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1 – Quais são as características principais da “terceira busca” pelo Jesus histórico.

Dentre elas está


a revalorização de Jesus “judeu”. Qual o contexto dessa revalorização?
Terceira Busca: Surge como uma continuação das buscas anteriores. N.T. Wright, teólogo britânico,
cunhou o termo “Third Quest”. Perspectiva: Jesus era um judeu típico do século I. Nasceu em Nazaré,
viveu na Galileia e participou dos rituais judaicos.
Características da Terceira Busca:
 Revalorização de Jesus “Judeu”: Coloca Jesus dentro do contexto histórico-sociocultural do
judaísmo do século I na Palestina.
 Estudo de Fontes: Utiliza fontes canônicas, apócrifas e pseudepigráficas para entender a
complexidade da religião e sociedade judaica da época.
 Em resumo, a Terceira Busca compreender Jesus como um personagem histórico inserido no
contexto judaico de sua época, contribuindo para uma visão mais completa e autêntica de sua
vida e ensinamentos

2 – Explique as três fases da transmissão das tradições sobre Jesus segundo a Dei Verbum 19.
Explicite a importância, nesse processo da fé discipular (Dunn) e da tradição informalmente
controlada:
*1° Fase: Ministério público de Jesus. 19. A santa mãe Igreja defendeu e defende firme e constantemente
que estes quatro Evangelhos, cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente as coisas que
Jesus, Filho de Deus, durante a sua vida terrena, realmente operou e ensinou para salvação eterna dos
homens, até ao dia em que subiu ao céu (cfr. At 1,1-2).
2°Fase: Transmissão da Tradição (oral e escrita) Na verdade, após a ascensão do Senhor, os Apóstolos
transmitiram aos seus ouvintes, com aquela compreensão mais plena de que eles, instruídos pelos
acontecimentos gloriosos de Cristo [“óculos” do Mistério Pascal] e iluminados pelo Espírito de verdade
[inspiração] gozavam, as coisas que Ele tinha dito e feito.
3° Fase: Redação (mas continua o influxo da tr. oral). Os autores sagrados, porém, escreveram os quatro
Evangelhos, escolhendo algumas coisas entre as muitas transmitidas por palavra ou por escrito,
sintetizando umas, desenvolvendo outras, segundo o estado das igrejas, conservando, finalmente, o
carácter de pregação, mas sempre de maneira a comunicar-nos coisas autênticas e verdadeiras acerca de
Jesus
A fé discipular está ligada ao relacionamento com Jesus Cristo. A tradição informalmente controlada
aplicada aos evangelhos refere-se a transmissão oral de histórias e ditos relacionados a Jesus, que
posteriormente foram registrados nos evangelhos escritos.

3 - Explique a visão de Marcião acerca dos escritos sobre Jesus e a sua importância para a seleção e recepção
dos 4 Evangelhos:
Marcião, um professor cristão e herege do século II d.C., desempenhou um papel significativo na história dos
evangelhos. Vamos explorar sua visão e como ela afetou a seleção e recepção dos quatro evangelhos:
Evangelho de Marcião:
 Marcião acreditava que o Deus do Antigo Testamento era diferente do Deus do Novo Testamento. Ele via o
Deus do Antigo Testamento como um Deus vingativo e legalista, enquanto o Deus do Novo Testamento era
misericordioso e amoroso.
 Para Marcião, Jesus era o enviado do Deus do Novo Testamento para libertar a humanidade da opressão do
Deus do Antigo Testamento.
 Ele compilou seu próprio evangelho, conhecido como “Evangelho do Senhor”, que era uma versão editada
do Evangelho de Lucas. Marcião removeu os dois primeiros capítulos sobre a natividade de Jesus e fez
outras modificações para se alinhar com sua teologia marcionista.
 O Evangelho de Marcião não foi incluído no cânon oficial do Novo Testamento, mas sua influência foi
significativa.
Impacto na Seleção dos Evangelhos:
 A visão de Marcião sobre o Deus do Antigo Testamento e sua rejeição de partes do Evangelho de Lucas
levantaram questões sobre quais escritos deveriam ser considerados canônicos.
 Os líderes da igreja tiveram que definir quais evangelhos eram autênticos e quais não eram. Isso levou a
debates e discussões sobre a seleção dos evangelhos.
 A necessidade de refutar as ideias de Marcião também motivou os apologistas católicos romanos a escrever
tratados contra ele, como o famoso “Contra Marcião” de Tertuliano.
Recepção dos Quatro Evangelhos:
 A controvérsia em torno de Marcião e seu evangelho contribuiu para a consolidação dos quatro evangelhos canônicos:
Mateus, Marcos, Lucas e João.
 Os líderes da igreja buscaram preservar a tradição apostólica e a ortodoxia, rejeitando visões heterodoxas como a de
Marcião.
 A seleção dos quatro evangelhos foi baseada em critérios como apostolicidade, uso litúrgico e conformidade com a fé
cristã tradicional.
Em resumo, a visão de Marcião desafiou a igreja primitiva a definir quais escritos eram genuínos e a reforçar a importância dos
quatro evangelhos canônicos que conhecemos hoje.
4 - Explique o gênero literário dos quatro Evangelhos a partir: * da Biografia greco-romana antiga
(três partes e objetivo) * da Historiografia judaica:
Em Primero lugar elas são em maior número do que as centrais. Inicialmente, segundo Talbert (1988, p.
56), “não é correto descrever a antiga biografia como um relato da vida de um homem do nascimento até
sua morte”. Cita as obras de Nepo, Miltiades, Aristides, Pausanias, como exemplos de biografias que
iniciam com a vida adulta do herói. Outras, diferentemente, começavam com o nascimento e terminavam
antes da morte do protagonista, como em Vida de Augusto10, de Nicolau de Damasco, que se encerra
com a entrada de Augusto na Guerra Civil. (2) Em segundo lugar, “o herói é descrito por intermédio de
suas ações e também por meio de gestos insignificantes ou de palavras sem importância” (TALBERT,
1988, p. 56). (3) Em terceiro, “não há praticamente nenhum interesse em traçar o desenvolvimento do
biografado” (TALBERT, 1988, p. 56). Entre os autores biográficos não existiam preocupações
psicologizastes e subjetivas, bem como não registravam etapas cronológicas para emoldurar os períodos
da vida de uma pessoa. Ao contrário, ela era descrita de modo acabado. Havia, sim, uma estruturação
mais tópica ou lógica do material. Stanton (1974, p. 123) lembra que: Ao invés de traçar o
desenvolvimento do personagem, antigos escritos biográficos, de Platão em diante, geralmente
começavam e terminavam com a vida adulta do biografado. A citação também corrobora a primeira
característica

5 - Há três aspectos que tornam o exercício da "comparação sinótica" muito importante: cite e
explique.
Dos conteúdos incorporados em cada um deles:
-Os três evangelhos têm em comum cerca de 3330 versículos.
-Mateus e Marcos têm cerca de 180 versículos em comum.
-Lucas e Marcos têm cerca de 100 versículos em comum.
-Mateus e Lucas têm 230 versículos em comum.
-Cada um dos três tem versículos que não se encontram em nenhum dos outros dois: Marcos 51
versículos; Mateus 330 versículos; e Lucas cerca de 500 versículos.
2. a ordem em que estão dispostos os diferentes episódios.
-Está observação é muito importante para determinar as relações de dependência literária, pois se dois
escritos têm algumas passagens em comum, mas não na mesma ordem, essa coincidência pode ser
fielmente explicada pelo recurso à tradição oral. No entanto, quando dois escritos têm um número
significativo de passagens na mesma ordem, é mais fácil supor que um deles utilizou o outro, ou que
ambos utilizaram a mesma fonte escrita. Com efeito, seria menos provável que todas essas passagens
tivessem sido transmitidas na mesma ordem oralmente.
As seguintes observações podem ser feitas sobre as passagens que têm paralelos em Marcos:
- Todos os três sinóticos possuem o mesmo esquema narrativo, que é peculiar quando comparado com o
de João; essa coincidência no esquema geral ocorre, especialmente, nas passagens paralelas em Marcos
(Mt-Mc e Mc-Lc).
Mateus não coincide na ordem com Marcos e Lucas no início da atividade de Jesus na Galileia (Mt 5-13),
enquanto a seleção é mais ampla em Lucas (Lc 9,51-19,28) do que nos outros dois.
- Mateus e Lucas concordam na ordem quando coincidem com Marcos e não compatibilizam quando não
se iguala com ele (Marcos). Este fato é claramente observado nos primeiros capítulos dos três Evangelhos
(Mt 1-4; Lc 1-4).
3. e a das expressões concretas com que cada passagem é formulada.
Este tipo de análise permite observar com maior precisão as relações de dependência literária entre os
Evangelhos, mas deve ser feito com cautela, pois é a este nível que a decisão sobre uma ou outra variante
na reconstrução do texto pode determinar a visão das relações entre dois escritos. A este nível, os casos
concretos multiplicam-se e as sínteses devem ser feitas com mais cautela.

6- Considerando a “hipótese das duas fontes” para a redação dos Evangelhos Sinóticos, explique:
*o princípio que levou a considerar Marcos como o mais antigo e seu gênero literário:
O princípio que leva a pensar que o evangelho de Marcos é o primeiro é que a partir de Mc 2, 13-17 se
descobre uma serie de indícios que revelam um texto composto a partir de formas mais primitivas. É dizer
Marco reproduz a forma mais original da tradição. O estilo de Marcos é mais arcaico do que Mateus e
Lucas; dificilmente poderá ser posterior a eles. Por outra parte, nas perícope da tríplice tradição, a ordem
de Mateus e Lucas coincidem, enquanto concordam, por sua a vez, com Marcos; pelo contrário, Mateus e
Lucas nunca coincidem quanto não concordam com Marcos. Nas perícope de dupla tradição, que não se
encontram em Marcos, a ordem de Mateus e Lucas é muito menos coincidente, isto parece indicar que
tanto Mateus como Lucas, sem nenhuma relação entre si, usaram Marcos.
O Evangelho de Marcos é o ponto médio, que teria servido como uma ponte entre os outros dois
Evangelhos sinóticos, seja como ponto de partida, como uma fonte compartilhada por ambos, ou como
ponto final, como um resumo sintético de ambos.
A principal razão pela qual a grande maioria dos estudiosos hoje pensa que o Evangelho de Marcos foi
escrito primeiro e, portanto, tornou-se a fonte literária para os outros dois Evangelhos sinóticos é
basicamente uma questão de "economia explicativa".
Isso significa a facilidade de esclarecer as mudanças envolvidas. Em outras palavras, é mais fácil
entender as mudanças que Mateus e Lucas teriam de fazer, tomando o Evangelho de Marcos como fonte
literária, do que, por exemplo, as mudanças que Marcos teria de fazer, tomando os dois Evangelhos de
Mateus e Lucas como fontes literárias e reunindo-os em uma espécie de resumo sintético.
De acordo com a maioria dos estudiosos, parece ser a primeira: que o Evangelho de Marcos foi escrito
primeiro e que esse texto foi usado por Mateus e Lucas, independentemente, como uma (de suas duas)
fonte(s) literária(s).

o que é a fonte Q e seu gênero literário:


*A Fonte Q* é um documento hipotético que é considerado um dos possíveis recursos utilizados pelos
autores dos Evangelhos de Mateus e Lucas. A Fonte Q não é um texto completo por si só, mas sim uma
coleção de ditos e ensinamentos de Jesus. É um objeto de estudo da crítica textual e da pesquisa
acadêmica sobre os Evangelhos.
Assim, enquanto *Marcos* é um texto com caráter religioso e histórico, *A Fonte Q* é mais um termo
utilizado no contexto da pesquisa acadêmica sobre os Evangelhos, sendo um recurso hipotético que pode
ter influenciado outros textos bíblicos.

7- Cite e explique as razões pelas quais se pode sugerir a região siro palestinense como local de
redação do Evangelho segundo Marcos:
Afinando mais a proposta sobre a localização geográfica das comunidades marcanas na região siro
palestinense, pode se avançar a proposta da região de Tiro e Sidom pelos seguintes motivos
Em Marcos 3 7 8 a lista dos lugares de onde acorrem pessoas até Jesus menciona, junto com Jerusalém,
apenas estas duas cidades κα ὶ περ ὶ Τ ύ ρον κα ὶ Σιδ ῶ να
Em Mc 7 14 30 o episódio do encontro de Jesus com a estrangeira siro fenícia acontece em Tiro
Retornando da sua viagem, no v 31 o evangelista sublinha que Jesus passou também por Sidom (embora a
geografia do v 31 seja bastante estranha)
Partindo do pressuposto que houve diversas edições do evangelho, poderia não haver contradição entre
essas duas localizações geográficas Assim, a edição do evangelho composto para as comunidades da
região siro palestinense poderia ter chegado em um tempo breve nas comunidades de Roma onde ter se ia
difundido graças à autoridade daquela Igreja, e portanto colocado sob a autoridade petrina.

8- Uma das características da comunidade de marcos é seu caráter inclusivo. Explique e de


exemplo:
Tanto judeus como não judeus são convidados a serem discípulos de Jesus. Para que a acolhida de não
judeus fosse possível era necessário que os judeus se distanciassem de certas normas rigorosas de pureza,
especialmente as relacionadas com a comida, de modo a facilitar a comunhão de mesa entre judeus e não
judeus (cf o cap 7 de Marcos).
Este aspecto aparece já em uma série de controvérsias encontradas no início do evangelho (cfr 2,1-3,6)
mas prossegue como tema central na chamada “sessão dos pães” (6,30- 8,26) nela o evangelista narra a
1°MULTIPLICAÇÃO (cfr 6 ,35- 43) oferecido aos judeus
2°MULTIPLICAÇÃO (cfr 8, 1- 9 )o banquete do reino passa a ser oferecido também aos pagãos
Entre as duas multiplicações temos dois episódios chaves para compreendê las em Mc 7,1- 23 Jesus
declara todos os alimentos puros e, em 7, 24 -30 dá se o seu encontro com a estrangeira siro fenícia No
modo de tratar estas problemáticas encontramos uma relação com o modo como as comunidades paulinas
da primeira geração trataram estas mesmas situações

9 – Há mais propostas referentes a estrutura do Evangelho segundo Marcos. Explique a hipótese a


partir de critérios literários:

10- Cite e comente o que lhe mais chamou a atenção acerca da aula sobre “leitura judaica do Novo
Testamento”:

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