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O Gigante Deitado

Vida e obra de Jerônimo Mendonça

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Jane Martins Vilela

O Gigante Deitado

Vida e obra de Jerônimo Mendonça

Matão, SP
7ª edição
2016

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Copyright © 1994 by
CASA EDITORA O CLARIM
Propriedade do Centro Espírita O Clarim
7ª edição: outubro/2016
Impresso no formato 14x21 cm
1ª edição: 1994
ISBN 978-85-7357-154-7
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser fotocopiada, gravada,
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Capa: Rogério Mota
Projeto gráfico: Equipe O Clarim
Revisão: Enéas Rodrigues Marques

Catalogação na Publicação (CIP)


V699g Vilela, Jane Martins
O gigante deitado — Vida e obra de Jerônimo Mendonça / Jane Martins Vilela. – 7.ed. –
Matão: Casa Editora O Clarim, 2016.
176p.; 21 cm
ISBN 978-85-7357-154-7
1. Espiritismo. 2. Estudo doutrinário. 3. Biografia. I. Casa Editora O Clarim. II. Título.
CDD. 133.9

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APRESENTAÇÃO

CARÍSSIMOS LEITORES!
1. Coube-nos a honrosa tarefa de fazer a apresentação deste excelente
trabalho, elaborado pela companheira Dra. Jane Martins Vilela.
O nosso venerável e amado Hugo Gonçalves traz, em seu inspirado
prefácio, o perfil da respeitável autora, induvidosamente, credora da estima e
admiração de todos quantos a conhecem, seja pelo seu modus vivendi, seja por
sua imensa contribuição à Causa do Espiritismo Cristão.
À autora, nossa imorredoura gratidão.
Estas páginas, estamos certo, farão imenso bem a todos os que se
debruçarem sobre elas. Os que conhecemos Jerônimo Mendonça Ribeiro,
relembrá-lo-emos nas muitas experiências e situações, aqui relatadas com graça
e beleza. Aqueloutros que o não conheceram antes, terão agora esta preciosa
oportunidade. Não nos privemos desta alegria!
A autora, com acerto, anotou:
“Não é nossa intenção a de criarmos um mito e nem endeusarmos um
homem. Não. O nosso modelo maior para a nossa conduta será sempre Jesus.
Através dos séculos, no entanto, muitos passaram numa trajetória exemplar
para aqueles que os conheceram. Grande número ganhou fama, grande parte
permaneceu no anonimato. Jerônimo Mendonça, de Ituiutaba, merece a
lembrança honrosa pela lição que deixou na sua vida. O exemplo da resignação
ante a dor”.
Podemos afirmar, com segurança, que a Dra. Jane foi extremamente
parcimoniosa, comedida. Conhecendo Jerônimo, como conhece, sabe ela que
poderia ter dito e escrito mais, muito mais. Atenta, no entanto, ao dever de
humildade (uma das lições deixadas pelo inspirador da obra!), preferiu adotar
modesta postura, o que a engrandece aos olhos de todos. Sim, porque
Jerônimo foi e é um Gigante no exemplo, um Gigante no testemunho, no
bem, na fé, na coragem, na resignação...
2. Privamos da intimidade de Jerônimo Mendonça.

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Por algumas vezes estivemos em Ituiutaba. De outras, e por semanas
inteiras, honrou-nos ele, com sua presença inconfundível e inolvidável, o
nosso lar e nossos Centros Espíritas da região. Exemplo de compreensão e
vivência dos postulados espíritas-cristãos. Assim é Jerônimo!
Realmente ele não pode ser esquecido. Não será esquecido.
Depois de sua desencarnação, chamamos a nós um enorme compromisso,
sagrado compromisso do coração: o de levar seus livros e fitas em nossas
jornadas doutrinárias. E, graças a Deus, aos bons Espíritos e aos
companheiros que nos auxiliam neste labor, temos realizado este abençoado
trabalho em vários Estados, de quase todas as regiões do Brasil.
E é possível perceber a presença alegre, forte e indisfarçável deste nobre
Amigo, desde há muito em excelente condição espiritual e perfeitamente
integrado nas tarefas do Cristo.
Em nosso trabalho mediúnico temos tido, com regular frequência, o
abençoado ensejo de ouvi-lo, de falar-lhe. E, quando chega, saudando-nos, diz
com emoção: “Sou o Pássaro Livre”, invariavelmente vestido com seu
indefectível terno branco.
3. E por que “Pássaro Livre”?
Como consignou a autora:
“Que o leitor, ao ler estas páginas, imagine um homem totalmente paralítico,
num leito há mais de trinta anos, sem mover nem o pescoço, cego há quase
vinte anos, com dores no corpo, dores terríveis no peito, necessitando de
quilos de peso de areia para suportar a dor, tomando Isordil várias vezes ao
dia, e, ainda assim, resignado, sereno”.
Depois de suportar e vencer com galhardia e nobreza o seu calvário, natural
e compreensível, justo e merecido, que o nosso Jerônimo se encontre qual um
pássaro livre, liberto das algemas carnais que tantas lutas e aflições lhe
trouxeram.
Jerônimo soube, como poucos, compreender e aplicar em sua vida os
princípios espíritas. Profundo conhecedor da Codificação Kardequiana, sabia e
sentia que o seu martírio era efeito de equivocadas atitudes em outras
encarnações. Compreendia, portanto, qual a origem de seus sofrimentos e
deles extraía todos os benefícios possíveis, a tudo suportando com heroicas e
cristãs resignação e paciência.

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Ao nosso querido personagem, certamente, aplicam-se as oportunas
palavras do Espírito Lacordaire:
“Quando o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes
pertence”, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem
todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a
palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as
provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desânimo é
uma falta...” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, item 18, 101a
Edição, da Federação Espírita Brasileira).
O nosso Gigante tinha sempre em mente o teor da resposta dada à questão
921 de O Livro dos Espíritos, que aplicava com impressionante disciplina da
vontade: “o homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade.
Praticando a lei de Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si
mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira”.
Por estas razões, além da sua incansável dedicação ao bem, goza ele,
presentemente, na Vida Imperecível, de excelente condição emocional,
espiritual.
Em um de nossos diálogos, após a sua desencarnação, pediu-nos ele que o
ajudasse a reescrever ou desenvolver uma de suas antigas mensagens,
compatibilizando-a com o seu novo e saudável estado. A mensagem, que
transcrevemos a seguir, está em seu livro “Crepúsculo de um Coração”, página
120, e tem por título “Retrospecto”. Em continuação, vem a mensagem inédita
(o nosso Amigo merecia e merece um médium com melhores condições que
as nossas!), que ousamos transcrever, certo da superior compreensão dos
leitores.

RETROSPECTO
(escrita quando encarnado)
A vida que agora estou vivendo,
sobre este leito à forma de prisão,
é o resgate do pretérito horrendo
no qual gerei tristeza e humilhação.

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Hoje as faces tenho-as bem banhadas
por esta santa dor buriladora,
são lágrimas bem quentes derramadas,
vertidas nesta luta redentora!
Devasso que fora, hoje só me resta
amontoado de ossos que empresta,
da vida, nova configuração.
É o epílogo da trágica loucura
que me faz sorver, no cálice da amargura,
os deslizes de uma outra encarnação!

NOVO RETROSPECTO
(inédita)
Quando atravessava a carnal vilegiatura,
ressarcindo e reajustando tenebroso passado
guardava eu íntima convicção de que toda amargura
por mais longa pareça, tem o seu tempo contado.
Nos primeiros tempos da áspera expiação, reconheço
surgiram o pranto oculto, o receio mudo, a insegurança
depois, agradecendo a Deus o abençoado recomeço
enchi-me de coragem, de fé, de resignação, de esperança.
Amando profundamente a Jesus, a Kardec e ao Chico
neles inspirei-me para melhor compreender e servir
embora reconhecesse ser eu menos que um qualquer cisco
entreguei-me ao labor do bem, sem outro bem nunca pedir.
Não entendais o que digo como uma autopromoção. Não!
O anelo destas linhas despretensiosas é, tão-somente,
dizer que a dor será loucura para o atormentado coração
que enclausurar-se em si mesmo, e viver egoisticamente.
Passaram as agruras, as dificuldades, todas as dores.

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Com gratidão e amor bendigo o leito, todas as aflições.
Bendigo o cálice transbordante de muitos amargores
que me prodigalizaram a cura das milionárias exulcerações.
Se algum transeunte indagar, curioso, a meu respeito
peço-vos dizer que sou, agora e para sempre, o Pássaro Livre
trazendo indescritível e imensa alegria no peito
fruindo real ventura que no enganoso passado não tive.
Amigos e irmãos de ideal espírita, ora na vida terrena!
vencida a rude e dolorosa batalha aí travada
afianço-vos, trago a alma sempre risonha e serena
e prossigo resoluto na minha ascensional caminhada.
Através das mãos amigas deste nosso dileto irmão
algo desejo eu dizer-vos nesta preciosa oportunidade:
se porventura sofreis angústias no dorido coração
a tudo suportai, cristãmente! aguarda-vos a felicidade!
4. Jane, abençoada irmã!
No momento em que grafamos estas palavras singelas, sentimos a
inconfundível presença do nosso amado Jerônimo. Lágrimas silenciosas, de
santa emoção, aljofram nossas faces e temos a certeza de que ele nos envolve
em ternura, deixando-te um terno beijo de gratidão e amor, com votos de paz,
dizendo emocionado: QUE BELEZA!
Leitores amigos!
Tendes em mãos um trabalho realizado com meiguice e amor.
A autora elaborou-o pensando em vos auxiliar na travessia da existência
carnal, nem sempre amena e recheada de sorrisos primaveris. Perpetuando a
presença de Jerônimo Mendonça entre nós, deixa-vos precioso legado que se
constitui em abençoado estímulo para as vossas (e nossa) almas!
Finalizando, dizemos enternecidamente:
Obrigado por tudo, Jerônimo! Enquanto vivermos, tu viverás!
Izaias Claro – junho de 1994

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PREFÁCIO

“Quase dois mil anos se passaram, mas a humanidade ainda se afigura como a
mulher samaritana com sede de água viva”
Gabriel – do livro Diretrizes Espíritas.
Num mundo onde a sensibilidade desaparece dos corações dando lugar à
ganância pelo poder é natural que a sede da humanidade continue sendo a sede
da mulher samaritana.
Apesar dos séculos que se sucederam, a situação continua sendo a mesma: o
homem sempre propenso a ter mais, sem se aperceber de que, além de ter,
precisa também ser.
Mas no meio de tudo isso alguém se levanta munido de paz e de
sensibilidade, disposto a enaltecer os princípios de amor, na mensagem de
Jesus.
Jane, autora deste livro, nos convidou para prefaciá-lo. Pensamos muito na
responsabilidade. Não podendo deixar de atender a tão amável convite,
atrevemo-nos a rabiscar estas linhas, arremedo de prefácio.
Alguém poderá perguntar quem é Jane. É mineira, de Ituiutaba, médica,
clínica geral e homeopata. Reside em Cambé, frequentando assiduamente o
Centro Espírita Allan Kardec. É médium de passe, oradora competente,
colaboradora do jornal “O Imortal” e atende com muito carinho as crianças
do Lar Infantil Marília Barbosa.
Como escritora teve a louvável lembrança de reunir subsídios e compôs este
livro, por ela denominado “O Gigante Deitado”, vida e parte da obra de
Jerônimo Mendonça, de saudosa memória. Manuseando as páginas deste livro
o leitor atento vai descobrir um mundo novo.
A autora consegue através desta obra tornar Jerônimo Mendonça bastante
conhecido e, na verdade, ele não pode ficar no esquecimento.
Jerônimo Mendonça: Quem foi esse homem?
Alguém que, acometido de uma artrite reumatoide progressiva, ficou cerca
de 32 anos preso ao leito, paralítico, com a agravante perda da visão.

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Como um pássaro preso à gaiola, transformou seu leito numa tribuna
ambulante, e, por meio dela, conseguiu realizar um grande e valioso trabalho.
Fundou em Ituiutaba, Minas Gerais, sua terra natal, a creche Pouso do
Amanhecer e, com imenso esforço, manteve o seu funcionamento até o final
de sua estada na vida física. Percorreu o Brasil levando a mensagem espírita
com palestras edificantes.
Jerônimo Mendonça foi um exemplo vivo de coragem, de resignação e de
otimismo. Não foi apenas mais um que passou por aqui. Foi alguém que
suportou sorrindo e sempre bem humorado a dura prova da paralisia e da falta
da visão.
Lendo este livro, amigo leitor, você descobre quem foi o Gigante Deitado e
como suportou resignado a grande prova. Através da tribuna, sem cessar,
sorrindo, cantando as glórias do Evangelho, conseguiu a sua independência
espiritual. Chegando a hora de partir deste mundo, como um pássaro que se
livra da gaiola, alçou voo para o infinito.
Hoje, ao lado de amigos e entes queridos que o precederam na grande
viagem, certamente continua cantando, parafraseando o apóstolo Paulo: “Onde
está, ó morte, teu aguilhão? Onde está, ó morte, a tua vitória?”
Este livro merece a atenção dos amantes da boa leitura. Adquira-o com
carinho e você não vai se arrepender.
Hugo Gonçalves – Cambé, Paraná

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INTRODUÇÃO

Longe de nós a pretensão de sermos escritora. Não é nossa intenção a de


criarmos um mito e nem endeusarmos um homem. Não. O nosso modelo
maior para a nossa conduta será sempre Jesus. Através dos séculos, no entanto,
muitos passaram numa trajetória exemplar para aqueles que os conheceram.
Grande número ganhou fama, grande parte permaneceu no anonimato.
Jerônimo Mendonça, de Ituiutaba, merece a lembrança honrosa pela lição
que deixou na sua vida. O exemplo da resignação ante a dor.
Quando conhecemos Jerônimo, por volta de 1978, já éramos espíritas, após
a leitura de “O Livro dos Espíritos”. Iniciávamos o curso de Medicina e,
sempre, nas férias, íamos para Ituiutaba, Minas Gerais, nossa terra natal e terra
do Jerônimo. Ao sermos apresentada para ele, requisitou-nos a presença
diariamente e isso se tornou um hábito comum. Passamos a ler para ele nos
períodos de duração das nossas férias, de tal modo que ele costumava dizer
que nossas férias eram dele. Aprendemos muito. Nunca ouvimos queixas, nem
reclamações. Pelo contrário, os outros, sadios, é que iam se aconselhar,
desabafar. Se aprendemos a Doutrina Espírita nas obras de Kardec,
compreendemos a exemplificação espírita na pessoa de Jerônimo Mendonça.
Fomos amigos até a sua desencarnação, em 1989.
Este livro simples é um esforço coletivo de seus amigos, que compartilham
da nossa opinião de que Jerônimo e seus feitos devem ser lembrados; não
podem ficar esquecidos.
Reunidos, amigos de Ituiutaba, São José dos Campos (São Paulo), Cambé
(Paraná) e Jacarezinho (Paraná) nos ajudaram com depoimentos escritos ou
através de fitas gravadas, que estão em nosso poder. Sem esses amigos, não
seria possível escrever este livro, de modo que, a todos eles, que citaremos
nominalmente na página denominada “Depoimentos”, fica aqui a nossa
profunda gratidão. Podemos dizer que o livro é um presente de todos os
amigos para aqueles que não conheceram o Jerônimo, mas que podem
aprender com o seu exemplo. Para aqueles que conviveram com ele será talvez
um rememorar de fatos, pois que muitas das histórias que aqui estão o
Jerônimo contava em vários lugares, rindo-se delas.

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Dividimos didaticamente o livro numa parte inicial com artigos compilados
de “O Imortal”, de Cambé, Paraná, de nossa autoria e artigo de Manoel
Tibúrcio Nogueira, de Ituiutaba, Minas Gerais, intitulado “Jerônimo, a
Memória de uma Luta”, do jornal “Vida Espírita”, de Uberlândia, Minas
Gerais, referentes à desencarnação de Jerônimo, desencarnação essa que foi
motivo de lembrança em praticamente todos os jornais espíritas do Brasil,
tamanha era a amizade e influência de Jerônimo no meio espírita brasileiro. Na
impossibilidade de publicarmos todos, simbolizamo-los nos que aqui estão.
Ainda no primeiro capítulo estão trovinhas e poesias inéditas de Jerônimo,
algumas mensagens e um esboço de autobiografia que não terminou. O
segundo capítulo são as histórias, com nossos comentários.
Que o leitor, ao ler estas páginas, imagine um homem totalmente paralítico,
num leito há mais de trinta anos, sem mover nem o pescoço, cego há quase
vinte anos, com dores no corpo, dores terríveis no peito, necessitando de
quilos de peso de areia para suportar a dor, tomando Isordil várias vezes ao
dia, e, ainda assim, resignado, sereno.
Levado por mãos amigas pelo Brasil afora em palestras, tamanho foi o seu
exemplo que foi apelidado “O Gigante Deitado” pelos amigos e pela
imprensa.
Poderíamos citar algumas das obras que deixou, como seis livros editados: –
“Crepúsculo de um Coração”, “Cadeira de Rodas”, “Nas Pegadas de um
Anjo”, “Escalada de Luz”, “de Mãos Dadas Com Jesus” e “Quatorze Anos
Depois”.
Ainda o Centro Espírita Seareiros de Jesus, Gráfica Espírita Cairbar Schutel,
Lar Espírita Pouso do Amanhecer, em Ituiutaba, Minas Gerais, e a
Comunidade Espírita Maria João de Deus e a Casa da Sopa Jerônimo
Mendonça em São José dos Campos, São Paulo.
Sabemos que há outras obras que deixou em outras cidades.
Ainda há fitas e discos gravados por ele com mensagens edificantes.
Realmente, foi ele um gigante que nunca esteve deitado, sempre de pé,
moralmente.
Que as páginas despretensiosas deste livro possam ser a consolação para
alguém triste, a esperança para alguém oprimido, uma luz pequenina para
quem necessite.

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Jane – Cambé, 06/08/92

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DEPOIMENTOS

Os amigos que têm os nomes e endereços a seguir colocados em ordem


alfabética foram de valioso auxílio para este livro, relatando-nos grande parte
das histórias que aqui se encontram.
Dando fé de que são verdadeiras, permitiram-nos escrever seus nomes e
endereços. Junto, nomeamos as histórias relatadas. Aqui ainda deixamos uma
menção carinhosa ao esforço da senhora Maria Terezinha Vilela Carvalho, de
Ituiutaba, Minas Gerais, a “Mestra”, que se dedicou com afinco junto aos
outros amigos para que, reunidos, contassem os episódios que gravamos em
fitas, assim como visitou e se comunicou com vários outros para que
enviassem sua colaboração. Agradecemos muito a ela e a todos os outros,
ainda nomeando com gratidão a senhora Maria Luiza Freire, a “Lu”, de São
José dos Campos, São Paulo, que nos enviou também algumas poesias e trovas
inéditas incluídas neste livro.
Seguem os nomes e endereços, como as histórias:
01. Elizabeth Pereira dos Santos Martins, presidente do Centro Espírita
Seareiros de Jesus, em Ituiutaba, Minas Gerais.
Endereço: Rua Zumbi dos Palmares, número 657 – Ituiutaba, Minas Gerais.
Histórias: “O Despasse”, “O Faminto”, “O Doente” e “Quase Morto”.
02. José Antônio Vieira de Paula, médico, responsável pela coluna “Em
Poucas Palavras”, do jornal “O Imortal”, de Cambé, Paraná.
Endereço: Conjunto Castelo Branco, Bloco 14-C, apto. 14 – Cambé, Paraná.
Histórias: “A Morte”, “Vencendo Barreiras” e “Unha Encravada”.
03. José Lázaro Boberg, do Centro Espírita João Batista, de Jacarezinho,
Paraná.
Endereço: Rua 2 de Abril, número 488 – Jacarezinho, Paraná. História: “O
Resgate”.
04. Júlio César França Franco, orador e cronista espírita em Ituiutaba,
Minas Gerais.
Endereço: Avenida 33-A, 434, Ituiutaba, Minas Gerais.
Histórias: “Atitudes Diversas” e “O Casamento”.

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05. Márcia França Franco, presidente do Lar Espírita Pouso do
Amanhecer, de Ituiutaba, Minas Gerais, velha amiga de Jerônimo Mendonça.
Endereço: Avenida 33-A, 434, Ituiutaba, MG.
Histórias: “O Aviso da Cegueira”, “Premonição”, “Inspiração”,
“Obsessão”, “Duelo”, “Coragem”, “O Perfume”, “Mudar-se” e “Provas”.
06. Maria José Nascimento Rosa, dentista, espírita atuante.
Endereço: Avenida 27, número 1951, Ituiutaba, Minas Gerais.
História: “A Palavra”.
07. Maria Luiza Freire, espírita, membro da Comunidade Espírita Maria
João de Deus, de São José dos Campos, São Paulo, que acompanhou e cuidou
do Jerônimo quando de suas palestras pelo Brasil nos últimos anos antes de
sua desencarnação.
Endereço: Rua Bambuí, número 40 – Bairro Satélite, São José dos Campos,
São Paulo.
Histórias: “Bom Humor”, “A Propaganda”, “Na Roça”, “Reflexão”, “Lição
de Paciência”, “Em Brasília”, “Os Três Cês”, “A Migalha”, e “Ame”.
08. Maria Terezinha Vilela Carvalho, professora de Jerônimo na infância,
chamada por ele de “Mestra”, que lia para ele nos últimos anos, diariamente.
Endereço: Rua José Carlos de Assis, número 822, Bairro Carvalho,
Ituiutaba, Minas Gerais.
Histórias: “As Botinas”, “A Mestra”, “O Telefonema”, “O Presente”,
“Roldão Tavares”, “O Velório”, “Jerônimo Tibúrcio”, “A Gentileza”, “Última
Instrução”, “Negócios”, “A Fome”, “A Fossa”, “A Lição”, “A Resposta”, “O
Suicida” e “O Criminoso”.
09. Foram compilados os seguintes artigos de jornais:
“O Missionário de Ituiutaba”, de Gil Restani de Andrade – ABRAJEE –
Belo Horizonte, Minas Gerais.
“Roberto Carlos”, de Roldão Tavares de Castro – Belém, Pará.
“O Fio”, de A. O. Belvedere, “O Clarim”, Dezembro de 1989.
10. Finalmente as nossas lembranças pessoais da convivência com Jerônimo:
“A Flor”, “O Livro”, “A Hemorragia”, “No Cinema”, “O Acidente”, “No
Cemitério”, “O Defunto”, “O Aviso”, “O Tapete”, “A Preguiça”, “O
Bêbado”, “A Hipnose”, “A Recauchutagem” e “O Remédio”.

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CAPÍTULO I

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JERÔNIMO, A MEMÓRIA DE UMA
LUTA

Deixou sua proveitosa existência física, pela desencarnação, o conhecido


expositor e escritor espírita Jerônimo Mendonça Ribeiro, de Ituiutaba, Minas
Gerais.
O fato ocorreu no último dia 26 de novembro, um domingo.
Jerônimo tinha chegado de Curitiba, Paraná, onde havia proferido diversas
palestras em casas espíritas. Seu estado de saúde era precário, já há anos, e
vinha se agravando com o passar dos dias. Pela madrugada, Jerônimo foi
atendido por sua irmã Euridice Mendonça Ribeiro, que é enfermeira, a qual
lhe ministrou uma dose de medicamento que tinha prescrição médica para
aquele horário. Após esse cuidado, Jerônimo adormeceu e não despertou mais
no corpo físico.
Toda a cidade de Ituiutaba, sem cor religiosa, prestou sua homenagem a
Jerônimo Mendonça Ribeiro e seu corpo foi velado no Centro Espírita
Seareiros de Jesus, que ele mesmo fundou em 1970. Ali compareceram
companheiros de atividade espírita de todas as regiões do país e de Ituiutaba,
do mesmo modo como representantes de outras correntes religiosas; os
protestantes, os católicos, levaram a Jerônimo a manifestação de seu apreço.
O padre Osvaldo Tagliari, vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Abadia,
de Ituiutaba, proferiu uma prece, ao lado do corpo, ali mesmo, no interior do
Centro Espírita Seareiros de Jesus e concedeu, daquele local, uma entrevista à
televisão, dando seu depoimento sincero e justo a respeito da figura de
Jerônimo Mendonça Ribeiro.
O laudo médico assinalou, como causa da desencarnação de Jerônimo,
insuficiência cardiovascular.

Desde cedo, a enfermidade


Jerônimo Mendonça Ribeiro era filho de Altino Mendonça e Dona Antonia
Mendonça Ribeiro. Nasceu em Ituiutaba no dia lo de novembro de 1939. A sua

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infância foi a de uma criança normal. Frequentou escola até o início do ginasial
antigo. Já na sua puberdade, começou a sentir dores nas articulações,
especialmente nos joelhos e tornozelos. Esses pontos de seu corpo passaram a
“inchar” e, já aos dezoito anos, Jerônimo andava com dificuldade. Pouco
depois, viu-se preso a uma cadeira de rodas e, daí, a uma cama ortopédica, na
qual permaneceu deitado de costas por mais de cinco lustros.
Jerônimo tentou todos os recursos da medicina. Consultou especialistas,
submeteu-se a tratamentos rigorosos. A enfermidade, artrite reumatoide,
jamais cedeu. Conheceu e abraçou, na primeira fase de sua vida, a Doutrina
Espírita.
Em 1968 eu o acompanhei numa viagem a Congonhas do Campo. Não
havia asfalto ligando o Triângulo Mineiro a Belo Horizonte. Fizemos o trajeto
mais aconselhável, então. Passamos por Uberlândia, Patrocínio, Patos de Minas
até alcançar a rodovia Belo Horizonte/Brasília.
Viajamos um dia inteiro, saindo de madrugada de Ituiutaba e chegamos a
Belo Horizonte ao alvorecer do dia seguinte. Viajamos em uma perua Kombi,
da Volkswagen.
Naquela época, Jerônimo sentia dores intensas. A viagem foi muito sofrida
para ele, deitado em sua cama.
Seguimos, um dia depois de ter chegado à capital mineira, para Congonhas
do Campo. Com uma esperança enorme no coração, Jerônimo consultou-se
com o “Dr. Fritz”, através do médium José Arigó. Eu estava ao lado dele
quando foi examinado. O espírito lhe disse, nas entrelinhas, que, fisicamente,
seu caso não tinha solução. Era o “carma”.
Embora a enfermidade pertinaz que jamais o deixou, Jerônimo sempre
“perseverou no bem”. Publicou vários livros. Fundou o Centro Espírita
Seareiros de Jesus e o Lar Espírita Pouso do Amanhecer, que abriga, com toda
a assistência, pelo sistema de “creche”, cerca de 150 crianças.
O mal de Jerônimo era progressivo. Perdeu, na sequência dos anos, o
movimento dos braços, que também se atrofiaram completamente, e em 1970
perdeu a visão. Ficou sem os olhos do corpo. Aguçaram-se-lhe, mais ainda, os
olhos do espírito.

Quando eu partir

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Em 1963, quando o “quadro” do Jerônimo revelava-se grave, ele apreciava
visitar a residência do casal Bolívar Gomes Campos/Geni Gonçalves Campos.
O culto cristão no lar espírita desse casal amigo acontecia diariamente às 18
horas.
Bolívar possuía uma camioneta Chevrolet e, permanentemente, o Jerônimo
pedia ao caro amigo que o fosse buscar para o culto cristão. Costumava, às
vezes, passar o curso do dia na residência daquele casal.
Pois era ali, numa antiga máquina de escrever do Bolívar, que o Jerônimo
assinalava os impulsos de seu mundo íntimo, na “dor do seu destino”. Deixou
muitos documentos importantes dessa época, que Dona Geni Gonçalves
Campos, hoje residindo em Goiânia (Bolivar transferiu sua residência para
aquela capital há vários anos), guarda com muito zelo.
Num desses “escritos” do Jerônimo, que tem sua assinatura, com sua letra
bonita, ele mesmo imaginava que a desencarnação não deveria tardar. Dizia o
seu texto, intitulado “Quando eu partir”:
“Quando eu partir deste mundo de dor, sentirei no espírito uma doce vibração de alegria.
Somente levarei comigo não recordações de mim mesmo, mas dos meus verdadeiros amigos
que povoaram a minha apagada existência, de tudo o que é bom e agradável. Qualidades
que estou longe de possuir. Quando este corpo enfermo descer à escuridão de sete palmos,
orem por mim. Levarei no meu pensamento aqueles que verdadeiramente amo. Se alguns dos
meus irmãos me guardarem na lembrança, peçam a Deus, que é bondade, que me faça digno
desta recordação. Ah! Quando o meu corpo enfermo descer ao estômago insaciável do
cemitério, hei de bendizer as dores que maldisse. Aqueles que realmente gostarem de mim,
pensem que eu os amo ainda. Ah! Como serei feliz no dia em que deixar este mundo!
Pensei que a morte era o fim
Das ânsias do coração;
Contudo, não é assim... Nem pó e nem solidão.
Saudades...”
Esse texto foi escrito pelo Jerônimo em 1963. A trova que é utilizada é parte
do poema “Quadras de um Poeta Morto”, de Antônio Nobre, do “Parnaso de
Além-Túmulo”, psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Jerônimo adorava o “Parnaso”, especialmente o citado poema de Antônio
Nobre. Gostava de declamar, com voz robusta:

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“Coração, não vos canseis
De bater... que importa lá?
Porque os amores fiéis
Nem a morte os vencerá”.

Um Projeto Superior
O “gigante deitado”, como Jerônimo Mendonça era chamado pelas pessoas
que o ficavam conhecendo e se assustavam com o seu otimismo, com sua
força de vontade, com sua resignação, recebeu, nesta última roupagem física,
uma oportunidade de reparar, com eficácia, um passado difícil. Todos temos
esse passado, indubitavelmente. O Jerônimo conseguiu reunir condições para,
através de intensa dor, vencer o “homem velho” e acender a luz de seu
coração, como espírito.
Muita gente há que ainda levará séculos e séculos até criar condições de
poder sofrer com proveito.
O Jerônimo conseguiu. Perseverou no bem até o fim. Apesar da dor
vigorosa, insistente.
Há um aspecto de grande interesse, no sentido doutrinário, na trajetória de
sofrimento e de trabalho do Jerônimo Mendonça Ribeiro.
No livro “Obreiros da Vida Eterna”, de André Luiz, da psicografia de
Francisco Cândido Xavier, encontramos, no capítulo XVII, uma preciosa
informação a respeito da dilatação de prazo para a desencarnação de Albina.
Para que se cumprisse importante “projeto superior”, Albina, uma
personagem do livro, que deveria desencarnar em data aprazada, teve dilatada a
sua permanência no corpo.
Essa questão é passível de apreciação, quando sabemos que a utilidade da
vida física, assinalando interesses de ordem superior, pode dilatar o período da
programação feita antes da reencarnação. Essa questão pode ser examinada
num estudo aprofundado da questão de número 854 de “O Livro dos
Espíritos”.
Do mesmo modo que o trabalho e a dedicação ao bem podem dilatar o
prazo para a desencarnação, a ociosidade pode abreviá-la.

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Cornélio Pires, em recente trova, através da psicografia de Francisco
Cândido Xavier, assinalou:
“Quem quer sempre a vida mansa,
Eis o aviso que interessa:
Para aquele que descansa,
A morte vem mais depressa”.
Já há vários anos não havia explicação científica para o fato do Jerônimo
Mendonça Ribeiro estar ainda encarnado. Seu corpo não oferecia as mínimas
condições “de vida”. Seu pulso, seus batimentos cardíacos não eram mais
registrados pelos instrumentos da medicina, tal a sua fragilidade. Mas Jerônimo
viajava, trabalhava, agia. Nunca quis vida mansa.
Em 1965, nós tínhamos que manter plantão com o Jerônimo. Os amigos se
revezavam, a fim de passar a noite com ele. O sofrimento físico era tão intenso
que ele não dormia. Era preciso alguém para atendê-lo a todo instante. As
mais fortes dosagens de drogas para conter a dor nada resolviam.
Pois foi naquela época que todos acreditavam, e eu também, que o Jerônimo
iria desencarnar dentro de poucos dias. Até ele mesmo, como vimos,
suspeitava disso.
No entanto, graças à sua luta, graças ao fato de sua vida, como exemplo de
trabalho e resignação, apesar da deficiência física estar inserida “Num Projeto
Superior”, do Mundo Maior, o termo de sua existência somente aconteceu em
26 de novembro de 1989. Depois que ele completou meio século de vida.
Quase toda num leito de dor. E de trabalho.
(Extraído do jornal “Vida Espírita”, de Uberlândia, Minas Gerais, de Dezembro de
1989, autoria de Manoel Tibúrcio Nogueira, advogado, renomado expositor espírita, de
Ituiutaba – Minas Gerais).

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DESENCARNA JERÔNIMO, “O
GIGANTE DEITADO”

Por telefone, uma amiga muito querida, a quem Jerônimo chamava


“Mestra”, por haver sido sua professora, que lia diariamente para ele, em
Ituiutaba, Minas Gerais, informou-nos alguns detalhes sobre a desencarnação
desse amigo, dia 26 de novembro.
Sexta-feira, dia 24, ele chegou do sul do Brasil, voltando de Curitiba, onde
fora palestrar. Voltou cansado, com a voz um pouco débil.
Sábado, dia 25, fez a campanha de angariação de donativos, costumeira, por
telefone. Sabiamente, ele alternava sempre as pessoas para quem pedia, para
não ficarem sempre os mesmos, dando um tempo para descansarem, depois
voltava a fazê-lo. Naquele sábado, angariou 50 litros de leite, 50 cestas no valor
de cinquenta cruzados, contendo papel higiênico, produtos de limpeza, óleo
etc. Além disso, ainda conseguiu pães e 120 picolés para distribuir num bairro
pobre da cidade, a famosa “Pedreira”, de Ituiutaba.
Uma irmã dedicada ficou de plantão, cuidando dele até por volta das 4
horas e 30 minutos da manhã de 26. Ele estava com dores, que sempre o
acometiam; não conseguia ficar só numa posição. Ela o elevou na parte
anterior da cama, para aliviá-lo, como muitos de nós, que conhecemos o
Jerônimo, já vimos algumas vezes. Ele não costumava passar mais de quinze
minutos assim. Ela foi dormir, pediu a um parente para revezar no plantão.
Passado algum tempo, por volta de cinco horas, a mãe levantou-se e
estranhou o Jerônimo ainda daquele jeito e tão quieto. Foi ver; ele já havia
desencarnado. Como um pássaro, libertou-se.
Alçou voo, sem se queixar, tranquilo, sereno, como sabíamos que seria a
desencarnação desse grande homem, gigante deitado no leito que o prendia.
Diz-nos a amiga que nos deu informações que o velório e o enterro de
Jerônimo foram emocionantes e maravilhosos.
Compareceram a Ituiutaba amigos de vários lugares do Brasil, muitos sem
terem recebido informações materiais, mas mediúnicas. Reuniram-se lá

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companheiros de Brasília, Juiz de Fora, Uberaba, Araraquara, Santo André,
São José dos Campos, Itumbiara, Belo Horizonte etc.
O Triângulo Mineiro “tremeu” com a desencarnação de Jerônimo e muitos
de muitas outras cidades foram até Ituiutaba.
Conta-nos ela que um amigo de Jerônimo, de Itumbiara, Goiás, acordando
domingo de manhã ouviu uma voz que lhe disse: Vá até Ituiutaba que o
Jerônimo desencarnou. Pegou a família e foi. Chegando lá, descortinou-se para
a sua vidência um quadro lindo: flores luminosas, como se fossem vivas,
envolvendo o caixão onde estava o corpo.
Foram muitos os fatos mediúnicos. Outro amigo foi até lá porque ouviu a
voz de Jerônimo dizendo: “Oi, tudo bem?”
Durante o velório, as mensagens de Jerônimo com a sua voz, em fita,
tocavam os corações, intercaladas com as músicas “À Luz da Oração” e com a
voz de Chico Xavier em mensagens gravadas.
Era tanta gente que chegava que a rua não comportava mais carros.
Estavam em filas, de três a quatro.
Uma amiga, médium, ao fazer a prece, sentindo a emoção e as lágrimas,
ouviu a voz dele dizendo: “Não chore! Me ajude”.
A irmã dela, à prece, ouviu também a voz dele dizendo: “Muito obrigado”.
Durante o cortejo até o cemitério, o propago1 da cidade seguia tocando
música clássica.
No cemitério, para as despedidas, fizeram uso da palavra Manoel Tibúrcio,
de Ituiutaba, Benê, de São José dos Campos, e outros.
O coral da Mocidade Espírita de Ituiutaba cantou sob a orientação do
professor “Badiinho”; o hino do Jerônimo.
Por volta de uma hora da manhã, os companheiros se lembraram de que o
Jerônimo fazia, diariamente, na casa dele, o “Culto do Evangelho” às 19 horas.
Foram então fazer o culto no Centro Espírita “Seareiros de Jesus”, que fica
em frente à casa dele. Ao encerrarem com a prece final a homenagem ao
amigo, todos sentiram a onda de perfume que inundou o ambiente.
Enfim o amigo se foi. Mas como o amor é a lei do Universo, quem ama não
se separa.
Continuará conosco, trabalhando sempre, agora sem a prisão da matéria,
servindo com Jesus.

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“O Imortal”, nestas linhas, deixa aqui a homenagem sincera para esse
grande cristão e espírita que soube seguir Jesus e Kardec.
Jerônimo Mendonça Ribeiro! Seja bem-vindo ao mundo espiritual, amigo!
(Extraído de “O Imortal”, Dezembro de 1989, da própria autora).

ESBOÇO DE AUTOBIOGRAFIA
Ele pretendia escrever a sua biografia através de mãos amigas que usariam a
caneta por ele, mas, talvez por modéstia, interrompeu o trabalho e não o
continuou após isso. Com suas palavras ditadas, aqui está o que relatou:
Ituiutaba – Minas Gerais, 13 de abril de 1980.
“Meu nome é Jerônimo Mendonça, nasci em Ituiutaba, Triângulo Mineiro, no ano
longínquo de 1939, sendo o nono filho de uma irmandade de dez. Meus pais: Altino
Mendonça e Antonia Olímpia de Jesus. Meu nascimento se deu no dia primeiro de
novembro, à rua 16 entre as avenidas 5 e 7, num modesto ranchinho de capim, tão pobre
que não possuía numeração.
Assim que contava sete anos, comecei a conhecer a profunda penúria de meus pais; a luta
e o sacrifício de ambos, com uma prole tão numerosa de dez filhos. Também senti a
necessidade de alguma coisa fazer, não obstante as minhas totais limitações.
Meu pai não conheceu escola, era um homem simples, modesto lavrador, carreiro que foi
de muita gente e eu passei a ajudá-lo como candeeiro até a idade de nove anos. Trabalhei com
ele muito tempo no ambiente rural de Ituiutaba.
Minha mãe era modesta lavadeira de roupas da freguesia local, lutadora, corajosa, firme,
de uma honra e de um caráter invencíveis. Não obstante a sua total pobreza, jamais se
deixou vencer pelo desânimo ou pelo desalento. Nunca quis dar quaisquer de seus filhos para
terceiros, não obstante o conselho de muita gente para que ela fizesse doação de alguns. Sua
fibra de mãe sobrepujou as angústias e percalços daquele lar pobre.
Meu pai, como disse, era um trabalhador, mas muito modesto, de caráter honrado, porém
de parcos recursos econômicos. De todos os nossos irmãos, apenas eu pude chegar ao quarto
ano primário. Trabalhei muito tempo no armazém do senhor Valmo Muniz, na avenida 7,
depois fui balconista da loja de tecidos do senhor Fued Farha; a seguir fui secretário do
senhor Demerval Borges, no escritório de contabilidade, não por méritos intelectuais, mas por
bondade do mesmo, que nos adiantava salários sem exigir trabalho, coisa “sui generis”;

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somente um espírito daquele nível para entender as nossas carências. Mais tarde compreendi
que ele tentava nos ajudar.
Quando contava treze anos, fui levado pela senhora Doralina Siqueira, hoje no mundo
dos espíritos, a conhecer a Igreja Presbiteriana, quando na época o pastor era o Reverendo
Taylor.
Fiquei encantado com os hinos, a beleza daquelas vozes harmoniosas, a beleza da
pregação evangélica e, na minha estrutura psicológica de treze anos, não relutei em aceitar as
convicções da Igreja. Fui protestante até os quinze anos de idade, ali batizado. Confesso,
caro leitor, que aprendi muito e a Igreja valeu-me como sendo um escudo onde eu me
defendesse de muitos arremessos da ilusão e da vaidade, mas o meu espírito, sempre
indagador, não se sujeitou aos horizontes estreitos da Igreja no que tange à crença em Deus,
no universo e na imortalidade da alma, o conceito de uma vida única e de uma salvação
limitada. Quando digo salvação limitada é porque nem todos se salvariam, conforme o texto
sagrado analisado ao pé da letra.
Foi então que conheci, como acontece no caminho de todos, o meu samaritano, a quem eu
julgo, a quem assim eu qualifico como sendo aquele luzeiro de bênçãos que colocou “O
Evangelho segundo o Espiritismo” em minhas mãos. Refiro-me ao senhor Gabriel Rocha
Galdino, mui digno presidente do Grupo Espírita “Amor Fraterno”, em Ituiutaba, espírita
de muitos anos de abnegação e renúncia, a quem o Espiritismo ituiutabano muito deve.
Hoje, octogenário, cego. Assim começou para mim uma nova visão de Deus, uma nova visão
do universo, uma nova visão da vida, um novo conceito de destino, de causa e efeito, o
imperativo do trabalho e a riqueza do discernimento. Devo dizer ainda que neste ínterim
entre a Igreja e o Centro eu trabalhei como engraxate com os senhores Bernal e João, na rua
22.
Diz a minha mãe que desde a minha infância eu não gozava de muita saúde, sempre
frágil, anêmico, doente; assim fui me desenvolvendo, mas, como o Espiritismo ensina, o
espírito reencarna com suas tendências, suas lutas, com seus problemas inerentes ao mérito e
demérito, luz e sombra, fracasso e vitória de pretéritas lutas reencarnatórias.
Muito moço, contando agora os meus dezesseis anos de idade, na dinâmica mocidade
espírita em Ituiutaba, fundamos a Campanha do Quilo “Auta de Souza”, na companhia de
vários amigos e benfeitores do Espiritismo local e a ela nos entregamos de corpo e alma, com
todo o nosso devotamento e abnegação.
Fui lendo as obras espíritas, foi aumentando em mim o discernimento espírita, fui
aceitando as coisas que antes não tinha condições de aceitar, como sendo o lar pobre, pais

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pobrezinhos, irmãos carentes, vida difícil, enfermidade, fome, frio, amarguras e decepções.
Todos os meus irmãos para logo se definiram na vida profissional e também na vida
sentimental, casando-se e constituindo família, ficando apenas eu o único solteiro em casa.
Quando atingimos os dezessete anos nasceu em mim a ideia de organizarmos um programa
radiofônico na rádio local, a Rádio Cancella, dando a esse programa o nome de “Alvorada
Espírita Cristã”. Para mim foi uma alegria nova e estranha cantar dentro de minha alma
entusiasta, arrojado, intrépido pelo conhecimento espírita, aquela disposição de carregar o
mundo nas costas.

Conflito das emoções


Para logo surgiram em nós os grandes conflitos psicológicos. De um lado, a sede da
felicidade, o desejo de um lar, uma esposa, filhos; do outro lado, a carência, a dificuldade, o
corpo frágil.
Um dia, quando descíamos a avenida 13, em direção ao Bairro Progresso, onde residia o
senhor Josias, alfaiate, hoje residente em Brasília, este chamou-nos. Entramos em sua
alfaiataria e ele sorrindo-nos disse:
– Tenho uma surpresa para você.
Perplexo, indagamos: “Qual?”. Ao que ele respondeu: “Um terno.”
Naquela hora sentimos as pernas faltarem, um tremor nos invadiu o corpo: um terno!
Pela primeira vez, aos dezessete anos, íamos conhecer o que era usar um terno. Ele, de
propósito, nos fizera uma surpresa, com sua alma boa, conhecedora da nossa pobre vida de
lutas.
Foi aí que vestimos o nosso primeiro terno branco, a nossa primeira gravata, o nosso
primeiro par de sapatos e, naquele dia, entusiasmado e feliz, chegamos cantando em nossa
casa. Nossa mãe estranhou a nossa alegria, contamos-lhe o fato e ela rejubilou-se.
Fomos ao banheiro, higienizamos o corpo, entramos para o nosso quarto, quando, com o
nosso l,83m, vaidoso, penteávamos os cabelos até caírem na testa, peito largo, dizendo para
nós mesmos, batendo no peito: “Tarzã, rei dos macacos”.
As rádios locais anunciavam um filme com muita ênfase: “E o Vento Levou”, e fomos à
noite, estreando o terno. Assistimos ao filme de quatro horas de duração, nenhuma cadeira
vazia, nenhuma vaga. Ficamos o período todo de pé e, ao terminar o filme, estávamos
petrificados, como se os pés houvessem sido parafusados no piso, pálido, com grande vibração

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de dor nos membros inferiores. Foi aí que começou para nós a jornada inicial dolorosa e
difícil da paralisia.
Nós, que entráramos jubilosos no Cine Capitólio para assistir ao filme “E o Vento
Levou”, sentimos naquele exato momento que o vento havia levado nossos sonhos, nossa
pouca saúde e nossa esperança. Voltamos carregados para casa, que nessa época ficava à rua
36 com avenida 1 e 3 do Bairro Progresso.
Nossa mãe assustou-se ao ver-nos chegar carregado por dois amigos.
E aquela calça que vestíramos com tanto entusiasmo, com tantas alegrias, foi cortada a
tesoura. Tão grande era o inchaço dos pés que ela não passava. Ali, então, foram torturados
e massacrados os nossos primeiros sonhos de moço, aos dezessete anos de idade.
Nossos pais chamaram o médico e este deu triste diagnóstico. Naquela época não
sabíamos precisar o peso desse vocabulário: artrite. Sentimos apenas um impacto profundo,
uma dor imensa, grandes contorções de dores nos quadris, nos joelhos, nos pés e uma vaga
intuição de que todo aquele castelo de sonhos havia soçobrado. Foi então que tivemos pela
primeira vez os nossos três primeiros meses de leito, plenamente impossibilitado de locomoção.
Logo após, gozando de uma melhora relativa, alcançamos as muletas, pudemos locomover-
nos. Tendo necessidade de continuar trabalhando, para ajudar a família, abraçamos a
profissão de professor rural, próximo a Ituiutaba, onde lecionamos, numa chácara da
senhora Maria Ferreira, para seis alunos, ganhando o ordenado de 400 mil réis por mês.
Pudemos ajudar no casamento das duas irmãs caçulas, para logo jornadearmos em direção a
uma vida de lutas, uma vida de grandes batalhas de sentimentos, de grandes sonhos e de
grandes frustrações.

As lutas e o sexo
Conhecemos vários amores, conhecemos várias ilusões, naquela tentativa de encontrar a
felicidade. Mas quem pode encontrar a felicidade, infelicitando, quem pode ter paz, criando
desespero, a intranquilidade... Jovem, sentindo toda a força vibrante do erotismo, era o
conflito entre o espírito e a matéria, era o conflito entre o céu e a terra, era o conflito entre a
luz e a sombra, era o conflito entre o amor e a paixão, numa ânsia de equilibrarmo-nos, de
sujeitarmo-nos a um ponto ideal de equilíbrio emocional de todas as aventuras. Neste campo,
confessamos ao leitor que de todas elas saímos vencido, triste, decepcionado, mais infeliz, mais
sozinho, mais solitário, até que um dia, cansado de debater-nos nesses paroxismos, surgiu

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para nós a cadeira de rodas; a muleta já não nos bastava. Depois da cadeira de rodas, fomos
para o leito, onde começava uma nova jornada, uma nova experiência.
Sendo sonhador, confessamos que tivemos sempre a alma muito romântica, sempre
gostamos de escrever poesias, crônicas. Sempre gostamos de filosofar e, auxiliado pela
grandeza da doutrina espírita, esse movimento granítico de moral, de grandezas eternas, a
intuição, a amplitude de conceitos filosóficos muito nos ajudaram neste capítulo, embora
continuássemos lutando e lutando, e devemos confessar ao caro leitor, para experiência do
mesmo, que sempre foi nossa vida uma grande batalha, uma grande luta.
É um erro pensarem os outros que um homem em decúbito dorsal na cama ou numa
cadeira de rodas, trazendo esta ou aquela inibição física, já seja um santo. Nunca quisemos
passar por santo e sempre o nosso coração chorava no peito quando nos consideravam um
santo ou um segundo Chico Xavier. Pobre Chico!
Mal sabiam os amigos das grandes batalhas interiores do nosso coração, que não
desmereciam em nada a luta de um espírito à procura de sua autoafirmação. Se nós não
estávamos no primitivismo total da evolução, também não nos encontrávamos na cúpula da
perfeição de santidade alguma.
A vida é sempre uma bênção de Deus, mas o mito, um inferno. No duelo de alma e
corpo, matéria e espírito, amor e paixão, caminhamos pela vida, dando e recebendo decepções.
Por mais que os espíritos nos orientassem, por mais que os benfeitores viessem ao nosso
socorro e nosso auxílio, nós, às vezes por rebeldia, nos mostrávamos surdo, queríamos ser
feliz, precisávamos ser feliz, tínhamos que realizar nossos sonhos.
E assim foi, de lágrima em lágrima, de tortura em tortura, pesadelo em pesadelo, de
experiências em experiências...

Trabalho
Agradecemos ao Espiritismo a fé racional e o fato de ele não nos ter permitido julgarmo-
nos uma pessoa inválida, inútil.
Começamos a sentir o imperativo do trabalho desde o momento em que nos tornamos
espíritas. Enxugar lágrimas, consolar as dores maiores, trazer os aflitos ao coração; falar-
lhes de Deus, de Jesus, da imortalidade da alma; atender os estômagos famintos, os corpos
desnudos, os pés descalços foi sempre nosso grande sonho. Começamos uma nova etapa na
doutrina, no campo da filantropia. Começamos a fazer campanhas, solicitar recursos para
ajudar os necessitados. Andamos nas zonas rurais abordando fazendeiros, apelamos através

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da imprensa falada e escrita e passamos então, sem que o quiséssemos, a ter o nosso nome
divulgado em vários lugares do Brasil, pelo pequeno trabalho realizado, mais pelo
merecimento dos espíritos do que por nosso próprio merecimento. Veio-nos então a ideia de
construirmos num terreno à rua 16, entre 1 e 3, um centro espírita. O terreno, na época, foi
vendido por dois e meio milhões antigos.
Fizemos campanha e arrecadamos o fundo necessário. Na época padecemos
incompreensão até dos próprios espíritas, que nos achavam vaidoso, orgulhoso. “Por que não
dávamos o nosso pequeno trabalho aos centros espíritas já existentes?” Muitos afirmavam
que seríamos levado ao fracasso.
A tudo perdoávamos. O próprio ambiente doméstico se alterara. Nossa mãe certamente
não queria ver o nosso fracasso e apelava para que abandonássemos a ideia, mas não
abandonamos. O Centro Espírita “Seareiros de Jesus” foi inaugurado em 13 de setembro de
1970.
Ali começou a sopa dos carentes, que persiste até hoje. Depois do centro espírita veio o
pequeno terreno doado pelo Dr. Petrônio Rodrigues Chaves no programa “Pinga-Fogo”, o
primeiro “Pinga-Fogo” de Chico Xavier, quando lhe demos um telefonema e falamos de
nossa inspiração de termos o terreno onde pudéssemos cultivar os legumes da sopa e ele nos
deu 340 “litros” de chão.
O senhor Dorival Sortino, com quem travamos conhecimentos em São Paulo, através de
seu pai Mário Sortino, que conhecemos numa pequena palestra, deu-nos a gravar o primeiro
LP, “Obrigado Senhor”, de cuja renda construímos a casa da pequena chácara. Depois
surgiu a gráfica “Cairbar Schutel”, depois a Casa da Sopeira, e sucessivamente o gabinete
dentário, o nosso primeiro livro “Crepúsculo de um Coração”, o nosso segundo LP,
“Intimidade Espírita”. A renda, tanto do livro como dos discos, foi toda para as obras
assistenciais do Centro Espírita “Seareiros de Jesus”.
Um estimado amigo de Ribeirão Preto, São Paulo, o Dr. Guido Hetem, deu a prova de
desprendimento dos bens terrenos, compadecendo-se de nossas dores físicas, pois andávamos
numa “perua” Kombi, doada há anos. Ele nos deu uma Veraneio 73 zero km para que
tivéssemos maior conforto em nosso trabalho. A esse benfeitor ficou para sempre a nossa
gratidão e a nossa memória agradecida.
O tempo foi passando, o trabalho foi aumentando, as tempestades desabando, as
incompreensões se multiplicando, porque a sombra nunca perdoa o avanço da luz. Não
seríamos nós, pobre espírito devedor de muitas reencarnações, que teríamos de passar na
Terra sem ser alvo de muitas controvérsias até mesmo no ambiente espírita, mas tendo por

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benfeitor incondicional o médium Francisco Cândido Xavier, que sempre constituiu para nós
um pai espiritual. Junto com a médium Antusa Martins, nunca nos deixaram esmorecer na
tarefa, ensinando-nos a perdoar, a perseverar, a compreender que a batalha é esta.
Um dia o Chico nos disse que mais vale um desenho do que um rio de pregações vazias e
que nós não deixávamos de ser um desenho no mostruário da vida, para que os outros, ao
olhar-nos, pensassem um pouco na lei de causa e efeito. Mesmo dentro de nossas limitações,
que não deixássemos de trabalhar, pois que por trabalho Kardec definiu toda ocupação útil.
Nova vida, nova experiência, nova luta, novo exercício, nova ginástica no campo da
autoaceitação, quando a cegueira nos atingiu. Perder a visão da vida exterior, não
contemplar mais o cenário estuante da natureza, presenciar um pôr de sol, a bênção poética
de um amanhecer, não ver mais o rosto de nossa mãe, de nossos irmãos, de nossos amigos, de
nossas amigas era para nós um desafio, uma nova etapa a que devíamos enfrentar com
coragem e estoicismo, sempre apoiados na Doutrina Espírita, sempre a cultivá-la.
Nós sempre lutamos para não parecermos pior do que éramos, numa luta gigantesca para
errarmos o menos possível e acertarmos o máximo.
Assim tem sido nossa vida até a data de 1980 em que traçamos pinceladas rápidas para
esta autobiografia, que nada tem de meritória mas que pode ser compêndio de experiência
para todos aqueles que a manuseiem, no sentido de se prepararem melhor para as grandes
lutas da vida carnal.
Claro que nesse lance autobiográfico triste e desfigurado não temos a pretensão de
colocarmos todos os particularismos da nossa vida, que daria um romance de milhões de
páginas. Nós estamos apenas buscando o essencial, uma síntese, um resumo, uma súmula
dessa jornada nossa até hoje.
Foi então, meus irmãos, que nos tornamos conhecido mercê do Espiritismo em quase todo
o Brasil, através de correspondências, mensagens, discos, palestras, viagens, contatos por todo
esse Brasil, onde o Senhor Jesus nos enriqueceu de forma maravilhosa de centenas e centenas
de afeições de abnegados irmãos de outras terras, sempre nos ajudando, amparando, com seu
desvelo, carinho e compreensão”.

11 - Propago – termo regional no Triângulo Mineiro – alto-falante acoplado em carro que passeia pela cidade, dando
notícias de missas de 7o dia, velórios etc.

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PALAVRAS DE JERÔNIMO,
RETIRADAS DE FITAS GRAVADAS

– Nós temos a nossa raiz no chão lodoso do nosso passado.


– Nós somos uma somatória de experiências; trazemos muitos erros do passado.
– Não existe obsessor que resista ao trabalho. Quando estivermos para cair em desespero,
por qualquer motivo, o remédio é trabalhar mais, que o obsessor não nos pega.
– Não podemos exigir que o homem durma ladrão e acorde um Francisco de Assis,
porque já fizemos tudo de mal.
– A má palavra tem “efeitos colaterais”; devemos ter muito cuidado com o que falamos e
como falamos.
– Nós devemos sempre ver o lado bom das pessoas. Devemos levar em conta os benefícios
que a pessoa já prestou a alguém. Estamos sempre vendo o lado menos feliz das pessoas. São
falhas humanas graves.
– Nas coisas mais simples da vida é que encontramos as lições mais complexas.
– Atendamos o telefone com calma; não sabemos quem está do outro lado da linha, qual
o problema da pessoa.

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TROVINHAS

Fui acusado, bem sei,


Meu erro não chega a tanto,
Na Terra nunca encontrei
Um homem que fosse santo.
Tu és uma brisa mansa
Beijando mimosa flor
Em ti minha alma descansa
Num paraíso de Amor!
Aonde a bondade medra
No coração do cristão
Não existe a primeira pedra
Atirada contra o irmão.
Entre a lágrima e o sorriso
Há um poema de dor
Inferno é paraíso
Se nele existe Amor!
Mãe nascente da vida
Entre a lágrima e a dor
Minha estrela preferida
Meu Universo de Amor!
No tribunal do amor
Não temo ser condenado
Pois tenho no meu Senhor
Meu eterno advogado.
Mãe, divina roseira,
Toda coberta de espinhos
Perfumas a vida inteira
Os teus amados filhinhos.

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Não duvides do futuro
Alma triste e fatigada
Todo o dia o sol espanta
As trevas da madrugada.
Maternidade é segredo
Entre a Mãe e o Criador,
Luta e sofre sem medo
Na força viva do Amor!
Segue em frente
Vence o sofrimento
Um dia terás o presente
De um perfeito casamento.
Mãe, doce Mensageira!
Da Divina Providência
Tu te dás a vida inteira
Em teu amor sem recompensa.
Indiscutível verdade
A consciência me diz:
Desfrutar felicidade
É o que me fez infeliz.
No cantinho da saudade
Plantei o meu coração
Nasceu a felicidade
Luz da minha paixão.

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POESIA PARA O ESPÍRITO MARIA
DOLORES

Por este caminho de luz


Todo enfeitado de flores
Vou com Maria Dolores
Servir ao Mestre Jesus,
Maria Dolores
Maria Dolores
Ave canora do bem
Traz lenitivo às dores
Com os versos que vêm do além.

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SAUDAÇÃO À COMMETRIM

Vigésima quarta COMMETRIM!


Vinde, irmãos, ao céu azul de nossa terra...
E cantai na luz do amor que não tem fim
Toda a beleza que a nossa doutrina encerra.
Espíritas! Permanecei unidos!
Em poucas palavras, vos explico:
– Sois, do Excelso Pai, os escolhidos
Para seguirdes com Jesus, Kardec e o nosso Chico!
Hasteai bem alto a bandeira
Ao sol da fé raciocinada
Que nos libertou da cruel cegueira
De acreditar que além desta vida segue o nada.
Cuidado com o falso profetismo!
Há muito joio doente, carunchado,
A proclamar que no Espiritismo
Allan Kardec jaz ultrapassado.
Antevejo a vitória do eterno bem
A redimir, em si, o mundo todo
Desde a manjedoura humilde de Belém
À gloriosa Lyon e a nossa Pedro Leopoldo.
COMMETRIM! Eu vos saúdo, jubiloso!...
Sois a força da Pátria do Cruzeiro
Pelo futuro que descerrais, tão venturoso,
No Triângulo de luz do chão Mineiro.
(Poesia feita por Jerônimo em homenagem ao encontro dos espíritas do Triângulo Mineiro,
Minas Gerais. Tornou-se, musicada, o Hino da COMMETRIM, encontro dos espíritas
que sempre se repete).

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É NATAL...

É Natal... de polo a polo


No Planeta em que resido,
Do céu estrelado ao solo
Te louvam, Jesus querido.
É Natal... quanta beleza
Toda a Terra é primavera,
Do trono da natureza
Aos sóis, de esfera em esfera.
É Natal... o mundo se engalana
Na exaltação da alegria,
Do arranha-céu à choupana
Glorificam a estrebaria.
É Natal... sopra o vento de mansinho
Em cantigas de ninar,
Canta feliz o passarinho
Na ternura de seu lar.
É Natal... o céu envolve a Terra
Nos esplendores da luz,
O homem esquece a guerra
E quem sofre agradece a cruz.
É Natal... em todo o Universo ressoam
Doces cânticos de louvor,
Tudo ama, esquece e perdoa
Neste teu dia, oh! Senhor.
É Natal... quanta esperança
para a pobre humanidade,
Do ancião à criança
Brilha a luz da caridade.

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É Natal... estou feliz e contente
E renovado afinal,
Mestre, obrigado eternamente,
Pois me salvaste do mal.

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TROVOADAS

Que escuridão é esta dentro de mim?!


Que opacidade terrível!...
Afinal, o que aconteceu comigo?
Alguma coisa dentro de mim se desarranjou, vejo-me dentro de um labirinto
inextrincável.
Disseram-me, os amigos, que minha mãe foi hospitalizada por minha causa, que cheguei
a quebrar móveis dentro da casa.
Onde a explicação para tudo isso?
Ah!... só agora me lembro; foi a discussão intempestiva entre mim e a servidora do lar;
despejei contra a infeliz verdadeiras trovoadas verbais, no destempero da cólera. Usei punhos
e palavras que geraram confusões morais profundas. Pelo espaço de alguns minutos a luz da
razão se apagou dentro de mim e eu a agredi como animal selvagem. Agora compreendo a
importância da prece como extintora das labaredas infelizes que desencadeiam o incêndio
fatal.
Compreendi o drama de muitos suicidas e homicidas que lhe caíram sob os golpes
destruidores.
Agora que estou mais calmo pondero a recomendação de Jesus:
“Vigiai e orai para não cairdes em tentação.”
(Mensagem contra a cólera)

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FINADOS

Morrer, que mera ilusão!...


A vida vai, segue além...
Nesta estranha embarcação
Você embarcará também.
No porto do infinito
Cheguei mais forte e feliz,
Bendito, sempre bendito,
O singelo bem que eu fiz!
Você que está aí na Terra
Aproveite os dias seus,
Na caridade se encerra
O coração do bom Deus.
Morte... nos vira ao avesso
Em um “check-up” total,
Como é triste o recomeço
Para quem só fez o mal.
A cova é alçapão aberto,
Faça o bem enquanto é dia,
Ajude o espírito liberto
Com vibração de alegria.
Finados!... mas quem findou?
Respondo filosofando:
A morte só revelou
Infinitos sóis em bando!...

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POESIAS ROMÂNTICAS

A grande maioria das pessoas sonha um dia ter ao seu lado um ser amado. Jerônimo
não era diferente. Apesar da cegueira e da paralisia, idealizava alguém que o amasse
e a quem ele pudesse dedicar o amor que tinha na alma. Muitas vezes confidenciou-
nos que se pudesse escolher, numa próxima encarnação gostaria de ser professor, ter
uma esposa e muitos filhos.
Para esse ser que ele idealizava no amor e que a experiência reencarnatória não
colocou ao seu lado, a sua FLOR AZUL do livro “Nas Pegadas de um Anjo”, que
o filósofo Saad amava em segredo, não correspondido, ele escreveu as “Poesias
Românticas”, que muito poucas pessoas já puderam ler e que aqui colocamos neste
livro.

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NA ESCALADA DA SUBLIMIDADE

Falo-te de amor e castidade


E só assim me transcendo na poesia
Na escalada da sublimidade
Adentro o paraíso da alegria.
Raio de sol no bojo dos abismos
Qual lírio puro da humildade
Faz cessar na alma os nervosismos
Por ser o próprio amor sublimidade.
O ser humano se perde nos conflitos
E se enlouquece em vibrações descomunais
E às vezes se julgam tão malditos
Oh! estranhos seres paradoxais.
Abrasados nas fornalhas das paixões
Fazem no mundo guerras e tragédias
E acionam metralhas e canhões
Personagens de hórridas comédias.
O homem é assim incoerente
Não dissimula seu instinto bestial
Pois não passa de animal inteligente
Enlouquecido num eterno carnaval!

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AGONIA

Tenho o coração agoniado e triste


É o epílogo do mais lindo sonho de amor
Nunca soube, na vida, em que o prazer consiste
E a vida toda passando nos frios braços da dor.
Entre nós, querida, a distância abismal
Você é a estrela que refulge na amplidão,
Você encarna virtude do amor universal,
Ao passo que me encontro em dolorosa expiação.
Siga o seu caminho translúcido e belo,
Pois nele viceja a linda flor da esperança.
Tem você a luz divina do Evangelho
E engasta no peito um coração de criança.
Siga, seja fiel ao bom Jesus
Arrime-se a fé ante a luta redentora
E carregue sorrindo a sua própria cruz
E gozará, um dia, a doce paz confortadora.
No exílio da saudade estarei chorando
O resultado cruel dos erros perpetrados,
Mas o seu vulto de deusa hei de continuar amando,
Pois hoje os nossos caminhos estão desencontrados.

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ALIANÇA

Amor Divino! Amor dos tempos idos


Nos carreiros da senda evolutiva
Temos caminhado eternamente unidos
Minha alma de tua alma, sempre cativa.
Transitória foi a nossa separação
Sem ti, não posso entender a eternidade
Juntos chegaremos um dia à perfeição
Não me abandones amor! Jamais, por caridade!
Luz da minha vida!
Anjo adorado em forma de mulher
Em todo o Universo, tu hás de ser a mais querida
Não consigo olvidar-te amor um instante sequer.
Tu és o farol de meu caminho
A Divina canção que me extasia o ser
Jamais eu viveria sem o pão de teu carinho
A vida longe de ti não consigo conceber.
Alma irmã de minha alma, caminhemos
De mãos unidas pela senda de Jesus!
Juntos, doce ternura, tudo venceremos.
Amparado por ti, não sinto o peso da cruz.
Tu és na vida a sublime esperança
E toda vida hei de cantá-la em teu louvor
Deus, meu bem, há de abençoar nossa aliança
Ele sabe do nosso tão sofrido Amor!

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ESTOU DOENTE

Pressinto chegar a hora derradeira


Estou morrendo aos poucos querida
Dá-me os teus préstimos de enfermeira
Cicatriza no meu peito esta ferida.
Pesa-me a cabeça, tenho febre, dói-me o coração
Já não consigo dormir, vejo-me triste e nervoso
Enfermeira, vem, tu tens a solução.
Em tua presença, meus pensamentos repouso.
Os dias e as noites, eu me vejo mais só
Faz frio, tenho medo, é triste a solidão
Anjo querido! rogo-te, tem dó
Vem alegrar o meu coração.
A dispneia voltou, tenho o peito opresso, vou morrer
Mas ao ver-te a rondar-me o leito
De súbito me vem uma esperança de vencer.
Querida, me aperta um pouco de encontro ao peito.
Ah! Como é triste esta vida de hospital
A vida não tem sentido e a ansiedade nos vem
Enfermeira, piedade! Dá fim a este mal.
O remédio que preciso é tua presença, meu bem.
Oh! Meu Deus, sei que estou desenganado
Nada pode dar fim aos meus tristes ais
Enfermeira da vida! Só a ti tenho amado
E viver sem ti não me interessa mais.

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ÚLTIMA BALADA

Ouve a minha última balada


Deste pobre cantor sem sucesso
Que não soube dar à mulher amada
Nenhum estímulo ao seu progresso.
Deixo de lado a minha partitura
Emudece em minha alma a melodia
Não pude contar a desventura
Por ter assim, ter assim te amado um dia.
Tu és anjo, eu homem comum.
Fenece assim a minha inspiração
Não vou encontrar em lugar algum
Outro alguém com tua perfeição.
Estou cansado, mulher querida!
Não vejo a hora de partir um dia
Deixar-te-ei, oh! luz de minha vida
Meu pobre ser entrou em agonia.
Fica com Deus, anjo adorado
Felicidade para os dias teus
Perdoa-me se estou desesperado
Tu és na Terra serva de Jesus.
Adeus, querubim celeste!
Enlutado tenho o coração
Perdoa-me se não passei no teste
De fazer-te feliz nesta encarnação.

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ORAÇÃO DE AMOR

Senhor! Afasta este cálice de mim


Ouve a minha humilde oração
Às vezes penso que estou chegando ao fim
Desta minha atual peregrinação.
Reencontrei, doce amigo, nesta jornada
A jovem que no passado tanto amei
Ela tem a peregrina beleza de uma fada
E resume em si tudo de belo que sonhei.
Tenho, Jesus, o coração crucificado
No áspero madeiro da solidão
Por que a desventura de muito amar sem ser amado?
Mas, se estou a blasfemar, rogo-te perdão.
Sei que perpetrei incontáveis crimes
Nas vidas seriadas vividas por mim
E vejo na dor com que me redimes
Que esta trágica loucura chegou ao fim.

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CAPÍTULO II

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AS BOTINAS

Era ainda criança, com saúde. Naquela época o Cine Ituiutaba, hoje Bristol,
tinha uma exigência: “Não era permitido entrar lá descalço”.
O Jerônimo estava com muita vontade de ver um filme que passava, mas
não tinha sapatos para entrar.
No Grupo “João Pinheiro”, sito na Rua 20 com Avenida 17, havia uma boa
quantidade de entulhos sob as suas galerias. Ele correu até lá, rebuscou,
revirou, até achar um enorme par de botinas de adulto, com bicos para cima.
Não titubeou. Limpou-as, calçou-as e foi para o cinema, valentemente
exibindo o ingresso. João, o porteiro, olhou aquelas botinas de adulto, ridículas
nos pés da criança, e exclamou:
– Cruz credo, menino! Tira já essas botinas e entra depressa.
Naquele momento João foi uma nobre alma que venceu uma norma
diretora do cinema para fazer a felicidade passageira daquele menino. Às vezes
é necessário, para ser um bom samaritano, superar a burocracia.
Certa ocasião, um grupo teve que quase implorar ao porteiro de um
albergue que permitisse a entrada de uma criança que dormia ao relento,
sozinho, na noite fria. O albergue não permitia a entrada de crianças
desacompanhadas. Graças a Deus, também o porteiro ouviu a voz da caridade
e, após as instâncias do grupo, abriu o portão para que o menino dormisse lá
naquela noite.

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A LIÇÃO

Quando criança trabalhava na engraxataria do Senhor Bernal com mais


alguns meninos. Um dos engraxates contou esta história:
“Um dia, diante da cadeira do Jerônimo, sentou-se um sargento moreno,
alto.
– Vai tinta, senhor, ou só graxa? perguntou o Jerônimo.
– Cale essa boca, moleque, e trabalhe! respondeu o sargento, com rispidez.
Ele abaixou a cabeça e, diligente, engraxou-lhe as botas. Havia ali também
um bar e naquele momento entrou um retardado mental, já conhecido, sujo e
mal cheiroso e que por isso sempre era expulso dali. Para evitar isso, o
Jerônimo levantou-se rapidamente, puxou-o para fora sentando-o no degrau
externo do bar e lhe dizendo:
– Espere aqui!
Correu ao balcão, pediu café com leite e pão com manteiga. Contou as
gorjetas, fez o pagamento e serviu ao rapazinho. Voltou de cabeça baixa e
continuou o serviço. De botas luzidias, o militar fez o pagamento, dando-lhe
uma boa gorjeta, e acariciando-lhe a cabeça, disse-lhe:
– Garoto, hoje você me deu uma bela lição.
Às vezes, uma pessoa que expresse rudeza pode ser simplesmente um irmão
em dificuldades. Condenações nem sempre despertam, mas um gesto nobre,
sim.

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NA ROÇA

Jerônimo, quando andava, era um jovem vaidoso e gostava de se vestir de


branco. Tinha um famoso terno branco, aliás, o único.
Um dia foi convidado a fazer uma palestra na zona rural. E lá foi ele, com o
terno branco.
Antes de chegar ao local, teve que pular um córrego lamacento. Homem
vaidoso, ao pular suas pernas não alcançaram o outro lado e ele caiu dentro do
córrego. É fácil imaginar em que situação chegou para a palestra.
Dizia ele que nesse dia os espíritos lhe deram um lição: a lição da
humildade.
Na humildade deve se espelhar o espírita; nunca ir em tarefas junto aos
miseráveis com trajes ricos ou joias, para não ofender o irmão mais carente.
Deve ser humilde na maneira de falar, agir e até de olhar para os outros.
Jerônimo foi um exemplo de humildade. Passou por situações humilhantes,
aceitando-as sem nada falar ou reclamar.

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O AVISO

Quando jovem apelidava-se de “Tarzã”, devido ao seu porte atlético.


Gostava de, quando no banheiro, olhar-se no espelho, retesar os músculos e
envaidecido pensar: “Eh! Tarzã”!
Certa ocasião, no Grupo Espírita “Amor Fraterno”, que ele frequentava, o
orador, mediunizado, disse: “Venho trazer a mensagem a um Tarzã que está na
plateia”.
O Jerônimo sabia que era para ele.
Disse o espírito:
– Vem aí a selva do sofrimento. Agarra-te ao cipó verde da esperança e arma-te de muita
fé e muita coragem, para lutar contra a animalidade que ruge em teu peito. Ainda que
tiveres que verter todas as lágrimas ou padecer todas as dores, o que representará isto, ante o
amanhã glorioso de teu destino?
Era um aviso e ele se preparou. As dores viriam. De fato, vieram. E ele
venceu.

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A HIPNOSE

Nessa época enxergava. Padecia dores terríveis. Até o lençol que lhe cobria
o corpo provocava dores onde encostava.
Quando sua cama definitiva ficou pronta, os amigos se viram diante de um
impasse: Como transferi-lo para o leito sem que ele sofresse tanta dor?
Havia um hipnotizador com fama em Uberaba. Resolveram levá-lo de
Ituiutaba até lá, para que o hipnotizador o fizesse dormir e o pudessem mover
sem sofrimento.
Foram três horas de tentativas, após o que o hipnotizador, desconsolado,
afirmou:
– Ele não é hipnotizável.
Os companheiros se olharam entristecidos. Foram se aproximando dele
mansamente, com olhares cúmplices, e, quando Jerônimo menos percebia,
pimba! Pegaram-no de uma vez e o puseram na cama, rapidamente.
Foi um grito só de dor. Mas imediatamente o alívio. A cama havia sido
desenhada por inspiração.
Anos após, médicos abismados, depois dos costumeiros “check-ups”, lhe
diziam que a cama tinha a inclinação exata para que ele permanecesse vivo – se
ele estivesse de pé, morria – se a cama fosse mais inclinada, morria, pelos
problemas cardíacos.
Fato que o mundo espiritual já previra.

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A HEMORRAGIA

Houve uma época, em meados de 1960, quando ele ainda enxergava, que
quase desencarnou.
Uma hemorragia acentuada, das vias urinárias, o acometeu. Nada a cessava.
Estava internado num hospital de Ituiutaba quando o médico, amigo, chamou
seus companheiros espíritas que ali estavam e lhes disse que o caso não tinha
solução. A hemorragia não cedia, ele ia desencarnar.
– Doutor, será que podemos pelo menos levá-lo até Uberaba, para despedir-se de Chico
Xavier? Eles são muito amigos.
– Só se for de avião. De carro ele morre no caminho.
Um de seus amigos tinha um avião. Levaram-no para Uberaba.
O lençol que o cobria era branco. Quando chegaram em Uberaba, estava
vermelho, tinto de sangue.
Chegaram na Comunhão Espírita, onde o Chico trabalhava então. Naquela
hora ele não estava, participava do trabalho de peregrinação, visita fraterna,
levando o pão e o Evangelho aos pobres e doentes.
Naquela época o Waldo Vieira era espírita. Ele chegou na frente, com o
recado do Chico de que estava muito feliz com a sua vinda.
Na hora o Jerônimo se esqueceu da mediunidade do Chico e pensou:
“Como é que ele sabe?” Aí, lembrou. Os espíritos foram avisar.
Ao chegar, vendo o amigo vermelho de sangue, disse o Chico:
– Olha só quem está nos visitando! O Jerônimo! Está parecendo uma rosa vermelha!
Vamos todos nós dar um beijo nesta rosa, mas com muito cuidado, para ela não
“despetalar”.
Um a um os companheiros passavam e lhe davam um suave beijo no rosto.
Ele sentia a vibração da energia fluídica que recebia em cada beijo. Finalmente,
o Chico. Deu-lhe um beijo, colocando-lhe a mão no abdome, permanecendo
assim por alguns minutos. Era a sensação de um choque de alta voltagem
saindo da mão do Chico o que Jerônimo percebeu. A hemorragia parou.
Ele que, fraco, havia ido ali se despedir, para desencarnar, acabou fazendo a
explanação evangélica, a pedido do Chico, em seguida.
E vem a explicação:

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– Você sabe o porquê desta hemorragia, Jerônimo?
– Não, Chico.
– Foi porque você aceitou o “Coitadinho”. Coitadinho do Jerônimo, coitadinho. Você
desenvolveu a autopiedade. Começou a ter dó de você mesmo. Isso gerou um processo
destrutivo. O seu pensamento negativo fluidicamente interferiu no seu corpo físico, gerando a
lesão. Doravante, Jerônimo, vença o coitadinho. Tenha bom ânimo, alegre-se, cante, brinque,
para que os outros não sintam piedade de você.
Ele seguiu o conselho. A partir de então, após as palestras, ele cantava e
contava histórias hilariantes sobre as suas dificuldades. A maioria das pessoas
esquecia, nestes momentos, que ele era cego e paralítico. Tornava-se igual aos
sadios.
Sobreviveu quase trinta anos após a hemorragia “fatal”. Venceu o
“coitadinho”.
Que essa história nos seja um exemplo, para que nos momentos difíceis
tenhamos bom ânimo, vencendo a nossa tendência natural de autopiedade e
esmorecimento.

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OS TRÊS CÊS

Ele estava numa fase difícil, de intensa dor devido à artrite reumatoide que
lhe acometia as articulações, atrofiando seus músculos em desuso. Qualquer
socorro lhe seria uma bênção.
Assim ele foi informado da existência do inesquecível José Arigó, médium
de cura, e esperançoso, na companhia de amigos, foi à sua procura.
Lá chegando, Jerônimo foi colocado numa sala repleta de corações
esperançosos em busca do alívio de suas dores e enfermidades.
Nesse ínterim, Arigó adentra e o cumprimenta com especial atenção e
carinho e se afasta para seus deveres.
Foi quando Jerônimo ouviu uma voz forte clamar:
– “Manda entrar o primeiro... rápido, não temos tempo a perder”.
Era o Dr. Fritz.
Vários foram atendidos quando o Dr. Fritz, referindo-se a ele, disse:
– “Traz o homem”.
A porta, porém, era estreita para a cama do Jerônimo. Os auxiliares
tentavam em vão explicar que naquela porta a cama não teria condições de
passar.
– “Traz o homem”... “Este é espírito de porta estreita mesmo”.
Após algumas manobras, colocado defronte ao Dr. Fritz, este inquiriu-lhe:
– O que aconteceu?
Jerônimo tenta explicar num palavreado científico, com o coração pulsando
acelerado:
– Ah! Dr. Fritz, dizem os médicos que sofro de um mal denominado de Artrite
Reumatoide.
– Você tem é a doença dos três cês.
– Três cês? – inquiriu Jerônimo, não entendendo a evasiva do Dr. Fritz.
– É... cama, carma e calma.
E foi assim mesmo. Ele voltou resignado para casa. Pelo menos havia
tentado. Sem possibilidades, o remédio era conformar-se. Há aqui uma
diferença colocada por Emmanuel numa de suas mensagens. O espírita deve
ser conformado e não conformista.

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O conformado é o que se esforça em todos os sentidos para melhorar – não
o conseguindo, resigna-se confiando em Deus, sem revolta.
O conformista é o que nada tenta, esperando que Deus resolva os seus
problemas – é o acomodado, nem sempre resignado.
Nesse sentido, Jerônimo foi um conformado.

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O TAPETE

Estava em Uberaba. As dores no corpo eram terríveis. Ainda enxergava.


Um amigo lhe disse que iria buscar uma excelente médium curadora.
Quando ela entrou, Jerônimo a viu, pequenina, sentiu-se cativado. Era
Antusa Martins. Surda, expressando-se por sinais, seu primeiro gesto foi o de
retirar um tapete vermelho que lhe cobria os pés.
“Prefiro o verde”, exprimiu-se ela, por sinais e balbuciando, pois não era
muda.
Isso foi uma prova de sua mediunidade para Jerônimo. Havia realmente um
tapete verde, que não estava ali, havia ficado em Ituiutaba.
Antusa, no seu linguajar um pouco difícil e por gestos, contou-lhe que já o
conhecia. Todas as tardes ela se “desdobrava” e ia até sua casa, em Ituiutaba,
junto com Bezerra de Menezes, aplicar-lhe passes, tendo lá visto o tapete
verde, seu preferido.
A partir desse encontro nunca mais Jerônimo deixou Antusa. Dizia ele que
ela e Chico Xavier eram a sua força, o seu sustentáculo. “Um anjo em forma
de mulher”, costumava dizer, quando falava dela.
Sempre que ia a Uberaba, ia visitá-la. O carinho de Antusa por ele era muito
grande. Ela dizia que, há muitos séculos, ela e Chico Xavier, juntos, estavam
tentando socorrê-lo. A oportunidade se fez, através da dor.

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NO CINEMA

Quando ia ao cinema, em Ituiutaba, havia disputa para ver quem o levaria,


pois quem carregasse a cama não pagava entrada. É obvio que ele ainda não
era cego.
Numa ocasião, deixaram sua cama na entrada do corredor que ia para os
sanitários. Uma moça distraída, olhando ainda o filme enquanto andava, não
percebeu a cama. Tropeçou e caiu. Nessa hora ela “explodiu”:
– Mas não é possível! Aonde eu vou, está o aleijado! Vou ao Campo de Futebol, o
aleijado lá! Vou a uma festa, o aleijado lá! Esse aleijado me persegue! Aonde eu vou ele
está!
O Jerônimo pensa consigo: “E agora? A moça está revoltada. Tenho que lhe dar
uma resposta, mas não quero irritá-la mais ainda. O que dizer?”
E saiu com essa:
– Mas também, minha filha, você não para em casa, hein?!
A moça olhou-o atônita. E começou a rir. E riu. E riram juntos. Ficaram
amigos.
A palavra bem empregada, no momento exato, é capaz de desarmar a cólera
em torvelinho.

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A MIGALHA

Em Tupaciguara, há muitos anos, na década de 60, Jerônimo lá estava em


campanha pela construção do Centro Espírita “Seareiros de Jesus”.
Na casa do senhor Orlando da Silva os microfones da Rádio Rural rogavam
auxílio dos irmãos daquela cidade, com madeira e materiais de construção. A
comunidade era informada do endereço do senhor Orlando, onde Jerônimo
estava.
Cerca de 18 horas, uma senhora velhinha, de 76 anos, apoiando-se no seu
bastão, perguntou se ali se encontrava o moço que havia falado na rádio sobre
a construção do centro. Conduzida até Jerônimo, ela lhe falou num tom de
profunda bondade:
– Olha, meu filho, você, com todas essas dificuldades trabalhando ativamente para
construir um centro espírita, tocou muito forte o coração desta velha que já se despede da
Terra. Que vergonha para nós, que somos perfeitos e nada fazemos. Moro distante, meu
filho, não possuo quase nada. Mas não podia deixar de oferecer-lhe meu auxílio. Trouxe-lhe
meia dúzia de ovos para o senhor tomar como gemada e ficar mais forte. O senhor precisa
continuar falando e iluminando as almas com as verdades de nossa doutrina querida. É
pouco o que lhe ofereço, mas de todo o coração.
Todos os que assistiram a cena ficaram com lágrimas nos olhos, de emoção.
Recorda-se aqui de quando Jesus estava no templo, próximo ao gazofilácio e
uma pobre viúva ali depositou cinco moedas, tudo o que tinha para seu
sustento, a maior dádiva.
Ninguém é tão pobre que não possa dar um sorriso ou uma palavra amiga a
quem sofre, quando não pode ajudar materialmente. De fato, só não se ajuda
quando não se quer.

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O AVISO DA CEGUEIRA

Quando Márcia França conheceu Jerônimo em 1970, ele ainda enxergava de


um olho.
Começou a ter dores terríveis nesse olho.
Um amigo oftalmologista, a seu pedido, levou a aparelhagem médica para a
casa de Jerônimo e o examinou. Ao término da consulta ele comentou:
– Bem, Jerônimo, disseram-me que você é uma pessoa forte.
– Bom, o senhor, olhando para mim, pode ver que tenho a posição de um gigante,
Hércules, Sansão, o que o senhor quiser...
– Eu quero dizer, forte em espírito, porque eu, como médico, tenho algo a “te” dizer...
Não sei como vai ser a sua reação, mas tenho a obrigação de “te” dizer... Jerônimo, você vai
ficar com o olho cego e doloroso. Convém você retirar esse olho e o outro cego.
Márcia França levou um impacto profundo. Era o veredito da cegueira.
Quase desmaiou com a notícia. Olhou para o Jerônimo, ele impassível. Se teve
alguma emoção, não deixou transparecer no rosto. Ao contrário, com a mesma
serenidade com que brincava antes, respondeu ao médico, que já se despedia,
com uma trova:
– “Doutor, o que me impressiona
não é meu olho cego e doloroso
O senhor sai da minha casa
sem tomar do meu café, nem doce nem amargoso”.
Depois ele disse à Márcia que já estava preparado, que os espíritos
intuitivamente lhe haviam dito que para avançar na evolução ele teria que
perder a visão.
Aqui nós poderíamos lembrar a bela página de Vianney, o Cura de Ars, em
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, na mensagem Bem Aventurados os
que têm os olhos fechados, quando ele comenta:
“... Oh, sim, bem aventurado o cego que quer viver com Deus! Mais feliz do que vós que
estais aqui, ele sente a felicidade, pode tocá-la, vê as almas e pode lançar-se com elas nas
esferas espirituais, que nem mesmo os predestinados da vossa Terra conseguem ver. O olho
aberto está sempre pronto a fazer a alma cair; o olho fechado, pelo contrário, está sempre

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pronto a fazê-la subir até Deus. Crede-me, meus bons e queridos amigos, a cegueira dos
olhos é quase sempre a verdadeira luz do coração, enquanto a vista ê quase sempre o anjo
tenebroso que conduz à morte...”
Jerônimo desenvolveu muito a memória, a meditação, a intuição, até a
vidência, com a perda da visão.

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O RESGATE

Havia acabado de dar uma entrevista na televisão. Só Deus e seus mentores


sabiam a dor que o estava sufocando, particularmente nos olhos, que até então
não haviam sido extirpados.
O casal amigo que o hospedara insistira com a entrevista. O marido,
médico, passou-lhe nos olhos um unguento oftálmico que lhe suavizara a dor.
Na entrevista o repórter fez-lhe a pergunta costumeira sobre a felicidade e a
resposta que já se tornara de praxe:
– A felicidade para mim, deitado há tanto tempo nesta cama sem poder me mexer, seria
poder virar de lado.
Aproveitara a chance e falara sobre o amor e o valor da vida. Ao terminar, o
telefone tocou:
– O senhor acabou de me salvar a vida. Posso conversar em particular com o senhor?
Na casa dos amigos, apresentou-se uma senhora da alta sociedade, muito
rica, que desabafou:
– A vida para mim não tinha mais sentido. Uma tristeza imensa tomou conta do meu
ser. Nada estava bom. Nada me entusiasmava. Tinha tudo o que queria, dinheiro, roupas,
tudo, mas um vazio imenso na alma. Pensei no suicídio e articulei um plano. Comprei
ingressos para minha família ir para o teatro. Aleguei indisposição. Ficaria sozinha em
casa. Tudo pronto, estava com o veneno na mão, para ingeri-lo, quando pensei: “deixe-me ver
as últimas cenas deste mundo cão”. Liguei a televisão e o senhor falava sobre a felicidade, o
amor e o valor da vida. Despertei. Sinto-me envergonhada. Aqui estou eu.
Orientada, passou a ver a vida com outros olhos. Por certo foram os
espíritos amigos que a inspiraram a ligar a TV na tentativa de socorrê-la.
O suicídio é elucidado com perfeição nas obras espíritas e citamos aqui a
magistral obra “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec.
Para quem acha que a vida acaba no túmulo há ledo engano. Tal ocorre na
visão materialista, que felizmente já está em declínio, frente às provas cabais da
imortalidade da alma.
Para o espírito imortal suas atitudes serão responsáveis pela sua desdita ou
felicidade.

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Na questão 957, os espíritos comentam que as consequências do suicídio
são as mais variáveis, mas uma que o suicida não consegue evitar é o
desapontamento. Depara-se vivo e ainda tendo que arcar com seu gesto.
Kardec complementa dizendo que a afinidade persistente entre o espírito e
o corpo, neste caso, produz em alguns suicidas uma espécie de repercussão do
estado do corpo sobre o espírito, que assim ressente os efeitos da
decomposição, experimentando sensação de angústia e horror, estado que
pode persistir pelo tempo que deveria durar a vida que foi interrompida. Esse
efeito não é geral, mas o suicida, cedo ou tarde, terá que expiar sua falta em
situações muitas vezes mais dolorosas do que as em que fracassou.
Nada melhor do que sentir-se útil, trabalhar, principalmente em benefício
do próximo, livrando-se do egoísmo, para evitar a depressão, causa tão comum
do desejo de suicídio. O conhecimento espírita, com a noção da vida além da
morte, é um valioso auxiliar para se evitar gesto tão infeliz.

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ROBERTO CARLOS

Quando Jerônimo Mendonça deu início à construção da Creche “Pouso do


Amanhecer” em Ituiutaba, Minas Gerais, sentindo as necessidades que lhe
adviriam nesse empreendimento assistencial, principalmente para a sua
manutenção, viajou até Uberaba, a fim de manter diálogo com Chico Xavier,
quando lhe exporia a situação da creche.
Chico, após escutá-lo fraternalmente, aconselhou-o a procurar o cantor
Roberto Carlos, que naquela ocasião fazia um show no “Canecão”, Rio de
Janeiro.
Jerônimo perguntou-lhe como entrar no “Canecão” com a cama. “Já é hora
de você procurar o Roberto Carlos, pois vocês dois estão na mesma faixa vibratória”, disse-
lhe Chico.
O Jerônimo foi para o Rio de Janeiro com seis pessoas. Pelo caminho ia
pensando: “mas como entrar no Canecão com esta cama? E o dinheiro para as entradas,
se o que temos mal dá para nos alimentar de sanduíches?” As palavras do Chico, no
entanto, faziam-se presentes em seu espírito: “Vá procurar o Roberto Carlos. Você
é brasileiro, filho de Deus, está na mesma faixa que ele”.
A viagem para o Rio de Janeiro transcorreu bem. Quando menos se
esperava, a Kombi parava à porta do “Canecão”. Ainda um pouco apreensivo
de como realizar aquela tarefa tão difícil, eis que escuta uma voz de alguém
muito próximo: Jerônimo, você por aqui? O que o traz ao “Canecão”?
Jerônimo perguntou-lhe quem era e de onde o conhecia.
O homem lhe respondeu que o conhecera há muito tempo, no Grupo
Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais. Procurou saber dos motivos que
levavam o Jerônimo até ali e este narrou-lhe os fatos. Disse então que achava
impossível entrar no Canecão, pois não dispunham de dinheiro para as
entradas. Foi aí que o homem disse:
– Eu sou o gerente do “Canecão”, vocês vão entrar e é agora!
Jerônimo sentiu um frio na espinha e pensou: “mas não é possível”!
O gerente providenciou lugares para ele e sua comitiva até que o show
terminasse, quando então falaria com o Roberto Carlos.

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Um fato interessante ocorreu, quando sua cama passava pelo corredor do
Canecão. Uma senhora disse à outra: “Roberto é Roberto, até os doentes deixam o
hospital para virem assisti-lo...”
Quando terminou o espetáculo, avisado pelo gerente, Roberto Carlos
dirigiu-se até Jerônimo, que estava a conjeturar quais as palavras iniciais para
com o rei Roberto Carlos.
Entretanto, Roberto se antecipou e lhe disse:
– Olá, bicho!...
Jerônimo suspirou mais aliviado e de si para consigo pensou: “Bem, agora
estou mais à vontade, porque aqui estou no meu zoológico!”
Roberto Carlos procurou saber o motivo da visita e, quando informado,
pediu ao Jerônimo que o procurasse em seu apartamento, no dia seguinte, às
15 horas. Nesse dia e hora, o Jerônimo estava lá. Encerrada a visita, voltou
com um cheque dado por Roberto Carlos, de um milhão de cruzeiros, em
1983.

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A FOME

Foi para São Paulo, com dois companheiros, a fim de fazer palestra na
Federação Espírita de São Paulo. Chegando à cidade, foi recebido com muita
alegria pelo proprietário do hotel, que, dirigindo-se ao encarregado de preparar
os quartos, disse:
– Por favor, prepare uma suíte para o Jerônimo com os companheiros.
Ao ouvi-lo o Jerônimo rapidamente redarguiu:
– Não, faça o favor de arrumar um só para mim, que eu estou morrendo de fome.
(Risos...)
Ele confundiu suíte com sanduíche.
Quem nunca cometeu enganos, plagiando Jesus, seja o primeiro a atirar a
pedra. Situações assim, mais tarde relatadas, provocam risos em quem talvez
participe do fato e que tenha ficado constrangido no momento. Naquela hora
todos riram e ele, também, ao perceber o erro. Era fácil rir na presença de
quem sempre ria.

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A FOSSA

Também em São Paulo, na mesma ocasião, de “A Fome”, ele recebeu a


visita de uma moça bonita, bem arrumada, que lhe disse, consternada:
– Ai, Jerônimo, eu cai numa fossa!... Expressão popular de tristeza, não do
conhecimento dele, que imaginou uma fossa, aquela que recolhe os dejetos
humanos. A moça, limpinha, perfumada. Ele perguntou curioso:
– Mas depois disso você tomou banho bem direitinho...
– Como?!...
– Ora, você está limpa, perfumada; a dedução é lógica.
– Não estou entendendo...
– Você não caiu numa fossa? Deve ter ficado toda suja e agora está toda bonita! (Fez
um ar de riso).
– Não, a fossa a que eu me refiro é um estado de alma! Uma tristeza profunda! Nada
está bom... (explicou a moça).
O Jerônimo então retrucou:
– Ah! Bom! Por que você não explicou antes? Esta aí, quando você caiu, já me
encontrou lá. Porque nesta eu estou há muitos anos!
A moça saiu feliz – esqueceu-se da tristeza, ante a brincadeira. Uma palavra
alegre, bem empregada é capaz de mitigar os sofrimentos de alguém, que sente
conforto e bom ânimo, ao passo que tristeza junto aos tristes é para estes mais
desanimador.

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A MESTRA

Era assim que chamava a dona Terezinha Vilela Carvalho, que havia sido
sua professora no terceiro ano primário. Em meados de 1976, após anos sem
vê-lo, ela lhe fez uma visita. Ele a convidou a sentar-se e, após reconhecê-la,
uma trovinha:
– Hoje minha sala se ilumina, com a presença querida da mestra Terezinha.
Ela passou a frequentar-lhe a casa e ler para ele. Todos os dias eles se
comunicavam por telefone, ora ele, ora ela; um dos dois ligava, às vezes só
para conversarem. Quando dizemos que ele ligava é que alguém o fazia por
ele, que, paralítico, não movia as mãos. Seguravam-lhe o telefone próximo à
boca. Breves diálogos se travavam:
– Jerônimo, o que é que você está fazendo?
– Ah!, mestra, estou exausto! Plantei um canteiro imenso de alface, reguei a horta toda,
agora deitei um pouquinho para descansar.
E ria... Afinal, estava sempre deitado, na paralisia, que não o prendia,
trabalhador de Jesus que era. Outras vezes:
– Sabe, o médico recomendou-me repouso, agora estou deitado.
E a gargalhada explodia. Ele sabia ocultar as dores e banhar os outros com
alegria.

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O MISSIONÁRIO DE ITUIUTABA

Estávamos em 1983. Fôramos convidados para uma palestra na Escola de


Administração de Empresas de Ituiutaba, Minas Gerais, e não perderíamos de
forma alguma a oportunidade de visitarmos o querido irmão de ideal espírita,
Jerônimo Mendonça.
À primeira oportunidade, juntamente com minha esposa, deslocamo-nos
para a ansiosa entrevista.
Deitado em seu leito, telefone bem próximo, os indefectíveis óculos escuros
no rosto, lá estava o homem com “H”. Desprovido de visão, braços, mãos e
pernas mirrados, sua fragilidade física era amplamente suplantada pelo vigor
das elevadas vibrações espirituais que dimanavam do ambiente.
Como sempre, estava em tarefa. À época, dedicava-se à construção da
Creche Espírita Pouso do Amanhecer, que abrigaria cerca de 200 crianças
quando concluída; por isso, o telefone não parava. Antes que pudesse nos
dirigir a palavra, teve que atender a três chamadas, uma companheira de ideal
incumbia-se de colocar o aparelho sobre seu ombro, de forma a possibilitar-
lhe a conversação. Percebia-se que eram pessoas integrando-se na Campanha
da Creche, pelo que o irmão Jerônimo Mendonça dizia.
Finalmente pudemos falar-lhe e de inopino uma surpresa: logo após dizer-
nos apenas nossos nomes ele nos informa estar presente uma entidade
espiritual de alta envergadura; estacou por alguns instantes e depois informou
ser a irmã Scheilla.
Surpresos, eu e minha esposa trocamos olhares, pois a ninguém disséramos
que a nossa Casa de atuação em Belo Horizonte, era o Grupo da Fraternidade
Irmã Scheilla, mantenedor de um dos mais antigos Centros Espíritas de Belo
Horizonte – o Centro Espírita Oriente.
Pudemos então trocar algumas ideias entremeadas pelas interrupções do
telefone e pela incessante atividade ao derredor daquele irmão, inerme tão-
somente na aparência: eram confrades que “ombravam” grandes panelas,
postas em uma Kombi, contendo sopa, para melhorar o passadio dos detentos
da cadeia local; eram outros que solicitavam instruções para as atividades de

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um asilo de velhinhos e para o Centro Espírita Seareiros de Jesus, onde ele
deveria fazer a palestra da noite.
Jerônimo Mendonça a todos atendia com afabilidade quase paternal, com
uma agilidade mental de causar surpresa (para não usar outra palavra).
Gil Restani – ABRAJEE – BH

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JERÔNIMO TIBÚRCIO

Na semana “Jerônimo Tibúrcio”, de 1987, em Ituiutaba, no Centro do


Fernandinho Krüger, este convidou o Jerônimo para a prece de abertura da
reunião. Este começou dizendo:
– Neste momento, o Jerônimo de “j” minúsculo vai falar do Jerônimo de “J” maiúsculo.
Estávamos em Caldas Novas, a Josefa, minha irmã e eu, quando ficamos
sabendo que o Jerônimo Tibúrcio estava muito mal, no Hospital São José.
Voltamos incontinenti. Tentei visitá-lo, porém fui barrado na porta. Disseram
que a cama não entrava. Em vista disso, sabendo que o Jerônimo Tibúrcio
estava sofrendo dores lancinantes, enviei-lhe um bilhetinho:
“Jerônimo,
Onde está tua fé? Confiemos em Jesus.
Do amigo,
Jerônimo”.
Pouco depois, Jerônimo Tibúrcio desencarnou.
Dias depois, seu irmão João Tibúrcio aparece em minha casa, dizendo-me:
– Jerônimo, estamos presenteando os amigos de quem o Jerônimo mais gostava com um
livro dele. Eu trouxe um para você.
Agradecendo, pedi-lhe:
– Por favor, João, coloque-o na estante para mim.
Tempos depois, torturado por uma dor atroz, pedi à Eurídice, minha irmã:
– Por favor, pegue um livro de mensagens e me leia alguma, pra ver se esta dor passa.
Eurídice pegou um livro “ao acaso” e disse:
– Que interessante, Jerônimo, olha, aqui tem um bilhete:
“Jerônimo,
Onde está tua fé? Confiemos em Jesus.
Do amigo,
Jerônimo”.
O impacto foi tão grande que a dor passou na hora. Por isto podemos ver
que o nosso homenageado já se encontra de há muito distribuindo benefícios.
A seguir, Jerônimo fez a prece.

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NEGÓCIOS

Quando começou a viajar difundindo o Evangelho, deram-lhe uma Kombi


em Itumbiara (Goiás) e, como ele não parava, alguns anos depois a Kombi não
tinha mais jeito, sempre com defeito. Em Ribeirão Preto (São Paulo), um
confrade generoso aproximou-se do Jerônimo e disse:
– Vim te propor um negócio. Tenho uma “Caravan” do ano passado, está como nova.
Passei com ela na Chevrolet, deram uma boa revisão e está com o tanque cheio. Eu te dou a
Caravan e você me dá a Kombi. Como é? Fazemos o negócio?
O Jerônimo titubeou:
– Meu amigo, posso pensar até amanhã?
Na sala cheia a gargalhada explodiu. Imaginem ter que pensar. Ele não
estava acostumado a negócios, a mente sempre caminhando na meditação.
Também havia o confrade amigo, tão generoso; ele mesmo precisaria pensar,
para não se arrepender da oferta. No fim, tudo deu certo.

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A PROPAGANDA

Foi convidado a fazer palestra em Santa Helena, Goiás, e, estando na


residência de seu amigo, percebeu que o mesmo estava preocupado e inquiriu:
– O que aconteceu? Alguma coisa o preocupa?
– Não, senhor Jerônimo; nada, não. Apenas gostaria de fazer uma propaganda que
sensibilizasse o coração de todos e não encontro as palavras adequadas.
– Mas fique à vontade senhor Roberto. Do jeito que o senhor fizer esta certo. O
importante é a mensagem que iremos levar e o ideal espírita que nos alimenta e sustenta a
alma.
Algumas horas após, um alto-falante proclamava:
– Nós do Centro Espírita Ricardo Campos convidamos a todos para ouvirem a palestra
de um orador espírita que é aleijadinho, cego, não anda, não mexe com as pernas nem
braços, é um imóvel em seu leito ortopédico.
Não percam! Ele tem muitas coisas boas para nos dizer.
A propaganda serviu. Naquela noite, o salão ficou superlotado, com
católicos, protestantes e espíritas!
Só Deus sabe quantas lágrimas foram enxugadas e quantos corações
iluminados pelo archote da esperança e da fé.

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INSPIRAÇÃO

Um culto do Evangelho no Lar, na casa de Márcia França. Quando da vez


de Jerônimo falar, a entonação da voz se modificou um pouco. A Márcia
percebeu que ele estava inspirado e, ao falar, dizia que aqueles que ali se
encontravam naquela hora deveriam caminhar muito pela reencarnação.
Muitos dos que ali estavam abandonariam o Espiritismo; outros teriam um
desvio na estrada, caminhariam por outras estradas, mas que depois de alguns
sofrimentos, voltariam; que muitos seriam levados ao plano espiritual, pela
desencarnação; outros ficariam e teriam sobre os ombros a responsabilidade
de trabalhar arduamente, ante os que iam desertar e os que iam se desviar,
sendo ainda as mãos que seriam utilizadas pelos companheiros que estariam
no mundo espiritual. Naquele instante, ele orava pelos que iam permanecer e
levar a obra até o fim.
Eram dez pessoas presentes no culto.
Realmente, muitos se desviaram da senda e hoje estão voltando. Muitos
desencarnaram.
Os que permaneceram ficaram sobrecarregados das tarefas dos que
abandonaram a doutrina.
Aqui vale a pena recordar as palavras elucidativas de Erasto, ante a questão:
“Se entre os chamados para o Espiritismo, muitos se desviaram, como
reconhecer os que se acham no bom caminho?”
“Podeis reconhecê-los pelo ensino e a prática dos verdadeiros princípios da caridade; pela
consolação que distribuírem aos aflitos; pelo amor que dedicarem ao próximo; pela sua
abnegação e o seu altruísmo. Podeis reconhecê-los, finalmente, pela vitória de seus princípios,
porque Deus quer que a Sua lei triunfe, e os que a seguem são os escolhidos, que vencerão.”
(Missão dos Espíritas – “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. XX)

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A FLOR

Havia muitos meses que não o víamos. O internato hospitalar diminuiu o


período de férias, que passávamos em Ituiutaba.
Sempre admiramos a memória invejável do amigo, que reconhecia quem
estava presente logo à primeira palavra. Resolvemos testá-lo, de brincadeira.
“Será que após aqueles meses ele reconheceria a voz?”
Estávamos voltando da casa de um tio querido, Jerônimo Marquês de
Andrade, o “Nhonhô”, que nos presenteou com um jasmim do seu jardim,
coisa que ele sempre fazia à nossa visita.
Estávamos com o jasmim na mão quando chegamos na pequena sala do
Jerônimo. Aproximamos-lhe de leve a flor, para que sentisse o perfume.
Dissemos apenas:
– Oi, Jerônimo!
A resposta não se fez esperar. Imediatamente uma trovinha:
– Ah! Hoje eu estou feliz:
Jane não se esqueceu de mim!
Ela veio me trazer,
O seu perfume de jasmim!

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COM ROLDÃO TAVARES

De Belém do Pará, Roldão Tavares de Castro, abnegado seareiro e benfeitor


da Colônia dos hansenianos de Marituba, jornalista, visitava Jerônimo, que
estava neste dia inspirado nas trovinhas.
Roldão contou que ao passar pelo Banco Bradesco viu um gatinho sendo
chutado e pisoteado. Penalizado, cuidou dele naquele dia, mas o gatinho
morreu e ele estava triste.
Jerônimo, querendo alegrá-lo, saiu-se com essa:
– Alegra-te meu irmão
Mas alegra-te de fato
Não crês na reencarnação?
Terás de volta o teu gato.
Mas Roldão não se deu por vencido:
– Jerônimo, você está brincando, mas eu estou realmente triste, horrorizado ao ver pessoas
que passam pisando um bichinho tão indefeso.
Jerônimo retrucou imediatamente:
– Esse povo de dinheiro...
Acho esse povo muito chato
Por causa de seu cheque
Acabam matando um gato!
Roldão se lembrou então de um seu cachorro de estimação, chamado Dario,
que havia morrido há três meses, deixando saudade.
– Roldão, meu amigo
Não te entregues ao desvario
Pois quando partires da Terra
Encontrarás o Dario!
Nesse instante o representante da Skol, senhor Hélio Pacheco, telefonou
para ele, contando alguns problemas e Jerônimo brincou:

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– Alegra-te meu irmão
Pois se hoje estás na Skol
Na próxima encarnação
Poderás ser diretor de futebol.
Nesse momento entrou na sala sua irmã e abnegada enfermeira Eurídice,
trazendo café e bolo para todos. Sob a língua de Jerônimo ela colocou dois
comprimidos de Isordil, e, aguardando, com carinho serviu-lhe, aos poucos,
café e bolo.
Jerônimo fazia pausas, devido à taquicardia, e numa delas falou:
– Se queres a tua paz
Nunca jamais faças rolo
P’ra não sofrer como eu,
Que estou comendo este bolo!
Que beleza hein, Jerônimo? Quem o conheceu, ao ler estas linhas pode
imaginar toda a cena, dar umas boas risadas e aproveitar a lição, com saudades.

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O VELÓRIO

Dona Terezinha comentou que ir ao velório com o Jerônimo era uma


temeridade, principalmente porque ele ficava quase sempre do lado de fora da
casa, pelas dificuldades de entrar com a cama e pelo calor que sentia. As
pessoas acabavam se agrupando em torno dele, esquecendo o defunto. Uma
vez, altas horas da noite, um companheiro comentou que estava fazendo
aniversário e o Jerônimo mais que depressa começou e foi acompanhado pela
maioria:
– Parabéns p’ra você...
Depois desta, dona Terezinha, categórica, brincou:
– Ir ao velório com você, nunca mais!
Alguns talvez achem a atitude de Jerônimo um desrespeito ao desencarnado.
Pelo contrário. Ele agia de modo premeditado, semeando a alegria. Todos
sabemos que o desvencilhar dos laços materiais para o espírito desencarnado é
muito mais fácil quando não há irradiação de tristeza ao seu redor. Se disso se
lembrassem, fariam uma prece com alegria pelo espírito que recebeu o alvará
de liberdade na desencarnação.

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O PRESENTE

Em certa reunião festiva de amigos, estava presente o senhor Célio Fratari,


proprietário da Funerária São Luiz, de Ituiutaba. Vendo que o Jerônimo
brindava a todos com trovinhas jocosas, provocou-o:
– Jerônimo, se você fizer uma trovinha da funerária, uma propaganda que convença a
todos, terá o seu funeral de graça.
Ele não se fez esperar:
– Cidadão de Ituiutaba!
Viva em paz e morra feliz
Encomende seu caixão
Na Funerária São Luiz!...

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O TELEFONEMA

Uma ocasião recebeu um telefonema de uma moça do Rio de Janeiro, que


se disse encantada com seus livros. Estando interessada em conhecê-lo, pediu
permissão para ir visitá-lo.
Muito brincalhão, como sempre, ele respondeu:
– Aguardo ansioso a sua visita, tanto que já vou esperá-la deitado.
A moça não entendeu, maliciou e ficou furiosa. Foi um custo para ele
esclarecer que era sua posição permanente, estava sempre deitado.
Isso é um alerta para que nós, antes de julgarmos as palavras de alguém,
meditemos com calma, porque temos a tendência de analisarmos os outros
com as atitudes que inconscientemente nós mesmos tomaríamos. Não nos
precipitemos no que se refere às atitudes do próximo. Analisemos em primeiro
lugar a nós mesmos e verifiquemos as mudanças que necessitamos fazer na
intimidade de nosso ser, para melhorarmos.

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O BÊBADO

Numa palestra de Divaldo Pereira Franco, a cama de Jerônimo estava em


evidência, na frente, para não atrapalhar os que quisessem passar.
Em certo momento, aproximou-se um homem alcoolizado, ou seja, bêbado,
na linguagem comum. Disse-lhe:
– Paralítico, levanta-te e anda!
– Depois, meu amigo, depois. – Temia Jerônimo que a cena fosse notada e
atrapalhasse a palestra.
– Paralítico, levanta-te e anda!” – insistiu o bêbado.
“Bem que eu queria, mas não consigo”, falou baixo o Jerônimo, tentando
chamar o homem à razão. O bêbado saiu desconsolado:
– Oh! homem de pouca fé!

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A PREGUIÇA

Nós estávamos lendo para ele, quando o seu sobrinho entrou:


– Ah! tio! Que preguiça de ir à farmácia!
A resposta foi imediata:
– Meu filho, quem dera eu tivesse as suas pernas para poder ir.
O moço virou-se e foi na mesma hora.
Aquilo foi uma lição. A palavra preguiça não podia existir para quem
conhecia um cego e paralítico que não parava, sempre trabalhando.

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O DEFUNTO

Também essa ele contava rindo. Por ocasião de um “enterro”, quando o


cortejo seguia para o cemitério, sua Kombi estava logo atrás. Retirado o caixão,
quando as pessoas se dirigiam para o local, um alcoolizado que passava, vendo
os amigos lhe carregando a cama, exclamou: “Nossa! Dois defuntos! Esqueceram o
caixão deste!”
Ele aprendeu a não se revoltar com comentários infelizes. Gostava de citar
uma frase de Cairbar Schutel: “Melindre é orgulho ferido”.

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A RECAUCHUTAGEM

Estava muito fraco. A desencarnação talvez não tardasse. Em muitas


ocasiões meditava em como seria seu desenlace do corpo físico. Às vezes se
via tão livre! O espírito viajava a grandes distâncias enquanto o corpo estava
preso; já experimentara a lucidez do espírito livre, que podia ir aonde queria.
Era cego, mas vidente. Sabe-se que a vidência pode ocorrer de olhos
fechados, o espírito é quem vê.
Percebeu em sua fraqueza alguns espíritos amigos se aproximando, um da
cabeça, outro dos pés. Começou a sentir uma “comichão”, cócegas nos pés,
“formigamentos” na cabeça. Pensou: “Estão me desligando, a desencarnação chegou,
até que não é ruim”.
O espírito amigo que lhe estava aos pés, percebendo-lhe os pensamentos,
sorriu e comentou:
– Ainda não é a sua hora, Jerônimo. A tarefa está apenas começando. Nós estamos é
“te” fazendo uma “recauchutagem”.
E ele continuou encarnado. E trabalhando. E exemplificando.

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O SONO

Estávamos lendo para ele um dos livros de André Luiz, psicografado por
Francisco Cândido Xavier, quando percebemos que ele ressonava. Uma de
suas irmãs entrou e, com admiração, notou que ele dormia, chamando outra
para ver.
Naquela época, havia pouco tempo que convivíamos e não sabíamos ainda
da sua terrível insônia, que permitia que dormisse apenas cerca de duas horas
por dia, por isso a admiração da irmã. Éramos muito jovem, então pensamos:
“O quê! dormir no melhor do livro?!” E o tocamos de leve:
– Jerônimo, acorde! Você dormiu na parte mais emocionante!
Que ignorância a nossa! Deveríamos tê-lo deixado dormir.
Ele humildemente disse, com a voz mansa:
– Jane, perdoe-me. É que a sua voz é uma canção de ninar.
Aquilo foi uma lição. Que paciência! Outro talvez reclamasse. Nunca
dormia e, quando o fez, foi acordado.

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O ACIDENTE

Certa feita, a caminho para uma palestra em Porto Alegre, Rio Grande do
Sul, a Kombi que o levava passou dos 80 Km/hora. Foram parados pela
polícia rodoviária por excesso de velocidade.
Na hora da multa, seus amigos que dirigiam pediram desculpas, afirmando
que estavam levando um doente para Porto Alegre. O guarda foi ver.
– Nossa Senhora! Que acidente feio! Podem deixar que eu vou na frente!
E foi mesmo, com a moto abrindo caminho. O Jerônimo contava isso
dando boas risadas. A sua cruz nesta hora tornava-se um fardo um tanto mais
leve. Quantos não sucumbem, vergados ao peso das suas, sem cegueira ou
paralisia?

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PROVAS

Certa ocasião, em São Paulo, uma senhora aproximou-se de seu leito. Quem
sabe que provas ocultas estaria sofrendo, sem revelar?
Quando viu que o Jerônimo tinha um “peso” com areia sobre o peito, para
suportar a dor que sentia e, mesmo com dor, sem queixumes, ela chorou
copiosamente.
Piedade? Talvez.
Ou quem sabe percebeu que o sofrimento que lhe ia no peito não seria tão
grande quanto o daquele paralítico que jazia cego no leito, com dores que nem
poderíamos pensar, superlativas...

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O PERFUME

Uma vez em Uberaba, na casa do Chico Xavier, o Jerônimo estava lá. O


Chico fez o café e o levou para o pessoal.
Quando levado o cafezinho à boca de Jerônimo, não era café. Era puro
perfume. Ele estranhou e o Chico lhe respondeu:
– A Sheilla está falando para você beber porque é remédio.
Aí ele teve que tomar o café perfumado.
Com respeito ao assunto, esclarece-nos “O Livro dos Médiuns”, de Allan
Kardec:
... “A vontade é o atributo essencial do espírito, quer dizer, do ser pensante. Com ajuda
dessa alavanca, ele age sobre a matéria elementar e, por uma ação consecutiva, reage sobre
seus compostos, cujas propriedades íntimas podem assim ser transformadas”.

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CORAGEM

Numa ocasião umas crianças trigêmeas de alto risco estavam necessitadas


do amparo da creche. Os trabalhadores e o Jerônimo estavam preocupados e
resolveram ir a Uberaba conversar com o Chico Xavier.
O Chico tinha o hábito de beijar o Jerônimo. Quando acabava a reunião, ele
caminhava para o lado da cama e lhe dava dois beijos. Naquele dia ele se
aproximou e disse:
– Jerônimo, hoje eu vou “te” dar três beijos.
E olhou para o pessoal da creche. Entenderam que ele lhes dava uma
mensagem cifrada, para que aceitassem os trigêmeos.
As crianças, hoje, estão ótimas, já adolescentes, já para saírem da creche.
Aqueles meninos eram, quando pequeninos, muito ligados ao Jerônimo.
Quando ele chegava, os três se aproximavam, beijavam-no, rodeavam-no com
carinho. Quando eles faziam isso, o pessoal da creche se lembrava do Chico
Xavier dizendo: “Hoje, Jerônimo, eu vou “te” dar três beijos”.
“Caridade! Palavra sublime, que resume todas a virtudes, és tu que deves conduzir os
povos à felicidade. Ao praticar-te eles estarão semeando infinitas alegrias para o próprio
futuro, e durante o seu exílio na Terra, serás para eles a consolação, o antegozo das alegrias
que mais tarde desfrutarão, quando todos reunidos se abraçarem, no seio do Deus de amor”.
(Adolfo – Bispo de Alger – A Beneficência
– O Evangelho Segundo o Espiritismo)

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NO CEMITÉRIO

Ele costumava ser requisitado para a prece de despedida por ocasião da


desencarnação de conhecidos.
Um dia, próximo ao túmulo, coube-lhe a palavra. Depois emocionadas, as
pessoas foram saindo, conversando. Esqueceram-no no cemitério.
Altas horas da noite, quando os amigos foram visitá-lo em casa e ele não
estava, é que se lembraram do cemitério, indo buscá-lo.
Em ocasiões como essa, exercitava a resignação. Tinha que esperar que se
lembrassem dele, até para um cafezinho ou um copo de água.

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O CRIMINOSO

Uma vez um cidadão chegou de Goiás e começou a conversar com o


Jerônimo. Mais tarde, Dona Terezinha chegou para o Culto do Evangelho.
Após a prece, aberto “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, a página para o
momento “ao acaso” foi “Caridade com os Criminosos”. Conversaram,
comentaram a passagem. Seguiram para o Centro Espírita Seareiros de Jesus,
que fica na frente da casa, do outro lado da rua, para a reunião pública da
noite. Aberto o Evangelho “ao acaso” novamente a página “Caridade com os
Criminosos”. No dia seguinte, Dona Terezinha comentou com o Jerônimo:
– Que coisa esquisita, ontem! Caiu “Caridade com os Criminosos” no seu Culto e no
Centro.
Ele respondeu:
– Mestra, a senhora se lembra daquele senhor que estava aqui ontem, advogado, daquela
cidade de Goiás?
– Claro!
– Pois é. Antes da senhora chegar ele estava desabafando, falando que havia matado o
amante da esposa e que agora não sabia o que fazer para remediar a situação.
– O que você respondeu, Jerônimo?
– Eu falei o seguinte: você tirou a vida de alguém, tente reconstruir a vida dos outros;
devolva a saúde, devolva o alimento, devolva o conforto àqueles que nada têm. A lei é de
débito e haver. Vamos contrabalançar. Você gastou demais, então coloque no lugar alguma
coisa. O carma pode ser amenizado. É por esse motivo a página, Mestra. Devemos ter
caridade porque no ímpeto ele cometeu o assassinato.
Há muitos assim. Agem num impulso irreflexivo, sem pensar, depois
sofrem a consciência culpada, o remorso.
Nessa época em que se fala tanto da pena de morte para o criminoso,
lembremos as palavras de Elizabeth de França, em “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, na mensagem aludida:
“Deveis a esses de que vos falo o socorro de vossas preces: eis a verdadeira caridade. Não
deveis dizer de um criminoso: ‘É um miserável; deve ser extirpado da Terra; a morte que se
lhe inflige é muito branda para uma criatura dessa espécie’. Não, não é assim que deveis
falar”! Pensai no vosso modelo, que é Jesus. Que diria ele, se visse esse infeliz ao seu lado?

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Havia de lastimá-lo, considerá-lo como um doente muito necessitado e lhe estenderia a mão.
Não podeis, na verdade, fazer o mesmo, mas pelo menos podeis orar por ele, dar-lhe
assistência espiritual durante os instantes que ainda deve permanecer na Terra. O
arrependimento pode tocar-lhe o coração, se orardes com fé. É vosso próximo, como o melhor
dentre os homens. Sua alma, transviada e revoltada, foi criada como a vossa, para se
aperfeiçoar. Ajudai-o, pois, a sair do lamaçal e orai por ele!”

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O DOENTE

Um moço, funcionário público em São Paulo, descobriu que estava com


AIDS. O medo do preconceito, pela ignorância que é muito grande, o
atormentava. Não contou a ninguém, nem para a própria família.
Foi até Ituiutaba, Minas Gerais, para contar ao Jerônimo, que ele nem
conhecia.
Cabisbaixo, ocultando-se de si mesmo, parecendo até achar que o Jerônimo
enxergava, contou-lhe o seu drama.
O Jerônimo ouviu-o silencioso, circunspeto, respeitando-lhe a dor. Depois,
ao ter oportunidade da palavra, esclareceu-o e ele saiu renovado.
Interessante e belo esse fato!
O moço com AIDS, sofrendo, escolheu a alguém que sofria resignado e que
poderia entender-lhe a dor. Confiou em um estranho que era respeitado pelas
suas atitudes.
Assim por nossa vez deveríamos ser. Emmanuel nos deixou uma frase para
meditação:
“Vive de tal modo que, se alguém algum dia falar alguma coisa contra ti, aqueles que te
conhecem não acreditarão”.
Assim vive o homem de bem, e, como tal, torna-se confiável.
Como orientar alguém que assim sofre?
Despertando-o para a fé, através do raciocínio e incutindo nele a certeza da
misericórdia de Deus.
Na humanidade que sofre através dos séculos Jesus tem sido a fonte
luminosa e inexaurível do amor e da fé. O exemplo maior, conforme a
resposta dos espíritos à pergunta 625 de “O Livro dos Espíritos”, o modelo
para a humanidade.
“Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, não terá jamais fome e o que crê em mim, não
terá jamais sede.” (João VI: 35-36)

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O SUICIDA

Num certo domingo, Eurídice, irmã do Jerônimo, telefonou a Dona


Terezinha, pedindo-lhe o favor de levar um senhor que havia chegado de São
Paulo, para conversar com ele, à casa do irmão dele, onde fora almoçar.
O estranho não falou uma palavra no percurso; ignorou Dona Terezinha,
como se esta não existisse.
Quando chegaram, Dona Terezinha convidou-o a entrar e, ouvindo o
barulho do pessoal nos fundos da casa, para lá se dirigiu. As gargalhadas do
Jerônimo sobressaíam à distância.
O homem estava tão desesperado que ao ouvir os risos virou-se para ela e
pela primeira vez lhe falou, revoltado:
– É essa criatura que vai me confortar?
Chegaram e o senhor foi apresentado ao Jerônimo:
– Jerônimo, aqui está um senhor que veio de São Paulo só para conversar com você. Por
certo, desejará fazê-lo sozinho.
Os jovens se retiraram, ficando ali os três, porque a Dona Terezinha lhe
ministraria os comprimidos de Isordil, se fosse necessário.
O senhor então tomou a palavra:
– Olha, moço, eu era uma pessoa muito rica até uma semana atrás. Eu tinha uma
fazenda com eletricidade, com todo o conforto da vida moderna, até campo de aviação. Tinha
tudo. Fui tão incauto, que ao fazer a venda da fazenda passei a escritura e recebi uma nota
“fria”.
O Jerônimo estranhou o que era uma nota fria.
– Uma duplicata sem valor. Não é nem o nome correto da pessoa, nada. Eu não tive
nem condições de reclamar. O advogado falou que era perda de tempo, que eu caí no conto
mesmo. A minha família antes se tolerava, porque nós conversávamos por bilhetes, eu nos
meus “weekends”, a minha esposa nos seus chás beneficentes e o filhos, dois rapazes, iam
aonde queriam. Nós nos comunicávamos por bilhetes, mas nos tolerávamos. Agora, todos
vêm para cima de mim, me cobrando o conforto, me cobrando a fazenda; eu não resisto a
essa situação. Estava na farmácia justamente comprando um remédio para dar fim à minha
vida, quando apareceu um amigo, que perguntou: “Fulano, para que você quer isso?” Como
ele sabia do negócio que eu fiz e do meu desespero, ele falou: “Eu não admito que você

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compre esse remédio!” Eu respondi: “Como?! Você não manda na minha vida!!” Aí ele me
disse: “Eu vou deixar, sim, se você me prometer que vai conversar com o Jerônimo
Mendonça, em Ituiutaba. Eu lhe dou a passagem”. Ele me deu a passagem, aqui estou eu,
mas acho que eu perdi o tempo, porque você é uma pessoa tão feliz, que você não sabe o que é
o sofrimento alheio.
O Jerônimo lhe respondeu:
– Meu amigo, você é uma pessoa que realmente está sofrendo. Você perdeu uma fazenda
maravilhosa; mas vamos supor que essa criatura que lhe comprou a fazenda voltasse agora e
lhe perguntasse: “Você quer trocar a fazenda por um olho seu?”
– Ah! Jerônimo, que bobagem é essa, isso é conversa que se fale?!
– Não, o olho não, o olho é muito precioso, então vamos supor... um braço.
– Ah! Mas isso é bobagem! Que conversa é essa?
– Então vamos dizer... uma perna.
– Ah! Mas isso não é conversa! Onde já se viu isso?
– Oh, meu amigo! Eu cheguei à conclusão que você não é pobre, você não é miserável.
Você é arquimilionário das bênçãos de Deus. Analise quantas pessoas vivem sem saber o
que vão comer hoje, sendo que ontem não se alimentaram. Existem tantos filhos de Deus
neste mundo precisando de braços sadios, de pernas sadias, de uma cabeça lúcida e inteligente
como a sua, de olhos que enxerguem, para socorrer os que precisam, você é uma pessoa que
tem tudo isso. Você falou que a sua família vivia desligada. Una a todos, no serviço ao
próximo. Você vai ser uma pessoa feliz.
O Jerônimo tanto conversou que o cidadão saiu, sorridente. De vez em
quando ele telefonava para o Jerônimo e dava notícias.
– Jerônimo, eu estou fazendo a campanha do quilo. Estou assistindo as favelas. Tenho
oito companheiros que trabalham comigo. O melhor, Jerônimo, é que minha esposa é uma
mulher que hoje eu tenho comigo, meus filhos trabalham e nós nos reunimos à noite para rir
e conversar, coisa que antes não ocorria. Muito obrigado, meu irmão, você salvou a minha
vida!
As palavras certas na hora certa. Um despertar para a vida até então presa
ao apego aos bens materiais, que são necessários, mas não o mais importante.
O despertar da consciência, desprendendo-se de si mesmo para ajudar ao
próximo que sofre, isso é crescer, amadurecer no processo evolutivo.
Nada melhor que o trabalho fraternal em benefício do semelhante; isso
acaba com a depressão, tão comum atualmente.

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QUASE MORTO

Estava ele no Centro Espírita da Prece, em Uberaba, feliz, porque gostava


muito do Chico Xavier, quando um médico da cidade, já conhecido, falou:
– Jerônimo, nossa, você não está bem!
– Aproximou-se dos amigos:
– Oh, gente! O Jerônimo pode desencarnar aqui.
– O que nós vamos fazer? (entreolharam-se preocupados).
– Levem-no para o Pronto Socorro agora. (Assim o fizeram. Retiraram o
Jerônimo da reunião que ele estava adorando, colocaram-no na Kombi e foram
para o hospital.)
Lá chegando, o médico o examinou, a pressão mínima era zero. Levaram-no
para uma sala e os amigos junto. A pressão era zero, ele não sentia nada, não
desencarnava... Ficaram horas lá, vendo os outros sofredores que chegavam,
pensando que podiam estar assistindo à reunião do Chico.
Pressão mínima zero, ele, bom. Não desencarnava. Aí o liberaram.
Foi uma noite de meditação para os companheiros que tinham a certeza de
que a intervenção espiritual dos planos superiores era responsável pela
continuidade da vida física do amigo. Uma demonstração do que é capaz de
fazer aquele que tem fé.
“Porque na verdade, vos digo que, se tiverdes fé conto um grão de mostarda, direis a este
monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada vos será impossível.” Jesus.
(Mateus XVII – 14-19).
Pelas suas atitudes, no trabalho incansável no bem, Jerônimo ultrapassou a
montanha de lugar, monte este que eram as suas próprias limitações físicas e
suas doenças, surpreendendo a classe médica, que não entendia que, apesar da
ciência, ele vivia.
Isso vale para todos nós. Não devemos esmorecer ante as dificuldades.
Dizia um grande homeopata americano, o Dr. James Tyler Kent: “O pensamento,
a vontade, a ação, eis o homem”.

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O FAMINTO

Havia um homem que, adoentado, pediu assistência a um grupo espírita,


que, sem analisar a situação, imediatamente definiu o quadro como uma
obsessão. Nem conversaram, já foram impondo as mãos, transmitindo-lhe o
passe. E ao fazê-lo conversavam com uma pretensa entidade obsessora,
dizendo:
– Meu irmão, vá embora, você já não é mais deste mundo!!
E o homem: “Não?!!”
Mas não davam oportunidade para ele falar. Ele dizia: “Eu estou com fome” e
já lhe respondiam: “Mas você não é mais deste mundo; desprenda-se dessas coisas... Não
precisa mais de comida. Espírito não come”.
Até que finalmente o homem conseguiu falar:
– Sou eu mesmo, não é espírito não. Eu estou desmaiando mas é de fome...
Essa história que o Jerônimo contava é ao mesmo tempo engraçada e
elucidativa. A influência dos espíritos é grande mas nem tudo é isso. Há que
saber discernir. Para o doente, o remédio. Não se pode achar que os passes
resolvem tudo, há até casos de epilepsia que poderiam estar melhores com o
tratamento médico e o passe, mas que estão apenas tomando a transfusão
energética do passe.
Há que ter bom-senso e instrução. Não é à toa que o “Espírito de Verdade”
no capítulo VI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, em “O Cristo
Consolador”, nos deixou a conhecida afirmação:
“... Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”.

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O “DESPASSE”

Ele contava uma história que fazia os amigos rirem bastante.


Um seu amigo passou por uma experiência engraçada. Era uma pessoa com
problemas, que estava tentando se reabilitar e precisava constantemente de
passes. Na época, em vez de procurar o Kardecismo foi a um centro de
Umbanda, dirigido por uma pessoa muito bondosa. Saindo de lá foi para a
casa do Jerônimo, entrando na sala meio tonto:
– Oh! Jerônimo, eu vim aqui para você me dar um “despasse”. Eu quero um “despasse”
porque o passe que eu recebi naquele centro, Jerônimo, eu não estou aguentando... Até chegar
a Kardec, eu vou lhe dizer... É difícil! Vou ter que perder todos os dedos. Foi o seguinte: eu
cheguei falando que não estava bem. O nosso irmão me pegou pela mão, Jerônimo, me
rodopiou, me rodou, pisou de botina no meu pé... E perguntava: “meu irmão, o que você está
sentindo agora?” Eu respondia: Mal, muito mal... E ele rodava mais. E então Jerônimo, de
lá para cá eu estou tonto, estou rodopiando. Eu quero que você me tire o passe que eles me
deram. Para chegar a Kardec eu cheguei à conclusão de que tenho que perder todos os dedos
do pé, todos...
Nós rimos ao escrever estas linhas, imaginando a cena. O Jerônimo
esclareceu carinhosamente o amigo.
Longe de nós nestas linhas desmerecermos qualquer religião. Bem diz
Emmanuel que a caridade não tem pontos de vista, não vê credos e nem
bandeiras.
Jesus, no passado, tratou tão carinhosamente a filha de Jairo, chefe da
Sinagoga de Cafarnaum, como conversou de modo elucidativo com a
samaritana no Poço de Jacó, como igualmente disse ao centurião romano
jamais ter visto tão grande fé em Israel.
Portanto, o Espiritismo respeita igualmente as outras religiões.
Se algum irmão umbandista ler esta página, não sinta nela nenhum
desrespeito, nós apenas a narramos pelo modo deveras interessante como o
amigo do Jerônimo entendeu o fato, tornando-o até cômico.

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OBSESSÃO

Um espírito que trazia o perispírito com forma de mulher o perseguia há


muitas encarnações. Ele tinha a vidência desse espírito e o descrevia. Ele
costumava aparecer-lhe de madrugada. A sua insônia era famosa, dormia cerca
de duas horas por dia e, de madrugada, descortinava-se-lhe a visão do espírito.
Uma vez, acompanhando o Jerônimo a uma palestra em São Paulo, Márcia
recebeu de uma jovem um quadro pintado. Era um espírito, uma moça que ela
viu ao lado do Jerônimo. A Márcia ficou estupefata ao ver o quadro. Era a
descrição que o Jerônimo dava do espírito obsessor, a cobradora de sua vida.
A moça que pintou achou que era uma mentora, mas a Márcia percebeu que
não. O Jerônimo sofreu muito com as investidas desse espírito, torturas físicas
e morais quando era assediado.
Com referência à obsessão, vamos encontrar subsídios em “O Livro dos
Médiuns”, no capítulo Da Obsessão, item 245:
Os motivos da obsessão variam segundo o caráter dos espíritos: algumas vezes é uma
vingança sobre um indivíduo do qual tem algo a se queixar durante esta vida ou em outra
existência; frequentemente também não há outra razão que o desejo de fazer o mal; como
sofre, quer fazer sofrer aos outros; encontra uma espécie de gozo em atormentá-los...
... Esses espíritos, por vezes, atuam com ódio e por inveja do bem; é por isso que laçam
suas vistas malfazejas sobre as mais honestas pessoas...
Na questão 469 de “O Livro dos Espíritos”, Kardec pergunta: Por que meio se
pode neutralizar a influência dos maus espíritos?
– Fazendo o bem e colocando toda a vossa confiança em Deus, repelis a influência dos
espíritos inferiores e destruís o império que desejam ter sobre vós. Guardai-vos de escutar
sugestões dos espíritos que suscitam em vós maus pensamentos, que insuflam a discórdia e
excitam em vós todas as más paixões. Desconfiai sobretudo dos que exaltam o vosso orgulho,
porque eles atacam na vossa fraqueza. Eis o que Jesus vos faz dizer na oração dominical:
“Senhor, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal!”
Soubemos depois que o espírito obsessor do Jerônimo, após muitos anos,
foi abrandando o ódio, ficando mais maleável às elucidações, pelo exemplo
que observava.

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PREMONIÇÃO

Uma senhora, conversando, contou-lhe os problemas com o marido. Era ele


o seu cálice de amarguras. Ela era uma senhora muito boa, prestativa e o
marido... este a maltratava muito. Ela era uma batalhadora no Espiritismo e o
marido não a compreendia. Sabendo que a esposa estava lá, na casa do
Jerônimo, telefonou, destratou a Márcia e o Jerônimo e foi buscar a esposa.
Quando saíram, o Jerônimo, com muita seriedade, disse:
– Márcia, infelizmente ele só vai aprender com a dor. Por incrível que pareça, a mulher
dele vai para o sanatório e pode até ter uma morte drástica, porque infelizmente só a dor vai
ajudá-lo a despertar, porque o amor é muito pouco.
Passaram-se os anos; a vida da pobre mulher agravou-se tanto pelo modo
como o marido a tratava que ela acabou indo mesmo para o sanatório e teve
morte trágica.
Quando o Jerônimo comentou sobre o fato, a Márcia pensou que fosse só
um alerta, mas ele estava antevendo o futuro provável se o homem não
mudasse de conduta.
Com referência a esse assunto, na questão 12 de “O Livro dos Médiuns”,
Kardec pergunta aos espíritos, no capítulo XXVI, em “Perguntas que se
podem dirigir aos Espíritos”:
“Não há homens dotados de uma faculdade especial que lhes faz entreverem o futuro?
Sim, aqueles cuja alma se desprende da matéria; então, é o espírito que vê; e quando isso é
útil, Deus lhes permite revelar certas coisas para o bem; mas há, ainda, mais impostores e
charlatões. Essa faculdade será mais comum no futuro”.

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DUELO

Um espírito de inteligência muito grande o assediava como que num duelo


mental tentando provar-lhe a inexistência de Deus. Isso durava semanas.
Quando tal ocorria, ele telefonava para a Márcia e ela lhe lia mensagens que
lhe falavam de Deus, da natureza...
Era uma conversação mental, um duelo de titãs: o espírito, querendo
provar-lhe o nada e o Jerônimo provando-lhe a existência de Deus e a
reencarnação.
Era uma tentativa de espíritos inteligentes, mas ignorantes do bem, tentando
anulá-lo; ele, que era uma estrela que brilhava em nome de Jesus, na
consolação das almas, demonstrando, cristãmente, a resignação ante os
sofrimentos. Era a teoria e a prática espíritas juntas.
Aqui poderíamos até observar o item 246 de “O Livro dos Médiuns”,
capítulo XXIII, Da Obsessão: “... Há espíritos obsessores que têm o orgulho do falso
saber; têm suas ideias, seus sistemas sobre as ciências, a economia social, a moral, a religião,
a filosofia, querem fazer prevalecer sua opinião...”

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VENCENDO BARREIRAS

Esta foi contada pelo Dr. José, de Cambé, Paraná.


Estávamos até juntos, por sinal, numa pequena caravana de amigos que
seguiu com Jerônimo para a última palestra em nossa região.
Jerônimo era tão vibrante e alegre que simplesmente nos esquecíamos de
seus defeitos físicos. Ele os superava.
Na despedida, o Dr. José Antônio aproximou-se e disse:
– Jerônimo, quando puder, “leia” alguns dos artigos que escrevemos para “O Imortal”,
nosso jornal espírita. Sua opinião é de grande valia para nós. Temos muito o que aprender.
Ele riu gostosamente e com bom humor respondeu:
– Você quer mesmo que eu “leia”?
Foi aí que o Dr. José Antônio se lembrou de que ele era cego.
Isso é uma lição. Há muitas pessoas que criam complexos de inferioridade
por um “sinalzinho” de nascença que às vezes ninguém nota. – É quando o
defeito preocupa demais a quem o tem, que ele é notado pelos demais.

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A MORTE

Uma senhora de cerca de 40 anos, vitimada por um câncer que a consumia


lentamente, soube de sua presença em Cambé e foi visitá-lo para conversar.
Ao entrar, sem ele ainda ter-lhe notado a presença, ela já foi dizendo
revoltada:
– Eu não quero morrer!
Discretamente o Dr. José Antônio explicou o caso ao Jerônimo, que passou
a atendê-la, falando da imortalidade da alma.
A senhora, inconsolável, reagiu dizendo:
– Eu não quero deixar este corpo físico! Eu não quero deixar esta vida!
Jerônimo, surpreso, interrogou-a:
– Se eu estou entendendo, você quer ser imortal no corpo físico?
A mulher respondeu que sim. O Jerônimo, com profunda inspiração, lhe
disse então:
– Se nesse momento eu pedisse a Deus que abolisse a morte, para podermos ser todos
imortais dentro do mesmo corpo físico, e se porventura por Sua misericórdia incomensurável
Ele me atendesse, eu estaria condenado pela eternidade à paralisia e à cegueira.
E chamando a senhora pelo nome, completou:
– Para mim, a morte será aquela doce enfermeira que, após ver-me por mais de 29 anos
nesta cama, um dia se aproximará e me dirá: Jerônimo, levante-se, é hora de trabalhar.
Todos choraram.
A morte como libertadora era até ansiada por ele que soube dignificar a vida
no trabalho enquanto aqui esteve. Desejava ser espírito livre do corpo
dolorido, da cegueira, da paralisia.
No mundo espiritual trabalharia sem o fardo que carregava.
Seria um retorno luminoso para quem suportando a sua provação ainda
assistisse os irmãos infelizes, mas enquanto aqui esteve era atuante, desejoso
de servir, missionário da resignação que lutou na vida, até que foi chamado
para o mundo espiritual.

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UNHA ENCRAVADA

Estava com as unhas encravadas. A sensibilidade dolorosa era muito grande.


Um médico amigo levou-o ao hospital e providenciou a extração de todas elas.
Foi um processo traumático. A dor era insuportável.
Ao voltar para casa pensava em descansar, mas a vida não lhe reservava isso
neste dia.
Um ônibus de outro Estado, com confrades, parou ali para visitá-lo.
Ficaram horas conversando. E ele com a dor das unhas arrancadas.
Quando se levantaram para seguir viagem, um dos componentes do grupo
se aproximou e pediu-lhe:
– Jerônimo, será que você poderia cantar algumas músicas para gravarmos? Assim
poderíamos levar a fita para os irmãos que não puderam vir.
Jerônimo ria ao contar esse fato.
“Quando o médico extraiu as minhas unhas, pensei que seria o pior sofrimento do
mundo. Quando chegou o ônibus lotado, pensei que nada pior poderia me acontecer, mas
quando me pediram para cantar...”
O Dr. José Antônio, a quem ele contava o fato, perguntou-lhe o que ele
respondeu ao pessoal.
“O que eu poderia dizer? Nada. Apenas cantei”. E ria...
Quem de nós cantaria com dor? E mais de uma vez isso lhe aconteceu.
A dor é uma bênção que Deus envia aos seus eleitos, diz “Um Espírito
Amigo”, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Uma virtude que se
alcança permanece para sempre, não se perde. Ele aprendeu com a
companheira dor a paciência.

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AME

Uma jovem, chegando perto de sua cama, reclamava que não tinha afinidade
com a sogra.
Perguntou-lhe o que fazer para encarar a sogra com mais carinho.
– Minha filha, quem ama o açúcar tem que amar a cana.
Aí fica uma lição. É melhor amar que ser amado, compreender que ser
compreendido, pois quem doa é quem mais recebe.
Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado, dizia Jesus.

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EM BRASÍLIA

Ao voltar de um programa, há alguns anos, com o auxílio de amigos,


Jerônimo é conduzido para uma suíte que lhe era reservada com especial
atenção no Lar dos Velhinhos Maria de Madalena, quando cruza com um
velhinho, que surpreso exclama:
– Ué... Já estão enterrando defunto com óculos?
Quanta humildade tinha que ter o Jerônimo para aguentar exclamações
como esta e manter o bom humor.

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LIÇÃO DE PACIÊNCIA

Certa noite uma perereca pulou em seu travesseiro e começou a esfriar a sua
orelha.
Sem poder movimentar-se, clamou socorro à sua mãe.
– Mãe, venha aqui, por favor, tem uma perereca no meu travesseiro.
Sua genitora, prestativa, mas com medo, pegou uma fronha e deu mais de
vinte fronhadas, tentando afugentar a perereca.
Jerônimo, sufocado entre as fronhadas, inutilmente a avisa que a perereca já
tinha ido.
Depois que apanhou bastante, sua mãe acende a luz para certificar-se que a
perereca tinha mesmo ido embora e, surpresa, exclama:
– Meu filho, mas você está tão corado!...
“Também, pensa ele, depois de vinte fronhadas, quem pode ficar pálido?!” E se educa:
“Se eu tivesse mais paciência com a perereca não tinha apanhado tanto”.
É uma história engraçada, mas mostra os dissabores que ele sofria com
resignação.

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MUDAR-SE

Muitas vezes ele foi tentado a mudar-se de Ituiutaba. As pessoas lhe


ofereciam uma espécie de paraíso, lá fora. Numa das vezes ele ficou mesmo
tentado, pensou em se despedir.
Passando em Uberaba, Bezerra de Menezes, pela psicografia de Chico
Xavier, escreveu-lhe uma carta dizendo-lhe que, no mundo espiritual, antes de
reencarnar, ele havia feito um compromisso com Ituiutaba, que ele não deveria
deixá-la, pois ali estavam seus amigos e inimigos de outras vidas. Ali estava
para ele uma grande tarefa e nem mesmo a desencarnação o
descompromissaria dessa tarefa. Ele era um espírito vinculado aos que estavam
na psicosfera da cidade e também reencarnados lá.
O trabalho lá cresceu. Surgiu o Lar Espírita Pouso do Amanhecer, tempos
depois, e, realmente, como espírito, ele continua ajudando os companheiros
que ficaram na continuação dos trabalhos.
A carta de Bezerra infelizmente foi perdida, mas permaneceu na memória
dos amigos, particularmente a Márcia, hoje presidente do Lar Espírita Pouso
do Amanhecer, que nos contou esse fato.

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REFLEXÃO

Em Brasília, numa entrevista para a televisão houve permissão para


perguntas dos telespectadores. Uma senhora perguntou-lhe:
– Jerônimo, acho você um exemplo para todos nós. Sei que é muito culto e que poderia
fazer perguntas difíceis, mas quero apenas perguntar o que é a felicidade para você.
Ele meditou breves segundos e respondeu alegre:
– Para mim, senhora, que estou nesta cama há 25 anos, seria por um minuto apenas
deitar-me de bruços.
Isso é para refletir. Há muitos que são felizes e não percebem. Fazem da
vida lamentações.

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O CASAMENTO

Júlio César França estava junto a Jerônimo, que dava uma entrevista. Em
determinado momento o radialista perguntou-lhe sobre sua família.
– Somos dez irmãos, todos casados.
– Você é casado?!
– Claro, casei-me com a Doutrina Espírita no civil e com a dor no religioso.
(Risos...)

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A PALAVRA

Maria José Nascimento estava com ele quando o telefone tocou. Era para
ele. Do outro lado, uma amiga comum, companheira espírita, indignada, com
raiva devido a uma falta que ocorrera contra ela, por outra pessoa. Falava com
muita indignação, quando Jerônimo em resposta lhe fez esta trova:
– Da chispa o incêndio lavra,
Devorando o matagal.
Cuidado com a má palavra
Que é combustível do mal.
Já antes ouvíramos de um grande amigo que o espírita deve ser o ponto
terminal da fofoca.
A palavra repercute com grande intensidade sobre quem ouve e grande é a
responsabilidade de quem a emite. Poderá edificar ou destruir.
É melhor ser instrumento da paz do que da discórdia.

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BOM HUMOR

Jerônimo dizia que Chico Xavier tem os “lindos casos” e ele os engraçados.
Dizia que não havia comparação: uma flor e um sapo.
Em uma das viagens a São Paulo, após sua palestra, atendendo à fila de
amigos, como sempre o fazia, aproximou-se chorando uma jovem, que lhe
pedia palavras de conforto e esperança.
Esta jovem comentou com Jerônimo:
– Durante sua palestra tive uma visão interessante; vi atrás de você um calhambeque,
desses bem antigos; queria que você me explicasse o significado disto.
Com seu bom humor e inteligência notável, ele disse:
– Minha filha, isto significa que nós, mesmo na condição de um calhambeque,
devemos trabalhar muito, até virar um santana.
A jovem, que estava triste, deu uma boa risada esquecendo até mesmo seus
problemas, levando consigo aquele bom humor e uma boa lição.
Aprendamos com Jerônimo – o trabalho nunca deve ficar para depois das
dificuldades; deve-se trabalhar mesmo perante os problemas e obstáculos que
enfrentamos em nossa jornada.
O espírito Jair Presente ensina que quem não trabalha dá trabalho.
Jerônimo, com todas as dificuldades e limitações, teria toda a desculpa para
ficar em casa, mas como dizia ele: trabalhar mesmo na condição de um
calhambeque.

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A RESPOSTA

Certa tarde, D. Terezinha lia para ele, quando o telefone tocou. Era uma voz
de homem chamando o Jerônimo. Ao término da conversa ele sugeriu:
– Diga o número de uma mensagem. A Dona Terezinha vai ler para você.
– Quero a número 8.
Dona Terezinha abriu o livro na mensagem oito. O título: A Resposta. Era
o livro “Amizade”, de Meimei, psicografado por Chico Xavier. Em síntese, a
súplica de uma mãe, lamentando-se com o Criador, pedindo uma resposta do
porquê ela tinha que aguentar o filho, difícil e boêmio. Ela termina
perguntando: “Meu Deus, quem pôs este filho nos meus braços?” Aí vem a
resposta de Deus: “Minha filha, fui eu.”
Desligado o telefone, após lida a página, o Jerônimo comentou:
– “Mestra”, estou estarrecido! Todo o tempo que conversamos, ele só sabia dizer: “Quero
uma resposta, responda Jerônimo! Por que sou obrigado a tolerar esse filho problema,
judiando de mim, da mãe, extorquindo dinheiro e nos atormentando! Quero uma resposta!
Responda Jerônimo! Dê-me a resposta!” Aí eu lhe disse que escolhesse uma mensagem e deu
tudo em cima, o título, a mensagem, tudo!
Estavam os dois conversando quando o dito cidadão entrou:
– Isto não pode! Eu quero ver! Vocês estão fazendo mutreta comigo!
Dona Terezinha mostrou-lhe o livro. Ele leu, cabisbaixo, pensativo, e
perguntou:
– Então não há nada que eu possa fazer?
Ao que Jerônimo respondeu:
– Há, meu filho: ame-o um tanto mais. Dê-lhe ternura, compreensão. Confie em Deus.
Emmanuel nos diz: “Em tudo o que acontece, Deus está fazendo por nós o
melhor”. Vamos confiar. A Misericórdia Divina nunca nos desampara.
Dona Terezinha saiu, deixando-os a conversar. O filho que foi causa de
tantos sofrimentos, hoje está bem, não oferece mais problemas. O tempo
passa e, com paciência, muitas situações penosas também passam. Às vezes
fica apenas uma lembrança distante de uma época que serviu de lição, nas lides
evolutivas.

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ATITUDES DIVERSAS

Estava o jovem Júlio César França lendo algumas páginas psicografadas por
Chico Xavier, quando o telefone os interrompeu:
– Ah! Jerônimo! “Tem”piedade de mim; meu filho foi reprovado no vestibular. Isto é o
fim! Vou dar cabo de minha vida! Eu estou desesperada! Ai, Meu Deus!...
Após a orientação de Jerônimo, reiniciada a leitura, novamente o telefone
toca. Era outra pessoa:
– Jerônimo, acabo de chegar de São Paulo e infelizmente o câncer se generalizou, mas
Deus tem sido tão bom para mim! Sempre tive uma vida tão boa, que hoje só posso
manifestar gratidão. Olha, se você precisar de mim para as suas caridades, estou aqui!
Jerônimo deu-lhe atenção confortadora. Depois comentou:
– Sabe, Julinho, cada um resiste à dor como pode. Um, com a unha encravada, pensa em
suicídio, outro, com câncer terminal na cabeça, abençoa a vida!...
Assim é realmente. Cada pessoa no seu degrau evolutivo, com a sua
capacidade frente aos imperativos da jornada. Para um o que é tristeza para
outro pode ser alegria. Depende do ponto de vista, do momento, do
entendimento.

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A GENTILEZA

Dona Terezinha, “a Mestra”, estava no Lar Espírita Pouso do Amanhecer


no dia 22/11/88, preparando o almoço beneficente que seria servido no dia
seguinte, quando Dalva, uma companheira de trabalho, lhe disse:
– O Jerônimo acabou de ligar dizendo que seu “Parnaso de Além-Túmulo” está viajando
no bolso do Roberto Leal.
– O quê?!...
Correu ao telefone:
– Você fez isso, Jerônimo?! Por quê?
– Declamei para ele “Quadras de Um Poeta Morto”, de Antônio Nobre, e ele me disse
(aí ele imita o sotaque português de Roberto Leal): “Que bileza rapaz! Onde poderei
encontrar poemas assim tão belos?”. Assim, Mestra, eu o esclareci: Isto não é problema, está
aí na minha estante, chama-se “Parnaso de Além-Túmulo”. O Hélio Pacheco estava aqui.
Eram 4 horas da manhã. Ele apanhou o livro e entregou-o. O Roberto abriu o livro e disse:
“Mas meu jovem, aqui está escrito o nome de uma “Pissoa” – Maria Terezinha V.
Carvalho”. Então eu disse com tranquilidade: Não se incomode, ela tem a mania de escrever
o nome em todos os meus livros. Pode ficar com ele, é seu. Ele ficou muito feliz: “Ah! Pois
muito bem, muito obrigado, “Jirónimo”. “É isto aí Mestra, seu livro foi-se, já era”.
Uma gostosa gargalhada. Dona Terezinha se finge de zangada:
– Você não tem jeito, vive dando os seus livros; eu não gosto, mas aceito, são seus. Mas os
meus?!!...
– Não fique triste, vou compensá-la.
E declamou:
– Nesta singela trovinha
Em cujo amor me abraso
Foi-se o livro da Terezinha
O seu querido “Parnaso”.
Jerônimo era assim, gostava de presentear as pessoas, principalmente com
livros espíritas.
Costumava brincar com Dona Terezinha que não podia organizar a própria
estante porque teria que desorganizar a dela, que só linha livros dele.

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O FIO

Em 1988, em Araraquara, Jerônimo relatou o seguinte fato:


Há poucos meses havia passado por rigorosa consulta médica em
Campinas, São Paulo. Os médicos que o consultaram disseram que a vida dele
“estava por um fio”.
E os meses se passaram. Estando em Uberaba, com Chico Xavier, este
perguntou-lhe sobre sua saúde, ao que Jerônimo informou-lhe sobre o
resultado da consulta referida: “Que sua vida estava por um fio”. Chico Xavier
ouviu atenciosamente e disse-lhe:
– Jerônimo, mesmo assim continue com o seu trabalho de amor e exemplo dignificante.
Sempre que puder exemplifique e divulgue os ensinamentos de Jesus à luz do Espiritismo. Só
Deus sabe a resistência desse fio. Nós não sabemos se o fio é de algodão, de nylon ou de aço.”
O fio durou mais de um ano.

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O REMÉDIO

Há muitos que clamam em vão por socorro direto dos espíritos. Sem
merecimento, este não vem tão evidente. Há outros que o recebem
diretamente, sem pedir.
Estávamos em Ituiutaba, meses antes da desencarnação do amigo. Este
estava com terríveis dores no peito.
Trinta quilos de peso sobre o peito, massagens, Isordil, passes várias vezes
ao dia, sem resultado eficaz. Chegava a suar frio de dor, mas não esmorecia.
Nessa época, no período da tarde, no Centro Espírita Antusa Martins, havia
um trabalho de evangelização e passe, seguido da psicografia de Antônio
Baduy Filho, diariamente, às 14 horas. Sempre repleto. Jerônimo, com dor e
tudo, quando havia quem lhe carregasse a cama, não deixava de ir. O Centro
Antusa Martins fica na mesma rua e quarteirão de sua casa.
Naquela tarde de dores silenciosas em que não havia socorro eficaz, fomos
juntos ao “Antusa Martins”. Ele nada pediu ali. Ao terminar o trabalho,
“Toninho” Baduy se aproximou e comentou:
– Jerônimo, meu filho, Bezerra de Menezes se aproximou e me disse o nome de um
remédio homeopático para você.
Anotamos o nome – eram três medicamentos juntos. No mesmo dia a
receita foi aviada. Algumas horas mais tarde quisemos saber se o espírito havia
“acertado”. Que presunção a nossa! Jerônimo comentou que estava bem
melhor, as dores haviam diminuído.
Merecimento, sem dúvida. O socorro veio por um espírito de alta estirpe,
Bezerra, que sempre socorria Jerônimo, um missionário da resignação.

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ÚLTIMA INSTRUÇÃO

Na véspera da última viagem, que faria ao sul do país, enquanto aguardavam


o início do culto do Evangelho no Lar, que ele fazia diariamente às dezenove
horas, ele deu o seguinte aviso ao grupo que ali se encontrava:
– Prestem atenção. Todas as vezes que eu emito um parecer, uma opinião, é sempre, pura
e simplesmente baseado em Kardec. E outra coisa: sempre que vocês estiverem em dúvida
quanto à atitude que devam tomar, pensem: “Como agiria Jesus se estivesse em meu lugar?”

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CONCLUSÃO

Neste hospital-escola em que estagiamos, a Terra, todos temos o nosso


quinhão de experiências educativas a passar, em provas físicas ou morais.
A resignação ante a dor é uma virtude que poucos já conquistaram, haja
vista as reclamações sistemáticas que observamos no dia a dia.
Jerônimo, cuja companhia de quase todos os dias de sua vida foi a dor, foi
também um grande modelo de resignação. Aprendeu a sofrer com paciência
que, como ele mesmo dizia, era a ciência da paz.
Não podemos avaliar a intensidade das dores físicas e morais que ele
suportou. Somente ele, seu mentor, os amigos espirituais e Jesus podem avaliar
o seu testemunho sacrificial.
Não sabemos se reencarnou como espírita calceta do passado tendo na dor
a oportunidade de resgate, como ele humildemente colocava, ou se como
missionário do Cristo na exemplificação da resignação ante o sofrimento.
Com certeza o que podemos dizer é que foi um espírito de extraordinária
coragem, para aceitar uma prova tão rude e demonstrar às criaturas que somos
nós, que Deus verdadeiramente não coloca um fardo pesado sobre um ombro
frágil e que cada um de nós, dentro da sua necessidade evolutiva, pode
caminhar por entre pedras e espinhos, mas com capacidade de removê-los e
avançar na marcha se assim o desejarmos.
Jerônimo tornou-se então um missionário da resignação, e que nós, tendo
lido estas páginas, possamos aprender um pouco, seguindo Jesus, seguindo
Kardec e fechar os lábios às reclamações para abri-los a serviço do bem e da
verdade.
Sorrir e cantar com o sofrimento é uma grande lição.
Até hoje, quatro anos após sua desencarnação, o telefone de sua casa toca.
É alguém pedindo socorro, às vezes até do exterior, que ainda não sabe que ele
já desencarnou.
Jane Martins Vilela – Cambé, 28/06/93.

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FOTOGRAFIAS

Algumas imagens da vida de Jerônimo Mendonça

Jerônimo Mendonça Ribeiro ainda jovem

Jerônimo Mendonça com um saco de areia (30kg) para aliviar a dor no peito. Foto: gentileza de Roldão Tavares
Castro, Belém, PA

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Roldão Tavares Castro, de Belém do Pará, em visita
a Jerônimo. No alto, à esquerda, pôster do
Prof. J. Herculano Pires

Jerônimo Mendonça Ribeiro entre amigos

Jerônimo Mendonça Ribeiro entre amigos

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Da esquerda para a direita: Eurídece Mendonça Ribeiro (irmã de Jerônimo), Daisy Leslie Gomes, Denizard Rivail
Gomes e Carlos Steagall Pirtoucheg, em companhia de Jerônimo Mendonça Ribeiro

Jerônimo Mendonça Ribeiro no Centro Espírita


Amantes da Pobreza (hoje O Clarim). Matão, 16 de maio de 1987

Outro aspecto de Jerônimo Mendonça em Matão no dia 16 de maio de 1987

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Jerônimo Mendonça em Matão, SP

Jerônimo durante entrevista na TV Morada do Sol (Rede Manchete, na época), acompanhado de Maria Luiza Freire
(Lu). Araraquara, SP

Jerônimo concedendo entrevista no Centro Espírita


Amantes da Pobreza (hoje O Clarim). Matão, 16 de maio de 1987

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Entidade fundada por Jerônimo Mendonça Ribeiro em Ituiutaba, MG

Gráfica fundada por Jerônimo Mendonça em Ituiutaba, MG

Entrada principal do Lar Espírita Pouso do Amanhecer com as crianças amparadas pela entidade. Ituiutaba, MG,
outubro de 1994

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À esquerda, Eurídece Mendonça Ribeiro e D. Antonia Mendonça Ribeiro (desencarnada em 13-07-94),
respectivamente irmã e mãe de Jerônimo. Foto obtida em 03-03-90, residência da família de Jerônimo

Visita de amigos à residência de Jerônimo Mendonça Ribeiro. Da esquerda para a direita: Eduardo de Freitas Franco
Neto, Maria José Nascimento Rosa, Maria Gertrudes Coelho Maluf, Antonia Mendonça Ribeiro (mãe de Jerônimo),
Rafael Massoca e Eurídece Mendonça Ribeiro (irmã de Jerônimo). Visita efetuada em 03-03-90, aproximadamente 4
meses após o desencarne de Jerônimo (26-11-89). Vê-se ainda, no alto, à esquerda, pôster de Jerônimo com
Roberto Carlos, no “Canecão”

Vista externa da residência da família de Jerônimo Mendonça. São as mesmas pessoas mencionadas na foto anterior

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