No longo caminho que temos, (LAMINA) o Pão que comemos
nos sustentará, é Cristo o Pão repartido, que o povo sofrido vem alimentar”.
No início da nossa vida cristã, todos nós ainda que pequenos,
somos inseridos na nossa primeira grande missão: a vida em comunidade. É no nosso caminhar e desenvolvimento físico/humano que vamos entendendo o sentido dessa missão. Sabemos pelas nossas vivências o quão difícil é a vida em comunidade: os sacrifícios, as doações, o respeito, o amor e a dedicação que temos que empregar em nosso dia a dia. Mas é na Eucaristia, que devemos buscar ainda mais sentido à vida em comunidade, de comunhão, e união em torno do pão da vida. (ITEMS) O Papa São João Paulo II na Encíclica Ecclesia de Eucharistia (nº40) reforça que “a Eucaristia cria comunhão e educa para a comunhão” e assim, em comunidade nos alimentamos e fortalecemos em nossa Vocação Laical.
Sobre a Vocação Laical, devemos lembrar que a espiritualidade
dos Cristãos Leigos e Leigas, deve estar centrada na Eucaristia, no Cristo vivo presente na vida de seu povo. A partir disso, podemos pensar em duas dimensões sobre a Eucaristia na vida do Laicato.
1. A dimensão da Eucaristia como pão que é alimento para nossa
vida e para nossa alma! -Eucaristia é o pão da unidade e é a partir Dela que somos comunidade/igreja, é Ela que nos nutre para a vida de comunhão entre os irmãos na Igreja e no mundo e é nesse sacramento que nos encontramos com o Senhor e com a comunidade. (LAMINA) “Os cristãos leigos e leigas são homens e mulheres da Igreja no coração do mundo, homens e mulheres do mundo no coração da Igreja” (Puebla n.786) Na vocação laical, temos um grande desafio que é a atuação na sociedade como um todo, sendo Sal da terra e luz do mundo (Mt 5, 13-14), e como tal, precisam ser nutridos pela nossa riqueza maior enquanto Igreja que é a Eucaristia, e é na aparência simples e singela do pão e do vinho que reconhecemos e fazemos o nosso agradecimento a Deus que nos salva entregando-Se a Si mesmo, em sacrifício redentor, como alimento de vida e da missão.
2. A humanidade de Jesus de Nazaré que foi feito homem como
nós, nos provoca a entender o sentido da vida cristã. Foi ao partir o pão que Jesus foi reconhecido pelos discípulos de Emaús (Lc 24,30-33). Também nós Cristãos Leigos e Leigas devemos reconhecer na partilha do pão a nossa missão, e aí está a segunda dimensão da Eucaristia: a social, ou seja, a partilha, a doação e a vida nos extremos do mundo.
(LAMINA) “O autêntico sentido da Eucaristia torna-se, de per si,
escola de amor ativo para com o próximo. Nós sabemos que é assim a ordem verdadeira e integral do amor que o Senhor nos ensinou: “nisto precisamente todos reconhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13, 35) … A Eucaristia educa-nos para este amor de maneira mais profunda. Se o nosso culto eucarístico for autêntico, deve fazer crescer em nós a consciencialização da dignidade de todos e de cada um dos homens. A consciência dessa dignidade, depois, torna-se o motivo mais profundo da nossa relação com o próximo”. (Dominicae Cenae, nº 6)
“A Igreja vive da Eucaristia”. Estas palavras se tornaram o ponto
de partida para o ensino de São João Paulo II em sua carta encíclica sobre a Eucaristia, escrita em 2003. Ele nos apresenta a Eucaristia como fonte de vida da Igreja e fonte de nossa vida de fé. Inspirados por essa solene afirmação, reconhecemos a Eucaristia como sacramento-fonte que alimenta a comunhão, a fraternidade e o serviço.
Jesus Cristo é o “pão de Deus que desce dos céus e dá vida ao
mundo” (João 6, 33). Quem d’Ele se alimenta permanece unido a Ele. Daí podermos falar em comunhão, pois ao recebermos o corpo e o sangue do Senhor, estabelecemos profundo vínculo de vida e de interação com Ele. Por meio do pão eucarístico, Jesus nos convida a ser: filhas e filhos amados do Pai, irmãs e irmãos na grande fraternidade do Reino. Na recepção da Eucaristia, podemos experimentar a seiva divina que chega até nós por meio da presença real de Cristo e nos revitaliza para a jornada diária e a construção da história.
Toda vez que recebermos a Eucaristia deixemos ecoar em
nosso coração o apelo da fraternidade e o desafio do serviço. Essa comunhão com Jesus Eucarístico há de transbordar-se em crescentes ondas de fraternidade. (LAMINA) Aquele que se identifica com Jesus Cristo, que acede ao seu Evangelho e o recebe eucaristicamente descobre que o caminho da vida eterna passa pelo coração e pela história do outro. Não há vida evangélica se se exclui o irmão. Dito de outro modo, o encontro com Jesus Cristo inclui, necessariamente, a presença e o cuidado com o irmão. No “amai-vos uns aos outros” (João 13,34) está inscrita a nova lei, a identidade do povo cristão: a fraternidade.
O convite eminente que parte da Vocação Laical, passa pela
vida em comunidade e o Sacramento do Amor é para que todos os Cristão Leigos e Leigas, reconheçam a necessidade da missão. Estar onde ninguém mais quer estar, ajudar aqueles que nenhum outro ajuda. Ver, sentir compaixão e cuidar. (LAMINA) Lembremos do que diz o Papa Francisco na Evangelii Gaudium n. 49: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. ”
Comunhão e fraternidade serão reconhecidas como autênticas
expressões da adesão a Jesus Cristo enquanto se desdobrarem no serviço a Deus e aos irmãos. A comunhão bíblica se realiza entre os “distantes”, por meio de um gesto que não é de poder, mas de esvaziamento, não é de apropriação, mas de partilha, não é de fechamento, mas de abertura das mãos que acolhem, que distribuem... (LAMINA) A mesa da refeição se torna lugar de humanização do ser humano. Espaço de verdadeira reserva de humanidade. Muitos são aqueles que sabem abrir as mãos, partir o pão, saciar a fome do irmão. É nesse universo de mesa-refeição que o ser humano vai se autoconstruindo, autodefinindo como ser que é humano, mas também divino. (ITENS) Diviniza-se humanizando, humaniza-se divinizando. O verdadeiro serviço a Deus exige o serviço aos irmãos. E toda forma de serviço aos irmãos é, mesmo sem traços religiosos, serviço a Deus: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mateus 25,40). Nesse sentido, toda forma de serviço aos irmãos contém um teor eucarístico, isto é, de comunhão com Jesus Cristo e com o seu Evangelho. E para aqueles que não creem, servir seus irmãos é um caminho para o encontro com Aquele que se fez “pão para quem tem fome”. A sensibilidade para o encontro com o pobre é uma porta aberta para o encontro com Jesus Cristo que nos pobres se faz presente.
Portanto, não deixemos dissociar em nossa vida cristã os laços
profundos entre comunhão, fraternidade e serviço. Toda vez que recebermos a Eucaristia deixemos ecoar em nosso coração o apelo da fraternidade e o desafio do serviço. Não foi por isso que São João, o Evangelista, uniu o mistério da ceia eucarística com o lava-pés (João 13), sinal eloquente da diaconia que torna autêntico o encontro com o Cristo Eucarístico?