Você está na página 1de 70

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Anderson Luiz Soares Santos

ESTUDO E PROJETO DE UM RETIFICADOR DE 18 PULSOS COM CONEXÃO


ESTRELA DIFERENCIAL DE AUTOTRANSFORMADOR UTILIZANDO O
APLICATIVO WEB MULTITRAFO-APP

Palmas – TO
2018
Anderson Luiz Soares Santos

ESTUDO E PROJETO DE UM RETIFICADOR DE 18 PULSOS COM CONEXÃO


ESTRELA DIFERENCIAL DE AUTOTRANSFORMADOR UTILIZANDO O
APLICATIVO WEB MULTITRAFO-APP

Trabalho de Graduação submetido ao curso de


Engenharia Elétrica da Universidade Federal do
Tocantins, como o requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Jadiel Caparrós da Silva


Co-orientadora: Profa. Dra. Priscila da Silva
Oliveira

Palmas – TO
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Tocantins

S237e Santos, Anderson Luiz Soares.


Estudo e projeto de um retificador de 18 pulsos com conexão estrela
diferencial de autotransformador utilizando o aplicativo WEB multitrafo-app. /
Anderson Luiz Soares Santos. – Palmas, TO, 2018.
69 f.

Monografia Graduação - Universidade Federal do Tocantins – Câmpus


Universitário de Palmas - Curso de Engenharia Elétrica, 2018.
Orientador: Jadiel Caparrós da Silva
Coorientadora : Priscila da Silva Oliveira

1. Retificadores multipulsos. 2. Aplicativo Web. 3. Conexões diferenciais.


4. Distorção harmônica de corrente. I. Título
CDD 621.3

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer


forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte.
A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184
do Código Penal.
Elaborado pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica da UFT com os
dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Anderson Luiz Soares Santos

ESTUDO E PROJETO DE UM RETIFICADOR DE 18 PULSOS COM CONEXÃO


ESTRELA DIFERENCIAL DE AUTOTRANSFORMADOR UTILIZANDO O
APLICATIVO WEB MULTITRAFO-APP

Trabalho de Graduação submetido ao curso de


Engenharia Elétrica da Universidade Federal do
Tocantins, como o requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Elétrica e aprovado pela seguinte banca
examinadora:

________________________________________
Prof. Dr. Jadiel Caparrós da Silva
Universidade Federal do Tocantins

________________________________________
Profa. Dra. Stefani Carolline Leal de Freitas
Universidade Federal do Tocantins

________________________________________
Profa. Dra. Priscila da Silva Oliveira
Universidade Federal do Tocantins

Palmas – TO
2018
Dedico este trabalho aos meus pais João Araújo
e Ana Maria, meu irmão Alisson, e a todos
aqueles que contribuíram para o meu sucesso e
aprendizado, fazendo parte também de grandes
momentos felizes em minha vida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me proporcionado as condições físicas, materiais e


emocionais que permitiram com que as dificuldades de um curso superior fossem superadas.
A meu orientador e co-orientadora, Prof. Dr. Jadiel Caparrós da Silva e Profa Dra. Priscila
Oliveira da Silva, pelo auxílio e apoio que no seu exíguo tempo, me orientarão no alcance dos
meus objetivos.
Aos meus pais e meu irmão, que fazem parte da minha vida e com muito carinho apoiaram e
me motivaram, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida.
Aos meus queridos avós Emídio, Raimunda e “in memoriam” Guy e Rosulinda que estiveram
sempre do meu lado, orando e intercedendo por mim.
A toda minha família que sempre torceu pelo meu sucesso e me ajudou sempre quando precisei.
A cada amigo e amiga que de forma especial eu pude compartilhar momentos incríveis ao lado
de cada um.
A todos os meus professores, por me auxiliarem no aprendizado e na formação do meu caráter
pessoal e profissional.
As experiências que tive na faculdade e tudo que vivi nesses anos, são lembranças e momentos
que ficaram guardados em meu coração a vida toda, o meu muito obrigado.
RESUMO

Harmônicos são um desafio para a Engenharia Elétrica, ainda não existe uma técnica que
elimine totalmente o conteúdo harmônico injetado na rede pelas cargas não lineares. Existem
sim técnicas para mitigação que reduzem consideravelmente o conteúdo harmônico na rede
elétrica. Elevada taxa de distorção harmônica de corrente (DHTi) na rede elétrica pode
ocasionar, perdas na mesma, mal funcionamento e até danificar equipamentos. Hoje muitos
equipamentos que necessitam de uma conversão CA-CC de energia utilizam retificadores
trifásicos de seis pulsos (ponte de Graetz) para esta conversão, este retificador apresenta um
elevado conteúdo harmônico e consequentemente baixo fator de potência (FP), porém, não
apresentam todo o espectro de harmônicos apenas os K. P±1 (K=1, 2, 3...) e P o número de
pulsos. Os retificadores multipulsos aproveitam esta característica das pontes trifásicas de seis
pulsos e são formados por duas ou mais pontes e um transformador defasador para adequar as
tensões que alimentaram as pontes. Assim, um retificador de 12 pulsos apresenta apenas as
harmônicas K. 12±1 (K=1, 2, 3...), 11°, 13°, 23°, 25° assim por diante, já um de 18 pulsos
apresenta K. 18±1 (K=1, 2, 3...), 17°, 19°, 35°,37° etc. Logo, quanto maior o número de pulsos
menor o conteúdo harmônico e maior o FP. Um aplicativo foi desenvolvido para simular e
realizar cálculos relacionados aos projetos de retificadores de 12 e 18 pulsos com conexões
diferenciais de transformador (Estrela e Delta), neste caso temos retificadores não isolados que
utilizam em sua estrutura autotransformadores. Uma das vantagens é a redução de peso e
volume da estrutura. O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é validar este aplicativo
desenvolvendo um projeto completo desde simulação até a implementação e obtenção de
resultados experimentais de um retificador de 18 pulsos.

PALAVRAS-CHAVE: Retificadores multipulsos; Aplicativo Web; Conexões diferenciais;


Distorção harmônica de corrente; Transformador defasador.
ABSTRACT

Harmonics are a challenge for Electrical Engineering, there is still no technique that totally
eliminates the harmonic content injected into the network by non-linear loads. There are rather
techniques for mitigation that considerably reduce the harmonic content in the electrical
network. High harmonic distortion of current (DHTi) in the mains can cause, losses in the same,
malfunction and even damage equipment. Nowadays in many equipments that need a
conversion CA-DC of energy use three-phase rectifiers of six pulses, the rectifier presents /
displays a high harmonic index and consequently low power factor (PF), however, not the
whole harmonic spectrum only the K. P ± 1 (K = 1, 2, 3 ...) and P is the number of pulses. The
multipulse rectifiers take advantage of this property of the six-phase three-phase bridges and
are formed by two or more bridges and a phase-shifting transformer to fit as tensions that fed
as bridges. Thus, a 12-pulse rectifier displays only K. 12 ± 1 (K = 1, 2, 3 ...), 11 °, 13 °, 23 °,
25 °, and 18-pulse K. 18 ± 1 (K = 1, 2, 3 ...), 17 °, 19 °, 35 °, 37 °, etc. Therefore, the higher the
number of pulses the smaller the harmonic content and the higher the FP. An application was
developed to simulate and perform calculations related to 12- and 18-pulse rectifier designs
with differential transformer connections (Star and Delta), in this case, non-isolated rectifiers
that use autotransformers in their structure. One of the advantages is a reduction of the weight
and volume of the structure.The objective of this course completion work is to validate this
project developed a complete project from the simulation to an implementation and obtaining
experimental results of an 18 pulse rectifier.

KEYWORDS: Multipulse rectifiers; Web application; Differential connections; Current


harmonic distortion; Phase-shifting transformers.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Conexão Estrela-diferencial para tensão resultante VR1. ....................................... 19


Figura 2 - Conexão Estrela-diferencial Generalizada configuração A. .................................. 20
Figura 3 - Núcleo magnético e bobinas do autotransformador. ............................................. 20
Figura 4 – Diagramas fasoriais para topologia Estrela-Diferencial generalizada Configuração
A.......................................................................................................................................... 21
Figura 5 - Conexão estrela diferencial aberta de 12 pulsos.................................................... 24
Figura 6 – Conexão estrela diferencial fechada de 12 pulsos. ............................................... 25
Figura 7 - Conexão estrela diferencial aberta de 18 pulsos.................................................... 25
Figura 8 - Diagrama de tensões para a conexão Y-diferencial aberta de 18 pulsos. ............... 26
Figura 9 - Conexão estrela diferencial fechada de 18 pulsos. ................................................ 27
Figura 10 - Diagrama de tensões para a conexão Y-diferencial fechada de 18 pulsos............ 27
Figura 11 - Conexão Delta-diferencial para tensão resultante VR1. ...................................... 28
Figura 12 - Enrolamentos para o autotransformador Delta - configuração C. ........................ 29
Figura 13 - Diagrama fasorial topologia Delta – configuração C. ......................................... 29
Figura 14 - Esquema do núcleo magnético topologia Delta. ................................................. 30
Figura 15 – Diagramas fasoriais topologia Delta-diferencial generalizada - configuração C. 30
Figura 16 - Diagrama fasorial para tensão secundária gerada em fase com a referência (Vabn' e
Vbcn'). ................................................................................................................................... 33
Figura 17 – Conexão delta diferencial plana de 12 pulsos..................................................... 34
Figura 18 – Conexão delta diferencial aberta de 12 pulsos. .................................................. 35
Figura 19 – Conexão delta diferencial fechada de 12 pulsos. ................................................ 35
Figura 20 – Conexão delta diferencial de 18 pulsos. ............................................................. 36
Figura 21 - Tela inicial. ........................................................................................................ 38
Figura 22 - Tela de escolha para topologia Delta e Estrela de 12 e 18 pulsos. ....................... 39
Figura 23 – Página de projeto Simulação Estrela-diferencial de 18 pulsos. ........................... 40
Figura 24 - Formas de onda para o retificador Estrela-diferencial de 18 pulsos..................... 40
Figura 25 - Resultados de tensões, correntes, relações de espiras, FP e THDi. ...................... 41
Figura 26 - Dados de projeto. ............................................................................................... 41
Figura 27 - Esquemático Retificador de 18 pulsos Topologia Estrela-diferencial. ................. 43
Figura 28 - Tensões secundárias VR1, VR2 e VRn MultiTrafo. ........................................... 44
Figura 29 - Tensões secundárias VR1, VR2 e VRn PSpice. .................................................. 44
Figura 30 - Tensão média na carga retificada MultiTrafo ..................................................... 45
Figura 31 – Tensão média na carga retificada PSpice. .......................................................... 45
Figura 32 - Correntes primarias MultiTrafo. ......................................................................... 45
Figura 33 - Correntes primarias PSpice. ............................................................................... 46
Figura 34 - Correntes da rede de alimentação Multitrafo. ..................................................... 46
Figura 35 - Correntes da rede de alimentação PSpice. .......................................................... 46
Figura 36 - Taxa KVA versus Relação de tensão primaria e secundária para retificadores
Estrela – diferencias de 18 pulsos configuração A e B. ......................................................... 49
Figura 37 - Dimensão para a Lâmina E-I. ............................................................................. 50
Figura 38 - Retificador topologia Estrela configuração A de 18 pulsos. ................................ 57
Figura 39 - Tensões secundárias VR1, VR2 e VRn: (a) Protótipo, escalas 4ms/div e 200
V/div.................................................................................................................................... 58
Figura 40 - Tensão de entrada: (a) Protótipo, escalas 4ms/div, 200V/div e (b) Pspice. .......... 58
Figura 41 - Tensão média na saída: (a) Protótipo, escalas 2ms/div, 100V/div. e (b) Pspice. .. 59
Figura 42 - Ensaio com cargas independentes. ..................................................................... 60
Figura 43 - Esquema simplificado do ensaio com carga........................................................ 60
Figura 44 – Esquemático simulação digital Pspice. .............................................................. 61
Figura 45 - Tensões Secundárias VR1, VR2 e VRn: (a) Protótipo, escalas 4ms/div e 100
V/div e (b) Pspice ................................................................................................................ 61
Figura 46 - Tensões de entrada R, S e T: (a) Protótipo, escalas 4ms/div, 100V/div e (b)
Pspice. ................................................................................................................................. 62
Figura 47 - Tensão média na saída: (a) Protótipo, escalas 2ms/div, 50V/div e (b) Pspice. ..... 62
Figura 48 - Correntes de rede IA, IB e IC: (a) Protótipo, escalas 2ms/div, 2A/div, (b) Pspice e
(c) Pspice com fator de acoplamento de 0,999. ..................................................................... 63
Figura 49 - Correntes primárias Ia, Ib e Ic: (a) Protótipo, escalas 4ms/div, 1A/div e (b) Pspice.
............................................................................................................................................ 64
Figura 50 - Espectro harmônico de corrente em uma das fases de rede. ................................ 64
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultados tensões e correntes, THDi e FP. ......................................................... 47


Tabela 2 - Dados do projeto do autotransformador ............................................................... 48
Tabela 3 - Comparativo de resultados calculado e aplicativo. ............................................... 55
Tabela 4 - Resultados software, aplicativo e Protótipo.......................................................... 59
Tabela 5 - Resultados tensões e correntes Software e Protótipo. ........................................... 65
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica


IEC - International Electrotechnical Commission
IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers
CA – Corrente Alternada
CC – Corrente Contínua
DHTi – Distorção Harmônica Total de Corrente
FP – Fator de Potência
PAC – Ponto de Acoplamento Comum
PRODIST – Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................. 14
1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 16
1.2.2 Objetivo Específico ........................................................................................ 16
1.3 METODOLOGIA, MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS ............................ 17
1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO...................................................................... 17

2 CONEXÕES DIFERENCIAIS ESTRELA E DELTA GENERALIZADAS ........... 18


2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................. 18
2.2 TOPOLOGIA ESTRELA ...................................................................................... 19
2.2.1 Configuração A .............................................................................................. 19
2.2.2 Enrolamentos auxiliares para o retificador de 18 pulsos .................................. 23
2.2.3 Relação de Espiras .......................................................................................... 23
2.3 CASOS ESPECIAIS CONEXÃO ESTRELA DIFERENCIAL .............................. 24
2.3.1 Retificador de 12 pulsos.................................................................................. 24
2.3.2 Retificador de 18 pulsos.................................................................................. 25
2.4 TOPOLOGIA DELTA........................................................................................... 28
2.4.1 Configuração C............................................................................................... 28
2.4.2 Enrolamentos adicionais para os retificadores de 18 pulsos ............................. 32
2.4.3 Relação de Espiras .......................................................................................... 33
2.5 CASOS ESPECIAIS CONEXÃO DELTA DIFERENCIAL .................................. 33
2.5.1 Retificador de 12 pulsos.................................................................................. 33
2.5.2 Retificador de 18 pulsos.................................................................................. 36
2.6 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 37

3 APLICATIVO WEB MULTITRAFO....................................................................... 38


3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................. 38
3.2 TELA INICIAL ..................................................................................................... 38
3.3 ESCOLHA DA CONEXÃO .................................................................................. 39
3.4 AMBIENTE DE SIMULAÇÃO DE PROJETO ..................................................... 39
3.5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 42

4 RESULTADOS COMPARATIVOS APLICATIVO E SOFTWARE ...................... 43


4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................. 43
4.2 ESQUEMÁTICO E FORMAS DE ONDA ............................................................ 43
4.3 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 47

5 RESULTADOS DE PROJETO DO RETIFICADOR DE 18 PULSOS CONEXÃO


ESTRELA DIFERENCIAL .............................................................................................. 48
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................. 48
5.2 DADOS CONSTRUTIVOS................................................................................... 48
5.3 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 56

6 RESULTADOS EXPERIMENTAIS DO PROTÓTIPO .......................................... 57


6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................. 57
6.2 ENSAIO A VAZIO ............................................................................................... 57
6.3 ENSAIO COM CARGA ........................................................................................ 59
6.4 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 65

7 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 66
7.1 CONCLUSÕES GERAIS ...................................................................................... 66
7.2 TRABALHOS FUTUROS..................................................................................... 67

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 68


14

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A melhoria na qualidade da energia fornecida pelo sistema elétrico é algo


constantemente buscado pelas concessionárias de energia, pois é delas a responsabilidade de
fornecer uma energia dentro das normas e padrões estabelecidos pela Agência Nacional de
Energia Elétrica Brasileira (ANEEL). Com o avanço da tecnologia eletroeletrônica,
propiciando o surgimento de aparelhos mais eficientes energicamente, vem ocorrendo uma
ampliação do uso de cargas não lineares em todos os níveis de fornecimento.
Conversores estáticos são considerados cargas não lineares, devido sua capacidade de
modificar as características da rede elétrica. Estudados em eletrônica de potência estes
conversores são baseados em componentes semicondutores fáceis de ser encontrados em
qualquer circuito elétrico. Uma vez que é modificada as características da energia elétrica,
cargas dessa natureza promovem distorções na corrente e na tensão de alimentação, injetando
harmônicos. Os conversores estáticos representam uma grande parcela das cargas geradoras de
harmônicos presentes nos sistemas elétricos de potência.
Como visto em Francisco (2006), um componente harmônico em um sistema de energia
CA é definido como um componente senoidal de uma forma de onda periódica que possui uma
frequência igual a um múltiplo inteiro da frequência fundamental do sistema.
Segundo Gonçalves (2006), atualmente com a grande utilização dos conversores
estáticos, nas mais diversas aplicações, causando a injeção de elevado conteúdo harmônico de
corrente no sistema elétrico e com isso o FP, que era avaliado apenas pelo deslocamento da
corrente em função da tensão, passou a ser reduzido também pela distorção da forma de onda
da corrente, introduzindo o conceito de fator de distorção harmônica.
Paice (1996) destaca que são diversos os problemas obtidos a partir da existência de
harmônicos. Esses que vão desde ao desgaste precoce dos equipamentos e materiais, aumento
do custo com a energia elétrica e uma diminuição da produtividade. Altos níveis de distorções
harmônicas podem causar aquecimento do transformador, gerador, motor ou condensador, falha
na operação de componentes eletrônicos, falha de operação dos relés de proteção, interferência
em circuitos com telefone e etc.
15

Dentro da abordagem apresentada entra os retificadores multipulsos como uma solução


passiva para a correção do FP e a mitigação da distorção harmônica total de corrente (DHTi).
Normas e procedimentos nacionais e internacionais foram estabelecidas para que
houvesse um maior controle do conteúdo harmônico no sistema. As mais importantes, para este
estudo, são a IEC-61000-3-2 e 61000-3-4 (International Electrotechnical Commission) para
harmônicos individuais de corrente em equipamentos e a norma IEE 519 (1992) que limita
níveis de distorção harmônica na tensão em função dos níveis da corrente no ponto de
acoplamento comum (PAC). Com tudo apesar de ter normas internacionais, no Brasil os
procedimentos relativos a qualidade de energia elétrica está amparada pelo PRODIST – Módulo
8 em sua seção 8.1.
Todavia, para que se tenha uma baixa injeção de conteúdo harmônico técnicas ativas,
passivas e híbridas vêm sendo amplamente estudadas e desenvolvidas em resposta aos grandes
problemas causados pelas cargas não lineares. Como técnica passiva apresentam-se os
retificadores multipulsos CA-CC trifásicos que é objeto de estudo deste trabalho, utilizando
elementos passivos (diodos) que compõe a estrutura retificadora (ponte de Graetz).
Aproveitando a ferramenta computacional desenvolvida pelo engenheiro Tercio
Magalhães Silva, o aplicativo Web multitrafo app que segundo Magalhães (2016) é uma
ferramenta completa que gera desde formas de onda de tensão e corrente, até todos os dados
necessários para implementação do retificador multipulso com as conexões de transformador
propostas, que são: conexões Estrela e Delta diferenciais não isoladas de transformador
(autotransformador) será desenvolvido o projeto completo de um retificador multipulso. A
topologia escolhida para o desenvolvimento do projeto foi a Estrela diferencial de 18 pulsos.
Não existe nenhum motivo especial na escolha desta topologia, o objetivo é validar os dados
teóricos e os obtidos através do aplicativo.
Assim sendo, serão comparados os resultados do aplicativo com resultados de simulação
para tensão e correntes nos enrolamentos do transformador, a taxa de distorção harmônica total
de corrente e o FP dados disponibilizados no aplicativo, que são importantes para o projeto
físico do retificador.
Desta maneira, o estudo se torna mais didático, aliando a parte teórica com a prática que
será a construção física do retificador analisando todos os valores apresentados pelas
simulações e a eficiência do aplicativo em fornecer os dados para implementação do conversor
multipulso.
16

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral está embasado no estudo dos retificadores de multipulsos como forma
aliada ao sistema elétrico para a redução harmônica na rede, o foco do trabalho foi a conexão
Estrela diferencial de 18 pulsos, utilizando o aplicativo para projeto de retificadores de 12 e 18
pulsos com conexões diferencias de transformador desenvolvido pelo engenheiro Tércio
Magalhães Silva e a ferramenta de simulação Orcad versão estudantil.
A ferramenta possibilita obter as principais formas de onda de tensão e corrente para
estes retificadores, assim como, as possíveis conexões dos enrolamentos do autotransformador
para os diferentes valores de tensão média na carga. O aplicativo também gera todos os valores
das tensões e correntes nos enrolamentos do autotransformador e os valores de projeto como
tamanho do núcleo, número de espiras para o mesmo. Além disso, o aplicativo apresenta alguns
parâmetros relacionados a qualidade de energia destes equipamentos como FP e DHTi. Assim,
esta ferramenta não só aproximará os estudantes e engenheiros deste tipo de topologia, mas
também possibilitará os mesmos a implementação destes retificadores através dos dados de
projeto que o aplicativo disponibiliza.
A análise da topologia escolhida foi realizada através do aplicativo, simulação digital e
por fim foi implementada através de um protótipo com tensão de saída de 380 V e potência
total de 1 kW.

1.2.2 Objetivo Específico

Tem se como objetivos específicos:


 Estudar as conexões apresentadas no aplicativo Web;
 Estudar o equacionamento matemático destas estruturas;
 Validar os dados do aplicativo;
 Implementar o retificador estudado.
Assim, nos próximos capítulos deste trabalho serão apresentados de forma comparativa
os resultados obtidos através do equacionamento matemático, da simulação digital, do
aplicativo Web e do protótipo implementado desta estrutura.
17

1.3 METODOLOGIA, MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS

Em primeiro lugar, será feito um levantamento bibliográfico dos temas correlacionados


as conexões de transformadores e aos circuitos retificadores no contexto atual, utilizando como
base alguns dos trabalhos realizados na Universidade Estadual Paulista - UNESP do campus de
Ilha solteira.
Em um trabalho já realizado anteriormente foi implementado um aplicativo web, para
projetos de retificadores de 12 e 18 pulsos com conexão diferencial feito pelo aluno da UFT,
Tércio Magalhães Silva.
Assim sendo, será utilizado o aplicativo multitrafo-app para fornecimento dos dados de
implementação do retificador para análise de estudos, sendo o objeto deste trabalho o retificador
de 18 pulsos com conexão estrela diferencial.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O conteúdo do trabalho é dividido em sete capítulos, sendo este a introdução, onde é


feita toda a relevância do estudo e mostrado de forma sucinta todo o conteúdo que será
apresentado nos outros capítulos, objetivos gerais e específicos, metodologia, materiais e
métodos para execução do projeto.
No capítulo dois é feita uma apresentação abordando o tema das conexões delta e estrela
diferencias de 12 e 18 pulsos que compõem o aplicativo web e as suas estruturas apresentas
compondo também todo embasamento teórico necessário para o estudo dessas topologias.
No capítulo três, exemplifica o funcionamento do aplicativo Web Multitrafo, mostrando
o ambiente de simulação e projeto, composto pelo fornecimento dos dados necessários para
implementação do protótipo.
O capítulo quatro, são feitas as simulações do retificador de 18 pulsos, utilizando
recursos computacionais equipado com programas de simulação digital PSpice/Orcad e o
próprio aplicativo web.
No capítulo cinco, todo o equacionamento utilizado para obter os valores de projeto são
apresentados e confrontados com os dados apresentados pelo aplicativo web.
No capítulo seis, apresenta os resultados experimentais após a execução física do
retificador, através de ensaios.
Finalizando com o capítulo sete a conclusão do trabalho que se faz pelo estudo e o
auxílio dos resultados obtidos e propostas para trabalhos futuros.
18

2 CONEXÕES DIFERENCIAIS ESTRELA E DELTA GENERALIZADAS

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo será apresentado o estudo teórico e o desenvolvimento matemático para


as topologias Estrela e Delta de 12 e 18 pulsos, chamadas de conexões generalizadas, pois
permitem a escolha de qualquer tensão média na carga, independente da tensão de alimentação,
em virtude da adição de enrolamentos auxiliares.
Segundo Oliveira (2011), existem 5 configurações distintas divididas em A e B para a
topologia Estrela, C, D e E para a topologia Delta, o equacionamento das mesmas será de grande
importância para a metodologia de projeto.
Para tanto apenas a topologia A para conexão Estrela e C para a conexão Delta serão
analisadas, pois, foram as implementadas no aplicativo Web.
Além disso, a estrutura do retificador multipulso é composta por autotransformador que
possui um sistema de alimentação trifásico que é conectado ao enrolamento primário
permitindo gerar subsistemas trifásicos, equilibrados e adequadamente defasados entre si.
Ao se tratar de autotransformador, grande parte da energia requerida pela carga é
diretamente conduzida através dos enrolamentos e apenas uma pequena parcela é processada
pelo núcleo, aumentando assim a densidade de potência do conversor. Ou seja, como não têm
isolamento galvânico entre os enrolamentos, só uma parte da energia é conduzida pelos
enrolamentos primários e secundários, sem a transformação eletromagnética, havendo redução
da potência aparente processada pelo sistema magnético em até 80% com relação ao sistema
convencional isolado. O maior benefício se dá por minimizar o peso e volume do conversor.
Os enrolamentos secundários proporcionam tensões trifásicas de mesma amplitude e
para os conversores CA-CC de 18 pulsos em sua estrutura possuem elementos magnéticos
(transformadores e IPTs) e são formados por três pontes retificadoras trifásicas convencionais
de seis pulsos (ponte de Graetz).
De acordo com Oliveira (2011), nos casos em que os limites exigidos para DHTi e FP
são mais rigorosos o conversor de 18 pulsos é uma opção atrativa, pois apresenta melhores
resultados que o de 12 pulsos e menores custo e complexidade que o de 24 pulsos, apresentando
DHTi de 9,5 % e FP de 0,99 como valores teóricos característicos.
19

2.2 TOPOLOGIA ESTRELA

Encontram-se apenas duas formas de representação para o sistema trifásico secundário,


com o objetivo de gerar as tensões resultantes (VR1, VR2, VS1, VS2, VT1 e VT2) ilustrados na Figura
1. Analisando a primeira forma apresentada, o conjunto em série dos enrolamentos auxiliares
utilizados para gerar as respectivas tensões são Nc1 e Nb3 (geram a tensão VR1) como está
representado na Figura 1 (a), Nb2 e Nc4 (geram VR2), Nb1 e Na3 (geram VT1), Na2 e Nb4 (geram
VT2), Na1 e Nc3 (geram VS1) e Nc2 e Na4 (geram VS2), intitulada de configuração A.
Além desses dois sistemas trifásicos, um terceiro sistema em fase com a rede se faz
necessário caso queira se trabalhar com o conversor de 18 pulsos, assim basta somar os
enrolamentos auxiliares Nan, Nbn e Ncn ao enrolamento primário pertinente Na, Nb e Nc para
gerar as tensões VRN, VSN e VTN.

Figura 1 - Conexão Estrela-diferencial para tensão resultante VR1.


(a) Configuração A; (b) Configuração B.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 47.

2.2.1 Configuração A

A partir das tensões Vc1 e Vb3, dos respectivos enrolamentos auxiliares Nc1 e Nb3 é
possível obter a tensão resultante VR1, de forma análoga o mesmo ocorre para obter as outras
tensões secundárias.
Na Figura 2 (a), representa o diagrama fasorial do sistema trifásico de tensões primárias
(Va, Vb e Vc) e os sistemas trifásicos das tensões secundárias defasadas, sendo (VR1, VS1 e VT1)
sistema em avanço e (VR2, VS2 e VT2) em atraso. Já na Figura 2 (b) apresenta como é feito a
ligação dos enrolamentos secundários para a conexão Estrela - Diferencial generalizada de 18
20

pulsos, lembrando que para o conversor de 12 pulsos não são necessários os enrolamentos de
índices “n”.

Figura 2 - Conexão Estrela-diferencial Generalizada configuração A.


(a) Diagrama fasorial; (b) Disposição dos enrolamentos.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 48.

A Figura 3 apresenta de forma clara como os enrolamentos são dispostos no núcleo


magnético trifásico com o primário conectado em Estrela. As espiras Na, Nb e Nc representam
os enrolamentos primários e são respectivamente enrolados nas pernas “A”, “B”, e “C” do
núcleo, isso vale para os outros enrolados com índices “a”, “b” e “c”. Além disso, as tensões
têm seu índice correspondente de acordo com o enrolamento, por exemplo: Va1 corresponde a
tensão no enrolamento Na1, também é importante salientar que o índice n não significa o
enésimo enrolamento, mais sim que o mesmo está em relação ao ponto neutro. Sendo o
conversor de 18 pulsos composto por 15 enrolamentos secundários e para a conexão do
conversor de 12 pulsos é formado apenas por 12 enrolamentos, pois não se faz necessário a
utilização dos enrolamentos de índice “n”.

Figura 3 - Núcleo magnético e bobinas do autotransformador.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 49.


21

De acordo com Oliveira (2011) esta configuração é chamada de genérica, pois a partir
dela podem-se gerar conexões elevadoras ou abaixadoras de tensão para conversores de 12 e
18 pulsos com topologia Estrela – diferencial.
Para a configuração A, tem-se três possibilidades de conexões dos enrolamentos
secundários, na Figura 4 é representado o diagrama fasorial para cada um dos casos, quando a
tensão nos enrolamentos auxiliares é positiva, quando uma é positiva e a outra negativa e
quando as duas são negativas.

Figura 4 – Diagramas fasoriais para topologia Estrela-Diferencial generalizada Configuração A.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 50.

Aplicando a lei dos senos a partir dos diagramas da Figura 4 é obtido as expressões de (1)
a (6), para determinar as tensões Vb3 e Vc1, para cada caso.
Sendo Vx uma tensão auxiliar entre o ponto neutro, o ângulo auxiliar entre Vx e Va e
o ângulo que determina a operação do conversor em 12 pulsos ( = 15º) ou 18 pulsos ( =
20º).
22

a) Vc1 > 0 e Vb3 > 0

Para este caso a tensão resultante VR1 é menor que a tensão de entrada e o ângulo auxiliar
é maior que o ângulo , tem-se, então, uma conexão abaixadora (step-down).
 Lei dos Senos

= = (1)
sen(120° + ) sen(60° − ) sen( − )

= = (2)
sen(60°) sen(120° − ) sen( )

b) Vc1 > 0 e Vb3 < 0

A tensão negativa em Vb3, indica que a polaridade do enrolamento Nb3 deve ser
invertida. Nesta configuração a tensão secundária resultante pode ser maior, menor ou igual a
tensão de entrada e o ângulo fica entre e 0º.
 Lei dos Senos

= = (3)
sen(60°) sen(120° − ) sen( )


= = (4)
sen(60° − ) sen(120° + ) sen( − )

c) Vc1 < 0 e Vb3 < 0

Neste caso, a tensão resultante VR1 é maior que a tensão de entrada e varia entre 0º a
-60º, tem-se, então, uma conexão elevadora (step-up).
 Lei dos Senos


= = (5)
sen(120°) sen(60° + ) sen(− )


= = (6)
sen(60° − ) sen(120° + ) sen( − )
23

Usando as expressões de (1) a (6), é possível através de identidades trigonométricas


obter uma única expressão para apresentar as tensões dos enrolamentos secundários em função
de apenas três variáveis, tensão de referência (Va), ângulo (ângulo auxiliar) e . A expressão
unificada é apresentada na equação (7) e possibilita encontrar os valores das tensões, VR1, Vc1 e
Vb3, conhecidos os ângulos e e a tensão de entrada Va.

sen(60°) sen(60°) sen(120° + ) sen(120° + )


∙ = ∙ = ∙ = ∙ (7)
sen(120° − ) sen( ) sen(60° − ) sen( − )

O ângulo auxiliar é encontrado através da expressão (8).

3∙
= tan − 60° (8)
2∙ ∙ √3 ∙ cos( ) − sen( ) − √3 ∙

2.2.2 Enrolamentos auxiliares para o retificador de 18 pulsos

Para o retificador de 18 pulsos é necessário um terceiro sistema trifásico secundário em


fase com a rede que a partir do enrolamento Nan gera a tensão Van, sendo montado na mesma
perna do enrolamento Na, isso vale também para os enrolamentos Nbn e Ncn, a amplitude da
tensão desse enrolamento é apresentada na equação (9), sendo o enrolamento Nan’ para a
configuração B calculado da mesma forma que a configuração A.

= − (9)

Importante lembrar que o conversor de 12 pulsos possui somente dois sistemas


secundários, um adiantado e outro atrasado de +15º e -15º, sem a necessidade de um sistema
em fase com a rede.

2.2.3 Relação de Espiras

Os dados de tensão nos enrolamentos primários, secundários e auxiliares do


autotransformador, são necessários para definir as relações de espiras apresentadas nas
equações de (10) a (12), Ka para a configuração A e Ka’ para configuração B.
24

= = = = (10)

A relação de espira entre Va e Vc1 ou Vc’, definem Kb e Kb’, como se pode ver na
expressão (11).

= = = = (11)

Enfim a equação (12), apresenta a relação entre Va e Vb3, que define Kc e a relação entre
Va e Va3’, define Kc’.

= = = = (12)

2.3 CASOS ESPECIAIS CONEXÃO ESTRELA DIFERENCIAL

2.3.1 Retificador de 12 pulsos

 Conexão Aberta

De acordo com Oliveira (2008), os conversores de 12 pulsos podem ser obtidos a partir
de dois sistemas trifásicos, defasados de 30º entre si. Nesta conexão cada ponta da estrela gera
outras três novas conexões em estrelas, que são responsáveis por alimentar as pontes.

Figura 5 - Conexão estrela diferencial aberta de 12 pulsos.

Fonte: GONÇALVES, 2006, p. 74.


25

 Conexão fechada

Segundo Gonçalves (2006), na conexão estrela diferencial fechada de 12 pulsos, os


enrolamentos secundários são colocados nas extremidades da estrela, formando ângulos de 60°
com cada extremidade.

Figura 6 – Conexão estrela diferencial fechada de 12 pulsos.

Fonte: GONÇALVES, 2006, p. 79.

Dessa forma, esta conexão apresenta valores de tensão reduzidos tanto em relação a
conexão aberta como em relação a tensão de referência.

2.3.2 Retificador de 18 pulsos

 Conexão Aberta

Figura 7 - Conexão estrela diferencial aberta de 18 pulsos.

Fonte: GONÇALVES, 2006, p. 82.


26

A Figura 7 representa a conexão aberta de 18 pulsos estrela diferencial. Para a conexão


do conversor de 18 pulsos são necessários três sistemas trifásicos de mesma amplitude e
defasados de 20°. Por conta da relação de espiras dar-se o ângulo característico de 20° e os
enrolamentos secundários são responsáveis por gerar os dois sistemas de +20° e -20°.
Desta maneira, o sistema trifásico apresenta um sistema em fase com a tensão de fase
da rede de alimentação, e os outros dois estão defasados de +20° e -20°. As tensões sobre todos
os enrolamentos, tal como os três sistemas de tesões trifásicas originados para a conexão estão
representados no diagrama de fases da Figura 8. Os enrolamentos do autotransformador são
representados por indutores acoplados e denominados por:
La, Lb e Lc: enrolamentos do primário
La1, Lb1 e Lc1: enrolamentos do secundário (1)
La2, Lb2 e Lc2: enrolamentos do secundário (2)
Lan, Lbn e Lcn: enrolamentos do secundário (n)
As tensões que alimentam os enrolamentos primários, e que atuam entre os terminais
dos enrolamentos secundários são definidas por:
Va, Vb e Vc: tensões de fase da rede
Va1, Vb1 e Vc1: tensões do secundário (1)
Va2, Vb2 e Vc2: tensões do secundário (2)
Van, Vbn e Vcn: tensões do secundário (n)
O sistema de R1, S1 e T1 está adiantado de 20° em relação ao sistema de tensões de fase
da rede de alimentação, o sistema R2, S2 e T2 está atrasado de 20° em relação à mesma referência
e o sistema Rn, Sn e Tn está em fase com a referência.

Figura 8 - Diagrama de tensões para a conexão Y-diferencial aberta de 18 pulsos.

Fonte: SEIXAS, 2001, p. 34.

De acordo com SILVA (2016), os enrolamentos com índice ‘a’ pertencem a uma única
perna do núcleo. Todavia as tensões que estão nesses enrolamentos estão na mesma fase, e os
27

sentidos dos enrolamentos são determinados pelas marcas de polaridades. O mesmo se repete
para os conjuntos de enrolamentos ‘b’ e ‘c’. Sendo que os enrolamentos secundários são todos
idênticos e com número de espira menor que o primário.

 Conexão fechada

A Figura 9 abaixo, apresenta a conexão fechada de 18 pulsos estrela diferencial. As


tensões sobre todos os enrolamentos, tal como os três sistemas de tesões trifásicas originados
para a conexão estão representados no diagrama de fases da Figura 10.

Figura 9 - Conexão estrela diferencial fechada de 18 pulsos.

Fonte: SEIXAS, 2001, p. 38..

Figura 10 - Diagrama de tensões para a conexão Y-diferencial fechada de 18 pulsos.

Fonte: SEIXAS, 2001, p. 39.

Nesta conexão, os enrolamentos secundários proporcionam tensões nos três sistemas


menores do que as tensões de referência (SEIXAS, 2001).
O sistema de R1, S1 e T1 está adiantado de 20° em relação ao sistema de tensões de fase
da rede de alimentação, o sistema R2, S2 e T2 está atrasado de 20° em relação à mesma referência
e o sistema Rn, Sn e Tn está em fase com a referência.
28

2.4 TOPOLOGIA DELTA

Da mesma maneira que a topologia Estrela – diferencial apresenta maneiras diferentes


de conexão dos enrolamentos secundários para obter uma mesma tensão resultante, assim
também é a topologia Delta – diferencial.
Na Figura 11 é apresentado os três tipos de conexão desta topologia, a primeira conexão
denominada de configuração C, utiliza como enrolamentos auxiliares Nca1 e Nbc3 (gera a tensão
resultante VR1), como mostra a Figura 11 (a). A segunda conexão denominada de configuração
D, utiliza como enrolamentos auxiliares Nab1 e Nbc3 (para gera a tensão VR1) como mostra a
Figura 11 (b). Por último a terceira conexão denominada de configuração E, utiliza como
enrolamentos auxiliares Nab1 e Nca3, como mostra a Figura 11 (c). Toda a análise matemática
será feita para a configuração C.

Figura 11 - Conexão Delta-diferencial para tensão resultante VR1.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 63.

2.4.1 Configuração C

A Figura 12 mostra como os enrolamentos auxiliares são ligados entre se para obter as
tensões resultantes secundárias a partir da configuração C em Delta.
Para a topologia em Delta – diferencial a análise feita para as tensões é análoga a
topologia Estrela – diferencial de autotransformador, embora, as tensões aplicadas sobre os
enrolamentos primários sejam tensões de linha.
Na Figura 13, representa o diagrama fasorial do sistema trifásico de tensões primárias
(Vab, Vbc e Vca), as tensões de fase e de linha dos sistemas trifásicos das tensões secundárias
defasadas, sendo (VR1, VS1 e VT1) e (VRS1, VST1 e VTR1) sistema em avanço em relação a º, (VR2,
VS2, e VT2) e (VRS2, VST2 e VTR2) em atraso de º e o sistema em fase com as tensões primárias
29

(VRn, VSn, VTn). O sistema de tensão em fase não é necessário para o conversor de 12 pulsos,
válido apenas para o conversor de 18 pulsos.
Para gerar o terceiro sistema trifásico de tensões em fase, o conversor Delta-diferencial
de 18 pulsos necessita de dois enrolamentos auxiliares a mais por fase em relação a topologia
Estrela – Diferencial, que necessita apenas de um enrolamento auxiliar.
A Figura 14 apresenta como é feito a ligação em Delta entre os enrolamentos primários
sobre o núcleo magnético e como os enrolamentos secundários são dispostos sobre o mesmo.
Para a conexão Delta de 18 pulsos ( =20º), 18 enrolamentos secundários e na conexão
de 12 pulsos ( =15º), apenas 12 enrolamentos secundários, a diminuição na quantidade de
enrolamentos do conversor de 12 pulsos em relação ao de 18 pulsos é devido aos enrolamentos
de índices “n” e “n1” não serem necessários.

Figura 12 - Enrolamentos para o autotransformador Delta - configuração C.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 64.

Figura 13 - Diagrama fasorial topologia Delta – configuração C.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 64.


30

Figura 14 - Esquema do núcleo magnético topologia Delta.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 64.

Para a configuração C, tem-se três possibilidades de conexões dos enrolamentos


secundários Nca1 e Nbc3, na Figura 15 são apresentados os diagramas fasoriais para cada um dos
casos, quando a tensão nos enrolamentos auxiliares é positiva, quando uma é positiva e a outra
negativa e quando as duas são negativas.

Figura 15 – Diagramas fasoriais topologia Delta-diferencial generalizada - configuração C.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 66.

Aplicando a lei dos senos a partir dos diagramas da Figura 15 é obtido as expressões
de (13) a (18), para determinar as tensões Vca1 e Vbc3, para cada caso.
31

a) Vca1 > 0 e Vbc3 > 0

Para este caso a tensão resultante VR1 é menor que a tensão de entrada, em consequência
disto é chamada de conexão abaixadora (step-down).
 Lei dos Senos

= = (13)
sen(30°) sen(150° − ) sen( )

= = (14)
sen(90° + ) sen(90° − ) sen( − )

b) Vc1 > 0 e Vb3 < 0

A tensão negativa em Vb3, indica que a polaridade do enrolamento Nb3 deve ser invertida.
Nesta configuração a tensão secundária resultante pode ser maior, menor ou igual a tensão de
entrada e o ângulo fica entre e 0º.
 Lei dos Senos

= = (15)
sen(30°) sen(150° − ) sen( )


= = (16)
sen(90° − ) sen(90° + ) sen( − )

c) Vc1 < 0 e Vb3 < 0

O terceiro e último caso a tensão resultante VR1 é maior que a tensão de entrada e varia
entre 0º a -30º, tem-se, então, uma conexão elevadora (step-up).
 Lei dos Senos


= = (17)
sen(150°) sen(30° + ) sen(− )


= = (18)
sen(90° − ) sen(90° + ) sen( − )
32

Usando as expressões de (13) a (18) e isolando Vx, uma única expressão é obtida
possibilitando apresentar as tensões dos enrolamentos secundários em função de apenas três
variáveis, tensão de referência (Va), ângulo (ângulo auxiliar) e . A expressão unificada é
apresentada na equação (19) e possibilita encontrar os valores das tensões, VR1, Vca1 e Vbc3.

sen(30°) sen(30°) sen(90° − ) sen(90° + )


∙ = ∙ = ∙ = ∙ (19)
sen(150° − ) sen( ) sen(90° + ) sen( − )

O ângulo auxiliar é encontrado através da expressão (20).

√3 ( ∙ cos( ) − )
∆ = − tan ∙ (20)
3 ∙ cos( )

2.4.2 Enrolamentos adicionais para os retificadores de 18 pulsos

Para obter um terceiro sistema trifásico secundário em fase com a rede, a conexão Delta-
diferencial, apresenta dois enrolamentos a mais por fase, Nabn e Nabn1, que geram as tensões Vabn
e Vabn1 em fase com Vab, pois são montados na mesma perna do núcleo junto com o enrolamento
primário Nab, isso vale também para os enrolamentos Nbcn, Nbcn1, Ncan e Ncan1. Somando as
tensões Va, Vabn e Vcan1 se obtém VRn, que deve está em fase com a referência e possuir a mesma
amplitude que VR1 e VR2, isso é apresentado na Figura 15(d). A amplitude da tensão dos
enrolamentos Nabn e Nabn1 são iguais e são calculados da mesma forma através da equação (21).


= = (21)
2 ∙ cos(30°)

Há outra possibilidade de obter o sistema trifásico em fase com a referência, somando


as tensões Va, Vabn’ e Vbcn1’ como mostra a Figura 16. As tensões nos enrolamentos Nabn’ e
Nbcn1’ não possuem a mesma amplitude e são expressos de acordo com a equações (22) e (23).


= (22)
sen(60°)

sen(30°) ∙ ( − )
= (23)
sen(60°)
33

Figura 16 - Diagrama fasorial para tensão secundária gerada em fase com a referência (Vabn' e Vbcn').

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 70.

2.4.3 Relação de Espiras

O sistema em fase gerado pela soma das tensões Va, Vabn e Vabn1, define a relação de
espiras Ka entre a tensão primária de linha Vab e as tensões Vabn ou Vabn1. Para o sistema em fase
obtido pela soma Va, Vabn’ e Vbcn1’, define a relação Ka’ entre a tensão Vab e Vabn’, para a relação
entre a tensão Vab e Vbcn1’ é definida a relação Ka”.
Para a relação da tensão Vab e as tensões secundárias Vca1, Vab1’ e Vab1” é definido a
relação de espiras Kb, Kb’ e Kb” respectivamente. A relação da tensão Vab e as tensões
secundárias Vbc3, Vbc3’ e Vca3” é definido a relação de espiras Kc, Kc’ e Kc” respectivamente.
Além disso, vale ressaltar que os enrolamentos de índices “1” e “2” têm a mesma relação
de espiras (Kb, Kb’ e Kb”) e para os enrolamentos de índices “3” e “4” têm a mesma relação de
espiras (Kc, Kc’ e Kc”).

2.5 CASOS ESPECIAIS CONEXÃO DELTA DIFERENCIAL

2.5.1 Retificador de 12 pulsos

 Conexão plana

Na Figura 17, é exibido a representação da conexão delta diferencial plana de 12 pulsos.


Devido ao fato dos seus enrolamentos secundários estarem montados sobre os vértices do
34

triângulo paralelo às suas respectivas bases, se dá o nome plana. Os enrolamentos do


autotransformador são representados por indutores acoplados e denominados por:
Lab, Lbc e Lca: enrolamentos do primário
Lab1, Lbc1 e Lca1: enrolamentos do secundário (1)
Lab2, Lbc2 e Lca2: enrolamentos do secundário (2)

Figura 17 – Conexão delta diferencial plana de 12 pulsos.

Fonte: GONÇALVES, 2006, p. 64.

As tensões que alimentam os enrolamentos primários, e que atuam entre os terminais


dos enrolamentos secundários são definidas por:
Va, Vb e Vc: tensões de fase da rede
Va1, Vb1 e Vc1: tensões do secundário (1)
Va2, Vb2 e Vc2: tensões do secundário (2)
Os enrolamentos de mesmo índice ab, ab1, e ab2 são montados sobre a mesma perna
do núcleo, sendo as tensões nesses enrolamentos na mesma fase e os sentidos são definidos
pelas marcas de polaridade.
O defasamento requerido pelos retificadores multipulsos é dado pela expressão
60°/n sendo ‘n’ igual ao número de pontes retificadoras. Como é necessário apenas 2 pontes
retificadoras para a conexão de 12 pulsos, temos um defasamento de 30º.

 Conexão aberta

Segundo Seixas (2001), o nome de conexão delta diferencial aberta de 12 pulsos vem
do fato de que os seus enrolamentos secundários são colocados no vértice do triângulo em
35

paralelo com os lados adjacentes, mas, no prolongamento dos respectivos lados. Os


enrolamentos estão representados na Figura 18.

Figura 18 – Conexão delta diferencial aberta de 12 pulsos.

Fonte: GONÇALVES, 2006, p. 72.

Nessa conexão as tensões de saída são maiores que a conexão plana e em relação as
tensões de referência de fase também e a defasagem é mantida de 30º.

 Conexão fechada

Está conexão é obtida devido seus enrolamentos secundários estarem paralelo aos lados
adjacentes, na Figura 19 é possível observa de forma mais clara a disposição dos enrolamentos,
por isso o nome de conexão fechada.

Figura 19 – Conexão delta diferencial fechada de 12 pulsos.

Fonte: GONÇALVES, 2006, p. 70.


36

Comparado a conexão plana, a tensão de saída do autotransformador é menor que a


tensão de referência e a defasagem continua a mesma de 30º.
Segundo Seixas (2001) dependendo da polaridade dos enrolamentos, basta efetuar uma
operação vetorial de soma ou subtração entre as respectivas tensões para assim obter um sistema
de 15º em atraso e outro de 15º em avanço, em relação a referência. O valor do ângulo de
defasagem é relacionado ao módulo da tensão aplicada sobre cada enrolamento secundário.
Os enrolamentos secundários são idênticos, devido ao mesmo número de espiras e estão
submetidos pelo mesmo valor eficaz de tensão.

2.5.2 Retificador de 18 pulsos

Diante do que foi dito anteriormente, a conexão de 18 pulsos se assemelha em relação


a conexão plana de 12. Tendo como principal diferença a formação dos pequenos enrolamentos
secundários ligados em série em pernas distintas do núcleo, fazendo com que cada par que
forma o secundário não importando a ordem de conexão forneça um sistema trifásico atrasado
de 20º ou adiantado de 20º, mas com a mesma amplitude de referência, como mostra a Figura
20.

Figura 20 – Conexão delta diferencial de 18 pulsos.

Fonte: GONÇALVEZ, 2006, p. 88.

Uma terceira ponte de seis pulsos é ligada ao sistema diretamente pela fonte de
alimentação, sendo este a própria referência de tensões, passando de 15º da conexão de 12
pulsos para 20º na conexão de 18 pulsos.
37

2.6 CONCLUSÕES

Nesse capítulo foi apresentado o estudo dos retificadores com conexão diferencial
generalizada para autotransformador que são de grande importância para execução de projeto.
A complexidade está nas ligações especiais do transformador que são responsáveis por
gerar as tensões e defasagens necessárias para a composição dos pulsos, eles agregam muito
peso e volume ao sistema a que são coligados. Nas estruturas multipulsos não isoladas, estes
parâmetros podem ser drasticamente reduzidos quando comparados a transformadores isolados.
Em aplicações onde a isolação não é necessária a melhor opção é a utilização de
conversores multipulsos não - isolados. Pois apresentam grande robustez, confiabilidade e
baixo custo na sua implementação, além de serem formados por elementos passivos (diodos),
não requerem técnicas de controle e podem ser utilizados como retrofit em inversores de
frequência substituindo a ponte retificadora convencional de seis pulsos presente nestes
inversores.
A vantagem do peso e volume reduzidos faz das conexões diferenciais uma ótima
escolha, também nesta topologia é possível escolher um valor de tensão secundária para
qualquer valor de tensão de entrada, facilitando assim a utilização do retificador multipulso para
qualquer sistema que deseja ser implementado de acordo com a escolha do projetista.
Todo o equacionamento apresentado permite que qualquer configuração seja
implementada de forma adequada. O desenvolvimento matemático foi apresentado
detalhadamente para as configurações A e C das topologias Estrela e Delta respectivamente.
38

3 APLICATIVO WEB MULTITRAFO

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo é apresentado o aplicativo Web MULTITRAFO implementado pelo


então engenheiro Tércio Magalhães Silva durante sua graduação na Universidade Federal do
Tocantins, campus de Palmas, com base em um programa desenvolvido na UNESP –
Universidade Estadual Paulista, campus de Ilha Solteira.
O programa após a sua implementação via Web pode ser agora acessado pela internet
por qualquer pessoa e o inglês por ser uma língua universal foi o idioma escolhido.

3.2 TELA INICIAL

Para utilizar as funções do programa via internet, é disponibilizado o seguinte endereço


eletrônico: http://www.simuladormultitrafo.weebly.com, que acessado é direcionado para a
página inicial do aplicativo apresentado na Figura 21, onde é apresentado uma opção de
simulação ao centro e no canto superior direito um menu principal, onde contém informações
de contato, autores do programa, instituições que dão suporte e são parceiras, opção para voltar
a tela inicial e de projetos que têm a mesma função da opção de simulação.

Figura 21 - Tela inicial.

Fonte: Dados do autor.


39

3.3 ESCOLHA DA CONEXÃO

Optando pela função de simulação no centro ou a opção de projeto no menu principal,


você é levado até Figura 22 onde são apresentadas as topologias estrela e delta diferencias de
12 e 18 pulsos, bastando clicar na conexão desejada para fazer a escolha da mesma.

Figura 22 - Tela de escolha para topologia Delta e Estrela de 12 e 18 pulsos.

Fonte: Dados do autor.

3.4 AMBIENTE DE SIMULAÇÃO DE PROJETO

Após a escolha da conexão o usuário é direcionamento através de uma nova aba para o
ambiente de simulação e projeto da Figura 23, onde o app irá fornecer os dados iniciais como,
tensão de alimentação (Va), tensão média na saída (Vo) e a potência (Po).
Logo abaixo o programa oferece ao usuário a opção para exibição das formas de ondas
de correntes e tensões: tensão de saída (Vo), tensão de entrada (Va, Vb e Vc), tensões no
secundário do transformador (Vr1, Vr2, Vrn, Vs1, Vs2, Vsn, Vt1, Vt2 e Vtn), correntes primárias
(Ia, Ib e Ic), correntes nas fases da rede (Iai, Ibi e Ici) e as correntes secundárias (Irn, Ir1, Ir2,
Isn, Is1, Is2, Itn, It1 e It2). De forma pré definida ele já vem com algumas opções selecionadas,
mas deixando sempre a cargo do usuário escolher quais formas de onda deseja.
40

Figura 23 – Página de projeto Simulação Estrela-diferencial de 18 pulsos.

Fonte: Dados do autor.

Fornecidos os dados iniciais basta clicar no botão start e ao lado direito é apresentado
um esquema da conexão, com os enrolamentos dispostos de acordo com sua polaridade e o
programa apresentará as formas de onda logo abaixo do menu de seleção, de acordo com a
Figura 24.

Figura 24 - Formas de onda para o retificador Estrela-diferencial de 18 pulsos.

Fonte: Dados do autor.


41

Mais abaixo deslizando pela barra de rolagem do navegador é exibido os resultados de


tensão, corrente, relação de espiras, taxa de DHTi, FP e ângulo alfa como mostra a Figura 25.

Figura 25 - Resultados de tensões, correntes, relações de espiras, FP e THDi.

Fonte: Dados do autor.

E por fim, os dados de projeto, conforme a Figura 26. Inicialmente devem ser fornecidos
alguns parâmetros como: indução magnética (Bm), tamanho da lâmina (D), espessura da
lâmina, densidade de corrente e empilhamento novo, onde deve ser maior que o empilhamento
calculado. Todos esses dados são encontrados a partir dos valores obtidos em resultados.
Pressionando o botão calcular, após todos os dados serem inseridos, é especificado os
componentes, bitola do fio, quantidade de espiras, empilhamento calculado, perdas no ferro e
no cobre, possibilidade de execução, etc.

Figura 26 - Dados de projeto.

Fonte: Dados do autor.


42

De acordo com Silva (2016) para alterar os dados do circuito, ou para fazer uma nova
simulação, basta alterar os valores da tensão de entrada (Va), tensão de saída (Vo) e da potência
do circuito (Po), selecionar as formas de onda desejadas e clicar novamente no botão “START”.
As formas de onda e os resultados irão atualizar automaticamente. Caso o usuário deseje
simular os outros tipos de conexões, basta retornar a página inicial e selecionar um dos circuitos.
O processo é o mesmo para todos.
A conexão escolhida para implementação é a estrela diferencial de 18 pulsos e os
resultados apresentados pelo aplicativo serão comparados com outro software de simulação
para comprovação dos dados no capitulo 4.

3.5 CONCLUSÕES

Neste capítulo foi apresentado o programa MULTITRAFO para WEB, evidenciando


suas funções e como utiliza-las, tornando mais rápido e prático a execução de projetos e o
estudo das conexões de retificadores multipulsos.
Sendo uma ferramenta de grande valia, pois facilita o cálculo para os parâmetros de
projeto, através do acesso à internet, com uma interface gráfica clara que permite ao usuário o
acesso das funcionalidades de sua aplicação de forma simples e rápida.
43

4 RESULTADOS COMPARATIVOS APLICATIVO E SOFTWARE

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capitulo serão apresentadas as principais formas de onda de tensão e corrente


simulados no software Orcad-Pspice, aplicativo Multitrafo e pelo protótipo. As simulações
serão realizadas com base no retificador de 18 pulsos conexão estrela diferencial, com o intuito
de comparação dos resultados.
As formas de onda apresentadas pelo protótipo foram obtidas com uma tensão de
entrada e cargas resistivas reduzidas.

4.2 ESQUEMÁTICO E FORMAS DE ONDA

A Figura 27 apresenta a estrutura do retificador de 18 pulsos simulado no software


Orcad-Pspice. Tensão de entrada Va igual a 220 V (Vrms), tensão média na saída 380 V (Vo)
e potência de saída de 1 kW.

Figura 27 - Esquemático Retificador de 18 pulsos Topologia Estrela-diferencial.

Fonte: Dados do autor.


44

As tensões secundárias resultantes para a topologia estrela de 18 pulsos, são


apresentadas nas Figuras 28 e 29 as formas de ondas geradas comparadas pelo aplicativo e
software são as mesmas e por meio delas é possível observar o defasamento de 20º entre as
tensões.

Figura 28 - Tensões secundárias VR1, VR2 e VRn MultiTrafo.

Fonte: Dados do autor.

Figura 29 - Tensões secundárias VR1, VR2 e VRn PSpice.


400V

200V

0V

-200V

-400V
0s 50ms
V(Lc4:1) V(Lan:2) V(Lb3:1)
Time

Fonte: Dados do autor.

De acordo com o esquemático do retificador de 18 pulsos, as tensões resultantes


secundárias alimentam as três pontes de seis pulsos responsáveis pela retificação e as tensões
de saída retificada de cada uma é apresentado nas Figuras 30 e 31. Na Figura 30 a forma de
onda apresentada mostra a tensão conduzida de acordo com o chaveamento dos diodos e em
um período os 18 pulsos. Já na Figura 31 (software) a tensão média em cada ponte está isolada
e realizando composição é gerado a forma de onda apresenta pelo aplicativo na Figura 30.
45

Figura 30 - Tensão média na carga retificada MultiTrafo

Fonte: Dados do autor.

Figura 31 – Tensão média na carga retificada PSpice.


400V

390V

380V

370V

360V

350V

340V
0s 2ms 4ms 6ms 8ms 10ms 12ms 14ms 16ms 18ms 20ms
V(I3:+,I3:-) V(I2:+,I2:-) V(I1:+,I1:-)
Time

Fonte: Dados do autor.

As Figuras 32 (aplicativo) e 33 (software) mostra as formas de onda para as correntes


primárias, nos dois gráficos é possível observar como a corrente se comporta devido as ligações
especiais para a topologia estrela de 18 pulsos.

Figura 32 - Correntes primarias MultiTrafo.

Fonte: Dados do autor.


46

Figura 33 - Correntes primarias PSpice.


1.0A

0.5A

0A

-0.5A

-1.0A
0s 40ms
-I(La) -I(Lb) -I(Lc)
Time

Fonte: Dados do autor.

As Figuras 34 e 35 aplicativo e software respectivamente, apresentam as correntes nas


três fases da rede e percebem-se que estão equilibradas entre si e se aproximam da forma de
uma onda senoidal.
De acordo com Oliveira (2011), é fácil observar que a corrente na rede de alimentação
não é mais pulsada como a corrente característica de um retificador de seis pulsos com filtro
capacitivo, mas ela apresenta uma forma de onda mais próxima da senoidal.

Figura 34 - Correntes da rede de alimentação Multitrafo.

Fonte: Dados do autor.

Figura 35 - Correntes da rede de alimentação PSpice.


4.0A

2.0A

0A

-2.0A

-4.0A
0s 50ms
I(Vc) I(Vb) I(Va)
Time

Fonte: Dados do autor.


47

Na Tabela 1 é apresentado os dados de tensão e corrente, THDi e FP para o retificador


de 18 pulsos com conexão estrela diferencial de autotransformador, com os dados de software
e aplicativo.

Tabela 1 - Resultados tensões e correntes, THDi e FP.


Dados de simulação Software Aplicativo
Tensão nos enrolamentos secundários (Vc1) 99,365 V 99,52 V
Tensão nos enrolamentos auxiliares (Vb3) 35,353 V 35,41 V
Tensão secundária Resultante (VR1) 162,377 V 162,32 V
Corrente primária ( ) 0,473 A 0,47 A
Corrente secundária ( ) 0,717 A 0,71 A
Corrente de rede (Irede) 1,523 A 1,52 A
THDi% 9,38% 9,36 %
FP 0,99 0,99
Fonte: Dados do autor.

4.3 CONCLUSÕES

As formas de onda apresentadas foram satisfatórias para a operação do conversor de


acordo com o que foi estudado no capítulo 2.
Foi possível observar o defasamento entre as tensões e as formas de onda para a corrente
primária e de rede entre aplicativo e software, assim validamos a funcionalidade do aplicativo
multitrafo em fornecer essas formas de onda.
48

5 RESULTADOS DE PROJETO DO RETIFICADOR DE 18 PULSOS CONEXÃO


ESTRELA DIFERENCIAL

5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo serão apresentados os principais resultados para a implementação do


protótipo, realizando um estudo comparativo entre os resultados obtidos do aplicativo e através
das equações apresentadas para a topologia.
A Tabela 2 mostra os valores escolhidos que foram utilizados para trabalhar com a
simulação do retificador de 18 pulsos topologia estrela diferencial.

Tabela 2 - Dados do projeto do autotransformador

Tensão eficaz de entrada 381,05 V linha / 220 V fase / 311 Vpp

Número de Pulsos 18 (θ = 20°)

Potência de Saída (Po) 1000 W

Tensão Média de Saída (Vo) 380 V

Fonte: Dados do autor.

5.2 DADOS CONSTRUTIVOS

Para as topologias estrela e delta diferenciais estudadas, é utilizado autotransformadores


trifásicos. Eles apresentam uma baixa taxa de KVA que é um grande benefício e essa taxa não
varia com a potência ativa na carga, são valores fixos.
O gráfico da Figura 36 mostra como a taxa de KVA varia para a topologia estrela
configuração A em azul, com uma potência de 1000 W, com relação da tensão resultante e a
tensão de alimentação.
49

Figura 36 - Taxa KVA versus Relação de tensão primaria e secundária para retificadores Estrela –
diferencias de 18 pulsos configuração A e B.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 97.

A potência aparente total é calculada de acordo com as equações (24) a (27) Oliveira
(2011).

= (24)

=3∙ ∙ (25)

= 6∙ ∙ +6∙ ∙ +3∙− ∙ (26)

+
= (27)
2

A partir destes dados, o peso para o núcleo do autotransformador é obtido de acordo


com Mclyman(1988, 2002). Com a potência total que o núcleo processa encontra-se o produto
das áreas a partir da equação (28):

Temos:

,
∙ 10
= (28)
4,44 ∙ ∙ ∙ ∙
50

Os valores escolhidos para (Ku) e (Kj) são tabelados, (Ku) fator de utilização das janelas
e (Kj) constante de temperatura para uma elevação máxima de 25ºC e temos também na equação
a frequência de operação (f).
A lâmina utilizada para o projeto será o modelo 6HS-300-TF, perna curta da empresa
TESSIN e têm as dimensões de acordo com a Figura 37, para D = 3 cm (dimensão da Perna
central).

Figura 37 - Dimensão para a Lâmina E-I.

Fonte: Catálogo TESSIN, p. 11.

Dimensões:
A: (5 ∙ D) = 15 cm F: F= D = 3 cm
B: (3,5 ∙ D) = 10,5 cm G: G = D = 3 cm
C: C = D = 3 cm H: D / 2 = 1,5 cm
D: 3 cm I: (4 ∙ D) = 12 cm
E: E = D = 3 cm J: 9 mm

Descritas as dimensões da lâmina é possível calcular a partir da equação (29) a área da


janela, sendo a mesma uma grandeza bastante importante pois dela dependerá as espiras e a
seção dos condutores que irão compor a bobina.
51

= 2,5 ∙ ∙ (29)

Com o valor de AP e de Aj é possível calcular a seção transversal do núcleo determinada


de AC e posteriormente o valor do empilhamento b.

2
= ∙ (30)
3

Sendo:
Ac: Seção Transversal do Núcleo Magnético
Aj: Área da janela

O valor do empilhamento do núcleo descrito como b segue na equação (31).

= (31)

Após o cálculo do valor do empilhamento é verificado se o resultado foi favorável ou


não para a execução do projeto. O aplicativo fornece a opção de escolha para um novo
empilhamento (bnovo) caso a possibilidade de execução não dê superior ou igual a 3 e esse valor
não pode ser menor que o empilhamento b. Outra maneira de aumentar a possibilidade de
execução é alterando o valor da densidade de corrente para que haja uma diminuição na bitola
do fio, mas é preciso ter atenção na corrente máxima suportada pelos cabos utilizados para os
enrolamentos primário e secundários, pois podem esquentar bastante provocando a queima do
autotransformador.
Escolhido um empilhamento novo deve se refazer o cálculo para Ac de acordo com a
equação (32). O valor de Ac influência diretamente no cálculo para a quantidade de espiras em
cada enrolamento.

= ∙ (32)

Com o novo valor de Ac calculado, isso afetará os cálculos feitos anteriormente para
equação (28) e (30), alterando os valores de Ap e da indução magnética que serão calculados
novamente a partir da equação (33) e (34).
52

3
= ∙ ∙ (33)
2

∙ 10
= (34)
( )
, ∙ 4,44 ∙ ∙ ∙

Com os valores de Acnovo, Bmnovo, frequência e a tensão sobre o enrolamento, o número


de espiras pode ser calculado a partir da equação (35).

10
= ∙ = (35)
4,44 ∙ ∙ ∙

Após o cálculo da quantidade de espiras é preciso saber a área da seção do fio a ser
utilizado, com os valores das relações de espiras apresentadas nas equações de (10) a (12) é
possível obter o valor eficaz da corrente primária para a configuração A de 18 pulsos em estrela.
A corrente primaria é escrita em função da corrente de carga I0 e das relações de espiras,
já a corrente secundária é dada somente em função da corrente de carga I0 sendo a mesma para
os enrolamentos auxiliares, como mostra as formulas (36) a (38) (OLIVEIRA, 2011).

= (36)

√2 ∙ 7 1 3 8 2 2
= ∙ + + − − + (37)
9 ∙ ∙ ∙

2∙
= (38)
3 ∙ √6

Com os valores das correntes em cada enrolamento a seção do fio utilizado pode ser
calculado em relação a densidade de corrente pela equação (39).

= =( ) (39)
53

Sabendo o número de espiras para cada enrolamento e a seção dos fios é possível
calcular a seção do cobre enrolado através da equação (40).

_ = (2 ∙ ∙ +4∙ ∙ +4∙ ∙ +2∙ ∙ ) (40)

Após a seção do cobre enrolado calculado deve se verificar a possibilidade de execução


apresentada pela equação (41), ou seja, verificar se é possível colocar os enrolamentos na janela
do núcleo, para isso a possibilidade de execução deve ser maior ou igual que três.

∙ 10
= ≥3 (41)
_

A equação (42) para o comprimento médio da bobina é apresentada logo abaixo em


função do empilhamento novo e da dimensão da perna central da lâmina.

= 2∙( + ) + (0,5 ∙ ∙ )=( ) (42)

O valor do peso do cobre é avaliado de acordo com o comprimento médio da espira,


densidade do cobre e seção do cobre enrolado, é importante ressaltar que os dados estejam em
uma única unidade de medida e se faz necessário a conversão da seção do cobre enrolado que
é dado em mm2 para cm2.

_ ∙ ∙
= = ( ) (43)
100

Sendo:
: densidade do cobre igual a 8,9 g/cm3

O próximo passo é calcular a resistência de cada enrolamento através da equação


generalizada (44), lembrando que o valor de Lm deve estar em metros.

= ∙ ∙ (44)

Sendo:
: resistência aproximada do cobre (Ω/m).
54

Feito o cálculo das resistências é obtido as perdas no cobre para cada enrolamento pelas
equações (45) a (48) e depois são todas somadas para se obter a perda total pelo cobre na
equação (49).

=3∙ ∙ (45)

=6∙ ∙( ) (46)

=6∙ ∙( ) (47)

= 3∙ ∙( ) (48)

= + + + (49)

Para o cálculo do peso e volume do ferro é preciso avaliar a superfície frontal do núcleo
em centímetros quadrados, que é dada pela equação (50):

= (5 ∙ ∙ 4,5 ∙ ) − (2 ∙ ) (50)

A equação (51) apresenta o valor para volume do núcleo.

ú = ∙ (51)

O segundo passo é calcular o peso do núcleo, através da equação (52).

ú ∙
ú = (52)
1000

Sendo:
: peso específico do ferro = 7,65 g/cm3
Af: Área frontal

A perda no ferro é obtida pela equação (53) e ocorrem devido a histerese magnética e
correntes parasitas no ferro.
55

= ∙ ú (53)

Sendo:
: perda magnética 2,13 (W/kg).

As perdas totais apresentada pelo autotransformador é calculada devido as perdas no


cobre e no ferro.

= + (54)

E por fim, o volume do autotransformador é expresso na equação (55).

= (5 ∙ + )∙5∙ ∙( + ) (55)

Tabela 3 - Comparativo de resultados calculado e aplicativo.


Dados de projeto Calculado Aplicativo
Taxa KVA 50,70 % 50,39 %
Produto das Áreas ( ) 257,97 cm4 256,15 cm4
Empilhamento Calculado (b) 2,55 cm 2,53 cm
Empilhamento novo ( ) 4,4 cm 4,4 cm
Produto das Áreas novo ( ) 445,50 cm4 445,50 cm4
Indução magnética nova ( ) 0,74 T 0,74 T
Na, Nb, Nc 842 847
Na1, Na2, Nb1, Nb2, Nc1, Nc2 381 383
Na3, Na4, Nb3, Nb4, Nc3, Nc4 136 136
Na3, Nb3, Nc3 221 222
Corrente primária ( ) 0,47 A 0,47 A
Corrente secundária ( ) 0,71 A 0,71 A
Seção do fio primário ( ) 26 AWG 26 AWG
Seção do fio secundário ( ) 24 AWG 24 AWG
Possibilidade de Execução ( ) 3 3
Peso do Cobre ( ) 3,88 3,9
Peso do Núcleo ( ú ) 5,3 kg 5,3 kg
Peso Total 9,18 kg 9,21 kg
Perda no Cobre ( ) 54,8 W 55,58 W
Perda no ferro ( ) 11,29 W 11,29 W
Perda Total 66,09 W 66,87 W
Volume do autotransformador 1998 cm3 1998 cm3
Fonte: Dados do autor.
56

5.3 CONCLUSÕES

O equacionamento apresentado neste capitulo se faz necessário para a construção do


retificador proposto e foram apresentados os dados como: bitola do fio, número de espiras,
perdas no núcleo, perdas no cobre, tamanho do núcleo, área da janela, área do cobre, peso do
núcleo, peso do cobre entre outros.
Os resultados de cálculo foram todos comparados aos dados apresentados pelo
aplicativo. Não foi obtido nenhum valor incoerente, mas alguns dados não deram os resultados
exatamente iguais devido ao arredondamento feito pelo aplicativo que se dá para duas casas
decimais depois da vírgula.
57

6 RESULTADOS EXPERIMENTAIS DO PROTÓTIPO

6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo é apresentado o projeto físico do retificador proposto que é objeto de


estudo deste trabalho de conclusão de curso e para obtenção das formas de onda do protótipo
foi utilizado o osciloscópio da Tektronix modelo THS3000 Series e desenvolvida simulações
através do software Orcad-Pspice.
O protótipo foi implementado para uma tensão de alimentação de 220/380 V, frequência
de 60 Hz, tensão média na saída de 380 V e potência de 1 kW. Serão apresentados os resultados
para o retificador a partir de ensaio a vazio e ensaio com cargas independentes.

6.2 ENSAIO A VAZIO

Logo após a fase de projeto vem a implementação do retificador. O retificador com


topologia Estrela e configuração A é apresentado na Figura 38.

Figura 38 - Retificador topologia Estrela configuração A de 18 pulsos.

Fonte: Dados do autor.


58

A Figura 39 mostra as tensões secundárias de um dos três sistemas trifásicos com


defasagem de 20º.

Figura 39 - Tensões secundárias VR1, VR2 e VRn: (a) Protótipo, escalas 4ms/div e 200 V/div.
(b) Pspice.

(a)
400V

200V

0V

-200V

-400V
0s 5ms 10ms 15ms 20ms 25ms 30ms 35ms 40ms 45ms 50ms
V(Lc4:1) V(Lan:2) V(Lb3:1)
Time

(b)
Fonte: Dados do autor.

Na Figura 40 é apresentado a tensão de entrada das três fases, protótipo 40 (a) e


simulação 40 (b).

Figura 40 - Tensão de entrada: (a) Protótipo, escalas 4ms/div, 200V/div e (b) Pspice.

(a)
400V

200V

0V

-200V

-400V
0s 5ms 10ms 15ms 20ms 25ms 30ms 35ms 40ms 45ms 50ms
V(Vc:+) V(Vb:+) V(Va:+)
Time

(b)
Fonte: Dados do autor.
59

A Figura 41 apresenta a tensão retificada na saída do conversor, operando sem carga.

Figura 41 - Tensão média na saída: (a) Protótipo, escalas 2ms/div, 100V/div. e (b) Pspice.

(a)
420V

400V

380V

360V

340V
0s 5ms 10ms 15ms 20ms 25ms 30ms 35ms 40ms 45ms 50ms
V(D13:2,D14:1) V(D11:2,D12:1) V(D5:2,D6:1)
Time

(b)
Fonte: Dados do autor.

Tabela 4 - Resultados software, aplicativo e Protótipo.


Dados Software Aplicativo Protótipo
Tensão secundária Resultante (VR1) 162,377 V 162,32 V 164 V
Tensão de entrada (R, S e T) 220 V 220 V 220 V
Tensão retificada na Saída(V0) 380,679 V 380 V 383 V
Fonte: Dados do autor.

6.3 ENSAIO COM CARGA

Na Figura 42 é apresentado o ensaio do retificador com cargas independentes, são três


conjuntos de cargas R-L com resitências de 90 Ω e indutâncias de 256 mH. A carga resistiva
ideal para o ensaio seria de 433 Ω, mas não havia em laboratório. Devido a utilização
aproximadamente de 20% da carga resistiva, a tensão de entrada do retificador teve que ser
alterada para 100 V, pois trabalhando com a tensão de alimentação total de 220 V, a corrente
nos enrolamentos do transformador execederia em muito o valor projetado podendo leva-lo a
60

saturação e a corrente suportada pelas pontes retificadoras que constituem o conversor é de até
25 A.

Figura 42 - Ensaio com cargas independentes.

Fonte: Dados do autor.

A Figura 43 apresenta um esquema simplificado do ensaio com cargas independentes,


sendo as cargas R-L conectadas em série.

Figura 43 - Esquema simplificado do ensaio com carga.

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p. 147.

A Figura 44 apresenta o esquemático da simulação digital para o retificador de acordo


com as tensões e cargas que foram utilizadas para a o ensaio do protótipo.
61

Figura 44 – Esquemático simulação digital Pspice.

Fonte: Dados do autor.

A Figura 45 apresenta as formas de onda das tensões secundárias de um dos três


sistemas trifásicos que alimentam as pontes retificadoras.

Figura 45 - Tensões Secundárias VR1, VR2 e VRn: (a) Protótipo, escalas 4ms/div e 100 V/div e (b)
Pspice

(a)
200V

100V

0V

-100V

-200V
0s 5ms 10ms 15ms 20ms 25ms 30ms 35ms 40ms 45ms 50ms
V(Lc4:1) V(Lan:2) V(Lb3:1)
Time

(b)
Fonte: Dados do autor.
Na Figura 46 é apresentado a forma de onda da tensão de entrada e exibem mesma
amplitude.
62

Figura 46 - Tensões de entrada R, S e T: (a) Protótipo, escalas 4ms/div, 100V/div e (b) Pspice.

(a)
200V

100V

0V

-100V

-200V
0s 5ms 10ms 15ms 20ms 25ms 30ms 35ms 40ms 45ms 50ms
V(Vc:+) V(Vb:+) V(R1:1)
Time

(b)
Fonte: Dados do autor.

Na Figura 47 é apresentada a tensão de saída retificada de cada ponte. Temos na Figura


47 (a) (protótipo) uma forma de onda bastante distorcida em relação a Figura 47 (b) (simulação).
Isso se dá devido ao fator de acoplamento utilizado para a simulação ser igual a 1, no protótipo
não estamos trabalhando com a carga ideal para funcionamento do conversor.

Figura 47 - Tensão média na saída: (a) Protótipo, escalas 2ms/div, 50V/div e (b) Pspice.

(a)
190V

180V

160V

150V
0s 2ms 4ms 6ms 8ms 10ms 12ms 14ms 16ms 18ms 20ms 22ms 24ms 26ms
V(L30:1,D14:1) V(L29:1,D12:1) V(L28:1,D6:1)
Time

(b)
Fonte: Dados do autor.
63

A Figura 48 apresenta as correntes de rede de cada fase, elas são simétricas entre si e de
mesma amplitude. Pelo fato de a corrente apresentar um valor baixo, o transformador não estar
sendo alimentado com a tensão para que foi projetado, houve uma grande influência do fator
de acoplamento das indutâncias que na simulação é ideal igual a 1 e na realidade isso não
acontece, devido as dispersões que são ocasionadas na prática, pelo processo construtivo.
A Figura 48 (c) apresenta a forma de onda da corrente na rede através do software com
o fator de acoplamento diferente da unidade, percebe-se que esta forma de onda se aproxima
mais da realidade encontrada nos ensaios.

Figura 48 - Correntes de rede IA, IB e IC: (a) Protótipo, escalas 2ms/div, 2A/div, (b) Pspice e (c) Pspice
com fator de acoplamento de 0,999.

(a)
5.0A

0A

-5.0A
0s 5ms 10ms 15ms 20ms 25ms 30ms 35ms 40ms 45ms 50ms
-I(Va) -I(Vb) -I(Vc)
Time

(b)
5.0A

0A

-5.0A
0s 5ms 10ms 15ms 20ms 25ms 30ms 35ms 40ms 45ms 50ms
-I(Va) -I(Vb) -I(Vc)
Time

(c)
Fonte: Dados do autor.
64

A Figura 49 apresenta as correntes primárias do autotransformador para o retificador


com conexão estrela – diferencial.

Figura 49 - Correntes primárias Ia, Ib e Ic: (a) Protótipo, escalas 4ms/div, 1A/div e (b) Pspice.

(a)
2.0A

1.0A

0A

-1.0A

-2.0A
0s 5ms 10ms 15ms 20ms 25ms 30ms 35ms 40ms 45ms 50ms
I(Lc) I(Lb) I(La)
Time

(b)
Fonte: Dados do autor.

A Figura 50 apresenta o espectro harmônico da corrente de rede somente em uma das


fases.

Figura 50 - Espectro harmônico de corrente em uma das fases de rede.

(a)
65

6.0A

5.0A

4.0A

3.0A

2.0A

1.0A

0A
0Hz 0.4KHz 0.8KHz 1.2KHz 1.6KHz 2.0KHz 2.4KHz 2.8KHz 3.2KHz 3.6KHz 4.0KHz
I(R1)
Frequency

(b)
Fonte: Dados do autor.

Tabela 5 - Resultados tensões e correntes Software e Protótipo.


Dados Software Protótipo
Tensão secundária Resultante (VR1) 64,226 V 64 V
Tensão de entrada (R, S e T) 100 V 100 V
Tensão retificada na Saída (V0) 139,869 V 138 V
Corrente de rede (Irede) 3,09 A 2,65 A
Corrente primária ( ) 0,749 A 0,78 A
Fonte: Dados do autor.

6.4 CONCLUSÕES

O projeto seguiu a metodologia apresentada no capítulo 5 e realizado ensaios que


apresentaram as mesmas formas de onda obtidas no capítulo 4.
De acordo com o espectro harmônico de corrente em uma das fases da rede é notório a
eliminação de grande parte das componentes harmônicas de menor ordem.
66

7 CONCLUSÕES

7.1 CONCLUSÕES GERAIS

Os retificadores CA-CC de seis pulsos comumente utilizados no dia a dia e em várias


aplicações industriais, provocam uma DHTi alta e um FP bastante baixo. Para a correção destes
fatores que estão ligados diretamente na qualidade de energia, são apresentados os retificadores
multipulsos que atuam promovendo uma redução elevada na DHTi e aumento do FP, no
sistema.
Uma outra vantagem de se utilizar retificadores multipulsos é a presença de elementos
não chaveados em sua estrutura, eliminando problemas como interferência eletromagnética e
técnicas de controle sofisticadas.
A sua estrutura também é composta por transformadores isolados ou não-isolados, visto
que o emprego de retificadores não-isolados se torna bem mais interessante para aplicações que
exigem uma vantagem de peso e volume reduzidos. As conexões estrela ou delta-diferenciais
generalizadas constituem essas características e ainda permitem a escolha da tensão média na
saída.
Por meio do estudo feito com base nos retificadores de 12 e 18 pulsos com topologia
Estrela e Delta diferencial foi desenvolvido e disponibilizado através da internet o aplicativo
Multitrafo. São exibidos, no aplicativo, valores de tensão e corrente, formas de onda, relações
de espiras, fator de potência, distorção harmônica total, além do projeto físico, tamanho do
núcleo, bitola do fio, número de espiras e entre outras opções.
Para uma melhor veracidade dos dados fornecidos pelo aplicativo Web, foi realizado a
implementação de um protótipo para uma das topologias apresentadas sendo a estrela
diferencial de 18 pulsos escolhida para a verificação. Protótipo este idealizado utilizando o
aplicativo web como suporte, pois para a sua implementação, foram feitas apenas simulações
digitais.
Para uma maior imersão no estudo abordado, implementações como a simulação no
software Orcad – Pspice® foram fundamentais para a realização das análises das formas de
onda e valores rms de tensão e corrente, pois o aplicativo também utiliza como base para a
obtenção dos dados o software pspice.
67

O valor inicialmente orçado para a construção do autotransformador não ultrapassou o


valor final gasto para sua implementação. Porém, alguns pontos devem ser observados em
futuras implementações, tais como os valores mínimos para a compra das chapas que, no caso
do fornecedor em questão são vendidas no mínimo a partir de 20 kg, sendo necessário apenas
5,3 kg para este projeto.
Na fase de bobinamento deve-se ter uma atenção redobrada no sentido de cada
enrolamento que compõe a bobina, pois caso alguma bobina seja invertida, ela irá somar ou
subtrair a tensão resultante do secundário e todo o seu projeto terá suas tensões retificadas
alteradas.
A partir do aplicativo, após a escolha das tensões de entrada, saída e potência do
autotransformador, o mesmo fornece um esquemático da disposição dos enrolamentos de
acordo com sua polaridade facilitando sua montagem; uma vez que é consenso na bibliografia
estudada que os retificadores com elevado número de pulsos são mais complexos na sua
implementação.
Para aplicações que exijam uma elevada mitigação de harmônicos e que não seja
necessária a utilização de transformadores isolados, o autotransformador de 18 pulsos apresenta
grande eficiência e desempenho satisfatórios em relação ao de 12 pulsos e para o retificador de
24 pulsos apresenta uma menor complexidade e é mais barato para implementação.
Com as formas de onda apresentadas no capitulo 4 e os resultados de projeto no capitulo
5, comprovamos que o aplicativo e todos os dados apresentados por ele de fato foram os
mesmos obtidos pelo retificador de 18 pulsos com conexão estrela diferencial que foi
implementado e ensaiado em laboratório.
Com os resultados e os diagramas pôde-se concluir que de fato o aplicativo multitrafo
app é um grande diferencial na construção de retificadores de múltiplos pulsos, auxiliando
engenheiros e estudantes que queiram trabalhar nesse campo de pesquisa.

7.2 TRABALHOS FUTUROS

O aplicativo fornece 4 tipos de topologia e para esse trabalho foi validado apenas uma,
a conexão estrela diferencial de 18 pulsos, como forma de validar todas as conexões para o
aplicativo Web Multitrafo, se faz necessário a implementação para as outras topologias
presentes, como forma de garantia total para qualquer conexão diferencial, projetando com
outros tipos de tensões de entrada, tensão média na saída e potência.
68

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, A. N. D. E. E. Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema


Elétrico Nacional - PRODIST. (Módulo 8). Brasília: [s.n.], 2008. Disponivel em:
<http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Modulo8_Revisao_5.pdf>. Acesso em: 02 Agosto
2017.

COMMISSION INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL. Electromagnetic Compability


(EMC) - Part 3-2: Limitation of Emission of Harmonic Currents in Low-voltage Power
Supply Systems for Equipment With Rated Current Up to and Including 16A. IEC-61000-3-
2, Geneva, 1998.

FRANCISCO, C. D. L. R. Harmonics and Power Systems. Eletric Power Systems. Missouri


- EUA: Taylor & Francis Group, CRC Press. Hazelwood, 2006.

GONÇALVES, V. A. Redução de Harmônicos de Corrente em Retificadores de


Múltiplos Pulsos - Generalização das Conexões Diferenciais. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Elétrica): Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual
Paulista - UNESP, 2006. 177 p.

INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS. Recommended


Practices and Requirements for Harmonic Control in Eletric Power Systems. IEEE-519-1992,
New York, 1992.

MCLYMAN, W. C. Transfomer and inductor design handbook. New York: Marcel


Bekken and Basel, 1988. 422 p.

MCLYMAN, W. C. High reliability magnetic devices design and fabrication. New


York: Marcel Bekken and Basel, 2002. 522 p

OLIVEIRA, P. D. S. Classificação, Metodologia de Projeto e Aplicação de Retificadores


Multipulsos com Conexão Diferencial de Transformador. Tese (Doutorado em
EngenhariaElétrica): Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual
Paulista - UNESP, 2011. 191 p.

OLIVEIRA, P. S. Estudos Especiais I (Retificadores Multipulsos - Estado da Arte,


Normas e Padrões). [S.l.]: UNESP, Outubro, 2008.

PAICE, D. A. Power Eletronic Converter Harmonic Multipulse Methods for Clean


Power. New York: IEEE Press, 1996.
69

SEIXAS, F. J. M. D. Conversor CA-CC de 12 kW com Elevado Fator de Potência


Utilizando Autotransformador com Conexão Diferencial de Múltiplos Pulsos. Tese
(Doutorado - Engenharia Elétrica), Departamento de Engenharia Elétrica: Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

SILVA, T. M. Desenvolvimento de um aplicativo WEB para projeto de retificadores de 12


e 18 pulsos com conexões diferencias de transformador. 91 f. Tese (Bacharelado em
Engenharia Elétrica) Câmpus Universitário de Palmas, Universidade Federal do Tocantins –
UFT, 2016.

Você também pode gostar