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Há uma semana do Carnaval de Cruz Alta, que promete ser o terceiro maior do estado,

o que é um grande título, principalmente para um povo como o nosso que adora título. A
considerada “maior festa popular” do nosso país, que embora torça o nariz de muitos, é feita
pelo povo. Quem brilha nesses dias, são sem dúvida os anônimos, será que por isso, essa festa
sofra tanto preconceito? Em meio a isso, eu me coloco a pensar nas tantas possibilidades
artísticas que crescem em cada espaço humano das escolas de samba. Existem várias formas
de manifestação da cultura carnavalesca pelo Brasil. Pode ser o Carnaval das ruas de Olinda, o
Carnaval de bonecos, os carnavais que copiam o formato Veneziano, o Carnaval do barro, o
Carnaval D’água o Carnaval de Rua, dentre outros tantos.

A nossa cultura foi se transformando no passar dos anos e chegou ao Carnaval das
grandes escolas de samba, e agora vendemos para a região, esse lugar, esse título. Mas há a
experiência artística, e essa se dobra e redobra, multiplica-se, em dança, artesanato, música,
canto, artes plásticas, entre outras tantas opções.

Se você vai até o barracão, se depara com o adolescente da bateria dedicando-se a


aprender percussão, a como apropriar-se de um instrumento musical. O estilista que bolou a
fantasia de mulher águia usando criatividade, cores, intensidades e texturas. O músico, um
poeta que escreveu a letra de sambas que carregam em seus temas a cultura afro através dos
orixás da Unidos do beco; São Francisco com toda a sua bondade e amor ao próximo que a
Unidos de São José vem trazendo; O agro e a valorização do homem do campo através da
Imperatriz da Zona Norte e ainda a poderosa ideia de falar em poesia, literatura e
dramaturgia propostas pela Gaviões da Ferro.

Artistas que se esmeram para dar um show na avenida, um show sensorial, semiótico.
Como não amar, respeitar e valorizar essa gota em meio ao oceano. Sim, pois cada vez que
alguém tem coragem de apostar na arte, nos artistas, e fazer nascer em meio às rochas uma
planta, uma flor, uma ideia, uma inspiração, está fazendo sua parte para um mundo melhor.
Nós precisamos da arte, pois a arte tem o poder de modificar, e nós precisamos nos modificar
em prol do novo. Cada vez que algo se estabelece e fica por muito tempo sendo tido como
verdade absoluta, precisamos questionar, no sentimento de que não seremos impossibilitados
de nada, negados de nada. Cada um, eu acredito, tem um pouquinho de arte dentro de si, e
grandes movimentações como a do Carnaval, que movem uma cidade inteira, dão força para
essa movimentação e o mundo ao nosso redor se reequilibra novamente com um novo olhar.
sIsso sem falar no espaço que o negro, que a trans, que a mulher, tem no carnaval e no
Carnaval de Cruz Alta esse ano, teremos a visibilidade voltando-se a representação de várias
instituições o representadas pelos “Bambas da Inclusão”.

Você pode ser contra o carnaval, mas você não pode ser contra a criatura humana
expressar-se. Isso é vida!

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