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O aumento significativo na integração dos Recursos Energéticos Distribuídos

(REDs) na infraestrutura energética reflete uma transformação na produção e


distribuição de energia elétrica. A relevância dos REDs é enfatizada pelos estudos
do Plano Decenal de Expansão de Energia 2030 (PDE 2030), o qual antecipa que
esses recursos poderão fornecer cerca de 19% do consumo total de eletricidade,
representando aproximadamente 148 Terawatts-hora (TWh).
Os REDs englobam um amplo aspecto de tecnologias focadas na otimização, na
sustentabilidade da geração, armazenamento e consumo de energia. Encontrados
frequentemente no local de consumo ou nas proximidades, esses sistemas incluem:

 Eficiência energética;
 Geração distribuída de eletricidade;
 Veículos elétricos;
 Armazenamento e resposta da demanda;
 Produção descentralizada de energia;
 Redes elétricas inteligentes;
 Micro e minigeração distribuídas (MMGD);
 Autoprodução de energia (não injetada);
 Energia solar térmica.

A instalação de sistemas fotovoltaicos tem crescido exponencialmente, da


mesma forma, o armazenamento de energia de forma distribuída vem se tornando
mais comum. Modelos de negócio que incluem armazenamento de energia gerada
por painéis solares permitem que os usuários guardem essa energia para uso futuro
ou, até mesmo, a vendam para a concessionária. Esse aumento na adoção de geração
eletrica de maneira descentralizada, como é o caso da energia solar, marca uma
tendência de afastamento dos sistemas centralizados tradicionais, apresentando
novos desafios e oportunidades. Para garantir a eficácia e a integração desses
recursos, é crucial a implementação de monitoramento e controle rigorosos.
Por um lado, existe um movimento em direção à maior desagregação de tarifas e
preços, para refletir de forma mais precisa os custos reais do sistema em cada
instante e local. Por outro lado, é necessário ponderar custos computacionais,
administrativos e a resposta comportamental dos consumidores aos incentivos, para
determinar em quais cenários os benefícios da desagregação superam os gastos.
Avanços em tecnologias de controle, comunicação e medição serão fundamentais
para permitir uma precificação que reflita melhor os custos.
Por meio de simulação computacional, diversos estudos vêm sendo
desenvolvidos com foco na limitação das redes de distribuição. Os estudos sobre
máxima capacidade de acomodação de fontes renováveis em redes de distribuição
relatam a falta de interesse na coleta e avaliação de dados dinâmicos por parte da
distribuidora, assim como, excessivas simplificações e falta de detalhamentos dos
alimentadores (SEGUIN, 2016).
No desenvolvimento de estratégias para a integração eficiente dos recursos
energéticos distribuídos, a importância dos modelos matemáticos e da simulação
desses sistemas se mostra fundamental. Modelos matemáticos são necessarios para a
compreensão e otimização do comportamento dos REDs, permitindo a previsão de
cenários, a avaliação de impactos na rede elétrica e a identificação de oportunidades
de melhoria.
A simulação desempenha o papel de proporcionar um ambiente seguro e
controlado para testar esses modelos, analisar estratégias de gerenciamento de
energia e avaliar a resposta dos REDs a diferentes condições de mercado e
demandas operacionais. Essa combinação de modelagem matemática e simulação
oferece um caminho robusto para a tomada de decisões, permitindo ao responsável
pelo controle a possibilidade de antecipar e mitigar riscos, maximizando a eficiência
e explorando o potencial completo dos REDs.
A integração dos REDs no panorama energético não é apenas uma tendência, mas uma
necessidade urgente para um futuro sustentável e eficiente. A capacidade desses recursos de
fornecer uma parcela significativa do consumo total de eletricidade, aliada ao seu potencial de
otimizar o uso e armazenamento de energia, coloca-os como protagonistas na transformação do
setor energético. No entanto, para que essa transformação seja bem-sucedida, é imprescindível
investir em modelos matemáticos robustos, realizar simulações detalhadas e desenvolver
políticas de precificação adaptativas. Essas ações, combinadas com a conscientização e a
participação ativa dos consumidores, são fundamentais para garantir que a promessa dos REDs
seja plenamente realizada, contribuindo para um sistema energético mais flexível e sustentável.

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