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Tese M.P.

E
Por Miguel A. de Azevedo
Sobre
Este documento idealizado inicialmente por Maria Graziely Holanda,
estudante da rede pública de Fortaleza, tem como princípio retratar em
conjunto comigo (Miguel A. de Azevedo) redator e atual liderança do
“MPE" lê-se Movimento Popular Estudantil, uma demonstração por escrito
daquilo que achamos sobre a educação, a pedagogia do atual ensino, o
que de fato nos é ensinado ou deixado de ensinar, nossa luta e a de todos
os estudantes do M.P.E, que são engajados na nossa causa é um ensino de
qualidade, que não seja quantitativo somente em seu conteúdo, mas em
sua profundidade, para a maior reflexão dos indivíduos formados. É de
salutar necessidade os grêmios como instituição legal dos estudantes, uma
manifestação sobre o tema, e por em mesa essa discussão, já que a
mesma é, e põem em si mesma o elo que conecta o passado, o presente e
o futuro, uma vez que no presente nosso direito a educação é
fundamental, mas nem sempre é garantido a sua qualidade, nosso
presente é marcado em entender a trajetória da educação em nossa
escola, nosso futuro é definido de como lidamos com o atual presente, e
como escolhemos as nossas lideranças, e o passado é professor e nos
ensina o que a falta de educação nos trás, nossa meta é lutar para que um
dia nós possamos dizer: o maior patrimônio que uma sociedade há de
cultivar é a constante evolução da sua civilização, através de sua redução
em indivíduos dotados de educação, uma educação que os capacita em
seus aspectos humanos, sejam eles materiais ou imateriais, plantamos e
temos que colher a pátria educadora, e que isso é fruto de mãos
revolucionárias.1

1
Uma breve página
Introdução
É uma admoestação coletiva: “O ensino não tem nada mais a nos
acrescentar, somos apenas uma massa que é forçada a estudar, e
no final de meu ensino médio não terei escapatória, se caso eu
queira ajudar com as coisas de casa, entrarei em um sub
emprego, se oportunidades melhores de emprego surgirem é
lutar para conquistar!”, na nossa realidade é assim, e ainda há
coisas obscuramente morais, mas que, acontecem à luz do dia,
milhares de jovens se rendendo a prostituição e ao crime. Se
vivemos em uma nação educadora, não direi primeiramente ao
certo, mas algo está errado, pensemos bem: Se formos depender
meramente do esforço/mérito individual só isso basta!? A
resposta é não, pois vivemos em uma sociedade onde não
estamos no mesmo patamar que pessoas da “elite", e por isso
também temos uma educação sucateada, pois não cabe as elites
a aplicação as camadas mais baixas uma educação de qualidade,
a nós livros quaisquer, pouco importa uma metodologia de
ensino eficaz e moderna, pouco importa o patrimônio das
escolas, e pouco importa os estudantes. Se não ligarmos para as
demandas de nossas escolas da periferia de Fortaleza, elas
estarão fadadas ao decaimento de notas no Ideb, não seremos
aprovados no Enem, e em vestibulares quase impossíveis para o
nosso atual nível de ensino: o ITA e o IME, ai daquele que tentar
fazer algum tipo de concurso, o certo é que ele terá que estudar
duas vezes mais, e isso se ele conseguir estudar, não ter
preocupações com seu psicológico, o brasileiro em particular
sofre muito de ansiedade, e não ter que se preocupar com sua
família que é desestruturada, um pai alcoólatra ou um irmão
dependente químico, se ele não tiver dúvida se vai comer ou não
no dia seguinte, tudo isso é um obstáculo para o pleno
desenvolvimento educacional nas zonas menos privilegiadas.
O problema atual da educação brasileira se mostra estrutural e
seus desafios podem ser solucionados, o Ceará é o estado que
mais investe em educação, mas não é perceptível essas
melhorias para quem é da periferia do Pirambu por exemplo, eu
não me lembro bem, mas meu ensino médio e fundamental II foi
marcado por uma escassez de aulas práticas de educação física,
muito poder de ensino poderia ser aproveitado caso tivéssemos
uma quadra, e a escola fortalezense é eficaz em maquiar para
toda uma nação uma melhoria do ensino, mas digo que entregar
tablets, chips e demais equipamentos é o mínimo, é uma
vergonha a escola não ter assentos dignos nem para professores
e alunos, é uma vergonha uma escola de bairro como a Escola
Estadual Governador Flávio Marcílio não ter um(a) auxiliar de
serviços gerais, e ser um privilégio ter inspetor de aluno. Quando
a escola pública brasileira contar com funcionários bem
remunerados, espaços como sala de teatro, sala de vídeo, sala
para congressos, quadras dignas, e todas as suas salas
climatizadas e muito mais, e isso estar nas mãos de bairros que
mais precisam deste aparelho formador, ai sim diremos: o ensino
público brasileiro teve uma melhora significativa. Isso tem que
parar de ser algo visto como extraordinário, para ser o comum
afinal, nossos país não pagam impostos? Nossos professores não
pagam impostos, o brasileiro médio tem que pagar imposto para
a máquina pública funcionar, se a máquina pública é ineficiente
em nos trazer um ensino de qualidade, isso é no mínimo
excludente com nossos plenos direitos.
1
O Pirambu
“Era um bairro, com pouco caso era abandonado, e como sempre assim ficou, e por muito
tempo perdurou, nem sempre tem esses casos, o nosso é necessitado, uma bela praia que é
esvaziada, pessoas pobres e machucadas”.
São com essas palavras que início os trechos em que irei,
brevemente citar a história do Pirambu, o Pirambuense médio
descende daqueles que eram retirantes da seca, e de vários
lugares do interior do estado do Ceará, é comum um habitante
daqui ter familiares de Caucaia, de Canindé, Crato, Crateús e por
ai vai, eles vieram para o nosso bairro fugindo do local onde
nasceram, onde a terra na maioria das vezes não era própria para
o sustento, e a terra onde eles foram no mínimo há de aceita-los
certo? Não, o Pirambu é um bairro marginalizado e assim sendo,
marcado por baixos índices sociais, altos índices de desigualdade
e violência, mas tivemos pessoas relevantes aqui, como o Padre
Caetano Minnete de Tilesse, e o artista Chico da Silva viveu por
nossas areias. E nisso o que há? O que há é que simplesmente
muitos que aqui estão, não conhecem a própria história, muito é
passado de boca em boca, como: “o Pirambu antigamente era só
areia", mas isso é importante para o indivíduo se localizar na
sociedade, saber que essa exclusão é histórica, e que temos que
lutar pelo nosso melhor, temos que estudar a história do nosso
bairro nas escolas, e até pessoas de outros bairros, é de suma
importância estudar o passado do local onde você reside, uma
vez que o nosso lar nos completa como pessoas, e o nosso lugar
não é lugar de bagunça. Veja bem, reflita: e se os nossos pais
tivessem uma melhor educação sexual e planejamento familiar?
Isso iria reverberar em nosso presente de várias formas, afinal
hoje um dos problemas sociais do nosso bairro são mulheres que
tem muitos filhos e na maioria das vezes não tem o mínimo de
condições para cuidar dos filhos, outro problema que era muito
mais frequente, e que está diminuindo é a gravidez na
adolescência, geralmente na etapa dos estudos do ensino médio,
e isso acaba com os estudos de um estudante, porque além do
mesmo se preocupar com o filho, tem que se preocupar em dar
ao mesmo atenção, educação, comida, e garantir moradia, as
vezes a mãe não tem isso nem pra ela, quem dirá pra pobre da
criança, e ainda tem aqueles que são contra a educação sexual
nas escolas, digo mesmo que são uns imbecis que não enxergam
nada além do próprio nariz e suas vidas são cheios de um caráter
que os entrega como um coletivo de pessoas ignorantes da
realidade histórica do lugar onde nasceram, e não querer essa
melhoria no ensino é algo indubitável, pois é necessário explicar
para um adolescente com ausência de desenvolvimento do
córtex pré-frontal que se ele transar, fazer sexo sem a devida
proteção vai acabar de uma vez por todas ceifando um momento
de sua vida, onde o mesmo deveria buscar experiências, e
desenvolver-se nos diversos âmbitos da vida. Era isso que seria
importante ser tratado nas aulas de formação cidadã, mas alguns
professores acham que só por receberem uma mixaria todo mês,
cabe a eles nas suas devidas aulas de Formação Cidadã falarem
de suas vidas, onde nada acrescenta ao aluno e a ninguém.
Devemos conhecer os artistas locais nas aulas de arte, Chico da
Silva é um artista muito valorizado na Europa, mas o que adianta
ser valorizado lá, e desprezado em seu próprio país? Temos que
estudar sim este grande astro artístico, sua vida e obra, onde pela
identificação o aluno ganhará uma proximidade com a arte.
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Ocupação
Atualmente, o foco das lutas dos mais diversos estudantes da
rede pública de Fortaleza que; se encontra bem representada
pela Unefort, é o passe livre estudantil, e isso está intimamente
relacionada com a educação, uma vez que a ideia de que
possamos livremente usar os ônibus da rede pública de Fortaleza
com o passe livre estudantil, há de facilitar a vida do estudante,
nós aspectos em que o mesmo não terá obstáculos para acessar
o transporte público, se um estudante em dias de aula na
semana gasta aproximadamente trinta reais, durante um mês
gastará na margem de 162R$, se uma família recebe um salário
mínimo o gasto é próximo de 12% do salário da família, caso
somente apenas uma pessoa trabalhe em casa, se uma pessoa
receber menos que um salário, então a margem da porcentagem
será de aproximadamente 15%, vivemos em um país com preços
em que cada dia estão mais caros, e o salário não tem o seu
devido ajuste com a inflação, então isso acaba sendo um golpe
na classe trabalhadora, que tem seu poder de compra
minimizado, este dinheiro poderia muito bem servir para as
famílias, comprando medicamentos, alimentos e bens
necessários para manterem sua sobrevivência, o passe livre é
lutar para o estudante ter acesso ao transporte, mas acaba
reverberando em pautas igualmente importantes, como a
família, a insegurança alimentar, o combate a pobreza e até
mesmo com a nossa formação cultural. Deveríamos trabalhar a
base estudantil com palestras, cartazes e o jornal escolar, pois
essa informação que existem essas lutas para reivindicar esses
direitos que são nossos, precisam estar na boca do povo e assim
repercutir nas discussões dos nossos políticos. Deveríamos ter
apelo a causa, pois muitos estudantes não são capazes de
frequentarem suas escolas e dentre esses motivos é o preço da
passagem. A formação cultural-educacional nos faz sermos
críticos da nossa realidade, e conhecedores da nossa identidade
como Fortalezenses do Estado do Ceará, brasileiros das mais
diversas origens, e em uma pesquisa popular, pergunte aos
estudantes se eles já foram a visita de no mínimo quatro museus
em Fortaleza, eles responderão que no máximo foram ao museu
da Imagem e do Som, e olhe lá, essa pergunta vai de pessoa para
pessoa, o problema é que Fortaleza tem vinte e oito museus pela
cidade, temos ainda outros espaços culturais, que poderiam ser
mais frequentados por nós.
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Educação e Esporte
A importância da atividade física, e seu devido estudo por parte
dos alunos, é capaz de transformar a sociedade, uma vez que as
aulas práticas podem predispor fisicamente o aluno aos esportes,
uma prática marcial é dotada de regras e valores, que muito tem
a se acrescentar na vida dos alunos, deveríamos falar dos
escândalos envolvendo as quadras disponibilizadas as escolas,
muitas se encontram em um estado avançado de sucateamento,
onde são esquecidas por longos anos, para só depois de muito
tempo passarem por análises e toda a longa burocracia para até
que chegue a obra de reconstrução na escola, e logo após isso, os
alunos tem que perder durante seu ensino o tempo devido que
poderiam usar para praticarem Educação Física, muitos
potenciais atletas são perdidos, pois acaba que com as gerações
se afastando dos esportes esse número caí, atividade física
melhora a concentração dos alunos, e esse é o porém da
questão, se maior a concentração mais a educação pode render
ao aluno. A mecânica das quadras na escola, mesclam muito bem
com projetos como Areninha, e os esportes disponibilizados pela
Rede Cuca, assim formando uma geração ativa e mais saudável.
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Comportamentos
Gerais
A realidade de quem estuda no Flávio Marcílio, é marcada de
diversos estereótipos, dentre eles, o péssimo comportamento
dos alunos, e isso é algo que devemos prestar atenção e com
bastante detalhes, tem alguns professores que corrigem um
certo grupo de alunos e deixa de corrigir outros, essa justiça de
correção é imparcial e mais tem a piorar e corroborar com os
péssimos comportamentos dos alunos, e outro péssimo
comportamento é o dos pais, que muitas das vezes acham que o
filho é um santo na Terra. E outra coisa que está errada também
é aluno levantar voz com o professor e o professor com o aluno,
uma vez que o mesmo perder sua razão com um aluno é baixar o
seu nível. A escola não tem que pegar o aluno pela “mãozinha" e
magicamente, mostrar o que é moralmente certo e errado, isso é
dever dos pais, e se o aluno não recebe essa educação de casa
que ele não prejudique quem tem, pelo simples motivo de que
um em individual não forma uma escola, mas um grupo, e
sempre em um grupo de alunos tem aquele que tem
minimamente perspectiva com o futuro.
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A Diversidade
As periferias são lugares que apresentam um grande número de
diversidade, e isso é algo positivo, mas respeitar a diversidade
não é algo necessariamente ensinado nas escolas, e isso é o
mínimo, não é sobre doutrinação, longe disso, ensinar os
assuntos de sexualidade na escola não é doutrinação, é
conhecimento e isso nos capacita a respeitar, e a entender que
amar não é errado, e essa discussão vai estar inclusa em muitos
aspectos da humanidade, na história, cultura, literatura, arte e
etc... O Brasil é um dos países que mais mata pessoas trans no
mundo e isso não é motivo de orgulho, qual o motivo de pessoas
morrerem no Brasil meramente por serem quem são? Isso só
mostra o quanto a sociedade brasileira é preconceituosa, e esse
preconceito é estruturalizado desde a colonização e perpassa
momentos históricos fortíssimos a nação, como a ditadura militar
que explodia silicone de travestis, e perseguia a antiga
comunidade de homossexuais brasileiros em seus lugares
noturnos, mas aparentemente, quase nada mudou e hoje ainda
temos este desafio. Se a comunidade escolar não é aberta a
diversidade, tem ai um preconceito escondido, onde pouco a
pouco a diversidade é suprimida novamente como mera
degeneração e sem local de fala, temos que ocupar este devido
lugar e proclamar que: ninguém escolhe nascer do jeito que
nasceu, ninguém escolhe gostar de um ou de outro, no fundo a
sexualidade é definida por fatores poligênicos e isso tem que ser
ensinado em nossas escolas, assim fazemos o mínimo para uma
sociedade mais justa, igualitária, que abrace verdadeiramente as
pessoas. Amar é amar, e não existe melhor forma de representar
o amor do que amando.
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Eventos Escolares
Os eventos escolares dos mais diversos tipos, devem ser melhor
organizados entre a gestão da escola e o grêmio estudantil,
digamos que nesse sentido o grêmio é como um reforço da gestão
nestes desafios, os jovens gremistas podem comunicar a
comunidade escolar e fazer uma colaboração para a construção de
eventos como: teatro de rua, as diversas feiras de ciências, o tão
famigerado interclasse e os muitos eventos que podem ir

surgindo, a quadra
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Oportunidades e
Preparações
É de excelente tom, o grêmio como instituição representativa dos
estudantes, divulgar as muitas oportunidades que são distribuídas
em nossa capital, e que muitas vezes são desperdiçadas, podemos
divulgar medidas da nossa Secretaria de Cultura, que com a
Escola Porto Iracema das Artes, distribuem gratuitamente cursos
das mais diversas áreas da arte, como Teatro, Artes Visuais,
Cinema, Dança que fornecem desde o básico até o técnico, todas
essas ações oferecidas gratuitamente, e isso é uma oportunidade a
mais para os nossos estudantes periféricos, e a Escola Porto
Iracema das Artes conta com constantes eventos como palestras.

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