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Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação – RESAFE

A IDEIA AFROCÊNTRICA EM EDUCAÇÃO*


Molefi Kete Asante**

Introdução* ** americanas o fardo de ensiná-los a serem


Muitos dos princípios que orientam responsáveis pela longa tradição e história
o desenvolvimento da ideia afrocêntrica em da África tanto quanto a dos Estados Uni-
educação foram primeiramente estabeleci- dos. O alerta de Woodson reconhecendo,
dos por Carter G. Woodson na obra The há mais de 50 anos, que algo está demasia-
Mis-education of the Negro (1933). De fato, damente errado com o modo que os afro-
este clássico de Woodson revela problemas americanos são educados forneceu o ímpeto
fundamentais relacionados às pessoas afri- principal para a abordagem afrocêntrica da
canas na América. Como Woodson susten- educação americana.
ta, afro-americanos têm sido educados para Neste artigo examinarei a natureza e
ser alienados em relação às suas próprias o escopo desta abordagem, estabelecerei
culturas e tradições e presos às margens da sua necessidade e sugerirei caminhos para
cultura europeia; assim, deslocados de si desenvolvê-la e disseminá-la por todos os
mesmos, Woodson afirma que os afro- níveis da educação. Duas proposições que
americanos frequentemente valorizam a estão no centro dos problemas teóricos e
cultura europeia em detrimento de sua pró- filosóficos serão apresentadas. Estas ideias
pria herança (p. 7). Embora Woodson não representam o cerne dos pressupostos sob
defenda a rejeição da cidadania ou naciona- os quais tenho baseado a maioria dos meus
lidade americana, ele acreditava que se os trabalhos na área da educação, e eles suge-
afro-americanos assumissem a mesma posi- rem a direção de meu pensamento sobre o
ção que os euro-americanos em relação às que a educação é capaz de fazer por aqueles
realidades dos Estados Unidos isto levaria à já marginalizados política e economicamen-
sua morte psicológica e cultural. Ademais, te – afro-americanos:
se educação deve ser sempre substantiva e 1) Educação é fundamentalmente um fe-
significativa, no contexto da sociedade ame- nômeno social cujo propósito e socializar o
ricana Woodson sustenta que primeiro ela aprendiz; enviar uma criança para escola é
deve tratar das experiências históricas afri- prepará-la para tomar parte de um grupo
canas, no continente e na América (p. 7). social.
Isto porque ele coloca na educação, e parti- 2) Escolas são reflexos da sociedade que
cularmente nas tradicionais faculdades afro- as desenvolve (isto é, uma sociedade domi-
nada pelo supremacismo branco desenvol-
*
Artigo publicado em 1991 no Jornal of Negro Educa- verá um sistema educacional baseado na
tion. Tradução realizada por Ricardo Matheus Bene-
dicto Professor do Instituto de Humanidades e Le-
supremacia branca).
tras – Malês da Unilab, Coordenador do Curso de
Pedagogia e Coordenador do Grupo de Pesquisa em Definições
Educação Afrocentrada. E-mail: ricar-
domb@unilab.edu.br. Uma estrutura alternativa sugere que
**
Professor e Coordenador do Departamento de outras definições e pressupostos podem
Africologia e Estudos Afro-americanos da Universi-
oferecer um novo paradigma para o exame
dade de Temple. E-mail: masante@temple.edu.

ASANTE, Molefi Kete. A ideia afrocêntrica em educação. Revista Sul-Americana de Filosofia e


Educação. Número 31: mai.-out./2019, p. 136-148. DOI: https://doi.org/10.26512/resafe.vi30.28261
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da educação na sociedade americana. Por rente de uma educação eurocêntrica, racista
exemplo, na educação, centricidade1 refere- (isto é, supremacista branca).
se a perspectiva que envolve localizar os Afrocentricidade3 é uma estrutura de
estudantes no contexto de suas próprias referência na qual os fenômenos são vistos
referências culturais para que eles possam da perspectiva da pessoa africana. A abor-
relacionar-se social e psicologicamente com dagem afrocêntrica busca em toda situação
outras perspectivas culturais. Centricidade é a centralidade apropriada dos africanos
um conceito que pode ser aplicado a qual- (ASANTE, 1987). Na educação isto significa
quer cultura. O paradigma centrista é sus- que os professores oferecem aos alunos a
tentado pela pesquisa mostrando que o mé- oportunidade de estudar o mundo e seus
todo mais produtivo de ensinar qualquer povos, conceitos e história do ponto de vista
aluno e colocar seu (sua) grupo no centro da visão de mundo africana. Em muitas sa-
do contexto do conhecimento (ASANTE, las de aula, qualquer que seja o objeto, os
1990). Para os alunos brancos nos Estados brancos estão localizados na perspectiva
Unidos isto é fácil porque a maioria das ex- central. Quão estrangeira a criança afro-
periências discutidas são tratadas do ponto americana deve se sentir? Deve sentir-se
de vista da perspectiva e história branca. A como uma intrusa! A pequena criança afro-
educação americana, porém, não é cêntrica; americana que sentada na sala de aula é
é eurocêntrica. Consequentemente, estu- ensinada a aceitar como heróis e heroínas
dantes não-brancos são levados a verem a si indivíduos que difamam os povos africanos
mesmos e seus grupos como “passivos”2. é ativamente des-centrada, deslocada e
Raramente eles leem ou ouvem sobre pes- transformada em uma não pessoa, alguém
soas não-brancas como participantes ativas cujo objetivo na vida pode ser um dia tirar
na história. Isto é tão verdadeiro para a dis- aquele “crachá de inferioridade” da sua ne-
cussão da Revolução Americana quanto pa- gritude. Na configuração educacional
ra a discussão sobre O Inferno de Dante; por afrocêntrica, porém, professores não margi-
exemplo, muitos debates em sala de aula nalizam as crianças afro-americanas criando
sobre o comércio de escravos europeu con- nelas problemas de autoestima porque a
centram-se nas atividades dos brancos mais história do seu povo raramente é contada.
do que na resistência e esforços dos africa- Para verem a si mesmos como sujeitos e não
nos. Uma pessoa educada verdadeiramente como objetos da educação – seja a área de
de modo cêntrico verá a contribuição de estudo de biologia, medicina, literatura ou
todos os grupos como significativas e valo- estudos sociais – os alunos afro-americanos
rosas. Mesmo uma pessoa branca educada verão a si mesmos não apenas como aqueles
neste sistema não assumirá superioridade que buscam conhecimentos, mas como par-
baseada em noções racistas. Assim, uma ticipantes integrais na construção dele.
educação verdadeiramente cêntrica é dife- Como o conteúdo de todas as áreas são
adaptáveis à abordagem afrocêntrica, os
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Os itálicos são do original.
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A expressão utilizada por Asante é “acted upon”. Os itálicos são do original.

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estudantes afro-americanos ensinados a duz estas aberrações entre as pessoas de
serem centrados na realidade de qualquer cor.
disciplina. Multiculturalismo5 em educação é
Deve-se enfatizar que a Afrocentrici- uma abordagem não hierárquica que respei-
dade não4 é a versão negra do eurocentris- ta e celebra a variedade de perspectivas cul-
mo. O eurocentrismo é baseado em noções turais sobre os fenômenos do mundo
de supremacia branca cujos propósitos são (ASANTE, 1991). A abordagem multicultural
proteger o privilégio e vantagens da popula- sustenta que embora a cultura europeia seja
ção branca na educação, na economia, na majoritária nos Estados Unidos, isto não é
política e assim por diante. Diferentemente razão suficiente para que seja imposta sobre
do eurocentrismo, a afrocentricidade con- a diversidade da população estudantil como
dena a valorização etnocêntrica às custas da “universal”. Multiculturalistas defendem
degradação das perspectivas dos outros que a educação, para ser justa, deve come-
grupos. Além disso, o eurocentrismo apre- çar com a proposição de que todos os seres
senta a história particular e a realidade dos humanos contribuiram para o desenvolvi-
europeus como conjunto de toda experiên- mento do mundo e o fluxo de conhecimen-
cia humana (ASANTE, 1987). Ele impõe suas to e informação, e que a maioria das con-
realidades como se fossem o “universal”, quistas humanas são resultado de interação
isto é, apresentando o branco como repre- mútua e esforço internacional. Sem uma
sentante da condição humana, enquanto educação multicultural, os estudantes per-
todo não-branco é visto como um grupo manecem fundamentalmente ignorantes
específico, portanto, não “humano”. Isto das contribuições da maior parte dos povos
explica porque alguns acadêmicos e artistas do mundo. Uma educação multicultural é,
afrodescendentes se apressam em negar sua portanto, uma necessidade fundamental
negritude. Eles acreditam que existir como para qualquer um que deseja adquirir com-
uma pessoa negra não é existir enquanto petência em qualquer assunto.
um ser humano universal. Eles são os indi- A ideia afrocêntrica deve ser um pon-
víduos que Woodson identificou como to de partida do qual a ideia multicultural
aqueles que preferem a arte, a linguagem e deve começar. Uma autêntica educação
a cultura europeia no lugar da arte, lingua- multicultural, portanto, deve ser baseada
gem e cultura africana; eles acreditam que sobre a iniciativa afrocêntrica. Se este passo
tudo que é de origem europeia é inerente- é ignorado, o currículo multicultural, como
mente melhor do que aquilo que é produzi- tem sido definido progressivamente pelos
do ou realizado pelo seu próprio povo. Na- brancos “resistentes” (eles serão discutidos
turalmente, a pessoa de descendência afri- abaixo), modificar-se-á sem qualquer infu-
cana deve estar centrada em sua experiência são substantiva do conteúdo afro-
histórica, mas o currículo eurocêntrico pro- americano, e a criança afro-americana con-

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tinuará perdida na estrutura eurocêntrica quanto surgiram os textos sobre a necessi-
da educação. Em outras palavras, uma cri- dade de igualdade na educação (RAVITCH,
ança afro-americana não será reconhecida 1990). Recentemente, o renomado historia-
em (seu) sua própria informação cultural. dor Arthur Schlesinger e outros formaram
Para benefício mútuo dos americanos, esta um grupo chamado Comitê para Defesa da
tragédia, que leva ao deslocamento psicoló- História. Isto é uma consequência parado-
gico e cultura das crianças afro-americanas xal, porque somente mentiras, inverdades e
pode e deve ser evitado. informações inacuradas precisam ser de-
fendidas. Em seus argumentos contra a
O Desafio Revolucionário perspectiva afrocêntrica, estes proponentes
Porque centra os estudantes afro- do eurocentrismo frequentemente apresen-
americanos dentro de sua história, cultura, tam seus argumentos com categorias falsas
ciência, ao invés de deixar de fora estes te- e termos enganosos (i.e., “pluralista” e “mul-
mas, a ideia afrocêntrica apresenta o maior ticulturalismo particularista”) (KETO, 1990;
desafio revolucionário para a ideologia da ASANTE, 1991). Além do mais, como o pen-
supremacia branca na educação nas últimas sador Cheikh Anta Diop (1980) sustentava:
décadas. Nenhuma outra posição teórica “A história da África e a África não precisam
sustentada pelos afro-americanos tinha cap- de defesa”. A educação afrocêntrica não está
turado a imaginação de uma ampla varie- contra a história. Ela está a favor6 da histó-
dade de acadêmicos e estudantes de histó- ria – correta, acurada história – e se está
ria, sociologia, comunicação, antropologia e contra alguma coisa, é contra a marginali-
psicologia. O desafio afrocêntrico tem sido zação dos africano-americanos, hispano
colocado em três caminhos críticos: americanos, asiático americanos, nativo
1) Questiona a imposição da visão suprema- americanos e outras crianças não-brancas.
cista branca como universal e/ou clássica O Comitê para Defesa da História não é
(ASANTE, 1991). nada mais do que uma tentativa fútil de
2) Demonstra que as teorias racistas que reforçar os rachados pilares do sistema de
atacam o multiculturalismo e o pluralismo supremacia branca que oculta seus verda-
são indefensáveis. deiros motivos atrás da capa do liberalismo
3) Projeta um ponto de vista humanista e americano. Ele foi criado no mesmo espírito
pluralista ao articular a Afrocentricidade que gerou a obra de Allan Bloom The Clo-
como uma perspectiva não hegemônica vá- sing of the American Mind (1987) e a de E.
lida. D. Hirsch Cultural Literacy: What Every
American Need to Know (1987) que foram
Supressão e Distorção: Símbolos de Re- colocadas a serviço da hegemonia branca na
sistência educação, particularmente a hegemonia
As forças da resistência à transfor- curricular. Este Comitê e as evidências do
mação afrocêntrica e multicultural do currí- retrocesso branco são desafios previsíveis
culo e às práticas de ensino começaram a
organizar seus exércitos tão rapidamente 6
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para o contemporâneo avanço de uma multiculturalistas de criar “fantasias históri-
abordagem afrocêntrica e multicultural da cas” e “teorias bizarras” sobre a contribuição
educação. dos povos não-brancos à civilização. O que
Naturalmente, partidários diferentes eles provam, no entanto, é a sua própria
de uma teoria terão visões distintas do seu ignorância. Além disso, Ravitch e outros
significado. Enquanto dois discursos atual- (Nicholson, 1990) afirmam que o multicul-
mente estão circulando sobre multicultura- turalismo causará a “tribalização” da Améri-
lismo, somente um é relevante para a libe- ca, mas na realidade a América sempre foi
ração das mentes dos africanos e dos bran- uma nação com diversidade étnica. Quando
cos nos Estados Unidos. Este discurso é o da lemos seus trabalhos sobre multiculturalis-
afrocentricidade: a aceitação da África como mo, percebemos que eles estão realmente
central para os povos africanos. Todavia, ao defendendo a imposição da perspectiva
invés de pegar carona com os afrocentristas branca sobre qualquer outra cultura. Acre-
na luta contra a hegemonia educacional ditando que a posição eurocêntrica é in-
branca, alguns brancos (e alguns negros questionável, eles tentam resistir e impedir
também) têm optado por defender o retor- a transformação progressiva do currículo
no à educação escravizadora7. Infelizmente monoétnico. De fato, o armário dos precon-
para eles, porém, estes dias se foram, e tal ceitos se abriu revelando várias tentativas
desinformação não pode mais – novamente de pensadores brancos (em conjunto com
– ser vendida como acurada, como educa- alguns negros) de defender o privilégio
ção correta. branco no currículo da mesma forma que
Ravitch (1990), que sustenta que há tem sido defendido com firmeza em outras
dois tipos de multiculturalismo – multicul- áreas da sociedade. Talvez fosse inevitável
turalismo pluralista8 e multiculturalismo que a introdução da ideia afrocêntrica le-
particularista –, é a líder daqueles professo- vasse a discussão sobre o currículo das esco-
res que eu chamo de “resistentes” ou opo- las americanas de um modo profundo.
nentes da afrocentricidade e do multicultu- Por que a afrocentricidade tem cria-
ralismo. De fato, Ravitch promove uma di- do tanta controvérsia nos círculos educaci-
visão imaginária nas perspectivas multicul- onais? A ideia de que uma criança afro-
turais para esconder sua verdadeira identi- americana localizada em uma posição forte
dade como defensora da supremacia bran- para aprender se ele ou ela está centrada –
ca. Sua tática é a daqueles que preferem que isto é, se a criança vê a si mesma ou a si
os africanos e outros não brancos permane- mesmo no conteúdo do currículo e não nas
çam mental e psicologicamente escravos da suas margens – não é nova (ASANTE, 1980).
civilização ocidental. Em sua arrogância, os O que é revolucionário é o movimento da
resistentes acusam os afrocentristas e os ideia (estágio conceitual) para sua imple-
mentação na prática, quando começamos a
7
A expressão usada por Asante é “educational plan- ensinar os professores como colocar a ju-
tation”.
8 ventude afro-americana no centro da ins-
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trução. Com efeito, os estudantes aprende-
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rão a ver com olhos novos e ouvir com no- ignorância. A imensa maioria dos america-
vos ouvidos. A criança afro-americana nos brancos são, do mesmo modo, ignoran-
aprenderá a interpretar e centrar o fenôme- tes sobre o reservatório abundante e as con-
no no contexto da herança africana, en- tribuições da história africana e afro-
quanto os estudantes brancos serão ensina- americana. Por exemplo, poucos america-
dos a ver que o seu centro não está ameaça- nos de qualquer cor ouviram os nomes de
do pela presença ou contribuição dos afro- Cheikh Anta Diop, Anna Julia Cooper,
americanos e outros. C.L.R. James ou J.A. Rogers. Todos eram
historiadores que contribuíram enorme-
A Condição da Educação Eurocêntrica mente para nosso entendimento do mundo
Instituições, como as escolas, são africano. De fato, poucos professores fize-
condicionadas pelo caráter da nação na qual ram curso no Departamento de Estudos
elas são desenvolvidas. Assim como o crime Afro-americanos; portanto, a maioria é des-
e a política são diferentes em diferentes na- preparada para oferecer informação siste-
ções o mesmo ocorre com a educação. Nos mática sobre os afro-americanos.
Estados Unidos a orientação “somente
brancos” tem predominado no sistema edu- Afrocentricidade e História
cacional. Isto tem gerado um profundo im- A maioria daqueles que ensinam na
pacto na qualidade da educação das crian- América são vítimas do mesmo sistema que
ças de todas as raças e grupos étnicos. A vitimiza a juventude hoje. Assim, não se
criança afro-americana tem sofrido de mo- ensinam às crianças americanas os nomes
do desproporcional, porém as crianças dos grupos étnicos africanos do qual a mai-
brancas também são vítimas da doença do oria da população afro-americana descende;
currículo monocultural. poucos são os que ensinam os nomes de
qualquer lugar sagrado na África. Poucos
A tragédia da ignorância professores discutem com seus alunos o
Durante os últimos cinco anos mui- significado da Passagem do Meio ou descre-
tos estudantes brancos e pais de alunos têm vem o que isto significou ou significa para
se aproximado de mim – após minha apre- os africanos. Pouca menção é feita nas salas
sentação – com lágrimas nos olhos ou ex- de aula americanas sobre a brutalidade da
pressando sua raiva sobre a ausência de in- escravidão ou sobre a celebração da liber-
formação a respeito dos afro-americanos dade dos ex-escravos. As crianças america-
nas escolas. Um comentário recente de um nas têm pouca ou nenhuma compreensão
jovem branco de uma grande universidade sobre a natureza da captura, transporte e
foi muito impressionante. Ele me disse: escravização dos africanos. Poucos apren-
“meu professor nos disse que Martin Luther dem os verdadeiros horrores de ser captu-
King era comunista e continuou com a au- rado, ser enviado nu por 25 dias ao longo do
la.” Porque o professor deste estudante não oceano, de ser destruído pelo abuso e in-
se esforçou para discutir as ideias de King, o dignidades de todos os tipos e desumaniza-
estudante, maliciosamente, foi mantido na do como um burro de carga, uma coisa sem
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nome. Se nossos estudantes soubessem so- ções sociais; e numerosos outros fatos, as
mente a verdade, se a grande escravização crianças afro-americanas seriam diferentes,
lhes fossem ensinadas pela perspectiva as crianças brancas seriam diferentes – de
afrocêntrica e se eles soubessem toda a his- fato, a América, hoje, seria uma nação dife-
tória sobre os eventos desde a escravidão rente.
que tem servido constantemente para des- As salas de aula americanas deveriam
locar os afro-americanos, seu comporta- repercutir o tratamento bárbaro dado aos
mento talvez fosse diferente. Entre estes africanos, como sua dignidade foi roubada e
eventos estão: o infame compromisso cons- suas culturas destruídas. O registro das ex-
titucional de 1787 que decretou que os afro- periências dos escravos que escaparam,
americanos eram, pela lei, equivalentes a providencia a substância para estas unida-
três quintos de uma pessoa (ver FRANKLIN, des de aprendizagem. Por exemplo, a narra-
1974); a decisão do caso Dred Scott em 1857 tiva de Jacob e Ruth Weldon apresenta uma
na qual a Suprema Corte declarou os afro- explicação detalhada da Passagem do Meio
americanos não tinham direitos que os (Feldstein, 1971). Os Weldons observaram
brancos fossem obrigados a respeitar que os africanos que foram capturados e
(HOWARD, 1857); a completa recusa e não levados ao navio negreiro eram acorrenta-
execução da seção 2 da décima quarta dos ao convés, forçados a se abaixar e “mar-
emenda da constituição (esta emenda, cados com ferro quente na forma de letras
aprovada em 1868, estipulou como uma de ou sinais mergulhados em uma preparação
suas disposições uma penalidade contra oleosa e pressionada contra seus corpos nus
qualquer estado que negasse aos afro- até queimar profundamente deixando cica-
americanos o direito de votar e previa a re- triz indelével para mostrar quem era o do-
dução dos delegados estaduais da Casa Re- no” (p. 33-37). Eles também relataram que
presentativa na proporção dos homens afro- aqueles que gritavam eram chicoteados no
americanos pobres); e a tão mencionada e rosto, nos seios, nas coxas e nas costas com
ainda não recebida reparação pela escravi- um “chicote de nove tiras”9 empunhado
dão de 40 acres e uma mula prometida a pelos navegadores brancos: “cada golpe
cada família afro-americana, depois da trouxe as peças chicoteadas de carne enlu-
guerra civil, pelo general da União William tada” (p. 44). Eles viram “mães com bebes
T Sherman e o Secretário de Guerra Edwin de colo marcados e chicoteados, cortados e
Stanton (Oubre, 1978, p. 18-19, 182-183; ver cicatrizados de modo vil, como se o céu de-
também SMITH, 1987, p. 106-107). Se o cur- vesse ferir os algozes infernais com a des-
rículo fosse melhorado para incluir a leitura graça que eles mereciam. Crianças e infan-
das narrativas dos escravos; os diários dos tes não foram poupados deste terror. Os
capitães dos navios negreiros; os jornais dos Weldon contaram que um bebê de nove
senhores de escravos, os jornais dos abolici- meses, a bordo do navio negreiro, foi açoi-
onistas; os escritos dos homens e mulheres tado porque não queria comer. O capitão do
livres; as explicações dos afro-americanos
sobre os direitos civis, civismo e organiza- 9
A expressão usada por Asante é cat-o´-nine tails.

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navio ordenou que os seus pés fossem colo- me manter subordinada. Eu posso
cados em água fervente, para dissolver a sinceramente dizer que eu bebi in-
tensamente do copo amargo do so-
pele e as unhas, e então ordenou que a cri- frimento e da desgraça. Eu fui arras-
ança fosse açoitada novamente, caso ainda tado às profundezas da degradação
se recusasse a comer. Eventualmente o capi- e da miséria humana pelos senhores
tão matava o bebe com suas próprias mãos de escravos (FELDESTEIN, 1971, p.
60).
e mandava a mãe da criança jogar o corpo
ao mar. Quando a mãe se recusava, ela
também apanhava e era forçada a ir à lateral Escravidão era realmente a morte em
do navio, onde “com a cabeça virada, para vida. Enquanto o ataque ontológico moti-
que não pudesse ver, ela jogava o corpo no vou muitos africanos a optarem pelo suicí-
mar” (p. 44). De modo similar, o capitão de dio, o resultado mais comum foi desloca-
um navio com 440 africanos a bordo obser- mento, desorientação – todos eles conse-
vou que 132 teriam que ser atirados ao mar quências de a pessoa africana ser ativamen-
para economizar água (FELDESTEIN, 1971, te de-centrada. A época do “Jim Crow”, pe-
p. 47). Outro escreveu: “o choro alto e sufo- ríodo da cidadania de segunda classe – 1877
cante (sic) por ar e comida vindo debaixo a 1954 –, apresentou apenas uma ligeira me-
do convés adoeceu a alma da humanidade” lhora para a maioria dos afro-americanos.
(FELDESTEIN, 1971, p. 47). Esta era foi caracterizada pelo sistema de
Após chegar na América a situação arrendamento, privação de direitos, segre-
era frequentemente pior. A brutalidade do gação forçada, migração interna, lincha-
sistema escravocrata é inigualável em rela- mento, desemprego, péssimas condições de
ção a destruição psicológica e espiritual que moradia e instalações educacionais separa-
se abateu sobre os afro-americanos. As das e desiguais. Políticas injustas e práticas
mães escravizadas eram frequentemente que realmente atormentaram a raça.
forçadas a deixar seus filhos sozinhos en- Não é de se estranhar que muitas
quanto trabalhavam nos campos. Impossi- pessoas de descendência africana tentam
bilitadas de cuidar deles de maneira ade- abandonar sua raça e tornar-se “sem raça”.
quada, elas frequentemente voltavam, à A identidade básica de uma pessoa é a sua
noite, do trabalho e os encontrava mortos autoidentidade que, em última instância, é
(FELDESTEIN, 1971, p. 49). O testemunho sua identidade cultural.; sem uma identida-
de Henri Bibb também ilumina a desolação de cultural forte, a pessoa está perdida. Cri-
da experiência da escravidão: anças negras não conhecem a história do
seu povo e as crianças brancas não conhe-
Eu nasci em maio de 1815, de uma cem a história, mas a memória é um requi-
mãe escrava... fui reivindicado como
propriedade de David White... eu
sito vital para a compreensão e humildade.
fui açoitado; de onde deveria rece- Por isso os judeus fizeram (corretamente,
ber instrução moral, mental e reli- aliás) campanha para ter a história do Holo-
giosa eu recebi inúmeras chicota- causto Europeu ensinada nas escolas e fa-
das, cujo objetivo era me degradar e

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culdades. Ensinar sobre esta monstruosida- provavelmente veriam nossa sociedade de
de e brutalidade humana deve lembrar, para um modo diferente e trabalhariam para
sempre, o mundo as maneiras pelas quais os transformá-la em um lugar melhor.
seres humanos frequentemente têm violado
outros. Ensinar sobre o Holocausto Africano Corrigindo Informações Distorcidas
é tão importante pelas mesmas razões. Educação hegemônica só pode existir
Além disso, enfatiza a enormidade dos efei- enquanto a informação acurada e verdadei-
tos do deslocamento físico, psicológico e ra for sonegada. Educação hegemônica eu-
econômico da população africana na Amé- rocêntrica somente pode existir enquanto
rica e da diáspora. Sem o entendimento da os brancos sustentarem que africanos e ou-
experiência histórica dos povos africanos, as tros não-brancos nunca contribuíram para a
crianças americanas não farão qualquer civilização mundial. É, em grande medida,
progresso no enfrentamento dos problemas sobre tais ideias falsas que distinções errô-
do presente. neas são feitas. A verdade, no entanto, nos
Certamente, se as crianças africanas dá o discernimento dos reais motivos por
fossem ensinadas a ser plenamente consci- trás das ações humanas, se alguém escolhe
entes das batalhas dos nossos ancestrais seguir o caminho dos outros ou não. Por
elas encontrariam um renovado senso do exemplo, nenhuma pessoa pode ficar con-
propósito e visão em suas próprias vidas. fortável ensinando que a arte e a filosofia
Elas parariam de agir como se não tivessem nasceram na Grécia se ela aprender que os
passado e nem futuro. Por exemplo, se lhes próprios gregos ensinaram que o estudo
fossem ensinadas sobre a relação histórica destas disciplinas começou na África, espe-
dos africanos com a indústria do algodão – cialmente no antigo Kemet (HERÓDOTO,
como os homens, mulheres e crianças afro- 1987). Os primeiros filósofos foram os egíp-
americanas foram forçadas a colher algodão cios Kagemni, Khun-anup, Ptha-Hotep,
“do amanhecer até o anoitecer” até o sangue Khéti e Seti; mas a educação eurocêntrica é
escorrer da ponta dos seus dedos onde eles tão desarticulada que os estudantes não têm
foram picados pela cápsula dura; ou se elas meios de descobrir estes e outros conheci-
pudessem visualizar seus ancestrais no sol mentos da relação orgânica da África com o
tórrido, constantemente curvados, e arras- resto da humanidade. Não somente a África
tando ásperos e pesados sacos de corvina contribuiu para a história humana, as civili-
atrás de si – ou se elas os imaginassem tra- zações africanas precedem todas as outras.
zendo estes sacos tremendo e temerosos de De fato, as espécies humanas originaram-se
serem açoitados, caso eles não pegassem o no continente africano – esta é a verdade se
suficiente, talvez nossa juventude afro- observarmos as evidências arqueológicas ou
americana desenvolvesse um forte espírito biológicas.
empreendedor. Se fosse ensinado às crian- Outras duas noções devem ser refu-
ças brancas estes mesmos conhecimentos, tadas. Existem aqueles que que dizem que a
ao invés do que lhes é normalmente ensi- história afro-americana deve começar com a
nado sobre a escravidão americana, elas chegada dos africanos como escravos em
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1619, mas foi demonstrado que os africanos estão acostumados a serem responsáveis
visitaram e habitaram a América do Norte e pela maioria das ideias em circulação na
do Sul muito antes dos colonizadores euro- academia americana. Desconstrucionismo,
peus “descobrirem” o Novo Mundo” (VAN psicologia Gestalt, marxismo, estruturalis-
SERTIMA, 1976). Em segundo lugar, embora mo, teoria piagetiana, e assim por diante,
a América tenha se tornado algo como uma têm sido desenvolvidas, articuladas e elabo-
casa para os africanos que sobreviveram aos radas geralmente por intelectuais brancos.
horrores da Passagem do Meio, suas experi- De outro lado, a afrocentricidade é produto
ências nos navios negreiros durante a escra- de pensadores tais como Nobles (1986), Hil-
vidão resultaram numa perspectiva sobre a liard (1978), Karenga (1986), Keto (1980),
América completamente diferente (e fre- Richards (1991) e Myers (1989). Há também
quentemente contaminada) dos europeus e um aumento de jovens intelectuais afro-
outros que vieram, na maioria dos casos, de americanos impressionantemente credenci-
livre e espontânea vontade buscando opor- ados que começaram a escrever de modo
tunidades que não estavam disponíveis em afrocêntrico (JEAN, 1991). Eles, e alguns jo-
sua terra natal. Afrocentricidade, portanto, vens pensadores brancos, têm sugerido
procura reconhecer esta divergência quanto ideias sobre como mudar o currículo afro-
a perspectiva bem como criar centralidade centricamente.
para os alunos afro-americanos. A afrocentricidade oferece a todos os
americanos a oportunidade de examinar a
Conclusão perspectiva da pessoa africana nesta socie-
A iniciativa dominante para uma re- dade e no mundo. Os resistentes afirmam
forma curricular total é o movimento que que a afrocentricidade é antibranca; já, se a
está sendo proposto e liderado pelos africa- afrocentricidade, como teoria, é contra al-
nos, a saber, a ideia afrocêntrica. Quando guma coisa é contra o racismo, ignorância e
eu escrevi o primeiro livro sobre a afrocen- a hegemonia monoétnica no currículo. A
tricidade (ASANTE, 1980), agora em sua afrocentricidade não é antibranca; ela é,
quinta edição, eu não imaginava que em 10 entretanto, pró-humano. Além do mais, o
anos a ideia sacudiria e embasaria as discus- objetivo do currículo afrocêntrico não é di-
sões sobre educação, arte, moda e política. vidir a América, e sim fazê-la prosperar co-
Desde a publicação de meus trabalhos sub- mo deveria. Esta nação, há muito tempo,
sequentes, The Afrocentric Idea (ASANTE, tem sido dividida com relação as oportuni-
1987) e Kemet, Afrocentricity na Knowledge dades educacionais oferecidas às crianças.
(ASANTE, 1990), o debate tornou-se mais Em virtude da proteção oferecida pela soci-
sério. Apesar disso, para muito brancos edade e reforçada pelo currículo eurocêntri-
americanos (e alguns afro-americanos) o co, as crianças brancas já estão a frente das
mais inquietante aspecto da discussão sobre afro-americanas desde a primeira série.
a afrocentricidade é que sua fonte intelec- Nossos esforços, então, devem se concen-
tual se encontra nas pesquisas e trabalhos trar em dar, às crianças afro-americanas,
de intelectuais afro-americanos. Os brancos grandes oportunidades de aprendizagem
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desde o jardim de infância. No entanto, o “romper” o ciclo de deseducação e desloca-
tipo de assistência que a criança afro- mento.
americana necessita é tanto cultural quanto
acadêmico. Se é oferecida informação cultu-
ral adequada, o rendimento acadêmico cer-
tamente será satisfatório.
Quando se trata de educar crianças afro-
americanas, o sistema educacional america-
no não necessita de ajustes, ele precisa de
uma revisão geral. Crianças negras têm sido
difamadas por este sistema. A história negra
tem sido difamada. A África tem sido difa-
mada. Não obstante, dois truísmos podem
ser sustentados sobre a educação na Améri-
ca. Primeiro, alguns professores podem10 e
efetivamente ensinam as crianças afro-
americanas; segundo, se alguns professores
podem fazê-lo, outros também podem. Nós
devemos aprender tudo o que pudermos
sobre o que torna estas atitudes e aborda-
gens dos professores um sucesso, e então,
trabalhar diligentemente para ver que seus
sucessos são replicados em uma escala mai-
or. Levantando as mesmas questões que
Woodson colocou há mais de 50 anos, a
educação afrocêntrica, em conjunto com
uma reorientação significativa do sistema
educacional americano, parece responder
ao deslocamento psicológico e cultura da
pessoa africana. Oferecendo uma diretriz
filosófica e teórica e critérios que são cen-
trados na percepção africana da realidade e
colocando a criança afro-americana em sua
ou seu contexto histórico e ambiente ade-
quado, a afrocentricidade pode ser justa-
mente a “válvula de escape” que os afro-
americanos tão desesperadamente necessi-
tam para facilitar o sucesso acadêmico e

10
Os itálicos são do original.

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Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação – RESAFE

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Recebido em: 05/06/2019


Aprovado em: 31/10/2019

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