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O Cabelo de Lelê
Valeria Belém
Adriana Mendonça
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Joga para lá, joga para cá.

Lelê não gosta do que vê. Jeito não dá.
- De onde vêm tantos Jeito não tem.
cachinhos? Pergunta, sem
saber o que fazer.

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- De onde vem tantos

cachinhos?, a pergunta se
mantém.
"Toda pergunta exige uma
resposta.
Em um livro vou procurar!"
Pensa Lelê, em um canto a
cismar.

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Fuça aqui, fuça lá. Depois do Atlântico, a África chama e

Mexe e remexe até
encontrar o tal livro, muito
sabido! Que tudo aquilo
pode explicar.
conta uma trama de sonhos e medos,
de guerras e vidas e mortes no enredo.
Também de amor no enrolado cabelo.
Puxado, armado, crescido, enfeitado,
torcido, virado, batido, rodado.
São tantos cabelos, tão lindos, tão
belos!
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Lelê gosta do vê! Descobre a beleza de

Vai à vida, vai ao vento
ser como herança
brinca e solta o sentimento.
trocada no ventre da
raça do pai, do avô de
além-mar até.

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O negro cabelo é pura magia,

encanta o menino e a quem se
Que gira e roda no
avizinha. fuso da terra, de
tantos cabelos que
são a memória.

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Lelê já sabe que

em cada cachinho
Lelê ama o que
existe um pedaço vê!
da sua história. E você?