Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROCESSO PENAL
ll.a edição
revista, atualizada e ampliada
fXl ELEMENTOS 8
[ l\lrDO DIREITO 8
Coordenação jqq N
Marco Antonio Araujo Jr. - anos editoraRT?
Darlan Barroso revista dos tribunais
PAULO HENRIQUE ARANDA FULLER
EDITORAI \1 IRi?
REVISTA DOS TRIBUNAIS
ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR
Tel.: 0800-702-2433
www.rt.com.br
PAULO HENRIQUE ARANDA FULLER
GUSTAVO OCTAVIANO DINIZ JUNQUEIRA
ANGELA C. CANGIANO MACHADO
ll.® edição
revista, atualizada e ampliada
"
|Xa ELEMENTOS q |
l\TDO DIREITO O J
Coordenação
Marco Antonio Araujo Jr.
Darlan Barroso
EDITORA rcr?
REVISTA DOS TRIBUNAIS
ELEMENTOS
DO DIREITO
PROCESSO PENAL
Paulo Henrique Aranda Fuller
Gustavo Octaviano Diniz Junqueira
Angela C. Cangiano Machado
Coordenação
Marco Antonio Araujo Jr.
Darlan Barroso
ISBN 978-85-203-4295-4
À minha esposa Michelle Marie pelo
,
Coordenadores
Sumário
NOTA DA EDITORA. 7
APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO. 9
1
.
DOS PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL. 21
1 . 1 Introdução. 21
11
. . 1 Princípio do devido processo legal. 21
1 1
. .
2 Princípio do contraditório. 22
1 1
. 3. Princípio da ampla defesa. 22
1 1
.
4.
Princípio da presunção de inocência. 24
1.1.5 Princípio acusatório. 24
1 2
.
Aplicação e interpretação da lei processual penal. 25
12 1
. .
Aplicação da lei processual penal no tempo. 25
122
. .
Interpretação e integração da lei processual penal. 26
2 . DO INQUÉRITO POLICIAL. 29
21 .
Introdução: a persecução penal. 29
22 . Conceito, finalidade e destinatários do inquérito policial. 30
23 . Características do inquérito policial. 31
23 1
. .
Inquisitividade (unilateralidade). 31
232
. .
Oficiosidade. 33
23
.
3 .
Indisponibilidade. 33
234
. .
Dispensabilidade. 34
234 1
. . Dispensabilidade na Lei 9.099/1995 (JECrim).
. 35
235
. .
Escrito. 35
23
.
6 Sigilo.
.
35
2 .
4 Questões pontuais. 36
24 1
. .
Curador. 36
12 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
24 1
. . .
1 A figura do curador em face do Código Civil (Lei
10.406/2002) . 37
242
. .
Inquéritos extrapoliciais. 41
242
. .
1 Investigação criminal direta pelo Ministério Público
.
41
24. 3
. Identificação criminal. 42
244
. .
Incomunicabilidade do indiciado. 43
24.
5 .
Vícios no inquérito policial. 44
2. 5 Formas de instauração do inquérito policial. 44
25 1
. .
Ação penal pública incondicionada. 45
252
. .
Ação penal pública condicionada. 46
253
. .
Ação penal privada. 46
2.
6 Prazos para o encerramento do inquérito policial. 46
26. .
1 Prazos especiais. 47
2.
7 Encerramento do inquérito policial. 48
27 1
. .
Encerramento do inquérito policial em crimes de ação pe-
nal pública. 48
2 72
. .
Encerramento do inquérito policial em crimes de ação pe-
nal privada. 49
273
. . Encerramento anormal: o trancamento do inquérito poli-
cial . 50
3 . DA AÇÃO PENAL. 51
3 1 .
Conceito. 51
3 2
. Condições da ação. 51
32.
1 .
Possibilidade jurídica do pedido (ou da acusação). 52
322
. .
Interesse processual. 55
323
. .
Legitimidade ad causam . 58
33 . Espécies de ação penal. 60
3 4
.
Ação penal pública. 60
34 1
. .
Titularidade. 61
34. . 2 Princípios. 61
342
. . .
1 Obrigatoriedade. 61
342
. . .
2 Indisponibilidade. 61
3423
. . .
Oficialidade e oficiosidade. 61
3424
. . .
Intranscendência. 62
3425
. . .
Divisibilidade. 62
34. .
3 Início da ação penal pública. 63
Sumário 13
343
. 1 Prazo para o oferecimento de denúncia.
. . 63
34
.
4 .
Espécies: a ação penal pública incondicionada. 63
345
. . Espécies: a ação penal pública condicionada. 63
345
. . .
1 Ação penal pública condicionada à representa-
ção do ofendido ou de seu representante legal .. 64
345
. .
2
.
Ação penal pública condicionada à requisição
do Ministro da Justiça. 66
3 5
. Ação penal privada (ou de iniciativa privada). 67
35
.1 .
Início da ação penal privada. 67
35
.2 . Titularidade do direito de queixa. 67
353
. . Prazo para o exercício do direito de queixa. 68
354
. .
Princípios da ação penal privada. 68
354 1
. .
Oportunidade ou conveniência.
.
68
3542
. . Disponibilidade.
. 69
3543
. . .
Indivisibilidade. 69
354
. . .
4 Intranscendência. 69
35
. . 5 Espécies de ação penal privada. 70
355
. 1 Comum, propriamente dita ou exclusivamente
. .
privada. 70
3552
. . .
Personalíssima. 70
38. .
2 Causas de rejeição liminar da denúncia ou queixa (art.
395 do CPP). 79
4 .
6 Legitimidade extraordinária do Ministério Público. 88
5 .
DA COMPETÊNCIA. 89
5 1 .
Conceito . 89
5 .
2 Critérios de concretização da competência. 89
52. .
1 Competência das Justiças Especiais. 89
52 1 1
. . Justiça Federal.
. 90
52. .
2 Competência por prerrogativa de função. 95
522 1
. .
Outras imunidades do Presidente da República .
.
97
522
. .
2 Conflito entre competência por prerrogativa de
.
do CPP). 110
53 1
. . .
3 Conexão objetiva ou material e os crimes dolo-
sos contra a vida. 112
53 1
. . .
4 Conexão probatória ou instrumental (art. 76, III,
do CPP) .
113
532
. .
Competência por continência (art. 77 do CPP). 114
532 1
. .
Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I,
.
do CPP). 114
Sumário 15
532
. . 2
. Continência por cumulação objetiva (art. 77, II,
doCPP). 114
532
. . . 3 Distinção entre as continências por cumulação
subjetiva e objetiva. 115
5
.
4 Foro prevalente. 115
6 . DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES. 117
6 .
1 Das questões prejudiciais. 117
6 . 2 Das exceções. 118
62
. .
1 Modal idades de defesa. 118
62
. .
2 Conceito. 119
62
. . 3 As "exceções" (objeções) processuais. 120
62
. . 4 As exceções do Código de Processo Penal (art. 95, I a V).. 120
624 1
. . Suspeição (art. 95, I, do CPP).
.
120
6242
. .
Incompetência de juízo (art. 95, II, do CPP).
.
124
6243
. .
Litispendência e coisa julgada (art. 95, III e V, do
.
CPP). 127
4 Ilegitimidade de parte (art. 95, IV, do CPP).
624
. . .
127
6 .
3 Das medidas assecuratórias. 128
63 1
. . Do sequestro. 128
632
. . Hipoteca legal e arresto. 129
633
. . Arresto prévio. 130
63
. . 4 Observações. 130
6 .
4 Da insanidade mental do acusado. 130
65 .
Incidente de falsidade. 132
6 .
6 Sujeitos do processo. 133
661
. .
O juiz. 133
662
. .
Do Ministério Público. 136
66
. .
3 Do acusado. 136
664
. .
Do defensor. 136
665
. .
Dos assistentes. 138
66
. . 6 Dos funcionárias da Justiça. 139
66
. .
7 Dos peritos e intérpretes. 139
7 .
DAS PROVAS. 141
7 .
1 Conceito. 141
7 . 2 Sistema de apreciação da prova (art. 155 do CPP). 141
7 . 3 Fonte de prova. 142
16 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
7 .
4 Meio de prova. 142
7 .
5 Ónus da prova (art. 156 do CPP). 142
7 . 6 Momentos da prova. 143
76.
1 . Produção antecipada da prova. 143
7 . 7 Provas vedadas ou proibidas. 144
7 .
8 Das provas em espécie. 144
78 1
. .
Dos exames periciais. 144
78 1 1 .
Do exame de corpo de delito (art. 158 do CPP).
. .
146
782
. .
Do interrogatório. 146
782 1
. . .
Conceito. 146
782
.
2 . .
Natureza jurídica. 147
7823
. . .
Principais aspectos. 149
7824
. . .
Forma e local do interrogatório (videoconferên-
cia). 151
782
. . . 5 Procedimento: as fases do interrogatório e o di-
reito ao silêncio . 152
782
.
6 . .
Conteúdo do interrogatório. 154
782
.
7 . .
Obrigatoriedade de realização do interrogatório 158
7828
. . .
Possibilidade de novo interrogatório (reinterro-
gatório). 158
783
. .
Da confissão. 158
78. . 4 Da acareação. 159
78. . 5 Das declarações do ofendido. 159
78. .
6 Das testemunhas. 164
786 1
. . .
Conceito. 164
786
. . . 2 Distinção entre testemunha e ofendido. 164
786
. . .
3 Capacidade para ser testemunha. 165
7864
. . .
Deveres das testemunhas. 166
786
. . . 5 Dever de comparecimento. 166
786
. . .
6 Dever de depor. 166
78 6
. . .
7 Dever de dizer a verdade. 170
786
. 8 Procedimento do depoimento.
. . 172
787
. . Do reconhecimento de pessoas e coisas. 174
788
. .
Da prova documental (arts. 231 a 238 do CPP). 1 74
789
. . Busca e apreensão. 175
8 .
MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS. 177
Sumário 17
8 .
1 Noções gerais. 177
8 . 2 Regras gerais para a aplicação das medidas cautelares pessoais no
processo penal (art. 282). 1 78
82 1
. . A regra da proporcionalidade {caput e incisos I e II). 178
82 1 1.
A regra da proporcionalidade em face da sus-
. .
282,1). 183
822
. . . 4 Determinação da medida cautelar pessoal a ser
aplicada (art. 282, §§ 1. e 6.°).
°
184
822
. . .
5 Procedimento para aplicação das medidas cau-
telares pessoais (art. 282, § 2.°). 184
8 2 2 5 1 Contraditório prévio (art. 282, § 3.°)...
. . . .
185
822
. . .
6 Descumprimento das medidas cautelares pes-
soais (art. 282, § 4.°). 186
822
. . . 7 A situacionalidade das medidas cautelares pes-
soais (art. 282, § 5.°). 187
822
. . .
8
A subsidiariedade e excepcionalidade da prisão
preventiva (art. 282, § 60) .
188
83.
3 .
Requisitos fundamentais para qualquer espécie de prisão. 207
8 .
4 Medidas cautelares diversas da prisão (arts. 319 e 320 do CPP). 207
8 .
5 Liberdade provisória. 209
9.
PROCEDIMENTOS. 213
do CPP). 217
9.2.1.3 Citação do acusado. 219
92 14
. . .
Apresentação da resposta à acusação (arts. 396 e
396-A). 225
92 1
. . . 5 Absolvição sumária (art. 397 do CPP). 227
92 1
. . .
6 Designação da audiência de instrução e julga-
mento (art. 399, caput). 228
92 1
. . .
7 Audiência de instrução e julgamento (art. 400,
caput). 229
92 1
. . .
8 Requerimento de diligências complementares
(art. 402). 230
92 1
. . . 9 Sentença (arts. 381 a 392 do CPP). 231
92. .
2 Do procedimento comum sumário (arts. 531 a 538 do
CPP). 237
922
. . .
1 A fase inicial dos arts. 395 a 397 do CPP (art.
394, §4.°). 238
922
. 2 Audiência de instrução e julgamento (art. 531)..
. . 238
92. .
3 Do procedimento da Lei 9.099/95. 239
Sumário 19
923
. . .
1 Fase preliminar (arts. 69 a 76). 240
9232
. . .
Procedimento Sumaríssimo. 242
923
. . . 3 Procedimento das infrações penais de menor
potencial ofensivo no Juízo comum (art. 538 do
CPP). 244
92
.
4
.
Do procedimento especial dos crimes contra a honra (arts.
519 a 523 do CPP). 244
924
. . . 1 Audiência de tentativa de conciliação. 245
924
. . . 2 Exceção da verdade. 246
92
. .
5 Do procedimento especial dos crimes funcionais (art. 513
do CPP) .
247
925 1
. . .
Procedimento. 247
92
. .
6 Do procedimento especial dos crimes falimentares. 248
926
. 1 Natureza jurídica da sentença que decreta a fa-
. .
92
. . 8 Procedimento especial do júri. 253
928
.
1 Aspectos gerais do júri.
. .
253
9282
. . Fases do procedimento do júri.
. 254
10. DAS NULIDADES. 271
1 1 INTRODUÇÃO
.
Assim, ainda que a lei seja omissa acerca de garantia essencial para a ma-
nutenção da dignidade ela deverá ser obedecida, em respeito à face material
,
1 1
. .
2 Princípio do contraditório
Ciência e participação. O indivíduo tem o direito de estar ciente de todos
os atos, para que possa se comportar de forma coerente e conveniente com
sua pretensão. Tem força constitucional expressa.
Além da ciência
é preciso que tenha condições de participar do processo,
,
1 1
.
3 Princípio da ampla defesa
.
direito de presença
-
direito de postulação
1 1 . .
4 Princípio da presunção de inocência
Prevalece o que foi adotado pela Constituição Federal.
Obviamente não significa, como alguns argumentam, que a inocência é
presumida e não cabe prova em contrário, ou seja, que a presunção é absoluta.
A ideia é que o sujeito tem o direito de ser considerado inocente até que se
prove o contrário e a conclusão da existência de tal prova vem em sentença
condenatória com trânsito em julgado.
Aliás , a redação do art. 8. item 2, da Convenção Americana sobre Direi-
°
,
1 1 . .
5 Princípio acusatório
Em um Estado Democrático de Direito que garante a ampla defesa e o
contraditório, está delineado o alicerce de um sistema acusatório que, para ,
Cap. 1 . Dos Princípios do Direito Processual Penal 25
12
.
1 Aplicação da lei processual penal no tempo
.
5°
.
, XL, da CF/1988.
Em suma: a regra da aplicação imediata da lei processual penal (art .
2.°
12
. .
2 Interpretação e integração da lei processual penal
A lei processual penal admite interpretação extensiva e aplicação analógi-
ca, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito (art 3.° do CPP). .
"
propor a ação penal privada pode, a Jortiori (com maior razão), autorizar o
Ministério Público a propor a ação penal pública condicionada .
D/04.09.1992).
processo .
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal vale dizer,
,
sação substrato para a propositura da ação penal; esta uma vez instaurada, ,
°
ção Federal (art. 5. L1V) para a efetivação da pretensão punitiva estatal e a
,
de justa causa (art. 395 III, do CPP), sob pena de a coação ser considerada
,
23
. .
/ Inquisitividade (unilateralidade)
Ser inquisitivo significa não ser regido pelos princípios do contraditório
e da ampla defesa.
A natureza inquisitiva do inquérito policial confere a esse procedimento
administrativo dinâmica absolutamente diversa da presente na ação penal,
informada pelas garantias do contraditório e da ampla defesa, ex vi do art.
5.
°
, LV, da CF/1988.
Deveras, na ação penal cumpre seja observada a bilateralidade imanen-
te ao contraditório, assegurando-se às partes igualdade de condições e de
oportunidades para participação (paridade de armas), podendo cada qual
produzir provas, tecer alegações e se manifestar sobre todo e qualquer ato
ou fato do processo.
No inquérito policial, ao contrário, as investigações são conduzidas
unilateralmente pela autoridade policial (sem necessidade de intervenção do
indiciado), realizando-se, com discricionariedade, as diligências tendentes
ao esclarecimento da infração penal e de sua autoria.
32 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
"
recursos a ela inerentes (grifo nosso).
" "
"
nem litígio a ser solucionado e nenhuma sanção ou punição pode dele de-
,
23 2
. .
Oficiosidade
ação pública refere-se apenas aos crimes de ação penal pública incondicio-
,
"
nada (espécie do género ação penal pública ), pois, aos demais casos (ação
"
23
. .
3 Indisponibilidade
Instaurado o inquérito policial não pode a autoridade policial dele dis-
,
23
. .
4 Dispensabilidade
O inquérito policial, a despeito de ser o principal instrumento de investi-
gação criminal, pode ser dispensado pelo titular da ação penal, desde que este
disponha de elementos de convicção suficientes para evidenciar a viabilidade
da acusação (indícios de autoria e prova da existência da infração penal),
podendo então a ação penal ser proposta diretamente, independentemente
da existência de inquérito policial.
Compreende-se a dispensabilidade do inquérito policial, nesse caso, em
virtude de a sua função precípua (apurar infrações penais e sua respectiva
autoria) ter sido alcançada por outro meio de investigação. Cumprida sua
finalidade, torna-se dispensável o inquérito policial para a propositura da
ação penal.
O exercício da ação penal impõe a existência de justa causa (art. 395,
III, do CPP), ou seja, de um "começo de prova" acerca do fato constitutivo
da acusação, não importando sua origem, se proveniente de um inquérito
policial ou de fonte diversa.
Cap. 2 . Do Inquérito Policial 35
234
. .
1 Dispensabilidade na Lei 9.099/1995 (JECrim)
.
Por derradeiro
saliente-se que a Lei 9.099/1995, instituidora dosjuiza-
,
dos Especiais Criminais em seu art. 77, § 1.°, dispensou o inquérito policial
,
23
. .
6 Sigilo
A fim de assegurar o sucesso da investigação e de resguardar a imagem e
a honra dos sujeitos envolvidos na persecução penal (art. 5.° X, da CF/1988),
,
36 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
O sigilo dos autos de inquérito policial, contudo, não pode ser oposto
ao Ministério Público (destinatái
r o imediato das investigações), ao Juiz de
Direito (destinatário mediato das investigações) e o dvogaclo.
Em relação ao advogado, o Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994) pres-
°
creve, em seu art. 7. XIV, ser direito do advogado "examinar, em qualquer
,
°
prejuízo dos recursos ou outros meios de impugnação (art. 7. caput, da Lei ,
2. 4 QUESTÕES PONTUAIS
24 1
. .
Curador
ado curador, que deve estar presente a todos os atos aos quais deva o menor
comparecer (arts. 15 e 262 do CPP).
A falta de nomeação de curador no inquérito policial constitui mera ir-
regularidade. Contudo, a ausência de curador na lavratura do auto de prisão
em flagrante, no caso de indiciado menor, gera ilegalidade (inobservância
de formalidade legal - art. 15 do CPP) que enseja o relaxamento da prisão
em flagrante.
A inobservância de formalidades legais na lavratura do auto de prisão
em flagrante não acarreta sua nulidade, por ser estranho ao inquérito poli-
cial - peça meramente informativa - o fenómeno processual da nulidade
" "
2 4 1
. .
1 A figura do curador em face do Código Civil (Lei
.
10.406/2002)
observa:
"
sua capacidade, não se lhe possa negar a palavra para se manifestar sobre
qualquer ato processual, sem prejuízo de se ouvir também o curador"
(Edgard Magalhães Noronha. Curso de Direito Processual Penal, 28. ed.,
São Paulo: Saraiva, 2002, p. 185.).
Fernando Capez ao cuidar do curador, esclarece igualmente que:
,
ação (Fernando Capez. Curso de Processo Penal 9. ed., São Paulo: Saraiva,,
2003, p. 168.).
b) A capacidade civil nunca exerceu influência no processo penal .
O ca-
samento de pessoa menor de 18 anos de idade embora constitua causa ,
c) O art. 2.043 do novo Código Civil imuniza outros diplomas legais dos
"
conceitos por ele adotados: Até que por outra forma se disciplinem ,
Com efeito, não se pode cotejar a aptidão para o exercício dos atos da
vida civil com a posição da pessoa que se encontra na condição de sujeito-alvo
de uma persecução penal, cujo deslinde pode culminar na imposição de uma
sanção penal, quiçá de natureza privativa de liberdade.
Por esses motivos, sustentávamos, em edições anteriores, a subsistên-
cia da figura do curador no processo penal, atualmente restrita ao Inquérito
Policial, por força da manutenção da vigência do art. 15 do CPP.
Alberto Silva Franco, no que tange ao curador, esclarece que:
"
Não se cuida, exclusivamente, de suprir, com essa nomeação, a in-
capacidade relativa do menor, como, de regra, se afirma. Cuida-se, sim,
de estender-lhe uma garantia vinculada ao direito, constitucionalmente
tutelado, da ampla defesa e que se traduz no reconhecimento de que,
ao menor de vinte e um anos de idade, o Estado-Juiz e o próprio Estado-
-
Por derradeiro
cumpre mencionar aresto do extinto Tribunal de Alçada
,
entrevê-lo como lei geral, em face da especial lei penal, uma vez que ele
o não é em confronto com o Código Penal ou seu Código de Processo. Ao
contrário, estes últimos, naquilo que não regularem diretamente devem ,
dos 18 anos. Ou ab-roga a lei penal por inteiro no que dispõe sobre
,
2 4 .
2 Inquéritos extrapoliciais
.
242
. . .
1 Investigação criminal direta pelo Ministério Público
Em face da ausência de permissão expressa, alguns sustentam a impos-
sibilidade de investigação criminal direta pelo Ministério Público, pois a
Constituição Federal apenas lhe conferiu os poderes de promover o inquérito
civil (e não criminal - art. 129, III), de exercer o controle externo da atividade
policial (e não a substituir - art. 129, VII) e de requisitar a instauração de
inquérito policial (e não presidir pessoalmente uma investigação criminal
direta-art. 129, VIII).
De outra parte, a corrente que defende tal possibilidade argumenta com
" "
a teoria dos poderes implícitos : se o Ministério Público tem o poder de
promover a ação penal pública (art. 129,1, da CF/1988), tem igualmente o
poder de coligir os elementos de informação que subsidiam a sua propositura.
Em outras palavras: quem pode os fins (propor a ação penal), pode os meios
(investigação criminal direta). Outro fundamento de reforço seria a possibili-
dade de o Ministério Público exercer outras funções que lhe forem conferidas,
desde que compatíveis com sua finalidade (art. 129, IX, da CF/1988), e a
investigação criminal direta seria compatível com a finalidade de promover a
ação penal pública. O CNMP inclusive editou a Resolução 13, disciplinando o
denominado "procedimento investigatório criminal", instaurado e presidido
pelo membro do Ministério Público com atribuição criminal.
O STF possui decisões no sentido da possibilidade de investigação cri-
minal direta pelo Ministério Público:
É perfeitamente possível que o órgão do Ministério Público promova
a colheita de determinados elementos de prova que demonstrem a existên-
cia da autoria e da materialidade de determinado delito, ainda que a título
42 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
pode embasar seu pedido em peças de informação que concretizem justa causa
para a denúncia Há princípio basilar da hermenêutica constitucional, a saber,
' ,
o dos poderes implícitos segundo o qual, quando a Constituição Federal
,
2 4
. 3 Identificação criminal
.
2 44
. .
Incomunicabilidade do indiciado
Estatuto da Advocacia).
°
prescreve, em seu art. 7. III, ser direito do advogado "comunicar-se com
,
44 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
"
contra o Estado pode ser decretada sem ordem judicial (art. 136, § 3.°, I, da
CF/1988), colocando, assim, o preso em posição de fragilidade perante os
órgãos da persecução penal. Ao contrário, durante a normalidade, vigendo
todos os direitos e garantias individuais, não haveria razão para a proibição
da incomunicabilidade do indiciado, desde que observadas as formalidades
legais insculpidas no art. 21 do CPP.
2 4
. .
5 Vícios no inquérito policial
Descabe falar em "nulidades" no inquérito policial, pois nele não se
"
vislumbra um processo mas um procedimento administrativo de caráter
"
25
.
1 Ação penal pública incondicionada
.
°
a) Ex officio, por Portaria do Delegado de Polícia (art. 5. I, do CPP): a
,
2 5 . .
2 Ação penal pública condicionada
Em crimes de ação penal pública condicionada a instauração do inqué-,
°
requisição do Ministro dajustiça (art. 5. § 4.°, do CPP), conforme o caso.
,
Do mesmo modo
em caso de prisão em flagrante, a sua formalização
,
25
. .
3 Ação penal privada
Tratando-se de crime de ação penal privada a instauração do inquérito
,
LXV, da CF/1988);
b)se solto: 30 dias, contados do dia em que foi instaurado o inquérito
policial. Esse prazo pode ser prorrogado pelo juiz, a pedido funda-
mentado da autoridade policial (art. 10, § 3. do CPP).
°
,
2 6
. .
/ Prazos especiais
1 .
521/1951).
2 7
. .
/ Encerramento do inquérito policial em crimes de ação penal
pública
Tratando-se de crime de ação penal pública o juiz encaminha os autos
,
as razões pertinentes.
2 7
. .
2 Encerramento do inquérito policial em crimes de ação penal
privada
Tratando-se de crime de ação penal privada, a autoridade policial reme-
te os autos de inquérito policial ao juízo competente, onde permanecerão
aguardando a iniciativa dos legitimados para o ajuizamento da queixa, dentro
do prazo decadencial de 6 meses, contados do conhecimento da autoria (art.
103 do CP e art. 38 do CPP). Os autos de inquérito policial podem ainda ser
entregues ao titular do direito de queixa, mediante traslado, se o requerer
(art. 19 do CPP).
50 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller , Gustavo O. D. junqueira e Angela C. C. Machado
2 7 . .
3 Encerramento anormal: o trancamento do inquérito policial
Trata-se o "trancamento" do inquérito policial cie uma construção pre-
toriana (jurisprudencial) calcada na previsão genérica contida no art. 648 ,
justa causa".
Entende-se que a existência de um inquérito policial de per si, implica ,
disso, não estar extinta a punibilidade, sob pena de a existência desse pro-
cedimento administrativo consubstanciar uma coação ilegal ao investigado
ou ao indiciado.
indevidamente instaurado.
Da Ação Penal
3 1 .
CONCEITO
3 2 CONDIÇÕES DA AÇÃO
.
São requisitos exigidos para o regular exercício da ação penal. Tais requi-
sitos não condicionam o agir do órgão da acusação (direito de demanda) mas ,
da presença das condições da ação, sem as quais o Juiz não pode se pronunciar
sobre a culpabilidade (ou não) do acusado.
De outra parte a presença das condições da ação penal não significa juízo
,
de mérito, por existentes as condições da ação nem por isso a pretensão ne-
,
cessita ser julgada procedente. Uma vez que deve proferir decisão de meritis o ,
- Representação do ofendido
Específicas
- Requisição do Ministro da Justiça
32
. .
1 Possibilidade jurídica do pedido (ou da acusação)
A prestação jurisdicional somente pode ser demandada em face dos
sujeitos a ela submetidos. Assim, nos casos de imunidade diplomática
ou consular, bem como nos de inimputabilidade dos menores de dezoito
anos de idade (arts. 228 da CF/1988 e 27 do CP), haveria impossibilidade
jurídica do pedido (Ada Pellegrini Grinover, As condições da ação penal, p.
197-198). Cabe consignar que, parajosé Frederico Marques, tais situações
Cap. 3 . Da Ação Penal 53
"
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (art. 5.°, XXXIX,
da CF/1988, e art. l.°do CP).
Por isso se a acusação postula a imposição de uma sanção penal não
,
art. 395, II, segunda parte, do CPP), mas sim em momento posterior, da
absolvição sumária (art. 397,111, do CPP). Adotamos tal posição, pois outro
entendimento resultaria em conclusão inviável: se reconhecida a atipicidade
" "
ação penal, a atipicidade do fato não deve, em nossa visão resultar na rejeição
,
mérito. Era sim, desde logo, decisão de mérito, a ser proferida em cognição
,
mas sim proferida uma absolvição sumária (art. 397 1 e II do CPP), valendo
, ,
pedido impossível. Não são outras condições da ação, mas condições especiais
subsumidas na possibilidade jurídica do pedido. (Vicente Greco Filho, Manual
"
parte, do CPP ( faltar condição para o exercício da ação penal"). Caso recebida
a denúncia sem a presença das condições específicas da ação penal pública
condicionada, impõe-se o reconhecimento da nulidade ab initio do processo
(art. 564, III, a, terceira figura, do CPP).
32
.
2 Interesse processual
.
faz surgir a pretensão acusatória que será exercida via ação penal,
,
iuris? Neste caso, a prescrição faz com que se perca o interesse de agir.
Claro que a prescrição é mérito, porém, ocorrendo, atinge o interesse
(necessidade) de se dirigir ao Judiciário para se reclamar qualquer
"
como a extinção da punibilidade está prevista no art. 397, IV, do CPP como ,
CPP). Tal como na hipótese da narração de fato atípico, seria incoerente que
a extinção da punibilidade se, percebida antes do recebimento, gerasse mera
rejeição liminar da denúncia ou queixa e, se percebida depois do recebimen-
to, tivesse o efeito de absolvição, muito mais benéfica ao acusado. Assim ,
"
para sustentar a acusação. Sobre ajusta causa (...), sob o aspecto processual
geral, a sua falta significa falta de interesse processual para a ação penal por-
que, no caso, não tem o requisito da necessidade e sequer da adequação ou
utilidade, causando em contrapartida, um constrangimento ilegal. (Manual
,
"
de convicção não mais gera ausência de interesse processual mas sim rejei- ,
ção liminar da denúncia ou queixa pela falta de justa causa, que configura
hipótese específica na nova redação do art. 395 III, do CPP. ,
32
. .
3 Legitimidade ad causam
A legitimidade nas palavras de Alfredo Buzaid, indica a pertinência
,
esta incumbe ao Parquet (art. 100 caput, do CP, e art. 129,1, da CF/1988).
,
do, mas sim contra terceiro que não teve participação na infração penal" ou
quando o suspeito se identifica mediante cédula de identidade que não é sua
"
passivos ad causam, porquanto a eles pode ser aplicada uma sanção penal
(medida de segurança).
A ilegitimidade ad causam ativa ou passiva acarreta a rejeição liminar
da denúncia ou queixa, nos termos do art. 395 II, segunda parte, do CPP. ,
pode ser considerada pública, se iniciada pelo Ministério Público (art. 129,
I da CF/1988), ou privada, se iniciada por um ente privado (em geral, o
,
ofendido).
Ação penal
. Incondicionada
Pública
„ .. . . -representação do ofendido
.Condicionada .
,
-
A ação penal pública tem como titular o Ministério Público (art. 129 1 , ,
das infrações penais é de ação penal pública (art. 100 caput, do CP), ou seja, ,
do Ministro dajustiça.
Cap. 3 . Da Ação Penal 61
34 1
. .
Titularidade
34
. .
2 Princípios
342
. . .
1 Obrigatoriedade
Sempre que houver prova da existência da infração penal e indícios de
autoria ou participação, surge para o Ministério Público o dever legal (obri-
gatoriedade) de promover a ação penal pública, por meio do oferecimento de
denúncia (art. 24, caput, do CPP). Ele não pode deixar de oferecer denúncia
por razões de conveniência ou oportunidade, não sendo dado ao Ministério
Público o juízo discricionário sobre a propositura ou não da ação penal públi-
ca. Nojuizado Especial Criminal, fala-se em obrigatoriedade mitigada, pois é
possível que não seja oferecida denúncia, desde que resolvida a questão com
a transação penal (art. 76 da Lei 9.099/1995).
342
. . .
2 Indisponibilidade
O Ministério Público, após o oferecimento da denúncia, não pode dispor
da ação penal pública, por meio da desistência (art. 42 do CPP). Esse princípio
se refere ao desenvolvimento da ação penal pública já instaurada, que não
pode ser abandonada pelo Ministério Público. A indisponibilidade pode ser
mitigada pelo cabimento da suspensão condicional do processo (art. 89 da
Lei 9.099/1995).
A indisponibilidade, contudo, não impede o Ministério Público de opinar
pela absolvição em alegações finais, caso em que o Juiz pode, ainda assim,
condenar o acusado (art. 385 do CPP).
rio Público desistir do recurso por ele interposto, embora não seja obrigado
a recorrer (art. 576 do CPP).
3 4 2 3
. . .
Oficialidade e oficiosidade
penal privada (por queixa subsidiária) em caso de crime de ação penal pública
(art. 5.°, L1X, da CF/1988, e art. 29 do CPP).
3 4 2 4 Intranscendência
. . .
contra a pessoa a quem se imputa a infração penal não podendo ser movida ,
na esfera civil.
3 4 2 5 Divisibilidade
. . .
desde que a respeito destes, entenda não haver base suficiente para a pro-
,
34
. .
3 Início da ação penal pública
A ação penal pública se inicia com o oferecimento de denúncia pelo Mi-
nistério Público (arts. 129,1, da CF/1988, e 24, cciput, do CPP). O processo
se instaura formalmente com a decisão judicial de recebimento da denúncia
(juízo de admissibilidade positivo), que inclusive interrompe o curso da
prescrição (art. 117,1, do CP), e tem completada a sua formação quando
realizada a citação do acusado (art. 363, caput, do CPP).
A denúncia é a petição inicial da ação penal pública, formalizando a acu-
sação (acusado, imputado, denunciado). A denúncia deve conter os requisitos
do art. 41 do CPP, sob pena de ser considerada inepta (art. 395,1, do CPP).
343
. . .
/ Prazo para o oferecimento de denúncia
O Ministério Público dispõe dos seguintes prazos para o oferecimento
de denúncia (art. 46, caput, do CPP): se o indiciado estiver preso. 5 dias: se
solto. 15 dias.
34
. .
4 Espécies: a ação penal pública incondicionada
Aquela em que o Ministério Público não depende de qualquer autorização
prévia (manifestação de vontade alheia) para o oferecimento de denúncia.
Age de ofício. É a regra geral (art. 24 caput, do CPP).
,
34
. .
5 Espécies: a ação penal pública condicionada
Aquela em que a lei exige uma "condição de procedibilidade", que su-
bordina o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público (sobre o caráter
64 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
-
,
"
345 . .
1 Ação penal pública condicionada à representação do
.
ser apreciados pelo titular da ação penal tais como a presença de justa causa
,
Formas de representação (art. 39, caput e § 1.°, CPP) - pode ser escrita
ou oral, devendo, neste caso, ser reduzida a termo (escrito).
°
com dispensa do inquérito policial (art. 39, § 5. do CPP); caso contrário, o
,
sentante legal .
345
. . .
2 Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro
da Justiça
A requisição do Ministro da Justiça é um ato político, havendo certos
crimes em que a conveniência da persecução penal encontra-se subordinada
a esse juízo de conveniência política.
A ação penal pública condicionada à requisição, portanto, é subordinada
a um pronunciamento do Ministro dajustiça, sem o qual o Ministério Público
não estará autorizado a oferecer denúncia.
35
. .
1 Início da ação penal privada
A propositura da ação penal privada se opera com o ajuizamento da
queixa (petição inicial), que deve ser apresentada por profissional habilitado
pela OAB, perante o juízo competente. A procuração, outorgada ao advogado,
deve conter poderes especiais (art. 44 do CPP).
35
.
2 Titularidade do direito de queixa
.
art. 36 do CPP.
68 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
35
.
3 Prazo para o exercício do direito de queixa
.
35
. .
4 Princípios da ação penal privada
354
. . .
1 Oportunidade ou conveniência
O ofendido pode ou não exercer o direito de queixa, de acordo com sua
conveniência ou oportunidade, ao contrário da ação penal pública, que é
regida pelo princípio da obrigatoriedade (o Ministério Público tem o dever
legal de oferecer denúncia, sempre que houver base suficiente para a propo-
situra da ação penal pública).
Se o ofendido entender não lhe ser conveniente ou oportuna à promoção
da ação penal privada, poderá renunciar ao direito de queixa (art. 104 do CP e
art. 50 do CPP) ou simplesmente não o exercer no prazo legal, quedando-se
inerte e deixando que se opere a decadência do direito de queixa (art. 103 do
CP e art. 38 do CPP). Tanto a renúncia como a decadência importa a extinção
da punibilidade (art. 107, IV e V, do CP), de sorte que não houve ação penal,
pois o seu titular não exerceu o direito de queixa.
No sistema comum, o fato de o ofendido receber a indenização do dano
causado pelo crime não implica renúncia tácita ao direito de queixa (art.
Cap. 3 . Da Ação Penal 69
354
. . .
2 Disponibilidade
3 5 43
. . .
Indivisibilidade
L* *19
Em caso de concurso de agentes sendo eles conhecidos, o ofendido não
,
aos seus agentes (art. 48 do CPP). O ofendido pode decidir entre propor ou
não a ação penal privada mas nunca contra quem propor.
,
este, renúncia tácita ao direito de queixa (art. 104, parágrafo único, do CP),
que a todos se estenderá (art. 49 do CPP), determinando a extinção da puni-
bilidade (art. 107 V, do CP). ,
3 5 4 4 Intranscendência
. . .
proposta contra a pessoa a quem se imputa o crime, não podendo ser movida
contra um terceiro que eventualmente, possa ser condenado a reparar o dano
,
na esfera civil.
70 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
35
.
5 Espécies de ação penal privada
.
355
. . .
1 Comum, propriamente dita ou exclusivamente privada
Pode ser proposta por qualquer dos titulares do direito de queixa (ofendi-
do, representante legal, curador especial ou cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão, conforme analisado supra). Consta da lei quais são os crimes que
se processam mediante queixa (ex.: art. 145 do CP).
3 5 5 2 Personalíssima
. . .
O direito de queixa pode ser exercido apenas pelo ofendido, não podendo
nem mesmo o representante legal ajuizar queixa em seu lugar. Somente o
ofendido, e ninguém por ele, pode exercer o direito de queixa.
Atualmente, temos apenas um caso de ação penal privada personalíssima,
consistente no crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedi-
mento ao casamento (art. 236, parágrafo único, do CP). O outro caso de ação
°
penal privada personalíssima, que era o crime de adultério (art. 240, § 2. ,
do CP), sofreu revogação expressa por parte do art. 5.° da Lei 11.106/2005.
Em caso de ofendido menor de 18 anos ou doente mental, o direito de
queixa somente pode ser exercido depois de ele completar 18 anos ou haver a
recuperação da doença mental. O prazo decadencial do direito de queixa não
flui enquanto o ofendido não o puder exercer. Em caso de morte do ofendido,
opera-se a extinção da punibilidade, em face da impossibilidade de os seus
sucessores processuais penais (art. 31 do CPP) exercerem o direito de queixa.
355
. . .
3 Ação penal privada subsidiária (da pública)
Essa modalidade de ação penal privada tem por objeto um crime de
ação penal pública (incondicionada ou condicionada), em que o Ministério
Público tenha permanecido inerte durante o prazo legal para o oferecimento
de denúncia (art. 46, caput, do CPP).
Apesar de sua ocorrência fática ser rara, ela é fartamente prevista em nossa
legislação (art. 5.°, LIX, da CF/1988; art. 100, § 3.°, do CP, e art. 29 do CPP).
Se o Ministério Público deixar escoar in albis o prazo legal para o ofere-
cimento de denúncia (art. 46, caput, do CPP), sem qualquer manifestação,
abre-se ao ofendido a possibilidade de ajuizar queixa subsidiária (a ação penal
seria iniciada por meio de queixa do ofendido e, por isso, seria de iniciativa
privada).
Cap. 3 . Da Ação Penal 71
dição de custos legis (fiscal da lei) pode aditar a queixa, cabendo-lhe intervir
,
seu limiar, como autor (a ação penal nasce pública, porque deflagrada por
denúncia do Ministério Público).
3 6 .
1 Lesões corporais
.
Se a lesão corporal for de natureza leve ou culposa (art. 129, caput e § 6",
do CP), a ação penal passa a ser pública condicionada à representação do
ofendido, por força do art. 88 da Lei 9.099/1995.
Tal disposição alcança o crime de lesão corporal culposa na direção de
veículo automotor (art. 303 da Lei 9.503/1997). Contudo, a ação penal se
torna pública incondicionada, em face da inaplicabilidade do art. 88 da Lei
9 099/1995, quando o agente estiver: a) sob a influência de álcool ou qualquer
.
°
com o art. 291, § 1 ,
da Lei 9.503/1997.
362
. .
Crimes contra a honra
Em geral, os crimes contra a honra são de ação penal privada (art. 145,
caput do CP), iniciada por queixa.
,
cuja ação penal seria pública incondicionada (art. 30, parágrafo único, da Lei
7 170/1983) (Comentários ao código de processo penal, p. 463).
.
O crime de injúria real (art. 140, § 2.°, do CP) exige a distinção de duas
situações: a) ocorrendo simples vias de fato, a ação penal permanece de ini-
ciativa privada, porque a ressalva contida no art. 145, caput, do CP, refere-se
"
3 63
. .
Crimes contra a liberdade sexual e crimes sexuais contra
vulnerável
3 7 .
1 Ação penal pública subsidiária da pública
.
°
poderão ser requeridas ao Procurador-Geral da República (art. 2. § 2.°). ,
e vereadores, p. 154-155).
Outro caso de ação penal pública subsidiária da pública pode ser encon-
trada no Código Eleitoral (Lei 4.737/1965), quando dispõe que, se o órgão do
Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal (dez dias) o juiz ,
deve representar contra ele (art. 357, § 3.°), solicitando ao Procurador Regional
a designação de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá a denúncia
(§ 4.°). Se o juiz, no prazo de dez dias, não agir de ofício, pode qualquer eleitor
°
provocar a representação contra o órgão do Ministério Público (§ 5. ) .
3 7
.
2 Ação penal (privada) adesiva
.
3 7
.
3 Ação penal secundária
.
3 7
. .
4 Ação penal extensiva
Em crime complexo, a ação penal pública de um dos crimes componente
se estende ao todo (art. 101 do CP), tal como ocorre com a injúria real de que
76 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
resulta lesão corporal (art. 145 caput, do CP): a ação penal pública da lesão
,
corporal se estende ao crime complexo de injúria real (art. 140 § 2.°, do CP), ,
3 7 .
5 Ação penal de prevenção
.
3 7 . .
6 Ação penal ex officio
A Constituição Federal ao adotar o sistema acusatório (art. 129,1), não
,
3 7 . .
7 Ação penal popular
Outrossim, o habeas corpus seria o único caso de ação penal popular,
de natureza não condenatória, porquanto pode ser impetrado por qualquer
pessoa (art. 654, caput, do CPP), independentemente de capacidade postu-
latória (art. 1.°, § 1.°, da Lei 8.906/1994).
Cabe salientar que a "denúncia" referida nos arts. 14, 41 e 75 da Lei
1 079/1950, não constitui situação de ação penal popular, pois os denomi-
.
3 . 8 DENÚNCIA OU QUEIXA
A denúncia é a petição inicial da ação penal pública sendo a queixa ,
classificação do crime
-
38
. .
1 Requisitos comuns da denúncia e da queixa (art. 41 do CPP)
a) Exposição do fato (chamada de imputação): cabe ao órgão da acu-
sação descrever o fato criminoso, com todas as suas circunstâncias.
A descrição precisa e completa da imputação se afigura essencial
para o exercício do direito de defesa (art. 5. LV, da CF/1988), não se
°
,
, ,
cação, por termo nos autos, preservada a validade dos atos anteriores.
,
CPP). Entendemos que a emendatio libelli pode ser feita desde logo ,
podem ser arroladas até cinco testemunhas (art. 532 do CPP), prevalecendo
que tais limites se aplicam para cada fato imputado pela acusação.
Cap. 3 . Da Ação Penal 79
38 1
. . .
1 Requisito específico da queixa (art. 44 do CPP)
Ao lado dos requisitos comuns da denúncia ou queixa (art. 41 do CPP), o art.
44 do CPP determina que "a queixa poderá ser dada por procurador com poderes
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e
a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de
diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal".
O ajuizamento da queixa, por consubstanciar ato de postulação em juízo
(propositura da ação penal privada), requer a capacidade postulatória (pres-
suposto processual de existência - art. 37, parágrafo único, do CPC) da parte.
Para tanto, o art. 44 do CPP exige a outorga de procuração com pode-
res especiais, devendo ainda constar do instrumento do mandato o nome
do querelado (o dispositivo legal se refere erroneamente a "querelante") e
a menção do fato criminoso, podendo esta ser suprida pela assinatura do
querelante na queixa.
A ausência de qualquer dos requisitos legais (poderes especiais, nome
do querelado ou menção do fato criminoso) no instrumento de mandato
acarreta a rejeição liminar da queixa, por manifestamente inepta (art. 395,1,
do CPP) podendo ser sanada a irregularidade a qualquer momento (art. 568
,
do CPP), desde que dentro do prazo decadencial (outros entendem que pode
ser sanada mesmo depois do escoamento do aludido prazo).
38
. . 2 Causas de rejeição liminar da denúncia ou queixa (art. 395 do
CPP)
inépcia
Causas legais de rejeição liminar
-falta de pressuposto processual
da denúncia ou queixa
- falta de condição da ação penal
(art. 395 do CPP)
-
mais de uma conduta é imputada anotando-se que apenas uma foi praticada
,
doutrina, gerar inépcia, pois sem lais dados é impossível aferir o termo inicial
da prescrição (art. 111 do CP). Em tais hipóteses o outro entendimento é que
,
pois ainda é possível a emendatio libelli (art. 383 do CPP). A falta de rol de
testemunhas também não gera inépcia pois outras provas podem afirmar a
,
acusação formulada.
No caso de queixa importa lembrar que a ausência de seu requisito es-
,
(juiz não impedido - art. 252 do CPP) e partes definidas (seria caso de ine-
Cap. 3 . Da Ação Penal 81
4. 1 INTRODUÇÃO
A prática de uma infração penal, a par de deflagrar a pretensão punitiva
estatal, pode ensejar o surgimento da pretensão de reparação do dano ex
delicto (proveniente da infração penal), calcada no Direito Civil (arts. 186 e
927 caput, do CC/2002), na teoria da responsabilidade civil por ato ilícito
,
(extracontratual ou aquiliana).
o ilícito penal (infração penal) sempre implica um ilícito
Deveras ,
admite-se que sobre o mesmo fato sejam propostas duas demandas distintas:
a ação penal, para a satisfação da pretensão punitiva estatal e a ação civil, para ,
parágrafo único, do CPP, que o juiz da ação civil suspenda o seu curso até o
julgamento definitivo da ação penal.
A suspensão da ação civil ex delicio constitui faculdade conferida ao juiz
presidente desta ação, nunca podendo exceder o prazo de 1 ano (art. 265, IV,
°
a, e § 5. , do CPC), e se justifica pela repercussão que a solução da ação penal
(questão prejudicial) pode irradiar sobre a esfera civil do ressarcimento, bem
como pela necessidade de evitar decisões judiciais conflitantes .
A ação civil de conhecimento pode ser promovida pelo ofendido por seu ,
responsável civil sendo competente para tanto o juízo cível (art. 64, caput, do
,
especial insculpida no art. 100 parágrafo único, do CPC, o que não impede a
,
opção, pelo autor do foro geral do domicílio do réu (art. 94, caput, do CPC).
,
civil de conhecimento.
Pela nova redação do art. 387, IV, CPP, o juiz, na sentença conde-
natória, fixará valor mínimo para a reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. Pela regra
legal, a sentença deve conter tópico em que, reconhecendo a existência de
prejuízo para a vítima, deverá o magistrado fixar valor mínimo razoável
para a reparação.
Controverso se os "danos sofridos" e os "prejuízos" suportados pelo
ofendido tratados no art. 387, IV, CPP tratam apenas de danos materiais ou
também de danos morais. Dada a complexidade da prova do dano moral,
tornando inadequada sua confusão com a instrução criminal, e ainda as
expressões utilizadas na lei ( prejuízo ), acreditamos que apenas os danos
" "
falta de provas (art. 386,11, V e VII, na nova redação conferida ao CPP), não
,
A absolvição por não constituir o fato infração penal (art. 386, III)
também não interfere na órbita civil. Há uma grande gama de ilícitos civis
que, muito embora permitam pleito de indenização, não configuram ilícito
penal, como o dano culposo e a culpa levíssima, entre outros. Assim, ainda
que absolvido com base na certeza de que o fato não constitui infração penal,
o suposto ofendido pode ingressar com ação civil para demonstrar que o fato
constitui ilícito civil e há obrigação de reparar o dano.
Cap. 4 . Da Ação Civil Ex Delido 87
CC/2002).
Na legítima defesa real com aberrado ictus a situação apresenta similitude
,
com a anterior: o terceiro inocente que, por erro na execução, vem a ser lesado
pela conduta do sujeito que agia acobertado pela excludente de ilicitude pode
propor ação civil de reparação do dano contra este, ao qual incumbe suportar
a indenização estipulada na ação civil, podendo denunciar a lide ao autor da
injusta agressão ou, ao depois, promover ação regressiva contra o mesmo.
88 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
Por fim ,foi inserido no art. 386 do CPP a nova redação do inc. IV, que
trata da certeza de que o sujeito não concorreu para a infração penal. Em tais
casos, a sentença de absolvição que reconheça, com juízo de certeza não ter o ,
acusado concorrido para a infração penal (negativa de autoria) deve ser com-
preendida como inserida no contexto do art. 66, ou seja, inexistência material
do fato porque, neste caso, o fato "não existiu" para o acusado, beneficiando-se
assim da vedação legal ao ajuizamento da ação civil de reparação do dano ex
delicto (art. 66, in fine do CPP).
4 5 OUTROS CASOS
.
Por derradeiro, o art. 67 do CPP enuncia outras decisões que não impe-
dem o ajuizamento da ação civil de reparação do dano quais sejam: a decisão
,
decisão que julgar extinta a punibilidade por qualquer de suas causas (inc. II)
e a sentença de absolvição que reconhecer a atipicidade do fato imputado ao
agente (inc. III, c.c. o art. 386, III, do CPP), pois a circunstância de a conduta
não constituir ilícito penal não significa que não possa consubstanciar ilícito
civil, passível de ressarcimento.
4.
6 LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
5 1
.
CONCEITO
52
.
1 Competência das Justiças Especiais
.
52 1
. . .
1 Justiça Federal
AJustiça Federal, embora componha a estrutura dajustiça Comum, tem
precedência sobre a Justiça Estadual (a mais genérica de todas).
Nos termos do art. 109 da CF, compete àJustiça Federal processar e julgar:
a)
"
serviços da União
"
" "
c) "
e a ordem econômico-financeira
"
nada obstante o bem jurídico por eles tutelado seja a ordem económica .
94 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
deral os crimes contra a economia popular, tipificados nos arts. 2.° a 4.° da
,
"
"
"
detenção e reclusão.
h) "A disputa sobre direitos indígenas" (inc. XI): com relação aos crimes
praticados por ou contra indígenas, prevalece ser da competência da
Justiça Comum Estadual o processo e julgamento de crimes dessa
natureza. Veja-se a Súmula 140 do STJ:
"Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que
o indígena figure como autor ou vítima
"
.
considerados.
"
52
.
2 Competência por prerrogativa de função
.
um Tribunal.
"
522
. . .
/ Outras imunidades do Presidente da República
O Presidente da República goza ainda de outras duas imunidades , uma
de natureza processual (prisional) e outra de natureza penal (temporária) .
te), a persecução penal por infrações penais que não guardem relação com
o exercício da função presidencial (nexo funcional) ainda que praticadas ,
durante o mandato.
(ADIn 1.021-2, rei. Min. Celso de Mello, citada por Moraes, Alexandre de,
Direito Constitucional p. 406) o art. 49, §§ 5. e 6.°, da Constituição do Estado
,
°
522
. . .2 Conflito entre competência por prerrogativa de função e
competência em razão da matéria fratione materiaej
Como deve ser solucionado um aparente conflito entre competência
originária por prerrogativa de função (Presidente da República, membros
do Congresso Nacional etc.) e competência ratione materiae (Júri, Justiças
Especiais Eleitoral ou Militar etc.)?
Cap. 5 . Da Competência 101
especialidade.
Trata-se , como se percebe, de conflito de competência apenas aparente,
e não real, eis que a Constituição Federal pode excepcionar a si mesma .
deral (art. 5.° XXXVIII, d), deve prevalecer, por razões de hierarquia
,
Com efeito, a Constituição Federal, em seu art. 27, § 1.°, estendeu aos
Deputados Estaduais as regras sobre "sistema eleitoral, inviolabilidade,
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e
incorporação às Forças Armadas", mas não permitiu a aplicação das regras
sobre competência por prerrogativa de função aos parlamentares estaduais.
Essa orientação se alicerça no princípio da supremacia formal da Cons-
tituição Federal, fenómeno decorrente de sua rigidez, consubstanciando o
entendimento do Supremo Tribunal Federal, cuja Súmula 721 enuncia:
A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o
"
exsurgir:
a) Infração penal praticada antes do exercício da função: enquanto a
função não surtir efeitos jurídicos a competência se encontra afeta
,
"
Não se pode negar a relevância dessa argumentação, que, por tantos
anos, foi aceita nesta Corte.
"
Mas também não se pode, por outro lado, deixar de admitir que a
prerrogativa de foro visa a garantir o exercício do cargo ou do mandato,
e não a proteger quem o exerce. Menos ainda quem deixa de exercê-lo.
"Aliás, a prerrogativa de foro perante a Corte Suprema, como expressa
na Constituição brasileira, mesmo para os que se encontram no exercí-
cio do cargo ou mandato, não é encontradiça no Direito Constitucional
Comparado. Menos, ainda, para ex-exercentes de cargos ou mandatos.
"Ademais, as prerrogativas de foro, pelo privilégio que, de certa forma,
conferem, não devem ser interpretadas ampliativamente numa Constitui-
ção que pretende tratar igualmente os cidadãos comuns, como são, tam-
bém, os ex-exercentes de tais cargos ou mandatos" (Informativo STF 159).
Por ser considerada de natureza processual, a decisão do Supremo Tribu-
nal Federal apresentou aplicabilidade imediata (art. 2f do CPP), operando-se
a pronta remessa, ao primeiro grau de jurisdição, dos autos dos processos
que envolviam ex-ocupantes de funções que lhes outorgavam prerrogativa
de competência originária.
Cap. 5 . Da Competência 105
tabelecida em razão da função e não da pessoa em si). Vale lembrar que com
o cancelamento da Súmula 394, restou superada a Súmula 396 do Supremo
Tribunal Federal, segundo a qual:
Para a ação penal por ofensa à honra, sendo admissível a exceção da
"
observa que:
Se o funcionário perde o direito ao foro privativo depois de cessado o
"
de ser: a função.
Nesse sentido , a Súmula 451 do STF:
"A competência especial por prerrogativa de função não se estende
"
52
. .
3 Competência territorial (ou de foro)
Conhecida a justiça e o grau de jurisdição competentes resta agora esta- ,
52
.
4 Competência de juízo
.
ditar a competência específica de um juízo, tal como ocorre nos crimes dolosos
contra a vida, afetos ao Tribunal do Júri (art. 74, § 1. do CPP). °
,
5.
3 COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
5 3 . .
1 Competência por conexão
A conexão sempre pressupõe a existência de uma pluralidade de infrações
penais que se encontrem atreladas por um dos nexos inscritos no art. 76 do
CPP, recomendando sejam investigadas em um mesmo inquérito policial,
processadas em uma mesma ação penal e decididas em uma mesma sentença.
53
. . /. / Conexão intersubjetiva (art. 76, l, do CPP)
O art. 76,1, do CPP, enuncia elos intersubjetivos de conexão entre infra-
ções penais, as quais se encontram unidas pelo fato de terem sido praticadas
Cap. 5 . Da Competência 109
contra as outras.
por diversas pessoas ocasionalmente reunidas (art. 76,1, l.a parte, do CPP).
Como se percebe, não se trata de "crime único praticado em concurso
de agentes", dada a ausência de liame subjetivo entre os torcedores, requisito
essencial ao concurso de agentes.
Na conexão intersubjetiva por simultaneidade a reunião dos agentes é
,
tiva por concurso (art. 76,1, segunda parte, do CPP), no caso de pluralidade
110 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
simultaneidade.
53 1
. .
2 Conexão objetiva, lógica ou material (art. 76, II, do CPP)
.
Nos casos encartados no art. 76, II, do CPP, o legislador considera, para
ins de conexão, elos objetivos que unem as infrações penais, e não mais os
f
genérica (art. 61, II, b, do CP),-vide ainda art. 108, 2.a parte, do CP-como
qualificadora do crime de homicídio (art. 121, § 2.°, V, do CP) e como causa
extensiva da interrupção da prescrição (art. 117 § 1.°, 2.a parte, do CP).
,
ficado (art. 121, § 2.°, V, do CP), não se cogitando, nesse caso, da sobredita
circunstância agravante genérica, tendo em vista a clara advertência inscrita
no art. 61, caput, do CP:
"São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não consti-
tuem ou qualificam o crime".
Por derradeiro, se o agente matasse dolosamente a vítima e enterrasse o
seu cadáver para ocultar o crime, estar-se-ia diante de um homicídio doloso
(art. 121 do CP) em concurso material (art. 69 do CP) com o crime de ocul-
tação de cadáver (art. 211 do CP) (conexão objetiva consequencial).
consequencial.
53 1
. . .
3 Conexão objetiva ou material e os crimes dolosos contra a
vida
53 1
. . 4 Conexão probatória ou instrumental (art. 76, III\ do CPP)
.
seja produto de crime de sorte que sem a prova do crime antecedente não
"
53
.
2 Competência por continência (art. 77 do CPP)
.
que é contido).
Diversamente da conexão , a continência não pressupõe a existência
de uma pluralidade de infrações penais tanto assim que a continência por
,
532
. . .
7 Continência por cumulação subjetiva (art. 77, \, do CPP)
A continência por cumulação subjetiva pressupõe uma pluralidade de
agentes agindo em concurso (coautoria ou participação) para a consecução
de uma mesma infração penal (art. 77 1 do CPP). , ,
532
. . .
2 Continência por cumulação objetiva (art. 77, II, do CPP)
As remissões originais do art. 77 II, do CPP, correspondem, na Parte
,
Geral do Código Penal (inserida pela Lei 7.209/1984), aos arts. 70 (concur-
so formal ou ideal), 73, segunda parte (ciberratio ictus) e 74, segunda parte ,
(aberratio delicti).
Cap. 5 . Da Competência 115
532
. . 3 Distinção entre as continências por cumulação subjetiva e
.
objetiva
A continência por cumulação subjetiva (art. 77,1, do CPP) apresenta
unidade de infração penal e pluralidade de agentes (concurso de agentes); a
continência por cumulação objetiva (art. 77, II, do CPP) ostenta pluralidade
de infrações penais e unidade de conduta (concurso formal ou ideal de in-
frações penais).
note
cumulação subjetiva (de sujeitos) => pressupõe: BEM
pluralidade de agentes em concurso
unidade de infração penal r
cumulação objetiva (de infrações penais) => pressupõe:
pluralidade de infrações penais (em concurso formal)
unidade de conduta e de agente
5 4 FORO PREVALENTE
.
°
2 parágrafo único, da Lei 10.259/2001, que trata do JECrim
.
,
I , do CP).
6 . 2 DASEXCEÇÕES
62 1 . .
Moda lida des de defesa
sua autoria; b) indireta, não nega o fato imputado, mas a ele contrapõe um
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do jus puniendi (direito material).
Defesa processual - impugna a relação jurídica processual: a) dilatória,
apenas prorroga o trâmite do processo, sem provocar sua extinção; b) pe-
remptória, acarreta a extinção do processo sem julgamento de mérito.
As exceções disciplinadas pelo Código de Processo Penal (arts. 95 a 112)
se inserem no contexto das defesas processuais, podendo ser apresentadas
incidentalmente no curso da ação penal.
622 . .
Conceito
julgamento de mérito.
Exceção dilatória: defesa processual cujo reconhecimento dilata o de-
senvolvimento da relação processual sem, contudo, ensejar sua extinção ,
alegação pela parte não podendo ser conhecida e apreciada pelo juiz senão
,
quando e se invocada.
Se puder a "exceção" ser reconhecida ex officio pelo juiz independente- ,
" "
Por isso como as
, do Código de Processo Penal podem ser
exceções
reconhecidas ex officio a par de poderem ser alegadas pelas partes, tratam-se
,
te (ex officio) afirmar a sua suspeição; o art. 109 do mesmo diploma legal
,
6 2 4
. . .
/ Suspeição (art. 95,1, do CPP)
Os casos de suspeição insculpidos no art. 254 do CPP, comprometem a
,
A exceção deve ser oposta por meio de petição assinada pela parte que
,
existência à parte que não a alegou, embora o Código de Processo Penal nada
disponha a respeito. A providência ora propugnada constitui conditiosine qua
non a que a parte contrária possa, nos termos do art. 102 do CPP, aderir ao
" "
d) Os Exceptos
Poderão as partes arguir a suspeição de qualquer juiz (cumpre ressalvar
que a suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida quando a parte
injuriar o juiz ou, de propósito, der motivo para criá-la - art. 256 do CPP), do
primeiro grau de jurisdição aos Ministros do Supremo Tribunal Federal (art.
103, caput, do CPP), bem como do órgão do Ministério Público (arts. 104,
258 e 470 do CPP) e de outros auxiliares dajustiça, tais quais os peritos (art.
280 do CPP), intérpretes (art. 281 do CPP),serventuários, funcionários da
Justiça (arts. 105,274 e 470 do CPP) e jurados (arts. 106 e 448, § 2.° do CPP).
Descabe , contudo, a oposição de exceção de suspeição das autoridades po-
liciais em relação aos atos do inquérito policial (art. 107 do CPP), incumbindo-
-
tende o art. 581, III, do CPP, prever o cabimento de recurso em sentido estrito
" "
624
. .
2 Incompetência de juízo (art. 95, II, do CPP)
.
o nome declinatoriafori).
Procedimento da Exceção de Incompetência (arts. 108 e 109 do CPP):
absoluta a competência.
Cap. 6 . Das Questões e Processos Incidentes 125
§ 1°, do CPP).
Se julgada improcedente o juiz recusa a incompetência e prossegue no
,
rados nulos (art. 564 1, primeira figura do CPP) os atos decisórios somente
, ,
podendo os demais atos ser ratificados pelo juízo competente (art. 108, § 1.°,
do CPP) que receber os autos do processo.
Nada obstante entende a doutrina que o art. 567 do CPP apenas teria
,
624
. .
3 Litispendência e coisa julgada (art. 95, III eV,do CPP)
.
624
. . .
4 Ilegitimidade de parte (art. 95, IV, do CPP)
Entende-se que a exceção de ilegitimidade de parte abrange tanto a ile-
gitimidade adprocessum (capacidade processual), pressuposto processual,
como a ilegitimidade ad causam (titularidade da ação penal), condição da
ação penal.
Assim, caberia a oposição da exceção de ilegitimidade de parte nos
dois casos: ausência de capacidade processual (v.g., queixa ajuizada pelo
sucessor do ofendido, nos casos de ação penal privada personalíssima ou
acusado menor de 18 anos de idade), caso de ilegitimidade ad processum,
ou inadequação da titularidade para a propositura da ação penal (v.g., ação
penal pública iniciada por queixa do ofendido ou ação penal privada inicia-
da por denúncia do Ministério Público), caso de ilegitimidade ad causam, e,
a
portanto, de carência de ação (art. 395, II, 2. parte, do CPP).
Por força do art. 110, caput, do CPP, a exceção de ilegitimidade de parte
assume o mesmo procedimento da exceção de incompetência, a cujo exame
reportamos o leitor.
6 .
3 DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
63 . .
1 Do sequestro
É verdade que o processo penal tem como finalidades principais permitir
a correta aplicação da norma material penal e evitar abusos por parte do Estado
na persecução. No entanto outros objetivos são lembrados, como permitir à
,
para que não seja prejudicado o bom andamento da ação principal (art.
129 do CPP).
bem como se terceiro a quem tiver sido transferido o bem venha a prestar
caução idónea (art. 131, II, do CPP). Obviamente perde efeito o sequestro se
na ação principal vem a ser reconhecida a extinção da punibilidade ou se é
absolvido o agente (art. 131, III, do CPP).
Cap. 6 . Das Questões e Processos Incidentes 129
O sequestro pode recair ainda sobre bens móveis desde que haja indícios ,
objeto material do crime e prova da sua existência cabendo agora sua busca,
único, do CPP).
63
. .
2 Hipoteca legal e arresto
Para que seja pedida a hipoteca legal dos imóveis do indiciado basta que ,
Aqui não são necessários indícios de que o bem tenha sido adquirido desta
ou daquela forma. Basta a certeza do crime e indícios de que o requerido seja
o autor.
art. 142 do mesmo diploma legal legitima o Ministério Público desde que ,
hipoteca legal.
Se não houver imóveis de valor suficiente
poderá ser requerido o arresto
,
63 .
3 Arresto prévio
.
63 . . 4 Observações
Em suma, quando os bens (imóveis ou móveis) são produto de infração,
cabe sequestro (arts. 125 e 132 do CPP). Se não há evidência de que os bens
são produto de infração, cabe hipoteca legal quanto aos imóveis (art. 134 do
CPP) e, se insuficientes, arresto quanto aos móveis (art. 137 do CPP). Por
im, para evitar a demora da hipoteca legal dos imóveis, é possível pedir a
f
Para que seja possível a aplicação de pena, é necessário que haja certeza
de um injusto penal (fato típico e antijurídico) culpável. A imputabilidade é
uma das bases da culpabilidade, tratando-se para muitos de um juízo sobre a
capacidade de ser culpável, ou seja, apenas o sujeito imputável teria capacidade
para ser submetido ao juízo de reprovação da culpabilidade. A ausência de
plena imputabilidade também tem repercussão na sanção, podendo resultar
na substituição da pena por medida de segurança ou na redução da pena.
Não é possível condenação sem a certeza da prática de injusto penal.
Também não é possível condenação se duvidosa a culpabilidade pela possível
ausência de imputabilidade (o mesmo raciocínio no caso de dúvida sobre a
potencial consciência da ilicitude ou exigibilidade de conduta diversa).
Para que o sujeito seja considerado inimputável, é necessário que, em
razão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
seja ao tempo da ação ou omissão completamente incapaz de compreender o
caráter ilícito de sua conduta (art. 26, caput, do CP). Os menores de 18 anos
Cap. 6 . Das Questões e Processos Incidentes 131
na fase inquisitiva, como durante o processo (art. 149 § 1.°, do CPP). Pode
,
dos dois peritos de confiança do juízo. Será aberta vista então, à acusação e
,
tação do laudo será apenso ao processo principal conforme o art. 153 do CPP.
,
Embora a lei traga prazo de 45 dias para a realização do exame (art. 150,
§ 1.°, do CPP), muitas vezes o lapso não é respeitado, pela falta de estrutura
suficiente para a perícia. Há vários julgados no sentido de que, extrapolando
o prazo, há constrangimento ilegal, tendo direito o acusado a aguardar o
exame em liberdade.
6 5 INCIDENTE DE FALSIDADE
.
Após a oitiva cia parte contrária, o juiz concederá o prazo de três dias,
sucessivamente, para as partes provarem as suas alegações.
Finda a "instrução", ordenará o magistrado as diligências que julgar
necessárias e, por fim, decidirá pela procedência ou não do pedido.
Julgado procedente ou improcedente o pedido, caberá recurso em sen-
tido estrito.
Nucci que não se admite no processo penal, a extinção do feito, sem julgamen-
,
to do mérito, por inépcia das partes. Caberá ao juiz impor o regular andamento
do feito, e mesmo na ação penal privada na qual o juiz julga perempta a ação
,
redação:
"
da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou
servido como testemunha;
linha reta ou colateral até o terceiro grau inclusive, for parte ou direta-
,
"
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respon-
dendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia;
no processo.
6 6 2
. .
Do Ministério Público
6 63
. .
Do acusado
6 64
. .
Do defensor
o art. 261 CPP que nenhum acusado ainda que ausente ou foragido, será
,
tucional.
pelo juiz.
Reza o art. 264 CPP que salvo motivo relevante, os advogados são
,
obrigados, sob pena de multa, a prestar seu patrocínio aos acusado quando ,
138 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
665
. .
Dos assistentes
mas da decisão que admite ou não admite o assistente não caberá recurso,
nos termos do art. 273 do CPP.
66
. . 6 Dos funcionários da Justiça
O Poder Judiciário não se resume aos juízes. Há uma legião de funcioná-
rios que tem participação ativa no processo, justificando que as prescrições
sobre suspeição dos juízes se estendam também aos referidos funcionários ,
6 6
. .
7 Dos peritos e intérpretes
Dada a relevância de sua função o perito, ainda que não oficial, estará
,
7 1
.
CONCEITO
a fase de investigação.
O parágrafo único estabelece que "somente quanto ao estado das pessoas
serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil
"
7 3 FONTE DE PROVA
.
Tudo aquilo que possa fornecer indicações úteis das quais sejam neces-
sárias comprovações.
7 4 MEIO DE PROVA
.
vação da verdade.
Princípio in dúbio pro reo: princípio que leva à absolvição do réu em caso
de dúvida quanto à procedência da imputação pois para a condenação se ,
7 6 MOMENTOS DA PROVA
.
7 6
. .
/ Produção antecipada da prova
Se necessário a preservação da prova, pode ser requerida, por risco de
perecer (arts. 225 e 366, caput, do CPP).
144 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C .
C. Machado
interceptação telefónica sem ordem judicial (art 5.°, XII, da CF) enquanto .
,
foi suprimida pela atual redação do art. 157 caput, do CPP, que considera
,
das ilícitas (ilicitude por derivação), salvo quando não evidenciado o nexo
de causalidade ou quando puderem ser obtidas por uma fonte independente
(art. 157, § 1.°, do CPP).
O art. 157, § 2.°, do CPP, definç.fonte independente como "aquela que por
si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe próprios da investigação ou
,
, .
O § 4.°, que foi vetado, dispunha que "o juiz que conhecer do conteúdo
da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão".
7 .
8 DAS PROVAS EM ESPÉCIE
7 8
. .
/ Dos exames periciais
A perícia é o exame procedido por pessoa técnica habilitada. Tais exames
são de natureza variada: exames laboratoriais, grafotécnicos de insanidade ,
partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração
do laudo pelos peritos, sendo as partes intimadas desta decisão (art. 159, §
°
4.
,
do CPP).
Como se percebe, a atuação do assistente técnico no processo penal se
afigura bastante restrita, porquanto iniciada depois do encerramento dos
exames e da elaboração do laudo pelos peritos. Diversamente, no processo
civil, o assistente técnico pode acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos
do perito e, para tanto, o art. 431-A do CPC estabelece que "as partes terão
ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter
início a produção da prova".
A conjugação do § 4.° ("admissão pelo juiz") com o disposto no inciso II
do § 5.° ("durante o curso do processo judicial") parece limitar a possibilida-
de de indicação de assistente técnico à fase processual (o § 3.° ainda confere
essa faculdade ao acusado ), afastando-a, portanto, da fase preliminar de
" "
investigação.
As partes ainda podem requerer a oitiva dos peritos na audiência de
instrução e julgamento (arts. 400, caput, e 531 do CPP) para esclarecerem a,
78 1
. . .
1 Do exame de corpo de delito (art. 158 do CPP)
É a mais importante das perícias. Corpo de delito é o conjunto de vestí-
gios materiais deixados pela infração penal.
Quando a infração penal deixar vestígios materiais, a realização do exame
de corpo de delito é indispensável (CPP, art. 158), sob pena de nulidade do
processo (CPP, art. 564, III, b).
O exame de corpo de delito pode ser direto se os peritos analisam pes- ,
como prova da existência da infração penal (CPP art. 158, infine). Somente ,
CPP), hipótese em que o exame deve ser realizado logo que decorra esse prazo.
78 .
2 Do in ter roga tório
.
782 1
. . .
Conceito
782
. . .
2 Natureza jurídica
O interrogalório apresenta natureza jurídica híbrida ou mista, porquanto
constituiu meio de defesa e meio de prova.
Ostenta a natureza precípua de meio de defesa, pois consubstancia o ato
processual, por excelência, de instrumentalização da autodefesa, permitindo
ao acusado influir direta e pessoalmente (e não por intermédio do defensor
técnico) no convencimento do juiz.
Trata-se do "direito de audiência" (espécie de autodefesa), consistente
na realização da oitiva do acusado acerca da imputação, facultando-se-lhe
expender sua versão a respeito do fato constitutivo da acusação, descrito na
peça inicial (denúncia ou queixa).
Como cediço, o direito de defesa se manifesta sob duas vertentes: defesa
técnica e autodefesa.
A defesa técnica é exercida por profissional legalmente habilitado (advo-
gado inscrito nos quadros da OAB) e se caracteriza por sua indisponibilidade
ou irrenunciabilidade.
Defesa Técnica
Direito
(indisponível, irrenunciável)
de
Defesa Autodefesa
Direito de Audiência
(renunciável pelo acusado) -
Direito de Presença
os arts. 400, caput, 531,411, caput, e 474, todos do Código de Processo Penal.
Em suma: conquanto preordenado a constituir um meio de defesa não se ,
0
art. 8 n. 2, alínea g, do Pacto de Sanjosé da Costa Rica, incorporado ao nosso
,
7 82
. . .
3 Principais aspectos
a) a necessária presença do defensor no interrogatório: exige-se, em qual-
quer caso, a presença de um defensor (constituído ou nomeado)
para acompanhar a realização do interrogatório, em virtude da indis-
ponibilidade da defesa técnica (art. 185, caput, e §§ I e 50, do CPP).
"
"
"
°
seu art. 5. LXIII, o denominado direito ao silêncio, consectário lógi-
,
"
pode, nem quer dizer que ao indiciado ou acusado que não esteja preso não
seja estendida a mesma proteção no momento maior da autodefesa, que é o
,
direito ao silêncio, sem que do seu exercício se possa extrair qualquer con-
sequência negativa ao acusado, afinal, não se concebe que o exercício regular
de um direito possa implicar prejuízo ao seu titular.
O art. 186 do CPP abriga o direito ao silêncio (caput) e proscreve a possi-
bilidade de o silêncio ser tomado em detrimento da defesa (parágrafo único).
Ainda com o escopo de assegurar a plenitude do exercício do direito
constitucional ao silêncio, a Lei 10.792/2003 suprimiu o texto contido no
"
Ada Pellegrini Grinover, "do silêncio não podem deduzir-se presunções que
"
desde que não seja possível colher o depoimento destas por video-
conferência nos termos do art. 217 deste Código;
,
§§ 2.°, 3.°, 4.° e 5.°), no que couber, à realização de outros atos processuais
que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação,
reconhecimento de pessoas e coisas e inquirição de testemunha ou tomada
,
7 82
. . .
5 Procedimento: as fases do interrogatório e o direito ao
silêncio
duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos". O § 1.° do art. 187
"
°
aplicação do art. 5. LXI1I, da CF (direito ao silêncio), tampouco a possibi-
,
154 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
"
7 8 2
. .
6 Conteúdo do interrogatório
.
"
culpada .
Ada Pellegrini Grinover "do silêncio não podem deduzir-se presunções que
,
da infração ou depois dela" (art. 187 § 2.°, II, do CPP), bem como,
"
"
"
privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos (art. 44, III, do CP), ou
para a concessão de benefícios, tais como a transação penal (art. 76, § 2.°,
III, da Lei 9.099/1995), a suspensão condicional do processo (art. 89 caput, ,
da Lei 9.099/1995 , c/c o art. 77, II, do CP), o sursis (art. 77, II, do CP), ou
mesmo para a determinação do regime inicial de cumprimento de pena (art.
33, §3.°, do CP).
A indagação sobre a concorrência de outras pessoas para a infração penal
"
,
Cap. 7 . Das Provas 157
derá negar a prática do crime, mesmo havendo muitas provas contra ele. Mas
o que se lhe não permite é atribuir a si a autoria de um crime que realmente
não tenha cometido. Da autoacusação falsa pode resultar a condenação de um
inocente e, correspondentemente a impunidade do verdadeiro culpado. Daí
,
a norma do art. 341 do CP (...). Nem poderia ser de outra forma porquanto ,
782
. . .
7 Obrigatoriedade de realização do interrogatório
A redação do art. 185 caput e § 1. do CPP, ao se valer do imperativo
,
°
,
"
será ,
quando presente, sob pena de nulidade do processo (art. 564, III, e, segunda
figura do CPP).
,
"
782
. . .
8 Possibilidade de novo interrogatório (reinterrogatório)
O art. 196 do CPP estabelece que, "a todo tempo, o juiz poderá proceder
a novo interrogatório, de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das
"
partes .
7 83
. .
Da confissão
são os motivos que podem levar alguém a confessar um delito sem que, efe-
tivamente, o tenha cometido.
O valor da confissão é relativo (não é a "rainha das provas") e deve ser
aferido por meio do seu confronto com as demais provas do processo (art.
197 do CPP). A confissão não supre o exame de corpo de delito (art. 158, in
fine, do CPP). Pode ser retratada (art. 200 do CPP).
Cap. 7 . Das Provas 159
7 8
. .4 Da acareação
78
. .5 Das declarações do ofendido
Ninguém melhor que a vítima do crime para explicar de que maneira ele
ocorreu. No entanto, leva-se em conta que o ofendido, muitas vezes levado
pelos seus sentimentos, omite ou acrescenta circunstâncias, desvirtuando os
fatos. Justamente por isso, o ofendido não presta compromisso nem se sujeita
a processo por falso testemunho (art. 342 do CP). Sua palavra deve ser aceita
com reservas, sendo confrontada com as demais provas.
Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as
circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas
que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações (art. 201, ca-
put, do CPP). Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo
justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade (art. 201,
§ 1.°, do CPP).
A Lei 11.690/2008 preservou a redação original do art. 201, caput, do
e transformou o seu parágrafo único em § 1. acrescentando-lhe ainda
°
CPP , ,
°
outros cinco parágrafos (§§ 2. a 6.°), nos quais foram incorporadas muitas das
orientações contidas na Declaração dos Princípios Básicos dejustiça Relativos
às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder, adotada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas na sua Resolução 40/34, de 29 de novembro de 1985.
O art. 201, § 2.°, do CPP, determina que o ofendido seja comunicado
dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à
160 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller , Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
"
6 .
A capacidade do aparelho judiciário e administrativo para responder
às necessidades das vítimas deve ser melhorada: a) Informando as víti-
mas da sua função e das possibilidades de recurso abertas das datas e da ,
"
"
caso do n. VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598. .
junho de 2008, que modificou a redação do art. 416 do CPP, para dispor que
" "
para o ajuizamento de queixa (ação pena privada exclusiva), bem como para
controlar a atuação ministerial na ação penal pública permitindo ao ofendido
,
"6 .
A capacidade do aparelho judiciário e administrativo para respon-
der às necessidades das vítimas deve ser melhorada: [...]
b) Permitindo que as opiniões e as preocupações das vítimas sejam
apresentadas e examinadas nas fases adequadas do processo, quando os
seus interesses pessoais estejam em causa, sem prejuízo dos direitos da
defesa e no quadro do sistema de justiça penal do país;
c) Prestando às vítimas a assistência adequada ao longo de todo o
processo;
d) Tomando medidas para minimizar, tanto quanto possível, as difi-
culdades encontradas pelas vítimas, proteger a sua vida privada e garantir
a sua segurança, bem como a da sua família e a das suas testemunhas,
preservando-as de manobras de intimidação e de represálias.
"
que não integram a persecução penal), que não impede a acessibilidade dos
sujeitos (internos) da persecução penal: Ministério Público e Defensor. A
doutrina distingue o sigilo do segredo. O segredo consiste naquilo que não
deve ser divulgado ao conhecimento da generalidade das pessoas; o sigilo ,
" "
restrição quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem .
O art. 93, IX, da CF, ainda estabelece que todos os julgamentos dos ór-
"
Humanos dispõe que "o processo penal deve ser público, salvo no que for
,
"
°
Outrossim ,do CPP, estipula que, "se da publicidade da
o art. 792, § 1. ,
"
78 6
. .
Das testemunhas
78 6 1
. . .
Conceito
7 8 6
. . .
2 Distinção entre testemunha e ofendido
As testemunhas são, conceitualmente, pessoas estranhas ao fato crimi-
noso, ou seja, não são parte ativa (agente) ou passiva (ofendido) da infração
penal.
Podemos, conforme a posição ocupada pela pessoa na estrutura subje-
tiva da infração penal, divisar perfeitamente as figuras da testemunha e do
ofendido, porquanto a primeira se apresenta como sujeito externo (não é
parte) ao fato criminoso, enquanto o segundo é o sujeito passivo (parte) da
infração objeto da persecução penal.
Da distinção entre testemunha e ofendido decorrem importantes con-
sequências jurídicas:
"
de uma testemunha.
78 6
. .
3 Capacidade para ser testemunha
.
possa concorrer para a apuração de uma infração penal, afinal, não estamos
imunes a que um doente mental ou uma criança presencie a ocorrência de
um crime.
tem capacidade para ser testemunha ao depor, o farão sem o dever de dizer
,
78 6
. .
5 Dever de comparecimento
.
78 6
. . .
6 Dever de depor
Comparecendo perante a autoridade (espontaneamente ou mediante
condução coercitiva), surge para a testemunha uma segunda obrigação: o
Cap. 7 . Das Provas 167
"
recusar a fazê-lo , sem que disso decorra qualquer sanção (art. 206,
segunda parte, do CPP).
A possibilidade de recusa contudo, não os impede de depor, se quise-
,
rem caso em que o farão sem o dever de dizer a verdade (art. 208 do CPP),
,
como informantes.
É curial distinguir testemunha dispensada e testemunha proibida: a
primeira, porque dispensada do dever de depor, pode se recusar a fazê-lo,
mas pode igualmente prestar depoimento se quiser; a segunda, por força do
,
ciência do fato.
note
Se o fato probando não veio ao conhecimento da testemunha KBEM
em razão de sua função, ministério, ofício ou profissão, sobre
ela não paira a proibição de depor.
As testemunhas proibidas, entretanto, podem depor se:
. forem desobrigadas pela parte interessada; e
. quiserem dar o seu testemunho (art 207, in fine, do CPP).
.
"
sobre fato que constitua sigilo profissional (art. 7.°, XIX, da Lei 8.906/1994).
Alguns doutrinadores asseveram inclusive que o advogado sempre esta-
ria proibido de depor ainda que desobrigado do dever de segredo pela parte
,
mas pode prestar depoimento se quiser, por não ser proibida de de-
,
da busca da verdade real (art. 206 terceira parte, do CPP), quando não houver
,
de segredo pela parte interessada, não pode ser obrigada pelo juiz a depor,
somente o fazendo se quiser (art. 207, infine, do CPP).
e) Imunidade parlamentar ao dever de depor (Deputados Federais e Sena-
dores): o art. 53, § 6.°, da CF, dispõe que "os Deputados e Senadores
não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas
"
"
"
nos casos previstos nos arts. 207 e 208 Ademais, quando a lei tangencia os
.
"
"
Falso testemunho-Não caracterização-Declarações falsas constantes
no auto de prisão em flagrante - Retratação em Juízo - Falseamento da verdade
para proteção de companheiro ou amásio - Equiparação a cônjuge para efeito
de dispensa do compromisso de verdade da testemunha - Inteligência do art .
206 do CPP - Fato portanto, que não constitui infração penal - Condenação
,
falso testemunho, eis que o art. 342 do CP não exige o compromisso de dizer
a verdade como pressuposto ou elemento do tipo penal, como o faziam os
Códigos Penais de 1830 e 1890.
Esse entendimento parte da distinção entre "dever de dizer a verdade" e
"
art. 208 do CPP apenas não prestam o compromisso de dizer a verdade porque
não podem compreender a magnitude de tal juramento, deferido pela lei para
estimular moralmente a testemunha (art. 203 do CPP).
b) são extranumerários, não sendo considerados para o perfazimento
do número máximo de testemunhas que as partes podem arrolar, de
acordo com o procedimento).
Tratando-se de testemunha informante, cabe ao juiz valorar seu depoi-
mento consoante a livre apreciação das provas (art. 155 do CPP), a fim de lhe
afirmar ou infirmar sua credibilidade.
78 6
. . .
8 Procedimento do depoimento
O depoimento das testemunhas será oral (reduzido a termo), não poden-
do fazer apreciações pessoais, mas nada impede que haja consulta a anotações
(art. 204, caput, e parágrafo único do CPP).
Antes de iniciado o depoimento, a testemunha poderá ser contraditada
(art. 214 do CPP).
Além das testemunhas numerárias (aquelas arroladas pelas partes), po-
dem ser ouvidas testemunhas a critério do juiz (art. 209, caput, do CPP), e
também as referidas (art. 209, § 1. do CPP), que são pessoas indicadas pelas
°
las das penas cominadas ao falso testemunho (art. 210, caput, do CPP). A
Lei 11.690/2008 acrescentou um parágrafo único ao art. 210 do CPP, deter-
minando que, antes do início da audiência e durante a sua realização, sejam
reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das
testemunhas.
Cap. 7 . Das Provas 173
(art. 222-A do CPP). Aplica-se às cartas rogatórias a disciplina legal das cartas
precatórias (arts. 222-A, parágrafo único, e 222, §§ 1.° e 2.°).
7 8
. .
7 Do reconhecimento de pessoas e coisas
O cumprimento das formalidades legais enunciadas no art. 226 do CPP
conferem maior grau de credibilidade ao ato de reconhecimento pessoal ou
de objetos.
O aludido procedimento consiste em o reconhecedor fornecer a descrição
da pessoa cujo reconhecimento se pretende (art. 226 1 do CPP); em seguida,
, ,
esta será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela se pareçam ,
78
. .8 Da prova documental (arts. 231 a 238 do CPP)
Consideram-se documentos "quaisquer escritos, instrumentos ou papéis ,
"
7 8
.
9 Busca e apreensão
.
caso de ordem judicial, que apenas pode ser cumprida durante o dia (art. 5.° ,
XI, da CF).
A busca pessoal embora independa de ordem judicial, somente pode
,
ser admitida quando houver fundada suspeita (art. 244 do CPP), tendo em
°
vista a proteção constitucional da intimidade da pessoa (art. 5. X, da CF). ,
pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade (§ 7.°).
Medidas Cautelares
Pessoais
8. 1 NOÇÕES GERAIS
Até o advento da Lei 12.403/2011, o indivíduo poderia responder
aos atos de persecução penal do Estado de duas maneiras: preso ou solto.
Não havia solução intermediária, apesar dos pleitos da doutrina e dos
operadores.
Em alguns casos, a mera soltura do suposto infrator não parecia so-
lução satisfatória, dada a existência de justificativa cautelar para sua prisão.
Por outro lado, a justificativa poderia não ser tão intensa a ponto de legitimar
o recolhimento do sujeito ao cárcere, mormente nas condições sub-humanas
das prisões brasileiras.
Eis que a Lei 12.403/2011 busca solucionar a questão, com a previsão
de outras cautelares pessoais, ou seja, medidas que restringem a liberdade
do indivíduo, dando vazão à determinada necessidade cautelar, mas sem a
necessidade de medida extrema, que é a prisão.
Por parâmetro de proporcionalidade, a lei exige que as medidas cau-
telares devem ser adequadas à gravidade do crime, inspirando previsão do
°
art. 283, § 1. do CPP, que proíbe a imposição de qualquer medida cautelar
,
82 . .
1 A regra da proporcionalidade (caput e incisos I e II)
A regra de tratamento derivada da presunção de inocência (art. 5.° , LVII,
da CF/1988, e art. 8.°, n. 2 da Convenção Americana de Direitos Humanos
,
direito fundamental.
Isso porque "qualquer ato (público ou privado) pode ser tido como
restrição mesmo que tenha pequenas repercussões no direito fundamental.
,
menos invasivas aos direitos do cidadão quando comparadas com a prisão pro-
,
a restrição mais leve até a mais intensa devem apresentar em nível legislativo
(nível abstrato da norma) proporcionalidade e justificação constitucional,
cujas verificações e cumprimento devem ocorrer também em nível judicial ao ,
"
82 1
. . .
1 A regra da proporcionalidade em face da suspensão
condicional do processo, da pena potencial e do menor
potencial ofensivo
Assim, se a pena mínima cominada para o crime for igual ou inferior a um
ano e as condições pessoais do indiciado indicarem o cabimento da proposta
de suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/1995), não seria
proporcional a decretação da prisão preventiva, em face da perspectiva de ser
declarada a extinção da punibilidade ao cabo do período de prova (art. 89 ,
4°
.
c.c. o art. 14, II, ambos do CP): sua pena mínima em abstraio seria de
,
8 2
. .
2 A estrutura da motivação dos provimentos cautelares
A observância da regra da proporcionalidade reclama motivação sufi-
ciente da decisão que determina a aplicação de medida cautelar pessoal, em
que o juiz deve demonstrar a presença das suas condições de admissibili-
dade e , em seguida, dos seus requisitos: fumus commissi delicti e periculum
libertatis.
182 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
822
. . . 1 Condição de admissibilidade (art. 283, § 1 °)
O art. 283, § 1.°, estabelece que a aplicação das medidas cautelares
pessoais somente pode ser admitida em caso de infração penal a que seja
cominada pena privativa de liberdade (reclusão, detenção ou prisão simples) ,
8 2 2
. .
2 Requisitos cautelares: o fumus commissi delicti
.
A Lei 12.043/2011 não especifica qual seria o fumus commissi delicti re-
clamado para a aplicação das medidas cautelares pessoais diversas da prisão
(apenas para a prisão preventiva foi estabelecida a presença de "prova da
existência do crime e indício suficiente de autoria "
- art . 312).
"
822
. .
3 Requisitos cautelares: o periculum libertatis (art. 282,1)
.
82 2
. . .
4 Determinação da medida cautelar pessoal a ser aplicada
(art. 282, §§ 1.°e6.°)
O art. 282, § 1.° permite a aplicação isolada ou cumulativa (cumulação
,
rada na regra especial contida no art. 319 § 4.°, que possibilita a cumulação
,
da fiança (art. 319, VIII) com outras medidas cautelares diversas da prisão.
Outrossim, em caso de descumprimento de medida cautelar pessoal
anteriormente aplicada pode o juiz impor outra em cumulação (cumulação
,
°
subsidiariedade e excepcionalidade (art. 282, §§ 6. e 4.°), deve ainda de-
monstrar a inadequação ou insuficiência das medidas cautelares diversas da
prisão (art. 310, II).
82 2
. .
5 Procedimento para aplicação das medidas cautelares
.
°
pessoais (art. 282, § 2. )
O art. 282, § 2.°, contempla a regra da jurisdicionalidade, ao dispor que
as medidas cautelares serão decretadas pelo juiz devendo ser ressalvadas
,
privada, por não ocupar a posição de parte (art. 282, § 2.°): na ação penal
privada exclusiva, o Ministério Público atua na qualidade de fiscal da lei
(custos legis) e, portanto, não pode substituir a iniciativa do querelante; na
ação penal privada subsidiária, o poder de requerer a aplicação de medidas
cautelares pessoais não foi contemplado no art. 29 do CPP.
Durante a investigação criminal, a aplicação das medidas cautelares
pessoais sempre depende de provocação, consistente em representação da
autoridade policial ou requerimento do Ministério Público. A proibição da
iniciativa judicial na fase de investigação criminal otimiza o princípio acu-
satório (art. 129,1, da CF/1988) e orienta inclusive a decretação das prisões
°
cautelares, tanto temporária (art. 2. caput, da Lei 7.960/1989) como pre-
,
8225
. . . .
1 Contraditório prévio (art. 282, § 3.°)
O art. 282, § 3.°, ao determinar a intimação do indiciado ou acusado
(parte contrária) para manifestação acerca do pedido de medida cautelar, es-
tabelece a necessidade de contraditório prévio no procedimento de aplicação
das medidas cautelares pessoais, inclusive das prisões cautelares, ressalvados
os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, quando a decisão
pode ser proferida inaudita altera parte.
A regra geral portanto, passa a ser o contraditório prévio, de sorte que
,
a decisão que o dispensar deve ser motivada, com a demonstração dos dados
concretos que evidenciam a urgência ou o perigo de ineficácia (v.g., perigo
de fuga iminente). Em caso de dispensa, nada impede que se estabeleça um
186 Processo Penal - Piaulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
822
. .
6 Descumprimento das medidas cautelares pessoais (art.
.
282, §4°)
822
. .
7 A situacionalidade das medidas cautelares pessoais (art.
.
282, §5°)
Por ser a medida mais gravosa do sistema cautelar pessoal (dada a in-
tensidade da restrição que implica ao direito fundamental de liberdade de
locomoção), o art. 282, § 6.°, determina a expressa subsidiariedade e excep-
cionalidade da prisão preventiva, cuja decretação deve ser reservada para
situações de absoluta imprescindibilidade (ultima ratio).
Trata-se de manifestação da regra da proporcionalidade no plano legisla-
tivo (abstrato), que vincula a atuação judicial no momento da determinação
da medida a ser aplicada (plano concreto), impondo ao juiz um dever de
motivação específico para a decretação da prisão preventiva consistente na ,
cuidado
Em face do disposto no art. 7°, n. 7, da Convenção Americana
bição do mandado não impede a prisão, desde que o preso seja imediatamente
levado à presença do juiz que tenha expedido o mandado. Nucci argumenta
que a justificativa de tal possibilidade se dá pela especial gravidade das in-
frações inafiançáveis assinalando que a apresentação pode ser feita ao juiz
,
corregedor ou plantonista. Choukr nota que tal artigo não tem eficácia no
"
"
em um determinado local continue sendo procurada em outro, dada a
"
mendação que pela frágil redação do dispositivo (sempre que possível), não
,
83
. .
1 Justificativa da prisão processual (provisória ou cautelar)
A prisão processual (provisória ou cautelar) não pode violar a presun-
ção de inocência, ou seja, não pode significar castigo, pois até o trânsito em
julgado da sentença condenatória o sujeito deve ser considerado inocente.
Há que se ter, por tal razão especial cuidado na interpretação e aplicação dos
,
artigos do Código de Processo Penal que tratam da prisão cautelar vez que ,
83
. .
2 Espécies de prisão processual (provisória ou cautelar)
a) prisão em flagrante;
b) prisão temporária;
c) prisão preventiva;
d) prisão domiciliar (substitutiva da prisão preventiva - arts. 317 e 318
doCPP).
83 2
. .
1 Da prisão em flagrante
.
a agir.
Sujeito passivo do flagrante- via de regra qualquer pessoa pode ser presa
,
ECA.
note
O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo BEM
de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável (art.
7 °
.
, § 3.°, do Estatuto da OAB).
Também não se imporá prisão em flagrante nas infrações de
menor potencial ofensivo, nem se exigirá fiança, quando o
suposto autor do fato for imediatamente encaminhado ao
JECrim ou prestar compromisso de a ele comparecer (art. 69,
parágrafo único, da Lei 9.099/1995).
Espécies de flagrantes:
a) flagrante próprio ou real (art. 302 ,
1 e II , do CPP): quando o agente
está cometendo a infração ou acaba de cometê-la;
b) flagrante impróprio ou quase-flagrante (art 302 III, do CPP): quando .
,
díca
LXIIeLXV,da CF/1988).
O art. 306, caput, do CPP, acrescentou a obrigatoriedade da comunicação
imediata da prisão em flagrante ao Ministério Público - não imposta pelo art.
5°
.
,
inc. LXII, da CF/1988.
Caso o autuado não informe o nome de seu advogado, o art. 306, § 1.°,
do CPP, determina ainda a remessa de cópia integral do auto de prisão em
flagrante (acompanhado de todas as oitivas colhidas) para a Defensoria Pú-
blica, no prazo de 24 horas depois da prisão.
Deve haver relaxamento da prisão em flagrante sempre que incide vício
formal ou material. Há vício formal quando algum dos requisitos expostos
Cap. 8 . Medidas Cautelares Pessoais 197
pensar o fato de que a prisão é feita, a princípio, sem controle judicial (que
apenas ocorre após a comunicação).
Há vício material se a hipótese não se encaixa nas modalidades de prisão
em flagrante previstas na lei.
832 1
. . . .
1 Controle jurisdicional da prisão em flagrante (art. 310 do
CPP)
cautelar (não pode mais ser mantida pelo juiz) podendo ser convertida em ,
o juiz deverá conceder liberdade provisória (arts. 310 III, e 321, do CPP), ,
320 do CPP).
832 1
. . .
2 Conversão da prisão em flagrante em preventiva e
.
A redação dada ao art. 311 do CPP (assim como a regra geral contida no
°
art. 282, § 2. do CPP) conservou a possibilidade de decretação ex officio da
,
De outra parte, o art. 310, inc. II, do CPP, permite ao juiz, quando da
comunicação da prisão em flagrante, a sua conversão em prisão preventiva.
Surge então uma indagação de ordem procedimental: a possibilidade de
conversão da prisão em flagrante em preventiva, por ocorrer durante a in-
vestigação criminal, dependeria de requerimento do Ministério Público ou
de representação da autoridade policial? E mais: dependeria de manifestação
do indiciado preso, nos termos do art. 282, § 3.°, do CPP?
A respeito da primeira colocação, poderia ser sustentado que a proibição
da autuação judicial ex officio alcançaria apenas a decretação da prisão preven-
tiva (aplicação originária ao indiciado solto), mas não a conversão em prisão
preventiva (aplicação derivada da anterior prisão em flagrante). Contudo,
para otimizar o princípio acusatório, entendemos que a conversão da prisão
em flagrante em preventiva depende sempre de representação da autoridade
policial (encaminhada com a comunicação da prisão em flagrante) ou de
requerimento do Ministério Público (bastaria proporcionar vista do auto de
prisão em flagrante, imediatamente depois da sua recepção em juízo).
Se houver provocação para a conversão em prisão preventiva, deve ain-
da o juiz intimar o indiciado para manifestação, a fim de que o seu defensor
°
constituído ou nomeado (art. 306, § 1. do CPP) possa influenciar a formação
,
terceiro.
tendo requisitos menos rigorosos que ela. Exatamente pela maior facilidade ,
caso será ouvido o Ministério Público (não poderá ser decretada de ofício).
O momento da decretação dar-se-á da ocorrência da infração até o rece-
bimento da denúncia. Com a denúncia não há mais razão para manutenção
,
Para Pacelli o prazo da prisão temporária não deve ser levado em conside-
,
mesma forma, o prazo da prisão temporária não seria contado como parte
dos dez dias em que se deve encerrar o inquérito policial.
Decretada a prisão, será expedido mandado em duas vias, devendo uma
delas ser entregue ao preso, aplicando-se à entrega as regras do art. 304, § 3.°,
do CPP, se o preso não souber ou não quiser assinar.
83 2
. .
3 Da prisão preventiva
.
do contrário, Aury Lopes Jr. restringe a prisão preventiva aos crimes dolosos.
Cabe salientar que as condições definidas nos incisos I, II, III e parágra-
fo único são alternativas, de sorte que, presente qualquer delas (ainda que
isoladamente), admite-se a decretação da prisão preventiva. Contudo, isso
"
não significa que a prisão preventiva deva" ser decretada, mas apenas que
"
ela pode ser decretada, "se" e "quando" constatados os seus dois planos
"
mormente nos casos de crimes dolosos contra a vida. Crimes cujo julgamento
é timbrado pela previsão de atos instrutórios também em Plenário do Júri
(arts. 473 a 475 do CPP). 5. Ordem denegada. (STF, HC 102.065/PE, 2. T., j.
23.11.2010, rei. Min. Ayres Britto DJe-030 15.02.2011),
não fuja pois seria impossível ao indivíduo fazer prova negativa. A acusação
"
8323
. . .
1 Prisão preventiva substitutiva em caso de descumpri-
.
,
orientações a respeito:
Posição ampliativa - a prisão preventiva substitutiva independe das
condições de admissibilidade (cabimento) do art. 313 do CPP Assim aquela ,
infração penal que originariamente não admitia a sua decretação (tais como
furto simples receptação, porte de arma de fogo de uso permitido), estaria
,
8323
. . . .
2 Procedimento para decretação da prisão preventiva (art.
311 doCPP)
8323
. . . .
3 Substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar
(arts. 31 7 e 318 do CPP)
832
. . .
4 Prisão por pronúncia e por condenação recorrível
O juiz pode, nas decisões de pronúncia e de condenação recorrível,
decretar ou manter a prisão preventiva do acusado (arts. 413, § 3.°, e 387,
parágrafo único, ambos do CPP).
83 .
3 Requisitos fundamentais para qualquer espécie de prisão
.
mente militar);
d) art. 5.°, LXI/1988, da CF (flagrante);
e) art. 684 do CPP (recaptura de preso evadido).
permanecer distante;
d) proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja
conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;
e) recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga
quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
f) suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
económica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização
para a prática de infrações penais;
g) internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados
com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser
inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver
risco de reiteração;
h) i
f ança nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento
,
8 .
5 LIBERDADE PROVISÓRIA
Tradicionalmente, a liberdade provisória atua como medida cautelar
substitutiva da prisão em flagrante (pressuposto). Com o advento da Lei
12.403/2011, alguns sustentam que a liberdade provisória estaria igualmente
presente naquelas situações de aplicação de medidas cautelares diversas da
prisão ao sujeito solto, que não iniciou a persecução penal preso em flagrante
(esta não mais seria pressuposto da liberdade provisória).
A principal modificação se operou na disciplina legal da fiança (liberdade
provisória com fiança), que figura como medida cautelar pessoal diversa da
°
prisão (art. 319, VIII e § 4. ) .
210 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C .
C. Machado
do CPP) podendo ser inferido da conjugação dos arts. 323 e 324 do CPP.
,
da CF/1988);
. nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra
a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5 .
°
,
XLIV, da
CF/1988);
. aos sujeitos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança ante-
riormente concedida ou infringido sem motivo justo, qualquer das
,
de infração penal com pena máxima cominada igual ou inferior a 4 anos (art .
322, caput, do CPP). Sendo superior a 4 anos somente pode ser concedida
,
dispensada, na forma do art. 350 do CPP (somente pelo juiz) reduzida até ,
o máximo de 2/3 ou aumentada em até 1.000 (mil) vezes (art 325, § 1.° I a .
,
III ,
do CPP).
A decisão que conceder ou negar fiança pode ser impugnada por recurso
em sentido estrito (art. 581 V, do CPP). Sendo negada a fiança, pode ainda
,
9 . 1 NOÇÕES GERAIS
Procedimento é o conjunto de atos organizados dirigidos a um fim.
Os procedimentos penais buscam organizar cadeias de atos processuais de
acordo com as peculiaridades comuns a determinada categoria de crimes,
com o objetivo de melhor realizar a aplicação do direito material em cada
caso concreto. Daí a existência ao lado do procedimento comum, de proce-
,
dimentos especiais.
9 1
. .
1 Da suspensão condicional do processo
da Lei 9.099/1995).
note
Em caso de crime (não abrange contravenção penal) praticado BEM
com violência doméstica ou familiar contra a mulher, o art. 41
da Lei 11.340/2006("Lei Mariada Penha") impedeaaplicação
da Lei 9.099/1995 e, por conseguinte, afasta a aplicação da
suspensãocondicional do processo, disciplinada em seu art. 89.
Cap. 9 . Procedimentos 215
°
competência originária dos Tribunais Superiores - Lei 8.038/1990, e art. 1.
da Lei 8.658/1993 que estende a aplicação dos arts. 1.° a 12 da Lei 8038/1990
para as ações penais de competência originária dos Tribunais de Justiça e dos
Tribunais Regionais Federais).
Os procedimentos comuns podem ser ordinário, sumário ou sumarís-
simo, de acordo com a quantidade da pena máxima cominada para a infração
penal (art. 394, § 1. I a III, do CPP).
°
,
-
no CPP
1 . Especiais -
em leis extravagantes
Procedimentos -
ordinário
2 Comuns
.
-
sumário
-
sumaríssimo
Infere-se
da conjugação dos incs. II e III do art. 394 CPP, que no proce-
,
inferior a 4 anos como sucede, v.g., com o crime de dano qualificado, que
,
92
. .
1 Do procedimento comum ordinário - o
92 1
. .
1 Oferecimento da denúncia ou queixa
.
indicadas em número máximo de oito (art 401, caput, do CPP) para cada .
,
fato criminoso.
nhas como dojuízo (art. 209 caput, do CPP), cuja oitiva agora se sujeita à
,
se necessário.
Cap. 9 . Procedimentos 217
92 1
. . .
2 Rejeição liminar (art. 395 do CPP) ou recebimento da
denúncia ou queixa (art. 396> caput, do CPP)
Rejeição liminar da denúncia ou queixa (art. 395 do CPP) - o art. 395 do
CPP enuncia as causas de rejeição liminar da denúncia ou queixa (inépcia,
falta de pressuposto processual ou condição da ação penal e falta de justa
"
a leitura dos arts. 396, caput, e 399, caput, ambos do CPP, evidencia uma du-
plicidade de alusões ao recebimento da denúncia ou queixa, suscitando desde
logo, a indagação sobre o momento processual adequado para a decisão de
admissibilidade da acusação: seria depois de afastadas apenas as possibilida-
des de rejeição liminar (art. 396, caput) ou seria depois de afastadas tanto as
possibilidades de rejeição liminar como as de absolvição sumária do acusado
(art. 399, caput)?
A questão possui repercussão direta na interrupção do lapso prescricio-
nal (art. 117 ,
1 , do CP) e ainda define a absolvição sumária (art. 397 do CPP)
como mera possibilidade de julgamento antecipado do pedido (depois de ins-
218 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
92 1
. . . 3 Citação do acusado jocLux?
note
Modalidades de citação- Em processo penal comum, não cabe BEM
citação pelo correio (via postal) nem por meio eletrônico (art.
6 °
. da Lei 11.419/2006).
220 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller , Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
°
novo local, conforme dispõe o art. 355, § 1. do CPP (precatória ,
itinerante);
3 b) fcitação
icta ou fipresumida:
cta ou presumida:
a citaçãohápor
atualmente
hora certaduas hipótesespordeedital.
e a citação citação
A citação por hora certa introduzida na legislação pela novel reforma,
,
"
Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado
o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo
suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua
falta a qualquer vizinho que, no dia imediato, voltará a fim de efetuar a
citação, na hora que designar.
Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independen-
temente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do
citando, a fim de realizar a diligência.
( ... )
Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta,
telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência."
Antes da reforma, na hipótese de réu que buscasse se ocultar para evitar
a citação, esta deveria ocorrer por edital, e era controversa, no caso, a inci-
dência da suspensão do processo prevista no art. 366 do CPP, se não compa-
recesse ao interrogatório e não constituísse advogado. Com a reforma, não
há mais citação por edital no caso de réu que se oculta, mas sim citação por
hora certa, que não provoca a suspensão do processo em razão da previsão
do art. 366 do CPP.
citação por hora certa, o juiz deverá nomear defensor dativo ao réu, dando
continuidade ao processo (art. 362, parágrafo único, do CPP).
Acreditamos inconstitucional a previsão da citação por hora certa. Trata-
-
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) que exige comunicação ,
citação é ato necessário para garantir a instrução criminal (art. 312 do CPP).
Além da criação da citação por hora certa, também foi alterada a disci-
plina da citação por edital.
É que, antes da reforma, havia quatro hipóteses de citação por edital:
a) réu não encontrado;
b) réu que se oculta;
c) réu em local inacessível; e
d) réu incerto quanto à identificação.
Hoje, persiste apenas a citação por edital no caso de réu não encontrado ,
uma confusão de vetos e emendas nos artigos que acabaram por excluir tal
possibilidade do texto legal. Não há alternativa que não a citação por edital
em tais casos lembrando que, em não comparecendo o réu e não constituin-
,
do advogado, será suspenso o processo com base no art. 366 do CPP. Assim ,
estamos convencidos que, em tal hipótese, será aplicada, por analogia, a lei
processual civil, que regula a situação em seu art. 231, II, do CPC, permitindo
a citação por edital.
Foi também excluída a previsão da citação por edital no caso de ser de-
nunciada pessoa incerta. Aqui, acreditamos que está correta a alteração da lei e
o afastamento de tal possibilidade. Se a denúncia não foi capaz de discriminar
a pessoa a ponto de identificá-la para a citação, certamente também não o foi
Cap. 9 . Procedimentos 223
Se, citado por edital, o réu não comparece e não constitui advogado, o
processo deveráficansiispenso, bem como o prazo prescricional. Tal previsão
legal fez a adequação do processo penal brasileiro às previsões da Convenção
Interamericana de Direitos Humanos, exigindo citação pessoal para que o
processo tenha seu normal trâmite (daí nossa convicção da inadequação da
referida citação por hora certa). Antes de tal previsão, era bastante comum
que pessoas fossem processadas e condenadas sem ter qualquer notícia de
acusação, motivo pelo qual a suspensão do processo, em tais casos, foi muito
bem vista pela doutrina.
Vale salientar, ainda, que a lei não fixa o limite máximo para a suspensão
da prescrição. Entretanto, foi necessário fixar um prazo máximo, após o qual
o processo continuaria suspenso, mas a prescrição voltaria a fluir, pois, caso
contrário, estaria sendo ampliado, ilegalmente, o rol dos crimes imprescri-
tíveis, previsto constitucionalmente (art. 5.°, XL11 e XLIV, da CF/1988). Por
este motivo, a doutrina se manifestou a respeito:
a) para alguns, o prazo da suspensão é o máximo lapso prescricional
previsto em lei, ou seja, 20 anos (art. 109,1, do CP);
b) para outros, o prazo da suspensão é o máximo lapso prescricional do
crime, verificado segundo a sua pena em abstrato (art. 109 do CP)."
A segunda posição é majoritária na doutrina, pois constitui um critério
mais justo para o réu, já que impede o mesmo tratamento a infrações penais
diferentes, tendo sido ainda adotada no enunciado da Súmula 415 do STJ:
224 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller , Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
à parte ou outra pessoa, do lugar, dia e hora de um ato processual a que deva
"
92 1
. . .
4 Apresentação da resposta à acusação (arts. 396 e 396-A)
O juiz ordena a citação do acusado para apresentar resposta à acusação,
na forma escrita (art. 396 caput, infine, do CPP).
,
"
mento em juízo, do acusado ou de defensor constituído ) Em igual sentido,
,
.
"
a citação por edital, com o prazo de 15 dias (art. 361 do CPP), que
será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou
da sua afixação" (art. 365, V, do CPP). O parágrafo único do art. 365
prevê que: O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o
"
226 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
CPP);
. escoado in albis o prazo para a resposta e não comparecendo o acusado
,
julgada (art. 95 do CPP), que serão autuadas em apartado (arts. 100, caput,
e 111, ambos do CPP), seguindo o procedimento estabelecido nos arts. 95 a
112 do CPP (art. 396-A § 1 °, do CPP).
,
notificação.
A resposta à acusação portanto, constitui o momento oportuno para a
,
impede que estas sejam inquiridas como do Juízo (art 209, caput, do CPP). .
92 1
. . .
5 Absolvição sumária (art. 397 do CPP)
Depois da apresentação da resposta à acusação (art. 396-A do CPP) deve ,
°
ser reconhecido depois de cumprido o devido processo legal (art. 5. LIV, ,
gravame algum.
A sentença de absolvição sumária (art. 397 do CPP) sob qualquer de ,
92 1
. . .
6 Designação da audiência de instrução e julgamento (art.
399, caputj
Afastadas as possibilidades de absolvição sumária do acusado (art. 397
do CPP), o juiz designará dia e hora para a audiência de instrução e julga-
mento a ser realizada no prazo máximo de 60 dias (art. 400, caput, do CPP),
,
°
Em caso de acusado preso o art. 399, § 1. do CPP, estabelece que ele
, ,
"
"
note
A atual redação do art. 185 do Código de Processo Penal per- BEM
mite a realização do interrogatório no próprio estabelecimento
prisional, ou, ainda, por videoconferência. O interrogatório por
videoconferência é excepcional, e deve ser fundamentado no
objetivo de I) prevenir risco à segurança públ ica, quando exista
fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa
ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento
ou II) viabi Iizar a participação do réu no referido ato processual,
quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento
em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoa ou
III) impedira influência do réu no ânimo de testemunha ou da
vítima, desdequenãosejapossívelcolherodepoimentodestas
por videoconferênciaou ainda para IV) responder à gravíssima
questão de ordem pública.
92 1
. . 7 Audiência de instrução e julgamento (art. 400, caputj
.
"
Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento
das partes", sem o que esta prova se torna preclusa.
9 2 1
. . .
8 Requerimento de diligências complementares (art. 402)
Encerrada a produção das provas orais ao final da audiência, poderão o
,
finais orais em audiência, primeiro pela acusação depois pela defesa, por 20
,
minutos cada, que podem ser prorrogados por mais 10 minutos. Em seguida ,
da defesa (art. 403, § 2.°, do CPP), que passa a ter 30 (20+10) minutos para
a apresentação das suas alegações finais orais, como forma de compensação.
O tempo para a apresentação das alegações finais orais, em caso de plu-
°
ralidade de acusados, será individualmente considerado (art. 403, § 1 do ,
cada qual.
Considerando a complexidade do caso ou o número de acusados, o juiz
pode substituir a apresentação das alegações finais orais por memoriais es-
critos, concedendo o prazo de 5 dias, sucessivamente, para a acusação, para
o assistente e para a defesa. O juiz então tem o prazo de 10 dias para proferir
sentença (art. 403, § 3. do CPP).
°
,
Espécies de Sentença:
a) Absolutória: julga improcedente o pedido da acusação e ocorre nas
hipóteses previstas no art. 386 do CPP. Subdivide-se em:
. própria: é aquela que absolve o réu sem lhe impor qualquer sanção;
,
mento para a absolvição a situação de estar provado que o réu não concorreu
,
"
concorreu para a infração penal, seria como se o fato não houvesse existido
para ele) e que, por identidade de motivos, deve surtir efeitos extrapenais,
impedindo a propositura de eventual ação civil ex delicio (art. 66 do CPP).
O inc. V ("não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal")
apenas reproduz a situação de absolvição anteriormente alocada no inc. IV
do art. 386 do CPP.
°
constitucional da presunção de inocência (art. 5. LVII, da CF/1988).
,
°
2 do CPP). Prevalece, no caso, que apenas os atos decisórios serão anulados.
.
,
caput, do CPP).
De acordo com a nova redação não mais importa se o fato (novo) que
,
°
sentença, o juiz ficará adstrito aos termos do aditamento (art. 384, § 4. in ,
fine, do CPP).
Se da nova definição jurídica for possível a realização de suspensão con-
dicional do processo, deve o magistrado abrir oportunidade ao Ministério
Público para que faça a proposta. Se a nova definição jurídica do fato alterar
a competência, o juiz deverá remeter os autos ao juiz competente (art. 384,
§3.°, do CPP).
Todas as teses das partes devem ser apreciadas, sob pena de nulidade,
pois de nada adiantaria o direito ao contraditório, com a oportunidade de se
manifestar se não fosse imposto ao julgador o exame das teses sustentadas
,
236 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller
, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
pelas partes. O indivíduo tem direito ao exame de suas teses, de seus argumen-
tos, das provas por ele produzidas, como condição para que legitimamente
possa ser tangenciada sua liberdade.
A fundamentação deve ainda ser coerente sob pena do que se classifica
,
como sentença suicida que é aquela que não traz coerência interna, ou seja,
,
modificá-la.
92
. .
2 Do procedimento comum sumário (arts. 53 / a 538 do CPP)
Apesar de inserido no Capítulo V do Título II (que disciplina os proce-
dimentos especiais) do Livro II do Código de Processo Penal, o procedimento
sumário (arts. 531 a 538 do CPP) constitui modalidade de procedimento
°
comum, a teor do disposto no art. 394, § 1. II. ,
922
. . . 1 A fase inicial dos arts. 395 a 397 do CPP (art. 394, § 4 0)
395 a 397 "a todos os procedimentos penais de primeiro grau". Por isso ,
922
. . .
2 Audiência de instrução e julgamento (art. 531)
O art. 531 do CPP estabelece a ordem procedimental para a produção da
prova oral na audiência de instrução e julgamento (a ser realizada no prazo
máximo de 30 dias) a saber: ,
a) declarações do ofendido;
b) inquirição das testemunhas arroladas pela acusação;
c) inquirição das testemunhas arroladas pela defesa;
d) esclarecimentos dos peritos;
e) acareações;
f) econhecimento de pessoas e coisas;
g) interrogatório do acusado;
h) debate (alegações finais orais).
O art. 532 do CPP estabelece o número máximo de testemunhas que as
partes podem arrolar no procedimento comum sumário, qual seja, 5 para a
acusação (para cada fato) e 5 para a defesa (para cada acusado).
O art. 533 do CPP estende ao procedimento comum sumário a aplicação
do disposto nos parágrafos do art. 400:
§ 1 ."As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz
"
minutos para a apresentação das suas alegações finais orais, como forma
de compensação.
O tempo para a apresentação das alegações finais orais, em caso de plu-
°
ralidade de acusados ,
será individualmente considerado (art. 534, § 1. do ,
cada qual.
O art. 535 do CPP estabelece a regra da inadiabilidade dos atos processu-
°
ais, com o fim de alcançar o escopo da celeridade processual (art. 5. LXXVIII,
,
9 2
. .
3 Do procedimento da Lei 9.099/1995
O procedimento da Lei 9.099/1995 será aplicado às infrações penais
de menor potencial ofensivo (art. 98 1 da CF/1988), assim consideradas as
, ,
923
. . .
1 Fase preliminar (arts. 69 a 76)
a) Atuação da autoridade policial.
A autoridade policial deverá encaminhar o autor do fato e o ofendido ao
juizado, após lavrar termo circunstanciado (art. 69, caput), que será sucinto e
°
objetivo, substituindo o inquérito policial (art. 77, § 1 ) Se necessário, serão
.
Não subsistirá prisão em flagrante, nem será exigida fiança ao réu que
se dirigir imediatamente ao juizado ou assumir o compromisso de fazê-lo
(art. 69, parágrafo único).
b) Audiência preliminar de conciliação.
Se não for possível a realização imediata de audiência preliminar, as
partes sairão já intimadas da nova data designada. É o que costuma ocorrer
pela falta de infraestrutura.
Comparecendo as partes, seus advogados, o Ministério Público e, se
possível, o responsável civil, o juiz elucidará a respeito da possibilidade de
conciliação pela composição civil dos danos e transação penal (aplicação de
pena alternativa, não privativa de liberdade).
Se houver composição dos danos civis, esta será reduzida a termo e, uma
vez homologada pelo juiz, será irrecorrível, tendo eficácia de título executivo
(art. 74, caput).
Este acordo acarreta a extinção da punibilidade pela renúncia aos direitos
de queixa ou representação, em se tratando de crime de ação penal privada
ou pública condicionada (art. 74, parágrafo único). Se a ação for pública
incondicionada, o procedimento prossegue para a fase de verificação de
possibilidade de transação penal.
Não havendo acordo civil, em se tratando de ação penal pública condi-
cionada, o ofendido poderá representar (oralmente ou por escrito) imedia-
tamente (art. 75, caput). Se não o fizer e ainda não estiver esgotado o prazo
de 6 meses da decadência, poderá deixar para representar até o término do
prazo (art. 75, parágrafo único). Se não representa na audiência preliminar
e deixa escoar o prazo de 6 meses, resta extinta a punibilidade.
Passada a fase de representação (no caso de ação penal pública condi-
cionada), chega-se à fase de verificação da possibilidade de transação penal
(art. 76, caput).
Se o autor do fato não tiver condenação definitiva por crime à pena priva-
tiva de liberdade, não tiver se favorecido com a transação penal nos últimos 5
anos e tiver circunstâncias pessoais favoráveis, o Ministério Público elaborará
°
proposta de transação penal (art. 76, § 2. I a III).
,
Tribunais Estaduais têm feito tal proposta, sob o argumento de que se trata
de direito subjetivo e o magistrado não pode deixar de socorrer a lesão ou
a ameaça de lesão a direito.
9 2 3 2 Procedimento Sumaríssimo
. . .
que não existe citação por edital (art. 66, caput). Não sendo encontrado o
acusado para citação, as peças deverão ser encaminhadas ao juízo comum
(art. 66, parágrafo único).
As intimações serão feitas por correspondência ou sendo necessário, ,
condicional do processo, se houver (art. 89); caso esta não seja aceita, pros-
seguir-se-á a audiência, sendo ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação
e de defesa.
à defesa para os debates orais (art. 81, caput). A inversão da ordem dos atos
gera nulidade.
Na sentença , que dispensa relatório, o juiz mencionará os elementos de
sua convicção (art. 81, § 3. ) e o termo da audiência será simples como uma
°
Lúcia, DJ 07.12.2006; (b) STF, HC 86.026 QO/SP, l.a T., j. 26.09.2006 rei.
Min. Marco Aurélio, (Informativo STF 442,25 a 29 de setembro de 2006); (c)
STF, HC-AgR 87.739/SP, l.aT.,j. 19.09.2006, rei. Min. Sepúlveda Pertence,
DJ 06.10.2006.
244 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
923
. . .
3 Procedimento das infrações penais de menor potencial
ofensivo no Juízo comum (art. 538 do CPP)
92
. .
4 Do procedimento especial dos crimes contra a honra (arts. 519 a
523 do CPP)
Os crimes contra a honra são: calúnia
injúria e difamação. A ação, em
,
razão de suas funções (art. 141, II, c/c art. 145, parágrafo único, in fine, do
CP), entende o Supremo Tribunal Federal ser concorrente a legitimidade do
Ministério Público (condicionada à representação) e do ofendido (mediante
queixa) para a promoção da respectiva ação penal, consoante enunciado da
Súmula 714 do Pretório Excelso:
"É
concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do
Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a
ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão de
"
exercício de suas funções .
92 4
. . . / Audiência de tentativa de conciliação
O juiz, antes de receber a queixa (ação penal privada), determinará o
cumprimento do disposto no art. 520 do CPP (audiência de conciliação),
oferecendo às partes oportunidade para se reconciliarem.
As parles serão notificadas a comparecerem à audiência, desacompanha-
das dos advogados, onde serão ouvidas separadamente (primeiro o querelante,
depois o querelado).
9 2 4
. .
2 Exceção da verdade
.
dade, mas esta poderá ser alegada em qualquer fase processual pois somente ,
c) No crime de injúria nunca caberá a exceção, vez que neste crime não
,
feita até a sentença. O perdão do ofendido pode ser concedido até o trânsito
em julgado da sentença condenatória (art. 106, § 2. do CP). Além disso, a
°
,
92
. .
5 Do procedimento especial dos crimes funcionais (art. 513 do
CPP)
9 25 1
. . .
Procedimento
92
. .
6 Do procedimento especial dos crimes falimentares
Os arts. 503 a 512 do CPP, que tratavam do procedimento especial dos
crimes falimentares foram expressamente revogados pelo art. 200 da Lei
,
e art. 5.°
II, do CPP), se entender necessário ao oferecimento da de-
,
sistema acusatório, evi tando que o juiz da falência desempenhe função anó-
mala de investigação criminal, que deve ser exercida pela Polícia Judiciária.
Cap. 9 . Procedimentos 249
11.101/2005).
Em qualquer caso se o prazo legal para o oferecimento de denúncia
,
°
como permitia o art. 109, § 2. do revogado Dec.-Lei 7.661/1945.
,
92 6
. . .
7 Natureza jurídica da sentença que decreta a falência ou
concede a recuperação
O art. 180 da Lei 11.101/2005 declara que a sentença que decreta a falên-
cia, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de
que trata o art. 163 é condição objetiva de punibilidade dos crimes falimentares.
A Lei 11.101/2005 dirimiu a celeuma existente acerca da natureza jurí-
dica da sentença que decreta a falência que antes era considerada por alguns,
,
Punível, p. 272).
Juarez Tavares consigna que "as condições objetivas de punibilidade
são tidas normalmente como elementos do fato punível situados fora do tipo
Cap. 9 . Procedimentos 251
92 6
. . . 2 Prescrição nos crimes falimentares
A prescrição, em caso de crimes falimentares, não mais apresenta prazo
fixo (como previa o art. 199 do revogado Dec.-lei 7.661/1945), mas variável,
conforme o disposto no art. 109 do Código Penal (art. 182, caput, da Lei
11.101/2005).
92
. .
7 Do procedimento dos crimes de tráfico de drogas (atual Lei de
Drogas-Lei 11.343/2006)
A Lei 11.343/2006 disciplina o procedimento dos crimes ligados ao
uso ou tráfico indevido de substâncias que possam causar dependência
física ou psíquica, além de definir políticas de combate ao tráfico e repres-
são às drogas.
252 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
"
9 2 7 1
. . .
Procedimento
b) Instrução
Oferecida a denúncia, a defesa será notificada para apresentar defesa
preliminar em 10 dias (art. 55, caput). A defesa preliminar tem dois objetivos:
a) alegar toda matéria de defesa buscando o não recebimento da denúncia,
inclusive com ajuntada de documentos; b) requerer produção de prova, se
recebida a denúncia (art. 55, § 1. ) °
.
Poderão ser arroladas até 5 testemunhas (arts. 54, III, e 55, § 1.°) e as
exceções serão autuadas em apartado, com a aplicação das regras do Código
de Processo Penal (art. 55, § 2.°).
Apresentada a defesa preliminar, o juiz decidirá em 5 dias (art. 55, § 4.°).
Se entender necessário, pode determinar a apresentação do preso ou outras
diligências, no prazo de 10 dias (art. 55, § 5.°).
Recebida a denúncia, será citado o réu e designada audiência de instru-
ção e julgamento (art. 56, caput). Na audiência, será interrogado o réu. Em
seguida, serão ouvidas as testemunhas de acusação e defesa. Após, haverá
debates (20 minutos, prorrogáveis por mais 10, para cada parte) e sentença
(art. 58, caput). Se o juiz entender necessário, ante a complexidade da causa,
poderá ordenar que os autos lhe sejam conclusos, e proferirá sentença em
10 dias (art. 58 caput). ,
92
. .
8 Procedimento especial do júri
928 . . .
1 Aspectos gerais do júri
°
A Constituição Federal em seu art. 5.
, , XXXVIII, assegurou ao júri o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida, na sua forma tentada ou consu-
mada e os crimes a eles conexos. São crimes dolosos contra a vida: homicídio,
,
e temporário. É composto por um juiz de direito (juiz togado) , que é seu presi-
dente , e de 25 cidadãos escolhidos por sorteio (j urados). Em cada sessão, dentre
os 25 jurados, serão sorteados 7 (sete) para formar o Conselho de Sentença.
Deve-se observar que os jurados decidem sobre a existência do crime e
a autoria, enquanto o juiz-presidente aplica a pena ou medida de segurança
ou proclama a absolvição.
Os princípios aplicados ao júri são: a plenitude de defesa; o sigilo das
votações; a soberania dos veredictos e a competência para o julgamento dos
crimes dolosos contra a vida.
928 . . .
2 Fases do procedimento do júri
O procedimento do júri é escalonado divide-se em duas fases. A primeira
,
fase inicia-se com a denúncia ou a queixa que será recebida pelojuiz da Vara do
,
Encerrados os debates
o juiz proferirá sentença. Pela complexidade da
,
" "
"
o princípio in dúbio pro societate uma vez que se resolveriam em favor da socie-
,
sob o aspecto da autoria e materialidade não sendo admissível que sua falência
,
"
tódia, ou libertá-lo, se não houver fundamento para a prisão (art. 413 § 3.°, ,
do CPP).
A decisão de pronúncia terá como efeito o julgamento do réu pelo Tri-
bunal do Júri.
Da decisão de pronúncia caberá RESE (art. 581 IV, do CPP). ,
somente fazendo, desta forma, coisa julgada formal. Surgindo novas provas ,
Provado não ser ele o autor ou partícipe do fato significa que o fato
ocorreu, mas o acusado para ele não colaborou, conforme prova colhida na
instrução. Mais uma vez, é necessária certeza, e a decisão faz coisa julgada
no cível (art. 935 do CC de 2002).
juiz competente (juiz singular), que será obrigado a receber o processo, não
podendo discutir se o crime era ou não da competência do Tribunal do Júri,
vez que quando o processo lhe foi remetido, já havia transitado em julgado
,
a decisão de desclassificação.
Recebendo o processo o juiz competente o acusado preso ficará ao seu
,
dispor. Entendemos que, nesse caso deve ser reaberta a instrução, com nova
,
2a fase-Judiciam causae:
Esta fase se passa no Tribunal do Júri.
Não há mais libelo ou contrariedade ao libeloA mudança legislativa.
Presidente do Tribunal do Júri (art. 421 caput, do CPP). Será possível alte-
,
ração da classificação típica ainda que preclusa a pronúncia, desde que haja
,
"
É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da
competência do Júri sem audiência da defesa".
Convocação do júri: Todo ano o Juiz Presidente do Tribunal do Júri deve
,
da comarca (art. 425 caput, do CPP). Esta lista geral será publicada até o dia
,
respectivo (art. 426 caput e § 1.°, do CPP). O jurado que tiver integrado
,
conselho de sentença nos 12 meses anteriores terá seu nome excluído da lista
geral (art. 426, § 4.°, do CPP). Trata-se de medida salutar, pois devem ser
evitados os chamados jurados profissionais", que passam anos trabalhando
"
jurado será excluído dos trabalhos em razão da cor ou etnia raça, credo, ,
(§1.°).
262 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
CPP). Caso não compareçam, ojuiz Presidente convocará nova sessão para
o primeiro dia útil seguinte, fazendo sorteio do número de jurados suplentes
necessário para tanto (art. 464 do CPP).
Uma vez instalada a sessão, ojuiz determinará ao porteiro do auditório
que apregoe as partes e as testemunhas.
Caso o defensor do acusado não compareça, a sessão será adiada apenas
°
uma vez, salvo se houver justificativa (art. 456, § 1. do CPP). Na hipótese,
,
do CPP). Trata-se de outra medida salutar,
pois era péssimo costume a leitura de peças inúteis como forma de alongar
o julgamento ou permitir às partes, pouco preparadas para o julgamento, a
busca de informações de última hora na leitura das peças.
O último ato é o interrogatório do acusado (art. 474, caput, do CPP),
delineando de forma ainda mais clara seu perfil de meio de defesa, pois per-
mite ao réu conhecer a prova colhida antes de se manifestar, possibilitando a
elaboração de versão verossímil diante do quadro probatório. No interrogató-
rio, a acusação questiona em primeiro lugar, e após, a defesa, sendo que mais
uma vez as perguntas são feitas diretamente, sem intermédio do juiz, salvo
264 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. junqueira e Angela C. C. Machado
condenatório.
pois não constarão da pronúncia (art. 476, caput, do CPP). A acusação tem
uma hora e meia para expor seus argumentos (art. 477 caput, do CPP). Se ,
período de uma hora e meia (art. 477, caput, do CPP). Se houver mais de um
defensor, o tempo será dividido em comum acordo e, se não houver acordo,
,
caberá ao juiz realizar a divisão do tempo com razoabilidade (art. 477 § 1.°, ,
Após a defesa, será possível réplica e tréplica (art. 476 § 4.°, do CPP), ,
por uma hora cada (art. 477, caput, do CPP). Se houver mais de um acusado,
o tempo de réplica e tréplica será dobrado (art. 477 § 2.°, do CPP). O STJ ,
vedada exibição de objetos que não tenham sido juntados aos autos com ao
menos três dias de antecedência (art. 479 caput, do CPP). ,
Para evitar "invenções" maliciosas por parte dos debatedores o art. 480 ,
pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra a informação
por ele lida ou citada.
Após os debates o juiz questionará os jurados se estão habilitados para
,
ter acesso aos autos e aos instrumentos do crime desde que peçam ao juiz (§
,
3 .
°
) A referência "se solicitarem ao presidente" deixa claro que não cabe ao
.
sala secreta (art. 485, caput, do CPP) após a leitura dos quesitos em plenário
,
parágrafo único, do CPP). A decisão será tomada por maioria de votos, sendo
dispensável a unanimidade (art. 489 do CPP).
Um primeiro quesito versará sobre a materialidade do fato. Após sobre a ,
"
citação do acusado
recurso em sentido (art. 396, caput)
estrito (art. 581, I)
10 dias
citação
citação por
mandado:
por edital:
suspensão do
juiz nomeia
processo e
absolvição sumária defensor
designa audiência da prescrição
(art. 397 do CPP) dativo (art.
de instrução e (art. 366)
396-A, §2.°)
julgamento
(art. 399, caput)
apelação comparecimento
(art. 593,1) pessoal do
acusado ou
defensor
improvido provido constituído
(art. 396, par. ún.)
60 dias
da norma não fosse seguido, não haveria desequilíbrio pois o ato, ainda ,
um sistema de nulidades.
não ato um ato inexistente, que não precisa sequer ter seu vício reconheci-
,
do ou seja, não gera qualquer efeito (nem o de provocar uma decisão que o
,
declare inexistente como acontece no ato nulo, que precisa ser declarado,
,
que não respeite a forma da lei. É o caso da denúncia oferecida fora de prazo.
10.2 NULIDADES ABSOLUTAS E RELATIVAS
conforme Súmula 160 STF: é nula a decisão do tribunal que acolhe, contra
"
pode arguir nulidades não arguidas pela defesa, quando não se convença de
que se tratem, apenas, de nulidades relativas.
Também não pode pedir que seja reconhecida a nulidade quem lhe deu
causa.
das até o momento das alegações finais. No rito do júri há três momentos:
a) até as alegações finais (art. 411 § 4.°, do CPP) as ocorridas até aquele
,
momento;
note
Anota no entanto, que essa prática deve ser afastada, pois é possível que
,
o que sem dúvida geraria a nulidade absoluta. Noronha (Curso de Direito Pro-
cessual Penal, p. 338) também enquadra aqui os casos em que falta formalidade
essencial para o ato especificamente previsto como no caso de denúncia que
,
denúncia sequer deveria ser recebida quando em crimes que deixam vestígios,
,
que o exame de corpo de delito pode ser juntado aos autos até a sentença (art.
50, §§ 1.° e 2.°, da Lei 11.343/2006).
Lamentavelmente a ineficiência dos aparelhos persecutórios em conjun-
,
corpo de delito exigindo-o apenas para a sentença, mesmo fora dos casos
,
da lei de drogas.
A nulidade da presente alínea é apontada pela doutrina como absoluta .
o defensor técnico não atua ou seja, não cumpre seu mister, deixando o réu
,
Súmula 523 STF: "No processo penal a falta de defesa constitui nu-
,
o juiz o interrogue.
0 a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com
o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal dojúri,
quando a lei não permitir o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade ,
206 do STF: "é nulo o julgamento pelo júri com a participação de jurado que
funcionou em julgamento anterior do mesmo processo" .
"
dade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas e contradição entre ,
estas .
p 413) não significa ato de acusar, mas sim a tomada de palavra pelo promo-
.
,
280 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
tor, que pocle inclusive pleitear a absolvição do réu quando não convencido
de sua culpa, uma vez que também zela pela correta aplicação da lei penal.
m) a sentença;
É claro que a inexistência de sentença macula o processo, mas concor-
damos com Tourinho (Manual de Processo Penal cit., p. 414) quando indica
que, nesse caso, quis a lei atingir a sentença que não conta com seus ele-
mentos essenciais, como motivação e lógica interna. Greco Filho (Manual
de Processo Penal cit., p. 317) entende que a falta de elementos essenciais da
sentença incide no inciso IV, sendo que a presente previsão trata, na verdade,
de inexistência de sentença.
n) o recurso de oficio nos casos em que a lei o tenha estabelecido;
,
11.1.1 Conceito
sido decidida por um órgão colegiado formado por juízes mais experientes.
,
fase do procedimento do júri (art. 574, II, c.c. o art. 415, ambos do
CPP).
note
Discute-se se a Lei 11.689/2008 suprimiu ou não o recurso ex BEM
officio da sentença de absolvição sumária do art. 415 do CPP.
Duas posições: a) houve revogação nesse caso, pois o art. 415
do CPP (com a redação da Lei 11.689/2008) não reproduziu a
necessidade de submissão ao recurso ex officio, como constava
do antigo art. 411 do CPP; b) o recurso ex officio subsiste, pois
decorre diretamente da imposição contida no art. 574, II, do
CPP (a referência ao art. 411 agora corresponderia ao art. 415
do CPP).
ad quem.
São pressupostos recursais objetivos:
a) Cabimento: exige-se previsão legal da possibilidade de recurso (ta-
xatividade ou legalidade).
b) Adequação: não basta que o recurso esteja previsto em lei pois ele ,
intimação.
d) Regularidade procedimental: devem ser preenchidas as formalidades
legais para o recurso ser recebido .
11.1.4 Efeitos
em lei (taxatividade), não pode ser impugnada por recurso em sentido estrito
(nem por qualquer outro), mas por ação autónoma de habeas corpus (art.
648,1, do CPP).
0
sentido estrito, mas por ação autónoma de habeas corpus (art. 5 LXV1II,
,
da CF, e arts. 647 e 648 do CPP), para a tutela do direito de liberdade de lo-
comoção.
VIII - Que decretar a prescrição ou julgai; por outro modo, extinta a puni-
bilidade.
sentido estrito seria adequado apenas para a impugnação das decisões pro-
feridas na fase de conhecimento.
pode ser impugnada por recurso de apelação, por força da regra da unirre-
corribilidade (art. 593,1 e § 4. do CPP), sendo o recurso em sentido estrito
°
,
respectivamente.
Em caso de sursis
o recurso em sentido estrito seria adequado apenas
,
7 210/1984-LEP).
.
III, e, e 197 da Lei 7.210/1984- LEP) tendo sido, nesse ponto, tacitamente
,
(arts. 92 a 94 do CPP).
A decisão de indeferimento da suspensão do processo porque não pre-,
vista em lei (taxatividade) não pode ser impugnada por recurso em sentido
,
estrito.
Trata-se de recurso que pode ser interposto tanto pela acusação como
pela defesa, nos casos especificados em lei (taxatividade).
Em caso de ação penal pública, admite-se a interposição de recurso em
sentido estrito supletivo ou subsidiário, pelo ofendido ou seus sucessores
(art. 31 do CPP), contra a decisão de declaração de extinção da punibili-
dade (art. 581, VIII, do CPP), quando o Ministério Público não interpuser
recurso no prazo legal (art. 584, § 1. c.c. o art. 598, ambos do CPP). Em
°
,
porém, recebidas pelo juízo a quo, vez que cabe juízo de retratação. Após a
apresentação das razões, será aberta vista para a parte contrária apresentar
as contrarrazões, no prazo de 2 dias (art. 588 caput, do CPP), ficando os
,
novo recurso por simples petição pedindo para que as contrarrazões ofereci-
,
nos casos em que não haja previsão legal de recurso em sentido estrito (ape-
lação residual: art. 593 II, do CPP) e (c) das decisões do Tribunal do Júri
,
a) Interposição: feita por petição ou por termo nos autos, que será diri-
gida e recebida pelo juízo a quo, no prazo de 5 dias contados da data
da intimação da sentença ou de sua leitura (art. 593, caput, do CPP).
b) Razões: serão dirigidas ao juízo acl quem, no prazo de 8 dias (art.
600, caput, do CPP), embora recebidas pelo juízo a quo. O apelante
poderá, quando da interposição, requerer a apresentação das razões
diretamente na superior instância (art. 600, § 4.°, do CPP). Em caso
de contravenção penal que esteja sendo processada no juízo comum
(e não no JECrim), o prazo para a apresentação das razões será de 3
dias (art. 600, caput, infine, do CPP).
Em seguida, abre-se vista para a parte contrária oferecer contrarrazões, no
prazo de 8 dias (art. 600, caput, do CPP). Em caso de contravenção penal que
esteja sendo processada no juízo comum (e não no JECrim), o prazo para a
apresentação das contrarrazões será de 3 dias (art. 600, caput, infine, do CPP).
O juízo de admissibilidade será realizado no juízo a quo e no juízo adquem.
A apelação poderá ser julgada deserta quando faltar de preparo do recurso,
em caso de ação penal privada (art. 806, § 2. do CPP). °
,
São cabíveis contra as decisões não unânimes (no todo ou em parte), des-
favoráveis ao acusado °
proferidas por Tribunal de 2. grau no julgamento dos
,
para a doutrina).
Os embargos poderão ser opostos por petição contendo os pontos em
que a decisão impugnada seria ambígua, obscura, contraditória ou omissa,
não implicando a modificação do julgado em geral. ,
áUtíÚUi
No JECrim, a oposição de embargos de declaração contra sen-
tença apenas suspende (devolução pelo restante) o prazo para a attsetWÇ®#
interposição de outro recurso (art. 83, § 2.°, da Lei 9.099/1995).
É recurso comum para as partes, podendo ser opostos tanto pela defesa
quanto pela acusação.
Atualmente há jurisprudência no sentido da necessidade de utilização
,
temente instruída, poderá o Tribunal decidir de mentis (art. 644, 2.a parte, do
CPP), não necessitando determinar o processamento do recurso denegado. Na
instância superior, a carta seguirá o mesmo procedimento do recurso denegado.
É um recurso comum para as partes.
Contra a decisão que denegar (negativa da admissibilidade no juízo a
quo) o recurso de apelação, caberá recurso em sentido estrito (art. 581, XV,
do CPP).
Se for denegado (negativa da admissibilidade no Tribunal a quo) o recurso
extraordinário ou especial, será adequada a interposição do agravo previsto
no art. 28 da Lei 8.038/1990 (apesar de o dispositivo legal designar o agravo
"
como de instrumento" entende-se que a alteração promovida no art. 544
,
recurso deve subir nos próprios autos), que deve ser interposto no prazo de
5 dias (Súmula 699 do STF), para o STF ou STJ, respectivamente.
Sendo denegado (negativa da admissibilidade no Tribunal a quo) o recur-
so ordinário constitucional (ROC), será adequada a interposição do agravo
previsto no art. 39 da Lei 8.038/1990, no prazo de 5 dias.
I,
da Lei 5.010/1966.
Não há consensoem doutrina ou jurisprudência, quanto ao rito a ser
,
ou pelos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal (art. 105, II, a,
da CF/1988). Será julgado pelo Supremo Tribunal Federal quando o habeas
corpus for denegado, em única instância, pelos Tribunais Superiores (Superior
Tribunal de Justiça, Superior Tribunal Militar ou Tribunal Superior Eleitoral)
(art. 102, II, a, da CF/1988).
O ROC deverá ser interposto por meio de petição dirigida ao Presidente
do Tribunal que denegou a ordem de habeas corpus, acompanhado das razões,
no prazo de 5 dias da intimação da decisão pela imprensa oficial (art. 30 da
Lei 8.038/1990). Contra a decisão que não admite a interposição do recurso
ordinário, cabe agravo inominado (art. 39 da Lei 8.038/1990).
Somente cabe das decisões denegatórias de habeas corpus (das concessi-
vas, poderá o Ministério Público interpor recurso extraordinário e o especial,
se for o caso).
O recurso ordinário ainda pode ser interposto contra a decisão denega-
tória de mandado de segurança, proferida em única instância pelos Tribunais
Superiores (art. 102, II, a, da CF/1988) ou pelos Tribunais Regionais Federais
e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal (art. 105, II, b, da
CF/1988). O ROC, na primeira hipótese, será julgado pelo STF e, nas duas
" "
últimas pelo STJ (vide mandado de segurança no capítulo das ações autó-
,
nomas de impugnação).
A sentença que julga crimes políticos (competência da Justiça Comum
Federal: art. 109, IV, da CF) igualmente admite recurso ordinário para o STF
(art. 102, II, b, da CF).
Cap. 11 . Dos Recursos 297
Está previsto no art. 105 III, da Constituição Federal, sendo seu proce-
,
c) a decisão que der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro Tribunal.
Funda-se , portanto, em matéria federal.
São pressupostos:
a) A decisão recorrida deverá ter sido necessariamente proferida por
Tribunal não se admitindo contra decisão de juiz de 1 ,a instância. Por
,
"
Tribunal de origem.
d) Somente será admissível o recurso especial se o seu fundamento for
matéria de direito.
Está previsto no art. 102, III, da CF/1988, sendo seu procedimento dis-
ciplinado pela Lei 8.038/1990.
É de competência do STF.
Caberá recurso extraordinário das decisões, de última ou única instân-
cia, que
a) contrariarem dispositivo da Constituição Federal,
b) declararem a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal,
c) julgarem válida lei ou ato de governo local contestado em face da
Constituição Federal ou
d) julgarem válida lei local contestada em face de lei federal.
Os pressupostos para o Recurso Extraordinário são bastante semelhan-
tes aos do recurso especial, ou seja: deverão ser esgotados todos os recursos
ordinários, deverá haver prequestionamento, o fundamento deverá ser ex-
clusivamente matéria de direito, será rigorosa a exigência da regularidade
procedimental.
As grandes diferenças são:
a) Para o curso extraordinário, não é necessário que a decisão recorrida
venha de tribunal (TRF ou TJ), bastando que seja única ou última
instância (o que permite a utilização de tal recurso contra decisões das
Turmas recursais de Juizado Especial Criminal, sendo que a Súmula
640 do STF enuncia:
seguintes termos:
"Art. 1.° Esta Lei acrescenta os arts. 543-A e 543-B à Lei 5 869,
. de 11
de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil a fim de regulamentar o §
,
nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo .
SupremoTribunal Federal.
§ 6.° O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a ma-
nifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado nos termos
,
se, mesmo sem tal prova, a sentença merece persistir ou se, surgindo dúvida
sobre a culpa deve ser reformada.
,
Prova nova (art. 621 III, do CPP) é toda aquela trazida aos autos sobre
,
quer para absolver, quer para diminuir a pena imposta. A prova nova é nor-
malmente trazida aos autos pela justificação criminal. E o que é justificação
criminal? É a produção antecipada de prova na seara criminal, quer permite
a produção de prova preparatória mediante o contraditório, que culmina
,
caput, do CPP).
A revisão criminal visa a desconstituir a decisão condenatória definitiva
(juízo rescindendo) e substituí-la por outra (juízo rescisório). O trânsito em
julgado deve ser demonstrado mediante certidão, conforme o art. 625, § 1.°,
do CPP. No caso de revisão que anula a decisão, há apenas juízo rescindendo ,
pois a decisão será novamente prolatada pelo juízo que, originalmente, julgava
a causa. Pela letra do art. 621 CPP, é cabível apenas contra decisão conde-
natória prevalecendo ser inviável revisão criminal para alterar fundamento
,
quanto à sua natureza, sendo considerada ação que busca rescindir a decisão
transitada em julgado. É cabível a qualquer tempo, até mesmo após a extin-
ção da pena (art. 622 do CPP) e a morte do réu (art. 623 do CPP). O pedido
pode ser reiterado sempre que houver prova nova, o que, como esclarece
Grinover, permite concluir que: a) se alterado um dos elementos da ação
(partes, pedido e causa de pedir), será sempre possível propor nova revisão
criminal; b) ainda que os elementos sejam os mesmos, se houver prova nova,
será possível propor nova revisão criminal.
Poderá ser proposta pelo réu garantindo a ampla defesa, ou por seu
,
" "
ser apensado aos autos principais (o que é determinado pelo art. 625, § 2 0
,
letra da lei ,
seria incabível também a indenização se a acusação tiver sido
meramente privada (art. 630, § 2 b, do CPP), devendo, neste caso, o pedi-
0
12.2 HABEAS CORPUS (ARTS. 647 A 667 DO CPP, E ART. 5.°, LXVIII,
DA CF)
Nasce com formato próximo ao atual na Magna Carta dejoão sem Terra,
em 1215, consagrando-se no Habeas Corpus Act de 1679. No Brasil, surge
expressamente no Código de Processo Criminal de 1832.
°
Hoje a Constituição Federal, em seu art. 5. LXVIII prevê que conceder-
, ,
se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder.
Trata-se de instrumento jurídico que visa à correção de abuso do poder
que compromete a liberdade de locomoção, de ir e vir do paciente. Não se
trata de recurso, embora elencado em tal capítulo, e sim de ação impugnativa
autónoma.
142, § 2.°, da CF), salvo para sanar ilegalidade por vícios formais Também .
não será cabível ainda que se trate de vício formal, quando não houver ame-
,
aplicada, como perda de patente. Nesse sentido a súmula 694 do STF: Não
"
enuncia que: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória à pena
de multa , ou relativo à processo em curso por infração penal a que a pena
"
Outrossim, a Súmula 695 enuncia que: "Não cabe habeas corpus quando
já extinta a pena privativa de liberdade".
Prevalece também na jurisprudência que não cabe habeas corpus em
favor de pessoa jurídica eis que não estará em risco o direito de liberdade
,
(STJ,HC 92.921/2008).
Pela sua natureza célere, não é possível exame aprofundado de prova ou ,
seja, a inicial deve ser instruída com toda prova necessária para a demonstração
das razões expendidas, e os argumentos devem versar primordialmente sobre
matéria de direito, ou excepcionalmente, no caso de relação com questão
,
do CPP).
A coação é considerada ilegal, pela letra do art. 648 do CPP, quando:
I Não houver justa causa: Trata-se aqui tanto de respaldo legal ou pro-
.
"
habeas corpus.
VII. Quando extinta a punibilidade: se extinto o poder de punir do Es-
tado, deve ser imediatamente declarada extinta a punibilidade de ,
"
2006; (b) STF 1 .f T., HC 86.026 QO/SP, rei. Min. Marco Aurélio, j. 26.09.2006
,
(Informativo STF 442, 25 a 29 de setembro de 2006); (c) STF, l.a T., HC-AgR
87.739/SP rei. Min. Sepúlveda Pertence, j. 19.09.2006, DJ 06.10.2006.
,
vendo ser apreciado com urgência. Não há prazo para impetração. Será sempre
°
gratuito, conforme letra do art. 5. LXXVII, da CF: "São gratuitas as ações
,
caberá RESE por parte da acusação (art. 581, X, do CPP) e ainda deverá o Juiz
recorrer de ofício para reexame do processo pelo tribunal conforme dispõe ,
Cap. 12 . Ações Impugnativas 313
o art. 574,1, cio CPP. Da decisão que negar o habeas corpus, em If instância,
caberá igualmente RESE para a defesa (art. 581, X, do CPP) ou habeas corpus
originariamente para o TJ ou TRE
Se o habeas corpus for denegado em 2.a instância (TJ ou TRF), caberá
ROC para o STJ (art. 105 II, a, da CF). Se o HC for originário de Tribunal
,
Superior, e denegado, caberá ROC para o STF (art. 102, II, a, da CF).
certo não amparado por habeas corpus ou habeas data, desde que haja ilega-
lidade ou abuso de autoridade. No caso de mandado de segurança na esfera
penal, há que se ressalvar que a possibilidade se restringe aos casos em que
não há sequer ameaça, nem indireta, à liberdade. De outra forma, o remédio
constitucional adequado será o habeas corpus. Assim, podemos afirmar que
o Mandado de Segurança é remédio constitucional subsidiário, na medida
em que apenas é aplicável quando não couber habeas corpus ou habeas data.
É necessário que haja violação de direito líquido e certo, ou ao menos
ameaça ou perigo de lesão. E o que é direito líquido e certo? É aquele que
pode ser demonstrado por prova pré-constituída, ou seja, aquele que não
necessita de dilação probatória para ser comprovado.
Só é cabível contra ato de autoridade ou agente público, ou seja, não é
possível impetrar o mandamus contra ato de particular.
Será sujeito ativo o titular do direto líquido e certo violado, que pode ser
pessoa física ou jurídica. O sujeito passivo é, sempre, o Estado, sendo que a
autoridade coatora é notificada para prestar informações, dando-se ciência
do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada,
para que, querendo, ingresse no feito (art. 7. I e II, da Lei 12.016/2009). No
°
,
segurança contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo.
A Súmula 268 do STF veda a impetração de mandado de segurança contra
decisão judicial com trânsito em julgado (art. 5.° III, da Lei 12.016/2009).
,
do STJ).
Procedimento: feito o pedido inicial, poderá ser concedida liminar
(art. 7.°, III, da Lei 12.016/2009), que pode ter fundamento antecipatório ou
cautelar. Antecipatório, quando desde logo gera os efeitos pretendidos na
ação, fundando-se no periculum in mora e na verossimilhança das alegações.
Cautelar, se além de se fundamentar no fumus boni iuris e no periculum in
mora, não antecipa os efeitos do provimento final, mas os acautela, assegu-
Cap. 12 . Ações Impugnativas 315
ra, quando há risco (periculum) de que, quando julgada a ação, não tenha
mais utilidade o provimento. Em regra, a liminar é concedida sem a oitiva
da "parte" contrária, mas pode ser concedida logo após. Pode ser revogada
ou revigorada até o julgamento final da ação, desde que o órgão judicial se
convença de que os requisitos passaram a estar ou não mais se encontram
°
presentes. Com o julgamento final, a liminar perde sua força (art. 7. § 3.°,
,
da Lei 12.016/2009).
O presidente do Tribunal (STJ, no caso de liminar concedida por tribunal
estadual ou regional federal, e STF, no caso de Tribunais Superiores) poderá
suspender o efeito da liminar, para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à
"
da Lei 12.016/2009).
Sentença: o juiz tem 30 dias (art. 12, parágrafo único, da Lei 12.016/2009),
e deve preencher todos os requisitos de qualquer sentença.
Honorários advocatícios: a Súmula 512 STF veda a condenação ao pa-
gamento de honorários advocatícios em mandado de segurança, o que não
impede a aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé (art. 25 da Lei
12.016/2009).
316 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller, Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
Recursos:
°
a) Contra decisão proferida em 1. grau (sentença denegando ou con-
cedendo): cabe apelação (art. 14 caput, da Lei 12.016/2009). Em
,
II a, da CF).
,
cessiva ou denegatória.
d) Embargos Infringentes: não cabe na decisão que julga Mandado de
Segurança (art. 25 da Lei 12.016/2009 e Súmula 597 do STF).
Exemplos de Mandado de Segurança: (a) mandado de segurança contra
a decisão judicial que indefere a habilitação (admissão) do assistente de acu-
sação (art. 273 do CPP); (b) Mandado de Segurança contra ato de autoridade
policial que impede o acesso do advogado aos autos de inquérito policial
(atualmente, o STF admite habeas corpus e reclamação constitucional, em face
da Súmula vinculante 14); (c) Mandado de Segurança contra ato que indefere
ilegalmente a restituição de coisas apreendidas; (d) Mandado de Segurança
contra decisão judicial que indefere pedido de sigilo das informações sobre
processo em que o indivíduo foi absolvido, entre outros.
Camargo Aranha, Adalberto José Q. T. Da Prova no Processo Penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
1999.
Capez, Fernando. Curso de Processo Penal, 9. ed., São Paulo: Saraiva, 2003.
Choukr, Fauzi Hassan. Processo Penal à Luz cia Constituição. Bauru: Edipro, 1999.
Frederico Marques, José. Elementos de Direito Processual Penal. Campinas: Bookseller, 1998.
Greco Filho, Vicente. Manual de Processo Penal. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
Gomes, Luiz Flávio. Imunidades Parlamentares, in www.estudoscriminais.com.br, 17.01.2002.
Gomes, Luiz Flávio e Morais, Sabrina. Cancelamento da Súmula 394 do STF, São Paulo:
01.02.2002 inwww.estudoscriminais.com.br
,
_
.
As Nulidades no Processo Penal. 4." ed. São Paulo: Malheiros 1995. ,
Jesus, Damásio Evangelista de. Código de Processo Penal Interpretado. 16.f ed. São Paulo:
Saraiva ,
1999.
_
.
Mesa de Ciências Criminais-A Nova Maioridade Civil: Reflexos Penais eProcessuais
penais. São Paulo: Complexo Jurídico Damásio de Jesus, fev. 2003. Disponível em:
ww w. damasio.com.br.
_
.
Código de Processo Penal Anotado, 19. ed., São Paulo: Saraiva, 2002.
_
.
Foro por Prerrogativa de Função, São Paulo: Complexo Jurídico Damário de Jesus ,
_
.
Curso de Direito Processual Penal, 28. ed., São Paulo: Saraiva, 2002.
Mazzilli, Hugo Negro. O Foro por Prerrogativa de Função e a Lei 10.628/2002, São Paulo:
Complexo Jurídico Damásio dejesus,jan. 2003. Disponível em: www.damasio.com.br,
318 Processo Penal - Paulo H. A. Fuller , Gustavo O. D. Junqueira e Angela C. C. Machado
_
.
Juizados Especiais Criminais. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
Moraes , Alexandre de. Direito Constitucional, 5. ed., São Paulo: Atlas, 1999.
Moura , Maria Thereza Rocha de Assis. Justa Causa para a Ação Penal. São Paulo: Ed. RT, 2001.
Nogueira, Carlos Frederico Coelho. Comentários ao Código de Processo Penal ed. 1, São ,
Nucci, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Interpretado. 2. ed. São Paulo: Ed .
RT, 2001.
_
. Manual de Processo e Execução Penal. São Paulo: Ed. RT 2005. ,
Oliveira, Eugênio de Oliveira. Curso de Processo Penal. 4. ed. Belo Horizonte: Dei Rey 2003. ,
Scarance Fernandes, Antônio. Processo Penal Constitucional. 2. ed. São Paulo: Ed. RT 2000. ,
Silva Jardim Afrânio. Direito Processual Penal. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
,
Souza , João Barcelos. Doutrina e Prática do Habeas Corpus. Belo Horinzonte, Sigla, 1998.
Tornaghi, Hélio. Curso de Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Saraiva 1995. ,
Tourinho Filho , Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
_
.
Processo Penal. 18. ed. São Paulo: Saraiva 1997. ,
OUTRAS PUBLICAÇÕES
Direitos e Garantias Individuais no
Processo Penal Brasileiro
4 a
. edição
Rogério Lauria Tucci
Ri?
EDITORAI VI I
REVISTA DOS TRIBUNAIS
ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR
Tel.: 0800-702-2433
www.rt.com.br
PAULO HENRIQUE ARANDA FULLER
GUSTAVO OCTAVIANO DINIZ JUNQUEIRA
ANGELA C. CANGIANO MACHADO
PROCESSO PENAI
11.â edição revista, atualizada e ampliada
Direito Constitucional
V 3 - Direito Tributário
.
V 13 - Remédios Constitucionais
.
V 4 - Direito Civil
.
Difusos e Coletivos
V. 5 - Direito Empresarial V .14 - Estatuto da Criança e do
V 6 - Processo Civil
.
Adolescente
V 7 - Direito Penal
.
Difusos e Coletivos
V 8 - Processo Penal
.
V 15 - Direito Ambiental
.
V 9 - Direito do Trabalho
.
Difusos e Coletivos
ISBN í-85-203-4295-4
oP° tO-t1
EDITORA RT?
REVISTA DOS TRIBUNAIS