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Dossiê #1

na mesa final
(por @luischiavo)

Fala comunidade!

A partir de agora, toda semana teremos uma hand analisada aqui


com insights rápidos e spots criativos pra vocês usarem de Warm-up!

Bora pra primeira?

Essa é uma hand que fiquei em dúvida no meu grind. Aconteceu em


uma mesa final de um torneio Freezeout com buy-in de $20.

Dossiê #1 - Open raise na mesa 2


Qual seria a sua ação nesse spot?
A dúvida aqui era entre duas ações: o Raise/fold (R/F) ou o shove
reto. Qual dessas opções teria um EV maior?

Em um primeiro momento, pensei que a teoria shovaria essa mão por


não ser forte o suficiente pra jogar de Raise/call (R/C) e nem fraca o
suficiente pra dar R/F. Por isso, levei a mão pro Hold’em Resources:

Lembrando: Risk Premium (RP) representa a equidade extra


necessária para compensar os saltos de premiação (ICM).

Percebemos que nessa situação temos um RP (Risk Premium) de


aproximadamente 10%, 9% e 11% contra o BTN, SB e BB,
respectivamente (conforme indicado na tabela acima), enquanto eles
tem, aproximadamente, 6%, 7% e 5% contra nós.

Isso faz com que eles tenham certa vantagem/facilidade de reação


contra nós, o que causa alguns impactos no nosso range - entre
eles, shovar algumas mãos que antes seriam raise/call.

Dossiê #1 - Open raise na mesa 3


Por fim, a resposta foi:
A dúvida aqui era entre duas ações: o Raise/fold (R/F) ou o shove
reto. Qual dessas opções teria um EV maior?

Em um primeiro momento, pensei que a teoria shovaria essa mão por


não ser forte o suficiente pra jogar de Raise/call (R/C) e nem fraca o
suficiente pra dar R/F. Por isso, levei a mão pro Hold’em Resources:

legenda: ( RAISE 2x / ALL-IN)

Vemos que A9o tem 100% de raise/fold na teoria - e se a teoria


prefere assim, é bem provável que em qualquer nodelock que
fizermos, o raise/fold tenha um EV maior que o shove.

Isso rola porque, em geral, o field deve ter frequências de resteal


mais tight do que a teoria, e também pagar nosso shove mais
loose do que deveriam algumas vezes.

Segue como o BB deveria se comportar vs um open raise nosso


do CO:

Dossiê
Dossiê #1
#1 -- Open
Open raise
raise na
na mesa
mesa 4
4
legenda: ( CALL / ALL-IN)

A tendência, na prática, é que o range de resteal não seja construído


dessa forma - sendo normalmente construído de forma mais
linear -, e não seja tão amplo.

Segue também o range de call do BB vs shove do CO, de acordo


com a teoria:

legenda: ( CALL)

Na prática, versus alguns perfis de jogadores, podemos esperar mais


calls do chip leader no BB com mãos como KQs, KJs, QJs, 55, A9o...

Adicionando esses nodelocks na estratégia, temos uma resposta


final do nosso range vs vilões com esse perfil:

Dossiê #1 - Open raise na mesa 5


legenda: (Nodelock) legenda: (GTO)

Vemos que, em geral, a estratégia se manteve, mas teve um leve


aumento nas frequências.

Pra sermos ainda mais exatos, devemos nodelockar também os


ranges do BU e SB, alterando suas frequências de flat, 3bet e call
em all-in. Mas isso vai ficar de tarefa de casa pra vocês :).

Se quiser se aprofundar no assunto de hoje, temos aulas


relacionadas na Comunidade:

Estudos de ICM em mesa final


Hotspots em Mesa Final - com Acepheres e Thaleesx
Como o conceito de ICM influencia o jogo na prática

GG e até semana que vem!


@luischiavo

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GLOSSÁRIO

Ação: refere-se às tomadas de decisão em qualquer momento do poker. Diz-


-se que o jogador “está com a ação” quando é sua vez de jogar.
Exemplo: quando a ação chegou em mim, eu tinha a opção de foldar, dar call,
dar raise ou ir all in.

Agressor: refere-se ao jogador que fez o último aumento no pré-flop.


Exemplo: Você abre do BTN e toma call do BB - você é o agressor. Mas se você
abre do CO e o BTN te 3-beta e você dá só call, por exemplo, o agressor é o
BTN.

Árvore: sequência de jogadas e soluções obtidas através dos softwares de


estudo.

BB: abreviação de “big blind”. É a posição do jogador logo à esquerda do small


blind. Quem estiver nesta posição deve fazer uma aposta obrigatória, o “blind”,
antes mesmo de todas as cartas serem distribuídas.
Este termo também serve para contabilizar as fichas de acordo com o valor do
big blind.
Exemplo: No começo do torneio, se você começar com 5000 fichas e o big
blind custar 100 fichas, você terá: 5000/100 = 50 big blinds, ou “50 bbs”.

Bubble Factor: termo em inglês para “fator bolha”. É a diferença entre as fi-
chas que você ganha para o dinheiro que garante após ganhar essas fichas.
Em outras palavras, considera se vale a pena o risco de ganhar mais fichas
comparado aos saltos de premiação no torneio.

Buy-in: termo em inglês que denota a ideia de “pagar para entrar”. No poker,
refere-se ao valor da inscrição nas partidas.

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Chip leader ou CL: termo em inglês para “líder em fichas”: jogador com o
maior stack de fichas. Pode ser o CL do torneio inteiro ou de uma mesa espe-
cífica.

EV: Sigla para Expected Value, do inglês “valor esperado”. Representa o quanto
cada mão espera lucrar, podendo ser o valor em fichas ou dinheiro.

Field: termo em inglês para “campo”. No poker, refere-se à população que cos-
tuma jogar determinado limite de buy-in ou determinado torneio.
Exemplo: o field do low stakes está ficando muito competitivo mas ainda não
domina o jogo na FT.

Freezeout: palavra em inglês para “congelamento”. Torneios com registro úni-


co, sem reentrada ou rebuy. Em torneios neste formato, os jogadores costu-
mam jogar com mãos mais fortes pois querem correr menos riscos de cair do
torneio.

FT ou Final table: termo em inglês para “mesa final”. É quando restam apenas
nove jogadores, em torneios com a mesa cheia. Pode variar conforme a estru-
tura do torneio. Em torneios 6Max, a mesa final contém 6 jogadores.

GTO: sigla em inglês, Game Theory Optimal ou “Teoria do jogo otimizado”. A


teoria do Jogo otimizado estuda como o jogo pode ser jogado de forma equili-
brada onde nenhum oponente consegue ter vantagem técnica sobre o outro e
jogam de uma maneira inexplorável.

Holdem Resources ou HRC: Software de estudo que analisa ranges pré e pós-
-flop no GTO ou com adaptações dos adversários.

Dossiê #1 - Open raise na mesa 8


ICM: sigla em inglês para Independent Chip Model ou “Modelo Independente
de Fichas”. Método matemático que contabiliza o valor das fichas de acordo
com os saltos de premiação apresentados nos torneios.

Linear: Indica uma linha ou traço contínuo. Usado para descrever ranges ou
jogadas com pouca variação: começa pelas mãos mais fortes e vai aumentan-
do o leque mão a mão.

Lockar: variação abrasileirada de “to lock” ou “trancar”. Nos softwares de estu-


do, alterar os ranges de acordo com a tendência de jogo dos oponentes en-
frentados. Também conhecido como nodelockar.

Loose: palavra em inglês para “solto”. Jogador que joga com muito mais mãos
do que o convencional.
Exemplo: “aquele jogador apresentou Q8o do UTG, não sabia que ele era tão
loose”.

Nodelock: É quando alteramos a estratégia GTO nos softwares de estudo,


adaptando de acordo com o perfil do oponente para obter uma contra-estra-
tégia efetiva. Ou seja: nodelock = GTO + adaptação do range do oponente.
Exemplo: “eu rodei um nodelock contra um oponente passivo e vi que eu deve-
ria ser mais agressivo que o normal”.

Open raise: Iniciar a ação pré-flop com um aumento de aposta no valor de, no
mínimo, 2 vezes o valor do big blind.
Atenção: quando um jogador apenas paga o valor do big blind, o próximo au-
mento será chamado de Iso ou punição de limper.

Open shove / Push / Jam: Iniciar a ação pré-flop apostando todas as fichas,
indo all-in.

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Raise: palavra em inglês para “levantar”. Aumentar o valor de uma aposta.

Raise/call: Aumentar o valor de uma aposta com a intenção de pagar qualquer


aumento extra por parte do vilão.

Raise/fold: Aumentar o valor de uma aposta com a intenção de foldar para


qualquer aumento extra por parte do vilão.

Range linear: Um leque de mãos composto pelo topo do range, as cartas mais
altas e melhores pares.

Risk premium (RP): termo em inglês para “prêmio de risco”. É a quantidade


de equidade extra que um leque de mãos precisa para ser lucrativo jogar com
ele em cenários com saltos de premiação envolvidos, principalmente na mesa
final.

Shove: palavra em inglês para “empurrão”. Ato de empurrar todas as fichas


para o centro da mesa. Também conhecido como all-in ou push.

Solver: palavra em inglês para “solucionador”. São chamados os softwares de


estudo que solucionam jogadas em diferentes cenários.

Teoria: vem do GTO - Game Theory Optimal ou Teoria do Jogo Otimizado.


Estuda o jogo de uma forma equilibrada onde nenhum oponente tem vantagem
técnica sobre o outro e jogam de uma maneira inexplorável. Os resultados de
soluções em solvers, sem nodelockes, podem ser considerados a teoria.

Tight: palavra em inglês para “apertado”. Indica um perfil de jogador que joga
com um leque de mãos composto pelo topo do baralho no pré-flop e contínua
no pós-flop apenas com combos de muito valor.
Exemplo: “aquele jogador é muito tight, só aposta quando tem mão mais forte
que top pair”.
Dossiê #1 - Open raise na mesa 10
Dossiê #1 - Open raise na mesa 11

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