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PROVA COMENTADA
OBSERVAÇÕES INICIAIS

O corte, neste momento, segue estimado em 78 pontos para ampla


concorrência (sem as anulações). Os nossos professores entendem que 5 questões, em
especial, estão envolvidas em maiores polêmicas a serem apreciada (01, 05, 15, 24 e
65)1 e, portanto, podem ter suas situações alteradas na fase recursal, o que deixa em
aberto uma nova nota de corte.

Após este estudo, o candidato poderá vislumbrar a possibilidade de um


aumento em sua nota final. Em nossa experiência, constatamos um parâmetro de que a
cada 2 (duas) questões anuladas a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um)
ponto. Essa dica deve seguir como norte para definição de maiores chances de avanço
no certame. Guardem esta informação!

Aos alunos da turma de reta final MPMS 2022, pedimos que não deixem de
reler os conteúdos das rodadas com temas antecipados na prova. A melhor fixação será
importante nos próximos desafios (e também para 2ª fase do concurso, aos que
prosseguirão). Como perceberam, o estudo em sprint final foi revertido em pontos
decisivos. Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é possível evoluir mesmo
em menor prazo. Os feedbacks recebidos pós-prova comprovam que novamente
teremos uma invasão megeana, com muitos alunos em sua primeira oportunidade em
2ª fase.

Em nossa análise sobre caminhos pós-prova MPMS, entendemos que esse


direcionamento pode orientar da melhor forma. Sobre a nota de corte de ampla
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concorrência (estimada entre 78), diante das polêmicas apontadas como possíveis
anulações, estimamos que até 76 pontos seria possível imaginar uma chance de 2ª fase.

Aos colegas que não estão dentro dessas faixas, indicamos, conforme o caso,
entrar imediatamente no Clube do MP (que iniciará em janeiro) ou que foque nas retas
finais de MPSP, MPSC E MPBA que em breve abriram suas inscrições.

SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO MPMS NÃO SE DESESPERE!

O Clube Do MP 2022 é uma solução incrível que irá acompanhá-lo durante toda
sua preparação para carreira (com estudo otimizado da lei seca, materiais de doutrina
resumida, simulados específicos para carreira, videoaulas e muito mais). Além do apoio
de nossa equipe, com a experiência de já ter comemorado a aprovação de mais de 500
alunos, por tempo ininterrupto em estudo constante e atento a todo cenário dos
concursos para MP e suas novidades abordadas em cada prova e edital.

CLUBE DO MP 2022

https://clube.mege.com.br/assine-clube-mp/

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Outras questões podem apresentar polêmicas não comentadas neste arquivo, diante do curto tempo
para apresentação, e incidirem em recursos e anulações.
O clube conta com tudo que você precisa para preparação em todas as fases do
concurso. Desde o estudo da lei comentada até correções de provas de 2ª fase de forma
personalizada e até mesmo a opção de acompanhamento personalizado. Vale a pena
conferir!

Agora é com vocês, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do MPMS.

Uma tradicional e obrigatória revisão para todo concurseiro de promotoria.

Bons estudos.

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Sumário
DIREITO CONSTITUCIONAL ..........................................................................................................5
DIREITO PENAL ..........................................................................................................................34
DIREITO PROCESSUAL PENAL ....................................................................................................53
DIREITO CIVIL .............................................................................................................................34
DIREITO PROCESSUAL CIVIL .......................................................................................................85
TUTELA DE INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. .......................96
DIREITO ADMINISTRATIVO, TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO .......................................................138
DIREITO ELEITORAL..................................................................................................................147
DIREITOS HUMANOS ...............................................................................................................158
DIREITO INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO ................................................................163

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DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Sobre constitucionalismo, classificação das constituições, poder constituinte,


emendas constitucionais e disposições transitórias e similares, assinale a alternativa
correta.

(A) A CRFB/88 considera expressamente, nas disposições transitórias, como uma outra
Constituição, anteriormente a ela, a Constituição Militar imposta de 1967, produzida
pelo regime militar, contudo grande parte de seu texto foi constituído por meio da
Emenda nº 01 de 1969. Vale afirmar, ainda, que o STF foi instado a se manifestar sobre
a existência do poder constituinte originário revolucionário, em relação à CF de 88,
diante da convocação da EC nº 26/85, e o assunto foi julgado apenas no ano de 2010.

(B) A expressão neoconstitucionalismo designa o fenômeno pelo qual o Poder Judiciário


aplica a CF sem precisar de intermediação da lei. O ativismo judicial designa uma postura
que vem homenagear a concepção clássica do juiz de Montesquieu (o juiz é a boca da
lei).
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(C) Pode-se afirmar que a Constituição escrita recebe esse nome por ser aquela em que
o texto se encontra representado por meio de caracteres da língua oficial da respectiva
nação, e a não escrita é aquela baseada em costumes. Considerando que toda nação
evolui e precisa ser revista, nem toda constituição dogmática, quanto ao modo de
elaboração, é escrita.

(D) A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, quanto à sua ideologia, é


considerada eclética, também conhecida como compromissória, utilitária ou
programática (welfare state).

(E) As Constituições convivem com um fenômeno conhecido como “bloco de


constitucionalidade”, porém a Constituição escrita não atribui força de norma
constitucional a atos e documentos que estão fora do texto codificado, pela falta de
vontade do poder constituinte originário.

QUESTÃO PASSIVEL DE RECURSO


RESPOSTA: D

MUDANÇA DE GABARITO. O EXAMINADOR CONSIDEROU CORRETA A ASSERTIVA ‘‘A’’

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

O tipo de Poder Constituinte oriundo da EC citada não foi revolucionário, mas inicial
constituído. A referida emenda, via análise do STF na ADPF 153 de relatoria de Eros
Graus, acabou por conferir ao Congresso Nacional o poder de elaborar uma nova
constituição, que seria dotada de caráter constitutivo. Instalaria um novo sistema
normativo. Com base nos ensinamentos de Tércio Sampaio Ferraz Júnior, aduziu-se que
o Congresso Nacional, poder constituído, se transformou em poder constituinte ao
promulgar a EC nº 26/85, pois alterou o próprio procedimento de reforma da
Constituição Federal de 1967; promulgou uma norma-origem, de caráter constitutivo,
haja vista que “constitui ela própria o comportamento que ela mesma prevê”. Conclui o
relator na presente ação, que, se a anistia de 1979 foi reafirmada no texto da EC nº 6
26/85, norma-origem, promulgada pelo mesmo poder constituinte que elaborou a
CF/88, não há como questionar se aquela foi ou não recepcionada por esta. O Ministro
Gilmar Mendes seguiu a mesma conclusão (dispositivo) do Relator, fazendo, contudo,
algumas observações no âmbito de sua fundamentação. Denominou o Congresso
Nacional de 1985 de poder constituinte especial, pois colocou no mesmo texto a
convocação da constituinte e suas condições de realização, tendo a anistia como um dos
pressupostos de possibilidade da construção da nova ordem constitucional. Defendeu
que a EC nº 26/85 constituiu um peculiar ato constitucional, não tendo, contudo,
natureza própria de emenda constitucional, tratando-se, na verdade, de ato político que
rompeu com a Constituição anterior, dela não fazendo parte, material ou formalmente.
Por fim, entendeu que a EC nº 26/85 “muito se aproxima de um modelo de revisão total
instaurado pela própria ordem constitucional, sem maiores rupturas do ponto de vista
histórico político”.

(B) INCORRETA. Neoconstitucionalismo, mudança na interpretação do texto


constitucional.
O neoconstitucionalismo possui como principais características, as seguintes:

1) Positivação e concretização e um catálogo de direitos


fundamentais;

2) Onipresença dos princípios e das regras;

3) Inovações hermenêuticas. O formalismo jurídico e a aplicação


automática da lei são substituídos por novos cânones
interpretativos, pela argumentação jurídica e pela ponderação

4) Densificação da força normativa do Estado; e

5) Desenvolvimento da Justiça Distributiva.

Para o neoconstitucionalismo, a CF possui uma carga valorativa (axiológica)


fundamentada na dignidade da pessoa humana e nos direitos fundamentais. Assim, não
se fala apenas em uma simples hierarquia entre a CF, mas sim em uma ponderação de
valores entre suas próprias regras e princípios.
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Dessa forma, a CF possui efeito irradiante em relação aos poderes e mesmo aos
particulares. Assim, seus efeitos se aplicam a todos os poderes e às relações entre
particulares (eficácia horizontal).

(C) INCORRETA. As constituições dogmáticas: são as constituições escritas, elaboradas


por um órgão especialmente designado para esse fim, normalmente designado
Assembleia Nacional Constituinte. Adota expressamente a ideia de direito prevalente
num momento dado.

A criação da primeira constituição escrita, elaborada em 1787: trata-se de uma


constituição sintética e concisa, que contém apenas os elementos estruturantes do
Estado e do poder. Desde seu nascimento, tratou de um conjunto de NORMAS, que
impunham obrigatoriedade aos poderes instituídos. Constatou-se, portanto, a
existência de uma constituição dogmática, escrita e sistematizada por um órgão
constituinte soberano.
Constituição não-escrita, ou costumeira, é aquela cujas normas não estão
reunidas em texto único, mas que se aparecem através dos costumes, da
jurisprudência e até mesmo em textos constitucionais escritos, porém esparso.

(D) CORRETA. Constituições ecléticas, também designadas como pluralistas ou


compromissórias, são aquelas que possuem normas inspiradas em ideologias diversas.
Elas são formadas pela conciliação de várias ideologias (por isso também é chamada de
compromissória, ex.: Liberalismo vs. Estado Social), como é o caso da CF/ 88.

No contexto de um regime democrático, tem como finalidade a limitação do poder


político, que pressuponha a repartição das funções do Estado por diversos órgãos, a
garantia dos direitos fundamentais das pessoas e uma relativa contenção e neutralidade
ideológica no elenco das tarefas de intervenção estatal.

(E) INCORRETA

No Brasil na existência de um bloco de constitucionalidade, formado pelo texto


constitucional, pelos princípios constitucionais expressos e implícitos, pelas normas do 8
ADCT e pelos tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados com o quórum
qualificado.

OBS: parte da doutrina entende que também compõem o bloco de constitucionalidade


normas infraconstitucionais vocacionadas a dar eficácia aos direitos fundamentais,
costume jurídico-constitucionais e jurisprudência constitucional. O STF, contudo, adota
a concepção formal ou restrita de bloco de constitucionalidade, de forma que é
composto somente pela Constituição formal.

2. Quanto ao assunto, controle de constitucionalidade e similares, assinale a alternativa


correta.

(A) A inconstitucionalidade reflexa, ou oblíqua, pode ser questionada por meio de ADIN.

(B) Na hipótese de o Presidente da República ser autorizado pelo Congresso Nacional a


editar Lei Delegada, cuja Resolução venha fixar prazo para edição da referida lei, bem
como limites sobre a matéria, e o Congresso Nacional perceber extrapolação pelo
Presidente da República, poderá sustar essa Lei Delegada e usará, para tanto, um
Decreto Legislativo. Trata-se, no caso, de controle preventivo de constitucionalidade.

(C) Se o órgão fracionário, ao analisar recurso, no qual uma das partes discute
inconstitucionalidade de lei, mas entender que a lei é constitucional, pode julgar
imediatamente o caso concreto, não constituindo isso em violação à reserva de plenário.
Contudo, se o fundamento desse julgamento revelar que o órgão fracionário não
aplicará a lei debatida e não promoverá a remessa ao pleno, constituirá ofensa à súmula
vinculante nº 10 (full bench).

(D) Se a parte não realizar pedido acerca de inconstitucionalidade de lei (incidenter


tantum), em caso concreto, o juiz não pode fazer o controle difuso, ou seja, não pode
agir de ofício, por se tratar de julgamento extra petita.

(E) São legitimados universais, para propor ADIN, entre outros, o Presidente da
República, a mesa do Congresso Nacional e o Procurador Geral da República.
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RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

No Brasil temos a inconstitucionalidade direta:

Inconstitucionalidade direta (ou antecedente): É aquela que ocorre quando o ato


impugnado viola diretamente uma norma constitucional.

Quando a lei ofende a CONSTITUIÇÃO, haverá ofensa direta (inconstitucionalidade


direta), pois a lei está ligada diretamente à CONSTITUIÇÃO (não há ato interposto entre
elas). Nestes casos cabe ADI.

(B) INCORRETA.
Esse controle é repressivo, aquele realizado após o ato normativo já ter sido produzido,
isto é, após, por exemplo, a medida provisória ter sido publicada e a lei ter sido
sancionada e promulgada. Embora possa ser realizado também pelos Três Poderes, é
primordialmente realizado pelo Poder Judiciário.

(C) CORRETA.

A reserva de plenário é também conhecida como regra do full bench, full court ou
julgamento en banc e está prevista no art. 97 da CF/88 e nos art. 948 e 949 do CPC 2015:

Art. 97 da CF - Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos


membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade delei ou ato normativo do Poder Público.

Art. 948 do CPC - Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato


normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes,
submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do processo.

Art. 949 do CPC - Se a arguição for: 10


I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;

II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial,


onde houver.

Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou


ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver
pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.

Súmula vinculante 10
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário
de Tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
Não se aplica se o órgão fracionário declarar a constitucionalidade da norma

Se o órgão fracionário do Tribunal for declarar que determinada lei ou ato normativo
é constitucional, não será necessário observar a cláusula de reserva de plenário.

Não se aplica se a lei ou ato normativo for anterior ao texto da Constituição Federal

Se uma lei ou ato normativo anterior à Constituição Federal é contrário ao texto


constitucional, não dizemos que essa lei ou ato normativo é inconstitucional. Dizemos
que ele não foi recepcionado pela Constituição.

Nesse caso, não se está, portanto, fazendo controle (juízo) de constitucionalidade.


Trata-se apenas de discussão em torno de direito pré-constitucional. Logo, não se
exige o cumprimento da cláusula de reserva de plenário.

Não viola a cláusula de reserva de plenário a decisão que declara a incompatibilidade


entre normas infraconstitucionais editadas anteriormente à Constituição de 1988 e o
atual Texto Constitucional (STF. 2ª Turma. RE 1328129 AgR, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 11/11/2021).
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Não se aplica para juízos singulares

O art. 97 da CF/88 exige a cláusula de reserva de plenário apenas para Tribunais.

Não se aplica para Turmas Recursais (Colégios Recursais)

O art. 97 da Constituição, ao subordinar o reconhecimento da inconstitucionalidade


de preceito normativo a decisão nesse sentido da “maioria absoluta de seus membros
ou dos membros dos respectivos órgãos especiais”, está se dirigindo aos Tribunais
indicados no art. 92 e aos respectivos órgãos especiais de que trata o art. 93, XI. A
referência, portanto, não atinge juizados de pequenas causas (art. 24, X) e juizados
especiais (art. 98, I), os quais, pela configuração atribuída pelo legislador, não
funcionam, na esfera recursal, sob regime de plenário ou de órgão especial. (...)

STF. 2ª Turma. ARE 792562 AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/03/2014.

No mesmo sentido: STF. 2ª Turma. RE 1240114 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 14/02/2022.
A cláusula de reserva de plenário se aplica para o STF quando ele realize o controle
difuso de constitucionalidade?

O STF exerce, por excelência, o controle difuso de constitucionalidade quando do


julgamento do recurso extraordinário, tendo os seus colegiados fracionários
competência regimental para fazê-lo sem ofensa ao art. 97 da Constituição Federal.

STF. 2ª Turma. RE 361829 ED, Min. Rel. Ellen Gracie, julgado em 02/03/2010.

Obs: tema polêmico.

(D) INCORRETA. O controle difuso (incidental) possui como finalidade principal a


proteção de direitos subjetivos. A pretensão é deduzida em juízo por meio de um
processo constitucional subjetivo. Sendo assim, o juiz pode, de ofício, reconhecer a
inconstitucionalidade da lei e afastar a sua aplicação, pois o objetivo do controle difuso
não é atestar a inconstitucionalidade, mas sim proteger direitos subjetivos.

(E) INCORRETA
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Os legitimados para propor ADI estão previstos no art. 103 da CF/88:

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de


constitucionalidade:

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.


* Não é a mesa do Congresso Nacional

Legitimados universais e não-universais

A jurisprudência do STF construiu a tese de que alguns desses legitimados poderiam


ajuizar ações diretas de inconstitucionalidade questionando leis ou atos normativos que
tratassem sobre todo e qualquer assunto. Tais legitimados seriam,
portanto, legitimados ativos universais.

Por outro lado, o STF afirmou que os demais legitimados, ao proporem a ADI, deveriam
comprovar que possuem legítimo interesse na ação. São, por isso, chamados
de legitimados ativos especiais. Este legítimo interesse que precisa ser demonstrado é
chamado de pertinência temática.

UNIVERSAIS (NEUTROS) ESPECIAIS (NÃO UNIVERSAIS)

São aqueles que podem propor ADI e São aqueles que somente podem
ADC contra leis ou atos normativos que propor ADI e ADC contra leis ou atos
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versem sobre qualquer matéria, sem a normativos que tratem sobre matérias
necessidade de comprovar interesse que digam respeito às funções ou
específico no julgamento da ação. objetivos do órgão ou entidade. O autor
especial terá que provar o seu interesse
específico no julgamento daquela ação.

Terá que ser provada a pertinência


temática entre a norma impugnada e os
objetivos do autor da ação.

Quem são os legitimados universais: Quem são os legitimados especiais:

• Presidente da República; • Mesa de Assembleia Legislativa ou da


Câmara Legislativa do DF;
• Mesa do Senado e Mesa da Câmara;
• Governador de Estado/DF;
• Procurador-Geral da República;
• Confederação sindical;
• Conselho Federal da OAB • Entidade de classe de âmbito nacional.

• Partido político com representação no


CN.

3. Sobre federalismo, sistema brasileiro, repartição de competências, dentre outros


temas correlacionados, assinale a alternativa correta.

(A) De acordo com o artigo 34 da CF, a União não intervirá nos Estados nem no Distrito
Federal, exceto em algumas situações. Sobre o tema, dispõe a Carta da República que
caberá à União assegurar os seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana,
sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c)
autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
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e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
social.

(B) O federalismo no Brasil é o de cooperação, e não dual.

(C) O artigo 18, §2º, da Constituição Federal caiu em desuso a partir do momento em
que o território de Fernando de Noronha foi incorporado ao estado de Pernambuco, não
havendo no Brasil, atualmente, nenhum território.

(D) Em relação à uniformidade dos entes da federação e a atenção sobre regiões em


desenvolvimento, o Brasil se reserva aos aspectos de simetria.

(E) O Brasil, originalmente nascido como Estado unitário, logo tornou-se


descentralizado, porém não deixou de ser unitário nesse período.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.

Art. 34 da CF A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
(...)
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

(B) INCORRETA. Na CF/88 o federalismo está previsto expressamente em seu art. 1º,
caput, sendo tal previsão considerada cláusula pétrea, nos termos do seu art. 60,
parágrafo 4º, inciso I. 15
Quanto ao Modo de Separação de Atribuições: federalismo dual ou
federalismo cooperativo:

a) Dual - A separação de atribuições entre os entes federativos é


rígida, não se falando em cooperação ou interpenetração entre
eles (ex.: EUA).

b) Cooperativo - Nesse modelo, as atribuições serão exercidas


de modo comum ou concorrente, estabelecendo-se uma
verdadeira aproximação entre os entes federativos, que deverão
atuar em conjunto. Assim, modernamente, percebe-se, cada
vez mais, uma gradativa substituição do federalismo dual pelo
cooperativo.

Não obstante, ainda prevalece que a Constituição da República de 1988 adotou elementos
de federalismo cooperativo e de federalismo dual na repartição de competências entre
os entes federados, distribuindo competências exclusivas, privativas, comuns e

concorrentes.

(C) CORRETA. Fernando de Noronha foi reanexada ao estado de Pernambuco


quando foi promulgada a Constituição, em outubro de 1988.

Não obstante, é possível transformar novamente Fernando de Noronha em território,


assim como, qualquer outro estado. O artigo não se encontra em desuso.

(D) CORRETA. No federalismo simétrico, verifica-se a homogeneidade de cultura e de


desenvolvimento, assim como da língua, como é o caso dos Estados Unidos.

No Brasil, embora convivamos com assimetrias reais que vão desde uma cultura
rica e diversa até realidades econômicas muito diferentes, adotamos um federalismo
simétrico do ponto de vista formal-constitucional. Entretanto, a doutrina aponta a
existência de “erros de simetria” em razão das diferenças de dimensão territorial, de
desenvolvimento econômico, culturais, etc., bem como das diferenças de competências
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entre os entes federados.

(E) CORRETA. Na Constituição de 1824, fomos estruturados como um estado unitário. Nos
exatos termos do artigo 2º, “o território é dividido em Províncias na forma em que actualmente
se acha, as quaes poderão ser subdivididas, como pedir o bem do Estado”.

No entanto, em 1834, ante à percepção da impossibilidade de manutenção de uma rígida


centralização de poder sobre todo um extenso território nacional, com elevadas dificuldades de
comunicação e sem uma sistema de estradas e transportes, optou-se, através de um Ato
Adicional, por dotar as províncias de Assembleias Legislativas Provinciais, ou seja, cada uma
passou a ter seu próprio Poder Legislativo. Há de se destacar que, desde 1831, estávamos sem
monarca, ante a abdicação de D Pedro I e a menoridade de seu filho, sendo o país dirigido por
um governo regencial, o que facilitou a experiência de um aumento na descentralização.

O desenvolvimento do processo histórico da estrutura política do Estado brasileiro revela um


processo cíclico de centralização do poder. A forma unitária do Estado monárquico é a gênese
de uma tradição política centralizadora, que mitigou todas as iniciativas de descentralização.
Com a Proclamação da República em 1889, os movimentos contrários à política do governo
imperial foram definitivamente vitoriosos. O Governo Provisório expediu o Decreto nº 1, de
15/11/1889, instituindo a federação, transformando as antigas Províncias em Estados membros
e criando os "Estados Unidos do Brazil”. As antigas Províncias foram transformadas em Estados
membros a integrar a nova federação.

Posteriormente, a Constituição de 1891 trouxe no art. 1º a República Federativa como forma de


governo e a regra da união perpétua e indissolúvel dos Estados membros.

Nos anos 30, durante o período Vargas, observou-se a volta do centralismo, com a restrição da
autonomia administrativa e política dos Estados membros. O Decreto n.º 19.398, de
11/11/1930, dissolveu o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas Estaduais e as Câmaras
Municipais, cassou os mandatos de todos os Governadores e Prefeitos e nomeou interventores
em cada Estado membro.

Em 1934, entramos em uma nova ordem constitucional que, em muitas de suas disposições,
mostrava-se mais liberal e progressista, mas, de outro, era conservadora, inspirada na
Constituição de Weimar, promoveu-se uma grande centralização em torno da União, retirando-
se competências antes afetas aos estados.
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Nas demais Constituições, essa tendência centralizadora foi se acentuando. Até mesmo na
Constituição de 1946, de caráter democrático, não houve alteração neste quadro.

Em 1987, retorna o debate sobre a forma de estado que deveria ser implantada no Brasil. Em
05 de outubro de 1988, a nova Constituição organizou o Estado, em seu Título III, de forma muito
conservadora, concentrando as competências na União.

A Constituição de 1946 devolveu formalmente a autonomia administrativa e política aos Estados


membros. Isso, no entanto, foi novamente afetado pelo Golpe Militar de 1964.

Já a Constituição de 1967/1969 construiu um federalismo meramente nominal, pois a


competência da União era de tal forma dilatada que pouco restava para os Estados federados.

No tocante a nossa Constituição de 1988, José Afonso da Silva aduz que a nova Carta buscou
resgatar o princípio federalista e estruturou um sistema de repartição de competências que
tentou refazer o equilíbrio das relações entre o poder central e os poderes estaduais e
municipais.
CUIDADO! A forma unitária de Estado pode ser CENTRALIZADA OU
DESCENTRALIZADA. A descentralização se restringe geralmente à ordem
administrativa, sem implicar necessariamente numa fragmentação do poder político
central. Perceba que, em que pese originariamente ser o Brasil tenha sido um Estado
unitário, nesse período, houve descentralização em vários momentos.

A FORMA UNITÁRIA CENTRALIZADA: caracteriza-se pela centralização política, cujas


atribuições fundamentais (governo, administração) dependem de um núcleo de
autoridade geralmente assentado na Capital. A formação das leis é expressão do
Poder Central, embora elas sejam válidas em todo o seu território, uma vez que
apenas um órgão legislativo existe com jurisdição nacional. O exercício do poder
jurisdicional incumbe a um poder relativamente centralizado, mesmo que
disseminado por todo o país. O regime político se exprime por meio de uma só
Constituição, os “estados” ou províncias carecem de órgãos legislativos propriamente
ditos.

A FORMA UNITÁRIA DESCENTRALIZADA: O Estado unitário descentralizado não pode 18


ser confundido com o Estado Federal. A descentralização se restringe geralmente à
ordem administrativa, sem implicar necessariamente numa fragmentação do poder
político central. Por razões de eficiência, algumas competências são transferidas às
seções territoriais, sem criar, contudo, distintos ordenamentos jurídicos, instâncias
jurisdicionais, poderes legislativos, entre outros.
4 Quanto ao posicionamento do Supremo Tribunal Federal no que concerne à garantia
dos direitos fundamentais e sociais, assinale a alternativa correta.

(A) Diante dos impactos nas finanças públicas, é possível a utilização, em caráter
excepcional, de recursos vinculados ao FUNDEB para ações de combate à pandemia do
novo coronavírus (COVID-19).

(B) É constitucional a requisição, desde que com prévia autorização judicial, de dados
bancários e fiscais considerados imprescindíveis pelo Corregedor Nacional de Justiça
para apurar infração de sujeito determinado, desde que em processo regularmente
instaurado mediante decisão fundamentada e baseada em indícios concretos da prática
do ato.

(C) Diante do princípio da não autoincriminação e presunção da inocência, fica


prejudicada a imposição das sanções administrativas ao condutor de veículo automotor
que se recuse à realização dos testes, exames clínicos ou perícias voltadas a aferir a
19
influência de álcool ou outra substância psicoativa, não sofrendo prejuízo, todavia,
eventual ação penal proposta.

(D) O “Disque 100” do MMFDH não pode ser utilizado para queixas contra a
obrigatoriedade da vacinação e das medidas restritivas contra a Covid.

(E) De acordo com a Lei nº 6.815/80 – Estatuto do Estrangeiro –, é imune ao pagamento


de taxas para registro da regularização migratória o estrangeiro que demonstre sua
condição de hipossuficiente.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

O STF estabeleceu que não poderia utilizar os recursos do FUNDEB para outras
finalidades.
ADI 6490.

O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou improcedente a Ação Direta de


Inconstitucionalidade (ADI) 6490, em que o governador do Piauí, Wellington Dias, pedia
autorização para destinar, excepcionalmente, recursos do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb) para ações de combate à pandemia da covid-19 no estado. Na sessão virtual
encerrada em 18/2, o Plenário acompanhou o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia,
de que a pretensão viola a destinação mínima de recursos à manutenção e ao
desenvolvimento do ensino exigida pelo artigo 212 da Constituição Federal.

(B) INCORRETA.

ADI 4709.

O Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão unânime, estabeleceu que a requisição


de dados bancários e fiscais considerados imprescindíveis pelo corregedor nacional de
Justiça é constitucional, desde que seja em processo regularmente instaurado para 20
apuração de infração por pessoa determinada, mediante decisão fundamentada e
baseada em indícios concretos da prática do ato. A decisão foi tomada na sessão virtual
encerrada em 27/5, ao julgar parcialmente procedente a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 4709.

Na ação, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação Nacional dos


Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e a Associação dos Juízes Federais do
Brasil (Ajufe) questionavam o artigo 8º, inciso V, do Regimento Interno do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), que prevê a possibilidade de o corregedor requisitar esses
dados às autoridades competentes.

As entidades alegavam que a Constituição Federal exige ordem judicial para a quebra de
dados e da intimidade, e o regimento não poderia autorizar a medida por autoridade
administrativa. Argumentavam, ainda, que apenas a Constituição Federal poderia criar
as competências do corregedor nacional de Justiça, cabendo ao Estatuto da
Magistratura defini-las.
(C) INCORRETA.

RE 1224394
O Tribunal, por unanimidade, apreciando o tema 1.079 da repercussão geral, deu
provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator, Ministro Luiz Fux
(Presidente). Foi fixada a seguinte tese: "Não viola a Constituição a previsão legal de
imposição das sanções administrativas ao condutor de veículo automotor que se recuse
à realização dos testes, exames clínicos ou perícias voltados a aferir a influência de álcool
ou outra substância psicoativa (art. 165-A e art. 277, §§ 2º e 3º, todos do Código de
Trânsito Brasileiro, na redação dada pela Lei 13.281/2016)". Plenário, 19.5.2022.

(D) CORRETA.

ADPF 754

O Tribunal, por unanimidade, referendou a medida cautelar pleiteada para determinar


ao Ministério da Saúde e ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
21
que façam constar, tão logo intimados desta decisão, das Notas Técnicas 2/2022-
SECOVID/GAB/SECOVID/MS e 1/2022/COLIB/CGEDH/SNPG/MMFDH, a interpretação
conferida pelo Supremo Tribunal Federal ao art. 3°, III, d, da Lei 13.979/2020, no sentido
de que (i) “a vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o
consentimento do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas
indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas
atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela
decorrentes”, esclarecendo, ainda, que (ii) “tais medidas, com as limitações expostas,
podem ser implementadas tanto pela União como pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência”, dando ampla
publicidade à retificação ora imposta, referendando, ainda, a determinação ao Governo
Federal para que se abstenha de utilizar o canal de denúncias “Disque 100” fora de suas
finalidades institucionais, deixando de estimular, por meio de atos oficiais, o envio de
queixas relacionadas às restrições de direitos consideradas legítimas por esta Suprema
Corte no julgamento das ADIs 6.586/DF e 6.587/DF e do ARE 1.267.879/SP, nos termos
do voto do Relator. O Ministro André Mendonça não conhecia do pedido de tutela
incidental à arguição, mas, vencido na questão preliminar, acompanhou o Relator no
mérito. O Ministro Nunes Marques acompanhou o Relator com ressalvas. Plenário,
Sessão Virtual de 11.3.2022 a 18.3.2022.

(E) INCORRETA. Ao contrário, a Lei nº 6.815/80 não dispensava do pagamento das taxas o
estrangeiro hipossuficiente e foi inteiramente revogada pela Lei nº 13.445/2017, chamada de
“Lei de Migração” (essa sim, expressamente dispõe sobre a imunidade).

Além de que decidiu o STF que é imune ao pagamento de taxas para registro da regularização
migratória o estrangeiro que demonstre sua condição de hipossuficiente, nos termos da
legislação de regência.
STF. Plenário. RE 1018911/RR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/11/2021 (Repercussão Geral –
Tema 988) (Info 1037).

5. Em relação ao processo legislativo e ao posicionamento do Supremo Tribunal Federal,


assinale a alternativa correta.
22
(A) É constitucional a atribuição de iniciativa privativa a Governador de Estado para leis
que disponham sobre a organização do Ministério Público Estadual.

(B) A prerrogativa do poder de veto presidencial deve ser exercida dentro do prazo
expressamente previsto na Constituição, admitindo exercê-la após a sua expiração, em
situações excepcionais.

(C) É constitucional a previsão regimental de rito de urgência para proposições que


tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, sendo reconhecido ao
Procurador Geral da República o poder-dever de acionar o Poder Judiciário a aferição
das razões que justificam a adoção do rito emergencial.

(D) Não caracteriza afronta à vedação imposta pelo art. 62, § 1º, IV, da Constituição
Federal (CF) a edição de medida provisória no mesmo dia em que o Presidente da
República sanciona ou veta projeto de lei com conteúdo semelhante.

(E) Não se admite “novo veto” em lei já promulgada. Manifestada a aquiescência do


Poder Executivo com projeto de lei, pela aposição de sanção, evidencia-se a ocorrência
de preclusão entre as etapas do processo legislativo, sendo incabível eventual
retratação.

QUESTÃO PASSIVEL DE RECURSO (ANULAÇÃO)

RESPOSTA: D e E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

É inconstitucional, a CF trás essa prerrogativa ao Procurador Gral por meio de Lei


complementar.

Art. 128. O Ministério Público abrange:


23
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa
é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão
a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério
Público, observadas, relativamente a seus membros:

(B) INCORRETA.

A prerrogativa do poder de veto presidencial somente pode ser exercida dentro do


prazo expressamente previsto na Constituição, não se admitindo exercê-la após a sua
expiração.

Plenário. ADPF 893/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, redator do acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 20/6/2022 (Info 1059).
O poder de veto previsto no art. 66, § 1º, da Constituição não pode ser exercido após o
decurso do prazo constitucional de 15 (quinze) dias.

STF. Plenário. ADPF 893/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, redator do acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 20/6/2022 (Info 1059).

(C) INCORRETA.

A CF tem um rito de urgência, mas é urgência constitucional em que o Presidente cria a


urgência. Assim como a Câmara dos Deputados o Senado Federal e o Congresso nacional
fazem uso do rito de urgência. Não sendo necessária ser reconhecida pelo Procurador
Geral da República, assim como, pelo poder judiciário.

Termo: Urgência Urgentíssima


Regime de deliberação instantânea de matéria considerada de relevante e inadiável
interesse nacional. Por ele são dispensadas todas as formalidades regimentais, exceto
as exigências de quórum, pareceres e publicações, com o objetivo de conferir rapidez
ao andamento da proposição. O requerimento para adoção do rito de urgência 24
urgentíssima deve ser apresentado pela maioria absoluta dos Deputados ou por líderes
que representem esse número. Aprovado o requerimento, também por maioria
absoluta, a proposição a que se refira poderá ser incluída automaticamente na Ordem
do Dia para discussão e votação na mesma Sessão.

(D) CORRETA.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA 8, DE 31/10/2001,


CONVERTIDA NA LEI 10.411/2002. DECRETO 3.995/2001. MERCADO DE VALORES
MOBILIÁRIOS. CRIAÇÃO DA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. MATÉRIA INSERIDA
NA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. ARTS. 62, § 1º, IV, E 84,
VI, a, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AÇÃO DIRETA JULGADA IMPROCEDENTE. I –
Não há falar em afronta ao art. 62, § 1º, IV, da Constituição, se, ao tempo da edição da
medida provisória, o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional não se encontrava
pendente de veto ou sanção do Presidente da República. II – O art. 84, VI, a, da
Constituição Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional 32/2001, permitiu
ao Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre matéria que antes só
poderia ser disciplinada por lei. III - As alterações introduzidas pelo Decreto 3.995/2001
não extrapolam a competência privativa conferida ao Chefe do Poder Executivo para
disciplinar, por decreto, sobre a organização e funcionamento da Administração Pública
Federal. IV - Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.

(STF - ADI: 2601 DF, Relator: RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento:


19/08/2021, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 04/02/2022)

INFORMATIVO 1026 DO STF

MEDIDA PROVISÓRIA

Não caracteriza afronta à vedação imposta pelo art. 62, § 1º, IV, da CF a edição de MP
no mesmo dia em que o Presidente sanciona ou veta projeto de lei com conteúdo
semelhante.
25
(E) CORRETA

Não se admite “novo veto” em lei já promulgada e publicada.

Manifestada a aquiescência do Poder Executivo com projeto de lei, pela aposição de


sanção, evidencia-se a ocorrência de preclusão entre as etapas do processo legislativo,
sendo incabível eventual retratação.

STF. Plenário. ADPF 714/DF, ADPF 715/DF e ADPF 718/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 13/2/2021 (Info 1005).

6. É lição básica das Ciências Criminais que, com a ocorrência de uma infração penal,
materializa-se o poder-dever de punir do Estado, cabendo a ele iniciar a persecutio
criminis para aplicar a lei penal ao caso concreto. Com efeito, a investigação preliminar
é o ponto de partida para uma persecução penal bem-sucedida, que atenda ao interesse
da sociedade de elucidar crimes, sem abrir mão do respeito aos direitos mais
comezinhos dos investigados. Daí a importância da Polícia Judiciária, dirigida por
Delegado de Polícia de carreira (art. 144 da Constituição Federal), a quem incumbe a
condução da investigação criminal por meio dos diversos procedimentos policiais, nos
termos da legislação correlata.
Tendo em vista esses preceitos, analisados sob o enfoque constitucional conferido à
Polícia Judiciária, tido como órgão estatal destinado à Segurança Pública, assinale a
alternativa correta.
(A) Em regra, a polícia civil será subordinada ao chefe do Poder Executivo estadual, de
modo que não é possível atribuir-lhe independência funcional, sob pena de ofensa ao
art. 129, I, VI e VIII, bem como ao art. 144, § 6º, da Constituição Federal (CF).
(B) As normas, ainda que originárias do poder constituinte decorrente, que venham a
atribuir autonomia funcional, administrativa ou financeira a outros órgãos ou
instituições não constantes da CF, padecem de vício de inconstitucionalidade formal,
por violação das regras atinentes à competência constitucional.
(C) O desenho institucional, concebido pelo art. 144 da Constituição Federal para a
configuração do aparelho de segurança pública, permite soluções legislativas locais
calcadas na ideia do poder discricionário do administrador público.
(D) A outorga constitucional de funções de polícia judiciária não impede nem exclui a
possibilidade de o Ministério Público, que é o "dominus litis", determinar a abertura de
investigações, requisitar esclarecimentos, diligências e acompanhar quaisquer atos de
investigação penal, mesmo aqueles que tramitam sob regime de sigilo. Assim,
considerando a Teoria dos Poderes Implícitos, é assegurado ao Ministério Público o
poder-dever de assumir a presidência do inquérito policial, de acordo com as balizas
reconhecidas pelo STF.
(E) Incumbe à Polícia Civil dos Estados-membros e do Distrito Federal, ressalvada a 26
competência da União Federal e excetuada a apuração dos crimes militares, a função de
proceder à investigação dos ilícitos penais (crimes e contravenções), sem prejuízo do
poder investigatório de que dispõe, como atividade subsidiária, o Ministério Público,
observando o permanente controle jurisdicional dos atos documentados.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

De acordo com o § 6º do art. 144 da CF/88: As polícias militares e os corpos de


bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente
com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

(B) INCORRETA.

O vício neste caso será do tipo nomoestático, ou seja, referente ao aspecto material do
tema.

(C) INCORRETA.

O art. 144 é fechado e não dispõe de competência concorrente nos termos da CF/88.
(D) INCORRETA.

É pacífico na doutrina e jurisprudência que o presidente do IP é o Delegado de Polícia.


Neste sentido, vige Lei n. 12.830/13 que traz exclusividade desta autoridade para
presidência do procedimento administrativo por meio do indiciamento.

(E) CORRETA

CF/88, art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio, através dos seguintes órgãos: IV - polícias civis. § 4º Às polícias civis,
dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.

7 Ao tratar da fiscalização contábil, financeira e orçamentária, a Constituição do Estado


de Mato Grosso do Sul estabelece em seu texto que “O controle externo a cargo da
Assembleia Legislativa será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado”.
Considerando essa previsão constitucional, assinale a alternativa que NÃO se enquadra
nesse rol de competências.
(A) Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e 27
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a da concessão de aposentadoria, reforma e pensões, ressalvadas
as melhorias posteriores que não alterem o fundamento do ato concessório.
(B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta ou indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público estadual, e as contas daqueles que
derem causa a perda, a extravio ou a outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário público.
(C) Prestar as informações solicitadas, pela Assembleia Legislativa ou suas comissões,
sobre fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre
resultados de auditorias e inspeções realizadas.
(D) Se verificada a ilegalidade, assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei.
(E) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pelo Estado, através de
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Municípios ou outras
entidades.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS
(A) CORRETA.

CE, art. 77. O controle externo a cargo da Assembléia Legislativa será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete: III - apreciar, para fins de
registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, bem como a da concessão de aposentadoria, reforma e pensões, ressalvadas as
melhorias posteriores que não alterem o fundamento do ato concessório.

(B) INCORRETA.

CE, art. 77. O controle externo a cargo da Assembléia Legislativa será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete: II - julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta ou indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público estadual, e as contas daqueles que derem causa a perda, a
extravio ou a outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público.

(C) INCORRETA.

CE, art. 77. O controle externo a cargo da Assembléia Legislativa será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete: VII - prestar as informações
solicitadas pela Assembléia Legislativa ou suas comissões, sobre fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
inspeções realizadas;
28
(D) INCORRETA.

CE, art. 77. O controle externo a cargo da Assembléia Legislativa será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete: IX - se verificada a ilegalidade,
assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei;

(E) INCORRETA

CE, art. 77. O controle externo a cargo da Assembléia Legislativa será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete: VI - fiscalizar a aplicação de
quaisquer recursos repassados pelo Estado através de convênio, acordo, ajuste ou
outros instrumentos congêneres, a Municípios ou outras entidades.

8. Estabelece o art. 4º, inciso II, da Constituição Federal que a República Federativa do
Brasil deve ser regida nas suas relações internacionais pelo princípio da prevalência dos
direitos humanos, sendo a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III) um de seus
fundamentos. Por esse balizamento, há outras previsões no texto constitucional, a
exemplo do artigo 245, que determina o dever estatal de proteção especial à vítima de
criminalidade, inclusive direito à reparação do dano decorrente do crime que sofreu. Já
em âmbito internacional, temos a Resolução nº 40/34 da ONU, aprovada pela
Assembleia Geral em 29 de novembro de 1985, que, além de trazer conceito amplo de
vítima, recoloca-a em posição mais relevante no processo penal e estabelece um rol
diversificado de direitos que devem ser reconhecidos. Com base nesses postulados, o
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) regulamentou a Política Institucional
de Proteção Integral e de Promoção de Direitos e Apoio às Vítimas (Resolução 243/2021
- CNMP).
Considerando o arcabouço normativo citado, a fim de assegurar direitos fundamentais
às vítimas de infrações penais, o(a) candidato(a), uma vez aprovado(a) e empossado(a)
no cargo de Promotor(a) de Justiça Substituto(a), deverá adotar as seguintes
providências, EXCETO
(A) diligenciar a fim de que seja assegurada às vítimas a prestação de apoio e
atendimento especializado por meio de equipe multidisciplinar da própria instituição ou
pelo devido encaminhamento às redes de apoio externas.
(B) zelar para que as vítimas tenham participação efetiva na fase da investigação e no
processo, seja por meio da materialização dos direitos de serem ouvidas, de terem seus
bens restituídos, de apresentarem elementos de prova, de serem comunicadas de
decisões no curso do processo, notadamente acerca do ingresso e saída do autor do fato
da prisão, caso assim manifestem interesse, entre outras formas de participação.
(C) estimular políticas públicas e criar, em sua estrutura interna, meios de atendimento
às vítimas que busquem evitar a revitimização, bem como núcleos próprios de jurimetria
para diagnosticar e produzir uma política de atuação mais eficaz, resolutiva e preventiva.
(D) implementar projetos e mecanismos de resolução extrajudicial de conflitos, por
meio da negociação, mediação e conferências reparadoras dos traumas derivados dos
29
eventos criminosos ou de atos infracionais.
(E) compilar informações do número de casos atendidos, do número de casos em que
se verificou a reparação dos danos sofridos, das taxas de vitimização, além de outras
políticas que permitam a identificação de direitos difusos, coletivos ou individuais
homogêneos lesados.

RESPOSTA:

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Segundo a Resolução 243 do CNMP:

Art. 6º O Ministério Público diligenciará a fim de que seja assegurada às vítimas a


prestação de apoio e atendimento especializado, por meio de equipe multidisciplinar da
própria instituição ou pelo devido encaminhamento às redes de apoio externas.

Parágrafo único. O Ministério Público fomentará a construção e a consistência das


políticas de atuação em rede, mediante termos de cooperação e parcerias destinadas à
implementação de atendimento das vítimas por equipes multidisciplinares, compostas
por profissionais devidamente habilitados para a proteção integral, de modo a diminuir
os efeitos e danos suportados em decorrência do fato.
(B) INCORRETA.

Art. 8º O Ministério Público deverá zelar para que as vítimas tenham participação efetiva
na fase da investigação e no processo, seja por meio da materialização dos direitos de
serem ouvidas, de terem seus bens restituídos, de apresentarem elementos de prova,
de serem comunicadas de decisões no curso do processo, notadamente acerca do
ingresso e saída do autor do fato da prisão, caso assim manifestem interesse, entre
outras formas de participação.

(C) INCORRETA.

DA ATUAÇÃO PREVENTIVA E DIFUSA

Art. 11. Incumbe ao Ministério Público estimular políticas públicas e criar, em sua
estrutura interna, meios de atendimento às vítimas que busquem evitar a revitimização,
bem como núcleos próprios de jurimetria para diagnosticar e produzir uma política de
atuação mais eficaz, resolutiva e preventiva.

(D) INCORRETA.

DA JUSTIÇA RESTAURATIVA

RESOLULÇÃO 243 CNMP, art. 10. Incumbe ao Ministério Público implementar projetos
e mecanismos de resolução extrajudicial de conflitos, por meio da negociação, mediação
e conferências reparadoras dos traumas derivados dos eventos criminosos ou de atos 30
infracionais, observandose as diretrizes traçadas nas Resoluções CNMP n os 118, de 1º
de dezembro de 2014, e 181, de 7 de agosto de 2017

(E) CORRETA

Uma vez que essa competência não é do Promotor ou Promotora de Justiça, nos termos
da Resolução 243 do CNMP.
DA ATUAÇÃO PREVENTIVA E DIFUSA
Art. 11. Incumbe ao Ministério Público estimular políticas públicas e criar, em sua
estrutura interna, meios de atendimento às vítimas que busquem evitar a revitimização,
bem como núcleos próprios de jurimetria para diagnosticar e produzir uma política de
atuação mais eficaz, resolutiva e preventiva.
Art. 12. Caberá à Presidência do Conselho Nacional do Ministério Público compilar
informações do número de casos atendidos, do número de casos em que se verificou
a reparação dos danos sofridos, das taxas de vitimização, além de outras políticas que
permitam a identificação de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos
lesados.

9 Sobre princípios constitucionais, interpretação e integração da Constituição, eficácia e


aplicabilidade da norma constitucional, e outros, assinale a alternativa correta.
(A) Conforme apontamentos do jurista José Joaquim Gomes Canotilho, “a cultura do
neoconstitucionalismo é, muitas vezes, uma cultura de cosmopolitismo constitucional
orientada para um complexo processo de articulação de sistemas constitucionais
nacionais, com ‘constelações pós-nacionais’”. Todavia, pondera que a “identidade
constitucional” brasileira parece não “coabitar” com essas constelações.
(B) Em homenagem ao efeito integrador, por significar a primazia da integração política
e social, além do reforço da unidade política, para o desenvolvimento, Konrad Hesse
sustenta que, por vezes, é necessário ultrapassar parâmetros estabelecidos pela própria
Constituição.
(C) É sabido que as normas de eficácia contida têm aplicabilidade imediata. Já as normas
de eficácia limitada, por sua vez, têm aplicabilidade diferida, uma vez que não produzem
efeitos até a edição de lei regulamentadora.
(D) Pelos mecanismos de integração constitucional, por causa da teoria dos poderes
implícitos, desenvolvida pela Suprema Corte dos Estados Unidos, que reconheceu a
reclamação em hipóteses de usurpação ou desprezo das decisões da Corte, o STF, nessa
linha de raciocínio, reconheceu a instituição da reclamação, contudo esse mecanismo
só foi disciplinado recentemente, dentro da própria Constituição Federal, graças à
existência do poder reformador.
(E) A tese do alemão Otto Bachof, em sua obra Normas Constitucionais
Inconstitucionais? (1989), foi integralmente acolhida pela jurisprudência do STF, ao
admitir a tese das normas constitucionais inconstitucionais, quando as normas
contraditórias forem advindas do poder constituinte originário.
31

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.

Promovendo aproximando à realidade brasileira, Canotilho afirma que a Constituição de


1988 conseguiu elevar-se ao papel de norma jurídica fundamental e que uma
significativa corrente da juspublicística abraçou a cultura do neoconstitucionalismo,
assentado no reconhecimento de um modelo preceptivo de constituição como norma
com especial valorização do conteúdo prescritivo dos princípios fundamentais.
Reconhece o direito constitucional brasileiro e as constituições do Brasil como
pertencentes àquele núcleo de matérias onde se nota mais a especificidade nacional do
“povo”, do “poder” e do “Estado”, bem como “um decidido compromisso com as
tendências do direito internacional constitucional e direito constitucional internacional”,
pertencente à cultura do neoconstitucionalismo, muitas vezes, uma cultura de
cosmopolitismo constitucional orientada para um complexo processo de articulação de
sistemas constitucionais nacionais com “constelações pós-nacionais” — a despeito da
forte cultura soberanista do Brasil, aliada a uma arreigada estatalidade do poder,
resistente a insinuações teóricas e políticas de “supra-neoconstitucionalismos” ou de
“constitucionalismos” civis globais (CANOTILHO, 2013, p. 100)
(B) INCORRETA.

Desenvolvido por Konrad Hesse.

A interpretação da constituição deve ser realizada a partir de um constante diálogo


entre as pré-compreensões do intérprete e o texto constitucional, em um “movimento
de ir e vir” chamado de círculo hermenêutico-concretizador. O intérprete analisa suas
pré-compreensões sobre o assunto, após, analisa o texto constitucional e assim
sucessivamente até que se chegue à solução e concretização da norma constitucional.

(C) INCORRETA.

As normas de eficácia limitada são aquelas que dependem de uma regulamentação futura
para que possam produzir todos os efeitos que pretendem. Ou seja, como toda norma
constitucional, elas possuem eficácia, mas não aptidão para produção geral de seus efeitos.
Um dos exemplos mais conhecidos de norma de eficácia limitada é o prescrito no inciso VII
do artigo 37 da Constituição Federal: VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
limites definidos em lei específica.

(D) INCORRETA.

A reclamação constitucional não disciplinada apenas recentemente em nossa CF/88, ela


está presente desde a constituinte, vide art. 102, I, h.

(E) INCORRETA 32
A tese não é acolhida pelo STF – entendimento amplamente divulgado segundo os
julgados daquela Corte Suprema.

10 A Constituição Federal, seguindo a tendência das Constituições contemporâneas,


consagra um grande conjunto de direitos ao indivíduo. Com o intuito de assegurar
efetividade a esses direitos, institui, paralelamente, as denominadas garantias, sendo
que, entre essas garantias, destacam-se os remédios constitucionais, ou remédios
jurídicos. Essa expressão se refere à denominação dos instrumentos previstos no
ordenamento jurídico brasileiro que deveriam ser de conhecimento de todos os
cidadãos de nosso país, porquanto visam assegurar o exercício dos direitos
fundamentais conferidos. Tendo em vista esses instrumentos de proteção, assinale a
alternativa que NÃO coaduna com os ditames do ordenamento jurídico e sua
interpretação jurisprudencial.
(A) Na vigente Constituição, tem-se remédios administrativos (direito de petição e
direito de certidão) e remédios judiciais (habeas data, habeas corpus, mandado de
segurança, mandado de injunção e ação popular).
(B) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é incabível a concessão de
medida liminar em mandado de injunção, uma vez que esse remédio constitucional se
destina à verificação da ocorrência, ou não, de mora da autoridade ou do Poder de que
depende a elaboração da norma regulamentadora do texto constitucional.
(C) A previsão do habeas corpus, individual e coletivo, assim como o mandado de
segurança, também individual e coletivo, encontram-se expressamente descritos,
dentre os incisos do artigo 5º da Constituição Federal.
(D) A ação popular trata-se de remédio com previsão desde a Constituição Federal de
1934 (art. 113, inc. 38). Como tal ação está pautada no exercício da cidadania, a
legitimidade ativa para o ingresso em juízo depende da regularidade dos direitos
políticos.
(E) O habeas data está previsto na CRFB, em cujo texto constam apenas duas hipóteses
de cabimento: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais
ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo. Todavia, posteriormente, por lei
infraconstitucional incluiu-se mais uma hipótese: para a anotação nos assentamentos
do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e
que esteja sob pendência judicial ou amigável.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Completamente correta, tanto os remédios constitucionais quanto os administrativos.


33
(B) INCORRETA.

A Lei nº 13.300/2016 não prevê a possibilidade de concessão de medida liminar. Antes


da regulamentação, o STF já possuía precedentes afirmando não ser cab.ível liminar.
(C) CORRETA.

Não há previsão de HC coletivo na CF/88, em que pese decorrer implicitamente de seus


excertos. O STF já julgou alguns HC’s COLETIVOS hiper importantes, a respeito inclusive
do direitos de mulheres presas de permanecerem com seus filhos durante a execução
da pena.

(D) INCORRETA.

CF/88, art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.

(E) INCORRETA

CF/88, art. 5º, LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento


de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
Segundo a Lei n. 9.507/98: Art. 7° Conceder-se-á habeas data: I - para assegurar o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro
ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público; II - para a
retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo; III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação
ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial
ou amigável.

DIREITO PENAL

11. Em relação à Lei nº 11.343/2006 que disciplinou as normas para repressão à


produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e definiu crimes, assinale a
alternativa correta.
(A) Comete o crime do art. 35 da Lei de Drogas, de associação para o tráfico, a conduta
de associarem-se três ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não,
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e §1º, e 34 da lei.
(B) Para configuração da majorante no artigo 40, inciso V, da Lei nº 11.343/06, é
necessária a transposição da fronteira interestadual com a posse da droga, não
bastando a mera intenção de fazê-lo.
34
(C) A majorante no artigo 40, inciso V, da Lei nº 11.343/06, quando configurada,
somente deve ser aplicada ao acusado que estava realizando o transporte da droga, não
sendo possível a aplicação aos demais denunciados.
(D) É possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em
decorrência do tráfico de drogas, sem a necessidade de se perquirir a habitualidade,
reiteração do uso do bem para tal finalidade, a sua modificação para dificultar a
descoberta do local do acondicionamento da droga ou qualquer outro requisito além
daqueles previstos expressamente no artigo 243, parágrafo único, da Constituição
Federal.
(E) Tráfico privilegiado foi uma figura colocada no texto da Lei Antidrogas para permitir
uma pena menor às “mulas” que fazem o tráfico, tendo como requisitos que o agente
tenha cometido o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Conforme expressa previsão legal do art.35 da Lei nº 11.343/2006, o


crime de Associação para o Tráfico ocorre quando se associam “ duas ou mais pessoas para
o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e §
1o , e 34 desta Lei”. O item quis confundir com a quantidade de pessoas necessárias para o delito
de ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA previsto no art.288 do CP (três ou mais pessoas)

(B) INCORRETA. Item em contradição com o enunciado da Súmula 587 do STJ: “Para a
incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, é desnecessária a
efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação, sendo suficiente a
demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual.”

(C) INCORRETA. Com arrimo nos arts29 e 30 do CP e na Teoria Unitária no que tange ao
Concurso de Pessoas, bem como pela jurisprudência do STJ, apresenta-se equivocada a
afirmação de que somente incidirá a majorante do art.40, V da Lei nº 11.343/2006 ao
acusado que realizou o efetivo transporte.

(D) CORRETA. O item encontra-se em perfeita consonância com o art.243, parag.único


da CF/88 , bem como com o art.60 e 61 da Lei nº 11.343/2006.

(E) INCORRETA O item encontra-se incorreto, pois a figura do Trafico Privilegiado se


refere a causa de diminuição de pena do artigo 33, § 4º, da Lei de Drogas: “Nos delitos
definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa.

35
12 Tício foi preso preventivamente durante uma operação de combate à corrupção e
processado pelo crime de corrupção ativa, ficando preso provisoriamente por 10 (dez)
meses. Posteriormente, após recursos da defesa em Tribunais Superiores, restou
absolvido de todas as acusações penais. No ano seguinte, voltou à administração pública
sendo novamente preso em investigação por corrupção ativa e peculato, tendo a
sentença condenatória transitado em julgado desta vez. A defesa de Tício, então, entra
com um pedido para a inclusão na contagem do tempo de pena cumprido, os dez meses
nos quais ficou preso no caso anterior, do qual foi plenamente absolvido, pois, com o
tempo já cumprido neste e no caso anterior, já teria direito à liberdade. Como Promotor
de Justiça do caso, você
(A) concorda com o pedido, pois o condenado efetivamente cumpriu a pena estipulada,
sendo que o tempo anterior não poderia ser desconsiderado por uma questão de
Justiça, de acordo com os Tratados Internacionais de Direitos Humanos.
(B) concorda em parte com o pedido, somente podendo ser feita a detração no caso de
crimes iguais, devendo apenas ser considerada na pena da corrupção ativa e não no
peculato, devendo ser feito novo cálculo de pena descontando-se somente quanto à
pena da corrupção ativa.
(C) não concorda com o pedido, pois o instituto da detração penal de crimes anteriores
somente seria possível nos casos de penas provisórias cumpridas no estrangeiro. (D)
concorda, uma vez que não precisa haver ligação entre o fato criminoso praticado, a
prisão preventiva e a pena, devendo ser computado o tempo total como detração penal.
(E) não concorda, fundamentando no fato de que não se pode aplicar a detração penal
em relação a delitos cometidos posteriormente à custódia cautelar.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

(B) INCORRETA.

(C) INCORRETA.

(D) INCORRETA.

(E) CORRETA - Toda a questão gira em torno da jurisprudência do STJ estabelecida no


julgamento do HC 178894-RS – 2012, repetido na apreciação do HC 455097/PR-2021,
onde se consolidou que “é cabível a aplicação do benefício da detração penal, previsto
no art. 42 do CP, em processos distintos, desde que o delito pelo qual o sentenciado
cumpre pena tenha sido cometido antes da segregação cautelar, evitando a criação
de um crédito de pena”. Assim, explicando de forma mais didática, a prisão cautelar
somente poderia contar a titulo de detração, caso fosse POSTERIOR ao crime pelo qual
a pessoa foi condenada.
36
13 De acordo com a Lei nº 12.850/2013, que define organização criminosa e dispõe
sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, as infrações penais
correlatas e o procedimento criminal, é previsto, como causa de aumento de metade da
pena,
(A) se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, à
organização criminosa no exterior.
(B) se o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de
fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva.
(C) se houver participação de pessoa na condição de funcionário público na organização
criminosa para a prática de infração penal.
(D) se, na atuação da organização criminosa, houver emprego de arma de fogo.
(E) se as circunstâncias do fato evidenciarem a organização criminosa transnacional.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. Em relação aos itens A, B, C e E, a questão busca confundir o candidato
com as causas de aumento de pena previstas no art.2º,§4º da Lei nº 12.850/2013, bem
como nas causas de aumento estabelecidas no art.40 da Lei de Entorpecentes.

(B) INCORRETA. Em relação aos itens A, B, C e E, a questão busca confundir o candidato


com as causas de aumento de pena previstas no art.2º,§4º da Lei nº 12.850/2013, bem
como nas causas de aumento estabelecidas no art.40 da Lei de Entorpecentes.

(C) INCORRETA. Em relação aos itens A, B, C e E, a questão busca confundir o candidato


com as causas de aumento de pena previstas no art.2º,§4º da Lei nº 12.850/2013, bem
como nas causas de aumento estabelecidas no art.40 da Lei de Entorpecentes.

(D) CORRETA – O item refere-se ao art.2º,§2º da Lei nº 12.850/2013: “As penas


aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego
de arma de fogo”.

(E) INCORRETA Em relação aos itens A, B, C e E, a questão busca confundir o candidato


com as causas de aumento de pena previstas no art.2º,§4º da Lei nº 12.850/2013, bem
como nas causas de aumento estabelecidas no art.40 da Lei de Entorpecentes.

14 Quanto à questão da vítima no Direito Penal, é correto afirmar que


(A) a vitimodogmática, ao separar a figura da vítima no Direito Penal, consolidou o
movimento de separação da dogmática penal e da vítima, fruto da sistematização
37
teórica do direito penal baseada na relação estado-delinquente.
(B) vítima coletiva: consiste na vítima cuja singular fragilidade resulte, especificamente,
de sua idade, do seu gênero, do seu estado de saúde ou de deficiência, bem como do
fato de o tipo, o grau e a duração da vitimização terem resultado em lesões com
consequências graves no seu equilíbrio psicológico ou nas condições de sua integração
social.
(C) o Ministério Público deverá pleitear, de forma expressa, no bojo dos autos, a fixação
de valor mínimo para reparação dos danos materiais, morais e psicológicos, causados
pela infração penal ou ato infracional, em prol das vítimas diretas, indiretas e coletivas.
(D) o Promotor de Justiça Criminal deve deixar para o Promotor de Justiça especializado
o pleito de reparação civil, focando na acusação penal.
(E) cabe à Defensoria Pública e não ao Ministério Público a atuação funcional na defesa
das vítimas e busca de suas reparações dos danos materiais, morais e psicológicos.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Na verdade, a Vitimodogmática estabelece que o conceito de vítima da


vitimologia teve de ser adaptado e transformado numa concepção dogmática. O
Direito Penal passou a analisar também o comportamento da vítima no delito não
apenas no aspecto sociológico, como na criminologia, mas sim sob a ótica da
vitimodogmática, cujo propósito é achar na conduta da vítima uma categoria de
caráter dogmático. O erro está em afirmar que ela “consolidou o movimento de
separação da dogmática penal e da vítima”.

(B) INCORRETA. O item descreve o conceito de Vítima de Especial Vulnerabilidade. Em


relação ao conceito de Vítima Coletiva pode-se destacar : “Grupo social, comunidades
ou organizações sociais atingidas pela prática de crime, ato infracional ou calamidade
pública que ofenda bens jurídicos coletivos, tais como a saúde pública, o meio ambiente,
o sentimento religioso, o consumidor, a fé pública, a administração pública”.

(C) CORRETA. O item em comento encontra-se em consonância com o entendimento


do STJ : “Este Tribunal sufragou o entendimento de que deve haver pedido expresso e
formal, feito pelo parquet ou pelo ofendido, para que seja fixado na sentença o valor
mínimo de reparação dos danos causados à vítima, a fim de que seja oportunizado ao
réu o contraditório e sob pena de violação ao princípio da ampla defesa. (...)” - AgRg
no AREsp 389.234/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura.

(D) INCORRETA. Com base no comentário acima, deverá o Promotor de Justiça Criminal
pleitear que seja estabelecido valor mínimo de indenização pelos danos gerados pelo
delito, tendo como fulcro o art.91, I do CP e o art.387, IV do CPP.

(E) INCORRETA – Pelos comentários acima destacados, o item encontra-se incorreto.


38
15. Determinado crime teve nova lei promulgada e entrou em vigor, trazendo uma parte
de dispositivos mais benéficos e outros dispositivos mais graves em relação aos crimes
que dispõe. Como Promotor de Justiça, ao avaliar a aplicação da lei penal no tempo e
alinhar-se à jurisprudência atual dos Tribunais Superiores, relativamente aos casos em
andamento, você se posicionaria no sentido de
(A) aplicar integralmente a lei nova em todos seus dispositivos mesmo àqueles que são
prejudiciais ao agente do crime, pois teria que aplicar a lei posterior nos casos que
favorece o agente, nos termos do parágrafo único do artigo 2º do Código Penal, optando
por aplicar integralmente a lei mais nova.
(B) aguardar as decisões judiciais para poder se manifestar com segurança, pois é da
competência do juiz a análise e escolha de qual lei é mais favorável, sem combiná-la,
podendo o réu ou sentenciado recorrer se não concordar.
(C) adotar uma combinação de leis, aplicando-se ao caso concreto os dispositivos mais
benéficos, pois é possível para beneficiar o agente, garantindo a Constituição e tornando
efetivos os postulados fundamentais com que ela garante e proclama os direitos
universais do homem, atendendo aos princípios da ultra-atividade e da retroatividade
in mellius, possibilitando ao intérprete extrair da nova lei apenas os dispositivos que
atendam aos interesses do acusado.
(D) não permitir a combinação de leis, para extrair-se um terceiro gênero, impedindo
que os magistrados atuassem como legislador positivo, em total afronta aos princípios
da separação de Poderes e da reserva legal.
(E) fazer uma Consulta formal à Corregedoria-Geral do Ministério Público e aos demais
órgãos internos como o Núcleo Criminal e o Centro Operacional Criminal para um
posicionamento, devolvendo os processos sem parecer sobre o caso até que viesse a
resposta das consultas.

RESPOSTA: D

QUESTÃO PASSIVEL DE ANULAÇÃO, POIS A JURISPRUDENCIA DO STJ ENCONTRA-SE


DIVIDIDA EM RELACAO AO CONCEITO DE COMBINAÇÃO DE LEIS.

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

(B) INCORRETA.

(C) INCORRETA.

(D) CORRETA. A questão toda gira em torno da possibilidade ou não de combinação de


leis conforme a jurisprudência do STJ. Ocorre que a questão é passível de anulação,
tendo em vista que a jurisprudência da Corte Cidadã está dividida sobre o conceito do
39
que seria referida combinação de leis. O caso discutido foi a alteração sofrida pela Lei
de Crimes Hediondos e pela LEP diante do Pacote Anticrime:

5ª Turma - Não se admite combinação de leis na jurisprudência do STJ (Súmula 501) -


STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 721.925/SC-2022: “O acórdão fustigado encontra-se em
total sintonia com a jurisprudência deste Tribunal Superior, o qual, na análise da
retroatividade da lei penal material, tem entendido pela impossibilidade daquilo que a
doutrina penalista chama de "combinação de leis", isto é, deve ser analisada de forma
integral a nova lei mais benéfica, não se permitindo aplicação de uma parte do
dispositivo revogado e outra parte do novo dispositivo. “

6ª Turma - Pois não se trata de aplicar duas leis ao mesmo fato, mas sim a crimes
diferentes (princípio da individualização da pena) - STJ. 6ª Turma. AgRg no HC
707.263/SC-2022: “Na hipótese de múltiplos crimes praticados pelo sentenciado, cada
um mantém sua natureza na fase da execução da pena. Por isso, a incidência retroativa
do art. 112 da LEP, somente em relação a incisos mais benéficos à progressão de regime,
não significa cumulação de leis. Além de diferenciados, são distintos os cálculos para a
concessão de benefícios, a depender das particularidades de cada condenação, e não se
está criando uma terceira regra, não prevista na atual ou na antiga legislação, para o
mesmo ilícito.”

(E) INCORRETA
16. Paulo e Luciana foram chamados na escola pela dona e a diretora da escola,
Roseanne, em razão de sua filha Astreia apresentar problemas no manejo escolar. Em
uma reunião, foi informado para a escola que a criança foi diagnosticada com TEA –
Transtorno do Espectro Autista – e que, em razão de tal fato, talvez fosse necessário um
acompanhante especializado para frequentar o ensino de forma regular. Após tal
informação, foi informado que tal professor não seria possível pelo custo para sua
contratação, dando a opção de a criança ser separada das demais e acompanhada por
uma estagiária. Com a não concordância de Paulo e Luciana, a escola disse que teria que
desligar Astreia da escola. Após a reunião, a dona publicou no site da escola o caso,
afirmando que a escola não tinha condições de atender a criança e explicando seus
motivos. Paulo e Luciana contestaram a publicação na rede social, falando dos direitos
dos autistas, e procuraram Roseanne para retirada da publicação, oportunidade em que
ela afirmou que nada tinha feito de errado e que ainda iria processá-los por escrever
contra a escola. Considerando o caso, é correto afirmar que
(A) a escola e sua diretora não cometeram qualquer ilícito penal, sendo que a questão
afeta somente a esfera civil, na qual deve ser tratada a questão de eventuais danos
morais e atendidos os direitos da criança.
(B) a diretora e dona da escola não poderia ter excluído a criança da escola estando
enquadrada no artigo 1º da Lei nº 7.716/1989 pela discriminação quanto à doença da
criança, lei que deve ser aplicada em razão da decisão do STF que, ao julgar Ação Direta
de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 26 e no Mandado de Injunção nº 4.733,
criminalizou para as práticas de preconceito de homofobia e contra deficientes, apesar
de não haver tipificação específica.
40
(C) os pais da criança e a diretora cometeram crime, previsto no Art. 232 do ECA – Lei nº
8.069/1990 –, ao submeter a criança a constrangimento pelas publicações na internet,
sendo a questão da vaga e do atendimento resolvida conforme estabelecido nos artigos
58 e seguintes da Lei Federal nº 9.394/1996, art. 24 do Decreto nº 3.289/99 e art. 2° da
Lei nº 7.853/89.
(D) a dona e diretora da escola responderá por crime específico previsto no artigo 8º,
inciso I, da Lei nº 7.853/1989, por cessar a inscrição do aluno no estabelecimento, sem
justa causa, em razão de seu autismo, além de crime previsto no art. 88, § 2º, da Lei nº
13.146/2015, por ter praticado a discriminação em divulgação por meio de comunicação
social.
(E) a dona e diretora da escola incidiu no crime de injúria qualificada, previsto no art.
140, § 3º, do Código Penal, pela utilização de elemento referente à condição de pessoa
portadora de deficiência, enquanto os pais, ao não procurar a justiça e contestar a
publicação, cometeram o crime de exercício arbitrário das próprias razões, previsto no
art. 345 do Código Penal, ao fazer justiça com as próprias mãos.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Item incorreto de acordo com os comentários adiante assinalados.


(B) INCORRETA. O caso paradigma do STF não se aplica a situação narrada na questão,
sendo referente a atos discriminatórios relacionados à homofobia.

(C) INCORRETA. Os pais não cometeram delito algum, devendo a responsabilidade penal
ser imputada à diretora/dona da escola.

(D) CORRETA. O item está em sintonia com o art.8º, inciso I, da Lei nº 7.853/1989 e com
o art.88, § 2º, da Lei nº 13.146/2015.

Lei nº 7.853/1989

Art. 8o Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa:

I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição
de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, em razão
de sua deficiência;

Lei nº 13.146/2015

Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

(...)

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo é cometido por intermédio de meios 41
de comunicação social ou de publicação de qualquer natureza:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

(E) INCORRETA – Item incorreto de acordo com os comentários acima assinalados.

17 Analise as assertivas e assinale a alternativa correta. I. Constitui crime previsto no


Código Eleitoral o ato de restringir, impedir ou dificultar, com emprego de violência
física, sexual ou psicológica, o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão
de seu sexo, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. II. O crime de perseguição
previsto no artigo 147-A do Código Penal somente pode ser cometido contra mulher por
razões da condição do sexo feminino. III. A Lei nº 11.340/2006, conhecida como “Lei
Maria da Penha”, desde sua publicação, considera como crime o descumprimento de
Medidas Protetivas de Urgência. IV. Há crime de latrocínio quando o homicídio se
consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima. V. A extinção
do mandato do prefeito não impede a instauração de processo pela prática dos crimes
previstos no art. 1º do Dl. 201/67.
(A) Apenas II, IV e V estão corretas.
(B) Apenas I, II e III estão corretas.
(C) Apenas IV e V estão corretas.
(D) Apenas I, II, IV e V estão corretas.
(E) Apenas I, IV e V estão corretas.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(I) INCORRETA. – Crime está previsto no art.359-P do Código Penal, não havendo tal
previsão no Código Eleitoral.

(II) INCORRETA. O crime de Perseguição do art. 147-A do CP poderá ser cometido em


face de qualquer pessoa, não sendo necessariamente mulher. O fato de ser cometido
contra mulher por razões da condição do sexo feminino configura causa de aumento
de pena do § 1º.

(III) INCORRETA. O crime do art.24-A somente foi inserido na Lei 11.340/2006 pela
alteração promovida pela Lei 13.641/2018.

(IV) CORRETA. Redação da Súmula 610 do STF: “Há crime de latrocínio, quando o
homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.”

(V) CORRETA Redação da Sumula 703 do STF: “A extinção do mandato do Prefeito não 42
impede a instauração de processo pela prática dos crimes previstos no art. 1º do DL
201/67”.

18 Em conformidade com o entendimento consolidado pelo STJ quanto à Lavagem de


Bens, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a
alternativa com a sequência correta.
( ) É desnecessário que o autor do crime de lavagem de dinheiro tenha sido autor ou
partícipe da infração penal antecedente, basta que tenha ciência da origem ilícita dos
bens, direitos e valores e concorra para sua ocultação ou dissimulação.
( ) O crime de lavagem de bens, direitos ou valores, quando praticado na modalidade
típica de ocultar, é permanente, protraindo-se sua execução até que os objetos
materiais do branqueamento se tornem conhecidos.
( ) A prática de organização criminosa (art. 1º, VII, da Lei nº 9.613/1998) como crime
antecedente da lavagem de dinheiro é atípica antes do advento da Lei nº 12.850/2013,
por ausência de descrição normativa.
( ) Embora a tipificação da lavagem de dinheiro dependa da existência de uma infração
penal antecedente, é possível a autolavagem – isto é, a imputação simultânea, ao
mesmo réu, da infração antecedente e do crime de lavagem –, desde que sejam
demonstrados atos diversos e autônomos daquele que compõe a realização da primeira
infração penal, circunstância na qual não ocorrerá o fenômeno da consunção.
( ) Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, a autoridade policial
e o Ministério Público não têm acesso, independentemente de autorização judicial, a
todos os dados cadastrais de investigados, pois são protegidos pelo sigilo constitucional
(art. 17-B da Lei nº 9.613/1998).
(A) F – V – F – F – V.
(B) V – V – V – V – F.
(C) V – F – F – V – F.
(D) F – F – V – F – V.
(E) V – V – F – V – V.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

(A) VERDADEIRO. Conforme edição 166 da JURISPRUDENCIA EM TESE DO STJ.

(B) VERDADEIRO. Conforme jurisprudência pacifica do STF- AP 863/SP-2017, Rel. Min.


Edson Fachin (Info 866)

(C) VERDADEIRO. Conforme edição 167 da JURISPRUDENCIA EM TESE DO STJ.


43
(D) VERDADEIRO. Conforme edição 166 da JURISPRUDENCIA EM TESE DO STJ.

(E) FALSO Conforme edição 167 da JURISPRUDENCIA EM TESE DO STJ.

19 Considerando as excludentes do crime no Direito Penal Brasileiro, é correto afirmar


que
(A) enquanto o estrito cumprimento do dever legal tem natureza compulsória, o
exercício regular do direito tem natureza facultativa.
(B) o estado de necessidade, ao contrário da legítima defesa, não permite a configuração
do excesso.
(C) são excludentes de ilicitude admitidas pelo Direito Penal Brasileiro e expressamente
previstas no artigo 23 do Código Penal: o estado de necessidade, a legítima defesa, o
estrito cumprimento de dever legal, o consentimento do ofendido e o exercício regular
de direito.
(D) o princípio da insignificância, por entender que o crime não possui relevância penal,
constitui uma causa de exclusão da culpabilidade.
(E) é admitida a ocorrência de legítima defesa real contra legítima defesa putativa e de
legítima defesa real contra legítima defesa real.
RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. O Estrito Cumprimento do Dever Legal trata-se da ação praticada em


cumprimento de um dever imposto por lei, penal ou extrapenal, mesmo que cause lesão
a bem jurídico de terceiro. Tal excludente possui, conforme doutrina majoritária,
natureza compulsória. Já o Exercício Regular de Direito seria o desempenho de uma
atividade ou a prática de uma conduta autorizada por lei, que torna lícito um fato típico,
detendo natureza facultativa segundo a doutrina.

(B) INCORRETA. O item encontra-se errado, pois tanto o Estado de Necessidade como a
Legitima Defesa admitem a configuração do excesso, com base no art.23, parag.único.

(C) INCORRETA. As excludentes de ilicitude encontram-se previstas no art.23 do CP


sendo: o estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento de dever legal,
e o exercício regular de direito. O consentimento do ofendido NÃO É causa excludente
de antijuridicidade.

(D) INCORRETA. O principio da Insignificância na realidade compõe-se de causa


excludente de tipicidade no seu aspecto MATERIAL. Seus pressupostos para
reconhecimento são: a) a mínima ofensividade da conduta, (b) a ausência de
periculosidade social da ação, (c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
e (d) a inexpressividade da lesão jurídica.
44
(E) INCORRETA Não é possível falar em legítima defesa real contra legítima defesa
real, mas é admissível legítima defesa real contra legítima defesa putativa. De maneira
didática, quando estamos diante de uma legítima defesa real, está acontecendo uma
agressão injusta de alguém, exemplo, uma pessoa está sofrendo um assalto. Então, o
criminoso não poderá matar a vítima pra roubar alegando que está em legítima defesa,
a não ser que a quando a vítima se defenda esta venha a exceder na legitima defesa,
dando direito do bandido usar da legitima defesa sucessiva. Logo não cabe legitima
defesa Real contra Legitima defesa Real, pois somente uma das pessoas sofre agressão
injusta, a outra não.

20 Assinale a alternativa INCORRETA.


(A) O Promotor de Justiça, em suas alegações finais, pode e deve se manifestar sobre a
dosimetria da pena e quanto ao regime prisional, inclusive apelando ou opondo
embargos quanto a esses temas quando for o caso.
(B) A dosimetria da pena é matéria sujeita à certa discricionariedade judicial, à míngua
de previsão, no Código Penal, de rígidos esquemas matemáticos ou regras
absolutamente objetivas para a fixação da pena.
(C) Não há bis in idem na incidência da agravante genérica do art. 61, II, f, CP (com abuso
de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica),
concomitantemente com a causa de aumento de pena do art. 226, II, (se o agente é
ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre
ela) ambas do CP, no crime de estupro.
(D) É possível o reconhecimento da atenuante de confissão espontânea ao delito de
tráfico de drogas, quando o réu, em interrogatório judicial, confessa a destinação da
droga apreendida para uso próprio.
(E) A invocação da natureza e da quantidade da droga, como fundamento da
exasperação da pena-base, configura vetor suficiente a justificar a fixação da
reprimenda acima do mínimo legal, tendo em conta o disposto no art. 42 da Lei nº
11.343/2006.

RESPOSTA:D

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. De início, as alegações finais do Ministério Público possuem considerável


relevância, pois o parquet avalia se produziu o suficiente para se desincumbir do ônus
probatório que carrega, opinando, na forma do Art. 403, do CPP, pela condenação ou 45
absolvição do réu. De acordo com a doutrina majoritária e com expressa previsão no
Enunciado 04 do MPBA, podemos mencionar que: “A discussão dos elementos levados em
consideração na dosimetria da pena e no regime prisional, em todas as suas fases, pelo
Ministério Público, baseada nas provas produzidas nos próprios autos, seja, prioritariamente,
em sede de alegações finais, seja, subsidiariamente, em grau de recurso, é orientação salutar
para a sua condição de fiscal da lei, que embora atue, na maioria dos feitos criminais, como
órgão de acusação, não abandona o seu papel de custos iuris, realizado com imparcialidade.”

(B) CORRETA. Em decisão recente, o STF decidiu nos exatos termos do enunciado do
item: “ (...) 2. A dosimetria da pena é matéria sujeita a certa discricionariedade
judicial, à míngua de previsão, no Código Penal, de rígidos esquemas matemáticos ou
regras absolutamente objetivas para a fixação da pena. 3. A jurisprudência desta Corte
entende que a invocação da natureza e da quantidade da droga, como fundamento da
exasperação da pena-base, configura vetor suficiente a justificar a fixação da
reprimenda acima do mínimo legal, tendo em conta o disposto no art. 42 da Lei
11.343/2006. Precedentes.”- HC 215168/2022 AgR, Relator(a): ROSA WEBER.

(C) CORRETA. O STJ possui jurisprudência pacifica nesse sentido. Senão vejamos :

“1. “Não caracteriza bis in idem a utilização da agravante genérica prevista no art. 61, II, f, do
Código Penal e da majorante específica do art. 226, II, do Código Penal, tendo em vista que a
circunstância utilizada pelo Tribunal de origem para agravar a pena foi a prevalência de relações
domésticas no ambiente intrafamiliar e para aumentá-la na terceira fase, em razão da
majorante específica, utilizou-se da condição de padrasto da vítima, que são situações distintas.”
(REsp 1645680/RS, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
14/02/2017, DJe 17/02/2017)” (AgRg no REsp 1.872.170/DF, j. 09/06/2020).

“[…] A valoração negativa das circunstâncias do crime se deu com base no fato de que o acusado
praticava os delitos na própria casa da família e nas ocasiões em que a mãe da ofendida não
estava presente, o que tornava a vítima mais vulnerável às investidas do réu, enquanto a
majorante prevista no inciso II do art. 226 do CP, leva em consideração a existência de relação
de parentesco ou autoridade do sujeito ativo com a vítima, não restando caracterizado o
alegado bis in idem […]” (AgRg no AREsp 1.478.526/ES, j. 06/08/2019).

(D) INCORRETA. Item em contradição com o enunciado da Sumula 630 do STJ: "A
incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a
mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio."

(E) CORRETA Item em consonância com a jurisprudência atual do STJ: “É possível a


valoração da quantidade e natureza da droga apreendida, tanto para a fixação da pena-
base quanto para a modulação da causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei
n. 11.343/2006, neste último caso ainda que sejam os únicos elementos aferidos, desde
que não tenham sidos considerados na primeira fase do cálculo da pena.”
STJ. 3ª Seção. HC 725.534-SP/2022, Rel. Min. Ribeiro Dantas (Info 734).

46
21 Considerando o chamado crime impossível, assinale a alternativa correta.
(A) O momento correto para a avaliação da idoneidade do meio ou do objeto, para
configuração do crime impossível, deve ser no exato momento da consumação do crime,
pois somente no momento da consumação se pode avaliar a real situação dos fatos e
definir a ocorrência de crime impossível ou de tentativa.
(B) O crime impossível tem como natureza jurídica uma causa de excludente da
tipicidade ou da antijuridicidade dependendo da incidência do fato relativamente ao
meio executório empregado ou ao objeto material do crime.
(C) O tipo penal descrito no art. 33 da Lei nº 11.343/2006 é de ação múltipla e de
natureza permanente, razão pela qual a prática criminosa se consuma, por exemplo, a
depender do caso concreto, nas condutas de "ter em depósito", "guardar",
"transportar" e "trazer consigo", antes mesmo da atuação provocadora da polícia, o que
afasta a tese defensiva de flagrante preparado.
(D) A existência de monitoramento eletrônico de vigilância e a presença de seguranças
no estabelecimento impedem a configuração do crime de furto na forma consumada,
uma vez que produz uma idoneidade relativa, permitindo somente a tentativa.
(E) Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação, em razão da adoção da teoria subjetiva do crime impossível pelo Código
Penal Brasileiro.
RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Segundo a doutrina, a idoneidade deve ser identificada no momento


da ação ou omissão delituosa. Caso os meios ou objetos sejam concretamente
inidôneos para a consecução, antes da ação em si, temos configurado o crime
impossível. No caso dos meios ou objetos tornarem-se inidôneos concomitantemente
ou após o início da execução, teremos então uma tentativa.

(B) INCORRETA. A natureza jurídica do crime impossível é uma causa excludente da


tipicidade. A incidência do fato relativamente ao meio executório empregado ou ao
objeto material do crime não terá o condão de transforma-la em causa excludente de
ilicitude, sendo avaliada a incidência da figura da tentativa.

(C) CORRETA. O item traz o exato enunciado da jurisprudência em tese do STJ: “Em se
tratando o tráfico de drogas, nas condutas de “guardar”, “transportar” e “trazer
consigo”, de delito de natureza permanente, a prática criminosa, in casu, se consumou
antes mesmo da atuação policial (“compra fictícia”), o que afasta a alegação de
flagrante preparado.” (AgRg no AgRg no REsp 1.455.188/SP-2019).

Inclusive, o candidato deverá relembrar o delito previsto no art.33, § 1º, IV da Lei de


Entorpecentes. 47

(D) INCORRETA. Item em contradição com a Súmula 567 do STJ: “Sistema de vigilância
realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de
estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de
furto.”

(E) INCORRETA O item está em acordo com a Súmula 145 do STF, porém o erro está em
afirmar que a Teoria adotada pelo CP seria a Subjetiva, pois na verdade a adotada é a
Teoria objetiva temperada ou intermediária.

22 Caim foi preso e denunciado duas vezes por cometimento do crime de roubo
qualificado em concurso material, por ter, de posse de uma arma de fogo, abordado um
casal e roubado os celulares das vítimas. Na defesa prévia, o advogado do denunciado
alegou que a denúncia não poderia ser recebida porque:
1) não existe o concurso material de dois roubos, pois, apesar de existirem duas vítimas,
foi realizado somente em um ato;
2) a qualificadora do crime de roubo pelo uso da arma de fogo não pode subsistir, uma
vez que não há perícia da arma juntada nos autos, logo não há materialidade para
sustentar a qualificadora, ante o fato de não ter sido apreendida a arma;
3) o denunciado não tinha dolo do roubo, somente cometendo o ato, pois precisava usar
o celular para fazer uma ligação para sua mãe doente e estava voltando para devolver
logo após, no momento em que foi preso em flagrante e
4) também não poderia ser recebida, pois o celular roubado possuía valor muito baixo
sendo celular “comprado em camelô” do tipo “Smartphone Xing Ling”, custando
somente cinquenta reais, devendo ser aplicado o princípio da insignificância. Como
Promotor de Justiça, em resposta à defesa prévia apresentada e ao recebimento da
denúncia, aponte a correta manifestação ministerial.
(A) A denúncia deve ser integralmente recebida, não havendo qualquer reparação na
peça acusatória, uma vez que realizou a grave ameaça contra duas vítimas, sendo
irrelevante a juntada da perícia para configuração da qualificadora do uso de arma de
fogo, e ainda que teve o elemento subjetivo específico de subtrair a coisa para si e, por
fim, que o valor do bem subtraído não justifica a aplicação do princípio da insignificância,
pois o ato foi praticado com grave ameaça e uso de arma de fogo.
(B) A denúncia deve ser parcialmente recebida, uma vez que deve ser acolhida a tese de
crime único, afastando-se o concurso material de crimes, pois foi realizado somente um
ato, bem como afastada a qualificadora, pois se verificou que realmente não foi juntada,
na fase investigatória, a perícia da arma, que sequer foi apreendida, e mantido os
demais termos da denúncia.
(C) A denúncia não deve ser recebida, pois, como o denunciado estava indo devolver o
celular furtado que era de baixo valor, não subsiste o crime de roubo, restando somente
o crime de ameaça, que deve ser apurado perante o Juizado Especial Criminal. (D) A
48
denúncia deve ser parcialmente recebida, pois se verificou que realmente não foi
juntada, na fase investigatória, a perícia da arma, que sequer foi apreendida, devendo
ser afastada a qualificadora e mantidos os demais termos da denúncia.
(E) A denúncia deve ser parcialmente recebida, uma vez que o roubo praticado contra
vítimas diferentes em um único contexto configura o concurso formal e não crime único,
afastando-se o concurso material de crimes, pois foi realizado somente um ato,
devendo-se manter os demais termos da denúncia.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(1) CORRETA. O item está em consonância com a jurisprudência do STJ: “ (...) 5. A teor do
entendimento consolidado desta Corte, foi reconhecida a prática pelo réu de dois crimes de
roubo qualificado, em concurso formal próprio (CP, art. 70, primeira parte), já que, mediante
uma só ação e no mesmo contexto fático, foram subtraídos bens pertencentes a duas vítimas
distintas. (...) “ - (HC 596.204/SP-2020, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA.

Considerando que os crimes de roubo circunstanciado foram praticados mediante uma


única ação, no mesmo contexto fático, contra o patrimônio de três vítimas distintas,
caracteriza-se o concurso formal, e não unicidade de crimes ou concurso material.
(2) INCORRETA. Tanto a jurisprudência do STF como a do STJ possuem o entendimento
majoritário de que o reconhecimento da causa de aumento por uso de arma de fogo
prescinde (dispensa) da apreensão e da realização de perícia na arma, desde que o seu
uso no roubo seja provado por outros meios de prova, tais como a palavra da vítima ou
mesmo de testemunhas.
STF. 1ª Turma. HC 108034/MG, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 05/06/2012 (Info 674).
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1076476/RO, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
04/10/2018

(3) INCORRETA. A jurisprudência do STJ entende de forma pacifica pela impossibilidade


do reconhecimento da figura do “Roubo de Uso”, só sendo possível o já conhecido Furto
de Uso. (STJ. 5ª Turma. REsp 1323275-GO/2014, Rel. Min. Laurita Vaz(Info 539)

(4) INCORRETA. A jurisprudência do STJ entende de forma pacifica pela impossibilidade


do reconhecimento do Principio da Insignificancia ao crime de Roubo: “Não se aplica ao
crime de roubo porque se trata de delito complexo que envolve patrimônio, grave
ameaça e a integridade física e psicológica da vítima, havendo, portanto, interesse
estatal na sua repressão. Assim, tal conduta não pode ser considerado como de mínima
ofensividade, desprovido de periculosidade social, de reduzido grau de reprovabilidade
e de inexpressividade.” (STJ. 6ª Turma. RHC 56431/SC-2015, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura.

23 É entendimento pacificado do Superior Tribunal de Justiça – STJ –, relativamente à


49
interpretação da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006):
(A) para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei
Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima.
(B) a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica
contra a mulher é pública incondicionada, exceto no caso de desistência expressa da
vítima perante o Juiz.
(C) a suspensão condicional do processo não se aplica na hipótese de delitos sujeitos ao
rito da Lei Maria da Penha, aplicando, se couber, somente a transação penal.
(D) é inaplicável o princípio da insignificância no tocante aos crimes praticados contra a
mulher no âmbito das relações domésticas, somente se utilizando nas contravenções
penais previstas. (E) a prática de contravenção penal contra a mulher com violência ou
grave ameaça no ambiente doméstico possibilita a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Item em consonância com a Súmula 600-STJ: Para a configuração da


violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da
Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.
(B) INCORRETA. O item está de acordo com a Súmula 542 do STJ : "A ação penal relativa
ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública
incondicionada”. Porém, a exceção que o item destaca se refere apenas aos delitos cuja
ação penal seja de natureza condicionada à representação, com arrimo no art.16 da Lei
Maria da Penha.

(C) INCORRETA. Item em contradição com a Sumula 536 do STJ: “A suspensão


condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos
sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”. Além disso, deve-se observar o enunciado do
art.41 da Lei Maria da Penha.

(D) INCORRETA. O item encontra-se em discordância das Sumulas 588 e 589 do STJ:

Sum 588 STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência
ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa
de liberdade por restritiva de direitos.

Sum 589 STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções


penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

24 Quanto ao desvalor da ação e ao desvalor do resultado no Direito Penal, assinale a 50


alternativa INCORRETA.
(A) O desvalor da ação e o desvalor do resultado podem servir de fundamento para as
condições objetivas de punibilidade por parte minoritária da doutrina penal, que
entende que o desvalor do resultado, nos crimes de imprudência, constitui elemento
fora do injusto penal, uma vez que a norma implícita no tipo penal somente pode proibir
ações e nunca resultados típicos.
(B) O injusto penal, nos crimes de mera conduta, em que o legislador descreve somente
o comportamento do agente, sem se preocupar com o resultado, depende de uma
função seletiva, destacando determinadas condutas como intoleráveis para o Direito
Penal e aquelas ações que produzem lesões aos bens jurídicos tutelados, e somente
estará plenamente constituído o injusto em tais crimes quando, ao desvalor da ação,
acrescentar-se o desvalor do resultado.
(C) O crime de perigo abstrato exige uma materialidade, mas não um desvalor de
resultado, consubstanciada na periculosidade do comportamento — que não se
confunde com a exigência de lesão nem de perigo concreto. O reconhecimento dessa
materialidade é a única forma de compatibilizar a técnica legislativa de descrição de uma
mera conduta típica com o princípio de exclusiva proteção aos bens jurídicos,
consagrado pela dogmática penal, caracterizando o injusto penal.
(D) O STJ entendia que o crime de furto privilegiado qualificado não era permitido ante
o fato de que qualificadora encerrava, em si mesma, grande carga de desvalor da
conduta, não havendo, pois, como preponderar o desvalor do resultado, contudo
mudou o posicionamento para seguir o STF, em razão de determinadas qualificadoras,
mormente as de natureza objetiva.
(E) A punibilidade nos crimes culposos vindica uma conexão interna entre o desvalor da
ação e o desvalor do resultado, em que o desvalor da ação se constata pela
inobservância do cuidado objetivo devido e o desvalor do resultado pela lesão ou perigo
concreto de lesão para o bem jurídico, todavia tem como elemento decisivo da ilicitude
do fato culposo não propriamente o resultado lesivo causado pelo agente, mas o
desvalor da ação que praticou.

RESPOSTA: C.

ATENÇÃO! QUESTAO PASSIVEL DE ALTERAÇÃO OU ANULAÇÃO! POSSÍVEL GABARITO


CORRETO SERIA O ITEM “D”

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. O item encontra-se correto já que tal posicionamento refere-se a doutrina
minoritária. Em relação ao entendimento majoritário doutrinário, tem-se que o desvalor
do resultado, nos crimes de imprudência, constitui elemento próprio do injusto penal.

Ademais, a exigência de um resultado jurídico em todos os crimes vem exigida pelo 51


próprio art. 13 do CP, estando o desvalor do resultado presente tanto no resultado
exterior distinto da ação – resultado naturalista- , quanto na modificação do mundo
humano, que também se realiza nos delitos tradicionalmente indicados como de mera
atividade (ou mesmo formais).

(B) CORRETA. Item está correto diante do comentário acima assinalado.

(C) CORRETA. Diante da jurisprudência do STJ, o item assinalado está CORRETO, pois no
HC 194.468/2012 e no HC 118.773/2010, a Corte Superior destacou exatamente que
"tratando-se de crime de porte de arma de fogo, faz-se necessária a comprovação da
potencialidade do instrumento, já que o princípio da ofensividade em Direito Penal exige
um mínimo de perigo concreto ao bem jurídico tutelado pela norma, não bastando a
simples indicação de perigo abstrato. Em síntese, o crime de perigo abstrato não é de
mera conduta, mas exige uma materialidade, um desvalor de
resultado, consubstanciada na periculosidade do comportamento — que não se
confunde com a exigência de lesão nem de perigo concreto. O reconhecimento
dessa materialidade é a única forma de compatibilizar a técnica legislativa de descrição
de uma mera conduta típica com o princípio de exclusiva proteção aos bens jurídicos,
consagrado pela dogmática penal.”
(D) INCORRETA. Na verdade, o item encontra-se incorreto pois induz o candidato a erro,
tendo em vista ser pacifico na jurisprudência do STJ a possbilidade da figura do furto
qualificado-privilegiado ou furto híbrido, pois há inclusive entendimento Sumulado
sobre o assunto: Súmula 511-STJ: “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no
§ 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem
objetiva”.

(E) CORRETA O item encontra-se em concordância com o entendimento doutrinário


sobre o assunto. Segundo Carrara: “Os atos culposos, que se ligam a um vício da
vontade, são moralmente imputáveis, porque é um fato voluntário o
conservar inativas as faculdades intelectuais. O negligente, se bem que não tenha
querido a lesão do direito, quis, pelo menos, o ato no qual deveria reconhecer a
possibilidade ou a probabilidade dessa lesão”.

25. Aponte, dentre os seguintes entendimentos sobre matéria penal, qual está em
conformidade com o expressado pelo STF.
(A) O acórdão condenatório sempre interrompe a prescrição, exceto quando
confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena
anteriormente imposta.
(B) O previsto no inciso III, artigo 40 da Lei nº 11.343/2006, relativamente ao transporte 52
público no tráfico, está caraterizado ao se utilizar linha interestadual de ônibus para o
transporte de droga para outro estado.
(C) A reiteração criminosa indicadora de delinquência habitual ou profissional não é
suficiente para descaracterizar o crime continuado.
(D) A decisão que, com base em certidão de óbito falsa, julga extinta a punibilidade do
réu gera coisa julgada em sentido estrito e não pode ser revogada.
(E) No tráfico de drogas, a falta de laudo pericial da droga não conduz, necessariamente,
à inexistência de prova da materialidade de crime que deixa vestígios, a qual pode ser
demonstrada, em casos excepcionais, por outros elementos probatórios constantes dos
autos da ação penal.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O erro do item está na exceção apontada, pois segundo a jurisprudência
do STF: “o acórdão condenatório sempre interrompe a prescrição, inclusive quando
confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena
anteriormente imposta”.(STF. 1ª Turma. RE 1195122/2020 AgR-segundo, Rel. Min.
Marco Aurélio, Red. acórdão Min. Alexandre de Moraes.)
(B) INCORRETA. Item em discordância com a jurisprudência do STJ e do STF sobre o
assunto: “O art. 40, III, da Lei de Drogas prevê como causa de aumento de pena o fato
de a infração ser cometida em transportes públicos. Se o agente leva a droga em
transporte público, mas não a comercializa dentro do meio de transporte, não incidirá
essa majorante. A majorante do art. 40, II, da Lei n.° 11.343/2006 somente deve ser
aplicada nos casos em que ficar demonstrada a comercialização efetiva da droga em seu
interior. STF. 2ª Turma. HC 120624/MS, Red. p/ o acórdão, Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 3/6/2014 (Info 749). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.295.786-MS, Rel. Min.
Regina Helena Costa, julgado em 18/6/2014 (Info 543)

(C) INCORRETA. tem em discordância com a jurisprudência do STF sobre o assunto: “ É


necessário que entre essas condições haja uma ligação, um liame, de tal modo a
evidenciar-se, de plano, terem sido os crimes subsequentes continuação do primeiro”,
sendo certo, ainda, que o entendimento desta Corte é no sentido de que a reiteração
criminosa indicadora de delinquência habitual ou profissional é suficiente para
descaracterizar o crime continuado”. RHC 219983 AgR/2022 Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI.

(D) INCORRETA. O item encontra-se em contradição com o entendimento do STF sobre


o assunto: “1. A decisão que, com base em certidão de óbito falsa, julga extinta a
punibilidade do réu pode ser revogada, dado que não gera coisa julgada em sentido
estrito”. (STF, HC 104998, Rel. Min. DIAS TOFFOLI). Faz-se interessante recordar a
redação do art.62 do CPP : “No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da
certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a 53
punibilidade."

(E) CORRETA Item em concordância com o entendimento do STJ no AgRg no AGRAVO


EM RECURSO ESPECIAL N° 1.578.818 - MG (2019/0269972-6): “Em que pese a ausência
de laudo toxicológico definitivo, a materialidade pode ser comprovada, no caso dos
autos, por outros meios de prova, como o laudo preliminar, depoimento das
testemunhas e interrogatório do acusado"

DIREITO PROCESSUAL PENAL

26 Sobre sistemas processuais e competência, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) No sistema acusatório, o princípio do contraditório guarda especial relevância, o que
não o impede de ser postergado em determinadas circunstâncias.
(B) A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que foi praticado o último ato de
execução.
(C) A competência será determinada pela prevenção se, no mesmo caso, houverem sido
praticadas infrações para facilitar ou ocultar outras infrações, ou para conseguir
impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas.
(D) A competência será determinada pela conexão se, ocorrendo duas ou mais
infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou
por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias
pessoas, umas contra as outras.
(E) Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da
competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a
jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. O item está correto de acordo com a doutrina pátria, devendo o candidato
inclusive recordar dos institutos de provas cautelares, não repetíveis e antecipadas,
que em vários momentos encontram relação com o contraditório diferido/postergado.

(B) CORRETA. O item traduz a exata redação do art.70 do CPP: “A competência será, de
regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato de execução”.

(C) INCORRETA. O item está incorreto, pois não é caso de competência por prevenção,
e sim competência por conexão estabelecida no art.76, II do CPP:

Art. 76. A competência será determinada pela conexão: (...)


54
II – se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;

(D) CORRETA. Item correto. Trata-se da conexão intersubjetiva prevista no art.76, I do


CPP.

(E) CORRETA Item em perfeita consonância com o art.74, § 2o do CPP.

27 Em relação a inquérito policial e procedimento de investigação criminal no âmbito


do Ministério Público, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de
pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar,
mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados –
como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos
suspeitos do delito em curso.
(B) O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir
do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver
solto, mediante fiança ou sem ela.
(C) É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
(D) De acordo com a Resolução 181/2017 do CNMP, o procedimento investigatório
criminal é condição de procedibilidade para o ajuizamento de ação penal e não exclui a
possibilidade de formalização de investigação por outros órgãos legitimados da
Administração Pública.
(E) O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuições criminais, deverá
dar andamento, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar de seu recebimento, às
representações, requerimentos, petições e peças de informação que lhe sejam
encaminhadas, podendo esse prazo ser prorrogado, fundamentadamente, por até 90
(noventa) dias, nos casos em que sejam necessárias diligências preliminares.

RESPOSTA:

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Item em perfeita consonância com a redação do art.13-B do CPP: “Se
necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante 55
autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou
telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do
delito em curso. “

(B) CORRETA. Exata redação do art.10 do CPP.

(C) CORRETA. Exata redação da Súmula Vinculante 14 do STF

(D) INCORRETA. O item encontra-se incorreto, pois conforme redação do art.1, § 1°da
Resolução 181/2007 CNMP: “O procedimento investigatório criminal não é condição de
procedibilidade ou pressuposto processual para o ajuizamento de ação penal e não
exclui a possibilidade de formalização de investigação por outros órgãos legitimados da
Administração Pública”.

(E) CORRETA Exata redação do Art.3º, §4º da Resolução 181/2007 CNMP.

28 Considerando ação penal, jurisdição, competência e procedimentos, assinale a


alternativa correta.
(A) A resposta à acusação é o momento adequado para a defesa apresentar o rol de
testemunhas, porém, considerando o princípio da ampla defesa, não há que se falar em
preclusão.
(B) A suspensão dos prazos no recesso forense aplica-se, nos casos de réus presos, nos
processos vinculados a essas prisões e nos procedimentos regidos pela Lei Maria da
Penha, não podendo o juízo competente acrescentar outras hipóteses. É a inteligência
do artigo 798-A do CPP.
(C) À luz dos princípios da razoável duração do processo e da proporcionalidade, os
Tribunais Superiores admitem a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva com fundamento em pena hipotética, considerando circunstâncias que
agravam ou atenuam a pena.
(D) O princípio da Obrigatoriedade impõe que, presentes as condições da ação penal e
justa causa para o início da persecução penal em juízo, o Ministério Público é obrigado
a oferecer denúncia. A melhor doutrina considera o acordo de não persecução penal
uma exceção ao princípio em questão.
(E) A representação será irretratável, depois de recebida a denúncia.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O item está em concordância com o entendimento do STJ sobre o


assunto: “(...) O momento adequado para o réu arrolar testemunhas é na fase da defesa
preliminar, conforme estabelece o art. 396-A do Código de Processo Penal. Ultrapassado
esse momento, cabe ao magistrado, ao seu prudente critério, avaliar a importância da 56
oitiva requerida a destempo, como testemunha do Juízo, haja vista ser ele o destinatário
da prova.” (STJ. 5ª Turma. HC 244.048/RS-2012). Porém , faz-se necessário diferenciar
tal situação da atinente ao julgamento do REsp 1443533-RS/2015, onde o STJ
referendou que o defensor do acusado pode apresentar resposta à acusação e nela
afirmar que deseja arrolar testemunhas, mas que ainda não conseguiu ter contato com
o réu. Em virtude disso, a defesa pode pedir para indicar o rol de testemunhas
posteriormente. Neste caso, o magistrado pode, de forma motivada, deferir o pedido.
Vale ressaltar um aspecto muito interessante: nesta hipótese, segundo entendeu o STJ,
não há que se falar em preclusão porque não houve inércia da parte.

(B) INCORRETA. O item está inexato por discordância com o art.798-A do CPP, pois não
se aplica o recesso forense nos casos de que envolvam:

I- réus presos, nos processos vinculados a essas prisões;

II - nos procedimentos regidos pela Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da
Penha);

III - nas medidas consideradas urgentes, mediante despacho fundamentado do juízo


competente.
(C) INCORRETA. Item em exata contradição com a redação da Súmula 438/STJ: “É
inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo
penal.”

(D) CORRETA. O item descreve corretamente o conceito de Principio da


Obrigatoriedade, bem como destaca o detalhe da doutrina ressaltar o ANPP como
exceção a tal principio.

(E) INCORRETA O item está incorreto, pois conforme redação do art.25 do CPP, “a
representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.”

29 Quanto à prova no processo penal, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados
para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em
vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento
até o descarte. Seu início se dá com a preservação do local de crime ou com
procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
(B) Conforme o artigo 200 do CPP, a confissão será indivisível e retratável, sem prejuízo
do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.
(C) No que concerne à avaliação das provas, o Código de Processo Penal é adepto do 57
sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão racional.
(D) Segundo o entendimento mais recente do STJ, a alegação da defesa de quebra da
cadeia de custódia deve vir acompanhada da indicação do prejuízo. Vigora, portanto, o
princípio pas de nulitté sans grief, a teor do que dispõe o artigo 563 do CPP.
(E) Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o
fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Item se refere a exata redação do art.158-A, caput e § 1° do CPP.

(B) INCORRETA. O item está em completa contradição a redação original do art.200 do


CPP: “A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz,
fundado no exame das provas em conjunto”.

(C) CORRETA. Com fulcro no art.155 do CPP, o Processo Penal Brasileiro adotou, como
regra, o Sistema do Livre Convencimento Motivado: “O juiz formará sua convicção pela
livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”
(D) CORRETA. Item em perfeita consonância com a jurisprudência do STJ exarada no
REsp No 1825022 – MG/2019, Relator Ministro Sebastião Reis Júnior.

(E) CORRETA Item se refere a exata redação do art.239 do CPP

30 Sobre o tema prisão, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) Deve ser revista, a cada 90 dias, a necessidade da manutenção da prisão preventiva.
Providência que deve ser adotada pelo juiz que a decretou e por todos os tribunais por
onde o processo estiver em curso.
(B) O quebramento injustificado da fiança importará na perda do seu valor, cabendo ao
juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a
decretação da prisão preventiva.
(C) A decretação da prisão preventiva com fundamento na garantia da ordem pública
reclama um juízo de periculosidade do agente que, segundo a doutrina e jurisprudência,
pode ser revelada pela gravidade em concreto do delito praticado.
(D) Não é possível a decretação da prisão preventiva de ofício em face do que dispõe a
Lei nº 13.964/2019 – Pacote Anticrime – mesmo se decorrente de conversão da prisão
em flagrante.
(E) Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o
executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o
58
imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de
flagrante, providenciará para a remoção do preso.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. O item retrata a redação do art.316, parag.único do CPP: “Art. 316 (...)
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão
revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão
fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal”.

(B) INCORRETA. O item encontra-se incorreto, pois o quebramento injustificado da


fiança apenas autoriza a perda de METADE do seu valor, com fulcro no art.343 do CPP:
“O quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do seu valor,
cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso,
a decretação da prisão preventiva”

(C) CORRETA. O item está em consonância com a jurisprudência do STJ que firmou o
entendimento de que “a gravidade concreta da conduta é motivação idônea a
caracterizar o risco à ordem pública - um dos requisitos para se decretar a prisão
preventiva. A gravidade concreta do crime e a periculosidade do paciente, evidenciada
pelo modo como agiu -- efetuou disparos de arma de fogo contra a vítima, enquanto ela
dormia, porque suspeitava que ela lhe havia furtado R$ 200,00 -- justificam a prisão
preventiva para garantia da ordem pública (art. 312 do CPP).” (RHC 105.018/MS-2019,
Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro.)

(D) CORRETA. O STJ, no julgamento do RHC 131.263-GO/2021, Rel.


Min. Sebastião Reis Júnior, declarou que “após o advento da Lei n. 13.964/2019,
não é mais possível a conversão da prisão em flagrante em preventiva sem
provocação por parte ou da autoridade policial, do querelante, do assistente, ou
do Ministério Público, mesmo nas situações em que não ocorre audiência de
custódia. Nesse sentido, deve-se considerar o disposto no art. 3º-A do CPP, que
reafirma o sistema acusatório em que o juiz atua, vinculado à provocação do órgão
acusador; no art. 282, § 2º, do CPP, que vincula a decretação de medida cautelar
pelo juiz ao requerimento das partes ou quando, no curso da investigação criminal,
à representação da autoridade policial ou a requerimento do Ministério Público; e,
finalmente, no art. 311, também do CPP, que é expresso ao vincular a decretação
da prisão preventiva a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do
assistente, ou à representação da autoridade policial.Vale ressaltar que a prisão
preventiva não é uma consequência natural da prisão flagrante, logo é uma
situação nova que deve respeitar o disposto, em especial, nos arts. 311 e 312 do
CPP.”

59
(E) CORRETA O item refere-se a exata redação do art.290, caput do CPP.

31 Sobre Tribunal do Júri, assinale a alternativa correta.


(A) Segundo o entendimento mais recente do STJ, a anulação da decisão absolutória do
Conselho de Sentença, manifestamente contrária à prova dos autos, pelo Tribunal de
Justiça, por ocasião do exame do recurso de apelação interposto pelo Ministério Público,
não viola a soberania dos veredictos naqueles casos em que a negativa de autoria é a
única proposição defensiva e quando houve votação positiva dos dois primeiros quesitos
(materialidade e autoria).
(B) Os autos deverão ser remetidos pelo juiz presidente ao juiz criminal competente em
caso de desclassificação levada a efeito pelos jurados, por ocasião da sessão de
julgamento, de uma tentativa de homicídio para outro crime que não seja doloso contra
a vida.
(C) O juiz, fundamentadamente, impronunciará desde logo o acusado, quando
demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.
(D) Materialidade, autoria e causas atenuantes ou agravantes devem ser objeto de
deliberação dos jurados no momento da resposta aos quesitos.
(E) Os jurados excluídos por impedimento, suspeição ou incompatibilidade não serão
considerados para a constituição do número legal exigível para a realização da sessão.
RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Está correta de acordo com o entendimento do STJ, pois o STF possui
jurisprudência majoritária em sentido contrário que inclusive está pendente de decisão
de repercussão geral (tema 1087). Conforme STJ :”a anulação da decisão absolutória do
Conselho de Sentença (ainda que por clemência), manifestamente contrária à prova dos
autos, segundo o Tribunal de Justiça, por ocasião do exame do recurso de apelação
interposto pelo Ministério Público (art. 593, III, “d”, do CPP), não viola a soberania dos
veredictos”. (STJ. 5ª Turma. HC 560.668/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 18/08/2020).

Já o STF:” A absolvição do réu, ante resposta a quesito genérico de absolvição previsto


no art. 483, § 2º, do CPP, não depende de elementos probatórios ou de teses veiculadas
pela defesa. Isso porque vigora a livre convicção dos jurados.
Em razão da norma constitucional que consagra a soberania dos veredictos, a sentença
absolutória de Tribunal do Júri, fundada no quesito genérico de absolvição, não implica
nulidade da decisão a ensejar apelação da acusação. Os jurados podem absolver o réu
com base na livre convicção e independentemente das teses veiculadas, considerados
elementos não jurídicos e extraprocessuais.” (STF. 1ª Turma. HC 178777/MG, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 29/9/2020 (Info 993).
60
(B) INCORRETA. O item está incorreto, pois na sessão de julgamento em plenário,
deverá se observar o art.492, § 1º e 2º do CPP :

Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:

(...)

§ 1o Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular,


ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se,
quando o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração
penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099,
de 26 de setembro de 1995.

§ 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será
julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto
no § 1o deste artigo.

(C) INCORRETA. O item está incorreto, pois conforme art.415, IV do CPP, não é caso de
impronuncia e sim de absolvição sumária.

(D) INCORRETA. Conforme art.492,I, “b”do CPP, as circunstancias agravantes e


atenuantes serão decidas pelo magistrado em sede de sentença.
(E) INCORRETA Conforme art.463, § 2o do CPP: “Os jurados excluídos por impedimento
ou suspeição serão computados para a constituição do número legal.”

32 Em relação a nulidades, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo,
quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
(B) As nulidades ocorridas durante o julgamento em plenário, em audiência ou em
sessão do tribunal devem ser arguidas logo depois de ocorrerem.
(C) A inquirição das testemunhas pelo Juiz antes que seja oportunizada às partes a
formulação das perguntas, com a inversão da ordem prevista no art. 212 do Código de
Processo Penal, constitui nulidade relativa.
(D) Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que
tenha concorrido, ou referente à formalidade cuja observância só à parte contrária
interesse.
(E) As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos das
contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser
supridas a todo o tempo, antes da realização da audiência de instrução e julgamento.

RESPOSTA: E 61
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. O item compõe-se da exata redação do art.567 do CPP.

(B) CORRETA. O item compõe-se da exata redação do art.571, VIII do CPP.

(C) CORRETA. O item está de acordo com a jurisprudência do STJ: “A inobservância da


ordem de inquirição de testemunhas prevista no art. 212 do CPP é causa de NULIDADE
RELATIVA. Logo, o reconhecimento do vício depende de arguição em momento oportuno
e de comprovação do prejuízo para a defesa.” (STJ. 6ª Turma. HC 212618-RS, Rel.
originário Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
24/4/2012 (Info 496).

(D) CORRETA. O item compõe-se da exata redação do art.565 do CPP.

(E) INCORRETA O item compõe-se de erro, pois, conforme art.569 do CPP, tal
possibilidade se dá até a sentença final: “As omissões da denúncia ou da queixa, da
representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de
prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final.”

33 Quanto aos recursos no processo penal, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) Conforme o posicionamento mais recente do STF, não caracteriza violação ao
princípio da non reformatio in pejus a majoração unicamente da pena de multa por
tribunal, na hipótese de recurso exclusivo da defesa.
(B) Dentre outras hipóteses, caberá recurso em sentido estrito da decisão que não
receber a denúncia ou queixa, que pronunciar o réu e que recusar homologação à
proposta de acordo de não persecução penal.
(C) Dentre outras hipóteses, caberá recurso em sentido estrito da decisão que decretar
a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade.
(D) O pedido de reconsideração não possui respaldo na legislação processual penal
vigente, por isso não suspendem prazos e tampouco impedem a preclusão.
(E) Conforme o entendimento dos Tribunais Superiores, o mandado de segurança não
se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério
Público.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Conforme jurisprudência do STF no RHC 194952 AgR/SP-2021, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski: “(...) caracteriza manifesta ilegalidade, por violação ao princípio
da “non reformatio in pejus”, a majoração da pena de multa por tribunal, na hipótese 62
de recurso exclusivo da defesa. Isso porque, na apreciação de recurso exclusivo da
defesa, o tribunal não pode inovar na fundamentação da dosimetria da pena, contra o
condenado, ainda que a inovação não resulte em aumento da pena final”.

(B) CORRETA. O item encontra perfeita sintonia com a redação do art.581, I, IV e XXV do
CPP.

(C) CORRETA. O item encontra perfeita sintonia com a redação do art.581, VIII.

(D) CORRETA. Conforme jurisprudência do STF na Rcl 43007 AgR/DF-2021, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski: “Os pedidos de reconsideração carecem de qualquer respaldo no
regramento processual vigente. Eles não constituem recursos em sentido estrito, nem
mesmo meios de impugnação atípicos. Por isso, não suspendem prazos e tampouco
impedem a preclusão”.

(E) CORRETA Exata redação da Súmula 604 do STJ: “O mandado de segurança não se
presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério
Público”.

34 Em relação à Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006), assinale a alternativa INCORRETA.


(A) Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
(B) Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos na Lei de
Drogas, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e
ouvido o Ministério Público, procedimentos investigatórios como a infiltração policial e
a não-atuação policial.
(C) Em relação aos crimes previstos na Lei de Drogas, o inquérito policial será concluído
no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 60 (sessenta) dias, quando
solto, o que não impede que esses prazos possam ser duplicados pelo juiz, ouvido o
Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
(D) O artigo 57 da Lei de Drogas coloca como primeiro ato da audiência de instrução e
julgamento o interrogatório do acusado, regra que foi superada pelo entendimento já
pacificado do STF e STJ. Sob pena de nulidade, o interrogatório deve ocorrer após a oitiva
das testemunhas, prevalecendo a regra do artigo 400 do Código de Processo Penal.
(E) De acordo com entendimento consagrado pelo STF, o excesso de prazo na instrução
criminal não resulta de uma simples operação aritmética. O excesso pode ser justificado
pela complexidade do processo, atos procrastinatórios da defesa ou o número de réus
envolvidos.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Exata redação do art.50, § 1º da Lei nº 11.343/2006. 63


(B) CORRETA. Exata redação do art.53 da Lei nº 11.343/2006.

(C) INCORRETA. Errado. O item está em contradição com o art.51 do CPP que estabelece
o prazo de 90 dias (e não 60 dias) para o indiciado solto: “O inquérito policial será
concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias,
quando solto. “

(D) CORRETA. Tanto o STJ como o STF possuem entendimento jurisprudencial pacifico
nesse sentido.

STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816).
STJ. 6ª Turma. HC 403.550/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
15/08/2017.

(E) CORRETA O item encontra-se em acordo com a jurisprudência do STF sobre o assunto
( HC 178.101/2019, Rel. Ministra Rosa Weber)

35 Sobre Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013), assinale a alternativa


INCORRETA.
(A) Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores
a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
(B) O juiz não poderá receber denúncia ou queixa-crime com fundamento apenas nas
declarações do colaborador.
(C) Medidas cautelares não poderão ser decretadas com fundamento apenas nas
declarações do colaborador.
(D) A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do
cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou
cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.
(E) O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos
em sigilo até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, excepcionalmente o
magistrado poderá decidir por sua publicidade desde que, de forma fundamentada, e
após a oitiva do Ministério Público.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Exata redação do art.1º, § 1º da Lei nº 12.850/2013.

(B) CORRETA. Exata redação do art.4º, § 16, II da Lei nº 12.850/2013


64
(C) CORRETA. Exata redação do art.4º, § 16, I da Lei nº 12.850/2013

(D) CORRETA. Exata redação do art.2º, § 6º da Lei nº 12.850/2013.

(E) INCORRETA O item está em contradição com o art.7º, § 3º da Lei nº 12.850/2013,


pois é vedado ao magistrado em qualquer hipótese decidir pela sua publicidade.

36 Em relação aos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95) e sua interpretação


pelos Tribunais Superiores, assinale a alternativa correta.
(A) Economia processual, oralidade, formalidade e celeridade são princípios que regem
o procedimento nos Juizados Especiais Criminais.
(B) A existência de inquérito policial em curso é circunstância idônea a obstar o
oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo.
(C) É inconstitucional o artigo 90-A da Lei nº 9.099/95, que veda a aplicação desta aos
crimes militares.
(D) Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidos ou não pela Lei nº 9.099/95, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado
não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes
os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena.
(E) É inconstitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de termos
circunstanciados pela Polícia Militar por se tratar de invasão da competência legislativa
da União.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Conforme art.2º da Lei 9.099/95, o principio da formalidade não integra
o rol de princípios atinentes a referida legislação.

(B) INCORRETA. Conforme art.89 da Lei 9.099/95, apenas no caso de o acusado estar
sendo PROCESSADO (ação) compor-se-ia causa de impedimento para sursis processual.
Assim, a existência de inquérito policial em curso não é circunstância idônea a obstar o
oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo.

(C) INCORRETA. A Quinta Turma do STJ decidiu pela constitucionalidade do art. 90-A da
Lei n. 9.099/95, que veda a aplicação desta aos crimes militares. (AgRg no AREsp
1104239/MG-2022)

(D) CORRETA. Exata redação do art.89 da Lei 9.099/95. 65


(E) INCORRETA O STF (ADI 5637/MG-2022, Rel. Min. Edson Fachin) proferiu
entendimento no sentido de ser “constitucional norma estadual que prevê a
possibilidade da lavratura de termos circunstanciados pela Polícia Militar e pelo Corpo
de Bombeiro Militar”.

37 Quanto à Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/2006), assinale a alternativa INCORRETA.


(A) O juiz pode fixar valor de indenização a título de dano moral por ocasião da sentença
nos crimes cometidos no contexto de violência doméstica contra a mulher.
(B) É uma forma de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras, a
violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a
manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,
coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a
sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force
ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem,
suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e
reprodutivos.
(C) As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, após a
manifestação favorável do Ministério Público, independentemente de audiência das
partes.
(D) Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão
preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Público ou mediante representação da autoridade policial.
(E) São exemplos de medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor:
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; restrição ou
suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar; prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Conforme jurisprudência em tese do STJ (tema 983) : “ é possível a fixação
de valor mínimo de indenização a título de dano moral, desde que haja pedido expresso
da acusação ou da parte ofendida, ainda que sem especificação do valor. Essa
indenização não depende de instrução probatória específica sobre a ocorrência do dano
moral, pois se trata de dano presumido”.

(B) CORRETA. Exata redação do art.7º, III da Lei n° 11.340/2006.

(C) INCORRETA. O item encontra-se em contradição com o art.19, § 1º da Lei n°


11.340/2006, pois poderá ser concedida, nos casos de urgência, sem manifestação
previa do MP. 66
(D) CORRETA. Exata redação do art.20 caput da Lei n° 11.340/2006.

(E) CORRETA Exata redação do art.22,II,IV e V da Lei n° 11.340/2006.

38 Sobre o acordo de não persecução penal, assinale a alternativa correta.


(A) O acordo de não persecução penal poderá ser oferecido nos casos de crimes
praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher
por razões da condição do sexo feminino desde que o investigado não seja reincidente
específico.
(B) A celebração do acordo de não persecução penal não será possível naquelas
hipóteses em que seja cabível a suspensão condicional da pena.
(C) É possível a renúncia voluntária a bens e direitos indicados pelo Ministério Público
como instrumentos, produto ou proveito do crime, como condição para a celebração do
acordo de não persecução penal.
(D) Conforme o entendimento pacificado do STJ, o acordo de não persecução penal
aplica-se aos fatos ocorridos antes da Lei nº 13.964/2009 (Pacote Anticrime), desde que
não tenha sido prolatada sentença.
(E) A possibilidade de oferecimento de transação penal de competência dos Juizados
Especiais Criminais não impede a celebração do acordo de não persecução penal.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Item em contradição com a redação do art.28-A, § 2º, IV do CPP.

(B) INCORRETA. Não há previsão legal no CPP no sentido de impossibilitar o ANPP nas
hipóteses em que seja cabível a suspensão condicional da pena, sendo apenas declarado
impossível a celebração no caso de ser cabível transação penal prevista na Lei 9.099.
(C) CORRETA. Item em consonância com a redação do art.28-A, II do CPP

(D) INCORRETA. Tanto o STF (HC 191464/2020 AgR, Rel. Roberto Barroso) como o STJ
(HC 607003-SC/2020, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca) possuem entendimento no
sentido de que: “O acordo de não persecução penal aplica-se a fatos ocorridos antes da
Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia.

(E) INCORRETA Item em contradição com a redação do art.28-A, § 2º, I do CPP.

39 Sobre Execução Penal, assinale a alternativa correta. 67


(A) De acordo com o entendimento do STF, a ausência de estabelecimento penal
adequado para o regime fixado permite a manutenção do condenado em regime mais
gravoso.
(B) O STJ reconhece a retroatividade do patamar estabelecido no art. 112, V, da Lei de
Execução Penal (40%), incluído pelo Pacote Anticrime, àqueles apenados que, embora
tenham cometido crime hediondo ou equiparado sem resultado morte, não sejam
reincidentes em delito de natureza semelhante.
(C) O STF possui entendimento que o patamar mínimo diferenciado de remuneração aos
presos previsto na Lei de Execução Penal (inferior ao salário-mínimo) representa
violação ao princípio da dignidade humana e da isonomia.
(D) A prática de falta grave interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou
indulto.
(E) O condenado que cumpre a pena em regime fechado, semiaberto ou aberto poderá
remir, por trabalho ou estudo, parte do tempo de execução da pena, e o tempo remido
será considerado como pena cumprida.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. O item está em desacordo com a Súmula Vinculante 56 do STF: “A falta
de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros
fixados no RE 641.320/RS”.

(B) CORRETA. No julgamento do REsp 1910240-MG/2021, o STJ decidiu justamente que


“é reconhecida a retroatividade do patamar estabelecido no art. 112, V, da LEP, incluído
pela Lei nº 13.964/2019, àqueles apenados que, embora tenham cometido crime
hediondo ou equiparado sem resultado morte, não sejam reincidentes em delito de
natureza semelhante.”

(C) INCORRETA. Inicialmente, de acordo com o art.29 da LEP: “O trabalho do preso será
remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do
salário mínimo”. Analisando tal dispositivo, o STF, no julgamento da ADPF 336/DF-2021,
Rel. Min. Luiz Fux, decidiu que “o patamar mínimo diferenciado de remuneração aos
presos previsto no art. 29, caput, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP) não
representa violação aos princípios da dignidade humana e da isonomia, sendo
inaplicável à hipótese a garantia de salário-mínimo prevista no art. 7º, IV, da
Constituição Federal”. A razão disso é que o preso não se sujeita ao regime da
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (art. 28, § 2º, da LEP) e seu trabalho possui
finalidades educativa e produtiva, não podendo ser comparado com o trabalho das
pessoas que não cumprem pena.

(D) INCORRETA. O item está em desacordo com a Súmula 535 do STJ: "A prática de falta 68
grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto."

(E) INCORRETA Com fulcro no art.126 da LEP, a remição apenas se aplica aos regimes
fechado e semi-aberto: “O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou
semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da
pena”.

40 Considerando a jurisprudência do STF e STJ em matéria de processo penal, assinale a


alternativa INCORRETA.
(A) A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei nº 9.099/1995 não
faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
(B) Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo,
ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei
n° 8.072/1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.
(C) Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia da
defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento
penitenciário federal.
(D) Não se mostra razoável, para a realização da audiência de custódia, determinar o
retorno de investigado à localidade em que ocorreu a prisão quando este já tenha sido
transferido para a comarca em que se realizou a busca e apreensão.
(E) A superveniência da sentença condenatória não prejudica o pedido de trancamento
da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. O Item está em exata conformidade com o enunciado da Súmula


Vinculante 35 do STF: ” A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei
9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a
situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução
penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.”

(B) CORRETA. O Item está em exata conformidade com o enunciado da Súmula


Vinculante 26 do STF: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena
por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de
avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de
exame criminológico.” 69
(C) CORRETA. O Item está em exata conformidade com o enunciado da Súmula 639 do
STJ: “Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia da
defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento
penitenciário federal.”

(D) CORRETA. O Item está em exata conformidade com a jurisprudência do STJ exarada
no julgamento do CC 182728-PR-2021, Rel. Min. Laurita Vaz (INFORMATIVO 714)

(E) INCORRETA O Item está em exata conformidade com o enunciado da Súmula 648 do
STJ: "A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de trancamento da
ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus".

DIREITO CIVIL
41 Conforme a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, é correto afirmar que
(A) o início da vigência da lei ocorre no prazo de 30 (trinta) dias depois de ela ser
oficialmente publicada, salvo disposição em contrário.
(B) para que haja repristinação, é necessário que a norma repristinatória preveja
expressamente a restauração da vigência da norma revogada.
(C) o prazo para começo de vigência da lei não sofre alteração se, antes de ela entrar em
vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada à correção.
(D) as correções a texto de lei já em vigor não são consideradas lei nova.
(E) a lei somente deixa de viger quando termina o prazo preestabelecido para ela vigorar
ou quando lei posterior expressamente revogá-la.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. Segundo o art. 1º da LINDB, salvo disposição contrária, a lei começa a
vigorar em todo o país 45 dias após a sua publicação, momento em que se torna
obrigatória. Portanto, a lei é elaborada, promulgada e publicada, tendo vigência
somente após o período a que se denomina de "vacatio legis". Normalmente o próprio
texto da lei prevê o período da “vacatio legis", como aconteceu com o CC/02, onde o
legislador dispôs no art. 2.044 que “Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua
publicação". Entretanto, nada impede que ela entre em vigor na data da sua publicação.
(B) CORRETA. Alternativa justificada pela letra de lei, art. 2º, §3º, da LINDB. O § 3° do
art. 2° da Lei de Introdução é claro em prever que o referido instituto não existe se – e
somente se – não houver nada em contrário, haja vista conter a cláusula “salvo
disposição em contrário”. Portanto, havendo qualquer disposição em sentido diverso, é
de rigor reconhecer o revigoramento de uma norma anteriormente revogada.
(C) INCORRETA. De acordo com o art. 1º, §3º, da LINDB se, antes de entrar a lei em vigor,
ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos 70
parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. Dessa forma, nos casos em
que se fizer necessária republicação de lei ainda não publicada ou publicada mas ainda
não vigente, por conter incorreções e erros materiais que lhe desfigurem o texto, a Casa
de onde a mesma se originou publicará nova lei corrigida, e o seu período de vigência
deverá ser contado a partir da nova publicação.
(D) INCORRETA. Conforme o §4º do art. 1º da LINDB, as correções a texto de lei já em
vigor consideram-se lei nova. Não obstante, o art. 2º da LINDB prevê que “Não se
destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
Nesse sentido, da leitura dos artigos acima transcritos, que não se destinando à vigência
temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Entretanto, as
correções a texto de lei já em vigor, consideram-se, sim, lei nova, pois não há como ser
corrigida a lei mediante mera interpretação judicial analógica; faz-se necessário a
produção de lei corretiva.
(E) INCORRETA. Alternativa justificada pela letra do art. 2º, §1º, da LINDB, o qual
estabelece que a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare,
quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior.

42 Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a


alternativa com a sequência correta.
(V) O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do seu
titular e, assim sendo, os herdeiros da vítima possuem legitimidade ativa para ajuizar ou
prosseguir a ação indenizatória.
(F) A indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa, com fins
econômicos ou comerciais, depende de prova do prejuízo.
(V) Segundo a jurisprudência do STJ, a regra é que os danos sejam comprovados pelo
ofendido para que se justifique o arbitramento judicial de indenização. Todavia, em
hipóteses excepcionais, são admitidos os chamados danos in re ipsa, nos quais o
prejuízo, por ser presumido, independe de prova.
(V) Em ação de reparação de danos movida em face do segurado, a seguradora
denunciada pode ser condenada direta e solidariamente junto com este a pagar a
indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice.
(V) Só responde por danos materiais e morais o endossatário que recebe título de
crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola os poderes de mandatário
ou em razão de ato culposo próprio, como no caso de apontamento depois da ciência
acerca do pagamento anterior ou da falta de higidez da cártula.
(A) V – V – F – V – F.
(B) F – V – V – F – V.
(C) V – F – V – F – F.
71
(D) V – F – V – V – V.
(E) V – V – V – V – F.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) CORRETA. Afirmativa 1 - VERDADEIRA. Entendimento firmado pela Súmula 642 do
STJ: “O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do
titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a
ação indenizatória”.
Afirmativa 2 – FALSA. Entendimento firmado pela Súmula 403 do STJ, que ficou com a
seguinte redação: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”.
Afirmativa 3 – VERDADEIRA. No direito brasileiro, a regra é que os danos sejam
comprovados pelo ofendido para que se justifique o arbitramento judicial de
indenização. Entretanto, em hipóteses excepcionais, são admitidos os chamados danos
in re ipsa, nos quais o prejuízo, por ser presumido, independe de prova. Ao longo do
tempo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já estabeleceu uma série de situações em
que há a configuração do dano in re ipsa, e continua analisando, cotidianamente, os
mais diversos casos em que se pode ou não presumir a existência do dano.
Afirmativa 4 – VERDADEIRA. Entendimento firmado pela Súmula 537 do STJ: Em ação de
reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou contestar o
pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao
pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice.
Afirmativa 5 – VERDADEIRA. Entendimento firmado com base na Súmula 476 do STJ, a
qual afirma que o endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde
por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário.
Com isso, firmou-se a tese na qual tivemos a seguinte afirmativa: “Só responde por
danos materiais e morais o endossatário que recebe título de crédito por endosso-
mandato e o leva a protesto se extrapola os poderes de mandatário ou em razão de ato
culposo próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do pagamento
anterior ou da falta de higidez da cártula” (Recurso Especial nº 1.063.474).
(E) INCORRETA. Independentemente do objeto, o testamento pode ser revogado pelo
testador. A revogação é feita pelo testador que, em vida, se manifesta conscientemente
com o fim de tornar o testamento ineficaz. É nula de pleno direito, por ofensa ao
princípio da autonomia da vontade, eventual cláusula testamentária em que o testador
declare que nunca revogará seu testamento. A fundação instituída por escritura pública
é irrevogável, de modo que, uma vez lavrada a dita escritura, o instituidor é obrigado à
transferir à fundação a propriedade dos bens dotados ou outro direito real sobre os bens 72
dotados, sob pena de ação de adjudicação compulsória, quando, então, o registro dos
bens em nome da fundação será feito por mandado judicial (art. 64 do CC - Constituída
a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a
propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão
registrados, em nome dela, por mandado judicial.).

43 Analise as assertivas e assinale a alternativa correta.


I. A existência do crédito, para o fim de submissão aos efeitos da recuperação judicial, é
determinada pela data em que ocorreu o seu fato gerador.
II. Os atos praticados com a intenção de prejudicar credores são revogáveis, provando-
se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo
prejuízo sofrido pela massa falida, e a ação revocatória deverá ser proposta pelo
administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público.
III. As despesas que os credores fizerem, para tomar parte na recuperação judicial ou na
falência, são exigíveis do devedor.
IV. Não é possível litisconsórcio de credores a fim de satisfazer o limite mínimo de 40
(quarenta) salários-mínimos para o pedido de falência.
V. O Ministério Público pode, até o encerramento da recuperação judicial ou da falência,
pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação de qualquer crédito, nos casos de
descoberta de simulação ou de documentos ignorados na época do julgamento do
crédito.
(A) Apenas I, II e V estão corretas.
(B) Apenas II, III e V estão corretas.
(C) Apenas I, III e IV estão corretas.
(D) Apenas IV e V estão corretas.
(E) Apenas I, II, III e IV estão corretas.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS
(A) CORRETA. Afirmativa 1 – CORRETA. Essa foi a tese aprovada pela 2ª Seção do
Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de recursos repetitivos, quais sejam: REsp
1.840.531, REsp 1.840.812, REsp 1.842.911, REsp 1.843.332 e REsp 1.843.382. Dessa
forma, para o fim de submissão aos efeitos da recuperação judicial, considera-se que a
existência do crédito é determinada pela data em que ocorreu o seu fato gerador, não
pelo trânsito em julgado da sentença que o reconhece.
Afirmativa 2 – CORRETA. A ação revocatória (ação autônoma) é utilizada nas hipóteses
em que se pleiteia declarar a revogação de um ato que tenha sido praticado pelo
devedor. Existem duas hipóteses contempladas na LRF, a primeira trata-se de atos
73
ineficazes (art. 129, LRF) e a segunda de atos que podem ser revogados (art. 130, LRF).
O ato que foi praticado é valido, mas não produz efeitos perante a massa (não se fala
em ato anulável ou nulo). A ação revocatória por revogação, deverá ser proposta
(legitimados ativos) pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério
Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência. Ultrapassado esse
prazo não será possível a propositura da revocatória por revogação.
Afirmativa 3 – INCORRETA. Justificada pela letra da Lei de Recuperação Judicial e
Extrajudicial, em seu art. 5º, inciso II: “Não são exigíveis do devedor, na recuperação
judicial ou na falência: II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na
recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o
devedor.”.
Afirmativa 4 – INCORRETA. Justificada pela letra da Lei de Recuperação Judicial e
Extrajudicial, em seu art. 94, inciso I, §1º, in verbis: “Art. 94. Será decretada a falência
do devedor que: I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; § 1º
Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o
pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo.”.
Afirmativa 5 – CORRETA. Justificada pela letra da Lei de Recuperação Judicial e
Extrajudicial, em seu art. 19: “O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o
representante do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação
judicial ou da falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no
Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação de
qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro
essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito ou da
inclusão no quadro-geral de credores.”.
(B) INCORRETA.
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA.

44 Assinale a alternativa INCORRETA.


(A) Quando parte da herança consistir em bens digitais de difícil avaliação econômica, é
possível a cisão do inventário em duas etapas a fim de evitar que se prolongue
indefinidamente a avaliação dos bens e que se inviabilize o acesso aos bens já passíveis
de avaliação.
(B) A aceitação ou adição da herança é o ato do herdeiro que confirma a transmissão da
herança.
(C) O ato para dispor da meação equipara-se à cessão de direitos hereditários, devendo
ser realizado por instrumento público ou termo judicial.
74
(D) É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros,
ainda que a Constituição Federal promova diferenciação entre as entidades familiares
ao dispor que a lei deve facilitar a conversão de união estável em casamento.
(E) O direito à sucessão aberta e o direito à herança constituem bens imóveis.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. A afirmação dessa alternativa está correta, conforme o que dispõe no
art. 2021, do CC/2002, o qual aduz que “Quando parte da herança consistir em bens
remotos do lugar do inventário, litigiosos, ou de liquidação morosa ou difícil, poderá
proceder-se, no prazo legal, à partilha dos outros, reservando-se aqueles para uma ou
mais sobrepartilhas, sob a guarda e a administração do mesmo ou diverso inventariante,
e consentimento da maioria dos herdeiros.”. Portanto, não é o gabarito da questão.
(B) INCORRETA. A afirmação dessa alternativa está correta, conforme o conceito de
aceitação ou adição de herança, que consiste no ato pelo qual o herdeiro anui à
transmissão dos bens do de cujus, ocorrida por lei com a abertura da sucessão,
confirmando-a. Nesse sentido, temos a aceitação expressa ou tácita, conforme o art.
1.805, do CC/2002: “A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração
escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de
herdeiro”, bem como temos a aceitação presumida, que é quando o herdeiro
permanece silente, depois de notificado, nos termos do art. 1.807, CC/2002. Portanto,
não é o gabarito da questão.
(C) CORRETA. A afirmação dessa alternativa está incorreta, em razão de o ato de
disposição patrimonial representado pela cessão gratuita da meação em favor dos
herdeiros configura uma verdadeira doação, a qual, nos termos do art. 541 do Código
Civil, que poderá ser feito por Escritura Pública ou instrumento particular. Portanto, é o
gabarito da questão.
(D) INCORRETA. A afirmação dessa alternativa está correta, tendo em vista que no
sistema constitucional vigente, é inconstitucional a diferenciação de regimes
sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos,
o regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil. Com base nesse entendimento, o
Plenário, ao apreciar o Tema 498 da repercussão geral, por maioria, deu provimento ao
recurso extraordinário para reconhecer, de forma incidental, a inconstitucionalidade do
art. 1.790 (1) do Código Civil de 2002 e declarar o direito do recorrente de participar da
herança de seu companheiro, em conformidade com o regime jurídico estabelecido no
art. 1.829 do referido código. Portanto, não é o gabarito da questão.
(E) INCORRETA. A afirmação dessa alternativa está correta, conforme o que dispõe no
art. 80, inciso II, do CC/2022, in verbis: “Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos
legais: II - o direito à sucessão aberta.”. Portanto, não é o gabarito da questão.

45 Acerca das fundações privadas, assinale a alternativa correta. 75


(A) Sendo insuficientes os bens destinados a constituir uma fundação, serão convertidos
em títulos da dívida pública até que, aumentados com os rendimentos ou doações,
torne-se possível a realização da fundação, salvo previsão em contrário pelo seu
instituidor.
(B) As fundações que estenderem suas atividades por mais de um Estado da Federação
serão fiscalizadas pelo Ministério Público Federal.
(C) O Ministério Público possui o prazo decadencial de 45 (quarenta e cinco) dias para
aprovar reforma de estatuto de fundação, findo o qual ou no caso de o Ministério
Público denegá-la, poderá o juiz suprir a aprovação, a requerimento do interessado.
(D) Caso o estatuto da fundação não seja elaborado no prazo designado pelo seu
instituidor, os bens dotados serão incorporados em outra fundação que desempenhe
atividade semelhante.
(E) A instituição da fundação por escritura pública ou por testamento é revogável.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. Justificada pela letra do art. 25, do CC/2002, o qual aduz que “Quando
insuficientes para constituir a fundação, os bens doados serão convertidos em títulos da
dívida pública, se outra coisa não dispuser o instituidor, até que, aumentados com os
rendimentos ou novas dotações, perfaçam capital bastante.”. Justificada, ainda, pela
letra do art. 63, do mesmo diploma, o qual aduz que “quando insuficientes para
constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o
instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.”.
(B) INCORRETA. A afirmativa está incorreta, nos termos do §2º do art. 66, do CC/2002:
"art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. § 1º Se
funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios. § 2º Se estenderem a atividade por mais de um
Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público".
Portanto, as fundões que estiverem em mais de um Estado, serão zeladas pelo MP de
cada um desses Estados e não pelo MP Federal.
(C) CORRETA. Afirmação correta, conforme o art. 67, inciso III, do CC/2002: “Art. 67.
Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: III – seja
aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco)
dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado".
(D) INCORRETA. Afirmação incorreta, justificada pelo parágrafo único do art. 65, do
CC/2002: “Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não
havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.”.
(E) INCORRETA. 76
46 Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a
alternativa com a sequência correta.
(F) A pensão alimentícia não incide sobre o décimo terceiro salário e o terço
constitucional de férias, também conhecidos, respectivamente, por gratificação natalina
e gratificação de férias.
(V) Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o alimentante do pagamento
retroagem à data da citação, vedadas a compensação e a repetibilidade.
(V) A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente
se configurando no caso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos
pais.
(F) O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade ocorre
automaticamente, sem necessidade de decisão judicial.
(V) O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos
os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de
outros.
(A) V – V – F – F – V.
(B) F – V – V – F – V.
(C) V – V – V – F – V.
(D) F – F – V – F – V.
(E) F – F – V – V – F.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
(B) CORRETA. Afirmação 1 – FALSA. De acordo com o entendimento do STJ, o décimo
terceiro salário integra a remuneração do trabalhador por sua natureza salarial. Dessa
forma, incorpora a base de cálculo da pensão alimentícia. Ademais, o tema 192 do STJ
diz: “A pensão alimentícia incide sobre o décimo terceiro salário e o terço constitucional
de férias, também conhecidos, respectivamente, por gratificação natalina e gratificação
de férias.”
Afirmação 2 – VERDADEIRA. Letra da Súmula 621 do STJ: “os efeitos da sentença que
reduz, majora ou exonera o alimentante do pagamento retroagem à data da citação,
vedadas a compensação e a repetibilidade”.
Afirmação 3 – VERDADEIRA. Letra da Súmula 596 do STJ: "a obrigação alimentar dos
avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se configurando no caso da
impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais."
Afirmação 4 – FALSA. Letra da Súmula 358 do STJ: “o cancelamento de pensão 77
alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante
contraditório, ainda que nos próprios autos."
Afirmação 5 – VERDADEIRA. Afirmação correta de acordo com o caput, do art. 1.696, do
CC/2002: “Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos,
e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau,
uns em falta de outros.”
(C) INCORRETA.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA

47 Assinale a alternativa INCORRETA.


(A) Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir
da citação.
(B) Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a se submeter ao exame de DNA
induz presunção juris tantum de paternidade.
(C) O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento pode ser feito em
testamento.
(D) A paternidade socioafetiva impede o reconhecimento do vínculo de filiação
concomitante, baseado na origem biológica.
(E) É possível o reconhecimento da paternidade socioafetiva post mortem, isto é, após
o falecimento de quem se pretende reconhecer como pai.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. A alternativa está correta, em razão da Súmula 277 do STJ: “julgada
procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da
citação.”. Endossada, ainda, pelo art. 4º, da Lei nº 5.478/68: “art. 4º As despachar o
pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo
se o credor expressamente declarar que deles não necessita. Julgada procedente a
investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação, isso se os
alimentos não forem fixados provisoriamente, por meio de tutela antecipada ou em
cautelar de alimentos provisionais.”. Portanto, não é o gabarito da questão.
(B) INCORRETA. A alternativa está correta. Em ação investigatória, a recusa do suposto
pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade. Esse
entendimento foi reiterado pela 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça a respeito da
convocação de parentes para investigação de paternidade. Essa, inclusive, é a redação
da Súmula 301 do STJ. Portanto, não é o gabarito da questão.
78
(C) INCORRETA. A alternativa está correta, justificada pelo art. 1.609, inciso III, do
CC/2002: “art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é
irrevogável e será feito: III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;”.
Portanto, não é o gabarito da questão.
(D) CORRETA. A alternativa está incorreta. Ao julgar o Recurso Extraordinário (RE)
898.060, em setembro de 2016, a Corte fixou uma tese de repercussão geral na qual
cabe a multiparentalidade, ou seja, num processo judicial podem ser reconhecidos como
pai tanto o biológico quanto o socioafetivo simultaneamente. Nesse sentido, “A
paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o
reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com
todas as suas consequências patrimoniais e extrapatrimoniais”, cita a tese fixada pela
maioria dos ministros do STF. Portanto, é o gabarito da questão.
(E) INCORRETA. A alternativa está correta. É possível o reconhecimento da paternidade
socioafetiva post mortem, ou seja, mesmo após a morte do suposto pai socioafetivo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.500.999-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
12/4/2016 (Info 581). Os ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) mantiveram uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) que
reconheceu a paternidade afetiva após a morte do autor da herança. A decisão foi
unânime.

48 Analise as assertivas e assinale a alternativa correta.


I. O erro quanto ao motivo do negócio não o vicia, exceto se a falsa razão for expressa
como determinante de sua realização.
II. O dolo gera a nulidade absoluta do negócio jurídico.
III. A condição suspensiva, enquanto não verificada, impede a aquisição do direito e, via
de consequência, o seu exercício, razão pela qual o titular do direito eventual não
poderá praticar os atos destinados a conservá-lo enquanto pendente a condição.
IV. O negócio jurídico realizado sob coação praticada por terceiro é anulável, sendo
irrelevante que a parte que se beneficia tenha conhecimento dela.
V. A nulidade do testamento convalida-se caso não arguida em 5 (cinco) anos, contados
da data do seu registro.
(A) Apenas II, III e IV estão corretas.
(B) Apenas I, III e V estão corretas.
(C) Apenas II, IV e V estão corretas.
(D) Apenas I e III estão corretas.
(E) Apenas I e V estão corretas.

RESPOSTA: E
79
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

(B) INCORRETA.

(C) INCORRETA.

(D) INCORRETA.

(E) CORRETA. Afirmação 1 - CORRETA. Conforme dispõe o a Art. 140, CC/2002: “o falso
motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.”.
Afirmação 2 - INCORRETA. O dolo é causa de anulabilidade do negócio jurídico,
consoante dispõe o art. 145, CC/2002: “são os negócios jurídicos anuláveis por dolo,
quando este for a sua causa.”.
Afirmação 3 - INCORRETA. Assevera o art. 130, CC/2002 que: “ao titular do direito
eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos
destinados a conservá-lo.”.
Afirmação 4 - INCORRETA. Art. 155, CC/2002: “subsistirá o negócio jurídico, se a coação
decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter
conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que
houver causado ao coacto.”.
Afirmação 5 - CORRETA. Art. 1.859, CC/2002: “extingue-se em cinco anos o direito de
impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data do seu registro.”.

49 Assinale a alternativa correta.


(A) É possível a alteração do regime de separação obrigatória de bens quando a causa
que o impôs deixar de existir.
(B) O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens
do casal, encontra-se impedido de casar.
(C) As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelo
representante do Ministério Público.
(D) É desnecessário que os requerimentos de habilitação de casamento sejam
submetidos à análise do Ministério Público quando os nubentes forem maiores e
capazes.
(E) As causas suspensivas do casamento impedem a caracterização da união estável.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS
(A) CORRETA. Justificada pela literalidade do art. 1.639, § 2º do Código Civil de 2002: “É 80
admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido
motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e
ressalvados os direitos de terceiros.”.
(B) INCORRETA. Está incorreta. De acordo com o art. 1.523, inciso III, do CC/2002, o
divorciado NÃO DEVE se casar, veja-se a literalidade da lei: “Não devem casar: (...) III - o
divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do
casal”.
(C) INCORRETA. Está incorreta, justificada pela literalidade do art. 1.524, do CC/2002:
“as causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes
em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em
segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins.”. O Ministério Público é ilegítimo
para a oposição de causas suspensivas. Vislumbrando que o interesse discutido nas
causas suspensivas e estritamente particular (e, muita vez, de índole patrimonial),
sequer o Ministério Público poderá provocá-las.
(D) INCORRETA. De acordo com o art. 1.526, do CC/2002: “a habilitação será feita
pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério
Público.”.
(E) INCORRETA. Está incorreta, justificada através da literalidade do art. 1.723, §2º, do
CC/2002: “é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o
objetivo de constituição de família. § 2 o As causas suspensivas do art. 1.523 não
impedirão a caracterização da união estável.”.

50 Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a


alternativa com a sequência correta.
(V) É válida a penhora do bem de família de fiador dado em garantia em contrato de
locação de imóvel residencial ou comercial.
(V) O bem de família instituído por ato voluntário constitui-se pelo registro de seu título
no Registro de Imóveis.
(V) Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe,
por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco,
ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas.
(F) O reconhecimento da usucapião extraordinária, mediante o preenchimento dos
requisitos específicos, pode ser obstado em razão de a área usucapienda ser inferior ao
módulo estabelecido em lei municipal.
(V) A fungibilidade é atributo próprio das coisas móveis.
(A) F – V – V – F – F.
(B) F – F – F – V – V.
81
(C) V – V – V – F – V.
(D) F – V – V – V – V.
(E) V – F – F – F – V.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
(B) INCORRETA.
(C) CORRETA. Afirmação 1 – VERDADEIRA. A Segunda Seção do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), sob a sistemática dos recursos especiais repetitivos (Tema 1.091),
estabeleceu a tese de que é válida a penhora do bem de família de fiador dado em
garantia em contrato de locação de imóvel – seja residencial ou comercial –, nos termos
do artigo 3º, inciso VII, Lei 8.009/1990. "O fiador, no pleno exercício de seu direito de
propriedade de usar, gozar e dispor da coisa (Código Civil, artigo 1.228), pode afiançar,
por escrito (CC, artigo 819), o contrato de locação (residencial ou comercial), abrindo
mão da impenhorabilidade do seu bem de família, por sua livre e espontânea vontade,
no âmbito de sua autonomia privada, de sua autodeterminação", afirmou o ministro
Luis Felipe Salomão, relator dos recursos especiais analisados pela seção.
Afirmação 2 – VERDADEIRA. O bem de família voluntário consiste naquele instituído por
ato de vontade do casal, da entidade familiar ou até mesmo de terceiro, mediante
registro no Cartório de Registro de Imóveis, conforme previsão normativa nos artigos
1.711 e seguintes do Código Civil (2002).
Afirmação 3 – VERDADEIRA. Súmula 475: Responde pelos danos decorrentes de
protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito
contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de
regresso contra os endossantes e avalistas.
Afirmação 4 – FALSA. A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em
julgamento sob o rito dos recursos especiais repetitivos (Tema 985), estabeleceu a tese
de que o reconhecimento da usucapião extraordinária, mediante o preenchimento de
seus requisitos específicos, não pode ser impedido em razão de a área discutida ser
inferior ao módulo estabelecido em lei municipal. STJ. Recurso Especial n. 1667843 –
Santa Catarina, Relator Ministro Luis Felipe Salomão, julgado em 03/12/2020, DJe de
05/04/2021. EMENTA OFICIAL: RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. IMÓVEL USUCAPIENDO COM ÁREA
INFERIOR AO MÓDULO URBANO DISPOSTO NA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. REQUISITOS
PREVISTOS NO ART. 1.238 DO CC: POSSE, ANIMUS DOMINI, PRAZO DE 15 (QUINZE)
ANOS. RECONHECIMENTO DO DIREITO À AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE NÃO SUJEITO A
CONDIÇÕES POSTAS POR LEGISLAÇÃO DIFERENTE DAQUELA QUE DISCIPLINA
ESPECIFICAMENTE A MATÉRIA. 1. Tese para efeito do art. 1.036 do CPC/2015: O
reconhecimento da usucapião extraordinária, mediante o preenchimento dos requisitos
específicos, não pode ser obstado em razão de a área usucapienda ser inferior ao
82
módulo estabelecido em lei municipal. 2. No caso concreto, recurso especial não
provido, a fim de afirmar a inexistência de impedimento para que o imóvel urbano, com
área inferior ao módulo mínimo municipal, possa ser objeto da usucapião
extraordinária. (STJ. Recurso Especial n. 1667843 – Santa Catarina, Relator Ministro Luis
Felipe Salomão, julgado em 03/12/2020, DJe de 05/04/2021).
Afirmação 5 – VERDADEIRA. A fungibilidade ou infungibilidade é conceito próprio das
coisas móveis. Em sentido oposto, os imóveis, mormente aqueles que o são por sua
natureza, são sempre infungíveis.
(D) INCORRETA.
(E) INCORRETA

51 Assinale a alternativa INCORRETA.


(A) É possível reconhecer a responsabilidade civil do companheiro que, com seu
comportamento de risco, transmite o vírus HIV à parceira conjugal quando presentes os
pressupostos da conduta (ação ou omissão) do agente: dolo ou culpa, dano e nexo de
causalidade.
(B) A alienação de imóveis pertencentes a menores sob tutela, inclusive a permuta, só
pode ocorrer quando trouxer manifesta vantagem econômica para o menor e mediante
prévia avaliação judicial e aprovação do juiz.
(C) É possível a concessão de divórcio sem que haja prévia partilha de bens.
(D) A prática de ato de alienação parental pode ter por consequência a alteração da
guarda para guarda compartilhada ou sua inversão, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil.
(E) Os coerdeiros não são reciprocamente obrigados a se indenizar no caso de evicção
de bens aquinhoados na partilha.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A alternativa está correta. O companheiro que, com seu


comportamento, assume o risco de transmissão do vírus HIV à parceira, deve pagar
indenização pelos danos morais e materiais a ela causados. Segundo o Informativo 647
do STJ, o parceiro que suspeita de sua condição soropositiva, por ter adotado
comportamento sabidamente temerário (vida promíscua, utilização de drogas
injetáveis, entre outros), e mesmo assim continua normalmente tendo relações sexuais
com sua companheira sem alertá-la para esse fato, assume os riscos de sua conduta e,
se ela for contaminada, responde civilmente pelos danos causados. A negligência,
incúria e imprudência mostram-se evidentes quando o cônjuge/companheiro, ciente de
sua possível contaminação, não realiza o exame de HIV, não informa o parceiro sobre a
probabilidade de estar infectado nem utiliza métodos de prevenção. (STJ. 4ª Turma. 83
REsp 1.760.943-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/03/2019). Portanto,
não é o gabarito da questão.
(B) INCORRETA. A afirmação está correta. De acordo com o art. 1.691, do CC/2002: “não
podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em
nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por
necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz.”.
Portanto, não é o gabarito da questão.
(C) INCORRETA. A afirmação está correta. Segundo o art. 1.581 do CC/2002, o divórcio
pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens. Assim, caso o casal opte em
ingressar apenas com o divórcio isso é possível. O referido artigo é a consolidação da
Súmula 197 do Superior Tribunal de Justiça. Assim, pode ser concedido. Portanto, não é
o gabarito da questão.
(D) INCORRETA. A afirmação está correta. Justifica-se pela literalidade do art. 6º, inciso
V, da Lei nº 12.318/2010 (Alienação Parental), in verbis: Art. 6.º Caracterizados atos
típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança
ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá,
cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal
e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos,
segundo a gravidade do caso: (...) V — determinar a alteração da guarda para guarda
compartilhada ou sua inversão;(...)”.
(E) CORRETA. A afirmação está incorreta. Justifica-se pela literalidade do art. 2.024, do
CC/2002: “Os co-herdeiros são reciprocamente obrigados a indenizar-se no caso de
evicção dos bens aquinhoados.” Portanto, é o gabarito da questão.

52 Analise as assertivas e assinale a alternativa correta.


I. Os alimentos gravídicos visam auxiliar a gestante nas despesas decorrentes da
gravidez, da concepção ao parto, e, assim sendo, são provisórios, de modo que, com o
nascimento com vida, não são automaticamente convertidos em pensão alimentícia em
favor do menor.
II. A fixação de alimentos gravídicos demanda certeza da paternidade.
III. O direito ao esquecimento, entendido como o poder de obstar a divulgação em meios
de comunicação social analógicos ou digitais de fatos ou dados verídicos e licitamente
obtidos, é exemplo de direito da personalidade, apesar de não constar expressamente
no Código Civil, e goza de proteção constitucional.
IV. Ainda que a morte ponha termo à existência da pessoa natural e que os direitos da
personalidade possuam caráter extrapatrimonial, o cônjuge supérstite possui o direito
de reclamar perdas e danos em razão de lesão a direito da personalidade do falecido.
V. O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento, que é a
subdivisão de gleba em lotes destinados à edificação, com abertura de novas vias de
circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das 84
vias existentes; ou por meio de desmembramento, que consiste na subdivisão de gleba
em lotes destinados à edificação, com aproveitamento do sistema viário existente,
desde que não implique na abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no
prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes.
(A) Apenas IV e V estão corretas.
(B) Apenas III e IV estão corretas.
(C) Apenas I, II e III estão corretas.
(D) Apenas II, III, IV e V estão corretas.
(E) Apenas I, II e V estão corretas.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Afirmação 1 - INCORRETA. Art. 6º, parágrafo único da lei 11.804/08: Após
o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão
alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.
Afirmação 2 - INCORRETA. Art. 6º. Convencido da existência de indícios da paternidade,
o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança,
sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. Desta forma,
a certeza da paternidade não é necessária, sendo suficiente a existência de indícios do
vínculo.
Afirmação 3 - INCORRETA. Tema 706 STF: “É incompatível com a Constituição Federal a
ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em
razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente
obtidos e publicados em meios de comunicação social – analógicos ou digitais. Eventuais
excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser
analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais, especialmente os
relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral,
e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível”.
Afirmação 4 - CORRETA. Neste sentido dispõe o art. 12 do Código Civil: Pode-se exigir
que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos,
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de
morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Afirmação 5 - CORRETA. A assertiva traz a exata redação do art. 2o, §1º e 2º da lei
6.766/79, a seguir: O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante
loteamento ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as das
legislações estaduais e municipais pertinentes. §1º. Considera-se loteamento a
subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de
circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das
vias existentes. §2º. Considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes 85
destinados a edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não
implique na abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento,
modificação ou ampliação dos já existentes.
(B) INCORRETA.

(C) INCORRETA.

(D) INCORRETA.

(E) INCORRETA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL


53 Analise as assertivas e assinale a alternativa correta.
I. O Ministério Público pode ajuizar, como substituto processual, ação de alimentos em
favor de criança e/ou adolescente, independentemente do exercício do poder familiar
pelos pais, ou de o substituído apresentar-se em qualquer situação de risco descrita no
art. 98 do ECA, ainda que existente Defensoria Pública eficiente na Comarca.
II. O prazo para o Ministério Público recorrer contra decisões proferidas no processo civil
decorre a partir da sua intimação, especialmente quando a decisão é proferida em
audiência.
III. Não pode o Ministério Público, em ação por ele aforada como substituto processual
de criança e/ou adolescente, dela desistir, salvo se o substituído com isto concordar,
através de seu(s) representante(s) legal(is).
IV. Não há necessidade de alteração da representação da parte incapaz, exercida pelo
Ministério Público em caráter substitutivo no processo civil, em caso de falecimento do
substituído no curso do processo.
(A) Apenas I e IV estão corretas.
(B) Apenas II e III estão corretas.
(C) Apenas I e III estão corretas.
(D) Apenas II e IV estão corretas.
(E) I, II, III e IV estão corretas.

RESPOSTA: LETRA C.

COMENTÁRIOS

I – CORRETA. Conforme súmula 594 do STJ.

II – INCORRETA. O artigo 180 do CPC estabelece que a intimação é pessoal – por carga,
remessa ou meio eletrônico. 86
III – CORRETA. Para haver desistência, o titular do direito precisa autorizar.

IV – INCORRETA. Quando ocorre a morte o titular do direito é alterado.

54 Analise as assertivas e assinale a alternativa correta.


I. O Ministério Público, atuando como custos legis, tem legitimidade para opor exceção
de incompetência relativa do juízo da ação entre pessoas capazes, porque ali atua como
fiscal da ordem jurídica.
II. O Ministério Público, atuando como custos legis em causa que envolve interesse de
incapaz, não tem interesse em recorrer objetivando a reforma de sentença contrária ou
menos favorável aos direitos perseguidos pelo incapaz.
III. O Ministério Público sempre gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos,
que terá início a partir de sua intimação pessoal.
IV. O Ministério Público não gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos
quando a lei, expressamente, estabelecer prazo próprio para a sua manifestação.
(A) Apenas I e II estão corretas.
(B) Apenas III e IV estão corretas.
(C) Apenas II está correta.
(D) Apenas IV está correta.
(E) I, II, III e IV estão incorretas.

RESPOSTA: LETRA D.

COMENTÁRIOS

I – INCORRETA. Artigo 68, parágrafo único, do CPC.


II – CORRETA. Se a sentença é de alguma forma desfavorável, o MP pode recorrer.
III – INCORRETA. Artigo 180, § 2º, do CPC.
IV- CORRETA. Artigo 180, § 2º, do CPC.

55 Quanto à obrigatoriedade de intervenção do Ministério Público Estadual, assinale a


alternativa correta.
(A) Nas ações com pretensão de fornecimento de medicamento ajuizada contra a
Fazenda Pública (município), é obrigatória a intervenção do Ministério Público Estadual.
(B) Será intimado para se manifestar, no prazo de 15 (quinze) dias, nos litígios coletivos
pela posse de terra rural ou urbana.
(C) É nulo o processo em que não houve a intimação e a intervenção do MP em primeiro
grau de jurisdição, apesar da presença de parte com enfermidade psíquica grave e cujos
legitimados para pedir a interdição possuem conflitos de interesses. 87
(D) Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de
parecer, o juiz dilatará o prazo por igual período.
(E) O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como
fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos
processos que envolvam interesse público ou privado.

RESPOSTA: LETRA C.

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O STJ não entende por essa obrigatoriedade.

(B) INCORRETA. De acordo com o artigo 178 do CPC o prazo é de 30 dias.

(C) CORRETA. Conforme STJ. 3ª Turma. REsp 1.969.217-SP.

(D) INCORRETA. Conforme o artigo 180, § 1º, do CPC o juiz requisitará os autos e dará
andamento ao processo.

(E) INCORRETA. O artigo 178, I, do CPC estabelece que o MP atuará quando houver
processo envolvendo o interesse público ou social.
56 Em relação aos prazos processuais, analise as assertivas e assinale a alternativa
correta. I. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de
advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações,
em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento, ainda que se trate
de autos eletrônicos.
II. Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para o Ministério Público.
III. Na ausência de prazo legal ou judicial, será de 15 (quinze) dias o prazo para a prática
de ato processual a cargo da parte.
IV. Quando a lei foi omissa, o juiz determinará os prazos levando em consideração a
complexidade do ato.
(A) I, II, III e IV estão incorretas.
(B) Apenas II e IV estão incorretas.
(C) Apenas III está incorreta.
(D) I, II, III e IV estão corretas.
(E) Apenas I e III estão incorretas.

RESPOSTA: LETRA E
88
COMENTÁRIOS

I – INCORRETA. O artigo 229, § 2º, do CPC condiciona a aplicação do prazo em dobro


para autos físicos.

II – CORRETA. Conforme artigo 180, § 2º, do CPC.

III – INCORRETA. O prazo é de 05 dias – artigo 218, § 3º, do CPC.

IV – CORRETA. Artigo 218, § 1º, do CPC.

57 Quanto aos recursos em espécie, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
(B) No período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição,
poderá ser formulado pedido de efeito suspensivo da sentença que julga que decreta
interdição.
(C) A renúncia ao direito de recorrer não depende da aceitação da parte contrária.
(D) O prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
(E) Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos
outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.
RESPOSTA: LETRA D

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Artigo 1013 do CPC.

(B) CORRETA. Artigo 1012, § 3º, I, do CPC.

(C) CORRETA. Artigo 999 do CPC.

(D) INCORRETA. Conforme artigo 1033, § 5º, do CPC, a regra trazida na alternativa é
excetuada quanto aos embargos de declaração.

(E) CORRETA. Artigo 1005, p.ú, do CPC.

58 Assinale a alternativa INCORRETA.


(A) O recorrente poderá, a qualquer tempo, com a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.
(B) A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.
(C) Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir
desde logo o mérito, em sede de recurso de apelação, quando:
89
I - reformar sentença fundada no art. 485 do CPC/2015;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido
ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo
e IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
(D) Segundo jurisprudência do STJ, o rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada,
por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência
decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação.
(E) É cabível embargos de divergência contra o acórdão de órgão fracionário que: a) em
recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro
órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito e b)
em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer
outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha
conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia.

RESPOSTA: LETRA A

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O artigo 998 do CPC dispensa a anuência.


(B) CORRETA. Artigo 999 do CPC.

(C) CORRETA. Artigo 1013, § 3º, do CPC.

(D) CORRETA. “Em dezembro de 2018, ao concluir o julgamento do Recurso Especial


1.704.520, sob o rito dos recursos repetitivos, a Corte Especial do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) definiu o conceito de taxatividade mitigada do rol previsto no artigo
1.015 do Código de Processo Civil (CPC), abrindo caminho para a interposição do agravo
de instrumento em diversas hipóteses além daquelas listadas expressamente no texto
legal.”

(E) CORRETA. Redação do artigo 1043 do CPC.

59 De acordo com o Código de Processo Civil de 2015, analise as assertivas e assinale a


alternativa correta.
I. Para postular em juízo, é necessário ter interesse e legitimidade.
II. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o
autor, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil
tiver de ser cumprida a obrigação e III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado
por brasileiro nato.
III. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de 90
alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver
vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou
obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o
consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou
tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
IV. Dá-se a conexão entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às
partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das
demais.
(A) Apenas I e II estão corretas.
(B) Apenas I e III estão corretas.
(C) Apenas I e IV estão corretas.
(D) Apenas II e III estão corretas.
(E) Apenas III e IV estão corretas.

RESPOSTA: LETRA B

COMENTÁRIOS

I – CORRETA. Artigo 17 do CPC.


II – INCORRETA. O artigo 21, I, do CPC menciona o réu e não o autor, e o mesmo artigo
no inciso III exige fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
III – CORRETA. Redação do artigo 22 do CPC.
IV – INCORRETA. Alternativa conceitua continência.

60 De acordo com o Código de Processo Civil de 2015, analise as assertivas e assinale a


alternativa correta.
I. A participação da Fazenda Pública configura, por si só, hipótese de intervenção do
Ministério Público.
II. Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para o Ministério Público.
III. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os
processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre
casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos,
guarda de crianças e adolescentes; III - que tratam de improbidade administrativa; IV -
em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade e à
propriedade e V - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta
arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada
perante o juízo.
IV. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a
lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, 91
lhe preencham a finalidade essencial.
(A) Apenas I e II estão corretas.
(B) Apenas I e IV estão corretas.
(C) Apenas II e III estão corretas.
(D) Apenas II e IV estão corretas.
(E) Apenas III e IV estão corretas.

RESPOSTA: LETRA D.

COMENTÁRIOS

I – INCORRETA. Artigo 178, pú, do CPC.

II – CORRETA. Artigo 180, § 2º, do CPC.

III – INCORRETA. O artigo 189 do CPC não traz como hipótese de segredo de justiça os
processos que envolvam improbidade administrativa.

IV – CORRETA. Artigo 188 do CPC.


61 Quanto aos honorários advocatícios, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) O tribunal, ao julgar recurso, fixará honorários recursais, levando em conta o
trabalho adicional realizado em grau recursal.
(B) A fixação dos honorários por apreciação equitativa não é permitida quando os
valores da condenação ou da causa, ou o proveito econômico da demanda, forem
elevados.
(C) Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento
sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
(D) Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários advocatícios.
(E) As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou julgados
improcedentes e em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas no valor do
débito principal, para todos os efeitos legais.

RESPOSTA: LETRA A.

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Artigo 85, § 11, do CPC. Haverá majoração e não fixação dos honorários.
92
(B) CORRETA. Conforme artigo 85, § 8º, do CPC.

(C) CORRETA. Artigo 85, § 2º, do CPC.

(D) CORRETA. Súmula 303 do STJ.

(E) CORRETA. Artigo 85, § 13, do CPC.

62 Analise as assertivas e assinale a alternativa correta. Segundo a técnica de julgamento


prevista no artigo 942 do CPC/2015, haverá julgamento estendido quando:
I. o resultado do julgamento da remessa necessária e do recurso de apelação forem não
unânimes e estiverem reformando a sentença;
II. o resultado do julgamento da apelação for não unânime;
III. o resultado do julgamento de agravo de instrumento for não unânime e houver
reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito;
IV. o resultado do julgamento da ação rescisória for não unânime e o resultado for a
manutenção da sentença.
(A) Apenas I e II estão corretas.
(B) Apenas I e III estão corretas.
(C) Apenas II e III estão corretas.
(D) Apenas II e IV estão corretas.
(E) Apenas III e IV estão corretas.

RESPOSTA: LETRA C.

COMENTÁRIOS

I – INCORRETA. Conforme artigo 942, § 4º, do CPC não se aplica a técnica à remessa
necessária. Na apelação basta julgamento não unânime para aplicação da técnica, o
artigo 942, caput, do CPC não exige reforma da sentença.
II – CORRETA. Artigo 942, caput, do CPC
III – CORRETA. Artigo 942, § 3º, II, do CPC.
IV – INCORRETA. Deve haver a rescisão da sentença – artigo 942, § 3º, I, do CPC.

63 Quanto aos recursos e à ordem dos processos nos Tribunais, assinale a alternativa
INCORRETA.
(A) No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob
pena de deserção. 93
(B) O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento
do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
(C) Na sessão de julgamento do mandado de segurança, depois da exposição da causa
pelo relator, o presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido
e, nos casos de sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo
improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem suas razões.
(D) Contra decisão proferida pelo relator, caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do
tribunal.
(E) Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada,
condenará o agravante a pagar ao agravado multa de cinco por cento do valor atualizado
da causa.

RESPOSTA: LETRA E.

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Artigo 1007 do CPC.

(B) CORRETA. Artigo 1007, § 4º, do CPC.


(C) CORRETA. Artigo 937, VI, do CPC.

(D) CORRETA. Artigo 1021 do CPC.

(E) INCORRETA. Artigo 1021, § 4º, do CPC – a multa é de 1 a 5%.

64 Analise as assertivas e assinale a alternativa correta.


I. O Ministério Público pode recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei,
mesmo que não haja recurso da parte.
II. O Ministério Público não possui legitimidade para promover a execução coletiva do
art. 98 do CDC por ausência de interesse público ou social a justificar sua atuação.
III. A concessão de gratuidade isenta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas
processuais que lhe sejam impostas.
IV. O juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um
por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte
contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com
todas as despesas que efetuou, apenas se houver requerimento da parte.
V. Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente deve
recolher o preparo e aguardar que o relator aprecie o pedido, sob pena de configurar
deserção. 94
(A) I, II, III, IV e V estão incorretas.
(B) Apenas II e IV estão incorretas.
(C) Apenas II está correta.
(D) I, II, III, IV e V estão corretas.
(E) Apenas I e II estão corretas.

RESPOSTA: LETRA E.

COMENTÁRIOS

I – CORRETA. Súmula 99 do STJ.

II – CORRETA. PROCESSO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA PROLATADA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DIREITOS
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. PRECEDÊNCIA DA LEGITIMIDADE DAS VÍTIMAS OU
SUCESSORES. SUBSIDIARIEDADE DA LEGITIMIDADE DOS ENTES INDICADOS NO ART. 82
DO CDC.
1. A legitimidade para intentar ação coletiva versando a defesa de direitos individuais
homogêneos é concorrente e disjuntiva, podendo os legitimados indicados no art. 82 do
CDC agir em Juízo independentemente uns dos outros, sem prevalência alguma entre si,
haja vista que o objeto da tutela refere-se à coletividade, ou seja, os direitos são tratados
de forma indivisível.
2. Todavia, para o cumprimento de sentença, o escopo é o ressarcimento do dano
individualmente experimentado, de modo que a indivisibilidade do objeto cede lugar à
sua individualização.
3. Não obstante ser ampla a legitimação para impulsionar a liquidação e a execução da
sentença coletiva, admitindo-se que a promovam o próprio titular do direito material,
seus sucessores, ou um dos legitimados do art. 82 do CDC, o art. 97 impõe uma gradação
de preferência que permite a legitimidade coletiva subsidiariamente, uma vez que,
nessa fase, o ponto central é o dano pessoal sofrido por cada uma das vítimas.
4. Assim, no ressarcimento individual (arts. 97 e 98 do CDC), a liquidação e a execução
serão obrigatoriamente personalizadas e divisíveis, devendo prioritariamente ser
promovidas pelas vítimas ou seus sucessores de forma singular, uma vez que o próprio
lesado tem melhores condições de demonstrar a existência do seu dano pessoal, o nexo
etiológico com o dano globalmente reconhecido, bem como o montante equivalente à
sua parcela.
5. O art. 98 do CDC preconiza que a execução "coletiva" terá lugar quando já houver sido
fixado o valor da indenização devida em sentença de liquidação, a qual deve ser - em
sede de direitos individuais homogêneos - promovida pelos próprios titulares ou
sucessores.
6. A legitimidade do Ministério Público para instaurar a execução exsurgirá - se for o
caso - após o escoamento do prazo de um ano do trânsito em julgado se não houver a
habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano, nos
termos do art. 100 do CDC. É que a hipótese versada nesse dispositivo encerra situação
em que, por alguma razão, os consumidores lesados desinteressam-se quanto ao
95
cumprimento individual da sentença, retornando a legitimação dos entes públicos
indicados no art. 82 do CDC para requerer ao Juízo a apuração dos danos globalmente
causados e a reversão dos valores apurados para o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos
(art. 13 da LACP), com vistas a que a sentença não se torne inócua, liberando o
fornecedor que atuou ilicitamente de arcar com a reparação dos danos causados.
7. No caso sob análise, não se tem notícia acerca da publicação de editais cientificando
os interessados acerca da sentença exequenda, o que constitui óbice à sua habilitação
na liquidação, sendo certo que o prazo decadencial nem sequer iniciou o seu curso, não
obstante já se tenham escoado quase treze anos do trânsito em julgado.
8. No momento em que se encontra o feito, o Ministério Público, a exemplo dos demais
entes públicos indicados no art. 82 do CDC, carece de legitimidade para a liquidação da
sentença genérica, haja vista a própria conformação constitucional desse órgão e o
escopo precípuo dessa forma de execução, qual seja, a satisfação de interesses
individuais personalizados que, apesar de se encontrarem circunstancialmente
agrupados, não perdem sua natureza disponível.
9. Recurso especial provido.
(REsp 869.583/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
05/06/2012, DJe 05/09/2012

III – INCORRETA. Artigo 98, § 4º, do CPC.

IV – INCORRETA. Juiz pode condenar de ofício – Artigo 81 do CPC.

V – INCORRETA. Artigo 101, § 1º, do CPC.


TUTELA DE INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS.

65. Sobre a atuação do Ministério Público na tutela de interesses difusos, coletivos e


individuais homogêneos, assinale a alternativa INCORRETA:
(A) A ação civil pública pode visar responsabilização por danos patrimoniais e morais.
(B) Os legitimados, para iniciar ação civil pública, poderão instaurar inquérito civil para
obtenção de certidões, informações, exames ou perícias, visando instruir suas ações.
(C) Os legitimados da Lei de Ação Civil Pública poderão firmar termo de ajustamento de
conduta visando adequar determinadas condutas às exigências legais, o qual terá
eficácia de título executivo extrajudicial.
(D) Regem-se pela Lei de Ação Civil Pública as ações constantes em seu artigo 1º, as
quais contemplam tutela do meio ambiente; do consumidor; de bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; da infração da ordem econômica; da
ordem urbanística; da honra, dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos; do
patrimônio público e social; e de outros interesses difusos ou coletivos.
(E) Aplica-se à ação civil pública prevista na Lei nº 8.347/85, naquilo que não contrariar
suas disposições, o Código de Processo Civil e, no que for cabível, alguns dispositivos do 96
Título III do Código de Defesa do Consumidor.

RESPOSTA: B

QUESTÃO PASSIVEL DE RECURSO


Vale tentar o recurso!

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. É o que dispõe a literalidade do art. 1º da LACP (7.347/85). Vejamos:

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:

l - ao meio-ambiente;

ll - ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;


V - por infração da ordem econômica;

VI - à ordem urbanística;

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;

VIII – ao patrimônio público e social.

(B)INCORRETA. Deve ser assinalada. De fato, dispõe o art. 8º da LACP que para instruir
a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.
Não obstante, a instauração do inquérito civil é uma atribuição exclusiva do Ministério
Público. Por consectário lógico, os demais legitimados para a propositura da ACP não
possuem essa atribuição, o que torna a assertiva incorreta.

Consoante Hugo Nigro Mazzilli, o inquérito civil é um procedimento administrativo


investigatório a cargo do Ministério Público, cujo objeto consiste essencialmente na
coleta de elementos de convicção que lhe sirvam de base à propositura de uma ação
civil pública para a defesa de interesses transindividuais ou para a defesa do
patrimônio público e social - ou seja, destina-se a colher elementos de convicção para
que, à sua vista, o Ministério Público possa identificar ou não a hipótese em que a lei
exige sua iniciativa na propositura de alguma ação civil pública a seu cargo. 97

Nesse sentido, dispõe o § 1º do art. 8º da LACP:

O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar,
de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou
perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.

Além do mais, cumpre destacar que a própria CF/88 aduz ser função institucional do
MP. Vejamos:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
(C) CORRETA. Porém, confusa. Vale tentar o recurso!

O art. 5o , § 6° da LACP dispõe que os ÓRGÃOS PÚBLICOS LEGITIMADOS poderão tomar


dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações e que esse acordo terá eficácia de título executivo extrajudicial.
Para melhores esclarecimentos, vejamos o caso das associações PRIVADAS. Não
obstante colegitimadas para propositura da ACP, por disposição expressa da LACP, não
podem firmar um Termo/Compromisso de Ajustamento de Conduta, por um simples
motivo: não são órgãos públicos.
Ocorre que, no Info 892, o STF afirmou que, mesmo sem previsão normativa expressa,
as associações privadas também podem fazer acordos nas ações coletivas. Isso
porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos diz
respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos
entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe.
Assim, diante desse imbróglio, com a devida vênia, o mais sensato seria conduzir o
candidato, ex.: ‘‘de acordo com a jurisprudência do STF’’ ou ‘‘consoante a LACP’’.
Conceito: consoante Hugo Nigro Mazzilli, o compromisso de ajustamento de conduta é
lavrado em termo, e nele se contém uma obrigação de fazer ou não fazer; é ele tomado
por um dos órgãos públicos legitimados à propositura da ação civil pública ou coletiva,
e mediante esse instrumento, o causador do dano a interesses transindividuais (meio
ambiente, consumidor, patrimônio cultural, ordem urbanística etc.) se obriga a adequar
sua conduta às exigências da lei, sob pena de cominações já pactuadas no próprio
instrumento, o qual terá força de título executivo extrajudicial.

(D) INCORRETA. Literalidade do art. 1º da LACP. Vide comentários da assertiva ‘‘A’’.

(E) INCORRETA. Literalidade do art. 19 e 21 da LACP. Vejamos:


98
Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código de Processo Civil,
aprovado pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, naquilo em que não contrarie suas
disposições.

(...)

Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no
que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do
Consumidor. (Incluído Lei nº 8.078, de 1990)

66 De acordo com o Direito dos Idosos, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) É dever do poder público prover à assistência social econômica aos idosos ou de seus
familiares que não possuírem condições econômicas de sustento.
(B) É desnecessária a intervenção do Ministério Público, na qualidade de fiscal da lei, em
demandas que não envolvam direitos coletivos ou em que não haja exposição de idoso
aos riscos previstos no art. 43 do Estatuto da Pessoa Idosa.
(C) É considerado idoso a pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,
porém somente é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos aos maiores
de 65 (sessenta e cinco).
(D) As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor de
Justiça que as referendará e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nos
termos da lei processual civil.
(E) Segundo entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, o reajuste de
mensalidade de plano de saúde individual ou familiar fundado na mudança de faixa
etária do beneficiário é inválido, mesmo que haja previsão contratual, que sejam
observadas normas expedidas pelos órgãos governamentais reguladores e que sejam
aplicados percentuais arrazoados que concretamente não discriminem o idoso.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O art. 14 do Estatuto do Idoso, com redação dada pela Lei nº 14.423,
de 2022, aduz que se a pessoa idosa ou seus familiares não possuírem condições
econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao poder público esse provimento, no
âmbito da assistência social.

(A) INCORRETA. Ao interpretar os artigos 74 e 75 do Estatuto do Idoso, o STJ


concluiu que é desnecessária a intervenção do Ministério Público na qualidade
de fiscal da lei em demandas que não envolvam direitos coletivos ou em que 99
não haja exposição de idoso aos riscos previstos no artigo 43 daquele diploma
legal.( Jurisprudência em Teses - N. 100)

(B) INCORRETA.

Aduz o art. 1º do Estatuto do Idoso:

‘‘É instituído o Estatuto da Pessoa Idosa, destinado a regular os direitos assegurados às


pessoas com idade IGUAL ou SUPERIOR a 60 (sessenta) anos. ‘’

Por conseguinte, no tocante ao transporte coletivo é assegurada a gratuidade dos


transportes coletivos públicos urbanos e semiurbanos aos maiores de 65 anos,
exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos
serviços regulares (Art. 39 do Estatuto do Idoso).

OBS 1: Nos veículos de transporte coletivo serão reservados 10% (dez por cento)
dos assentos para as pessoas idosas.

OBS 2: ficará a critério da legislação local dispor sobre as condições para exercício
da gratuidade para o idoso que tem entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco)
anos, nos meios de transporte coletivo público urbano e semiurbanos.

OBS 3: Para ter acesso à gratuidade, basta que a pessoa idosa apresente qualquer
documento pessoal que faça prova de sua idade.
(C) INCORRETA. Dispõe o Art. 13 da Estatuto do Idoso: ‘‘as transações relativas a
alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor
Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo
extrajudicial nos termos da lei processual civil. ‘’

ATENÇÃO! A obrigação alimentar é solidária, podendo a pessoa idosa optar


entre os prestadores.

(E) CORRETA. Deve ser assinalada, uma vez que se encontra em dissonância com a
jurisprudência do STJ firmada no Tema Repetitivo 952. Vejamos:

‘‘O reajuste de mensalidade de plano de saúde individual ou familiar fundado na


mudança de faixa etária do beneficiário É VÁLIDO DESDE QUE
(i) haja previsão contratual,
(ii) sejam observadas as normas expedidas pelos órgãos governamentais reguladores
e (iii) não sejam aplicados percentuais desarrazoados ou aleatórios que,
concretamente e sem base atuarial idônea, onerem excessivamente o CONSUMIDOR
OU DISCRIMINEM O IDOSO (Tema Repetitivo 952).’’
100
67 Sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), é correto afirmar
que
(A) os planos de gestão de resíduos sólidos serão formulados e executados pela União e
Estados e, de forma supletiva, pelos Municípios, preservando-se a autonomia dos entes,
sendo sua elaboração condição para acesso a recursos públicos nos termos estampados
na lei.
(B) são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante
retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço
público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes de determinados produtos descritos em
lei.
(C) são instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre outros, a coleta
seletiva; o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras
formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis; a pesquisa
científica e tecnológica; a educação ambiental; a anistia a multas ambientais por
compensação em créditos de carbono; o monitoramento e a fiscalização ambiental,
sanitária e agropecuária.
(D) o poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela
efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Nacional de
Resíduos Sólidos; contudo a responsabilidade por danos que vierem a ser provocados
pelo gerenciamento inadequado dos respectivos resíduos ou rejeitos será
exclusivamente dos entes públicos contratantes quando os serviços de coleta,
armazenamento, transporte, transbordo, tratamento ou destinação final de resíduos
sólidos, ou de disposição final de rejeitos, forem realizados por pessoas físicas e jurídicas
contratadas.
(E) são proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição final de resíduos
sólidos ou rejeitos: lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;
lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração; queima a céu
aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa
finalidade; outras formas vedadas pelo poder público desde que não sejam mais
restritivas às previstas na lei e afetem a atividade socioeconômica das comunidades
locais.

RESPOSTA:B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Os Planos de Resíduos Sólidos, instituídos pela Lei 12.305/10,


têm como principal objetivo subsidiar o planejamento e a gestão de resíduos
sólidos em todas as esferas de governo. Cada ente deve elaborar e executar
seu próprio plano, não há falar, por exemplo, em supletividade do Município
(atuação ampla). Todavia, isso não impede que os demais entes fiscalizem a
execução do plano por meio dos órgãos federais e/ou estaduais, tampouco 101
impede a cooperação.
Ademais, cumpre destacar que os PRS são considerados condição
fundamental para Estados e Municípios terem acesso a recursos da União,
destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e
ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou
financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal
finalidade.

Nesse sentido aduz a Lei 12.305/10:

Art. 10. Incumbe ao Distrito Federal e aos Municípios a gestão integrada dos
resíduos sólidos gerados nos respectivos territórios, sem prejuízo das
competências de controle e fiscalização dos órgãos federais e estaduais do
Sisnama, do SNVS e do Suasa, bem como da responsabilidade do gerador pelo
gerenciamento de resíduos, consoante o estabelecido nesta Lei.

(B) CORRETA. A logística reversa, conforme a PNRS, é o instrumento de


desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos
produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.
Outrossim, estabelece o art. 33 do PNRS que são obrigados a estruturar e implementar
sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo
consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo
dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes
de:

I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja


embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de
gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;

II - pilhas e baterias;

III - pneus;

IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

(B) INCORRETA. A anistia a multas ambientais por compensação em créditos de


carbono não são instrumentos da PNRS. Observem: 102
Art. 8o São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre
outros:

I - os planos de resíduos sólidos;

II - os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos;

III - a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas


relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida dos produtos;

IV - o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras


formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis;

V - o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária;

VI - a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para


o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos e
tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e
disposição final ambientalmente adequada de rejeitos;

VII - a pesquisa científica e tecnológica;

VIII - a educação ambiental;


IX - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios;

X - o Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico;

XI - o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos


(Sinir);

XII - o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa);

XIII - os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de saúde;

XIV - os órgãos colegiados municipais destinados ao controle social dos


serviços de resíduos sólidos urbanos;

XV - o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos;

XVI - os acordos setoriais;

XVII - no que couber, os instrumentos da Política Nacional de Meio


Ambiente, entre eles:

a) os padrões de qualidade ambiental;

b) o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou


Utilizadoras de Recursos Ambientais; 103
c) o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental;

d) a avaliação de impactos ambientais;

e) o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima);

f) o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente


poluidoras;

XVIII - os termos de compromisso e os termos de ajustamento de conduta;

XIX - o incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas de cooperação


entre os entes federados, com vistas à elevação das escalas de
aproveitamento e à redução dos custos envolvidos.

(D) INCORRETA. De fato, a Lei nº 12.305/10 dispõe no art. 25 que o poder público, o
setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas
para assegurar a observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes e
demais determinações legais.
Não obstante, ao contrário do que aduz a assertiva, o art. 27 § 1o estabelece que
a contratação de serviços de coleta, armazenamento, transporte, transbordo,
tratamento ou destinação final de resíduos sólidos, ou de disposição final de rejeitos,
não isenta as pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 da responsabilidade por
danos que vierem a ser provocados pelo gerenciamento inadequado dos respectivos
resíduos ou rejeitos.

Ademais, a própria lei destaca que as etapas sob responsabilidade do gerador que
forem realizadas pelo poder público serão devidamente remuneradas pelas pessoas
físicas ou jurídicas responsáveis (observado o disposto no § 5o do art. 19 da Lei nº
12.305/10).

Art. 19. O plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos tem o


seguinte conteúdo mínimo:

§ 5o Na definição de responsabilidades na forma do inciso VIII do caput deste artigo,


é vedado atribuir ao serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos a realização de etapas do gerenciamento dos resíduos a que se refere o art.
20 em desacordo com a respectiva licença ambiental ou com normas estabelecidas
pelos órgãos do Sisnama e, se couber, do SNVS.

Art. 20. Estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos sólidos: 104
I - os geradores de resíduos sólidos previstos nas alíneas “e”, “f”, “g” e “k” do inciso I
do art. 13;

Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte
classificação:

e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados


nessas atividades, excetuados os resíduos sólidos urbanos (resíduos
domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências
urbanas; e resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição,
limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza
urbana)
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e
instalações industriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde,
conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos
órgãos do Sisnama e do SNVS;

k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa,


extração ou beneficiamento de minérios;
II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que:

a) gerem resíduos perigosos;

b) gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua
natureza, composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares
pelo poder público municipal;

III - as empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de normas


estabelecidas pelos órgãos do Sisnama;

IV - os responsáveis pelos terminais e outras instalações referidas na alínea “j”


do inciso I do art. 13 e, nos termos do regulamento ou de normas estabelecidas pelos
órgãos do Sisnama e, se couber, do SNVS, as empresas de transporte;

V - os responsáveis por atividades agrossilvopastoris, se exigido pelo órgão


competente do Sisnama, do SNVS ou do Suasa.

Parágrafo único. Observado o disposto no Capítulo IV deste Título, serão


estabelecidas por regulamento exigências específicas relativas ao plano de
gerenciamento de resíduos perigosos. 105

(E) INCORRETA. Desde que observados os ditames legais, não há condição para que o
Poder Público institua medidas mais restritivas que o disposto na Lei nº 12.305/10,
proibindo outras formas de destinação ou disposição final dos resíduos sólidos. Ao
contrário, com vistas a proteção do meio ambiente é até aconselhável. Nesse sentido
dispõe a Lei nº 12.305/10:
art. 47. São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição final de
resíduos sólidos ou rejeitos:

I - lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;

II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;

III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados


para essa finalidade;

IV - outras formas vedadas pelo poder público.

68 Em dezembro de 2020, durante uma das fases mais agudas da pandemia COVID-19
no Brasil, com números altos de contaminados e mortes, o Supremo Tribunal Federal
julgou as ADIs 6.586/DF e 6.587/DF e o Recurso Extraordinário com Agravo nº 1.267.879,
fixando tese quanto à obrigatoriedade de imunização por meio de vacina, inclusive
quanto à vacinação obrigatória de crianças e adolescentes versus recusa dos pais ou
responsáveis em vacinarem seus filhos com base em convicção filosófica. Sobre os
mencionados julgados, assinale a alternativa correta.
(A) É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina, mesmo que
esta não tenha sido registrada em órgão de vigilância sanitária.
B) A liberdade de consciência é protegida constitucionalmente como direito absoluto
(art. 5º, VI e VIII, da CF/88) e se expressa no direito que toda pessoa tem de fazer suas
escolhas existenciais e de viver o seu próprio ideal de vida boa.
(C) A vacinação compulsória, firmada como tese pelo Supremo Tribunal Federal, significa
compulsoriedade a ser alcançada mediante restrições indiretas, sendo proibida
vacinação forçada.
(D) É ilícita qualquer restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de
determinados lugares aos não vacinados, mesmo que previstas em lei, ou dela
decorrentes.
(E) As limitações impostas no exercício de certas atividades ou frequência a
determinados lugares podem ser implementadas pela União, que é quem tem
competência para coordenar o Programa Nacional de Imunizações no país, não sendo
atribuída aos Estados, Distrito Federal e Município.
106
RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

O STF julgou parcialmente procedente ADI, para conferir interpretação conforme à


Constituição ao art. 3º, III, “d”, da Lei nº 13.979/2020. A tese fixada foi a seguinte:
(A) A vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o
consentimento do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas
indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas
atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela
decorrentes, e
(i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes,
(ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e
contraindicações dos imunizantes,
(iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas;
(iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e
(v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e
(B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto
pela União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas
esferas de competência. STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 17/12/2020. (Info 1003).

Nesse mesmo sentido no ARE 1.267.879:


A liberdade de consciência é protegida constitucionalmente (art. 5o, VI e VIII) e se
expressa no direito que toda pessoa tem de fazer suas escolhas existenciais e de viver o
seu próprio ideal de vida boa. É senso comum, porém, que nenhum direito é absoluto,
encontrando seus limites em outros direitos e valores constitucionais. No caso em
exame, a liberdade de consciência precisa ser ponderada com a defesa da vida e da
saúde de todos (arts. 5o e 196), bem como com a proteção prioritária da criança e do
adolescente (art. 227).
É legítimo impor o caráter compulsório de vacinas que tenha registro em órgão de
vigilância sanitária e em relação à qual exista consenso médico-científico. Diversos
fundamentos justificam a medida, entre os quais:
a) o Estado pode, em situações excepcionais, proteger as pessoas mesmo contra a sua
vontade (dignidade como valor comunitário); b) a vacinação é importante para a
proteção de toda a sociedade, não sendo legítimas escolhas individuais que afetem
gravemente direitos de terceiros (necessidade de imunização coletiva); e c) o poder
familiar não autoriza que os pais, invocando convicção filosófica, coloquem em risco a
saúde dos filhos (CF/1988, arts. 196, 227 e 229) (melhor interesse da criança). 6.
Desprovimento do recurso extraordinário, com a fixação da seguinte tese: “É 107
constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em
órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de
Imunizações, ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja
objeto de determinação da União, Estado, Distrito Federal ou Município, com base em
consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de
consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder
familiar”.

69 Sobre a ação civil pública, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) Na ação civil pública, é possível ao juiz determinar, independentemente de
requerimento do autor, o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, de prestação
da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica,
ou de cominação de multa diária.
(B) Prévio ajuizamento de ação civil pública provoca a extinção de ações individuais que
tratarem dos mesmos fatos, em face dos mesmos réus, em razão da litispendência.
(C) O Ministério Público e os demais órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
(D) Sendo o Ministério Público autor e requerendo a produção de prova pericial, caberá
à Fazenda Pública da pessoa política à qual o Ministério Público esteja vinculado arcar
com o adiantamento das despesas periciais.
(E) É possível o uso da ação civil pública como instrumento de controle incidental de
constitucionalidade, pela via difusa, de leis ou atos do Poder Público, mesmo quando
contestados em face da Constituição Federal, desde que a controvérsia constitucional
não configure objeto principal da demanda, mas sim questão prejudicial, indispensável
à resolução do litígio principal.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Art. 11 da LACP - Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da
atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou
de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente
de requerimento do autor.

(B) INCORRETA. Deve ser assinalada. Não há falar em extinção do processo individual.
Tanto o STF como o STJ têm precedentes no sentido de que, nesses casos, se deve
sobrestar os feitos individuais até a solução definitiva do litígio coletivo.
108
Vejamos:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. AÇÃO INDIVIDUAL DE
INDENIZAÇÃO POR SUPOSTO DANO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE ADRIANÓPOLIS.
AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. TUTELA DOS DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. EVENTO
FACTUAL GERADOR COMUM. PRETENSÕES INDENIZATÓRIAS MASSIFICADAS. EFEITOS
DA COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À REPARAÇÃO DOS DANOS
INDIVIDUAIS E AO AJUIZAMENTO DE AÇÕES INDIVIDUAIS. CONVENIÊNCIA DA
SUSPENSÃO DOS FEITOS INDIVIDUAIS. EXISTÊNCIA.
1. A tese a ser firmada, para efeito do art. 1.036 do CPC/2015 (art. 543-C do CPC/1973),
é a seguinte:
Até o trânsito em julgado das Ações Civis Públicas n. 5004891-93.2011.4004.7000 e n.
2001.70.00.019188-2, em tramitação na Vara Federal Ambiental, Agrária e Residual de
Curitiba, atinentes à macrolide geradora de processos multitudinários em razão de
suposta exposição à contaminação ambiental decorrente da exploração de jazida de
chumbo no Município de Adrianópolis-PR, deverão ficar suspensas as ações individuais.
Para aprofundamento: RECURSO ESPECIAL No 1.525.327 - PR (2015/0037555-8)
(C) CORRETA. O art. 5o , § 6° da LACP dispõe que os ÓRGÃOS PÚBLICOS LEGITIMADOS
poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às
exigências legais, mediante cominações e que esse acordo terá eficácia de título
executivo extrajudicial. Vide questão 65.
(D) CORRETA. STJ. Tema Repetitivo 510: Não é possível se exigir do Ministério Público o
adiantamento de honorários periciais em ações civis públicas. Ocorre que a referida
isenção conferida ao Ministério Público em relação ao adiantamento dos honorários
periciais não pode obrigar que o perito exerça seu ofício gratuitamente, tampouco
transferir ao réu o encargo de financiar ações contra ele movidas. Dessa forma,
considera-se aplicável, por analogia, a Súmula n. 232 desta Corte Superior ('A Fazenda
Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio dos
honorários do perito'), a determinar que a Fazenda Pública ao qual se acha vinculado o
Parquet arque com tais despesas.

(D) CORRETA. É legítima a utilização da ação civil pública como instrumento de


fiscalização incidental de constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer leis
ou atos do Poder Público, desde que a controvérsia constitucional não se
identifique como objeto único da demanda, mas simples questão prejudicial,
indispensável à resolução do litígio principa (Informativo 479 – STF)

Não é outro o entendimento do STJ:

"A inconstitucionalidade de determinada lei pode ser alegada em ação civil


pública, desde que a título de causa de pedir - e não de pedido", como no caso
em análise, pois, nessa hipótese, o controle de constitucionalidade terá caráter 109
incidental (REsp 1.569.401/CE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 08/03/2016, DJe 15/03/2016). Hipótese em que que a
alegação de inconstitucionalidade da Lei n. 19.452/2016, deduzida pelo MP/GO,
confunde-se com o pedido principal da causa, inviabilizando o manejo da
presente ação civil pública. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1736396/GO, Rel. Min.
Gurgel de Faria, julgado em 25/04/2022.

70 Sobre licitações e contratos, mormente as disposições contidas nas Leis nº 8.666/93


e 14.133/21, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) A Lei nº 14.133/21 permitiu a vigência da Lei nº 8.666/93 durante 2 (dois) anos de
sua publicação e, assim, as duas leis coexistirão até a revogação da Lei nº 8.666/93,
podendo a Administração optar por licitar ou contratar diretamente de acordo com uma
das leis, sendo que a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no edital ou
aviso ou instrumento de contratação direta, vedada a aplicação combinada das leis
citadas.
(B) A Lei nº 14.133/21, que veio a substituir a Lei n° 8.66/93, passou a prever como
modalidades de licitação a concorrência; o concurso; o leilão; o pregão e o diálogo
competitivo, extinguindo as modalidades de tomada de preços e convite.
(C) A sistemática da Lei nº 14.133/21, em atenção ao princípio da economicidade e
efetividade, passou a permitir a combinação entre as modalidades de licitação, desde
que fundamentada no edital do certame e não tenha por objeto a contratação de bens
e serviços especiais e de obras e serviços de engenharia.
(D) A Lei nº 14.133/21 passou a prever que, no caso de licitação que envolva o
fornecimento de bens, a Administração poderá excepcionalmente indicar uma ou mais
marcas ou modelos, desde que formalmente justificado nas seguintes hipóteses: a) em
decorrência da necessidade de padronização do objeto; b) em decorrência da
necessidade de manter a compatibilidade com plataformas e padrões já adotados pela
Administração; c) quando determinada marca ou modelo comercializados por mais de
um fornecedor forem os únicos capazes de atender às necessidades do contratante; d)
quando a descrição do objeto a ser licitado puder ser mais bem compreendida pela
identificação de determinada marca ou determinado modelo aptos a servir apenas
como referência.
(E) Sobre o processo licitatório, a Lei nº 8.666/93 prevê como regra as fases de edital;
habilitação; julgamento; homologação e adjudicação. A Lei nº 14.133/21 estabeleceu
expressamente como fases: preparatória; divulgação do edital de licitação; de
apresentação de propostas e lances, quando for o caso; de julgamento; habilitação;
recursal e homologação, devendo as licitações serem realizadas preferencialmente sob
a forma eletrônica, admitida a forma presencial, desde que motivada, devendo a sessão
pública ser registrada em ata e gravada em áudio e vídeo.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Os art. 191 e art. 193, II da Lei 14.133/21 estabelecem que até o decurso 110
do prazo de 2 (dois) anos da publicação oficial da Lei 14.133/21 (conhecida como nova
lei de licitações), a Administração poderá optar por licitar ou contratar diretamente de
acordo com as disposições da nova lei de licitações ou de acordo com as leis 8.666/93,
a Lei 10.520/02, e os arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462/11. Além do mais, estabelecem
também que a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no edital ou no aviso
ou instrumento de contratação direta, vedada a aplicação combinada da nova lei com
as anteriores.

(B) INCORRETA.

Art. 28 da Lei 14.133/21 aduz que são modalidades de licitação:


I - pregão;
II - concorrência;
III - concurso;
IV - leilão;
V - diálogo competitivo.
(…)
§ 2º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a combinação
daquelas referidas no caput deste artigo.

Pregão Modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens e serviços


comuns.
critério de - sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e qualidade que
julgamento possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
poderá ser especificações usuais de mercado
a) de menor
preço - pregão NÃO se aplica:
b) ou o de · às contratações de serviços técnicos especializados de natureza
maior predominantemente intelectual
desconto
· e de obras e serviços de engenharia, exceto serviço comum de
engenharia*
*todo serviço de engenharia que tem por objeto ações, objetivamente
padronizáveis em termos de desempenho e qualidade, de
manutenção, de adequação e de adaptação de bens móveis e imóveis,
com preservação das características originais dos bens.
Concorrência Modalidade de licitação para contratação de bens e serviços especiais
critério de e de obras e serviços comuns e especiais de engenharia,
julgamento Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em
poderá ser: sequência:
a)menor I - preparatória;
preço; II - de divulgação do edital de licitação;
b)melhor III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;
técnica ou IV - de julgamento;
conteúdo
artístico;
V - de habilitação;
VI - recursal;
111
c) técnica e VII - de homologação.
preço; A fase de habilitação poderá, mediante ato motivado com explicitação
d)maior dos benefícios decorrentes, anteceder as fases de apresentação de
retorno propostas e lances e de julgamento, desde que expressamente
econômico; previsto no edital de licitação.
e)maior As licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma
desconto eletrônica, admitida a utilização da forma presencial, desde que
motivada, devendo a sessão pública ser registrada em ata e gravada
em áudio e vídeo.
Concurso Modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, científico ou
critério de artístico, para concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor.
julgamento: I - a qualificação exigida dos participantes;
a) melhor II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho;
técnica ou III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser
b)conteúdo concedida ao vencedor.
artístico Nos concursos destinados à elaboração de projeto, o vencedor deverá
ceder à Administração Pública, nos termos do art. 93 desta Lei, todos
os direitos patrimoniais relativos ao projeto e autorizar sua execução
conforme juízo de conveniência e oportunidade das autoridades
competentes.
Leilão Modalidade de licitação para alienação de bens imóveis ou de bens
móveis inservíveis ou legalmente apreendidos
a quem O leilão poderá ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado
oferecer o pela autoridade competente da Administração, e regulamento deverá
maior lance dispor sobre procedimentos operacionais.
Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro oficial, a
Administração deverá selecioná-lo mediante credenciamento ou
licitação na modalidade pregão e adotar o critério de julgamento de
maior desconto para as comissões a serem cobradas, utilizados como
parâmetro máximo os percentuais definidos na lei que regula a
profissão e observados os valores dos bens a serem leiloados.
O leilão não exigirá registro cadastral prévio,
não terá fase de habilitação e
deverá ser homologado assim que concluída a fase de lances,
superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo licitante
vencedor, na forma definida no edital.
Diálogo Modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras
competitivo em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes
previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito
de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas
necessidades.
- devendo os licitantes apresentar proposta final após o encerramento
dos diálogos.
é restrita a contratações em que a Administração:
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
a) inovação tecnológica ou técnica;
112
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade
satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com
precisão suficiente pela Administração;
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com destaque
para os seguintes aspectos:
a) a solução técnica mais adequada;
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;
I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do edital
em sítio eletrônico oficial, suas necessidades e as exigências já
definidas e estabelecerá prazo
mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse
na participação da licitação;
EXIGÊNCIAS MÍNIMO 25 DIAS ÚTEIS
II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes deverão ser
previstos em edital, e serão admitidos todos os interessados que
preencherem os requisitos objetivos estabelecidos;
(...)
V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a Administração, em
decisão fundamentada, identifique a solução ou as soluções que
atendam às suas necessidades;
VII - o edital poderá prever a realização de fases sucessivas, caso em
que cada fase poderá restringir as soluções ou as propostas a serem
discutidas;
VIII - a Administração DEVERÁ, ao declarar que o diálogo foi
concluído, juntar aos autos do processo licitatório os registros e as
gravações da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a
divulgação de edital contendo a especificação da solução que atenda
às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para
seleção da proposta mais vantajosa e abrir prazo, MÍNIMO 60
(sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados na
forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas, que
deverão conter os elementos necessários para a realização do projeto;
(...)
X - a Administração definirá a proposta vencedora de acordo com
critérios divulgados no início da fase competitiva, assegurada a
contratação mais vantajosa como resultado;
XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de contratação
composta de pelo menos 3 (três) servidores efetivos ou empregados
públicos pertencentes aos quadros permanentes da Administração,
admitida a contratação de profissionais para assessoramento técnico
da comissão; Os profissionais contratados assinarão termo de
confidencialidade e abster-se-ão de atividades que possam configurar
conflito de interesses.
113
(C) CORRETA. DEVE SER assinalada. O art. 28 § 2º da Lei 14.133/21 estabelece que é
vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a combinação das
referidas no caput do artigo.

(D) INCORRETA. Art. 41 da Lei 14.133/21 - No caso de licitação que envolva o


fornecimento de bens, a Administração poderá excepcionalmente:
I - indicar uma ou mais marcas ou modelos, desde que formalmente justificado, nas
seguintes hipóteses:
a) em decorrência da necessidade de padronização do objeto;
b) em decorrência da necessidade de manter a compatibilidade com plataformas e
padrões já adotados pela Administração;
c) quando determinada marca ou modelo comercializados por mais de um fornecedor
forem os únicos capazes de atender às necessidades do contratante;
d) quando a descrição do objeto a ser licitado puder ser mais bem compreendida pela
identificação de determinada marca ou determinado modelo aptos a servir apenas
como referência;

(E) INCORRETA. No tocante às fases da licitação, diz-se que não houve uma grande
mudança trazida pela nova lei, mas, sim, a solução para discussões doutrinárias
ocorridas sob a égide da Lei nº 8.666/93 acerca do efetivo início do procedimento
licitatório. Os incisos do artigo 17 da Lei nº 14.133 preveem que as fases da licitação
observarão a seguinte sequência:
1) preparatória;

2) divulgação do edital;

3) apresentação de propostas e lances, quando for o caso;

4) julgamento;

5) habilitação;

6) recursal;

e 7) homologação, podendo a habilitação adiantar-se à apresentação das propostas e


julgamento, desde que haja motivação detalhada e previsão expressa no edital.

Chama-se atenção ao §2º deste artigo, que enfatiza que na nova lei, o que era exceção,
vira a regra, ou seja, "as licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma
eletrônica", sendo a utilização da forma presencial uma exceção motivada.

Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência:

I - preparatória;

II - de divulgação do edital de licitação;


114
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;

IV - de julgamento;

V - de habilitação;

VI - recursal;

VII - de homologação.

§ 1º A fase referida no inciso V do caput deste artigo poderá, mediante ato


motivado com explicitação dos benefícios decorrentes, anteceder as fases referidas
nos incisos III e IV do caput deste artigo, desde que expressamente previsto no edital
de licitação.

§ 2º As licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma eletrônica,


admitida a utilização da forma presencial, desde que motivada, devendo a sessão
pública ser registrada em ata e gravada em áudio e vídeo.

71 Qual, dentre os seguintes, NÃO é considerado princípio aplicável às medidas


protetivas destinadas a garantir o cumprimento integral dos direitos da infância e
juventude?
(A) Interesse superior da criança e do adolescente, o que significa que qualquer
intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da criança e do
adolescente.
(B) Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos, o que significa que
os direitos da criança e do adolescente são oponíveis contra o Estado, mas não contra a
família de origem deles.
(C) Intervenção precoce, ou seja, a intervenção das autoridades competentes deve ser
efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida.
(D) Proteção integral e prioritária, devendo a interpretação e aplicação de toda e
qualquer norma contida no Estatuto da Criança e do Adolescente ser voltada à proteção
integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares.
(E) Prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do
adolescente deve ser dada prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem
na sua família natural ou extensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua
integração em família adotiva.
____________________________________________________________
RESPOSTA: B

Estabelece o 100 do ECA os princípios que regem a aplicação das medidas, quais
sejam:
115
I - condição da crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos
criança e do nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal;
adolescente como
sujeitos de
direitos:
II - proteção
a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida
integral e
nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos
prioritária direitos de que crianças e adolescentes são titulares;
III -
a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a
responsabilidade
adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos
primária e
casos por esta expressamente ressalvados, é de
solidária do poder
responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de
público governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da
possibilidade da execução de programas por entidades não
governamentais;
IV - interesse a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e
superior da direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
criança e do consideração que for devida a outros interesses legítimos no
adolescente âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso
concreto;
V - privacidade a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente
deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito à imagem
e reserva da sua vida privada;
VI - intervenção a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada
precoce logo que a situação de perigo seja conhecida;
VII - intervenção a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas
mínima autoridades e instituições cuja ação seja indispensável à efetiva
promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente;
VII- a intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de
proporcionalidade perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no
e atualidade momento em que a decisão é tomada;
IX- a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam
responsabilidade os seus deveres para com a criança e o adolescente;
parental
X- prevalência da na promoção de direitos e na proteção da criança e do
família: adolescente deve ser dada prevalência às medidas que os
mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou,
se isso não for possível, que promovam a sua integração em
família adotiva;
XI - a criança e o adolescente, respeitado seu estágio de
obrigatoriedade desenvolvimento e capacidade de compreensão, seus pais ou
da informação responsável devem ser informados dos seus direitos, dos
motivos que determinaram a intervenção e da forma como esta
se processa;
116

XII -oitiva a criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos


obrigatória e pais, de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os
participação seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar
nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e
de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§
1 oe 2 o do art. 28 desta Lei.

A assertiva ‘‘B’’ está incorreta e, portanto, deve ser assinalada. A um, porque o
princípio da condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos dispõe
sobre a titularidade de direitos da criança e do adolescente.
A dois, o examinador quis confundi-los com o princípio da prioridade absoluta. Ora, a
prioridade absoluta, considerado o mais importante princípio, definido pela CF/88,
estabelece que as crianças e aos adolescentes têm prioridade, antecedência e primazia
para efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
à convivência familiar e comunitária.
Em vista disso, o termo “absoluta” quer dizer que não há qualquer outra
hipótese que possa oferecer exceção à prioridade, sendo oponível a todos, a ser
cumprida tanto pela família, como pela comunidade (sociedade) e pelo Estado, por
suas três esferas de Governo. Trata-se da primazia incondicional dos interesses e
direitos da criança e do adolescente.
Além do mais, reforçando o referido princípio, o art. 18-A, acrescido pela Lei
Menino Bernardo, acentua que a família e os responsáveis pela criança, inclusive os
agentes públicos que executam medida socioeducativa, não podem usar tratamento
agressivo com castigos físicos que causem sofrimento físico ou lesão, tampouco podem
sujeitar a criança e o adolescente a tratamento cruel ou degradante, ameaçador,
ridicularizante ou que provoque humilhação.
Nessa toada, a jurisprudência do STF e do STJ tem decidido que cabe ao Estado
realizar os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes, sendo incabível a
alegação da “reserva do possível”, em proibição ao retrocesso quanto aos direitos
prestacionais positivos do Estado, o que confirma o princípio da prioridade absoluta.
Senão vejamos:
A cláusula da reserva do possível que não pode ser invocada,
pelo Poder Público, com o propósito de fraudar, de frustrar e de
inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na
própria Constituição - encontra insuperável limitação na garantia
constitucional do mínimo existencial, que representa, no
contexto de nosso ordenamento positivo, emanação direta do
postulado da essencial dignidade da pessoa humana. Doutrina.
Precedentes. - A noção de “mínimo existencial”, que resulta, por
implicitude, de determinados preceitos constitucionais (CF, art.
1o, III, e art. 3o, III), compreende um complexo de prerrogativas
117
cuja concretização revela- se capaz de garantir condições
adequadas de existência digna, em ordem a assegurar, à pessoa,
acesso efetivo ao direito geral de liberdade e, também, a
prestações positivas originárias do Estado, viabilizadoras da
plena fruição de direitos sociais básicos, tais como o direito à
educação, o direito à proteção integral da criança e do
adolescente, o direito à saúde, o direito à assistência social, o
direito à moradia, o direito à alimentação e o direito à segurança.
Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana, de 1948
(Artigo XXV)”. (STF, Ag Reg. no Recurso Extraordinário com
agravo 639.337)

Para complementação:
https://www.tjpb.jus.br/sites/default/files/anexos/2021/08/principios_do_direito_da_
crianca_e_do_adolescente_e_guarda_compartilhada_0.pdf

72 Em relação ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de


Valorização dos Profissionais da Educação (Lei nº 14.113/20) e à Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), é correto afirmar que
(A) os Fundos previstos na Lei n° 14.113/20 destinam-se à manutenção e ao
desenvolvimento da educação básica pública e à valorização dos profissionais da
educação, incluindo-se remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais
profissionais da educação; aquisição, manutenção, construção e conservação de
instalações e equipamentos necessários ao ensino; uso e manutenção de bens e serviços
vinculados ao ensino; obras de infraestrutura realizadas para beneficiar a rede escolar;
aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte
escolar; programas suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica,
farmacêutica e psicológica a alunos carentes; entre outros casos especificados na lei.
(B) a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e
individuais indisponíveis, relacionada ao pleno cumprimento da Lei do FUNDEB,
compete ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal e Territórios e ao
Ministério Público Federal, especialmente quanto às transferências de recursos
federais, mas essa legitimidade não exclui a de terceiros para propositura de ações a
que se referem o inciso LXXIII do caput do art. 5º e o § 1º do art. 129 da Constituição
Federal.
(C) o acompanhamento e o controle social sobre a distribuição, a transferência e a
aplicação dos recursos dos Fundos serão exercidos, perante os respectivos governos, no
âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por conselhos
instituídos especificamente para esse fim, os quais atuarão vinculados ao Poder
Executivo e serão renovados periodicamente ao final de cada mandato dos seus
membros.
(D) o dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia
de educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade, organizada na forma de pré-escola, ensino fundamental, ensino médio e técnico
profissionalizante, tratando-se de direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão 118
e o Ministério Público acionar o poder público para exigi-lo.
(E) os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema
de ensino, terão a incumbência de notificar ao Conselho Tutelar do Município e ao
Ministério Público local a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima
de 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei, bem como informar pai e mãe,
conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta
pedagógica da escola.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 2º Os Fundos destinam-se à manutenção e ao desenvolvimento da


educação básica pública e à valorização dos profissionais da educação, incluída sua
condigna remuneração, observado o disposto nesta Lei.
Por conseguinte, em consonância com o art. 2º da Lei 14.113/20, a Lei de
Diretrizes e Bases (LDB), estabelece no art. 70. que serão considerados como de
manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas à
consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos os níveis,
compreendendo as que se destinam a:
I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da
educação;
II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos
necessários ao ensino;
III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;
IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao
aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino;
V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino;
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas;
VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto
nos incisos deste artigo;
VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte
escolar.

Não obstante, o art. 71 da LDB, logo em seguida, nos informa as despesas que não
constituirão a manutenção e desenvolvimento do ensino, quais sejam, aquelas
realizadas com:

I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada fora
dos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua
qualidade ou à sua expansão;
II - subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou
cultural;
119
III - formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares ou civis,
inclusive diplomáticos;
IV - programas suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica,
farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social;
V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou
indiretamente a rede escolar;
VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de função
ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino.

(B) CORRETA.

Art. 32 da Lei 14.113/20 - A defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos


interesses sociais e individuais indisponíveis, relacionada ao pleno cumprimento desta
Lei, compete ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal e Territórios e ao
Ministério Público Federal, especialmente quanto às transferências de recursos
federais.

§ 1º A legitimidade do Ministério Público prevista no caput deste artigo não exclui a de


terceiros para a propositura de ações a que se referem o inciso LXXIII do caput do art.
5º e o § 1º do art. 129 da Constituição Federa l, assegurado a eles o acesso gratuito aos
documentos mencionados nos arts. 31 e 36 desta Lei.
§ 2º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do
Distrito Federal e Territórios e dos Estados para a fiscalização da aplicação dos recursos
dos Fundos que receberem complementação da União.

(C) INCORRETA. Art. 33 da Lei 14.113/20 - O acompanhamento e o controle social sobre


a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos dos Fundos serão exercidos,
perante os respectivos governos, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, por conselhos instituídos especificamente para esse fim.
(…)
§ 3º Os conselhos atuarão com autonomia, sem vinculação ou subordinação
institucional ao Poder Executivo local e serão renovados periodicamente ao final de cada
mandato dos seus membros.

(D)INCORRETA.

EDUCAÇÃO BÁSICA OBRIGATÓRIA


dos 4 aos 17 anos de idade.
A EDUCAÇÃO
INFANTIL
O ENSINO FUNDAMENTAL OBRIGATÓRIO,
DURAÇÃO DE 9 (NOVE) ANOS
ENSINO MÉDIO 120
pré-escolas, para as iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá ***O ensino técnico
crianças de 4 por objetivo a formação básica do cidadão. não é obrigatório.
(quatro) a 5 (cinco)
anos de idade

O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer


cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de
classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder
público para exigi-lo.

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a
garantia de:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram
acesso na idade própria;
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade, organizada da seguinte forma
a) pré-escola
b) ensino fundamental;
c) ensino médio
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; (Redação
dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades
especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;
(...)

(E) INCORRETA. Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns


e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
(...)
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os
responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a
execução da proposta pedagógica da escola;
VIII – NOTIFICAR AO CONSELHO TUTELAR DO MUNICÍPIO a relação dos alunos que
apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percentual
permitido em lei;

73 Considerando as Fundações, Organizações Sociais e Organizações da Sociedade Civil


de Interesse Público (e regramentos contidos nas Leis nº 8.958/94, nº 9.790/99 e nº
9.637/98), assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as
pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e
se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os
121
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos
pela Lei nº 9.790/99.
(B) Perde-se a qualificação de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público a
pedido ou mediante decisão proferida em processo administrativo ou judicial, de
iniciativa popular ou do Ministério Público, no qual serão assegurados ampla defesa e o
devido contraditório.
(C) Sem prejuízo de outras medidas previstas em lei, havendo indícios fundados de
malversação de bens ou recursos de origem pública, os responsáveis pela fiscalização da
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público representarão ao Ministério Público
ou à Advocacia-Geral da União para que requeira ao juízo competente a decretação da
indisponibilidade dos bens da entidade e o sequestro dos bens dos seus dirigentes, bem
como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou
causado dano ao patrimônio público, além de outras medidas.
(D) As entidades privadas (pessoas jurídicas de direito privado) que queiram se qualificar
como Organizações Sociais devem possuir finalidade não lucrativa; com obrigatoriedade
de investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento de suas próprias
atividades ou para fundos municipais correlatos; suas atividades serem dirigidas ao
ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde; com possibilidade de destinação parcial de bens
e parcela do patrimônio líquido aos associados na parcela prevista em lei, em caso de
desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da entidade.
(E) Apesar da Lei de Organizações Sociais não tratar da exigência de licitação ou processo
seletivo para celebração de contrato de gestão, a jurisprudência, em destaque
entendimento do Supremo Tribunal Federal, pontua que, por essas organizações
atuarem em serviços públicos sociais, impõe-se que o Poder Público conduza a
celebração do contrato por um procedimento público impessoal e pautado por critérios
objetivos, com incidência direta dos princípios constitucionais da impessoalidade, da
publicidade e da eficiência na Administração Pública (Constituição Federal, art. 37,
caput).

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Art. 1o Lei 9.790/99 - Podem qualificar-se como Organizações da


Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem fins
lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há,
no mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas
estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.

(B) CORRETA. Art. 7o da Lei 9.790/99 - Perde-se a qualificação de Organização da


Sociedade Civil de Interesse Público, a pedido ou mediante decisão proferida em
processo administrativo ou judicial, de iniciativa popular ou do Ministério Público, no
qual serão assegurados, ampla defesa e o devido contraditório.
122

(C) CORRETA. Art. 13. da Lei 9.790/99 - Sem prejuízo da medida a que se refere o art.
12 desta Lei, havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem
pública, os responsáveis pela fiscalização representarão ao Ministério Público, à
Advocacia-Geral da União, para que requeiram ao juízo competente a decretação da
indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem
como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou
causado dano ao patrimônio público, além de outras medidas consubstanciadas na Lei
no 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990.

(D) INCORRETA. Deve ser assinalada. O Poder Executivo poderá qualificar como
organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas
atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos
aos requisitos previstos nesta

Outrossim, estabelece o art. 2º da 9.637/98 os requisitos específicos para que as


entidades privadas se habilitem à qualificação como organização social, quais sejam:

I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:

a) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;


b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes
financeiros no desenvolvimento das próprias atividades;

c) previsão expressa de a entidade ter, como órgãos de deliberação superior e de


direção, um conselho de administração e uma diretoria definidos nos termos do
estatuto, asseguradas àquela composição e atribuições normativas e de controle básicas
previstas nesta Lei;

d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de


representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade
profissional e idoneidade moral;

e) composição e atribuições da diretoria;

f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da União, dos relatórios


financeiros e do relatório de execução do contrato de gestão;

g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma do estatuto;


h) proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer
hipótese, INCLUSIVE EM RAZÃO DE DESLIGAMENTO, retirada ou falecimento de
associado ou membro da entidade;

i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe
foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas
atividades, em caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra organização 123
social qualificada no âmbito da União, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio da
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, na proporção dos recursos e
bens por estes alocados;

II - haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como


organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de
atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração
Federal e Reforma do Estado.

(E) CORRETA. Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, prestadoras de atividades de interesse público e que, por terem
preenchido determinados requisitos previstos na Lei 9.637/98, recebem a
qualificação de “organização social”. A pessoa jurídica, depois de obter esse
título de “organização social”, poderá celebrar com o Poder Público um
instrumento chamado de “contrato de gestão” por meio do qual receberá
incentivos públicos para continuar realizando suas atividades. Foi ajuizada uma
ADI contra diversos dispositivos da Lei 9.637/98 e contra o art. 24, XXIV, da Lei
8.666/93, que prevê a dispensa de licitação nas contratações de organizações
sociais.
O Plenário do STF não declarou os dispositivos inconstitucionais, mas deu
interpretação conforme a Constituição para deixar explícitas as seguintes
conclusões:
a) o procedimento de qualificação das organizações sociais deve ser conduzido
de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do
“caput” do art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados em abstrato
segundo o disposto no art. 20 da Lei 9.637/98;
b) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de forma pública,
objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da
CF; c) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei 8.666/1993,
art. 24, XXIV) e outorga de permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998,
art. 12, § 3º) são válidas, mas devem ser conduzidas de forma pública, objetiva
e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF;
d) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser conduzida de forma
pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do
art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada
entidade; e
e) qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e
pelo Tribunal de Contas da União, da aplicação de verbas públicas deve ser
afastada. STF. Plenário. ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o
acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 15 e 16/4/2015 (Info 781).

74 Quanto ao Direito à Convivência Familiar e Comunitária previsto no Estatuto da


Criança e do Adolescente, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) A gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes
ou logo após o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude.
124
(B) É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento.
(C) Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da
unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os
quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
(D) Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família
substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que
justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em
qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
(E) A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, sendo
admissível na modalidade de guarda.
RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Art. 19-A do ECA - A gestante ou mãe que manifeste interesse em
entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será encaminhada à
Justiça da Infância e da Juventude.

(B) CORRETA. Art. 19-A, § 9º do ECA - É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o
nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei.
(C) CORRETA. Art. 25 do ECA - Entende-se por família natural a comunidade formada
pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende
para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade
e afetividade.

(D) CORRETA. Art. 28, § 4º do ECA - Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de
risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de
solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos
vínculos fraternais.

(E) INCORRETA. Art. 31 do ECA - A colocação em família substituta estrangeira constitui


medida excepcional, SOMENTE ADMISSÍVEL na modalidade de adoção.

75 Quanto aos conceitos de consumidor e fornecedor previstos no Código de Defesa do


Consumidor, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a
alternativa INCORRETA.
(A) A adoção da teoria da aparência pela legislação consumerista conduz à conclusão de
que o conceito legal do art. 3º do Código do Consumidor abrange também a figura do 125
fornecedor aparente, compreendendo aquele que, embora não tenha participado
diretamente do processo de fabricação, apresenta-se como tal por ostentar nome,
marca ou outro sinal de identificação em comum com o bem que foi fabricado por um
terceiro, assumindo a posição de real fabricante do produto perante o mercado
consumidor.
(B) Admite-se a responsabilidade do terceiro que, embora não tenha prestado o serviço
diretamente, integrou a cadeia de consumo, contribuindo com produtos ou serviços
para o fornecimento do serviço final.
(C) O terceiro mero patrocinador do evento que não participou da sua organização e,
assim, não assumiu a garantia de segurança dos participantes, não pode ser enquadrado
no conceito de fornecedor para fins de responsabilização pelo acidente de consumo.
(D) O fato de o serviço ser gratuito desvirtua a relação de consumo, pois o legislador
conceituou serviço usando a expressão “mediante remuneração” (art. 3º, §2º, do CDC),
exigindo, portanto, que o consumidor tenha efetuado uma contraprestação pelo
serviço.
(E) O STF tem mitigado os rigores da teoria finalista para autorizar a incidência do
Código de Defesa do Consumidor nas hipóteses em que a parte, embora não seja
destinatária final do produto ou serviço, se apresente em situação de vulnerabilidade.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a teoria da aparência – que
leva ao reconhecimento de efeitos jurídicos em uma situação que apenas parece real –
pode ser aplicada em casos muito diversos: de relações de consumo a comunicações
processuais, da solidariedade na responsabilidade civil à autorização para o ingresso da
polícia em imóveis. A doutrina conceitua a aparência de direito como "uma situação de
fato que manifesta como verdadeira uma situação jurídica não verdadeira, e que, por
causa do erro escusável de quem, de boa-fé, tomou o fenômeno real como
manifestação de uma situação jurídica verdadeira, cria um direito subjetivo novo,
mesmo à custa da própria realidade" (Álvaro Malheiros, citado pelo ministro Reynaldo
Soares da Fonseca no RMS 57.740). No julgamento do REsp 1.637.611, a ministra Nancy
Andrighi também recorreu à doutrina para explicar que a teoria da aparência se baseia
na proteção do terceiro, pois a confiança legítima desse terceiro, agindo de boa-fé, é
que faz surgirem consequências jurídicas em situações às vezes inexistentes ou
inválidas.
Ao interpretar o artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor (CDC) durante o
julgamento do REsp 1.580.432, a Quarta Turma decidiu que se enquadra como
fornecedor aparente a empresa que legitimamente se utiliza de marca de renome
mundial para comercializar seus produtos, mesmo não sendo a sua fabricante.

(B) INCORRETA. É possível dividir o fornecedor em duas categorias: (I) direito ou 126
imediato; e (II) indireto ou mediato. O primeiro, é “aquele que constitui diretamente a
relação de consumo com o destinatário final dos produtos e serviços”. Já o fornecedor
indireto ou mediato é quem “não celebrou o contrato, mas integrou a cadeia econômica
como fornecedor do produto ou do serviço” (LISBOA, Roberto Senise. Responsabilidade
civil nas relações de consumo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 94-95).
Segundo lecionam Claudia Lima Marques, Antonio Herman V. Benjamin e Bruno
Miragem, “o art. 3º do CDC bem especifica que o sistema de proteção do consumidor
considera como fornecedores a todos os que participam da cadeia de fornecimento de
produtos e da cadeia de fornecimento de serviços (o organizador da cadeia e os demais
partícipes do fornecimento direto e indireto, mencionados genericamente como 'toda
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de (...) prestação de serviços'), não
importando sua relação direta ou indireta, contratual ou extracontratual com o
consumidor” (Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 4. ed. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2021, p. RL-1.2).
Destacam os autores que “o reflexo mais importante, o resultado mais destacável desta
visualização da cadeia de fornecimento, do aparecimento plural dos sujeitos-
fornecedores, é a solidariedade dentre os participantes da cadeia mencionada nos arts.
18 a 20 do CDC e indicada na expressão genérica “fornecedor de serviços” do art. 14,
caput, do CDC” (Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 4. ed. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2021, p. RL-1.2).
Ademais, leciona a doutrina que, “para viabilizar uma proteção mais efetiva à vítima de
acidentes de consumo, amplia-se o nexo de imputação para abranger outras pessoas
que, embora não tendo relação direta com o produto ou o serviço no momento da sua
criação, instante provável do surgimento do defeito, participam ativamente da
circulação no mercado de consumo até chegar às mãos do consumidor ou usuário, como
ocorre com o importador, o distribuidor, o comerciante. Estabelece-se, assim, na
responsabilidade por acidente de consumo, uma ampliação do nexo de imputação para
abranger pessoas que, no sistema tradicional, não seriam atingidas” (SANSEVERINO,
Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no Código do Consumidor e a defesa do
fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 171).
Nessa linha de intelecção, a jurisprudência consolidada no STJ é de que todos os
integrantes da cadeia de consumo ou de fornecimento respondem solidariamente
pelos danos causados ao consumidor (AgInt no AREsp 1.800.191/DF, 3a Turma, DJe
2/9/2021; AgInt no AREsp 1.796.758/SP, 4a Turma, DJe 7/6/2021; AgInt nos EDcl nos
EDcl no AREsp 1.569.919/AM, 3a Turma, DJe 24/6/2020).

(C) INCORRETA. Ao dar parcial provimento ao REsp 1.955.083 de uma empresa que
patrocinou a exibição de manobras radicais de motocicletas, a Terceira Turma do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que o mero patrocinador de evento, que não
assume garantia de segurança dos participantes, não pode ser considerado fornecedor
para fins de responsabilização por acidente de consumo.

No julgamento, o colegiado isentou a empresa patrocinadora da obrigação de indenizar


a mãe de um menino de 11 anos que morreu após a explosão do cilindro acoplado em
uma das motos durante o espetáculo. O menor não resistiu aos ferimentos causados
pelos estilhaços que o atingiram. 127
A ministra Nancy Andrighi, relatora, explicou que o STJ adota a teoria finalista, segundo
a qual se considera consumidor, para efeito de aplicação do Código de Defesa do
Consumidor (CDC), "aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço,
excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo". Essa teoria é mitigada no
tribunal pelo entendimento de que a proteção do CDC se estende à parte vulnerável,
mesmo que não seja a destinatária final do produto ou serviço.

Assim, para ela, não há dúvida de que o menino estava na condição de consumidor, pois
assistiu à apresentação como destinatário final.

Por outro lado – acrescentou –, o STJ considera que a expressão "mediante


remuneração", presente no artigo 3º, parágrafo 2º, do Código de Defesa do Consumidor,
deve ser entendida como qualquer ganho direto ou indireto para o fornecedor – o que
levou a corte a decidir que o oferecimento de serviço gratuito não descaracteriza a
relação de consumo (REsp 1.316.921).

"É certo que, apesar de não ter sido cobrado ingresso do público, o evento proporcionou
ganhos indiretos aos seus organizadores, seja pela exposição da marca ou de produtos",
observou.

D) INCORRETA. Deve ser assinalada. No REsp 1.316.921, supramencionado na


assertiva ‘‘C,’’ o STJ entendeu da expressão "mediante remuneração", presente
no artigo 3º, parágrafo 2º, do Código de Defesa do Consumidor, deve ser
entendida como qualquer ganho direto ou indireto para o fornecedor – o que
levou a corte a decidir que o oferecimento de serviço gratuito NÃO
DESCARACTERIZA a relação de consumo.

(E) INCORRETA. A teoria finalista aprofundada ou mitigada amplia o conceito de


consumidor para alcançar a pessoa física ou jurídica que, embora não seja a
destinatária final do produto ou serviço, esteja em situação de vulnerabilidade técnica,
jurídica ou econômica em relação ao fornecedor.
Com base nessa teoria, o Superior Tribunal de Justiça tem mitigado a aplicação da teoria
finalista nos casos em que a pessoa física ou jurídica, embora não se enquadre na
categoria de destinatário final do produto, se apresenta em estado de vulnerabilidade
ou hipossuficiência, autorizando assim a aplicação do Código de Defesa do Consumidor
(AgInt no AREsp 1454583/PE ) Vejamos:

‘‘Embora consagre o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a


jurisprudência do STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas,
abrandar o rigor desse critério para admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre
os adquirentes e os fornecedores em que, mesmo o adquirente utilizando os bens ou
serviços para suas atividades econômicas, fique evidenciado que ele apresenta
vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso é a teoria finalista mitigada,
abrandada ou aprofundada. Em suma, a teoria finalista mitigada, abrandada ou 128
aprofundada consiste na possibilidade de se admitir que, em determinadas hipóteses, a
pessoa, mesmo sem ter adquirido o produto ou serviço como destinatária final, possa
ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma
vulnerabilidade. Existem quatro espécies de vulnerabilidade: a) técnica; b) jurídica; c)
fática; d) informacional. STJ. 3ª Turma. REsp 1195642/RJ, Min. Nancy Andrighi, julgado
em 13/11/2012.’’

76 Nos termos da jurisprudência do STJ e do STF, sobre o novo Código Florestal, a Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos e a
Lei do Saneamento Básico, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Na vigência do novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), a extensão não edificável
nas Áreas de Preservação Permanente de qualquer curso d’água, perene ou
intermitente, em trechos caracterizados como área urbana consolidada, deve respeitar
o que disciplinado pelo seu art. 4º, caput, inciso I, alíneas a, b, c, d e e, a fim de assegurar
a mais ampla garantia ambiental a esses espaços territoriais especialmente protegidos
e, por conseguinte, à coletividade.
(B) O novo Código Florestal não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito, os
direitos ambientais adquiridos e a coisa julgada, razão pela qual o cumprimento de
Termo de Ajustamento de Conduta deve ser regido pelo Código Florestal vigente à época
da celebração do acordo.
(C) O cômputo das Áreas de Preservação Permanente no percentual de Reserva Legal,
previsto no art. 15 da Lei nº 12.651/2012, resulta de legítimo exercício, pelo legislador,
da função que lhe assegura o art. 225, §1º, III, da Constituição Federal, razão pela qual
é admitida a retroatividade para alcançar situações já consolidadas.
(D) É vedada a captação de água subterrânea para uso de núcleos residenciais sem que
haja prévia outorga e autorização ambiental do Poder Público.
(E) O Ministério Público ostenta legitimidade para propor ação civil pública na hipótese
de poluição sonora decorrente de excesso de ruídos, tendo em vista se tratar de
poluição, situação para a qual o órgão tem legitimidade para a propositura de ação,
conforme prevê o art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/1981 (Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente).

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Na vigência do novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), a extensão não
edificável nas Áreas de Preservação Permanente de qualquer curso d' água, perene ou
intermitente, em trechos caracterizados como área urbana consolidada, deve respeitar
o que disciplinado pelo seu art. 4º, caput, inciso I, alíneas a, b, c, d e e, a fim de assegurar
a mais ampla garantia ambiental a esses espaços territoriais especialmente protegidos
e, por conseguinte, à coletividade. STJ. 1ª Seção. REsp 1770760/SC, Rel. Min. Benedito 129
Gonçalves, julgado em 28/04/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1010) (Info 694).

Fundamentos:
A norma do Código Florestal é a que garante, de forma mais eficaz, a proteção do
meio ambiente natural e do meio ambiente artificial, em cumprimento ao disposto
no art. 225 da CF/88, sempre com os olhos também voltados ao princípio do
desenvolvimento sustentável (art. 170, VI,) e às funções social e ecológica da
propriedade.
Código Florestal é mais específico (critério da especialidade) Se compararmos com o
art. 4º, III-A, da Lei nº 6.766/76, vamos chegar à conclusão de que a norma do art. 4º,
I, do Código Florestal é especial e específica, devendo, portanto, reger a proteção das
APPs ciliares ou ripárias em áreas urbanas consolidadas, espaços territoriais
especialmente protegidos (art. 225, III, da CF/88), que não se condicionam a fronteiras
entre o meio rural e o urbano. Depois do julgado acima, foi editada a Lei nº
14.285/2021 que acrescentou o § 10 no art. 4º do Código Florestal, prevendo o
seguinte: Art. 4º (...) § 10. Em áreas urbanas consolidadas, ouvidos os conselhos
estaduais, municipais ou distrital de meio ambiente, lei municipal ou distrital poderá
definir faixas marginais distintas daquelas estabelecidas no inciso I do caput deste
artigo, com regras que estabeleçam: I – a não ocupação de áreas com risco de
desastres; II – a observância das diretrizes do plano de recursos hídricos, do plano de
bacia, do plano de drenagem ou do plano de saneamento básico, se houver; e III – a
previsão de que as atividades ou os empreendimentos a serem instalados nas áreas
de preservação permanente urbanas devem observar os casos de utilidade pública,
de interesse social ou de baixo impacto ambiental fixados nesta Lei.

(B) CORRETA. Caso concreto: o Termo de Ajustamento de Conduta foi celebrado sob a
égide da Lei nº 4.771/65 (antigo Código Florestal). Ocorre que entrou em vigor o novo
Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) com regras diferentes daquelas que haviam sido
ajustas no TAC. Será possível aplicar as regras do novo Código Florestal? Não. O novo
Código Florestal não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito, os direitos
ambientais adquiridos e a coisa julgada. Uma vez celebrado, e cumpridas as
formalidades legais, o Termo de Ajustamento de Conduta - TAC constitui ato jurídico
perfeito, imunizado contra alterações legislativas posteriores que enfraqueçam as
obrigações ambientais nele estabelecidas. Deve, assim, ser cabal e fielmente
implementado, vedado ao juiz recusar sua execução, pois do contrário desrespeitaria a
garantia da irretroatividade da lei nova, prevista no art. 6º da LINDB STJ. 2ª Turma. REsp
1802754-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 08/10/2019 (Info 679).

(C) INCORRETA. O Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) autorizou o cômputo das Áreas
de Preservação Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal nas propriedades
rurais. Assim, admite-se a soma com a APP, desde que esteja preservada ou em
recomposição, e não implique mais desmatamento, conforme estabelece o art. 15.

Insta consignar que, em recente julgamento, o Superior Tribunal de Justiça entendeu 130
que a previsão contida no Código Florestal de 2012 NÃO PODERIA RETROAGIR PARA
ALCANÇAR AS SITUAÇÕES CONSOLIDADAS NA VIGÊNCIA DA ANTIGA NORMA (LEI Nº
4.771/1965). A Corte Superior manifestou entendimento de que em matéria ambiental
é inadmissível aplicação de norma atual a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso
ambiental.

(D) CORRETA. A Lei nº 9.433/97 (Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos) e a Lei nº
11.445/2007 (Lei do Saneamento Básico) preveem, de forma expressa, categórica e
inafastável que é proibida a captação de água subterrânea para uso de núcleos
residenciais, sem que haja prévia outorga e autorização ambiental do Poder Público. As
normas locais devem respeitar essa regra geral fixada pela legislação federal, sob pena
de serem inconstitucionais. STJ. 1ª Seção. EREsp 1335535-RJ, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 26/09/2018 (Info 678).

(E) CORRETA. RECURSO ESPECIAL N. 1.051.306-MG (2008/0087087-3):

‘‘A poluição sonora, mesmo em área urbana, mostra-se tão nefasta aos seres humanos
e ao meio ambiente como outras atividades que atingem a “sadia qualidade de vida”,
referida no art. 225, caput, da Constituição Federal. 4. O direito ao silêncio é uma das
manifestações jurídicas mais atuais da pós-modernidade e da vida em sociedade,
inclusive nos grandes centros urbanos. 5. O fato de as cidades, em todo o mundo, serem
associadas à ubiqüidade de ruídos de toda ordem e de vivermos no país do carnaval e
de inumeráveis manifestações musicais não retira de cada brasileiro o direito de
descansar e dormir, duas das expressões do direito ao silêncio, que encontram justifi
cativa não apenas ética, mas sobretudo fi siológica. 6. Nos termos da Lei n. 6.938/1981
(Lei da Política Nacional do Meio Ambiente), também é poluição a atividade que lance,
no meio ambiente, “energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”
(art. 3º, III, alínea e, grifei), exatamente a hipótese do som e ruídos. Por isso mesmo,
inafastável a aplicação do art. 14, § 1º, da mesma Lei, que confere legitimação para
agir ao Ministério Público. 7. Tratando-se de poluição sonora, e não de simples
incômodo restrito aos lindeiros de parede, a atuação do Ministério Público não se dirige
à tutela de direitos individuais de vizinhança, na acepção civilista tradicional, e, sim, à
defesa do meio ambiente, da saúde e da tranqüilidade pública, bens de natureza difusa.
8. O Ministério Público possui legitimidade para propor Ação Civil Pública com o fito
de prevenir ou cessar qualquer tipo de poluição, inclusive sonora, bem como buscar a
reparação pelos danos dela decorrentes. 9. A indeterminação dos sujeitos, considerada
ao se fixar a legitimação para agir na Ação Civil Pública, não é incompatível com a
existência de vítimas individualizadas ou individualizáveis, bastando que os bens
jurídicos afetados sejam, no atacado, associados a valores maiores da sociedade,
compartilhados por todos, e a todos igualmente garantidos, pela norma constitucional
ou legal, como é o caso do meio ambiente ecologicamente equilibrado e da saúde.’’

77 Sobre a ação por ato de improbidade administrativa, assinale a alternativa


INCORRETA.
(A) A ação de improbidade administrativa possui natureza civil, mostrando-se indevida
a sua equiparação às ações penais para as quais o detentor de mandato eletivo possui
prerrogativa de foro, sendo o juízo de primeiro grau o competente para processar e
131
julgar a causa.
(B) Nas ações de ressarcimento ao erário e improbidade administrativa ajuizadas em
face de eventuais irregularidades praticadas na utilização ou prestação de contas de
valores decorrentes de convênio federal, o simples fato de as verbas estarem sujeitas à
prestação de contas perante o Tribunal de Contas da União, por si só, não justifica a
competência da Justiça Federal.
(C) Na ação civil pública por ato de improbidade administrativa, é possível o
prosseguimento da demanda para pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ainda que
sejam declaradas prescritas as demais sanções previstas no art. 12 da Lei nº 8.429/92.
(D) Em razão dos princípios constitucionais do direito administrativo sancionador, o
novo regime prescricional previsto na Lei nº 14.230/2021, que alterou a Lei nº 8.429/92,
se benéfico ao réu, é retroativo.
(E) A norma que aboliu a improbidade culposa não retroage para atingir a coisa julgada,
também não tendo incidência durante o processo de execução das penas e seus
incidentes.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS
A) INCORRETA. A ação de improbidade administrativa possui natureza civil,
mostrando-se indevida a sua equiparação às ações penais para as quais o
detentor de mandato eletivo possui prerrogativa de foro, sendo o juízo de
primeiro grau o competente para processar e julgar a causa.” Acórdão 836098,
20100112150926APC, Relator: MARIO-ZAM BELMIRO, Terceira Turma Cível,
data de julgamento: 19/11/2014, publicado no DJE: 04/12/2014.
B) INCORRETA. Nas ações de ressarcimento ao erário e improbidade administrativa
ajuizadas em face de eventuais irregularidades praticadas na utilização ou
prestação de contas de valores decorrentes de convênio federal, o simples fato
de as verbas estarem sujeitas à prestação de contas perante o Tribunal de Contas
da União, por si só, não justifica a competência da Justiça Federal. Igualmente, a
mera transferência e incorporação ao patrimônio municipal de verba desviada,
no âmbito civil, não pode impor de maneira absoluta a competência da Justiça
Estadual. Se houver manifestação de interesse jurídico por ente federal que
justifique a presença no processo, (v.g. União ou Ministério Público Federal)
regularmente reconhecido pelo Juízo Federal nos termos da Súmula 150/STJ, a
competência para processar e julgar a ação civil de improbidade administrativa
será da Justiça Federal. As Súmulas 208 e 209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ
e versam hipóteses de fixação da competência em matéria penal, em que basta
o interesse da União ou de suas autarquias para deslocar a competência para a
Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. Logo, não podem ser
utilizadas como critério para as demandas cíveis. Diante disso, é possível afirmar
que a competência cível da Justiça Federal deve ser definida em razão da
presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da CF/88
132
na relação processual, seja como autora, ré, assistente ou oponente e não em
razão da natureza da verba federal sujeita à fiscalização do TCU. Assim, em regra,
compete à Justiça Estadual processar e julgar agente público acusado de desvio
de verba recebida em razão de convênio firmado com o ente federal, salvo se
houver a presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109,
I, da CF/88 na relação processual. STJ. 1ª Seção. CC 174764-MA, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 09/02/2022 (Info 724).

C)INCORRETA. Na ação civil pública por ato de improbidade administrativa é possível o


prosseguimento da demanda para pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ainda
que sejam declaradas prescritas as demais sanções previstas no art. 12 da Lei nº
8.429/92. STJ. 1ª Seção. REsp 1899455-AC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
22/09/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1089) (Info 710).

D) e E) A assertiva D se encontra em dissonância com o que dispoe os Tribunais


Superiores. Senão vejamos:

As teses de repercussão geral fixadas pelo STF, no ARE 843989, foram as seguintes:

1) É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação dos atos


de improbidade administrativa, exigindo-se nos artigos 9º, 10 e 11 da LIA a presença do
elemento subjetivo dolo;
2) A norma benéfica da Lei 14.230/2021 revogação da modalidade culposa do ato de
improbidade administrativa, é irretroativa, em virtude do artigo 5º, inciso XXXVI, da
Constituição Federal, NÃO TENDO INCIDÊNCIA EM RELAÇÃO À EFICÁCIA DA COISA
JULGADA; nem tampouco durante o processo de execução das penas e seus incidentes;

3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa culposos


praticados na vigência do texto anterior, PORÉM SEM CONDENAÇÃO TRANSITADA EM
JULGADO, em virtude da revogação expressa do tipo culposo, devendo o juízo
competente analisar eventual dolo por parte do agente.

4) O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é irretroativo, aplicando-


se os novos marcos temporais a partir da publicação da lei.

78 No tocante à Lei de Improbidade Administrativa e Lei Anticorrupção, assinale a


alternativa INCORRETA.
(A) Os agentes públicos poderão ser sancionados pela prática de atos de improbidade
administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, da Constituição Federal, desde que
comprovada sua responsabilidade subjetiva.
(B) Os agentes públicos poderão ser sancionados pela prática de atos de improbidade
administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, da Constituição Federal, com a perda dos
direitos políticos e da função pública, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao
erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
133
(C) A Lei nº 12.846/2013, conhecida como Lei Anticorrupção (LAC), prevê a
responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
(D) Nos termos da Lei nº 8.429/92, é considerado sujeito ativo da Lei de Improbidade o
particular que, em tese, induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de
improbidade, sendo porém inviável a propositura de ação de improbidade contra o
particular, sem a presença de um agente público no polo passivo.
(E) Para a configuração dos atos de improbidade administrativa que causem prejuízo ao
erário (art. 10 da Lei nº 8.429/92), é indispensável a comprovação de efetivo prejuízo
aos cofres públicos.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 1º, §§ 2ºe3º, da Lei 8.429-92 (Lei de Improbidade Administrativa)
– A lei de Improbidade Administrativa exige a comprovação do elemento subjetivo dolo
para a configuração dos atos previstos em seus arts. 9º, 10 e 11. “§ 2º Considera-se dolo
a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11
desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente. § 3º O mero exercício da função ou
desempenho de competências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito,
afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021)”.

(B) CORRETA. Deve ser assinalada. Art. 37, § 4º, da CRFB/88 – “Os atos de improbidade
administrativa importarão A SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.”.

(C) INCORRETA. : Art. 2º, da Lei 12. 846 (Lei Anticorrupção) – “Art. 2º As pessoas jurídicas
serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos
lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não”.

(D) INCORRETA. “Para que o terceiro seja responsabilizado pelas sanções da Lei nº
8.429/92 é indispensável que seja identificado algum agente público como autor da
prática do ato de improbidade.
Assim, não é possível a propositura de ação de improbidade exclusivamente contra o
particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da
demanda.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/2/2014 (Info
535)”.
NÃO CONFUNDIR!! É viável o prosseguimento de ação de improbidade 134
administrativa exclusivamente contra particular quando há pretensão de
responsabilizar agentes públicos pelos mesmos fatos em outra demanda conexa.
STJ. 1ª Turma. AREsp 1.402.806-TO, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador
convocado do TRF da 5ª Região), julgado em 19/10/2021 (Info 714).

(E) INCORRETA. Art. 10 da Lei de Improbidade Administrativa – “Art.10. Constitui ato de


improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa,
que enseje, efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art.
1º desta Lei, e notadamente (...).
STJ – Informativo 528. Para a configuração dos atos de improbidade administrativa
que causem prejuízo ao erário (art. 10 da Lei 8.429/1992), é indispensável a
comprovação de efetivo prejuízo aos cofres públicos. Precedentes citados: REsp
1.233.502-MG, Segunda Turma, DJe 23/8/2012; e REsp 1.206.741-SP, Primeira Turma,
DJe 23/5/2012. REsp 1.173.677-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
20/8/2013.
79 O prefeito de certo município determinou a realização de compras de peças
automotivas, para atender à administração pública, junto à pessoa jurídica cujo sócio é
um apoiador eleitoral seu. Posteriormente, providenciou a feitura de procedimento
administrativo de licitação relativo às compras dos últimos três meses, formalizando,
então, o pagamento desse período, tendo o empresário colaborado com a apresentação
de cotações e propostas em nome de terceiros, a fim de atender aos requisitos legais da
licitação. Considerada a situação descrita, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) A conduta do prefeito configura ato de improbidade administrativa, nos termos da
Lei nº 8.429/92, bem como viola os princípios administrativos da legalidade, moralidade
e impessoalidade.
(B) A aplicação das sanções previstas na Lei nº 8.429/92 independe de efetiva ocorrência
de dano aos cofres públicos, salvo quanto ao dever de ressarcimento.
(C) Acaso os preços praticados estejam acima dos valores de mercado, é indispensável
também o ressarcimento ao erário em relação aos pagamentos superfaturados.
(D) O prefeito municipal também está sujeito às sanções previstas na Lei Anticorrupção,
Lei nº 12.846/2013, como a punição pecuniária, acaso comprovada sua
responsabilidade subjetiva.
(E) É possível a cumulação das ações de responsabilidade por atos de corrupção
previstas na Lei nº 8.429/92 e na Lei nº 12.846/2013, observando o princípio
constitucional do non bis in idem.
135
RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 11 da LIA - Constitui ato de improbidade administrativa que


atenta contra os princípios da administração pública a ação ou omissão dolosa que
viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por
uma das seguintes condutas: (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público,


de chamamento ou de procedimento licitatório, com vistas à obtenção de benefício
próprio, direto ou indireto, ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
2021)

(B) INCORRETA. Art. 21 da LIA - A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de
ressarcimento e às condutas previstas no art. 10 desta Lei; (Redação dada pela Lei
nº 14.230, de 2021)
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo
Tribunal ou Conselho de Contas
(C) INCORRETA. Art. 12 da LIA - que independentemente do ressarcimento integral do
dano patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de responsabilidade, civis
e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de
improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato.
(...)

(D) CORRETA. Deve ser assinalada. A Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, chamada
de Lei anticorrupção, trata da responsabilização administrativa e civil de PESSOAS
JURÍDICAS pela prática de atos de corrupção contra a administração pública, nacional
ou estrangeira, e atende ao pacto internacional firmado pelo Brasil. O objetivo é coibir
a atuação de empresas em esquemas de corrupção e assim, evitar que grandes prejuízo
sejam causados aos cofres públicos.
(E) INCORRETA. Vale a leitura:
Art. 3 § 2o As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de
improbidade administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração
pública de que trata a Lei no 12.846, de 1o de agosto de
2013. (Incluído pela Lei no 14.230, de 2021)
Consoante o Art. 3, § 2o da Lei de Improbidade, introduzido pela Lei 14.230/21, as
sanções previstas na LIA não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de improbidade
administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração pública de que
trata a Lei no 12.846.
136
Colaciono os seguintes comentários pela clareza da explanação e relevância do
conteúdo:
A Lei Anticorrupção ressalvou no art. 30 a sua total independência normativa frente a
outras leis que protegem a probidade administrativa. A pretensão dessa norma é
admitir a cumulação de sanções previstas nas Leis no 8.429/1992 (improbidade
administrativa), no 8.666/1993 (licitações e contratos) e no 12.462/2011 (RDC), caso o
ato praticado configure ilícito em qualquer um desses diplomas legais.
Esse regime de independência permite que uma pessoa seja responsabilizada
simultaneamente por diferentes sistemas sancionatórios, como acontece no caso de
uma fraude à licitação que pode caracterizar infração simultânea ao art. 5o, IV, da Lei
12.846/2013 e ao art. 10, VIII, da Lei 8.429/1992, sem falar no crime do art. 337-F do
Código Penal, imputável, naturalmente, às pessoas físicas envolvidas no ato.
A autonomia da Lei Anticorrupção se assenta em seus distintos elementos estruturais e,
fundamentalmente, na liberdade política do legislador em editar diferentes leis voltadas
a proteção de determinados bens jurídicos. A sobreposição normativa é legitimada
também pelo incremento protetivo do direito fundamental a probidade administrativa,
pelo que não há propriamente um conflito de normas nesses casos. No mesmo sentido,
entende Modesto Carvalhosa.
Em que pese vozes em sentido contrário, alguns entendem que a diferença de
tratamento existente nessas leis é suficiente para refutar alegação de violação ao
princípio do ne bis in idem, segundo o qual, ninguém pode, pelo mesmo fato, ser
processado duas vezes, incorporado ao ordenamento brasileiro por meio da Convenção
Americana de Direitos Humanos de 1969 (Pacto de San José da Costa Rica, inserido no
ordenamento jurídico brasileiro por meio do Decreto 678/1992), que assim dispõe no
art. 8, n.o 4: “O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser
submetido a novo processo pelos mesmos fatos”.
Ora, a Lei Anticorrupção Empresarial, a Lei de Improbidade Administrativa e as leis
penais enfrentam a corrupção com instrumentos, estratégias e eixos diferentes, que
resultam em sanções diversas entre si. Isso permite que um mesmo ato seja
sancionado por diferentes normas e múltiplos sistemas de responsabilidade. Aliás,
seguindo essa linha de ideias, a Suprema Corte do Brasil já reconheceu a inexistência
de ‘bis in idem’ pela circunstância de, pelos mesmos fatos, terem sido aplicadas a pena
de multa pelo Tribunal de Contas da União e a pena de cassação da aposentadoria pela
Administração. (...)
Além disso, o fato de algumas sanções previstas em ambos os diplomas legais serem
comuns também não justifica, a nosso ver, o afastamento de uma das leis, sob a tese de
violação da proibição do bis in idem. No regime de independências de instâncias, é
comum a aplicação simultânea de sanções semelhantes entre si, assentadas em normas
distintas entre si, ainda que diante de uma mesma unidade factual, sem que cogite de
violação ao referido princípio.
(...)
Acontece que a questão foi sensivelmente modificada pela nova previsão do § 2o do art.
3o e §§ 6o, 7o e 8o do art. 12, ambos da Lei 8.429/1992 com a redação dada pela Lei
137
14.230/2021, que cria um sistema de independência relativa entre a Lei Anticorrupção
e de Improbidade. Vejamos.
Dispõe referidas normas:
Art. 3o (...)
§ 2o As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de improbidade
administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração pública de que
trata a Lei no 12.846, de 1o de agosto de 2013.
Art. 12 (...)
§ 6o Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do dano a que se refere esta
Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorrido nas instâncias criminal, civil e
administrativa que tiver por objeto os mesmos fatos.

§ 7o As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Lei e na Lei no 12.846,
de 1o de agosto de 2013, deverão observar o princípio constitucional do non bis in idem.
Primeiro ponto a ser considerado, ao contrário do que poderia autorizar uma leitura
apressada, é que essas novas disposições legais não isentam a pessoa jurídica de
responsabilidade pelo sistema da Lei de Improbidade. Na verdade, essas normas se
referem apenas as sanções e criam uma espécie de detração sancionatória, que
permite um desconto ou um abatimento de sanções aplicadas por violação à Lei
Anticorrupção Empresarial junto à esfera da improbidade administrativa.
Isso significa que, caso a pessoa jurídica não seja responsabilizada à luz da Lei
Anticorrupção, porque, por exemplo, o caso foi fulminado pela prescrição, nada impede
que ela o seja à luz da Lei 8.429/1992. Se a intenção do legislador fosse evitar e impedir
que a pessoa jurídica respondesse pelo sistema da Lei de Improbidade Administrativa
bastaria ter feito uma textual previsão assim.
Mas como se vê, o § 2o do art. 3o da Lei 8.429/1992 apenas isenta a pessoa jurídica das
sanções aplicadas na órbita da improbidade administrativa caso, pelo mesmo ato, tenha
sido sancionada à luz da Lei Anticorrupção. Observe-se que, para incidir essa hipótese
normativa, deve o ato ilícito praticado amoldar-se nas duas leis e, além disso, ter havido
prévia condenação pela Lei Anticorrupção Empresarial.
A lei impôs assim algumas condições para a ocorrência dessa detração: além de duas
condenações sucessivas, elas devem se referir ao mesmo fato. Trata-se de previsão
crucial para evitar a formação de uma espécie de crédito em favor da pessoa jurídica
envolvida em atos ilícitos, que lhe permitiria praticar novos atos ímprobos diferentes
daqueles correspondentes à condenação por violação à lei anticorrupção que restariam
indistintamente neutralizados por um indevido saldo remanescente da primeira
condenação. Essa é a interpretação capaz de evitar manobras oportunistas e a
desproteção do direito fundamental à probidade administrativa.
Assim, doravante, caso a pessoa jurídica seja sancionada pela Lei Anticorrupção
Empresarial poderá ter computada a sanção aplicada pelo sistema de responsabilidade
138
da Lei de Improbidade Administrativa, regra que rompe, ainda que parcialmente, com
sistema de independência normativa entre as Leis. Anote-se, contudo, que devido à falta
de previsão legal, essa compensação sancionatória é via de mão única: só ocorre se
primeiro houver condenação na Lei Anticorrupção Empresarial e depois na esfera da
improbidade administrativa. Não há previsão legal de desconto em sentido contrário,
mesmo porque, a Lei Anticorrupção é regida pela independência total proclamada pelo
seu art. 30, I. Essas disposições compensatórias desafiam questões relevantes de ordem
prática principalmente por causa da diferença de tempo na investigação e
processamento destes ilícitos, situação que deverá ser analisada caso a caso.
Rogério Sanches Cunha e Renee do Ó Souza.
DISPONÍVEL EM:
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2022/03/07/independencia- da-lei-
anticorrupcao-em-face-da-lei-de-improbidade-depois-da-reforma- promovida-pela-lei-
14-2302021/

(E) INCORRETA

DIREITO ADMINISTRATIVO, TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO


80 A Lei Federal nº 11.079/2004 dispõe sobre as normas gerais para licitação e
contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Com base na referida lei, assinale a
alternativa correta.
(A) Na contratação de parceria público-privada, serão observadas diretrizes norteadoras
destas, tais como, a transparência dos procedimentos e das decisões da administração;
a viabilidade financeira dos projetos; a análise prévia de impactos ambientais nas
comunidades diretamente inseridas nos projetos de parceria; e, da repartição objetiva
de riscos entre as partes.
(B) A contraprestação da Administração Pública, nos contratos de parceria público-
privada, poderá ser feita por ordem bancária e outorga de direitos sobre bens públicos
dominicais, entre outros meios admitidos em lei.
(C) As cláusulas dos contratos de parceria público privada deverão prever o prazo de
vigência do contrato, compatível com a amortização dos investimentos realizados, não
inferior a 5 (cinco), nem superior a 30 (trinta) anos, incluindo eventual prorrogação.
(D) As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em contrato de
parceria público-privada poderão ser garantidas, exclusivamente, por fundo garantidor
ou empresa estatal criada para essa finalidade.
(E) As sociedades de economia mista não podem celebrar contratos de parceria público-
privada.
139
RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Art. 4º Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes


diretrizes: I – eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos
recursos da sociedade; II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos
serviços e dos entes privados incumbidos da sua execução; III – indelegabilidade das
funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras
atividades exclusivas do Estado; IV – responsabilidade fiscal na celebração e execução
das parcerias; V – transparência dos procedimentos e das decisões; VI – repartição
objetiva de riscos entre as partes; VII – sustentabilidade financeira e vantagens
socioeconômicas dos projetos de parceria.

(B) CORRETA.

Art. 6º A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria público-


privada poderá ser feita por: I – ordem bancária; II – cessão de créditos não tributários;
III – outorga de direitos em face da Administração Pública; IV – outorga de direitos sobre
bens públicos dominicais; V – outros meios admitidos em lei.
(C) INCORRETA.

Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto


no art. 23 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também
prever: I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos
investimentos realizados, não inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos,
incluindo eventual prorrogação.

II – as penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao parceiro privado em caso de


inadimplemento contratual, fixadas sempre de forma proporcional à gravidade da falta
cometida, e às obrigações assumidas.

(D) INCORRETA.

Não só.

(E) INCORRETA

Art. 28. A União não poderá conceder garantia ou realizar transferência voluntária aos
Estados, Distrito Federal e Municípios se a soma das despesas de caráter continuado
derivadas do conjunto das parcerias já contratadas por esses entes tiver excedido, no
ano anterior, a 5% (cinco por cento) da receita corrente líquida do exercício ou se as
despesas anuais dos contratos vigentes nos 10 (dez) anos subsequentes excederem a 140
5% (cinco por cento) da receita corrente líquida projetada para os respectivos exercícios.
(Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) § 2º Na aplicação do limite previsto
no caput deste artigo, serão computadas as despesas derivadas de contratos de parceria
celebrados pela administração pública direta, autarquias, fundações públicas, empresas
públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas, direta ou
indiretamente, pelo respectivo ente, excluídas as empresas estatais não dependentes.
(Redação dada pela Lei nº 12.024, de 2009)

81 No que diz respeito à contratação direta pela administração pública, considerando a


nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei nº 14.133/2021), analise as
assertivas e assinale a alternativa correta.
I. É dispensável a licitação nos casos de aquisição ou locação de imóvel cujas
características de instalações e de localização tornem necessária sua escolha, desde que
restem evidenciadas as justificativas de singularidade do imóvel, bem como a vantagem
para a Administração.
II. Na hipótese de contratação direta indevida ocorrida com dolo, o contratado e o
agente público responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao erário,
sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.
III. A licitação é dispensável nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio,
intervenção federal ou de grave perturbação da ordem.
IV. Nos casos de inexigibilidade de licitação para a aquisição de materiais fornecidos por
empresa ou representante comercial exclusivos, a Administração deverá demonstrar a
inviabilidade de competição mediante atestado de exclusividade, contrato de
exclusividade, declaração do fabricante ou outro documento idôneo capaz de
comprovar tal exclusividade, vedada a preferência por marca específica.
(A) Apenas II, III e IV estão corretas.
(B) Apenas II e III estão corretas.
(C) Apenas II e IV estão corretas.
(D) Apenas I, II e III estão corretas.
(E) I, II, III e IV estão corretas.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

I INCORRETO. É inexigível neste caso, nos termos do art. 74, V da Lei 14.133/21.

II – CORRETO. De acordo com o art. 73: Na hipótese de contratação direta indevida 141
ocorrida com dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e o agente público
responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao erário, sem prejuízo de
outras sanções legais cabíveis.

III – CORRETO. Nos termos do art. 75, VII, a licitação é dispensável nos casos de guerra,
estado de defesa, estado de sítio, intervenção federal ou de grave perturbação da
ordem.

IV – CORRETO. Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, a Administração


deverá demonstrar a inviabilidade de competição mediante atestado de exclusividade,
contrato de exclusividade, declaração do fabricante ou outro documento idôneo capaz
de comprovar que o objeto é fornecido ou prestado por produtor, empresa ou
representante comercial exclusivos, vedada a preferência por marca específica.

(A) INCORRETA.

(B) CORRETA.

(C) INCORRETA.

(D) INCORRETA.

(E) INCORRETA
82 João, profissional liberal dotado de elevado grau de instrução acadêmica, resolveu
auxiliar seu irmão, Pedro, com instrução do ensino fundamental completo, na busca pela
aprovação em concurso público para cargo com exigência de grau de instrução
compatível com a de Pedro. Para tanto, João combinou que faria a prova o mais rápido
possível e, após, deixaria as respostas transcritas e escondidas no banheiro para que
Pedro obtivesse acesso às suas respostas. Assim procederam ao se inscreverem no
certame, prestarem a prova e obterem aprovação. Apenas Pedro ingressou no cargo. A
ação dos irmãos fora descoberta somente após o ingresso de Pedro no cargo, tendo sido
instaurado processo administrativo para apuração dos fatos, e Pedro afastado de suas
funções. O processo concluiu pela efetiva prática irregular dos irmãos com deliberado
intuito de beneficiar Pedro, concluindo, também, que não houve participação de
terceiros nos fatos. Com base nas disposições da Lei de Improbidade Administrativa,
assinale a alternativa correta.
(A) Apenas Pedro auferiu vantagem indevida com o recebimento de seus vencimentos,
configurando enriquecimento ilícito e, por isso, deve responder por ato de improbidade
administrativa.
(B) A atitude de ambos causou prejuízo ao erário no que tange aos vencimentos pagos
indevidamente pela administração pública, e, por isso, ambos devem responder por ato
de improbidade administrativa.
(C) Ambos não poderão responder por ato de improbidade administrativa, pois, nos
termos da Lei nº 8.429/1992, com as alterações da Lei nº 14.230/2021, sua ação não
142
pode ser caracterizada como ato doloso contrário ao caráter concorrencial do concurso
público.
(D) Ambos frustraram, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso
público e, por isso, devem responder por ato de improbidade administrativa.
(E) Ambos só responderiam por ato de improbidade administrativa se, quando de suas
condutas, fossem agentes públicos, ou, ainda, agido com a participação de agentes
públicos terceiros.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA

Não serão responsabilizados por AIA.

(B) INCORRETA

Não estamos diante de hipótese que, se fosse o caso, geraria o prejuízo ao erário.

(C) INCORRETA

Há sim tal previsibilidade.


(D) INCORRETA

Não devem responder isoladamente segundo autos do REsp. 1.171.017-PA.

(E) CORRETA

Para que o terceiro seja responsabilizado pelas sanções da Lei nº 8.429/92 é


indispensável que seja identificado algum agente público como autor da prática do ato
de improbidade. Assim, não é possível a propositura de ação de improbidade
exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença de agente público no
polo passivo da demanda. STJ. 1ª Turma. REsp 1171017-PA, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 25/2/2014 (Info 535).

83 Quanto às finanças públicas, analise as assertivas e assinale a alternativa correta.


I. Lei complementar disporá sobre dívida pública externa e interna, incluída a das
autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público.
II. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: o plano plurianual; as diretrizes
orçamentárias; os orçamentos anuais.
III. É vedada a realização de operações de créditos que excedam o montante das
despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou
especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta.
IV. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do
143
Distrito Federal e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em lei
complementar. (A) Apenas I, II e III estão corretas.
(B) Apenas I, II e IV estão corretas.
(C) Apenas II, III e IV estão corretas.
(D) Apenas I, III e IV estão corretas.
(E) I, II, III e IV estão corretas.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS

(I) CORRETA

CF/88, art. 163. Lei complementar disporá sobre: I - finanças públicas; II - dívida pública
externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas
pelo Poder Público.

(II) CORRETA

CF/88, art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano


plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais.
(III) CORRETA

CF/88, art. 167. São vedados: I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei
orçamentária anual; II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas
que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; III - a realização de operações de
créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas
mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo por maioria absoluta.

(IV) CORRETA
CF/88, art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em lei
complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

(A) INCORRETA.

(B) INCORRETA.

(C) INCORRETA.

(D) INCORRETA.

(E) CORRETA

144
84 Concernente à prescrição e decadência em matéria tributária, assinale a alternativa
correta. (A) O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se
após 5 (cinco) anos, contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver
anulado, por vício material, o lançamento anteriormente efetuado.
(B) Exaurida a instância administrativa com o decurso do prazo para a impugnação ou
com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotado o prazo concedido pela
Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo prescricional para a
cobrança judicial do crédito tributário.
(C) O prazo prescricional se interrompe pelo protesto do crédito tributário, admitido o
protesto extrajudicial.
(D) No lançamento por homologação, o prazo decadencial é de 5 (cinco) anos, a contar
da ocorrência do fato gerador. Expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o
crédito, independentemente de comprovar fraude, dolo ou simulação por parte do
contribuinte.
(E) Tanto a ocorrência da prescrição quanto a da decadência não acarretam, por si só, a
extinção do crédito tributário, devendo, para tanto, serem reconhecidas judicialmente.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA

CTN, art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se
após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão
que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

(B) CORRETA

O direito a que se refere este artigo (173) extingue-se definitivamente com o decurso
do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do
crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.

(C) INCORRETA

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados
da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I –
pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp
nº 118, de 2005) II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua
em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que
importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

(D) INCORRETA
145
Segundo o art. 150, §4º, se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos,
a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública
se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente
extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

(E) INCORRETA

Fundamentos acima.

85 Provocado por inúmeras demandas judiciais entre contribuintes e municípios, em


todo o país, o Superior Tribunal de Justiça delimitou, conceitualmente, sob o rito dos
recursos repetitivos (Tema 1113), a base de cálculo do Imposto sobre transmissão de
bens imóveis – ITBI. Na Tese Firmada, o STJ aborda, inclusive, conceitos da base de
cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU – para definir que
(A) as bases de cálculo do ITBI e do IPTU podem ser idênticas, desde que ambas sigam
valores de referência de mercado preestabelecidos anualmente pelos municípios.
(B) a base de cálculo do ITBI não poderá ser inferior à base de cálculo do IPTU, pois
pressupõe-se que o valor de transmissão de um imóvel, em condições normais de
mercado, não poderá ser inferior ao valor venal do imóvel utilizado pelo município para
fins de lançamento do IPTU.
(C) as bases de cálculo do ITBI e IPTU não poderão, em nenhuma hipótese, coincidirem,
ainda que o contribuinte declare a transmissão de imóvel em valor idêntico ao de
lançamento do IPTU pelo município.
(D) o município não poderá arbitrar previamente a base de cálculo do ITBI com respaldo
em valor de referência por ele estabelecido unilateralmente. (E) o valor da transação
declarado pelo contribuinte não goza da presunção de que é condizente com o valor de
mercado. Sendo assim, o valor declarado pelo contribuinte sempre que divergente do
valor de referência do município deverá ser comprovado por laudo específico a cargo
do contribuinte, mediante regular instauração de processo administrativo próprio.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA

A base de cálculo do ITBI é o valor do imóvel transmitido em condições normais de


mercado, não estando vinculada à base de cálculo do IPTU. REsp. 1.937.821-SP.

(B) INCORRETA

Fundamentos do REsp. 1.937.821-SP.

(C) INCORRETA
146
O valor da transação declarado pelo contribuinte goza da presunção de que é condizente
com o valor de mercado, que somente pode ser afastada pelo fisco mediante a regular
instauração de processo administrativo próprio – Art. 148 do CTN.

(D) CORRETA

O Município não pode arbitrar previamente a base de cálculo do ITBI com respaldo em
valor de referência por ele estabelecido unilateralmente. STJ. 1ª Seção.REsp 1937821-
SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 24/02/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1113)
(Info 730).

(E) INCORRETA

Fundamento letra C.

86 Considere uma situação hipotética em que a Assembleia Legislativa de uma Unidade


Federativa aprovou projeto de lei ordinária, de autoria de um de seus parlamentares,
motivada pelo fomento e promoção ao turismo local. Referido projeto de lei, dentre
inúmeras disposições, concede isenção do Imposto sobre Propriedade de Veículo
Automotor – IPVA – a motoristas de aplicativo que possuam veículos registrados em seu
território, limitado a 1 (um) veículo de propriedade de cada motorista, pelo prazo de 1
(um) ano. Considere, ainda, que o projeto foi aprovado com maioria absoluta de votos,
pela Assembleia Legislativa daquela UF no dia 01 de dezembro de determinado ano e,
após, encaminhado ao Executivo estadual no dia seguinte. Com base somente nos dados
obtidos, ante análise exclusiva de aspectos de constitucionalidade e legalidade de
isenções tributárias, nesse caso, o chefe do Executivo deverá
(A) sancionar o projeto de lei, ante a ausência de quaisquer vícios no que se refere à
disposição da isenção, cuidando para que a novel lei seja publicada ainda no corrente
ano para que, em respeito ao princípio da anterioridade tributária, a matéria isentiva
possa produzir efeitos no exercício financeiro seguinte.
(B) vetar o projeto de lei, ante ao insanável vício formal de iniciativa, uma vez que leis
em matéria tributária, sobretudo as que importem em desoneração de obrigações
tributárias, são de iniciativa exclusiva do chefe do Executivo.
(C) vetar o projeto de lei, ante a insanável vício formal, pois matéria de desoneração de
obrigações tributárias, incluída a isenção, é reservada à lei complementar, nos termos
do § 6º do artigo 150 da Constituição Federal de 1988.
(D) sancionar o projeto de lei com veto específico à parte que limita a isenção a um
veículo de propriedade de cada motorista de aplicativo. É que, apesar de o projeto de
lei não apresentar vícios insanáveis quanto à isenção fiscal concedida, uma possível
afronta ao princípio da isonomia tributária poderia ser alegada ao deixar em situação
desigual os motoristas que possuam mais de um veículo destinado ao transporte por
aplicativos.
(E) vetar o projeto de lei, ante a insanável vício formal, pois diante da exigência de 147
especificidade exigida pela Constituição Federal de 1988, a concessão de isenção
tributária ou de outros incentivos fiscais só se dará por meio de lei específica, assim
entendida como a lei que trata exclusivamente de tais incentivos, ou ainda do tributo a
que se pretende desonerar.

RESPOSTA:

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

(B) INCORRETA.

(C) INCORRETA.

(D) INCORRETA.

(E) INCORRETA

DIREITO ELEITORAL

87 Sobre condições de elegibilidade, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) São condições de elegibilidade: a nacionalidade brasileira; o pleno exercício dos
direitos políticos; o alistamento eleitoral; o domicílio eleitoral na circunscrição e a
filiação partidária. Os inalistáveis e os analfabetos não podem concorrer a cargo eletivo.
(B) É condição de elegibilidade que o interessado tenha domicílio eleitoral na
circunscrição perante a qual pretende ser eleito. Nas eleições presidenciais, a
circunscrição será o país; nas eleições federais, o estado.
(C) Para ser Presidente e Vice-Presidente da República, Senador, Deputado Federal ou
Estadual, Vereador, Governador ou Prefeito exige-se a condição de brasileiro nato ou
naturalizado.
(D) O militar federal ou estadual, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a
partidos políticos, bastando, para concorrer a cargo eletivo, o pedido de registro de
candidatura após prévia escolha em convenção partidária.
(E) O militar alistável é elegível nos seguintes termos: se contar com menos de dez anos
de serviço militar, deve afastar-se definitivamente da atividade; se contar com mais de
dez anos de atividade militar, será agregado pela autoridade superior e, se eleito,
passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

RESPOSTA: LETRA C

COMENTÁRIOS
148
(A) CORRETA.

Correta, letra de lei, conforme o art. 14, § 3º, incisos I ao V da Constituição Federal.

(B) CORRETA.

Correta, conforme o art. 14, § 3ª, IV da CF.

(C) INCORRETA.

Incorreta, uma vez que, de acordo o com o art. 12 da CF, o cargo de presidente da
república não pode ser ocupado por brasileiro naturalizado

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:


I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
(D) CORRETA.

Art. 142, § 3º, V

O militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;

Entendimento TSE
Sendo alistável e elegível, mas não filiável, basta-lhe, nessa condição excepcional, como
suprimento da prévia filiação partidária, o pedido do registro da candidatura,
apresentado pelo Partido e autorizado pelo candidato.

Só a partir do registro da candidatura e até a diplomação ou o regresso à Força Armada,


manter-se-á o candidato na condição de agregado (Constituição, art. 14, §§ 3º, V e 8º, II
e art. 42, § 6º; Código Eleitoral, art. 5º, parágrafo único e Lei Nr 6.880-80 art 82, XIV e §
4º).

(E) CORRETA

Art. 14 da Constituição

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:


I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se
eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

88 Em relação à inelegibilidade, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) O servidor militar da ativa, que não ocupe função de comando, deve afastar-se da
atividade até três meses anteriores ao pleito, garantindo o direito à percepção dos seus
vencimentos integrais, sob pena de inelegibilidade.
149
(B) As hipóteses de inelegibilidade veiculadas na Lei Complementar n° 64/90 não
possuem caráter sancionatório ou punitivo, mas ostentam natureza jurídica de requisito
negativo do processo eleitoral.
(C) Para efeito da aferição do prazo de 8 (oito) anos de inelegibilidade após o
cumprimento da pena, para os que forem condenados à suspensão dos direitos
políticos, em decisão transitada em julgado, por ato doloso de improbidade
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, o
cumprimento da pena pressupõe não apenas o exaurimento da suspensão dos direitos
políticos e o ressarcimento ao erário, mas também que todas as cominações impostas
no título condenatório tenham sido adimplidas.
(D) A arguição de inelegibilidade será feita perante os tribunais regionais eleitorais
quando se tratar de candidato a senador e a deputado federal.
(E) O prazo de cinco dias, previsto no art. 3º da Lei Complementar nº 64/1990, para o
Ministério Público impugnar o registro, inicia-se com a publicação do edital, caso em
que é excepcionada a regra que determina a sua intimação pessoal.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Entendimento do TSE

Diante da lacuna da Lei de Inelegibilidades e, de outra parte, da disciplina


constitucional e legal sobre a matéria, entende-se que o militar sem função de
comando deve afastar-se apenas a partir do deferimento de seu registro de
candidatura, não se sujeitando ao prazo de três meses do art. 1º, II, l, da LC 64/90.
Precedentes: AgR-REspe 30.182/SP, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, de 29.9.2008;

(B) CORRETA.

Questão de cunho doutrinário –Quando se examina a pretensão de se candidatar a um


cargo eletivo, a pessoa precisa preencher as condições de elegibilidade (requisitos
positivos) e não pode ocorrer em um requisito de inelegibilidade (requisito negativo).

(C) CORRETA.

Art. 1º da Lei Complementar 64/90

l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada


em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde
a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
o cumprimento da pena;

(D) CORRETA. 150


Correta, de acordo com o art. 2º, parágrafo único, inciso II, da Lei Complementar 64/90.

(E) CORRETA

SÚMULA Nº 49 TSE
"O prazo de cinco dias, previsto no art. 3º da LC nº 64/90, para o Ministério Público
impugnar o registro inicia-se com a publicação do edital, caso em que é excepcionada a
regra que determina a sua intimação pessoal".

89 Em relação aos avanços dos direitos sobre a cota de gênero na Justiça Eleitoral,
assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Houve recente alteração no Código Eleitoral para acrescentar como crime eleitoral a
conduta daquele que assedia, constrange, humilha, persegue ou ameaça, por qualquer
meio, candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de
menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a
finalidade de impedir ou de dificultar a sua campanha eleitoral ou desempenho de seu
mandato eletivo.
(B) O tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão a ser distribuído pelos
partidos às respectivas candidatas deverá ser de no mínimo 30% (trinta por cento),
proporcional ao número de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada conforme
critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas normas estatutárias.
(C) Cada partido ou coligação deverá preencher o mínimo de 30% (trinta por cento) e o
máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo.
(D) Para fins de distribuição entre os partidos políticos dos recursos do fundo partidário
e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), os votos dados a candidatas
mulheres para a Câmara dos Deputados, nas eleições realizadas de 2022 a 2030, serão
contados em dobro.
(E) Houve recente emenda constitucional instituindo reserva de cadeiras para mulheres
como forma de garantir efetiva participação de mulheres na política.

RESPOSTA: LETRA E

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.

Código Eleitoral

Art. 326-B. Assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio,
candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de
menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a
finalidade de impedir ou de dificultar a sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu
mandato eletivo.
151
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 323. Divulgar, na propaganda eleitoral ou durante período de campanha eleitoral,


fatos que sabe inverídicos em relação a partidos ou a candidatos e capazes de exercer
influência perante o eleitorado:

Pena - detenção de dois meses a um ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.

II - envolve menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou


etnia.

(B) CORRETA.

Código Eleitoral

Art. 50-B. O partido político com estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral
poderá divulgar propaganda partidária gratuita mediante transmissão no rádio e na
televisão, por meio exclusivo de inserções, para:

§ 2º Do tempo total disponível para o partido político, no mínimo 30% (trinta por
cento) deverão ser destinados à promoção e à difusão da participação política das
mulheres.

(C) CORRETA.
Lei 9.504/97

Art. 10

§ 3o Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou
coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta
por cento) para candidaturas de cada sexo.

(D) CORRETA.

EC nº 111 de 2021

Art. 2º Para fins de distribuição entre os partidos políticos dos recursos do fundo
partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), os votos dados a
candidatas mulheres ou a candidatos negros para a Câmara dos Deputados nas eleições
realizadas de 2022 a 2030 serão contados em dobro.

(E) INCORRETA

Houve ações afirmativas, mas nenhuma instituindo reserva de cadeiras para mulheres.

90 Referente à temática das propagandas previstas pela legislação eleitoral, é correto


afirmar que 152
(A) constitui crime, no dia da eleição, a publicação de novos conteúdos ou
impulsionamento de conteúdos nas aplicações de internet de que trata o art. 57-B da
Lei no 9.504/97, podendo ser mantidos em funcionamento as aplicações e os conteúdos
publicados anteriormente.
(B) é vedado, no dia do pleito, até o término do horário de votação, o uso de vestuário,
bandeiras e broches que revelem a preferência do eleitor por partido político, coligação
ou candidato, bem como os instrumentos de propaganda referidos na Lei no 9.504/97,
de modo a caracterizar manifestação coletiva ou individual, essa última considerada a
distância de até 100 metros do local de votação.
(C) a propaganda eleitoral no rádio e na televisão não se restringe ao horário gratuito,
sendo que a Justiça Eleitoral efetuará sorteio para escolha da ordem de veiculação,
vedando-se, em todos os casos, a inserção de depoimento de candidatos a eleições
proporcionais no horário de propaganda das candidaturas majoritárias e vice-versa.
(D) é permitida a propaganda eleitoral mediante outdoors, desde que não excedam a
dimensão de 6 (seis) metros quadrados, vedada a utilização de outdoors eletrônicos,
sujeitando-se a empresa responsável, os partidos, as coligações e os candidatos à
imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa.
(E) é permitida a propaganda eleitoral na internet, em sítio do candidato, partido ou
coligação; por meio de redes sociais, blogs e sítios de mensagens instantâneas; em sítios
de pessoas físicas ou jurídicas, desde que sem fins lucrativos; vedando-se sua veiculação
em sítios oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública
direta ou indireta.

RESPOSTA: LETRA A

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.

Art. 39, Lei 9.504

§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um


ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e
multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:

IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas


aplicações de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos em
funcionamento as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente.

(B) INCORRETA.

Lei 9.504

Art. 39-A. É permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e silenciosa da


preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato, revelada
153
exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e adesivos.

(C) INCORRETA.

(D) INCORRETA.

Art. 39, Lei 9.504

§ 8o É vedada a propaganda eleitoral mediante outdoors, inclusive eletrônicos,


sujeitando-se a empresa responsável, os partidos, as coligações e os candidatos à
imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

(E) INCORRETA

Art. 57, C, § 1º, Lei 9.504


É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet,
excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma
inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos, coligações e candidatos
e seus representantes.
§ 1o É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na
internet, em sítios:
I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos;
91 Sobre as disposições constitucionais e infraconstitucionais de direito eleitoral,
assinale a alternativa INCORRETA.
(A) A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com igual valor para todos, sendo o alistamento eleitoral e o voto obrigatórios
aos maiores de dezoito anos, sendo facultativos aos analfabetos, aos maiores de setenta
anos e aos maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
(B) Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade além dos previstos
na Constituição Federal e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade
administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada a vida pregressa
do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração
direta ou indireta.
(C) Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo eleito pelo sistema majoritário ou
proporcional que se desfiliar, sem justa causa, de partido que integra a federação.
(D) Os parlamentares que tiverem os seus mandatos cassados por infringência às
normas do artigo 54 da Constituição Federal ou em decorrência de quebra do decoro
parlamentar (artigo 55 da CF) são inelegíveis pelo período remanescente do mandato
para o qual foram eleitos e pelos 8 (oito) anos subsequentes.
(E) Os condenados, por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, 154
pela prática de qualquer dos crimes listados pelo artigo 1º, inciso I, alínea “e”, da Lei das
Inelegibilidades, são inelegíveis pelo prazo de 8 (oito) anos, após o cumprimento da
pena, seja privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa.

RESPOSTA: LETRA C

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA.

Alternativa correta, conforme art. 14, § 1º, incisos I e II, da CF/88.

(B) CORRETA.

Literalidade do art. 14, § 9º, da CF/88.

(C) INCORRETA.

O art. 11-A, §1º da Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95) declara:

“Aplicam-se à federação de partidos todas as normas que regem o funcionamento


parlamentar e a fidelidade partidária.”

No entanto, o detentor de cargo eletivo eleito pelo sistema majoritário não se submete
a fidelidade partidária, razão pela qual o disposto no § 9º do referido artigo “Perderá o
mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, de partido que
integra federação.”, se aplica somente aos detentores de cargo eletivo eleitos pelo
sistema proporcional e não pelo sistema majoritário.

Súmula TSE nº 67

O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, no uso das atribuições que lhe confere o art. 23,
inciso XV, do Código Eleitoral, resolve aprovar a proposta de edição do seguinte verbete
de súmula:

A perda do mandato em razão da desfiliação partidária não se aplica aos candidatos


eleitos pelo sistema majoritário.

(D) CORRETA.

Lei Complementar 64/90

Art. 1º São inelegíveis:

b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara


Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por
infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos
dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis
Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem
durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos 155
subsequentes ao término da legislatura;

(E) CORRETA

Correta, conforme o disposto na Lei Complementar 64/90, artigo 1º, inciso I, alínea “e”.

92 Sobre as ações judiciais eleitorais, assinale a alternativa INCORRETA.


(A) São ações eleitorais que podem levar à cassação do registro ou diploma a Ação de
Impugnação de Registro de Candidatura (LC nº 64/90, art. 3º); a Ação de Investigação
Judicial Eleitoral (LC nº 64/90, art. 22); a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (CF,
art. 14, parágrafo 10); o Recurso Contra Expedição do Diploma (CE, art. 262) e as
Representações Especiais (LE, arts. 30-A, 41-A, e 73 ao 77).
(B) É passível de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo em face ao candidato que
praticar abuso do poder econômico consistente em receber direta ou indiretamente
doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de
qualquer espécie, procedente de entidades beneficentes e religiosas.
(C) O Ministério Público poderá ajuizar Representação, sob o rito previsto no art. 22 da
LC nº 64/90, ao candidato que promove captação de sufrágio mediante doação, oferta,
promessa ou entrega, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem
pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da
candidatura até o dia da eleição.
(D) Tratando-se de ações que visem à cassação de registro, diploma ou mandato,
somente há litisconsórcio passivo necessário entre o titular e o respectivo vice da chapa
majoritária se houver comprovação de conhecimento prévio do consorte ou ajuste de
conduta entre ambos.
(E) O Ministério Público poderá ajuizar Ação de Investigação Judicial Eleitoral por fatos
previstos no art. 22 da LC nº 64/90, consistentes em uso indevido, desvio ou abuso do
poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou
meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político,
podendo pleitear sanções como inelegibilidade para as eleições que se realizarem nos
oito anos subsequentes à eleição em que se verificaram os fatos, bem como a cassação
do registro da candidatura (diploma ou mandato).

RESPOSTA: LETRA C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA
Todas as ações podem levar à cassação do registro ou diploma.
(B) INCORRETA
Nos termos da CF/88, art. 14, §10: O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com 156
provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
(C) INCORRETA
Nos termos da LC 64/90: Art. 3° Caberá a qualquer candidato, a partido político,
coligação ou ao Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação
do pedido de registro do candidato, impugná-lo em petição fundamentada. § 1° A
impugnação, por parte do candidato, partido político ou coligação, não impede a ação
do Ministério Público no mesmo sentido. § 2° Não poderá impugnar o registro de
candidato o representante do Ministério Público que, nos 4 (quatro) anos anteriores,
tenha disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido ou exercido atividade
político-partidária. § 3° O impugnante especificará, desde logo, os meios de prova com
que pretende demonstrar a veracidade do alegado, arrolando testemunhas, se for o
caso, no máximo de 6 (seis).
(D) CORRETA
Da detida análise dos fundamentos da decisão denegatória de seguimento do recurso
extraordinário, bem como à luz das razões de decidir adotadas pelo Tribunal de origem,
por ocasião do julgamento do recurso veiculado na instância ordinária, concluo que
nada colhe o agravo. Inicio pelo exame da violação dos princípios da segurança jurídica
e da isonomia, calcada na suposta mudança abrupta de jurisprudência do TSE, em
contrariedade ao art. 16 da Constituição Federal. Alegam os agravantes ter o Tribunal,
sem a devida sinalização, revisto seu posicionamento, no sentido de ser obrigatória a
formação litisconsórcio entre o autor da conduta configuradora de abuso do poder
político e o candidato por ela beneficiado, para assentar sua desnecessidade nas
Eleições 2018. Colho, contudo, da decisão agravada, corretamente inadmitida a
pretensão recursal no ponto, pois "como se observa, o TSE concluiu não haver ofensa
aos mencionados dispositivos constitucionais em razão de a mudança jurisprudencial
ter ocorrido no julgamento do primeiro feito referente às eleições de 2018, mantendo-
se o entendimento do Tribunal sobre o litisconsórcio passivo necessário em relação aos
processos de eleições anteriores. A petição de recurso extraordinário, apesar de
mencionar apenas julgados referentes aos pleitos anteriores ao de 2018, reafirma os
argumentos constantes dos embargos de declaração, no sentido de que a mudança
jurisprudencial ocorreu sem que houvesse qualquer sinalização nesse sentido. Assim, a
parte deixou de se insurgir contra fundamento autônomo e suficientes por si para a
manutenção da decisão recorrida, qual seja de que o princípio da segurança jurídica não
é óbice à revisão da jurisprudência, impedindo apenas que eventual mudança de
orientação alcance os pleitos anteriores em observância ao art. 16 da CF. Essa
circunstância atrai o óbice da Súmula nº 283 do STF, segundo a qual ‘é inadmissível o
recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento
suficiente e o recurso não abrange todos eles" (edoc nº 141, pg. 5). Ainda que
contornado o óbice da Súmula nº 283, melhor sorte não teria o apelo. Do acórdão
recorrido, verifico afastada a contrariedade ao art. 16 da Constituição Federal nos
seguintes termos:
"Sobre o tema do litisconsórcio passivo necessário, é de conhecimento desta Corte o
entendimento sobre a matéria a partir das Eleições 2016, conforme a tese firmada no
REspe nº 843-56/MG (redator para o acórdão Ministro Henrique Neves da Silva).
Segundo a jurisprudência, a partir das eleições de 2016, é obrigatória a formação de 157
litisconsórcio passivo entre o autor da conduta apontada como ilícita e o beneficiário
nas AIJEs em que se apura a prática de abuso de poder. A questão posta em análise
neste momento é se o tema merece ser revisitado por esta Corte para as Eleições 2018
e seguintes, como defendem os recorrentes e a PGE. A resposta, a meu sentir, é
afirmativa. Rememoro que, no julgamento do REspe nº 501-20/MG, houve por parte
deste Tribunal [...] sinalização, em obiter dictum, da necessidade de rever, para as
Eleições 2018, a atual jurisprudência em relação à obrigatoriedade de formação de
litisconsórcio passivo entre os responsáveis pela prática do ato e os candidatos
beneficiados nas AIJEs por abuso de poder [...] No julgamento dos AgR-REspes nºs 685-
65/MT e 684- 80/MT, rel. designado Min. Luís Roberto Barroso, julgados em 28.5.2020,
DJe de 31.8.2020, o tema do litisconsórcio passivo necessário voltou ao debate - naquela
oportunidade, quanto aos suplentes no caso de fraude à cota de gênero - demonstrando
a importância de esta Corte revisitar o tema, agora sob o viés de AIJE por abuso do poder
político, que é a matéria de fundo deste feito.
Mais recentemente, em 23.6.2020, na análise da AIJE nº 0601752-22, de relatoria do
Ministro Og Fernandes, os Ministros Luis Felipe Salomão, Alexandre de Moraes e Edson
Fachin reafirmaram a premência de o TSE debater a exigência de litisconsórcio passivo
necessário em AIJE por abuso de poder. Conforme bem pontuado pela PGE, ‘ [...] a
revisão do tema é indispensável para conferir às ações eleitorais a maior efetividade
possível, sem que se instaure, com isso, ambiente propício à impunidade’ (ID 26496088,
fl. 9). Registro que, embora os ED-REspe nº 325-03/MG tenham sido julgados em
28.4.2020, tal processo se refere às eleições 2016 e, ao contrário do alegado pelos
recorridos, não houve pronunciamento, por esta Corte, sobre o tema para as Eleições
2018 e seguintes, o que se propõe seja realizado nesta oportunidade. Ainda quanto às
alegações dos recorridos, o princípio da segurança jurídica não é óbice à revisão da
jurisprudência. Além disso, eventual mudança de orientação não retroagirá para
alcançar pleitos anteriores a 2018, em observância ao corolário inserto no art. 16 da CF."
Deflui do julgado, não só sinalizada, desde as eleições de 2016, a necessidade de revisitar
o tema para as eleições de 2018, como reafirmada tal necessidade nos debates travados
em diversos casos, o que afasta a alegação de surpresa indevida aos jurisdicionados.
Robustece essa compreensão, o fato de que a nova diretriz fora adotada no primeiro
caso julgado em 2018, sem notícias de aplicação retroativa e/ou da concessão de
tratamento jurídico desigual a casos referentes ao mesmo pleito, de forma a se ter
efetivamente comprometidas a segurança jurídica e a isonomia. Noutro vértice, a
existência de posições vencidas, externadas ainda em feitos relativos ao pleito de 2016,
tampouco beneficia os agravantes, sendo o dissenso próprio das decisões colegiadas, a
mais conferir-lhes verticalidade, e a violação à segurança jurídica, quando existente,
aferida a partir do cotejo entre a posição prestigiada e a eventual necessidade de
modulação de seus efeitos, à luz da estabilidade do processo eleitoral em curso. Nessa
linha, esse Supremo Tribunal Federal já decidiu que "e m razão do caráter especialmente
peculiar dos atos judiciais emanados do Tribunal Superior Eleitoral, os quais regem
normativamente todo o processo eleitoral, é razoável concluir que a Constituição
também alberga uma norma, ainda que implícita, que traduz o postulado da segurança
jurídica como princípio da anterioridade ou anualidade em relação à alteração da
jurisprudência do TSE. Assim, as decisões do Tribunal Superior Eleitoral que, no curso do
pleito eleitoral (ou logo após o seu encerramento), impliquem mudança de
jurisprudência (e dessa forma repercutam sobre a segurança jurídica), não têm
158
aplicabilidade imediata ao caso concreto e somente terão eficácia sobre outros casos no
pleito eleitoral posterior" (RE nº 637.485/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 21.5.2013
- destaquei). In casu , reitero indicada a nova tese em 2016, ao exame do Respe nº 501-
20, porém implementada a mudança interpretativa apenas no pleito seguinte, em 2018,
no primeiro caso examinado pelo TSE, a evidenciar a preservação dos postulados da
igualdade e da segurança jurídica, em estrita observância a orientação emanada desta
Suprema Corte.
(E) INCORRETA
LC 64/90: art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público
Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou
Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura
de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico
ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação
social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito: (Vide
Lei nº 9.504, de 1997)

DIREITOS HUMANOS

93 Em relação à hierarquia normativa dos tratados de direitos humanos, assinale a


alternativa correta.
(A) O STF firmou a teoria do duplo estatuto dos tratados de direitos humanos,
consagrando de natureza constitucional os aprovados pelo rito do art. 5º, §3º, da CF/88
(quórum especial) e de natureza supralegal para todos os demais aprovados pelo rito
comum (maioria simples, turno único em cada Casa do Congresso).
(B) Não cabe ao Poder Judiciário realizar o chamado controle de convencionalidade
nacional das leis, utilizando os tratados de direitos humanos como parâmetro supralegal
ou mesmo equivalente à emenda constitucional.
(C) Os tratados incorporados pelo rito especial previsto no art. 5º, §3º, da CF/88
(aprovados em dois turnos, por três quintos dos votos em cada Casa do Congresso
Nacional) não podem servir de parâmetro para avaliar a constitucionalidade de uma
norma infraconstitucional qualquer.
(D) Adota-se o estatuto supraconstitucional de todos os tratados internacionais de
direitos humanos ratificados pelo Brasil, com base na necessidade de cumprimento dos
tratados, mesmo que contrariem a Constituição.
(E) O art. 5º, §2º, da CF/88, mesmo antes da Emenda Constitucional n° 45/2004, já
assegurava a hierarquia de norma constitucional aos tratados de direitos humanos
ratificados pelo Brasil.
RESPOSTA: A.

COMENTÁRIOS
159
(A) CORRETA.

Antes da EC 45/2004, embora houvesse intenso debate doutrinário, o STF entendia que
todos os tratados internacionais, fossem sobre direitos humanos ou sobre temas
diversos, teriam hierarquia de Lei Ordinária Federal. Após o advento da EC 45, os
tratados internacionais de direitos humanos, que não forem aprovados na forma do art.
5º, § 3º, da CF/88, têm natureza supralegal, ficando abaixo da Constituição, mas acima
de toda e qualquer lei. Por sua vez, os tratados aprovados no rito especial do § 3º do
art. 5º, possuem status constitucional, sendo equivalentes às Emendas à Constituição.
Com base nesse tratamento diferenciado dos tratados de direitos humanos a depender
da forma de incorporação, consagrou-se a Teoria do Duplo Estatuto dos tratados de
direitos humanos, adotada pelo STF.
(B) INCORRETA.

O controle de convencionalidade pode ser classificado em Internacional e Interno (ou


Nacional), o interno é realizado pelos juízes e tribunais locais, já o controle internacional
é, em geral, atribuído a órgãos internacionais compostos por julgadores independentes,
criados por tratados internacionais, e funcionam apenas de forma complementar ao
controle (primário) exercido no plano interno.
(C) INCORRETA.

Visto que as normas aprovadas pelo rito previsto no art. 5º, §3º, da CF/88, como
mencionado anteriormente, possuem status de emenda constitucional, compondo,
portanto, o bloco de constitucionalidade, sendo parâmetro para o controle de
constitucionalidade.
(D) INCORRETA.

Vide comentário da alternativa A.


(E) INCORRETA

Vide comentário da alternativa A.

94 Quanto ao posicionamento do STF acerca do estatuto constitucional punitivo do


racismo, é correto afirmar que
(A) o conceito de racismo consiste em preconceito baseado unicamente na cor da pele
e outros traços fenotípicos.
(B) não é abarcado no conceito de racismo outros tipos de discriminação como a gerada
por motivo socioeconômico, idade, estado civil, orientação sexual, deficiência, religião,
convicção política, origem nacional ou regional, ou outro fator social.
(C) a ordem constitucional da inafiançabilidade, imprescritibilidade e a cominação de
pena de reclusão ao crime de racismo não se aplica ao crime de injúria qualificada por
preconceito previsto no art. 140, §3º, do CP.
(D) o conceito de racismo projeta-se para além de aspectos estritamente biológicos ou
160
fenotípicos, portanto, toda conduta estigmatizante e inferiorizante, inclusive as
condutas homofóbicas e transfóbicas que envolvam aversão odiosa à orientação sexual
ou à identidade de gênero de alguém, traduzem expressões de racismo, adequando-se
aos preceitos de incriminação definidos na Lei nº 7.716/89.
(E) a aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém não traduz
expressão de racismo por não haver tipificação pela norma penal incriminadora e,
portanto, consistir em ofensa ao princípio da reserva legal em matéria penal.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.

Para o STF o conceito de racismo não se limita a aspectos baseados unicamente na cor
da pele ou elementos fenotípicos, estendendo-se também a etnia, religião, procedência
nacional, discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero.
(B) INCORRETA.

A alternativa torna-se incorreta ao mencionar a orientação sexual e religião como não


sendo critérios de configuração de espécies racismo.
(C) INCORRETA.
Para o STF, a prática de injuria racial, prevista no art. 140, § 3º, do Código Penal, traz em
seu bojo o emprego de elementos associados aos que se definem como raça, cor, etnia,
religião ou origem para se ofender ou insultar alguém. Em ambos os casos (racismo e
injúria racial), há o emprego de elementos discriminatórios baseados na raça para a
violação, o ataque, a supressão de direitos fundamentais do ofendido. Sendo assim, não
se pode excluir o crime de injúria racial do mandado constitucional de criminalização
previsto no art. 5º, XLII, restringir-lhe indevidamente a aplicabilidade. STF. Plenário.
HC 154248/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/10/2021 (Info 1036).
Desta forma, aplicar-se-á ao tratamento jurídico dado à injúria racial o mesmo dado ao
crime de racismo, inclusive com a aplicação dos institutos da inafiançabilidade e
imprescritibilidade.
(D) CORRETA.

Neste sentido, decidiu o STF no MI 4733/DF que:


EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. MANDADO DE INJUNÇÃO. DEVER DO ESTADO DE
CRIMINALIZAR AS CONDUTAS ATENTATÓRIAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
HOMOTRANSFOBIA. DISCRIMINAÇÃO INCONSTITUCIONAL. OMISSÃO DO CONGRESSO
NACIONAL. MANDADO DE INJUNÇÃO JULGADO PROCEDENTE. 1. É atentatório ao Estado
Democrático de Direito qualquer tipo de discriminação, inclusive a que se fundamenta
na orientação sexual das pessoas ou em sua identidade de gênero. 2. O direito à
igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de gênero e a
orientação sexual. 3. À luz dos tratados internacionais de que a República Federativa do 161
Brasil é parte, dessume-se da leitura do texto da Carta de 1988 um mandado
constitucional de criminalização no que pertine a toda e qualquer discriminação
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. 4. A omissão legislativa em tipificar
a discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero ofende um sentido
mínimo de justiça ao sinalizar que o sofrimento e a violência dirigida a pessoa gay,
lésbica, bissexual, transgênera ou intersex é tolerada, como se uma pessoa não fosse
digna de viver em igualdade. A Constituição não autoriza tolerar o sofrimento que a
discriminação impõe. 5. A discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero,
tal como qualquer forma de discriminação, é nefasta, porque retira das pessoas a justa
expectativa de que tenham igual valor. 6. Mandado de injunção julgado procedente,
para (i) reconhecer a mora inconstitucional do Congresso Nacional e; (ii) aplicar, até que
o Congresso Nacional venha a legislar a respeito, a Lei 7.716/89 a fim de estender a
tipificação prevista para os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional à discriminação por orientação sexual
ou identidade de gênero.
(E) INCORRETA: Vide comentários da alternativa D.

95. Em 2006, o Estado brasileiro recebeu condenação, perante a Corte Interamericana


de Direitos Humanos, por violação de direitos envolvendo pessoas com transtornos
mentais no caso Damião Ximenes Lopes, que faleceu, em outubro de 1999, em uma Casa
de Repouso destinada a cuidados psiquiátricos. Em relação à reforma psiquiátrica e ao
direito das pessoas com deficiência/transtorno mental, analise as assertivas e assinale a
alternativa correta.
I. Nos atendimentos em saúde mental, é direito da pessoa portadora de transtorno
mental ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis.
II. A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos
extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
III. A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico
circunstanciado que caracterize os seus motivos.
IV. A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser
comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do
estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser
adotado quando da respectiva alta.
V. O tratamento do usuário ou dependente de drogas deverá ser ordenado em uma rede
de atenção à saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento ambulatorial,
incluindo, excepcionalmente, formas de internação em unidades de saúde e hospitais
gerais.
(A) I, II, III, IV e V estão corretas.
(B) Apenas I, II, III e V estão corretas.
(C) Apenas I, III e V estão corretas.
(D) Apenas I, II e IV estão corretas.
(E) Apenas II, III, IV e V estão corretas. 162
RESPOSTA: A.

COMENTÁRIOS

Explica todas as alternativas:

I. CORRETA: Dispõe o art. 2º, parágrafo único da Lei 10.216/01 que: são
direitos da pessoa portadora de transtorno mental: VI- ter livre acesso aos
meios de comunicação disponíveis;
II. CORRETA: Art. 4º. A internação, em qualquer de suas modalidades, só será
indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
III. CORRETA: Art. 6º. A internação psiquiátrica somente será realizada mediante
laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos.
IV. CORRETA: Art. 8º. §1º A internação psiquiátrica involuntária deverá, no
prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público
Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha
ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da
respectiva alta.
V. A lei 10216/01 não dispõe acerca do tratamento destinado aos usuários ou
dependentes de drogas como sendo uma modalidade à parte, ou específica.
Desta forma, a pessoa com dependência química ao ser submetida a
internação psiquiátrica terá sua situação regida por uma das três
modalidades elencadas no diploma legal (voluntária, involuntária ou
compulsória), considerando-se que em todas elas a internação só será
indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes,
conforme dispõe o art.4º da lei. Serão priorizadas, desta forma, as
modalidades de tratamento ambulatorial, como afirmou a assertiva.

(A) CORRETA.

(B) INCORRETA.

(C) INCORRETA.

(D) INCORRETA.

(E) INCORRETA

DIREITO INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

163
96 Quanto à organização do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul no que
se refere ao Procurador-Geral de Justiça, de acordo com a LC n o 72/94, informe se é
verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a
sequência correta.
( ) Ocorrendo a vacância do cargo de Procurador-Geral de Justiça, este será exercido,
inteirina e sucessivamente, pelo Procurador de Justiça mais antigo no cargo, pelo
Corregedor-Geral do Ministério Público e, na falta ou ausência destes, pelos
Procuradores-Gerais Adjuntos de Justiça.
( ) Nas hipóteses de impedimento ou suspeição na presidência do Conselho Superior do
Ministério Público, o Procurador-Geral de Justiça será substituído, de forma automática
e sucessiva, pelo membro do Conselho Superior mais antigo na instância ou pelo
Corregedor-Geral do Ministério Público e, na falta ou ausência destes, pelos
Procuradores Gerais Adjuntos de Justiça.
( ) Compete ao Procurador-Geral de Justiça prover os cargos de Procurador-Geral
Adjunto de Justiça, entre os membros do Ministério Público com mais de dez anos de
carreira e trinta e cinco anos de idade, preenchidos ao menos com um Procurador de
Justiça.
( ) Compete ao Procurador-Geral de Justiça promover o inquérito civil e a ação civil
pública para a defesa do patrimônio público e social, bem como da probidade e
legalidade administrativas, quando a responsabilidade for decorrente de ato praticado,
em razão de suas funções, por prefeito municipal.
(A) V – F – F – V.
(B) V – V – V – F.
(C) F – F – V – V.
(D) F – V – F – F.
(E) F – F – V – F.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

F - Art. 6o, § 12 da LC 72/94 - Ocorrendo vacância do cargo de Procurador-Geral


de Justiça este será exercido, interina e sucessivamente, pelo Procurador-Geral
Adjunto de Justiça Jurídico, pelo Procurador-Geral Adjunto de Justiça
Administrativo, pelo Procurador-Geral Adjunto de Justiça Institucional, pelo
Corregedor-Geral do Ministério Público e, na falta ou ausência destes, pelo
Procurador de Justiça mais antigo no cargo e, no prazo de sessenta dias, o
Procurador-Geral de Justiça interino deverá realizar nova eleição, para mandato
de dois anos, observado o mesmo procedimento do § 1o deste artigo. (Redação
dada pela Lei Complementar no 281, de 17 de dezembro de 2020)
164
F Art. 6o, § 11 da LC 72/94 - Nas hipóteses de impedimento ou suspeição, o
Procurador-Geral de Justiça será substituído, de forma automática e sucessiva,
pelo Vice-Presidente do Conselho Superior do Ministério Público e, na falta ou
ausência deste, pelo membro do Conselho Superior do Ministério Público mais
antigo na segunda instância, salvo em relação às matérias de gestão
administrativa.

V Art. 7o da LC 72/94 - Compete ao Procurador-Geral de Justiça: (Redação dada


pela Lei Complementar no 145, de 22 de abril de 2010)

IX - prover os cargos de Procurador-Geral Adjunto de Justiça, entre os membros


do Ministério Público com mais de dez anos de carreira e trinta e cinco anos de
idade, preenchidos ao menos com um Procurador de Justiça;

V** Art. 30. da LC 72/94 - Além das atribuições previstas nas Constituições Federal
e Estadual, na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público e em outras leis,
compete ao Procurador-Geral de Justiça:
X - promover o inquérito civil e a ação civil pública* para a defesa do patrimônio
público e social, bem como da probidade e legalidade administrativas, 39 Lei
Orgânica do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul quando a
responsabilidade for decorrente de ato praticado, em razão de suas funções,
por: a) Secretário de Estado; b) Membro de Diretoria ou do Conselho de
Administração de entidade da Administração Indireta do Estado; c) Deputado
Estadual; d) Prefeito Municipal; e) Membro do Ministério Público; f) Membro
do Poder Judiciário.

**ADI 1916 / MS - MATO GROSSO DO SUL


Competência exclusiva do Procurador-Geral de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
para propor a ação civil pública contra autoridades estaduais específicas. 2. A
legitimação para propositura da ação civil pública --- nos termos do artigo 129, inciso III,
da Constituição do Brasil --- é do Ministério Público, instituição una e indivisível. 3. O
disposto no artigo 30, inciso X, da LC 72/94, estabelece quem, entre os integrantes
daquela instituição, conduzirá o inquérito civil e a ação civil pública quando a
responsabilidade for decorrente de ato praticado, em razão de suas funções, por
determinadas autoridades estaduais. 4. A Lei Complementar objeto desta ação não
configura usurpação da competência legislativa da União ao definir as atribuições do
Procurador-Geral. Não se trata de matéria processual. A questão é atinente às
atribuições do Ministério Público local, o que, na forma do artigo 128, § 5º, da CB/88, é
da competência dos Estados-membros. 5. A Lei Complementar n. 72, do Estado de Mato
Grosso do Sul, não extrapolou os limites de sua competência. Ação Direta de
Inconstitucionalidade julgada improcedente. Cassada a liminar anteriormente
concedida.

165
97 Analise as assertivas e assinale a alternativa correta. Compete ao Colégio de
Procuradores de Justiça do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, de
acordo com a LC no 72/94:
I. eleger o Corregedor-Geral e o Ouvidor do Ministério Público do MS;
II. determinar, por voto da maioria de seus integrantes, a remoção, a disponibilidade ou
a aposentadoria de membros do Ministério Público, por interesse público, assegurada
ampla defesa;
III. disciplinar, por resolução, o procedimento do inquérito civil;
IV. editar regulamento, estabelecendo as normas gerais do concurso de ingresso na
carreira, e eleger os membros da Comissão de Concurso.
(A) Apenas III e IV estão corretas.
(B) Apenas I, III e IV estão corretas.
(C) Apenas II e IV estão corretas.
(D) Apenas III está correta.
(E) Apenas I e II estão corretas.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

Abordamos essas competências nos nosso simulados de reta final do MP/MS

I e II INCORRETAS. Art. 9º - Ao Colégio de Procuradores de Justiça, órgão da


Administração Superior do Ministério Público, composto por todos os Procuradores de
Justiça em exercício e presidido pelo Procurador-Geral de Justiça, compete:
V - eleger o Corregedor-Geral do Ministério Público e destituir o Corregedor-Geral do
Ministério Público e o Ouvidor do Ministério Público pelo voto de dois terços de seus
membros, em caso de abuso de poder, conduta incompatível com suas atribuições, ou
grave omissão nos deveres do cargo, por representação do Procurador-Geral de Justiça
ou de um terço de seus integrantes, assegurada ampla defesa, observando-se o
procedimento estabelecido no seu regimento interno;
(...)
VII - JULGAR RECURSO, nos termos do regimento interno, contra decisão: (Redação
dada pela Lei Complementar no 145, de 22 de abril de 2010)
d) de remoção, disponibilidade e aposentadoria de membro do Ministério Público, por
motivo de interesse público;
III – VERDADEIRO. Art. 9º Ao Colégio de Procuradores de Justiça, (...), compete: 166
XXVI - disciplinar, por resolução, o procedimento do inquérito civil;
IV – INCORRETO. Art. 15. Ao Conselho Superior do Ministério Público compete:
I - editar regulamento, estabelecendo as normas gerais do concurso de ingresso na
carreira, e eleger os membros da Comissão de Concurso, na forma desta Lei; (Redação
dada pela Lei Complementar no 145, de 22 de abril de 2010).

98 Em relação ao exercício das funções institucionais do membro do Ministério Público,


assinale a alternativa correta.
(A) Requisitar informações, exames periciais, certidões e documentos de autoridades
federais, estaduais e municipais, bem como dos órgãos e entidades da administração
direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e solicitar das entidades sem fins lucrativos que
recebam verbas públicas ou incentivos fiscais ou creditícios.
(B) Requerer à autoridade competente a instauração de sindicância ou procedimento
administrativo cabível, podendo acompanhá-los e indicar provas.
(C) O membro do Ministério Público deverá promover a solução consensual dos
conflitos.
(D) As notificações e requisições do Promotor de Justiça no exercício de suas funções,
quando tiverem como destinatários o Governador do Estado, os Deputados Estaduais,
os Desembargadores, os Conselheiros do Tribunal de Contas e os Prefeitos, serão
encaminhadas pelo Procurador-Geral de Justiça.
(E) Sugerir ao Poder competente a edição de normas e a alteração da legislação em
vigor, bem como a adoção de medidas propostas destinadas à prevenção e ao controle
da criminalidade, assim como ao aperfeiçoamento de serviços públicos e de políticas
públicas.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. Art. 27, I, ‘‘b’’ requisitar informações, exames periciais, certidões e
documentos de autoridades federais, estaduais e municipais, bem como dos órgãos e
entidades da administração direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das entidades (TAMBÉM
REQUISIÇÃO E NÃO SOLICITAÇÃO) sem fins lucrativos que recebam verbas públicas ou
incentivos fiscais ou creditícios;
(B) INCORRETA. Art. 27, III - REQUISITAR à autoridade competente a instauração de
sindicância ou procedimento administrativo cabível, podendo acompanhá-los e indicar
provas;
(C) INCORRETA. Art. 27, § 6º - O membro do Ministério Público PROMOVERÁ, SEMPRE
QUE POSSÍVEL, a solução consensual dos conflitos
(D) INCORRETA. No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá expedir
notificações para colher depoimento ou esclarecimentos, requisitar informações,
167
exames periciais e documentos de autoridades federais, estaduais e municipais, bem
como dos órgãos e entidades da administração direta, indireta ou fundacional, de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Município
Não obstante, há exceções no art. 26, § 1o da LC do MPMS. Vejamos:
As notificações e requisições previstas neste artigo, quando tiverem como destinatários
o Governador do Estado, os membros do Poder Legislativo e os desembargadores,
serão encaminhadas pelo Procurador-Geral de Justiça.
Perceba, no entanto, que o Prefeito não se encontra elencado na referida exceção.
(E) CORRETA Art. 27. No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá:
VII - sugerir ao Poder competente a edição de normas e a alteração da legislação em
vigor, bem como a adoção de medidas propostas, destinadas à prevenção e ao controle
da criminalidade, assim como ao aperfeiçoamento de serviços públicos e de políticas
públicas;

99 No que tange aos Órgãos Auxiliares do Ministério Público do Estado de Mato Grosso
do Sul, conforme disposto na Lei Complementar Estadual nº 72/94 (MPMS), assinale a
alternativa INCORRETA.
(A) As funções de Ouvidor e Ouvidor Substituto serão exercidas por membros em
atividade do Ministério Público que contem com mais de dez anos de carreira e trinta e
cinco anos de idade, mediante designação do Procurador-Geral de Justiça para mandato
de dois anos, sujeitando-se as designações a referendo do Colégio de Procuradores de
Justiça.
(B) A Escola Superior do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, vinculada
à Procuradoria-Geral de Justiça, será dirigida por um Diretor-Geral, Procurador de
Justiça ou Promotor de Justiça da mais elevada entrância, escolhido pelo Procurador-
Geral de Justiça, depois de ouvido o Conselho Superior do Ministério Público.
(C) A Escola Superior do Ministério Público contará com um Conselho Administrativo-
Consultivo, presidido pelo Diretor-Geral e integrado por, no mínimo, três membros do
Ministério Público, indicados pelo Procurador-Geral de Justiça.
(D) O Procurador-Geral de Justiça, ouvido o Colégio de Procuradores de Justiça, instituirá
os Centros de Apoio Operacional, dirigidos por coordenadores designados por aquele,
dentre os Procuradores e Promotores de Justiça da mais elevada entrância.
(E) A Comissão de Concurso será composta pelo Procurador-Geral de Justiça, que a
presidirá e, em número paritário, por Procuradores e Promotores de Justiça, com mais
de dez anos de carreira e trinta e cinco anos de idade, e respectivos suplentes, eleitos
pelo Conselho Superior do Ministério Público, por um representante e um suplente da
Magistratura do Estado de Mato Grosso do Sul e por um representante e um suplente
da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Mato Grosso do Sul, indicados pela
respectiva instituição, mediante solicitação do Procurador-Geral de Justiça, na forma a
ser estabelecida em regulamento.

RESPOSTA: D

Abordamos no nosso simulado de reta final do MP/MS


168
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 37-B. As funções de Ouvidor e Ouvidor Substituto serão exercidas
por membros em atividade do Ministério Público que contem com mais de dez anos de
carreira e trinta e cinco anos de idade, mediante designação do Procurador-Geral de
Justiça para mandato de dois anos, sujeitando-se as designações a referendo do Colégio
de Procuradores de Justiça. (Incluído pela Lei Complementar no 281, de 17 de dezembro
de 2020)

(B) INCORRETA. Art. 41-A. A Escola Superior do Ministério Público do Estado de Mato
Grosso do Sul, vinculada à Procuradoria-Geral de Justiça, será dirigida por um Diretor-
Geral, Procurador de Justiça ou Promotor de Justiça da mais elevada entrância,
escolhido pelo Procurador-Geral de Justiça, depois de ouvido o Conselho Superior do
Ministério Público

(C) INCORRETA. Art. 41-A, § 1º - A Escola Superior do Ministério Público contará com
um Conselho Administrativo-Consultivo, presidido pelo Diretor-Geral e integrado por,
no mínimo, três membros do Ministério Público, indicados pelo Procurador-Geral de
Justiça.

(D) CORRETA.
Art. 37. Os Centros de Apoio Operacional - C.A.O. - são órgãos auxiliares da atividade
funcional do Ministério Público, competindo-lhes, na forma desta Lei Orgânica, entre
outras atribuições:
§ 1o O Procurador-Geral de Justiça, ouvido o Colégio de Procuradores de Justiça, instituirá os
Centros de Apoio Operacional, dirigidos por coordenadores designados por aquele, dentre os
PROCURADORES DE JUSTIÇA.

(E) INCORRETA. Art. 39. A Comissão de Concurso será composta pelo Procurador- Geral
de Justiça, que a presidirá e, em número paritário, por Procuradores e Promotores de
Justiça, com mais de dez anos de carreira e trinta e cinco anos de idade, e respectivos
suplentes, eleitos pelo Conselho Superior do Ministério Público, e por um representante
e um suplente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Mato Grosso do Sul, por
esta indicados, mediante solicitação do Procurador-Geral de Justiça, na forma a ser
estabelecida em regulamento próprio. (Redação dada pela Lei Complementar no 281,
de 17 de dezembro de 2020)

100. Sobre o regime disciplinar para os membros do Ministério Público do Estado de


Mato Grosso do Sul, previsto na Lei Complementar no 72/94, analise as assertivas e
assinale a alternativa correta.
I. O membro do Ministério Público está sujeito às sanções disciplinares de advertência, 169
censura, suspensão, cassação da disponibilidade remunerada, aposentadoria
compulsória e demissão.
II. As penas de advertência e de censura serão aplicadas de forma reservada e por
escrito.
III. Prescreve em sete anos quando a infração for sujeita à pena de demissão.
IV. Três anos após o trânsito em julgado da decisão que impuser penalidade disciplinar,
poderá o infrator, desde que não tenha reincidido, requerer sua reabilitação ao Colégio
de Procuradores de Justiça.
(A) Apenas I e III estão corretas.
(B) Apenas II e IV estão corretas.
(C) Apenas II e III estão corretas.
(D) Apenas III e IV estão corretas.
(E) I, II, III e IV estão corretas.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS
I INCORRETA. Art. 177. O membro do Ministério Público está sujeito às seguintes
sanções disciplinares: I - advertência; II - censura; III - suspensão; IV - cassação
da disponibilidade remunerada; V - demissão.

(Aposentadoria compulsória não é sanção disciplinar).

II CORRETA. Art. 177. Parágrafo único. As penas de advertência e de censura serão


aplicadas de forma reservada e por escrito.

III INCORRETA.Art. 182. Ocorrerá a prescrição: I - em dois anos, quando a infração


for sujeita à penalidade de advertência, censura, perda de vencimentos e de
tempo de serviço e suspensão; II - em cinco anos nos demais casos do artigo
177 desta Lei. Parágrafo único. Quando a infração administrativa constituir,
também, infração geral, o prazo prescricional será o mesmo da ação penal.

IV CORRETA. Da Reabilitação Art. 216. Três anos após o trânsito em julgado da


decisão que impuser penalidade disciplinar, poderá o infrator, desde que não
tenha reincidido, requerer sua reabilitação ao Colégio de Procuradores de
Justiça. § 1° A reabilitação deferida terá por fim cancelar a penalidade imposta
sem qualquer efeito sobre a reincidência ou promoção. § 2° Não se aplica o
disposto neste artigo às penalidades previstas nos incisos IV e V do art. 178 desta
Lei.

170

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