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AM I 2023-2024
Luı́s Ferrás - M215
FEUP - DEMec - Secção de Matemática
área(D)
Figura 2: Aproximações para a área de D; por defeito (esquerda) e por excesso (direita).
já que m(b − a) dá a área da região rectangular de base b − a e altura m, inscrita
em D, enquanto que M(b − a) dá a área da região rectangular de base b − a e
altura M, circunscrita a D.
5. É intuitivo que:
(a) a aproximação obtida para a área de D será tanto melhor quanto maior for o
número de pontos considerados para a decomposição do intervalo [a, b];
(b) a aproximação óptima será obtida com um número infinitamente grande de
pontos (n → ∞ ), ou seja, com subintervalos de amplitude infinitamente
pequena (∆xk → 0)
A área da região D vai dar lugar ao integral de f em [a, b]. Também se diz
integral definido de f em [a, b].
se f (ck ) < 0 então f (ck )∆xk é simétrico do valor da área do rectângulo Rk , cujo
comprimento da base é ∆k = xk − xk−1 e cuja a altura é −f (ck )
ou seja
n
X
lim f (ck )(xk − xk−1 ) = I.
n→+∞
k=1
e a soma das áreas dos regiões planas que estão abaixo do eixo OX
n o
D = (x, y ) ∈ R2 : a ≤ x ≤ b ∧ f (x) ≤ y ≤ 0 .
Propriedade 1
[Aditividade do integral a respeito do intervalo de integração]
Sejam f limitada em [a, b] e c ∈ ]a, b[ . Então f é integrável em [a, b] se e só se
f integrável separadamente em [a, c] e [c, b], tendo-se
Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c
Propriedade 2
[Linearidade do integral]
Sejam f e g funções integráveis em [a, b]. Então:
(a) a soma f + g é integrável em [a, b] e
Z b Z b Z b
[f (x) + g (x)] dx = f (x) dx + g (x) dx ;
a a a
Propriedade 3
Sejam f e g funções integráveis em [a, b]. Se |g (x)| ≥ k > 0, ∀x ∈ [a, b], então
a função 1/g é limitada e o quociente f /g é integrável.
Propriedade 4
[Monotonia do integral]
Se f e g são integráveis em [a, b] e g (x) ≤ f (x), ∀x ∈ [a, b], então
Z b Z b
g (x) dx ≤ f (x) dx;
a a
Z b
em particular, se f (x) ≥ 0, ∀x ∈ [a, b], então f (x) dx ≥ 0.
a
Propriedade 5
Se f é integrável em [a, b] então a função |f | é integrável em [a, b] e
Z b Z b
f (x) dx ≤ |f (x)| dx .
a a
Propriedade 6
(a) Se f é limitada em [a, b], anulando-se em todos os pontos de [a, b] excepto,
eventualmente, num número finito de pontos de [a, b], então
Z b
f (x) dx = 0;
a
Teorema 1
[Integrabilidade das funções contı́nuas]
Se f : [a, b] −→ R é contı́nua então f é integrável em [a, b].
Observação
Este teorema estabelece que a continuidade de uma função garante a sua
integrabilidade. No entanto, é conveniente reter que existem funções descontı́nuas que
são integráveis.
Teorema 2
[Integrabilidade das funções monótonas]
Se f : [a, b] −→ R é monótona então f é integrável em [a, b].
Observação
Deste teorema, podemos concluir que, ainda que uma função não seja contı́nua, se for
monótona, então é também integrável. Mais uma vez, chama-se a atenção para o facto
de existirem funções que não são monótonas (nem contı́nuas) e, mesmo assim, são
integráveis.
Teorema 3
[Integrabilidade das funções com um número finito de descontinuidades]
Se f : [a, b] −→ R é limitada possuindo um número finito de descontinuidades
então f é integrável em [a, b].
Exemplos
1. A função
1 se x ∈ [0, 1]
f (x) =
2 se x ∈ [2, 4]
é integrável por ser contı́nua.
2. A função
2x se x ∈ [0, 1]
g (x) = −x se x ∈ ]1, 3]
2
x se x ∈ ]3, 5]
é integrável por possuir um número finito de descontinuidades.
Teorema
[Teorema Fundamental do Cálculo]
Seja f : [a, b] −→ R uma função contı́nua. Então a função F : [a, b] −→ R é
derivável em [a, b], tendo-se
Corolário
Toda a função contı́nua f : [a, b] −→ R possui primitiva em [a, b].
Teorema
[Fórmula de Barrow]
Sejam f : [a, b] −→ R contı́nua e F uma primitiva de f em [a, b]. Então
Z b
f (t) dt = F (b) − F (a).
a
Notação
Usamos a notação
Z b h ib
f (t) dt = F (x) .
a a
(b) Se
1 se x ∈ [0, 1]
f (x) =
3 se x ∈ ]1, 2]
então
Z 2 Z 1 Z 2
f (x) dx = 1 dx + 3 dx
0 0 1
h i1 h i2
= x + 3x = (1 − 0) + (6 − 3) = 4 .
0 1
(c)
Z 3 Z 0 Z 3 h i0 h i3
|x| dx = (−x) dx + x dx = − 21 x 2 + 21 x 2
−5 −5 0 −5 0
25 9
= 2 + 2 =7
(DEMec, FEUP) Integração Setembro 2023 30 / 88
5.5 Teorema fundamental do cálculo
Z 5
x 1h i5 1 √
(d) dx = ln(x 2 + 1) = (ln 26 − ln 1) = ln 26 .
0 x2 +1 2 0 2
(e) Se
x2
se 0 ≤ x ≤ 1
f (x) = 2 se 1 < x ≤ 3
x −3 se 3 < x ≤ 6
então, vem
Z 6 Z 1 Z 3 Z 6
2
f (x) dx = x dx + 2 dx + (x − 3) dx
0 0 1 3
1 6
x3 x2
h i3
= + 2x + − 3x
30 1 2 3
1 9 53
= + (6 − 2) + 0 + = .
3 2 6
Consequência1
[Fórmula do valor médio para integrais]
Se f : [a, b] −→ R é contı́nua então existe c ∈ ]a, b[ tal que
Z b
f (x) dx = (b − a)f (c) .
a
Exemplo
Z b
Seja f : [a, b] −→ R tal que f (x) dx = 0. Vejamos que, se f é contı́nua,
a
então f possui pelo menos um zero em ]a, b[.
Pela Fórmula do valor médio,
Z b
f (x) dx = f (c)(b − a),
a
f (c)(b − a) = 0,
Consequência2
[Integração por partes]
Sejam f ,g : [a, b] −→ R com f contı́nua, F uma primitiva de f e g de classe
C 1 [a, b] . Então
Z b h ib Z b
f (x)g (x) dx = F (x)g (x) − F (x)g ′ (x) dx .
a a a
Exemplo
Z 2 h i2 Z 2 h i2
(a) xe x dx = e x x − e x dx = 2e 2 − e x = e 2 + 1 .
0 0 0 0
e e 1
√ e
√ √ e
Z Z Z
2 x e 1 e 1 e 1
(b) ln x dx = x ln x 1 − x √ dx = − dx = − [x]1 = .
1 1 x 2 1 2 2 2 2
2 h 3 i1 2 h 5 i1 2 2 16
= t + t = + = .
3 0 5 0 3 5 15
Vem
Z e Z 0 Z 1 Z e
p π
f (x) dx = 1 − x 2 dx + 2 dx + ln x dx = +2+1
−1 −1 0 1 4
onde o primeiro integral se calcula por substituição fazendo, por exemplo, x = sin t,
o segundo é imediato e o terceiro calcula-se por partes.
(DEMec, FEUP) Integração Setembro 2023 37 / 88
5.6 Teoremas clássicos do cálculo do integral
Exemplo
Sejam a ∈ R+ e f : [−a, a] −→ R uma função contı́nua. Vejamos que:
Z a Z a
(a) se f é par então f (x) dx = 2 f (x) dx;
−a 0
Z a Z 0 Z a
f (x) dx = f (t)(−1) dt + f (x) dx
−a a 0
Z a Z a Z a
= f (t) dt + f (x) dx = 2 f (x) dx.
0 0 0
D = (x, y ) ∈ R2 : a ≤ x ≤ b ∧ 0 ≤ y ≤ f (x)
pela fórmula
Z b
área(D) = f (x) dx.
a
Exemplo
A área do domı́nio plano D limitado pelas curvas de equações y = x 2 e
y = 2 − x 2 , que se intersectam para x = −1 e para x = 1,
2
y!x^2
y!2"x^2
é dada por
Z 1 h 2 i1 2 2 8
área D = (2 − 2x 2 ) dx = 2x − x 3 =2− +2− = .
−1 3 −1 3 3 3
x
Π Π
"""" """"
4 2
é dada por
Z π/2
área D = cos x − sin x dx
0
Z π/4 Z π/2
= (cos x − sin x) dx + (sin x − cos x) dx
0 π/4
h iπ/4 h iπ/2 √
= sin x + cos x + − cos x − sin x = 2 2 − 2.
0 π/4
Quando os pontos Pi são considerados cada vez mais próximos uns dos outro, ou
seja, quando o amplitude |P| da partição tende para zero, a linha poligonal LP
tende a confundir-se com o arco .
Então, por definição, pomos
comp C = lim comp LP .
|P|→′
f (xi+1 ) − f (xi )
= f ′ (ci+1 )
xi+1 − xi
No segundo membro da igualdade anterior, mais não temos do que uma soma de
Riemann para a função g : [a, b] −→ R definida por
p
g (x) = 1 + (f ′ (x))2 ,
que é integrável.
Logo, tomando o limite quando |P| → 0 vem
Z b Z b p
lim comp(LP ) = g (x) dx = 1 + (f ′ (x))2 dx.
|P|→0 a a
Exemplo
O comprimento do arco da curva de equação y = ch x, entre os pontos
(−1, ch(−1)) e (2, ch 2) é dado por
Z 2 p Z 2 h i2
comp(C) = 1 + sh2 x dx = chx dx = sh x = sh 2 + sh 1 .
−1 −1 −1
Observamos que, quando o amplitude |P| da partição tende para zero, a região
poligonal RP tende a confundir-se com o domı́nio D e o sólido SP gerado por
RP tende a confundir-se com o sólido S gerado por D.
D = (x, y ) ∈ R2 : −1 ≤ x ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ x 2 + 1
é dado por
1 h x5 2x 3
Z i1 1 2
vol S = π(x 2 + 1)2 dx = π + +x = 2π + +1 .
−1 5 3 −1 5 3
D = (x, y ) ∈ R2 : x 2 + y 2 ≤ r 2 ∧ y ≥ 0.
é dado por Z b
π f 2 (x) − g 2 (x) dx.
vol(S) =
a
(DEMec, FEUP) Integração Setembro 2023 61 / 88
5.7.3 Volume de um sólido de revolução
Exemplo
O volume do sólido S gerado pela rotação em torno de OX da região plana
B = (x, y ) ∈ R2 : |x − 2| + 1 ≤ y ≤ 3
Exemplo
Consideremos os integrais
Z +∞ Z +∞
1 1
I = dx e J= dx.
1 x 1 x2
y!1!x2
"
1" " " "
"
y!1!x
x
1
Z b
1 h 1 ib 1
lim 2
dx = lim − = lim − + 1 = 1,
b→+∞ 1 x b→+∞ x 1 b→+∞ b
donde se depreende que apenas fará sentido atribuir significado à área da região
relacionada com o integral J, podendo dizer-se que a medida dessa área é igual a 1.
Seja f : [a, +∞[−→ R, integrável em todo o intervalo limitado do tipo [a, x] tal
que [a, x] ⊂ [a, +∞[.
Z +∞
Dizemos que o integral impróprio f (x) dx é convergente , ou que a
a
função f é integrável em sentido impróprio, se existir o correspondente limite,
Z b
lim f (x) dx,
b→+∞ a
No caso contrário, em que aquele limite não existe, dizemos que o integral
impróprio é divergente ou que a função f não é integrável em sentido
impróprio.
(DEMec, FEUP) Integração Setembro 2023 67 / 88
5.8.1 Intervalo de integração ilimitado: [a, +∞[
Propriedade 1
[Linearidade]
Sejam α, β ∈ R . Se f e g são integráveis em sentido impróprio em [a, +∞[
então αf + βg é integrável em sentido impróprio em [a, +∞[ e
Z +∞ Z +∞ Z +∞
[αf (x) + βg (x)] dx = α f (x) dx + β g (x) dx.
a a a
Propriedade 2
[Aditividade]
Sejam a, b ∈ R. Se f é integrável em sentido impróprio em [a, +∞[ então f é
integrável em sentido impróprio em [b, +∞[ e
Z +∞ Z b Z +∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a b
exp b
y ! exp x
!
b
y ! exp!"x"
exp!"b"
#
b
Caso B
Para este caso, valem resultados semelhantes aos das Propriedades 1 e 2, com as
adaptações necessárias.
que não existe porque, sendo a função seno periódica, podemos exibir duas restrições do
seno com limites diferentes. Por exemplo, pondo
n π o 3π
A = x ∈ R : x = + 2kπ, k ∈ Z− , B = x ∈ R : x = + 2kπ, k ∈ Z− ,
2 2
y ! cos x
A5 A3 A1
7Π 5Π 3Π Π
" $$$$$$$$ " $$$$$$$$ " $$$$$$$$ " $$$$
2 2 2 2
A4 A2
Por um lado, se cada Ai representar a área de uma parte da região da Figura, então
A1 = A5 = 1 e A2 = A3 = A4 = 2.
Por outro lado, como a área de cada região Ai se pode exprimir como um integral de
cos x ou de − cos x , consoante estiver em causa um intervalo onde o cosseno seja
positivo ou negativo, temos por exemplo
Z 0
cos x dx = A5 − A4 + A3 − A2 + A1 = 0,
−4π
Z 0
cos x dx = −A4 + A3 − A2 + A1 = −1,
−7π/2
Z 0
cos x dx = A3 − A2 + A1 = 1,
−5π/2
o que, de imediato, nos leva a intuir que não será possı́vel atribuir um valor ao integral
apresentado.
Por outro Zlado, se algum dos integrais é divergente, então dizemos que o integral
+∞
impróprio f (x) dx também é divergente .
−∞
Para este caso, valem também resultados semelhantes aos das Propriedades 1 e 2,
com as adaptações necessárias.
Exemplo
Z +∞
1. e x dx é divergente.
−∞
Basta atender à definição apresentada e ao que vimos num exemplo anterior.
Z +∞
1
2. dx é convergente e igual a π.
−∞ 1 + x2
y!1!"1"x2 #
x
a b
Quando este limite não existe, dizemos que o integral impróprio é divergente ou
que a função f não é integrável em sentido impróprio .
Também para este tipo de integral impróprio valem resultados semelhantes aos das
Propriedades 1 e 2, com as adaptações necessárias.
(DEMec, FEUP) Integração Setembro 2023 80 / 88
5.8.4 Função integranda ilimitada: ]a,b]
Exemplo
Z 1
1
1. 2
dx é divergente.
0 x
A função integranda torna-se ilimitada à direita da origem. Calculamos
Z 1 h 1 i1
1 1
L = lim+ dx = lim − = lim − 1 + = +∞,
c→0 c x2 c→0+ x c c→0+ c
Z 1
1
pelo que o integral converge, tendo-se √ dx = 2.
0 x
y
"###
y!1! x
x
1
Caso B
Z b
O estudo do integral impróprio f (x) dx, quando f : [a, b[ −→ é ilimitada,
a
mantendo-se integrável em todo o intervalo [a, c], com [a, c] ⊂ [a, b[, é
perfeitamente análogo, baseando-se no estudo do
Z c
lim− f (x) dx.
c→b a
Por outro lado, se algum dos integrais indicados é divergente, então dizemos que
Z b
o integral impróprio f (x) dx também é divergente .
a
(DEMec, FEUP) Integração Setembro 2023 84 / 88
5.8.7 Função integranda ilimitada: [a, c[∪]c, b]
Caso D
Consideremos agora a, b, c ∈ R, tais que a < c < b, e seja f : [a, c[ ∪ ]c, b] −→ R
uma função ilimitada em pelo menos um dos intervalos [a, c[ ou ]c, b], que se
mantém integrável em qualquer intervalo [a, x] com [a, x] ⊂ [a, c[ e em qualquer
intervalo [y , b] com [y , b] ⊂ ]c, b].
Por outro lado, se algum daqueles integrais é divergente, então dizemos que o
Z b
integral impróprio f (x) dx também é divergente .
a
Exemplo
Z 2
1
dx é divergente.
0 (x − 1)2
y!1!"x"1#2
1
x
1 2 3