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O turismo em áreas de recifes de coral: considerações acerca da área de


Proteção Ambiental Costa dos Corais (estados de Pernambuco e Alagoas)

Article · December 2006

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5 authors, including:

Andrea Quirino Steiner Christinne Costa Eloy


Federal University of Pernambuco Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba
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Fernanda M D Amaral Roberto Sassi


Universidade Federal Rural de Pernambuco Universidade Federal da Paraíba
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O TURISMO EM ÁREAS DE RECIFES DE CORAL: CONSIDERAÇÕES
ACERCA DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL COSTA DOS CORAIS
(ESTADOS DE PERNAMBUCO E ALAGOAS)

Andrea Q. Steiner*
Christinne C. Eloy**
João Renato B. C. Amaral***
Fernanda D. Amaral****
Roberto Sassi*****

Introdução

Os recifes de coral são ecossistemas tropicais complexos e diversos organismos


participam de sua edificação, principalmente corais, hidrocorais, moluscos gastrópodes
vermetídeos e algas calcárias (KAPLAN, 1982). Entretanto, os recifes não são meras
estruturas físicas. Além da geologia, devemos incluir na sua definição aspectos
ecológicos, sociais e econômicos, fazendo deles imprescindíveis tanto para a natureza
quanto para o homem. Neste sentido, sua importância pode ser classificada em cinco
grandes grupos de interesse: biodiversidade, alimento, medicina, lazer e proteção costeira
(BRYANT et al., 1998).

A indústria do turismo é uma das que mais cresce globalmente, e a beleza dos recifes de
coral é um grande atrativo turístico em várias partes do mundo. Os países caribenhos, por
exemplo, cujas praias e recifes atraem milhões de turistas todos os anos, têm
aproximadamente 50% do seu produto interno bruto (PIB) advindo desta indústria. No
entanto, apesar dos benefícios econômicos e de algumas experiências exitosas de
turismo em áreas de recifes de corais, a atividade turística não planejada pode trazer
graves impactos a estes ecossistemas (BRYANT et al.,1998).

Reconhecendo a necessidade de preservação deste recorte costeiro, o Governo criou,


através do Decreto Federal nº 000/97 (BRASIL, 1997), a Área de Proteção Ambiental
Costa dos Corais, uma Unidade de Conservação da Natureza de uso sustentável (Figuras
01-03). Margeando 135 km de praias, esta APA tem uma área total de 413.563 hectares,
que se iniciam no rio Formoso (município de Rio Formoso, litoral sul de Pernambuco) e
vão até o rio Meirim (município de Maceió, Alagoas). Pelo lado oeste, é limitada pela linha
de preamar média (incluindo os manguezais, em toda sua extensão) e, a leste, adentra o
oceano por cerca de 18 milhas náuticas, coincidindo com os limites da plataforma
continental. Ao todo, passa por 13 municípios de dois estados: Rio Formoso, Tamandaré,
Barreiros e São José da Coroa Grande (em Pernambuco), e Maragogi, Japaratinga, Porto
de Pedras, São Miguel dos Milagres, Passo do Camaragibe, São Luis do Quitunde, Barra
de Santo Antônio, Paripueira e Maceió (em Alagoas). É a maior unidade de conservação
marinha do Brasil (MAIDA; FERREIRA, 2003; PROJETO RECIFES COSTEIROS, 2004) e
a primeira criada para proteger recifes próximos da costa. Entre seus objetivos, o decreto
de criação da APA visa “ordenar o turismo ecológico, científico e cultural, e demais
atividades econômicas compatíveis com a conservação ambiental” (BRASIL, op. cit.).

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Similarmente a outras áreas, os recifes desta APA possuem grande importância social,
visto que a pesca representa fonte de renda substancial para as populações locais.
Entretanto, estes recifes também vêm sofrendo um processo de degradação constante
devido a uma série de fatores, tais como o turismo desordenado, a expansão urbana, a
pesca predatória, a poluição e a coleta de corais (MAIDA; FERREIRA, 2003).

Neste estudo, serão discutidas algumas das implicações do turismo em áreas de recifes
de coral e, em seguida, serão caracterizados os principais impactos ambientais causados
pelo turismo e veraneio na APA Costa dos Corais, sugerindo possibilidades para projetos
futuros.

Figuras 01 e 02: Na APA Costa dos Corais, os zoantídeos (Cnidaria, Scleractinia) e as algas são
os organismos predominantes na plataforma recifal, como pode ser visto nestas poças em São
José da Coroa Grande/PE (à esquerda) e Paripueira/AL (à direita). Fotos: Andrea Steiner, 2003.

Metodologia

Área de estudo

APA Costa dos Corais

Segundo o IBAMA (2004), as Áreas de Proteção Ambiental fazem parte do grupo de


unidades de conservação de uso sustentável. Constituem-se áreas públicas e/ou privadas
e têm o objetivo de ordenar o processo de ocupação das terras e promover a proteção
dos seus recursos abióticos e bióticos, assegurando, simultaneamente, a qualidade de
vida das populações humanas e mantendo as condições ecológicas locais e as paisagens
e atributos culturais relevantes.

Cerca de 200 mil pessoas habitam o entorno da APA Costa dos Corais (PROJETO
RECIFES COSTEIROS, 2004). Assim, uma série de atividades econômicas é
desenvolvida dentro da área, tanto pela população local quanto por empresários externos.
Segundo as observações realizadas, as atividades econômicas de grande porte que mais
modificam a paisagem costeira do local são o turismo/veraneio (e atividades correlatas) e
o cultivo de coco. A Figura 03 mostra onde estas duas atividades se concentram,
predominantemente, ao longo da APA. Outras atividades econômicas significativas na

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APA e/ou no seu entorno são o cultivo da cana-de-açúcar e a indústria canavieira, a
pesca, a carcinocultura e a pecuária.

Várias atividades econômicas também são desempenhadas nos próprios recifes da APA,
dentre as quais a coleta de crustáceos e moluscos, a pesca artesanal e a remoção de
calcário para fabricação de cal e outros usos. Entre as atividades mais ligadas ao turismo,
podemos citar a retirada ilegal de organismos para venda como souvenires, a visitação
turística por meio de catamarãs e outras embarcações, a prática de mergulho e o lazer de
forma geral. As Figuras 04 e 05 mostram a empregabilidade nas áreas de hospedagem e
alimentação na porção alagoana da APA, segundo pesquisas do setor de turismo.

Tamandaré

Localizado em Pernambuco a aproximadamente 114 km da capital, Recife (entre as


latitudes 8°45'36" e 8°47'20" S e longitudes 35°03'45" e 35°06'45 " W), Tamandaré é um
município recente, de 1997, quando foi desmembrado de Rio Formoso. Sua paisagem
natural é bastante diversificada, podendo ser citados os estuários dos rios Formoso e
Mamucabas, recifes de coral e remanescentes de mata atlântica (Figuras 06 e 07).
Destaca-se também que, além da APA Costa dos Corais, parte de Tamandaré encontra-
se inserida em duas outras unidades de conservação: a APA de Guadalupe e a Reserva
Biológica de Saltinho. Segundo o IBGE (2000), o município possui 17.281 habitantes, dos
quais 11.548 moram em área urbana e 5.733 em área rural. As principais atividades
econômicas são a agricultura, a pesca, o comércio, a indústria, o veraneio e o turismo.

Figura 03. Mapa da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, com destaque para as áreas
onde ocorrem, predominantemente, duas atividades que são fortes modificadoras da paisagem
costeira: o turismo e o cultivo do coco (modificado de IBAMA, 2004). Os dois municípios
analisados estão sublinhados.

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Figuras 04 e 05 À esquerda, gráfico da empregabilidade do setor hoteleiro nos municípios
alagoanos da APA Costa dos Corais na baixa e alta estação (Fonte: AHMAJA, 2004 apud
BRATZOA, 2004); o gráfico à direita mostra a empregabilidade dos bares e restaurantes. Fonte:
BRATZOA, 2004.

Porto de Pedras

O município de Porto de Pedras localiza-se à margem direita do rio Manguaba, no Estado


de Alagoas, a cerca de 74 km da capital, Maceió. Segundo o último censo demográfico
(IBGE, 2000), possui uma população de 10.238 habitantes, com uma densidade
demográfica de 38,2 habitantes por km2. Deste total, 5.198 moram em área urbana e
5.040 em área rural. Além da sede municipal, seus 266,24 Km2 de área incluem dois
povoados (Lajes e Tatuamunha), diversas praias (Porto de Pedras, Patacho, Crôa do
Tubarão e Tatuamunha) e ambientes recifais (Figuras 08 e 09). A economia é sustentada,
basicamente, pela indústria da cana-de-açúcar, o cultivo de coco e a pesca (IBGE, op.
cit.).

Abordagem metodológica

Este estudo qualitativo foi baseado em sete viagens a APA Costa dos Corais, realizadas
entre junho de 2003 e dezembro de 2004. Nas primeiras três viagens, toda a área
litorânea entre o rio Meirim (praia de Ipioca, Maceió/AL) e o rio Formoso (praia dos
Carneiros, Tamandaré/PE) foi percorrida a pé e observações acerca da orla, dos recifes,
dos impactos antrópicos e das populações dos municípios e povoados locais foram
registradas em caderneta de campo. Além disso, foi feito um registro fotográfico das
praias e municípios visitados, bem como de flagrantes de impactos antrópicos. Nas
viagens restantes foi dedicado um tempo maior a dois municípios com características
distintas: um mais isolado e quase intocado pelo turismo (Porto de Pedras/AL) e o outro
um popular ponto turístico (Tamandaré/PE).

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Figuras 06 e 07: À esquerda, vista área da orla do centro urbano de Tamandaré/PE (Fonte:
www.guiatamandare.com.br); à direita, zoantídeos e algas em uma das muitas poças de maré da
praia. Fotos: Andrea Steiner, 2003.

Figuras 08 e 09: À esquerda, rua do município de Porto de Pedras/AL; à direita o rio Manguaba,
que banha a cidade, encontra-se com o mar. Fotos: Andrea Steiner, 2004.

Resultados e discussão

Implicações do turismo em áreas de recifes de coral brasileiras

As atividades do turismo em áreas de recifes de coral no Brasil podem ser classificadas


como direta ou indiretamente ligadas aos recifes, conforme resumido abaixo.

As atividades diretas estão relacionadas à visita dos turistas aos recifes, que pode incluir
uma série de outras sub-atividades, cada qual com possibilidades de provocar diversos
tipos de impactos:

• Caminhada nos recifes, danificando ou matando organismos recifais;


• Ancoragem de barcos, muitas vezes nos próprios recifes, removendo
pedaços dos mesmos e danificando ou matando organismos recifais;
• Limpeza de barcos de passeio, que muitas vezes despejam lixo, óleo
de motor e outras substâncias danosas nos locais de visitação;

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• Alimentação artificial de peixes e outros organismos recifais,
prejudicando sua saúde e/ou a estrutura da comunidade (ver MILAZZO et
al., 2005 e MILAZZO et al., 2006, por exemplo);
• Uso de filtros solares, bronzeadores e outros cremes potencialmente
danosos aos organismos recifais mais sensíveis;
• Remoção de conchas, corais e outros organismos recifais, como
souvenires;
• Prática de mergulho livre ou autônomo sem orientação, danificando
os corais e outros organismos com os equipamentos;
• Suspensão de sedimento ao andar ou nadar próximo aos recifes ou
nas poças de maré, prejudicando os organismos filtradores; e
• Prática de pesca esportiva predatória.

A visita dos turistas em áreas de recifes de coral também implica na geração de lixo,
muitas vezes deixado no local, prejudicando os organismos recifais. Sacos de plástico,
por exemplo, quando presentes no ambiente aquático podem provocar o bloqueio do trato
intestinal de organismos marinhos (LAIST, 1987), ulcerações do estômago e do intestino
quando ingeridos (LAIST, 1987; GRAMENTZ, 1988), e concentração de compostos
químicos sintéticos ao longo das cadeias alimentares (WEHLE; COLEMAN, 1983). A
bioincrustação em materiais flutuantes deixados pelos turistas pode trazer perigos para a
fauna e a flora de áreas protegidas, devido à introdução de organismos alienígenas
transportados para essas localidades pelas correntes marítimas (GREGORY, 1991). Além
desses problemas, ressalta-se, também, o seu efeito no aspecto estético, conforme
apontam Smart; Smith (1987), apud Wade et al. (1991).

Além disso, os turistas se engajam em uma série de outras atividades indiretamente


ligadas aos recifes de coral, muitas vezes até mais impactantes que as atividades já
citadas acima:

• Transporte: a abertura de novas estradas para chegar até a APA Costa dos
Corais tem implicado, geralmente, no desmatamento e destruição de diversos
habitats costeiros;

• Hospedagem: a demanda dos turistas para locais de hospedagem, pode


trazer impactos de diferentes graus dependendo no tipo de infra-estrutura
procurada. Os principais riscos são o desmatamento (mata atlântica, restinga,
manguezal) e a poluição devido à falta de saneamento ambiental e/ou da
gestão adequada dos resíduos sólidos;

• Alimentação: a demanda por pratos feitos com frutos do mar muitas vezes
pressiona os estoques de espécies ameaçadas ou em período de defeso; e

• Comércio de souvenires: é comum encontrar peças de artesanato


produzidas com organismos recifais, ou até mesmo partes destes
organismos, à venda no comércio local e em centros urbanos como Recife e
Maceió (conchas, esqueletos de corais, esqueletos de estrelas-do-mar, etc.).

Para que se entenda o profundo impacto que pode ser causado nos recifes de coral
devido às atividades citadas acima, ressalta-se, aqui, o dinamismo e interdependência

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dos ecossistemas costeiros. Pode-se utilizar como exemplo o trabalho de Moberg;
Ronnback (2003), que demonstra isto ao enfocar os recifes de coral e mais dois
ecossistemas tropicais costeiros de grande importância: os tapetes de fanerógamas
marinhas e os manguezais. Neste trabalho, estes autores ressaltam sua interdependência
e seu status como ecossistemas "mútuos e simbiônticos", que necessitam da saúde um
do outro para sobreviver e suportar/absorver os impactos externos: os recifes de coral dão
suporte e abrigo para diversos animais e protegem a costa da erosão das ondas e de
tempestades; os tapetes de fanerógamas marinhas, apesar de sua aparente simplicidade,
filtram a água impedindo que poluentes e sedimento em excesso cheguem aos recifes e
servem como alimento para animais importantes, como o peixe-boi marinho; por fim, os
manguezais, além de servir de berçário para uma grande variedade de peixes, crustáceos
e moluscos, protegem a costa de intempéries climáticas extremas (tempestades, tufões,
etc.). Assim, destaca-se a importância da conservação integrada destes ecossistemas.

Outro risco do turismo em áreas de recifes de corais é a descaracterização de populações


costeiras tradicionais (CUNHA, 2003), como as comunidades de pescadores artesanais.
As mudanças trazidas pelo turismo podem causar modificações e/ou adaptações na
atividade pesqueira, atraindo os pescadores ou pela promessa de maior lucro e facilidade,
ou pela escassez dos recursos pesqueiros devido ao impacto antrópico. Xavier (2002),
em pesquisa com jangadeiros da popular praia de Porto de Galinhas (Ipojuca/PE),
verificou que 86% dos entrevistados alegaram ser impossível viver unicamente da pesca.
A respeito deste grupo, esta autora fez o seguinte comentário:

Esta atividade [conduzir turistas em jangadas] vem substituindo cada vez


mais a pesca em Porto de Galinhas, uma das atividades mais antigas
desenvolvidas pela população local. Já as jangadas, antes usadas
principalmente para a pesca, sofreram ajustes para melhor se adaptarem aos
passeios turísticos com destino às piscinas naturais.(XAVIER, 2002, p. 3)

Este tipo de mudança não é necessariamente ruim, porém existem alguns perigos, como
a perda do conhecimento tradicional destas comunidades, prejudicando a retomada da
atividade original caso a nova empreitada não dê certo a longo prazo. É possível,
também, que a percepção daquela população mude em relação ao meio, em face da sua
nova relação com o mesmo, podendo trazer conseqüências positivas ou negativas. Por
outro lado, o conhecimento dos pescadores sobre vários aspectos do ecossistema pode
ser aproveitado no caso de uma vocação para guias ou agentes ambientais,
proporcionando ao turista mais que uma simples visita ao recife.

A APA e o turismo

Ao longo da APA, registraram-se vários problemas sócio-ambientais em potencial


relacionados ao turismo e veraneio (Figuras 10-13), sendo os principais a especulação
imobiliária para a construção, principalmente, de casas de veraneio, hotéis e resorts de
luxo, e a própria presença humana devido ao turismo desordenado. Associados a estes
estão uma série de problemas:

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• O desenvolvimento urbano desorganizado, cuja falta de planejamento
permite construções muito próximas ao mar e muitas vezes sem saneamento
adequado, além de promover o desmatamento e/ou aterro de manguezais,
restinga e mata atlântica;

• A construção de rodovias de acesso para os novos empreendimentos e


imóveis, também construídas sem planejamento e freqüentemente muito
próximas à orla;

• A mudança no curso dos rios e a modificação das paisagens de modo geral;

• Problemas relativos à falta de infra-estrutura para acomodar as flutuações


na população (segundo relatos, os municípios com os destinos turísticos mais
procurados chegam a ter sua população triplicada no verão), principalmente
ligados à má gestão dos resíduos sólidos;

• A poluição advinda de lixo doméstico e comercial, do esgoto sanitário e dos


automóveis que passam a circular com mais freqüência; e

• A degradação dos recifes de corais e outros ambientes recifais devido a


ancoragem de barcos de passeio e pisoteio pelos turistas.

-
Figuras 10; 11; 12 e 13: As muitas faces do turismo na APA Costa dos Corais: (A) Placas indicam
a construção de resort em Carneiros (Tamandaré/PE, junho/2003); (B) Na praia de Sonho Verde
(Paripueira/AL) é possível ver casas de veraneio muito próximas da praia, com muro de arrimo
(novembro/2004); (C) Trecho da pista AL-101 a poucos metros da praia (Maragogi/AL,
setembro/2003); (D) Placa do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) alerta para área
imprópria ao banho (Maragogi/AL, junho/2003). Fotos: Andrea Steiner, 2003/2004.

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Todas estas questões encontram-se emaranhadas a um misto de conflitos de interesse,
falta de vontade política, falta de fiscalização pelos órgãos apropriados e falta de
informação por parte da população. Um estudo paralelo a este, que entrevistou uma
amostra da população de duas cidades do local, mostrou que a maioria da população
sequer sabia que a área era uma APA (dados não publicados).

Paradoxalmente, as conseqüências dos problemas causados pelo turismo desordenado


são os mesmos que, posteriormente, afastam o turista: praias sujas e paisagens
modificadas, sem as belezas naturais originais.

Ao mesmo tempo, falta conhecimento do ecossistema recifal por parte dos profissionais
do setor turístico na APA (guias, atendentes, etc.). Apesar dos corais serem um dos
principais chamarizes nos anúncios para atrair turistas à Costa dos Corais, raramente
foram encontrados profissionais que sabiam conceituá-los, mesmo aqueles que diziam
efetuar passeios de “ecoturismo” ou projetos de “educação ambiental”. De forma geral, o
que se observa são equívocos conceituais, onde os corais são confundidos com algas,
outros cnidários, e até mesmo com rochas. Ademais, ao serem levados para as piscinas
naturais ou “galés” (como são chamados os ambientes recifais emersos em alguns
trechos de Alagoas), os organismos apontados para os turistas quase sempre se resume
aos peixes coloridos, ignorando-se a rica fauna de invertebrados e flora algálica. Por
conseqüência, é comum ocorrer o pisoteio de corais e outros organismos sésseis, visto
que os guias não sabem identificá-los para orientar os visitantes. Além disso, para
agradar os turistas, este enfoque nos peixes faz com que os guias levem alimentos para
servir de atrativo. Infelizmente, o tipo de alimento (muitas vezes entregue aos próprios
turistas) nem sempre é adequado. Entre os atrativos utilizados, observou-se o uso de pão
e ração para cães, cuja conseqüência para organismos sensíveis como os corais e outros
invertebrados não é conhecida.

Desta forma, apesar de não se advogar aqui aprofundado conhecimento científico por
parte do setor turístico, seria interessante que os profissionais atuantes em regiões
tropicais costeiras adquirissem conhecimentos básicos sobre a biodiversidade recifal e
sua importância. Capacitando-se, poderão oferecer um diferencial aos seus clientes além
dos “peixinhos coloridos”; conscientizando-se, poderão sensibilizar os turistas e dar início
a um ciclo positivo de conservação dos ambientes recifais, promovendo o turismo
economicamente sustentável e ecologicamente correto.

Tamandaré e Porto de Pedras: duas situações distintas

O município de Tamandaré é um popular ponto turístico do litoral sul de Pernambuco,


diferentemente de Porto de Pedras, cuja infra-estrutura turística ainda é incipiente. Apesar
da situação sócio-econômica delicada de ambos os municípios, uma análise superficial do
Quadro 01 mostra que a situação é um pouco melhor em Tamandaré. É muito provável
que o turismo seja uma das causas desta diferença, porém estes dados por si só não são
garantia de melhor qualidade de vida. Olhando mais de perto, é possível ver que, apesar
de ter uma renda média per capita maior, a renda neste município é tão má distribuída
quanto em Porto de Pedras. Por outro lado, complementos à renda (como a pesca de
subsistência, por exemplo) não são incluídos nestes cálculos.

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Quadro 01. Dados comparativos sobre Tamandaré/PE e Porto de Pedras/AL
Tamandaré/PE Porto de Pedras/AL
Data de fundação/emancipação 1997 1921
Área total 190,02 km2 266,24 km2
População 17.281 habitantes 10.238 habitantes
2
Densidade demográfica 90,9 habitantes/km 38,5 habitantes/km2
Taxa de urbanização 66,8% 50,8%
Índice de Desenvolvimento Humano 0,596 0,499
Municipal – IDH-M
Ranking no Brasil 4724a posição 5487a posição
Ranking no Estado 125a posição (PE) 99a posição (AL)
Nível de desenvolvimento humano Médio Baixo
Taxa de alfabetização 64,5% 49,6%
Salário médio mensal R$271,28 R$182,74
Distribuição de renda Os 20% mais ricos detém Os 20% mais ricos detém
65,3% da renda, enquanto 20% 64,4% da renda, enquanto 20%
mais pobres detêm 0,4%. mais pobres detêm 0,5%.
Economia (principal) Agricultura, pesca, comércio, Indústria da cana-de-açúcar,
indústria, veraneio e turismo. cultivo de coco e pesca.
Infra-estrutura turística • 23 empresas de alojamento • 06 empresas de alojamento e
(direta e indireta) e alimentação; alimentação;
• 90 estabelecimentos • 29 estabelecimentos
comerciais diversos; comerciais diversos
• 27 empresas de atividade
imobiliária;
• 08 empresas de construção
Fonte: IBGE, 2000 e PNUD, 2003; organizado por Andrea Steiner, 2006.

Salienta-se, também, que índices como o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal,


o IDH-M (baseado na longevidade, na educação e na renda), não levam em consideração
indicadores ambientais ou culturais. Tamandaré teve sua paisagem costeira bastante
modificada; a sede municipal possui orla urbanizada e muitas casas de veraneio,
modificações estas com um alto custo sócio-ambiental. Até mesmo a praia de Carneiros,
uma das mais intocadas do município até recentemente, tinha dois resorts em processo
de construção no momento da pesquisa.

Segundo relatos de donos de pousadas, a população de Tamandaré chega a triplicar no


verão, mas infelizmente não há um planejamento que acompanhe estas flutuações: o
saneamento básico é quase inexistente (IBGE, 2000) e Araújo (2003), considerou a
limpeza urbana paliativa, apenas minimizando a quantidade total de resíduos e não
resolvendo a contaminação crescente que já afeta, inclusive, os recifes de alguns locais.
Este autor aponta, ainda, que nos locais onde existem construções e obras de contenção
no litoral, há muita contaminação por resíduos sólidos, provavelmente devido à largura
mais estreita da praia e à ausência de vegetação. Em Tamandaré também já se pode

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observar alguns dos problemas das grandes cidades, como a violência crescente
(reclamação repetida dos moradores), e um grau de favelização relativamente elevado
para uma cidade de seu porte. Diferentemente, Porto de Pedras possuía, no momento do
estudo, uma única e pequena rua que comportava a população mais pobre e
marginalizada.

Porto de Pedras é um cenário de sonho para o turista, principalmente aqueles que


buscam paisagens mais próximas do natural. A sede do município é margeada pelo rio
Manguaba e seus bem conservados manguezais, e banhada pelo Atlântico. Fora da área
urbana é possível percorrer praias praticamente desertas e pequenos vilarejos e
comunidades de pescadores, a exemplo de Tatuamunha, cujo rio de mesmo nome possui
um frondoso manguezal. Porto de Pedras ainda está livre de grandes resorts e ainda
pode fazer um planejamento turístico que inclua todos os estratos da população e não
modifique a paisagem natural. Os pescadores, inclusive, já levam turistas para conhecer
os estuários e os recifes, caso solicitados, como forma de complementar a renda.

Recomendações e perspectivas futuras

Apesar do impacto negativo que o turismo pode ter em áreas de recife de coral, é
possível, com planejamento adequado, promover experiências proveitosas para todas as
partes envolvidas, sem degradar os ecossistemas: a população local, o turista e os outros
atores da indústria turística. Para tanto, um componente importante é a inclusão,
englobando a tomada de consciência por meio de informação e participação em todo o
processo. Sanchirico (2000), inclusive, afirma que o aumento de renda trazido pelo
turismo em áreas de proteção costeira só compensa as perdas ocasionadas a certos
grupos (como o dos pescadores, por exemplo), se for contrabalançadas de forma
eqüitativa e justa; caso contrário, dificuldades políticas irão surgir.

É imprescindível, antes de qualquer coisa, que os envolvidos conheçam a importância dos


ecossistemas, principalmente nas suas próprias vidas, pois assim estarão mais
estimulados a preservá-los e a orientar os turistas. O conhecimento da legislação
ambiental vigente também é essencial para guiar o planejamento das atividades. Vale
salientar que a população local pode utilizar estas informações para se munir contra
possíveis especuladores mais interessados em lucro imediato que na conservação do
meio, ou até mesmo para decidir por não autorizar certas atividades na sua comunidade.
A informação também deve estar disponível ao turista, para que este saiba o que é uma
APA e como proceder nos recifes de coral e outros ecossistemas. O Ministério do Meio
Ambiente produziu um cartaz e uma cartilha sobre o assunto (MMA, s.d.), porém durante
nossas viagens foi raro ver este material, principalmente nas pequenas pousadas; estas
tinham, no máximo, alguns poucos exemplares.

Seria interessante que o planejamento turístico partisse da própria comunidade, mas no


caso de iniciativas de fora, a população pode ser conscientizada por projetos de educação
ambiental, não sem antes realizar estudos de percepção ambiental para que se possa
levar em consideração o conhecimento prévio das pessoas e sua relação com o meio (ver
REIGOTA, 1994).

Nesta mesma linha, todos devem participar no planejamento turístico de uma área, não só
o governo e as empresas envolvidas. A população deve se empoderar do processo e

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todos os possíveis impactos ambientais e sociais devem ser discutidos a fundo, o que
pode ser feito nos conselhos de meio ambiente (FERREIRA et al., 2003), escolas,
associações de moradores, entre outros espaços.

Entretanto, a participação no processo, por si só, não é suficiente. É preciso que haja
espaço para a completa inclusão de todos os segmentos interessados, principalmente a
população local. Desta forma todos se empenharão para que a iniciativa dê certo durante
muito tempo, estimulando uma atividade sustentável, e não predatória.
Usando como exemplo o caso de Porto de Pedras, algumas idéias simples seriam
aproveitar as atividades já existentes, como a visitação aos manguezais e os recifes nas
canoas de pesca; após um estudo prévio, os pescadores poderiam receber informações
sobre os manguezais e os recifes para complementar seu próprio conhecimento e
oferecer um serviço diferenciado ao turista. Como a infra-estrutura no local é mínima,
ainda há tempo de planejar o serviço de hospedagem, respeitando a legislação ambiental
e preservando a paisagem. Os moradores interessados poderiam participar de
capacitações sobre administração e turismo e criar (ou melhorar) pequenas estruturas de
alojamento em suas próprias casas, como o Sistema de Pousadas Domiciliares
implantado no Arquipélago de Fernando de Noronha. Este tipo de sistema ofereceria
alternativas para turistas de diferente poder aquisitivo, e não só para os mais abastados,
como no caso dos resorts. Seria uma fonte extra nos meses do verão, e própria.

De fato, é importante destacar a questão específica dos resorts de luxo e hotéis de


grande porte devido ao seu forte impacto social e ambiental. Existem, ao longo da APA,
cerca de dez destes complexos hoteleiros, e pelo menos mais seis a serem implantados
em breve. É inegável que estes empreendimentos trazem emprego e renda para as
populações locais e movimentam o comércio local. Porém, devido ao seu grande porte, a
maioria destes empreendimentos provocou ou provocará, em maior escala, supressão de
manguezais e/ou restinga, drásticas modificações de paisagem e deslocamento e/ou
descaracterização de comunidades pesqueiras, conforme já listado acima. Além disso,
promovem maior fluxo de atividades direcionadas aos ambientes recifais. Alguns resorts
chegam a anunciar, em seus sites, aulas de hidroginástica nas piscinas naturais. Assim,
recomenda-se a realização de estudos que avaliem a relação custo-benefício da
construção deste tipo de hotel para as populações locais e para o meio ambiente de
forma geral.

Considerações finais

Os recifes de coral são grandes atrativos turísticos, porém sua fragilidade e


interdependência com outros ecossistemas precisam ser levados em consideração
durante o planejamento desta atividade. Para tanto, sugere-se a realização de outros
estudos mais aprofundados sobre a relação do turismo com os recifes de corais, além de
estudos da percepção ambiental dos diversos atores envolvidos (moradores, turistas,
empresários do setor hoteleiro, guias turísticos, etc.) para subsidiar a realização de
futuros projetos de educação ambiental dirigidos aos mesmos. A APA Costa dos Corais
tem muito que aprender com os erros já cometidos, mas ainda há tempo e áreas para
fazer um planejamento turístico adequado, respeitando o meio ambiente e incluindo a
população local em todas as etapas do processo.

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RESUMO: Recifes de coral são ambientes de suma importância, tanto para o homem
quanto para a natureza, uma vez que fornecem benefícios em áreas diversas de grande
relevância como biodiversidade, alimento, medicina, lazer e proteção costeira. Fazendo
uso de seus atrativos, a indústria do turismo tem-se voltado para esses ambientes, mas a
atividade turística não planejada pode trazer graves impactos ao ecossistema recifal. A
APA Costa dos Corais (Pernambuco e Alagoas), maior unidade federal de conservação
marinha do Brasil, foi criada com o objetivo de preservar os recifes daquela área; porém,
vem sofrendo um processo de degradação constante devido a vários fatores, entre eles, o
turismo desordenado. No presente trabalho foram discutidas algumas implicações do
turismo sobre os recifes de coral, sendo também caracterizados os principais impactos
causados pelo turismo e veraneio na APA. São sugeridas, também, perspectivas para o
turismo sustentável nesta área.
Palavras-chave: Recifes de Coral. Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais.
Pernambuco. Alagoas. Turismo. Impacto Ambiental.

ABSTRACT: Coral reefs are extremely important ecosystems both for man and for nature,
as they provide significant benefits such as biodiversity, food, medicine, leisure, and
coastal protection. The tourism industry has sought out these environments due to their
appeal, yet unplanned tourist activities can seriously impact reef ecosystems. The Costa
dos Corais Environmental Protection Area (states of Pernambuco and Alagoas), the
largest federal marine conservation unit in Brazil, was created to preserve its reefs;
however, it has been under a constant process of degradation due to several factors,
including disordered tourism. This paper discusses some of the implications of tourism on
coral reefs, and characterizes the main impacts of tourism and vacationing on the EPA. In
addition, perspectives for sustainable tourism are suggested for this area.
Key words: Coral Reefs. Costa dos Corais Environmental Protection Area. Pernambuco.
Alagoas. Tourism. Environmental Impact.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Coordenação de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) pela


concessão de bolsa à primeira autora e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) pela Bolsa de Produtividade de Pesquisa concedida à
quarta co-autora. Um agradecimento especial aos moradores do entorno da APA Costa
dos Corais.

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Informações sobre os autores:

* Biol. Ms. Andrea Q. Steiner


Associação Pernambucana de Defesa da Natureza – ASPAN

Contato: coorelin@aspan.org.br

**Biol. Ms. Christinne C. Eloy


Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba – CEFET/PB

Contato: christinneeloy@yahoo.com.br

*** João Renato B. C. Amaral


Graduando em Sistemas de Gestão Ambiental (CEFET-PE)

Contato: jrbca@hotmail.com

**** Profa. Dra. Fernanda D. Amaral


Professora Adjunta da Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Departamento de Biologia, Área de Zoologia, Laboratório de Ambientes Recifais

Contato: fdamaral@ufrpe.br

***** Prof. Dr. Roberto Sassi


Professor Adjunto da Universidade Federal da Paraíba,
Departamento de Sistemática e Ecologia, Núcleo de Estudos e Pesquisas de Recursos do
Mar – NEPREMAR

Contato: rsassi@nepremar.ufpb.br

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