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MUNDI - CENTRO DE FORMAÇÃO TÉCNICA Módulo III - Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica

CAPÍTULO 10

Geração Distribuída mais aprofundado em relação à exploração econômica


da região. Restrições financeiras internacionais se­rão
A introdução de Produtores Independentes de Energia impostas a certos projetos, principalmente os relacionados
(PIE) no cená­rio de energia elétrica abre as portas para com usi­nas hidrelétricas que causarão a inundação de
a geração conectada na baixa tensão, a fim de alimentar grandes áreas.
diretamente as distribuidoras. Esse tipo de produção,
conhecido como geração distribuída, é uma tendência Assim, a redução dos impactos ambientais na região
asso­ ciada a pequenos projetos de geração e cogeração. amazônica é um grande desafio que damandará uma
Turbinas a gás, siste­ mas de tidos combutados, células discussão ampla e aberta, além da convegência de forças
a combustível, sistemas eólicos, pe­quenas usinas de modo que uma estratégia de longo prazo pos­sa ser
hidrelétricas e até usinas solares fotovoltaicas - bases para estabelecida, garantindo um desenvolvimento sustentável
esse tipo de geração - devem tomar-se mais competitivos não só para essa região, mas também para todo o país.
no futuro. Essa tendência por si só deverá aurnentar o uso
de geração renovável: geração solar, eólica e proveniente Nesse cenário, a geração de grandes quantidades de
de biomassa. Como a geração estará conectada com um eneigía hidrelétrica torna-se um assunto importante que
sistema de distribuição já existente, podem-se conduzir deve ser incluído nas discussões referentes às politicas
análises de planejamento integrado local e centralizado, energéticas relacionadas com o desenvolvimento
de modo que melhore o desempenho do sistema como sustentável do país inteiro sem diminuir a importância
um todo. das necessidades locais. O verdadeiro desafio será o
desenvolvimento de um modelo que melhor combine .as
Na integração dessa geração aos sistemas de distribuição, necessidades globais com os aspectos sociais,.ambien­tais
a utilização de tecnologias semelhantes às apresentadas e econômicos.
para a transmissão resulta em melhorias tanto na utilização
de energia renovável quanto no sistema de distribuição. O desenvolvimento econômico visando à melhoria da
Esses benefícios significam menores investimentos de qualidade de vida na sociedade requer uma distribuição
Ca­pital devido ao melhor uso das capacidades das linhas maior e melhor da energia gerada, que deve ser baseada
efou menõtes dis­ tâncias das linhas de distribuição; aos nas alternativas tecnológícas mais eficientes para cada
menores custos de perdas pela re­ dução das perdas no situação específica.
sistema; à contribuição da geração local na melhoria
da utilização da geração hidrelétrica centralizada; e aos Tal desenvolvimento deve não somente auxiliar a busca
benefícios sociais e ambientais, geralmente associados de um mode­lo de desenvolvimento susfentável na região,
a soluções energéticas locais. Essa análise integrada com ênfase nas soluções locais, como também permitir
deve também indair gerenciamento da demanda (CD) e uma minimização na utilização da ener­gia amazônica
projetos de conservação de energia de modo que traga para abastecimento das regiões mais distantes. No bojo
soluções ainda melhores e mais eficientes. de um PIR, certamente, outras ações podem também ser
tomadas nesse sentido.
Técnicas e Tecnologias Voltadas a Melhorar a Utilização
das Fontes Renováveis e a Questão da Região Amazônica A possibilidade de transmissão de grandes blocos de
energia a longas distâncias partindo da Amazônia para os
A questão ambiental é hoje um dos pontos básicos para grandes centros consumidores (NE, SE e S) pode assumir
o desenvolvi­mento do Brasil. A região amazônica é, por um papel importante na análise do cenário energético
isso, de fundamental impor­tância, em todos os aspectos brasileiro por causa dos seguintes fatores:
possíveis. Entre eles destacam-se o energético e o elétrico,
devido ao grande potencial hidrelétrico (fome renovável) a) As regiões Sudeste, Sul e Nordeste apresentam
da região. A determinação de uma política energética o maior consumo (mais que 90%) no setor elétrico
para o desenvolvimento sustentável da regíão requer brasileiroe abrangem amaioriadas regiões desenvolvidas
análises e discussões que devem influen­ciar todo o país economicamente, assim como asde maior ccmGentra:ção
e, em certo nível todo o cenário energético da América do populacional. Esse aSipecto estrutural da questão
Sul. Além disso, existe a pressào externa de organizações energética não pode ser modificado ins­tantaneamente.
amblentalistas e governos internacionais por um debate As modificações vão depender da definição de uma estra­

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tégia de longo prazo e demandam a convergência de lembrados é o tom portamento da bacia do rio
forças políticas, sociais e econômicas. Por outro lado, o Amazonas, caractetizado por grandes varia­ções de
potencial hidrelétrico ainda: existente nessas regiões é fluxo de água entre as estações chuvosas e secas. As
muito pequeno e comparado com os níveis de demanda, dificuldades relacionadas com a obtenção de capacidade
independentemente do cenário de desenvolvimento de armazenamento suficien­te para regular essa variação
considerado. resultará em limitações no fornecimento de energia, a não
ser que sistemas complementares sejam interligados ao
b) Outras ações previstas para a redução dessa do Amazonas, com vistas a permitir a utilização ou, pelo
demanda, como o incentivo à comervação de energia no menos, o fluir pa­ra armazenamento “distante da energia
uso final, a cogeração de energia e o uso de técnicas de secundária”.
geração mais eficientes terão um impacto reduzido e vão
somente adiar a necessidade do uso de energia não local. Sendo assim, a provisão de rotas de transmissão de energia
para ou­tras regiões do Brasil-é uma das possibilidades para
c) A região amazônica,mesmo levando-se em conta a redução de capa­cidade de armazenamento na Amazônia
as restrições ambientais, contém uma parte significativa com a consequente redução dos impactos ambientais.
do potencial adicional brasileiro de geração hidrelétrica, Interconexões elétricas serão muito importantes no
com características sazonais suplementares àctuelas do sentido de aumentar a eficiência do sistema de operação
sudes­te, do sul e do nordeste. como um tudo. Também, por causa dos altos custos
relativos, esses elos de cone­xão influenciarão de maneira
d) Outras alternativas para garantir essa oferta signlficativa a viabilidade do desenvolvi­mento hidrelétrico
de energia poderiam ser: ener­gia nuclear, usinas do Amazonas em um contexto energético e ambiental. Tais
termelétricas não nucleares e usinas hidrelétricas. custos estarão diretamente ligados à solução energética
global, como se pode perceber apenas visualizando duas
• a usinas nucleares apresentam problemas de segurança situações entre as di­versas possíveis:
e ambientais ain­ da não sanados completamente.
Outra desvantagem dessas alternativas é o altoçusto a) Utilização do gás natural de Urucu e Juruá (na
da energia gerada e a dependência tecnológica do própria Amazônia) para com ­plementação termelétrica e
Brasil em relação a outros países. De qualquer forma, dimensionamento da transmissão para opera­ção na base
poderão ter papel importante no futuro associado ao energética (alto fator de capacidade).
desenvolvimento tecnológico da indústria de gera­ção b) Dimensionamento da transmissão para seguir
elétrica nuclear. A utilização de termelétrícas a gás e comportamento das águas, com baixo fator de capaddade.
de ciclo combina­do, para operar segundo os conceitos
da complementação termelétrica, no entanto, poderá Nesse cenário, então, as novas tecnologias terão um
ser justificável, depenclendo da situação. importante papel, não somente em relação aos projetos
• a energia hídelétrica é uma fonte renovável e deve na Amazônia, mas também nos pro­jetos suplementares
contribuir para um a política de desenvolvimento que visarão um ajuste ambiental mais eficiente.
sustentável para o pais. Do ponto de vista técnico,
o Brasil é conheddo por sua tradição em projetos As tecnologias suplementares podem também infiuenciar
hidrelétricos. Entretanto, conforme vem sendo positiva­mente os aspectos ambientais desse problema
comentado ao longo-deste livro, isso não ocorre em através da redução ou do adiamento do crescimento da
relação ao tratamento de impactos ambientais de demanda nos grandes centros de consuno (SE, S e NE) e
grandes projetos hidrelétricos. também através da possibilidade do atendimento de co­
munidades na região amazônica e ao longo da linha de
Assim, uma atenção especial deve ser dada aos aspectos transmissão.
ambientais, consi­derando-se os recursos hidrelétricos do
Amazonas no planejamento energé­tico brasileiro. Os aspectos citados anteriormente enfatizam a
necessidade de um pla­nejamento integrado que leve a um
e) Tecnologia de transmissão em longas distâncias modelo de análise conjunta da geração, da transmissão e
não trará grandes dificul­dades para o setor elétrico do consumo, no intuito de eliminar qualquer limi­tação na
brasileiro, pois o pais já conta com experiência significativa geração.
nas possíveis soluções, tanto em corrente alternada
quanto em conente contínua. Uma possível solução é a operação de hidrelétricas
om rotação ajus­tável (Capítulo 2). Como já se viu,
Nesse contexto, um dos pontos básicos a serem significativos ganhos foram encontra­ dos em simulações
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efetuadas para a região amazõtlica. Estes referem -se g) Utilização da tecnologia de hidrogênio a longo
às turlbinas projetadas para operar à velocidade fixa, prazo.
mas que o fazem à velocidade variável. Especialistas em
turbiaas consideram que um ganho adicional de até 1% h) Armazenamento de energia elétrica (transferida
pode ser obtido se rotores especialmente projetados para da Amazônia no perído das grandes águas).
operação à velocidade vari.ávcl for utilizados. Além dis.
so, esses ganhos são obtidos em reservatórios simples Estudos e pesquisas objetivas devem ser conduzidos,
(únicos), escolhidos e di­ mensionados com base no quando necessá­rio, para determinar o melhor uso para
critério tradicional. Uma verificação dos pos­síveis ganhos cada temologia dentro do cenário global. Pesquisas já
deve ser feita no caso da utilização de critéàos ajustados em andamento devem ser atraídas e incorporadas às
para a operação à velocidade variável. Nesse caso, o análises, assim como melhorias tecnológicas - como o uso
cenário referente ao rio ou à própria bacia hidrográfica de gaseificação da biomassa, cido combinado e outras -
deve ser totalmente considerado, as­sim. como todas devem ser facadas e também a elas adicionadas.
as fontes suplementares de energia. Também deve ser
determinado se e q11anto desses .ganhos resultarão em Nesse sentido, novas tecnologias de geração e
impactos am­bientais menores. É importante salientar que armazenamento po­dem ser importantes alternativas
os ganhos energéticos e ambientais seno determinados no cenário energético. A possibilidade da dimiauição e
individualmente para cada caso, o que aponta para a do adiamento de piojetos de porte na região amazônica
necessidade de análises profundas e detalhadas. permitirá o desenvolvimento de outros estudos e
pesquisas que tragam novas alternativas temológicas
Convém enfatizar o impacto das tecnologias e também formas de Teduzir o impacto ambiental de
suplernentares, que atua­rão nos grandes centros de técnicas já existentes.
consumo, sobre as necessidades dos projetos na Bacia
Amazônica, quanto à questão ambiental e também No Brasil, existem muitos locais para a instalação de
quanto a sua adequação a estratégias de longo prazo, usinas hidrelétri­cas reversíveis. Como a maioria dessas
visando a uma melhor dis­tribuição do progresso entre possiveis usinas estaria nas regiões Sul-Sudeste (principais
as regiões brasileiras. Muitas das altetnaúvas discutiidas centros de carga), pode-se visualizar a perspectiiva futura
a seguir serão conectadas a novas tecnologias, algumas de utilização dessa tecnologia, em conjunto com usinas
vezes somente no ponto de vista brasileiro. termelé­tricas e outras tecnologias de armazenamento
de energia elétrica, para, por exemplo, firmar energia
Essas tecnologias, listadas abaixo, devem ser avaliadas em proveníente de algumas usinas da Bacia Ama­ zônica
um cenário globa relacionado às interconexões regionais construídas a fio d’água. Essa providência evitaria os
e também com a operação de hidrelétricas com rotação possíveis impactos ambientais que seriam causados se
ajustável: essas usinas tivessem reser­vatórios de regularização. Uma
análise eficaz deve resultar em redução significativa dos
a) Conservação da energia final. impactos ambientais no potencial de desenvolvimento
hidrelétrico na Bacia Amazônica.
b) Cogeração industrial local.
Além disso, devern-se considerar, para aplicação local na
c) Cogeração Tegional utilizando biomassa (a própria Ama­zônia, tecnologias que auxiliem na resolução
cana-de-açucar é um exemplo de alternativa que pode de problemas ambientoais específicos e se encaixem
aumentar a energia firme do sistema pelas caracteris­ticas em estratégias de longo prazo, visando a uma melhor
sazonais). distribuição do progresso. Essas novas tecnologias devem
possi­bilitar o atendimento de comunidades por meio das
d) Integração energética sul-americana, como as linhas de tíànsrnis­são de alta voltagem em longas distâncias
intenconexões da rede elétri­ca e de gás natural importado e pelo uso de fontes renováveis locais.Sua capacidade
da Bolívia, do Cone Sul e da Venezuela. de redução de impactos sociais negativos inerentes a
projetos hidrelétricos é de extrema importância. Mesmo
e) Desenvolvimento de recursos brasileiros de gás em relação a esses problemas, a tecnologia voltada à
natural. operação com rotação ajustável pode ser uma solução
alternativa aplicada a pequenas usinas hidrelé­tricas, do
f) Utilização de usinas reversíveis (para as quais a tipo bulbo, por exemplo, com queda constante e vazão
tecnologia de operação com rotação ajustáveI pode ser d’água variável. Além disso, sistemas lúbridos, compostos
uma alternativa atraente) para melhor utilização da água. por usinas desse tipo, mais a utilização de geração solar
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e eólica e de combustíveis locais (den­dê, resíduos de antenormente dis­


poníveis, ou desenvolvidas
madcita etc.) podem ser conceitualmente pensados. recentemente, podem ser visualizadas para esse tipo de
aplicação, que deverá ter um impacto significativo no
Essa visão pode ter um efeito fundamental na discussão desem­penho dos sistemas elétricos.
da questão amazônica, permitindo a incorporação e
a avaliação de aspectos adicio­ nais na análise global Dentre essas tecnologias, podem ser citadas a geração
da situação da energia elétrica. Entretanto, o prin­cipal eólica, as pe­quenas turbinas hidráulicas, os geradores
foco dessa agenda deve ser a obtenção de tempo que a diesel, as turbinas a gás com baixa inércia, as células
permita domi­nar e desenvolver tecnologias que reduzam a combustível, os sistétllas a biomassa, os siste­mas
os impactos ambientais dos projetos hidrelétricos na fótovoltaicos e temossolares, os armazenamentos em
Amazônia, que integrem os países sul-america­nos bobínas magnéticas supercondutoras, em baterias, de
e permitam um processo decisório mais llexível e energia por ar comprimido e os volantes de inércia.
democrático.
A maíoria delas está hoje disponivel de forma modwar,
INTEGRAÇÃO DE CENTRAIS TERMELÉTRICAS E PROJETOS nas faixas de poucos kW a mais que 100 kW, e são atrativas
DE COGERAÇÃO para geração distribuída e aplicações de armazenamento.
Elas seriam típicamente conectadas à mé­dia tensão,
No caso das terrnelétricas, além das questões já embora unidades maiores, de algumas dezenas de MW
apontadas, relaciona ­ das com a forma de operação e ou mais, possam vir a ser conectadas na subtransmissão e
com a complementação termelétrica, há outras questões até mesmo na transmissão.
técnicas e econômicas específicas para a determinação
dos custos, como a competição da geração na fonte, a Essa forma de geração, além de geração distribuída
transmissão elétri­ca contra transpor e do combustível também tem sido denominada geração dispersa
(pelos mais diversos meios), a gera­ção junto aos centros (Dispersed Generation), geração local (On Site Generation)
de carga, a forma de comercialização da energia etc. e geração embutida (Embedded Generation).

Além disso, há o caso espeúflto dos projetos de Esse tipo de geração remonta ao início da indústria da
cogeracão, que, por produzirem duas formas importantes eletricidade, quando os preços da transmissão eram
de energia, deverão requerer uma análise diferenciada, proibitivos. Abandonado pelas companhias ao longo do
principalmente no que se relaciona com os benefícios na tempo, até mesmo pelas tendências de centra­lização e
análise de viabilidade. em alguns países, como o Brasil, pela estatização do setor
elé­trico, volta agora ao cenário 110 novo modelo.
Tais situações demandarão algumas modificações no
processo de ava­liação que, em princípio, serão resumidos De modo geral, essa tendência- assoéiada principalmente
à incorporação, de forma ade­quada, de novas variáveis. à competi­ção, preocupações ambientais (globais),
Por isso, esse assunto não será mais detalhado neste item. restrições de local para construção de novas usinas
Para aprofundamento prático e objetivo, leia os estudos de médio e grande porte - traz de novo a questão de
de caso do item “Avaliação econômica da geração de centralização e descentralização, abordada no Capítulo 1
én.ergia elétrica: estu­ dos de caso”, ainda neste capítulo deste livro.
(p. 394).
É importante salientar o impacto desse tipo de geração
GERAÇÃO DISTRIBUÍDA no arcabou­ço do planejamento do setor elétrico, uma
vez que esta geração não tem previsão no processo
A expressão geração distribuída vem sendo utilizada para usual de planejamento da distribuição, nem é tratada
designar so­bretudo os projeoos de geração de pequeno especificamente no processo de planejamento da geração
porte, conectados de forma dispersa à rede elétrica, e da transmissão. O planejamento da geração distribuída,
usualmente ao sistema de distribuição. Embo­ra haja assim como ou­tros aspectos importantes desse tipo de
diversas tentativas de definição, em uma concepção geração, tem sido hoje objeto de pesquisas e discussões.
mais ampla, geração distribuída refere-se à geração não
despachada de forma centra­lizada, usualmente conectada Por isso, decidiu-se apresentar aqui apenas uma
aos sistemas de distribuição e menores que 50 a 1100 visão geral, um rotei­ro para entendimento dos
MW. desenvolvimentos já efetuados e acompanha­mento dos
que virão, estabelecendo certamente novos paradigmas
Diversas tecnologias de geração e armazenamento para a indústria da eletricidade.
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Éo que se faz a seguir, enfocando os seguintes aspectos b) Caracteristica específica de alto custo de algum
principais da questão: classificação de projetos de consumidor;
geração distribuída; cenário de apli­cação, com ênfase nas c) Dificuldades crescentes para o desenvolvimento
visões das concessionárias e dos consumidores; aspectos de sistemas detransmissão e distribuição (ageração
da avaliação econômica, com abordagem de custos e distribuída pode ser um substituto parcial);
beneficios; e estudos e avaliações necessárias, incluindo d) Estrutura tarifária que pode criar oportunidades
aspectos relacionados com a modelagem. para o uso de recursos distribuídos.

Classificação A geração distribuída pode aumentar potencialmente a


confiabilidade e diminuir os custos do sistema, colocando
Considerando apenas os projêtos de geração distribuída fontes junto às cargas, além de também aumentar a
que se conec­ tarão à rede elétrica, pode-se considerar flexibilidade. Quando utiliza interface eletrô­nica, é
aseguinte classificação, com base em seu possuidor e no capaz de melhorar a qualidade do fornecimento, por
responsávcl por sua operação: meio de filtragem de harmônicas e suporte de tensão
durante faltas mono e trifá­ sicas. Além de seu custo
a) Geração distribuída isolada (Stand Alone estar caindo (hidro e eólica já competitivas), a geração
Oistributed Generation - SADG), referente à geração distribuída consegue adequar-se a políticas energéticas
distribuída que será -operada de forma isolada ao siste­ governamentais voltadas à utilização de novas fontes
ma elétrico. renováveis e à competição visualizada nos novos modelos
de mercado, devendo ter aceleração a curto prazo.
b) Geração distribuída ínterconectada
{lnterconnerted Oistributed Generation ­ IDG),referente De qualquer forma, o resultado da geração distribuída
à geração distribuída que será interconectada ao sistema está extrema­mente associado a condições específicas
elé­trico, operando em paralelo com ele. Esse tipo de de aplicação: aspectos geográfi­cos, disponibilidade de
geração pode ser subdividido em geração distribuída da combustível ou recurso natural, natureza das atividades
concessionária (Utility-owned IGO), possuída e operada associadas a cada projeto, inserção no processo de
pela concessionária; geração distribuída do consumidor reestrutu­ração do setor energético, considerações
(Costumer-Initiated /GD), possuída e operada pelo ambientais, entre outras.
consumidor-investidor; e geração distribuída do
consumidor, mas operada pela concessionária. Trata-se de assunto complexo, pelo menos de dois pontos
de vista:
Embora do ponto de vista técnico essa classificação
possa não vir a significar grandes diferenças, segundo a) Análise econômica com significativo grau de
os diferentes pontos de vista das concessionárias e complexidade.
dos consumidores investidores, ela pode implicar b) Competitividade fortemente influenciada pelo
consideráveis impactos econômícos e mesmo legais. estado da reestruturação.

Cenário de Aplicação A visão das concessionárias

No momento, existe um mercado para a geração As concessionárias poderão utilizar, como alternativa para
distribuída, que é difícil delinear e depende de uma série investimentos em transmissão e distribuição, os projetos
de aspectos para se analizar. de geração distribuída por ela operados (sejam próprios
ou não) que tenham a relação custo/bene­fício positiva.
A grande questão é que esse tipo de geração ainda não
é competitivo na base de carga, associada aos contratos Para que esses projetos possam ser substitutos do sistema
de longo prazo, nem no merca­do atacadista. Isso ocorre de trans­missão e distribuição, devem ser localizados
porque os avanços temológicos referem-se à geração e dimensionados adequada­ mente, de acordo com as
centralizada, fazendo com que a geração distribuída necessidades das companhias.
pareça atra­tiva somente a nichos de mercado. Para o
sucesso desse tipo de getaçâo, podem ser apontadas as Com relação aos projetos possuídos e operados pelo
seguintes condições: consumidor in­vestidor, espera-se que os pr0prietários
sejam responsáveis por todos os custos de interconexão,
a) Disponibilidade local de energia térmica (e outras custos de reforço dos sistemas de distnbuição e os de
formas); operação e manutenção.
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A visão dos consumidores investidores um cuidado especial ao se considerarem os investimentos


em transmissão e distribuição. A noção comum de custo
A escolha da implementação ou não de projetos geração efetivo, perfeita nos casos de divisibilidade completada
distribuída dependerá principalmente das considerações capacidade, pode ficar distorcida quando aplicada aos
econômicas. A geração dis­tribuida, como os outros investimentos em transmissão e distribuição. Além disso,
projetos de geração, engloba três elementos em seu há de se considerar, o que não é usualmente feito, a
custo: o custo fixo, o custo de operação e manutenção e flexibilidade dos investimentos em geração distribuída
o custo do combustível (nos casos em que ele se aplica). relativamente às incertezas de crescimento da carga.
Existem as seguintes possi­bilidades de diminuir o custo
efetivo de projetos de geração distribuída: Beneficios e custos

a) Eficiência no uso da energia térmica (para o caso Neste livro, a discussão sobre os custos e os benefícios da
de geração termelétrica, células a combustivel): pela geração distribuída será realizada de forma qualitativa e
utilização da cogeração, pode-se produzir ener­gia elétrica não quantitativo, pois tais custos e benefícios dependem
e térmica, aumentando a eficiência do sistema, com a muito do contexto de cada projeto e não podem ser
canse­quente redução dos custos efetivos. estimados em bases gerais. Cada projeto de uma geração
distribuída deve ser analisado individualmente.
b) Operação durante picos de energia; um
consumidor-investidor poderá eco­ nomizar utilizando Benefícios da geração distribuída
um projeto de geração distribuída apenas durante o
periodode pico da carga. Apesar de a geração distribuída apresentar alguns
benefícios, muitas vezes o custo para obtê-los é maior do
c) Carga remota: indicada para locais onde o custo que seu valor, tornando o pro­jeto inviável.
para o aumento do sistema é maior do que os custos da
implantação da geração distribuída. A geração distribuída distingue-se do modelo tradicional
de geração central por estar localizada próxima aos
d) Subsídios do governo. consumidores (ou seja, à car­ga). Por sua modularidade e
pequenas dimensões, projetos de geração distribuída são
Aumento da confiabilidade e qualidade da energia substitutos em potencial das grandes centrais em locais
onde o custo do investimento para fornecimento as torna
Apesar de o sistema elétrico já ser bastante confiável, inviáveis. Contudo, ainda existem muitos fatores técnicos
existem instala­ções em que pequenas quedas de e econômicos que li­mitam os benefícios que a geração
qualidade e de energia comprometem bastante suas distribuída pode oferecer.
atividades, trazendo consequêndas desastrosas tanto
para a economia quanto para a vida humana. Nesse caso, Sua introdução no sistema de transmissão e distribuição
a geração distribuí­da pode ter um efeito extremamente criará muitas incertezas para as concessionárias,pois
positivo. ela ainda está começando a dar os primeiros passos e
o objetivo principal das concessionárias, quando há a
Considerrações ambientalistas interconexão, assegurar a confiabilidade e a segurança do
sistema.
Não se pode garantir, sem uma análise mais aprofundada e
específica, que os projetos de geração distribuída causem Benefícios para o sistema elétrico
menos impactos negativos para o meio ambiente do que
as centrais geradoras convencionais, pois, para produz a CAPACIDADE DE FORNECIMENTO DO SISTEMA
mesma quantidade de energia de uma central, são neces­
sários váríos projetos de geração distribuída, que podem É essencial que a geração distribuída seja avaliada para
ser dos mais diversos tipos. operar duran­te os períodos de pico. O benefício mais
comumente mencionado na literatura para a geração
Análise Econômica distribuída é o de fornecer capacidade ao sistema no
lugar de aumentar sua infraestrutura. Porém, para que ela
A análise econômica de projetos de geração distribuída é, possa ser realmente utilizada como solução, é necessário
em geral, bastante complexa. Tendo em conta os custos o desenvol­vimento de projetos confiáveis de geração
evitados de transmissão e distribuição, ela vai além da distribuída, nos quais os custos da interconexão devem
simples análise de custo benefício. Deve, porém, haver ser levados em consideração.
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REDUÇÃO DAS PERDAS DO SISTEMA A tensão e a configuração do sistema no local da


implantação da geração distribuída terão de ser
Ao se deslocar a fonte de energia para próximo do examinadas para que possam ser determinados os
consurtlidor, have­ rá redução nas perdas dos sistema requlsitos para a interconexão.
de transmissão e distribuição. Mas essa redução está
associada à capacidade de fornecimento do projeto de - Tipo de serviço
geração distribuída e pode representar apenas uma
pequena por­centagem da sua capacidade instalada. O tipo de serviço utilizado em cada projeto de geração
distribuída pode ser de reserva (backup), energia
ALÍVIO NO CONGESTIONAMENTO DO SISTEMA DE suplementar ou fornecimento de energia p.ara o sistema
TRANSMlSSÃO (backflow).

Para isso será necessária a implantacão de uma grande - Equipamento do cliente


quantidade de geração distribuída (GD).
Determinação do equipamento utilizado na geração
AUMENTO DA CONFIABILIDADE DO SISTEMA DE distribuída (gerador síncrono, gerador de indução,
DISTRIBUIÇÃO inversores e a capacidade da geração dis­tribuída ).

Também será necessária a implantação de uma grande - Configuração do transformador


quantidade de geração distribuída. Nesse caso, os custos
associados às interrupções em relação aos custos dessa Determinação do tipo de ligação decada transformador.
implantação deverão ser justificados .
• Modificações necessárias no sistema
MELHORA DA QUALIDADE DA ENERGIA
- Equipamentos do sistema
Alguns tipos de geração distribuída são capazes de
melhorar a quali­ dade da energia, evitando picos e Os equipamentos do sistema de transmissão e distribuição
quedas de tensão e até perdas mo­mentâneas de foram construídos, dimensionados e instalados para um
potência. Tais instalações são caras e nem sempre viá­veis sistema operado com fluxo de energia em uma direção.
economicamente. Ao se acrescentarem fontes elétricas e fluxo de potên
cia bidirecionais,aumentam-5e o.custo e acomplexidade
ADIAMENTO DO CRESCIMENTO DO SISTEMA do sistema de transmissão e distribuição. Além disso,
as limitações dos equipamentos da sistema poderão
O crescimento do sistema poderá ser evitado por meio resultar na necessidade de sua substituição, aumentando
da utilização da geração distribuída isolada em locais que consideravelmente os custos.
não são conectados ao sistema elétrico.
- Questões operacionais
Custos da geração distribuida
Dividem-se em: Alguns procedimentos, como a televisão do sistema de
proteção já existente serão necessários para manter a
a) Custos para o sistema gerados pela interconexão conftabilidade e a segurança do sistema, acarretando
e operação da geração distribuída. custos extras.
b) Custos associados a instalações individuais
Variam com a localização, a capacidade em kW, o - Novos equipamentos
tipo de geração dis­tribuída e o sistema de distribuição ao
qual a geração será conectada. Podem compreender: A compra de novos equipamentos acarretará custo
adicional para a implantação de geração distribuída.
• revisão da engenharia do sistema
Identificação dos requisitos, modificações e • Teste, operação e manutenção do sistema
restrições impostas ao sistema pela geração distribuída,
tais como: - Custo dos testes e inspeções periódicas

- Tensão e configuração do sistema Testes pré-operacionais terão de ser realizados para


provar que a geração distríbuida foi colocada com
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sucesso em paralelo com o sistema. Além disso, deverão A existência de um grande númerode geradores
ser realizadas inspeções periódicas durante a vida útil do monofási.cos no mesmo sis­ tema de distribuição pode á
projeto, aumentando os custos. criar condições para o desba Janceamento das cargas.

- Operação e manutenção dos noves equipamentos • Harmônicos

A concessionária será responsável pela operaçào e • Controle e Monitoramento


manutenção dos novos equipamentos necessários
para possibilitar a instalaçào da geração distribuída De pequeno porte e pequeno tempo de construção,
a ela pertencente. Para os projetos pertencentes ao a geração distri­buída é muito mais flexível em termos
consumidor-investidor, poderá ser cobrada uma taxa de investimento do que a ge­ ração centralizada ou em
baseada no percentual do custo do equipamento. termos de capacidades de transmissão e dis­tribuição.
Isso é importante num contexto de demanda incerta.
c) Custo da interconexão propriamente dito Em jargão financeiro, a geração distribuída oferece uma
opção de vdor que não é encontrada nos investimentos
• Limitar de penetração convencionais em transmis­são e distribuição. Existem
modelos para planejamemo sugeridos pa­ra essa análise
O sistema poderá acomodar sem prejuízos certa que utilizam recursos estocásticos, combinam modelos
quantidade de instalações. Porém, àmedida que of!úmero de incerteza com determinísticos e usam programação
de ;projetos de geração distribuída aumenta. a capacidade dinâmica.
de “absorção” do sistema diminui até o ponto em que
este perderá sua qualidade e confiabilidade. Dessa forma, Algumas questões importantes nas avaliações padrão
à medida que a quantidade de projetos cresce, aumenta também devendo ser projetadas no novo mundo da
o custo assodado cem a intercon exão, principalmente reestruturação. Uma questão pouco considerada nas
devido à necessidade da troca de equipamentos de análises econômicas é a estabilidade dos sistemas
proteção do sistema. elétricos, que pode ser uma restrição importante no
nível da distribui­ ção, uma vez que as calàcteristicas dos
• Impactos e custos do planejamento da geradores e a fraca interação entre eles pode n, mas não
distribuição necessariamente, criar instabilidade local. Isso causa
limita’ções na quantidade de geração descentralizada
Depois de atingido o limiar de penetração, ser ao a ser colocada e pode resultar em um so.bfepreço dos
necessárias mudanças no planeJamento e na operação projetos de geração distribuída toíll tcla o às alternativas
do sistema de distribuição para que ele possa acomodar de lransmissão e distribuição. Devem ser efetuadas
a nova geração distribuída mantendo a confiabilidade do simulações que levem ern conta os diferentes ti­pos de
sistema. geração distribulda, pois uns serão melhores que outros.
Co­mo considerar essas diferenças? Como incluí-las de
Custos resultantes do aumento dos projetos de geração forma justa , por exemplo, num sistema de preços?
distribuída
Há sugestões de inserir na análise econômica os custos
• Isolamento de não su­primento. Nesse caso, tomam-se importante
o aspecto confiabilidade e até mesmo uma simulação
• Interrupção do alimentador detalhada da curva de carga. Outro pon­to a ser discutido
A interrupção do alimentador, para manutenção é o valor da carga não suprida, com encaminha­mento
ou durante uma falha, po­derá causar o isolamento da para a análise de custos completos.
geração distribuída.
Uma discussão importante rclere-se a uma das principais
• Regulação da tensão questões da transição, ou seja, a recuperação dos
Durante os horários de pico, as fontes extras stranded costs pelas concessioná­ rias, que podem ser
ajudarão a manter a tensão. Porém, durante os horários repassados aos consumidores integral ou parcial­mente.
de carga oaixa, a tensão poderá tender a ubir bastante. Para uma certa configuração de consurnidores, a alocação
dos custos vai depender da estrutura tarifária. Um amplo
• Controle da estabilidade é a tarifa bi­ômia, cujo custo pode ser repassado para a
parte fixa dos custos ou para a parte variável. Em gerat
• Desbalanceamento de carga cum o aumento da competição, há a tendência de
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colocar a parte variável no patamar do custo marginal sendo discutiído na literatura específica.
pois quanto maior a competição, maior a tendência de
alocação dos strarided costs na parte fixa. Geralmente, o Modelos de avaliação e planejamento para geração
segmento reSidendal é rne­ nos elástico que o industrial. distribuida
Como a geraçao distribuída aumenta a elasticidade de
preço no setor industrial, tomando-o menos suscetível Diversos trabalhos têm buscado o desenvolvimento
pua acomodar a pane fixa da tarifa, o peso pode cair, de modelos de planejamento que levem em conta os
injustamente, sobre os consumidores residenciais. aspectos relacionados com a gera­ção distribuída. O
objetivo de um modelo de planejamento e análise e a
Uma área importante para pesquisa é o impacto da avaliação do impacto da geração distribuída, por meio
geração distribuí­da nas tarifas. Há muito a ser discutido, de urna gama de atributos e de opções de políticas de:
além de existir ainda a dife­ renciação em função do tipo distríbuição, de modo que maximi­ze seus benefícios (ou
de relação empresa e gerador. Por exem­plo, a empresa reduza os prejuízos ).
pode ser dona do empteendímento como um todo, pode
ser parceira, pode apenas operar o empreendimento do A vantagem desse tipo de técnica é oferecer às
gerador e, até mesmo, não ter nenhuma relação com o distribu,idoras o rápido acesso a opções de políticas de
gerador. distrruuição relacionadas com urna grande variedade de
cenários referentes ao cresàmento da geração distribuída.
Estudos e Avaliações Essa análise lída com toda a gama de questões relaàonadas
com atríbu­tos técnicos e comerciais.
A preocupação com estudos dos requisitos associados
ao planejarnento de sistemas de geração em mercados e De uma forma geral, os processos de avaliação e
Aergéticos competitivos e reestru­turados tern aumentado. planejamento da geração distribuída envolvem, entre
Particularmente, as crescentes incertezas relacio­nadas bancos de dados e elaboração de aná­lise, os seguintes
com a Astalação e com o tempo de implantação devem tópicos principais:
agravar-se à medida que a competição no segmento de
geração cresce. a) Geração/aspectos econômicos, conjunto de
todos os dadas econômicos rela­cionados com a geração
Esse cenário de incertezas fez com que aumentasse, distribuída e também com os ambientes econômico e
na última década, o foco de estudos na quantificação financeiro externos.
explícita desses riscos. O uso de tecnicas probabilísticas
para essa quantificação vem se intensificando, mas a b) Análise econômica: nela se processam os dados
apropriação e a seleção dos dados estatísticos relevantes econômicos associados a cada uma das tecnologias
para o plane­jamento apresentam algumas dificuldades. O de geração, relacionando-os com dados econô­micos
certo sobre técnicas de pla­nejamento futuro é que elas nacionais e regionais, que resulta num esboço dos perfis
devem ser robustas, abertas e focadas no risco. Robustas futuros de geração pano segmento do mercado estudado.
quanto às limitações do sistema, dos dados do mercado É importante levar, se em conta os aspectos de robuste
e das fontes de análise; abertas aos modelos apropriados e abertura das técnicas modernas de planejamento. A
e às aplicações de simulação ( suas possíveis integrações), análise econômica é um bom exemplo da aplicação
definidas pelo problema a ser estudado e pelos recursos desse conceito, pois valia desde a apresentação de
disponíveis; e facadas no risco, de modo que garanta a cenários plausíveis para de­terminada estratégia de uma
quantificação e compuensão dos aspectos positivos e distribuidora até uma rigoro a análise matemática de
ne­gativos dentro de um contexto de cenários futuros cada um a das tecnologias relacionadas com diferentes
Mimprevisfveis” e “não determinísticos”. condi­ções de mercado.

A geração distribuída vem trazendo novos níveis de c) Características energéticas: banco de dados dos
incerteza para operadores de sistemas de distribuição no ativos físicos dos sistemas de distribuição e das tecnologias
que tange a planejamentos de longo prazo. O problema de geração.
do planejamento associado à geração não se restrúl e à
superação de seus obstáculos fisicos, mas traz também, d) Análises de engenharia análise de engenharia
asso­ciados aos aspectos témicos, aspectos econômicos é determinada de um do que atenda o nível de
relacionados com as tecnologias de geração e com o detalhamento requerido (ou as fontes disponíveis de
impacto financeiro nas distribuidoras do sistema. O análise) pela distribuidora. Os planejamentos tradicionais
impacto dessa geração em pequena escala na rede vem nas distribuidoras têm focado características de
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desempenho, como perdas, níveis de ten­são, capacidades g) Reguladores/governo: estudo dos efeitos de
de equipamentos,níveis de falta e contingências. Com um politícas reguladoras e governa­mentais relacionadas
maior número de geradores distribuídos no sistema, faz- com o crescimento da geração distribuída por meio de
se necessário o es­tudo do efeito cumulativo das unidades incentivos e penalidades (especialmente para renováveis
geradoras -como níveis de prote­ção, estabilidade e e cogeração) e os seus respectivos impactos no segmento
harmônicas- nas ca acteristicas dinâmicas. de distribuição (mecanismos de controle de preços).

e) Finanças da distribuidora: dados financeiros da h) Opções de políticas para a distribuidora com base
concessionária, como cone­xões com geradoras e o uso nas avaliações dos resul­tados das análises, é fornecido um
dos mecanismos de cobranp do sistema. número de opções a serem utilizadas pela concessionária
de modo que obtenha vantagens com o crescimento
f) Análises financeiras: a análise é executada de modo da geração distribuída. Os efeitos dessas opções são
a avaliar o impacto financeiro dos diferentes cenários alimentados no modelo por meio de ajuste nos dados
de geração distribuída {análise econô­ mica) e o seu básicos nos módulos de análise.
efeito na operação do sistema de distributção (análise
de engenharia). É medido então o efeito nas finanças A Tabela 9.2 apresenta um cenário das principais questões
das concessionárias, como a variação em despesas e parâme­tros do processo analítico de planejamento e
operacionais e as necessidades de novos investimentos. avaliação de geração disttribuida.

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Modelos de análise o maior detalhamen­to e o aprofundamento econômico


a cargo do leitor que, para isso, conta com extensa
Está havendo llm grande esfor o para o desenlvolvimento bibliografia.
de modelos, com ênfase naqueles necessános pata
estudos de desempenho dinâmico, podendo-se citar Por outro lado, no entanto, dado o objetivo proposto ,
especialmente a publicação do Cigré: Mcdelling new é importante abordar todas as questões relevantes dos
forms of gener.aticm and stonige (ver Referências), na qual projetos de geração de energia elétrica. Assim enfuca-se,
são tratados os modelos para todos os tipos de geração e a seguir; o tratamento global dos rnsros e dos be­nefícios e
armazenamento citados ao início deste item. apresentam-se estudos de caso elucidativos da avaliação
econô­mica dos referidos projetos.
AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA GERAÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA: ESTUDOS DE CASO Inicialmente, como componentes importantes dessa
avaliação, podem ser abordados os custos. As linhas
A avaliação econômica dos projetos de geração busca mestras de sua deteqninação vêm sen­ do tratadas ao
verificar se os custos, os benefícios e, no caso dos longo deste capítulo, segundo uma ótica voltada aos
investidores, o lucro atendem critérios preestabelecidos, rostos anuais e ao custo unitário da energia gerada (em
como o tempo de retomo do capital (para taxas de ju ­ros e US$/M\IVh ou R$/M\IVh). Até o momento, os conceitGs
retorno fixadas) ou a taxa de retorno do capital (para utn apresentados relativamente aos custos cap­ tam todas as
tempo de retomo desejàdo). nuanças do setor elétrico: identificam os componentes de

Nesse contexto, todos os processos usuais de avaliação


econbmica po­dem ser utilizados. A questão fundamental
é que a aplicação de cada pro­ cesso capte as diversas
nuances associadas às características especificas do setor
elétrico.

Não se pretende aprofundar, neste livro voltado


especificamente à ge­ração de energia elétrica, a questão
dos métodos e dastémicas de análise econômica. Há
aqui tão somente a intenção de apresentar um roteiro
de captação das nuances do setor elétrico, deixando-se

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