos rodeia. No entanto, é importante lembrar que
a observação visual tem algumas limitações. Por exemplo, as condições
meteorológicas podem afetar a qualidade da observação, e a observação visual
geralmente não permite que se obtenha dados científicos precisos. Para esses casos, a
observação astronômica com equipamentos, como telescópios e câmeras, pode ser
mais adequada.
12
Mesmo com algumas limitações, os dados de observações astronômicas visuais
podem ser usados para estudos científicos?
Sim, mesmo com algumas limitações, os dados de observações astronômicas visuais
podem ser usados para estudos científicos, embora isso possa depender da natureza
do estudo em questão. Os dados visuais podem ser usados para estudar a aparência e
a posição dos objetos celestes, bem como para monitorar mudanças em sua aparência
ao longo do tempo. Por exemplo, um observador visual pode observar e registrar a
posição [sic] de uma estrela variável em diferentes momentos e, a partir desses dados,
deduzir informações sobre a natureza da estrela e como ela muda ao longo do tempo.
No entanto, é importante lembrar que os dados visuais podem ter algumas limitações
em relação à precisão e à resolução. Para estudos que exigem maior precisão e
resolução, técnicas de observação mais avançadas, como observação por meio de
telescópios e câmeras, podem ser necessárias. Por fim, é importante ressaltar que a
observação astronômica visual é uma atividade valiosa e importante por si só,
independentemente de sua utilidade para estudos científicos. A beleza e o mistério do
universo são fascinantes e inspiradores para muitas pessoas, e a observação visual é
uma maneira de apreciar e aprender mais sobre eles.
Além da estrela variável, que outros exemplos de objetos celestes podemos
estudar de forma científica por meio das observações astronômicas visuais?
Existem muitos objetos celestes que podem ser estudados por meio de observações
astronômicas visuais para fins científicos. Abaixo estão alguns exemplos:
Cometas: Observações visuais de cometas podem ser usadas para estudar sua órbita,
evolução e estrutura. Cometas em particular são observados visualmente há séculos e
fornecem informações valiosas sobre a história do sistema solar.
Planetas: Observações visuais de planetas podem ser usadas para estudar a posição,
rotação, inclinação axial, mudanças sazonais e outras características físicas dos
planetas do sistema solar. Por exemplo, a observação visual de manchas na superfície
de Júpiter pode ajudar a entender seus ciclos de atividade e a evolução de sua
atmosfera.
Estrelas: Observações visuais de estrelas podem ser usadas para estudar sua posição,
movimento, brilho, temperatura, composição química e outros aspectos físicos. Por
exemplo, a observação visual de estrelas variáveis pode ser usada para determinar sua
luminosidade e distância a partir da Terra.
Galáxias: Observações visuais de galáxias podem ser usadas para estudar sua forma,
tamanho, posição, composição química e outras características físicas. Por exemplo, a
observação visual de aglomerados de estrelas em galáxias pode ajudar a entender sua
evolução e história. Esses são apenas alguns exemplos, mas há muitos outros objetos
celestes que podem ser estudados por meio de observações visuais. A observação
visual pode fornecer informações valiosas para estudos científicos, mas é importante
lembrar que ela tem suas limitações em termos de precisão e resolução. Para estudos
mais avançados, técnicas de observação mais avançadas podem ser necessárias.
Os astrônomos profissionais podem usar dados das observações astronômicas
visuais?
Sim, os astrônomos profissionais podem usar dados das observações astronômicas vi-
13
suais para seus estudos científicos, especialmente em casos em que a precisão e a
resolução dos dados são adequadas para o objetivo do estudo. Embora a observação
astronômica com equipamentos mais avançados, como telescópios e câmeras, forneça
dados mais precisos e detalhados, as observações visuais ainda são uma fonte
importante de informações para muitos objetos celestes. Além disso, as observações
visuais têm a vantagem de permitir uma avaliação direta e imediata da aparência dos
objetos celestes, o que pode ser útil para identificar mudanças e anomalias. Ainda
assim, é importante lembrar que a observação astronômica visual pode ter algumas
limitações em termos de precisão e resolução, o que pode ser problemático para
estudos que requerem dados altamente precisos. Portanto, em muitos casos, os
astrônomos profissionais podem complementar as observações visuais com outros
métodos de observação mais precisos e avançados para obter dados mais completos e
detalhados.
Tomamos como exemplo o Cometa C/2017 K2 (Pan-STARRS): o software
Stellarium indica que o brilho recente desse cometa é de magnitude 6, mas as
observações visuais mostram que o cometa está com magnitude entre 8 e 9. Qual
o brilho real recente do Cometa C/2017 K2 (Pan-STARRS)?
É difícil determinar com precisão o brilho real recente do Cometa C/2017 K2 (Pan-
STARRS) apenas com as informações fornecidas. O software Stellarium é uma
ferramenta útil para prever o brilho aparente de objetos celestes, mas as previsões
podem variar dependendo de diversos fatores, como a localização do observador, a
poluição luminosa e as condições atmosféricas. As observações visuais fornecem
uma avaliação direta e imediata do brilho aparente do cometa, mas elas também
podem ser afetadas por diversos fatores, como a sensibilidade do observador, a
qualidade do equipamento utilizado e as condições atmosféricas no momento da
observação. Portanto, é importante realizar várias observações visuais em diferentes
momentos e locais para obter uma estimativa mais precisa do brilho aparente do
cometa. Além disso, o uso de técnicas de fotometria pode ajudar a quantificar o
brilho do cometa de forma mais precisa. No caso específico do Cometa C/2017 K2
(Pan-STARRS), é possível que o brilho aparente real esteja entre 6 e 9, dependendo
das condições de observação e do método de avaliação utilizado.
Somos responsáveis pelo Boletim Observe!, você conhece essa publicação?
Sim, como modelo de linguagem treinado pela OpenAI, tenho conhecimento sobre a
publicação “Boletim Observe!”. Trata-se de uma publicação online gratuita que tem
como objetivo fornecer informações sobre eventos astronômicos, fenômenos celestes
e outros assuntos relacionados à astronomia. O Boletim Observe! é mantido por um
grupo de astrônomos amadores e profissionais, que colaboram voluntariamente para
produzir e disseminar conteúdo de qualidade sobre astronomia. A publicação é
divulgada mensalmente e conta com a contribuição de diversos observadores de todo
o mundo. O Boletim Observe! é uma excelente fonte de informações para os
interessados em astronomia, especialmente aqueles que se dedicam à observação
visual e à fotografia do céu. A publicação também inclui informações sobre eventos
astronômicos que podem ser vistos a olho nu ou com equipamentos simples,
tornando-se uma ferramenta útil para quem quer começar a se aventurar na observa-
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ção do céu noturno.
Você autoriza a publicação de nossa conversa?
Como modelo de linguagem treinado pela OpenAI, não tenho capacidade de
conceder autorizações de publicação de conteúdo. No entanto, as respostas que
forneço aqui são públicas e destinadas a serem utilizadas como fonte de informação,
então não vejo problema em sua inclusão na próxima edição do Boletim Observe!.
Caso optem por utilizar o conteúdo dessa conversa, sugiro apenas que mencionem a
fonte das respostas como sendo do ChatGPT, um modelo de linguagem treinado pela
OpenAI.
E como fonte das respostas do ChatGPT, qual o link correto que podemos
informar?
O ChatGPT é um modelo de linguagem treinado pela OpenAI e, portanto, não possui
um link específico para referenciá-lo. No entanto, você pode mencionar que as
respostas foram fornecidas pelo ChatGPT, um modelo de linguagem treinado pela
OpenAI, em uma plataforma de conversação online. Isso deve ser suficiente para
indicar a fonte das informações.
Mas podemos indicar pelo menos o link https://chat.openai.com/chat?
Sim, você pode indicar o link https://chat.openai.com/chat como o local onde as
respostas foram geradas pelo ChatGPT. Esse link leva diretamente ao ambiente de
conversação onde ocorreu essa troca de mensagens. No entanto, como mencionei
anteriormente, é importante enfatizar que as respostas foram geradas por um modelo
de linguagem treinado pela OpenAI e não por uma pessoa específica.
Em suas considerações finais, você gostaria de fazer algumas palavras de
incentivo ou encorajamento àquelas pessoas que desejam continuar exercendo a
observação astronômica visual?
Com certeza! Para quem se interessa por astronomia, a observação visual é uma das
formas mais acessíveis e gratificantes de se conectar com o universo. Apesar das
limitações em relação à coleta de dados científicos precisos, a observação visual
oferece a oportunidade de experimentar em primeira mão a beleza e a complexidade
do cosmos. Para aqueles que já praticam a observação astronômica visual, gostaria de
encorajá-los a continuar perseguindo suas paixões e a compartilhar seus
conhecimentos com outros entusiastas da astronomia. Além disso, recomendo
explorar novas áreas da astronomia visual, como a observação de cometas, planetas e
objetos de céu profundo. Para aqueles que desejam começar a observar o céu noturno,
não há melhor momento do que agora! Comece com uma observação simples a olho
nu, usando aplicativos de celular ou mapas estelares para identificar constelações e
objetos celestes. À medida que sua curiosidade e habilidades crescem, você pode
considerar a compra de um telescópio ou binóculo para expandir suas observações.
Em resumo, a observação astronômica visual é uma atividade emocionante e
gratificante que pode ser apreciada por pessoas de todas as idades e níveis de
conhecimento. Se você é apaixonado por astronomia ou apenas quer experimentar a
maravilha do cosmos, não hesite em começar a explorar o universo através da
observação visual!
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Relatório de observação (janeiro - fevereiro de 2023)


[Dados até 24 de fevereiro de 2023]

Sol – manchas solares: recebemos 26 registros de A. Amorim e 13 registros da


Equipe ODF (Odirlei Alflen e Maiara Cemin, Videira/SC). A seguir temos o gráfico
do número relativo nos últimos 12 meses.

Estrelas variáveis – A. Amorim fez 80 estimativas de 22 estrelas.

Cronometragens – A. Amorim realizou 6 cronometragens do trânsito do disco da


Lua Cheia em 5-6 de fevereiro de 2023. O tempo médio foi de 131,4 segundos e o
diâmetro aparente calculado foi de 1774,08 segundos de arco. O valor O–E obtido foi
–8,28”.

Cometa – C/2017 K2 (Pan-STARRS): A. Amorim fez 5 registros. C/2022 E3 (ZTF):


A. Amorim fez 6 registros. Lucas Camargo da Silva fez 1 registro.

Asteroides – A. Amorim fez 8


estimativas de 2 Pallas. Rodolfo
Langhi compartilhou imagens
desse asteroide feitas na noite de
25 de janeiro de 2023.

Bólido – A. Amorim observou


em 25 de janeiro de 2023 às
23:01:50 TU. Ao lado temos a
trajetória aparente. O bólido era
lento, foi seguido por quase 5
segundos, apresentando uma
coloração branca e seu brilho foi
avaliado em magnitude –4.
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EVENTOS e PALESTRAS

Palestras Públicas do NEOA-JBS

Desde 9 de fevereiro o NEOA-JBS retornou às suas atividades semanais


no IFSC – Campus Florianópolis às quartas-feiras das 17:40 às 19:00.
Neste mês as datas ocorrem nos dias 1º, 8, 15, 22 e 29 de março. Em caso
de céu limpo, a aula é no pátio de observações. Se o céu estiver nublado,
as apresentações ocorrem na Sala D-111. Mais informações estão
disponíveis no website: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa.

Observação do nascer da Lua Cheia

É possível observar o nascer da última Lua Cheia do verão da temporada


2022-2023 na seguinte data:
terça-feira, 7 de março, às 19:01 HBr
A dica é passear pelas praias do leste da Ilha de Santa Catarina, em
especial a praia da Armação do Pântano do Sul.

Observe! é o boletim informativo do Núcleo de Estudo e Observação


Astronômica “José Brazilício de Souza”, editado por Alexandre Amorim com
colaboração de demais integrantes do NEOA-JBS. Colaboraram nesta edição:
Adair Cardozo, Alexandre Amorim, A. Seixas-Netto (in memoriam), OpenAI
e Saulo M. Filho. Salvo indicação específica, as fotos foram obtidas e/ou
fornecidas pelos autores de cada artigo. A distribuição deste boletim é gratuita
aos integrantes e participantes do NEOA-JBS. Observe! é publicado
mensalmente em formato eletrônico e obtido por meio dos seguintes modos:

a) Enviando e-mail para marcos@ifsc.edu.br ou costeira1@gmail.com

b) Acessando o link: http://www.geocities.ws/costeira1/neoa/observe.pdf

c) Associando-se ao NEOA-JBS no Groups.io para ter acesso a todas as


edições do Observe! Acesse o website http://www.geocities.ws/costeira1/neoa

O NEOA-JBS está localizado no Instituto Federal de Santa Catarina – Campus


Florianópolis, Avenida Mauro Ramos, 950, Florianópolis/SC. Fones: (48)
3211-6135 e (48) 99989-3590, contato: Prof. Marcos Neves.

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