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Desbravando o osciloscópio

1. O que é um osciloscópio?

R: Um osciloscópio é um instrumento de teste e medição de inúmeros sinais


eletrônicos contidos em placas. Circuitos e sistemas eletrônicos, que exibe o
valor de um sinal ao longo Tempo de forma gráfica, proporcionando uma análise
quantitativa e qualitativa do sinal de forma espetacular. A exibição dos dados
medidos pelo osciloscópio mostra a amplitude do sinal (geralmente tensão) no
eixo Y no decorrer do tempo exibido no eixo X.

Além disso, o
osciloscópio é uma ferramenta
de extrema importância para
técnico, engenheiros e
estudantes da área de
eletrônica porque permitem à
estes profissionais visualizar os
sinais eletrônicos de forma a ter inúmeras medições acontecendo de forma
instantânea, como por exemplo, frequência, período, tensão máxima, tensão
média, tensão eficaz, tensão de pico a pico entre muitos outros parâmetros que
podem ser decisivos para que um determinando defeito ou problema de
funcionamento seja detectado no circuito eletrônico, ou até mesmo, alguma
melhoria possa ser realizada em seu desenvolvimento.

2. Quais dispositivos são necessários para realizar suas primeiras


medições com o osciloscópio?
R: Assim como para usar o multímetro,
necessitamos das pontas de medição
vermelha e preta, para medir os sinais de
tensão com o osciloscópio
necessitaremos de sua ponta de prova. Na
ponta de prova analógica do osciloscópio
teremos a garra de jacaré, que deverá ser
conectada ao ponto de referência negativa
do circuito, logo, ao conectarmos a ponta
de medição em qualquer lugar da PCB, o
osciloscópio ira medir a ddp entre a ponta de prova e a garra de jacaré, e com
isso irá exibir todos os parâmetros de medição encontrados deste sinal
capturado. Portanto, possuindo o osciloscópio e uma ponta de prova analógica,
você já poderá começar a desbravar diversos sinais contidos em placas
eletrônicas.

3. Quantos canais de medição meu osciloscópio deve ter?

R: Depende de quantos sinais simultâneos você pretende medir em seu circuito


ou placa eletrônica. Por exemplo, se você deseja medir a entrada de um sinal a
ser amplificado e o estágio de saída do circuito amplificador, você precisará de
um osciloscópio com pelo menos 2 canais, aí você conseguirá comparar os

Figura
Figura
1 -2Osciloscópio
- Osciloscópio
RIGOL
RIGOL
com
com
4 canais
2 canais
dede
medição
medição
valores de entrada e saída e analisar o desempenho do processo de
amplificação.

Se você possui um circuito eletrônico de amplificação de sinal e


comparador de tensão, onde você deseja medir o sinal de entrada de um sensor,
o valor amplificado de saída, o sinal de tensão referência de comparação que
significa uma temperatura de 40ºC e o sinal de saída da comparação, você
precisaria medir 4 sinais de forma continua, logo seria necessário um
osciloscópio de 4 canais de medição analógica para realizar tais medições. Em
geral, um osciloscópio de 2 canais é espetacular para desbravar a maioria dos
sinais em PCB, porém como o professor sempre diz, a necessidade que
determinará sempre os recursos de medição a serem utilizados.

4. Qual é a tensão máxima que consigo medir com o osciloscópio?

R: Sempre busque qualquer informação técnica sobre qualquer equipamento e


componente eletrônico em seu datasheet!

Para baixar o datasheet do osciloscópio RIGOL DS1074Z Plus basta clicar no


link abaixo:

https://br.rigol.com/Public/Uploads/uploadfile/files/ftp/DS/%E6%89%8B%E5%8
6%8C/DS1000Z/EN/DS1000Z_Datasheet_EN.pdf

Figura 3 - Máxima tensão de entrada do canal do osciloscópio

Com base na página 6 do datasheet é possível compreender que cada


canal poderá receber em sua entrada no máximo 300 Vrms em CAT I, ou seja,
em medições executadas com isolamento da rede elétrica.

Aproveitando o momento, quem está captando o sinal da ddp é a ponta


de prova do osciloscópio, logo, é muito importante também olhar o datasheet da
ponta de prova, que neste caso é a PVP3150. Segue o link para download do
datasheet.
https://br.rigol.com/Public/Uploads/uploadfile/files/20191220/20191220165727_
5dfc8cf718395.pdf

Com base no manual da ponta de prova, é possível detectar que:

Figura 4 - Máxima tensão a ser aplicada junto a ponta de prova PVP3150

Para medições até 150 VRMS você pode usar a ponta de prova PVP3150
na atenuação de 1X, mas para medições até 300 VRMS você deverá usar a
atenuação de 10X, portanto fique atendo a estas condições de tensão de
medição.

5. Como calibrar a ponta de prova do osciloscópio utilizando o sinal


padrão que ele proporciona?

Para realizar a calibração da ponta de prova, sua compensação e


validação de funcionamento antes de começar a colocar a mão na massa e medir
os sinais diretamente em placas eletrônicas faça o seguinte procedimento.

Figura 5 - Sinal padrão emitido pelo osciloscópio

No osciloscópio RIGOL DS1074Z plus, no canto inferior direito você


localizará dois terminais metálicos, um deles possuirá uma onda quadrada com
características determinadas pelo datasheet do equipamento e o outro terminal
metálico será a referência onde você plugará a garra de jacaré da ponta de
prova. Veja abaixo o terminal de aterramento com destaque pela marcação.
Figura 6 - Pontos de medição para calibração da ponta de prova

Figura 7 - Ponta de prova do osciloscópio conectada aos


terminais do sinal de teste

Conectada a ponta de prova do osciloscópio nos terminais de teste, aperte


o botão auto para ver o formato de onda padrão emitido pelo equipamento e
medido pela ponta de prova e realize a compensação da mesma se necessário
conforme a master class do professor Rodolpho, fique atento a imagem abaixo
para saber se a ponta de prova está compensada ou não.
Figura 8 - Parafuso para ajuste de compensação da ponta de prova

Figura 9 - Exemplos de sinais de compensação da ponta de prova

Veja abaixo como conforme o datasheet do osciloscópio, as informações


sobre o sinal padrão que ele disponibiliza nos terminais de teste.
Conforme visto na imagem acima, o sinal esperado para validação da
ponta de prova será de 3V pico a pico com frequência de 1kHz com perfil de
onda quadrada. Veja na imagem abaixo o sinal padrão exibido na tela do
osciloscópio e com a ponta de prova já compensada.

Figura 10 - Sinal padrão gerado pelo osciloscópio

Figura 11 - Sinal padrão medido e exibido na tela do osciloscópio

6. Como escolher a largura de banda (Bandwidth) do seu osciloscópio?

R: Esta pergunta sem dúvida alguma é uma das mais realizadas por todos os
amantes da eletrônica e que desejam escolher o seu primeiro osciloscópio.
Professor qual osciloscópio eu compro, o de 50MHz, 70MHz, 100 MHz ou
200MHz? Para responder esta questão, e muitas outras que você pode ter,
iremos usar como base o excelente material educacional da RIGOL, você pode
encontrar ele clicando no link abaixo:

https://beyondmeasure.rigoltech.com/acton/attachment/1579/f-06a8/1/-/-/-/-
/EDU%20Basic%20Lab%20Guide.pdf?sid=TV2:mrs7dgswF
Na página 5 deste arquivo você poderá saber tudo sobre a largura de
banda.

Bandwidth - Descreve a faixa de frequência do osciloscópio em MHz.

A largura de banda do osciloscópio descreve a frequência na qual a


amplitude do sinal amostrado será atenuada para 70,7% de seu valor original
(ou seja, 3 dB de atenuação).

Exemplo rápido para entendimento: Se você escolhe um osciloscópio com


largura de banda de 50MHz, e o sinal medido por ele está exatamente nesta
frequência, ele terá sua amplitude atenuada, logo ele sairá de 100% de seu Vpp
(tensão de pico a pico) para 70,7%. Portanto o sinal que possui uma amplitude
total de 10 Vpp, passará a ter 7,07 Vpp exibidos na tela do osciloscópio.

Exemplo rápido 2: Se o sinal medido está na mesma frequência da largura de


banda do osciloscópio e o Vpp é de 50V, o valor que será exibido na tela do
osciloscópio é de 50Vpp x 70,7% = 35,35Vpp.

Figura 12 - Amplitude total medida vs ocupação da largura de banda Fonte:


EDU Basic Lab Guide - RIGOL
A figura abaixo mostra uma curva de atenuação típica conforme a
frequência do sinal medido aumenta. Fique muito atento ao seguinte, se a
atenuação aumenta, as taxas de erro. Para medir um sinal com perda de 3%,
estamos limitados a 30% da largura de banda do osciloscópio.

Análise rápida do gráfico acima e considerando o Bandwidth do seu


osciloscópio de 100MHz.
1. Se você medir um sinal com 10% da largura de banda do seu osciloscópio
(neste caso 10MHz) você terá 100% da amplitude original dele exibida na
tela do instrumento de medição, logo quase 0% de atenuação.
2. Se você medir um sinal com 20% da largura de banda do seu osciloscópio
(neste caso 20MHz) você terá mais de 97,5% da amplitude original dele
exibida na tela do instrumento de medição, logo menos de 2,5% de
atenuação.
3. Se você medir um sinal com 30% da largura de banda do seu osciloscópio
(neste caso 30MHz) você terá cerca de 97% da amplitude original dele
exibida na tela do instrumento de medição, logo cerca de 3% de
atenuação.
4. Se você medir um sinal com 90% da largura de banda do seu osciloscópio
(neste caso 90MHz) você terá cerca de 80% da amplitude original dele
exibida na tela do instrumento de medição, logo quase 20% de atenuação.
5. E por último, se você medir um sinal com 100% da largura de banda do
seu osciloscópio (neste caso 100MHz) você terá cerca de 70,7% da
amplitude original dele exibida na tela do instrumento de medição, logo
quase 30% de atenuação.

Observe também que a inclinação da curva sugere que exceder a largura


de banda superior limite pode render um sinal capturado com uma atenuação
acentuadíssima, promovendo um sinal que será de muito má qualidade.

Devido ao conteúdo apresentado acima, existe uma regra prática


chamada regra das 5 vezes, ou seja, você deve selecionar um osciloscópio que
tenha uma largura de banda com 5 vezes mais velocidade que o sinal mais
rápido a ser medido durante suas atividades práticas do dia a dia.

Exemplo rápido: Se o sinal com maior frequência a ser medido é de 20


MHz, aplicando a regra das 5 vezes, você deve ter um osciloscópio de 100 MHz.
Se o sinal com maior frequência a ser medido é de 10 MHz, aplicando a regra
das 5 vezes, você deve ter um osciloscópio de 50 MHz.

Da mesma maneira, se você tiver um osciloscópio de 70 MHz, aplicando


a regra das 5 Vezes, os 70MHz devem ser 5 vezes mais rápidos que a maior
frequência a ser medida na prática para não termos atenuação significativa no
sinal, logo basta dividir 70 por 5, portanto a frequência mais rápida será de 14
MHz.

Esta regra pode ser compreendida da seguinte maneira, se a largura de


banda do osciloscópio é 5 vezes maior que a frequência medida, temos que a
utilização do poder do osciloscópio é de 20%, logo, analisando a curva acima,
você verá que a atenuação será menor que 2,5% no sinal medido na prática.

6. Qual é a função do Trigger no Osciloscópio?


R: O trigger é uma condição configurada no osciloscópio onde ao ser captado
pelo instrumento de medição, permite que o mesmo possa estabilizar o sinal
medido na tela de desenho gráfico, de forma a proporcionar ao usuário do
osciloscópio um sinal estabilizado e de fácil visibilidade. Portanto, o sinal medido
poderá ser analisado com calma e propriedade, proporcionando mais fácil
interpretação e tratamento de possíveis falhas do circuito eletrônico, ou análise
de tolerâncias de funcionamento, ou simplesmente se o comportamento está
dentro de um padrão pré-estipulado ou não.
Imagine a seguinte situação, o instrumento está medindo um determinado
sinal em uma placa eletrônica, podendo ser uma onda quadrada, triangular,
senoidal ou simples sinal de 9VDC, logo, se a ponta de prova foi conectada a
um sinal de clock de 1 MHz sinal, que está determinando a velocidade de
funcionamento de um sistema digital, cada borda acontece a cada 500 ns (sendo
uma de subida e outra de descida). Se o osciloscópio mostrasse isso na tela de
forma contínua e sem estabilização do sinal desenhado, sem dúvida alguma este
sinal e suas variações estariam além da capacidade humana de poder enxergar
o que está acontecendo, não é verdade? Em vez de isso acontecer, você pode
configurar o trigger do osciloscópio para o evento de borda de subida, por
exemplo, e quando ele detecta a borda de subida do clock, a partir de um nível
de tensão de referência, mostrará uma amostra contínua do sinal estabilizado na
tela.
Veja na imagem abaixo, exemplos de configuração de trigger que poderão
ser o gatilho para que o osciloscópio possa estabilizar os sinais medidos e
detectados na tela de desenho gráfico.
Figura 13 - Exemplos de tipos de trigger
É importante salientar que a cada situação prática do dia a dia, ou sinal
diferente a ser medido pelo osciloscópio, um tipo de trigger diferente poderá ser
aplicado para facilitar a análise do sinal medido em tempo real, logo, quanto mais
opções de trigger o instrumento puder oferecer, melhor será a versatilidade que
o osciloscópio poderá entregar ao usuário do equipamento.

7. O que é o Sample Rate do osciloscópio?

R: Ao traduzir ao pé da letra, Sample Rate significa em português, taxa


de amostragem, ou seja, quantas amostras o osciloscópio consegue
realizar por segundo do sinal medido na prática.

O Sample Rate do osciloscópio pode ser encontrado no datasheet do


instrumento de medição ou até mesmo no frontal do equipamento. Para
exemplificar, veja a imagem abaixo:

Figura 14 - Frontal do osciloscópio RIGOL DS1074Z - Plus

Como pode ser observado na imagem acima, a taxa de amostragem do


osciloscópio DS1074Z- Plus é de 1GSa / s, ou seja, 1 Giga Sample / s,
significando na prática, 1 bilhão de amostras do sinal medido por segundo.
Imagine o seguinte, se você está medindo uma tensão contínua de 5VDC com o
canal número 1 do osciloscópio, ele consegue ler o valor de 5VDC 1 bilhão de
vezes por segundo, logo, isso traz uma precisão fantástica em relação ao valor
medido, ao formato que será desenhado na tela do osciloscópio, e também as
análises matemáticas que o instrumento terá que executar para calcular todas
as variáveis necessárias e exibir ao utilizador do equipamento no momento da
medição.

Via de regra, quanto maior o Sample Rate, taxa de amostragem, mais


amostrar estarão sendo coletadas por segundo, e com isso melhor será o
desempenho do osciloscópio. Veja abaixo a imagem retirada do datasheet da
família 1000Z da RIGOL.

Figura 15 - Sample Rate da família 1000Z


Como pode ser visualizado acima, o sample rate de 1GSa/s vale para
quando for realizada a medição com apenas 1 canal por vez, logo, se você
desejar usar 2 canais de medição simultânea, a taxa máxima de amostragem
será dividida entre os 2 canais, sendo então 500 milhões de amostras por
segundo, assim como se os 4 canais do instrumento forem usados ao mesmo
tempo, a taxa de amostragem máxima por segundo será dividida entre os 4
canais, sendo a taxa de cada canal de 250 milhões de amostras por segundo.

Todas as vezes que o osciloscópio captura uma amostra de seu canal


analógico de medição, ele realiza uma conversão ADC a todo instante, ou seja,
converte o valor lido de 1V, 2V 5V em digital para então armazená-lo na memória
do osciloscópio.

O valor armazenado na memória é então desenhado, marcado, na tela do


osciloscópio através de pontos, logo os sucessivos pontos marcados na tela do
equipamento, no decorrer do tempo formarão o formato do sinal medido, portanto
quanto menor a frequência do sinal lido, o osciloscópio consegue ler este sinal
tão rapidamente, que o formato do sinal será o mais próximo da realidade
possível desenhado, sem qualquer distorção, porém, se o sinal medido estiver
com frequência acima da largura de banda do instrumento, ficará cada vez mais
complicado ele reproduzir o formato de onda da mesma maneira conforme citado
anteriormente.
A partir de agora você vai aprender como utilizar
seu osciloscópio para fazer medições de tensões de
127V e 220V de forma segura e sem danificar seu
aparelho.

Vamos começar nossa análise pela parte do


equipamento que, ao fazer as medições, recebe
diretamente os sinais e tensões analisadas, que é a
ponta de prova.

Para consultar o manual técnico do seu osciloscópio RIGOL você pode


acessar br.rigol.com >> produtos >> osciloscópio >> familia1000Z >>
manual https://br.rigol.com/

Figura 16 - Site da RIGOL Technologies

Figura 17 - Seleção da série DS1000Z


Figura 18 - Download do manual técnico do osciloscópio
Após baixar o manual técnico vamos para as análises.

É preciso inicialmente conhecer os limites de tensão da ponta de prova


estabelecido pelo fabricante para que se tenha um parâmetro inicial do valor
máximo de tensão que poderá ser analisado pelo usuário. A ponta de prova
PVP3150, demonstrada na aula, apresenta os seguintes dados em sua folha
técnica:

Veja que a documentação técnica informa que, com a atenuação da ponta


de prova em x1, poderá ser lido um valor de tensão de até 150Vrms. Com a
atenuação da ponta de prova em x2 poderá ser aferido um valor de tensão de
até 300Vrms.

A partir desse momento já temos um parâmetro inicial a ser levado em


conta ao fazer medições com osciloscópio, que é o nível de tensão suportado
pela ponta de prova.

Outro parâmetro a ser analisado e muito importante é a largura de banda


da ponta de prova. Veja abaixo que a documentação técnica informa que este
modelo consegue aferir sinais de até 20MHz em atenuação de x1, e sinais de
até 150MHz em atenuação de x2.
RECOMENDAÇÃO DO PROFESSOR

Ao medir tensões mais elevadas e frequências


acima de 20MHz, ou principalmente quando não
souber com exatidão a intensidade do sinal medido,
utilize sempre a atenuação da ponta de prova na
escala X10.

Neste momento conhecemos os limites da nossa ponta de prova, um


conhecimento que já começa proporcionar certa clareza e segurança na hora de
efetuar as medições. Mas vamos adiante que tem muito conhecimento sobre
esse assunto.

Para aprofundar o entendimento sobre segurança e limites técnicos da


ferramenta de medição chamada osciloscópio, vamos fazer uma análise do
ground do aparelho.

Ao consultar o manual técnico fica evidente que o instrumento é aterrado


através do fio terra do cabo de alimentação, ou seja, isso significa dizer que o
pino central da tomada, pino de aterramento, tem conectividade com a carcaça
do aparelho, e com isso com a garra de jacaré da ponta de prova. Esse
aterramento é feito principalmente para que choques elétricos sejam evitados
durante sua utilização.
Figura 19 -https://www.newtoncbraga.com.br/

RECOMENDAÇÃO DO PROFESSOR

Nunca retire o pino central de aterramento do


cabo de alimentação do osciloscópio, isso é
incorreto, perigoso e pouco profissional.

Agora, neste ponto de análise, uma informação mega importante


encontrada no manual técnico fará todo sentido: NÃO CONECTE O CABO DE
ATERRAMENTO EM ALTA TENSÃO. Se o aterramento do aparelho é
conectado ao aterramento da tomada e consecutivamente a garra de jacaré, se
conectarmos a garra de jacaré diretamente na tensão alternada, teremos um
curto circuito, pois a fase será jogada para o pino de aterramento que possui
resistência tendendo a zero ohms, elevando grandemente a intensidade de
circulação de corrente e podendo com isso derreter a ponta de prova e danificar
o aparelho.
Figura 20 - Curto circuito fase-terra
Neste momento você deve estar pensando, então podemos retirar o
aterramento do osciloscópio e com isso o curto circuito será evitado. NÃO FAÇA
ISSO. Ao retirar o aterramento do osciloscópio e conectar a garra de jacaré em
um ponto de alta tensão, você estará potencializando toda a carcaça do aparelho
e com isso o risco de acidentes é muito grande, tanto para o usuário do aparelho
quanto para o circuito eletrônico em análise. Segurança não se discute.

TRANSFORMADOR ISOLADOR NA ALIMENTAÇÃO DO


OSCILOSCÓPIO

Uma questão que surge nesse ponto é se a utilização de um


transformador isolador na alimentação do osciloscópio resolveria o problema de
curto circuito e choques, já que ele estaria isolado da rede. Sabendo que
transformador isolador é aquele em que a tensão do enrolamento primário é a
mesma do enrolamento secundário, servindo para isolar aparelho da conexão
direta com a rede, estaríamos também isolando o aterramento do aparelho, já
que a conexão direta com rede estaria perdida pelo isolamento e com isso o risco
de acidentes e choque elétricos volta a ser evidente.
Então, além do risco de choques elétricos com o transformador isolador
empregado na alimentação do osciloscópio, teríamos também o problema de
estar deixando vulneráveis os sistemas de proteção contra surtos elétricos do
aparelho, pois é por meio do aterramento que esses sinais são descarregados.
Veja, além do risco de choques o equipamento fica vulnerável a surtos de tensão.

Veja o que não fazer ao executar as medições com o osciloscópio:

Conectar a garra de jacaré diretamente na fase da rede elétrica, gerando


curto circuito entre fase e terra.

Figura 21 – Curto Circuito fase-terra


Conectar a garra de jacaré no neutro, gerando uma pequena corrente de
fuga entre terra e neutro, já que existe uma pequena diferença de potencial entre
esses dois pontos.
Figura 22 – Curto Circuito terra-neutro

Qual a solução para este problema então? Vamos adiante!

TRANSFORMADOR ISOLADOR NA ALIMENTAÇÃO DO CIRCUITO


EM TESTE

A solução para os problemas apresentados anteriormente é a utilização


do transformador isolador na alimentação do circuito eletrônico em teste, e
sempre efetuar as medições de tensão a partir do secundário do transformador
isolador, pois com a isolação oferecida pelo transformador isolador, o secundário
não possui mais conexão com a rede fase e neutro, ou fase e fase no caso de
20V, reduzindo a zero a chances de curto circuito.

Figura 23 - Carga isolada corretamente com medição no secundário


Veja que, além da minimização dos riscos apresentados com a utilização
do transformador isolador na alimentação do circuito em teste, ainda
conseguimos manter o aterramento do osciloscópio conectado de forma correta
e como orienta manual técnico do aparelho, mantendo o usuário e o
equipamento seguros durante as medições.

ESCOLHA DO TRANSFORMADOR ISOLADOR

Neste momento sabemos da importância da


utilização do transformador isolador nas medições de
tensões utilizando o osciloscópio, evitando possíveis
curtos circuitos e preservando sempre a segurança
dos trabalhos executados. Chega então o momento de
escolher qual transformador adquirir para fazer a
isolação correta do sistema eletrônico a ser analisado,
qual a corrente de fornecimento esse transformador precisa atender, qual deverá
ser a potência desse dispositivo isolador?

De maneira simplificada, prática e rápida, dispensando explanações mais


densas e profundas sobre o assunto, a potência do transformador isolador deve
ser calculada da seguinte maneira:

POTÊNCIA DO TRANSFORMADOR (VA)

Tensão de alimentação do circuito analisado x Corrente consumida


pelo circuito

A partir da informação acima podemos escolher o transformador isolador


baseando-se na razão entre tensão e corrente necessária para alimentar o
circuito eletrônico em teste, obtendo dessa forma a potência aparente do
transformador (VA - Volt Ampére).

Exemplo: Placa alimentada em 127V com consumo de 2A de corrente.


Potência Aparente = Tensão x Corrente

VA = 127V x 2A

Potência = 254VA

Levando em consideração que os transformadores não são ideais e que


possuem perdas significativas, a recomendação é que, depois de calculado a
potência nominal do dispositivo seja acrescentado pelo menos 10% a mais de
potência no valor a ser escolhido de transformador isolador.

ATENÇÃO – Autotransformador NÃO É transformador isolador

Figura 24 - Autotransformador

Veja na imagem acima que o autotransformador não possui isolação entre


primário e secundário.

Após a escolha correta do transformador isolador e a aplicação dos


procedimentos básicos de segurança nas medições com o osciloscópio, já está
tudo pronto para que as medições no secundário do transformador sejam feitas
com sucesso. Veja a imagem abaixo a senoide de 60Hz sendo apresentada:
Figura 25 - Sinal alternado de 60Hz

ANALISANDO SINAIS EM PLACAS ELETRÔNICAS

O uso do osciloscópio é baseado na análise gráfica de sinais presentes


nos mais diversos circuitos eletrônicos, e isso implica em uma expectativa de
sinal em determinados pontos do circuito. Essa expectativa de sinal em um
determinado ponto do circuito está diretamente ligada ao conhecimento do
comportamento do circuito e principalmente, em uma análise ampla da relação
de funcionamento entre as etapas do circuito eletrônico.

Tomando como exemplo uma fonte chaveada elementar, ao analisar suas


etapas de funcionamento, precisamos inicialmente identificar em quantos blocos
de funcionamento esse circuito está dividido.

Para facilitar essa análise podemos tomar como ponto de referência a


parte fundamental para que uma fonte chaveada funcione: o elemento
chaveador. Identificando essa etapa e esses componentes, basta buscar pelo
seus datasheets para que muito conhecimento seja obtido de como essa fonte
pode estar trabalhando. É no datasheet que você vai identificar quais sinais
deverão estar presentes no circuito eletrônico onde aquele componente é
empregado, bem como frequências de trabalho, níveis de tensão, e muito mais.
Figura 26 - elemento chaveador

Figura 27 - Circuito elementar de utilização do oscilador

Depois de identificado o elemento chaveador e ter acesso a sua folha de


dados, chegou a hora de demarcar os pontos de medições que serão feitos
utilizando o osciloscópio. Veja as principais demarcações no esquema
eletrônico abaixo.
Figura 28 - Pontos de medição no esquema eletrônico
Observe no esquema eletrônico que neste circuito podemos ter três
referências de medições, Neutro, GND primário e GND secundário. A
identificação da referência correta será fundamental para que as medições
sejam executadas com sucesso e os valores apresentados sejam fieis aos
esperados.

A sequência de medições será:

1. Secundário do transformador e alimentação do circuito (feito


anteriormente)
2. Tensão positiva na saída da ponte retificadora
3. Alimentação do elemento chaveador
4. Tensão secundária do chopper
5. Tensão retificada no secundário da fonte

2 - Tensão positiva na saída da ponte retificadora

Tensão retificada de +188V encontrada no ponto 2 de medição.


3 – Alimentação do elemento chaveador

Tensão retificada de +5V encontrada no ponto 3 de medição.

4 – Tensão secundária do chopper e tensão retificada de secundário (5)

Tensão induzida de +19Vpp no ponto 4 de medição (sinal amarelo)

Tensão retificada de +5V no ponto 5 de medição (sinal azul)

Uma outra forma de efetuar medições seguras com níveis de tensões


elevados de até 1400Vpp, você pode optar por utilizar a ponta de prova
diferencial. Esse modelo de ponta de prova possui um circuito ativo que irá
proporcionar ao usuário segurança e facilidade de medições, sem a
necessidade da utilização do transformador isolador.
Porém, de fato a aquisição é totalmente arbitrária, isso é apenas uma
dica e oportunidade de conhecimento de mais um recurso no campo de
utilização do osciloscópio para medições de diferentes sinais.

Figura 29 - Ponta de prova diferencial


Neste momento vamos encerrando essa série sobre o osciloscópio,
entregando muito conhecimento e dicas preciosas sobre utilização do
osciloscópio no mundo da eletrônica. Temos a certeza de que esse material será
que grande utilidade a todos vocês, e isso nos deixa imensamente felizes por
saber que estamos contribuindo da melhor forma para a melhoria da educação
técnica do nosso Brasil.

É preciso ir além de pesquisas sobre componentes, sobre circuitos, sobre


o funcionamento dos aparelhos eletrônicos, mais do que isso, precisamos sair
da nossa zona de conforto para que o crescimento e a evolução sejam
exponenciais, é preciso buscar desafios, e isso implica em estudos constantes,
investigações incansáveis e principalmente muito amor pelo mundo da
eletrônica.

Agradecemos imensamente todo o carinho de vocês, e a participação em


massa que essa série de vídeos apresentou, estamos realmente muito
satisfeitos com os resultados e feedback de todos.

Lembrando sempre que sozinho nós avançamos, mas somente juntos


vamos mais longe. Um abraço gigantesco de toda equipe eletrônica fácil, e nos
vemos em breve em muitos outros novos conteúdos que estão por vir.
#tamojunto #vamospracima #juntossomosmaisforte #familiaEletrônicaFácil

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