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Floresta Estacional
Renata Soares dos Santos(1), Patrícia Anjos Bittencourt Barreto(2); Rafael Nogueira
Scoriza(3); Erilva Machado Costa(4)
(1)
Estudante de Engenharia Florestal; UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia;
renata2soares@yahoo.com.br; (2) Professor, UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
patriciabarreto@uesb.edu.br; (3) Estudante de Doutorado em Agronomia – Ciência do Solo;
UFRRJ/Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; rafaelscoriza@gmail.com; (4) Estudante de Mestrado
em Ciências Florestais; UFES/Universidade Federal do Espírito Santo; eriflorest@gmail.com.
RESUMO
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica do Estado da Bahia, que abriga os remanescentes mais significativos da região
Nordeste, encontram-se divididos em fragmentos e sob forte pressão do avanço de atividades
agropastoris (BATISTA et al., 2006), afetando a biodiversidade, a interação entre as espécies, os
ciclos hidrológicos e bioquímicos, a biomassa florestal e o estoque de carbono (LAURANCE et al.,
2011).
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estoque médio de serrapilheira no fragmento florestal foi de 9,3 ± 0,5 Mg ha-1, valor superior
as médias encontradas por Sperandio et al. (2012) (6,0 Mg ha-1), em um fragmento de Floresta
Estacional Semidecidual no Espírito Santo. A fração folhas predominou na serrapilheira,
apresentando em média 33% da matéria seca total. A fração galhos contribuiu com 31%, que somada
com as cascas representou 37% do estoque de serrapilheira. A participação da fração material amorfo
foi de 29%, enquanto a fração material reprodutivo foi de menos de 1% da serrapilheira total. De
forma semelhante, Vieira et al. (2010) constataram que a quantidade de folhas e galhos finos da
serrapilheira depositada sobre o solo em um fragmento de floresta estacional decidual em Itaara (RS)
representaram 55% da serrapilheira.
O estoque de serrapilheira total não apresentou diferenças significativas entre as faixas do
fragmento florestal, porém a fração folhas foi mais sensível em revelar diferenças entre a borda e a
matriz do fragmento, como mostrado na Tabela 1. Vogel et al. (2013), estudando efeito de borda no
estoque de serrapilheira em um fragmento de floresta nativa no Bioma Pampa (RS), observaram
variação entre borda e interior do fragmento em quase todas as estações, exceto no outono. À
semelhança do presente trabalho, esses autores também encontraram menores estoques na borda.
Tabela 1 - Estoque das frações e do total de serrapilheira das faixas do fragmento florestal.
Material Material
Tratamento Folhas Galhos Cascas Total
reprodutivo amorfo
Mg ha-1
Faixa 1 2,22 b 4,15 a 0,58 a 0,05 a 2,26 a 9,26 a
Faixa 2 2,34 b 2,80 a 0,78 a 0,02 a 2,97 a 8,91 a
Faixa 3 3,49 ab 2,27 a 0,50 a 0,05 a 2,04 a 8,35 a
Matriz 4,47 a 2,44 a 0,22 a 0,07 a 3,60 a 10,79 a
CV 30,16 44,81 116,41 153,19 44,33 24,78
Letras iguais na linha não apresentam diferenças segundo o teste Tukey a 5%.
Figura 1 - Densidade de esporos da comunidade de FMAs nas diferentes faixas do fragmento florestal. Letra minúsculas
não apresentam diferenças segundo o teste Tukey a 5%.
Foi identificado um número total de 7 espécies de FMAs dos quais o gênero Acaulospora
correspondeu ao maior número (3), seguido dos gêneros Glomus (2), Scutellospora (1) e Gigaspora
(1) (Tabela 2).
Tabela 2 - Ocorrência de espécies da comunidade de FMAs nas diferentes faixas do fragmento florestal avaliado
Santos & Carrenho (2011), avaliando uma Floresta Estacional Semidecidual no município de
Maringá (PR), registraram a ocorrência de 50 espécies, distribuídas nos gêneros Glomus (31),
Acaulospora (10), Scutellospora (6), Gigaspora (2) e Paraglomus (1). Embora a quantidade de
espécies de Glomus observadas por estes autores seja muito superior à encontrada neste estudo,
verifica-se uma semelhança em relação à dominância dos gêneros Glomus e Acaulospora.
Zangaro & Moreira (2010) relatam que a dominância de um ou mais gêneros de FMAs em
determinado ambiente pode ser o resultado da interação de alguns fatores do ambiente, como: as
características físicas e químicas do solo, as características morfológicas e fisiológicas das plantas, a
compatibilidade genética das espécies de fungos e plantas que ocorrem no local, a dispersão dos
fungos e a extinção de algumas espécies do local. A ausência de esporos não indica, necessariamente,
ausência de colonização radicular e, consequentemente, não participação na associação simbiótica
(SANTOS & CARRENHO, 2011). Além da possibilidade de colonizarem raízes, espécies de baixa
frequência ou raras podem estar no ambiente em outras formas como hifas, raízes colonizadas e
células auxiliares.
As espécies Acaulospora foveata e Glomus tortuosum ocorreram apenas nas faixas mais próximas
à borda (Tabela 2), podendo este fato estar relacionado ao tempo de estabelecimento da borda,
propiciando modificações no seu microclima e criando condições para o estabelecimento de novas
espécies para o local (SCARIOT et al., 2003).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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